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 1 PMSC CURSO DE F ORM AÇÃ O DE CABOS EaD Sub Ten André Luiz Neves TEORIA DE POLÍCIA COMUNITÁRIA

Apostila de Policia Comunitaria CFC EaD III

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    PMSC

    CURSO DE

    FORMAO DE CABOS

    EaD Sub Ten Andr Luiz Neves

    TEORIA DE POLCIA COMUNITRIA

  • 2

    TEORIA DE POLCIA COMUNITRIA

    Nesta disciplina, vamos discorrer rapidamente sobre alguns

    temas que podem ser considerados fundamentais para compreender o que seja a

    polcia comunitria e como podemos evoluir para a prtica dessa filosofia.

    Polcia Comunitria uma filosofia e uma estratgia

    organizacional fundamentadas, principalmente, numa parceria entre a populao

    e as instituies de segurana pblica e defesa social, baseando-se na premissa

    de que tanto as instituies estatais, quanto populao local, devem trabalhar

    juntas para identificar, priorizar e resolver problemas que afetam a segurana

    pblica, tais como o crime, o medo do crime, a excluso e a desigualdade social

    que acentuam os problemas relativos criminalidade e dificultam o propsito de

    melhorar a qualidade de vida dos cidados.

    A parceria com a comunidade o elemento central da filosofa

    de Polcia Comunitria, que comporta e valoriza dois fatores, que frequentemente

    so dissociados e desvalorizados pelas instituies de segurana pblica e

    defesa social tradicionais: a identificao e resoluo de problemas sociais com a

    participao da comunidade e a preveno criminal, com o objetivo de

    proporcionar melhor qualidade comunidade, garantindo a tranquilidade s

    pessoas.

    Desta forma, a comunidade tem o direito de participar das

    decises sobre as prioridades das instituies defesa social, e as estratgias de

    gesto, como contrapartida da sua obrigao de colaborar com o trabalho da

    polcia no controle da criminalidade e na preservao da ordem pblica e defesa

    civil.

    APRESENTAO DA DISCIPLINA

  • 3

    A proposta da polcia comunitria implica numa mudana de

    paradigma no modo de ser e estar a servio da comunidade e,

    consequentemente, numa mudana de postura profissional perante o cidado.

    A filosofia de polcia comunitria uma estratgia organizacional

    que deve ser conhecida e utilizada por todas as instituies que prestam servio

    de defesa social e segurana pblica comunidade, que tem como objetivo

    promover uma cultura de paz social, tornando-se imprescindvel formao de

    profissionais de polcia no contexto desta filosofia.

    Ao final deste curso voc ser capaz de:

    Apresentar os fundamentos de Polcia Comunitria;

    Estabelecer a diferena entre Polcia Comunitria e

    Policiamento Comunitrio;

    Mostrar a diferena entre o modelo de polcia tradicional e

    polcia comunitria;

    Identificar a importncia da aplicao da filosofia de PC nas

    comunidades;

    Conhecer as atribuies e estrutura dos CONSEGs.

    O Curso ser dividido em 03 (trs) mdulos de estudo assim distribudos:

    1. Introduo ao Estudo da Polcia 1.1 A polcia atravs dos tempos; 1.2 Diferentes modelos de polcia; 1.3 Ideologias de polcia; 2. Diferenas entre Polcia Comunitria e Polcia Tradicional 2.1 Diferenas entre os modelos de atuao policial;

    OBJETIVOS DA DISCIPLINA

    ESTRUTURAO DA DISCIPLINA

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    3. Teoria de Polcia Comunitria 3.1 A Polcia Comunitria e a Constituio Federal 3.2 Conceito de polcia comunitria; 3.3 Princpios de polcia comunitria; 3.4 Polcia comunitria e policiamento comunitrio; 3.5 O que e o que no polcia comunitria; 3.6 Ameaas ao policiamento comunitrio. 3.7 Estruturao dos Conselhos Comunitrios de Segurana CONSEG

    3.7.1 A segurana pblica e a necessidade de participao social; 3.7.2 Os Conselhos Comunitrios de Segurana CONSEG; 3.7.3 Estrutura dos CONSEG e parcerias; 3.7.4 Legislao que regula o funcionamento dos CONSEG; 3.7.5 Atribuies dos membros natos;

    Ento, est pronto?

    Vamos ento aos estudos!

    Neste captulo voc poder compreender um pouco melhor a polcia, sua

    evoluo e as ideologias que sustentam o trabalho

    policial. Ir familiarizar-se com diferentes modelos de

    polcia e compreender o processo histrico-cultural que

    deu formao ao modelo policial brasileiro.

    Mas, de onde vem o termo polcia? A palavra

    polcia surge na antiga Grcia, como politeia,

    juntamente com o conceito de polis, que eram as

    cidades-estados gregas. O termo politeia designava a

    organizao poltico-administrativa da polis e significava o controle sobre a

    produo, sobre as relaes comerciais, sobre os comportamentos e sobre o

    progresso da polis. Ento, politeia dizia respeito ao sistema de governo vigente,

    ou seja, administrao pblica.

    1. INTRODUO AO ESTUDO DA POLCIA

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    Art. 78. Considera-se poder de polcia atividade da administrao pblica que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prtica de ato ou absteno de fato, em razo de interesse pblico concernente

    segurana, higiene, ordem, aos costumes, disciplina da produo e do mercado, ao

    exerccio de atividades econmicas dependentes de concesso ou autorizao do Poder Pblico, tranquilidade pblica ou ao

    respeito propriedade e aos direitos individuais

    ou coletivos.

    Agora ficou fcil entender a ligao entre o termo politeia e o termo polcia.

    Por definio, polcia est tambm ligada

    administrao pblica, ao

    controle das relaes

    comerciais, das relaes

    entre os cidados e

    produo. Por isso o

    conceito de Poder de

    Polcia no est definido

    na Constituio ou nos

    cdigos Penal e Civil. O conceito

    de Poder de Polcia est descrito no

    Cdigo Tributrio Nacional, em seu art. 78:

    No confunda Poder de Polcia com o poder da polcia. O poder da

    polcia est definido na Constituio Federal e nas demais legislaes sobre o

    tema. A polcia como instituio pblica, pode fazer somente aquilo que a lei

    permite e esse constitui o seu poder.

    1.1 A polcia atravs dos tempos

    Quando o ser humano passou a viver em sociedade, rapidamente

    percebeu que necessitava de um cdigo de convivncia e de um grupo de

    pessoas que fizesse a garantia do cumprimento desse cdigo de convivncia

    social. Seno, imperaria a lei do mais forte em prejuzo da paz e da tranqilidade.

    Quando surgiu a polcia? A histria da criao de uma instituio

    responsvel pela garantia da vida e da propriedade perde-se no tempo. Desde a

    poca em que o homem fixou-se terra abandonando a sua caracterstica

    nmade para produzir seu prprio alimento, houve necessidade de proteger a

    produo excedente. O excedente representava a garantia de sobrevivncia do

    grupo e, por isso, tinha grande valor. Havia necessidade, ento, de promover a

    salvaguarda desse valor bem como da vida em comum, justificando, desse modo,

    a organizao do grupo ou a designao de pessoas para defenderem-no do

    ataque de outros grupos.

    1.1 A POLCIA ATRAVS DOS TEMPOS

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    Essa organizao do grupo em nome da defesa da garantia de sua

    sobrevivncia acredita-se que seja o ponto de partida para a formao de um

    embrio das atuais instituies policiais.

    Poucos so os relatos histricos que fazem meno s instituies

    policiais ou organizaes com esse fim. Um desses poucos relatos, que remonta

    a antigos escritos egpcios e hebreus, encontrado na obra de Le Clre apud

    Marcineiro e Pacheco (2005, p. 23):

    (...) em cada tribo hebria, eram designados Intendentes de Polcia SARPAKALEK para policiarem os sditos e os vveres, e que a cidade de Jerusalm, para que o policiamento fosse mais eficiente, foi dividido (sic) em quatro setores-quarteires. Um dos primeiros faras do Egito Mens promulgou um cdigo em que seus sditos deveriam se cadastrar (recenseamento), e para tanto deveriam procurar os magistrados (com funes policiais), e finalmente instituiu a pena de morte para quem vivia do comrcio ilcito.

