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UPF UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações - Eletricidade Prof.: Sérgio Bordignon PASSO FUNDO, RS, BRASIL. 2014.

Apostila de Segurança Seguranca Do Trabalho Em Eletricidade

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UPF UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

Especialização em Engenharia de

Segurança do Trabalho

Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações -

Eletricidade

Prof.: Sérgio Bordignon

PASSO FUNDO, RS, BRASIL.

2014.

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1- INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................... 4

2- GLOSSÁRIO ................................................................................................................................................................... 5

3- SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO ........... ................................................................................. 7

4- REGULAMENTAÇÕES DO MTE E NORMAS TÉCNICAS BRASILEIRA S ..................................................... 10

5- NR 10 – SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE ............................................ 11

5.1- OBJETIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO ......................................................................................................................... 11 5.2- RESPONSABILIDADES .............................................................................................................................................. 12

5.2.1- Competências ................................................................................................................................................ 13 5.2.2- Treinamento dos trabalhadores ..................................................................................................................... 14

6- RISCOS ELÉTRICOS ................................................................................................................................................. 15

6.1- CHOQUE ELÉTRICO ........................................................................................................................................... 15

6.1.1- Tipos de choques elétricos ............................................................................................................................. 16

6.1.1.1- Choque estático ................................................................................................................................................................... 16 6.1.1.2- Choque dinâmico ................................................................................................................................................................ 16

6.1.1.2.1 Tensão de toque ............................................................................................................................................................ 18 6.1.1.2.2 Tensão de passo ............................................................................................................................................................ 18

6.1.2- Efeitos dos choques elétricos em função do trajeto ....................................................................................... 19

6.1.3- Características da corrente elétrica .............................................................................................................. 20

6.1.3.1- Corrente contínua ................................................................................................................................................................ 20 6.1.3.2- Corrente alternada ............................................................................................................................................................... 20

6.1.4- Tensão elétrica .............................................................................................................................................. 20 6.1.5- Efeitos de choques elétricos em função do tempo de contato e intensidade de corrente .............................. 21 6.1.6- Resistência elétrica do corpo humano ........................................................................................................... 24

6.1.7- Queimaduras devido ao choque elétrico ....................................................................................................... 24

6.2- ARCO VOLTAICO ............................................................................................................................................... 25

6.2.1- Práticas atuais de proteção ........................................................................................................................... 26

6.2.1.1- Característica da roupa de proteção contra arcos .............................................................................................................. 27 6.2.1.1.1 Como definir corretamente a roupa de proteção ................................................................................................... 28

6.3- CAMPO ELETROMAGNÉTICO .......................................................................................................................... 29

6.4- RISCOS ADICIONAIS .......................................................................................................................................... 30

6.4.1- Altura ............................................................................................................................................................. 30 6.4.2- Espaços confinados ....................................................................................................................................... 30

6.4.3- Áreas classificadas ........................................................................................................................................ 30 6.4.4- Umidade ........................................................................................................................................................ 30 6.4.5- Condições atmosféricas ................................................................................................................................. 31

6.4.6- Animais peçonhentos ..................................................................................................................................... 31

7- ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ........................................................................................................................... 31

7.1- ORIENTAÇÕES GERAIS ............................................................................................................................................ 31

7.2- MEDIDAS DE CONTROLE ......................................................................................................................................... 31

7.2.1- Prontuário de Instalações Elétricas .............................................................................................................. 31

7.2.2- Análise Preliminar de Risco (APR) ............................................................................................................... 33

7.2.2.1- Riscos Presentes .................................................................................................................................................................. 33 7.2.2.2- Danos à Saúde do Trabalhador .......................................................................................................................................... 34 7.2.2.3- Medidas Preventivas ........................................................................................................................................................... 34

7.2.3- Medidas de Proteção Coletiva ...................................................................................................................... 34

7.2.3.1- Desenergização ................................................................................................................................................................... 34 7.2.3.2- Reenergização ..................................................................................................................................................................... 36 7.2.3.3- Tensão de segurança ........................................................................................................................................................... 37 7.2.3.4- Isolação das partes vivas .................................................................................................................................................... 37

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7.2.3.5- Obstáculos ........................................................................................................................................................................... 37 7.2.3.6- Barreiras .............................................................................................................................................................................. 37

7.2.3.7- Sinalização de segurança .................................................................................................................................................... 37 7.2.3.8- Seccionamento automático da alimentação....................................................................................................................... 38 7.2.3.9- Equipamentos de Proteção Coletiva .................................................................................................................................. 38

7.2.4- Medidas de Proteção Individual .................................................................................................................... 38

7.2.4.1- Equipamentos de Proteção Individual ............................................................................................................................... 38 7.2.5- Situações de Emergência ............................................................................................................................... 39

7.2.5.1- Acidente com eletricidade .................................................................................................................................................. 39 7.2.5.2- Acidentes Físicos ................................................................................................................................................................ 40 7.2.5.3- Acidente Ambiental ............................................................................................................................................................ 40

7.2.6- Combate a Incêndio ....................................................................................................................................... 40

7.3- PROCEDIMENTOS DE TRABALHO ............................................................................................................................. 41

8- CONTROLE E INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS . ............................................................ 41

9- GESTÃO DE SEGURANÇA EM ELETRICIDADE ................................................................................................ 42

10. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................................................ 46

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1- INTRODUÇÃO

A eletricidade é a forma de energia mais utilizada na sociedade atual; a facilidade em ser transportada dos locais de geração para os pontos de consumo e sua transformação normalmente simples em outros tipos de energia, como mecânica, luminosa, térmica, muito contribui para o desenvolvimento industrial.

Com características adequadas à moderna economia, facilmente disponibilizada aos consumidores, a eletricidade sob certas circunstâncias, pode comprometer a segurança e a saúde das pessoas.

A eletricidade não é vista, é um fenômeno que escapa aos nossos sentidos, só se percebem suas manifestações exteriores, como a iluminação, sistemas de calefação, entre outros.

Em conseqüência desta “invisibilidade”, as pessoas são, muitas vezes, exposta a situações de risco ignoradas ou mesmo subestimada.

Acidentes ocorridos com eletricidade, no lar e no trabalho, ocorrem com muita freqüência e certamente são os que trazem as mais graves conseqüências. As normas de segurança estabelecem que pessoas devam ser informadas sobre os riscos a que se expõem, assim como conhecer os seus efeitos e as medidas de segurança aplicáveis.

A média internacional traz como referência que de 5 a 7% dos acidentes do trabalho com fatalidade, são pertencentes ao grupo de serviços em eletricidade. Infelizmente no Brasil as estatísticas de acidente de trabalho com gravidade, levando ao óbito do trabalhador são elevadas, e dentre estas causas destaca-se as que ocorrem devido aos efeitos da energia elétrica.

Além disso, a eletricidade constitui em risco ao patrimônio, pois temos que muitos incêndios, explosões e demais acidentes ampliados são causados por curtos-circuitos , conseqüentes de instalações defeituosas, devido a diversos fatores, tais como: ausência de manutenção, ou mesmo manutenção inadequada, falta de proteção, ou operação incorreta de dispositivos e equipamentos elétricos. As sobrecargas nos circuitos, também são motivos para ocorrências de incêndios nas instalações elétricas, principalmente em edifícios comerciais e também indústrias de diversos segmentos; como consta historicamente nos desastres atendidos pelo Corpo de Bombeiros. Já nas “favelas” temos diversas ligações elétricas clandestinas e fora dos padrões exigidos pelas normas técnicas vigentes, propiciando eventos desastrosos.

Face ao que foi exposto até o momento, transcrevemos a seguir, algumas afirmações de especialistas da área de Segurança do Trabalho.

“A eletricidade constitui em agente físico de elevado potencial de risco quando está fora de controle na ausência de medidas apropriadas de segurança, produz a condição de perigo para integridade física e saúde do homem, com possibilidade de promover acidentes diretos (queimaduras, parada cardíaca, respiratória...) ou indiretos (quedas, batidas, queimaduras...) de graves conseqüências, incapacitantes ou óbitos, e ainda ser o iniciador de grandes incêndios, explosões e acidentes ampliados. Mesmo em baixas tensões ela representa perigo à integridade física dos trabalhadores”. (Pereira – Revista CIPA, edição 262/2001). “A eletricidade é um dos agentes de risco com o maior poder de causar danos, porque sua presença não pode ser percebida à distância pelos sentidos, é invisível, incolor e inodora”. (Fatureto – Revista Proteção, edição 94/1999).

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O objetivo desta disciplina é proporcionar aos futuros profissionais de Engenharia de Segurança do Trabalho, conhecimentos básicos em Segurança em Eletricidade que possam os auxiliar no desenvolvimento de suas atividades profissionais nesta importante área de qualquer atividade laboral.

2- GLOSSÁRIO

2.1. Alta Tensão (AT): tensão superior a 1000 volts em corrente alternada ou 1500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra.

2.2. Área Classificada: local com potencialidade de ocorrência de atmosfera explosiva.

2.3. Aterramento Elétrico Temporário: ligação elétrica efetiva confiável e adequada intencional à terra, destinada a garantir a equipotencialidade e mantida continuamente durante a intervenção na instalação elétrica.

2.4. Atmosfera Explosiva: mistura com o ar, sob condições atmosféricas, de substâncias inflamáveis na forma de gás, vapor, névoa, poeira ou fibras, na qual após a ignição a combustão se propaga.

2.5. Baixa Tensão (BT): tensão superior a 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente contínua e igual ou inferior a 1000 volts em corrente alternada ou 1500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra.

2.6. Barreira: dispositivo que impede qualquer contato com partes energizadas das instalações elétricas.

2.7. Direito de Recusa: instrumento que assegura ao trabalhador a interrupção de uma atividade de trabalho por considerar que ela envolve grave e iminente risco para sua segurança e saúde ou de outras pessoas.

2.8. Equipamento de Proteção Coletiva (EPC): dispositivo, sistema, ou meio, fixo ou móvel de abrangência coletiva, destinado a preservar a integridade física e a saúde dos trabalhadores, usuários e terceiros.

2.9. Equipamento Segregado: equipamento tornado inacessível por meio de invólucro ou barreira.

2.10. Extra-Baixa Tensão (EBT): tensão não superior a 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra.

2.11. Influências Externas: variáveis que devem ser consideradas na definição e seleção de medidas de proteção para segurança das pessoas e desempenho dos componentes da instalação.

2.12. Instalação Elétrica: conjunto das partes elétricas e não elétricas associadas e com características coordenadas entre si, que são necessárias ao funcionamento de uma parte determinada de um sistema elétrico.

2.13. Instalação Liberada para Serviços (BT/AT): aquela que garanta as condições de segurança ao trabalhador por meio de procedimentos e equipamentos adequados desde o início até o final dos trabalhos e liberação para uso.

2.14. Impedimento de Reenergização: c ondição que garante a não energização do circuito através de recursos e procedimentos apropriados, sob controle dos trabalhadores envolvidos nos serviços.

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2.15. Invólucro: envoltório de partes energizadas destinado a impedir qualquer contato com partes internas.

2.16. Isolamento Elétrico: processo destinado a impedir a passagem de corrente elétrica, por interposição de materiais isolantes.

2.17. Obstáculo: elemento que impede o contato acidental, mas não impede o contato direto por ação deliberada.

2.18. Perigo: situação ou condição de risco com probabilidade de causar lesão física ou dano à saúde das pessoas por ausência de medidas de controle.

2.19. Pessoa Advertida: pessoa informada ou com conhecimento suficiente para evitar os perigos da eletricidade.

2.20. Procedimento: seqüência de operações a serem desenvolvidas para realização de um determinado trabalho, com a inclusão dos meios materiais e humanos, medidas de segurança e circunstâncias que impossibilitem sua realização.

2.21. Prontuário: sistema organizado de forma a conter uma memória dinâmica de informações pertinentes às instalações e aos trabalhadores.

2.22. Risco: capacidade de uma grandeza com potencial para causar lesões ou danos à saúde das pessoas.

2.23. Riscos Adicionais: todos os demais grupos ou fatores de risco, além dos elétricos, específicos de cada ambiente ou processos de Trabalho que, direta ou indiretamente, possam afetar a segurança e a saúde no trabalho.

