Apostila de Lógica - PESCmario/logica/apostila.pdf · 3 Logica Clássica de Primeira Ordem 61 3.1 Linguagem da Lógica Clássica de Primeira Ordem . . . . . . . . . . . 62. SUMÁRIO

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  • Apostila de Lgica

    Prof. Mrio Benevides

    [email protected]

    19 de Maro de 2015

    UFRJ

  • Motivao Prtica

    lgebra de Boole

    Programao em lgica (PROLOG)

    Sistemas especialistas

    Especificao de programas

    Verificao de programas

    Banco de dados:

    BDs dedutivos

    Hiptese de mundo fechado

    Default / prioridades

    Ontologias

    Sistemas distribudos:

    Tempo

    Conhecimento e crena

    Lei (Lgica dentica)

    Linguagens de programao

  • Livros

    Lgica para a Computao - Thomson Learning - Flvio Soares Corra da

    Silva, Marcelo Finger e Ana Cristina Vieira de Melo

    Lgica para a Cincia da Computao - Ed. Campus - Joo Nunes de Souza

    A Mathematical Introduction to Logic - Enderton

    Introduction to Mathematical Logic - Mendelson

    Introduo Lgica Modal Aplicada a Computao - Marcos Mota Costa

    Programao em Lgica e a Linguagem PROLOG - Casanova

    Lgica - John Nolt e Linnes Rohatyn

  • Sumrio

    1 Introduo 1

    2 Lgica Clssica Proposicional 5

    2.1 Linguagem da Lgica Clssica Proposicional . . . . . . . . . . . . . . 6

    2.2 Semntica da Lgica Clssica Proposicional . . . . . . . . . . . . . . 9

    2.3 Complexidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

    2.4 Sistemas Dedutivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

    2.4.1 Deduo Natural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

    rvores de Prova . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

    2.4.2 Mtodo de Tableaux . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

    2.4.3 Mtodo de Resoluo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

    2.4.4 Provador de Dov Gabbay . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

    2.4.5 Sistema Axiomtico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

    2.4.6 Relaes entre Sintaxe e Semntica . . . . . . . . . . . . . . . 52

    2.5 Aplicao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

    3 Logica Clssica de Primeira Ordem 61

    3.1 Linguagem da Lgica Clssica de Primeira Ordem . . . . . . . . . . . 62

  • SUMRIO iv

    3.2 Sistemas Dedutivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

    3.3 Deduo Natural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

    3.4 Mtodo de Tableaux . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

    3.5 Mtodo Axiomtico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

    3.6 Semntica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

    3.7 Relao entre Sintaxe e Semntica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89

    3.8 Tabelas - SQL Lgica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90

    3.9 Estruturas e Teorias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

    Grafos, Ordens e rvores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

    Teoria dos Nmeros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97

    4 Lgicas Modais 100

    4.1 Linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100

    4.1.1 Alfabeto modal sobre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100

    4.1.2 Linguagem modal induzida pelo alfabeto modal sobre . . . 101

    4.2 Semntica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101

    4.2.1 Frames . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101

    4.2.2 Modelos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102

    4.2.3 Satisfao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103

    4.2.4 Clsses de Frames . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106

    Clsse dos Frames Reflexivos Fr . . . . . . . . . . . . . . . . . 106

    Clsse dos Frames Simtricos Fs . . . . . . . . . . . . . . . . . 107

    Clsse dos Frames Transistivos Ft . . . . . . . . . . . . . . . . 107

  • SUMRIO v

    Clsse dos Frames Seriais Fserial . . . . . . . . . . . . . . . . . 108

  • Captulo 1

    Introduo

    LGICA o estudo do raciocnio dedutivo.

  • 2

    Histrico

    Aristteles leis do discurso;

    Idade Mdia lgica filosfica;

    Boole (1815-1864) lgebra booleana;

    Peano (c.1865) axiomatizao da aritmtica;

    Frege (1874)

    investigar fundamentos da matemtica

    lgica moderna;

    Russel-Whitehead (1910)

    Princpia Matemtica

    lgica moderna;

    Hilbert (1925)

    formalizao da noo de prova

    mecanizao da matemtica;

    Gentzen (1935) teoria da prova;

    Godel (1931-1935)

    completude da lgica

    incompletude da aritmtica;

    Investigar Fundamentos da Computao.

  • 3

    O que lgica?

    o estudo do raciocnio dedutivo. (informalmente);

    um sistema formal (formalmente)

    Lgica:

    LINGUAGEM

    +

    REGRAS DE DEDUO / INFERNCIA

    +

    SEMNTICA

    Linguagem

    usada para descrever o conhecimento que se deseja representar.

    Regras de Deduo

    Servem para tirar concluses a partir do conhecimento representado na lingua-

    gem.

    Semntica

    Serve para dar significado aos objetos descritos na linguagem.

  • 4

    Tipos mais comuns de lgica:

    Lgica Clssica Proposicional

    Lgica Clssica de 1a Ordem

    Lgicas Modais: tempo, conhecimento, aes, pogramas e etc.

    Lgicas Paraconsistente;

    Lgicas Relevantes;

    Lgicas Difusas;

    Lgicas Probabilistcas.

    Hipteses da Lgica Clssica:

    proposices atmicas;

    proposies mais complexas podem ser (construdas decompostas) de (em)

    proposies atmicas;

    proposies atmicas so verdadeiras ou falsas (2 valores);

    o valor verdade de uma proposio mais complexa somente depende dos valores

    das proposies atmicas que a compe.

    Ex1: Joo ama Maria. (V ou F)

    Ex2: Joo estudante e Joo alto.

    o valor verdade s depende de sabermos se:

    Joo estudante. (V ou F?)

    Joo alto. (V ou F?)

  • Captulo 2

    Lgica Clssica Proposicional

    Neste captulo ns apresentaremos a Lgica Clssica Proposicional. Na seo 2.1

    ns definimos a linguagem. Na seo 2.2 ns apresentamos a semntica e definimos

    a importante noo de conseguncia lgica. Na seo 2.3 apresentamos algoritmos

    para verificar conseguncia lgica e satisfabilidade e discutimos a complexidades des-

    tes problenas. Na seo 2.4 so apresentados alguns sistemas dedutivos. Finalmente,

    na seo 2.4.6, enunciamos e provamos os teoremas de Correo e Completude da

    Lgica Clssica Proposicional.

  • 2.1 Linguagem da Lgica Clssica Proposicional 6

    2.1 Linguagem da Lgica Clssica Proposicional

    A linguagem proposicional uma linguagem formal cujo objetivo representar

    trechos de discurso de uma maneira precisa e sem ambigidades. Os seguintes opera-

    dores sero usados para formar proposies mais complexas a partir de proposies

    mais simples:

    e

    ou

    se ento

    no

    Para representar proposies atmicas usaremos letras maisculas, por exem-

    plo: A, B, C,...

    Exemplos A B,A B,A B,A

    Scrates um homem.

    Se Scrates um homem ento Scrates mortal.

    AScrates um homem.

    BScrates mortal.

    A

    A B

  • 2.1 Linguagem da Lgica Clssica Proposicional 7

    Definio

    Um alfabeto proposicional composto por trs conjuntos de smbolos:

    Conectivos/operadores lgicos: ,,,

    Smbolos auxiliares: ( e )

    Smbolos proposicionais: qualquer letra maiscula um smbolo proposi-

    cional (ex: A, B,..., Z).

    Podemos acrescentar um subscrito numrico a letras maisculas (A1, A2, ...).

    Denotamos este conjunto por P.

    Apresentaremos a seguir uma gramtica para definirmos quais so as frmulas

    bem formadas da linguagem:

    Definio A noo de frmula bem formada, ou simplesmente frmula, definida,

    indutivamente, pelas seguintes condies:

    Qualquer smbolo proposicional uma frmula.

    Se e so frmulas ento ( ), ( ),, ( ) tambm o so;

    Nada mais frmula

    De uma forma alternativa podemos definir a linguagem proposicional por meio

    de uma notao BNF.

    ::= P | (1 2) | (1 2) | (1 2) |

    onde P um smbolo proposicional.

    Algumas vezes utilizamos o conectivo se e somente se que definido como:

    ( ) (( ) ( ))

    Exemplo e frmulas bem formadas:

  • 2.1 Linguagem da Lgica Clssica Proposicional 8

    A B (no frmula)

    (A) (B) (no frmula)

    (A B) (B C) D (no frmula)

    ((A (B A)) (A B)) ( frmula)

    (A (B C)) ( frmula)

    Exerccios:

    Questo 1. Represente as seguintes proposies utilizando a linguagem da lgica

    clssica proposicional. Utilize os smbolos proposicionais C (est chovendo) e N (est

    nevando).

    (a) Est chovendo, mas no est nevando.

    (b) No o caso que est chovendo ou nevando.

    (c) Se no est chovendo, ento est nevando.

    (d) No o caso que se est chovendo ento est nevando.

    (e) Est chovendo se e somente se est nevando.

    (f) Se est nevando e chovendo, ento est nevando.

    (g) Se no est chovendo, ento no o caso que est nevando e chovendo.

    Nos exerccios seguintes, represente o texto na linguagem da lgica proposicional,

    especificando significado dos smbolos proposicionais utilizados.

    Questo 2. Ela no est em casa ou no est atendendo ao telefone. Mas se ela

    no est em casa, ento ela foi seqestrada. E se ela no est atendendo ao telefone,

    ela est correndo algum outro perigo. Ou ela foi seqestrada ou ela est correndo

    um outro perigo.

    Questo 3. Hoje fim-de-semana se e somente se hoje sbado ou domingo. Hoje

    no sbado. Hoje no domingo. Portanto, hoje no um fim-de-semana.

  • 2.2 Semntica da Lgica Clssica Proposicional 9

    Questo 4. A proposta de auxlio est no correio. Se os juzes a receberem at

    sexta-feira, eles a analisaro. Portanto, eles a analisaro porque se a proposta estiver

    no correio, eles a recebero at sexta-feira.

    Observao:

    Convenes sobre omisso de parnteses:

    > > >

    Parnteses mais externos podem ser omitidos:

    A (B C) (A (B C))

    2.2 Semntica da Lgica Clssica Proposicional

    A semntica da lgica clssica proposicional consiste na atribuio de signifi-

    cado s frmulas da linguagem.

    Isto feito atravs da atribuio de valor verdade.

    Para cada frmula atribudo um valor verdadeiro ou falso.

    valores-verdade:

    V - verdadeiro

    F - falso

    O valor verdade de uma frmula depende unicamente dos valores verdade

    atribudos aos seus smbolos proposicionais.

  • 2.2 Semntica da Lgica Clssica Proposicional 10

    Tabela Verdade

    Conjuno:

    A B A B

    V V V

    V F F

    F V F

    F F F

    Hoje tem aula e hoje quinta-feira.

    Disjuno (no-exclusiva):

    A B A B

    V V V

    V F V

    F V V

    F F F

    Hoje tem aula ou hoje quinta-feira.

    Negao:

    A A

    V F

    F V

    Hoje no tem aula.

    Implicao:

    Exemplo: considere o anncio abaixo:

    Para pagamento vista, ns damos 25% de desconto na compra de qualquer TV.

    Re-escrevendo:Se pagamento vista ento 25% de desconto.

    Suponha agora que D. Maria deseja verificar se este anncio honesto ou no.

  • 2.2 Semntica da Lgica Clssica Proposicional 11

    Possibilidade Pagamento vista 25% de desconto Anncio

    1 V V V

    2 V F F

    3 F V V

    4 F F ?

    A B A B

    V V V

    V F F

    F V V

    F F V(?)

    Existem lgicas que discordam da linha 4 Ex: 3-valores, intuicionista, relevante...

    Exerccio:

    Construa a tabela verdade de: (A B) C

    A B C A (A B) (A B) C

    V V V

    V V F

    V F V

    V F F

    F V V

    F V F

    F F V

    F F F

  • 2.2 Semntica da Lgica Clssica Proposicional 12

    Funo de Atribuio de Valor Verdade

    A cada smbolo proposicional ns queremos atribuir um valor verdadeiro ou falso.

    Isto feito atravs de uma funo v de atribuio de valor verdade. v:P 7 {V, F},

    onde P conjunto dos smbolos proposicionais

    Exemplos:v(A) = F , v(B) = V , v(C) = V

    Uma vez atribudo valor verdade a cada smbolo proposicional em P, queremos

    estender esta atribuio para o conjunto de todas as frmulas da linguagem propo-

    sicional, que denotaremos por W . Na definio a seguir e denotam frmulas e

    A denota um smbolo proposicional, isto , , W e A P.

