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E.E.E.F.M. “Profª Filomena Quitiba” Apostila organizada pelo Profº Cristiano Bodart E.E.E.F.M. PROFª “FILOMENA QUITIBA” SOCIOLOGIA 2º ANO DO ENSINO MÉDIO Eixo: TRABALHO, CIDADANIA, FÉ, VIDA E SOCIEDADE Aluno(a): ______________________________________ Professor(a): ___________________________________ Turma/Turno: ___________________________________ Piúma, ES 2010

Apostila de sociologia 2° ano

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E.E.E.F.M. PROFª “FILOMENA QUITIBA”

SOCIOLOGIA

2º ANO DO ENSINO MÉDIOEixo: TRABALHO, CIDADANIA, FÉ, VIDA E SOCIEDADE

Aluno(a): ______________________________________

Professor(a): ___________________________________

Turma/Turno: ___________________________________

Piúma, ES2010

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A SOCIOLOGIA estuda as relações sociais e as formas de associação, considerando as interações que ocorrem na vida em sociedade. Desta forma, estudar Sociologia é buscar compreender criticamente o mundo que está ao nosso redor e entender nosso papel como agente de mudança nele. A Sociologia nos permite enxergar o mundo com outros olhos. Bom estudo!

Primeiro trimestre

Sociologia do Trabalho

INTRODUÇÃOO que é 'trabalho'? Se

respondemos que 'trabalho' é toda "atividade desenvolvida com a finalidade de atender às necessidades humanas",

vislumbramos o largo campo de abrangência de tal conceito: as necessidades humanas são as mais variadas e o esforço de atender a elas acompanha o homem como uma maldição ("comer o pão com o suor do rosto"!) ou como uma bênção ("o trabalho dignifica e enobrece o homem!").

Decorre daí que o trabalho pode ser objeto de estudo de várias ciências, e particularmente as ciências humanas - antropologia, história, sociologia, direito, economia (para quem o trabalho é um dos fatores de produção, ao lado do capital e da matéria-prima), psicologia, a ciência política, por exemplo - não podem deixar de considerar o trabalho humano no âmbito de suas investigações. E vamos mais adiante para afirmar que a complexidade do fenômeno exige abordagem interdisciplinar, se pretende chegar a algum resultado.

Neste sentido é a sociologia do trabalho que pretende uma visão mais ampla da questão; "Toda e qualquer coletividade de trabalho que apresente traços mínimos de estabilidade (...) pode ser objeto de estudos para a sociologia do trabalho: assim uma empresa industrial como um navio transatlântico ou um barco de pesca, tanto uma grande propriedade em que se pratica a agricultura intensiva quanto uma fazendola em que trabalham alguns empregados com a família do fazendeiro, não só uma grande loja popular, mas também uma lojinha que emprega alguns vendedores, uma oficina de artesão e uma repartição municipal, a tripulação de um avião, que se reveza a intervalos regulares numa linha de navegação aérea ou o pessoal de uma automotriz ..." (FRIEDMANN - 81, p. 37).

(LAGE, Telma e ZIBORDI, Irineu)

A educação voltada para A produção

Seja qual for a época ou o sistema político, trabalhar sempre foi algo

essencial para a sobrevivência de todos. Desde que caçamos ou até mesmo na competitividade empresarial dos dias atuais, trabalhar em algum momento da vida é algo primordial para um indivíduo, seja qual for o seu objetivo.

O problema é que a educação ficou voltada apenas para o mercado de trabalho. A meta é adquirir cada vez mais bens materiais, alimentar o consumismo e adquirir status perante um grupo.

O conhecimento passa então a ser voltado apenas para turbinar o currículo em busca de cargos maiores e de salários cada vez mais recheados. Conseqüentemente o dinheiro passa a ser um fim e não um meio na vida das pessoas, gerando assim em menor ou maior grau, insatisfação, problemas sociais e psicológicos. O ser humano então passa a ser mercadoria, vivendo apenas dentro de um padrão de pensamento voltado para a satisfação plena da sua individualidade em todos os aspectos.

Esse imediatismo faz com que as pessoas não procurem adquirir o mínimo de senso crítico para questionarem o mundo em que estão pisando. Quantas vezes eu já ouvi alguém falar (ou pelo menos ficou estampado em sua expressão) que literatura, filosofia, conversar sobre política ou ver um filme educativo não leva a nada.

E assim o conhecimento também se transforma em mera mercadoria. Adquirir um pouco de cultura se tornou segundo plano, parecendo algo desnecessário servindo apenas para alimentar a curiosidade momentânea.

Fonte: http://sagaz.wordpress.com/

ATIVIDADE

4) A charge abaixo retrata o desejo do autor do texto “A educação voltada para a produção”. Descreva esse desejo. Você concorda com o autor? Justifique.

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REVOLUÇÃO INDUSTRIAL1

A Revolução Industrial consistiu em um conjunto de

mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e social. Iniciada na Grã-Bretanha em meados do século XVIII, expandiu-se pelo mundo a partir do século XIX.

Ao longo do processo (que de acordo com alguns autores se registra até aos nossos dias), a era agrícola foi superada, a máquina foi suplantando o trabalho humano, uma nova relação entre capital e trabalho se impôs, novas relações entre nações se estabeleceram e surgiu o fenômeno da cultura de massa, entre outros eventos.

Essa transformação foi possível devido a uma combinação de fatores, como o liberalismo econômico, a acumulação de capital e uma série de invenções, tais como o motor a vapor. O capitalismo tornou-se o sistema econômico vigente.

CONTEXTO HISTÓRICOAntes da Revolução Industrial, a atividade

produtiva era artesanal e manual (daí o termo manufatura), no máximo com o emprego de algumas máquinas simples. Dependendo da escala, grupos de artesãos podiam se organizar e dividir algumas etapas do processo, mas muitas vezes um mesmo artesão cuidava de todo o processo, desde a obtenção da matéria-prima até à comercialização do produto final. Esses trabalhos eram realizados em oficinas nas casas dos próprios artesãos e os profissionais da época dominavam muitas (se não todas) as etapas do processo produtivo.

Com a Revolução Industrial os trabalhadores perderam o controle do processo produtivo, uma vez que passaram a trabalhar para um patrão (na qualidade de empregados ou operários), perdendo a posse da matéria-prima, do produto final e do lucro. Esses trabalhadores passaram a controlar máquinas que pertenciam aos donos dos meios de produção os quais passaram a auferir os lucros. O trabalho realizado com as máquinas ficou conhecido por maquinofatura.

Esse momento de passagem marca o ponto culminante de uma evolução tecnológica, econômica e social que vinha se processando na Europa desde a Baixa Idade Média, com ênfase nos países onde a Reforma Protestante tinha conseguido destronar a influência da Igreja Católica: Inglaterra, Escócia, Países Baixos, Suécia. Nos países fiéis ao catolicismo, a Revolução Industrial eclodiu, em geral, mais tarde, e num esforço declarado de copiar aquilo que se fazia nos países mais avançados tecnologicamente: os países protestantes.

De acordo com a teoria de Karl Marx, a Revolução Industrial, iniciada na Grã-Bretanha, integrou o conjunto das chamadas Revoluções Burguesas do século XVIII, responsáveis pela crise do Antigo Regime, na passagem do capitalismo

1 Fonte para pesquisa: págia na internet: site:

http://pt.wikipedia.org/wiki/revolu%C3%A7%C3%A3º_Industrial

comercial para o industrial. Os outros dois movimentos que a acompanham são a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa que, sob influência dos princípios iluministas, assinalam a transição da Idade Moderna para a Idade Contemporânea. Para Marx, o capitalismo seria um produto da Revolução Industrial e não sua causa.

TRABALHO ARTESANAL, MANUFATURA E

GRANDE INDÚSTRIAO artesão se define como

categoria a partir do século XII, na Europa. Nesta época "as populações medievais procuram se abastecer fora das áreas do feudo e do mosteiro, adquirindo em feiras e mercados, além dos domínios senhoriais, artigos e mercadorias de que esses domínios não dispunham ou que se tornam insuficientes para atender a novas exigências da vida urbana"(PIMENTA - 57, p. 112). O artesão, que não é mais servo, porém homem livre, é um trabalhador autônomo, proprietário dos meios de produção. E assim se conserva, até que as vantagens do associacionismo acabam por atraí-lo para as corporações de ofícios. De fato estas se organizaram, a partir do séc. XI, em torno de interesses de mútuo assistencialismo, conquista do mercado através da 'lealdade da fabricação, e excelência dos produtos', conforme se vê de alguns estatutos das primeiras corporações. Joaquim PIMENTA informa que "já no séc. XIII, acentuava-se no seio das corporações uma tendência oligárquica entre os mestres ou patrões, para fazerem da mestria um patrimônio doméstico, hereditário, de pais para filhos. (...) Na Inglaterra, a qualidade de um membro de uma gilda constituía um direito de nascimento ou herança. O mesmo se verifica, mais cedo ou mais tarde, nos centros urbanos de outros países, proporcionalmente com a monopolização, pelas corporações, dos ofícios e dos mercados."(PIMENTA - 64, p. 117)

Se recuamos no tempo, é porque o sistema da grande indústria tem alguma cousa das corporações, como se vê:

"Desde que se passa às corporações do grande comércio e da indústria, aparecem desigualdades profundas, e, quando se trata de banqueiros e de industriais de tecidos, a organização se realiza sob o regime capitalista; os mestres, a miúdo agrupados em companhias, são grandes personagens, burgueses ricos e políticos influentes, separados por um fosso, largo e permanente, daqueles que eles empregam." (PIMENTA - 64, p. 119)”

Nos séculos seguintes, já sob regime de liberdade de trabalho, as corporações evoluem para as fábricas, sistema em que os comerciantes, ou mercadores, monopolizam a força de trabalho dos artesãos, na medida que lhes fornece a matéria-prima e compram toda sua produção Uma profunda mudança ocorre neste processo: o artesão perde contato com o consumidor. Entre ele e o mercado interpõe-se o comerciante, que será seu único cliente, e, em seguida, seu patrão. A fábrica representaria mais um avanço neste processo: de fato, o deslocamento do artesão de seu domicílio

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para a fábrica, onde se reúnem artesãos de diferentes ramos da indústria, implica organização de todo "processus da produção; concentra em um corpo único e disciplinado operários de naturezadiversa, graças às relações recíprocas de hierarquia e subordinação que ela lhes impõe; ela os reúne em suas oficinas, põe à disposição deles todo um arsenal de instrumentos de produção mecânica...", ao que acrescentamos, promove a divisão do trabalho, separando os mais fáceis, desqualificados, dos que exigem maior engenhosidade, com um grande ganho de produtividade.