    Esse pequeno trecho mostra que a funo policial e a administrao da

    cidade esto diretamente vinculadas. De fato, no h Estado que prescinda de

    uma fora policial para garantir a ordem e o cumprimento das normas legais

    vigentes, pois sem uma fora para assegurar a convivncia pacfica entre as

    pessoas se instalaria a barbrie e a vida em grupo estaria ameaada.

    Assim, para que o grupo possa produzir evoluir e coexistir, necessria

    alguma garantia de que no sofrer sobressaltos e de que a vida e a propriedade

    sero respeitadas. Isso torna a polcia uma instituio indispensvel vida em

    sociedade.

    Na Idade Mdia a funo policial era geralmente entregue

    administrao dos feudos, que regulava os meios de produo e cobrava os

    impostos dos vassalos, alm, claro, de exercer a funo judiciria e de aplicar

    sanes. O modelo de instituio policial tornou-se praticamente invarivel nesse

    perodo, vindo a sofrer mudanas significativas somente no perodo iluminista, no

    sculo XVIII.

    A segurana pblica nessa poca era provida, em grande parte, pela

    organizao dos prprios cidados dos vilarejos, os quais se juntavam em grupos

    para patrulhar sua regio e proteg-la da ao de malfeitores.

    Mas o surgimento da polcia como instituio profissionalizada

    especialmente designada para manter a ordem e a paz social, vai ocorrer

    somente no sculo XIX, na Inglaterra. Em 1829, sir Robert Peel (clique no link

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    para saber quem foi este personagem), ento Ministro do Interior da Inglaterra,

    props a criao de uma instituio formada por civis pagos com o errio pblico

    para promover a segurana em Londres, cujos problemas de segurana estavam

    ficando fora de controle em razo da pobreza e da misria provocados pelo

    impacto da Revoluo Industrial (Miller e Ress, 2002, p. 4). Foi criada assim a

    Metropolitan Police of London [Polcia Metropolitana de Londres]. Essa instituio

    tinha como finalidade a proteo social e a garantia dos direitos e deveres de

    cada cidado. Para tanto, era baseada em alguns princpios bsicos, os quais,

    apesar do tempo em que foram criados, parecem bastante atuais:

    A polcia deve ser estvel, eficaz e organizada militarmente, debaixo do controle do governo;

    A misso bsica para a polcia existir prevenir o crime e a desordem; A capacidade da polcia realizar suas obrigaes depende da aprovao pblica de suas aes;

    A polcia necessita realizar segurana com o desejo e cooperao da comunidade, na observncia da lei, para ser capaz de realizar seu trabalho com confiana e respeito do pblico;

    O nvel de cooperao do pblico para desenvolver a segurana pode contribuir na diminuio proporcional do uso da fora;

    Uso da fora pela polcia necessria para manuteno da segurana, devendo agir em obedincia lei, para a restaurao da ordem, e s us-la quando a persuaso, conselho e advertncia forem insuficientes;

    A polcia visa preservao da ordem pblica em benefcio do bem comum, fornecendo informaes opinio pblica e demonstrando ser imparcial no cumprimento da lei;

    A polcia sempre agir com cuidado e jamais demonstrar que se usurpa do poder para fazer justia;

    O teste da eficincia da polcia ser pela ausncia do crime e da desordem, e no pela capacidade de fora de reprimir esses problemas;

    A Polcia deve esforar-se para manter constantemente com o povo, um relacionamento que d realidade

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    tradio de que a polcia o povo e o povo a polcia (Marcineiro e Pacheco, 2005, p. 25-26).

    Esse modelo de polcia criado por Robert Peel e seus princpios ainda

    norteiam a atividade policial nos dias de hoje em muitos pases, apesar de

    haverem diferentes modelos de polcia, os quais veremos em seguida.

    O modelo de polcia de cada nao est diretamente ligado sua histria,

    aos momentos significativos de seu passado e a tentativa de construir uma

    sociedade mais segura. Vimos que polcia e administrao pblica esto

    vinculados. Portanto, a administrao pblica de uma determinada nao

    influencia a produo policial e sua ideologia de atuao. Falaremos adiante

    sobre as diferentes ideologias. O que importa saber que a polcia no uma

    instituio inerte, apesar de conservadora. Ela muda conforme a administrao

    pblica muda e a sociedade evolui. Diferentes momentos da histria exigiram

    diferentes comportamentos das instituies policiais e isso influencia no somente

    em toda a gama de atividades realizadas pela polcia, mas na forma como ela

    realiza essas atividades e a interao com o pblico destinatrio dos servios.

    Assim, sociedades diferentes possuem modelos diferentes e mesmo

    esses modelos experimentam modificaes ao longo dos tempos. A lngua, a

    colonizao, a cultura e a produo, por exemplo, so fatores responsveis por

    algumas transformaes sociais e a polcia est inserida nessas transformaes,

    acompanhando-as. Apesar disso, algumas caractersticas so peculiares dos

    diferentes modelos de polcia.

    1) Modelo Latino um modelo que teve origem na Frana, com a

    criao da chamada Gendarmerie [Gendarmeria], de carter militar e de outra

    polcia de carter civil, a Police Nationale [Polcia Nacional]. Esse modelo de

    polcia alastrou-se por quase toda a Europa e para os pases colonizados por

    franceses, espanhis e portugueses. um modelo dicotmico, contando

    geralmente com duas polcias nacionais, vinculadas aos ministrios da Defesa e

    do Interior, com realizao do ciclo completo de polcia. Ou seja, realizam a

    preveno, atravs do policiamento ostensivo, a investigao, a priso e o

    1.2 DIFERENTES MODELOS DE POLCIA

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    encaminhamento de suspeitos justia. O modelo de polcia do Brasil obedece

    ao modelo latino, apesar de as instituies policiais serem federais ou estaduais.

    2) Modelo Anglo-saxo um modelo predominante nos pases de

    lngua inglesa, onde a polcia geralmente vinculada ao municpio, apesar de

    existirem instituies policiais federais. Esse modelo obriga a existncia de muitas

    agncias policiais e a um consequente gasto bastante expressivo por parte dos

    municpios na construo de suas polcias. Outra desvantagem desse modelo a

    falta de comunicao entre agncias policiais, que pode prejudicar a prpria

    atividade policial.

    3) Modelo oriental um modelo comum na sia, caracterizado pela

    existncia de uma nica agncia nacional de polcia, com atuao no ciclo

    completo. Apesar de pases como a China e Japo possurem modelos similares

    de polcia, a atuao dessas instituies bastante diferente, em razo das

    diferentes ideologias que seguem.

    A ideologia do trabalho policial , via de regra, subproduto da ideologia da

    administrao pblica vigente em uma determinada sociedade. A polcia mais

    ou menos democrtica segundo os padres da sociedade e, principalmente, do

    poder poltico em voga. Por isso a ideologia da polcia tambm sofre

    transformaes.

    A ideologia policial obedece a alguns padres, dos quais selecionamos

    trs:

    1) Ideologia militarista: a ideologia tpica das polcias onde o regime

    de governo ditatorial ou onde haja uma relao prxima dessas instituies com

    as foras armadas (Marcineiro e Pacheco, 2005). Assim, encontramos com

    facilidade essa ideologia naqueles pases governados por ditadores, onde a fora

    policial trabalha para a manuteno do poder, ou nos pases onde a polcia seja

    Ideologia policial o conjunto de crenas fundamentadas em questes polticas, que

    sustentam o agir e o pensar da instituio.

    1.3 IDEOLOGIAS DE POLCIA

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    vinculada s foras armadas. Nesse mister, o criminoso visto como um inimigo

    a ser combatido.

    Durante o perodo da ditadura militar o Brasil contou com polcias de

    ideologia militarista, mesmo as polcias civis, cuja misso, alm de outras coisas,

    era identificar focos de resistncia ao regime.

