35
6.4.3.2 Componente horizontal 3 , 1 R sen m A r H T m m R r o T (6.6) 6.4.3.3 Componente total 2 3 2 2 cos 3 1 R m H H H T o r t (6.7) A componente total t H do campo geomagnético principal ou interno (equação 6.7) varia com latitude e longitude na superfície terrestre (IGRF), entre valores de 25000 e 70000 nT , de acordo com a Figura 4.4. Figura 6.4 – Fonte: Internet (Scintrex, material de propaganda) Exercício 3: Desenvolver a matemática por trás das equações (6.5), (6.6) e (6.7).

Apostila de Geofísica I - 5o PET - Parte 2

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

6.4.3.2 Componente horizontal

3,

1RsenmA

rH T

mmRro

T

(6.6)

6.4.3.3 Componente total

23

22 cos31RmHHH T

ort (6.7)

A componente total tH do campo geomagnético principal ou interno (equação 6.7)

varia com latitude e longitude na superfície terrestre (IGRF), entre valores de 25000 e 70000

nT , de acordo com a Figura 4.4.

Figura 6.4 – Fonte: Internet (Scintrex, material de propaganda)

Exercício 3: Desenvolver a matemática por trás das equações (6.5), (6.6) e (6.7).

Page 2: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

6.4.4 Distorções localizadas do campo geomagnético

principal

São distorções relativamente constantes no tempo da ordem de 50 – 500 nT, causadas

pela magnetização, devido aos contrastes de susceptibilidade magnética das rochas na

Litosfera. Estas distorções localizadas do campo geomagnético dão origem às conhecidas

anomalias magnéticas, que são os alvos da prospecção magnética de acordo com a Figura

6.5.

Figura 6.5 – Fonte: (do próprio Autor)

6.4.4.1 Susceptibilidade magnética

A permeabilidade magnética pode ser escrita como:

41 (6.8)

Page 3: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

Onde é a susceptibilidade magnética do meio rochoso na Litosfera, que pode assumir

valores positivos e negativos. Deste modo, a equação constitutiva para o meio magnético, em

módulo, pode ser escrita como:

HHHHB t 441 (6.9)

Susceptibilidades de minerais e rochas são mostradas na (Tabela 6.1).

6.4.4.2 Magnetização

A magnetização dos materiais rochosos da Litosfera em módulo é dada pela seguinte

relação:

Tabela 6.1 – Fonte: Georges Pavie (2000)

Page 4: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

3

cos2rr

mHM

(6.10)

6.4.4.3 Quanto vale a distorção localizada?

Evitando–se os dias de tempestades magnéticas e após a correção da variação diurna

que ocorre durante um levantamento magnético, com a utilização de dois magnetômetros

sincronizados e simultâneos; o magnetômetro de precessão de prótons itinerante mede um

valor experimental de B , que deve ser subtraído da componente total do campo geomagnético

principal ou interno tH (IGRF na Figura 4.4) para encontrar o valor da distorção localizada

(Figura 6.5).

MHHBD t 44 (6.11)

6.4.4.4 Anomalia magnética

3coscos8cos4cos

rrmMDMag

(6.12)

Mag é anomalia magnética, equivalente teórico do valor experimental da medição com

magnetômetro, limpo de ruídos; cos é para que a anomalia magnética seja obtida na direção

do campo geomagnético principal ou interno de acordo com a Figuras 6.5.

6.4.5 Campo geomagnético externo

O campo geomagnético externo corresponde às tempestades magnéticas, às

micropulsações e principalmente às variações diurnas entre 30 e 50 nT. Representa uma

pequena parcela (5%) do campo geomagnético total, estando relacionado à interação do

Page 5: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

vento solar ou plasma com a magnetosfera, variando de maneira parcialmente cíclica e

parcialmente aleatória (Figura 6.6). A magnetosfera atua como uma blindagem nos

protegendo do plasma solar. Esta é apontada como uma das razões da existência de vida

na Terra. Quando a taxa de emissão de plasma chega a valores críticos provocam as

tempestades magnéticas e a aurora boreal (injeção de plasma na ionosfera pela falha na

blindagem do campo geomagnético).

6.5 Materiais magnéticos

Um determinado material magnético quando submetido a um campo magnético externo

H adquire uma componente de magnetização M de acordo com a equação 6.10. Esta

magnetização, induzida no material, é proporcional ao campo magnético H , onde é a

susceptibilidade magnética. A magnetização de um material é governada por propriedades

atômicas e corresponde ao campo magnético gerado pelo alinhamento de domínios

magnéticos (Figuras 6.7 e 6.8), associados aos spins dos elétrons orbitais na presença de um

campo magnético. A susceptibilidade magnética pode ser positiva ou negativa de acordo com a

Figura 6.6 – Fonte: Georges Pavie (2000)

Page 6: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

orientação da magnetização induzida, denominando os diversos tipos de materiais magnéticos.

Na natureza existem 3 tipos de materiais magnéticos: diamagnéticos, paramagnéticos e

ferromagnéticos.