No entanto é a emergência do Estado moderno, Estado territorialmente centralizado, concomitante com a revolução industrial e com a revolução política, que se criam as condições para o surgimento da grande indústria. Diz PIMENTA que esta surgiria "da reunião de fatores que se entrelaçam e se completam na técnica de produção moderna", entre eles o aperfeiçoamento das máquinas, introdução de minérios, como ferro, manganês, bauxita etc.; novas fontes de energia, além da água e vento, como a hulha, o petróleo, a eletricidade etc; e o desenvolvimento da técnica, impulsionada pelas descobertas da Química, da Física, permitindo definitiva intervenção na natureza.

A grande indústria, portanto, se insere num sistema econômico, o capitalismo, e assume uma forma de organização técnico-administrativa, que é a empresa. São suas características:

1° Posse privada de toda e qualquer espécie de valores, entre eles os meios de produção: matérias-primas, máquinas, fábricas ou locais de trabalho;

2° Produção centralizada sob direção única e em escala sempre crescente ou sem limites além dos que determinam as condições de mercado;

3° Concentração nos locais de produção de centenas ou milhares de trabalhadores subordinados a um mesmo regime de disciplina, os quais,por força de contratos individuais ou convenções coletivas de trabalho, prestam serviços mediante remuneração ou salário." (PIMENTA - p. 129)

ATIVIDADE

5) Estamos em pleno século XXI. Ainda existe outras formas de produção além da industrial? Em caso afirmativo, quais?

6) Quais as vantagens e desvantagens do modo de produção industrial?

A NASCENTE CLASSE TRABALHADORA

A Revolução Industrial alterou profundamente as condições de vida do trabalhador braçal, provocando

inicialmente um intenso deslocamento da população rural para as cidades. Criando enormes concentrações urbanas; a população de Londres cresceu de 800 000 habitantes em 1780 para mais de 5 milhões em 1880, por exemplo. Durante o início da Revolução Industrial, os operários viviam em condições horríveis se comparadas às condições dos trabalhadores do século seguinte. Muitos dos trabalhadores tinham um cortiço como moradia e ficavam submetidos a jornadas de trabalho que chegavam até a 80 horas por semana. O salário era medíocre (em torno de 2.5 vezes o nível de subsistência) e tanto mulheres como crianças também trabalhavam, recebendo um salário ainda menor.

A produção em larga escala e dividida em etapas iria distanciar cada vez mais o trabalhador do produto final, já que cada grupo de trabalhadores passava a dominar apenas uma etapa da produção, mas sua produtividade ficava maior. Com sua produtividade aumentava os salários reais dos trabalhadores ingleses em mais de 300% entre 1800

ARTESANATO MANUFATURA INDÚSTRIA

Período Baixa Idade Média(até o séc. XVII)

Fase inicial do Capitalismo(1620-1750)

Iniciado com a Revolução Industrial

(1750 hoje)

Principais características

O artesão executa sozinho todas as fases da produção e até mesmo a comercialização

do produto.

Estágio intermediário entre o artesanato e a

maquinofatura; diferenciação de cargos

Emprego maciço de máquinas e fontes de energia modernas

(carvão mineral, petróleo, etc.), produção em larga escala, grande

divisão e especialização do trabalho

Instrumentos de trabalho Ferramentas simples Máquinas simples Maquinaria

Meios de produção

Artesão proprietário da oficina e das ferramentas

Ferramentas – artesãoMatéria prima - manufatureiro

Pertencentes ao capitalista

Divisão do trabalho

O artesão realiza todas as etapas da produção (desde o

preparo da matéria-prima, até o acabamento final); não havia

divisão do trabalho ou especialização

Cada operário realizava uma tarefa ou parte da produção, mas esta ainda depende do

trabalho manual

Divisão técnica e social do trabalho: cada operário executa

uma função específica

ConsequênciasComércio sob controle de associações, limitando o

desenvolvimento da produção

Aumento na produtividade do trabalho

Maior produtividade; novos hábitos de consumo; êxodo rural;nova estratificação da sociedade;

nova relação desta com a natureza.

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até 1870. Devido ao progresso ocorrido nos primeiros 90 anos de industrialização, em 1860 a jornada de trabalho na Inglaterra já se reduzia para cerca de 50 horas semanais (10 horas diárias em cinco dias de trabalho por semana).

Horas de trabalho por semana para trabalhadores adultos nas indústrias têxteis: 1780 - em torno de 80 horas por semana; 1820 - 67 horas por semana; 1860 - 53 horas por semana.

Segundos os socialistas, o salário, medido a partir do que era necessário para que o trabalhador sobrevivesse (deve ser notado de que não existe definição exata para qual seja o "nível mínimo de subsistência"), cresceu à medida que os trabalhadores pressionam os seus patrões para tal, ou seja, se o salário e as condições de vida melhoraram com o tempo, foi graças a organização e movimentos organizados pelos trabalhadores. Como veremos nos próximos itens.

ATIVIDADE

7) O que foi a Revolução Industrial?

8) Quais as mudanças provocadas pela Revolução Industrial?

O LIBERALISMO DE ADAM SMITH

As novidades da Revolução Industrial trouxeram muitas dúvidas. O pensador escocês Adam Smith

procurou responder racionalmente às perguntas da época. Seu livro A Riqueza das Nações (1776) é considerado uma das obras fundadoras da ciência econômica. Os argumentos de Smith foram surpreendentes. Ele dizia que o egoísmo é útil para a sociedade.

Seu raciocínio era este: quando uma pessoa busca o melhor para si, toda a sociedade é beneficiada. Exemplo: quando uma cozinheira prepara uma deliciosa carne assada, você saberia explicar quais os motivos dela? Será porque ama o seu patrão e quer vê-lo feliz ou porque está pensando, em primeiro lugar, nela mesma ou no pagamento que receberá no final do mês? De qualquer maneira, se a cozinheira pensa no salário dela, seu individualismo será benéfico para ela e para seu patrão.

E por que um açougueiro vende uma carne muito boa para uma pessoa que nunca viu antes? Porque deseja que ela se alimente bem ou porque está olhando para o lucro que terá com a venda? Ora, graças ao individualismo dele o freguês pode comprar a carne. Do mesmo jeito, os trabalhadores pensam neles mesmos. Trabalham bem para poder garantir seu salário e emprego. Portanto, é correto afirmar que os capitalistas só pensam em seus lucros. Mas, para lucrar, têm que vender produtos

bons e baratos. O que, no fim, é ótimo para os consumidores.

Então, já que o individualismo é bom para toda a sociedade, o ideal seria que as pessoas pudessem atender livremente a seus interesses individuais. E, para Adam Smith, quem é que atrapalhava os indivíduos, quem é que impedia a livre iniciativa? O Estado, dizia ele. Para o autor escocês, "o Estado deveria intervir o mínimo possível sobre a economia". Se as forças do mercado agissem livremente, a economia poderia crescer com vigor. Desse modo, cada empresário faria o que bem entendesse com seu capital, sem ter de obedecer a nenhum regulamento criado pelo governo. Os investimentos e o comércio seriam totalmente liberados. Sem a intervenção do Estado, o mercado funcionaria automaticamente, como se houvesse uma "mão invisível" ajeitando tudo. Ou seja, o vale-tudo capitalista promoveria o progresso de forma harmoniosa.

ATIVIDADE

9) Por que, para Adam Smith, o egoísmo seria útil para a sociedade?

MOVIMENTOS SOCIAIS NO CONTEXTO

DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Alguns trabalhadores, indignados com sua situação, reagiam das mais diferentes formas, das quais se destacam:

MOVIMENTO LUDITA (1811-1812)Reclamações contra as máquinas inventadas

após a revolução para poupar a mão-de-obra já eram normais. Mas foi em 1811 que o estopim estourou e surgiu o movimento ludista, uma forma mais radical de protesto. O nome deriva de Ned Ludd, um dos líderes do movimento. Os luditas chamaram muita atenção pelos seus atos. Invadiram fábricas e destruíram máquinas, que, segundo os luditas, por serem mais eficientes que os homens, tiravam seus trabalhos, requerendo, contudo, duras horas de jornada de trabalho. Os manifestantes sofreram uma violenta repressão, foram condenados à prisão, à deportação e até à forca. Os luditas ficaram lembrados como "os quebradores de máquinas". Anos depois os operários ingleses mais experientes adotaram métodos mais eficientes de luta, como a greve e o movimento sindical.

