Apostila de Projetos Produtivos Sustent_veis

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  • 8/6/2019 Apostila de Projetos Produtivos Sustent_veis

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    ESCOLA TCNICA IMPERADOR

    Prof Heldiane A. Aranha

    Tcnico em Meio Ambiente

    MATERIAL DE APOIO DEPROJETOS PRODUTIVOSSUSTENTVEIS

    Aailndia

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    primeira vista podemos pensar que isso timo. Devemos ento estarcercados de prticas de explorao sustentvel de recursos naturais, permitindo manteros tais recursos para as geraes futuras. Ah, sim, claro, conservando a naturezatambm.

    Ser?Nos ltimos anos, vrios pesquisadores tm estudado a questo de se algumas

    exploraes de recursos naturais apresentadas como sustentveis de fato o so. Umdeles foi o paraense Carlos Peres, que com vrios colaboradores estudou se era ou nosustentvel a explorao da castanha-do-Par. Na natureza, esses frutos da castanheira( Bertholletia excelsa) so abertos por cutias. As cutias muitas vezes enterram assementes para consumi-las depois, mas so uns roedores desmemoriados que muitasvezes esquecem onde enterraram as sementes, que ento germinam. Hoje o florescentemercado internacional para as chamadas Brazil nuts tem deixado pouca coisa para ascutias. A explorao da castanha-do-Par por populaes locais na Amaznia tem sido

    frequentemente apontada como um exemplo de explorao sustentvel uma das jiasda coroa do governo Lula no que se refere ao uso sustentvel de recursos naturais.

    O estudo de Peres e seus colegas foi publicado na Science, a mais prestigiosarevista cientfica do Mundo (Science, 302: 2112-2114, 2003). Foi um estudo muitoamplo. Em nada menos que vinte e duas localidades espalhadas pela Amaznia - amaioria delas no Brasil, mais algumas no Peru e na Bolvia - os autores mediram todasas castanheiras maiores que 10 cm DAP (Dimetro Altura do Peito). As rvores

    jovens, ou seja, as que ainda no produzem frutos, so aquelas com DAP menor que 60cm. , castanheiras so rvores bem grandes. O estudo comparou a freqncia de

    rvores jovens em localidades com diferentes antiguidades e intensidades deexplorao.Os resultados foram claros e perturbadores. A proporo de rvores jovens

    variava de 31 a 76% nas cinco localidades onde no havia explorao de castanhas-do-Par. Caa para 10,6 a 47% nas dez localidades pouco exploradas, e para 3,8 a 25% nascinco localidades moderadamente exploradas. J nas trs localidades persistentementeexploradas, a proporo de castanheiras jovens caa para nfimos 0,7 a 1,6% - dezenasde vezes mais baixa que a proporo normal. Pior, em uma dessas trs localidades as

    poucas castanheiras jovens eram rebrotamentos de rvores quebradas por ventos, asquais no se reproduzem mais. Ou seja, as populaes exploradas tendem a ser

    populaes velhas, com poucas rvores jovens.A concluso de Peres e seus colaboradores resume tudo com perfeio: a

    mensagem clara que as prticas de coleta de castanha-do-Par no so sustentveis alongo prazo. Por algumas dcadas, a produo pode at ser mantida porque ascastanheiras vivem e frutificam por muito tempo. Mas depois que as rvores adultas dehoje morrerem nas reas exploradas, no h quase rvores jovens vindo depois para

    substitu-las. Ou seja, a segunda e tranquilizadora parte da definio de sustentabilidade,sem comprometer a habilidade das geraes futuras atenderem s suas prprias[necessidades] acabava de ir para o espao.

    Num estudo mais recente, tambm na Amaznia, Plinio Sist e Fabrcio Nascimento, dois pesquisadores da EMBRAPA, analisaram a sustentabilidade da

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    chamada explorao madeireira de baixo impacto (reduced impact logging ou RIL)(Forest Ecology and Management, 243: 199-209, 2007). RIL uma tcnica pela qualapenas as rvores acima de um certo dimetro, das espcies comerciais, so retiradas,deixando as demais rvores no lugar. A rea estudada, na Fazenda Rio Capim, emParagominas (Par), era explorada pelo grupo CIKEL Brasil Verde. Um detalhemuitssimo importante, a sustentabilidade da explorao na Fazenda Rio Capim certificada pelo FSC (Forest Stewardship Council), a mais tradicional e exigenteentidade internacional que fornece selos verdes para companhias de exploraomadeireira no Mundo.

    Sist e Nascimento fizeram um planejamento experimental cuidadoso, ecoletaram uma imensa quantidade de dados. Antes do corte das rvores, utilizaram duaslinhas de amostragem, cada uma incluindo nove reas amostrais de 100 x 100 metroscada. Em cada rea, identificaram e mediram nada menos que todas as rvores comDAP igual ou maior que 20 cm um trabalho hercleo. Depois da extrao das rvores

    comerciais, verificaram quantas das restantes rvores da floresta haviam sido mortas oudanificadas por esse processo. Alm disso, usando dados sobre o crescimento dasrvores, calcularam quanto tempo as rvores comerciais levariam para repor o estoqueque havia sido retirado. Um ciclo de 30 anos ou seja, 30 anos entre extraessucessivas de madeira da mesma rea o recomendado por lei na Amaznia

    brasileira.Novamente os resultados foram perturbadores. Sist e Nascimento estimaram que

    apenas metade do estoque das madeiras comerciais poderia ser reposto aps o ciclolegal de 30 anos. Ou seja, novamente a explorao dita sustentvel na verdade no

    sustentvel, pela prpria definio. Pior que isso, preciso olhar tambm a questo daconservao ou no da floresta como um todo. Os dois pesquisadores encontraram queem mdia nada menos que 13,9% das rvores restantes de cada rea haviam sidomortas, mais 6,7% danificadas com diferentes graus de severidade, durante a extraodas rvores comerciais. A abertura do dossel ou seja, as falhas na continuidade dotopo da floresta tinha duplicado a triplicado. Em resumo, trata-se de uma exploraode recursos que no permite manter os nveis desses recursos para as geraes futuras, ealm disso causa um dano considervel floresta. Olhe bem que a CIKEL tem sidoconsiderada um dos melhores exemplos de bom manejo florestal - imagine as outrascompanhias. Sist e Nascimento foram ainda mais alm e apontaram que a no-sustentabilidade que eles verificaram no era em absoluto um resultado isolado, massim similar ao de outros estudos desenvolvidos no sudeste da sia.

    Os estudos que discuti so apenas dois, e pode-se perguntar se so apenasexcees a uma suposta regra geral de exploraes de fato sustentveis. Pode at ser,mas no tenho muita esperana disso. De qualquer forma, eles mostram, no mnimo,que alguns dos casos apontados como sendo de explorao sustentvel na verdade no oso.

    Voc pode ter notado que tanto o estudo de Peres e colaboradores como o de Siste Nascimento foram aposteriori, ou seja, visaram analisar a sustentabilidade ou no de

    uma explorao que j existia e que, em ambos os casos, era dita sustentvel. claroque seria desejvel ter estudos a priori, ou seja, testar se a explorao de um dado

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    recurso natural de fato sustentvel antes de autoriz-la. Onde esto os estudos apriori? Pode at haver alguns, mas so rarssimos. Noventa e seis por cento das reservasextrativistas brasileiras no tm sequer plano de manejo, quanto mais avaliao desustentabilidade. Ora, ento, a pergunta que no quer calar : se quase no h estudos a

    priori, por que a gente ouve falar que tantas atividades so sustentveis?Por uma razo muito simples: porque na grande maioria das vezes a palavra

    sustentabilidade no tem sido usada em seu sentido real. Quando um empresrio diz quesua empresa sustentvel, na maioria das vezes o que ele realmente est dizendo estou tendo cuidado com as questes ambientais. Quando algum de uma associaoextrativista diz que uma explorao sustentvel, de modo geral o que ele realmenteest dizendo que nossa atividade menos destrutiva que outros usos da terra que

    poderiam ser feitos aqui. Tanto uma afirmao como a outra podem muito bem estarcorretas - ou no, dependendo do caso. Mas nem uma coisa nem outra quer dizer,necessariamente, que as atividades em questo sejam sustentveis. Isso vale para ambos

    os sentidos que mencionei aqui tanto o sentido de fornecer recursos para as geraesfuturas, como o sentido da demografia da prpria espcie explorada.

