Apostila de Saúde Coletiva II -Modulo III

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    SADE COLETIVA II MDULO III

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    PLANO DE CURSO

    1 DADOS DE IDENTIFICAO CURSO TCNICO EM ENFERMAGEM

    DISCIPLINA: SADE COLETIVA II

    CARGA HORRIA: 40 H/A; Sendo; 01 H/A (T) e 01 H/A (P)

    PERODO LETIVO: 2014.2 1 COMPETNCIAS E HABILIDADES PROSPOSTAS

    Reconhecer a importncia da assistncia de enfermagem prestada ao indivduo nas

    diferentes faixas etrias, famlias, grupos e comunidade, relacionados a: Educao

    para sade sobre medidas de proteo sade; preveno de doenas prevalentes;

    endemias; epidemias; doenas prevenveis por imunizaes; riscos e agravos

    sade; efeito de medicamentos e de imunobiolgicos;

    Conhecer as principais polticas pblicas de sade no Brasil.

    Registrar as doenas de notificao compulsria em impressos prprios.

    Adotar as medidas de preveno/proteo recomendadas para doenas

    transmissveis.

    Esclarecer a populao acerca das medidas de proteo/preveno a serem adotadas

    em epidemias e endemias.

    Fazer levantamento das caractersticas sociopolticas, econmicas e culturais da

    comunidade.

    Levantar dados de morbimortalidade, de risco e agravos sade.

    Utilizar tcnicas de mobilizao de grupos.

    Vacinar, segundo o calendrio bsico de vacinao do Ministrio da Sade e

    Programa Nacional de Imunizao (PNI).

    Manusear imunobiolgicos conservando-os de acordo com as recomendaes do

    Ministrio da Sade.

    Registrar vacinas aplicadas em carto prprio.

    Utilizar os recursos da comunidade nas aes de sade coletiva.

    Informar quanto ao retorno e efeitos adversos das vacinas.

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    5 BASES TECNOLGICAS

    Objetivos, diretrizes, estrutura do SUS

    A Enfermagem em Sade Pblica.

    Preveno e controle de hansenase, tuberculose, diarria, hipertenso, diabetes,

    dengue, malaria, influenza e Leishamaniose visceral.

    Programa Nacional de Imunizao

    Tcnicas de imunizao/vacinao e aplicao de imunobiolgicos.

    Tcnicas de transporte, armazenamento e conservao de vacinas: controle da Rede

    de Frio.

    Recursos da comunidade para as aes de sade coletiva.

    Noes de Vigilncia Epidemiolgica e Sanitria.

    Desenvolvimento, crescimento, evoluo e envelhecimento humano no ciclo vital.

    Tcnicas de comunicao interpessoal.

    Tcnicas de mobilizao social.

    Estratgias de interveno em sade na famlia.

    Programa de Assistncia a sade do Idoso.

    6 METODOLOGIA DE ENSINO

    6.1 O processo ensino aprendizagem dar-se- atravs de:

    Exposio dialogada, discusso em grupo, seminrios, grupo de discusso, estudo de caso, relatrio das temticas abordas em sala de aula e apresentao de vdeos.

    6.2 Recursos didticos a serem utilizados:

    Data show, quadro de acrlico, pincel, aparelho de som, aparelho de DVD, Livro texto e internet.

    7 AVALIAO DA APRENDIZAGEM

    Ao longo da disciplina sero realizadas quatro avaliaes (sendo: 02 provas tericas,

    01 seminrio, alm de outras atividades). Onde sero considerados ainda considerados:

    Grupos de discusso;

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    Dinmica de grupo; E pela participao em sala de aula.

    OBS: Ser considerado aprovado o aluno que obtiver nota igual ou superior a sete pontos (6,0) e frequncia igual ou superiror a setenta e cinco por cento (75%).

    8 REFERNCIAS

    PAGANO, Ana Cludia de Carvalho. Sade Pblica em face do Cdigo de Defesa do

    Consumidor. 1 ed., So Paulo: Editora Mauad, 1.998.

    VANZIN, Arlete Spencer. Enfermagem em Sade Pblica: fundamentao para o exerccio

    do enfermeiro na comunidade. Porto Alegre: Editora Saglia, 1.994.

    CARVALHO, G. I; SANTOS, L. Sistema nico de Sade. So Paulo, Hucitec, 1995.

    VANZIN, A.S. NERY, M.E.S. Enfermagem em Sade Pblica: fundamentao para o

    exerccio do enfermeiro na comunidade. Porto Alegre: Sagra Luzzato, 1994.

    LEAVEL, H. & CLARK, E.G. Medicina Preventiva. MacGraw-hill, So Paulo, 1976.

    PAIM, J.S. Indicadores de Sade no Brasil e relaes com variveis econmicas e sociais.

    Ver. Baiana S. Publ.; 75(2): 39-83, 1975. . (edio atualizada)

    FORATINI, O. P. Epidemiologia geral. Porto Alegre. Artes mdicas, 1986.

    LESER, W. et all. Elementos de Epidemiologia Geral. Rio de Janeiro. Atheneu, 1990.

    AMATO NETO, V. e Baldy, J. L. S. Doenas Transmissveis. 2 ed. Guanabara

    Joogan.1978. (edio atualizada)

    PHILIPPI JNIOR, A. Saneamento do Meio. So Paulo, FUNDACENTRO; USP.

    Faculdade de Sade Pblica. Departamento de Sade Ambiental, 1978. (edio atualizada)

    Manuais do Ministrio da Sade: Vigilncia Epidemiolgica, Vigilncia Sanitria,

    Imunizao, Doenas de Notificao Compulsria, Programas de Ateno bsica entre

    outros.

    MENDES, Eugnio Vilaa. Distrito Sanitrio: o processo social de mudana das prticas

    sanitrias do SUS. So Paulo - Rio de Janeiro: HUCITEC - ABRASCO, 1.994.

    BRASIL, Ministrio da Sade. Profissionalizao de Auxiliares de Enfermagem:

    instrumentalizando a ao profissional. Ministrio da Sade. Braslia: Ministrio da Sade:

    Rio de Janeiro: Fiocruz 2000.

    _______, Ministrio da Sade. Lei Orgnica da Sade Lei n 8080/90.

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    _______, Ministrio da Sade. Norma Operacional Bsica NOB 01/96

    _______, Ministrio da Sade. Norma Operacional da Assistncia Sade/SUSNOAS-

    SUS 01/2001. Portaria95, de janeiro de 2001.

    LIMA, Idemilda Lopes de [et.al] Manual do Tcnico e auxiliar de Enfermagem, 6 ed.

    ver. ampl. Goinia: AB, 2000.

    _______L. Ministrio da Sade. Guia de controle da hansenase. Braslia: Ministrio da

    Sade. 1993.

    _______. Ministrio da Sade. Manual de normas para o controle da tuberculose. Braslia:

    Ministrio da Sade. 1993.

    ________. Ministrio da Sade. Manual de controle das doenas sexualmente

    transmissveis. Braslia: Ministrio da Sade. 1999. 3 ed.

    ________. Ministrio da Sade. Hipertenso arterial sistmica e Diabetes Mellitus:

    protocolo. Caderno de Ateno Bsica. Braslia: Ministrio da Sade. 2001.

    ________. Ministrio da Sade Manual do Programa Nacional de Imunizao. Braslia,

    1997

    KAWAMOTO, E. E. (org) Enfermagem comunitria. So Paulo: E. P. U. 1995.

    ROUQUAYROL, M. Z.; ALMEIDA FILHO, N. Epidemiologia e sade. 5 Ed. Rio de

    Janeiro: Medsi, 1999.

    9 NORMAS COMPLEMENTARES DA DISCIPLINA

    As avaliaes bimestrais obedecero s datas previstas no calendrio do PRONATEC, e no podem ser adiadas. Objetivando um bom desempenho acadmico, no ser permita a utilizao de aparelhos celulares durante as aulas. Os celulares devero permanecer no mdulo silencioso durante a aula.

    Estar aprovado o (a) aluno (a) que obtiver 75% de frequncia, porm bom lembrar-se que a permanncia do (a) aluno (a) em sala de aula, representa um dos itens da avaliao somativa.

    A avaliao discente pautada no Regimento Interno do PRONATEC. Para aprovao por mdio o aluno dever obter, no mnimo, mdia mnima: 6.0.

    Os trabalhos escritos, quando solicitados, devero obedecer as normas da ABNT.

    Observao: Esse plano de ensino poder sofrer alteraes durante o semestre em curso de acordo com as necessidades e adversidades surgidas no decorrer da disciplina.

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    SUMRIO

    1 Recursos da Comunidade para as Aes de Sade Coletiva 07

    2 Tcnicas de Comunicao Interpessoal e Tcnicas de Mobilizao Social 13

    3 Planejamento sob uma Nova Perspectiva 16

    4 Sistemas de Informaes ajudam a Planejar a Sade 26

    5 Estratgias de Interveno em Sade na Famlia 27

    6 Aes de Enfermagem na Assistncia durante o Desenvolvimento, Crescimento, Evoluo e Envelhecimento Humano no Ciclo Vital 36

    ANEXOS

    ATIVIDADES DO MDULO III DE SADE COLETIVA II

    REFERNCIAS

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    1 RECURSOS DA COMUNIDADE PARA AS AES DE SADE COLETIVA

    Sendo a educao um processo vital, para o qual ocorrem foras naturais e espirituais pela ao consciente do educador. atividade criadora, que visa levar o seu humano a realizar s suas potencialidades fsicas, intelectuais, morais e espirituais. o processo contnuo, que comea nas origens do ser humano e se estende at a morte.

    A educao em sade uma ao planejada, que visa criar condies para produzir mudanas comportamentais desejveis em relao sade, as quais permitam garantir melhoria das condies de sade da coletividade.

    Objetivos especficos da educao em sade:

    Fazer com que as pessoas considerem a sade como um valor; Estimular a utilizao dos Servios de Sade; Ensinar as pessoas a conseguir sade atravs de seus prprios esforos e aes.

    Esses objetivos, que visam ao comportamento significam a opo de ter sade, no doena. E que na formao de atitudes, existe sempre um componente afetivo na aceitao ou rejeio de conhecimentos, valores e prticas.