2.24. Sinalização: procedimento padronizado destinado a orientar, alertar, avisar e advertir.

2.25. Sistema Elétrico: circuito ou circuitos elétricos inter-relacionados destinados a atingir um determinado objetivo.

2.26. Sistema Elétrico de Potência (SEP): conjunto das instalações e equipamentos destinados à geração, transmissão e distribuição de energia elétrica até a medição, inclusive.

2.27. Tensão de Segurança: extra baixa tensão originada em uma fonte de segurança.

2.28. Trabalho em Proximidade: trabalho durante o qual o trabalhador pode entrar na zona controlada, ainda que seja com uma parte do seu corpo ou com extensões condutoras, representadas por materiais, ferramentas ou equipamentos que manipule.

2.29. Travamento: ação destinada a manter, por meios mecânicos, um dispositivo de manobra fixo numa determinada posição, de forma a impedir uma operação não autorizada.

2.30. Zona de Risco: entorno de parte condutora energizada, não segregada, acessível inclusive acidentalmente, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados e com a adoção de técnicas e instrumentos apropriados de trabalho.

2.31. Zona Controlada: entorno de parte condutora energizada, não segregada, acessível, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados.

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3- SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO

Sistema Elétrico de Potência (SEP), em sentido amplo é o conjunto de todas as instalações e equipamentos destinados à geração, transmissão e distribuição de energia elétrica.

Geração

Por geração ou produção entende-se a “Conversão de uma forma qualquer de energia em energia elétrica”.

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Fig. 1. Corte esquemático de uma usina hidrelétrica

Transmissão

Baseados na função que exerce, podemos definir transmissão como o transporte de energia elétrica caracterizado pelo valor nominal de tensão:

a) entre a subestação elevadora de uma usina elétrica e a subestação abaixadora em que se inicia a subtransmissão, ou que alimenta um sistema de distribuição, ou que fornece energia elétrica a um grande consumidor ou;

b) entre as subestações que fazem a interligação dos sistemas elétricos de dois concessionários, ou áreas diferentes do sistema de um mesmo concessionário.

Distribuição Por definição, “é a transferência de energia elétrica para os consumidores, a partir

dos pontos onde se considera terminada a transmissão (ou subtransmissão), até a medição de energia, inclusive”.

Rede Básica >= 230 kV 230 KV 345 KV 440 KV 500 KV 750 KV

Sub-transmissão <= 230 kV 230 KV 138 KV 88 KV 69 KV 44 KV

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Os principais componentes do sistema elétrico de distribuição são:

• Redes primárias;

• Redes secundárias;

• Ramais de serviço e entrada;

• Medidores;

• Transformadores de distribuição;

• Capacitores e reguladores de rede;

As linhas de transmissão e de subtransmissão convergem para as estações de distribuição, que é uma subestação rebaixadora que alimenta um sistema de distribuição, onde a tensão é abaixada, usualmente para o nível de 13,8 kV.

Destas subestações originam-se alguns alimentadores que se interligam aos transformadores de distribuição da concessionária ou a de consumidores em tensão primária.

Define-se Sistema (de distribuição) Primário, como sendo o conjunto dos alimentadores de um dado sistema de distribuição, incluindo os primários dos transformadores de distribuição pertinentes. São linhas de tensões suficientemente baixas para ocuparem vias públicas e suficientemente elevadas para assegurarem uma boa regulação, mesmo para potências razoáveis.

Quanto ao nível de tensão de distribuição dos sistemas secundários, observam-se os seguintes valores nominais mais freqüentes: sistema de 220/127 volts (entre fases e entre fase e neutro) e o sistema de 380/220 volts, deriváveis de sistemas trifásicos com neutro, e o sistema de 220/110 volts derivável de sistemas monofásicos. Esses sistemas incluem os secundários dos transformadores de distribuição pertinentes e os ramais de ligação dos consumidores. Operam com as tensões mais baixas do sistema e em geral seu comprimento não excede de 200 a 300 m.

NÍVEIS DE TENSÃO PADRONIZADOS NO RS

PRIMÁRIO - 13,8KV

23,1KV

SECUNDÁRIO – 127/220V

220/380V

3.1. Caracterização do Setor Elétrico

Conforme a Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE (Versão 2.0), o grau de risco – GR, para fins de dimensionamento do SESMET do Setor Elétrico é o seguinte:

• Geração : CNAE 35.11-5; Grau de Risco 3.

• Transmissão: CNAE 35.12-3; Grau de Risco 3.

• Distribuição: CNAE 35.14-0; Grau de Risco 3.

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• Consumo: Irá depender da Atividade do Consumidor.

• Construção de obras de Geração e Distribuição de En ergia Elétrica e Telecomunicações: CNAE 42.21-9; Grau de Risco 4.

4- REGULAMENTAÇÕES DO MTE E NORMAS TÉCNICAS BRASILE IRAS

Os instrumentos jurídicos de proteção ao trabalhador têm sua origem na Constituição Federal que, ao relacionar os direitos dos trabalhadores, inclui entre eles a proteção de sua saúde e segurança por meio de normas específicas. Coube ao Ministério do Trabalho estabelecer essas regulamentações (Normas Regulamentadoras – NR) por intermédio da Portaria nº 3.214/78. A partir de então, uma série de outras portarias foram editadas pelo Ministério do Trabalho, com o propósito de modificar ou acrescentar normas regulamentadoras de proteção ao trabalhador, conhecidas pelas suas iniciais: NR. Sobre a segurança em instalações e serviços em eletricidade, a referência é a NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade. Uma Norma Regulamentadora objetiva explicitar a implantação das determinações contidas nos artigos 154 a 201, capítulo V da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, para que sirvam de balizamento, de parâmetro técnico, às pessoas/empresas que devem atender aos ditames legais e que, também, devem observar o pactuado nas Convenções/Acordos Coletivos de Trabalho de cada categoria e nas Convenções Coletivas sobre Prevenção de Acidentes.

A NR 10 exige também, que sejam observadas as Normas Técnicas oficiais vigentes e, na falta ou omissão destas, as Normas Técnicas Internacionais. Nos serviços em eletricidade no Brasil devem ser observadas as normas técnicas elaboradas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Um importante fator a ser observado quanto às normas técnicas é a necessidade de se verificar se existe alguma nova versão da norma atualizada.

No caso de inexistência de norma da ABNT, deve-se recorrer às normas de origem estrangeira, preferindo as normas do sistema internacional, no caso a IEC. A preferência imputada à norma do sistema IEC é devido à tendência da ANBT de adotar o sistema internacional de normalização. Outras normas de referência que podem ser adotadas são as do sistema NEC, NPFA, etc.

Abaixo são listadas algumas normas da ABNT ligadas aos serviços em eletricidade:

� NBR 5410 – Instalações Elétricas de Baixa Tensão; � NBR 5419 – Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas; � NBR 14039 – Instalações Elétricas de Média Tensão, de 1,0 kV a 36,2 kV; � NBR 5418 – Instalações Elétricas em Atmosferas Explosivas; � NBR 13534 – Instalações em Ambientes Assistenciais de Saúde – Requisitos

de Segurança � NBR 13570 – Instalações Elétricas em Locais de Afluência de Público –

Requisitos Específicos.

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5- NR 10 – SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM E LETRICIDADE

5.1- Objetivo e campo de aplicação Esta norma regulamentadora estabelece as condições mínimas exigíveis para

garantir a segurança dos empregados que trabalham em instalações elétricas, em suas diversas etapas, incluindo elaboração de projetos, execução, operação, manutenção, reforma e ampliação, em quaisquer fases de geração, transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica. Esta norma abrange também os trabalhadores que, embora não interajam diretamente com eletricidade, realizam trabalhos nas suas proximidades, dentro da Zona Controlada.

Como exemplo de trabalhos nas vizinhanças de instalações elétricas e sujeitas aos riscos destas instalações pode-se citar as seguintes atividades:

� Trabalhadores instaladores de telefone, quando exercerem suas atividades em postes comuns a telefonia e a rede elétrica;

� Trabalhadores instaladores de TV’s a cabo, nas mesmas condições dos trabalhadores da telefonia;

� Trabalhadores atuando na limpeza de faixa de servidão (espaço reservado embaixo das linhas de transmissão);

� Trabalhadores em pintura de estruturas de linhas de transmissão ou na pintura de uma subestação, quando o trabalhado é realizado nas proximidades da entrada de energia;

� Trabalhadores da construção civil, quando próximos de redes de distribuição de energia elétrica;

� Trabalhadores instaladores de antenas, também próximos às redes de distribuição de energia elétrica;

� Pintores, instaladores de placas, lavadores de janelas, também na proximidade de redes de distribuição de energia elétrica.

Fig. 2. Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada e livre, com interposição de superfície de separação física adeq uada.

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ZL = Zona livre ZC = Zona controlada, restrita a trabalhadores autorizados. ZR = Zona de risco, restrita a trabalhadores autorizados e com a adoção de técnicas, instrumentos e equipamentos apropriados ao trabalho. PE = Ponto da instalação energizado. SI = Superfície isolante construída com material resistente e dotada de todos dispositivos de segurança.

Tabela 1. Raios de delimitação de zonas de risco, c ontrolada e livre. Faixa de tensão Nominal da

instalação elétrica em kV

Rr - Raio de delimitação entre zona de risco e controlada em metros

Rc - Raio de delimitação entre zona controlada e

livre em metros

<1 0,20 0,7 =1 e <3 0,22 1,22 =3 e <6 0,25 1,25 =6 e <10 0,35 1,38

=10 e <15 0,40 1,40 =15 e <20 0,40 1,40 =20 e <30 0,56 1,56 =30 e <36 0,58 1,56 =36 e <45 0,63 1,63 =45 e <60 0,83 1,63 =60 e <70 0,90 1,90

=70 e <11 0 1,00 2,00 =110 e <132 1,10 3,10 =132 e <150 1,20 3,20 =150 e <220 1,60 3,60 =220 e <275 1,80 3,80 =275 e <380 2,50 4,50 =380 e <480 3,20 5,20 =480 e <700 5,20 7,20

5.2- Responsabilidades A responsabilidade pelo cumprimento da NR 10 é solidária a todos os contratantes e contratados envolvidos. Isto significa dizer que ambos possuem igualdade jurídica e que irão responder em iguais condições pelo não cumprimento da norma. O conceito de responsabilidade solidária fundamenta-se na culpa “in eligendo”, ou seja, proveniente da falta de cautela ou previdência na seleção ou escolha do profissional, pessoa ou empresa a quem confia à execução de um ato ou serviço. Por exemplo contratar um profissional não qualificado, habilitado ou capacitado em instalações elétricas e colocá-lo trabalhar com eletricidade.

A culpa “in vigilando”, ou seja, aquela ocasionada por falta de diligência, atenção, fiscalização ou qualquer outro ato de supervisão do tomador de serviço, no cumprimento do dever, para evitar prejuízo de alguém, também está presente na NR 10 e na CLT, art. 157.

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O contratante que contrata mal não se exime de responsabilidade civil e criminal, direta ou indiretamente, pelos danos advindos de seus atos. Isto inclui os impactos provenientes da má qualidade do produto final, acidente ou qualquer outro prejuízo.

Em caso de acidentes do trabalho, envolvendo eletricidade, a empresa é responsável pela tomada de medidas de caráter preventivo e corretivo, visando a eliminação das causas do acidente.

Aos trabalhadores, a NR 10 impõe que eles sejam responsáveis por sua segurança e saúde e de outras pessoas que possam ser afetadas por seus atos ou omissões no trabalho, ou seja, deve estar atento, não ser negligente, deve cumprir com os procedimentos implementados pela empresa, cumprir todas as normas regulamentadoras e demais medidas de segurança e saúde implementadas pela empresa. Quanto o trabalhador identificar algum ato ou situação que impute risco a sua segurança e saúde e a de outras pessoas, ele deve comunicar imediatamente a sua supervisão para que sejam implementadas medidas necessárias à eliminação ou mitigação do risco. O trabalhador responde civil e criminalmente pelo descumprimento desta norma.