    2) Ideologia Reativa: Segundo essa ideologia, a atuao policial focada

    na represso rpida e eficaz aos fatos geradores de quebra da ordem pblica. A

    preveno vista como um resultado do medo imposto ao possvel delinquente

    de ser apanhado caso promova algum comportamento ilcito ou da incapacitao

    do delinquente. A ao policial concentrada aps o delito, depois de ocorrido o

    fato e a eficcia policial mensurada com base no tempo-resposta.

    3) Ideologia Preventiva: baseada na atuao policial antes da quebra

    da ordem. O foco de atuao dirigido mais s aes preventivas capazes de

    evitar a ocorrncia do delito do que no tempo levado para o atendimento s

    chamadas. A diferena bsica entre a ideologia reativa e a ideologia preventiva

    est no papel do policial como agente promotor da segurana. Na ideologia

    reativa o policial apenas um aplicador da lei, enquanto que na ideologia

    preventiva o policial um catalisador dos anseios e expectativas da comunidade

    com relao ao papel da polcia e a atuao no se d unicamente aps a

    ocorrncia do delito, mas principalmente antes de ele acontecer. Isso obriga uma

    maior aproximao com a comunidade a que serve.

    Essa diferena entre as ideologias representa, em grande parte, as

    diferenas entre o modelo de polcia comunitria e o modelo de polcia tradicional,

    as quais veremos em seguida.

    O modelo de atuao comunitrio e o modelo de atuao tradicional

    guardam algumas diferenas entre si, as quais so fundamentais para que

    Tempo-resposta o intervalo de tempo compreendido entre a chamada por auxlio

    de um cidado e a chegada da patrulha policial.

    2. DIFERENAS ENTRE POLCIA COMUNITRIA E POLCIA

    TRADICIONAL

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    possamos compreender a noo da dimenso de polcia comunitria e sua maior

    amplitude em relao ao modelo reativo tradicional.

    Cerqueira (2001, p. 132-133) aponta algumas caractersticas do

    modelo de polcia tradicional, que ele chama de modelo de combate ao

    criminoso e a polcia comunitria, onde observamos as principais diferenas

    entre ambos:

    Modelo de combate ao criminoso:

    1. Fonte de autoridade: a lei e o profissionalismo. Os profissionais da polcia tm como objetivo principal a imposio das leis. 2. Funo: a principal funo da polcia o controle do crime. 3. Planejamento organizacional: centralizado; adotam as prescries do modelo clssico. 4. Demandas: atender s demandas dos cidados atravs da central de operaes. Todas as chamadas devem ser prontamente atendidas. 5. Relacionamento com o ambiente: impera um relacionamento imparcial, neutro e distante com os cidados. tpico do modelo burocrtico; exige uma atitude profissional orientada para a resoluo dos crimes, impessoal e pouco atenta aos aspectos emocionais da vtima ao conflito humano subjacente nos crimes. 6. Ttica e tecnologia: policiamento ostensivo preventivo pronto para atender s chamadas da central de operaes. 7. Medio de resultados: dados sobre a priso de criminosos e do controle do crime.

    Segundo esse modelo, a responsabilidade pela reduo dos crimes

    da polcia, e essa responsabilidade no diluda com a comunidade. A polcia

    uma organizao fechada, burocrtica e centralizada e os policiais agentes

    operadores da lei. Represso rpida a palavra de ordem.

    Modelo de polcia comunitria:

    1. Fonte de autoridade: alm da lei e do profissionalismo, acrescenta o aspecto poltico, particularmente o referente ao apoio comunitrio. 2. Funo: prioriza a preveno do crime atravs da metodologia da resoluo de problemas; no abandona o controle do crime.

    2.1 DIFERENAS ENTRE OS MODELOS DE ATUAO POLICIAL

  • 12

    3. Planejamento organizacional: utiliza estratgias descentralizadas, foras-tarefa ou modelo matricial e outras tcnicas advindas das concepes modernas da administrao. 4. Relacionamento com o ambiente: consultas populao; ateno s preocupaes da comunidade sem desprezar os valores da lei e do profissionalismo. 5. Demandas: so as oriundas da anlise dos problemas que afetam as comunidades. 6. Tticas e tecnologia: policiamento ostensivo a p, soluo de problemas e outras que possam servir de soluo para a preveno do crime. 7. Resultados: qualidade de vida e satisfao dos cidados.

    Para o modelo de polcia comunitria a responsabilidade sobre as

    questes de segurana pblica, bem como pelas estratgias a serem adotadas

    para a reduo do crime dividida com a comunidade, que passa a ser vista

    como parceira. Neste modelo a polcia uma instituio aberta, descentralizada e

    os policiais so agentes operadores da qualidade de vida. Interao e discusso

    para a busca de alternativas so as palavras de ordem.

    Caro aluno, pelo que foi apresentado at agora, podemos compreender

    que a polcia uma instituio do Estado, encarregada de preservar a ordem

    pblica aplicando a lei vigente. Em um regime de governo autoritrio, a polcia

    no precisa elaborar muito as suas estratgias de preservao da ordem pblica,

    basta vigiar a normalidade com um cassetete numa mo e as leis na outra.

    (NAZARENO, 2009, p.77).

    Num Estado Democrtico de Direito, o cenrio torna-se mais complexo,

    fruto das liberdades, da livre manifestao, da pluralidade cultural e das garantias

    pessoais, fazendo com que as organizaes encarregadas de preservar a ordem

    pblica tenham estratgias que incluam o cidado no processo de construo da

    ordem desejada, que respeitem os direito e garantias individuais, mesmo

    daqueles que tenham quebrado o cdigo de convivncia social, enfim, que seja

    garantida a condio de cidado.

    3. TEORIA DE POLCIA COMUNITRIA

    3.1 A POLCIA COMUNITRIA E A CONSTITUIO FEDERAL

  • 13

    A Constituio da Repblica Federativa do Brasil, promulgada em 1988,

    inaugura este novo cenrio, exigindo condutas das organizaes policiais que

    seja mais comunitrias e garantidoras do livre exerccio da cidadania.

    No artigo 144 da Constituio de 1988, encontramos, tambm, a garantia

    da participao popular na construo da paz social, pois no havendo

    segurana, comprometem-se as manifestaes de cidadania.

    A Constituio Federal de 1988, no Ttulo V Da Defesa do Estado e das

    Instituies Democrticas, mais precisamente no Captulo III, trata da Segurana

    Pblica no art. 144, transcrito in verbis:

    Art. 144. A Segurana Pblica, dever do

    Estado, direito e responsabilidade de todos,

    exercida para a preservao da ordem pblica

    e da incolumidade das pessoas e do

    patrimnio, atravs dos seguintes rgos:

    I polcia federal;

    II polcia rodoviria federal;

    III polcia ferroviria federal;

    IV policiais civis;

    V polcias militares e corpos de bombeiros

    militares.

    Trojanowicz e Bucqueroux (1994, p. 4-5), fazem uma definio do que

    seja policiamento comunitrio:

    uma filosofia e estratgia organizacional que proporciona uma nova parceria entre a populao e a polcia. Baseia-se na premissa de que tanto a polcia quanto a comunidade devem trabalhar juntas para identificar, priorizar e resolver problemas contemporneos tais como crime, drogas, medo do crime, desordens fsicas e morais, e em geral a decadncia do bairro, com o objetivo de melhorar a qualidade geral da vida na rea.

    Policiamento comunitrio enseja uma parceria entre diversos setores da

    sociedade, incluindo a comunidade organizada, para a produo de uma

    segurana pblica com base na democracia e na ampla participao social. Isso

    3.2 CONCEITO DE POLCIA COMUNITRIA

  • 14

    implica na concesso de poder comunidade, para que possa, tambm,

    participar dessa construo.

    Essa concesso de poder um dos aspectos mais importantes da

    filosofia de polcia comunitria, pois est embasada na democracia e na

    construo slida de um relacionamento positivo entre polcia e sociedade.