    Definimos uma funo v de atribuio de valor verdade a frmulas da linguagem

    como uma extenso da funo v tal que:

    v : W 7 {V, F}, onde v deve satisfazer as seguintes condies:

    1. v(A) =v(A), seA P

    2. v() =

    V se v() = F

    F se v() = V

    3. v( ) =

    V se v() = v() = V

    F caso contrrio

    4. v( ) =

    F se v() = v() = F

    V caso contrrio

    5. v( ) =

    F se v() = V e v() = F

    V se caso contrrio

  • 2.2 Semntica da Lgica Clssica Proposicional 13

    Exemplo: Ache o valor verdade da seguinte frmula para a valorao

    v(A) = V, v(B) = F, v(C) = F :

    v(A (B C)) = V

    uu

    **

    v(A) = V

    v((B C)) = V

    tt

    ))

    v(A) = V v(B) = F

    v(C) = V

    v(B) = F v(C) = F

    v(C) = F

    Exemplo: Ache o valor verdade da seguinte frmula para a valorao

    v(A) = F, v(B) = F,v(C) = V, v(D) = V :

    v((A D) (C B)) = V

    rr

    ++

    v((A D)) = F

    ))

    v((C B)) = F

    ss

    v(A) = F

    v(D) = F

    v(C) = F

    v(B) = F

    v(A) = F v(D) = V

    v(C) = V

    v(B) = F

    v(D) = V v(C) = V

  • 2.2 Semntica da Lgica Clssica Proposicional 14

    Algoritmo para Construir Tabela Verdade

    Quantas linhas possui uma tabela verdade para (A D) (C B) ?

    Cada linha corresponde a uma possvel atribuio de valores verdade aos sm-

    bolos proposicionais que compe a frmula. Como esta frmula possui 4 smbolos

    proposicionais (A,B,C e D), sua tabela verdade deve ter 24 = 16 linhas.

    Tabela Verdade computa o valor verdade de uma frmula para todas as possveis

    atribuies v a seus smbolos proposicionais.

    Logo, o problema de se saber todos os valores verdades de uma frmula na lgica

    clssica proposicional, para todas as atribuies v a seus smbolos proposicionais,

    decidvel; o algoritmo o seguinte:

    passo 1: conte o nmero de smbolos proposicionais;

    passo2: monte uma tabela com 2n linhas e com quantas colunas for o nmero de

    subfrmulas da fmula;

    passo 3: preencha as colunas dos smbolos proposicionais com V ou F alternando

    de cima para baixo VFVF para a 1a coluna, VVFF... para a 2a, VVVVFFFF para

    a 3a e assim por diante, nas potncias de 2.

    passo 4: compute o valor verdade das outras colunas usando as tabelas bsicas

    fornecidas.

  • 2.2 Semntica da Lgica Clssica Proposicional 15

    Exemplo: (A B) C

    23 = 8

    A B C A (A B) (A B) C

    V V V F V V

    V V F F V V

    V F V F V V

    V F F F V V

    F V V V V V

    F V F V V V

    F F V V F V

    F F F V F F

    Tautologias, Contradies, Frmula Equivalentes

    Existem frmulas onde todas as linhas da Tabela Verdade do verdade. Elas so

    verdadeiras no importando os valores verdade que atribumos aos seus smbolos

    proposicionais. Estas frmulas so chamadas tautologias. Da mesma forma, exis-

    tem frmulas que so sempre falsas, independente dos valores verdade atribudos

    aos seus smbolos proposicionais. Estas so chamadas contradies. Alm disso,

    existem frmulas que, embora diferentes, tm tabelas verdade que coincidem linha

    a linha. Tais frmulas so ditas equivalentes.

    Exemplos:

    A A A

    V V

    F V

    A A uma tautologia.

  • 2.2 Semntica da Lgica Clssica Proposicional 16

    A B B A A (B A)

    V V V V

    V F V V

    F V F V

    F F V V

    A B (B A) (A B) A (A B)

    V V V F F

    V F V F F

    F V V F F

    F F F V F

    A (A B) uma contradio.

    A B B A (A B)

    V V V F

    V F F V

    F V F V

    F F F V

    A B A B A B

    V V F F F

    V F F V V

    F V V F V

    F F V V V

    (A B) equivalente a A B.

  • 2.2 Semntica da Lgica Clssica Proposicional 17

    Definio 1 Tautologia e Contradio:

    Uma frmula uma tautologia se e somente se, para toda atribuio v,

    v() = V .

    Uma frmula uma contradio se e somente se, para toda atribuio v,

    v() = F .

    Exemplos de tautologias famosas:

    A A

    A A

    (A ((A B) B)

    A B A

    A B B

    A A

    A A B

    B A B

    ((A B) B) A

    Exemplos de contradies:

    A A

    (A A)

    A (A B) B

    Exerccio

    Verificar se estas frmulas so realmente tautologias e contradies.

  • 2.2 Semntica da Lgica Clssica Proposicional 18

    Definio 1 Equivalncia entre Frmulas:

    Duas frmulas e so ditas equivalentes, , se e somente se, para toda

    atribuio v, v() = v().

    Intuitivamente, duas frmulas so equivalentes se, linha a linha, elas tem a mesma

    tabela verdade.

    Exemplos de equivalncias:

    A A

    (A B) A B

    Exerccio: Verificar se as seguintes frmulas so equivalentes:

    1. (A B) A B

    2. (P Q) (P Q)

    3. P (Q R) (P Q) (P R)

    4. P Q Q P

    5. P (Q R) (P Q) (P R)

    Observao:

    Utilizando a noo de equivalncia, possvel definir alguns dos conectivos a par-

    tir de outros. Por exemplo, utilizando a negao () e mais um conectivo qualquer

    ( , ou ) podemos definir todos os outros. Assim:

    Definimos e usando e

    P Q P Q

    P Q (P Q)

    Definimos e usando e

    P Q (P Q)

  • 2.2 Semntica da Lgica Clssica Proposicional 19

    P Q (P Q)

    Definimos e usando e

    P Q (P Q)

    P Q P Q

    Exerccio: Verificar as equivalncias acima.

    Na verdade todos os conectivos podem ser definido a partir de um nico novo

    conectivo chamado. Isto o que vamos ver no exerccio seguinte.

    Exerccio: (Sheffer Stroke P/Q)

    Suponha P/Q uma frmula com a seguinte Tabela Verdade

    P Q P/Q

    V V F

    V F F

    F V F

    F F V

    Defina ,,, usando / Dica: P (P/P)

    P P P/P

    V F F

    F V V

  • 2.2 Semntica da Lgica Clssica Proposicional 20

    Dada uma tabela verdade, como saber a frmula correspondente?

    P Q R S

    V V V V V

    F V V V V

    V F V V V

    F F V V F

    V V F V F

    F V F V F

    V F F V F

    F F F V F

    V V V F F

    F V V F F

    V F V F F

    F F V F F

    V V F F F

    F V F F F

    V F F F F

    F F F F F

    Linhas em que verdadeira:

    P Q R S

    V V V V V

    F V V V V

    V F V V V

    Logo:

    P Q R S

    P Q R S

    P Q R S

  • 2.2 Semntica da Lgica Clssica Proposicional 21

    (P Q R S) (P Q R S) (P Q R S)

    Formalizando: Para achar a frmula correspondente a uma tabela verdade, pro-

    cedemos da seguinte maneira:

    1. Para cada linha da tabela verdade em que a frmula verdadeira, escrevemos

    uma frmula correspondendo conjuno ( E ) dos smbolos proposicionais

    que forem verdadeiros e das negaes daqueles que forem falsos na linha con-

    siderada.

    2. A frmula a disjuno ( OU ) das frmulas escritas no passo 1.

    Definio 1 tomo e Literal

    Uma frmula atmica ou tomo qualquer smbolo proposicional. Ex: A, e

    C.

    Um literal um tomo ou sua negao. Ex: A,A,B,C.

    Forma Normal Disjuntiva(FND):

    Uma frmula est na forma normal disjuntiva se e somente se tem a seguinte

    forma:

    = C1 C2 ... Cn

    onde cada Ci = (Q1 Q2 ... Qm), 1 i n, e Qj , 1 j m, so literais,

    isto , cada Ci uma conjuno de literais. E um disjuno de conjunes de

    literais.

  • 2.2 Semntica da Lgica Clssica Proposicional 22

    Forma Normal Conjuntiva(FNC):

    Uma frmula est na forma normal conjuntiva se e somente se tem a seguinte

    forma:

    = D1 D2 ... Dn

    onde cada Di = (Q1 Q2 ... Qm), 1 i n e Qj, 1 j m, so literais,

    isto , cada Di uma disjuno de literais. E um conjuno de disjunes de

    literais.

    Algoritmo: Converter frmulas para a FNC:

    passo1: elimine o conectivo usando:

    ( )

    ( ) ( )

    passo 2: mova a negao () para o interior da frmula, usando as seguintes regras:

    ( ) ( )

    ( ) ( )

    passo3 : mova as conjunes para o exterior da frmula usando:

    ( ) ( ) ( )

    ( ) ( ) ( )

    Exemplo:

    (A B) C passo1 (A B) C passo2

    (A B) C passo3 (A C) (B C) FNC

    Exerccio:

    Fazer um algoritmo para converter frmulas para a forma normal disjuntiva.

  • 2.2 Semntica da Lgica Clssica Proposicional 23

    Definio:

    Seja uma frmula e um conjunto de frmulas:

    1. Uma atribuio de valor verdade v:P 7 {V, F} satisfaz se e somente se

    v() = V . E v satisfaz se e somente se v satisfaz cada membro de .

    2. satisfatvel se e somente se existe uma atribuio v que satisfaz . Caso

    contrrio, insatisfatvel.

    Definio:

    Uma frmula dita uma consequncia logica de um conjunto de frmulas

    = {1, 2, ..., n}, ou uma implicao logica de , 1, 2, ..., n |= , se

    somente se para toda valorao v se v(1 2 ... n) = V , ento v() = V .

    Teorema:

    Uma frmula dita uma consequncia logica de um conjunto de frmulas

    = {1, 2, ..., n}, ou seja, 1, 2, ..., n |= se somente se (12 ...n)

    uma tautologia.

    Exemplo:

    (C T ) T C tautologia (C T ) T |= C

  • 2.3 Complexidade 24

    2.3 Complexidade

    Nesta seo gostariamos de investigar dois problemas distintos:

    Problema 1: Dada uma frmula com comprimento n e uma valorao v para

    os smbolos proposicionais. Qual a complexidade de se calcular o valor de v() para

    a atribuio v? Calcular (,v).

    Onde o comprimento de uma frmula o nmero de smbolos da frmula, i.e.,

    numero de smbolos proposicionais + nmero de conectivos lgicos.

    A seguir especificamos uma funo (,v) que implementa a funo v() para a

    atribuio v.

    Funo (,v): bool

    caso

    = P onde P um smbolo proposicional, retorna v(P );

    = 1, retornar NOT (1,v);

    = 1 2, retornar (1,v) AND (2,v);

    = 1 2, retornar (1,v) OR (2,v);

    = 1 2, retornar NOT (1,v) OR (2,v);

    Complexidade da funo (,v) O(n), pois a funo chamada uma vez para

    cada smbolo proposicional e uma vez para cada conectivo lgico.

  • 2.3 Complexidade 25

    Problema 2: Dada uma frmula com comprimento n e m smbolos proposi-

    cionais. Verificar se existe alguma valorao que satisfaz .

    Funo SAT(): bool

    para cada valorao v faa

    se (,v) ento retorna verdadeiro

    retorna falso

    Complexidade da funo SAT()

    Complexidade da funo SAT nmero de valoraes diferentes complexidade

    de (,v)

    Complexidade da funo SAT O(2m)O(n) O(2m.n)

    Obs.:

    1) problema 1 polinomial (linear) no comprimento da frmula;

    2) problema 2 NP completo.

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 26

    2.4 Sistemas Dedutivos

    Nas sees anteriores apresentamos a linguagem e a semntica da Lgica Clssica

    Proposicional. Voltaremos agora a problema central deste curso. Dado Um banco

    de dados (conjunto de frmulas), BD = {1, , n}, e uma pergunta (frmula),

    com saber se o banco de dados implica logicamente na pergunta.

