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1. DEFINIÇÕES PARA ÁREA HOMEOPÁTICA Dinamização: divisão de uma droga através dos procedimentos de diluição e sucção (drogas solúveis no álcool), ou pela trituração usando a lactose como veículo. Potencialização: passagem de uma dinamização à outra mais elevada. Sucção: está intimamente ligada ao processo das diluições, sendo responsável pela energização e desestruturação das mesmas. Entre as diferentes fases de dinamizações são impressas 100 sucções após cada diluição. Diluição: em homeopatia está obrigatoriamente vinculado ao procedimento das sucções, motivo pelo qual, na prática aparece como sinônimo de dinamização ou potência. Trituração: procedimento farmacotécino homeopático para desconcentração de substâncias insolúveis no álcool, triturando-as em veículo lactose. Medicamento Homeopático: potencialmente toda substancia experimentada em indivíduos sadios,

Apostila de Homeopatia

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Page 1: Apostila de Homeopatia

1. DEFINIÇÕES PARA ÁREA HOMEOPÁTICA

Dinamização: divisão de uma droga através dos procedimentos de

diluição e sucção (drogas solúveis no álcool), ou pela trituração usando

a lactose como veículo.

Potencialização: passagem de uma dinamização à outra mais elevada.

Sucção: está intimamente ligada ao processo das diluições, sendo

responsável pela energização e desestruturação das mesmas. Entre as

diferentes fases de dinamizações são impressas 100 sucções após cada

diluição.

Diluição: em homeopatia está obrigatoriamente vinculado ao

procedimento das sucções, motivo pelo qual, na prática aparece como

sinônimo de dinamização ou potência.

Trituração: procedimento farmacotécino homeopático para

desconcentração de substâncias insolúveis no álcool, triturando-as em

veículo lactose.

Medicamento Homeopático: potencialmente toda substancia

experimentada em indivíduos sadios, dispondo de descrição das suas

propriedades farmacodinâmicas.

CH (Diluição Centesimal Hahnemaniana): Indica que a droga foi

diluída em solução hidroalcoólica na proporção de 1:100 (1 parte da

droga para 100 partes do veículo), seguida de 100 sucções. Nos

medicamentos primeiro vem uma numeração indicando a qual diluição

pertence, este número indica quantas vezes esse procedimento foi

repetido.

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Força Vital: forma de energia, portanto do corpo, alma e espírito,

integrada na totalidade do organismo e regendo todos os seus

fenômenos normais e anormais, e cujo desequilíbrio se traduz por

sensações desagradáveis e manifestações irregulares que constituem a

doença.

2. O SURGIMENTO DA HOMEOPATIA

É considerado o ano de 1796, como o ano de criação da

Homeopatia, pois foi nesse ano que o seu fundador, Cristiano Frederico

Samuel Hahnemann (1755-1833), publicou no Jornal de Medicina

Prática, da cidade de Kongslutter, Alemanha, sua primeira obra sobre

Homeopatia, denominada: “Ensaio sobre um novo princípio para

descobrir as virtudes curativas das substâncias medicinais com um

breve comentário sobre os métodos usados até então”.

Hahnemann, por volta de 1780, decidiu abandonar sua profissão

de origem, a Medicina, era autor de vários livros da área, mas isso não o

impediu, principalmente pelo fato de ser contrario aos métodos

medicinais utilizados até então. Sendo assim passou a traduzir livros.

Foi quando, em 1790, traduzindo um livro de Willian Cullen,

médico escocês, observou uma explicação da ação da quinina em

pacientes febris, onde o mesmo relatava que a quinina criava no

estômago uma substância contrária a febre. Hahnemann resolveu

experimentar nele próprio (homem sadio) os efeitos da quinina, foi

quando constatou que ela o causou febre.

Hahnemann foi um fervoroso combatente da teoria e das práticas

médicas desta época, que por sinal eram muito rudimentares,

agressivas e, muitas vezes, danosas à saúde. Por não ter explicações

científicas a respeito da etiologia das doenças mais incidentes e

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prevalentes naquele momento, na sua maioria doenças

infectocontagiosas, acreditava-se que estas se deviam às emanações

espalhadas no ar, denominadas miasmas, que teoricamente

contaminavam os fluídos orgânicos, e para restabelecer a saúde, estes

deveriam ser expelidos.

Eram comuns as cauterizações, as sangrias, as purgações e as

prescrições de muitos medicamentos que provocavam vômitos,

evacuações, diurese, sudorese e feridas na pele.

