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1 LIBRAS- Língua Brasileira de Sinais Professor: Rafael Silva Guilherme Introdução: Pesquisas sobre as línguas de sinais vêm mostrando que estas línguas são comparáveis em complexidade e expressividade a quaisquer línguas orais. Estas línguas expressam idéias sutis, complexas e abstratas. Os seus usuários podem discutir filosofia, literatura ou política, alem de esportes, trabalho, moda e utilizá-las com função estética para fazer poesias, contar estórias, crias peças de teatro e humor. Como toda língua, as línguas de sinais aumentam seus vocabulários com novos sinais introduzidos pelas comunidades surdas em resposta às mudanças culturais e tecnológicas. A Libras, como toda língua de sinais, é uma língua de modalidade gestual-visual que utiliza, como canal ou meio de comunicação, movimentos gestuais e expressões faciais e corporais que são percebidas pela visão. Quando se começa a trabalhar com a língua de sinais, é fundamental compreender alguns detalhes que nem sempre são percebidos pelos alunos. Por exemplo, quando um surdo quer identificar uma pessoa cujo nome não conhece, é completamente normal que ele se utilize das características físicas desta para designá-la, dizendo que ela é gorda, alta, tem o cabelo crespo, magérrima, possui o nariz afilado, o olho torto, o cabelo em pé, e muitas outras características que comumente as pessoas preferem não apontar. Mas é preciso compreender que a língua de sinais é outra língua situada numa estrutura completamente distinta do português, e da qual não é possível fazer traduções literais, apenas interpretações, o que justifica a profissão “interprete de libras” e não “tradutor de libras”. Portanto, ao iniciar um curso de língua de sinais, esteja atento ao fato que as atitudes do professor, quando dentro de uma postura ética, jamais visam constranger, provocar, humilhar ou prejudicar

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    LIBRAS- Lngua Brasileira de Sinais Professor: Rafael Silva Guilherme

    Introduo:

    Pesquisas sobre as lnguas de sinais vm mostrando que estas lnguas

    so comparveis em complexidade e expressividade a quaisquer lnguas orais.

    Estas lnguas expressam idias sutis, complexas e abstratas. Os seus usurios

    podem discutir filosofia, literatura ou poltica, alem de esportes, trabalho, moda

    e utiliz-las com funo esttica para fazer poesias, contar estrias, crias peas

    de teatro e humor.

    Como toda lngua, as lnguas de sinais aumentam seus vocabulrios

    com novos sinais introduzidos pelas comunidades surdas em resposta s

    mudanas culturais e tecnolgicas.

    A Libras, como toda lngua de sinais, uma lngua de modalidade

    gestual-visual que utiliza, como canal ou meio de comunicao, movimentos

    gestuais e expresses faciais e corporais que so percebidas pela viso.

    Quando se comea a trabalhar com a lngua de sinais, fundamental

    compreender alguns detalhes que nem sempre so percebidos pelos alunos.

    Por exemplo, quando um surdo quer identificar uma pessoa cujo nome no

    conhece, completamente normal que ele se utilize das caractersticas fsicas

    desta para design-la, dizendo que ela gorda, alta, tem o cabelo crespo,

    magrrima, possui o nariz afilado, o olho torto, o cabelo em p, e muitas outras

    caractersticas que comumente as pessoas preferem no apontar. Mas

    preciso compreender que a lngua de sinais outra lngua situada numa

    estrutura completamente distinta do portugus, e da qual no possvel fazer

    tradues literais, apenas interpretaes, o que justifica a profisso interprete

    de libras e no tradutor de libras. Portanto, ao iniciar um curso de lngua de

    sinais, esteja atento ao fato que as atitudes do professor, quando dentro de

    uma postura tica, jamais visam constranger, provocar, humilhar ou prejudicar

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    os alunos. Tudo que ele fizer, mesmo que desperte em algum aluno a

    vergonha, no uma atitude deliberada contra a pessoa que o estudante,

    mas isto se deve propriedade da lngua de sinais, que organizada num

    sistema visual-motor, suscitando a necessidade de se valer de todos os

    mecanismos que a viso pode captar.

    1. Quem so os surdos?

    So aquelas pessoas que utilizam a comunicao espacial-visual como

    principal meio de conhecer o mundo em substituio audio e fala.

    A maioria das pessoas surdas, no contato com outros surdos,

    desenvolve a lngua de sinais. J outros, por viverem isolados ou em locais

    onde no exista uma comunidade surda, apenas se comunicam por gestos.

    Existem surdos que por imposio familiar ou opo pessoal preferem utilizar a

    lngua oral (falada).

    Aproximadamente 2% da populao brasileira apresentam problemas

    relacionados surdez. A definio de surdo muito diversa, pois existem

    vrios graus de surdez, desde a leve, passando pela moderada, severa,

    profunda e anacusia, cada qual levando a uma dificuldade diferente entre si,

    contrariando a noo de que a comunidade surda seja homognea. Os surdos

    so muito diferentes entre si, apesar de se valer da mesma lngua para sua

    comunicao, e conseqentemente cada comunidade surda diferente entre si

    quando transitamos de um estado para o outro.

    Em geral a comunidade surda prefere aplicar o termo surdez, uma vez

    que a palavra deficincia desperta outros conceitos que no apenas uma

    disfuno auditiva. E os surdos em geral tm apenas uma deficincia de

    audio, no uma deficincia em seu sentido mais amplo.

    A lngua de sinais p uma opo de muitos surdos, pois sendo uma

    lngua natural que pose ser aprendida com muita facilidade devido ao seu

    carter visual, sua aquisio tanto pelo surdo quanto pelo ouvinte pode ser

  • 3

    espontnea, se ambos conviverem diariamente com usurios de sinais.

    Entretanto, uma boa parte das famlias dos surdos composta de ouvintes

    (pessoas que escutam), fazendo com que muitas vezes o surdo aprenda um

    mtodo chamado de leitura labial. Por este motivo, a maioria dos surdos

    brasileiros no adquire naturalmente a lngua brasileira de sinais, na infncia e

    no conhece as comunidades surdas.

    Surdo-Mudo: Provavelmente a mais antiga e INCORRETA denominao

    atribuda ao surdo, e infelizmente ainda utilizada em certas reas e divulgada

    nos meios de comunicao, principalmente televiso, jornais e radio.

    2. Histria dos surdos

    Os registros mais antigos so de Scrates; que dizia que a comunicao

    se d atravs dos olhos nos sinais feitos pelas mos, expresso facial/corporal,

    e as vezes tambm sons, tudo simultaneamente ou em seqncia e a pessoa

    precisa atentar-se para entender o contexto.

    Suponha que ns, os seres humanos, quando no falvamos e queramos

    indicar objetos, uns para os outros, nos o fazamos como fazem os surdos

    mudos sinais com as mos, cabea e demais membros do corpo. Scrates.