MOVIMENTO CARTISTA (1837-1848)Em seqüência veio o movimento "cartista",

organizado pela "Associação dos Operários", que exigia melhores condições de trabalho como:

1. particularmente a limitação de 8 horas da jornada de trabalho

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2. a regulamentação do trabalho feminino

3. a extinção do trabalho infantil 4. a folga semanal 5. o salário mínimo

Além de direitos políticos como: estabelecimento do sufrágio universal e extinção da exigência de propriedade para se integrar ao parlamento e o fim do voto censitário. Esse movimento se destacou por sua organização, e por sua forma de atuação, chegando a conquistar diversos direitos políticos para os trabalhadores.

As "trade-unions"Os empregados das fábricas também formaram associações denominadas trade unions, que tiveram uma evolução lenta em suas reivindicações. Na segunda metade do século XIX, as trade unions evoluíram para os sindicatos, forma de organização dos trabalhadores com um considerável nível de ideologização e organização, pois o século XIX foi um período muito fértil na produção de idéias antiliberais que serviram à luta da classe operária, seja para obtenção de conquistas na relação com o capitalismo, seja na organização do movimento revolucionário cuja meta era construir o Socialismo objetivando o Comunismo. O mais eficiente e principal instrumento de luta das trade unions era a greve.

ATIVIDADE

10) Diferencie o movimento

Ludista do movimento cartista.

11) Quais as semelhanças entre os movimentos cartistas com os movimentos dos trabalhadores na atualidade?

12) Você acha importante a existência dos movimentos sociais nos dias atuais? Justifique.

CONTRIBUIÇÕES DE KARL MARX PARA A COMPREENSÃO DA REALIDADE SOCIAL:

CONCEITOS BÁSICOS

Mercadoria

A mercadoria é a forma que os produtos tomam quando a produção é organizada por meio da troca. Nesse sistema, uma vez criados, os produtos são propriedade de agentes particulares que têm o

poder de dispor deles transferindo-os a outros agentes. Os agentes que são donos de produtos diferentes confrontam-se num processo de barganha pelo qual trocam seus produtos. Nesse processo, uma quantidade definida de um produto troca de lugar com uma quantidade definida de outro.

A mercadoria tem, portanto, duas características: pode satisfazer a alguma necessidade humana, isto é, tem aquilo que Adam Smith chamou de VALOR DE USO.

Na verdade, essa necessidade pode ser de dois tipos: vitais ou sociais. Por vitais nós temos como exemplo a fome, o frio e a sede. As necessidades sociais são impostas ao homem pelas convenções que existem na sociedade. Por necessidade social nós podemos mencionar, por exemplo, a de um rico que precisa morar em uma casa espaçosa, bem ornamentada, com piscina, jardim, garagem para quatro carros etc. ·.

A outra característica é o fato de que ela pode obter outras mercadorias em troca, poder de permutabilidade que Marx chamou de VALOR DE TROCA.

Portanto, Mercadoria é tudo o que é produzido não tendo em vista o valor de uso, mas o valor de troca, isto é, a venda do produto. Sendo a mercadoria um produto do trabalho, o seu valor é determinado pelo total de trabalho socialmente necessário para produzi-la.

Enfim, para que um produto seja uma mercadoria, seu possuidor deve ver nele não uma coisa boa para seu uso pessoal, mas um objeto bom para ser trocado.

Alienação, Fetichismo e ReificaçãoPara Marx é na vida econômica que a

alienação tem origem. Conforme vimos, quando o operário vende no mercado a sua força de trabalho, o produto não mais lhe pertence e adquire uma existência independente dele próprio.

Mas a perda do produto determina outras perdas para o operário: ele não mais projeta ou concebe aquilo que vai executar (dá-se a dicotomia concepção-execução do trabalho, a separação entre o pensar e o agir); com o aceleramento da produção, provocado pela crescente mecanização do trabalho (linha de montagem), o operário executa cada vez mais apenas uma parte do produto (trabalho parcelado ou trabalho “em migalhas”); o ritmo do trabalho é dado exteriormente e não obedece ao próprio ritmo natural do seu corpo.

O produto do trabalho do operário subtrai-se, portanto à sua vontade, à sua consciência e ao seu controle, e o produtor já não mais se reconhece no que produz. O produto surge como um poder separado do produtor, como uma realidade soberana e tirânica que domina e ameaça. A esse processo Marx chama fetichismo da mercadoria.

Quando a mercadoria chega ao mercado, tudo muda: o trabalho social aparece como uma qualidade das próprias mercadorias. No funcionamento do mercado, os produtores, ou seja, os trabalhadores, foram esquecidos completamente. O movimento contínuo das mercadorias, aparece então como um movimento de coisas incontroláveis que submetem os homens à sua dominação. Sendo as mercadorias coisas independentes, superiores ao próprio homem é claro que o trabalhador que

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produziu as mercadorias, também, não terá importância.

A palavra fetiche tem a mesma raiz da palavra feitiço, que do ponto de vista místico e religioso significa um artefato com forças estranhas, capaz de exercer poder sobre os crentes e adoradores. Da mesma forma, a mercadoria surge não como resultado de relação de produção, mas valendo por si mesma, como realidade autônoma e, mais ainda, como determinante da vida dos homens.

Produz-se aqui uma grande inversão: o homem, que devia ser senhor soberano do seu produto, passa a ser comandado e dirigido por aquilo que produziu. As leis do mercado fazem o homem sucumbir a forças hostis que o arrastam a um destino inumano de crises, guerras e desemprego.

Assim, se por um lado a mercadoria se “humaniza”, o próprio homem se “desumaniza”, se reifica (res, em latim, significa “coisa”).

O Trabalho é uma mercadoria: Mais-valiaPara sobreviver, o trabalhador vende ao

capitalista a única mercadoria que possui, que é sua capacidade de trabalhar. Qual deve ser o valor da sua força de trabalho? Sendo um ser vivo, o trabalhador precisa receber o necessário para a subsistência e reprodução de sua capacidade de trabalho, ou seja, alimento, roupa, moradia, possibilidade de criar os filhos etc. O salário deve ser portanto o correspondente ao custo de sua manutenção e de sua família.

O operário se distingue dos escravos e dos servos por receber um salário a partir de um contrato livremente aceito entre as partes. No entanto, na famosa obra O Capital, Marx explica que essa relação de contrato livre é mera aparência e que, na verdade, o desenvolvimento do capitalismo supõe a exploração do trabalho do operário. Isso porque o capitalista contrata o operário para trabalhar durante um certo período de horas a fim de alcançar uma determinada produção. Mas ocorre que o trabalhador, estando disponível todo o tempo, acaba produzindo mais do que foi calculado inicialmente. Ou seja, a força de trabalho pode criar um valor superior. A parte do trabalho excedente não e paga ao operário, mas serve para aumentar cada vez mais o capital.

Chama-se mais-valia, portanto, ao valor que o operário cria além do valor de sua força de trabalho, e que é apropriado pelo capitalista.

Se, por exemplo, um operário trabalha em média diariamente 10 horas por dia e precisa apenas 4 horas de trabalho para pagar os meios de subsistência, as outras 6 horas vão parar nas mãos do empresário e representam a mais-valia. Vemos assim que o trabalhador realizou 4 horas de trabalho necessário para produzir o seu sustento e 6 horas de trabalho suplementar em uma jornada de 10 horas. Dizemos então que a parte da jornada de trabalho que serve para a reprodução da força de trabalho é o tempo de trabalho necessário.Para determinar a taxa de mais-valia só precisamos dividir o tempo de trabalho suplementar pelo tempo de trabalho necessário de maneira seguinte:

Taxa de mais-valia (Tp) = trabalho suplementar trabalho necessário

Tn

Tp = Ts = 6 = 1,5 = 150% Tn 4

Como a reprodução da sociedade de classes está ligada à produção de mercadorias em grande escala, é lógico que a maior parte da mais-valia deve servir para produzir mais mercadorias. É assim que a mais-valia se transforma em capital.

Modo de produçãoModo de produção é a maneira como se

organiza a produção material em um dado estágio de desenvolvimento social. Essa maneira depende do desenvolvimento das forças produtivas (a força de trabalho humano e os meios de produção, tais como máquinas, ferramentas etc.) e da forma das relações de produção.

Embora a definição dos modos de produção seja um aspecto complexo na obra de Marx e entre os seus comentadores, temos no livro Ideologia alemã a exposição dos seguintes modos de produção dominantes em cada época: o comunismo primitivo, o escravismo na Antiguidade, o feudalismo na Idade Média e o capitalismo na Idade Moderna.

Ele afirma que a passagem de um modo de produção a outro se dá no momento em que o nível de desenvolvimento das forças produtivas entra em contradição com as relações sociais de produção. Quando isso ocorre, há um sufocamento da produção em virtude da inadequação das relações nas quais ela se dá. Nesse momento, surgem as possibilidades objetivas de transformação desse modo de produção.

ATIVIDADE

4) O que é mercadoria na visão marxista?

5) Explique com suas palavras o que é Alienação, Fetichismo e Reificação.

6) Como ocorre a mais-valia?

A INDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL

A história da industrialização no Brasil pode ser dividida em quatro períodos principais: o primeiro período, de 1500 a 1808, chamado de "Proibição"; o segundo

período, de 1808 a 1930, chamado de "Implantação"; o terceiro período, de 1930 a 1956, conhecido como fase da Revolução Industrial Brasileira e finalmente o quarto período, após 1956, chamado de fase da internacionalização da economia brasileira.

PRIMEIRO PERIODO (1500 - 1808): OU DE “PROIBIÇÃO”

Nesta época Portugal fazia restrição ao desenvolvimento de atividades industriais no Brasil. Apenas uma pequena indústria para consumo interno

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era permitida, devido às distâncias entre a metrópole e a colônia. Eram, principalmente, de fiação, calçados, vasilhames.

