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Lógica Jurídica

Apostila de Logica Juridica - Texto Dos PPS

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Lógica Jurídica

 

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LÓGICA JURÍDICA

Origem da Lógica Jurídica; Conhecimento sensível e conhecimento intelectual; O pensamento lógico; Lógica: conceito, objeto e divisão; Princípios lógicos; Conceito e termo: extensão e compreensão; Inferências mediatas; Valor do silogismo: sofismas; Metodologia: análise e síntese, intuição, compreensão dialética; Lógica e teoria da argumentação; Tipos clássicos de argumento e sua estrutura lógica; História do Direito; Direito Romano; O Direito como ciência. LÓGICA CONHECIMENTO Etimologicamente: LÓGICA vem do grego logos, que significa palavra, expressão, pensamento, conceito. A LÓGICA se ocupa com a razão e com o pensamento. LÓGICA  Como surgiu a LÓGICA? Quem foi o seu criador? Qual o “por quê” da sua criação? É uma ciência ou parte integrante da filosofia? O que é ciência? O que é filosofia?

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LÓGICA - Filosofia ou Ciência? Filosofia: philo = amante sofia = sabedoria Início: questionamento do homem sobre o universo O homem começou a pensar a partir do momento que se viu cercado pelo problema, pelo mistério, adquirindo consciência de sua dignidade pensante Ex: roda Desde então o filósofo refletia sobre todos os pontos da indagação humana. A partir do século XVII Galileu promoveu uma “revolução metodológica”, ofertando o renascimento da ciência Ciência: estuda a particularidade de cada assunto. LÓGICA - Origem

1. Tudo era um mito, a natureza e a “divindade eram responsáveis por tudo;

2. Surgimento da filosofia

3. Sofistas e Dialética: filósofos que se espalhavam para ofertar educação; a

arte do diálogo

4. Platão: tentou argumentos morais

5. Sócrates : Método intuitivo: busca da contradição - Negação por absurdo

Contudo, faltava alguém para ordenar (formalizar) este método - A busca do argumento correto

Aristóteles (384 aC – 322 aC)

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Filósofo grego, considerado um dos maiores pensadores de todos os tempos, é o “genitor intelectual” da LÓGICA. A LÓGICA, tal como nos é apresentada hoje, iniciou-se com os gregos. Mas foi especialmente com Aristóteles, que a LÓGICA adquiriu a sua completude e perfeição. Através da organização das idéias e criação de métodos, Aristóteles ofereceu ao mundo a sua obra denominada Organum Aristóteles desenvolveu a LÓGICA, como forma de chegar a um conhecimento “coerente’ com intuito de demonstrar a verdade das “coisas”. Sua preocupação era com as formas de raciocínio que, a partir de conhecimentos considerados verdadeiros, permitiam obter novos conhecimentos. Formulação de leis gerais de encadeamentos de conceitos, que levariam à descoberta de novas verdades Formalização de padrões de raciocínio Argumento Além da LÓGICA, Aristóteles prestou contribuições fundamentais em diversas áreas do conhecimento humano, destacando-se: ética, política, física, metafísica, psicologia, poesia, retórica, zoologia, biologia. A LÓGICA de Aristóteles recebeu o qualificativo de Clássica e atravessou séculos quase que intacta recebendo a atenção de pensadores estudiosos como: Kant, Tomás de Aquino, Francis Bacon, Descartes, Locke, Hobbes, Spinosa, Stuart Mill, entre outros A LÓGICA foi desenvolvida por um filósofo... A LÓGICA é um elemento da filosofia? A LÓGICA representa um "vestíbulo" ou uma "antesala" ao exercício filosófico do que propriamente um tentáculo da filosofia. LÓGICA  Aristóteles, por exemplo, a considerava um instrumento utilizado na filosofia a fim de proporcionar maior precisão e rigor em seus argumentos. Mas a LÓGICA não é de propriedade exclusiva do filósofo.

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Todo aquele que deseja entender e desenvolver raciocínios matemáticos e científicos deveria estudá-la. LÓGICA - Definições A LÓGICA é a ciência que estuda as leis gerais do pensamento e da arte de aplicá-las corretamente na investigação e demonstração da verdade dos fatos. LÓGICA é a arte que dirige o ato da razão, que nos permite progredir em ordem, facilmente e sem erro. (Tomas de Aquino) A LÓGICA é, portanto, uma disciplina propedêutica (que serve de introdução), é o vestíbulo da filosofia, ou seja, a antesala, o instrumento que vai permitir o caminhar rigoroso do filósofo do cientista (Aranha & Martins, 1993, p.79) PONTOS BÁSICOS E PRINCIPAIS DA LÓGICA A LÓGICA possibilita: Ordenar os pensamentos a fim de evitar o erro e alcançar a verdade; Permite ao ser humano dar passos de desenvolvimentos com mais segurança EXERCÍCIO Nº 01 É sabido por todos, inclusive divulgado na própria mídia, das dificuldades e desafios existentes para conquistar um bom desempenho na carreira jurídica. O desafio tem seu início ao final da graduação: seja para conquistar a inscrição na OAB; seja para o ingresso na carreira pública. Entretanto, diante das dificuldades iniciais que visualizamos, muitas vezes, nos deparamos com profissionais satisfeitos com suas escolhas, seja na esfera pública ou privada. Diante dos “ideais” formados no decorrer dos anos para o seu ingresso na carreira jurídica, apresente os seus argumentos, justificando a sua escolha pela ciência do direito, bem como, as suas expectativas para o futuro dentro do universo jurídico.