6.5.1 Diamagnetismo

Qualquer substância que não seja ferromagnética ou paramagnética é diamagnética

(Figura 6.7), ou seja, o diamagnetismo é o magnetismo formado por qualquer distribuição de

direção de magnetização nos domínios magnéticos, quando uma substância é submetida a um

campo magnético externo. Estas substâncias apresentam susceptibilidades magnéticas

pequenas e negativas. A magnetização resultante é oposta ao campo magnético indutor.

À maioria dos sais é diamagnética. Também é a maioria dos fluidos, possuindo somente

uma pequena influência nas propriedades magnéticas das rochas. Para os líquidos Schön

(1996) fornece os seguintes valores de susceptibilidades de acordo com a equação (6.7):

5109,0 águaK e 51004,1 óleoK (6.13)

Nos minerais formadores de rocha a susceptibilidade magnética é da ordem de 610

de acordo com a Tabela 6.2.

M

H

Domínio magnético

-Figura 6.7 – Fonte: Georges Pavie (2000)

Page 7: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

Tabela 6.2 – Fonte: Schön (1996)

6.5.2 Paramagnetismo

O valor da susceptibilidade magnética nos materiais paramagnéticos é pequeno e

positivo, havendo aí certo alinhamento de magnetização na direção do campo H . O

paramagnetismo é associado aos elementos químicos com número ímpar de elétrons na

camada mais externa e somente pode ser observado em temperaturas relativamente

baixas.

Tabela 6.3 – Fonte: Schön (1996)

Minerais paramagnéticos possuem susceptibilidades positivas e pequenas que se

estendem sobre um intervalo de 610 nos minerais formadores de rocha de acordo com a

Page 8: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

Tabela 6.3. A maioria dos gases é diamagnética, à exceção do oxigênio que é paramagnético.

O valor baixo para o ar é em torno de 51004,0 arK .

6.5.3 Ferromagnetismo

O ferromagnetismo é um caso especial de paramagnetismo em que existe um perfeito

alinhamento da magnetização dos domínios magnéticos (Figura 6.8). Portanto, a

susceptibilidade magnética de substâncias ferromagnéticas é muito maior do que nas

substâncias diamagnéticas e paramagnéticas.

Nos materiais ferromagnéticos, a direção de alinhamento dos elétrons em rotação em

cada domínio magnético é paralela à direção do campo magnético. A magnetização induzida é

muito forte e o valor positivo da susceptibilidade magnética é próximo da unidade (Figura 6.8).

A susceptibilidade magnética é grandemente controlada pelo tipo de mineral magnético

e pela sua concentração na rocha. Devido à magnetita ser o mineral mais comum e mais

magnético da série ferro-titânio entre os óxidos, existe uma correlação distinta entre

susceptibilidade magnética da rocha e seu conteúdo de magnetita.

M

H

Domínio magnético

+ 1

Figura 6.8 – Fonte: Georges Pavie (2000)

Page 9: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

Figura 6.9 – Fonte: Schön (1996)

Segundo a Figura 6.9 prevalece a seguinte correlação entre a susceptibilidade

magnética K da rocha e o seu conteúdo de magnetita mV , nos materiais ferromagnéticos:

Para o diabásio 14,10336,0 mVK

Para a formação ferrífera 43,10116,0 mVK

6.6 Eventos magnéticos

6.6.1 Esfera magnetizada no pólo norte

N

Distância (m)

Campo magnético

(nT)

+H

+1

+2

+1>+2

Campo Regional

Anomalia

Figura 6.10 – Fonte: Georges Pavie (2000)

Page 10: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

Neste caso (Figura 6.10) estamos considerando um levantamento aeromagnético feito no

pólo norte onde a inclinação magnética é 90°. No pólo como o campo é sempre vertical a

interpretação da anomalia gerada pela esfera é mais fácil devido à simetria da mesma. A leitura

feita por um magnetômetro de precessão de prótons preso ao avião é da componente total do

campo geomagnético principal + variações diurnas + campo gerado pelas rochas. Após o

processamento de dados magnéticos fica somente a distorção (anomalia), gerada pelas

rochas, na componente total do campo geomagnético. O campo geomagnético principal é

distorcido na presença de rochas contendo certa quantidade de magnetita. Como a magnetita é

o principal mineral que é magnetizado e esta é ferromagnética, a maioria das rochas magnetiza

na direção do campo principal. O contraste de susceptibilidade magnética entre a rocha

encaixante e a esfera governa a variação da anomalia magnética. Neste caso, da direita para a

esquerda na Figura 6.10 temos um contraste positivo e quando o avião acaba de passar pela

esfera surge um contraste negativo. Isto faz com que a anomalia magnética cresça até o centro

da esfera e decresça com o afastamento dela, retornado para valores constantes que

governam o campo magnético regional. A construção da anomalia é feita pelo somatório dos

campos da encaixante e da esfera. Observem que, no centro da esfera ambos os campos

possuem a mesma direção e logo se somam, diferentemente da região próxima às bordas da

esfera onde parte do campo induzido na esfera retorna a superfície com direção oposta do

campo geomagnético H, gerando uma redução local do campo da encaixante.