    De acordo com Dias Neto (2003, p. 30):

    O policiamento comunitrio expressa uma filosofia operacional orientada diviso de responsabilidades entre polcia e cidado no planejamento e na implementao das polticas pblicas de segurana. O conceito revela a conscincia de que a construo de uma relao slida e construo de uma relao slida e construtiva com a sociedade pressupe um empenho da polcia em adequar as suas estratgias e prioridades s expectativas e necessidades locais.

    Assim, compreendemos que as caractersticas de polcia comunitria

    esto diretamente vinculadas s expectativas da comunidade em relao ao

    trabalho policial e produo da segurana pblica.

    A filosofia de polcia comunitria guarda alguns princpios que lhe so

    peculiares, trazidos por Trojanowicz e Bucqueroux (1994, p. 9-15) e pelo manual

    do Curso Nacional de Promotor de Polcia Comunitria (2007, p. 46-47):

    1. Filosofia e Estratgia Organizacional - A base desta filosofia a

    comunidade. Para direcionar seus esforos, a Polcia, ao invs de buscar ideias

    pr-concebidas, deve buscar, junto s comunidades, os anseios e as

    preocupaes das mesmas, a fim de traduzi-los em procedimentos de segurana;

    2. Comprometimento da Organizao com a concesso de poder

    Comunidade - Dentro da comunidade, os cidados devem participar, como plenos

    parceiros da polcia, dos direitos e das responsabilidades envolvidas na

    identificao, priorizao e soluo dos problemas;

    3. Policiamento Descentralizado e Personalizado - necessrio um

    policial plenamente envolvido com a comunidade, conhecido pela mesma e

    conhecedor de suas realidades;

    3.3 PRINCPIOS DE POLCIA COMUNITRIA

  • 15

    4. Resoluo Preventiva de Problemas a curto e a longo prazo -A ideia

    que o policial no seja acionado pelo rdio, mas que se antecipe ocorrncia.

    Com isso, o nmero de chamadas do COPOM deve diminuir;

    5. tica, Legalidade, Responsabilidade e Confiana O Policiamento

    Comunitrio pressupe um novo contrato entre a polcia e os cidados aos quais

    ela atende, com base no rigor do respeito tica policial, da legalidade dos

    procedimentos, da responsabilidade e da confiana mtua que devem existir;

    6. Extenso do Mandato Policial - Cada policial passa a atuar como um

    chefe de polcia local, com autonomia e liberdade para tomar iniciativa, dentro de

    parmetros rgidos de responsabilidade. O propsito, para que o Policial

    Comunitrio possua o poder, perguntar-se:

    - Isto est correto para a comunidade?

    - Isto est correto para a segurana da minha regio?

    - Isto tico e legal?

    - Isto algo que estou disposto a me responsabilizar?

    - Isto condizente com os valores da Corporao?

    Se a resposta for Sim a todas essas perguntas, no pea permisso.

    Faa-o!

    7. Ajuda s pessoas com Necessidades Especficas - Valorizar as vidas

    de pessoas mais vulnerveis: jovens, idosos, minorias, pobres, deficientes, sem

    teto, etc. Isso deve ser um compromisso inalienvel do Policial Comunitrio;

    8. Criatividade e apoio bsico - Ter confiana nas pessoas que esto na

    linha de frente da atuao policial, confiar no seu discernimento, sabedoria,

    experincia e sobretudo na formao que recebeu. Isso propiciar abordagens

    mais criativas para os problemas contemporneos da comunidade;

    9. Mudana interna - O Policiamento Comunitrio exige uma abordagem

    plenamente integrada, envolvendo toda a organizao. fundamental a

    reciclagem de seus cursos e respectivos currculos, bem como de todos os seus

    quadros de pessoal. uma mudana que se projeta para 10 ou 15 anos;

    10. Construo do Futuro - Deve-se oferecer comunidade um servio

    policial descentralizado e personalizado, com endereo certo. A ordem no deve

    ser imposta de fora para dentro, mas as pessoas devem ser encorajadas a pensar

    na polcia como um recurso a ser utilizado para ajud-las a resolver problemas

    atuais de sua comunidade.

  • 16

    Voc deve ter notado que s vezes falamos de Polcia Comunitria e

    outras vezes de Policiamento Comunitrio. A pergunta : existe diferena entre

    esses dois conceitos? A resposta sim! O conceito de Trojanowicz fala que o

    policiamento comunitrio uma filosofia e uma estratgia organizacional. Esse

    conceito traz duas dimenses diferentes: a filosofia e a estratgia organizacional.

    No campo da filosofia, representa uma nova maneira de pensar e a essa

    dimenso chamamos de Polcia Comunitria. J no campo da estratgia

    organizacional representa uma nova maneira de agir. Na prtica, Polcia

    Comunitria como filosofia difere de Policiamento Comunitrio, que constitui uma

    ao, uma atividade executada por uma polcia comunitria.

    POLCIA COMUNITRIA PENSAR

    POLICIAMENTO COMUNITRIO AGIR

    Uma a nova maneira de pensar (dimenso filosfica) e outra a nova

    maneira de agir (dimenso estratgica). A ideia central da Polcia Comunitria

    fundamenta-se na possibilidade de proporcionar uma aproximao dos policiais

    de com a comunidade onde atuam e dessa forma prover um trabalho mais

    personalizado e eficaz.

    Inmeras dvidas existem na mente dos policiais sobre o que seja polcia

    comunitria e policiamento comunitrio. Frequentemente manifestaes de

    assistncia social ou trabalhos de marketing so interpretados como aes

    prprias de polcia comunitria, o que um erro. Analisaremos agora, luz do

    que apresentam Trojanowicz e Bucqueroux (1994, p. 15-22) sobre o que,

    segundo os autores, no policiamento comunitrio:

    3.4 POLCIA COMUNITRIA E POLICIAMENTO COMUNITRIO

    3.5 O QUE E O QUE NO POLCIA COMUNITRIA

  • 17

    1. Policiamento comunitrio no uma ttica, nem uma tcnica, nem um

    programa. No um esforo limitado para ser tentado e depois abandonado, e

    sim um novo modo de oferecer o servio policial comunidade;

    2. Policiamento Comunitrio no relaes pblicas. A melhoria das

    relaes entre polcia e comunidade no o principal objetivo do policiamento

    comunitrio e sim uma consequncia natural da nova forma de proceder da

    polcia;

    3. Policiamento Comunitrio no anti-tecnologia. Apesar de que a

    aproximao com a comunidade e a diminuio do medo do crime possa ser mais

    facilmente alcanada atravs do policiamento a p, no significa dizer que o

    policiamento comunitrio no possa utilizar-se de novas tecnologias. Pelo

    contrrio, novas tecnologias representam o avano das instituies policiais em

    direo produo de uma melhor segurana pblica.

    4. Policiamento comunitrio no condescendente com o crime. Aqui

    reside uma das principais dvidas com relao ao policiamento comunitrio.

    Muitos acreditam que ser um policial comunitrio ser bonzinho com o crime ou

    deixar de aplicar a lei. Os policiais comunitrios efetuam prises como quaisquer

    outros policiais. Em geral, possuem melhores informaes, o que possibilita

    efetuar at mesmo mais prises do que os policiais tradicionais.

    5. Policiamento comunitrio no espalhafatoso. A atuao primordial

    do policiamento comunitrio se d no campo da preveno, principalmente

    envolvendo aes para saneamento de problemas que exigem solues em longo

    prazo.

    6. Policiamento comunitrio no paternalista. O policial comunitrio

    deixa de ser o especialista que detm todas as respostas para os problemas e

    passa a ser mais um parceiro na soluo desses problemas.

    7. Policiamento comunitrio no uma entidade dentro da instituio

    policial. A filosofia de polcia comunitria deve ser amplamente difundida no

    interior da organizao policial e no como o resultado do emprego de

    determinado grupo de policiais.

    8. Policiamento comunitrio no perfumaria. O policiamento

    comunitrio lida com todas as espcies de problemas que ocorrem na

    comunidade. So problemas reais, do tipo trfico e consumo de drogas, furtos,

    medo do crime, etc.