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LÓGICA JURÍDICA Bibliografia Básica ALVES, Alaôr Caffé. Lógica – pensamento formal e argumentação –

elementos para o discurso jurídico. Bauru: EDIPRO, 2000. COELHO, Fábio Ulhoa. Roteiro de lógica jurídica. São Paulo: Max Limonad,

2000. FERRAZ JÚNIOR, Tercio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica,

decisão, dominação. São Paulo: Atlas, 1994. PERELMAN, Chaïm. Ética e direito. São Paulo: Martins Fontes, 1996. REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19.ed. São Paulo: Saraiva, 1999. REALE, Miguel. O direito como experiência: uma introdução à

epistemologia jurídica. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1992.   Bibliografia Complementar BITTAR, Eduardo C.B. & ALMEIDA, Guilherme de Assis de. Curso de filosofia do

direito. São Paulo: Atlas, 2002. POLTRONIERI, Renato. Lições preliminares de lógica formal e jurídica. São

Paulo: Juarez de Oliveira, 2002. RANGEL JÚNIOR, Hamilton. Princípio da moralidade institucional: conceito,

aplicabilidade e controle, na constituição de 1988. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2001.

STRENGER, Irineu. Lógica jurídica. São Paulo: LTr, 1999.   

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Lógica Jurídica   CONHECIMENTO O QUE É CONHECIMENTO? Dicionário Aurélio:  

1. Ato ou efeito de conhecer;  2. Faculdade de conhecer; 3. Ideia, noção; informação, notícia.  

CONHECIMENTO      “ Conhecimento é a relação que se estabelece entre sujeito que conhece ou deseja conhecer e o objeto a ser conhecido ou que se dá a conhecer.” Cortella (1999),   Por que conhecer?     O Homem procura o conhecimento movido por duas necessidades intrínsecas: 

• sobrevivência  • evolução 

 Como se adquire o conhecimento?  

• Estudo; • Pesquisa; • Experiências  • (individual ou social) 

 Quais os tipos de conhecimento adquiridos?

• Sensível • Intelectual 

 O que é conhecimento SENSÍVEL?  Conhecimento adquirido através dos sentidos:  

• Visão  • Audição • Olfato • Tato  • Paladar 

SÓ O HOMEM ADQUIRE O CONHECIMENTO SENSÍVEL? CONHECIMENTO SENSÍVEL  

• SENSAÇÃO: depende do órgão sensório; • PERCEPÇÃO:é a consequência da sensação – registro da sensação; • IMAGEM:é o que fixa na consciência. 

  

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O QUE É CONHECIMENTO INTELECTUAL?    O CONHECIMENTO produzido através do raciocínio, através do estudo, da pesquisa, do interesse.  Quem pode adquirir o conhecimento intelectual?  

• Homem  • Raciocínio 

Os filósofos gregos o denominaram de episteme (opinião verdadeira)  CONHECIMENTO INTELECTUAL DIVISÃO METODOLÓGICA  

• Científico • Filosófico • Teológico (religioso) • Popular 

 CONHECIMENTO CIENTÍFICO Métodos utilizados para conhecer  objeto/assunto/situação  Leis fenômeno  Utiliza instrumentos  CONHECIMENTO CIENTÍFICO

• Real, factual: lida com ocorrências;  • Contingente: suas proposições ou hipóteses têm a sua veracidade ou falsidade conhecida através da 

experimentação e não pela razão;  • Sistemático: saber ordenado logicamente, formando um sistema de ideias (teoria) e não conhecimentos 

dispersos e desconexos; • Verificável: as hipóteses que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. • Falível: em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final; • Aproximadamente exato: novas proposições e o desenvolvimento de novas técnicas podem reformular o 

acervo de teoria existente.  CONHECIMENTO FILOSÓFICO

• Fruto do raciocínio e da reflexão humana; • Busca dar sentido aos fenômenos gerais do universo, ultrapassando os limites formais da ciência ; • Procura responder às grandes indagações do espírito humano, buscando até leis mais universais que 

englobem e harmonizem as conclusões da ciência.   CONHECIMENTO FILOSÓFICO  

• A essência (o que é?) • A origem (de onde vem?) • Seu destino ( para onde vai?) • Seu sentido (por que?) • Conhecimento Teológico • Apoia‐se em doutrinas que contêm proposições sagradas, valorativas, por terem sido reveladas pelo 

sobrenatural, inspiracional e, por esse motivo, tais verdades são consideradas infalíveis, indiscutíveis e exatas.  

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CONHECIMENTO TEOLÓGICO  O conhecimento religioso ou teológico parte do princípio de que as verdades tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em revelações da divindade, do sobrenatural.  CONHECIMENTO POPULAR  É o modo comum, corrente e espontâneo de conhecer, que se adquire no trato direto com as coisas e os seres humanos.   "É o saber que preenche a nossa vida diária e que se possui sem o haver procurado ou estudado, sem a aplicação de um método e sem se haver refletido sobre algo". (Babini, 1957:21).   