    Em 530 d.c. eram usados pelos Monges Beneditinos da Itlia para se

    manter o silncio. Usvamos a comunicao por sinais para manter o voto do

    silncio. Poucos registros h sobre esta comunicao ate a Renascena, mil

    anos depois.

    No final do Sc. XV, os surdos eram considerados incapazes de serem

    ensinados, por isso, foram excludos.

    Adde Charles Michel de IEppe o mais importante professor pois foi de

    seu instituto na Frana que veio para o Brasil o Padre Huet (surdo) que a

    convite de D. Pedro trouxe o mtodo combinado.

  • 4

    No ano de 1857 foi fundado a 1 escola de surdos no Brasil, hoje INES.

    Em 1896 Houve o encontro internacional que avaliou o Congresso de

    Milo que havia acontecido em 1880. Neste congresso decidem-se pelo

    mtodo do oralismo puro. Os professores foram afastados e os alunos

    proibidos de utilizar a lngua de sinais tendo suas mos amarradas.

    O instituto (INES) torna-se uma escola s de meninos; os educadores no

    consideravam as meninas surdas por serem tranqilas e estarem submissas s

    famlias, no necessitavam de escola, o que seria vantajoso para o governo

    porque no iria ter gastos para repasse de recursos financeiros na educao

    para elas.

    Em 1923 criou-se instituto Santa Terezinha, escola particular em So

    Paulo, somente para meninas.

    Os surdos vem lutando para terem escolas para surdos porque

    acreditam que atravs de um ensino que atenda eficazmente suas

    necessidades lingsticas e culturais, eles podero se integrar e estar em

    condies de igualdade com os ouvintes quando disputarem, em concurso,

    uma vaga para universidades e empregos.

    Europa:

    O surdo era considerado incapaz e excludo da sociedade

    comprometendo at sua sobrevivncia. Em alguns lugares os surdos eram

    proibidos de possuir e/ou herdar propriedades, casar-se, votar. Os surdos que

    no falavam que sofriam a maior excluso, afirmando que o problema no

    estava na falta de audio mas na falta da fala.

    Sucia:

    1. Sec XIX: Trabalhos religiosos;

    2. 1968: todo surdo tem direito de acesso ao interprete; 1 curso de

    formao;

    3. 1981: cada conselho municipal deveria ter uma unidade com interpretes.

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    Espanha:

    1. 1520-1584: Pablo Ponce de Leon inicia a educao dos surdos atravs

    do uso da lngua de sinais e do alfabeto manual;

    2. 1613: Juan Pablo Bonet atribui grande importncia existncia de um

    ambiente lingstico rico, alem de priorizar o uso do alfabeto manual

    juntamente com a escrita para o ensino da fala. Defende que o treino da

    fala seja iniciado precocemente.

    Inglaterra:

    3. 1616 1618: Holder defende que a reeducao deveria comear pelo

    ensino da escrita e utiliza o alfabeto de duas mos para apoiar o treino

    da fala;

    4. 1648: Jonh Bulwer o autor do 1 trabalho sobre leitura labial da lngua

    inglesa de cuja aprendizagem faz depender a posterior aquisio da

    fala.

    Portugal:

    5. 1715-1780: Jacob Rodrigues Pereira utiliza o alfabeto manual como

    apoio do ensino da fala.

    Frana:

    6. 1712-1789: Abb De Lepe defende a mmica constitui a linguagem

    natural ou material dos surdos. Conclui a linguagem dos gestos um

    verdadeiro meio de comunicao e de desenvolvimento de pensamento.

    EUA:

    7. Thomas Gallaudet e Laurente Clerc fundam a 1 escola de surdos em

    Hartford, o American Asylum for the Education of the Deaf and Dumb.

    Hoje Gallaudet University.

    8. 1815: Thomas Gallaudet era interprete de Laurente Clerc;

    9. Voluntariado;

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    10. 1851: Gallaudet tem uma historia de luta, fora e poder em prol da

    defesa dos direitos dos surdos e da lngua de sinais. Na educao utiliza

    de forma radical a lngua de sinais, seu progresso e desenvolvimento

    resulta na Universidade com conhecimento Mundial num trabalho que

    comea com a estimulao precoce e vai ate os cursos de PHD e

    Academia Superior de Surdos;

    11. 1964: Organizao Nacional de Interpretes para surdos;

    12. 1972: Seleo de interpretes com registro.

    Itlia:

    13. 1880: em Milo, Congresso Mundial de Surdos considera que o uso

    simultneo da fala e dos gestos mmicos tem a desvantagem de impedir

    o desenvolvimento da fala, da leitura labial, e da preciso das idias e

    declara que o mtodo oral puro deve ser preferido de forma definitiva e

    oficial.

    Brasil:

    14. 1855: um surdo francs chamado Huet veio ao Brasil e fez um programa

    especial para ensinar os surdos. Este programa consistia em usar o

    alfabeto manual e a lngua de sinais francesa. Apresentou documentos

    importantes para educar os surdos, mas no havia escola especial.

    Solicitou ao imperador D. Pedro II um prdio para fundar uma escola.

    15. 1857: No dia 26 de setembro fundou-se, ento, o Instituto Nacional de

    Educao dos Surdos Mudos, atualmente INES, na cidade do Rio de

    Janeiro.

    16. 1858: Flausiano Jos da Gama, ex-aluno do Instituto Surdos Mudos,

    elaborou um pequeno vocabulrio de sinais baseados em desenhos. Ele

    props, assim, mostrar a linguagem dos surdos brasileiros. Essa

    linguagem no mais usada atualmente;

  • 7

    17. 1930-1947: Dr. Armando Paiva de Lacerda, ex-Diretor do INES, exige

    que o alunos no usem a lingua de sinais. Podem s usar o alfabeto

    manual, um bloco de papel com lpis no bolso para escrever palavras e

    a fala.

    18. A partir de 1950: Ana Rimoli de Faria Doria, ex-diretora do INES, quando

    assume o cargo, probe o alfabeto manual e a lngua de sinais. Implanta

    o mtodo oralista. Os surdos no conseguem adaptar-se a essa

    imposio do oralismo e continuam a usar a lngua de sinais e o alfabeto

    manual; professores e inspetores burlam as ordens nas comunicao

    com os alunos surdos.

    19. Decada de 1970: o poder do mtodo oral francs cresce em todo o

    Brasil sob a responsabilidade da Professora Alpia Couto que, de dentro

    do Centro Nacional de Educao Especial, realiza projetos na rea da

    deficincia auditiva. O desconhecimentos e a fala de convivncia com os

    surdos provoca prejuizs na cultura e na comunidade surda,

    empobrecimento da lingua de sinais, fala de acesso s informaes

    sociais. As questes da educao especial se tronam apenas vinculadas

    e interesses polticos economicos.