  • 18

    9. Policiamento comunitrio no um enfoque de cima para baixo. O

    policiamento comunitrio implica na transferncia de poder aos escales

    operacionais da organizao. Significa dar poder tanto comunidade quanto aos

    policiais da base da pirmide, para que tenham liberdade para atuar e autonomia

    para tomar decises importantes em nome da instituio.

    10. Policiamento comunitrio no apenas um nome a mais para o

    trabalho de servio social. Auxiliar as pessoas a resolverem seus problemas

    sempre fez parte das tarefas policiais. O policiamento comunitrio vai alm disso

    quando chama a prpria comunidade para identificar e auxiliar a resoluo dos

    problemas comuns.

    11. Policiamento comunitrio no elitista. A polcia no vista como o

    principal parceiro da comunidade, mas apenas como um deles.

    12. Policiamento comunitrio no concebido para favorecer os ricos e

    os poderosos. A distribuio igualitria do servio policial constitui uma misso de

    qualquer polcia. O policiamento comunitrio trata todas as pessoas como iguais e

    capazes de auxiliar no que for necessrio para a construo da segurana

    comum.

    13. Policiamento comunitrio no seguro. Sua aplicao pode

    possibilitar o cometimento de erros, o que deve ser visto como uma coisa at

    certo ponto normal, principalmente considerando-se que se trata de uma novidade

    para a instituio policial.

    14. Policiamento comunitrio no uma frmula mgica e rpida ou uma

    panaceia. No pode ser visto como a alternativa para todos os males nem o

    remdio que poder curar os problemas locais de segurana. Em geral, as

    alternativas de soluo para os problemas crnicos de segurana de um

    determinado local somente podem ser viveis se adotadas sob uma perspectiva

    de atuao de longo prazo. Isso significa que algumas aes podero levar anos

    at que possam surtir os efeitos desejados por todos.

    15. Policiamento comunitrio no apenas um nome a mais para outras

    iniciativas da polcia tais como preveno do crime, relaes da polcia com a

    comunidade ou o policiamento atravs da resoluo de problemas. Tanto a

    preveno do crime quanto a resoluo de problemas representam dimenses do

    policiamento comunitrio, mas ele no se resume a apenas isso. Tambm

    policiamento comunitrio e policiamento orientado para a resoluo de problemas

    guardam diferenas entre si. A comunitarizao, ou seja, o envolvimento da

  • 19

    comunidade como parceira na identificao, priorizao e resoluo dos

    problemas, constitui o grande diferencial entre o policiamento comunitrio e o

    policiamento orientado para a resoluo de problemas.

    Existem algumas ameaas ao policiamento comunitrio que podem se

    opor sua implantao ou ao seu desenvolvimento no seio da instituio policial.

    Bayley e Skolnick (2002, p. 71-92) apresentam esses obstculos, dos quais

    extramos os principais:

    1. A cultura tradicional da polcia O fato de uma instituio como a

    polcia ser to diferente das demais instituies leva construo de uma

    dinmica prpria e de uma cultura profissional que se diferencia e diferencia o

    policial das demais profisses e instituies. Isso o torna, por um lado, isolado e,

    por outro lado, fortemente apegado aos colegas, principalmente durante o turno

    de servio. Os laos de amizade entre colegas tornam-se importantes, pois o

    policial poder, a qualquer momento, ter a necessidade do apoio de colegas em

    situaes em que sua vida possa estar em risco. Isso gera um afastamento em

    relao comunidade em geral, ao passo em que torna o policial relutante a

    mudanas que o conduzam a uma maior aproximao com a populao.

    2. A juventude da polcia Normalmente a carreira policial inicia em tenra

    idade, poca em que o jovem de dezoito a vinte e dois anos resolve ingressar nas

    fileiras da instituio policial. Nessa poca de sua maturidade, o jovem

    comumente associa o trabalho policial s aes espetaculares trazidas pelos

    filmes da TV onde o policial protagonista e heri do filme, est envolto em aes

    durante todo o seu dia de trabalho. Essa imagem erroneamente construda a

    respeito da atividade policial enfatiza uma vida profissional cheia de riscos e de

    adrenalina, o que atrai o jovem. E para um jovem policial sedento de ao, o

    conceito de uma polcia comunitria voltada para a preveno no fecha com

    suas expectativas a respeito do trabalho policial, fazendo com que ele se afaste

    desses conceitos.

    3. Policiais de rua X policiais da administrao O policial de rua

    normalmente avesso a mudanas, principalmente quando essas mudanas so

    propostas pela administrao. Acreditam eles que a prtica policial que possuem

    3.6 AMEAAS AO POLICIAMENTO COMUNITRIO

  • 20

    seja suficiente para prover as necessidades que possam surgir no dia-a-dia e que

    as mudanas no so necessrias. Acreditam tambm que propostas oriundas da

    administrao ou de tericos no podem ter a credibilidade em razo da falta de

    experincias de rua.

    4. Limitaes de recursos A limitao de recursos frequentemente

    mencionada quando se fala da implantao da filosofia de polcia comunitria. O

    dia-a-dia do policial argumentam, j est quase que totalmente tomado pelo

    atendimento a chamados, o que os impossibilita de exercerem mais essa misso

    de preveno.

    5. A centralizao Para a perfeita implantao do policiamento

    comunitrio se faz necessria a concesso de poder aos policiais da base da

    pirmide. Isso, para alguns administradores policiais, pode representar uma

    ameaa ao seu poder, pelo simples ameaa de no ser mais o referencial para a

    comunidade e sim seu policial de base.

    Comunidade Voc j deve ter ouvido falar inmeras vezes no termo

    comunidade. A palavra comunidade originada do latim communitas, que

    significa a juno de cum (muitos) + unitas (unidos). Ou seja, comunidade nada

    mais do que a unio de muitos seres. Mas o que isso representa para voc?

    Veja algumas das expresses mais usadas na mdia para o termo:

    - Comunidade Europeia;

    - Comunidade Religiosa;

    - Comunidade de Bairro;

    - Comunidade Acadmica;

    - Comunidade Empresarial.

    Agora pense: o que esses termos tm em comum? Em nosso caso,

    representa a unio de muitas pessoas em torno de objetivos comuns. Pode

    significar tambm um conjunto de pessoas que habita um mesmo local

    geograficamente definido, ou seja, um bairro ou mesmo uma rua.

    3.7 ESTRUTURAO DOS CONSELHOS COMUNITRIOS DE

    SEGURANA CONSEG

    3.7.1 A SEGURANA PBLICA E A NECESSIDADE DE PARTICIPAO

    SOCIAL

  • 21

    Alguns fatores, ento, podem caracterizar melhor o que entendemos por

    comunidade:

    1) Solidariedade;

    2) Aproximao entre as pessoas, possibilitando e motivando a interao;

    3) Compartilhamento de expectativas, interesses e mesmo problemas.

    Qual a importncia da organizao comunitria para a segurana pblica?

    O processo de integrao e organizao dos indivduos constitui, assim,

    uma grande ferramenta de controle social e, se esse processo no estiver bem

    solidificado, tende a tornar-se ineficaz na funo de produzir (ou induzir)

    comportamentos aceitveis dentro da coletividade e colaborar para anlise de

    possveis vulnerabilidades da comunidade.

    Sob essa tica, uma comunidade desorganizada e que no compartilha

    valores sociais comuns (regras de convivncia, tica e solidariedade, por

    exemplo) estar mais propensa a sofrer maior incidncia de delitos e gerar

    comportamentos inaceitveis do ponto de vista social, voc concorda?

    Mas o que caracteriza uma comunidade desorganizada?

    Responder o que caracteriza uma comunidade desorganizada no uma

    tarefa muito simples, mas, em geral, alguns indcios sugerem esse perfil de

    desorganizao comunitria, como, por exemplo:

    - ausncia de compartilhamento de normas de convvio;

    - falta de solidariedade e coeso social;

    - pouca ou nenhuma participao em movimentos comunitrios, religiosos

    ou de bairro;

    - desordem social e fsica (lixo nas ruas, muros e prdios pichados, visual

    degradado);

    - ausncia de identidade.