Aula 2 B

Lógica Jurídica   Lógica Formal Lógica Jurídica   LÓGICA FORMAL Conceitos Utilizados  

• IDEIA • TERMO • JUÍZO • PROPOSIÇÃO • PREMISSA • INFERÊNCIA • RACIOCÍNIO 

   LÓGICA FORMAL Conceitos Utilizados  IDEIA: representação intelectual de um objeto � fato � pessoa   Vale lembrar que quando se pensa em algo intangível (sentimento), não se faz representação mental, e sim, concebe‐se uma idéia, dá‐se um sentido ao que se pensou.  LÓGICA FORMAL Conceitos Utilizados  TERMO: expressão da idéia  

• Unívoco: uma única idéia: Homem (ser humano); Deus (divindade); • Equívoco: quando se aplica a diversas idéias: manga (fruta ou roupa) calor (temperatura “tempo” ou 

“humana”); • Análogo: idéias que se relacionam por alguma semelhança: grandeza, riqueza, poder; doença, miséria 

pobreza 

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 LÓGICA FORMAL Conceitos Utilizados  JUÍZO: é o ato pelo qual se obtém condições de afirma ou negar, para finalmente julgar, emitir opinião.  É o ato de procurar a informação, para que eu possa associar aos termos, os quais eu pretendo associar e justificar alguma a “ideia” ou melhor o termo    LÓGICA FORMAL Conceitos Utilizados   JUÍZO   Homem   x   Liberdade (indivíduo)  LÓGICA FORMAL Conceitos Utilizados  Todo homem é livre   AFIRMAÇÃO  Nem todo homem é livre   NEGATIVA  

(indivíduo)   LÓGICA FORMAL Conceitos Utilizados  Juízo x Proposição  Proposição = é a forma de expressar e/ou expor “verbalmente” o juízo.  LÓGICA FORMAL Conceitos Utilizados  Proposição ñ é = a Preposição  

• Proposição: lógica formal  

• Preposição: palavra invariável que liga oração ou parte da oração    LÓGICA FORMAL Conceitos Utilizados  PREMISSA  É a forma “expressa”, do juízo, utilizada na construção de argumentos.   

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LÓGICA FORMAL Conceitos Utilizados  INFERÊNCIA  Processo ao qual chegamos a uma conclusão   LÓGICA FORMAL Conceitos Utilizados  RACIOCÍNIO  É o ato pelo qual o homem adquire novos conhecimentos, ou seja, do conhecimento inicial, ele é capaz de adquirir novos conhecimentos.   LÓGICA FORMAL Conceitos Utilizados  RACIOCÍNIO  O raciocínio baseia‐se no antecedente (já conhecido), para ir ao consequente (que deseja conhecer).   LÓGICA FORMAL Conceitos Utilizados  RACIOCÍNIO  Alguns afirmam que o raciocínio é o progresso da ciência.   LÓGICA FORMAL Conceitos Utilizados  Argumentação  Operação discursiva que organiza juízos, para deles, extrair uma conclusão, um convencimento   LÓGICA FORMAL Conceitos Utilizados  Argumentação  Toda baleia é um mamífero; Peixe não é mamífero; Logo, baleia não é peixe. 

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LÓGICA 

Objetivo fundamental: 

Dirigir  e orientar os  atos do pensamento para o  encontro  e demonstração da  verdade, utilizando a  análise das leis do pensamento, o estudo e a melhor maneira de aplicá‐lo. 

Termos Utilizados 

• IDEIA 

• TERMO 

• JUÍZO 

• PROPOSIÇÃO / PREMISSA 

• INFERÊNCIA 

• RACIOCÍNIO 

 

EXTENSÃO E COMPREENSÃO DOS TERMOS 

 

O QUE É TERMO 

TERMO: expressão da idéia 

• Unívoco: uma única idéia: Homem (ser humano); Deus (divindade); 

• Equívoco:  quando  se  aplica  a  diversas  idéias:  manga  (fruta  ou  roupa)  calor (temperatura “tempo” ou “humana”); 

• Análogo:  idéias  que  se  relacionam  por  alguma  semelhança:  grandeza,  riqueza, poder; doença, miséria pobreza 

 

Ideia   Termo 

A  ideia  e  consequentemente  o  termo,  poderá  oferecer  em muitas  situações  variações, significados diversos. 

• Homem: sexo masculino   animal racional 

• Manga: fruta   peça do vestuário 

 

Remissão  

ou  

Remição? 

 

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Ciência Jurídica: verbal e oral  

Remissão: perdão, abrir mão de algo  

Remição: quitação   pagamento 

Dica Concurso: remissão: (perdão = missa = remissão) 

 

EXTENSÃO E COMPREENSÃO DOS TERMOS 

 

Para que  se possa  trabalhar  com o  argumento  (o  seu  convencimento perante  terceiros demonstrando  a  verdade  e/ou  erro),  a  lógica  ofereceu  aos  termos  a  metodologia  da COMPREENSÃO e  EXTENSÃO. 

 

COMPREENSÃO E EXTENSÃO  DOS TERMOS 

• COMPREENSÃO: é o conteúdo da idéia e a sua significação Diz respeito às qualidades que identificam o termo. Ex: HOMEM: abriga as seguintes qualidades: animal, mamífero, bípede, indivíduo e racional 

 

COMPREENSÃO E EXTENSÃO  DOS TERMOS 

• EXTENSÃO: é o conjunto de  elementos, de formas, de objetos designados por um único termo Ex: Homem   Pedro, Paulo, João 

Ex: Metal   ouro, prata, chumbo  

 

COMPREENSÃO E EXTENSÃO  DOS TERMOS 

COMPREENSÃO 

(idéia) 

EXTENSÃO 

Mulher  Bonita, inteligente, alegre, carinhosa, tranquila, consumista 

Veículo  de passeio, esportivo, utilitário, táxi, 

 

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VERDADE 

O que é verdade? 