Em 1796, Hahnemann publicou a obra “Ensaios sobre um novo

princípio”, para descobrir as virtudes curativas das substâncias

medicamentosas, na qual apresenta os princípios desta nova

terapêutica, marcando a fundação da Homeopatia.

Em 1810, publicou sua principal obra, o "Organon", na qual

desenvolveu os fundamentos da Homeopatia.

Em 1819, lançou a segunda edição mudando o nome para,

“Organon da arte de curar”, este nome foi utilizado, pois na sua visão o

homeopata seria um artista da cura, restando o termo “médico”, para

aqueles que seguiam a terapêutica da época com procedimentos

agressivos.

O Organon possui um significado muito grande na história da

Medicina, pois numa época de tratamentos ortodoxos e uso abusivo de

medicamentos, Hahnemann apresentava um trabalho de gênio,

afirmando que o médico deveria conhecer a ação do medicamento no

organismo para poder prescrevê-lo, além de abordar temas sempre

atuais como, higiene, alimentação, estilo de vida, dentre outros.

No Brasil a história da Homeopatia é bem mais recente, somente

em 1980, ela foi reconhecida pelo Conselho Regional de Medicina, e em

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1990, passou a ser considerada especialidade médica.

Desenvolvia-se, assim, um novo sistema terapêutico que se espalhou

pelas diversas universidades do mundo, com a criação de hospitais para

tratamento com esse método.

Portanto Homeopatia, não é "outra medicina”, mas um sistema

terapêutico que, como os outros, têm suas indicações e limitações, e

podemos considerá-la como terapia de regulação, isto é, aproveitando a

tendência natural do organismo à semelhança das vacinas.

Podemos, assim, estabelecer o conceito de Homeopatia:

“A ESPECIALIDADE METODOLÓGICA NO SETOR DA

FARMACOTERAPIA BASEADA NA LEI DOS SEMELHANTES, TENDO

COMO MÉTODO FUNDAMENTAL A EXPERIMENTAÇÃO NO

ORGANISMO SADIO E UTILIZANDO-SE DE MEDICAMENTOS

PREPARADOS SEGUNDO FARMACOTÉCNICA PRÓPRIA".

Utilizando o grego, podemos também dizer que Homeopatia

(Homos = Semelhante; Phatos = Doença) é a ciência que se obtém a

cura através de substâncias que causam efeitos semelhantes, aos

sintomas de tal doença.

3. CONCEPÇÃO HOMEOPÁTICA SOBRE O PROCESSO SAÚDE-

DOENÇA

Quando os fatores desequilibradores interagem com o indivíduo e

conseguem desequilibrar sua energia vital, o organismo como um todo

sofre as consequências. Este adoecimento é demonstrado por uma

série de sintomas desagradáveis, de natureza psíquica e/ou orgânica.

Como forma de melhor combater este desequilíbrio e tentando

preservar as funções e os órgãos mais importantes, o organismo

Page 5: Apostila de Homeopatia

localiza e somatiza o adoecimento em uma ou algumas partes, levando

ao aparecimento das doenças e dos sintomas, mas o adoecimento é

algo anterior a eles.

Do ponto de vista da Alopatia, a doença em si é o que deve ser

levado em consideração e é para ela que se volta toda a atenção do

médico em termos de diagnóstico e tratamento, sem se fazer referência

à totalidade do indivíduo.

Para a Homeopatia, a doença e o sintoma são formas de

expressão de um desequilíbrio da energia vital que atinge todo o

organismo e a análise deste deve ser feita tendo em vista o

entendimento da totalidade.

A parte que adoece denomina-se órgão de choque. Mas não basta

identificar o órgão que adoece. É necessário entender todo o processo

que resultou no seu adoecimento.

O órgão doente representa apenas a doença do todo. Caso haja

um combate apenas localmente, a cura não ocorre, podendo haver um

mascaramento do desequilíbrio do todo.

Mas se o órgão doente é tão somente a representação do

desequilíbrio do todo, o que explica que determinado órgão e não outro

seja acometido? Esta é uma pergunta que deve ser respondida através

de uma análise da história do paciente.

A energia vital é a responsável pela manutenção do equilíbrio

psíquico e orgânico do indivíduo, na sua totalidade. E para isto é

necessário que ela esteja no nível mais alto possível. Várias condições

são imprescindíveis para que a energia vital esteja num bom nível, como

estilo de vida saudável, ausência de estresse, relacionamento social

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harmônico. Isto ocorrendo, o indivíduo fica mais resistente ao

adoecimento, mas não está livre dele.

4. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA HOMEOPATIA

A Homeopatia se baseia em quatro princípios fundamentais: a lei

dos semelhantes; o experimento no homem sadio, o medicamento

diluído e dinamizado e o medicamento único.

A lei dos semelhantes

Toda substância é capaz de curar nas pessoas doentes, em doses

adequadas, os mesmos sintomas que ela provoca em pessoas sadias

que a experimentam.

O experimento no homem sadio

Para que possamos saber as propriedades curativas das

substâncias, elas devem primeiramente comprovar a sua capacidade de

provocar sintomas em pessoas sadias, conforme a lei dos semelhantes.

Na época em que surgiu a Homeopatia, não era prática comum se

fazer experimentos e quando estes eram feitos, isto ocorria em animais.

Contudo, nem tudo que é observado nos animais pode ser extrapolado

para os homens, devido às peculiaridades destes. Além do mais,

somente o homem tem condições de verbalizar suas sensações

subjetivas, seus sintomas mentais e estes são justamente os mais

importantes para se encontrar o medicamento homeopático para o

indivíduo doente.

A exigência de que o sujeito experimente a substância estando

sadio é para que os sintomas que porventura venham a aparecer não se

confundam com os sintomas de eventuais doenças.

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O medicamento diluído e dinamizado

Inicialmente, Hahnemann experimentava as substâncias em

grandes quantidades, porém desta forma, elas provocavam sintomas

muito intensos. Posteriormente, ele teve a ideia de fazer sucessivas

diluições e observou que, embora diluídas, as substâncias continuavam

com sua capacidade de provocar sintomas, porém mais tênues e sutis.

Posteriormente, constatou que se a diluição fosse agitada

(dinamizada) a capacidade de provocar sintomas aumentaria bem como

os sintomas que apareciam eram qualitativamente melhores.

A partir de então, ele sistematizou a diluição na escala centesimal

e em cada fase da diluição passou a dar cem sucussões, para ocorrer a

dinamização, que resulta num nível energético superior.

O medicamento Único

A Homeopatia vê o indivíduo na sua totalidade, não só o físico,

mas o mental e o espiritual também, no qual os três necessitam estar

equilibrados, em função de sua energia vital.

Quando a energia vital do indivíduo é desequilibrada pelos fatores

agressores, o todo se desequilibra. Então, o organismo tende a focar o

desequilíbrio do todo para determinada parte, denominada órgão de

choque. Disto resulta que, para a Homeopatia, o órgão ou parte que

adoece representa tão somente o desequilíbrio da totalidade.

A cura só ocorre se o medicamento for dado para o indivíduo na

sua totalidade.

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Este medicamento, que se denomina simillimum, constitucional ou

medicamento maior, deve ter as suas principais características

semelhantes às principais características manifestadas pelo indivíduo.

5. AS ESCOLAS HOMEOPÁTICAS

Entre os homeopatas existem divergências a respeito de diversos

pontos. Dentre eles, o mais importante é a questão da prescrição de um

único medicamento por vez. Em função desta questão, os homeopatas

se agrupam em três correntes: a unicista, a pluralista ou alternista e a

complexista.

Unicismo

Foi criado por James Kent, médico americano. Ele acreditava

que o medicamento deveria ser prescrito de acordo com as

características mentais, com a aparência física e com os sintomas

orgânicos das pessoas, tudo isto formando um tipo, ou perfil, a este

perfil corresponde o simillimum homeopático.

Os unicistas entendem que, independente dos sintomas e

doenças presentes, o importante é a totalidade do indivíduo. Os

sintomas e as doenças presentes são indicativos do desequilíbrio do

todo. Se o medicamento não atuar na totalidade do indivíduo a cura não

ocorre, podendo haver mera supressão dos sintomas, com conseqüente

aparecimento de metástases mórbidas.

Os unicistas valorizam mais os sintomas mentais, fazem

consultas demoradas, prescrevem medicamentos em altas diluições, em

dose única ou doses repetidas, porém, com baixa freqüência, tal como

uma vez por mês, por semana, de cinco em cinco dias, uma vez por dia,

etc.

Prescrevem apenas um medicamento homeopático.

Page 9: Apostila de Homeopatia

Pluralismo

Os pluralistas veem o paciente na sua totalidade e acreditam

que as doenças e os sintomas são apenas indicativos do desequilíbrio

do todo.