    20. 1980: Trabalhos religiosos;

    21. 1988: I Encontro Nacional de Interpretes da Lingua de Sinais organizado

    pela FENEIS;

    22. 1990: Unidades de interpretes ligados aos escritrios da FENEIS;

    23. 1993 a 1994: Encontros estaduais;

    24. 2002: Lei 10.436 reconhecimento da Libras

    25. 2005: Decreto 5.626 Tambm inicio de contratao pelas instituies

    de Ensino Superior

    26. 2006: Curso de graduao Letras/Libras UFSC

    27. 2006: Prolibras: Certificao de proficincia.

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    28. O que deficincia?

    A etimologia da palavra vem do latim deficientia e significa: falta,

    imperfeio ou insuficincia. Segundo a Organizao Mundial de Sade

    (OMS), deficincia uma condio caracterizada por perdas sensoriais, fsicas,

    mentais ou mltiplas, podendo ser de origem congnita ou adquirida.

    O conceito da OMS apresenta uma abordagem fisiolgica no

    entendimento e caracterizao da deficincia. Todavia, no podemos nos

    esquecer da deficincia como uma condio social. Sob esta perspectiva,

    perceberemos limitaes que no se encontram apenas na ordem

    anatmica/fisiolgica, mas nas relaes que a sociedade estabelece com as

    pessoas com deficincia. Tais limitaes, em muitos casos, sobrepem

    aquelas caracterizadas pela OMS e dizem respeito aos ordenamentos e

    determinaes socioculturais que geram excluso social. Entendendo a

    questo social relacionada deficincia, Aranha (2003) prope o seguinte

    conceito para deficincia: Uma condio social caracterizada pela limitao ou

    impedimento da participao da pessoa diferente nas diferentes instncias do

    debate de idias e de tomadas de decises na sociedade.

    Na medida em que atentamos s questes sociais atreladas

    deficincia, somos capazes de perceber as pessoas com deficincia no

    apenas a partir das suas limitaes motoras, sensoriais ou cognitivas.

    possvel compreender que a realidade social de tais pessoas influencias,

    tambm, as construes e organizaes subjetivas que fazem para lidarem

    com a condio da falta orgncia/biolgica.

    Para facilitar a compreenso, uma classificao das deficincias poder

    ser:

    29. Deficincia mental;

    30. Deficincia fsica;

    31. Deficincia sensorial visual;

    32. Deficincia sensorial auditiva;

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    33. Deficincia mltipla.

    Todas essas deficincias podem ser permanentes ou temporrias. A

    deficincia permanente pode ser definida como aquele que ocorreu ou se

    estabilizou durante um perodo de tempo suficiente para no permitir

    recuperao ou ter probabilidade de alterar-se apesar de novos tratamentos

    mdicos e cirrgicos. Uma pessoa com deficincia permanente ou temporria

    experimenta situaes de estresse que podem ser reduzidas com a reduo ou

    eliminao das causas.

    3.1 Deficincia Mental:

    Refere-se perda total ou parcial do raciocnio lgico ou intuitivo,

    apresentando comprometimento de grau leve, moderado, severo ou profundo.

    A inadequao no comportamento adaptativo tanto maior quanto o grau do

    comportamento (dificuldades cognitivas).

    3.2 - Deficincia Fsica:

    Traduz-se como alterao completa ou parcial de um ou mais

    segmentos do corpo humano, tendo como conseqncia o comprometimento

    da funo motora. Apresenta-se sob diversas formas, entre as quais algumas

    abaixo exemplificadas.

    34. Paraplegia: perda total das funes motoras dos membros inferiores.

    35. Paraparesia: perda parcial das funes motoras dos membros inferiores.

    36. Monoplegia: perda total das funes motoras de um s membro

    (podendo ser membro superior ou inferior).

    37. Monoparesia: perda parcial da funes motoras de um s membro

    (podendo ser membro superior ou inferior).

    38. Tetraplegia: perda total das funes motoras dos membros superiores e

    inferiores.

  • 10

    39. Tetraparesia: perda parcial das funes motoras dos membros

    superiores e inferiores.

    40. Triplegia: perda total das funes motoras de trs membros.

    41. Triparesia: perda parcial das funes motoras de trs membros.

    42. Hemiplegia: perda total das funes motoras de um hemisfrio do corpo

    (direito ou esquerdo).

    43. Hemiparesia: perda parcial das funes motoras de um hemisfrio do

    corpo (direito ou esquerdo).

    44. Amputao: perda total de um determinado segmento de um membro

    (superior ou inferior).

    45. Paralisia cerebral: leso de uma ou mais reas do sistema nervoso

    cerebral, tendo como conseqncia alteraes psicomotoras, podendo

    ou no causar deficincia mental.

    3.3 - Deficincia Sensorial:

    1. Sensorial visual:

    a perda ou reduo de capacidade visual que pode resultar em

    dificuldades de orientao, de mobilidade e de comunicao. Pode ocorrer em

    ambos os olhos ou em um, em carter definitivo e que no possa ser

    melhorada ou corrigida com o uso de lentes e tratamento clinico ou cirrgico.

    Entre os deficientes visuais h os portadores de cegueira e os de viso

    subnormal. Essas definies e limites variam nas classificaes esportivas,

    legais e outras.

    Alm de agudeza visual e campo de viso, considerados nessas

    classificaes, outros fatores como fuso, viso cromtica, adaptao ao claro

    e escuro e sensibilidade e contrastes devem ser levados em conta para avaliar

    a viso funcional.

  • 11

    2. Sensorial auditiva:

    A deficincia auditiva a perda parcial ou total da capacidade de

    comunicar-se. Inclui as disacusias leves, moderadas, severas e profundas.

    3.4 - Deficincia Mltipla:

    Refere-se concomitncia de duas ou mais deficincias, que se

    manifesta na mesma pessoa.

    3. Dicas ao encontrar uma pessoa com deficincia.

    Muitas pessoas ficam confusas quando encontram com uma pessoa

    com deficincia. Isso natural. Todos ns podemos nos sentir desconfortveis

    diante do diferente. Esse desconforto diminui e pode ate mesmo desaparecer

    quando existem muitas oportunidades de convivncia entre pessoas deficientes

    e no deficientes.

    No faa de conta que a deficincia no existe. Se voc se relacionar

    com uma pessoa deficiente como se ela no tivesse uma deficincia, voc

    estar ignorando uma caracterstica muito importante dela. Dessa forma, voc

    no estar se relacionando com ela, mas sim com outra pessoa: uma que voc

    inventou, que no real. No trate o deficiente como um ser diferente. Ele

    uma pessoa como as outras. Todos temos diferenas individuais.