Na segunda metade do século XVIII algumas indústrias começaram a crescer, como a do ferro e a têxtil. Isso não agradava Portugal porque já faziam concorrência ao comércio da corte e poderiam tornar a colônia independente financeiramente e daí a possibilidade da independência política. Assim em 5 de janeiro de 1785, D. Maria I assinou um alvará, extinguindo todas as manufaturas têxteis da colônia, exceto a dos panos grossos para uso dos escravos, e criando restrições à indústria do ferro.

Em 1795 foram feitas algumas concessões às restrições do Alvará, principalmente as relativas à indústria do ferro, novamente devido às distâncias.

SEGUNDO PERIODO (1808-1930)Primeira fase (1808-1850)Em 1808 chegando ao Brasil a família real

portuguesa, D. João VI revogou o alvará, abriu os portos ao comércio exterior e fixou taxa de 24% para produtos importados, exceto para os portugueses que foram taxados em 16%. Em 1810, através de um contrato comercial com a Inglaterra, foi fixada em 15% a taxa para as mercadorias inglesas por um período de 15 anos. Neste período, o desenvolvimento industrial brasileiro foi mínimo devido à forte concorrência dos produtos ingleses que plenamente "invadiram" o mercado consumidor brasileiro.

Em 1828 foi renovado o protecionismo econômico cobrando-se uma taxa de 15% sobre os produtos estrangeiros, agora sem exceção para todos os países. Porém essa taxa era ainda era pequena para formar-se no País um certo desenvolvimento industrial.

Em 1844 o então Ministro da Fazenda Manuel Alves Branco decretou uma lei que ampliava as taxas de importação para 30% sobre produtos sem similar nacional e 60% sobre os com similar nacional.

Segunda fase (1850-1930)Em 1850 é assinada a Lei Eusébio de

Queirós proibindo o tráfico de escravos, e que trouxe duas consequências importantes para o desenvolvimento industrial:

• Os capitais que eram aplicados na compra de escravos ficaram disponíveis e foram aplicados no setor industrial.

• A cafeicultura que estava em pleno desenvolvimento necessitava de mão-de-obra. Isso estimulou a entrada de um número considerável de imigrantes, que trouxeram novas técnicas de produção de manufaturados e foi a primeira mão-de-obra assalariada no Brasil. Assim constituíram um mercado consumidor indispensável ao desenvolvimento industrial, bem como força de trabalho especializada.

O setor que mais cresceu foi o têxtil, favorecido em parte pelo crescimento da cultura do algodão em razão da Guerra de Secessão dos Estados Unidos, entre 1861 e 1865.

Na década de 1880 ocorreu o primeiro surto industrial quando a quantidade de estabelecimentos passou de 200, em 1881, para 600, em 1889.

Esse primeiro momento de crescimento industrial inaugurou o processo de Substituição de Importações.

Entre 1914 e 1918 ocorreu a Primeira Guerra Mundial e, a partir dai, vamos constatar que os períodos de crise foram favoráveis ao nosso crescimento industrial. Isso ocorreu também em 1929 com a Crise Econômica Mundial e, mais tarde, em 1939 com a 2ª Guerra Mundial, até 1945.

Nesses períodos a exportação do café era prejudicada e havia dificuldade em se importar os bens industrializados, estimulando dessa forma os investimentos e a produção interna, basicamente indústria de bens de consumo.Em 1907 foi realizado o 1° censo industrial do Brasil, indicando a existência de pouco mais de 3.000 empresas. O 2° censo, em 1920, mostrava

a existência de mais de 13.000 empresas, caracterizando um novo grande crescimento industrial nesse período, principalmente durante a 1ª Guerra Mundial quando surgiram quase 6.000 empresas.

Predominava a indústria de bens de consumo que já abastecia boa parte do mercado interno. O setor alimentício cresceu bastante, principalmente exportação de carne, ultrapassando o setor têxtil. A economia do país continuava, no entanto, dependente do setor agroexportador, especialmente o café, que respondia por aproximadamente 70% das exportações brasileiras.

TERCEIRO PERÍODO (1930-1956): de "Revolução Industrial"

O início desse período foi marcado pela crise econômica de 1920/30, decorrente da grande depressão norte-americana com a quebra da Bolsa de Nova York.

Outro marco foi a Revolução de 1930, com Getúlio Vargas, que operou uma mudança decisiva no plano da política interna, afastando do poder do estado oligarquias tradicionais que representavam os interesses agrários-comerciais. Getúlio Vargas adotou uma política industrializante, regulamentando o mercado de trabalho urbano, limitando algumas importações e, mais tarde, dirigindo investimentos estatais para a indústria de base.

Foram criadas grandes restrições a entrada de imigrantes, caracterizando a substituição de mão-de-obra imigrante pela nacional. Essa mão-de-obra era formada no Rio de Janeiro e São Paulo em função do êxodo rural (decadência cafeeira) e movimentos migratórios de nordestinos. Vargas investiu forte na criação da infra-estrutura industrial: indústria de base e energia. Destacando-se a criação de:

• Conselho Nacional do Petróleo (1938) • Companhia Siderúrgica Nacional (1941) • Companhia Vale do Rio Doce (1943) • Companhia Hidrelétrica do São

Francisco (1945) Foram fatores que contribuíram para o

desenvolvimento industrial a partir de 1930:• o grande êxodo rural, devido a crise do

café, com o aumento da população urbana que foi constituir um mercado consumidor.

• a redução das importações em função da crise mundial e da 2ª Guerra Mundial, que favoreceu o desenvolvimento industrial, livre de concorrência estrangeira.

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Esse desenvolvimento ocorreu principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, definindo a grande concentração espacial da indústria, que permanece até hoje.

Uma característica das indústrias que foram criadas desde a 1ª Guerra Mundial é que muitas delas fazem apenas a montagem de peças produzidas e importadas do exterior. São subsidiárias das matrizes estrangeiras.No início da 2ª Guerra Mundial o crescimento diminuiu porque o Brasil não conseguia importar os equipamentos e máquinas que precisava.

Isso ressalta a importância de possuir uma Indústria de Bens de Capital.

Apesar disso as nossas exportações continuaram a se manter acarretando um acúmulo de divisas. A matéria-prima nacional substituiu a importada. Ao final da guerra já existiam indústrias com capital e tecnologia nacionais, como a indústria de autopeças.

No segundo governo Vargas (1951-1954), os projetos de desenvolvimento baseados no capitalismo de Estado, através de investimentos públicos no extinto Instituto Brasileiro do Café (IBC, em 1951), BNDES (1952), Petrobrás (1954), dentre outros, forneceram importantes subsídios para Juscelino Kubistchek lançar seu Plano de Metas, ainda que à um elevado custo de internacionalização da economia brasileira.

Quarto Período(1956...): de "Internacionalização"

Ao final da Segunda Guerra Mundial o Brasil dispunha de grandes reservas de moeda estrangeira, divisas, fruto de ter exportado mais do que importado.

O governo de Eurico Gaspar Dutra estimulou as importações esgotando as reservas mas favorecendo o reequipamento de vários setores industriais, que veio contribuir para o seu crescimento. O governo adotou uma política de seleção de importações para evitar um desequilíbrio em nossa balança de pagamentos. Houve um crescimento de 8,9% de 1946 a 1950.

Enquanto nas décadas anteriores houve predominância da indústria de bens de consumo, na década de 40 outros tipos de atividade industrial começam a se desenvolver como no setor de minerais, metalurgia, siderurgia, ou seja setores mais sofisticados tecnologicamente.

Em 1946 teve início a produção de aço da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Volta Redonda, que abriu perspectivas para o desenvolvimento industrial do pais, já que o aço constitui a base ou a "matriz" para vários ramos ou tipos de indústria.

Em 1950 alguns problemas de grande importância dificultaram o desenvolvimento industrial:

• falta de energia elétrica; • baixa produção de petróleo; • rede de transporte e comunicação

deficientes. Para tentar sanar os dois primeiros

problemas o presidente Getúlio Vargas inaugurou a Companhia Hidrelétrica do São Francisco, Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso e criou a Petrobrás.

No governo de Juscelino Kubitschek, 1956 a 1961, criou-se um Plano de Metas que dedicou mais de 2/3 de seus recursos para estimular o setor de energia e transporte.

Aumentou a produção de petróleo e a potência de energia elétrica instalada, visando a assegurar a instalação de indústrias.Desenvolveu-se o setor rodoviário.

Houve um grande crescimento da indústria de bens de produção que cresceu 37% contra 63% da de bens de consumo.

Percebe-se, por esses números, que na década de 50 alterou-se a orientação da industrialização do Brasil. Contribuiu para isso a . Instrução 113 da Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), instituída em 1955, no governo Café Filho. Essa Instrução permitia a entrada de máquinas e equipamentos sem cobertura cambial (sem depósito de dólares para a aquisição no Banco do Brasil).

O crescimento da indústria de bens de produção refletiu-se principalmente nos seguintes setores:

• siderúrgico e metalúrgico (automóveis); • químico e farmacêutico; • construção naval, implantado no Rio de

Janeiro em 1958 com a criação do Grupo Executivo da Indústria de Construção Naval (GEICON).

No entanto, o desenvolvimento industrial foi calcado, em grande parte, com capital estrangeiro, atraído por incentivos cambiais, tarifários e fiscais oferecidos pelo governo. Nesse período teve início em maior escala a internacionalização da economia brasileira, através das multinacionais.