5.2.1- Competências Segue abaixo, transcrição da NBR 5410, a respeito das condições de influências

externas para competência das pessoas, a qual é adotada pela NR-10.

Tabela 2. Competência de pessoas.

Cód. Classificação Características Aplicações e

exemplos

BA1 Comuns Pessoas inadvertidas ----

BA2 Crianças Crianças que se encontram nos locais

que lhe são destinados

Crianças de pouco

idade em coletividade,

por exemplo, creches.

BA3 Incapacitados Pessoas que não dispõem de

completa capacidade física ou

intelectual (velhos, doentes)

Asilos, hospícios,

hospitais.

BA4 Advertidas Pessoas suficientemente informadas

ou supervisionadas por pessoas

qualificadas de modo a lhes permitir

evitar os perigos que a eletricidade

pode apresentar (pessoal de

manutenção e/ ou operação)

Locais de serviço

elétrico.

BA5 Qualificadas Pessoas que têm conhecimentos

técnicos ou experiência suficiente

para lhes permitir evitar os perigos

que a eletricidade pode apresentar

(engenheiros e técnicos)

Locais de serviço

elétrico fechados.

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Para executar intervenções em instalações elétricas os trabalhadores deverão ser qualificados, habilitados ou capacitados, e possuírem autorização para exercer suas atividades nas instalações elétricas.

Entende-se por profissional qualificado, aquele que comprovar conclusão de curso específico na área elétrica, reconhecido pelo Sistema Oficial de Ensino; quando o profissional qualificado possuir um registro no respectivo Conselho de Classe (CREA) é dito habilitado. Trabalhador capacitado é aquele que recebeu capacitação sob orientação e responsabilidade de profissional habilitado e autorizado e trabalhe sob responsabilidade de profissional habilitado e autorizado.

A autorização para trabalho é dada formalmente pela empresa, após os trabalhadores receberem o(s) treinamento(s) de segurança previsto na NR-10.

5.2.2- Treinamento dos trabalhadores O contratante é responsável pela prestação de informação sobre os riscos a que estão expostos os trabalhadores e também instruí-los quanto aos procedimentos e medidas de controle dos riscos elétricos a que estão expostos. A empresa atende ao disposto nesta norma por meio de implementação de treinamentos e realização de Diálogos Diários de Segurança (DDS). Os DDS é uma ferramenta indicada principalmente para empresas que, por natureza de sua atividade, possuem uma grande rotatividade de pessoal.

Para serem autorizados a intervir em instalações elétricas, os trabalhadores devem possuir treinamento específico sobre os riscos decorrentes do emprego da energia elétrica e as principais medidas de prevenção de acidentes em instalações elétricas, de acordo com o estabelecido no Anexo II da NR 10. Para trabalhar com instalações elétricas energizadas, com tensão igual ou superior a 50 Volts em corrente alternada ou superior a 120 Volts em corrente contínua, devem receber treinamento de segurança para trabalhos com instalações elétricas energizadas, com currículo mínimo, carga horária e demais determinações estabelecidas no Anexo II da NR 10 (Curso básico).

Os trabalhadores que intervenham em instalações elétricas energizadas com alta tensão que exerçam suas atividades dentro dos limites estabelecidos como zonas controladas e de risco, devem receber treinamento de segurança, específico em segurança no Sistema Elétrico de Potência (SEP) e em suas proximidades, com currículo mínimo, carga horária e demais determinações estabelecidas no Anexo II da NR 10 (Curso complementar).

Os treinamentos definidos na NR 10 não estão direcionados a formar um profissional de instalações elétricas ou outra qualquer atividade do setor elétrico. O objetivo é fornecer informações para garantir a segurança dos trabalhadores. Outro critério estabelecido na NR 10 é a importância de se executar periodicamente novo treinamento. A reciclagem deve ser realizada a cada dois anos ou quando houver:

� Troca de função ou mudança de empresa;

� Retorno de afastamento ao trabalho ou inatividade, por período superior a três meses;

� Modificações significativas nas instalações elétrica ou troca de métodos, processos e organização do trabalho.

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O conteúdo programático e a carga horária dos treinamentos de reciclagem devem ser determinados pelas condições que ocasionaram a sua aplicação, sempre tomando como guia as necessidades do trabalho executado.

6- RISCOS ELÉTRICOS

Os riscos à segurança e saúde dos trabalhadores no setor de energia elétrica são, via de regra elevados, podendo levar a lesões de grande gravidade e são específicos a cada tipo de atividade. Contudo, o maior risco à segurança e saúde dos trabalhadores é o de origem elétrica.

A eletricidade constitui-se em agente de elevado potencial de risco ao homem. Mesmo em baixas tensões ela representa perigo à integridade física e saúde do trabalhador. Sua ação mais nociva é a ocorrência do choque elétrico com conseqüências diretas e indiretas (quedas, batidas, queimaduras indiretas e outras). Também há riscos devido à possibilidade de curtos-circuitos ou mau funcionamento do sistema elétrico que originam grandes incêndios, explosões ou acidentes ampliados.

É importante lembrar que o fato do circuito estar desenergizado não elimina o risco elétrico, tampouco se pode prescindir das medidas de controle coletivas e individuais necessárias. A energização acidental pode ocorrer devido a erros de manobra, contato acidental com outros circuitos energizados, tensões induzidas por circuitos adjacentes e descargas atmosféricas, mesmo que distantes dos locais de trabalho.

Os riscos de origem elétrica são: Choque elétrico, Arco Voltaico ou elétrico e campos eletromagnéticos.

6.1- CHOQUE ELÉTRICO

No dia a dia, seja no lar ou na indústria a maior preocupação sem dúvida é com o choque elétrico, visto que este é o tipo de acidente que ocorre com maior freqüência. Choque elétrico é o conjunto de perturbações de natureza e efeitos diversos, que se manifestam no organismo humano ou animal, quando este é percorrido por corrente elétrica. Os efeitos do choque elétrico variam e dependem de:

� Percurso da corrente elétrica pelo corpo humano; � Intensidade da corrente elétrica; � Tempo de duração; � Área de contato; � Freqüência da corrente elétrica; � Tensão elétrica; � Condições da pele do indivíduo; � Constituição física do indivíduo; � Estado de saúde do indivíduo.

É o principal causador de acidentes no setor e geralmente originado por contato do

trabalhador com partes energizadas. Constitui-se em estímulo rápido e acidental sobre o sistema nervoso devido à passagem de corrente elétrica, acima de determinados valores, pelo corpo humano.

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6.1.1- Tipos de choques elétricos

O corpo humano, mais precisamente sua resistência orgânica à passagem da corrente, é uma impedância elétrica composta por uma resistência elétrica, associada a um componente com comportamento levemente capacitivo. Assim, o choque elétrico pode ser dividido em duas categorias:

6.1.1.1- Choque estático É o obtido pela descarga de um capacitor ou devido à descarga eletrostática. Descarga estática é o efeito capacitivo presente nos mais diferentes materiais e equipamentos com os quais o homem convive. Um exemplo típico é o que acontece em veículos que se movem em climas secos. Com o movimento, o atrito com o ar gera cargas elétricas que se acumulam ao longo da estrutura externa do veículo. Portanto, entre o veículo e o solo passa a existir uma diferença de potencial. Dependendo do acúmulo das cargas, poderá haver o perigo de faiscamentos ou de choques elétrico no instante em que uma pessoa desce ou toca no veículo. Dentre as formas em que se apresenta a eletricidade estática, a que apresenta maior risco é a descarga da energia acumulada em capacitores. Especial atenção deve ser dada a ela, mesmo algum tempo após a interrupção da energia elétrica. Como medida de prevenção estes dispositivos devem ser aterrados para descarregar toda a eletricidade estática antes da execução dos serviços.

6.1.1.2- Choque dinâmico

É o que ocorre quando se faz contato com um elemento energizado.

Este choque se dá devido ao:

� Toque acidental na parte viva do condutor;

Fig. 3.Capacitores utilizados na correção do fator de potência Fig. 4. Morte por choque estático

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� Toque em partes condutoras próximas aos equipamentos e instalações, que ficaram energizadas acidentalmente por defeito, fissura ou rachadura na isolação.

Fig. 5. Choque dinâmico

Este tipo de choque é o mais perigoso, porque a rede elétrica mantém a pessoa

energizada, ou seja, a corrente de choque persiste continuamente. O corpo humano é um organismo resistente, que suporta bem o choque elétrico nos primeiros instantes, mas com a manutenção da corrente passando pelo corpo, os órgãos internos vão sofrendo conseqüências. Isto se dá pelo fato de o choque elétrico produzir diversos efeitos no corpo humano, tais como:

� Elevação da temperatura dos órgãos devido ao aquecimento produzido pela corrente de choque;

� Tetanização (rigidez) dos músculos; � Superposição da corrente do choque com as correntes neurotransmissoras que

comandam o organismo humano, criando uma pane geral; � Comprometimento do coração, quanto ao ritmo de batimento cardíaco e à

possibilidade de fibrilação ventricular; � Efeito de eletrólise, mudando a qualidade do sangue; � Comprometimento da respiração; � Prolapso, isto é, deslocamento dos músculos e órgãos internos da sua devida

posição; � Comprometimento de outros órgãos, como rins, cérebro, vasos, órgãos genitais

e reprodutores.

Muitos órgãos aparentemente sadios só vão apresentar sintomas devido aos efeitos da corrente de choque muitos dias ou meses depois, apresentando seqüelas, que muitas vezes não são relacionadas ao choque em virtude do espaço de tempo decorrido desde o acidente.

Os choques dinâmicos podem ser causados pela tensão de toque ou pela tensão de passo.

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6.1.1.2.1 Tensão de toque

Tensão de toque é a tensão elétrica existente entre os membros superiores e

inferiores no indivíduo a um choque dinâmico.

Fig. 6. Choque por tensão de toque.

6.1.1.2.2 Tensão de passo

Potencial de passo é a diferença de potencial existente entre os dois pés. As tensões de passo ocorrem quando entre os membros de apoio (pés), aparecem diferenças de potencial. Isto pode acontecer quando os membros se encontrarem sobre linhas eqüipotenciais diferentes. Estas linhas eqüipotenciais se formam na superfície do solo quando do escoamento da corrente de curto-circuito. É claro que, se naquele breve espaço de tempo os dois pés estiverem sobre a mesma linha eqüipotencial ou, se um único pé estiver sendo usado como apoio, não haverá a tensão de passo. A figura abaixo exemplifica a tensão de passo.

Fig. 7. Choque por tensão de passo

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6.1.2- Efeitos dos choques elétricos em função do t rajeto O corpo humano é condutor de eletricidade e sua resistência elétrica varia de pessoa para pessoa e ainda depende do percurso da corrente. A corrente no corpo humano sofrerá variações conforme for o trajeto percorrido e com isso provocará efeitos diferentes no organismo, quando percorridos por corrente elétrica os órgãos vitais do corpo podem sofrer agravamento e até causar sua parada levando a pessoa até a morte. Os efeitos fisiológicos da corrente elétrica dependerão, em parte, do percurso por onde ela passa no corpo humano isso porque na sua passagem poderá atingir centros e órgãos de importância vital, como coração e pulmões. Percurso 1.

Ligação de dois pontos com diferença de potencial elétrico por intermédio de dois dedos de uma mesma mão. Neste tipo de percurso, denominado pequeno percurso, não haverá risco de vida, poderá, no entanto, sofrer queimaduras ou perda dos dedos.

Fig. 8. Percurso 1 Percurso 2

A corrente entra por uma das mãos e sai pela outra, percorre o tórax, e atinge a região dos centros nervosos que controlam a respiração, os músculos do tórax e o coração. È um dos percursos mais perigosos. Dependendo do valor da corrente produzirá asfixia e fibrilação ventricular, ocasionando uma parada cardíaca.

Fig. 9. Percurso 2

Percurso 3

A corrente entra por uma das mãos e sai por um dos pés. Percorre parte do tórax, centros nervosos e diafragma. Dependendo da intensidade da corrente produzirá asfixia e fibrilação ventricular e, conseqüentemente, parada cardíaca.

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Fig. 10. Percurso 3

Percurso 4

A corrente vai de um pé a outro, através de coxas, pernas e abdômen. O perigo é menor que nos dois casos anteriores, mas a vítima pode sofrer perturbações dos órgãos abdominais e músculos.