Eles dão maior valor aos sintomas mentais, mas postulam

que os sintomas físicos devem ser abordados como tendo grande

importância e, muitas vezes esses homeopatas não buscam enquadrar

as características mentais, gerais e particulares em um medicamento

que cubra essas características como um todo, prescrevendo dois ou

mais medicamentos.

Acreditam que há medicamentos que têm, em relação a

outros medicamentos, o caráter de serem complementares. Portanto,

dando-os conjuntamente, há uma melhor cobertura da totalidade

sintomática do doente.

Daí porque os pluralistas prescrevem mais de um

medicamento. Eles prescrevem um medicamento que cubra grande

parte dos sintomas mentais e gerais e um ou mais que cubram os

sintomas relacionados às partes doentes. O pluralista pode prescrever

dois medicamentos para o todo quando mesmo tendo repertorizado os

sintomas trazidos à consulta e os ter conferido na Matéria Médica a

dúvida persiste a respeito do simillimum. A diferença é que, neste caso,

o unicista opta por um só medicamento.

O medicamento indicado para o todo é dado em diluição

média ou alta, em baixa frequência, enquanto o medicamento dado para

a parte afetada o é em diluição baixa, com frequência mais acentuada.

Complexismo

Os complexistas não trabalham com a totalidade do paciente

envolvendo as suas características mentais, algo que eles acreditam ser

Page 10: Apostila de Homeopatia

muito subjetivo e passível de muito erro, mas com os sintomas e as

doenças físicas. As queixas orgânicas são detalhadas, especificadas

nas suas peculiaridades e são prescritos vários medicamentos, o

suficiente para cobrir a totalidade dos sintomas.

Estes medicamentos podem estar em formulações isoladas,

ou numa única formulação. Quando estão numa única formulação, o

medicamento é denominado complexo ou específico.

Os complexos podem ser feitos para um paciente

individualizado, a partir da prescrição feita pelo médico, ou para

“doenças”, a partir da escolha, pelo laboratório que manipula os

medicamentos e por serem os de uso mais frequente na doença em

questão como, por exemplo, complexo para “asma” ou para “prisão de

ventre”.

Os complexistas manuseiam o processo saúde-doença na

ótica do organicismo e essa visão aproxima-se muito da abordagem da

Biomedicina (Alopatia).

Enquanto unicistas e pluralistas procuram cobrir a totalidade

sintomática com um único medicamento ou com dois ou mais

medicamentos administrados de modo isolado, os complexistas cobrem

esta totalidade com vários medicamentos administrados juntos, em

baixas potencias e de forma repetida. Vale ressaltar que a totalidade

sintomática procurada por unicistas e pluralistas inclui os sintomas

mentais e gerais e a totalidade sintomática dos complexistas incluem

apenas os sintomas particulares, orgânicos.

Cada corrente acredita ser mais eficaz em relação às demais, nas

quais enxerga falhas e contradições.

A prática unicista tem as seguintes vantagens:

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A abordagem da totalidade possibilita curas mais completas

e abrangentes.

Os unicistas precisam de muito estudo para o exercício

profissional, adquirindo, pois, grande conhecimento da Homeopatia.

As consultas demoradas têm caráter terapêutico e facilitam o

estabelecimento de uma boa relação médico-paciente.

O tratamento é mais barato e de mais fácil manuseio.

Permite saber se cada medicamento prescrito teve ou não

atuação.

Evita a automedicação e a autoprescrição ou a prescrição

por leigos.

Como desvantagens, temos:

O fato da consulta demorada diminuir o número de doentes

que são atendidos.

A perda de tempo quando o medicamento escolhido não

surtir efeito.

Dificuldade da autoprescrição e da automedicação pelos

pacientes, em casos simples.

É necessária a existência de um medicamento que

represente em todos os detalhes o quadro apresentado pelo paciente.

Conduta muito lenta para resultados.

A prática pluralista tem as seguintes vantagens:

A visão de totalidade possibilita curas mais completas e

abrangentes.

Os pluralistas precisam de muito estudo para o exercício

profissional, adquirindo, pois, grande conhecimento da Homeopatia.

As consultas demoradas têm caráter terapêutico e facilitam o

estabelecimento de uma boa relação médico-paciente.

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Tratamento é mais barato e de mais fácil manuseio,

comparando-se com os tratamentos dos médicos complexistas.