A década de 60 começou com sérios problemas políticos: a renúncia de Jânio Quadros em 1961, a posse do vice-presidente João Goulart, discussões em torno de presidencialismo ou parlamentarismo. Esses fatos ocasionaram um declínio no crescimento econômico e industrial.

Após 1964, os governos militares, retomaram e aceleraram o crescimento econômico e industrial brasileiro. O Estado assumiu a função de órgão supervisor das relações econômicas. O desenvolvimento industrial pós 64 foi significativo.

Ocorreu uma maior diversificação da produção industrial. O Estado assumiu certos empreendimentos como: produção de energia elétrica, do aço, indústria petroquímica, abertura de rodovias e outros, assegurando para a iniciativa privada as condições de expansão ou crescimento de seus negócios.

Houve grande expansão da indústria de bens de consumo não-duráveis e duráveis com a produção inclusive de artigos sofisticados. Aumentou, entre 1960 e 1980, em números significativos a produção de aço, ferro-gusa, laminados, cimento, petróleo

Para sustentar o crescimento industrial, houve o aumento da capacidade aquisitiva da classe média alta, através de financiamento de consumo. Foi estimulada, também, a exportação de produtos manufaturados através de incentivos governamentais. Em 1979, pela 1ª vez, as exportações de produtos industrializados e semi-industrializados superaram as exportações de bens primários (produtos da agricultura, minérios, matérias-primas).

Com a autosuficiência no setor de petróleo, que minimizou o problema da dependência do setor industrial em relação ao mesmo, só falta ao Brasil enfrentar um desafio atual, cada vez mais imposto

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pelo mundo globalizado: a geração de tecnologia de ponta nacional.

ATIVIDADE

13) Quais as principais características de cada um dos três períodos da industrialização brasileira.

PRODUÇÃO EM MASSA OU ENXUTA? Taylorismo, Fordismo e Toyotismo

Taylorismo Em 1911, o engenheiro

norte-americano Frederick W. Taylor publicou “Os princípios da administração científica”, ele propunha uma intensificação da divisão do trabalho, ou seja, fracionar as etapas do processo produtivo de modo que o trabalhador desenvolvesse tarefas ultra-especializadas e repetitivas. Diferenciando o trabalho intelectual do trabalho manual. Fazendo um

controle sobre o tempo gasto em cada tarefa e um constante esforço de racionalização, para que a tarefa seja executada num prazo mínimo. Portanto, o trabalhador que produzisse mais em menos tempo receberia prêmios como incentivos.

Fordismo O norte-americano

Henry Ford foi o primeiro a por em prática, na sua empresa “Ford Motor Company”, o taylorismo. Posteriormente, ele inovou com o processo do fordismo, que, absorveu aspectos do taylorismo. Consistia em organizar a linha de montagem de cada fábrica para produzir mais, controlando

melhor as fontes de matérias-primas e de energia, os transportes, a formação da mão-de-obra. Ele adotou três princípios básicos;

1) Princípio de Intensificação: Diminuir o tempo de duração com o emprego imediato dos equipamentos e da matéria-prima e a rápida colocação do produto no mercado.

2) Princípio de Economia: Consiste em reduzir ao mínimo o volume do estoque da matéria-prima em transformação.

3) Princípio de Produtividade: Aumentar a capacidade de produção do homem no mesmo período (produtividade) por meio da especialização e da linha de montagem. O operário ganha mais e o empresário tem maior produção.

Modelo ToyotistaNa produção

em série da Ford ainda vai houve muitos desperdícios de matéria prima e tempo de mão-de-obra na correção de defeitos do produto. Essa estrutura durou até

o final da Segunda Guerra Mundial, quando também numa fábrica de automóveis no Japão, aparece um outro sistema de produção - o toyotismo, que se caracterizou pela concepção "enxuta" (clean, magra, sem gorduras). Esse novo modo de pensar a produção sofreu forte influência do engenheiro americano W. Edwards Deming, que atuou como consultor das forças de ocupação dos EUA no Japão após a Segunda Guerra. Deming argumentava com os industriais da nação quase em ruínas que melhorar a qualidade não diminuiria a produtividade.

A proposta é de que o próprio consumidor escolha seu produto. O estabelecimento ou a fábrica deixa de "empurrar" a mercadoria para o cliente, para que este a "puxe" de acordo com as suas próprias necessidades.

Ao contrário do sistema de massa, essa outra concepção de produção delega aos trabalhadores a ação de escolher qual a melhor maneira de exercerem seus trabalhos, assim eles têm a chance de inovar no processo de produção. Com isso, o trabalhador deve ser capacitado, para qualificar suas habilidades e competências, que antes não eram necessárias. Dessa forma, os industriais investem na melhoria dos funcionários, dentro e fora das indústrias.

A Toyota, ao adotar a concepção "enxuta" e rompendo com a produção em série, possibilitou oferecer um produto personalizado ao consumidor. As ferramentas utilizadas eram de acordo com cada proposta demandada pelo cliente. Inclusive, passou a produzir automóveis com larga escala de cores, sem gerar custos adicionais.

Os operários japoneses utilizam uma cartela (kaban, sinal) para indicar ao colega antecedente qual a peça deveria ser produzida e entregue. Dessa forma, conseguem eliminar o estoque e o desperdício, produzindo somente o que for necessário, JIT - "just in time".

A fábrica centralizada da Ford, que ocupava um enorme espaço, deixa de existir. As fábricas da Toyota, sem necessitar de grande área para estoque, são descentralizadas em menores proporções, interligadas por sistemas de informação, com sofisticadas tecnologias de informação e comunicação.

Dois conceitos inovadores que surgiram na Toyota merecem destaque: equipe de trabalho (team work) e qualidade total. Em uma fábrica "enxuta" todo o trabalho é feito por equipes. Quando um problema aparece, toda a equipe é responsável. Quando ocorre um defeito na montagem de uma peça, a equipe de montagem se organiza na busca de maneiras de resolver o problema. Há uma cobrança entre os pares para que cada membro atue de uma maneira que não prejudique os companheiros. Algumas fábricas delegam à equipe a função de demitir ou aceitar novos funcionários.

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Junto com a qualidade total também foram inseridas novas máquinas para o interior das indústrias, com maior precisão e produtividade. A substituição da mão-operária pelas máquinas fez com que aumentasse o desemprego em escala mundial, inclusive nos países desenvolvidos economicamente. Contudo, a concepção "enxuta" passou a exigir maior autonomia tanto do trabalhador para expor as suas habilidades, quanto do consumidor para dar vez à sua vontade. É nesse modelo que o sujeito tem a chance de escolher, tomar decisões, propor soluções e gerar novas idéias.

Se a equipe de trabalho gerou a qualidade total na concepção "enxuta", podemos então propor um processo de design que seja construído de acordo com as qualidades do cliente, que contemple suas necessidades, seu gosto e o requinte do designer.

ATIVIDADE

14) Afinal, qual o melhor modo de produção nos dias atuais (opinião pessoal)? Por que?

15) O que seria uma produção em massa e uma produção enxuta?

DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO -

EXPLORAÇÃO E ALIENAÇÃO

Sabemos que as idéias de organização, coação, disciplina, obrigação estão presentes nas relações de trabalho. Sabemos também que o trabalho moderno levou às últimas conseqüências a 'divisão de trabalho', alimentando o processo de exploração e de alienação. Mas o que representa a 'divisão de trabalho'?

Mesmo as sociedades primitivas conhecem uma divisão 'natural' do trabalho, que é a que se dá pela especialização das funções, segundo as habilidades e talentos inatos dos indivíduos. Assim é que os mais lentos se dedicam à pesca, enquanto os mais ágeis/magros á caça, as mulheres ao cuidado dos filhos etc. e a especialização leva a um melhor rendimento, o que se dá em proveito do grupo.

Trabalho: Ação, necessidade e coerção

Por Tatiana Claro

Muitas vezes o trabalho é considerado por aqueles que o executam uma tortura, ou seja, um elemento coercitivo, uma imposição, sendo realizado devido a uma tendência objetiva, podendo ser uma satisfação de determinada carência ou ainda a conseqüência de uma necessidade. Dessa forma, procuraremos descrever as três principais formas que podemos encontrar nas relações de trabalho:

Trabalho enquanto açãoSe o trabalho é visto como obrigação moral

de todos, torna-se ação desejada, podendo levar a uma integração maior da sociedade. Adquirimos, com esse significado, uma referência de vida moralmente correta.

O trabalho caracteriza-se ação, segundo Friedmann, quando se alimenta de uma disciplina livremente aceita, como às vezes a do artista, que realiza uma obra sem fôlego, sem ser punido pela necessidade, quando exprime as tendências profundas da personalidade e ajuda a realizar-se. É o trabalho relacionado ao prazer; é o que distingue o homem dos demais animais. Este tipo de atividade pressupõe liberdade, uma vez que corresponde a uma escolha livremente feira, segundo as aptidões da pessoa e pode ter efeitos positivos sobre a personalidade.

Percebe-se que o trabalho exercido no dia-a-dia sob a pressão da produção intensa, sob a batuta de ritmos impostos e realizado em ambientes competitivos distancia-se completamente da definição de trabalho como ação, pois não é livremente selecionado e executado. Conclui-se que o trabalho enquanto ação é bem raro de ocorrer.

Trabalho enquanto necessidade O LABOR está relacionado ao trabalho de

manutenção da vida, a necessidade de sobrevivência e reprodução da espécie humana. É o trabalho com dor, associado ao sofrimento, às dores do parto, ao esforço físico. Na Grécia antiga, onde esta distinção se originou, o LABOR era aquilo que os escravos, as mulheres e os homens, que não eram considerados cidadãos realizavam. É típico da esfera privada, do lar, da família.