    As pessoas com deficincia so pessoas como voc, tem os mesmos

    direitos, os mesmos sentimentos, os mesmos receios, os mesmos sonhos.

    Aceita a deficincia. Ela existe e voc precisa lev-la em devida

    considerao. Lembre-se de que a deficincia traz limitaes, mas no impede

    a pessoa de ter uma vida normal.

    No subestime as possibilidades, nem superestime as dificuldades e

    vice-versa. Permita que a pessoa com deficincia realize o que sabe e pode

    fazer sozinha. Elas tem o direito, podem e querem tomar suas prprias

    decises e assumir a responsabilidade por suas escolhas.

    Ter uma deficincia no faz com que a pessoa seja melhor ou pior do

    que uma pessoa no deficiente. Por causa da deficincias, essa pessoa pode

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    encontrar dificuldade para realizar algumas atividades e, por outro lado, possuir

    extrema habilidade para fazer outras coisas. Exatamente como todo mundo.

    A maioria das pessoas com deficincia no se importam de responder

    perguntas, principalmente aquelas feitas por criana, a respeito de sua

    deficincia e sobre a realizao de algumas tarefas. Mas, se voc tem muita

    intimidade com a pessoa, evite fazer perguntar muito intimas.

    Quando quiser alguma informao de uma pessoa deficiente, dirija-se

    diretamente a ela e no a seu acompanhante ou interprete.

    Sempre que quiser ajudar, oferea ajuda. Sempre espere sua oferta ser

    aceita, antes de ajudar. Sempre pergunte o modo mais adequado para faz-lo.

    Mas, no se ofenda se seu oferecimento for recusado; pois nem sempre as

    pessoas com deficincia precisam de auxilio. As vezes, uma determinada

    atividade pode ser mais vem desenvolvida sem assistncia.

    Se voc no se sentir confortvel ou seguro para fazer alguma coisa

    solicitada por uma pessoa deficiente, sinta-se livre para recusar. Nesse caso,

    ser conveniente procurar outra pessoa que possa ajudar.

    Voc no deve ter receio de fazer ou dizer alguma coisa errada. Aja com

    naturalidade, e tudo vai dar certo. Se ocorrer alguma situao embaraosa,

    uma boa dose de delicadeza, sinceridade e bom-humor nunca falha.

    4.1- Sobre o deficiente fsico:

    Se a pessoa usar uma cadeira de rodas, importante saber que, para

    uma pessoa sentada, incmodo ficar olhando para cima por muito tempo;

    portanto, se a conversar for demorar mais do que alguns minutos, lembre-se de

    sentar, se for possvel, para que voc e ela fiquem com os olhos no mesmo

    nvel.

    A cadeira de rodas (assim como as bengalas e muletas) parte do

    espao corporal da pessoa, quase uma extenso de seu corpo. Agarrar ou

    apoiar-se na cadeira de rodas como agarrar ou apoiar-se numa pessoa

  • 13

    sentada numa cadeira comum. Isso as vezes simptico se vocs forem

    amigos, mas no deve ser feito se vocs no se conhecem.

    Nunca movimente a cadeira de rodas sem antes pedir permisso para a

    pessoa. Empurrar uma pessoa em cadeira de rodas no como empurrar um

    carrinho de supermercado. Quando estiver empurrando uma pessoa sentada

    numa cadeira de rodas, e parar para conversar com algum, lembre-se de virar

    a cadeira de frente, para que a pessoa tambm participe da conversa.

    Ao empurrar uma pessoa em cadeira de rodas, faa-o com cuidado.

    Preste ateno para no bate nas pessoas que caminham frente.

    Subindo degraus, incline a cadeira para trs para levantar as rodinhas

    da frente e apoi-las sobre a elevao. Para descer um degrau, mais segura

    faz-lo de marcha a r, sempre apoiando par que a descida seja sem

    solavancos. Para subir ou descer mais de um degrau em seqncia, ser

    melhor pedir a ajuda de outra pessoa.

    Se voc estiver acompanhando uma pessoa deficiente que anda

    devagar, com auxilio ou no de aparelhos ou bengalas, procure acompanhar o

    passo dela.

    4.2 - Sobre o deficiente mental:

    Voc deve agir naturalmente ao dirigir-se a uma pessoa com deficincia

    mental. Trate-o com respeito e considerao. Se for uma criana, trate-a como

    criana. Se for adolescente, trate-o como adolescente. Se for uma pessoa

    adulta, trate-a como tal.

    No ignore. Cumprimente e despea-se delas normalmente, como faria

    com qualquer pessoa. D ateno a elas, converse, e vai ver como ser

    divertido. No superproteja. Deixa que ela faa ou tente fazer tudo o que puder.

    Ajude apenas quando for realmente necessrio. No subestime sua

    inteligncia. As pessoas com deficincia mental levam mais tempo para

    aprender, mas podem adquirir muitas habilidades intelectuais e sociais.

  • 14

    As pessoas com deficincia mental, geralmente, so muito carinhosas.

    4.3 - Sobre o deficiente visual:

    Nem sempre as pessoas cegas ou com deficincia visual precisam de

    ajuda, mas se encontrar alguma que parea estar em dificuldades, identifique-

    se, faa-a perceber que voc esta falando com ela e oferea seu auxilio. Nunca

    ajude sem perguntar antes como deve faz-lo.

    Caso sua ajuda como guia seja aceita, coloque a mo da pessoa em seu

    cotovelo dobrado. Ela ir acompanhar o movimento de seu corpo enquanto

    voc vai andando. Procure andar com um cego sempre que possvel em linha

    reta ao atravessar praas, avenidas e ruas, para que ele no se desoriente.

    sempre bom voc avisar antecipadamente a existncia de degraus,

    pisos, escorregadios, buracos e obstculos em geral, durante o trajeto. Num

    corredor estreito, por onde s possa passar uma pessoa, coloque seu brao

    para trs, de modo que a pessoa cega possa continuar a seguir voc.

    Para ajudar uma pessoa cega a sentar-se, voc deve gui-la at a

    cadeira e colocar a mo dela sobre o encosto da cadeira, informando se esta

    tem brao ou no. Deixe que a pessoa sente-se sozinha.

    No deixe nada no caminho por onde uma pessoa cega costuma passar.

    Para tomar um carro, encaminhe o cego na direo em que ele dever

    entrar, colocando-lhe a mo na parte superior da porta para sua melhor

    orientao. Se a porta do carro estiver fechada, coloque-lhe a mo na

    maaneta da porta, e ele se orientar para o interior do carro.

    Ao apresentar um cego a algum, faa-o na posio correta, isto , de

    frente para a pessoa a quem voc o est apresentando; isto evitar que ele

    estenda a mo para o lado contrrio aquele onde a pessoa se encontra.

    Quando for embora, avise sempre o deficiente visual.