    Tomando por exemplo a prpria castanha-do-Par, pode ser verdade queexplorar castanheiras tenha menos impacto que derrubar tudo e criar bois, mas nem porisso a explorao da castanha ser sustentvel. Caso no seja, isso trar a runa no sda populao biolgica explorada, mas tambm das populaes humanas estimuladas adepender de um recurso que no est conseguindo se renovar. Sustentabilidade ilusriano bom para ningum, muito menos para quem depende dela. J ouvi o argumentoAh, sim, mas at l eles j vo estar usando outro recurso. Isso, claro, depois da

    populao explorada originalmente ter sido dizimada. Que sustentabilidade essa?A demografia, ou seja, o estudo das populaes naturais, um dos temascentrais da cincia fascinante, mas to mal compreendida, que a ecologia. A ecologia a cincia que estuda as relaes dos seres vivos entre si e com seu ambiente. Tem sidoconfundida com uma de suas aplicaes, ou seja, os problemas ambientais. Mas h hojeuma forte ecologia acadmica no Brasil, uma das melhores do Mundo, com muitosexcelentes profissionais. Por que raramente se chama algum deles para avaliar averdadeira sustentabilidade de alguma coisa, antes de se sair dizendo por a que sustentvel? De um ponto de vista otimista, talvez seja por desconhecimento de que h

    por a gente capacitada a avaliar essas coisas. De um ponto de vista mais pessimista,tambm pode ser porque quem diz, no fundo, muitas vezes no est interessado naresposta.

    Isso pode parecer um detalhe de pouca importncia para a conservao. Mas no. Muito da popularidade da palavra sustentabilidade vem do fato de que ela soa to

    bem. Antes de mais nada, claro, diz o que todos ns queremos ouvir. Depois, parece totcnica que quem ouve geralmente supe que para algum estar dizendo isso,certamente deve haver profundo conhecimento tcnico por trs para embasar. Por issomesmo sustentabilidade, se mal usada, uma palavra muito perigosa. a chave mgicaque abre todas as portas para explorao de populaes biolgicas em reas que de outra

    forma seriam protegidas. a base filosfica de todo um gigantesco paradigma no qualse assenta a atual poltica ambiental brasileira. Nunca antes na histria desse pas se

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    demarcou tantas reservas de desenvolvimento sustentvel, em muitos casos sem sefazer a mnima idia se a explorao estimulada com o nosso dinheiro de fatosustentvel. Se tudo isso for um gigante de ps de barro, estamos em maus lenis.

    Sustentabilidade, palavra perigosa: use com cuidado. Usar levianamente umconceito de tal importncia desastroso para as geraes futuras da prpria definio,assim como para a conservao da biodiversidade. Como qualquer outra pessoa

    preocupada com o bem estar social da humanidade, adoraria ser convencido quequalquer utilizao de recursos naturais seja de fato sustentvel. Mas para isso precisoter argumentos convincentes que o demonstrem, no basta presumir que algo sustentvel s porque gostaramos que assim fosse.

    Fernando Fernandez bilogo, PhD em Ecologia pela Universidade de Durham

    (Inglaterra). Professor do Departamento de Ecologia da UFRJ, seu principal interesse em

    ensino e pesquisa a Biologia da Conservao.

    SEQUESTRO DE CARBONO- CICLO DO CARBONO: tomos de carbono fazem parte da quase totalidade dassubstncias dos seres vivos, circula nos ecossistemas, passando atravs dos organismosvegetais e animais, sendo finalmente devolvido ao meio. O CO2 atmosfrico funcionacomo reservatrio de carbono. O CO2 absorvido pelas plantas, no processo defotossntese, faz parte dos compostos orgnicos do vegetal ( acares, lipdios,

    protenas, cidos nucleicos). Da planta, ingerida por um animal, o carbono passa a fazerparte tambm de seus tecidos. Plantas e animais devolvem carbono ao ar sob forma deCO2, subproduto da respirao. A morte de vegetais e animais leva ao aparecimento de

    restos orgnicos que contm carbono. Os microorganismos decompositores, aodegradarem esses resduos, devolvem tambm CO2 no ar. Parte dos restos animais evegetais pode no sofrer decomposio e transformar-se em combustveis fsseis, comocarvo e petrleo. J que o homem vem queimando quantidades cada vez maiores destescombustveis, grande parte do carbono que esteve preso nessas substncias durantemilhes de anos est sendo devolvida atmosfera. Em conseqncia das queimas, aconcentrao de CO2 na atmosfera tm se elevado muito nos ltimos anos. A

    produtividade das plantas terrestres tem aumentado em proporo nesse mesmo perodo.Veja o esquema:

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    Emisso de Carbono na Atmosfera

    O gs carbnico existente na atmosfera essencialmente originado pelo processo de respirao (79%). Pode ser gerado ainda pela queima de materiaisorgnicos, combustveis fsseis (gasolina, querosene, leo diesel, xisto, etc) ou no

    (lcool, leos vegetais). Pode ainda ser resultado da atividade vulcnica.Os solos ricos em matria orgnica em decomposio (pntanos) apresentam

    grande concentrao de CO2. O gs carbnico presente na atmosfera importantecomponente do efeito estufa, um fenmeno atmosfrico natural, que ocorre porquegases como o gs carbnico (CO2), vapor de gua (H2O), metano (CH4), oznio(O3) e xido nitroso (N2O) so transparentes e deixam passar a luz solar em direo superfcie da Terra. Esses gases porm, so praticamente impermeveis ao caloremitido pela superfcie terrestre aquecida (radiao terrestre). Esse fenmeno fazcom que a atmosfera permanea aquecida aps o pr-do-sol, resfriando-se

    lentamente durante a noite. Em funo dessa propriedade fsica, a temperatura mdiaglobal do ar prximo superfcie de 15C. Na sua ausncia, seria de 18C abaixode zero. Portanto, o efeito estufa benfico vida no planeta Terra como hoje esta conhecida.

    Desse modo, a questo preocupante a intensificao do efeito estufa emrelao aos nveis atuais. Quanto maior a concentrao de gases estufa na atmosfera,maior ser a capacidade de aprisionar a radiao terrestre (calor) e maior ser atemperatura da Terra. O principal gs estufa o vapor de gua, porm suaconcentrao muito varivel no tempo e espao. O CO2, segundo gs em

    importncia, tem causado polmica quanto quantidade emitida e principais locais efontes de emisso, alm da necessidade de controle de emisses. Isso ocorre devido

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    ao aumento de sua concentrao na atmosfera (cerca de 0,5% ao ano) e seu tempo devida na atmosfera, que de at 200 anos. A necessidade de estabelecimento de

    protocolos de controle de emisses de gases estufa incontestvel (Protocolo deKyoto, por exemplo), pois testar a hiptese do efeito estufa intensificado em umexperimento com prprio Globo seria bastante arriscado.

    SEQUESTRO DE CARBONO

    De acordo com a WIKIPDIA (2009), um processo de remoo de gscarbnico. Tal processo ocorre principalmente em oceanos, florestas e outrosorganismos que, por meio de fotossntese, capturam o carbono e lanam oxignio naatmosfera. a captura e estocagem segura de gs carbnico (CO2), evitando-se assimsua emisso e permanncia na atmosfera terrestre.

    As atividades humanas como a queima de combustveis fsseis e a utilizao de

    calcrio para a produo de cimento, bem como os diferentes usos da terra, associadosao desmatamento e queimada so as principais causas do rpido aumento dos nveis dedixido de carbono (CO2) na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global. Noentanto, os maiores estoques de carbono no so encontrados na atmosfera, mas sim, noecossistema marinho ou ecossistema terrestre (vegetao + solo).

    O conceito de seqestro de carbono foi consagrado pela Conferncia de Quioto,em 1997, com a finalidade de conter e reverter o acmulo de CO2 na atmosfera, visando diminuio do efeito estufa.

    As crescentes emisses de Dixido de Carbono (CO2 ) e outros gases como o

    metano ( CH4 ) e o xido nitroso (NO2 ) na atmosfera tm causado srios problemas,como o efeito estufa. Devido quantidade com que emitido, o CO2 o gs que maiscontribui para o aquecimento global. Suas emisses representam aproximadamente 55%do total das emisses mundiais de gases do efeito estufa. O tempo de sua permannciana atmosfera , no mnimo, de 100 anos. Isto significa que as emisses de hoje tmefeitos de longa durao, podendo resultar em impactos no regime climtico, ao longodos sculos. Evidncias cientficas apontam que caso a concentrao de CO2 continuecrescendo, a temperatura mdia da terra vai aumentar (entre 1,4 e 5,8 C at 2100),causando aumento no nvel dos mares, efeitos climticos extremos (enchentes,tempestades, furaces e secas), alteraes na variabilidade de eventos hidrolgicos(aumento do nvel do mar, mudanas no regime das chuvas, avano do mar sobre os

    rios, escassez de gua potvel) e colocando em risco a vida na terra (ameaa biodiversidade, agricultura, sade e bem-estar da populao humana).

    Historicamente, os pases industrializados tm sido responsveis pela maiorparte das emisses de gases de efeito estufa. Contudo, na atualidade, vrios pases emdesenvolvimento, entre eles China, ndia e Brasil, tambm se encontram entre osgrandes emissores. No entanto, numa base per capita, os pases em desenvolvimentocontinuam tendo emisses consideravelmente mais baixas do que os pasesindustrializados.