    Ns j temos um algoritmo para responder BD |= montando a tabela verdade

    para 1 2 ... n . Se for uma tautologia responde SIM, seno responde

    NO.

    A complexidade deste algoritmo da ordem de 2n, onde n o nmero de smbolos

    proposicionais em 1 2 ... n .

    2.4.1 Deduo Natural

    Jakowski(1924) e Gentzen(1935)

    Somente regras de inferncia

    Para cada conectivo lgico temos 2 regras:

    1. Regra de Introduo

    2. Regra de Eliminao

    3. Regra de Introduo: como uma frmula contendo o conectivo pode ser inferida

    4. Regra de Eliminao: que consequncias podemos tirar de uma frmula con-

    tendo o conectivo

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 27

    Queremos escrever regras de inferncia que sejam vlidas, isto , que as premissas

    impliquem logicamente nas concluses.

    Regras de inferncia:

    P 1, P 2, ..., P n

    C

    Se todas as premissas P 1, P 2, ..., P n forem verdadeiras, ento a concluso C

    verdadeira.

    P 1, P 2, ..., P n C

    Exemplo: A seguintes regras so vlidas?

    No, pois no implica logicamente , Pois, sempre falso (con-

    tradio).

    vlida, pois se v() = V e v( ) = V , ento v() = V porque v() = F e

    para v( ) = V , v() = V .

    Regras de Inferncia:

    Primeiro apresentaremos as regras que no utilizam o conceito de suposio para

    em seguida introdizir este conceito e apresentar as regras restantes.

    Conjuno

    -I

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 28

    Se BD e BD , ento responda sim para . Isto BD .

    -I vlida? Sim, pois se v() = v() = V ento v( ) = V

    -E

    -E vlida? Sim, pois se v( ) = V ento v() = v() = V

    Disjuno

    -I

    vlida? Sim, pois se v() = V ento v( ) = V

    -E Esta regra envolve o conceito de suposio que veremos a seguir. Iremos

    apresent-la e seguir.

    Implicao

    E,

    Se v() = V e v( ) = V ento v() = V

    Exemplo:

    quinta-feira

    se quinta-feira ento aula de lgica

    aula de lgica

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 29

    Exemplo 1:

    1. A B

    2.A C

    3.C D

    BD D

    4. A E(1)

    5. C E(2,4)

    6. D E(3,5)

    I Esta regra envolve o conceito de suposio que veremos a seguir. Iremos

    apresent-la em seguida.

    Negao:

    I

    E1

    Reduo ao Absurdo: Esta regra envolve o conceito de suposio que veremos

    a seguir. Iremos apresent-la em seguida.

    Exemplo:

    BD = {A B} BD A B ?

    1. A B

    2. A E1(1)

    3. A B I(2)

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 30

    Vamos introduzir agora o impotante conceito de suposio. Informalmente,

    uma suposio uma frmula que supomos ser verdadeira para concluirmos algo

    que depende desta suposio. Representamos suposies como frmulas entre [...],

    por exemplo, [A B].

    Vamos comear com dois exemplos.

    No meu banco de dados eu tenho uma axiomatizao das leis da Mecanica Cls-

    sica e que eu gostaria de estabelecer a seguinta proposio condicional:

    Se corpo solto no ar ento corpo cai

    BD = leis da Mecanica Clssica

    Suponho que o corpo est solto no ar.

    Provo, usando esta suposio e as leis do BD que

    o corpo cai

    Se corpo solto no ar ento corpo cai

    Porm, a suposio que o corpo est solto no ar deve ser descartada (descarre-

    gada) aps a proposio condicional ter sido estabelecida.

    Um segundo exemplo seria:

    No meu banco de dados eu tenho uma axiomatizao da Aritmtica e eu gostaria

    de estabelecer a seguinta proposio condicional:

    Se n impar ento sucessor de n par

    BD = axiomatizao da Aritmtica

    Suponho que n impar.

    Provo, usando esta suposio e as leis do BD que

    sucesor de n e par

    Se n impar ento sucessor de n par

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 31

    De novo, temos que descarrgar a suposio que n impar aps a proposio

    condicional ter sido estabelecida.

    Introduo da

    I[]i

    ...

    i

    Onde [] uma suposio

    Exemplo:

    BD = {A C, C D}

    Pergunta: A D

    BD A D

    1. A C BD

    2. C D BD

    3. [A]1 Suposio

    3.1 C E(3,1)

    3.2 D E(3.1,2)

    4. A D1 I(3,3.2)

    Eliminacao da

    -E

    []i

    ...

    []j

    ...

    ij

    Exemplo:

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 32

    Hoje tera-feira Hoje quinta-feira.

    Se Hoje tera-feira ento aula de lgica.

    Se Hoje quinta-feira ento aula de lgica.

    aula de lgica

    Exemplo:

    BD = {A B, A C, B C}

    Pergunta: C

    BD C

    1. A B BD

    2. A C BD

    3. B C BD

    4. [A]1 Suposio

    4.1 C E(4,2)

    5. [B]2 Suposio

    5.1 C E(5,3)

    6. C1,2 E(1,4.1,5.1)

    Reduo ao Absurdo:

    A seguir apresentamos as duas ltimas regras de Deduo Natural. A regra ABS

    introduz o absurdo a patir de uma contradio qualquer . A regra de Ruduo

    ao Absudo, RAA, uma regra fundamental de Deduo Natural, sua intuio que

    se supusermos a negao do que queremos provar e chegarmos a um absurdo ento

    podemos concluir nossa prova dizendo sim para a pergunta.

    -RAA -ABS

    []...

    Exemplo:

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 33

    BD = {A C}

    Pergunta: (A C)

    BD (A C)

    1. A C BD

    2. [(A C)]1 Suposio

    2.1 (A C) E(2)

    2.2 A E(2.1)

    2.3 C E(2.1)

    2.4 C E(2.2,1)

    2.5 C C I(2.3,2.4)

    2.6 ABS(2.5)

    3. (A C)1 RAA I(2,2.6)

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 34

    A seguir apresentamos todas as regras de deduo Natural.

    Deduo Natural para a Lgica Proposicional Clssica

    -I -E

    -I -E

    []i

    ...

    []j

    ...

    ij

    -I -E

    []i

    ...

    i

    -I -E

    -RAA -ABS

    []i

    ...i

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 35

    Definio:

    1. Uma prova em deduo natural de uma formula a partir de um conjunto de

    frmulas BD={1, 2, ..., k} uma sequncia de frmulas rotuladas da seguinte

    forma:

    i. as frmulas do BD formam o prefixo da sequncia e so rotuladas 1: 1, 2:

    2, ..., k: k;

    ii. se a ltima frmula da sequncia .r: i (onde pode ser a sequncia vazia),

    ento a prxima frmula rotulada ser:

    ii.1 .r.1: j se i uma suposio;

    ii.2 .r+1: j se j foi obtida pela aplicao de regras do grupo I a frmulas no

    escopo igual superior a , onde = .r;

    ii.3 .s+1: j se j foi obtida pela aplicao das regras do grupo II e = .s;

    iv. n: a ltima frmula da sequncia.

    2. A frmula dita um teorema do conjunto de frmulas BD, BD .

    3.A frmula dita um teorema lgico se BD vazio.

    OBS: Uma prova pode ser chamada algumas vezes de derivao.

    Definio:

    1. Um conjunto de frmulas = {1, 2, ..., n} inconsistente se somente

    se para alguma frmula .

    2. Um conjunto de frmulas = {1, 2, ..., n} consistente se somente se

    ele no inconsistente.

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 36

    Notao:

    Ns abreviaremos:

    por ,

    por

    Exerccios:

    Prove por deduo natural as seguintes afirmaes:

    1. BD = {A B C,A B,C D } ; BD A D ?

    2. (P Q) (Q P ) ?

    3. Q P Q ?

    4. P Q R (P Q) (P R) ?

    5. P (Q R) (P Q) R ?

    6. P Q (P Q) ?

    7. P Q R P (Q R) ?

    8. B,R S A,R S,A R C,B S C C ?

    9. (P Q) (Q R) P R ?

    10. P R,Q S P Q R S ?

    11. A B, (A B) (R S), (P Q) R,A P Q S ?

    12. P Q,Q P ?

    13. (P Q) Q,Q P P ?

    14. (P Q) P Q ?

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 37

    rvores de Prova

    A forma mais usual de se representar provas em Deduo Natural usando-se

    rvores de prova. Informalmente, uma rvore de prova uma rvore finita na qual

    na raiz temos a frmula que queremos provar e nas folhas temos as suposies e

    frmulas do banco . Cada suposio tem um nmero, e se este nmero aparece

    na aplicao de uma regra de inferncia significa que a suposio foi descarregada.

    Cada n intermedirio obtido, como concluso, pela aplicao de uma regra de

    inferncia aos seus filhos, que so as premissas da regra1.

    Ns dizemos que uma frmula segue de um banco de dados (conjunto de

    frmulas) , , se existe uma rvore de prova com na raiz e todas as frmulas

    de so exatamente a nicas siposies que no foram descarregadas.

    Exemplo 2.4.1 : (A (B C)) (A B).

    [(A (B C))]1 [A]2

    (B C)

    B(A B)2

    ((A (B C)) (A B))1

    Exemplo 2.4.2 (A B) (A B).

    [(A B)]3

    A BB

    [A B]2

    [(A B)]1

    A BA

    BB B

    (A B)1,3

    Exerccios: Faa todos os exerccios do final da seo anterior colocando as

    provas em forma de rvores de prova.

    1 importante observar que a rvore de prova desenhada com a raiz embaixo e as folhas esto

    em cima. Isto no usual em Computao

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 38

    2.4.2 Mtodo de Tableaux

    As dedues so feitas por refutao, i.e., se queremos deduzir a partir de um

    banco de frmulas BD, BD , partimos da negao de e tentamos chegar no

    absurdo. As dedues tm forma de rvore.

    A seguir apresentamos todas as regras de de Tableaux.

    Tableaux para a Lgica Proposicional Clssica

    R1 R2

    R3 R4

    R5 R6

    ( )

    ( )

    R7

    ( )

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 39

    Motivao

    Se aplicarmos as regras a uma frmula, vamos gerar uma rvore, onde cada ramo

    corresponde a uma ou mais valoraes que satisfazem a frmula, por isso chamado

    Tableau Semntico.

    Lembrando do nosso mtodo semntico para verificar consequncia lgica, i.e.,

    dado um BD = {1, , n} e uma pergunta , temos que BD |= se e somente se

    (1 n) uma tautologia. Mas verificar se esta frmula uma tautologia

    equivalente a verificar se sua negao uma contradio. A intuio do mtodo

    de Tableaux aplicar as regras para mostrar que ((1 n) ) no possui

    nenhuma valorao que a faa verdadeira, i.e., ela uma contradio. E portanto,

    (1 n) uma tautologia.

    Definio: Um ramo de um tableaux dito fechado se ele contiver e

    para qualquer frmula .

    Definio: Um tableaux dito fechado se cada um dos seus ramos for fechado.

    E aberto caso contrrio.

    Mtodo

    1. O ramo inicial deve conter todas as frmulas do BD seguidas da negao da

    pergunta;

    2. aplique as regras as frmulas no mesmo ramo no mximo uma vez;

    3. se o tableaux fechar responda SIM;

    4. se , em todos os ramos, todas as frmulas j foram usadas uma vez e mesmo

    assim o tableaux no fechou responda NO.

    Exemplo 1: {A B, B C} A C

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 40

    BD A B

    BD B C

    Neg. perg. (A C)

    R7

    A

    CR3

    %%

    R3

    vv

    BR3

    ''PPP

    PPPP

    PPPP

    PPPP

    R3

    yysssssssssss

    C

    A B

    Exemplo 2: A B (A B)

    BD A B

    Neg. perg. (A B)

    R4

    (A B)

    R1

    A

    BR2

    &&

    R2

    vv

    A B

    Este tableaux fechado, pois todas as valoraes so contraditrias, logo A B

    e (A B) no satisfatvel.

    Teorema (Completude): se BD |= ento existe tableaux fechado para BD, .

    Teorema (Correo): se existe um tableaux fechado para BD, ., ento BD |= .

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 41

    O mtodo de Tableaux refutacionalmente completo.