 

Lógica Formal: verdade e erro 

O que é uma verdade? 

Dicionário Aurélio:  

1 Aquilo que é ou existe iniludivelmente.  

2 Conformidade das coisas com o conceito que a mente forma delas.  

3 Concepção clara de uma realidade.  

4 Realidade, exatidão.  

5 Sinceridade, boa‐fé. 

6 Princípio certo e verdadeiro; axioma.  

7 Juízo ou proposição que não se pode negar racionalmente.  

8 Conformidade do que se diz com o que se sente ou se pensa.  

 

Lógica Formal: verdade e erro 

Dicionário Jurídico 

Verdade – S.f. Caráter daquilo que é verdadeiro. 

Voltaire: “Humanamente falando, definamos a verdade: aquilo que se enuncia tal qual é.”  

Para Aristóteles, “é aquilo que é”.  

E para Santo Tomás de Aquino, doutor da Igreja Católica Romana, “perfeita adequação da inteligência à coisa”.  

Para concluir, 

é a conformidade perfeita da consciência e do pensamento com a vontade declarada, ou da idéia com o seu objeto. 

Qualidade  do  que  se  apresenta  aos  nossos  sentidos  como  existente,  de  maneira inequívoca. 

Comentário:  Reputa‐se  LITIGANTE  de  má‐fé  aquele  que  alterar  intencionalmente  as verdades dos fatos. A ausência da verdade é o erro (CPC, arts. 14, I e 17, II).  

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CAPÍTULO II DOS DEVERES DAS PARTES E DOS SEUS PROCURADORES 

Seção I Dos Deveres 

Art. 14. São deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma participam do processo:  

I ‐ expor os fatos em juízo conforme a verdade; 

... 

Art. 17. Reputa‐se LITIGANTE de má‐fé aquele que:  

...  

II ‐ alterar a verdade dos fatos;   

 

Conceituações da Verdade 

• Correspondência entre o conhecimento e o objeto: é o acordo dos pensamento com os seus objetos (uma compreensão – o conceito criado por Aristóteles); 

• Coerência Lógica: um juízo será verdadeiro quando se ajustar às normas e leis do pensamento (ciência/sociedade); 

• Utilidade  Prática:  é  o  conceito  de  funcionabilidade  e  de  utilidade  que  vai prevalecer. (eficácia) 

 

COERÊNCIA LÓGICA  X  

CIÊNCIA DO DIREITO 

SEÇÃO V Da Cobrança de Dívidas 

Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor  inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. 

Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia  indevida  tem direito à  repetição do indébito,  por  valor  igual  ao  dobro  do  que  pagou  em  excesso,  acrescido  de  correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável. 

COERÊNCIA LÓGICA  X  

CIÊNCIA DO DIREITO 

Em se tratando de processos, a VERDADE deverá ser demonstrada com o auxílio da lógica, advinda  do  juízo,  que  certamente  será  apresentado  em  forma  de  provas  documentos, testemunhas, depoimentos, etc. 

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VERDADE X INTELIGÊNCIA 

Para chegar à “verdade lógica” deve‐se usar a inteligência. 

O que é inteligência? 

 

Dicionário Aurélio 

1. Faculdade de entender, pensar, raciocinar e interpretar; entendimento, intelecto;  2. Compreensão, conhecimento profundo;  3. Filos  Princípio  espiritual  e  abstrato  considerado  como  a  fonte  de  toda  a 

intelectualidade.  

Entretanto,  a  inteligência  poderá  deparar‐se  com  circunstâncias  alheias  a vontade/necessidade 

 

VERDADE X INTELIGÊNCIA 

• Ignorância  

Ausência do saber.  É  o  estado  puramente  negativo,  consiste  na  ausência  de  qualquer conhecimento relativamente a um objeto. 

• Dúvida  

É  o equilíbrio entre a afirmação e negação. 

 

VERDADE X INTELIGÊNCIA 

• Opinião Ao contrário da dúvida, consiste em afirmar, porém, admitindo que outras razões possam  levar a negar  (opinião contrária). A opinião depende da probabilidade e dos raciocínios das razões em que se baseia. 

• Probabilidade (estatística ou matemática):  Dá se quando todos os casos possíveis são da mesma natureza em número finito e conhecido a priori. Nesses casos pode ser avaliado sobre uma forma de fração, na qual o numerador representa o número de casos favoráveis. 

Ex:  Se  uma  urna  contém  4  bolas  pretas    6  brancas,  a  probabilidade  de  saírem  4  bolas pretas são, 4 em 10.  

 

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Aula Anterior  Compreensão e Extensão dos Termos 

• Compreensão (conteúdo e significação da idéia/termo); • Extensão: atributos que serão inseridos na compreensão 

 Verdade 

• Concepção clara de uma realidade.  • A verdade apresenta somente dois valores: verdadeiro ou falso. 

 Como é demonstrada a verdade no processo? 