6.6.2 Esfera magnetizada no equador

Distância

Campo magnético

Campo Regional

+1>+

H

+1

Anomalia

N S

Figura 6.11 – Fonte: Georges Pavie (2000)

Page 11: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

Neste caso (Figura 6.11) estamos considerando um levantamento aeromagnético feito

no equador onde a inclinação magnética é zero. No equador como o campo geomagnético é

sempre horizontal a interpretação da anomalia gerada pela esfera é mais fácil devido à simetria

da mesma. A construção da anomalia magnética é semelhante à feita para o pólo norte, porém

a direção da magnetização induzida é diferente como mostra a Figura 6.11.

O processamento das anomalias magnéticas quanto à redução ao pólo, de acordo com

a latitude do levantamento, ajuda o intérprete a identificar a geometria do corpo soterrado em

outras regiões do globo, dentro de um mesmo padrão.

6.7 Magnetômetros

Figura 6.12 – Do próprio Autor (Aula prática de magnetometria no campo de prova da

UNES – Faculdade do Espírito Santo)

O magnetômetro de precessão de prótons, que mede a componente total do campo

geomagnético principal, é um dos mais utilizados nos levantamentos magnéticos (Figura 6.12).

Ele usa o princípio da ressonância magnética. Neste tipo de magnetômetro uma garrafa, com

líquido rico em íons H+ é circundada por uma bobina. O líquido pode ser água, querosene ou

Page 12: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

álcool. Uma bateria ligada à bobina faz circular uma corrente DC na bobina que induz um

campo magnético estático. Os prótons no líquido atuam como pequenos dipolos magnéticos

(pequenos ímãs) que tendem a ser orientados na direção do campo da bobina. Quando a

corrente da bateria é cortada, o campo magnético desaparece e os prótons tendem a retornar

para a direção original deles dada pelo campo geomagnético num movimento de precessão

(movimento do pião). Os prótons circulando no cilindro numa dada freqüência induzem uma

corrente alternada na bobina. A freqüência de precessão dos prótons é proporcional ao campo

magnético externo. A freqüência de precessão é uma propriedade de cada elemento químico.

Isto é usado nos aparelhos de ressonância magnética, moderníssimos, que hoje possibilitam

diagnósticos médicos precisos assim como, viajar dentro do corpo de uma pessoa pelas

imagens em 3 dimensões. Outro tipo de magnetômetro é o fluxgate que permite medir as

componentes, radial rH e horizontal 0H do campo geomagnético principal.

6.8 Processamento de dados magnéticos

Podemos retirar o valor da componente total do campo geomagnético principal ou

interno tH (IGRF), das leituras do magnetômetro de precessão de prótons, o qual é muito

mais alto do que a magnetização das rochas. Para isto, em vários pontos no globo,

observatórios magnéticos medem o campo principal e confeccionam mapas das variações de

intensidade magnética (IGRF) (Figura 6.4), declinação (desvio angular entre o norte magnético

e norte geográfico) e inclinação (ângulo feito com a superfície da terra).

Um dos processamentos mais comuns, utilizados no método magnético, é a redução

ao pólo. Desta maneira, uma mesma fonte como nos dois exemplos apresentados da esfera

magnetizada no pólo e no equador, apresentariam o mesmo formato da curva de anomalia

magnética, independente da latitude no globo terrestre, onde ocorresse o levantamento

magnético.

Normalmente grandes levantamentos magnéticos são feitos por meio de aeronaves

com o magnetômetro preso a cauda do avião ou pendurado por um cabo numa altura de vôo

constante (Figuras 6.10 e 6.11). Os levantamentos aeromagnéticos têm a vantagem de cobrir

grandes áreas com um espaçamento de amostragem significativo (Figura 6.13).

Levantamentos terrestres e marinhos em menor escala também são importantes.

Normalmente, nos levantamentos magnéticos são utilizados 2 magnetômetros, um na

estação base e outro móvel. O magnetômetro da base, que é sincronizado com o

magnetômetro móvel, é responsável pela medição das variações diurnas do campo

geomagnético e também informa a ordem de grandeza do IGRF no local do levantamento. O

Page 13: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

móvel capta não só as variações diurnas como também o campo geomagnético principal e a

magnetização das rochas (anomalias magnéticas). Após o levantamento, a diferença entre o

magnetômetro base e o móvel é a variação diurna que então é subtraída dos dados do móvel.

Se o interprete quiser pode usar o IGRF para retirar a influencia do campo principal:

nasiaçõesdiurHBMag t var . Os dados após as correções feitas são “gridados” de

forma a obter um mapa de contorno das anomalias magnéticas de toda uma região de estudo.

Figura 6.13 – Fonte: Kearey, Brooks, Hill e Coelho (2009)

6.9 Interpretação magnética pelo método

mínimos quadrados

A equação (6.12) pode ser preparada para interpretação de dados magnéticos. Um dos

métodos muito utilizados é o método de inversão magnética, mínimos quadrados, cuja

representação matemática é a seguinte:

M

i

N

j ij

iijji mínimo

rrm

Mag1

2

13

coscos8

(6.14)

Page 14: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

6.10 Magnetometria na pesquisa do petróleo

e gás

O método magnético pode ser utilizado, com sucesso, tanto na terra quanto no mar,

sendo também bastante utilizado em levantamentos aéreos. O principal objetivo da prospecção

magnética é a identificação das distorções do campo geomagnético principal. No início da

prospecção do petróleo e gás, especificamente, estas pequenas variações magnéticas estão

associadas com a distribuição (arcabouço) do embasamento cristalino em subsuperfície, que

serve de assoalho e lateralidade para as rochas sedimentares sobrepostas, em uma bacia

sedimentar (Figura 6.14).