    Comunidades mais organizadas tendem a ser mais estveis. As pessoas

    partilham vnculos mais fortes, que orientam os comportamentos e impem

    responsabilidades mtuas.

    Alm desse maior e melhor controle social informal produzido por uma

    comunidade organizada, outros fatores ajudam a produzir uma maior segurana

  • 22

    pblica e uma melhor qualidade de vida. Por exemplo, comunidades organizadas

    podem ter acesso mais fcil aos servios pblicos municipais ou estaduais em

    prol de seu bem-estar, pois tm maior poder de reivindicao perante o poder

    pblico. A distribuio dos servios pblicos, via de regra, prioriza comunidades

    com maior capacidade de organizao e mobilizao. As associaes de

    moradores so exemplos de tal organizao. A organizao comunitria, assim,

    constitui um poderoso instrumento de produo da prpria segurana.

    A organizao comunitria pode assumir vrias identidades, mas vamos

    falar aqui especificamente dos Conselhos Comunitrios de Segurana os

    CONSEG. A produo da segurana pblica sempre representou um anseio de

    todos. Mesmo com a criao das instituies policiais modernas, institudas para

    o controle do crime e a preservao da ordem, o papel da participao social

    guarda enorme importncia. No sem propsito que o artigo 144 da

    Constituio Federal menciona que a segurana pblica dever do Estado,

    direito e responsabilidade de todos.

    Dessa forma, uma comunidade organizada atravs do CONSEG estar

    em melhores condies de auxiliar na produo de sua prpria segurana.

    Mas, e o que o CONSEG? Os CONSEG so grupos de pessoas da

    mesma cidade ou bairro que se renem para identificar, analisar e discutir,

    planejar e acompanhar a soluo de problemas comunitrios relativos

    segurana, desenvolver projetos e estreitar os laos de entendimento e

    cooperao entre as vrias lideranas locais.

    Cada CONSEG define suas prioridades, conforme definies em

    reunies, porm existem alguns objetivos comuns que devero ser observados

    nas reunies. Veja, por exemplo:

    Aproximar e integrar mais a polcia e a populao, fazendo com que a

    comunidade visualize fisicamente os policiais que atuam na sua comunidade e

    muitas vezes conhecendo pelo nome o delegado e o comandante da rea;

    Planejar a ao comunitria e avaliar os resultados. Isto significa

    direcionar os trabalhos do CONSEG em busca de um objetivo voltado para a

    3.7.2 OS CONSELHOS COMUNITRIOS DE SEGURANA CONSEG

  • 23

    preveno e avaliar os resultados obtidos, a fim de verificar se as metas foram

    alcanadas;

    Encaminhar coletivamente as denncias. Esta dinmica faz com que

    seja preservada a identidade das pessoas que efetuam a denncia. Tambm

    orientado para que nunca se faam denncias sobre crimes nas reunies do

    CONSEG, a fim de que no haja reprimenda contra qualquer cidado participante

    da reunio. A sugesto que seja utilizado o disquedenncia das polcias,

    nmero que dever ser divulgado nas reunies, na mdia escrita e falada (rdio),

    ou o sistema de urnas para denncias. Essas urnas so de madeira e devero ser

    colocadas em locais estratgicos de grande circulao de pessoas da

    comunidade, tais como bancos, lotricas, postos de sade, escolas e entradas de

    igrejas nos domingos;

    Levar diretamente autoridade superior as reivindicaes e as

    queixas da comunidade. Isso significa que no devem ser atribudos aos

    membros natos membros (policial civil e militar) a responsabilidade de conseguir

    suprir as reivindicaes locais, pois eles possuem um poder decisrio limitado,

    como, por exemplo, para aumentar o efetivo policial ou conseguir novas viaturas;

    Auxiliar no combate s causas da violncia e da criminalidade. Este

    o maior papel do CONSEG, pois a partir da identificao do que est causando

    insegurana na cidade ou bairro podero ser definidas aes pontuais tanto das

    polcias como da comunidade e do poder pblico no sentido de corrigir ou sanar

    os problemas;

    Desenvolver campanhas educativas visando orientar a populao em

    qualquer rea que possa gerar violncia, quer seja trnsito ou uso de

    entorpecente.

    De acordo com Trojanowicz e Bucqueroux (1994), o CONSEG pode reunir

    o grupo chamado de os seis grandes. So eles:

    1) Polcias locais Polcia Militar, Polcia Civil, Polcia Rodoviria Federal

    (se a comunidade ou a cidade forem cortadas por alguma rodovia federal) e

    Polcia Federal (se houver sede da PF na cidade);

    3.7.3 ESTRUTURA DOS CONSEG E PARCERIAS

  • 24

    2) A comunidade Lideranas comunitrias formais e informais,

    presidentes de associaes, lideranas religiosas, educadores, organizadores de

    atividades comunitrias e o cidado que estude, resida ou trabalhe na rea de

    atuao do CONSEG;

    3) Autoridades cvicas eleitas Prefeito (e secretrios municipais),

    vereadores e autoridades estaduais;

    4) A comunidade de Negcios Desde o pequeno comerciante at o

    grande empresrio local so bem-vindos no CONSEG;

    5) Outras instituies Instituies pblicas, tais como o judicirio e o

    ministrio pblico, servios de sade, educao, Conselhos Tutelares, Guardas

    Municipais, Corpo de Bombeiros, grupo de Escoteiros, organizaes no

    governamentais, grupos de voluntrios, entidades religiosas, Pastorais, etc.;

    6) A mdia Emissoras de TV, rdios comunitrias e comerciais, jornais de

    circulao local, jornais de bairro, etc.

    De que forma os parceiros do CONSEG podem ajudar?

    Existem inmeras formas pelas quais os parceiros do CONSEG podem

    auxiliar na construo de uma comunidade mais segura. A qualidade da

    participao de cada um desses parceiros nessa construo ir depender de

    fatores que podem variar desde o nvel de comprometimento com a comunidade,

    at a integrao entre os mesmos e o CONSEG e a capacidade de cada um em

    alcanar os objetivos propostos. Para tanto, os objetivos do CONSEG tm de ser

    claros e exequveis.

    As polcias, por exemplo, podem ajudar realizando a tarefa de investigao

    ou de patrulhamento em locais considerados problemticos pela comunidade.

    Podem realizar blitz de trnsito em locais estratgicos para evitar problemas como

    embriaguez ao volante ou velocidade incompatvel com a rodovia ou ainda efetuar

    rondas em locais considerados de risco. Policiais bem treinados podero realizar

    palestras para o pblico sobre medidas de preveno ao crime e cuidados com

    bens, transporte de crianas ou informaes sobre drogas.

    A comunidade poder organizar-se a fim de desenvolver projetos

    destinados preveno ao crime e participar ativamente na melhoria das

    condies de vida local, evitando acumular lixo nas ruas, coibindo aes

  • 25

    depredatrias e, com o apoio da prefeitura, mantendo as praas e logradouros

    pblicos sempre limpos, iluminados e bem frequentados.

    As autoridades cvicas eleitas devem ter um compromisso tico, moral e

    legal com a comunidade que as elegeu. Devem ser eleitas de acordo com sua

    capacidade de prover as necessidades existentes na comunidade e ajud-la a

    melhorar cada vez mais sua qualidade de vida. Isso no significa simplesmente

    asfaltar ruas ou construir avenidas, mas tambm zelar por uma comunidade

    segura e coesa e prover servios pblicos de qualidade, tais como sade,

    educao, moradia, bem-estar social, gerao de emprego e renda. Da mesma

    forma o legislativo municipal poder auxiliar elaborando leis de interesse coletivo

    que regulem trnsito, comrcio ambulante, comrcio de bebidas alcolicas, etc.

    A comunidade de negcios no serve apenas para patrocinar os projetos

    do CONSEG. Isso poder ajudar em muitos casos, mas, alm disso, todo

    empresrio possui um compromisso social com a comunidade onde se

    estabeleceu e poder auxiliar no planejamento das aes de curto, mdio e longo

    prazo a serem desenvolvidas pelo CONSEG.