• Através das provas  Inteligência Faculdade de entender, pensar, raciocinar e interpretar; entendimento, intelecto;   Circunstâncias alheias a vontade/necessidade da inteligência: 

• Ignorância • Dúvida • Opinião • Probabilidade  

  

A Verdade e a Análise do Raciocínio  

Análise de Raciocínio • Toda baleia é um mamífero;  • Nenhum peixe é mamífero;  • Logo nenhuma baleia é peixe. (conclusão) 

Da verdade de cada juízo, verifica‐se a verdade da conclusão.   Análise de Raciocínio 

• R1 ‐ Em uma sala encerada, ao passar um jogador de futebol, calçado com uma chuteira, certamente ficará um rastro .::. 

• R2 ‐ Ora, aqui na sala há rastros .::.  • Logo por aqui passou um jogador de futebol. 

Embora os juízos sejam verdadeiros, a conclusão não significa a verdade do primeiro juízo. O primeiro raciocínio é demonstrativo o segundo apresenta uma probabilidade.   CERTEZA  O que é certeza? 

• Certeza: É o estado da inteligência onde é possível visualizar a verdade.  • O que caracteriza a “certeza” é a evidência.  

 O que é evidência? 

• Qualidade daquilo que é evidente, que é incontestável, que todos vêem ou podem ver e verificar.  • E. de fato: a que se adquire pela observação.  • E. de razão: a que se obtém por meio do raciocínio.  • E. de sentimento: aquilo que nos parece exato só pelo sentimento, sem o exame da razão.  • E. dos sentidos ou evidência sensível: testemunho dos sentidos e das  impressões que eles nos comunicam, 

desde que considerados como elementos de convicção.  CERTEZA 

• O que  caracteriza  a  “certeza”  é  a  “evidência”. ou  seja,  a  forma  com que  a  verdade  se  apresenta para  a inteligência.  

 

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ERRO  O QUE É O ERRO? 

• Dá‐se quando “verdade lógica” (advinda dos juízos/raciocínio) não condiz com a coisa, objeto, situação, com a qual esta se analisando, afirmando.  

• Erro é considerado o oposto da verdade, ou seja, a não conformidade do juízo com as coisas. • Trata‐se das diferenças entre o raciocínio e o objeto do raciocínio 

 Há diferença entre erro, ignorância e engano? 

• Erro: inconformidade dos juízo com as coisas; • Ignorância: o não saber • Engano: consiste em não saber e afirmar sob o pressuposto que se sabe 

 O erro em lógica chama‐se FALSIDADE, oferecendo assim, conclusões falsas; No aspecto moral, quando se erra conscientemente, chama‐se mentira.  

A PRÁTICA JURÍDICA  CERTEZA  

• Diversos estados da inteligência diante da verdade estão ligados à prova, e, consequentemente, à sentença. • Prova: é a soma dos meios produtores de certeza; nos processos, a prova tem por objeto a certeza.  

 IGNORÂNCIA  

• No universo jurídico, não se pode alegar a ignorância de uma lei, para justificar a ocorrência de um ato ilícito e/ou crime. 

 LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL 

 Decreto‐Lei n° 4657, de 4 de setembro de 1942 

 Art. 3° ‐ Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. 

 Ficção Jurídica: Todos devem conhecer as leis 

 OPINIÃO  

• A opinião pode aparecer num processo na forma de parecer de um jurista, dando a sua interpretação para a lei, dentro do assunto que envolve o processo, ou até mesmo, com os julgados dos nossos tribunais.  

• Assim, as razões apoiadas em pareceres e jurisprudências, poderão ser aceitas ou não.   A RAZÃO 

• Em nossa vida cotidiana usamos a palavra razão em muitos sentidos:   

• Quando temos certeza de alguma coisa:, “eu estou com a razão”, ou “ele não tem razão”; • Num momento de fúria ou de desespero: “fulano perdeu a razão”; • “Agora ela está lúcida, recuperou a razão”. • “Se você me disser suas razões, sou capaz de fazer o que você me pede” • Quais foram as razões que levaram este sujeito a cometer este crime? • Como se a razão fosse alguma coisa que se pode ter ou não ter, possuir e perder, ou recuperar. 

 Assim, usamos “razão” para nos  referirmos a “motivos” de alguém, e  também para nos  referirmos a “causas” de alguma coisa, de modo que tanto nós quanto as coisas parecemos dotados de “razão”, mas em sentido diferente. Esses poucos exemplos já nos mostram quantos sentidos diferentes a palavra razão possui: certeza, lucidez, motivo, causa 

Page 19: Apostila de Logica Juridica - Texto Dos PPS

A RAZÃO  De acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa: 

1. O conjunto das faculdades anímicas (alma) que distinguem o homem dos outros animais;  2. O entendimento ou inteligência humana;  3. A  faculdade de  compreender as  relações das  coisas e de distinguir o verdadeiro do  falso, o bem do mal; 

raciocínio, pensamento; opinião, julgamento, juízo.  4. A faculdade que refere todos os nossos pensamentos e ações a certas regras consideradas imutáveis.  

 A RAZÃO     Filos  

a) faculdade de raciocinar discursivamente; b) conhecimento natural que não foi revelado por Deus;  c) sistema de princípios cuja verdade não depende da experiência;  d) relação constante;  e) princípio formal de um ser; f)  motivo legítimo.  

 O que é razão? 