Fig. 11. Percurso 4

6.1.3- Características da corrente elétrica Outros fatores a determinar a gravidade do choque elétrico são as características da corrente:

6.1.3.1- Corrente contínua A fibrilação ventricular só ocorrerá se a corrente contínua for aplicada durante um instante curto específico e vulnerável do ciclo cardíaco.

6.1.3.2- Corrente alternada Entre 20 e 100 Hz, são as que oferecem maior risco. Especificamente as de 60 Hz, normalmente usadas nos sistemas de fornecimento de energia elétrica, são as mais perigosas, uma vez que se situam próximo à freqüência na qual a possibilidade de ocorrência de fibrilação ventricular é maior. Para correntes alternadas de freqüências elevadas, acima de 2.000 Hz, as possibilidades de ocorrência de choques elétricos são pequenas, contudo, ocorrerão queimaduras, devido a corrente tender a circular pela parte externa do corpo, ao invés da interna.

6.1.4- Tensão elétrica Os efeitos danosos ao organismo humano são provocados pela corrente elétrica e que pela Lei de Ohm é tanto maior quanto for a tensão elétrica, podemos concluir que os efeitos do choque são mais grave a medida que a tensão aumenta, e pela mesma Lei de Ohm quanto menor a resistência do circuito maior a corrente, portanto concluímos que não existe valores de tensão que não sejam perigosas. Para condições normais de influências externas, considera-se perigosa uma tensão superior a 50 V, em corrente

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alternada e 120 V em corrente contínua, o corpo humano possui em média uma resistência na faixa de 1300 a 3000 ohms, assim uma tensão elétrica de contato num valor de 50 V resultará numa corrente de 38,5 mA. O valor de 38,5 mA em geral não é perigoso ao organismo humano, abaixo apresentamos o valor de duração máxima de uma tensão elétrica em contato com o corpo humano, os valores indicados baseiam-se em valores limites de correntes de choque e correspondem a condições nas quais a corrente passa pelo corpo humano de uma mão para a outra ou de uma mão para planta de pé, sendo que a superfície de contato é considerada a pele relativamente úmida.

Tab. 3. Duração máxima da tensão elétrica de contat o CA (50/60 Hz)

Tab. 4. Duração máxima da tensão elétrica de contato CC

6.1.5- Efeitos de choques elétricos em função do te mpo de contato e intensidade de corrente

A relação entre tempo de contato e intensidade de corrente é um agravante nos acidentes por choque elétrico. Podemos observar no gráfico abaixo apresentado as zonas de efeitos para correntes alternadas de 15 a 100 Hz, admitindo a circulação entre as extremidades do corpo em pessoas com 50 kg de peso. Zona 1 – Normalmente, nenhum efeito perceptível. Zona 2 – Sente-se a passagem da corrente, mas não se manifesta qualquer reação do corpo humano. Zona 3 – Zona onde em que se manifesta o efeito de agarramento: uma pessoa empunhando o elemento causador do choque elétrico não consegue mais largá-lo. Todavia, não há seqüelas após interrupção da corrente.

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Zona 4 – Probabilidade, crescente com a intensidade e duração da corrente, de ocorrência do efeito mais perigoso do choque elétrico, que é a fibrilação ventricular.

Fig. 12. Gráfico dos efeitos da corrente elétrica no corpo h umano

Tab. 5. Sensação da corrente de choque no organismo humano

EFEITOS AO ORGANISMO

Corrente média (mA)

na freqüência de 60 Hz

MULHER HOMEM

Limiar da percepção 0,7 1,1

Choque não doloroso, sem perda de controle muscular. 1,2 1,8

Choque doloroso, limite de largar. 10,0 16,0

Choque doloroso e grave, contrações musculares e

dificuldade de respiração. 15,0 23,0

Tab. 6. Efeitos dos choques elétricos em função da intensidade de corrente

Intensidade

da CA (50/60

Hz) que

percorre o

corpo

Perturbações possíveis

durante o contato

Estado possível

da vítima logo

após o choque

Salvamento Resultado

final mais

provável

0,5 a 1 mA Nenhuma. Apenas uma leve

sensação de formigamento. Normal Não se aplica Normal

1 a 9 mA

Sensação cada vez mais

desagradável, a medida que

a intensidade aumenta.

Contrações musculares.

Normal Não se aplica Normal

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9 a 20 mA

Sensação dolorosa.

Contrações violentas.

Asfixia, Anoxia,

Anoxemia, Perturbações

circulatórias.

Morte aparente Respiração

artificial

Restabeleci-

mento

20 a 100 mA

Sensação insuportável.

Contrações violentas.

Asfixia, Anoxia.

Anoxemia, Perturbações

circulatórias graves,

inclusive, podendo ocorrer

fibrilação ventricular.

Morte aparente

Respiração

artificial

Massagem

cardíaca

Restabeleci-

mento ou

morte,

dependendo do

tempo de

atendimento

Acima de

100 mA

Asfixia imediata.

Fibrilação ventricular

Alterações musculares.

Queimaduras.

Morte aparente

ou imediata Muito difícil Morte

Vários

ampéres

Asfixia imediata.

Queimaduras graves.

Morte aparente

ou imediata

Praticamente

impossível Morte

Tab.7. Efeitos dos choques elétricos em função da intensidade de corrente

Faixa de corrente Reações fisiológicas habituais

0,1 a 0,5 mA Leve percepção superficial; habitualmente nenhum efeito

0,5 a 10 mA Ligeira paralisia nos músculos do braço, com início de tetanização;

habitualmente nenhum efeito perigoso

10 a 30 mA Nenhum efeito perigoso se houver interrupção em, no máximo 5 s

30 a 500 mA

Paralisia estendida aos músculos do tórax, com sensação de falta de ar e

tontura; possibilidade de fibrilação ventricular se a descarga elétrica se

manifestar na fase crítica do ciclo cardíaco e por tempo superior a 200 ms

Acima de 500 mA Traumas cardíacos persistentes; nesse caso o efeito é letal, salvo

intervenção imediata de pessoal especializado com equipamento adequado.

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6.1.6- Resistência elétrica do corpo humano A intensidade da corrente que circulará pelo corpo da vítima dependerá, em muito, da resistência elétrica que esta oferece à passagem da corrente, e também de qualquer outra resistência adicional entre a vítima e a terra. A resistência que o corpo humano oferece à passagem da corrente é quase que exclusivamente devido à camada externa da pele, a qual é constituída de células mortas. Esta resistência está situada entre 100.000 e 600.000 ohms, quando a pele encontra-se seca e não apresenta cortes e a variação apresentada é em função da espessura. Quando esta, no entanto, encontra-se úmida, condição mais facilmente encontrada na prática, a resistência elétrica do corpo pode ser muito baixa, atingindo 500 ohms. Esta baixa é originada pelo fato de que a corrente pode então passar pela camada interna, que apresenta menor resistência elétrica. Ao estar com cortes, a pele também pode oferecer uma baixa resistência. A resistência oferecida pela parte interna do corpo, constituída pelo sangue, músculos e demais tecidos, comparativamente à da pele é bem baixa, medindo normalmente 300 ohms, em média, e apresentando um valor máximo de 500 ohms. As diferenças da resistência elétrica apresentada pela pele à passagem da corrente, ao estar seca ou molhada, podem ser grandes, como vimos. Com isso, podem influir muito na possibilidade de uma pessoa vir a sofrer um choque elétrico.

6.1.7- Queimaduras devido ao choque elétrico Quando uma corrente elétrica passa através de uma resistência elétrica é liberada uma energia térmica. Este fenômeno é denominado Efeito Joule.

O calor liberado aumenta a temperatura da parte atingida do corpo humano, podendo produzir vários efeitos e sintomas, que podem ser:

� Queimaduras de 1°, 2° ou 3° graus nos músculos do corpo;

� Aquecimento do sangue, com a sua conseqüente dilatação;

� Aquecimento, podendo provocar o derretimento dos ossos e cartilagens;

� Queima das terminações nervosas e sensoriais da região atingida;

� Queima das camadas adiposas ao longo da derme, tornando-se gelatinosas.

As condições citadas não acontecem isoladamente, mas sim associadas, advindo, em conseqüência, outras causas e efeitos nos demais órgãos.

O choque de alta-tensão queima, danifica, fazendo buracos na pele nos pontos de entrada e saída da corrente pelo corpo humano. As vítimas do choque de alta-tensão morrem devido, principalmente, a queimaduras. E as que sobrevivem ficam com seqüelas, geralmente com:

� Perda de massa muscular;

� Perda parcial de ossos;

� Diminuição e atrofia muscular;

� Perda da coordenação motora;

� Cicatrizes; etc.

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6.2- ARCO VOLTAICO

Constitui-se em outro risco de origem elétrica. O arco voltaico caracteriza-se pelo fluxo de corrente elétrica através de um meio “isolante”, como o ar, e geralmente é produzido quando da conexão e desconexão de dispositivos elétricos e em caso de curto-circuito. Um arco voltaico produz calor que pode exceder a barreira de tolerância da pele e causar queimaduras de segundo ou terceiro grau. O arco elétrico possui energia suficiente para queimar as roupas e provocar incêndios, emitindo vapores de material ionizado e raios ultravioletas. Tem participação significativa nas estatísticas de acidentes além de grande potencial em provocar mortes, conforme registra os levantamentos de entidades internacionais da área de segurança do trabalho.

Dentre as atividades sujeitas à ocorrência de arcos elétricos, registram-se mais freqüentes as seguintes:

• Operação de ligar-desligar disjuntores com a porta do painel mal travada ou aberta;

• Inserção e remoção de componentes extraíveis com barramentos energizados; • Operação em teste com as portas de painéis abertas; • Erros na tarefa de medição de tensão.

A ocorrência destes acidentes não estava restrita às concessionárias de energia elétrica, pois já havia registros de queimaduras com arco, resultantes de erro na atividade de medição de tensão nos CCM de 480 V em instalações industriais. Para salvar vidas e deter o crescimento dos índices de acidentes em serviços com eletricidade, foi criada a NFPA 70E (National Fire Protection Association – Standard for electrical safety requirements for employee workplaces). Esta norma tem como objetivo definir procedimentos e diretrizes para a execução dos serviços em eletricidade com segurança para os eletricistas, incluindo a especificação dos EPI, a qualificação requerida para os profissionais, as práticas de controle de energias perigosas, a adequada especificação do ferramental que será empregado, e como novidade, traz um método prático para avaliação de risco e especificação da vestimenta de segurança resistente para ocorrências de arco elétrico.

Como o arco elétrico é caracterizado pela passagem da corrente elétrica através do ar ionizado, com isso, ele é explosivo por natureza e pode liberar temperaturas de até 30.000 °C, calor este que excede a barreira de tole rância da pele, e pode causar queimaduras de segundo ou terceiro grau, como também possui energia suficiente para queimar roupas e provocar incêndios.

No caso de falhas elétricas ou curto-circuito, é um fenômeno indesejável que libera uma enorme quantidade de calor. Além disso, libera partículas de metais ionizadas que eventualmente podem conduzir correntes, provocar deslocamento de ar com aparecimento de alta pressão, prejudicial ao sistema auditivo, e causar sobrepressões nos compartimentos dos painéis elétricos, onde ocorreu a falha, tendo como resultado explosões. Durante este tipo de ocorrência, temos também a emissão de raios ultravioleta, que são prejudiciais à visão e por fim liberação de gases tóxicos como resultado da combustão dos materiais internos ao painel.

As queimaduras causadas por arcos elétricos representam uma parcela muito grande entre os ferimentos provocados por eletricidade em locais de trabalho. Apesar da seriedade e da importância vital que isso representa para os trabalhadores que executam serviços em eletricidade, este assunto tem recebido pouca atenção pelos usuários em

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geral, quando comparado com outros perigos da eletricidade como choques, incêndios e outros aspectos que tange a segurança industrial.