    Estima-se que, em 1998, o Brasil tinha emitido, pelo menos 285 milhes detoneladas de carbono, das quais cerca de 85 milhes resultaram da queima de

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    combustveis fsseis (71% do uso de combustveis lquidos e 15,6% da queima decarvo mineral, 4% de gs natural). Esse nmero relativamente baixo quandocomparado s emisses provenientes da queima de combustveis fsseis de outros

    pases. Isto devido ao fato de que a matriz energtica brasileira consideradarelativamente limpa pelos padres internacionais uma vez que se baseia na energia

    hidreltrica (renovvel). A maior parte das emisses do Brasil (2/3) provm deatividades de uso da terra, tais como o desmatamento e as queimadas, o que, atualmente,representa 3% das emisses globais.

    - Crditos de carbono

    Definio: uma espcie de certificado que emitido quando h diminuio de emissode gases que provocam o efeito estufa e o aquecimento global em nosso planeta. Umcrdito de carbono equivale a uma tonelada de CO2 (dixido de carbono) que deixou deser produzido. Aos outros gases reduzidos so emitidos crditos, utilizando-se umatabela de carbono equivalente.

    Empresas que conseguem diminuir a emisso de gases poluentes obtm estescrditos, podendo vend-los nos mercados financeiros nacionais e internacionais. Estescrditos de carbono so considerados commodities (mercadorias negociadas com preosestabelecidos pelo mercado internacional).

    Estes crditos geralmente so comprados por empresas que no conseguemreduzir a emisso dos gases poluentes, permitindo-lhes manter ou aumentar a emisso.

    As empresas que conseguem reduzir a emisso dos gases poluentes lucram com a vendadestes crditos de carbono. Este sistema visa privilegiar as indstrias que reduzem aemisso destes gases, pois seus lucros com a venda dos crditos aumentam. J os pasesmais desenvolvidos podem incentivar os pases em desenvolvimento a reduzirem aemisso de gases poluentes, comprando os crditos no mercado de carbono.

    A quantidade permitida de emisso de gases poluentes e as leis que regem o sistema decrditos de carbono foram definidas durante as negociaes do Protocolo de Kyoto(discutido e negociado no Japo em 1997).

    RESERVAS EXTRATIVISTAS - RESEX

    O termo extrativismo , em geral, usado para designar coletas de produtos naturais, sejade origem mineral (explorao mineral), animal (peles, carne, leos) ou vegetal(madeira, folhas, frutos).

    H quem diga que a extrao qualquer forma de apropriao de recursos.

    O Brasil herdou seu nome da extrao do Pau-Brasil (Caesalpnia eclimata). A histriaextrativista tem sido uma constante na vida econmica do pas. Na poca da colonizao

    praticou-se o extrativismo de madeira e mineral, principalmente o ouro.

    A partir do sculo passado o extrativismo se intensificou na regio Norte em busca de

    madeiras, plantas medicinais, cacau e seringueira. Durante esse sculo, na Amazniatem sido praticado o extrativismo principalmente da borracha (Hevea brasiliensis) e da

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    Os seringueiros se reuniram em Braslia, no ano de 1985, solicitando que seacabasse com a colonizao nos seringais, e que estes lhe fossem dados emconcesso, para que o extrativismo pudesse ser mantido. Este encontro deseringueiros o marco histrico para oficializao de pedido da criao de ReservasExtrativistas, que surgiu como a Reforma Agrria dos extrativistas, poislegitimava a posse, reconhecia os direitos terra daqueles que nela trabalhavam eviviam h muitos anos.

    - Conceito oficial: De acordo com o Decreto 98.897 de 30 de janeiro de 1990:

    Art 1 As reservas extrativistas so espaos territoriais destinados a explorao auto-sustentvel e conservao dos recursos naturais renovveis, por populaoextrativista.

    Pargrafo nico: so espaos territoriais considerados de interesse ecolgico e social,

    as reas que possuam caractersticas naturais ou exemplares da biota que possibilitem a sua explorao auto-sustentvel, sem prejuzo da conservaoambiental.

    No Brasil temos o seguinte quadro de Reservas Extrativistas:

    RESERVAS DE

    DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL RDS

    uma rea natural que abriga populaes tradicionais, cuja existncia baseia-se emsistemas sustentveis de explorao dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo degeraes e adaptados s condies ecolgicas locais e que desempenham um papelfundamental na proteo da natureza e na manuteno da diversidade biolgica.

    A Reserva de Desenvolvimento Sustentvel tem como objetivo bsico preservar anatureza e, ao mesmo tempo, assegurar as condies e os meios necessrios para a

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    reproduo e a melhoria dos modos e da qualidade de vida e explorao dos recursosnaturais das populaes tradicionais, bem como valorizar, conservar e aperfeioar oconhecimento e as tcnicas de manejo do ambiente, desenvolvido por estas

    populaes.

    A Reserva de Desenvolvimento Sustentvel de domnio pblico, sendo que asreas particulares includas em seus limites devem ser, quando necessrio,desapropriadas, de acordo com o que dispe a lei.

    O uso das reas ocupadas pelas populaes tradicionais ser regulado de acordo como disposto no art. 23 desta Lei e em regulamentao especfica.

    A Reserva de Desenvolvimento Sustentvel ser gerida por um ConselhoDeliberativo, presidido pelo rgo responsvel por sua administrao e constitudo

    por representantes de rgos pblicos, de organizaes da sociedade civil e daspopulaes tradicionais residentes na rea, conforme se dispuser em regulamento eno ato de criao da unidade.

    As atividades desenvolvidas na Reserva de Desenvolvimento Sustentvel obedeceros seguintes condies:

    I - permitida e incentivada a visitao pblica, desde que compatvel com osinteresses locais e de acordo com o disposto no Plano de Manejo da rea;

    II - permitida e incentivada a pesquisa cientfica voltada conservao danatureza, melhor relao das populaes residentes com seu meio e educao ambiental, sujeitando-se prvia autorizao do rgo responsvel

    pela administrao da unidade, s condies e restries por esteestabelecidas e s normas previstas em regulamento;

    III - deve ser sempre considerado o equilbrio dinmico entre o tamanho dapopulao e a conservao; e

    IV - admitida a explorao de componentes dos ecossistemas naturais emregime de manejo sustentvel e a substituio da cobertura vegetal porespcies cultivveis, desde que sujeitas ao zoneamento, s limitaes legais eao Plano de Manejo da rea.

    O Plano de Manejo da Reserva de Desenvolvimento Sustentvel definir as zonas deproteo integral, de uso sustentvel e de amortecimento e corredores ecolgicos, eser aprovado pelo Conselho Deliberativo da unidade.

    FLORESTA NACIONAL FLONA

    A Floresta Nacional uma rea com cobertura florestal de espciespredominantemente nativas e tem como objetivo bsico o uso mltiplo sustentveldos recursos florestais e a pesquisa cientfica, com nfase em mtodos paraexplorao sustentvel de florestas nativas.

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    A Floresta Nacional de posse e domnio pblicos, sendo que as reas particularesincludas em seus limites devem ser desapropriadas de acordo com o que dispe alei.

    Nas Florestas Nacionais admitida a permanncia de populaes tradicionais que ahabitam quando de sua criao, em conformidade com o disposto em regulamento eno Plano de Manejo da unidade.

    A visitao pblica permitida, condicionada s normas estabelecidas para o manejoda unidade pelo rgo responsvel por sua administrao.

    A pesquisa permitida e incentivada, sujeitando-se prvia autorizao do rgoresponsvel pela administrao da unidade, s condies e restries por esteestabelecidas e quelas previstas em regulamento.

    A Floresta Nacional dispor de um Conselho Consultivo, presidido pelo rgoresponsvel por sua administrao e constitudo por representantes de rgos

    pblicos, de organizaes da sociedade civil e, quando for o caso, das populaestradicionais residentes.

    A unidade desta categoria, quando criada pelo Estado ou Municpio, serdenominada, respectivamente, Floresta Estadual e Floresta Municipal.

    Floresta Nacional em Nmeros:

    Regio Total de FLONAs porRegio

    Sul 09Sudeste 09

    Norte 33

    Nordeste 07

    Centro-Oeste 03

    Total Nacional 61

    REAS DE PROTEO AMBIENTAL APA

    As reas de proteo ambiental pertencem ao Sistema Nacional de Unidades deConservao, regulado pela Lei 9.985 de 18 de julho de 2000.

    Art. 20. A Reserva de Desenvolvimento Sustentvel uma rea natural que abriga populaes tradicionais, cuja existncia baseia-se em sistemas sustentveis deexplorao dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de geraes e adaptados scondies ecolgicas locais e que desempenham um papel fundamental na proteo danatureza e na manuteno da diversidade biolgica.