    Exerccios:

    1. A B,(A B) (C A)

    2. (P Q),(P Q) P

    3. Guga inteligente. Guga determinado. Se Guga determinado e atleta

    ento ele no um perdedor. Guga atleta se ele amante do tnis. Guga

    amante do tnis se inteligente. Guga no um perdedor?

    4. (P (R Q)), (P R) (P Q)

    5. A B,(B C), C D A D

    2.4.3 Mtodo de Resoluo

    Passo 1: Passar o BD para FNC e quebrar os comjunes em Clusulas;

    Passo 2: Negar a pergunta, pass-la para FNC e quebrar os comjunes em Clu-

    sulas;

    Passo 3: Juntas as clusulas obtidas nos passos 1 e 2 e aplicar as regras at obter

    a clusula vazia (contradio).

    Regras de Resoluo

    L1, , Li, , Li+1, , Ln M1, Mj ,,Mj+1, ,MkL1, Ln,M1, ,Mk

    L1, , Li, , Li+1, , Lj , Lj+1, , LnL1, , Li, , Li+1, , Lj , Lj+1, , Ln

    Exemplo 1:

    BD = {A B, A C, B C}

    Pergunta: C

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 42

    BD C

    Negando a pergunta e transformando a pergunta negada e o BD em clusulas

    temos:

    1. A B BD

    2. A C BD

    3. B C BD

    4. C Negao da pergunta

    5. B (3,4)

    6. A (2,4)

    7. A (5,1)

    8. (6,7)

    Exemplo 2:

    BD = {A B, A B, B A}

    Pergunta: A B

    BD A B

    Negando a pergunta e transformando a pergunta negada e o BD em clusulas

    temos:

    1. A B BD

    2. A B BD

    3. B A BD

    4. A B Negao da pergunta

    5. B B (3,4)

    6. B (5)

    7. A (6,1)

    8. A (6,2)

    9. (7,8)

    O mtodo de Resoluo refutacionalmente correto e completo. Dado um banco

    de dados BD e uma pergunta . Seja o conjunto de clusulas resultante da

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 43

    transformao do BD e de .

    Correo: se Res ento BD |=

    Completude: se BD |= ento Res

    2.4.4 Provador de Dov Gabbay

    Um provador automtico de teoremas dirigido pelo objetivo. Isto , parte da

    negao da pergunta.

    Objetivo: Dado um banco de dados e uma pergunta (objetivo) , ns quere-

    mos responder SIM ou NO para o caso da pergunta seguir ou no do banco

    de dados.

    2 Mtodos at o momento:

    Tabela Verdade BD |= (semanticamente);

    Regras de Deduo Natural BD (sintaticamente).

    Tabela Verdade mecnico mas pouco eficiente.

    Deduo Natural requer criatividade.

    Nosso objetivo: Responder BD automaticamente.

    Provador Automtico de Teoremas Dirijido pelo Objetivo(pergunta) :

    Linguagem:

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 44

    Linguagem a linguagem da lgica clssica proposicional com , e o smbolo

    (absurdo). Ns escreveremos a .

    Ns chamamos de clusulas as formulas que podem ocorrer no banco de dados e

    objetivo as frmulas que resultam da pergunta.

    Definio: Clusula, Objetivo e Banco de Dados.

    (i) Qualquer tomo (smbolo proposicional) , incluindo , uma clusula e

    tambm um objetivo.

    (ii) Se um objetivo e q um tomo, ento q uma clusula e tambm

    um objetivo.

    (iii) Se 1 e 2 so objetivos, ento 1 2 tambm um objetivo.

    (vi) Um banco de dados BD um conjunto de clusulas.

    (v) Nenhuma frmula uma clusula a no ser as definidas em (i),(ii),(iii) e (vi).

    Resumindo:

    Clusula Objetivo

    q ou (tomos) q ou (tomos)

    q q

    - 1 2

    Transformao de frmulas em Clusulas e Objetivos:

    1. ()

    2. ()

    3. ( ) ( )

    4. ( ) ( ) ( )

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 45

    5. Se na transformao do BD obtenho 12...n , ns colocamos 1, 2, ..., n

    no BD.

    Exemplo:

    A B B C

    (A) B B C (Regra 1)

    (A) ) B B C (Regra 2)

    (((A) ) B B) (((A) ) B C) (Regra 4)

    Toda frmula da lgica proposicional equivalente (pode ser traduzida) a uma

    conjuno de clusulas.

    Problema Original: BD0 0?

    Problema Transformado: BD ?

    Regras de Computao:

    1. Provar BD , prove BD e BD .

    2. Provar BD , prove BD, . Se for uma conjuno =

    1 2 ... n, adicione a BD 1, 2,..., n.

    3. Provar BD q, onde q um tomo, temos 4 casos:

    3.1. q BD, responda SIM.

    3.2. BD, responda SIM.

    3.3. q BD, pergunte BD .

    3.4. BD, pergunte BD .

    4. Regra do Reincio (restart)

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 46

    Nosso problema inicial era mostrar BD . No meio da computao, ns es-

    tamos perguntando BD . Se no conseguimos prosseguir deste ponto, podemos

    perguntar qualquer pergunta j feita no mesmo ramo, por exemplo , ao banco

    de dados atual, isto , BD e continuar a prova.

    5. Checagem de LOOP: Nunca pergunte BD pela 2a vez para ao mesmo

    BD e mesmo .

    Exemplos:

    (1) (A B,B C), A C (A B), (B C), A B Regra (3.3) (A

    B), (B C), A A Regra (3.3) SIM ! Regra (3.1)

    Figura 2.1:

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 47

    Figura 2.2:

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 48

    Figura 2.3:

    Execcios:

    (1) (A B) B (B A) A

    (2) (A B) B A B

    (3) (A A) A

    (4) (A B) (C A) (C B)

    (5) A A B

    (6) A B,B A

    (7) A (A B)

    (8) (A B) C A (B C)

    2.4.5 Sistema Axiomtico

    Outro sistema dedutivo.

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 49

    Mais antigo e mais utilizado para fins tericos.

    Vrios axiomas e uma nica regra de inferncia.

    Sejam , e frmulas quaisquer da linguagem proposicional.

    Axiomas Lgicos:

    Implicao:

    (1) ( )

    (2)( ( )) (( ) ))

    Conjuno:

    (3) ( )

    (4) ( )

    (5) ( ( ))

    Disjuno:

    (6)

    (7)

    (8) (( ) )) (( ) )

    Negao:

    (9)

    (10)

    (11) ( ) (( ) )

    Regra de Inferncia:

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 50

    Modus Pones (M.P.)

    Nosso clculo dedutivo possui um conjunto infinito de axiomas lgicos. Para

    cada frmula , e , ns temos axiomas diferentes.

    (1),...,(11) so chamadas de axiomas esquema.

    A nica regra a Modus Pones (M.P.).

    Definio:

    Uma frmula dita um teorema de um conjunto de frmulas ( ) se e

    somente se existe uma seqncia de frmulas 1, ..., n tal que n = e cada i :

    (i) uma instncia de um axioma esquema;

    (ii) ou for obtida por M.P. aplicada a l e k e l, k < i.

    (iii) ou um membro de .

    A seqncia de frmulas 1, ..., n chamada de uma prova de a partir de .

    Exemplos:

    (1) = {A B,A C} C D ?

    1. A B A axioma 3

    2. A B

    3. A M.P.(1,2)

    4. A C

    5. C M.P.(3,4)

    6. C (C D) axioma 6

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 51

    7. C D M.P.(5,6)

    (2) A A

    1. A ((A A) A) axioma 1

    2. (A ((A A) A)) ((A (A A)) (A A)) axioma 2

    3. (A (A A)) (A A) M.P.(1,2)

    4. A (A A) axioma 1

    5. A A M.P.(4,3)

    Exerccios:

    Provar usando o Mtodo Axiomtico:

    1) A B,B C A C

    2) (A B) C A (B C)

    3) A (B C) (A B) (A C)

    Observao: importante notar ( e possvel provar ) que os todos mtodos dedu-

    tivos estudados para a lgica clssica proposicional so equivalentes, ou seja, uma

    frmula que pode ser provada utilizando um deles, sempre poder ser provada utili-

    zando qualquer dos outros. Isso importante, na medida em que nos permite provar

    uma determinada propriedade dos sistemas dedutivos em geral, provando-a apenas

    para o mtodo axiomtico, que embora difcil de ser usado na prtica para provar

    um teorema, bastante simples no que diz respeito sua construo, o que facilita

    a demonstrao de propriedades tericas, como a completude e a corretude, que

    veremos na prxima seo.

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 52

    2.4.6 Relaes entre Sintaxe e Semntica

    Uma das aspectos mais importantes da lgica proposicional a maneira como a

    sintaxe se relaciona com a semntica.

    SEMNTICA SINTAXE

    Valor verdade prova/deduo

    valida teorema

    implica logicamente |=

    tabela verdade clculo dedutivo

    Ns queremos relacionar o fato de uma frmula ser um teorema de um conjunto

    de frmulas ( ) com a propriedade de implicar logicamente em ( |= ).

    Teorema da Corretude

    Tudo que o clculo dedutivo prova semanticamente vlido.

    Se ento |=

    Se uma frmula provada a partir de um conjunto de frmulas ento ela

    logicamente implicada por este conjunto de frmulas.

    Este teorema nos assegura que tudo que provamos no sistema dedutivo correto

    em relao semntica. Isto , nosso sistema dedutivo s prova teoremas que

    semanticamente esto corretos.

    Como se prova:

    1) Prova-se que os axiomas do clculo dedutivo so semnticamente vlidos, isto

    , so tautologias;

    2) Prova-se que as regras de inferncia sempre derivam concluses verdadeiras a

    partir de premissas verdadeiras.

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 53

    Teorema da Completude

    Tudo que semnticamente vlido provado pelo clculo dedutivo.

    Se |= ento

    Se implica logicamente em ento existe uma prova de a partir de no

    sistema dedutivo.

    O sistema dedutivo completo em relao semntica pois para toda frmula

    que logicamente implicada por existe uma prova a partir de no sistema

    dedutivo.

    Tudo que semanticamente obtido pode ser tambm obtido no sistema dedutivo.

    |= conseqncia lgica de

    Toda atribuio de valores verdade que satisfaz tambm satisfaz .

    Sendo = { 1, ..., n }

    Quero provar que se |= (1 ... n) ento (1 ... n)

    A maneira mais usual de se provar Completude usando-se a tcnica de modelo

    cannico:

    Modelo Cannico

    A tcnica do modelo cannico se baseia numa propriedade da Lgica Proposicio-

    nal que provar Completude equivalente a provar que qualquer conjunto consistente

    satisfatvel. Enunciaremos e provaremos este fato a seguir:

    Se |= ento

    m

    Se {} consistente ento { } satisfatvel

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 54

    Seja = .

    1. Suponha que se |= ento .

    2. Suponha que consistente.

    3. Suponha, por contradio, que insatisfatvel.

    4. Se insatisfatvel, ento, por definio, no existe nenhuma atribuio de

    valores verdade que satisfaa todos os membros de . Sendo assim, podemos dizer

    que |= e |= , para uma frmula qualquer .

    5. Pela suposio em (1), temos que e ;

    6. A partir de (5) podemos concluir que

    7. Ora, (6) contradiz o fato que consistente.

    Assim, por contradio, podemos afirmar que:

    Se |= ento

    Se {} consistente ento {} satisfatvel

    Vamos agora provar a implicao contrria:

    1. Suponha que se consistente ento satisfatvel.

    2. Suponha |=

    3. Suponha, por contradio, que 6

    4. Ento { } consistente, j que 6 e portanto no poder ocorrer

    que

    5. Ento, pela suposio (1), { } satisfatvel.

    6. Logo, existe uma valorao que satisfaz {}.

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 55

    7. Mas isto uma contradio, pois por (2) satisfaz tambm.

    Assim, estabelecemos a volta:

    Se |= ento

    Se {} consistente ento {} satisfatvel

    Observaes:

    Um conjunto de frmulas consistente se e somente se ( )

    Uma valorao s um modelo para = {1, ..., n } se e somente se s(i) = V

    para todo i .

    Pelo modelo cannico, para provar a completude basta mostrar que todo con-

    junto consistente de frmulas satisfatvel.

    Prova do Teorema da Completude:

    Dado um conjunto de frmulas consistente , ns precisamos construir uma

    valorao s e mostrar que s satisfaz .