6.2.1- Práticas atuais de proteção As normas internacionais e brasileiras prescrevem que os equipamentos devem ser

dimensionados e construídos para suportar os esforços mecânicos e térmicos em casos de curtos-circuitos. No caso de painel elétrico de média tensão (1 a 36,2 kV), denominado Conjunto de Manobra e Controle, e mais conhecido na prática como painel de média tensão, CCM de média, Painéis ou Quadros de Distribuição, tanto a norma ABNT – NBR 6979, quanto a IEC 298, recomendam o tipo de ensaio de arco elétrico criado pelas falhas internas, e que o resultado do ensaio deve atender a 6 critérios em condição normal de operação do equipamento:

• As portas, tampas, etc. não se abrirem.

• Partes ou componentes internos não serem arremessadas.

• Arco não provocar perfurações no invólucro.

• Os indicadores verticais colocados externamente não inflamarem.

• Os indicadores horizontais colocados externamente não inflamarem.

• Todas as conexões à terra permanecerem eficazes.

No caso de baixa tensão, a norma brasileira NBR 6808 ainda não foi revisada com inclusão deste item, porém a IEC 1641 já prescreve o mesmo tipo de proteção contra arcos, o que esperamos que em breve também seja adotado também no Brasil.

Normalmente os arcos elétricos em painéis aparecem por:

• Mau contato, por exemplo, pela perda de pressão dos parafusos de conexão;

• Depreciação da isolação (sobretensão, sobrecarga e fim de vida do dielétrico);

• Defeito de fabricação de componentes ou equipamento (quando não foi detectado no início de funcionamento, o mesmo aparece ao longo da vida);

• Projeto e instalação inadequada ou mal dimensionada;

• Manutenção inadequada (introdução de mudanças sutis, sem avaliação técnica adequada);

• Contatos acidentais ou inadvertidos de ferramentas ou peças (erro humano) e;

• Quedas de peças soltas durante manobras, entre outros motivos.

Todos esses fatores podem contribuir para o aparecimento do arco elétrico e assim expor os trabalhadores a estes riscos, no momento ou durante a intervenção nos equipamentos, tais como: abertura de portas, remoção de componentes e outros, que altera as condições de segurança original do equipamento previsto na norma.

Na eventualidade de uma pessoa estar presente durante a ocorrência do arco sem o equipamento de proteção adequado, o calor poderá provocar a queima da roupa e feri-la gravemente, podendo levar à morte por queimadura. Se conseguirmos quantificar o calor do arco, poderemos elaborar meios eficientes de proteção do trabalhador, da mesma forma como fazemos para proteger os equipamentos.

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É reconhecido que a tecnologia tem evoluído muito para preservar a integridade do equipamento ou da instalação, como proteção do sistema elétrico, detecção do arco interno, equipamentos resistentes a arco entre outros. Estas tecnologias normalmente são aplicadas para proteção patrimonial e operacional da instalação na eventualidade de ocorrer falhas no sistema elétrico segregando as partes afetadas ou confinando as conseqüências da falha em invólucros como painéis de tal forma que não atinja as pessoas que eventualmente estiver na proximidade.

A maioria dos acidentes acontece quando o eletricista precisa remover as barreiras de proteções como portas de painéis, instalar ou inserir e remover componentes operacionais como disjuntores com o equipamento energizado. Nestas situações o trabalhador fica totalmente exposto ao perigo e a sua segurança só depende da prática segura e uso de EPI adequado. É justamente nesta condição de trabalho que devemos ficar atentos providenciando proteção.

Como um crescente número de ocorrências envolvendo arcos elétricos vinha sendo registrado no segmento industrial, vários estudos e testes foram conduzidos com o objetivo de se avaliar a energia liberada pelo arco elétrico. Uma vez estimada a energia do arco e conhecendo-se a máxima energia suportável para ocorrer uma queimadura do segundo grau na pele humana, é possível especificarmos uma vestimenta que proporcione a proteção desejada.

6.2.1.1- Característica da roupa de proteção contra arcos Em 1998, a ASTM (American Society for Testing and Materials) publicou o

procedimento F 1959, estabelecendo-se os critérios de teste para medir a característica dos tecidos quando sujeitos a arcos elétricos.

Ao contrário que muitos acreditam as roupas normais de trabalho não proporciona a segurança adequada para ocorrências com arco. Outra confusão cometida pelo usuário é a solicitação de vestimentas que possuam tratamento químico anti-chama para uso como proteção ao arco. A norma ASTM F 1959, regulamenta a matéria e prevê que as características devem se manter ao longo da vida útil. Como estes tratamentos químicos das vestimentas anti-chama mais comuns perdem as características durante o uso, não podem ser consideradas, como compatíveis com a norma ASTM F 1959, e, portanto não devem ser usadas. O parâmetro adotado pela ASTM é o ATPV – Arc Thermal Performance Value, é definido como o fator de proteção associado ao tecido, identifica a máxima energia térmica incidente (cal/cm²) que o tecido pode suportar sem permitir que exceda o valor limiar de queimadura do segundo grau no lado protegido (usuário). Quanto maior o ATPV, maior a resistência da roupa. Este valor é medido em testes com equipamentos especialmente montados para este fim e determinado pela aplicação de algoritmo especialmente estabelecido pela ASTM.

A publicação do IEEE apresenta uma tabela, reproduzida abaixo, com valores médios dos resultados obtidos nos testes pelo método da ASTM de vários tecidos de diferentes fabricantes. Na falta de melhores informações estes valores podem ser utilizados como um guia na escolha da roupa.

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Tab. 8. Classificação da roupa a prova de arco

Faixa de energia incidente (cal/cm²)

Classe da Roupa

Descrição da Roupa

(Número total de camadas)

Gramatura Total (grama/m²)

ATPV

ou

EBT

0 – 2 0 Algodão não tratado 153 – 237 Não se Aplica

2 – 5 1 Camisa e calça ambos em fibra resistente à chama

153 – 271 5

6 – 8 2 Roupa de baixo em algodão; calça e camisa ambas em fibra resistente à chama.

305 – 407 8

9 – 25 3 Roupa de baixo em algodão; calça, camisa e avental, todos em fibra resistente à chama.

542 – 678 25

26 – 40 4

Roupa de baixo em algodão; camisa e avental de dupla camada, todos em fibra resistente à chama.

813 – 1107 40

6.2.1.1.1 Como definir corretamente a roupa de prot eção

A seguir temos o roteiro para especificar vestimenta adequada contra arcos elétricos:

1. Calcule a energia incidente do arco por exposições específicas; Passo 1: Determine a voltagem (fase-fase) do sistema.

Passo 2: Determine a corrente de curto circuito do sistema.

Passo 3: Determine o tempo do arco (“flash”) baseando no sistema de proteção elétrico.

Passo 4: Determine a distância mínima entre o corpo e o arco

Passo 5: Selecione a equação adequada e calcule o máximo de energia incidente a distância mínima de aproximação do arco.

Passo 6A: Se a energia máxima incidente calculada for menor que 1,2 cal/cm², não será necessária a utilização de vestimentas para proteção contra queimaduras provenientes da energia incidente, porém pode ser necessária contra outros riscos relacionados ao arco.

Passo 6B: Se a energia máxima incidente calculada for 1,2 cal/cm² ou maior, consulte a tabela de aplicação de vestimentas de proteção ou os dados informados pelo fabricante da vestimenta.

OBS.: Assegure que o limite ATPV ou EBT atribuído para a vestimenta selecionada seja superior ao valor da energia incidente calculada à distância de aproximação mínima.

2. Determine o caso da pior exposição provável para o trabalhador;

3. Considere cada tarefa / trabalho específico;

4. Considere níveis de energia variados ao longo do sistema elétrico;

5. Escolha a roupa apropriada resistente à chama.

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Concluindo:

• Efetuar o cálculo de energia incidente para todos os painéis da planta.

• Determinar a classe de roupa conforme a tabela de classe de vestimenta da NFPA 70E.

• Atentar para que o limite ATPV da vestimenta seja superior ao valor obtido no cálculo.

• Preencher a etiqueta informando qual o nível de energia incidente e qual a vestimenta recomendada para aquele painel específico.

• Orientar o eletricista para que somente efetue trabalho no painel se estiver usando uma vestimenta com nível igual ou superior ao informado na etiqueta.

• As vestimentas podem ser compostas por calça e camisa / paletó ou macacão ou capa, em conjunto com luva e capuz conforme o nível de proteção requerido.

• As capas, inclusive as de sobreposição somente podem ser utilizadas para trabalhos em pé e em situações de risco de arco acima da linha de cintura do usuário.

6.3- CAMPO ELETROMAGNÉTICO

É gerado quando da passagem da corrente elétrica alternada nos meios condutores. Os efeitos danosos do campo eletromagnético nos trabalhadores manifestam-se especialmente quando da execução de serviços na transmissão e distribuição de energia elétrica, nas quais se empregam elevados níveis de tensão. Os efeitos possíveis no organismo humano decorrente da exposição ao campo eletromagnético são de natureza elétrica e magnética. Os efeitos do campo elétrico são, basicamente, a polarização do corpo humano. Quanto aos de origem magnética citamos os efeitos térmicos, endócrinos e suas possíveis patologias produzidas pela interação das cargas elétricas com o corpo humano.

Especial atenção aos trabalhadores, expostos a essas condições, que possuam em seu corpo próteses metálicas (pinos, encaixes, articulações), pois a radiação promove aquecimento intenso nos elementos metálicos podendo provocar as necroses ósseas, assim como aos trabalhadores portadores de aparelhos e equipamentos eletrônicos (marca-passo, auditivos, dosadores de insulina, etc..), pois a radiação interfere nos circuitos elétricos e poderão criar disfunções e mau funcionamento desses.

Outra preocupação é com a indução elétrica. Este fenômeno pode ser particularmente importante quando há diferentes circuitos próximos uns dos outros. A passagem da corrente elétrica em condutores gera um campo eletromagnético que, por sua vez, induz uma corrente elétrica em condutores próximos. Assim, pode ocorrer a passagem de corrente elétrica em um circuito desenergizado se ele estiver próximo a outro circuito energizado.

Por isso é fundamental que você, além de desligar o circuito no qual vai trabalhar, confira com equipamentos apropriados (voltímetros ou detectores de tensão) se o circuito está efetivamente sem tensão.

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6.4- RISCOS ADICIONAIS

São considerados como riscos adicionais aqueles que, além dos elétricos, são específicos de cada ambiente ou processo de trabalho que, direta ou indiretamente, possam afetar a segurança e a saúde dos que trabalham com eletricidade. Podemos classificar como:

6.4.1- Altura

As quedas constituem uma das principais causas de acidentes no setor elétrico, ocorrem em conseqüência de choques elétricos, de utilização inadequada de equipamentos de elevação (escadas, cestas, plataformas), falta ou uso inadequado de EPI, falta de treinamento dos trabalhadores, falta de delimitação e de sinalização do canteiro do serviço e ataque de insetos.

6.4.2- Espaços confinados

Área não projetada para ocupação contínua, que normalmente tem meios restritos de acesso, podendo ainda apresentar ventilação natural insuficiente para neutralizar atmosferas de risco respiratório ou explosivo, piso irregular e/ou escorregadio, obstáculos móveis ou estáticos perigosos, risco elétrico, restrição de espaço para locomoção, gerar alagamento, desmoronamento ou redução súbita de espaço, riscos biológicos ou ainda qualquer outro risco inadmissível a um local previsto para a ocupação humana.

O trabalho em espaço confinado pode envolver sérios riscos. O local pode:

� Possuir atmosfera pobre ou rica em oxigênio;

� Possuir agentes contaminantes;

� Possuir Riscos Físicos e Biológicos;

� Causar asfixia, claustrofobia, medo ou insegurança.

6.4.3- Áreas classificadas

São considerados ambientes de alto risco aqueles nos quais existe a possibilidade de vazamento de gases inflamáveis em situação de funcionamento normal devido a razões diversas, como, por exemplo, desgaste ou deterioração de equipamentos. Tais áreas, também chamadas de ambientes explosivos, são classificadas conforme normas internacionais, e de acordo com a classificação exigem a instalação de equipamentos e/ou interfaces que atendam às exigências prescritas nas mesmas. As áreas classificadas normalmente cobrem uma zona cujo limite é onde o gás ou gases inflamáveis estarão diluídos ou dispersos que não poderão apresentar perigo de explosão ou combustão.