O trabalho entendido como necessidade é considerado um produtor de utilidades (valores de uso), bem como de mercadorias; refere-se ao estímulo associado aos bens adquiridos pelo trabalho. Neste caso, temos uma relação instrumental com o trabalho e a nossa referência é a necessidade ou sobrevivência física. Ou seja, queremos um trabalho devido ao salário.

Todas as sociedades produzem artigos para suprir as necessidades das pessoas. Tais artigos bastam-se em cumprir utilidades, seu valor está em seu uso, portanto têm valor de uso para que o produziu, o trabalhador. Já a mercdoria pode ser considerada valor de uso produzido para outros, que obterão mediante uma troca. Tais artigos têm valor de troca. Tanto os produtos com valor de uso quanto os com valor de troca objetivam suprir necessidades, mas o que é considerado necessidade não é um valor atemporal. A necessidade deve ser contextualizada, pois altera-se conforme a organização social e o momento histórico considerado.

Trabalho enquanto coerçãoO trabalho quando forçoso, seja pela

consecução de uma necessidade ou satisfação de

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uma carência, caracteriza-se como uma coerção. É imposto por uma exigência que deve ser atendida.

A compulsão que caracteriza a atividade de trabalho pode ser de origem externa (como força física, persuasão moral ou coação econômica – esta última sendo a mais freqüente) ou interna (quando provém de um ideal se servir à sociedade ou da necessidade de criação artística, científica ou técnica).

Tipos de coerção: a força física, a persuasão moral, a coação econômica e coerção da lei.

Reportagem: Escravos do aço (Junho de 2004)

Por Dauro Veras e Marques Casara

Siderúrgicas se beneficiam de trabalhoescravo em carvoarias na selva amazônica

Esta é a ponta inicial de uma cadeia de produção que envolve, com diversos graus de responsabilidade, gigantes industriais. Empresas controladas pelos grupos Queiroz Galvão e Gerdau são acusadas pelo Ministério

Público Federal de se beneficiarem da escravidão para produzir ferro gusa. A Companhia Vale do Rio Doce e a maior produtora de aço dos Estados Unidos, Nucor Corporation, relacionam-se comercialmente com essas empresas. Uma atividade econômica bilionária tem em sua base a violação dos direitos humanos.

A Amazônia brasileira produz o melhor ferro gusa do mundo, usado principalmente na produção de peças automotivas. É um mercado que movimenta 400 milhões de dólares anuais somente na região Norte - 2,2 milhões de toneladas/ano - e tem como principal compradora a indústria siderúrgica dos Estados Unidos. Esse gusa alimenta um mercado de alta tecnologia, o dos aços especiais. A produção, contudo, tem na base de sua cadeia de valor uma das piores formas de exploração humana: o trabalho escravo, que acontece em carvoarias localizadas na floresta amazônica.

Vivem lá homens que perderam a liberdade, não recebem salários, dormem em currais, comem como animais, não têm assistência médica e, em muitos casos, são vigiados por pistoleiros autorizados a matar quem tentar fugir. Esses trabalhadores, em sua maioria, não sabem ler nem escrever. Em geral, esqueceram a data do aniversário. Têm dificuldades de se expressar, sentem medo, vivem acuados e não gostam de falar sobre si mesmos. Quase sempre, não possuem carteira de identidade nem título de eleitor. São como fantasmas, com futuro incerto.

As carvoarias da Amazônia são controladas por 13 siderúrgicas com sede no Maranhão e no Pará. Algumas siderúrgicas são de propriedade de gigantes da economia, com atuação em quase todo o território brasileiro e também no exterior. O grupo Queiroz Galvão é dono da Simasa e da Pindaré. O

grupo Gerdau controla a Margusa. Simasa e Margusa são acusadas pelo Ministério Público do Trabalho de usarem mão-de-obra escrava em carvoarias ilegais. Esse carvão é usado na produção do ferro gusa exportado aos Estados Unidos para a produção de aço, que por sua vez é matéria prima de automóveis e diversos outros produtos.

A Vale do Rio Doce e a Nucor não estão sendo acusadas de envolvimento direto com o trabalho escravo. Contudo, fazem negócios comerciais com empresas envolvidas na exploração de trabalho escravo. A sociedade, a Constituição brasileira, normas internacionais e até os princípios de responsabilidade social empresarial, como se pode ler mais adiante, não admitem o uso de escravidão em nenhum elo da cadeia produtiva.

Pior que gado

Mesmo nas carvoarias onde não existe trabalho escravo, a legislação é sistematicamente descumprida. Os

trabalhadores não recebem equipamentos de proteção individual, não têm alojamento nem assistência médica. Também não são registrados em carteira nem têm direito aos benefícios legais. "É uma realidade assustadora", define o procurador do Ministério Público do Trabalho em São Luís (MA), Maurício Pessoa Lima. "Em inspeções realizadas em carvoarias, eu vi o gado vivendo em melhores condições que os trabalhadores".

Em um relatório de inspeção realizada em carvoarias ligadas à Simasa e à Margusa, entre os dias 8 e 17 de março deste ano, o procurador do trabalho Luercy Lino Lopes apontou o envolvimento direto das siderúrgicas com o trabalho escravo. Escreveu Lopes:

"De um modo geral, em todas as carvoarias inspecionadas observou-se: (...) O trabalho é realizado em condições absolutamente aviltantes e degradantes, em total ofensa à própria dignidade dos trabalhadores, o que, segundo entendo pela atual redação do artigo 149 do Código Penal Brasileiro, tipifica a conduta pertinente à redução à condição análoga à de escravo".

Em outro trecho, o procurador acrescenta:"Raramente algum trabalhador é flagrado de

posse de EPI (equipamento de proteção individual); trabalham em meio à fuligem e fumaça de carvão, sem camisa ou com a camisa toda rasgada e suja; com calção e sem botinas e luvas. Em nenhuma das carvoarias vistoriadas foi encontrada água potável".

ReincidênciaO uso de trabalho

escravo envolvendo siderúrgicas não é recente. Em 1995, ano em que o Ministério do Trabalho criou o Grupo Especial de Fiscalização Móvel, quatro siderúrgicas localizadas no Mato Grosso e em Minas Gerais foram acusadas de manter trabalhadores escravos em carvoarias. No

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Mato Grosso, a pequena cidade de Ribas do Rio Pardo se tornou uma espécie de pólo escravagista, com denúncias em vários setores da economia.

No ano seguinte surgiram pela primeira vez, nos relatórios do Grupo Móvel, os nomes de siderúrgicas ligadas a grandes conglomerados econômicos. É o caso da siderúrgica Pindaré, da Queiroz Galvão, com sede em Açailândia (MA). Ela aparece em relatórios do Grupo Móvel em 1996, 1997, 1998, 2002 e 2003. A Simasa, também da Queiroz Galvão, aparece pela primeira vez em 2002, tornando-se freqüente desde então. A Margusa, comprada pela Gerdau no dia 2 de dezembro de 2003, aparece em março de 2004.

Diversos relatos do Grupo Móvel não caracterizam as situações encontradas como trabalho escravo, mas "trabalho degradante", o que é diferente. Enquadra- se na condição de trabalho degradante aquele em que o trabalhador não tem registro em carteira, não dispõe de equipamento de proteção, dorme em um curral sem paredes, não tem acesso a água potável ou a assistência média, férias, 13o salário. Em quase 100% dos casos não conta com um banheiro no local de trabalho.

O trabalho escravo, segundo a OIT, acontece quando existe coação e privação da liberdade. Em 2003, com a mudança do artigo 149 do Código Penal, o que acima foi descrito como trabalho degradante passou a ser interpretado, por alguns especialistas, como escravidão. É o caso de situações extremamente degradantes como as que são encontradas pelo Grupo Móvel nas carvoarias, explica o procurador do Ministério Público do Trabalho, Maurício Pessoa Lima.

O procurador Luercy Lino Lopes, em seu relatório de março, não hesitou em acusar Simasa e Margusa de envolvimento com trabalho escravo. "Diante das impressões que tive no local, a situação das carvoarias, sobretudo no Pará, é muito grave e reclama providências urgentes. Penso ser necessária uma imediata investida contra as siderúrgicas", afirmou.

Lopes, que acompanhou o trabalho realizado pelo Grupo Móvel durante nove dias e esteve em oito carvoarias entre os municípios de Dom Eliseu (PA) e Pastos Bons (MA), relacionou a existência de 37 trabalhadores na carvoaria da Simasa e 20 na carvoaria da Margusa. Segundo o relatório:

"Não há salário definido, existe a prática de endividamento do trabalhador (sistema de barracão ou cantina); as condições de conforto e higiene são péssimas".

Fonte:http://www.observatoriosocial.org.br

Poema: Redenção por Inã Candido

- Em nome do Senhor, saia dessa rotina de devassidão. Se continuar nessa vida de prostituição estarás condenada a eterna danação.

- Mas esse é o meu trabalho! Preciso dele para sobreviver. O mundo não me deu outra escolha… No mais, é uma profissão como outra qualquer!

- Não é! Isso é coisa do demônio e se continuar… quando morrer as portas do paraíso, estarás fechadas para ti.

- E o senhor quando morrer vai estar lá no paraíso?

- Vou sim, a eternidade me espera, os mais belos anjos me acolherão e tudo será lindo e maravilhoso. Mas por que me fazes essa pergunta?

- Porque eu prefiro ir direto para o inferno ao encontrar o senhor por lá.

Fragmento de música: Até quando?