Aproveita a ação benéfica de mais de um medicamento, ao

mesmo tempo, apressando a cura.

Os pluralistas, por prescreverem mais de um medicamento

quando estão em dúvida a respeito do simillimum, podem ganhar tempo

em relação aos unicistas que, neste caso, prescrevem um só

medicamento e se este não for o simillimum, perdem tempo.

Como desvantagens, temos:

O fato da consulta demorada diminuir o número de doentes

que são atendidos.

A dificuldade de lidar majoritariamente com sintomas de mais

difícil entendimento por serem subjetivos.

A dificuldade da autoprescrição e automedicação pelos

pacientes em casos simples, comparando-se com os complexistas.

Não poder identificar a ação de cada medicamento.

A impossibilidade de incluir e excluir sintomas nas matérias

médicas.

Com relação aos complexistas, diz-se que vulgarizam a

Homeopatia por não trabalharem a totalidade sintomática do indivíduo

incluindo suas características mentais. Por darem medicamentos para a

parte, a cura pode não ocorrer em função da ação do medicamento,

mas devido à energia vital do paciente. Pode, ainda, haver a supressão

da doença e dos sintomas, levando ao aparecimento de metástases

mórbidas, que são doenças e sintomas que aparecem em outros órgãos

pela sua supressão nos órgãos de choque onde originariamente se

encontravam. Facilitam a automedicação e a autoprescrição, o que pode

acarretar danos aos pacientes por mascarar doenças graves.

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Apesar das críticas dos unicistas, os complexistas alegam que

conseguem ter êxito na sua forma de atuar e que são abertos a novas

formas de abordar o adoecimento das pessoas, sem se aferrar a

posturas dogmáticas. Possibilitam aos doentes fazerem a

automedicação e a autoprescrição, coisa que é justificável diante de

situações simples e quando o doente tem um razoável conhecimento

sobre suas formas de adoecimento. Além do mais, o uso de vários

medicamentos possibilita a ação conjunta destes e é maior a

probabilidade de haver pelo menos um medicamento com similaridade

com a doença do paciente, sem contar o fato de poderem atender a um

maior número de pacientes.

6. A EXPERIMENTAÇÃO DO MEDICAMENTO HOMEOPÁTICO

É um dos princípios básicos da Homeopatia que todo

medicamento homeopático tem que passar por uma prévia

experimentação, ocasião em que ele pode mostrar a sua capacidade de

provocar sintomas em pessoas sadias. Isto ocorrendo, estes mesmos

sintomas podem ser curados por este medicamento, em pessoas

doentes.

A experimentação de uma substância para que se descubra a sua

capacidade curativa tem que ser rigorosa, seguindo um protocolo

detalhado para garantir a veracidade e a confiabilidade dos resultados

obtidos.

A Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB), através de

sua comissão de pesquisa, elaborou um protocolo próprio o qual é

utilizado nas experimentações que ela coordena, em nível nacional,

envolvendo diversos núcleos de experimentadores, ligados aos cursos

de especialização de Homeopatia existentes no Brasil.

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Em linhas gerais, este protocolo, tem as seguintes normas:

1- A substância a ser experimentada, deve ser bastante

conhecida nos seus aspectos físico-químicos.

2- Fazem-se dinamizações em algumas diluições e são

preparados diversos frascos de placebo com igual forma de

apresentação daqueles que contém a substância a ser experimentada.

3- Os experimentadores são pessoas voluntárias, dando

preferência para quem está envolvido na área de saúde.

4- Os candidatos a experimentadores são submetidos a um

rigoroso interrogatório e uma série de exames, a fim de confirmar seu

bom estado de saúde.

5- Eles não podem estar em tratamento de qualquer espécie

(Alopatia, Homeopatia, Acupuntura), nem fazendo psicoterapia. Durante

a experimentação, não podem introduzir o uso de novos produtos ou

mudar o estilo de vida, mantendo um estado de vida saudável.

6- Só são aprovados aqueles que não têm doenças.

7- Precisam ter entre 25 e 50 anos, disponibilidade para o

experimento, boa capacidade de perceber e relatar suas sensações e

percepções, não serem influenciáveis e terem estilo de vida moderado.

8-Assim que escolhidos, os experimentadores passam por um

período de auto-observação que dura entre 60 a 90 dias, quando,

diariamente, eles anotam tudo o que lhes ocorre nos planos psíquico e

físico.

9-Para cada um ou dois experimentadores, há um diretor clínico.