  • 15

    4.4 - Sobre o deficiente auditivo ou surdo:

    No correto dizer que algum surdo-mudo. Muitas pessoas surdas

    no falam porque no aprenderam a falar. Muitas fazem a leitura labial, outras

    no.

    Quando quiser falar com uma pessoa surda, se ela no estiver

    prestando ateno em voc, acene para ela ou toque em seu brao levemente,

    fale de maneira clara pronunciando bem as palavras, mas no exagere. Use a

    velocidade normal, a no ser quando a pessoa pedir que fale mais devagar.

    Use o tom de voz normal a no ser que lhe peam para falar mais alto. Gritar

    nunca adianta. Fale diretamente com a pessoa, no de lado ou atrs dela.

    Faa com que sua boca esteja bem visvel. Gesticular ou segurar algo em

    frente boca torna impossvel a leitura labial. Usar bigodes tambm atrapalha.

    Quando falar com uma pessoa surda, tente ficar num lugar iluminado.

    Evite ficar contra a luz (de uma janela por exemplo), pois isso dificulta ver seu

    rosto.

    Se souber Libras, tente us-la. Se a pessoa surda tiver dificuldades em

    entender avisar. De modo geral, suas tentativas sero apreciadas e

    estimuladas.

    Seja expressivo ao falar. Com as pessoas surdas no podem ouvir

    mudanas sutis de tom de voz que indicam sentimentos de alegria, tristeza,

    sarcasmo ou seriedade, as expresses faciais, os gestos e o movimento do

    seu corpo sero excelentes indicaes do que voc quer dizer.

    Enquanto estiver conversando, mantenha sempre contato visual; se

    voc desviar o olhar, a pessoa surda pode achar que a conversa terminou.

    Nem sempre a pessoa surda tem uma boa dico. Se tiver dificuldade

    para compreender o que ela esta dizendo, no se acanhe em pedir que repita.

    Geralmente, as pessoas surdas no se incomodam de repetir quantas vezes

    for preciso, para que sejam entendidas.

    Se for necessrio, comunique-se por meio de bilhetes. O importante se

    comunicar. O mtodo no to importante.

  • 16

    Quando a pessoa surda estiver acompanhada de um interprete, dirija-se

    a pessoa surda e no ao interprete.

    4.4.1 - Tipos de surdez:

    A surdez pode ser classificada em quatro nveis diferentes, tais como:

    1. Surdez leve: perda auditiva de at 40 dB. No impossibilita o sujeito de

    adquirir, de maneira mais prxima da natural, a lngua oral. Embora

    possa ter algumas dificuldades.

    2. Surdez moderada: perda entre 40 dB e 70 dB. O paciente s conseguir

    escutar sons mais altos e apresentar maior dificuldade no que se refere

    aquisio da linguagem oral.

    3. Surdez severa: perda entre 70 dB e 90 dB. A compreenso verbal

    depender da aptido no uso da percepo visual para observar o

    contexto.

    4. Surdez profunda: perda superior a 90 dB, a gravidade tal que o sujeito

    s conseguir perceber e identificar a voz humana com os devidos

    suportes.

    As classificaes variam de acordo com a rea, autores, estudiosos e

    pesquisadores. A observncia no aproveitamento do resduo auditivo do

    indivduo tambm considerada no desenvolvimento de cada um.

    5 - O que LIBRAS?

    uma lngua completa, no mmica nem apenas gestos. captada

    pela viso e produzida pelos movimentos do corpo, especialmente as mos. A

    libras constituda por todos os componentes pertinentes as lnguas orais,

    como: gramtica, semntica, pragmtica e outros elementos, preenchendo

    assim, os requisitos cientficos para ser considerada instrumental lingstico de

    poder e fora.

  • 17

    Sendo a lngua que surgiu nas comunidades surdas a que mais se

    adapta expresso dos surdos. No se deve dizer linguagem de sinais pois a

    Libras comparvel a qualquer outros idioma do mundo.

    A lngua brasileira de sinais, LIBRAS, a forma de comunicao e

    expresso gestual, capaz de transmitir idias e fatos. reconhecida

    cientificamente como sistema lingstico de comunicao visual-motor, prprio

    das comunidades surdas brasileiras e consideradas uma lngua completa, com

    estrutura independente da lngua portuguesa, e que possibilita o

    desenvolvimento cognitivo dos surdos, favorecendo a aquisio de

    conhecimentos culturais da sociedade. Os usurios de LIBRAS so os surdos,

    seus familiares, profissionais da rea da surdez e todos que convivem ou

    trabalham com surdos ou tenham interesse por utilizar, pesquisar e aprender

    esta lngua.

    As comunidades surdas do Brasil lutaram por anos para serem

    respeitadas enquanto minorias lingsticas por isso reivindicaram o

    reconhecimento oficial da LIBRAS como um direito cidadania.

    Assim, a LIBRAS foi reconhecida no ano de 2002, no dia 24 de abril

    atravs da Lei n 10.436 e regulamentada em 2005 pelo Decreto n 5.626.

    5.1 - Legislao:

    LEI N 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002.

    Dispe sobre a Lngua Brasileira de Sinais - Libras e d outras providncias.

    O PRESIDENTE DA REPBLICA Fao saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

    Art. 1o reconhecida como meio legal de comunicao e expresso a Lngua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expresso a ela associados.

    Pargrafo nico. Entende-se como Lngua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicao e expresso, em que o sistema lingstico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical prpria, constituem um sistema lingstico de transmisso de idias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.

  • 18

    Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder pblico em geral e empresas concessionrias de servios pblicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difuso da Lngua Brasileira comunidades surdas do Brasil.

    Art. 3o As instituies pblicas e empresas concessionrias de servios pblicos de assistncia sade devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficincia auditiva, de acordo com as normas legais em vigor.

    Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a incluso nos cursos de formao de Educao Especial, de Fonoaudiloga e de Magistrio, em seus nveis mdio e superior, do ensino da Lngua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislao vigente.

    Pargrafo nico. A Lngua Brasileira de Sinais - Libras no poder substituir a modalidade escrita da lngua portuguesa.

    Art. 5o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicao.

    Braslia, 24 de abril de 2002; 181o da Independncia e 114o da Repblica.

    FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Paulo Renato Souza

    Texto publicado no D.O.U. de 25.4.2002

    A partir do momento em que a lngua de sinais foi oficialmente

    reconhecida, os surdos passaram a ter garantia de uso da Libras enquanto

    direito lingstico. Conseqentemente as instituies se viram obrigadas a

    garantir o acesso das pessoas surdas atravs dos ILS.

    No dia 24 de abril de 2002, foi homologada a lei federal que reconhece a lngua brasileira de sinais como lngua oficial das comunidades surdas brasileiras. Tal lei representa um passo fundamental no processo de reconhecimento e formao do profissional intrprete da lngua de sinais no Brasil, bem como, a abertura de vrias oportunidades no mercado de trabalho que so respaldadas pela questo legal. (QUADROS, 2004, p.15).