    A educao em sade tem junto s demais atividades de sade um relevante papel, porque se constitui num processo dinmico de ensino-aprendizagem, atravs do qual a pessoa, o grupo ou a comunidade aceita ou rejeita novas informaes, novos valores, novas atitudes e novas prticas, incorporada ou no um novo comportamento, frente a um determinado problema de sade.

    Ensinar antes de tudo, criar condies para que a aprendizagem se realize e esta s efetivada quando se processa de forma integral. As pessoas aprendem atravs dos sentidos, vendo, ouvindo e fazendo. Quanto maior o nmero de sentidos utilizados no processo de aprendizagem, maior ser a probabilidade de fixao dessa aprendizagem, maior ser a probabilidade de fixao dessa aprendizagem.

    O trabalho educativo em sade pode ser: individual, com grupos especficos, com a comunidade.

    1.1. Trabalho Individual:

    Por ser uma situao direta, pessoa a pessoa, atravs da comunicao interpessoal com o representante do servio de sade e o cliente, numa demonstrao de conhecimentos e experincias das tarefas especficas de atendimento.

    Alguns aspectos importantes, que podem ajudar o trabalho individual como os clientes, so: envolvimento do paciente no processo educativo; conhecimentos dos modos de pensar e valores do paciente; compreenso da reao do paciente sua situao particular, seus anseios, sua s dvidas, seus problemas; valorizao de suas atitudes negativas.

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    1.2 Trabalhos com Grupos Especficos:

    Para desenvolver um trabalho com grupos especficos, necessrio conhecer as percepes e as motivaes dos participantes; a partir desse conhecimento, a populao alvo dever ser envolvida na programao, participando ativamente de reunies e decises coletivas.

    O local e o horrio das reunies devem ser programados de forma a atender aos interessados e preferncias do grupo. Geralmente, quando as reunies no podem ser realizadas no servio, a escolha recai na igreja, escola, no clube da comunidade ou associao de moradores.

    1.3. Trabalho com a Comunidade:

    Entende-se como comunidade uma unidade feita pela integrao ou participao de muitos. A comunidade tem sempre interesses convergentes, ela preexiste a seus membros como um trabalho participativo.

    A participao da comunidade nos programas de sade dos servios faz-se atravs dos grupos organizados: associaes profissionais, recreativas, religiosas, escolares e dos lderes.

    Neste contexto (Costa, 2009) relata que a educao em sade trabalha com o conceito de antigos filsofos, enfatizando por Foucault (2004), de que saber poder e de que este poder deve ser democratizado, de que o setor sade no deve ter o monoplio deste poder. O que mais importa para a educao em sade remeter o cidado e sal comunidade ao reconhecimento de seu prprio potencial transformador, colaborando na construo e desconstruo de valores. Assim como desvelar os preconceitos enquanto ferramentas de dominao, devolvendo a capacidade de ira-se, enquanto essa ira envolve esperana e fora.

    Podemos dizer que a educao trabalha com duas vertentes principais: educao popular e educao continuada.

    A educao popular: deve construir a autonomia do cidado e fazer do paciente sujeito e no apenas objeto da ateno mdica no processo de cura. J a educao continuada: dos profissionais de sade visa formao de um olhar crtico sobre o mundo e de uma postura reflexiva com relao ao processo sade doena. Este modo de enxergar o mundo deve transcender a racionalidade cientfica moderna, que determina, atualmente, o pensar e o agir dos profissionais de sade.

    Educao e Promoo da Sade:

    A promoo da sade abrange a viso do paciente enquanto sujeito no processo de preveno e cura. Ou seja, o saber em sade no deve, por meio da educao em sade, ser difundido, para que se construa na populao maior capacidade de enfrentamento dos problemas de sade e para instrumentaliz-la a prevenir agravos em sade por intermdio de um viver saudvel. Nessa abordagem, no se considera, portanto, apenas doena ou distrbio algo objetivo ao olhar mdico, mas tambm a sensao subjetiva de mal estar do paciente,

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    ainda que no captando a que d origem a essa sensao ou mesmo acreditando ser ela inexistente.

    Qualidade de vida e promoo da sade encontra-se basicamente entrelaados, de maneira que no possvel pensar sade sem acesso a condies saudveis de vida. Entretanto, a educao em sade hoje objetiva bem mais que desenvolver hbitos de higiene na populao. Ela visa promover:

    Autonomia do paciente; Democratizao do saber; Voz do povo; Cidadania; Solidariedade; Responsabilizao pela prpria sade, pela comunidade e pelo outro; Incluso social; Aceitao das diferenas; Formao de multiplicadores do conhecimento; Conscientizao sobre os riscos em sade e como evit-los; Aes intersetoriais.

    Educao em Sade :

    Promover a descoberta do que se , da conscincia de existir: lembra Avelino Correa (2004) que: Ignorar o que somos como possuir tesouros e no saber.

    Promover a liberdade: desenvolvendo a capacidade de escolher, de pensar, de ter um olhar crtico sobre o mundo. S assim podemos fazer opes que no sejam ditadas pelos preconceitos, pelos modismos, pelo consumismo e por outras foras escravizadoras. No dizer de Ingersoll (2007): A liberdade filha da inteligncia.

    Desenvolver a responsabilidade e a solidariedade: quando vemos a sade, o bem estar e a qualidade de vida como resultados de atitudes anteriores, frutos de sementes um dia plantadas, fica mais fcil compreender a responsabilidade de cada um sobre esses resultados ou sobre a ausncia deles e entender, tambm, a fora da unio e da solidariedade, que permite ao homem transcender a solido e construir um mundo mais justo.

    Canalizar para aes positivas as emoes negativas: at as emoes negativas do indivduo da comunidade so foras que apresentam potencial transformador quando reconhecidas, analisadas e direcionadas para a construo de uma sociedade melhor.

    Cultivar a alegria e a paz: dentro da equipe profissional ou da sociedade como um todo, cada indivduo hoje se sente pressionado a ser o melhor, o que implica continuamente vencer o outro. Essa educao voltada para a competitividade inviabiliza o trabalho em equipe, dificulta a realizao das aes intersetoriais e at destri a sade emocional das pessoas. O verdadeiro desafio a ser colocado no processo educativo vencer a si mesmo, ou seja, superar continuamente os prprios limites.

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    Desenvolvimento a empatia: A empatia a tua dor no meu corao. A dor do paciente, bem como a luta pelos seus direitos devem direcionar o agir do profissional de sade. E a comunidade ser sensibilizada quanto necessidade de se unir para pleitear seus direitos em sade.

    Educar em sade tambm : Questionar e reordenar valores; Promover a justia; Agregar valor pessoa; Desenvolver a autoestima da pessoa e da comunidade; Desvelar o preconceito.

    Existem trs tipos de abordagens pedaggicas para o treinamento da ESF:

    1. Pedagogia da Transmisso; 2. Pedagogia do Condicionamento; 3. Pedagogia de Problematizao.

    Cada uma dessas opes de ensino apresenta influncia no s no aprendizado, mas na formao da sociedade de seu tempo, na construo do cidado e da famlia.

    Na pedagogia da Problematizao: Essa Abordagem Pedagogia: Faz com que o aluno observe a realidade que o cerca; Leva reflexo sobre os determinantes estruturais e conjunturais dessa realidade

    que o cerca; Incentiva na deteco dos problemas existentes; Estimula a busca de solues para os problemas encontrados; Tem no professor um facilitador do processo de anlise da realidade e da busca de

    solues.

    Ainda que eficientes na transmisso de informaes, as abordagens A e B no levam ao pleno desenvolvimento do potencial do indivduo e, no plano social determinam:

    Aceitao passiva do autoritarismo; Conformismo; Submisso dominao; Preservao do status; Adoo de modelos preestabelecidos; Individualismo; Ausncia de solidariedade.

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    A Abordagem da Problematizao, no Plano Individual: Confere ao indivduo a conscincia de sua prpria fora; Permite o desenvolvimento da criatividade; Desenvolve a competncia para resolver problemas.

    Essa Abordagem, no Plano Social:

    Promove a igualdade em vez do autoritarismo; Reduz a necessidade de lderes; Estimula a produo de tecnologias prprias e a utilizao de recursos locais; Educa para a resistncia dominao por classes e pases; Desvela os preceitos como forma de dominao.

    A abordagem C prepara o indivduo para a criao de uma sociedade mais justa e o

    modelo mais adequado para se educar em sade.

    Direcionando o Trabalho Para a Promoo da Sade: Promova a autonomia dos seus pacientes, educando-os para a sade;

    Conscientize os pacientes sobre os riscos em sade e como evit-los;

    Promover na rea de abrangncia da Unidade, aes em sade, como caminhadas em grupo, passeio de bicicleta, aulas de ioga;

    Promova a sade tambm em sua equipe. No faa reunies apenas para planejar aes e discutir problemas da rea de abrangncia. Essas reunies so importantes sim, mas tambm so fundamentais os espaos destinados convivncia dos profissionais, com aplicao de dinmicas que desvendem os sonhos de cada um e mostrem um pouco de seu modo de ser e que transformem em risos, se possvel, as tenses surgidas no cotidiano;

    Mobilize as crianas e os jovens das escolas de sua rea de abrangncia para que participem de mobilizaes como patrulha contra a dengue, dia nacional de combate dengue, discusses sobre a violncia nas escolas com criao de rap, peas, danas etc;

    Aproveite as datas comemorativas para promover a sade (p. ex., atividades direcionadas s mes na semana que antecede seu dia; ao relacionamento familiar, prximo ao natal; e sade do trabalhador, no Dia do Trabalho, bem como cursos para trabalhadores rurais nas festas juninas, entre outros);

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    Meditao, culinria saudvel ou formao de um coral. Enfim, tudo o que beneficie

    a sade, ocupe e mobilize os jovens e envolva os idosos em uma teia de amizade, diverso e cuidados que motivem a viver em plenitude;

    Promova palestras sobre assuntos de sade junto associao de moradores, escolas, igrejas, cursos para noivos, interagindo permanentemente com a comunidade;

    Feira de sade nas quais se possam aferir presso arterial (PA), ndice de massa corporal (IMC), glicose ou at densidade ssea e pesquisar problemas na pele. Busque parcerias com universidades da regio. As feiras podem ocorrer junto a outras comemoraes: formaturas de 1 Grau, desfiles e Sete de Setembro, dia do meio ambiente, entre outros.