• é o nome que damos à “consciência” intelectual¹ e moral²  • O conhecimento científico, da realidade natural, social, psicológica, histórica • Observa as paixões, orienta a vontade e oferece finalidades éticas para a ação  

 Ter razão:   

• Estar com a verdade, argumentar com justos motivos;  • Pensar ou julgar segundo o que se considera verdadeiro;  • Ter fundamento ou motivo para o que se diz ou faz.  

  

Princípios da Lógica As “leis” formais do pensamento 

 Princípios  

• Verificamos que a verdade se apresenta em dois valores: verdadeiro ou falso. • Para  que  possamos  erigir  raciocínios  (formalmente)  válidos  devemos,  segundo  os  lógicos,  atentar  para 

quatro princípios ou leis evidentes, capazes de servir‐nos de critério para o conhecimento verdadeiro.   São eles:  Princípio da Identidade  

• Aquele que afirma a identidade de determinada coisa com ela mesma.  • Pode ser assim enunciado: Toda coisa é o que é  • Ele afirma que uma coisa, seja ela qual  for  (um ser da Natureza, uma  figura geométrica, um ser humano, 

uma obra de  arte, uma  ação),  só pode  ser  conhecida e pensada  se  for percebida e  conservada  com  sua identidade.  

 Princípio da Identidade  

• A é A • Árvore é Árvore • Homem é homem 

Verifiquem que o sujeito e o predicado denotam a mesma coisa.  

Page 20: Apostila de Logica Juridica - Texto Dos PPS

PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO  

• Um argumento  (ou as premissas que deles  fazem parte), não podem  ser verdadeiros ou  falso ao mesmo tempo, sob o mesmo ponto de vista. 

• A é A, e, é impossível que ele seja, ao mesmo tempo na mesma relação não ‐A  PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO  

• O réu é inocente  • Não pode ser considerado inocente e culpado ao mesmo tempo e sob o mesmo ponto de vista • Duas  normas  de  direito  que  se  contradizem  não  podem  ser  consideradas  ao mesmo  tempo  e  para  o 

mesmo caso. • lex posteriori derrogat priori (lei posterior, derroga lei anterior) 

 PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO  

• Este princípio define a decisão de um dilema ‐ “ou isto ou aquilo” ‐ e exige que apenas uma das alternativas seja verdadeira.  

• “Ou A é x ou é y e não há terceira possibilidade”.  • “Ou este homem é Sócrates ou não é Sócrates” • “Ou faremos a guerra ou faremos a paz”.   

 PRINCÍPIO DA RAZÃO SUFICIENTE ou CAUSALIDADE 

• Decorre  da  observação  da  anterioridade  de  um  evento  para  a  inevitável  ocorrência  de  outro  como  seu consequente. 

• Afirma que tudo o que existe e tudo o que acontece tem uma razão (causa ou motivo) para existir ou para acontecer. 

 

Page 21: Apostila de Logica Juridica - Texto Dos PPS

AULA ANTERIOR 

 

 

PRINCÍPIOS DA LÓGICA 

Para que possamos elaborar  raciocínios  (formalmente) válidos devemos, segundo os  lógicos, atentar  para  quatro  princípios  (ou  leis  evidentes),  capazes  de  servir‐nos  de  critério  para  o conhecimento verdadeiro.  

  PRINCÍPIOS DA LÓGICA 

1. PRINCÍPIO DA  IDENTIDADE: a necessidade de  identificar determinada  coisa  com ela mesma. 

2. PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: determinada coisa não pode ser ao mesmo tempo verdade ou erro sob o mesmo ponto de vista. 

3. PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: utilizado para definir a a decisão de um dilema: ou isso ou aquilo, exigindo que uma das opções seja a verdadeira.  Ex: Esta professora é Ana Paula ou não é Ana Paula; 

4. PRINCÍPIO  DA  RAZÃO  SUFICIENTE:  Afirma  que  tudo  o  que  existe  e  tudo  o  que acontece tem uma razão (causa ou motivo) para existir ou para acontecer. 

 

PRINCÍPIOS DA LÓGICA NA PRÁTICA JURÍDICA 

Nesta oportunidade estarei apresentando a minha opinião para o  crime ocorrido no último final de semana (22/03/09), onde o ex‐jogador de futebol está sendo acusado de matar a ex‐companheira, jovem de 18 anos de idade. 

Não há qualquer dúvida em relação ao óbito, haja vista, a necropsia realizado no IML Central de São Paulo, e a consequente cerimônia fúnebre. 

No caso em tela, só é possível constatar duas possibilidades: houve um homicídio provocado pelo  ex‐jogador  ou  a  vítima  provocou  o  suicídio.  Qualquer  outro  tipo  penal,    pode  ser descartado, considerando apenas a presença do casal e de uma criança com um pouco mais de um ano de idade. 

A  minha  opinião,  antes  da  conclusão  da  investigação  e  posterior  inquérito,  é  de  que, realmente foi praticado um homicídio pelo ex‐jogador de futebol, visto que, a vida em comum do então casal, pode ser resumida: com agressões advindas de violência doméstica; a fuga da jovem para o Estado de São Paulo, na companhia do filho menor.  

Certamente esta “fuga”, foi constituída de uma única intenção: o encontro da paz interior e o equilíbrio  emocional  para  sua  vida  e  de  seu  filho,  entretanto,  sua  intenção  foi  extinta  com inúmeras facadas, que resultou no evento de sua morte. 