Figura 6.14 – Fonte: (do próprio Autor)

As anomalias magnéticas, relacionadas com as rochas do embasamento cristalino,

estão associadas com o conteúdo de magnetita disseminada nestas rochas, enquanto que as

rochas sedimentares sobrepostas são não-magnéticas, havendo aí um contraste de

susceptibilidade magnética. O intemperismo transforma os minerais magnéticos das rochas

aflorantes do embasamento cristalino em minerais de argila, tornando as rochas sedimentares

desmagnetizadas.

O exame cuidadoso dos mapas magnéticos pode fornecer estimativas da distribuição

da topografia do topo do embasamento cristalino, estimativa da espessura dos sedimentos

sobrepostos, a localização dos altos e baixos estruturais do embasamento e a presença de

rochas intrusivas básicas. A Figura 6.15 é um exemplo de mapa aeromagnético com duas

significativas distorções regionais ocasionadas pelo relevo do embasamento cristalino em

subsuperfície, em uma bacia sedimentar na região do Texas – USA.

Page 15: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

Figura 6.15 – Fonte: Steenland (1965)

Figura 6.16 – Fonte: Steenland (1965)

A Figura 6.16 é a interpretação obtida a partir do mapa representado na Figura 6.15,

com o contorno estrutural do embasamento cristalino. O campo petrolífero Puckett já tinha sido

descoberto, porém, o campo N Puckett somente foi descoberto após esta interpretação de

dados magnéticos.

Page 16: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

7 Método Gravimétrico

7.1 Base física

O método gravimétrico se baseia nas medições experimentais das variações da

componente vertical do campo gravitacional, conhecidas como valores relativos de gravidade,

por meio do aparelho denominado gravímetro. A componente total do campo gravitacional,

conhecida como valor absoluto de gravidade, que serve de base para este estudo, é

Tabela.7.1 Fonte: Telford et all (1990)

Page 17: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

diretamente proporcional (vide mais adiante: lei de Newton da gravitação universal) à

distribuição de massas, ou seja, diretamente proporcional às densidades multiplicadas pelos

volumes ( dvm ). Sendo assim, densidade é a propriedade física inerente ao método

gravimétrico e volume é o fator geométrico multiplicativo responsável por dimensionar os

materiais e as estruturas geológicas investigadas. A Tabela 7.1 mostra um quadro das

densidades de minerais e rochas constituintes da Litosfera:

7.2 Gravímetros

Gravímetros são aparelhos cuja parte mecânica interna, mais bem protegida,

corresponde a uma balança de altíssima precisão, consistindo de uma massa de prova

(unitária), tão pequena quanto se possa representar, suspensa por uma diminuta mola, mais

fina do que um fio de cabelo. Para que seja de altíssima precisão, o gravímetro tem que estar

sempre hermeticamente vedado e muito bem protegido contra quaisquer variações externas de

pressão, temperatura e umidade, correspondendo a um laboratório em miniatura, que deve ser

transportado, com muito cuidado, para as áreas dos levantamentos. Existem, no mercado

especializado, vários tipos de gravímetros. Um dos mais modernos, muito utilizado em

levantamentos terrestres é o gravímetro CG-5 da Scintrex (Figura 7.1).

Figura 7.1 – Do próprio Autor (Aula prática de gravimetria no campo de prova da UNES –

Faculdade do Espírito Santo)

Page 18: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

7.3 Processamento de dados gravimétricos

O sinal contido na medição gravimétrica vem acompanhado de ruídos indesejáveis de

diversas naturezas. Estes ruídos, que na maioria das vezes são maiores que o próprio sinal

deverão ser minimizados durante o processamento de dados para que o sinal prevaleça. Além

dos pontos de medição conhecidos como estações gravimétricas, que devem ser distribuídas

de forma igualitária pela área do levantamento, há necessidade de se estabelecer, também,

pelo menos uma estação base, para ajudar no processamento de dados gravimétricos. Um dos

procedimentos é o de transportar para a estação base um valor absoluto conhecido de

gravidade, existente em local próximo da área do levantamento, utilizando medidas relativas de

gravímetro de acordo com a equação 7.1.

1212 tAtAtAtigAgi DriftDriftGravGravAbsAbs (7.1)

Onde: giAbs é um valor absoluto de gravidade que foi transladado, por medidas de

gravímetro, para o local da estação base do levantamento gravimétrico. gAAbs é o valor

absoluto de gravidade conhecido no ponto A , mais próximo da área do levantamento

gravimétrico. 2tiGrav é uma medida de gravímetro na estação base do levantamento

gravimétrico, no tempo 2t . 1tAGrav é uma medida de gravímetro, obtida no tempo 1t , no

ponto A . 2tADrift é o valor da deriva dinâmica no ponto A , no tempo 2t . 1tADrift é o

valor da deriva dinâmica no ponto A , no tempo 1t .