Este discute semanalmente, separadamente, com cada experimentador,

as anotações do diário de observação.

10- Para comandar todo o experimento há o diretor geral da

experimentação.

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11- Durante a experimentação, cada experimentador toma cinco

gotas do conteúdo de um frasco, que pode conter a substância a ser

experimentada ou o placebo, três vezes ao dia. Quando os sintomas

começam a aparecer, a tomada do conteúdo do frasco é interrompida

até que os sintomas, que por ventura venham a aparecer, desapareçam

completamente. Isto ocorrendo, esperam-se mais trinta dias para se

iniciar a tomada do conteúdo do frasco seguinte.

12- Se não aparecerem sintomas quando da tomada do

conteúdo de um frasco, esta deve ser interrompida no 21º dia e se

espera mais 30 dias para se iniciar a tomada de um novo frasco.

13- Se durante a experimentação, o experimentador tiver alguma

doença, ele deve se abster de tomar medicamentos.

14- Ao final do experimento, se a substância tiver provocado um

significativo número de sintomas novos e/ou tiver alterado

características dos experimentadores, dizemos que ela provocou uma

patogenesia.

Patogenesia é o conjunto de sintomas que os experimentadores

apresentam durante a experimentação. Para que ela ocorra, duas

condições são necessárias: que a substância experimentada tenha

poder medicamentoso e que haja experimentadores sensíveis a

esta substância entre os experimentadores.

Os sintomas são analisados e agrupados, tendo em vista os seus

diversos tipos: mentais, gerais e particulares (orgânicos), ressaltando-se

aqueles mais importantes, que irão constituir o núcleo básico do

medicamento. Os sintomas mais importantes são aqueles mais

freqüentes, mais intensos, mais detalhados e mais exóticos e os que

estão vinculados aos órgãos e às funções mais importantes.

Page 16: Apostila de Homeopatia

Como se vê, o experimento na Homeopatia é feito com muito rigor.

Porém, nem sempre foi assim. Na época de Hahnemann, ele e os

demais homeopatas experimentavam neles mesmos as substâncias, as

quais eram por eles conhecidas. Além disto, eles preparavam a

substância, anotavam os sintomas e os selecionavam. Esta

metodologia, de certa forma, comprometia as conclusões a respeito da

patogenesia dos medicamentos, daí porque muitos homeopatas

defendam a necessidade de se fazer re-experimentações destes

medicamentos.

Contudo, vale ressaltar que estas falhas metodológicas não eram

devidas a uma deliberada negligência de Hahnemann. Pelo contrário,

ele era bastante meticuloso, crítico e organizado em suas

experimentações. Isto ocorria em conseqüência do atraso na forma de

se construir conhecimento, naquela época.

De certa forma, esta falha pode e tem sido corrigida através das

observações dos homeopatas da ação destes medicamentos nos

indivíduos, por eles tratados.

7. FARMACOTÉCNICA HOMEOPÁTICA

No Brasil, a preparação do medicamento homeopático segue o

que preceitua a Farmacopéia Homeopática Brasileira, aprovada pela

Portaria nº 1180, de 19 de agosto de 1997, do Ministério da Saúde.

O medicamento homeopático tem origem nos animais, nos

vegetais (a maioria), nos minerais, nos produtos químico-farmacêuticos

e em produtos biológicos (patológicos ou não), aí incluídos as bactérias

e os fungos.

No caso dos animais, vegetais, bactérias e fungos, nós podemos

usá-los inteiros, partes ou secreções fisiológicas (sarcódios) e secreções

Page 17: Apostila de Homeopatia

patológicas (nosódios). Como exemplos, podemos citar: Pulsatila

nigricans (planta inteira), Strycnos nux-vomica (sementes), Allium cepa

(bulbo recente), Cannabis sativa (sumidade dos ramos com flores e

folhas novas), Cinchona officinalis (China) – (casca seca e ramos

novos), Opium (suco leitoso), Secale cornutum (secreções patológicas),

Apis mellifica (abelha inteira), Blatta orientalis (barata inteira), Bufo rana

(veneno da glândula do dorso da região auricular do sapo),

Trigonocephalus lachesis (veneno extraído da glândula do maxilar da

surucucu), Pyrogenium (extrato aquoso de carne de boi apodrecida),

Thyreoidinun (da glândula tireóide), Medorrhinum (pus blenorrágico),

Marmoreck (sangue de cavalo imunizado por extrato de bacilo jovem de

cultura de estreptococo de esputo tuberculoso), Influenzinum (secreção

naso-faringeana do doente de gripe), Streptococcinum (cultura de

estreptococo).