    Bloco da Sade, composto de profissionais de sade distribuindo preservativos no carnaval, uma forma de promover a sade e a alegria;

    Promova o aleitamento materno. Transforme sua unidade amiga da criana, procurando, para isso, os cursos e o respaldo do programa de aleitamento materno das secretarias estaduais;

    Curso para gestantes, em que estas possam, alm de aprender muito sobre a gravidez e parto, conviver com outras gestantes, trocar idias, falar de seus problemas e dvidas;

    Proponha cursos de alfabetizao de adultos. Alguns voluntrios pem ajudar exercendo sua cidadania e construindo nos alunos um olhar crtico sobre o mundo;

    Crie uma pequena biblioteca circulante em que a equipe de sade e mesmo os pacientes possam encontrar informaes atualizadas e at diverso;

    Prepare um curso sobre sade para os professores de escolas pblicas e privadas da rea. Informe-os sobre temas como primeiros socorros em pequenos acidentes;

    Faa cursos em parceria com instituies da rea (p. ex., curso sobre intoxicaes alimentares junto ao SENAI, curso junto ao SEBRAE e Secretaria de Agricultura sobre cuidados no uso de produtos agrcolas para produtores rurais);

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    Consiga DVD sobre vdeos em sade e divulgue-as junto s escolas, igrejas e outras instituies;

    Realize cursos tericos e prticos de primeiros socorros para motoristas de ambulncia e auxiliares de enfermagem, que, muitas vezes, so os primeiros a chegarem ao local de um acidente ou emergncia mdica. Para isso, busque, tambm, parceria com faculdades de enfermagem, medicina, corporao de bombeiros etc;

    Realize cursos para professores de escola pblica e privada sobre alguns problemas de sade que acontecem no dia a dia: crises epilticas, alcoolismo e tabagismo entre adolescentes, drogadio, gravidez na adolescncia, pediculose, doenas infecciosas, verminoses, dermatites nas escolas, violncia nas escolas e outros temas de interesse dos professores. Prefira a abordagem problematizadora com debates com os professores e a busca conjunta de solues;

    Faa cursos junto ao produtor rural, como por exemplo, cursos sobre animais peonhentos, como reconhec-los, os cuidados com eles etc. Exemplos de outros cursos: riscos da exposio ao sol e formas de proteo, importncia da vacina antitetnica, ttano acidental e neonatal, raiva e acidentes com animais, entre outros;

    Ao educar em sade, devemos lembrar, sendo o saber um instrumento de poder, do mundo que imagina Avelino Corra (2004):

    O amor a nica energia capaz de dominar nosso planeta com sabedoria para a felicidade de todos.

    2 TCNICAS DE COMUNICAO INTERPESSOAL E TCNICAS DE

    MOBILIZAO SOCIAL

    Na preparao e realizao de programa sobre educao em sade, so utilizados tcnicas

    como: entrevista, discusses em grupos, demonstrao, palestra, dramatizao, envolvimento

    da comunidade.

    2.1 Entrevista:

    a tcnica empregada no trabalho individual.

    So considerados importantes pelo profissional responsvel no atendimento ao

    cliente, alguns aspectos:

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    Providenciar acomodao adequada;

    Ouvir com ateno o que o cliente tem a falar;

    Mostrar se atento e interessado;

    Discutir com o cliente, alternativas para solues dos problemas apresentados;

    Concluir a entrevista de forma a facilitar contatos posteriores.

    2.2 Discusses em Grupos:

    A discusso oferece aos componentes do grupo ouvir pontos divergentes e expressar

    suas opinies, desenvolvendo comportamentos baseados em decises originadas no prprio

    grupo.

    Os debates em grupo facilitam a aceitao, a compreenso, a comunicao e a

    aprendizagem. Os pontos a serem questionados so selecionados com base nas experincias,

    conhecimentos, necessidades e interesses dos participantes. Ex: em relao ao Cncer, vrios

    aspectos podem ser abordados; evitar cigarro, conhecer os principais sinais que podem indicar

    a existncia da doena, ainda no incio; vantagens de procurar o mdico ao detectar um sinal

    que iniciar a existncia da doena.

    2.3 Demonstrao:

    De grande valor no cncer, a demonstrao todos os passos. Os recursos necessrios para

    a demonstrao devem ser previamente organizados de forma a facilitar o trabalho. Uma boa

    demonstrao para que possa ser compreendida, envolve as seguintes aes: falar, ouvir,

    mostrar e fazer.

    A repetio da demonstrao por elemento do grupo deve seguir-se aquela feita pelo

    instrutor. E importante uma superviso eficaz por parte do instrutor, para constatar se a

    prtica foi aprendida. A experincia deve ser repetida at que consiga execuo correta.

    2.4 Palestra:

    Neste tipo de tcnica, dois pontos bsicos no devem ser esquecidos: avaliao cuidadosa do contedo de informaes; linguagem adaptada do grupo de forma a estabelecer efetiva comunicao.

    2.5 Dramatizao:

    Situaes da vida real, do lar ou situaes de servio, quando utilizadas n discusso em grupo, podem enriquecer o ensino-aprendizagem.

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    A dramatizao um recurso para apresentao dessas situaes, sendo vlidas por estimular a imaginao e a auto-experincia e por proporcionar oportunidades de maior participao de todos os componentes do grupo.

    Essa tcnica exige do demonstrador conhecimento e experincia, porque, se for aplicada com insegurana, pode estabelecer dvidas com resultados contraproducentes.

    2.6. Envolvimento da Comunidade:

    O servio de sade promove os contatos com as lideranas (formais e informais) e os grupos organizados, para a dinamizao do programa de controle ao Cncer, com a participao da comunidade em todas as fases da programao.

    importante considerar alguns aspectos:

    1) Identificao e contato com os lderes formais e informais da comunidade para discutir: a percepo que a comunidade tem da doena; o programa e sua importncia para a comunidade; a necessidade de participao das lideranas e da comunidade; a necessidade do encontro para discusso do assunto.

    2) Reunies para discutir: programa e suas alternativas com a participao comunitria; experincias com participantes em relao ao problema do Cncer, iniciativas que podero ser tomadas pelos vrios grupos da comunidade, em face do problema.

    Recursos Didticos:

    So meios auxiliares que, convenientemente utilizados, facilitam o processo de ensino aprendizagem. O uso desse material deve ser previamente planejado, a fim de poder incorpor-lo ao trabalho educativo, no momento oportuno. O contedo do material didtico deve ser elaborado de preferncia a nvel local, com a participao de elementos da comunidade.

    Os multimeios de uso mais comuns so:

    1) Quadro de giz: importante para o ensino de assuntos em sequncia, principalmente quando podem ser ilustrados passo a passo. De preferncia, usar giz colorido ou pincel colorido, que proteja melhor o desenho. Uso correto: colocar a escrita ao nvel da viso do grupo; usar letra legvel, dar variedade e contraste, colocar o material adequadamente.

    2) Quadro de avisos ou murais: motivam e despertam interesse. Permite expor informaes de modo atraente com recortes de revistas, figuras coloridas e outros materiais. Uso correto: planejar e confeccionar com a participao do grupo; manter em exposio apenas enquanto despertar o interesse; variar a composio,

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    selecionando os materiais de forma harmnica; expor trabalhos confeccionados pelo grupo.

    3) lbum seriado: importante para a apresentao de temas em sequncia. Uso correto: apresentar um s tema; empregar legendas simples e curtas; determinar a 15 o nmero de pginas; afixar e local que permita a todos verem; fazer a apresentao verbal acompanhando a sequncia do lbum.

    4) Cartazes: devem ser atraentes nas cores e nos desenhos, j que visam chamar a ateno sobre determinado assunto. Uso correto: usar mensagens curtas em termos positivos; estimular o grupo para que os confeccione; limitar a durao da exposio aos interesses do grupo.

    5) Filmes e dispositivos: teis na apresentao de situaes e procedimentos que esto fora do alcance para apresentao ao vivo. Uso correto: preparar o grupo para apresentao; preparar roteiro para o acompanhamento da exposio; repetir a projeo se necessrio, aps discutir o contedo com o grupo; selecionar filmes e dispositivos vinculados, sempre que possvel, aos valores e padres de vida locais.

    6) Folhetos e volantes: teis na divulgao de informaes. Devem ser atraentes, de forma a despertar a curiosidade do leitor. Uso correto: usar textos curtos e de contedo simples, com ilustraes adequadas.

    7) Alto Falantes: de grande utilidade, principalmente em localidades pequenas, para divulgao de avisos populao. Uso correto: mensagens curtas; textos objetivos, com redao correta; apresentador com boa direo e voz agradvel.

    3 PLANEJAMENTO SOB UMA NOVA PERSPECTIVA

    Segundo Daniel (1981), planejamento um estudo ou plano detalhado de trabalho. um sistema de tcnicas que tem por objetivo a elaborao de programas que comportam no somente a indicao dos objetivos a serem alcanados, mas tambm a previso das diversas etapas de execuo. a funo ou servio de preparao de trabalho.

    Planejar ou prever perscrutar o futuro e traar um programa de ao, determinar o fim que se deve colimar e encontrar os melhores meios para atingi-lo, submetendo o plano s modificaes sugeridas pela experincia e pelos fatos. Sem planejamento os acontecimentos ficam sujeitos ao acaso, no h rendimento do trabalho, h perda de tempo, esforo, energia e recursos materiais e financeiros.

    A mudana uma das caractersticas marcantes no mundo; no planejamento temos que levar em conta o impacto e a resistncia mudana, adaptando os mtodos de ao constantemente. O planejamento processa-se atravs da organizao. Onde est organizao o ato de colocar algo em ordem ou em condio de funcionar; estado e alguma coisa que esta

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    apta para desempenhar determinadas funes. O conceito de organizao fundamental para a execuo de qualquer trabalho.

    O planejamento faz parte da cincia da administrao. Seja ela cientfica ou empiricamente estamos utilizando a todo momento a administrao, desde a dona de casa at o mais alto dirigente de uma nao. Administrao o conjunto de princpios, normas e funes que tem por fim organizar os fatores de produo e controlar a sua produtividade. A idia principal a de fazer com que cada ao ou deciso contribua para alcanar-se um alvo.