    1o A Reserva de Desenvolvimento Sustentvel tem como objetivo bsico preservar a

    natureza e, ao mesmo tempo, assegurar as condies e os meios necessrios para areproduo e a melhoria dos modos e da qualidade de vida e explorao dos recursos

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    naturais das populaes tradicionais, bem como valorizar, conservar e aperfeioar oconhecimento e as tcnicas de manejo do ambiente, desenvolvido por estas populaes.

    2o A Reserva de Desenvolvimento Sustentvel de domnio pblico, sendo que asreas articulares includas em seus limites devem ser, quando necessrio,

    desapropriadas, de acordo com o que dispe a lei.

    3o O uso das reas ocupadas pelas populaes tradicionais ser regulado de acordocomo disposto no art. 23 desta Lei e em regulamentao especfica.

    rea de Proteo Ambiental em Nmeros:

    Regio Total deA.P.A./Regio

    Sul 07

    Sudeste 14

    Norte 03Nordeste 11

    Centro-Oeste 05

    Total Nacional 40

    Fonte da tabela: pesquisa ambientebrasil

    Exemplo de projeto produtivo em busca da sustentabilidade:

    Fruta S (MA)

    Empresa da Associao Wyty Cat das Comunidades Timbira do Maranho e Tocantins

    A FrutaS uma empresa com finalidade social que beneficia polpas de frutas nativasdo cerrado. controlada conjuntamente pelos ndios e pelo Centro de TrabalhoIndigenista, a organizao que presta assessoria aos povos Timbira. Operada por umaequipe de profissionais contratados, a FrutaS conta com equipamentos modernos e

    produz polpas amplamente reconhecidas e apreciadas por sua qualidade nos mercadosregionais.

    As frutas so colhidas em reas de extrativistas e de plantio, com manejo orgnico etotalmente livre de agrotxicos. Nem no beneficiamento na fbrica recebem aditivos ouconservantes.

    Por meio do beneficiamento e da valorizao dessas frutas, esta empresa contribui paraa manuteno do cerrado em p. A FrutaS promove ainda parcerias com outros

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    http://www.centraldocerrado.org.br/blog/wp-content/uploads/2008/04/frutasa_beneficiamento02.jpghttp://www.centraldocerrado.org.br/blog/wp-content/uploads/2008/04/frutasa_beneficiamento.jpghttp://www.centraldocerrado.org.br/blog/wp-content/uploads/2008/04/frutasa_producao.jpg
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    empreendimentos econmicos de carter similar nos estados do Tocantins e do Par afavor de um desenvolvimento regional ambientalmente correto, economicamentesustentvel e socialmente justo. Por essas caractersticas, recebeu o Prmio ChicoMendes de 2004, do Ministrio do Meio Ambiente, conferido a iniciativas de destaquena rea ambiental.

    Com essas iniciativas, a FrutaS contribui para a gerao de trabalho e renda paracoletores de frutas, ndios e no-ndios do entorno das Terras Indgenas, promovendo amelhoria da qualidade de vida para as populaes tradicionais diretamente envolvidascom o extrativismo e o beneficiamento dos frutos do cerrado.

    Cidade: Carolina/MA

    Produtos: Polpas congeladas das frutas: Abacaxi, bacuri, acerola, ara, bacaba, buriti,caj, caju, cupuau, goiaba, juara(o aa do Maranho, rico em ferro), manga,maracuj, murici e tamarindo.

    Foto: Larcio Miranda

    Fonte: http://www.centraldocerrado.org.br/comunidades/frutasa/

    EXPLORAO ECONOMICA DOS RECURSOS NATURAIS

    Conceito de Agroindstria: Beneficiamento e/ou transformao de produtosagrosilvopastoris, aqicolas e extrativistas, abrangendo desde processosmais simples at os mais complexos, incluindo o artesanato no meio rural.

    o conjunto de atividades relacionadas transformao de matrias-primas

    provenientes da agricultura, pecuria, aqicultura ou silvicultura. O grau detransformao varia amplamente em funo dos objetivos das empresas agroindustriais.Para cada uma dessas matrias-primas, a agroindstria um segmento da cadeia que vaidesde o fornecimento de insumos agrcolas at o consumidor. Em comparao a outrossegmentos industriais da economia, ela apresenta uma certa originalidade decorrente detrs caractersticas fundamentais das matrias-primas: sazonabilidade, perecibilidade eheterogeneidade. Veja sites que tratam da anlise, consolidao e aplicao sustentveisde princpios, mtodos e modelos da agronomia na agroindstria. E o Brasil um dos

    pases que a agroindstria esta em alta.

    Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica), em 2004, aagroindstria obteve crescimento de 5,3%, marca mais elevada da srie histrica

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    http://www.centraldocerrado.org.br/comunidades/frutasa/http://www.centraldocerrado.org.br/comunidades/frutasa/
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    iniciada em 1992. Como tem sido freqente nos ltimos anos (exceto em 2003), ossetores vinculados pecuria (5,0%), com crescente insero externa, apresentaramdesempenho superior aos associados lavoura (4,6%), de maior peso na agroindstria.O aumento de 22,4% assinalado pelo grupamento de defensivos para uso agropecuriocontribuiu para que o total da agroindstria crescesse acima destes dois principais

    grupamentos (total da agricultura e total da pecuria).

    A agroindstria, ou beneficiadora de matria-prima, se articula de duas formas: jusante, com indstrias de embalagens e com o processamento agroindustrial, e montante, com a indstria de insumos e de equipamentos para agricultura. Ao agregarvalores aos produtos, aumenta-se a competitividade nos mercados local e regional;aproveita-se melhor os produtos da safra, reduzindo desperdcios; integra melhor osatores envolvidos em todo o processo, alm de aumentar a renda e a organizao da

    produo.

    Dessa forma, a Agroindstria impede que os produtos in natura sejam apenas

    comercializados a preos muito baixos, para serem beneficiados trazendo novasalternativas de renda e negcios aos produtores. Para auxiliar o fomento dessa atividade,o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar)disponibilizou uma nova linha: o PRONAF AGROINDSTRIA que concedeemprstimos a taxas mais baixas com tempo suficiente para o pagamento da dvida.Alm do Benefcio trazido aos agricultores, deve-se levar em considerao o fato de quea atividade agroindustrial possibilitar a insero de suas esposas, apresentado umanova fonte de trabalho e renda.

    Vejamos algumas experincias:

    Com ciencias - Por Pedro Ramos - Professor do Instituto de Economia da UniversidadeEstadual de So Paulo. - tera-feira 8 de maio de 2007

    A agroindstria canavieira a mais antiga atividade econmica no-extrativista do Brasil. Seuproduto principal, de meados do sculo XVI (1540/50) ao final do sculo XX (1979/80), foi oacar. O lcool carburante tomou esse lugar por pouco tempo. Depois da reverso datendncia altista dos preos internacionais do petrleo a partir de 1983/4 e depois de algunsanos de dificuldades, o acar retomou sua primazia na dcada de 1990, com a grande ajudadas exportaes.

    Recentemente, contudo, seja em funo do novo patamar dos preos do petrleo, seja emfuno, principalmente, do problema ambiental, tem sido muito comentada a possibilidade de

    que o Brasil possa ser um grande exportador de etanol de cana. Convm lembrar que os EUAtornaram-se rapidamente o maior produtor mundial de lcool, mas utiliza o milho para obt-lo.Nosso presidente e o daquele pas tem conversado muito sobre isso, restando saber se elesconversam sobre como so produzidos tais matrias-primas e derivados.

    Deixando essa dvida, o milho e os americanos para outra oportunidade, cabe aqui lembrarque nossa cana, nosso etanol e nosso acar tm sido produzidos de forma bastanteproblemtica, para dizer o mnimo. E a expanso dessas produes, seja em So Paulo, sejano Brasil, podem no contribuir para que venhamos a ter, mais do que crescimento,desenvolvimento, principalmente se quisermos que ele seja sustentvel, em termos ambientaise sociais, j que elas so e sero economicamente viveis para alguns.

    Isso porque h aspectos negativos na estrutura de produo de nossa agroindstria canavieira,herdados do passado, os quais necessitam ser modificados, seja no que j se tem deproduo, seja naquela que j est sendo ampliada, seja na que vir nos prximos anos. Tais

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    aspectos negativos concentram-se em trs dimenses: a da concentrao fundiria, a dosaspectos relacionados ao uso de fora-de-trabalho e a dos impactos ambientais.