    Outras instituies tais como o Judicirio e o Ministrio Pblico so de vital

    importncia para o funcionamento do CONSEG, pois muitas decises e

    deliberaes do CONSEG podero necessitar do apoio dessas instncias.

    O Corpo de Bombeiros poder ajudar promovendo palestras sobre

    preveno de sinistros e ensinando como utilizar corretamente extintores de

    incndio. Os agentes de sade (dos programas de sade da famlia) podero

    realizar diagnsticos sobre a sade familiar, identificando lares com problemas de

    uso de drogas (lcitas ou ilcitas), famlias sem a estrutura necessria para prover

    o sustento dos filhos, orientando adolescentes sobre problemas relacionados a

    gravidez precoce, dando dicas de como conduzir uma gravidez sem riscos e

    como realizar os exames pr-natais e cuidados bsicos com o beb.

    A mdia poder auxiliar na divulgao dos projetos do CONSEG, agregando

    um nmero cada vez maior de voluntrios e mostrando o verdadeiro trabalho do

    Conselho Comunitrio de Segurana. Poder divulgar datas, horrios e locais das

    prximas reunies e temas a serem trabalhados e ainda solicitar propostas para o

    pblico em geral.

    Para que um CONSEG possa funcionar de maneira adequada necessria

    a formao de uma estrutura capaz de atender s necessidades locais. Parte

  • 26

    dessa estrutura obrigatria de acordo com o Regulamento dos CONSEG. Outra

    parte poder ser formada segundo as necessidades e peculiaridades locais.

    Falaremos em seguida sobre a estrutura do CONSEG

    ESTRUTURA DO CONSEG

    Falamos sobre algumas das parcerias que um CONSEG pode agregar para

    alcanar seus objetivos e citamos alguns exemplos de como esses parceiros

    podem atuar. Mas para que um Conselho Comunitrio de Segurana possa

    funcionar como tal, necessrio ser reconhecido pela Secretaria Estadual de

    Segurana Pblica e Defesa do Cidado, atravs da Coordenao Estadual dos

    CONSEG.

    Por fora de legislao (ver Regulamento dos CONSEG e modelo de

    estatuto, disponveis no site:

    http://notes1.pm.sc.gov.br/aplicacoes/policiacomunitaria.nsf no link legislao)

    todo CONSEG deve ter uma estrutura mnima necessria ao seu funcionamento.

    Essa estrutura mnima requer o preenchimento de alguns cargos imprescindveis

    ao funcionamento do CONSEG:

    1. Presidente Todo CONSEG deve ter um presidente, que a pessoa

    que ir responder pelo CONSEG e pelo seu trabalho;

    2. Vice-presidente a pessoa que substituir o presidente em caso de

    ausncia deste. Se o presidente for afastado por qualquer motivo, o presidente

    assumir as funes de presidente. Se um CONSEG agrupar vrias comunidades

    ou bairros distantes, poder ser eleito um vice-presidente para cada comunidade.

    3. Primeiro(a) Secretrio(a) a pessoa que ser responsvel pelo

    registro das atas de reunio (cada reunio dever ser registrada em Ata) e pela

    guarda da documentao do CONSEG. Em caso de vacncia do presidente e do

    vice, o(a) secretrio(a) assume imediatamente as funes de presidncia e

    convocar novas eleies, de acordo com o Regulamento dos CONSEG.

    4. Segundo(a) Secretrio(a) A funo do(a) secretario(o) do CONSEG

    to importante que sua presena nas reunies torna-se imprescindvel. Por isso

    existe a necessidade de um eventual substituto em caso de impossibilidade de

    seu comparecimento. Esta justamente a funo do(a) segundo(a) secretrio(a).

    5. Diretoria Social e de Assuntos Comunitrios formada em geral

    por mais de uma pessoa e responsvel pelas atividades de organizao

  • 27

    comunitria, aproximao dos moradores, dos membros da diretoria e destes com

    as autoridades imprescindveis ao desempenho das atividades do CONSEG.

    6. Diretoria de Assuntos Antidrogas Formada geralmente por trs ou

    mais membros, essa diretoria desenvolve um papel de extrema importncia para

    a segurana pblica local. Se considerarmos que grande parte dos crimes

    cometidos possui algum tipo de ligao com o comrcio ou consumo de drogas,

    teremos uma ideia do quo necessrio e importante para um CONSEG ser o

    perfeito funcionamento dessa diretoria. Ela poder desenvolver projetos de

    conscientizao, palestras em escolas e executar trabalhos voluntrios com os

    policiais do PROERD (Programa de Resistncia s Drogas e Violncia),

    desenvolvido pela Polcia Militar.

    7. Comisso de tica e Disciplina Essa comisso, formada por trs

    pessoas, ser a responsvel pela fiscalizao dos atos dos demais membros da

    diretoria. Ela funcionar como um regulador das aes e comportamentos dos

    membros da diretoria que, julgados inconvenientes ou incompatveis com o cargo

    que ocupam no CONSEG, podero ser afastados ou ter seus mandatos

    cassados. Normalmente so nomeados para essa comisso pessoas de ilibada

    reputao e com um comportamento considerado exemplar dentro da

    comunidade.

    8. Membros Natos Membros Natos so considerados os policiais civis e

    militares que compem a diretoria e nomeados quando da formao desta. O

    ideal que sejam os policiais que atuam na rea de abrangncia do CONSEG,

    pois conhecem a realidade da comunidade. Em caso de impedimento dos

    Membros Natos em participarem de qualquer reunio, estes devero nomear

    substitutos que possam comparecer. dever dos Membros Natos levar ao

    conhecimento de seus superiores os anseios da comunidade, as medidas que

    esto sendo adotadas para resoluo dos problemas identificados e quais as

    parcerias participantes do projeto.

    9. Tesoureiro A existncia da figura de um tesoureiro dentro da diretoria

    do CONSEG no obrigatria, a menos que o CONSEG tenha interesse em

    captar recursos para o funcionamento de projetos. Normalmente, alguns

    CONSEG obtm recursos de doaes de entidades pblicas ou privadas,

    arrecadaes de doaes dos prprios moradores ou ainda, tornando-se entidade

    filantrpica sem fins lucrativos, reconhecida pela prefeitura municipal local, poder

    candidatar-se a obter recursos pblicos. Alguns CONSEG obtm recursos dos

  • 28

    prprios moradores atravs de descontos efetuados em tarifa de luz ou gua.

    Para isso necessria a concordncia do morador, expressa atravs de contrato,

    e um contrato com a empresa fornecedora de gua ou energia eltrica.

    Podero ser descontados pequenos valores que, somados a um bom

    nmero de voluntrios doadores, sero capazes de gerar os recursos necessrios

    manuteno do CONSEG.

    10. Conselho Fiscal A existncia de um Conselho Fiscal no CONSEG

    tambm no obrigatria, mas dever ser nomeado caso seja criada a figura do

    tesoureiro. E qual o papel do Conselho Fiscal? Fiscalizar a arrecadao e o

    emprego dos recursos do CONSEG, para que sejam, empregados de maneira

    transparente e eficiente. O Conselho fiscal, caso exista, dever ser formado por

    pelo menos trs pessoas que gozem de plena confiana da comunidade e dever

    acompanhar, conferir e assinar os balancetes apresentados mensalmente pelo

    Tesoureiro.

    11. Outras funes Outros cargos podero ser criados dentro de uma

    diretoria do CONSEG, dependendo das necessidades de cada comunidade. Por

    exemplo, uma diretoria de assuntos estratgicos, de gesto de projetos, de meio-

    ambiente ou comisses de rua ou de melhoria de iluminao pblica, podem ser

    criadas sem problemas, desde que os cargos obrigatrios anteriormente

    explicados tenham sido contemplados.

    Um CONSEG bem estruturado requer muita organizao, alto senso de

    cidadania e compromisso com o prximo e com sua comunidade e poder

    desempenhar um papel de extrema importncia para a sociedade.

    CONSTITUIO FEDERAL Art. 144. A segurana pblica, dever do

    Estado, direito e responsabilidade de todos, exercida para a preservao da

    ordem pblica e da incolumidade das pessoas e do patrimnio, (...).