  • 19

    No dia 22 de dezembro de 2005 o Presidente da Repblica Luiz Incio

    Lula da Silva regulamentou a Lei n 10436 atravs do Decreto n 5626 que

    refora a importncia da Libras e a necessidade do profissional ILS nos mais

    diversos ambientes.

    5.2 - Gramtica:

    A libras formada por cinco parmetros:

    1. Expresso facial/corporal pode ser:

    Muitos sinais tem como trao diferenciador a expresso facial/corporal, como

    os sinais alegre e triste. H sinais feitos somente com a bochecha como ladro,

    ato-sexual; sinais feitos com a mo e expresso facial, como o sinal de bala, e

    h ainda sinais em que sons e expresses faciais complementam os traos

    manuais; como os sinais helicptero e moto.

    Um advrbio de modo: OLHAR (espantado), / OLHAR (desdenhosamente);

    Um intensificador: BONITINH@ - BONIT@ - BONITA@.

    2. Movimento:

    os sinais podem ter um movimento ou no.

    Sinais com movimento: ( sonhar, brincar, consertar, sbado, domingo)

    Sinais sem movimento: (pensar, ajoelhar, em p, casa, sentar)

    Uma marca de aspecto ou modo de realizao da ao:

    1. TRABALHAR / TRABALHAR CONTINUAMENTE

    2. DAR / DAR A CADA UM

    3. VARRER / VARRENDO

    4. ANDAR / ANDAR CAMBALEANDO (ANDAR DE ANIMAL)

  • 20

    5. FALAR / FALAR DEMASIADAMENTE.

    6. Configurao de mo:

    Pode ser um classificador, ou seja, uma marca de gnero (animado: pessoa e

    animais / inanimado: coisas). Essa marca prende-se ao verbo.

    Frase: O carro bateu em uma pessoa.

    PESSOA CARRO COLIDIR

    7. Ponto de articulao:

    Lugar onde se posiciona a mo.

    Ex.: os sinais trabalhar , Brincar, consertar so feitos no espao neutro e os

    sinais esquecer, aprender, pensar so realizados na testa.

    Pode ser uma marca de concordncia verbal com o locativo adjunto adverbial

    de lugar.

    Frase: Eu coloco o copo na mesa.

    MESA COPO (objeto arredondado) COLOCAR

    8. Orientao da(s) mo(s):

    Os sinais tem uma direo com relao aos parmetros. Assim os verbos ir e

    vir se opem em relao direcionalidade, como os verbos subir e descer,

    acender e apagar, abrir-porta e fechar-porta.

    Uma concordncia verbal numero-pessoal. Ex.: Eu pergunto a voc # Voc me

    pergunta.

    Um advrbio de tempo: ex.: ano e ano-passado.

    5.2.1 A incorporao da negao.

  • 21

    Na Libras pode acontecer a incorporao da negao em alguns verbos

    que possuem um determinado movimento em um primeiro momento, e finaliza-

    se com um movimento contrrio, que caracteriza a negao ncorporada, como

    nos verbos: QUERER / QUERER-NO; GOSTAR / GOSTAR-NO.

    A negao tambm pode se incorporar simultaneamente ao movimento

    ou expresso corporal, como nos verbos: TER / TER-NO; PODER / PODER-

    NO.

    A negao, alm de poder ocorrer atravs dos advrbios no e nada,

    pode-se construir uma frase negativa, como no exemplo: EU INGLS SABER

    NO, ENTENDER NADA eu no sei ingls, no entendo nada.

    5.2.2 - Sinais em contextos:

    Na libras, como em ingls, h muitos sinais que so invariveis e

    somente no contexto pode-se perceber se esto sendo utilizados com a funo

    de verbo ou de nome. Exemplos:

    1. AVIO / IR DE AVIO.

    2. CADEIRA / SENTAR

    3. FERRO / PASSAR COM FERRO

    4. PORTA / ABRIR PORTA

    5. BRINCADEIRA / BRINCAR

    6. TESOURA / CORTAR COM TESOURA

    7. BICICLETA / ANDAR DE BICICLETA

    8. CARRO / DIRIGIR CARRO

    9. VIDA / VIVER

    Alguns destes pares apresentam uma diferena em relao ao parmetro

    movimento, como o verbo IR DE AVIO, que tem um movimento mais

  • 22

    alongado, em relao ao substantivo AVIO, e PASSAR COM FERRO, que

    tem um movimento mais repetido e alongado, em oposio ao movimento

    repetido e retido para o nome FERRO.

    Na libras tambm pode-se criar um novo sinal a partir de dois ou mais sinais

    que se combinam e do origem a uma outra forma, um outro sinal. Ex.:

    CAVALO^LISTRA PELO CORPO (Zebra); MULHER^BEIJO NA MO

    (Me); CASA^ESTUDAR (Escola); CASAR^SEPARAR (Divorciar); COMER^

    MEIO DIA (Almoar).; ETC..

    Pode-se perceber que a libras, como qualquer outra lngua, tem suas regras

    para criar sinais e organiz-los. Portanto, ficar atento para o uso adequado dos

    sinais em contexto.

    Voc sabia?

    1. Cada pas tem uma lngua de sinais prpria, e a do Brasil a LIBRAS.

    2. O alfabeto manual apenas um recurso utilizado para soletrar nomes

    prprios. A Libras to complexa como as lnguas orais.

    3. A libras possui uma gramtica prpria.

    4. Ser surdo no significa ser mudo. Por isso, o correto dizer apenas que

    a pessoa surda.

    5. As crianas surdas tem direito a uma educao bilnge, isto , aprender

    a Libras e pelo menos a modalidade escrita da lngua portuguesa na

    escola.

    6. As pessoas surdas tem direito garantido em lei a interprete na escola,

    nos rgos e locais pblicos, hospitais, bancos, teatros e empresas.

    7. Existe diferena entre surdo e deficiente auditivo. Surdos so aqueles

    que j nasceram com a falta de audio. J os deficientes auditivos

    perderam a audio aps o nascimento devido a um acidente ou

    doena.

  • 23

    Todo mundo tem direito de ser como : Acessibilidade preparar o mundo para respeitar as diferenas.

    6 - O que acessibilidade?

    fazer com que todas as pessoas tenham acesso a nossos prdios,

    shoppings, hospitais, escolas, transportes coletivos, teatros, restaurantes e

    ruas, garantindo assim o direito de ir e vir, o conforto e o bem-estar. garantir

    direitos iguais a todos, para que cada um, com seu jeito e caracterstica, possa

    ter a mesma oportunidade em nossa sociedade.