Page 22: Apostila de Logica Juridica - Texto Dos PPS

PRINCÍPIOS DA LÓGICA NA PRÁTICA JURÍDICA 

1. PRINCÍPIO  DA  IDENTIDADE:  Nesta  oportunidade  estarei  apresentando  a  minha opinião  para  o  crime  ocorrido  no  último  final  de  semana  (22/03/09),  onde  o  ex‐jogador de futebol está sendo acusado de matar a ex‐companheira, jovem de 18 anos de idade. (é o que é)  

 2. PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: Não há qualquer dúvida em relação ao óbito, haja 

vista, a necropsia realizado no  IML Central de São Paulo, e a consequente cerimônia fúnebre. (determinada coisa não pode ser uma verdade ou um erro ao mesmo tempo)  

  

3. PRINCÍPIO DO  TERCEIRO  EXCLUÍDO: No  caso  em  tela,  só  é  possível  constatar  duas possibilidades: houve um homicídio provocado pelo ex‐jogador ou a vítima provocou o suicídio.  Qualquer  outro  tipo  penal,    pode  ser  descartado,  considerando  apenas  a presença do casal e de uma criança com um pouco mais de um ano de idade. (ou isso ou aquilo)  

 4. PRINCÍPIO  DA  RAZÃO  SUFICIENTE:  A  minha  opinião,  antes  da  conclusão  da 

investigação e posterior inquérito, é de que realmente foi praticado um homicídio pelo ex‐jogador de  futebol, visto que, a vida em comum do casal, pode ser  resumida por agressões  advindas  de  violência  doméstica,  a  fuga  da  então  companheira  para  o Estado  de  São  Paulo,  na  companhia  do  filho menor,  onde  esta  imaginou  que  ela poderia ser encontrado a paz e a segurança tão almejados, entretanto, seu sonho foi extinto  com  inúmeras  facadas,  que  resultou  no  evento morte  (toda  causa  tem  um motivo)  

 

PRINCÍPIOS DA LÓGICA 

Pelo  que  foi  exposto,  podemos  observar  que  os  princípios  da  lógica  apresentam  algumas características importantes: 

• não possuem um conteúdo determinado, pois são formas: indicam como as coisas devem ser e como devemos pensar, mas não nos dizem quais coisas são, nem quais os conteúdos que devemos ou vamos pensar; 

• possuem validade universal,  isto é, onde houver razão  (nos seres humanos e nas coisas, nos  fatos  e  nos  acontecimentos),  em  todo  o  tempo,  tais  princípios  são  empregados  e respeitado  por  todos  para  melhor  organização  e  consequente  entendimento  do “argumento”. 

• são úteis e muitas vezes  indispensáveis para o pensamento e para a verdade das coisas, dos fatos, dos acontecimentos e etc.  

 

 

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O QUE É UM ARGUMENTO 

Convencer, arguir (alegando, apontando, mostrar o que interessa), afirmar, declarar. 

É  expressão material  do  raciocínio.  Constitui‐se  das  proposições/premissas  que  formam  o “antecedente” e o “consequente” do raciocínio. 

O argumento é uma “criação”, do qual utilizamos para provar e convencer alguém, afirmando ou negando algum fato. 

Um argumento é um conjunto de *premissas que utilizamos para justificar algo. 

A premissa que desejamos justificar recebe o nome de conclusão. 

As  premissas  que  utilizamos  para  oferecer  elementos  para  a  conclusão  denominamos  de premissas 

*não esquecer que em  se  tratando de argumentos expostos de  forma verbal, utilizaremos o conceito “proposição” 

CRIANDO UM ARGUMENTO 

Imagine‐se,  na  empresa  da  qual  você  trabalha  há  anos  executando  funções  de  um  cargo superior  ao  seu,  porém,  esta  atribuição  não  é  “registrada  em  carteira”,  tão  pouco  a remuneração recebida, é compatível com a tal função.  

Qual seria a sua justificativa para regularizar este “equívoco”? 

Fui contratada pela empresa para executar a tarefa X com salário compatível. (Premissa 1) 

Há 08 meses, fui designada para cumprir a função de X+1, que me exige uma responsabilidade muito maior, da qual inicialmente fui contratada, porém, o meu salário continua referente ao inicial, qual seja X. (Premissa 2) 

Desta  forma,  diante  do  meu  desempenho  na  função  e  satisfação  do  que  vem  sendo desenvolvido, solicito que seja  feito o ajuste na minha atual  remuneração de X para “ X+1”. (Conclusão) 

Um argumento é um conjunto de premissas. 

Podemos afirmar que um conjunto de premissas pode ser um argumento? 

Nem  sempre.  Muitas  vezes  um  conjunto  de  premissas,  se  apresentam  como  afirmações sucessivas, se não vejamos: 

Eu trabalho na função x+1, mas João não. 

A Joana é nossa cliente. 

O Rui é prestador de serviço.  

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Neste caso, não temos um argumento, porque não há pretensão de justificar uma premissa (a conclusão) com base nas outras premissas.  

Nem há nenhuma pretensão de apresentar um conjunto de premissas com uma relação entre si.  