Gabriel Pensador

“(...) Acordo num tenho trabalho, procuro trabalho, quero trabalhar

O cara me pede diploma, num tenho diploma, num pude estudar

E querem que eu seja educado, que eu ande arrumado que eu saiba falar

Aquilo que o mundo me pede não é o que o mundo me dá

Consigo emprego, começo o emprego, me mato de tanto ralar

Acordo bem cedo, não tenho sossego nem tempo pra raciocinar

Não peço arrego mas na hora que chego só fico no mesmo lugar

Brinquedo que o filho me pede num tenho dinheiro pra dar

Escola, esmolaFavela, cadeiaSem terra, enterraSem renda, se renda. Não, não.”

ATIVIDADE

16) Quais as mensagens transmitidas no Poema “Redenção” e na música “Até quando”?

17) Em quais pontos podemos relacionar a música “Até quando” com a reportagem “Escrava do Aço”?

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Segundo trimestreEstratificação Social

A estratificação social indica a existência de diferenças, de desigualdades entre pessoas de uma determinada sociedade. Ela indica a

existência de grupos de pessoas que ocupam posições diferentes.

São três os principais tipo de estratificação social:

Estratificação econômica: baseada na posse de bens materiais, fazendo com que haja pessoas ricas, pobres e em situação intermediária;

Estratificação política: baseada na situação de mando na sociedade (grupos que têm e grupos que não têm poder);

Estratificação profissional: baseada nos diferentes graus de importância atribuídos a cada profissional pela sociedade. Por exemplo, em nossa sociedade valorizamos muito mais a profissão de médico do que a profissão de pedreiro.

É importante ressaltar que todos os aspectos de uma sociedade – economia, política, social, cultural, etc. – estão interligados. Assim, os vários tipos de estratificação não podem ser entendidos separadamente. Por exemplo, as pessoas que ocupam altas posições econômicas em geral também têm poder e desempenham posições profissionais valorizadas socialmente.

Também importante lembrar que a constituição de sociedades estratificadas socialmente é um fenômeno histórico; ou seja, as diferenciações sociais e a formação de suas características ocorrem em função de processos históricos explicáveis dentro de suas próprias lógicas. Portanto, não são fenômenos "naturais", derivados de alguma lógica exterior ao próprio ser humano. São processos construídos por agentes humanos que se opõem, sob a forma de grupos, no campo do conflito.

A estratificação social é a divisão da sociedade em estratos ou camadas sociais. Dependendo do tipo de sociedade, esses estratos ou camadas podem ser: castas (Índia), estamentos (Europa Ocidental durante o feudalismo) e classes sociais (sociedades capitalistas).

CastasExistem sociedades em que os indivíduos

nascem numa camada social mais baixa e podem alcançar, com o decorrer do tempo, uma posição social mais elevada. No entanto, existem sociedades em que, mesmo usando de toda a sua capacidade e todo os seus esforços, o indivíduo não consegue alcançar uma posição social mais elevada. Nesses casos, a posição social lhe é atribuída por ocasião do nascimento, independentemente de sua vontade e sem perspectiva de mudança. Ele carrega consigo, por toda a vida, a posição social herdada.

A sociedade indiana é estratificada dessa maneira; um sistema de estratificação social muito rígido e fechado que não oferece a menor possibilidade de mobilidade social. É o sistema de castas que, por exemplo, permite casamentos apenas entre pessoas de uma mesma casta. Tal

sistema de castas foi abolido oficialmente em 1947, mas a força da tradição faz com que persista, na prática, até os dias de hoje.

EstamentosA sociedade feudal da Europa na Idade

Média foi um exemplo típico de uma sociedade estratificada em estamentos.

Estamento ou estado é uma camada social semelhante à casta, porém mais aberta. Na sociedade estamental a mobilidade social ascendente é difícil, porém não impossível, como na sociedade de castas.

Na sociedade feudal, os indivíduos só muito raramente conseguiam ascender socialmente. Essa ascensão só era possível em alguns casos: quando a Igreja recrutava, em certas ocasiões, seus membros entre os mais pobres, caso o rei conferisse um título de nobreza a um homem do povo, ou ainda se a filha de um rico comerciante casasse com um nobre, tornando-se, assim, membro da aristocracia.

Essas situações eram difíceis de acontecer e normalmente as pessoas permaneciam no estamento em que haviam nascido.

Classes sociaisPodemos dividir a sociedade capitalista em

dois grupos, segundo suas situação em relação aos elementos da produção: proprietários e não proprietários dos meios de produção. As relações de produção dão origem a duas camadas sociais diferentes. A essas camadas damos o nome de classes sociais. Classicamente, designamos essas classes sociais como burguesia e proletariado.

Apesar de ser correntemente usada para designar as camadas sociais em vários momentos da história da humanidade, esta designação é aplicada com maior precisão para a sociedade capitalista. Assim, o prestígio social, o poder político e a capacidade de consumo de luxo, de modo geral, são privilégios dos proprietários dos meios de produção.

As transformações por que passaram as sociedades capitalistas no século XX também nos mostram que houve mudanças significativas na sociedade capitalista tornando-a muito mais complexa do que em sua fase inicial de desenvolvimento. A mudança mais notável foi o crescimento de uma forte e volumosa classe média nos países centrais do capitalismo, ocupando funções nos diversos setores dos ramos de prestação de serviços e da pequena e média propriedade. Assim, a análise das sociedades capitalistas do final do século XX deve, necessariamente, levar em consideração esta camada social intermediária entre os proprietários e os não proprietários dos meios de produção.

Texto adaptado de Oliveira, Pérsio Santos de; Introdução à Sociologia, São Paulo,

Ática, 1997, 17ª edição, pp. 71-80.

ATIVIDADE

18) O que é estratificação social?19) Diferencie “Casta” de “Classes

Sociais”.

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20) Em que tipo de estratificação é maior a possibilidade de mudança de estrato social?

Teorias sobre a estratificação nas sociedades modernas

Perspectiva MarxistaOs marxistas explicam a desigualdade social

a partir do pensamento de Marx. A desigualdade advém da divisão do trabalho. A teoria marxista das classes sociais diz que: a organização social depende da econômica; o grupo dominante socialmente é o que controla as forças de produção e detém o capital; o grupo dominado detém apenas força de trabalho; esta desigualdade gera descontentamento social e gera conflitos (estes conflitos são o motor que faz mudar a sociedade; a posição de classe é independente da consciência de pertença a essa mesma classe; as principais classes sociais são os capitalistas e os proletários mas um grande número de posições intermédias são responsáveis por um sistema complexo e de grande conflitualidade.

Perspectiva WeberianaA teoria de Max Weber parte da de Max mas

introduz alguma complexidade: as classes resultam da distribuição desigual do poder; o poder é variável quer a nível econômico, quer a nível social e político; a posição de classe é determinada na esfera econômica (existe uma enorme variedade de posições de classe que refletem as diversas capacidades econômicas e de acesso a bens materiais); a localização dos indivíduos numa classe é determinada pela sua posição face ao mercado, a sua capacidade econômica para aceder a saberes, títulos, qualificações, prestígio, honra, bens, empregos e propriedades; a combinação destes critérios resulta numa grande variedade de estatutos sociais (status); exemplos de classes podem ser os proprietários, intelectuais, etc.; a posição de classe não é herdada e deriva dos recursos que o indivíduo desenvolve ao longo da sua vida, o processo é fluido e flexível; as classes não são permanentes, os indivíduos entram e saem delas; o conflito de classes surge do desejo de equidade social.

Atualmente as diferenças de classes têm vindo a esbater-se, no entanto a desigualdade social permanece. O gênero é uma das grandes dimensões da desigualdade. Não existem sociedades modernas em que as mulheres tenham mais riqueza e status que os homens.

ATIVIDADE21) Diferencie a teoria

de Marx da teoria de Weber referente

a estratificação. Qual delas explica melhor a realidade social que vivenciamos hoje? Por quê?

CONCEITUANDO “PAPEL SOCIAL” E

“STATUS”

STATUS é o lugar ou posição que a pessoa ocupa na estrutura social de acordo com o julgamento coletivo ou consenso de opinião do grupo. Portanto, o status é a posição em função dos valores sociais correntes na sociedade. Pode apresentar-se como status legal e/ou social.

Status legal é uma posição caracterizada por direitos (reivindicações pessoais apoiadas por normas) e obrigações (deveres prescritos por normas), capacidades e incapacidades, reconhecidas pública e juridicamente, importantes para a posição e as funções na sociedade.

Status social: abrange características da posição que não são determinados por meios legais. Portanto, difere do status legal por ser mais amplo e abarcar outras características de comportamento social além das estipuladas por lei. Além de legal e social, os status podem ser atribuídos ou adquiridos. Status atribuído: é independente da capacidade do indivíduo; é-lhe atribuído mesmo contra a sua vontade, em virtude do seu nascimento. Status adquirido: depende do esforço e do aperfeiçoamento pessoal. Por mais rígida que seja a estratificação de uma sociedade e os numerosos status atribuídos, há sempre a possibilidade de o indivíduo alterar o seu status através de habilidade, conhecimento e capacidade pessoal. Esta conquista do status deriva, portanto, da competição entre pessoas e grupos, e constitui vitória sobre os demais. Outras formas de status são: Status principal, básico ou chave (é o status mais significante para a sociedade, já que as pessoas possuem tantos status quantos forem os grupos de que participam); status posicional (aparece quando determinados aspectos - família, educação, ocupação e rendimento - e alguns índices exteriores - modos de falar, maneiras de se portar etc. - caracterizam um indivíduo como representante de determinado grupo ou classe social, sendo portador de certo prestígio. Portanto, é a posição social atribuída pelos valores convencionais correntes na sociedade ao grupo ou categoria do qual o indivíduo é um representante); status pessoal (é a posição social real determinada pelas atitudes e comportamentos daqueles entre os quais o indivíduo vive e se movimenta, fazendo com que pessoas, com idêntico status posicional, tenham, mercê das suas qualidades particulares, diferentes status pessoais).