7.3.1 Estimativa estatística da precisão

Trata-se de minimizar um ruído através da repetição da medida gravimétrica no mesmo

ponto. O gravímetro CG-5 da Scintrex faz auto-estimativa estatística da precisão através da

integração do valor médio, a partir de várias medida automáticas do gravímetro no mesmo

ponto.

Page 19: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

7.3.2 Ruídos relacionados com o passar do tempo

7.3.2.1 Deriva

“Drift” ou deriva instrumental são ruídos introduzidos nas medições gravimétricas,

devido ao desgaste natural da mola do gravímetro. Os gravímetros apresentam dois tipos de

deriva:

Deriva estática

Deriva estática é aquela causada pelo desgaste natural da mola, mesmo estando o

gravímetro em repouso. O gravímetro CG-5 da Scintrex faz autocorreção de deriva estática.

Deriva dinâmica

Deriva dinâmica é o desgaste sofrido pela mola, causado pela maneira como o

gravímetro é transportado. O gravímetro pode ser conduzido de diversas maneiras, seja a pé,

de carro, de trem, de avião, de navio, etc, causando ruídos de deriva dinâmica que precisarão

ser corrigidos. A equação (7.1) representa o translado de um valor absoluto de gravidade, de

um local para outro, como também efetua a correção de deriva dinâmica. Este procedimento

deve ser repetido entre as estações gravimétricas e a estação base, na área do levantamento.

7.3.2.2 Efeitos de maré

Efeitos de maré são ruídos introduzidos nas medições gravimétricas causados pela

atração gravitacional do sol e da lua. O gravímetro CG-5 da Scintrex faz autocorreção dos

ruídos relacionados com os efeitos de maré.

7.3.3 Ruídos relacionados com a posição no espaço

7.3.3.1 Correção de latitude

Correção de latitude: corrige os ruídos introduzidos nas medições gravimétricas pela

diferença no raio da Terra que existente entre o equador e os pólos.

km

mGalSClat ii 2sin811,0 (7.2)

Page 20: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

Onde: iClat é a correção de latitude; é a latitude da estação base do levantamento

gravimétrico; iS é uma distância em km na direção norte-sul, existente entre a estação

base e uma dada estação i do levantamento gravimétrico, sendo tomada como positiva

quando em direção ao equador e negativa no caso contrário.

7.3.3.2 Redução do efeito normal da gravidade

Redução do efeito normal da gravidade: corrige os ruídos introduzidos nas medições

gravimétricas devido à forma e rotação da Terra.

mGalg iii 42 sin000023462,0sin005278895,01846,978031 (7.3)

Onde i é a latitude de uma determinada estação gravimétrica.

7.3.3.3 Correção de ar livre

Correção de ar livre (free air): corrige os ruídos introduzidos nas medições

gravimétricas devido há distância existente entre o gravímetro e a superfície média dos mares

estendida para os continentes (plano 0, zyx ).

kmmGalzCfree ii 6,308 (7.4)

Onde: iz km é a altitude da estação gravimétrica em relação ao nível médio dos mares

(plano 0, zyx ).

7.3.3.4 Correção de Bouguer

Correção de Bouguer: corrige os ruídos introduzidos nas medições gravimétricas, pela

atração da massa extra, existente entre as estações gravimétricas e o plano 0, zyx .

Page 21: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

iBi zGdCorB 2 (7.5)

Onde: G é a constante da gravitação universal 672,6 , Bd é a densidade Bouguer da massa

extra

3cmg , iz é a altitude de uma dada estação gravimétrica em relação ao nível médio

dos mares km .

7.3.3.5 Correção de terreno

Correção de terreno: corrige os ruídos introduzidos pelo relevo próximo às estações

gravimétricas, que não foram levados em conta ou que foram levados em conta de maneira

indevida, na correção de Bouguer.

N

jBiji dPPCort

1

(7.6)

Onde: ijPP são paralelepípedos que fazem a discretização do relevo em torno das estações

gravimétricas; Bd é a densidade Bouguer

3cmg .

7.3.4 Anomalia Bouguer

O somatório final de todas as correções e reduções feitas até agora na medição do

gravímetro é conhecido como anomalia Bouguer, que está relaciona com a distribuição de

densidades e volumes na subsuperfície. Anomalia Bouguer é, então, a reunião de todas as

correções e reduções mostradas nas equações: (7.1), (7.2), (7.3), (7.4), (7.5) e (7.6),

levando em conta o sinal:

iiiiigii CortCorBCfreegCorlAbsAnoB (7.7)

Page 22: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

7.3.5 Separação regional – residual

É um processo de filtragem utilizado para separar anomalia regional da anomalia

Bouguer, gerando anomalia residual (Zeng, 1989).

7.3.6 Anomalia residual

É importante observar que anomalia residual está relacionada com o contraste de

densidade existente entre um pequeno corpo soterrado ou estrutura geológica localizada e a

rocha encaixante.