Como exemplos de medicamentos provenientes de minerais,

temos: Phosphorus, Arsenicum album, Aurum metalicum, Platina,

Natrum muriaticum. De substâncias sintéticas, temos: Formalinum,

Gardenal, Anilinum.

O processo de diluição ou desconcentração se faz pela colocação

de uma parte da substância com a qual se fará o medicamento em 99

partes do veículo ou do excipiente. O processo de dinamização

(energização) ocorre quando fazemos as sucussões ou as triturações.

A desconcentração e a diluição são feitas mediante escalas. São

elas: a decimal (D ou X), a centesimal (CH) e a cinqüenta-milesimal

(LM). A primeira foi inventada por Hering e as duas últimas, por

Hahnemann, sendo que a escala centesimal é a mais usada.

Para diluir as substâncias solúveis, usamos veículos e para

desconcentrar as substâncias insolúveis, usamos excipientes. O

Page 18: Apostila de Homeopatia

principal veículo é o etanol a 70%, usado quando estamos preparando

as dinamizações intermediárias e a 30%, quando fazemos a

dispensação (venda ao consumidor). A água também é freqüentemente

usada. Os excipientes mais usados são: a lactose e a sacarose.

TRITURAÇÃO

A trituração, na escala centesimal, é feita da seguinte maneira: se

pega 99 partes de lactose e separa esta quantidade total em três partes.

Coloca-se a primeira parte num gral de porcelana e tritura-se

vigorosamente para tampar os poros do gral.

Sobre este terço de lactose coloca-se uma parte do insumo ativo e

faz-se sua homogeneização. Após isto, tritura-se vigorosamente por seis

minutos e raspa-se o triturado aderido ao gral e ao pistilo por 4 minutos.

Novamente faz-se a trituração e a raspagem durante 6 e 4 minutos,

respectivamente. Então, acrescenta-se o segundo terço de lactose e

faz-se a trituração e a raspagem por 6 e 4 minutos respectivamente, em

duas etapas. Por fim, coloca-se o terceiro terço e repete-se a operação

como das vezes anteriores.

Neste momento, temos o medicamento na 1-CH trit. Neste

processo de trituração, foram gastos 60 minutos. O processo é repetido

para se preparar a segunda e a terceira triturações. A partir daí, toda

substância insolúvel torna-se solúvel, passando a ser diluída.

DILUIÇÃO

A diluição, na escala centesimal e no método hahnemanniano, é

feita colocando-se uma parte do insumo ativo em 99 partes do veículo,

em um frasco preenchido até 2/3 de sua capacidade, o qual é submetido

a uma movimentação no sentido vertical, de forma homogênea, em

número de cem, que denominamos de sucussão. Da 1ª diluição, é

Page 19: Apostila de Homeopatia

retirada uma parte que é juntada a 99 partes do veículo, dando-se cem

sucussões. Tem-se a 2ª diluição e assim sucessivamente, até a diluição

desejada.

SUCUSSÃO OU DINAMIZAÇÃO

Quando a substância está sendo sucussionada ou triturada,

dizemos que ela está sendo dinamizada, o que resulta na aquisição de

energia medicamentosa. A sucussão pode ser feita manualmente ou

mecanicamente.

A sucussão, manual ou mecânica, esta feita através de aparelhos

denominados braços mecânicos, é feita para baixas e médias diluições.

Para as altas diluições, a partir de 200, a dinamização é feita através de

um aparelho de fluxo continuo (FC). Neste, o medicamento e a água

são misturados e dinamizados num processo contínuo, sem a

participação do técnico na montagem das fases intermediárias.

A dinamização manual ou com braços mecânicos pode ser feita

usando-se um frasco diferente para preparar cada diluição, que é o

método hahnemanniano (H), ou um só frasco para preparar todas as

diluições, que é o método de Korsakov (K).

No método Korsakov, após sucussionar cem vezes a 31ª diluição,

todo o conteúdo do frasco é derramado e supõe-se que o líquido que

fica aderido às paredes corresponde a uma parte, à qual são

acrescentadas 99 partes do veículo, repetindo-se as cem sucussões.

Tem-se a 32ª diluição. O conteúdo é derramado, acrescentam-se 99

partes do veículo e assim, sucessivamente, até à diluição desejada.