    Quanto concentrao fundiria amplamente sabido que as usinas e destilarias soempreendimentos empresariais que congregam tanto a produo de cana como suatransformao (que na teoria econmica recebe o nome de integrao vertical), sendo que

    em So Paulo ela atinge a mdia anual de 75% da cana moda. Outra faceta que uma boaparte da produo ocorre com base na prtica do arrendamento de reas por parte dosproprietrios e/ou produtores maiores e/ou capitalizados/tecnificados. Parece no sernecessrio apontar que tais caractersticas implicam a excluso e reduo defornecedores/produtores autnomos, o que perpetua a apropriao concentrada da rendagerada pelo agronegcio da cana. urgente estimular formas mais democrticas de expanso,evitando-se a aquisio de terras pelas usinas/destilarias e seus proprietrios, assim comoestimulando-se alternativas que viabilizem uma explorao (lucrativa) a ser feita pelosproprietrios/produtores menores e/ou menos capitalizados. A situao atual quanto concentrao fundiria vinculada lavoura canavieira poder ser devidamente conhecidaapenas depois de concludo o censo agropecurio que est para ser realizado este ano, j queo ltimo (e no completo) foi feito em 1995/6.

    Quanto ao uso da fora-de-trabalho tem-se que a maior parte dele concentra-se na lavouracanavieira e se trata de uma ocupao temporria, viabilizada por um deslocamento debrasileiros entre e dentro das regies, geralmente desprovidos de outras oportunidades deganho perene no ano. Estima-se que em So Paulo o nmero de migrantes, vindosprincipalmente do Nordeste para cortar cana, chegue a cento e vinte mil. Infelizmente, aindatem sido muito comum o desrespeito legislao nesse procedimento, ocorrendo umaintermediao (terceirizao) espria que foi revigorada nos ltimos anos, o que reconhecidopelos empresrios mais conscientes. Ela j se faz presente tambm nos estados que vmaumentando suas reas de cana, como o Mato Grosso do Sul, Gois etc. A UNICA (Unio daAgroindstria Canavieira do Centro/Sul) recomenda aos usineiros e fornecedores querespeitem a legislao e que no usem a terceirizao na contratao de trabalhadores, masreconhece que nem sempre isso acatado. O problema saber em que medida isso ocorre, jque o ilegal e o esprio no fazem parte das estatsticas, sejam ou no oficiais.

    QUADRO - SO PAULO - EVOLUO DO PAGAMENTO DIRIO DO CORTE DE CANA, DORENDIMENTO DO CORTE E DA REMUNERAO DIRIA 1969 2005 (Em valores dejulho de 1994, corrigidos pelo IGP/DI da FGV)

    ANO

    Pagamentodo corte de

    cana. EmR$/t (1)

    Rendimentodo corte decana. Em

    t/homem/dia(2)

    Remuneraono corte

    (1)x(2). EmR$/dia

    ANO

    Pagamentodo corte de

    cana. EmR$/t (1)

    Rendimentodo corte decana. Em

    t/homem/dia(2)

    Remuneraodiria no corte.

    Em R$/dia

    1969

    2,73 2,99 8,16 1990 0.96 6,10 5,86

    1970

    2,02 3,05 6,16 1992 0,84 6,30 5,29

    1972

    2,50 3,00 7,50 1994 0,83 7,00 5,81

    1973

    2,51 3,30 8,28 1996 1,05 7,00 7,35

    1977

    2,57 3,77 9,69 1998 1,06 7,00 7,42

    1980

    2,29 3,97 9,09 2000 0,88 8,00 7,04

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    1982

    2,17 4,50 9,77 2002 0,88 8,00 7,04

    1985

    1,92 5,00 9,60 2004 0,86 (*) 8,00 6,88

    1988

    1,25 5,00 6,25 2005 0,86 (*) 8,00 6,88

    Fonte: IEA, Informaes Estatsticas e Anurios Estatsticos, vrios anos.(*) Valores correntes ou pagos nos anos de 2004 e 2005, respectivamente: R$ 2,93 e R$ 3,11.

    Dado o pfio crescimento da economia brasileira nas ltimas dcadas, especialmente no mbitodas atividades urbano-industriais, tem sido reforada a caracterstica de pagamento porproduo, o que se constitui em uma super-explorao da fora-de-trabalho utilizada nacolheita de cana queimada, no se podendo descartar a possibilidade de que isso foi a causade recentes mortes em canaviais paulistas, o que tem demandado uma ao de preveno ede fiscalizao por parte dos Ministrios Pblico e do Trabalho, inclusive no tocante scondies dos alojamentos. comum a alegao de que, principalmente em So Paulo, a cana a lavoura que paga os mais altos salrios, bem acima do salrio mnimo. A tabela queacompanha ese artigo mostra que isso se deve elevao do rendimento (t/homem/dia) docorte, tendo ocorrido uma perda real da remunerao diria, a qual chegou a quase dez reaisno incio da dcada de 1980 e atualmente situa-se em torno de sete reais, em valores de julhode 1994. sabido que trabalhadores que no atingem um mnimo de rendimento do corte noso contratados e h quem diga que esse mnimo j est na casa das dez toneladas dirias.

    Os impactos ambientais constituem-se em uma dimenso mais complexa e esto relacionadostanto com a lavoura como com o seu processamento. Depois de muitos anos, a prtica de ferti-irrigao tem sido contestada, e a Cetesb teve que regulament-la. A proibio de lanamentode vinhaa nas guas superficiais foi o fator que levou quela prtica, mas ela tem provocadocontaminao de lenis freticos. necessrio impedir que isso ocorra nas reas deexpanso, cabendo conservar seus mananciais. Nas reas de ocupao antiga cabe recuper-los, implantando-se matas ciliares como forma de impedir o assoreamento dos cursos de gua.Por sua vez, a recente presso para mudanas na legislao concernente ao porcentual de

    reservas de matas nas propriedades pode vir a ser outro problema.

    Finalmente, no mais se justifica a queima prvia de cana para a colheita. Isso se constitui emum desperdcio de material energtico, assim como tem impacto urbano negativo em termosprincipalmente de sade humana devido ao agravamento da poluio urbana justamente noperodo do inverno, em que ocorrem frequentes inverses trmicas. Isso j est devidamentecomprovado em pesquisas feitas por mdicos pneumologistas. Portanto, indefensvelcontinuar queimando cana e est certo o governador de So Paulo, Sr. Jos Serra, ao tomar ainiciativa de propor a antecipao do prazo para o fim dessa prtica, j que a lei em vigor apermite at 2031 nas reas no mecanizveis e at 2021 nas reas mecanizveis do territriopaulista.

    necessrio evitar que tais impactos ambientais negativos sejam expandidos caso a cana

    venha a ser produzida e se usinas e destilarias forem instaladas em reas prximas a espaosambientais que, a muito custo, tm sido at hoje preservados, como o Pantanal.

    A lavoura canavieira atualmente a terceira cultura em termos de rea colhida no Brasil, asegunda atividade econmica em So Paulo em termos de rea cultivada (atrs apenas dapecuria de corte) e a primeira atividade quanto ao valor da produo do agronegcio paulista.Ocupa muita terra e muita mo-de-obra. Isso indica que dificilmente seus problemasencontraro soluo interna, ou seja, no seu prprio mbito. Esse o caso do elo entre asduas ltimas dimenses: o possvel fim da utilizao de trabalhadores temporrios no corte decana queimada implica a busca de alternativas de ocupao ou mesmo de sobrevivncia paraaqueles que disso dependem, total ou parcialmente.

    Assim, resta concluir que, por conta desses (e de outros) aspectos, dificilmente pode-se fugirda necessidade de regulao de nossa agroindstria canavieira, queiram ou no os liberais,sejam autnticos ou ideolgicos, sejam os de ocasio. Tal regulao pode ser feita tanto pelo

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    governo federal como pelos governos locais (estaduais e municipais). Argumentar que issopode representar uma volta ao passado, quando existia o IAA (Instituto do Acar e do lcool)em nada vai ajudar.

    Do site: http://www.sucre-ethique.org/Agroindustria-canavieira-de-Sao.html

    Certificando nosso futuro

    O setor agropecurio brasileiro est no limiar de uma nova era.

    Em consonncia com o desafio planetrio de tornar os sistemas produtivos tambmmeios para mitigao dos impactos ambientais que esto aquecendo o planeta, representantesdo setor e da sociedade civil organizada acabam de chegar a um indito nvel de entendimentosobre como alcanar a to almejada sustentabilidade socioambiental na atividade

    agropecuria.

    Durante pouco mais de um ano, num processo de interlocuo e dilogodesencadeado e mantido com disposio e recproca capacidade de negociao, empresrios,representantes dos trabalhadores e ambientalistas vm debatendo em profundidade osprincpios e critrios que devem nortear o processo de verificao da produo agropecuria noBrasil.

    Reunidos sob a Iniciativa Brasileira para Criao de um Sistema de Verificao daAtividade Agropecuria, que rene segmentos representativos dessas diferentes reas, essegrupo tripartite e aberto de representantes finalizou uma aproximao avanada do que j podeser considerado o primeiro e nico sistema de certificao do setor agropecurio do mundo.