    PLANO NACIONAL DE SEGURANA PBLICA

    15 COMPROMISSOS / 124 AES

    N 7 Reduo da Violncia Urbana / Estratgias Comunitrias

    3.7.4 LEGISLAO QUE REGULA O FUNCIONAMENTO DOS CONSEG

  • 29

    N 12 Capacitao Profissional e Reaparelhamento das polcias /

    Incentivo s Polcias Comunitrias

    Decreto n 2.136, de 12 de maro de 2001. Autoriza a criao de

    Conselhos Comunitrios de Segurana.

    Resoluo da SSP n 001, de 06 de julho/ 2001. Regulamento dos

    CONSEG.

    1 - Representar a Secretaria de Estado da Segurana Pblica e a

    respectiva instituio policial no CONSEG.

    2 - Identificar e convidar as foras vivas da comunidade para a

    implantao ou reativao do Conselho, indicando uma diretoria para exercer o

    primeiro mandato que ser provisrio, haja vista que a primeira diretoria no

    eleita pela comunidade e permanece no mximo um ano (artigo 6).

    3- Articular, de comum acordo com o presidente e membros do CONSEG,

    as diretrizes, normas e procedimentos visando homogeneizao de aes em

    prol da segurana pblica, com base em dados estatsticos elaborados a partir

    das ocorrncias policiais.

    4 - Ouvir a comunidade, por intermdio do CONSEG, definindo as

    prioridades de atuao da polcia na rea geogrfica da circunscrio.

    5 - Incentivar ou promover palestras e encontros, objetivando orientao e

    qualificao tcnica dos membros dos CONSEG.

    6 - Orientar tecnicamente o CONSEG na formulao e veiculao de

    campanhas educativas dirigidas comunidade, visando aumentar seu grau de

    autoproteo e inibir infraes e acidentes evitveis, que possam trazer prejuzo

    s pessoas e ao patrimnio.

    7 - Motivar o trabalho conjunto da comunidade, polcias e demais setores

    do governo municipal, para combater causas que gerem a criminalidade.

    8 - Articular a comunidade e os rgos pblicos para a correo de

    fatores que afetem a segurana pblica do municpio.

    9- Encaminhar aos superiores hierrquicos (delegado ou comandante

    local) cpias das Atas de reunio do CONSEG para o acompanhamento de suas

    3.7.5 ATRIBUIES DOS MEMBROS NATOS

  • 30

    atividades, bem como para a sede da Coordenadoria Estadual de Polcia

    comunitria.

    10 - Certificar-se dos bons antecedentes de quem pleiteie tornar-se

    membro efetivo do respectivo CONSEG, nos termos do art. 28, IV do

    Regulamento dos Conselhos Comunitrios.

    11- Prestar contas ao CONSEG sobre a variao dos ndices de

    criminalidade da rea e medidas que as polcias estejam adotando sempre

    preservando o sigilo da investigao ou aes pontuais das polcias a fim de

    diminuir a sensao de insegurana na comunidade.

    12 - Prestigiar, perante a comunidade, os membros que exercem funes

    de diretoria e Comisso de tica e Disciplina convidando-os para as solenidades

    na rea de segurana no municpio ou uma visita at a sede da Delegacia

    Regional de Polcia Civil ou Comando Regional da Polcia Militar.

    13 - Fundar na verdade as relaes da polcia com a comunidade,

    oferecendo quaisquer explicaes solicitadas pelo CONSEG acerca do servio

    policial, admitindo-se invocar sigilo sobre as informaes reservadas que a

    legislao assim classificar.

    14 - Informar ao CONSEG, caso solicitado, sobre as necessidades

    materiais prioritrias da polcia, de modo a permitir que a diretoria, caso delibere e

    tenha xito em captar recursos para atendimento dessa necessidade, possa dirigir

    esforos para suprir as carncias mais acentuadas da rea.

    15 - Informar Comisso de tica sobre candidato a cargo eletivo no

    CONSEG, cuja vida pregressa no o recomende para concorrer ao exerccio do

    cargo pretendido, nos termos das Sees VII e VIII do Regulamento dos

    Conselhos Comunitrios de Segurana.

    16 - Assessorar o 1 secretrio na elaborao da ata, caso seja

    necessrio, mas nunca exercer uma funo na diretoria.

    17 - Participar das reunies ordinrias, reunies de diretoria e demais

    realizadas pelo CONSEG. Na impossibilidade, mandar outro policial para

    represent-lo.

    18 Caso o CONSEG possua urnas de madeira para coletas de

    denncias, responsabilizar-se pela abertura das referidas urnas juntamente com o

    presidente. Selecionar as denncias restritas polcia e levar as demais para

    reunio da diretoria.

  • 31

    19 Ter um livro de registro das urnas contendo a data de abertura, local,

    n de bilhetes contidos e o destino dos mesmos.

    20 Guardar os bilhetes de denncia ou encaminh-los para a

    Coordenao Regional e, na ausncia desta, para a Coordenao Estadual.

    21 Responsabilizar-se por preencher o Termo de Adeso ao Servio

    Voluntrio de cada membro da diretoria e membros efetivos e t-los guardado em

    arquivo prprio na delegacia ou sede da OPM.

    22 Periodicamente, fazer uma avaliao com a diretoria sobre o

    andamento do CONSEG.

    23 Acompanhar o pleito eleitoral quando da eleio da nova diretoria.

    24 Recolher os botons de membros da diretoria quando se desligarem

    da mesma.

    25 Entregar os botons aos novos membros da diretoria, designado ou

    eleitos em ato solene, durante a reunio ordinria ou reunio solene.

    26 Em caso de renncia coletiva do da diretoria ou de sua

    descompatibilizao, manter sob sua guarda todo o material do CONSEG (Carta

    Constitutiva, botons, arquivos, livros e demais materiais do CONSEG).

    27 No caso anterior, entregar ao novo presidente todo o material do

    CONSEG atravs de um ofcio protocolado relacionando todo o material entregue

    e enviar cpia Coordenadoria Estadual de Polcia Comunitria com sede em

    Florianpolis. Guardar uma cpia da correspondncia.

    28 Ter conhecimento das normas de tica e Disciplina do CONSEG.

    29 Ter conhecimento do Estatuto e Regulamento dos CONSEG atravs

    da leitura dos mesmos (leitura obrigatria).

  • 32

    REFERNCIAS

    BRASIL Constituio Federal. Braslia, 1998.

    CERQUEIRA, Carlos M. N. Do Patrulhamento ao Policiamento

    Comunitrio. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2001..

    DIAS NETO, THEODOMIRO. Policiamento Comunitrio e Controle

    Sobre a Polcia: a experincia norte-americana. 2 ed. Rio de Janeiro: Lmen

    Juris, 2003.

    GOLDSTEIN, Herman. Policiando uma Sociedade Livre: GOLDSTEIN,

    Herman. Policiando uma Sociedade Livre: So Paulo: EDUSP, 2003.

    MARCINEIRO, N; PACHECO, G. C. Polcia Comunitria: evoluindo para a

    polcia do sculo XXI.

    SENASP Manual do Curso nacional de Promotor de Polcia

    Comunitria. Grupo de Trabalho, Portaria SENASP n 02/2007. Braslia-DF:

    secretaria Nacional de Segurana Pblica.

    SKOLNICK, Jerome H; BAYLEY, David H. Policiamento Comunitrio:

    questes e prticas atravs do mundo. So Paulo: EDUSP, 2001.

    TROJANOWICZ, Robert; BUCQUEROUX, Bonnie. Policiamento

    Comunitrio: como comear. 2. ed. So Paulo: PMSP, 1999.

    MARCINEIRO, Nazareno, Teoria de Polcia Comunitria: Livro Didtico;

    design instrucional Silvana Souza da Cruz Clase. Palhoa: Unisul Virtual, 2009.

    CRDITOS: Ten Cel PM Luiz Ricardo Duarte; Delegada da Polcia Civil

    Vanessa Corbari e Sub Ten PM Andr Luiz Neves.