Anomalia Residual = Anomalia Bouguer – Anomalia Regional

7.3.7 Conversão da anomalia residual ao mesmo

datum

Para converter anomalia gravimétrica residual a um mesmo datum (plano de altura C),

evitando assim possíveis distorções de causas geométricas relacionadas com o relevo, é

necessário utilizar séries de potência, como recomendado no método de Henderson e Cordell,

existente na literatura especializada (Henderson and Cordell, 1971).

7.4 Interpolação

Efetuadas as correções e reduções nas medições gravimétricas, o próximo passo é

importar os dados e o posicionamento das estações para um software de processamento

geoestatístico, de forma que as regiões sem dados possam ser interpoladas e constituir uma

base de dados, que capacite à confecção de mapas de contorno das anomalias, de forma

adequada e realista. Este procedimento de interpolação é apelidado de “gridagem”, onde uma

malha regular (do inglês “grid”) com espaçamento fixo é determinada e em cada nó da malha

valores da anomalia gravimétrica são interpolados. Outros processamentos feitos em cima dos

“grids”, como aplicação criteriosa de filtros pode facilitar a localização de estruturas geológicas.

Page 23: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

7.5 Eventos gravimétricos

A densidade de um material pode ser pensada como sendo um valor que quantifica o

número de pontos de massa por unidade de volume (pontos vermelhos na Figura 7.2). Assim,

para que a densidade do minério, na Figura 7.2, seja maior que a da rocha encaixante é

necessário que ele contenha mais pontos de massa por unidade de volume do que a rocha

encaixante ao seu redor. Para entendermos como funciona o método gravimétrico,

aproveitando o exemplo da Figura 7.2, vamos descrever qualitativamente a variação de uma

anomalia gravimétrica Bouguer (vide processamento de dados gravimétricos), relacionada com

a variação de volume e densidade entre o minério e a rocha ao seu redor (Figura 7.3). Como

massa teste, simbolizando as medidas do gravímetro, na Figura 7.3, será utilizada uma

pequena bola em queda livre.

Figura 7.3 Fonte: Georges Pavie (2000)

1

(solo) 2

(minério)

2>1

Ponto de massa

g

Posição

Vetor aceleração

Anomalia Bouguer

1

(solo) 2

(minério)

2>1

Ponto de massa

Figura 7.2 Fonte: Georges Pavie (2000)

Page 24: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

Se alterarmos as densidades do minério e da rocha ao seu redor, que estavam

relacionadas com a anomalia gravimétrica Bouguer (Figura 7.3), porém, mantendo o mesmo

contraste de densidade, teríamos a mesma forma da curva que representa o perfil gravimétrico

residual (Figura 7.4). Observe que, neste caso, a anomalia gravimétrica regional (vide

processamento de dados gravimétricos), relacionada com a rocha encaixante em torno do

minério (Figura 7.4) foi retirada da anomalia Bouguer pelo processo da filtragem. Isto é

necessário quando analisamos corpos soterrados, pequenos e localizados.

7.6 Fundamentos da teoria do potencial

para o método gravimétrico

Nosso objetivo com a teoria do potencial para o método gravimétrico é deduzir a

expressão matemática exata da componente vertical da gravidade zg , que possa ser o

Foi retirado

(hipótese não real para o meio encaixante

Ponto de massa

Figura 7.4 – Fonte: Georges Pavie (2000)

12

g

posição

Vetor aceleração

Anomalia residual

A anomalia gravimétrica regional retirada

Page 25: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

equivalente teórico da medição experimental do gravímetro, que denominaremos de Grav ,

uma vez feitas às correções e reduções inerentes ao método gravimétrico.

7.6.1 Lei de Newton da gravitação universal

A lei de Newton da gravitação universal é o ponto de partida para a teoria do método

gravimétrico. Esta lei estabelece que matéria atrai matéria, na razão direta das massas e na

razão inversa do quadrado da distância entre elas. É a seguinte a expressão matemática da lei

de Newton, em um sistema de coordenadas cartesianas, de acordo com a Figura 7.5.

Figura 7.5 – Fonte: (do próprio Autor)

rrmGmF ao1 (7.8)

Onde:

rrrr

rrrr 2

11.

Exercício 1 – mostrar a matemática por trás da equação (7.8). Na equação (7.8) e

Figura 7.5 são definidas as seguintes grandezas:

Page 26: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

F é força de atração que existe entre as massas 0m e am .

0m é a massa de prova (unitária), tão pequena quanto se possa representar, suspensa por

uma diminuta mola no interior do gravímetro, servindo como unidade de massa atraída.

am é a massa anômala atrativa, relacionada com as distribuições de volume e densidade que

se desejam investigar em subsuperfície, com o método gravimétrico.

zk

yj

xi

ˆˆˆ , operador matemático vetorial diferencial denominado gradiente, que

neste caso está representado em coordenadas cartesianas.

O vetor unitário,

rrrr

, que representa a direção da força de atração F , está direcionado

sempre da massa anômala atrativa am para a massa atraída 0m .

,rr (módulo do vetor ,rr ) é a menor distância que existe entre a massa de prova 0m e a

massa anômala atrativa am .