    Tendo como pressuposto a verificao voluntria, que inclui a certificaoindependente, e como unidade de monitoramento a propriedade e no apenas produtos ecadeias produtivas, esse sistema est fundamentado em um elenco de cinco princpios e 15critrios, que daro ao mercado consumidor a garantia de origem e qualidade socioambientalde toda e qualquer produo realizada em um empreendimento verificado sob essascondies.

    Por esse sistema, aspectos fundamentais da gesto ambiental e social da propriedade,como a manuteno de reservas legais, proteo dos recursos hdricos e garantia de boascondies de sade e segurana de trabalhadores rurais, alm de respeito aos legtimos

    direitos de propriedade, posse e uso da terra, so consignados como princpios bsicos paratodo o empreendedor com disposio de submeter sua forma de produzir verificao.

    O avano conseguido com esse nvel de entendimento intersetorial j um marconuma histria de embates estigmatizada por conflitos de interesse e divergncias ao longo dotempo, mas os desafios continuam.

    O principal deles est no prximo passo a ser dado nesse processo de interlocuo,quando a Iniciativa Brasileira deixa o mbito representativo de negociao - adotado at estaetapa do dilogo intersetorial, em vista das exigncias logsticas e operacionais, que nopermitiam avanar se no por aproximaes sucessivas e busca a legitimao participativadessa construo de entendimento, atravs de consultas ampliadas e presenciais sobre o at

    agora acordado.

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    Nesse sentido, uma grande responsabilidade recai sobre todos ns produtores,agroindustriais, comerciantes varejistas, agentes financeiros e consumidores. Cadarepresentante dos principais setores envolvidos nesse processo tem um papel importante anele desempenhar, mormente na divulgao intra-setorial de seus resultados e mobilizao deseus pares para o aperfeioamento e consolidao do at agora construdo. O sistema deverificao que vai assegurar sustentabilidade ao setor agropecurio brasileiro depende davalidao e credibilidade que somente a sociedade a ele pode conferir.

    INOVAES TECNOLGICAS NA AGROINDSTRIA DA CARNE: estudo de caso

    Innovations in technology of meat in agroindustries: case study

    Celso Yoji Kawabata Zootecnista, Pirassununga, SP - Brasil, e-mail: [email protected]

    Resumo

    Mudanas tecnolgicas esto presentes de forma intensa nas cadeias agroindustriaisnacionais, precisamentenas cadeias de produo da pecuria de corte, da avicultura esuinocultura, principalmente no segmento de processamento. Transformaes advindas doprprio mercado, seja do mercado interno ou externo, e do mbito interno da firma, fazem comque inovaes de produtos e processos estejam presentes nos diferentes elos produtivos,podendo ser observado pelo lanamento de novos produtos e pela melhoria de produtosexistentes. Na rea de processamento as empresas passam a inovar no somente por meio docarter da difuso, adquirindo novos equipamentos e aprimorando processos produtivos, comotambm pelo esforo inventivo, realizando diferentes atividades para o desenvolvimento denovos ou melhorados produtos, processos ou servios. Assim, este artigo tem como objetivoprincipal apresentar algumas revises sobre as mudanas tecnolgicas presentes nas cadeiasagroindustriais da pecuria de corte, avcola de corte e suincola. Para tal, foram utilizadasinformaes obtidas na literatura disponvel.

    Palavras-chave: Inovao tecnolgica; Agroindstria; Produo.

    Abstract

    Technological changes are present so intense in agro industrial national chains, especially inthe livestock production of bovine, poultry and pig farming, mainly in the processing segment.The changes arising from the market itself, whether internal or external market, and the scope

    of the internal firm, mean that innovations in products and processes are present in differentproductive linkages and can be seen by the launch of new products and the improvement ofexisting products. In the area of processing companies to innovate not only pass through thecharacter of the distribution, purchasing new equipment and improving production processes,but also by the inventive effort, carrying out different activities for the development of new orimproved products, processes or services. Thus, this article aims to present some majorrevisions on technological change in these agro industrials chains of the livestock bovine,poultry and swine. To this end, it was used information obtained from the available literature.

    Keywords: Technological innovation; Agribusiness; Production.

    INTRODUO

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    As inovaes tecnolgicas esto presentes atualmente nas diversas cadeias produtivas quecompem o sistema agroindustrial da carne, principalmente nas cadeias de produo debovinos, aves e sunos. Essas inovaes, expressas no desenvolvimento de produtos eprocessos, dinamizam o processo concorrencial das empresas nos mercados interno e externo,pois produtos antes vendidos sem diferenciao passam a ser ofertados com maior agregaode valor. A definio de inovao mais amplamente utilizada por aqueles que trabalham com aquesto das mudanas tecnolgicas deriva de Schumpeter (1912-1943). Segundo esse autor,o processo inovativo consiste de trs fases sequenciais: inveno, inovao e difuso. Ainveno distingue-se da inovao em decorrncia de ser a segunda um fenmenoessencialmente econmico, em que ocorre a comercializao de um novo produto ouimplementao de um novo processo. Em contraposio, as invenes constituemconhecimento novo, cuja aplicao pode ou no ser economicamente vivel.

    Para Senz e Garcia Capote (2002), a inovao uma combinao de necessidades sociais ede demandas do mercado com os meios cientficos e tecnolgicos para resolv-las [...], sendoassim, para se manter competitivo importante haver a disponibilidade de equipamentos quesatisfaam a eficcia na produo. Uma cadeia de produo agroindustrial pode ser

    segmentada, de acordo com Batalha e Silva (2001), de jusante e montante, em trsmacrossegmentos: comercializao, industrializao e produo de matrias-primas. A lgicade encadeamento das operaes, de jusante a montante, como forma de definir a estrutura deuma cadeia de produo agroindustrial, assume que as condicionantes impostas peloconsumidor final so os principais indutores de mudanas de todo o sistema. Nesse sentido,transformaes no comportamento do consumidor influenciam de modo relevante as inovaesem curso nas cadeias agroindustriais e, principalmente, no modo como os diferentes elosprodutivos estaro articulados para conseguirem responder de maneira eficiente s exignciasdo consumidor final.

    Bovinocultura

    De todas as cadeias produtivas do setor agropecurio, a que mais se transformou, nos ltimosanos, foi a do leite, pois no desafio de se produzir com competitividade, os produtores cada vezmais especializados precisam se preparar para a crescente demanda em qualidade equantidade, sendo que a alimentao e a capacidade gentica so fatores importantes naproduo de leite por vaca. Alm desses fatores, a ordenha pode influenciar muito naprodutividade, pois tcnicas e equipamentos obsoletos diminuem a eficincia e causam perdasdo produto e de tempo, e ocasionam maiores gastos com mo-de-obra (MACHADO et al.,2005).

    Na cadeia de carne bovina, as inovaes tecnolgicas podem ser observadas tanto pelolanamento de novos produtos, ou seja, produtos que representam alteraes completas em

    suas caractersticas (como o caso dos produtos temperados, enlatados, orgnicos,porcionados), como por melhorias em produtos existentes; venda em embalagens de menorestamanhos, etc. No que diz respeito s inovaes tecnolgicas de processo, tais mudanaspodem ser caracterizadas pela compra de equipamentos automticos ou na atualizao dolayout das fbricas.

    Dentre os novos sistemas introduzidos nas linhas de produo, destaca-se a implantao dedesossa mecanizada; fluxo de produo contnuo (sistema de paletizao e movimentao);utilizao de tneis de congelamento contnuo; mquinas a laser para corte dos porcionados;tneis de congelamento para porcionados ( base de nitrognio, congelando a carnerapidamente); sistema de embalagem a vcuo, dentre outros (SANTINI; SOUZA FILHO, 2004).

    Avicultura

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    A produo de frango e ovos cresceu muito nos ltimos 20 anos, fruto de esforos einvestimentos, por parte das empresas dos segmentos de gentica, nutrio, medicamentos eprodutos veterinrios, em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, cada vez maiseficientes. Contando com um plantel de excelente qualidade gentica, assistncia tcnicaintensiva, instalaes padronizadas, bom manejo e um controle sanitrio rigoroso, a aviculturabrasileira, graas ao pacote tecnolgico imposto pelas empresas integradoras e algunsprodutores independentes, possui um alto ndice de produtividade, ocupando a segundaposio mundial.

    O alto nvel tecnolgico alcanado pela avicultura nacional, notadamente a de corte, colocou aatividade em posio privilegiada em relao a outras atividades pecurias desenvolvidas noBrasil, com nvel de produtividade internacional, comparada a dos pases mais atualizados domundo.

    A indstria de carnes absorvedora de tecnologias geradas na indstria de bens de capital eso essas que geram inovaes que se poderia chamar de radicais para o segmento.