    Para que a acessibilidade acontea preciso que toda a populao se

    mobilize, exigindo a construo de rampas, elevadores, pisos anti-derrapantes,

    sinalizao em Braille entre outros. Assim, teremos a participao de todos nas

    atividades do dia-a-dia.

    Se todos contriburem para a construo da idia de acessibilidade, o

    direito de ser voc estar garantido. Com suas prprias caractersticas, voc

    pode e deve ter acesso a todos os lugares de que precisa para ter uma vida

    mais digna, independente e feliz.

    Atravs da lei n 10.098 de 19 de dezembro de 2000 foi estabelecido a

    lei da acessibilidade que estabelece normas gerais e critrios bsicos para a

    promoo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficincia ou com

    modalidade reduzida, e d outras providencias.

    7- Comunidade e Cultura Surda

    As comunidades surdas so espalhadas pelo Brasil. E como o pais

    muito grande e diversificado, estas comunidades possuem diferenas

  • 24

    regionais, em relao a hbitos alimentares, vesturio, situao

    socioeconmica, dentre outros. Estes fatores geram tambm variaes

    lingsticas regionais.

    As escolas so fatores de integrao ou desintegrao das comunidades

    surdas. Dependendo da metodologia adotada se a escola rejeita a Libras e

    tenta transformar a crianas surda em ouvinte deficiente, a criana no vai

    conhecer sua comunidade e nem aprender sua lngua.

    Existem escolas em cidade ou estados que no possuem associao de

    surdos, usam uma metodologia oralista, as crianas surdas criam um dialeto

    prprio entre eles e ficam desintegradas da cultura surda.

    Devido a tradio oralista, h surdos que s querem falar, usando

    sempre o portugus como tambm aqueles que no dominam a libras, e usam

    o bimodalismo, que falar o portugus enquanto sinalizam.

    Mas existem tambm escolas como o Ins no Rio de Janeiro que se

    comunicam em libras, os professores sabem ou esto aprendendo libras, e

    oferecem cursos para os pais dos alunos. E isso aproxima mais os surdos da

    sua cultura.

    Ainda no existem estudos profundos da cultura surda, mas com a

    convivncia pode se perceber diferenas como:

    8. Surdos preferem um relacionamento mais intimo com outra pessoa

    surda.

    9. Suas piadas envolvem a problemtica da incompreenso da surdez pelo

    ouvinte que geralmente o portugus que no percebe bem, ou quer

    dar uma de esperto e se d mal.

    10. Aborda questes de relacionamento, educao e viso de mundo

    prprio do universo do surdo.

    11. O surdo do seu silencio, tem um modo prprio de olhar o mundo onde as

    pessoas so expresses faciais e corporais. Como fala com as mos,

  • 25

    evita us-las desnecessariamente e quando as usam, possui uma

    agilidade e leveza que dificilmente um ouvinte poder alcanar.

    A cultura surda muito recente, tem pouco mais de cem anos e somente

    agora comea-se a interesse em se registrar atravs de filmes, as narrativas

    pessoais dos surdos idosos para se conhecer um pouco sua histria.

    Cultura surda: Critrios para pertencer a esta cultura.

    1. Fator audiolgico: Ter perda auditiva.

    2. Fator social: est associado a outros surdos, freqentar escolas, casar-

    se com surdos.

    3. Fator poltico: em que medidas a pessoa influencia nos assuntos da

    comunidade civil.

    4. Fator lingstico: em que a medida que o surdo (individuo) usa a lngua

    de sinais.

    Caractersticas da comunidade surda:

    1. Comum contato fsico-toque, quando longe, usa acenar, pisar no cho,

    gritar o nome, acender ou apagar a luz.

    2. Assegurando a comunicao gostam de pessoas que usam muitos

    sinais.

    3. Surdos vem as atitudes dos ouvintes em relao privacidade com

    perplexidade e irritao.

    4. Virar as costas contato ocular bastante valorizado virar as costas

    um insulto.

    5. Dizer adeus: chegada e partida do surdo demorada, sinalizada

    (combinam encontros e repetem a data e o horrio), explicam onde vo

    e o que iro fazer.

  • 26

    Como comunicar-se com a pessoa surda:

    Ao encontrar um surdo, se voc no sabe lngua de sinais, observe:

    6. No gritar;

    7. Posicionar-se na frente da pessoa;

    8. Para chamar sua ateno abane as mos no campo visual do surdo e

    ou toque a pessoa gentilmente;

    9. Feito o contato visual, olhos nos olhos, fale calmamente em tom de voz

    normal articulando bem as palavras sem exagerar;

    10. Utilize a comunicao visual, se voc sabe, mesmo que poucos sinais,

    use-os! No se envergonhe de apontar, desenhar, escrever ou

    dramatizar.

    8 - Interprete de lngua de sinais

    O interprete de lngua de sinais a pessoa que traduz mensagens da

    lngua portuguesa para a Libras e vice-versa, sem perder o seu sentido original.

    Para o exerccio da profisso necessrio: ser maior de 18 anos, ter

    completado o ensino mdio, ser fluente nas duas lnguas envolvidas e ser

    certificado no curso de interpretao em lngua de sinais aprovado por entidade

    representativa da comunidade surda.

    Os servios de interpretao so necessrios em:

    11. Palestras e conferencias;

    12. Entrevistas e trmites como trabalho, consultas mdicas, audincias

    judicirias, etc.

    13. Aulas onde o professor no seja fluente em Libras e nas universidades;

    14. Situaes em que a interao entre pessoas surdas e ouvintes no

    usurios de lngua de sinais seja intensa, de longa durao e/ou de

    relevante importncia.

  • 27

    Falhas do interprete:

    15. Inferncia

    16. Omisso

    17. Se eximir do seu papel; ou seja; no colocar seu ponto de vista.

    Outras leis que respaldam o trabalho do interprete:

    18. Lei 10.098/00 (Acessibilidade)

    19. Lei 10.172/01 ( Plano nacional de educao)

    20. Resoluo 02/2001 ( Diretrizes Nacionais para a Educao Especial na

    Educao Basica).

    21. Portaria 1679/99 (Educao Superior).

    Aspectos a serem considerados no Brasil:

    22. Aceitao da lngua de sinais;

    23. Direito das pessoas surdas a oportunidades sociais, com a maioria da

    sociedade;

    24. A legalizao do direito das pessoas surdas de terem disponveis

    servios de interpretao gratuitamente;

    25. O reconhecimento do interprete de lngua de sinais como um

    profissional;

    26. A correspondncia entre o nmeros de interpretes requeridos e a

    demanda;

  • 28

    27. O estabelecimento de cursos de formao de interpretes com

    treinamento e educao formal;

    28. As atitudes das pessoas surdas e ouvintes quanto necessidade dos

    servios de interpretes.