6.4.4- Umidade

A água é boa condutora de eletricidade e pode ser o caminho para correntes de fuga em instalações elétricas. Trabalhadores da área elétrica estarão seriamente expostos ao risco de eletrocussão caso estejam com roupas molhadas. Essa condição se aplica em caso de suor. Para a mesma tensão, com a diminuição da resistência do corpo humano pela presença da umidade, origina uma corrente maior, o que agrava as conseqüências do choque elétrico, levando a situações fatais. A umidade é um grave risco e deve ser evitada em instalações elétricas.

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6.4.5- Condições atmosféricas

Os riscos devidos às condições atmosféricas são umidade, alagamentos e descargas atmosféricas. Deve ser evitada a execução de serviços em equipamentos e instalações elétricas internas e externas, na ocorrência de descargas atmosféricas. O sistema de descarga atmosférica SPDA deve estar sempre revisado e em boas condições.

6.4.6- Animais peçonhentos

A presença de insetos ou animais peçonhentos como aranhas, cobras, escorpiões e abelhas devem ser cuidadosamente verificados no interior de armários, galerias, caixas de passagem, painéis elétricos e forros.

7- ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

7.1- Orientações Gerais

Antes de executar as tarefas é necessário realizar o planejamento e preparar os recursos necessários para execução da mesma. Deve ser realizada uma observação do estado geral das instalações e equipamentos, das condições climáticas, do espaço disponível, iluminação e ventilação suficiente e outros fatores que podem influenciar na realização da tarefa. Da mesma forma é importante realizar a verificação da documentação necessária, prever, separar e inspecionar os equipamentos, ferramentas, aparelhos, dispositivos, materiais, EPI’s e EPC’s necessários para toda a tarefa assegurando as boas condições dos mesmos.

Caso seja observado algum fator que impeça ou prejudique a realização do serviço deve ser comunicado ao líder da equipe e este irá avaliar juntamente com a equipe de segurança se há condições suficientes para a continuação dos trabalhos.

Cada atividade a ser realizada deve possuir um procedimento a ser cumprido e uma série de riscos específicos. Através da análise de risco, deverão ficar definidos quais são os métodos de segurança adequados para extingui-los ou pelo menos minimizá-los. O supervisor dos trabalhos deverá observá-los e divulgá-los aos envolvidos na execução das tarefas.

7.2- Medidas de Controle

Em todas as intervenções em instalações elétricas devem ser adotas medidas de preventivas de controle do risco elétrico e de outros riscos adicionais mediante técnicas de análise de risco, de forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho. Para reduzir a freqüência de acidentes, é preciso avaliar e controlar os riscos.

7.2.1- Prontuário de Instalações Elétricas

A NR-10 instituiu o prontuário de instalações elétricas, que é um conjunto de documentos cujo objetivo é garantir as medidas de controle (item 10.2 da NR-10). Esse prontuário deve conter tanto os documentos relativos à instalação elétrica quanto os relacionados aos trabalhos realizados nas instalações. Os documentos técnicos previstos no prontuário devem ser elaborados por profissional legalmente habilitado.

O prontuário de instalações elétricas deve ser organizado e mantido atualizado pelo empregador ou pessoa formalmente designada pela empresa, e, ainda, deve permanecer à disposição dos trabalhadores envolvidos nas instalações e serviços em eletricidade.

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A NR-10 definiu um conteúdo mínimo para o prontuário, mas em cada empresa esse conteúdo dependerá da complexidade das suas instalações elétricas.

A NR-10 estabelece nos itens abaixo relacionados, a documentação mínima do Prontuário de Instalações Elétricas, o qual deverá conter para:

• Todas as empresas (independente da potência instalada), estão obrigadas a manter diagramas unifilares atualizados das instalações elétricas com as especificações do sistema de aterramento e demais equipamentos e dispositivos de proteção.

• Estabelecimentos com potência superior a 75 KW , devem constituir e manter o prontuário de instalações elétricas, contendo além do disposto no item 10.2.3, no mínimo os seguintes documentos:

1. Conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de segurança e saúde;

2. Documentação das inspeções e medições do sistema de proteção contra descargas atmosféricas e aterramentos elétricos;

3. Especificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual e o ferramental, aplicáveis conforme determina esta NR;

4. Documentação comprobatória da qualificação, habilitação, capacitação, autorização dos trabalhadores e dos treinamentos realizados;

5. Resultados dos testes de isolação elétrica realizados em EPC’s e EPI’s;

6. Certificações dos equipamentos e materiais elétricos em áreas classificadas;

7. Relatório técnico das inspeções atualizadas com recomendações, cronogramas de adequações, contemplando as alíneas de “1” a “6”.

As Empresas do Sistema Elétrico de Potência - SEP devem constituir e manter o prontuário de instalações elétricas, contendo além do disposto no item anterior, no mínimo os seguintes documentos:

• Descrição dos procedimentos para emergência; e

• Certificações dos equipamentos de proteção coletiva e individual;

Relatório técnico

Como vimos, o item 7 do prontuário, descrito acima (“g”do item 10.2.4 da NR-10), determina que deve ser realizada uma auditoria na documentação e uma inspeção nas instalações elétricas da empresa. A partir dessa auditoria e dessa inspeção, elabora-se um relatório determinando todas as não-conformidades encontradas, em termos de medidas de controle e sistemas preventivos destinados a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores, e também um cronograma de adequação – correção das não-conformidades – do prontuário, no que tange à documentação, e das instalações, no tocante às medidas de controle.

Esse relatório, incluindo o cronograma de adequação, tem dois objetivos principais:

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• orientar os profissionais de segurança e de manutenção elétrica das empresas no processo de adequação da NR-10; e

• facilitar a fiscalização das não-conformidades com as disposições da NR-10.

No programa para adequação à NR-10, a primeira atividade realizada nas instalações da empresa deve ser a inspeção, que depois será repetida periodicamente visando à manutenção da adequação. A periodicidade das inspeções não é fixada pela nova NR-10, uma vez que depende muito da complexidade das instalações e dos serviços em eletricidade em cada companhia. Essa periodicidade deve ser estabelecida, caso a caso, por um SESMT – Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho ou pela CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. Ou ainda, na falta destes, pelo responsável designado pela empresa para organizar e manter o prontuário, mediante orientação de profissional tecnicamente habilitado.

7.2.2- Análise Preliminar de Risco (APR)

Análise de risco é um método sistemático de exame e avaliação de todas as etapas e elementos de um determinado trabalho, para desenvolver e racionalizar toda a seqüência de operações que trabalhador executa; identificar os riscos potenciais de acidentes físicos e materiais; identificar e corrigir problemas operacionais e programar a maneira correta para a execução de cada etapa do trabalho com segurança. É uma ferramenta de exame crítico de grande utilidade para a identificação e antecipação dos eventos indesejáveis e acidentes possíveis de ocorrência, possibilitando a adoção de medidas preventivas de segurança e de saúde do trabalhador, do usuário e de terceiros, do meio ambiente e até mesmo evitar danos aos equipamentos e interrupção dos processos produtivos.

Para o preenchimento da APR, poderão ser utilizadas as considerações que seguem:

7.2.2.1- Riscos Presentes A tabela abaixo apresenta os principais riscos que poderão ser encontrados

QUÍMICOS FÍSICOS ERGONÔMICOS ACIDENTAIS ADICIONAIS

Poeira Ruídos Esforço físico

repetitivo Arranjo físico inadequado

Altura

Névoa Vibrações Postura

inadequada

Equipamentos e máquinas sem

proteção Confinamento

Fumo Frio Levantamento e

transporte manual de peso

Ferramentas inadequadas ou

defeituosas Campos elétricos

Gás Calor

Monotonia e repetitividade

Iluminação inadequada

Campos magnéticos

Vapor Umidade Eletricidade Explosividade Óleos de isolação Choque Elétrico

Incêndio ou explosão

Contaminação ambiental Produtos

químicos em geral

Arco Elétrico Animais peçonhentos

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7.2.2.2- Danos à Saúde do Trabalhador

Luxação e distensão de músculos, tendões e articulações, contusões, escoriações, prensagem de membros, fraturas de membros, perfurações, trauma, cortes, problemas auditivos, problemas visuais, queimaduras, parada cardio-respiratória, tetanização, fibrilação ventricular, perda de consciência, queimaduras por raios infravermelho e ultravioleta, desidratação, insolação, problemas respiratórios.

7.2.2.3- Medidas Preventivas

� Inspeções de áreas, serviços, ferramental e equipamentos;

� Planejamento das atividades;

� Documentação das instalações elétricas;

� Procedimentos de trabalho;

� Orientar todos os trabalhadores através de treinamentos de segurança sobre os riscos observados e descritos na APR;

� Sinalização de segurança delimitando a zona de trabalho;

� Manutenção preventiva e verificação de equipamentos, ferramentas, EPI´s e EPC´s;

� Manter organizado e limpo o local de trabalho, não deixando ferramentas espalhadas e depositando os resíduos em local apropriado;

� Os profissionais não poderão estar usando qualquer adorno pessoal (anel, relógio, pulseira, colar, fitas no pulso, brinco, celular);

� É proibida a realização de qualquer tarefa que envolva risco elétrico por profissional não autorizado.

7.2.3- Medidas de Proteção Coletiva

Em todos os serviços executadas em instalações elétricas devem ser previstas e adotadas, prioritariamente medidas de proteção coletiva aplicáveis, mediante o cumprimento de procedimentos de segurança estabelecidos. As medidas de proteção coletiva compreendem, prioritariamente, a desenergização elétrica e, na sua impossibilidade, o emprego de tensão de segurança. Na impossibilidade dessas duas alternativas, devem ser utilizadas outras medidas de proteção coletiva, tais como: isolação das partes vivas, obstáculos, barreiras, sinalização e sistema de seccionamento automático de alimentação.

7.2.3.1- Desenergização

A desenergização é um conjunto de ações coordenadas entre si, seqüenciadas e controladas, destinadas a garantir a efetiva ausência de tensão no circuito, trecho ou ponto de trabalho, durante todo o tempo de intervenção e sob controle dos trabalhadores envolvidos.

Somente serão consideradas desenergizadas as instalações elétricas liberadas para trabalho, mediante os procedimentos apropriados, obedecida à seqüência abaixo.

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� Seccionamento

É o ato de promover a descontinuidade elétrica total dos circuitos, através do acionamento dos dispositivos apropriados como chave seccionadora, disjuntor, interruptor. O acionamento dos dispositivos poderá ser realizado de forma manual ou automática, ou ainda, com o uso das ferramentas apropriadas, seguindo as instruções de uso do equipamento em questão.

� Impedimento de reenergização

É o estabelecimento de condições que impeçam, de forma segura e garantida, a reenergização involuntária ou acidental dos circuitos ou equipamentos durante a realização da tarefa que motivou a desenergização. Na prática consta da aplicação de travamentos mecânicos, por meio de fechaduras, cadeados e dispositivos auxiliares de travamento, que farão a imobilização dos equipamentos em posição aberta ou desligada.

� Constatação da ausência de tensão

É a verificação da efetiva ausência de qualquer tensão nos condutores do circuito elétrico. Deve ser feita com detectores testados antes e após a verificação da ausência de tensão, podendo ser realizada com equipamentos de contato ou aproximação com o condutor, e de acordo com procedimentos específicos.

� Instalação de aterramento temporário com eqüipotenc ialização

Após a constatação de ausência de tensão, deverá ser realizado o aterramento temporário. Um condutor do conjunto de aterramento temporário deverá ser ligado à terra e ao neutro do sistema, quando houver, e às demais partes condutoras estruturais acessíveis. Na seqüência, deverão ser conectadas as garras de aterramento aos condutores-fase, previamente desligados, obtendo-se assim uma equalização de potencial entre todas as partes condutoras no ponto de trabalho.

O aterramento deverá ser adotado a montante e a jusante do ponto de intervenção no circuito, salvo quando esta ocorrer no final do trecho. No caso de subestações, quando for realizada a manutenção dos componentes, se conecta os cabos do aterramento temporário à malha de aterramento fixa já existente.

A eqüipotencialização consistirá na interligação de todas as massas da instalação ao aterramento temporário.