    De acordo com a American Management Association, administrao guiar os recursos humanos e fsicos para formar unidades de organizacionais dinmicas, as quais obtm seus objetivos para a satisfao daqueles a quem servimos e com alto grau de moral e senso de realizao por parte dos que fornecem o servio.

    Administrar :

    1. Planejar, 2. Organizar, 3. Comandar 4. Controlar (avaliar)

    Como foi definido no incio deste estudo, a enfermagem planejada consiste na elaborao sistematizada de um plano teraputico de ao, utilizando essencialmente os elementos da metodologia cientfica. E atravs da enfermagem planejada alcanaremos um atendimento especfico s necessidades bsicas individuais.

    responsabilidade do gestor municipal desenvolver o processo de planejamento, contemplando suas fases: programao, monitoramento e avaliao das aes de sade local, de modo a atender s necessidades da populao de seu municpio com eficincia e efetividade. Para dar concretude a esse processo, o Sistema de Planejamento do SUS (Planeja SUS) prope com as trs esferas de gesto uma nova perspectiva para fazer planejamento: uma construo coletiva, harmnica e solidria, observando a sua ascendncia conforme definido pela Lei Orgnica da Sade (BRASIL, 1990b).

    O funcionamento desse sistema em nvel local se apresenta com a formulao e/ou reviso peridica dos seguintes instrumentos: o Plano Municipal de Sade (PMS) e suas respectivas Programaes Anuais de Sade (PAS), instrumento que operacionaliza as intenes expressas no PMS , e o Relatrio Anual de Gesto (RAG), instrumento que apresenta os resultados alcanados e orienta eventuais redirecionamentos que se fizerem necessrios (Sistema de Planejamento do SUS uma construo coletiva Srie Cadernos de Planejamento Volume 6 Orientaes gerais para elaborao de instrumentos de planejamento Programao Anual de Sade e Relatrio de Gesto estrutura e contedo).

    O PMS a base para a definio e a implementao de todas as iniciativas no mbito da sade local, portanto deve ser valorizado como instrumento central de planejamento, sendo necessrio que todas as iniciativas estejam nelas contidas, a partir dos seus diversos componentes, cuja elaborao se d em dois momentos: I) o da anlise situacional; e II) o da

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    definio dos objetivos, diretrizes e metas para o perodo de quatro anos. Um instrumento fundamental para nortear a elaborao do PMS o Plano Nacional de Sade. Cabe ao Conselho Municipal de Sade estabelecer as diretrizes para a formulao do PMS, em funo da anlise da realidade e dos problemas de sade locais, assim como dos recursos disponveis.

    Ao final da vigncia do PMS, necessria a realizao de uma avaliao geral, dada a sua importncia estratgica para o aperfeioamento da gesto.

    ... no basta descrever como o mundo, o pas, os lugares; impem-se ir mais longe, detalhar suas interinfluncias recprocas com a sociedade, seu papel essencial sobre a vida do indivduo e do corpo social. (Milton Santos).

    O Plano Nacional de Sade (PNS) deve ser a referncia para o Sistema nico de Sade (SUS). A reduo das desigualdades em sade existentes no Pas o princpio que orienta o PNS, que tem por objetivo geral ampliar o acesso universal e igualitrio da populao a aes e servios de sade de qualidade, oportunos e humanizados.

    Nesse sentido, o PNS orienta as aes do SUS em relao ateno sade da populao brasileira e gesto do sistema. No PNS, esto estabelecidos os objetivos, as diretrizes e as metas nacionais de sade.

    3.1. O que o Planejamento Estratgico Situacional?

    O Planejamento Estratgico e Situacional, sistematizado originalmente pelo Economista chileno Carlos Matus1[1], diz respeito gesto de governo, arte de governar. Quando nos perguntamos se estamos caminhando para onde queremos, se fazemos o necessrio para atingir nossos objetivos, estamos comeando a debater o problema do planejamento. A grande questo consiste em saber se somos arrastados pelo ritmo dos acontecimentos do dia-a-dia, como a fora da correnteza de um rio, ou se soubemos aonde chegar e concentramos nossas foras em uma direo definida. O planejamento visto estrategicamente, no outra coisa seno a cincia e a arte de construir maior governabilidade aos nossos destinos, enquanto pessoas, organizaes ou pases.

    O processo de planejamento, portanto diz respeito a um conjunto de princpios tericos, procedimentos metodolgicos e tcnicas de grupo que podem ser aplicados a qualquer tipo de organizao social que demanda um objetivo, que persegue uma mudana situacional futura. O planejamento no trata apenas das decises sobre o futuro, mas questiona principalmente qual o futuro de nossas decises.

    Se, tentamos submeter ao ritmo do desenvolvimento dos acontecimentos a vontade humana devemos imediatamente pensar que governar em situaes complexas exige exercer a prtica do planejamento estratgico at seu ltimo grau. Para atingir este objetivo ser necessrio entender e ultrapassar muitos pr-conceitos em relao atividade de planejamento no setor pblico.

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    3.2 EQUVOCOS COMUNS SOBRE O CONCEITO E A PRTICA DO PLANEJAMENTO:

    I. planejar uma coisa, fazer outra...: frase utilizada com frequncia para tentar minimizar ou ridicularizar o esforo de planejamento na organizao de sistemas. Esta viso surge normalmente em contextos institucionais que tem precrio ou nenhum planejamento, ope processos supostamente antagnicos, mas que, na verdade, parte de um nico momento, na ao concreta que o plano se decide e prova sua importncia. Os mtodos de planejamento tradicionais, ao ignorar a varivel poltica, cortaram o caminha para o dilogo entre plano e gesto, relao absolutamente imprescindvel para casar o planejar com o fazer.

    II. o planejamento engessa a organizao...: ao invs da deciso meramente intuitiva e lotrica, da administrao do dia-a-dia, estabelecem-se critrios, metas, objetivos, diretrizes de longo prazo, enfim, o planejamento um exerccio sistemtico de antecipao do futuro e intensivo em gesto. A crtica ao Planejamento como uma camisa de fora normalmente surge das organizaes que perdem a base clientelstica ou corporativa quando sistemas de planejamento participativo so implantados. Uma organizao que pensa e planeja estrategicamente cria condies para o surgimento da liderana baseada na democracia interna e na delegao de autoridade, o monolitismo poltico e o dirigente autoritrio surgem, quase sempre, no ambiente de ausncia de planejamento estratgico e participativo.

    III. O Planejamento um rito formal, falado em cdigo e desprovido de substncia...: este preconceito est muito associado com o prprio elitismo intelectual que o planejamento tradicional e seus defensores construram ao longo de dcadas venerando modelos abstratos e inteis. Neste caso ser sempre verdade o ditado que diz ser o improviso sempre prefervel ao planejamento malfeito, isto , burocrtico, formalista. O ritualismo mata o bom planejamento e condena a mediocridade dirigente e funcionrios. No mercado das consultorias organizacionais comum o surgimento de novas tcnicas e modelos esotricos de planejamento ou temas afins. As siglas se proliferam e poucas delas tm realmente contedo prtico e a aplicabilidade necessria. Quando se caminha para nveis cada vez, mais abstrato de raciocnio, variveis cada vez mais agregadas e grandes snteses polticas fcil descolar-se da realidade concreta e esta armadilha tem apanhado muitos planejadores. Nesta situao sempre recomendvel associar a intuio e o bom-senso - a expertise que falta para muitos - com as tcnicas e modelos racionais adotados em qualquer manual de planejamento.

    IV. o planejamento obra de pura tcnica, deve ser neutro...: evidente que os planejadores devem ter conhecimento tcnico mnimo sobre o que planejam. Tais conhecimentos podem ser apreendidos de forma padro e uniforme esto acumulados historicamente nos mais diversos setores do conhecimento humano. Entretanto, no setor pblico especialmente, seria um suicdio planejado, fazer planos sem incluir as variveis de poder e da poltica na sua concepo e execuo. No existe planejamento neutro, pelo simples fato de que planejar priorizar e resolver problemas e isto pressupe uma determinada viso de mundo, concepo de Estado, de organizao social e assim por diante. Planejar estrategicamente implica necessariamente em manipular variveis polticas, em situaes de poder compartilhado, onde os outros tambm planejam e formulam estratgias. O planejamento que se diz meramente tcnico na verdade resulta em simples adivinhao e charlatanismo intelectual.

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    A superao da viso tradicional requer uma mudana de postura intelectual e governamental, compreender que no cabe ao planejamento predizer o futuro, mas buscar viabilidade para criar o futuro, como uma ferramenta que amplia o arco de possibilidades humanas, um instrumento de liberdade.

    3.3 A viso situacional do PES:

    Os principais argumentos que sustentam o Planejamento Estratgico e Situacional2[2] podem ser assim resumidos:

    Mediao entre o Presente e o Futuro. Todas as decises que tomamos hoje tm mltiplos efeitos sobre o futuro porque dependem no s da minha avaliao sobre fatos presentes, mas da evoluo futura de processos que no controlamos, fatos que ainda no conhecemos. Portanto os critrios que utilizamos para decidir as aes na atualidade sero mais ou menos eficazes se antecipadamente pudermos analisar sua eficcia futura, para ns mesmos e para os outros. Qual o custo da postergao de problemas complexos? Que tipo de efeitos futuros determinada poltica pblica resultar? Estes impactos futuros aumentaro ou diminuiro a eficcia do nosso projeto de governo? Tais perguntas dizem respeito ao necessrio exerccio de simulao e previso sobre o futuro, quando devemos adotar mltiplos critrios de avaliao e deciso.

    necessrio prever possibilidades quando a predio impossvel: na produo de fatos sociais, que envolvem mltiplos atores criativos que tambm planejam, a capacidade de previso situacional e suas tcnicas devem substituir a previso determinstica, normativa e tradicional que observa o futuro como mera consequncia do passado. Decorre desta percepo a necessidade de elaborar estratgias e desenhar operaes para cenrios alternativos e surpresas, muitas vezes, no imaginveis.

    Capacidade para lidar com surpresas: o futuro sempre ser incerto e nebuloso, no existe a hiptese de governabilidade absoluta sobre sistemas sociais, mesmo prximo desta condio h sempre um componente impondervel no planejamento. Devemos ento, atravs de tcnicas de governo apropriadas, preparar-nos para enfrentar surpresas com planos de contingncia, com rapidez e eficcia, desenvolvendo habilidades institucionais capazes de diminuir a vulnerabilidade do plano.