    1o passo: Estender o conjunto consistente para um conjunto satisfazendo

    as seguintes condies:

    a)

    b) maximal e consistente, isto , para toda frmula da linguagem, ou

    ou .

    2o passo: Seja L a linguagem proposicional e o conjunto dos smbolos propo-

    sicionais.

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 56

    Vamos construir uma valorao que satisfaz a partir de .

    s : {V,F} para todo smbolo proposicional A .

    s(A) = V se A

    s(A) = F se A 6

    Ns podemos estender s para um s que valorize frmulas,

    s: L {V,F}.( Como definido em aulas anteriores)

    Lema da Verdade

    Seja um conjunto de frmulas e uma frmula. s() = V

    Prova do Lema da Verdade:

    Por induo, sobre o comprimento da frmula, isto , no nmero de smbolos

    lgicos nela contidos (,, etc).

    a) Caso base:

    ||=0 (Frmula Atmica)

    , = A

    s(A) = s(A) = V A (pela definio de s)

    b) Hiptese de Induo: o lema vale para frmula de tamanho | | n.

    c) Queremos mostrar que vale para | |= n+1

    Considere | |= n+1

    Temos ento vrios casos:

    i) =

    s() = V sse s( ) = F (definio de s)

  • 2.4 Sistemas Dedutivos 57

    sse 6 (pela hiptese de induo)

    Logo, (pois maximal)

    Logo V sse .

    ii) =

    s( ) = V sse s()= F s()= V

    sse 6

    sse

    sse

    sse , pois ( ) ( )

    sse ( ) , pois consistente.

    Observao: os casos iii e iv so similares e ficam como exerccio.

    iii) =

    iv) =

    Vamos agora, a partir do lema demonstrado, provar o Teorema da Completude:

    1. Suponha consistente.

    2. Estenda para maximal e consistente.

    3. Construir s e s

    4. Seja = {1, ..., n }. Como , i s(i) = V, para todo i (pelo

    lema da verdade).

    5. Logo, s satisfaz e portanto satisfatvel.

  • 2.5 Aplicao 58

    2.5 Aplicao

    Suponha que um banco deseja fazer um programa escrito na linguagem da LCP

    para decidir o perfil de um dado cliente e decidr qual a plicao que mais apropirida

    para ele. O banco classifica o perfil do cliente como: conservador, moderado e

    arrojado. As aplicaes so: poupana, aes e mista (metada na poupana e

    metade em aes). Um cliente conservador deve aplicar em poupana. Um cliente

    moderado deve dividir a aplicao entre poupana e aes. E um cliente arrojado

    deve aplicar tudo em aes. Porm, dependendo da renda mensal ele pode ser

    aconselhado a aplicar fora do seu perfil. O perfil do cliente identificado fazendo

    com que ele responda ao seguinte formulrio:

    1. Sua idade maior que 50 anos? ( ) Sim ( ) No

    2. Sua idade menor que 30 anos? ( ) Sim ( ) No

    3. Casado? ( ) Sim ( ) No

    4. Filhos? ( ) Sim ( ) No

    5. Renda mensal maior que R$ 10.000,00?

    Representao:

    I>50 - idade maior que 50 anos

    I10K - Renda mensal maior que R$ 10.000,00

    Co - perfil conservador

    Mo - perfil moderado

  • 2.5 Aplicao 59

    Ar - perfil arrojado

    Poup - aplicar em poupana

    Ac - aplicar em aes

    Mx - aplicar em poupana e aes

    Regras:

    1. (I>50 (I10K Mx

    8. Ar Ac

    9. Ar R>10K Mx

    10. Mo Mx

    11. Mo (R>10K lorF ) Ac

    12. Mo (R>10K landF ) Poup

    Consultas: Dado que um cliente respondeu o questionrio da seguinte forma:

    I>50

    I

  • 2.5 Aplicao 60

    F

    R>10K - Renda mensal maior que R$ 10.000,0

    Consulta:

    1. Poup, i.e., ele deve aplicar em poupana

    1. Prove as consultas em Ded. Nat.

    2. Prove as consultas em Tableaux

    3. Prove as consultas em Resoluo

    Observaes:

    1. Ser que falta alguma regra? Tem algum caso que no est sendo tratado?

    Qual?

    2. Suponha que voc deseja guardar todas as respostas de todos os clientes e

    gostaria de expressar a seguinte regra: para todo cliente X, X no pode ser

    conservador e moderado ao mesmo tempo. Como voc expressaria esta fraze

    na linguagem da LCP?

  • Captulo 3

    Logica Clssica de Primeira Ordem

    x,EmpUFRJ(x) FuncPub(x)

    xy, Suc(y, x)

    Lgica Clssica Proposicional

    +

    Variveis

    +

    Cosntantes

    +

    Funes

    +

    Tabelas (Predicados)

  • 3.1 Linguagem da Lgica Clssica de Primeira Ordem 62

    Formaliza o raciocnio dedutivo

    Lgica Proposicional um modelo muito restrito:

    No podemos descrever propriedades sobre os elementos do universo de dis-

    curso: todos os elementos do domnio tm propriedade P; existem elementos do

    domnio que tm a propriedade P; no podemos representar relaes e funes.

    Ex: Teoria dos Nmeros < 0, suc,

    3.1 Linguagem da Lgica Clssica de Primeira Or-

    dem

    Linguagem: alfabeto + regras gramaticais

    Definio 1 Um alfabeto de 1a ordem consiste dos seguintes conjuntos de smbolos:

    Smbolos Lgicos:

    1. Conectivos lgicos: , , , , , , .

    2. Smbolos auxiliares: ( e ).

    3. Conjunto enumervel de variveis: V = {v1, v2, ...}

    Smbolos no Lgicos:

    4. Conjunto enumervel de constantes: C = {c1, c2...}

    5. Conjunto enumervel de smbolos de funo: F = {f1, f2, ...} A cada

    smbolo funcional est associado um nmero inteiro n > 0, chamado de ari-

    dade.

    6. Conjunto enumervel de smbolos predicativos (Predicados): P =

    {P1, P2, ...}

    A cada smbolo predicativo est associado um nmero inteiro n > 0, chamado ari-

    dade.

  • 3.1 Linguagem da Lgica Clssica de Primeira Ordem 63

    Variveis: representam elementos quaisquer do domnio.

    Constantes: do nome a elementos particulares do domnio.

    Funes: representam operaes sobre elementos do domnio.

    Predicados: representam propriedades ou relaes entre elementos do dom-

    nio.

    Quantificador universal: para todo elemento do domnio.

    Quantificador existencial: existe ao menos um indivduo.

    Exemplo: x(y ANCESTRAL(y, x) ANCESTRAL(Joo,Jos))

    Definio 1 Os termos da linguagem de 1a ordem so definidos recursivamente

    como:

    (i) toda varivel e constante um termo;

    (ii) se t1, t2, ..., tn so termos e f um smbolo funcional de aridade n, f(t1, t2, ..., tn)

    um termo;

    (iii) nada mais termo.

    Definio 1 As frmulas da lgica de 1a ordem so definidas recursivamente

    como:

    (i) Se P um predicado de aridade n e t1, t2, ..., tn so termos, ento P (t1, t2, ..., tn)

    uma frmula chamada frmula atmica;

    (ii) Se e so frmulas, ento (), ( ), ( ), ( ) tambm so

    frmulas;

    (iii) Se alpha uma frmula e x uma varivel, ento x e x tambm so

    frmulas;

  • 3.1 Linguagem da Lgica Clssica de Primeira Ordem 64

    (iv) Nada mais frmula

    De uma forma alternativa podemos definir a linguagem de primeira ordem por

    meio de uma notao BNF.

    Termos:

    t ::= x | c | f(t1, ..., tn)

    Frmulas:

    ::= P (t1, ..., tn) | (1 2) | (1 2) | (1 2) | | x(x) | x(x)

    onde P um smbolo predicativo n-rio e t1, ..., tn so termos.

    Observaes:

    1. ( ) ( )

    2. Convenes:

    (i) x, y, z, ... Variveis;

    (ii) a, b, c, ... Constantes;

    (iii) f, g, h, ... Funes;

    (iv) A, B, C, P, U, ... Predicados;

    3. x GOSTA(x, collor) xGOSTA(x,collor)

    Exerccios: Nos exerccios seguintes, represente cada proposio na linguagem

    da lgica de primeira ordem, especificando em cada caso o significado dos smbolos

    no lgicos utilizados.

    1. Todo cachorro um animal. Todo animal morre. Rex um cachorro.

  • 3.1 Linguagem da Lgica Clssica de Primeira Ordem 65

    2. Qualquer pessoa passando nos exames de histria e ganhando na loteria

    feliz. Porm qualquer pessoa que estuda ou tem sorte pode passar em todos

    os exames. Joo no estudou, mas ele tem sorte. Qualquer pessoa que tem

    sorte ganha na loteria. Joo feliz?

    3. Toda pessoa que no pobre e esperta feliz. Pessoas que lem no so

    burras. Joo sabe ler e rico. Pessoas felizes tm vidas excitantes. Existe

    algum que tem vida excitante?

    4. Ningum conquistou o mundo. Portanto, todo mundo livre.

    5. Todo eltron tem carga negativa. Nenhum psitron tem carga negativa. Por-

    tanto, nenhum psitron um eltron.

    6. Se Jane est doente, ela no vir trabalhar. Se ela no vier trabalhar, nenhum

    de ns ter nada para fazer. Assim, se Jane est doente, nenhum de ns ter

    nada para fazer.

    Exemplo: Conselheiro Financeiro:

    1. Funo: ajuda a decidir se devemos investir em investimentos tipo poupana

    ou no mercado de aes.

    2. O investimento recomendado depende do ganho mensal da pessoa e quanto ela

    tem em poupana.

    3. Pessoas com valor inadequado de poupana devem sempre aumentar o valor

    da poupana como 1a prioridade, independente do seu ganho.

    4. Pessoas com valor adequado de poupana e um ganho adequado devem con-

    siderar um investimento mais arriscado, porm mais lucrativo no mercado de

    aes.

    5. Pessoas com ganho inadequado e com poupana adequada podem considerar

    em dividir o valor a ser investido entre poupana e mercado de aes. Isto

    aumenta a poupana e tenta aumentar o ganho.

  • 3.1 Linguagem da Lgica Clssica de Primeira Ordem 66

    6. Poupana adequada se valor poupado maior do que 5.000 x no de dependentes.

    7. Ganho adequado se valor ganho maior do que 15.000 + (4.000 x no de de-

    pendentes) e estvel. Um ganho instvel, mesmo que grande, sempre

    inadequado.

    TOTALPOUP(x): x total na poupana.

    DEPEND(y): nmero de dependente

    minpoup(y): funo que retorna o valor da poupana mnima (5.000) vezes o

    nmero de dependentes

    TOTALGANHO(x, estvel): ganho total x e este estvel.

    minganho(y): funo que retorna o valor do ganho mnimo mais o acrscimo

    por dependente.

    MAIOR(x,y): x > y

    POUP(status): status uma varivel que indica a situao (adequada/inadequada)

    da poupana.

    GANHO(status): aqui, status indica a situao (adequada/inadequada) do

    ganho.

    INVEST(tipo): tipo uma varivel que guarda o tipo de investimento reco-

    mendado (poupana/combinado/aes)

    Especificao:

    1. POUP(inadequado) to INVEST(poupana)

    2. POUP(adequado) GANHO(inadequado) INVEST(combinado)

    3. POUP(adequado) GANHO(adequado) INVEST(aes)

    4. x TOTALPOUP(x) y (DEPEND(y) MAIOR(x, minpoup(y))) POUP(adequado)

    onde minpoup(x) = 5.000x

  • 3.2 Sistemas Dedutivos 67

    5. x TOTALPOUP(x) y (DEPEND(y) MAIOR(x, minpoup(y))

    POUP(inadequado)

    6. x TOTALGANHO(x, estvel) y (DEPEND(y) MAIOR(x, minganho(y)))

    to GANHO(adequado)

    7. x TOTALGANHO(x, estvel) y (DEPEND(y) MAIOR(x, minga-

    nho(y))) GANHO(inadequado)

    8. x TOTALGANHO(x, instvel) GANHO(inadequado)

    Entrada:

    9. TOTALPOUP(22.000)

    10. TOTALGANHO(25.000, estvel)

    11. DEPEND(3)

    Exerccio: Qual a sada produzida pela especificao acima para a entrada

    dada?