    Os avanos tecnolgicos na criao de frango tm acontecido desde o design de novas peas(bebedouro, comedouro, etc.) at o desenvolvimento de novos conceitos e alternativas. A idia obter o potencial gentico mximo das aves com custos cada vez mais reduzidos, seja pelaeliminao dos desperdcios ou pela reduo de mo-de-obra. Nos incubatrios, alm dosavanos conseguidos com materiais e design de peas, a automao dos controles tem tidopapel fundamental no aperfeioamento da tecnologia.

    Dentre as inovaes absorvidas pela indstria abatedoura, a fundamental foi a genticatradicional de melhoramento das aves, via cruzamento de diferentes linhagens, que possibilitouo desencadeamento de todo um processo de transformao radical no setor em direo suaindustrializao. O progresso tecnolgico no se restringiu questo da gentica, mas partiupara todo o processo produtivo, influenciando o conjunto das etapas posteriores de

    alimentao, manejo e processamento industrial. Cada transformao em um dos elos dacadeia provoca adaptaes tecnolgicas, ou transfere seus impactos para os demais elos(RIZZI, 1993).

    Suinocultura

    A cadeia produtiva de carne suna no Brasil apresenta um dos melhores desempenhoseconmicos no cenrio internacional, o qual se deve a avanos tecnolgicos e organizacionais

    incorporados nas ltimas dcadas. Na produo primria e na agroindstria vm ocorrendomudanas estruturais com o aumento da escala, especializao, tecnificao econtratualizao, facetas do processo mais amplo e industrializao da agricultura (SANTINI;

    SOUZA FILHO, 2004; WEYDMAN,2004; GIROTTO; MIELE, 2005; MIELE et al., 2006).

    A intensificao tecnolgica na produo de sunos, juntamente a ganhos de escala entre asagroindstrias e reduo da capacidade ociosa, acarreta em maior eficincia produtiva eaumento do peso mdio de abate, com maior rentabilidade das agroindstrias e dossuinocultores. Apesar das grandes e numerosas inovaes tecnolgicas presentes noagronegcio brasileiro, o investimento em pesquisa e desenvolvimento baixo: o setor pblicoinveste 0,6% do PIB (Produto Interno Bruto) e as empresas privadas 0,4%, percentual muitomenor do que ocorre em empresas privadas em pases como Coreia (1,9%) e Estados Unidos(1,8%). A produo cientfica nacional cresce 8% ao ano, a formao de doutores evolui a 14%ao ano, mas a taxa de inovao tecnolgica na indstria brasileira no chega a 1% ao ano.

    Para recuperar o atraso tecnolgico e ser competitivo no futuro, o pas necessita de aesintegradas, contnuas e duradouras em diferentes nveis envolvendo os poderes executivo,

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    legislativo e judicirio, as universidades, as instituies cientficas e tecnolgicas, as empresasprivadas e tambm o chamado terceiro setor (SCOLARI, 2006).

    CONSIDERAES FINAIS

    Diante do relato de diversos autores, a cadeias agroindustriais so locais importantes para a

    realizao de inovaes tecnolgicas de produtos e processos. Pde-se observar nas cadeiasde produo da pecuria de corte, da avicultura de corte e da suinocultura que as inovaesso impulsionadas tanto pelo mercado como pela prpria firma. As alteraes que no mudamfundamentalmente as caractersticas dos produtos, como tipos e tamanhos de embalagens,formas de apresentao dos produtos e, as alteraes em processos para a produo denovos ou melhorados produtos so tidos como fundamentais para a competitividade dasempresas. As alteraes de processos, de uma forma geral, traduzem-se na compra deequipamentos mais atualizados, capazes de aumentar a produtividade e reduzir os custos pormeio da reduo de perdas e maior eficincia produtiva. importante observar que nem todasas empresas possuem o mesmo nvel tecnolgico, mas notada a necessidade dos agentesprodutivos em inovar, seja por meio da difuso ou por meio do esforo inventivo de criao de

    um novo ou melhorado produto, mesmo que este j seja conhecido em outros mercados. Issofaz com que as empresas desse setor estejam cada vez mais na fronteira tecnolgica,despontando internacionalmente em mercados altamente competitivos, como em pases daEuropa, Estados Unidos e sia.

    Abelhas sem ferro, a importncia da preservao

    Fbia de Mello PereiraPesquisadora da Embrapa Meio-Norte

    A criao racional das abelhas da tribo meliponini e da tribo trigonini denominada de meliponicultura.Conhecidas popularmente como abelhas sem ferro ou abelhas nativas ou indgenas, essas abelhaspossuem ferro atrofiado, no conseguindo utiliz-lo como forma de defesa. Algumas espcies so poucoagressivas, adaptam-se bem a colmias racionais e ao manejo e produzem um mel saboroso eapreciado.

    Alm do mel, essas abelhas podem fornecer, para explorao comercial, plen, cerume, geoprpolis e osprprios enxames. Outras formas de explorao so: educao ambiental, turismo ecolgico epaisagismo.

    A polinizao outro produto importante fornecido pelos meliponideos. Uma vez que no possuem oferro, as abelhas nativas podem ser usadas com segurana na polinizao de espcies vegetaiscultivadas no ambiente fechado da casa de vegetao. Alm disso, algumas culturas, como o pimento,necessitam que, durante a coleta de alimento, a abelha exera movimentos vibratrios em cima da flor

    para liberao do plen. Esse comportamento vibratrio tpico de algumas espcies de abelhas nativas,mas no observado na abelha africanizada (Apis mellifera), que no consegue ser um agentepolinizador eficiente dessas culturas.

    No Brasil so conhecidas mais de 400 espcies de abelhas sem ferro que apresentam grandeheterogeneidade na cor, tamanho, forma, hbitos de nidificao e populao dos ninhos. Algumas seadaptam ao manejo, outras no. Embora vantajosa, a criao racional dessas abelhas dificultada pelaescassez de informaes biolgicas e zootcnicas, pois muitas sequer foram identificadas ao nvel deespcie.

    Devido a essa diversidade, fundamental realizar pesquisas sobre comportamento e reproduoespecficas para cada espcie; adaptar tcnicas de manejo e equipamentos; analisar e caracterizar osprodutos fornecidos e estudar formas de conservao do mel que, por conter mais umidade do que o melde Apis mellifera, pode fermentar com mais facilidade.

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    A alta cotao do preo do mel das abelhas nativas no mercado, que em mdia varia de R$ 15,00 a 50,00cada litro, aliada ao baixo investimento inicial e a facilidade em manter essas abelhas prximas dasresidncias, tem estimulado novos criadores a iniciarem nessa atividade.

    Entretanto, muitos produtores em busca de enxames para povoarem os meliponrios, acabam atuandocomo verdadeiros predadores, derrubando rvores para retirada das colnias, que, muitas vezes, acabammorrendo devido a falta de cuidado durante o translado e ao manejo inadequado.

    Outra causa da morte das colnias a criao de espcies no adaptadas sua regio natural. relativamente comum que produtores iniciantes ou experientes das regies Sul e Sudeste do Brasilqueiram criar abelhas nativas adaptadas s regies Norte e Nordeste, e vice-versa. A falta de adaptaodessas abelhas s condies ambientais da regio em que so colocadas acaba por matar as colnias,podendo contribuir para a extino das mesmas.

    A quantidade de colnias nos meliponrios tambm um fator crucial para preservao das espcies.Vrias pesquisas indicam que, quando a espcie criada no ocorre naturalmente na regio domeliponrio, so necessrios pelo menos 40 colnias para garantir uma quantidade de alelos sexuais eevitar que os acasalamentos consangneos provoquem a morte das mesmas em 15 geraes.

    Embora somente trs espcies de abelhas estejam na lista de animais em risco de extino do Ibama

    (Exomalopsis (Phanomalopsis) atlantica; Meliponacapixaba e Xylocopa (Diaxylocopa) truxali), e dessassomente a Melipona capixaba social, sabe-se que nas reservas florestais a quantidade de ninhos deabelhas sem ferro vem se reduzindo ano a ano.

    A extino dessas espcies causar um problema ecolgico de enormes propores, uma vez que asmesmas so responsveis, dependendo do bioma, pela polinizao de 80 a 90% das plantas nativas noBrasil. Assim, o desaparecimento das abelhas causaria a extino de boa parte da flora brasileira e detoda a fauna que dependa dessas espcies vegetais para alimentao ou nidificao.

    Conscientes do problema, o governo brasileiro, por meio do Conselho Nacional do Meio Ambiente(CONAMA) publicou no Dirio Oficial da Unio em 17 de agosto de 2004 a RESOLUO N 346 DE 06DE JULHO DE 2004, que disciplina a utilizao de abelhas silvestres nativas, bem como a implementaodo meliponrio.