222 zzyyxxrr

kzzjyyixxrr ˆˆˆ

kji ˆ,ˆ,ˆ são vetores unitários nas direções zyx ,, e zyx ,, respectivamente.

zyx ,, são coordenadas de localização da massa anômala atrativa am em subsuperfície,

fonte da anomalia gravimétrica.

zyx ,, : latitude, longitude e altitude, respectivamente, são coordenadas de localização de

um ponto na superfície da Terra.

G é a constante da gravitação universal, com valor igual a 672,6 , quando: distâncias

zyxzyx ,,,,, em km , densidade (anomalia Bouguer) ou contraste de densidade (anomalia

residual) em 3cmg

e anomalia gravimétrica emmGal .

Page 27: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

7.6.2 Campo gravitacional

Campo gravitacional g é definido como sendo força de atração da lei de Newton F

por unidade de massa atraída 0m , ou seja:

0mFg (7.9)

Levando a equação (7.8) na equação (7.9), encontramos a seguinte expressão

matemática para o campo gravitacional:

rrGmg a1 (7.10)

7.6.3 Potencial gravimétrico

Por se tratar de um método potencial, o gravimétrico tem a expressão matemática

vetorial de seu campo g , equação (7.10), deduzida como sendo menos gradiente de uma

função escalar U , denominada potencial gravimétrico, da seguinte maneira:

Ug (7.11)

Da comparação entre as equações (7.10) e (7.11) fica explícito que:

,rrm

GU a

(5.12)

Page 28: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

7.6.4 Componente vertical da gravidade

Componente vertical da gravidade é o nome dado à expressão matemática exata, que

é o equivalente teórico da medição experimental do gravímetro. É a seguinte a expressão

matemática da componente vertical da gravidade zg , que está sempre posicionada abaixo do

gravímetro (Figura 7.5):

3,rr

zzGmzUg a

z

(7.13)

7.7 Interpretação gravimétrica pelo método

mínimos quadrados

A equação (7.13) pode ser preparada para interpretação de dados gravimétricos. Um

dos métodos muito utilizados é o método de inversão gravimétrica, mínimos quadrados, cuja

representação matemática é a seguinte:

M

i

N

j ij

ijjji mínimo

rrzzvd

GGrav1

2

13 (7.14)

Onde Grav é anomalia gravimétrica ou medição experimental do gravímetro corrigida dos

ruídos inerentes ao método gravimétrico no processamento de dados, podendo representar

anomalia Bouguer ou anomalia residual, dependendo de jd ser densidade ou contraste de

densidade, respectivamente.

Page 29: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

7.8 Gravimetria no estudo do interior da

Terra – Isostasia

Em 1735 e 1745 foram feitas expedições ao Peru por P. Bouguer, com o objetivo de

determinar a forma da Terra. Nessas viagens, Bouguer notou que as montanhas da Cordilheira

dos Andes exerciam uma força de atração gravitacional menor do que a esperada para o seu

respectivo volume. Cerca de um século mais tarde, G. Everest fez a mesma observação nos

Himalaias, durante uma expedição à Índia.

Em 1855 J.H. Pratt e G. Airy propuseram hipóteses para explicar essas deficiências de

massas, surgindo em 1889 o termo isostasia para denominar o mecanismo que as explica. De

acordo com o conceito de isostasia, há uma deficiência de massa abaixo da cordilheira

aproximadamente igual à massa das próprias montanhas. O conceito de isostasia se baseia no

princípio de equilíbrio hidrostático de Arquimedes, no qual um corpo ao flutuar na água desloca

uma massa equivalente à sua própria. Nesse caso, uma cadeia montanhosa se comporta como

um bloco de gelo flutuando na água. De acordo com o princípio da isostasia, a camada

superficial da Terra, relativamente rígida, flutua sobre um substrato mais denso. Sabemos, hoje

em dia, que essa camada rígida, denominada Litosfera, é compartimentada por falhas

profundas e que se desloca, formando as placas tectônicas litosféricas. O substrato mais denso

é a Astenosfera, caracterizada por um material com baixa viscosidade, baixas velocidades de

ondas sísmicas e altas temperaturas, onde ocorrem deformações plásticas variando na escala

do tempo geológico.

No modelo de Airy (Figura 7.6), as montanhas são mais altas por possuírem

raízes profundas, da mesma forma que um imenso bloco de gelo (Iceberg)

flutuando no mar.

As montanhas são mais altas segundo o modelo de Airy, pois se projetam

para as partes mais profundas do Manto litosférico, confirmadas por

informações advindas da sismologia de terremotos.

Page 30: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

Figura 7.6 – Fonte: Teixeira e outros (2003)

No modelo de Pratt (Figura 7.7), as montanhas são elevadas por serem

compostas por rochas de menor densidade do que as existentes nas regiões

laterais vizinhas, havendo neste caso diferenças laterais de densidade.

Os continentes situam-se acima do nível do mar segundo o modelo de Pratt

devido às diferenças laterais de composição e densidade entre a Crosta

continental menos densa e a Crosta oceânica mais densa.