Existe apenas uma sequência de afirmações, que não nos oferece qualquer conclusão 

Um  argumento  é  um  conjunto  de  premissas,  em  que,  se  pretende,  que  uma  delas  (a conclusão)  seja  sustentada ou  justificada pelas  anteriores  –  antecedente  e  consequente.  (o que não acontece no exemplo anterior). 

Para que haja um argumento é necessário no mínimo duas premissas? 

Seria  possível  construir  um  argumento  com  uma  premissa,  e  na  sequencia  já  oferecer  a conclusão? 

Um  argumento pode  ser  composto por uma ou mais premissas, mas  só poderá  apresentar uma conclusão. 

 

Exemplo de argumento com uma só premissa:  

Exemplo 1  

P: Todos os brasileiros são sul‐americanos. 

C: Logo, alguns sul‐americanos são brasileiros.  

 

Exemplo de Argumento com duas premissas:  

P1: Todos os alunos do 8º semestre estudam filosofia. 

P2: O Pafuncio é um aluno do 8º semestre. 

C: Logo, o Pafuncio estuda filosofia.  

 

É claro que a maior parte das vezes os argumentos não se apresentam didaticamente como está sendo demonstrado.  

Vejam, por exemplo, no argumento de Kant a favor do valor objetivo da felicidade: 

"De um ponto de vista imparcial, cada pessoa é um fim em si. Mas se cada pessoa é um fim em si, a felicidade de cada pessoa tem valor de um ponto de vista imparcial e não apenas do ponto de vista de cada pessoa. Dado que cada pessoa é realmente um fim em si, podemos concluir que a felicidade tem valor de um ponto de vista imparcial." 

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Neste argumento, a conclusão está claramente  identificada  ("podemos concluir que…"), mas nem sempre isto acontece.  

Contudo, há certas expressões que nos ajuda a perceber qual é a conclusão do argumento e quais são as premissas.  

Repara, no argumento anterior, na expressão "dado que".  

Esta expressão é um  indicador de premissa: entende‐se que a  sequência desta expressão é uma premissa do argumento.  

Muitas vezes na leitura de um texto, nem sempre o autor constrói seu argumento de maneira clara. 

Existem algumas palavras que pode nos oferecer um parâmetro momentâneo para  indicação de conclusão e premissa. 

INDICADORES DE CONCLUSÃO  INDICADORES DE PREMISSAS 

Por tanto  Pois Por conseguinte  Desde que Assim  Como Dessa maneira  Porque Neste caso  Assumindo que Daí  Visto que Logo  Admitindo que De modo que  Isto é verdade por que Então  Em vista de Assim sendo  Como consequência de O qual  ‐ implica, acarreta, prova, significa – que  Como mostrado pelo fato de Do qual inferimos que  Dado que Resulta que  Sabendo‐se que Podemos deduzir que  Supondo‐se que   Ademais   É perceptível  

Argumento: LITIGÂNCIA DE MÁ FÉ 

Nobre  Julgadora,  ao  examinar  o  conteúdo  da  execução  proposta,  bem  como  os  presentes embargos e todo seu conjunto probatório, não é difícil concluir que a exordial possui caráter meramente aventureiro, e por que não dizer “vingativo”, uma vez que a Representante Legal, através de evasivas, foge às raias do bom senso com suas assertivas, adicionando informações que não compõem em nenhum momento a realidade dos fatos, tão pouco oferece razões para a propositura de tal ação. 

Primeiramente  se  faz  necessário  esclarecer,  que  diferentemente  do  é  apresentado  como “função” exercida pela Representante  Legal,  “prendas do  lar”, esta, encontra‐se  totalmente fora da  realidade,  considerando que a mesma   ocupa um  cargo no  setor administrativo, de uma grande empresa nacional 

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Ademais, é sabido que a denominação “empresário” por muitas vezes oferece a impressão de uma  pessoa  bem  sucedida,  cuja  empresa  é  detentora  de  receita  mensal  imensurável, principalmente, em  se  tratando de um ex‐marido, que  se encontra em outro Estado,  sendo impossível vislumbrar a realidade vivida por ele, com sua atual companheira. Daí a conclusão de que a execução proposta  tem um  lado oculto, que pode  ser delicadamente mencionado como ânimo de vingança. 

Além disso, conforme fora comprovado pelos documentos anexos, conclui‐se que ao acionar o Poder  Judiciário,  cobrando débitos  inexistentes, na  tentativa pura e  simples de prejudicar o Embargante, a idealizadora foge as regras do bom senso, e por que não dizer, da moral e dos bons costumes. Seria tal tentativa, possível de se caracterizar enriquecimento ilícito? Diante de todo o exposto, tudo é possível! 

Neste aspecto pode‐se concluir a  total  falta de  respeito da  idealizadora com os profissionais envolvidos nesta ação, incluindo Vossa Excelência,  haja vista o conteúdo de processos a serem apreciados, e que, certamente, foram proposto tão somente para que fosse ofertado a Justiça; diferentemente para o caso em tela. 

PEDIDO COM BASE NA LEGISLAÇÃO: Acredita‐se que seja prudente que o espírito aventureiro seguido do oculto “ânimo de vingança”, sejam advertidos em sentença, com a condenação de multa de 1% (um por cento) do valor da causa, culminado com os danos, e eventuais despesas que o Embargado efetuou, conforme preceitua o artigo 18, § 2º do Código de Processo Civil, para que seja mantida a ordem e o respeito ao nobre Poder Judiciário.