    3.2 Sistemas Dedutivos

    Sistemas dedutivos para lgica de primeira ordem.

    Definio 1 Dizemos que uma varivel x ocorre livre em uma frmula se somente

    se:

    (i) uma frmula atmica e x ocorre em ;

    (ii) uma frmula da forma , , e x ocorre livre em ou ;

    (iii) uma frmula da forma e x ocorre livre em ;

    (iv) uma frmula da forma y ou y e x ocorre livre em e x 6= y.

  • 3.2 Sistemas Dedutivos 68

    Exemplos: x ocorre livre?

    1. P(x,y) SIM

    2. y( P(x,y) Q(y,x) R(y) ) SIM

    3. y( x(P(x) Q(y)) R(x) ) SIM

    4. y z ( (xP(x,y) Q(z)) (Q(x) R(x,y)) ) SIM

    5. P(z,y) NO

    6. y x ( P(x,y) Q(y) ) NO

    Definio 1 Uma frmula uma sentena (ou uma frmula fechada) se somente

    se no tem nenhuma varivel ocorrendo livre.

    Definio 1 Seja uma frmula, x uma varivel e t um termo. Pela substituio

    de x por t em ((x/t)) entendemos a expresso resultante da troca de todas as

    ocorrncias livres de x por t.

    Exemplos:

    1. y(P(x, y,f(x, y))) Q(g(x), h(g(x)) x/h(a)

    y(P(h(a), y, f(h(a), y)) Q(g(h(a), h(g(h(a))))

    2. y( x(Q(x, y, g(z)) P(f(x), y))) R(y(g(x))) x/f(z)

    y( x(Q(x, y, g(z)) P(f(x), y))) R(y(g(f(z))))

    3. [ y(P(x, y, f(x,y))) Q(y,z) x/g(z) ] z/a

    y (P(g(z), y, f(g(z), y)) Q(y, z) z/a

    y (P(g(a), y, f(g(a), y)) Q(y, a)

  • 3.2 Sistemas Dedutivos 69

    Definio:

    Denotaremos por:

    (x 1 , x 2 , ..., x n ) (x 1 /t 1 , x 2 /t 2 , ..., x n /t n )

    a substituio simultnea (paralelo) de todas as ocorrncias livres de x 1 , ..., x

    n por t 1 , ..., t n respectivamente.

    OBS: (x 1 /t 1 ) ... (x n /t n ) em srie da esquerda para direita.

    (x 1 /t 1 , x 2 /t 2 , ..., x n /t n ) em paralelo.

    Exemplos:

    1. P(x, f(y), g(x,y)) (x/a, y/b)

    P(a, f(b), g(a,b))

    2.(yxP (x, y)) Q(g(x)) R(h(y)) (x/f(a), y/z)

    (yxP (x, y)) Q(g(f(a))) R(h(z))

    3. P(x,y,f(x,z)) (x/g(z), z/y, y/a)

    P(g(z), a, f(g(z),y)

    4. P(x,y,f(x,z)) (x/g(z)) (z/y) (y/a)

    P(g(z),y,f(g(z),z)) (z/y) (y/a)

    P(g(y),y,f(g(y),y)) (y/a)

    P(g(a),a,f(g(a),a))

    Definio:

    Uma varivel x substituvel em uma frmula por um termo t se, para cada

    varivel y ocorrendo em t, no existe nenhuma subfrmula de da forma y ou

    y onde x ocorre livre em .

  • 3.3 Deduo Natural 70

    O que queremos evitar com esta condio que o quantificador y ou y capture

    alguma varivel de t.

    Exemplo:

    ( y CHEFE(x,y) GERENTE(x)) x/y

    ( y CHEFE(y,y) GERENTE(y))

    3.3 Deduo Natural

    Regras para , , , , ABS e RA so as mesmas do caso proposicional.

    Regras do Quantificador Universal :

    -I

    (a)

    x(a/x)

    Condio: Condio:a no ocorre em

    nenhuma frmula do BD e nem em ne-

    nhuma suposio em aberto.

    -E

    x

    (x/t)Condio: x substituvel em por t

    Regras para o Quantificador Existencial:

    -I

    (a)

    x(a/x)

    -E

    Condio: a no ocorrem

    em , nem no BD e nem em

    qualquer suposio na qual

    depende, a no ser (x/a).

  • 3.3 Deduo Natural 71

    x(x)

    [(a)]i

    ...

    i

    Exemplo 1: xyP (x, y) yxP (x, y)

    1. [xyP (x, y)]1 Suposio

    1.1 yP (a, y) -E (1)

    1.2 P (a, b) -E(1.1)

    1.3 xP (x, b) -I (1.2)

    1.4 yxP (x, y) -I (1.3)

    2. xyP (x, y) yxP (x, y)1 E(1,1.4)

    Exemplo 2: x(Q(y) P (x)) (Q(y) xP (x))

    1. [x(Q(y) P (x))]1 Suposio

    1.1 Q(y) P (a) -E (1)

    1.2 [Q(y)]2 Suposio

    1.2.1 P (a) -E (1.1,1.2)

    1.2.2 xP (x) -I (1.2.1)

    1.3 (Q(y) xP (x)2 -I (1.2,1.2.2)

    2. x(Q(y) P (x)) (Q(y) xP (x)) -I (1,1.3)

  • 3.4 Mtodo de Tableaux 72

    Exemplo 3:

    1. xyP (x, y)

    2. xy(P (x, y) Q(x) R(y)) Pergunta: xT(x)?

    3. xR(x) xQ(x) x(S(x) T (x))

    4. yP (a, y) -E

    5, P (a, b) -E(4)

    6. y(P (a, y) Q(a) R(y)) -E(2)

    7. P (a, b) Q(a) R(b) -E(6)

    8. Q(a) R(b) -E(5,7)

    9. Q(a) -E(8)

    10. xQ(x) -I(9)

    11. R(b) -E(8)

    12. xR(x) -I(11)

    13. xR(x) xQ(x) -I(10,12)

    14. x(S(x) T (x)) -E(13,3)

    15. [S(a) T (a)]1 Suposio

    15.1 T (a) -E(15)

    15.2 xT (x) -I(15.1)

    16. xT (x)1 -E(14,15,15.2)

    3.4 Mtodo de Tableaux

    O mtodo de Tableuax apresentado nesta seo foi proposto por Smullian [3] e

    pode ser encontrado em [4]. Este se caracteriza por no usar unificao. Existem

    outros Tableaux que utilizam unificao mas no sero estudados neste curso.

    O mtodo o mesmo da Lgica Clssica Proposicional acrescentando-se quatro

    novas regras para tratar dos quantificadores. Comeamos com o ramo incial con-

    tendo o BD e a negao da pergunta e aplicamos as regras at obter um Tableaux

    fechado ou esgotar todas as possibilidades. A seguir apresentamos as novas regras

  • 3.4 Mtodo de Tableaux 73

    para os quantificadores e .

    Regras para , , , , so as mesmas do caso proposicional, i.e., R1, R2,

    R3, R4, R5, R6 e R7.

    Regras do Quantificador Universal :

    R8

    x

    (x/t)Condio: t um termo qualquer

    R9

    x

    (x/t)

    Condio: t um termo novo no Table-

    aux

    Regras para o Quantificador Existencial:

    R10

    x

    (x/t)

    Condio: t um termo novo no Table-

    aux

    R11

    x

    (x/t)Condio: t um termo qualquer

    Condio: nas regras R8 e R11 as frmulas x and x podem ser usadas

    mais de uma vez no mesmo ramos.

    Exemplo 1: xP (x) xP (x)

  • 3.5 Mtodo Axiomtico 74

    1. (xP (x) xP (x)) Negao Perg.

    2. xP (x) R7

    3. xP (x)) R7

    4. P(a) R11

    5. P (a) R8

    Exemplo 2: {xyP (x, y), xy(P (x, y) Q(x) R(y))} zR(z)

    1. xyP (x, y) BD

    2. xy(P (x, y) Q(x) R(y)) BD

    3. zR(z) Negao Perg.

    4. yP (a, y) R10(1)(x/a)

    5. P (a, b) R10(4)(y/b)

    6. y(P (a, y) Q(a) R(y)) R8(2)(x/a)

    7. (P (a, b) Q(a) R(b)) R8(6)(x/a)

    8. P (a, b) | (Q(a) R(b)) R7(7)

    9. | Q(a) R1(8)

    10. | R(b) R1(8)

    11. | R(b) R11(3)

    3.5 Mtodo Axiomtico

    Os conectivos , , , so definidos pelos mesmos axiomas esquema da

    Lgica Proposicional.

    Axiomas Lgicos:

    Implicao:

    (1) ( )

    (2) ( )) (( ) ))

  • 3.5 Mtodo Axiomtico 75

    Conjuno:

    (3) ( )

    (4) ( )

    (5) ( ( ))

    Disjuno:

    (6)

    (7)

    (8) (( ) ( )) (( ) )

    Negao:

    (9)

    (10)

    (11) ( ) (( ) )

    Quantificador Universal:

    (12) x (x/t),onde x substituvel por t em ; ( -elim)

    (13)( ) ( x ), onde x no ocorre livre em ; ( -introd)

    (14) x(x) x(x) por definio

    Exemplo 1:

    1. xP (x)

    2. x((P (x) Q(x)) R(x)) yR(y) ?

    3. xQ(x)

  • 3.5 Mtodo Axiomtico 76

    4. xP (x) P (y) axioma 12 x/y

    5. P(y) MP(1,4)

    6. xQ(x) Q(y) axioma 12 x/y

    7. Q(y) MP(3,6)

    8. P (y) (Q(y) (P (y) Q(y))) axioma 5

    9. Q(y) (P (y) Q(y)) MP(5,8)

    10. P(y) Q(y) MP(7,9)

    11. x((P (x) Q(x)) R(x)) ((P (y) Q(y)) R(y)) axioma12 x/y

    12. (P (y) Q(y)) R(y) MP(2,11)

    13. R(y) MP(10,12)

    14. R(y) (xP (x) R(y)) axioma1

    15. xP (x) R(y) MP(13,14)

    16. (xP (x) R(y)) (xP (x) yR(y)) axioma13

    17. xP (x) yR(y) MP(15,16)

    18. yR(y) MP(1,17)

    OBS: As noes de prova, teorema e a relao de derivabilidade so

    anlogas s da Lgica Proposicional.

  • 3.6 Semntica 77

    3.6 Semntica

    Nesta seo apresentaremos a semntica da Lgica Clssica de Primeira Ordem

    somente para sentenas, isto , frmulas sem ocorrncia de varveis livres.

    Reviso da Semntica da Lgica Proposicional:

    Maria foi ao cinema. Se ela foi ao cinema ento ela comprou pipoca e assistiu ao

    filme. Se ela comprou pipoca ento ela tem dinheiro ou ela pegou emprestado com

    Joo. Se ela pegou emprestado com Joo ento Joo tem dinheiro.

    C: Maria foi ao cinema.

    P: Maria comprou pipoca.

    F: Maria assistiu ao filme.

    D: Maria tem dinheiro.

    E: Maria pegou dinheiro emprestado com Joo.

    J: Joo tem dinheiro.

    C

    C P F

    P D E

    E J

    v(C) = F

    v(P ) = V

    v(D) = v(E) = F

    v(J) = V

  • 3.6 Semntica 78

    No um modelo para o conjunto de frmulas, pois no satisfaz todas as frmu-

    las.

    v(C) = V

    v(P ) = V

    v(F ) = V

    v(D) = F

    v(E) = V

    v(J) = V

    um modelo.

    v(C) = V

    v(P ) = V

    v(F ) = V

    v(D) = V

    v(E) = F

    v(J) = F

    um modelo.

    A semntica da lgica de primeira ordem tem como objetivo atribuir significados

    s frmulas da linguagem.

    Uma frmula s tem significado quando uma interpretao dada a seus sm-

    bolos no lgicos.

    x(Q(x) P (x)) verdadeira ou falsa?

  • 3.6 Semntica 79

    Ns s podemos dizer se esta frmula V ou F se interpretarmos seus smbolos

    no-lgicos.

    Primeiro, precisamos saber qual o universo em que as variveis esto quantifi-

    cando. Por exemplo: nmeros inteiros, nmeros reais, pessoas...

    Depois, precisamos interpretar os predicados, funes e constantes.