    8.1 - O interprete educacional:

    Aspectos negativos:

    29. O surdo fica dependente demais

    30. Quando o interprete tem viso paternal

    31. Quando as pessoas no esto cientes da funo

    32. Quando o aluno surdo desconhece LIBRAS

    33. O interprete tem pouca fluncia em LIBRAS/no consegue passar o

    contedo da mesma forma que o professor

    34. exaustivo para o interprete trabalhar sozinho

    35. Relaes de poderes

    Aspectos positivos:

    36. O surdo tem acesso informaes

    37. O surdo sente-se mais seguro, tem mais chance de compreender e ser

    compreendido;

    38. A libras passa a ser divulgada, utilizada de maneira mais adequada e

    valorizada;

    39. O interprete tem proficincia lingstica, e interculturalidade com os

    surdos;

    40. O interprete e os surdos respeitam os espaos um dos outros.

  • 29

    13 - VOCABULRIO:

    Saudaes:

    Bom dia! Boa tarde! Boa noite! Oi!

    Bem vindos! Obrigado! Por favor! Desculpa.

    Verbos:

    Fazer Acontecer Conhecer Estudar

    Trabalhar Participar Passear Querer

    Alugar Gostar Encontrar Procurar

    Pedir Ensinar Lembrar Parar

    Chegar Sair Fugir Aprender

    Explicar Comear Terminar Precisar

    Mudar Perguntar Aproximar Cair

    Nascer Convidar Visitar Desculpar

    Vender Pagar Acreditar Falar

    Famlia:

    Pai Me Filho Irmo

    Marido Esposa Av Neto

    Tio Primo Sobrinho Cunhado

    Sogro Namorado Noivo Casado

    Solteiro Separado Divorciado Famlia

  • 30

    Interrogativas:

    O que? Quem? Como? Quando?

    Qual? Porque? Onde? Quantos?

    Quanto custa? Para qu? Quem ? Quantas horas?

    Lugares:

    Escola Hospital Igreja Empresa

    Banco Faculdade Supermercado Farmcia

    Restaurante Padaria Shopping Cinema

    Correios Metr Pizzaria Rodoviria

    Prefeitura Museu Casa Hotel

    Loja Aeroporto Delegacia Bar

    Teatro Parque Clube Feira

    Oficina Escritrio Associao Banheiro

    Banco Portaria Nova Cana

    Cidades, Estados, Pases:

    Betim Contagem Belo Horizonte Rio de janeiro

    So Paulo Vitria Espirito Santos Brasil

    Argentina Europa Portugal Inglaterra

    Dia da semana, horas, meses...

    Dia Semana Ms Ano

    Hoje Amanh Ontem Feriado

    Segunda Tera Quarta Quinta

    Sexta Sabado Domingo Janeiro

    Fevereiro Maro Abril Maio

  • 31

    Junho Julho Agosto Setembro

    Outubro Novembro Dezembro Hora

    8:00 9:45 14:00 15:50

    20:30 21:20 2:30 3:10

    Meio-dia Meia-noite Relgio

    Escolares:

    Lpis Borracha Rgua Caneta

    Caderno Livro Recreio Apontador

    Adjetivos:

    Bonito Feio Horrivel Falso

    Metido Orgulhoso Humilde Curioso

    Calmo Nervoso Chato Legal

    Educado Mal educado Mau Bom

    tico Inteligente Responsvel Irresponsvel

    Sentimentos:

    Lpis Borracha Rgua Caneta

    Caderno Livro Recreio Apontador

    Transportes:

    Carro Trem Navio Empilhadeira

    nibus Metr Caminho Bicicleta

    Moto Avio Ambulncia Helicoptero

  • 32

    Cores:

    Preto Branco Azul Verde

    Vermelho Marrom Amarelo Cinza

    Laranjado Rosa Vinho Roxo

    Frutas:

    Ma Laranja Melancia Uva

    Banana Abacaxi Manga Coco

    Tamanho/Dimenso:

    Muito Grande Alto Longe

    Profundo Mdio Pouco Pequeno

    Baixo Perto Metade

    Profisses:

    Diretor Intrprete Mdico Gerente

    Dentista Engenheiro Motorista Professor

    Psiclogo Advogado Fisioterapeuta Cabelereiro

    Animais:

    Cachorro Gato Porco Peixe

    Girafa Elefante Leo Vaca

    Cobra Tartaruga Urso Sapo

    Objetos:

    Televiso Telefone Celular DVD

    Geladeira Fogo Mesa Cadeira

  • 33

    Computador Som Sof Cama

    Substantivo:

    Papel Metal Colher Caf

    Futebol Revista Garfo Refrigerante

    Bola Jornal Faca Cerveja

    Vinho Campo Mesa gua

  • 34

    REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS:

    Referncias Bsicas: 1. BOTELHO, Paula. Surdos oralizados e identidade surda. Belo Horizonte. Autntica, 2002.

    2. FELIPE, Tanya A, MONTEIRO, Myrna S. Libras em contexto: curso bsico, livro do professor instrutor. Braslia. Programa Nacional de Apoio Educao dos Surdos,

    MEC: SEESP, 2001.384P.

    3.QUADROS, Ronice Muller de KARNOPP, Lodenir Becker. Lngua de Sinais Brasileira Estudos Lingsticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.

    4. QUADROS, Ronice Muller de, SCHMEIEDT, Magali L. P. Idias para ensinar portugus para alunos surdos. Braslia: MEC/SEEP, 2006. 120p.

    5. SKLIAR, Carlos (org). Um olhar sobre o nosso olhar acerca da surdez e das

    diferenas.

    In: A surdez: um olhar sobre as diferenas.Porto Alegre: Mediao, 1998.

    6. ARRIENS, Marco Antnio. Histria dos surdos no mundo. Curitiba: PROVLIS (Produtora de Vdeo e Literatura para Surdos), 2001. (mimeo).

    Referncias Complementares: 1. CAPOVILLA, Fernando Csar, RAPHAEL, Walkria Duarte. Dicionrio

    Enciclopdico Ilustrado Trilnge da Lngua de Sinais Brasileira. V.1. Sinais de

    A a L. 3 edio. So Paulo: Editora da universidade de So Paulo, 2006.

    2. Dicionrio virtual de apoio: http://www.acessobrasil.org.br/libras/

    3. Dicionrio virtual de apoio: http://www.dicionariolibras.com.br/

    4. Legislao Especfica de Libras MEC/SEES-Phttp://portal.mec.gov.br/seesp

    5.Brasil. Lei 10.436, de 24 abril 2002. Dispe sobre a Lngua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e d outras providncias. Disponvel em: Acesso em: 24 setembro de 2011.

    6.Brasil. Decreto 5626, de 22 dez 2005 - Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispe sobre a Lngua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 24 setembro de 2011.