    Mediao entre o Passado e o Futuro: o processo de planejamento estratgico se alimenta da experincia prtica e do aprendizado institucional relacionados aos erros cometidos. Portanto ser preciso desenvolver meios de gesto capazes de aprender com os erros do passado e colocar este conhecimento a servio do planejamento.

    Mediao entre o Conhecimento e a Ao: o processo de planejamento pode ser comparado a um grande clculo que no s deve preceder a ao, mas presidi-la. Este clculo no obvio ou simples, influenciado e dependente das mltiplas explicaes e perspectivas sobre a realidade, s acontece, em ltima instncia, quando surge a sntese entre a apropriao do saber tcnico acumulado e da expertise poltica. um clculo tcnico-poltico, pois nem sempre a deciso puramente tcnica mais racional que a poltica, e vice-versa. O clculo

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    estratgico dissociado da ao ser completamente suprfluo e formal, por sua vez, se a ao no for precedida e presidida pelo clculo estratgico ento a organizao permanecer submetida improvisao e ao ritmo da conjuntura.

    O enfoque proposto de planejamento, portanto, no um rito burocrtico ou um conhecimento que possa ser revelado a alguns e no a outros, mas uma capacidade pessoal e institucional de governar que envolva um s tempo percia e arte -, de fazer poltica no sentido mais original deste termo. O processo de planejamento no substitui a percia dos dirigentes, nem o carisma da liderana, ao contrrio, aumenta sua eficcia porque coloca estes aspectos a servio de um projeto poltico coletivo. Neste modo de ver a poltica, o governo e o planejamento ningum detm o monoplio sobre o clculo estratgico e sistemtico sobre o futuro, h uma profunda diferena em relao ao antigo planejamento do desenvolvimento econmico e social, to comuns nos rgos de planejamento de toda Amrica Latina e particularmente na tradio brasileira.

    3.4 A CONCEPO TRADICIONAL DE PLANEJAMENTO E A NOVA CONCEPO

    Os mtodos mais tradicionais de planejamento so extremamente normativos, impessoais e se dizem neutros, pois se pretendem amparados na boa tcnica de planejamento. Vejamos como se estruturam teoricamente tais vises:

    H sempre um ator que planeja e os demais so simples agentes econmicos com reaes completamente previsveis. O planejamento pressupe um sujeito que planeja, normalmente o Estado, e um objeto que a realidade econmica e social. O primeiro pode controlar o segundo.

    As reaes dos demais agentes ou atores so previsveis porque seguem leis e obedecem a prognsticos de teorias sociais bem conhecidas. O Diagnstico pr-condio para o planejamento, ele verdadeiro e objetivo (segue do comportamento social), portanto, nico possvel, no explicaes alternativas dos demais atores.

    O sistema gera incertezas, porm so numerveis, previsveis enquanto tais, no h possibilidade de surpresas no imaginveis.

    O ator social que planeja no controla todas variveis, mas as variveis no controladas no so importantes ou determinantes, no tem um comportamento criativo ou so controladas por outros atores.

    H nesta viso, uma aparente governabilidade, gerada pela iluso de que as variveis no controladas simplesmente no so importantes. A governabilidade e a capacidade de governar so reduzidas e absorvidas, em ltima instncia, pela aparente pujana do projeto poltico (que verdadeiro per si e, portanto, auto legitimado). Neste cenrio s h uma teoria e tcnica de planejamento, alm do mais, suas deficincias no aparecem como problema a ser resolvido, os dirigentes se concentram mais nas relaes de mando e hierarquia e no tempo gasto na tentativa de corrigir a ineficcia dos projetos (gestados convencionalmente).

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    Uma concepo estratgica de planejamento como a proposta pelo PES - parte de outros postulados. Na realidade social h vrios agentes que planejam com objetivos conflitivos. A eficcia do meu plano depende da eficcia das estratgias dos meus oponentes e aliados. No uma nica explicao para os problemas, tampouco uma nica tcnica de planejamento. Neste modelo de poder compartilhado a teoria normativa e tradicional do planejamento perde toda sua validade. Normalmente pensamos que se nada deve mudar o planejamento muito eficaz, embora desnecessrio, por outro lado, se tudo est rapidamente mudando o planejamento pouco eficaz, embora muito necessrio. Este paradoxo aparente se dissolve quando abandonamos a idia equivocada que associa o planejamento ao exerccio inconsequente da pura futurologia. Pensar estrategicamente neste novo enfoque pressupe colocar as relaes iniciativa-resposta de agentes criativos no lugar das relaes causa-efeito, tpica dos sistemas naturais.

    O clculo de planejamento sempre interativo porque, sendo a eficcia do nosso plano dependente da eficcia do plano dos outros atores, h um componente de incerteza primordial, que diferente de processos sociais repetitivos ou das relaes das cincias naturais. H, portanto uma carga intensiva em formulao de estratgias e recursos de gesto, o oposto ao plano-livro esttico e tradicional. O ator que planeja est inserido num jogo de final aberto, onde o prprio tempo j tem conceitos diferenciados conforme a percepo de mltiplos agentes em situao de poder compartilhado. Isto no quer dizer, entretanto que se rejeitem instrumentos e ferramentas metodolgicas comumente utilizadas no planejamento normativo, ao contrrio, tais ferramentas adquirem uma utilizao ainda mais pragmtica e eficaz.

    Podemos resumir os postulados tericos deste enfoque metodolgico nos seguintes argumentos:

    O sujeito que planeja est includo no objeto planejado. Este por sua vez constitudo por outros sujeitos/atores que tambm fazem planos e desenvolvem estratgias. Deste contexto surge o componente de incerteza permanente e o clculo interativo que exige intensa elaborao estratgica e um rigoroso sistema de gesto. O carter modular do enfoque estratgico deriva desta necessidade de redimensionar, agregar, combinar diferentes operaes em diferentes estratgias.

    O diagnstico tradicional nico e objetivo j no existem mais, no lugar surgem vrias explicaes situacionais. Como os demais atores possuem capacidades diferenciadas de planejamento, a explicao da realidade implica em diferentes graus de governabilidade sobre o sistema social.

    No h mais comportamentos sociais previsveis e relaes de causa-efeito estabelecidas. O juzo estratgico de cada ator determina a complexidade do jogo aberto e sem fim. A realidade social no pode mais ser explicada por modelos totalmente analticos, a simulao estratgica assume nesse contexto uma relevncia destacada.

    O planejamento deve centrar sua ateno na conjuntura, no jogo imediato dos atores sociais, o contexto conjuntural do plano representa uma permanente passagem entre o conflito, negociao e o consenso, onde tudo se decide. Na conjuntura concreta acumula-se ou no recursos de poder relacionados ao balano poltico global das aes de governo. por isso que planeja quem governa, e governa quem, de fato planeja. Quem tem capacidade de deciso e responsabilidade de conduzir as polticas pblicas deve obrigatoriamente envolver-se no planejamento. A atividade de coordenao, assim,

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    indissocivel do planejamento, que , tambm, uma opo por um tipo organizao para a ao que refere a oportunidades e problemas reais.

    Os problemas sociais so mal estruturados, no sentido de que, no dominamos, controlamos e sequer conhecemos um conjunto de variveis que influenciam os juzos estratgicos dos demais agentes sociais envolvidos. No h portanto, como determinar com exatido as possibilidades de eficcia do plano ou os resultados esperados em cada ao. Governar com plano estratgico mais do que resolver problemas significa promover um intercmbio de problemas quando nosso objetivo que problemas mais complexos e de menor governabilidade cedam lugar a outros menos complexos e de maior governabilidade.

    O planejamento no monoplio do Estado, nem de uma fora social situacionalmente dominante. O planejamento sempre possvel e seu cumprimento no depende de variveis exclusivamente econmicas, qualquer ator, agente ou fora social tem maior ou menor capacidade de planejamento e habilidades institucionais.

    A viso normativa e a viso estratgica no existem em estado puro na prtica do planejamento e nas tcnicas de governo, embora a maioria dos rgos pblicos e da gerao de tcnicos trabalhe sobre influncia predominante da primeira.

    3. 5 OS MOMENTOS DE APLICAO DO ENFOQUE METODOLGICO BSICO DO PES:

    O enfoque participativo e estratgico do planejamento, no plano geral, estruturado atravs de quatro grandes passos, ou fases que podem ser recursivas e no lineares, mas que representam um sequenciamento lgico da elaborao terica do planejamento. A seguir suas caractersticas bsicas.

    I. Momento Explicativo: no planejamento tradicional a realidade dividida em setores e o mtodo dos planejadores to fragmentado quanto so os departamentos dos rgos de planejamento. O conceito de setor alm de muito genrico e pouco prtico uma imposio analtica. O planejamento estratgico situacional prope trabalhar com o conceito de problemas. A realidade composta de problemas, oportunidades e ameaas. Esta categoria permite sintetizar a noo de explicao da realidade em suas mltiplas dimenses (inter-disciplinar) com a noo de direcionalidade do ator: saber selecionar e identificar problemas reais (atuais ou potenciais) e distinguir causas de sintomas e consequncias j mudar radicalmente a prtica tradicional dos diagnsticos convencionais.

    Explicar a realidade por problemas tambm permite o dilogo e a participao com setores populares que afinal sofrem problemas concretos e no setores de planejamento, alm de facilitar a aproximao entre tcnicos e polticos. Na explicao da realidade temos que admitir e processar a informao relativa a outras explicaes de outros atores sobre os mesmos problemas, isto , a abordagem deve ser sempre situacional, posicionada no contexto.

    II. Momento Normativo: aps a identificao, seleo e priorizao de problemas, bem como o debate sobre as causas, sintomas e efeitos estamos prontos para desenhar o conjunto de aes ou operao necessrias e suficientes para atacar as causas fundamentais dos problemas (tambm chamadas de Ns Crticos). Esta a hora de definir o contedo propositivo do plano.

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    O central neste modelo de planejamento discutir a eficcia de cada ao e qual a situao objetivo que sua realizao objetiva, cada projeto e isso s pode ser feito relacionando os resultados desejados com os recursos necessrios e os produtos de cada ao. Os planos normativos normalmente terminam aqui, onde o planejamento situacional apenas comea, para que aes tenham impacto efetivo e real na causa dos problemas h ainda dois passos ou momentos fundamentais, o estratgico e o ttico-operacional.