    Exemplo: x(Q(x) P (x))

    Interpretao:

    universo:pessoas

    predicados: Q: funcionrio da UFRJ. P: funcionrio pblico.

    Figura 3.1:

    x(Q(x) P (x)) verdadeira na interpretao acima.

    Exemplo 2:

    U={Joo, Jos, Pedro}

    QI = {< Joao >,< Jose >}

  • 3.6 Semntica 80

    P I = {< Jose >,< Pedro >}

    x(Q(x) P (x)) falsa nesta interpretao.

    Exemplo 3: x(Q(x) P (x))

    U = Z (inteiros)

    QI = {< 0 >,< 1 >, ...}(naturais)

    P I = {... < 2 >,< 1 >,< 0 >,< 1 >,< 2 >, ...} (inteiros)

    x(Q(x) P (x)) verdadeira nesta interpretao.

    Exemplo 4: x(P (x) Q(x, c))

    U = R (reais)

    QI = x > c

    P I = x racional

    cI = 0

    Existe algum nmero real que tambm racional e maior do que zero.

    Exemplo 5: x(P (x) Q(x) R(x, f(c)))

    U = Z (inteiros)

    cI = 0

    f I = x+ 1

    QI = {< 2 >,< 4 >,< 6 >, ...}

    P I = {< 1 >,< 2 >,< 3 >, ...}

    RI = x > y

    Todo nmero inteiro positivo e par maior do que 1. (verdadeiro)

  • 3.6 Semntica 81

    Exemplo 6: x(P (x) Q(x) R(x, f(c)))

    U = Z (inteiros)

    cI = 4

    f I = x+ 1

    QI = {< 2 >,< 4 >,< 6 >, ...}

    P I = {< 1 >,< 2 >,< 3 >, ...}

    RI = x > y

    Todo nmero inteiro positivo e par maior do que 4. (falso)

    Exemplo 7: (yC(x, y)) G(x)

    U = {Jos,Joo,Pedro,Paulo}

    C : x chefe de y

    G : x gerente

    CI

    Joo Jos

    Joo Paulo

    Joo Pedro

    Joo Joo

    Paulo Joo

    Paulo Paulo

    Paulo Pedro

    Paulo Jos

    Paulo Jos

    GI

    Joo

    Pedro

  • 3.6 Semntica 82

    x = Joo = V

    x = Jos = V

    x = Pedro = V

    x = Paulo = F

    Porm, pela nossa definio da linguagem de LPO, podemos ter variveis livres

    ocorrendo nas frmulas, por exemplo

    xC(x, y)

    A varivel y ocorre livre nesta frmula.

    Em geral, para sabermos se uma frmula verdadeira ou falsa, ns precisamos

    saber o universo e interpretar cada smbolo no-lgico neste universo e dar valor as

    variveis livres.

    (1) Interpretar variveis livres e constantes em elementos do domnio.

    (2) Interpretar predicados em relaes entre elementos do domnio.

    (3) Interpretar funes em funes sobre o domnio.

    Definio: Definimos uma interpretao como sendo um par ordenado I = onde D um conjunto no-vazio de indivduos chamado domnio. E I

    uma funo chamada de funo de interpretao, definida como:

    1. I associa a cada varivel livre x um elemento do domnio dI D.

    I(x) = dI

    2. I associa a cada constante c, um elemento do domnio cI D.

    I(c) = cI

  • 3.6 Semntica 83

    3. I associa a cada smbolo funcional n-rio f uma funo n-ria f I : Dn D

    tal que I(f(t1,...,tn)) = f I(I(t1),...,I(tn)), onde t1,...,tn so termos.

    4. I associa a cada smbolo predicativo n-rio P uma relao n-ria sobre D.

    I(P ) = P I , P I Dn, ie, P I D D, , ,D, n vezes.

  • 3.6 Semntica 84

    Definio:

    Seja L uma linguagem de primeira ordem e e , frmulas de L, t1, ..., tn termos,

    P um smbolo predicativo n-rio e < D, I > uma interpretao. Definimos a funo

    de avaliao de frmulas de L como:

    VI :W {V, F}, onde W o conjunto de frmulas, tal que:

    (1) VI(P (t1, ..., tn)) = V se somente se < I(t1), ..., I(tn) > P I . F caso contrrio.

    (2) VI() = V se VI() = F . F caso contrrio.

    (3) VI( ) = V se VI() = V e VI() = V . F caso contrrio.

    (4) VI( ) = F se VI() = F e VI() = F . V caso contrrio.

    (5) VI( ) = F se VI() = V e VI() = F . V caso contrrio.

    (6) VI(x) = V se somente se para todo d D, se I(x) = d ento VI() = V .

    F caso contrrio.

    (7) VI(x) = V se para algum d D, I(x) = d e VI() = V . F caso contrrio.

  • 3.6 Semntica 85

    Definio:

    Seja L uma linguagem de 1a ordem. I uma interpretao para L, um conjunto

    de frmulas de L e uma frmula.

    1. I satisfaz (|=I ) se somente se VI() = V ;

    2. I satisfaz se somente se satisfaz cada membro de ;

    3. satisfatvel se somente se existe uma interpretao I que satisfaa ;

    4. vlida (|= ) se somente se para toda interpretao I, |=I , i.e., VI() = V

    para todo I; (*vlida equivalente a tautologia*)

    5. implica logicamente em ( |= ) se somente se para toda interpretao

    I, se I satisfaz , ento I satisfaz ;

    6. insatisfatvel se somente se no satisfatvel, i.e., no existe uma

    interpretao I que satisfaz ;

    7. Uma interpretao I que satisfaz dita modelo para .

    Exemplo1: x(P (x) E(x,s(x))

    Esta frmula satisfatvel?

    Interpretao: D = { Joo, Jos, Pedro, 0,100, 200}

    P : pessoas

    E : empregado

    s : salrio

    Pessoas

    Joo

    Jos

  • 3.6 Semntica 86

    Empregado

    Joo 100

    Jos 200

    Pedro 0

    Salrio

    Jos 100

    Joo 200

    ... ...

    OBS: As funes tm que ser totais,i.e., devem retornar algum valor pertencente

    ao domnio a cada elemento do domnio.

    VI(x(P (x) E(x, s(x))) = ?

    Para todo d D:

    d = Joo

    VI(P(Joo))= V VI (E(Joo,200)) = F VI(x(P (x) E(x,s(x))) = F

    Trocando os valores na tabela de salrio:

    Salrio

    Jos 200

    Joo 100

    ... ...

    Para todo d D:

    d = Joo

    VI (P(Joo))= V VI (E(Joo,100))= V VI(x(P (x) E(x,s(x))) = V

    d = Jos

    VI (P(Jos))= V VI (E(Jos,200))= V VI(x(P (x) E(x,s(x))) = V

  • 3.6 Semntica 87

    d = Pedro

    VI (P(Pedro))= F VI (E(Pedro,...))= ? VI(x(P (x) E(x,s(x))) = V

    d = 0

    VI (P(0))= F VI (E(0,...))= ? VI(x(P (x) E(x,s(x))) = V

    d = 100

    VI (P(100))= F VI (E(100,...))= F VI(x(P (x) E(x,s(x))) = V

    d = 200

    VI (P(200))= F VI (E(200,...))= F VI(x(P (x) E(x,s(x))) = V

    Exemplo 2: x(P (x) yQ(x, y))

    No Satisfaz Satisfaz

    D = {0, 1} D = {0, 1}

    P I = {< 0 >} P I = {< 0 >,< 1 >}

    QI = {< 0, 1 >} QI = {< 0, 1 >,< 1, 0 >}

    Exemplo 3: x(P (x, y) Q(x) R(c))

    No Satisfaz Satisfaz

    D = {0, 1} D = {0, 1}

    yI = 0 yI = 0

    cI = 0 cI = 0

    P I = {< 1, 1 >} P I = {< 0, 0 >,< 1, 0 >}

    QI = {< 1 >} QI =

    RI = {< 0 >} RI = {< 1 >}

    Exerccio:

    Dada a seguinte estrutura:

  • 3.6 Semntica 88

    D = {joao, jose, ana,maria}

    Filhiacao Homem Mulher Pai

    jose joao jose ana joao jose

    maria jose jose maria jose maria

    joao ana

    Interprete a frmula xy(F (y, x)H(x) P (x, y)) e verifique formalmente se

    ela verdadeira ou falsa.

  • 3.7 Relao entre Sintaxe e Semntica 89

    3.7 Relao entre Sintaxe e Semntica

    TEOREMA DA CORRETUDE:

    Se ento |= ..

    TEOREMA DA COMPLETUDE:

    Se |= ento .

  • 3.8 Tabelas - SQL Lgica 90

    3.8 Tabelas - SQL Lgica

    Nesta seo ilustramos o poder de expresso da LCPO para representar consultas

    em SQL.

    Dada as seguintes tabelas e as consultas em SQL represente as consultas em

    LCPO.

    CLIENTE

    Cliente Rua Cidade

    Joo Monte Rio

    Jos Sol Macei

    Pedro Flores Curitiba

    AGNCIA

    Agncia Fundos Cidade

    345 100.000,00 Rio

    243 340.000,00 Salvador

    610 520.000,00 Porto Alegre

    EMPRSTIMO

    Agncia Emprstimo Cliente Valor

    345 107 Joo 2.000,00

    243 340 Jos 7.000,00

    619 573 Maria 10.000,00

    DEPSITO

    Agncia Num. C.C, Cliente Saldo

    345 10050 Joo 500,00

    243 10129 Ana 750,00

    619 23040 Maria 200,00

  • 3.8 Tabelas - SQL Lgica 91

    Representar as seguintes consultas em lgica. Supondo que as relaes =, 6=, ,, so pr-definidas.

    1. Todos os clientes tendo conta na agncia 345.

    select Cliente

    from DEPSITO

    where Agncia = 345

    2. Todos os clientes tendo um emprstimo na agncia 345.

    select Cliente

    from EMPRSTIMO

    where Agncia = 345

    3. Todos os clientes tendo um emprstimo, uma conta ou ambos na agncia 345.

    select Cliente

    from DEPSITO

    where Agncia = 345

    Union

    select Cliente

    from EMPRSTIMO

    where Agncia = 345

    4. Todos os clientes tendo um emprstimo e uma conta na agncia 345.

    select Cliente

    from DEPSITO

    where Agncia = 345

    Intersect

    select Cliente

    from EMPRSTIMO

    where Agncia = 345

    5. Todos os clientes tendo conta na agncia 345 mas no tendo um emprstimo

    l.

  • 3.8 Tabelas - SQL Lgica 92

    select Cliente

    from DEPSITO

    where Agncia = 345

    Minus

    select Cliente

    from EMPRSTIMO

    where Agncia = 345

    6. Todos os clientes e suas cidades que tem emprstimo em alguma agncia.

    select CLIENTE.Cliente, CLIENTE.Cidade

    from EMPRSTIMO, CLIENTE

    where EMPRESTIMO.Cliente=CLIENTE.Cliente

    7. Todos os clientes e suas cidades que tem emprstimo na agncia 345.

    select CLIENTE.Cliente, CLIENTE.Cidade

    from EMPRSTIMO, CLIENTE

    where EMPRESTIMO.Cliente=CLIENTE.Cliente and Agncia=345

    8. Todos os clientes que tem conta em alguma agncia que Joo tem conta.

    select Cliente

    from DEPSITO

    where Agncia In

    select Agncia

    from DEPSITO

    where Cliente=Joo

    9. Ache todas as agncias tem um fundo maior que alguma agncia em Salvador.

    select Agncia

    from AGNCIA

    where Fundos > Any

    select Fundos

    from AGNCIA

    where Agncia = Salvador

    10. Ache todas as agncias tem um fundo maior que todas as agncias em Salvador.

  • 3.8 Tabelas - SQL Lgica 93

    select Agncia

    from AGNCIA

    where Fundos > All

    select Fundos

    from AGNCIA

    where Agncia = Salvador

    11. Ache todos os clientes tem que conta em agncias em Salvador.

    select Cliente

    from DEPSITO S

    where

    select Agncia

    from DEPSITO T

    where S.Cliente = T.Cliente

    Contains

    select Agncia

    from AGNCIA

    where AGNCIA.Cidade = Salvador

  • 3.9 Estruturas e Teorias 94

    3.9 Estruturas e Teorias

    Nesta seo gostariamos de apresentar alguns exemplos de estruras relacionais

    conhecidas e como certas formulas podem ser interpretadas nestas. Achar um con-

    junto de frmulas que so verdadeiras exatamente em uma certa clsse de estruturas.