� Proteção dos elementos energizados existentes na zo na controlada

Todos os elementos energizados, situados na zona controlada, para que não possam ser acidentalmente tocados, deverão receber isolação conveniente (mantas, calhas, capuz de material isolante, barreiras).

Lembrar que dentro da zona controlada só serão permitidas a aproximação e entrada de profissionais autorizados, como disposto no Anexo II da NR-10.

� Instalação da sinalização de impedimento de reenerg ização

Deverá ser adotada a sinalização adequada de segurança, destinada à advertência e à identificação da razão de desenergização e informações do responsável pelo travamento.

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O risco de energizar inadvertidamente o circuito é grande em atividades que envolvam equipes diferentes, onde mais de um empregado estiver trabalhando. Nesse caso a eliminação do risco é obtida pelo emprego de tantos bloqueios quantos forem necessários para execução da atividade. Dessa forma, o circuito será novamente energizado quando o último empregado da equipe concluir seu serviço e destravar os bloqueios.

Os cartões, avisos, placas ou etiquetas de sinalização do travamento ou bloqueio devem estar facilmente identificados e adequadamente fixados.

7.2.3.2- Reenergização

O estado de instalação desenergizada deve ser mantido até a autorização para reenergização, devendo ser reenergizada respeitando a seqüência de procedimentos abaixo.

� Retirada de ferramentas e equipamentos e limpeza do local

Consiste na remoção de ferramental e utensílios para fora da zona controlada, para permitir a liberação das instalações.

� Remoção da zona controlada de todas as pessoas não envolvidas com a reenergização

É o afastamento dos trabalhadores, que nessa fase em diante não podem mais intervir nas instalações nem permanecer na zona controlada.

� Remoção do aterramento temporário, da eqüipotencial ização e proteções adicionais.

Consiste na retirada dos materiais usados para proteção de partes energizadas próximas ao local de trabalho e de utensílios empregados na manutenção da eqüipotencialização.

É muito útil que aos dispositivos de aterramento temporário seja adicionada sinalização que chame a atenção dos trabalhadores de forma a que sejam garantidamente removidos, evitando o esquecimento.

Observe-se que este procedimento se inicia numa instalação desenergizada, mas termina em instalação apenas desligada, o que sugere a adoção de técnicas, equipamentos e procedimento próprio para circuitos energizados.

� Retirada das sinalizações de impedimento de reenerg ização

Consiste na retirada das placas e avisos de impedimento de reenergização. Esta atividade também será realizada com as medidas e técnicas adotadas para trabalhos com circuitos energizados.

� Destravamento e religação dos dispositivos de secci onamento.

Consiste na remoção dos elementos de bloqueio, travamentos ou mesmo a re-inserção de elementos condutores que foram retirados para garantir a não-religação e, finalmente, a religação do circuito ou trecho, restabelecendo a condição de funcionamento das instalações.

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7.2.3.3- Tensão de segurança

Tensão de segurança é a medida de proteção coletiva que emprega a extra baixa tensão, com tensão máxima estabelecida segundo a natureza da corrente elétrica (contínua ou alternada) e influências ambientais (resistência elétrica do corpo e contato com o potencial de terra). Sua aplicação correta exige o atendimento de uma série de requisitos específicos. É empregada para condições de trabalho desfavoráveis como trabalho em ambientes úmidos e soldas em espaços confinados.

7.2.3.4- Isolação das partes vivas

Processo que consiste na interposição ou separação das partes energizadas, mediante a aplicação de materiais eletricamente isolantes, de forma a impedir a passagem de corrente elétrica.

7.2.3.5- Obstáculos

Elemento que impede o contato acidental, mas não impede o contato por ação deliberada (correntes, fitas, cordões, cones, etc). Esta medida é aplicável somente em locais onde o acesso é restrito a pessoas advertidas (glossário).

7.2.3.6- Barreiras

Dispositivo que impede todo e qualquer contato com as partes vivas. As barreiras não devem ser removíveis sem o uso de chaves ou ferramentas ou, alternativamente, sem que as partes protegidas sejam previamente desligadas. As barreiras não devem possuir aberturas que permitam a inserção de corpo sólido com diâmetro superior a 12 mm.

7.2.3.7- Sinalização de segurança

É uma medida simples e eficaz para prevenir acidentes de origem elétrica. É um procedimento de segurança que promove a identificação (indicação, informação, avisos), as orientações (instruções de bloqueios, de direção) e advertências (proibição, impedimentos) nos ambientes de trabalho, devendo ser aplicada para situações envolvendo os serviços e instalações elétricas.

Antes do início das atividades deverá ser providenciada a sinalização de segurança demarcando o local da realização dos trabalhos, de forma a restringir o acesso e indicar que há risco potencial dentro da área delimitada.

A sinalização pode ser fornecida através de sistemas luminosos, sonoros ou visuais. Poderão ser utilizados para sinalização e isolação da área de trabalho:

� Fita ou corrente zebrada;

� Cones;

� Telas;

� Grade metálica dobrável;

� Tapumes:

� Giroflex;

� Coletes refletivos;

� Bandeirolas;

� Placas de advertência e indicação de perigo e acesso restrito.

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7.2.3.8- Seccionamento automático da alimentação

Consiste em provocar o seccionamento do circuito de forma automática pela ação de um dispositivo de proteção contra sobrecorrentes (disjuntores, fusíveis) ou dispositivos de corrente diferencial (DR’s). Estes dispositivos não se constituem em uma proteção completa e não dispensam o emprego de outra medida de proteção contra contatos diretos, porem são obrigatórios quando os circuitos alimentarem equipamentos usados em locais externos às edificações ou locais sujeitos à umidade.

7.2.3.9- Equipamentos de Proteção Coletiva

No desenvolvimento de serviços em instalações elétricas e em suas proximidades devem ser previstos e adotados equipamentos de proteção coletiva.

Equipamento de Proteção Coletiva – EPC é todo dispositivo, sistema ou meio, fixo ou móvel, de abrangência coletiva, destinado a preservar a integridade física e a saúde dos trabalhadores, usuários e terceiros.

Os principais equipamentos de proteção coletiva para trabalhos em instalações elétricas são os que seguem.

� Detector de Tensão por Contato para MT e BT;

� Conjunto de aterramento temporário de MT e BT;

� Vara e bastão de manobra;

� Dispositivos de bloqueio;

� Dispositivos de sinalização (cones, fitas, placas de sinalização, bandeirolas);

� Lençóis e coberturas isolantes para cabos;

� Tapetes de borracha isolantes.

7.2.4- Medidas de Proteção Individual

Quando as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou insuficientes para controlar os riscos, ou ainda como medida complementar, deverão ser adotados Equipamentos de Proteção Individual (EPI´s) específicos e adequados às atividades desenvolvidas, em atendimento ao disposto na NR 6.

7.2.4.1- Equipamentos de Proteção Individual

Todo EPI deve ser adequadamente dimensionado ao risco existente e possuir CA (Certificado de Aprovação).

Para trabalhos realizados em instalações elétricas, poderão ser utilizados os seguintes EPI's:

� Capacete de segurança, classe B, com a jugular;

� Cinturão de segurança tipo pára-quedista;

� Talabarte de segurança;

� Dispositivos trava queda, mosquetão;

� Protetor auricular tipo plug ou concha acoplável ao capacete;

� Botina de segurança de couro sem palmilha e biqueira de aço;

� Óculos de proteção incolor;

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� Óculos de proteção escuros;

� Luvas de vaqueta

� Luvas isolantes de borracha com luva de cobertura;

� Camisa, calça, luvas e macacão antichamas com proteção em ATPV;

� Capuz com capacete acoplado com proteção até o peito antichamas com proteção em ATPV;

� Bloqueador solar.

Nem todos os equipamentos de proteção coletiva ou individual citados acima são usados simultaneamente. A realização da Análise Preliminar de Risco (APR) indicará quais os equipamentos serão mais adequados para a situação apresentada.

7.2.5- Situações de Emergência

Em situações de emergência procurar permanecer calmo e acalmar o acidentado. Avaliar as condições do local para poder realizar o atendimento do acidentado com segurança. Prestar os primeiros socorros. Comunicar o acidente imediatamente para a CIPA, SESMT ou Brigada de Incêndio, informando o local do acidente, em quais condições está o acidentado e qual o tipo de ocorrência.

7.2.5.1- Acidente com eletricidade

� Verificar se o acidentado não está preso a um condutor elétrico. Em caso positivo interromper imediatamente o contato da vítima com a corrente elétrica, utilizando luvas isolantes de borracha, com luvas de cobertura ou bastão isolante, ou desligando o circuito;

� Certificar-se de estar pisando em chão seco, se não estiver usando botas com solado isolante;

� Mesmo em caso de choque elétrico sem conseqüências aparentes, procurar atendimento médico imediato;

� Realizar avaliação primária, verificando sinais vitais: pulsação, respiração, nível de consciência, cianose (coloração arroxeada da pele e lábios), dilatação das pupilas dos olhos, ausência de batimentos cardíacos;

� Aplicar as condutas preconizadas para parada cardio-respiratória, queimaduras e lesões traumáticas;

� Em casos de queimadura, não remover a roupa do acidentado e nem partes da pele queimadas;

� Não utilizar extintores em hipótese alguma para apagar fogo em vítimas com queimadura. O fogo deverá ser apagado por abafamento, utilizando um casaco ou semelhante, ou rolando a vítima no chão;

� Proteger o local queimado com panos limpos e molhados com soro fisiológico ou água limpa;

� Providenciar resgate apropriado utilizando-se de veículos especiais e atendimento de pessoas treinadas (primeiros socorros, SESMT, CIPA, Brigada de Incêndio, os próprios trabalhadores);

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� Providenciar resgate médico através de ambulância, corpo de bombeiros até o hospital mais próximo.

7.2.5.2- Acidentes Físicos

� Realizar avaliação primária, verificando sinais vitais: pulsação, respiração, nível de consciência, cianose (coloração arroxeada da pele e lábios), dilatação das pupilas dos olhos, ausência de batimentos cardíacos;

� Verificar se há fraturas no corpo através de apalpamento. Havendo constatação de fraturas não fazer nenhuma tentativa de reposicionar o osso quebrado. Manipular o mínimo possível o local afetado;

� No caso de fraturas expostas não reposicionar o membro e nem colocar o osso fraturado de volta;

� Havendo hemorragias externas aplicar compressas com pano limpo;

� Não remover objetos perfurantes que estejam alojados no corpo;

� Imobilizar a área afetada antes de remover a vítima;

� Encaminhar para atendimento hospitalar;

� Em caso de contusões, batidas, escoriações, luxações, distensões musculares, perfurações e cortes, deve ser avisada a equipe médica para que esta avalie a situação e, se necessário, indique a procura de assistência;

� Quando ocorrer contato com substâncias químicas procurar assistência médica imediatamente. Se possível lavar a parte afetada com água corrente em abundância.

7.2.5.3- Acidente Ambiental

� Contenção do óleo do transformador na bacia de captação. Caso derrame diretamente no solo, deve ser feito a descontaminação do solo através da remoção do mesmo e enviar ao órgão de tratamento competente;

� Utilizar o kit de mitigação.

7.2.6- Combate a Incêndio

Sempre antes de iniciar as atividades, deverá ser verificado:

� Se há risco de incêndio, remover todo o material inflamável (papel, folhas secas, galhos, plásticos, produtos inflamáveis) que for possível;

� Observar a disponibilidade de extintores de incêndio próximos que estejam adequados ao risco elétrico (CO2 e pó químico) e se os mesmos estão carregados;

� Comunicar a Brigada de Incêndio sobre o trabalho que será realizado;

� Certificar-se que as pessoas envolvidas estão aptas a manusear os extintores e conheçam os procedimentos para o caso de emergência.