    III. Momento Estratgico: se a realidade social no pode ser fragmentada em diferentes setores, se outros jogadores existem e tem seus prprios planos, se o indeterminismo e as surpresas fazem parte do cotidiano, ento o debate sobre a viabilidade estratgia das aes planejadas no s necessrio como indispensvel. Toda estratgia uma explorao consciente do futuro, ela resulta da situao diferenciada dos vrios atores em relao problemas, oportunidades e ameaas. A parte a grande quantidade de conceitos envolvendo o termo estratgia aqui vamos adot-la com um conjunto de procedimentos prticos e tericos para construir viabilidade para o plano, para garantir sua realizao com mxima eficcia. Dois instrumentos-processos cabem aqui: a anlise de cenrios e a anlise criteriosa dos demais atores sociais ou agentes.

    Os cenrios representam distintas reflexes, limitadas pela qualidade da informao disponvel, sobre possveis arranjos econmicos, institucionais, polticos, sociais, etc., capazes de influenciar positiva ou negativamente a execuo das aes planejadas. Ao permitir a simulao sobre as condies futuras os cenrios permitem a antecipao das possveis vulnerabilidades do plano e a elaborao de planos de contingncia necessrios para minimizar os impactos negativos. J a anlise dos demais agentes envolvidos no espao do problema-alvo do plano imprescindvel para identificar o possvel interesse e motivao de cada um e o tipo de presso que (ou ser) exercida em relao s aes planejadas. obvio dizer que a elaborao de cenrios e o estudo do outro s tm um grande objetivo: desenhar as melhores estratgias para viabilizar a mxima eficcia ao plano.

    IV. Momento Ttico-Operacional: o momento de fazer, de decidir as coisas, de finalmente agir sobre a realidade concreta. quando tudo se decide e por isso do ponto de vista do impacto do plano o momento mais importante. Neste momento importante debater o sistema de gesto da organizao e at que ponto ele est pronto para sustentar o plano e executar as estratgias propostas. Para garantir uma resposta positiva ser preciso acompanhar a conjuntura detalhadamente e monitorar no s o andamento das aes propostas, mas tambm a situao dos problemas originais.

    Deve-se reavaliar criticamente todo o processo interno de tomada de decises, o sistema de suporte direo, como os sistemas de informaes, devem ser revistos e reformulados. Outros temas vitais neste momento so a estrutura organizacional, o fluxo interno de informaes, a coordenao e avaliao do plano, o sistema de prestao de contas, as ferramentas gerenciais existentes e necessrias e finalmente a forma, dinmica e contedo da participao democrtica na conduo do plano. No podemos esquecer que o planejamento estratgico s termina quando executado, o oposto viso tradicional do plano-livro que, separando planejadores dos executores, estabelecia uma dicotomia insupervel entre o conhecer e o agir.

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    Concluso O PES na prtica:

    O PES um mtodo que pressupe constante adaptao a cada situao concreta onde aplicado. Entretanto os principais momentos tendem a utilizar instrumentos metodolgicos parecidos. Em sntese so trabalhados nesta ordem:

    Momento Explicativo (substitui o antigo diagnstico): Anlise do Ator que planeja (limites e potencialidades, ambiente interno e externo), identificao e seleo de problemas estratgicos, montar os Fluxos de explicao dos problemas com as cadeias causais respectivas, seleo das causas fundamentais chamadas de Ns Crticos como centros prticos de ao, construo da rvore de Resultados a partir de uma Situao-Objetivo definida pelo grupo.

    Momento Operacional: desenhar aes ou projetos concretos sobre cada N Crtico as chamadas Operaes do Plano, definir para cada Operao necessria os recursos necessrios, os produtos esperados e os resultados previstos, construir cenrios possveis onde o plano ser executado, analisar a trajetria do conjunto das operaes em cada cenrios e a partir disto tentar diminuir a vulnerabilidade do Plano.

    Momento Estratgico: analisar os Atores Sociais envolvidos no Plano, seus interesses, motivaes e poder em cada uma das Operaes previstas e cenrios imaginados, definir a melhor estratgia possvel para cada trajetria traada, estabelecer um programa direcional para o plano, construir viabilidade estratgica para atingir a Situao-Objetivo.

    Momento Ttico-Operacional (sistema de gesto): debate sobre as formas organizativas, a cultura organizacional e o modus operandi da organizao de modo a garantir a execuo do plano. Neste momento devem ser encaminhados os seguintes temas: funcionamento da agenda da direo, sistema de prestao de contas, participao dos envolvidos, gerenciamento do cotidiano, sala de situaes e anlise sistemtica da conjuntura.

    A tecnologia de aplicao do PES extremamente simples: (a) se apoia em visualizao permanente, usando cartelas ou tarjetas3[3], (b) ambientes normais, no necessrio nenhum tipo de sofisticao e (c) os tempos necessrios de trabalho intensivo costumam ser de aproximadamente 40 ou 50 horas. A realizao de um seminrio de Planejamento utilizando o PES mobiliza muito as tenses internas e faz aflorar conflitos muitas vezes ocultos pela rotina burocrtica. Neste sentido sempre recomendvel o uso de tcnicas e dinmicas de grupo (como os jogos dramticos, por exemplo) para trabalhar positivamente tais tenses e processos grupais.

    Entretanto, pode apresentar algumas desvantagens, principalmente se no sofrer as adaptaes metodolgicas e operacionais necessrias: (a) normalmente a qualidade do mtodo depende muito da qualidade do facilitador ou monitor que conduz o uso das tcnicas e ferramentas necessrias. Isto recomenda o mximo cuidado na escolha do Consultor; (b) ele um sistema metodolgico to potente, quanto complexo e motivador de compromissos

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    coletivos, s eficaz se a alta direo participar de todas as atividades previstas, pelo tempo necessrio e (c) no deve ser usado para soluo de problemas no complexos ou rotinas administrativas de baixo conflito, nestes casos a relao benefcio-custo no adequada.

    O Mtodo do Planejamento Estratgico e Situacional antes de tudo um potente enfoque metodolgico, com alguns princpios e vises filosficas sobre a produo social, a liberdade humana e o papel dos governos, governante e governados. A anlise de problemas, a identificao de cenrios, a visualizao de outros atores sociais, a nfase na anlise estratgica so elementos fundamentais e diferenciadores do PES em relao a outros mtodos de planejamento.

    O mtodo tem particular validade e excepcionalidade de resultados, no setor pblico onde a presena de problemas verdadeiramente complexos e mal estruturados compe o cenrio dominante. Alm disso, o PES, ao contrrio de outros mtodos ditos estratgicos assume como dominante na anlise estratgica as questes relativas s relaes de poder entre atores sociais, isto , a varivel poltica preside a elaborao da viabilidade e vulnerabilidade do Plano. Esta uma vantagem metodolgica vital para uso em organizaes pblicas onde estas questes fazem parte indissocivel da produo de polticas pblicas e do relacionamento entre staff poltico-dirigente e quadro de funcionrios permanentes.

    4 SISTEMAS DE INFORMAES AJUDAM A PLANEJAR A SADE

    Para Brasil (2009), relara que o SUS opera e/ou disponibiliza um conjunto de sistemas de informaes estratgicas para que os gestores avaliem e fundamentem o planejamento e a tomada de decises, abrangendo: indicadores de sade; informaes de assistncia sade no SUS (internaes hospitalares, produo ambulatorial, imunizao e ateno bsica); rede assistencial (hospitalar e ambulatorial); morbidade por local de internao e residncia dos atendidos pelo SUS; estatsticas vitais (mortalidade e nascidos vivos); recursos financeiros, informaes demogrficas, epidemiolgicas e socioeconmicas. Caminha-se rumo integrao dos diversos sistemas informatizados de base nacional, que podem ser acessados no site do DATASUS (http://www.datasus.gov.br).

    Nesse processo, a implantao do Carto Nacional de Sade tem papel central. Cabe aos gestores conhecer e monitorar esse conjunto de informaes essenciais gesto da sade do seu municpio. O Carto Nacional de Sade, que integra o sistema de informao do SUS, est sendo implantado em todo o Pas, colocando disposio das equipes de sade dados necessrios melhor ateno ao cidado.

    Ele permite a formao de trs cadastros: de usurios do SUS; de unidades de sade; e de profissionais do SUS. Implantar o Carto Nacional de Sade em seu municpio aprimorar o sistema de informaes municipais de sade e permitir que os usurios locais se reconheam como integrantes do SUS. Eles passam a dispor de um carto, com um nmero nico de identificao, que rene as informaes dos atendimentos realizados pela rede SUS, baseado no nmero do NIS (Nmero de Identificao Social, que unifica a identificao do indivduo em todos os programas sociais do governo).

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    5 ESTRATGIAS DE INTERVENO EM SADE NA FAMLIA

    Brasil (2001) relata que mesmo com os programas de ateno bsica ampliada e que apesar do SUS existir desde 1988, seus princpios no foram imediatamente implantados em funo de uma estrutura poltica, econmica e dos servios de sade que desfavorecia o atendimento das necessidades da populao, uma vez que privilegiava a ateno doena e a grupos restritos.

    Com participao dos movimentos populares, as legislaes elaboradas com o objetivo de efetivar a implementao desses princpios apontaram a necessidade de organizao de estratgias que os consolidassem na prtica dos servios de sade o que ocorreu mediante a estruturao das aes de vigilncia da sade, ampliando as responsabilidades do setor sade e de outros setores pblicos sobre as condies de vida e sade da populao, reorganizando a assistncia na perspectiva da ateno bsica.

    Assim, chega-se ao entendimento de que a ateno bsica, ao reunir elementos que permitem a atuao relacionada promoo da sade e preveno de doenas, capaz de responder s necessidades bsicas de sade da populao - a partir da identificao de seus determinantes.

    Dessa forma, surgem os programas de ateno bsica ampliada, como estratgia de modificao da forma de organizao da assistncia prestada: o Programa de Agentes Comunitrios de Sade (PACS), em 1991, e o Programa Sade da Famlia (PSF), em 1994 - que ampliou as atividades do PACS e incorporou os agentes comunitrios de sade e outros profissionais da rea (tais como o enfermeiro, o mdico e o auxiliar de enfermagem) s suas atividades.