    Estudaremos os nmeros naturais, grafos, ordens e rvores.

    Quando juntamos um conjunto de frmulas no lgicas a axiomatizao da L-

    gica de Primeira ordem obtemos uma Teoria. A partir da teoria podemos deduzir

    propriedades (teoremas) sobre a estrutura sendo representada pela teoria.

    Grafos, Ordens e rvores

    Garfos

    Um grafo G = (V,A) uma par onde V um conjunto no vazio de vrtices e

    A uma relao binria sobre V , A V V .

    Um linguagem, bsica, de primeira ordem para representar grafos dever ter um

    smbolo predicativo 2-rio para ser interpretado como A. E o domnio da interpre-

    tao deve ser o conjunto de vtices V .

    Linguagem: predicado 2-rio R.

    Interpretao:

    D = V

    I(R) = A

    Podemos escrever frmulas que impem condies sobre o tipo de grafo. Por

    exemplo, a fmula

    xR(x, x)

  • 3.9 Estruturas e Teorias 95

    verdadeira, na interpretao a cima se e somente se a relao A for refleiva.

    Outros exemplos de condies so:

    Condio Frmula

    Rx. Reflexividade xR(x, x)

    IRx. Ireflexividade xR(x, x)

    Sm. Simtria xyR(x, y) R(y, x)

    Tr. Transitividade xy(z(R(x, z) R(z, y))) R(x, y)

    Sl. Serial (Total) xyR(x, y)

    Eu. Euclidiana xyz(R(x, z) R(x, y)) R(z, y)

    ASm. Anti-Simtrica xyR(x, y) R(y, x) x = y

    Tc. Tricotomia xy(R(x, y) x = y R(y, x)

    Outra clsse de grafos muito usada em computao clsse dos grafos k-colorveis.

    Estes so os grafos que podem ser colorveis com k cores respeitando as seguintes

    condies:

    1. todo vrtice atribuida uma nica cor;

    2. vrtices vizinhos tem cores distintas.

    Estes grafos formam uma estrutura com mais k relaes unrias para represen-

    tar as cores, G = (V,A, Cor1, , Cork). Para expressar estes grafos precisamos

    estender nossa linguagem comok smbolos de predicados C1, Ck e interpret-los

    como

    I(Ci) = Cori, para todo 1 i k

    exerccio: Escreva as frmulas para expressar as condies 1 e 2 para um grafo ser

    3-colorvel.

  • 3.9 Estruturas e Teorias 96

    Se juntar algumas destas frmulas aos axiomas da Lgica de Primeira Ordem

    obteremos uma teoria dos grafos, por exemplo podemos ter a teoria dos grafos

    reflexivos e simtricos e etc.

    Ordens

    Um relao de ordem pode ser vista como um grafo onde o conjunto de aresta

    A a prrpria relao de ordem ou < dependendo se a ordem estrita ou no.

    Para ter uma ordem algumas condies devem ser impostas:

    Ordem Frmulas

    Pr Pr-Ordem Rx + Tr

    Par. Ordem Parcial Rx + Tr + ASm

    Tot Odem Total(linear) Rx + Tr + ASm + Tc

    Est. Estrita Subst. Rx por IRx em Pr, Par, Tot

    Se juntar algumas destas frmulas aos axiomas da Lgica de Primeira Ordem

    obteremos uma teoria das ordens, por exemplo podemos ter a teoria dos grafos

    parciais e etc.

    rvores

    Uma rvore um grafo conexo com um vrtice especial chamado raiz tal que

    deste vrtice s existe um nico caminho para qualquer outro vrtice. Uma rvore

    pode ser vista como um grafo G = (V,A, raiz). Ns vamos estender a linguagem

    dos grafos com uma constante r para denotar a raiz,

    I(r) = raiz

    exerccio: Escreva as frmulas para expressar que um grafo uma rvore. Dica:

    defina um novo smbolo de predicado, na linguagem, para expressar caminho entre

    dois vrtices, C(x, y) se exsite um caminho de x para y e/ou use a relao de =.

  • 3.9 Estruturas e Teorias 97

    Se juntar estas frmulas aos axiomas da Lgica de Primeira Ordem obteremos

    uma teoria das rvores.

    Teoria dos Nmeros

    Outro exemplo de estrutura so os nmeros Naturais e as operaes bsicas de

    aritimtica. Dada a seguinte estrutura AE = IN, 0, S,

  • 3.9 Estruturas e Teorias 98

    S1. xS(x) 6= 0

    S2. xy(S(x) = S(y) x = y)

    L1. xy(x < S(y) x y)

    L2. x 6< 0

    L3. xy(x < y x = y y < x)

    A1. x(x+ 0) = x

    A2. xy(x + S(y)) = S(x+ y)

    M1. x(x.0) = 0

    M2. xy(x.S(y)) = (x.y) + x

    E1. x(xE0) = S(0)

    E2. xy(xES(y)) = (xEy).x

    Um leitor mais familiarizado notar que os seguintes axiomas foram

    retirados de AE:

  • 3.9 Estruturas e Teorias 99

    S3. y(y 6= 0 x y = S(x))

    Induo. ((0) x((x) (S(x)))) x(x)

    Se juntarmos estes axiomas com a nossa axiomatixao da Lgica

    de Primeira Ordem teremos uma axiomatizao para a aritimtica dos

    nmeros naturais, i.e, uma teoria dos nmeros Naturais.

    De fato, mesmo sem estes axiomas, ns podemos provar um teorema

    muito iteressante:

    Teorema 1 Uma relao R recursiva sse R representvel em Cn(AE).

  • Captulo 4

    Lgicas Modais

    Este material est sendo construido durante o curso. Faltam vrias

    figuras, provas, exemplos e explicaes.

    4.1 Linguagem

    4.1.1 Alfabeto modal sobre

    Dado um conjunto de smbolos proposicionais, = {p, q, ...}, o

    alfabeto modal sobre constitudo por: cada um dos elementos de ; o

    smbolo (absurdo); os conectivos lgicos (negao), (implicao),

    (conjuno) e (disjuno); os operadores modais (necessidade) e

    (possibilidade); e os parnteses, como smbolos auxiliares.

  • 4.2 Semntica 101

    4.1.2 Linguagem modal induzida pelo alfabeto modal sobre

    A linguagem modal induzida pelo alfabeto modal sobre definida

    indutivamente da seguinte forma:

    ::= p | | 1 2 | 1 2 | 1 2 | | |

    4.2 Semntica

    4.2.1 Frames

    Um frame um par F = (W,R) onde W um conjunto no-vazio de

    estados e R uma relao binria em W dita relao de acessibilidade.

    Diz-se que s2 W acessvel a partir de s1 W se, e somente se,

    (s1, s2) R.

    No exemplo da figura 4.1 o conjundo de estados W = {s1, s2, s3, s4, s5}

    e a relao de acessibilidade R = {(s1, s2), (s1, s3), (s3, s3), (s3, s4), (s2, s4), (s2, s5),

    (s4, s1), (s4, s5), (s5, s5)}. O frame F = (W,R).

  • 4.2 Semntica 102

    s1 s2

    s3 s4

    s5

    Figura 4.1: Exemplo de um Frame.

    4.2.2 Modelos

    Um modelo sobre o conjunto um par M = (F, V ) onde F =

    (W,R) um frame e V uma funo de no conjunto das partes de

    W , que faz corresponder a todo smbolo proposicional p o conjunto

    de estados nos quais p satisfeito, i.e., V : 7 Pow(W ).

    s1 s2

    s3 s4

    s5

    p

    p

    p,q

    q,r

    Figura 4.2: Exemplo de um Modelo.

    No exemplo da figura 4.2 o frame o mesmo da figura 4.1 e a funo

    V :

  • 4.2 Semntica 103

    V (p) = {s3, s4, s5}

    V (q) = {s1, s5}

    V (r) = {s1}

    4.2.3 Satisfao

    Seja M = (F, V ) um modelo e w W um estado. A notao

    M,w indica que a frmula satisfeita pelo modelo M no estado

    w, o que definido indutivamente como:

    M,w p sse w V (p)(p )

    M,w 6

    M,w iff M,w 6 ,

    M,w sse M,w 2 ou M,w

    M,w sse M,w e M,w

    M,w sse M,w ou M,w

    M,w sse para todo w W se wRw implica M,w

    M,w sse existe w W , wRw e M,w

    Ns podemos generalizar a noo de satisfao para conjuntos de

    frmulas. Se = {1, , n} ento M,w sse M,w i, para

    todo 1 i n.

  • 4.2 Semntica 104

    Exemplo: Seja M o modelo da figura 4.2. Queremos verificar se

    M, s2 p.

    M, s2 p sse para todo w W se s2Rw implica M,w

    p, ns precisamos verificar para w {s1, s2, s3, s4, s5}. Como temos

    uma implicao, para os no vizinhos de s2 a implicao vacoamente

    verdadeira. Ento precisamos verificar somente para

    w = s4, M, s4 p sse s4 V (p) o que verdade;

    w = s5, M, s5 p sse s5 V (p) o que verdade.

    A seguir apresentamos um algoritmo para verificar se uma frmula

    modal satisfeita num modelo M = (W,R, V )1 num estado w.1Usaremos no texto M = (W,R, V ) quando na verdade deveriamos usar M = (F, V ) e F =

    (W,R).

  • 4.2 Semntica 105

    funo Satisfaz(,M , w): booleano

    caso :

    p: se w V (p) ento retorna verdadeiro

    seno retorna falso

    : retorna falso

    1: retorna not Satisfaz(1,M ,w)

    1 2: retorna Satisfaz(1,M ,w) and Satisfaz(2,M ,w)

    1 2: retorna Satisfaz(1,M ,w) or Satisfaz(2,M ,w)

    1 2: retorna not Satisfaz(1,M ,w) or Satisfaz(2,M ,w)

    1: para todo w t. q. wRw faa

    se Satisfaz(1,M ,w)ento retorna verdadeiro

    retorna falso

    1: para todo w t. q. wRw faa

    se not Satisfaz(1,M ,w)ento retorna falso

    retorna verdadeiro

    Complexidade: para cada conectivo booleano so feitas, no pior caso,

    duas chamadas e para cada ocorrncia de smbolo proposicional temos

    uma chamada. Para os conectivos modais temos que percorrer a lista

    de adjacncias, no pior caso, para todos os estados de W. Logo a com-

    plexidade O(|| (|W |+ |R|)), isto , linear no tamanho da frmula

    e no tamanho do modelo.

    Exerccio 1 No modelo da figura 4.2 verifique:

    1. M,w (p p)

    2. M,w ((p (r s)))

  • 4.2 Semntica 106

    3. M,w (p (p r))

    4. Satisfaz(r,M, s1)

    5. Satisfaz((r p),M, s1)

    6. Satisfaz((r (p q)),M, s1)

    7. Satisfaz(q,M, s1)

    4.2.4 Clsses de Frames

    Nesta seo apresentamos algumas clsses de frames que so mais

    usuais.

    Seja um frame F = (W,R) e F a clsse de todos os frames.

    Clsse dos Frames Reflexivos Fr

    Composta pelos frames cuja a relao de acessibilidade seja reflexiva.

    x W (xRx)

    s1 t1

    Figura 4.3: Exemplo de Frame Reflexivo

  • 4.2 Semntica 107

    Clsse dos Frames Simtricos Fs

    Composta pelos frames cuja a relao de acessibilidade seja simtrica.

    x, y W (xRy yRx)

    s1 t1

    Figura 4.4: Exemplo de Frame Simtrico

    Clsse dos Frames Transistivos Ft

    Composta pelos frames cuja a relao de acessibilidade seja transitiva.

    x, y, z W (xRy yRz xRz)

    r1

    s1

    t1

    Figura 4.5: Exemplo de Frame Transitivo

  • 4.2 Semntica 108

    Clsse dos Frames Seriais Fserial

    Composta pelos frames cuja a relao de acessibilidade seja serial.

    xy (xRy)

    s1 t1

    Figura 4.6: Exemplo de Frame Serial

  • Referncias Bibliogrficas

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    [3] R. M. Smullyan. First Order Logic. Springer-Verlag, 1968.

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    o. VIII Escola de Computao. Gramado, 1992.

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    oretical Tracts in Computer Science. Cambridge University Press,

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