    Contudo, sabe-se que somente a criao de uma legislao normativa no suficiente para preservaode espcies da fauna e flora nativa. necessrio, tambm, um programa informativo visando acapacitao e sensibilizao para que os produtores no s sejam conscientizados, mas tambm sejamcapazes de mobilizar e informar aos seus vizinhos sobre o problema. Resta, assim, fazer um apelo no saos governos nos nveis federais, estaduais e municipais, mas tambm sociedade como um todo paraque se comece a divulgar os problemas acarretados pela retirada indiscriminada dessas abelhas da mata.A criao dos melipondeos deve ser realizada com responsabilidade para evitar a extino das abelhase, a mdio e longo prazo, a extino da flora e fauna que dependem direta ou indiretamente desseimportante agente polinizador.

    Fonte: http://www.cpamn.embrapa.br/apicultura/abelhasSemFerrao.php

    ALTERNATIVAS ECONMICAS NA PRODUO FAMILIAR: O CASO DAAPICULTURA NO ARQUIPLAGO DO BAILIQUE, DELTA DO RIO AMAZONAS,ESTADO DO AMAP

    Rosrio, Lcia Tereza R.

    RESUMO

    O artigo apresenta os resultados finais do Projeto O mel de abelhas no Arquiplago do Bailique: umaalternativa de sustentabilidade scio-econmica e ambiental 2, situado no Arquiplago do Bailique, deltado Rio Amazonas, Estado do Amap. O objetivo geral do projeto consiste no estudo do potencialprodutivo do mel de abelhas nas comunidades do Arquiplago e sua insero no mercado local. As metascompreendem a capacitao dos produtores, o plano de negcios, o plano de ao e a identificao denovos mercados. O projeto envolve 38 famlias de apicultores de doze comunidades, associados

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    Cooperativa de Produtores. A implementao do projeto possibilitar o aumento na gerao de emprego,incremento na arrecadao de impostos, interiorizao do desenvolvimento, produo de alimentosbsicos, integrao da cadeia produtiva e fixao do homem ao seu meio de produo.

    INTRODUO

    O projeto realizado em parceria com a Cooperativa de Produtores e apoio da Secretaria deC&T(SETEC) e do Instituto de Pesquisas do Amap (IEPA). visto como uma alternativa de gerao derenda e melhoria na qualidade de vida das famlias produtoras e ainda como um projeto-piloto no estadodo Amap, que detm um grande potencial apcola, mas sem nenhuma referncia nos indicadores deproduo na Amaznia nos ltimos seis anos. As primeiras atividades do projeto consistiram naidentificao das comunidades que apresentam vocao para a atividade, na aplicao de questionrios enos levantamentos cadastrais de produtores e extrativistas. Em seguida, procedeu-se as primeirascapacitaessobre organizao social e as tcnicas em apicultura, envolvendo as capturas, instalaes emanejo dos apirios. Paralelamente, iniciaram-se os trabalhos de identificao e localizao da floraapcola, em diferentes comunidades do arquiplago, o que dever subsidiar os apicultores na elaboraode um calendrio apcola.

    Em seguida, as informaes do estudo de viabilidade social, econmica e ambiental, a elaborao do

    plano de ao obtido com o planejamento estratgico e os resultados obtidos na identificao de novosmercados, foram condensadas no plano de negcios definindo-se um roteiro operacional, financeiro eestratgico, conforme metodologia aplicada neste tipo de ferramenta econmica.

    DESENVOLVIMENTO

    O projeto de apicultura de produo familiar e est instalado em doze comunidades identificadas compotencial para a atividade e proximidade no acesso de uma localidade para outra. Apesar disso, todo oArquiplago do Bailique conhecido pelo seu grande potencial apcola.

    At recentemente, a extrao do mel era feita de forma rudimentar e predatria, para captura de enxamesnativos, contribuindo para a degradao da floresta e no garantindo um produto de qualidade e emescala comercial. Assim, verificou-se a premente necessidade de substituio do mtodo de extrao

    para a criao e manejo racional dos apirios. As colmias foram doadas por apirios comunitrios quevariavam de cinco a dez famlias. As famlias de apicultores foram escolhidas obedecendo algunsparmetros como a vocao dos pelo processo tradicional de colheita do mel, a proximidade entre ascomunidades e a fbrica, a facilidade de locomoo para as reas de captura e acomposio florstica.

    A apicultura , provavelmente, a nica atividade desenvolvida pelo homem que no agride a natureza. Aocontrrio das demais, a apicultura convencional no promove desmatamentos ou queimadas, no polui eno gera subprodutos txicos. Alm disso, atravs da polinizao as abelhas garantem a produo defrutos e sementes das espcies vegetais silvestres, assegurando sua perpetuao, alm de fornecer cera,gelia real, mel, plen, prpolis e veneno, todos produtos amplamente aproveitados como alimentonatural ou fins medicinais, preventivas e curativas (Pretti, 2002).

    As primeiras iniciativas foram de sensibilizao da comunidade quanto criao de abelhas em colmias,

    e a rentabilidade comparada com a extrao predatria atravs da derrubada dos enxames. No decorrerdas reunies, cursos e eventos com o grupo foram disseminadas as informaes sobre a importncia dasabelhas como polinizadores e ainda, os benefcios sociais que a comunidade iria obter com oinvestimento em mais uma atividade produtiva. A colheita do mel no arquiplago do Bailique ocorresomente no perodo sem chuvas, que inicia no ms de julho e estende-se at dezembro. Na entressafra,a oferta do mel reduzida a quase zero, o que ocorre no perodo chuvoso, compreendendo os meses dejaneiro a junho.

    O nmero de colheitas pode chegar a quatro por ano, dependendo da alimentao das abelhas. Por setratar de um projeto piloto, onde o manejo dos apirios est em fase de aprendizado pelos apicultores,optou-se por subestimar a produo e considerar apenas uma colheita por safra em cada colmia,evitando dessa forma as estimativas acima da capacidade dos apicultores. Estima-se que cada colmia

    produza, em mdia, um volume de 30 kg de mel/ano. Esses dados refletem as observaes dosapicultores e so confirmados nas bibliografias consultadas. A mdia mundial de 54 Kg/colmia (Wiese,1995). O estudo preliminar das espcies melferas da regio mostrou a existncia de um grande

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    Observou-se, quanto qualidade dos blocos cermicos sinterizados com p-de-serra ecom lenha, que estes no satisfazem as especificaes da NBR 7171 (1992) quanto sdimenses e desvio de esquadro. Ainda, os blocos possuem resistncia compressomdia de 0,9 MPa e 1,0 MPa, respectivamente, sendo que no caso do p-de-serra osvalores obtidos permaneceram abaixo do limite da referida norma. Quanto ao controle

    de qualidade no processo, porm, observou-se que os valores obtidos para resistncia compresso para o caso do p-de-serra apresentam menor variao que para a lenha.Para a comprovao desta tendncia, aponta-se a necessidade da realizao de maisensaios, considerando-se um universo amostral maior.

    Quanto ao resduo utilizado, observou-se que este provm de diferentes indstrias(madeira serrada e moveleira) e possuem diferentes granulometrias. Apesar daconstatao do uso de resduos provenientes de dois tipos de indstrias, observa-se queo resduo da indstria da madeira serrada mais apropriado para a sinterizao que oresduo da indstria moveleira, visto que alguns tipos de adies oriundas desta ltima,ao entrar em processo de combusto, liberam gases txicos e prejudiciais ao meio

    ambiente.

    Quanto sinterizao, do ponto de vista da eficincia energtica do processoempregado, observou-se um grande desperdcio de energia no resfriamento para aretirada dos blocos do forno, necessrio para atingir uma temperatura adequada mesma, devido utilizao do forno do tipo intermitente. Aponta-se como necessidadea introduo de melhoria no processo, adotando-se o forno tipo contnuo.

    A indstria da madeira pode abastecer cerca de 50% da demanda por p-de-serra daindstria cermica, sendo vivel economicamente no Distrito Federal.

    Finalizando, sobre a sustentabilidade do p-de-serra tem-se que, se analisarmos oprocesso desde a extrao da matria prima, observa-se que na maior parte das vezes,enquanto a extrao da lenha acarreta um grande impacto ambiental, no caso do p-de-serra h um aproveitamento deste resduo, minimizando o problema do seu descarte eapresentando um custo pequeno, em geral referente apenas ao seu transporte.

    Instituio de fomento: CNPqTrabalho de Iniciao CientficaPalavras-chave: Sustentabilidade; Sinterizao; bloco cermico furado.Anais da 58 Reunio Anual da SBPC - Florianpolis, SC - Julho/2006

    BIBLIOGRAFIA

    BUCCI, Maria Paula Dallari. A Comisso Brundtland e o conceito de desenvolvimentosustentvel no processo histrico de afirmao dos direito humanos.In: DERANI,Cristiane; COSTA, Jos Augusto Fontoura (org). Direito Ambiental Internacional.So Paulo: Leopoldianum, 2001.

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    SILVA, Geraldo Eullio do Nascimento. Direito Ambiental Internacional. 2. ed., Riode Janeiro: Trex, 2002.

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