No caso da ocorrência de incêndio, recomenda – se:

� Manter a calma, evitando o pânico, correrias e gritarias;

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� Acionar a Brigada de Incêndio e Segurança do Trabalho indicando as condições do acidentado e qual a gravidade da situação;

� Usar extintores ou os meios disponíveis para apagar o fogo;

� Acionar o botão de alarme mais próximo, ou telefonar para o ramal de emergência, quando não se conseguir a extinção do fogo;

� Fechar portas e janelas, confinando o local do incêndio;

� Isolar os materiais combustíveis e proteger os equipamentos, desligando o quadro de luz ou o equipamento da tomada;

� Armar as mangueiras para a extinção do fogo, se for o caso;

� Existindo muita fumaça no ambiente ou local atingido, usar um lenço como máscara (se possível molhado), cobrindo o nariz e a boca;

� Para se proteger do calor irradiado pelo fogo, sempre que possível, manter molhadas as roupas, cabelos, sapatos ou botas.

7.3- Procedimentos de Trabalho

Todos os serviços em instalações elétricas devem ser planejados, programados e realizados em conformidade com procedimentos de trabalho específicos, padronizados, com descrição de cada tarefa, passo-a-passo, assinados por profissional habilitado. Estes procedimentos deverão conter, no mínimo, o objetivo, campo de aplicação, base técnica, competências, responsabilidades, medidas de controle, disposições gerais e orientações finais.

Os procedimentos devem ser divulgados, conhecidos, entendidos e cumpridos por todos os trabalhadores.

Os trabalhos em instalações elétricas devem ser precedidos de ordens de serviço, aprovadas por trabalhador autorizado, contendo, no mínimo, o tipo, a data, o local e as referências aos procedimentos de trabalho a serem adotados.

O desenvolvimento dos procedimentos de trabalho, do treinamento de segurança e a autorização para serviços em instalações elétricas devem ter a participação da área de segurança do trabalho da empresa.

8- CONTROLE E INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS E FERRAMENTA S

Antes da utilização os equipamentos de proteção e ferramental utilizados deverão passar por uma avaliação visual quanto à sua integridade, para que não ofereçam riscos a quem está utilizando.

Todos os EPI´s deverão possuir Certificado de Aprovação (CA) emitido pelo Ministério do Trabalho e os EPC´s deverão apresentar Laudo de Conformidade.

No caso das ferramentas isoladas utilizadas em serviços com sistema energizado, deverão apresentar certificação comprovando que passaram por ensaio de tensão aplicada.

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9- GESTÃO DE SEGURANÇA EM ELETRICIDADE

A seguir serão apresentadas algumas recomendações em forma de perguntas, que possibilitarão elaborar um plano de gestão de segurança em eletricidade em uma empresa.

9.1. Subestação e Cabines de Entrada de Energia em Alta Tensão (acima de 1,0 kV em CA).

� Quando foi efetuada manutenção nas cabines (subestações) e nos cabos? � Quais os tipos de testes realizados nesta ultima manutenção? � Existem relatórios sobre esta manutenção? � Programação para execução de serviços de Manutenção Preditiva e Preventiva? � Quando foi realizada a ultima inspeção e análise termográfica? � Quando foi feita a ultima análise do fluido isolante dos trafos e disjuntores? � Aterramento de seccionadoras, trafos, disjuntores, telas (grades) de proteção,

bases de componentes, TP`s e TC`s,como são contemplados em seus relatórios? � Relatórios técnicos contemplando os testes realizados nas manutenções e laudos

de inspeção etc. � Estes estão devidamente assinados por profissional qualificado? � Como são construídos os encaminhamentos dos cabos de média e alta tensão? � Existem projetos? Estão atualizados? � Estes projetos contemplam as bitolas dos eletrodutos? � Contemplam os cabos e circuitos? � Estes cabos e circuitos estão identificados?

9.2. Quadros de Distribuição

� Data da instalação dos painéis. � Foram realizadas análises termográficas nestes painéis? � Todos os cabos estão identificados? � Existem desenhos atualizados? � Qual o grau de proteção dos painéis? � Têm datas definidas para inspeções nos painéis / quadros? � Os aterramentos são analisados nos períodos de Manutenção Preditiva e

Preventiva? � Existe cronograma de metas e ações para regularizar pendências levantadas?

9.3. Quadros de Iluminação e Tomadas de serviço

� Data da instalação dos painéis. � Foram realizadas análises termográficas nestes painéis? � Todos os cabos estão identificados? � Os quadros e tomadas têm aterramento? � Existem dispositivos de proteção DR? � Existem desenhos atualizados? � Qual o grau de proteção dos painéis coerente com os locais onde se encontram

instalados? � Existe cronograma de ações e metas para regularização das pendências

levantadas?

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9.4. Centro de Controle de Motores (Quadros de Coma ndo)

� Data da instalação dos painéis. � Foram realizadas análises termográficas nestes painéis? � Todos os cabos estão identificados? � Existem desenhos atualizados? � Qual o grau de proteção dos painéis? � Existe cronograma de ações e metas para regularização das pendências

levantadas? 9.5. Encaminhamento de cabos

� Existem desenhos atualizados de encaminhamentos dos cabos? � Existe controle de manutenção destinado ao exame do nível de isolamento dos

cabos e suas condições físicas de instalações e caminhamento? � Os cabos que passam sobre leitos abertos e pontos livres expostos são

normalmente examinados por exames termográficos? � Os relatórios sobre manutenções e análises gerais encontram-se disponíveis?

� Existe cronograma de ações e metas para regularização das pendências levantadas?

9.6. Qualidade de energia

� Existem documentos da Concessionária, Projetos e tipo de Contrato de Energia? � O tipo de contrato atual é o que melhor atende a empresa? � Existem ocorrências de multas por Fator de Potência e outros? � Existem procedimentos técnicos para manobras e situações de emergência? � Existem diagramas atualizados?

� Existe cronograma de ações e metas para regularização das pendências levantadas?

9.7. Cabos de Baixa Tensão

� Existem desenhos atualizados com informações sobre o correto caminhamento destes condutores?

� Todos os cabos estão tagueados e são padronizados? � São freqüentes os exames visuais e termográficos nestes cabos? � Existe cronograma de ações e metas para regularização das pendências

levantadas?

9.8. Transformadores

� Existem relatórios que informam sobre os testes realizados e procedimentos de trabalhos com estes sistemas elétricos?

� Existem informações sobre o transporte, instalação, manutenção e segurança aplicáveis ao uso de transformadores na empresa?

� Algum de seus transformadores sofreu sobretensão?

� Sílica gel do sistema de secagem está saturada?São feitos testes periódicos nos sistemas de proteção física dos trafos (análises de nível de óleo, ruído, etc.) e verificado o seu aterramento?

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� Em suas instalações confinadas tem tanques de contenção para emergências no caso de derramamento de óleo?

� Existe Cronograma de metas e ações para regularizar pendências levantadas?

9.9. Motores

� Os motores encontram-se corretamente aterrados? � Existem informações sobre a classificação, transporte, instalação, manutenção e

segurança aplicáveis ao uso de motores na empresa? � Grau coerente com a sua aplicação? � O sistema de proteção é confiável, seletivo e coordenado? � São feitas verificações periódicas sobre as condições de conservação e pintura dos

motores? � Os níveis de ruído dos motores atende as recomendações e condições

especificadas em projeto? � Existe um plano correto de Manutenção Preditiva e Preventiva?

� Existe cronograma de metas e ações para regularizar pendências levantadas?

9.10. Iluminação e Tomadas

� Existem documentos, projetos de distribuição (diagramas) e relatórios de inspeções técnicas sobre estes sistemas e tomadas?

� Todas as tomadas são polarizadas e com aterramento? � Os painéis ou quadros elétricos são aterrados?

� Existe sistema de proteção nos painéis e quadros elétricos contra fuga de correntes?

� Todas as tomadas são polarizadas e com aterramento?

� Existe cronograma de ações e metas para regularização das pendências levantadas?

9.11. Memoriais de Cálculo

� Se existem os cálculos abaixo: � Cálculos de base de tensão e potência. � Cálculos de bases da corrente. � Cálculos de equivalente de Thevenin da Concessionária. � Cálculos impedância cabos entre trafos e QBTG / CCM’s. � Cálculos impedância seqüência zero. � Cálculos da impedância seqüência positiva. � Cálculos das correntes de curtos-circuitos de terra. � Cálculos de curto-circuito fase-fase. � Cálculos de curto-circuito fase-fase-terra. � Existe cronograma de ações e metas para regularização das pendências

levantadas?

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9.12. Sistema de Proteção contra Descargas Atmosfér icas – SPDA

� Existem relatórios sobre suas não-conformidades e soluções sobre o assunto? � Existem relatórios e laudos de suas inspeções periódicas? � Existe um programa de Manutenção Preditiva e Preventiva de suas instalações? � Existe memorial de calculo sobre as instalações dos sistemas de aterramentos e

proteções? � Os dados sobre suas avaliações e medições de continuidade elétrica e resistência

elétrica dos sistemas de aterramentos instalados estão dispostos em relatórios de avaliações e, em laudos técnicos específicos?

� Existem projetos de implantação e especificações de produtos e serviços que tratam de suas instalações?

� Suas áreas classificadas como de riscos com conteúdos inflamáveis e explosivos são providos de proteções contra os riscos por descargas elétricas atmosféricas, choques elétricos, eletricidade estática, faiscamentos e surtos elétricos transitórios?

� Os conjuntos de aterramentos implantados foram construídos obedecendo à equalização de potenciais elétricos previsto no item 6.4.2 da NBR-5410 da ABNT, edição 2004, em vigor desde 31/03/2005, e que trata sobre Equipotencialidade?

� Existem sistemas de pára-raios constituídos por captores radioativos instalados ou guardados em sua empresa?

� Existe cronograma de ações e metas para regularização das pendências levantadas?

9.13. Sistemas de Detecção e Alarme de Incêndio

� Existem documentos com informações sobre ligações diretas elétricas ou autônomas e controles dos sistemas?

� Quais são os tipos de detectores instalados? � Pastilhas radioativas? Existem controles sobre estes componentes? � Existem procedimentos de manuseio, transporte e manutenção? � São feitas simulações freqüentes sobre o seu funcionamento e treinamentos?

� Existe Cronograma de metas e ações para regularizar pendências levantadas?

9.14. Segurança do Trabalho

� Os profissionais indicados para os trabalhos são habilitados, credenciados e autorizados?

� Existe controle e contrato sobre terceiros? � Os equipamentos, ferramentas e vestimentas utilizadas nos testes elétricos são

certificados? � São feitos normalmente para suas atividades em instalações e sistemas elétricos

análises de riscos? � Existe procedimento para as execuções de serviços em instalações, equipamentos

e outros sistemas elétricos? � Existe permissão de trabalhos e controle para a realização de serviços em

subestações, cabines, quadros e painéis elétricos?

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� Existem controle e orientações de trabalhos em riscos adicionais (Trabalho em espaços confinados, em altura, transporte de materiais, atmosferas explosivas, etc.)?

� Os profissionais da Segurança são registrados no DRT, CREA e CRM? � Existem mapas de risco elaborados em parceria com a CIPA? � Os documentos de PPRA e PGR estão com suas cópias anexadas a CIPA? � Os documentos sobre os PPP estão disponíveis no RH e Segurança para

verificações? � O processo eleitoral da CIPA atende aos prazos e condições estabelecidos na NR-

5 com a NR-22? � SESMT está devidamente registrado no DRT? � Existe permissão de trabalhos e controle para a realização de serviços em

subestações, cabines, quadros e painéis elétricos?

� Existe cronograma de metas e ações para regularizar pendências levantadas?

9.15. Manutenção Preventiva e Preditiva

� Quais os planos implantados na empresa? � Existe controle e informações sobre as ações recomendadas? � Existe um controle sobre as aplicações técnicas, as manutenções e verificações

dos sistemas de aterramentos e proteções implantadas nas instalações e sistemas elétricos?

� Existe Cronograma de metas e ações para regularizar pendências levantadas?

10. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

FERREIRA, Vitor Lúcio. Segurança em Eletricidade . São Paulo. LTR, 2004.

PEREIRA, Joaquim Gomes, SOUZA, João José Barrico de. Manual de Auxilio na Interpretação da Nova NR 10. São Paulo: LTR , 2005.

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI. Curso básico de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade . 2ª Ed. Brasília, 2007.

SOUZA, Alexandre Batista de; et al.Guia Prático de Implementação dos Treinamentos da NR 10. 1ª Ed. Rio de Janeiro, 2006.