Embora se pressuponha que a escala utilizada seja a centesimal, não

há como garantir que ela foi obedecida em todas as fases da

dinamização.

Page 20: Apostila de Homeopatia

Segundo a Farmacopéia Homeopática Brasileira, o método de

Korsakov só pode ser utilizado da diluição 31- K até a 100 000 - K.

Embora mais rápido e econômico, ele é menos preciso do que o

método hahnemanniano.

Com relação ao método do Fluxo Contínuo, ele é muito rápido

para se preparar o medicamento, porém menos preciso do que o

método Hahnemanniano. Embora possamos usá-lo a partir da diluição

31 CH, a dispensação do medicamento preparado por este método só

pode ser feita a partir da diluição 200 FC, sendo que em qualquer

diluição preparado por ele, as duas últimas diluições são,

obrigatoriamente, preparadas pelo método Hahnemanniano.

Exemplo: para se preparar uma diluição 200 – FC, usamos o

método Hahnemanniano da 01 CH até a 30 – CH. A partir daí, até a

diluição 198ª, usamos o método do Fluxo Contínuo e voltamos a usar o

método Hahnemanniano até a diluição 200ª.

Portanto, os métodos de diluição e dinamização do medicamento

são três, o Hahnemanniano (H), o Korsakoviano (K) e o do Fluxo

contínuo (FC).

8. FORMAS FARMACÊUTICAS HOMEOPÁTICAS

Com a diluição na diluição desejada, são feitas as formas

derivadas, que são as que estão disponíveis para o público, nas

farmácias homeopáticas.

Formas farmacêuticas homeopáticas de uso interno:

Formas farmacêuticas líquidas: gotas e a dose única.

Page 21: Apostila de Homeopatia

Formas farmacêuticas sólidas são os glóbulos, os tabletes,

os comprimidos e os papelotes de pó.

As formas derivadas de uso externo são pouco usadas na

Homeopatia. São elas:

Formas farmacêuticas líquidas: linimentos, preparações

nasais, preparações oftálmicas e preparações otológicas.

Formas farmacêuticas sólidas: apósitos medicinais, pós

medicinais e supositórios.

Formas farmacêuticas semi-sólidas: cremes, géis, géis-

creme e pomadas.

O medicamento homeopático, por ser de natureza energética,

requer além dos cuidados normalmente exigidos para os medicamentos

alopáticos, cuidados especiais, tais como: utilização de matéria-prima da

mesma forma que foi utilizada na experimentação; utilização de material

para preparo e armazenamento que seja inerte, normalmente o vidro

Page 22: Apostila de Homeopatia

âmbar e a porcelana; distância de substâncias aromáticas e objetos que

emitam radiações; abrigo da luz solar; lugar seco e fresco para guardar

o medicamento. Ao ser tomado, ele não deve ser tocado com as mãos,

mas colocado da tampa para a boca. Deve-se deixá-lo na boca e não o

engolir. Não se pode tomá-lo próximo às refeições e ao asseio bucal.

Por ser diluído e dinamizado, o medicamento homeopático não

permite o controle de qualidade que normalmente se faz no

medicamento alopático. O controle de qualidade é feito na matéria

prima, no material utilizado, no ambiente onde é feito o medicamento, no

processo de manipulação.

Se preparado e armazenado corretamente, o medicamento

homeopático tem validade por muito tempo, se for armazenado na forma

sólida. No caso das formas líquidas, este prazo é bem menor e varia em

função do teor alcoólico do medicamento.

A embalagem do medicamento deve conter o nome do

medicamento, a diluição, a escala, o método, o prazo de validade, o

laboratório que o produziu e o farmacêutico responsável.

Normalmente, não existe bula do medicamento homeopático.

O veículo mais utilizado na homeopatia são as soluções

hidroalcoólicas:

Solução Hidroalcoólica 20%: usada para passagem da fase

sólida para fase líquida, para substâncias com baixa solubilidade no

álcool.

Solução Hidroalcoólica 30%: usada para dispensação do

medicamento, garantindo a qualidade do medicamento e também

diminuindo a não aceitação pelo fato do gosto desagradável do álcool.

Page 23: Apostila de Homeopatia

Também se usa na extensão das dinamizações, que é o processo

percorrido até que se alcance a dinamização desejada.

Solução Hidroalcoólica 70%: usada para estocar o

medicamento na farmácia.

Álcool Absoluto: usados para a preparação dos glóbulos,

estes são feitos de lactose, sendo assim solúveis na água.