    Embora seja denominado programa, o PSF , antes de tudo, uma estratgia cujo principal objetivo reorientar as prticas de ateno sade atravs da mudana do foco de atuao - do indivduo para a famlia e para o ambiente onde ela vive. Tal enfoque possibilita uma viso ampliada do processo sade-doena; alm disso, permite reorganizar a ateno bsica na lgica da vigilncia sade, representando uma concepo de sade centrada na promoo da qualidade de vida.

    O PSF busca integrar as aes voltadas para os vrios aspectos da sade dos indivduos, identificando junto aos mesmos suas necessidades e propondo solues para os problemas. Age se de forma preventiva, contribuindo realmente para a reorganizao da demanda atravs do conhecimento da comunidade que se pretende assistir e do estabelecimento de prioridades junto a seus moradores.

    5.1 As principais mudanas esperadas com a implantao da Estratgia de Sade da Famlia presentes no modelo de assistncia do PSF so:

    mudana de enfoque ao invs de dar ateno doena, a preocupao estar centrada na ateno sade;

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    ateno a todos os aspectos da sade do indivduo e de sua famlia - tanto os que merecem aes preventivas (tabagistas) como os que necessitam de aes de promoo da sade (gestantes) ou curativas (pacientes em ps-operatrio), atravs de contato unidade bsica de sade da famlia e encaminhamento s unidades de referncia, quando necessrio; responsabilidade pela prestao de assistncia por rea territorial e populao adstrita tal enfoque permite um planejamento mais adequado das atividades;

    formao de equipe interdisciplinar adequada ao nmero de clientes assistidos, com a incorporao do agente comunitrio de sade.

    Coma implantao do Programa Sade da Famlia o Ministrio da Sade almeja que o PSF atenda s necessidades de sade de 69 milhes de brasileiros, com 20.000 equipes. Os governos e prefeituras recebem incentivos financeiros para o desenvolvimento das atividades voltadas para a ateno bsica e, de acordo com a legislao mais recente, tornam-se os grandes responsveis pelo desenvolvimento das mesmas.

    As unidades de sade da famlia (USF) devem caracterizar-se como porta de entrada dos usurios para os servios de sade. No devem servir apenas para a triagem e encaminhamento dos clientes, mas sim desenvolver atividades de assistncia que atendam aos problemas mais comuns da populao. Dessa forma, a unidade de sade funcionaria como um funil, dando conta de aproximadamente 85% da demanda exigida pela clientela.

    Uma etapa importante, que deve ser realizada, consiste na abertura de espaos de discusso e negociao entre gestores e representantes da comunidade (Conselhos de Sade, associaes de bairro, etc.) que se pretende assistir, ocasio em que se debater a importncia do programa, seus objetivos e propostas. Alm disso, a definio conjunta das prioridades refora o objetivo do PSF de promover o desenvolvimento integral da comunidade assistida e permite o exerccio do controle social - princpio do SUS que prev a participao da comunidade no planejamento das aes de sade para ela direcionadas. Tal estratgia torna mais fcil o acertar, uma vez que a programao das aes elaboradas situa-se cada vez mais prxima das necessidades da populao.

    Dessa forma, o mecanismo de controle social fortalecido pela insero dos representantes da comunidade nos Conselhos de Sade (municipais e locais), estando em condies de contribuir mais efetivamente na formulao de polticas nessa rea. Aps implantada, a equipe do PSF inicia suas atividades com o cadastramento da clientela, processo que permite a criao de vnculos entre as equipes e as famlias, a identificao dos fatores relacionados s condies de sade local e do mbito onde as suas aes e de outros setores - como habitao e saneamento - sero necessrias. Assim, faz se necessrio utilizar, para cada famlia, uma ficha de cadastro contendo as seguintes informaes:

    dados demogrficos nome data de nascimento, idade e sexo. No incio da ficha encontra os campos para preenchimento do endereo, fundamental para que a equipe se organize no planejamento dos segmentos territoriais a assistir;

    dados socioeconmicos - escolaridade, ocupao, meios de transporte utilizados;

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    dados socioculturais - religio, meios de comunicao utilizados, participao em grupos comunitrios;

    dados sobre o meio ambiente - sistema de coleta de lixo, fonte de gua para consumo, tipo de casa, tratamento de gua no domiclio, destino de dejetos;

    dados de morbidade - presena de indivduos portadores de doenas ou condies especiais, servios utilizados em caso de doena, aquisio de plano de sade.

    O resultado final das informaes coletadas no perodo de cadastramento denominado diagnstico de vida e sade das comunidades, pois permite conhecer os problemas que sero prioridades. Esse diagnstico deve ser construdo por toda a equipe, em conjunto com as famlias, permitindo a deteco de fatores de risco que determinaro a prioridade de interveno das equipes, atravs da elaborao de um plano local para seu enfrentamento.

    Diante desse plano, a equipe elabora seu processo de trabalho construdo com objetivos acordes com as necessidades da comunidade e as possibilidades da prpria equipe. O cadastramento possibilitar a alimentao do banco de dados criado exclusivamente para armazenar informaes sobre a ateno bsica: o Sistema de Informaes sobre Aes Bsicas (SIAB) utilizado para avaliar os resultados obtidos com o desenvolvimento de atividades das equipes do PSF e estudar as caractersticas das pessoas, dos domiclios e das condies de saneamento em que vivem as famlias sob responsabilidade das equipes (Ministrio da Sade, 2000). A avaliao das atividades do programa considera, ainda, os indicadores de sade produzidos, o alcance das metas programadas, a satisfao da equipe de sade da famlia e dos usurios e alteraes efetivas no modelo assistencial.

    5.2 O Papel dos Profissionais da ESF:

    As equipes de sade da famlia (ESF) so constitudas no mnimo por: um mdico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e quatro a seis agentes comunitrios de sade, sendo formadas por meio de processo de seleo varivel em cada municpio.

    No mais das vezes, a capacitao promovida pelos plos de capacitao, criados com o objetivo de preparar profissionais para trabalhar na perspectiva da promoo da sade, em equipe e com preocupaes integrais, coletivas e sociais.

    A capacitao dos mesmos fundamental para que sejam desenvolvidas aes humanizadas, tecnicamente competentes e intersetorialmente articuladas, viabilizadas atravs do preparo dos profissionais em lidar com situaes adversas presentes no cotidiano das aes das equipes de sade da famlia.

    O mdico (se possvel, generalista) e o enfermeiro, em equipe e individualmente, atendem s famlias e desenvolvem atividades de promoo da sade e preveno de doenas atravs da consulta e do acompanhamento domiciliar, entre outros procedimentos. Suas aes devem ser de carter integral. Na unidade de sade e no domiclio, o auxiliar de enfermagem realiza

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    procedimentos de sua competncia, bem como fornece orientao sanitria nos espaos comunitrios. Suas atribuies so:

    participar do planejamento e organizao das atividades a serem desenvolvidas e discutir a forma como a equipe desenvolver o trabalho; desenvolver, com os agentes comunitrios de sade, atividades de identificao de famlias cujos componentes esto expostos a riscos sade;

    realizar visitas domiciliares, junto com o agente comunitrio de sade;

    acompanhar a consulta de enfermagem dos indivduos, auxiliando o enfermeiro na identificao dos problemas, visando garantir o melhor monitoramento das condies do cliente;

    executar procedimentos de vigilncia sanitria e epidemiolgica nas reas de ateno sade dos indivduos (crianas, mulheres, idosos, trabalhadores, adolescentes, portadores de doenas transmissveis ou crnico-degenerativas, etc.), de acordo com as prioridades estabelecidas em conjunto pela equipe do PSF e comunidade.

    O agente comunitrio de sade o elo entre as famlias e o servio de sade, realizando orientao de prticas mais saudveis para a vida das famlias e visitas domiciliares, sendo supervisionado por toda a equipe. Uma de suas atribuies mapear a rea e cadastrar a populao adstrita. Outra importante atribuio orientar as famlias para a utilizao adequada dos servios de sade disponveis, bem como estimular sua participao nos debates para o planejamento de aes.

    5.3 As Prticas de Trabalho da Equipe do PSF:

    Dentro da proposta de reorganizao das prticas de assistncia que orienta o PSF, novos e antigos instrumentos de trabalho foram incorporados para proporcionar melhor execuo das atividades e facilitar o alcance dos objetivos de promoo da sade. Alm da consulta mdica e de enfermagem individual, tambm comum a realizao de consultas conjuntas, com mais de um profissional atendendo o cliente, visita domiciliar e formao de grupos.

    Dessa maneira, a visita domiciliar garante o vnculo e o acesso da equipe de sade ao contexto familiar e social dos assistidos e destacam-se como uma atividade que permite acompanhar regularmente a sade da famlia, prestar ou supervisionar cuidados e identificar, no domiclio e nas dinmicas e relacionamentos do grupo familiar, os fatores que podero auxiliar na determinao do processo sade-doena. A visita domiciliar rene um conjunto de aes de sade voltadas para aspectos educativos e assistenciais, devendo ser planejada de acordo com as necessidades de cada famlia.

    Durante sua realizao, a equipe do PSF consegue observar e identificar hbitos de vida que devem ser discutidos, estimulados ou desaconselhados, favorecendo a manuteno da sade dos integrantes da famlia assistida.

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    Outra atividade da equipe de sade de famlia a internao domiciliar. A adoo desse procedimento reduziu o nmero de internaes hospitalares entre os habitantes de reas assistidas pelas equipes do PSF, embora no substitua a internao hospitalar.

    Para que a internao domiciliar seja a atividade de escolha, faz-se necessrio considerar as condies clnicas dos clientes e a garantia da assistncia pela equipe. O principal objetivo dessa atividade proporcionar a humanizao do cuidado, a proximidade com a famlia e garantir o conforto ao paciente, diante de uma condio que, adequadamente monitorizada, pode ser perfeitamente acompanhada no ambiente do domiclio.

    Prtica de grande impacto sobre a sade da comunidade a formao de grupos homogneos, reunidos nos espaos comunitrios ou da prpria unidade de sade, de acordo com os recursos fsicos disponveis.

    Os grupos so excelentes oportunidades para que a equipe de sade atue de forma interdisciplinar, valorizando a participao de cada profissional na conduo do processo de discusso de determinada condio de sade - como a gestao, por exemplo. Tal prtica faz com que a participao dos moradores cresa e que estes busquem, em conjunto, solues para problemas comuns, como a realizao coletiva de exerccios por um grupo de idosos sedentrios. Consequentemente promove-se o desenvolvimento comunitrio.