Figura 7.7 – Fonte: Teixeira e outros (2003)

Sabemos, hoje em dia, que os dois modos de compensação isostática operam simultaneamente. Exemplificando com o mapa de anomalias gravimétricas Bouguer do continente sul-americano e regiões marinhas circunvizinhas, segundo sua escala em

Page 31: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

mGal correspondendo a um código de cores (Figura 5.8), é bastante esclarecedora à

distribuição de massas relacionadas com a Crosta continental e com a Crosta oceânica, tendo por base o Manto litosférico (compensações isostáticas). Quanto à espessura da Crosta, o mapa Bouguer está evidenciando seis regiões de anomalias muito bem diferenciadas: (1) Com base na cor roxa, graduando para as cores azul e verde escura, há oeste, a Cadeia Andina apresenta espessuras crustais da ordem de 70 km; (2) Com relação à cor verde escura predominante, graduando para a cor verde clara, há leste, as Faixas Móveis dos Complexos da Borborema, do Tocantins e da Mantiqueira apresentam espessuras crustais da ordem de 50 km; (3) Baseada na cor amarela predominante, graduando para a cor verde clara, ao norte e na parte central da Figura 7.8, os Crátons da Guiana e do Xingu apresentam espessuras crustais da ordem de 35 km; (4) No extremo leste da Figura 7.8, na cor marrom clara predominante, graduando para a cor marrom escura, a Crosta oceânica da Placa Sul-Americana, apresenta espessura da ordem de 20 km; (5) No extremo oeste desta figura, na cor marrom escura predominante, graduando para a cor marrom clara, a Crosta oceânica da Placa de Nasca, apresenta espessura da ordem de 15 km; (6) Na parte central das bacias intracratônicas, com exceção da Bacia do Parnaíba, a cor predominante é marrom escura. O mesmo pode ser observado ao longo da faixa estreita contornando a costa leste, correspondendo à posição da plataforma continental. O significado da cor marrom escura, contornando o território brasileiro na Figura 7.8, é a presença de sills de diabásio e de derrames basálticos que infestaram as colunas sedimentares das bacias intracratônicas. Nestas regiões são observadas espessuras crustais da ordem de 10 km.

Figura 7.8 – Fonte: Teixeira e outros (2003).

Page 32: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

A contribuição da gravimetria para o estudo do interior da Terra, de uma forma indireta, ressume-se, portanto, de acordo com as Figuras 7.8 e 7.9, na elaboração de um modelo interpretativo integrado, geológico – geofísico para a Litosfera, com base na distribuição heterogênea de densidades e volumes. A distribuição das densidades crescentes na Litosfera ocorre na seguinte ordem de acordo com a Figura 2.5.9: Crosta continental em marron claro (2,70g/cm3), Crosta oceânica em preto (2,80g/cm3) e Manto litosférico em marron escuro (3,20g/cm3).

Figura 7.9 – Fonte: Teixeira e outros (2003)

7.9 Gravimetria na pesquisa do petróleo e

gás

O método gravimétrico, que é utilizado em levantamentos terrestres e marítimos, é

importante na prospecção do petróleo e gás pelas seguintes razões:

Ajuda a revelar a presença de rochas anômalas quanto à densidade; as mais

densas como rochas ígneas e metamórficas do embasamento cristalino e as

menos densas como domos salinos e outros depósitos de sais;

Prevê a existência de altos e baixos estruturais do embasamento cristalino pela

distribuição lateral desigual de densidades em subsuperfície;

Permite fazer estimativas da espessura de sedimentos em uma bacia

sedimentar, pela inferência da topografia de topo do embasamento cristalino.

Page 33: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

Figura 7.10 – Fonte: Thomas e outros (2001)

A Figura 7.10 mostra o mapa de anomalias gravimétricas Bouguer, neste caso da bacia

do Recôncavo e adjacências, após feitas às correções e reduções inerentes ao método

gravimétrico. As tonalidades azuis indicam embasamento mais profundo ou espessura maior

de sedimentos. As cores vermelhas indicam embasamento raso. As grandes feições estruturais

e o arcabouço do embasamento cristalino são bem visíveis neste mapa. A amplitude de uma

anomalia gravimétrica na prospecção do petróleo e gás pode chegar aos 10 mGals.

7.10 Contribuição do Método Gravimétrico

ao Estudo da Água Subterrânea

Além da aplicação na prospecção mineral, o método gravimétrico também se aplica na

prospecção do petróleo e gás e na pesquisa da água subterrânea. O exemplo mostrado na

Figura 7.11 é o da aplicação do método gravimétrico no delineamento do arcabouço geológico

da bacia de Resendo no Estado do Rio de Janeiro.

Page 34: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

Figura 7.11 – Fonte: Escobar, Dias e Dias (2000)

7.11 Localização da Jazida de

Ferro do Quadrilátero

Ferrífero por Gravimetria

Figura 7.12 – Fonte: Pinto, Ussami e de Sá (2007)

Page 35: Apostila de Geofísica I  - 5o PET - Parte 2

A Figura 7.13 representa o mapa de anomalias regional – gravimétrico obtido dos

dados da Figura 7.12 através da continuação para cima de Km50 , mostrando uma distorção

significativa da anomalia regional associado com a mineralização do Quadrilátero Ferrífero

(área tracejada).

Figura 7.13 – Fonte: Pinto, Ussami e de Sá (2007)