    5.4 A Enfermagem e o Cuidado na Sade da Famlia:

    Em nossa realidade, o atendimento a uma famlia sempre se d em funo do surgimento de uma sempre se d em funo do surgimento de uma doena em um dos seus membros. Raramente olhamos a famlia como um grupo de pessoas que necessita de uma interveno, seja por dificuldades de relacionamentos surgidos, por exemplo, em funo da doena, ou simplesmente, por estarem sofrendo com o surgimento da doena em um de seus integrantes.

    Na sade da famlia, deve-se olh-la de maneira a compreender o problema particular da doena numa abordagem que contemple o seu contexto. preciso perguntar:

    - Como a famlia esta vivendo a chegada da doena?

    - Quais foram s mudanas na famlia desde que o indivduo ficou doente?

    - Quem esta sofrendo mais com a doena.

    Assim, para trabalhar na perspectiva de famlia, preciso acreditar que a doena uma experincia que envolve toda a famlia. Este pressuposto permite que a enfermagem pense e envolvam todos os seus membros na sua assistncia.

    O processo de cuidar da famlia pode ser entendido como uma metodologia de ao baseada em um referencial terico, isto , a enfermagem tem de ser competente em acessar e intervir com as famlias num relacionamento cooperativo profissional/famlia tendo como

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    base uma fundamentao terica. Para tanto, deve aliar os conhecimentos cientfico e tecnolgico s habilidades de observao, comunicao e intuio.

    Objetivos da Interveno:

    O cuidado na sade da famlia tem como objetivo a promoo da sade atravs da mudana. A proposta ajudar a famlia a criar novas formas de interao para lidar com a doena dando novos significados doena e as possibilidades de cura, a fim de ajudar a famlia a modificar crenas que dificultam a implementao de estratgias para lidar com o cuidado da pessoa que esta doente.

    Estratgias:

    As estratgias devem ser no sentido no s de conhecer o impacto da doena sobre a famlia, mas tambm de investigar como as interaes entre os seus membros influenciam no desenvolvimento do processo de sade e doena.

    Utilizar um modelo de avaliao e interveno importante que na prtica clnica com famlias, a enfermeira adote uma estrutura conceitual para basear sua avaliao de famlia. Considerando a dinmica de trabalho do Programa e Sade da Famlia, no qual a enfermeira deve atender a mil famlias, elucidando as dificuldades e as facilidades da famlia em relao experincia com a doena. O uso de estruturas conceituais facilita na organizao dos dados, direcionando o foco de interveno.

    O modelo de avaliao aqui sugerido composto de fundamentaes tericas de vrias disciplinas e que resultou em uma estrutura multidimensional, com trs grandes categorias relacionadas famlia: estrutural, de desenvolvimento e funcional (CFAM, 1984).

    Os aspectos mais importantes da avaliao estrutural que pem ser explorados referem-se a:

    Avaliao Estrutural da Famlia O que perguntar:

    - Quem faz parte da famlia?

    - Como se d o relacionamento entre os membros da famlia?

    A Avaliao Estrutural da Famlia: importante, pois, a partir dela, estamos tambm explorao a definio que a famlia tem de famlia e os princpios que fundamentam sua organizao, buscando informaes a respeito do que esperado de cada um de seus membros como: qual o papel do homem, da mulher e da criana para cada famlia e o que esperam de cada um.

    A Avaliao de desenvolvimento: refere-se ao processo de mudana estrutural e transformao progressiva da histria familiar durante as fases do ciclo de vida familiar. Na

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    medida em que os anos vo passando, a constituio familiar vai se modificando, isto : s que no tm filhos ou que os adquirem, as que perderam algum membro por doena, divrcio etc. Identificando a fase do ciclo de vida familiar, podem ser formuladas hipteses sobre as experincias e dificuldades vividas anteriores e, assim, junto com a famlia, propor ou descartar estratgias para superar os problemas a partir das suas vivncias anteriores.

    A Avaliao Funcional da Famlia: refere-se aos detalhes de como os indivduos normalmente se comportam em relao um ao outro. Dois aspectos podem ser explorados. O primeiro diz respeito s atividades da vida diria, como: comer, dormir e dar remdios. Busca-se explorar quem realiza estas tarefas no cotidiano e quem poderia realiz-las com a chegada da doena na famlia. Outro aspecto da avaliao funcional relativo a aspectos verbais, no verbais e comunicao circular dos membros, alm das caractersticas emocionais (formas de resolver problemas, recursos). Procura-se explorar como se do as conversas dentro da famlia.

    A Avaliao Funcional da Famlia Que perguntar:

    - Vocs conversam sobre a doena? Qual o melhor conselho que receberam desde que souberam do diagnstico?

    - Como a tristeza manifestada?

    - Quem consegue dar o medicamento com mais facilidade?

    - Quando eu dito claramente, como o outro reage?

    Instrumentos que auxiliam na avaliao da famlia:

    Genograma Ecomapa.

    O genograma e o ecomapa so instrumentos que auxiliam a avaliao estrutural da famlia. Ambos so simples de serem utilizados. Eles permitem uma rpida viso da complexidade das relaes familiares e funcionam como uma rica fonte de informao, de forma sucinta, para planejamento de estratgias.

    O genograma: um desenho ou diagrama da rvore familiar que agrega informaes sobre os membros da famlia e seus relacionamentos nas ltimas trs geraes. Enquanto que o ecomopa: uma representao das relaes da famlia com o supra sistema (pessoas significativas, instituies do contexto da famlia). Ele nos permite uma fotografia entre as principais relaes entre a famlia e o mundo.

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    ILUSTRAO DE GENOGRAMA E ECOMAPA

    Como usar os instrumentos:

    Devem ser preenchidos na entrevista inicial, mas podem ser modificados ou completados nas seguintes. Isto significa que nem todos os dados precisam ser preenchidos para toas as famlias. Considerando o nmero grande de famlias designado para cada enfermeiro do PSF, cabe a ela decidir quais aspectos so relevantes e, portanto, devem ser melhores explorados em cada famlia e quais podem ser relevados.

    Os membros da famlia participam ativamente na elaborao. Inicia-se o preenchimento do genograma pela pessoa que esta dando as informaes. As anotaes so feitas seguindo a ordem, qual seja, do mais velho para o mais novo, da esquerda para a direita em cada uma das geraes.

    No genograma, so usados diferentes smbolos para eventos importantes, como: nascimento, morte, casamento e separao. Vrios tipos de diferentes de linhas so utilizados para representar a natureza das relaes da famlia com o mundo externo, no ecomapa. O uso destes instrumentos deve ser estimulado, pois eles nos permitem no s a avaliao da famlia,

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    mas tambm uma quebra de gelo entre esta e a enfermeira, propiciando um clima favorvel para a entrevista.

    5.5 As Intervenes de Enfermagem:

    Brasil (2001) refere que qualquer ao ou resposta do profissional que inclui aes teraputicas e respostas afetivas e cognitivas que ocorrem no contexto do relacionamento entre o profissional, o indivduo, a famlia e a comunidade.

    A interveno tem como meta promover, incrementar ou sustentar o funcionamento da famlia quanto aos seus aspectos cognitivos (crenas e valores), afetivos e de comportamento. Enfatiza-se que a famlia tem ou pode desenvolver habilidades para solucionar seus problemas e que o papel da equipe de enfermagem facilit-los ou ajud-los a encontrar suas prprias solues. No se est dizendo que se sabe o que melhor para a famlia, mas sim defendendo a idia de que existem diferentes formas de ver e interagir com o mundo e que tanto ns, profissionais, como a famlia devemos estar abertos para conhecer tais diferenas. importante ressaltar que o profissional s poder oferecer a interveno a famlia aceita ou no.

    Neste aspecto, as principais estratgias de interveno ocorram durante a entrevista, sendo a prpria entrevista a mais importante delas. Entretanto, para estarmos envolvidos no cuidado da famlia, convm termos algumas habilidades e competncias que permitam desenvolver um contexto de conversas teraputicas.

    possvel destacar quatro fases importantes para este contexto se desenvolva:

    1) Engajamento: durante todas as entrevistas, o relacionamento deve ser colaborativo e de consentimentos, o que significa que se deve trabalhar junto com a famlia e deix-la confortvel para que consiga trabalhar conosco tambm. Para tanto, preciso: Criar um contexto de confiana mtua, esclarecendo as expectativas em relao ao nosso papel; Valorizar a presena de todos os membros presentes, dirigindo-se a todos durante a entrevista e que poder facilitar o engajamento; Comear pelos aspectos estruturais da famlia fazendo uso de genograma e do ecomapa. Ser sensvel s questes culturais e raciais.

    2) Avaliao: uma fase de explorao, identificando e delineamento de foras e dificuldades da famlia. Pode ser considerada como uma fase de narrativa da famlia em relao sua experincia de doena.

    Buscar respostas para as seguintes perguntas:

    - Qual a maior dificuldade para a famlia em relao doena?

    - Quem na famlia o mais afetado pela doena e como manifesta?

    - Quem mais ajuda a famlia nesta dificuldade?

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    - Que tipo de informao ajudaria a famlia?

    3) Interveno: a fase que geralmente se desenvolve o trabalho com a famlia e inclui promover o contexto que poder desencadear as mudanas familiares. A interveno poder ocorrer de vrias formas, o que exige da equipe de enfermagem um plano de estratgias de como intervir.

    4) Concluso: diz respeito fase de encerramento ou finalizao do relacionamento, permitindo que a famlia continue modificando suas crenas e interaes entre os membros quando necessrio. Deve incluir estratgias de encorajamento da famlia a utilizar suas habilidades de resolver problemas.

    Algumas estratgias podem facilitar a eficcia da entrevista e, consequentemente, da interveno. Uma delas seria valorizar as foras presentes na famlia, como o esforo de um determinado membro para conseguir continuar o tratamento.

    Normalizar reaes emocionais e legitimar emoes intensas, reconhecendo o medo da famlia de lidar, por exemplo, com a doena crnica tambm uma forma de intervir com a famlia. Esta estratgia propiciada quando encorajamos narrativas de doenas.

    As estratgias de interveno com a famlia f