PAPEL SOCIAL é o padrão de comportamento esperado e exigido de pessoas que ocupam determinado status. Portanto, as maneiras de comportar-se, esperadas de qualquer indivíduo que ocupe certa posição (status), constituem o papel associado com aquela posição.

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O conflito de papéis sociaisPor Cristiano Bodart

O conflito de papéis resulta, normalmente, da sobrecarga do papel social de um único status ou conflito entre as obrigações de diferentes status. Exemplificando: Carlos é regente de uma empresa e precisa demitir os funcionários mais novos e inexperientes para reduzir gastos e a empresa continuar a aberta. O problema é que seu filho (que acabou de ter um filho com sua recém esposa) é um desses funcionários recém contratados e inexperientes. Carlos se encontra em um conflito de papéis: o de gerente e o de pai. Que papel desempenhar nesse momento?

O exemplo de Carlos ocorre diariamente no nosso cotidiano. Em sala de aula, por exemplo, você pode ter como professor o seu pai. Que papel ele e você deverão cumprir? Às vezes a escolha torna-se difícil e você se vê em um conflito de Papéis sociais. Imagine se um juiz tivesse que julgar seu amigo de infância?

ATIVIDADE

22) Julgue se os status a baixo são adquiridos ou atribuídos.

a) Juiz;b) Professor;c) Drogado;d) Príncipe herdeiro;e) Negro;f) Brâmane (casta na Índia)

23) Dê um exemplo, ainda não mencionado, de conflito de papéis sociais que pode ocorrer com você ou com alguém de sua família?

TRABALHO E CONSUMO

De forma sucinta, o trabalho pode ser definido como a modificação

da natureza operada pelos seres humanos de forma a satisfazer suas necessidades. Nessa relação, os homens modificam e interferem nas coisas naturais, transformando-as em produtos do trabalho. O trabalho, ao mesmo tempo que organiza e transforma a natureza, organiza e transforma o próprio homem e sua sociedade. O trabalho não é uma categoria abstrata ou sem localização histórica. Cada sociedade cria suas formas de divisão e organização do trabalho, de regimes de trabalho e de relação entre as pessoas no e para o trabalho, além de instrumentos e técnicas para realizá-lo. Por isso varia

também aquilo que é considerado trabalho e o valor a ele atribuído.

As relações que os seres humanos estabelecem entre si e com a natureza, de caráter econômico, político, cultural, produzem modos de ser e de viver e definem, a cada momento, o que será considerado imprescindível ao bem viver: um conjunto de bens e serviços, produzidos por toda a sociedade, que poderão ser usufruídos. Materializado nos objetos de consumo, nos produtos e bens materiais ou simbólicos e nos serviços, encontra-se o trabalho humano, realizado sob determinadas relações e condições.

As relações existentes entre os homens em sociedade podem ser analisadas a partir das relações de trabalho e consumo, mas ficam muitas vezes obscurecidas pela freqüente afirmação de que todos são igualmente livres tanto para trabalhar e escolher um tipo de trabalho como para consumir. Essa afirmação não considera as desigualdades de acesso ao trabalho, aos bens de consumo e aos serviços, ou a distribuição diferenciada entre as classes sociais.

Consumir, portanto, não é um ato “neutro”: significa participar de um cenário de disputas por aquilo que a sociedade produz e pelos modos de usá-lo, tornando-se um momento em que os conflitos, originados pela desigual participação na estrutura produtiva, ganham continuidade por meio da distribuição e apropriação de bens e serviços. (...).

As relações de trabalho e consumo produzem e reproduzem as tensões entre desigualdade e luta pela igualdade, injustiça e luta pela justiça. É assim que se constrói, a cada momento, a cidadania, como uma série de lutas em prol da afirmação dos direitos ligados à liberdade, à participação nas decisões públicas e à igualdade de condições dignas de vida, modificando, dessa forma, a distribuição de riqueza e poder na sociedade.

(...)No Brasil, o direito ao trabalho e o direito ao

consumo — ao acesso aos bens materiais e culturais socialmente produzidos — precisam ser analisados no contexto de desigualdade social existente. As diferenças entre ricos e pobres, homem e mulher, brancos e não-brancos, moradores do campo e da cidade, indivíduos com baixa e alta escolaridade, são extremas. Essa desigualdade compromete a democracia e, conseqüentemente, a construção da cidadania.

Fonte: PCN – Trabalho e Consumo

Características do trabalho e do Consumo

Sob o nome de “globalização”, reúnem-se fenômenos diversos que

refletem novas formas de organização dos atores econômicos e políticos e de reorganização da divisão internacional de trabalho.

Algumas características desse processo podem ser compreendidas a partir das transformações provocadas pelo desenvolvimento da informática, das telecomunicações e da automação que modificam, por sua vez, a organização e a capacidade de produção econômica, dentro do sistema capitalista de produção.

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A transmissão e recepção de informações em tempo real, seu processamento pelo computador, criaram novas condições de investir e gerenciar o capital e a produção em diferentes pontos do planeta. Um mesmo produto pode ser igual e simultaneamente produzido pelo mesmo fabricante em diferentes países do mundo (os mesmos brinquedos, os mesmos automóveis, por exemplo), segundo sua conveniência e margem de lucro. A rapidez da informação, ao lado do desenvolvimento dos transportes, permite também que os componentes de um produto final sejam fabricados em diferentes pontos, dividindo-se a produção segundo os lugares onde as condições econômicas (custo do trabalho, da matéria-prima, legislação reguladora etc.) seja mais vantajosa.

As novas formas do dinheiro, como os cartões eletrônicos, com os quais se pode fazer movimentação financeira em qualquer lugar, o desenvolvimento do crédito, do marketing e da indústria cultural permitem comercializar e prestar serviços globalmente, de modo que a produção, realizada nos lugares escolhidos, seja distribuída para o mundo. É o caso dos produtos feitos nos países asiáticos que nos últimos anos entraram no mercado brasileiro.

O mercado financeiro, com suas bolsas de valores, funciona articuladamente: o que acontece em um país tem reflexos imediatos nos demais, fazendo com que em determinados momentos os investimentos se concentrem num país, para em seguida migrar para outro, seguindo apenas a lógica da rentabilidade imediata. Verifica-se o sempre crescente movimento de fusão de empresas, de ampliação do espectro de atuação das corporações multinacionais e a influência de instituições supranacionais de financiamento nas decisões macroeconômicas.

Não é possível deixar de chamar a atenção para a desigualdade de posições nessa interdependência mundial, entre os chamados países centrais (aqueles que abrigam os centros de decisão das grandes empresas, os grandes centros financeiros e científicos) e os periféricos, determinada pela desigual produção e acesso às tecnologias agrícolas, biotecnológicas, de automação, comunicações ou robótica, assim como a desigualdade do impacto das inovações tecnológicas nas diferentes classes sociais.

Configura-se, assim, um contexto instável, de transformações aceleradas e de transnacionalização da produção, que tem impacto direto nas relações de trabalho e de consumo. Isso ocorre de formas profundamente desiguais e diferenciadas, nacional, regional ou setorialmente, nos países centrais e nos periféricos, afetando formas tradicionais de produção, modificando hábitos de consumo, com grande impacto nas culturas locais.

Na acirrada concorrência internacional, as empresas lançam mão de todos os fatores que possam significar vantagens, como a redução dos custos do trabalho, a expansão da subcontratação, a tercerização da produção e o trabalho autônomo realizado no domicílio, além de fazerem pressão para modificar a regulamentação das relações de trabalho.

A rápida transformação na produção de bens e serviços acabam por causar efeitos jamais imaginados. Novas tecnologias e formas de gerenciamento na produção promovem o aumento da

produtividade que elimina, com a automação, postos de trabalho, gerando o chamado desemprego tecnológico. As divisões do trabalho se alteram, surgem novos campos de trabalho, grandes contingentes de trabalhadores industriais são expulsos para o setor terciário da economia ou para o chamado “setor informal”, ou, ainda, são totalmente excluídos do mercado de trabalho, criando o desemprego conjuntural e o de exclusão.

Ao mesmo tempo, portanto, em que novas palavras aparecem no cotidiano, como empregabilidade, trabalho por projetos, trabalho virtual, convive-se com o desemprego, com uma multiplicidade de formas diferenciadas de trabalho e de ocupação, com a insegurança e com a incerteza em relação ao futuro. Novas profissões aparecem, outras tendem a desaparecer, outras, ainda, se transformam. A valorização e remuneração das profissões e dos serviços tem mudado em função das novas demandas do mercado. Nesse contexto em transformação, serviços altamente remunerados convivem com outros, muito mal pagos, sem segurança e sem respeito às legislações trabalhistas, ou com o desemprego.

(...) Os problemas de desemprego e transformação das relações de trabalho dependem, em muito, das opções por modelos de desenvolvimento da economia nacional e da eficácia das políticas econômicas e sociais.

Até agora, na sociedade capitalista, o emprego é a forma predominante de exercício do trabalho e de distribuição da riqueza produzida socialmente e, portanto, de se auferir recursos para a satisfação das necessidades.

A rapidez das mudanças é grande, exigindo esforços para construir alternativas, propor mudanças e novas formas de organização, pois as escolhas tecnológicos também comportam decisões de natureza política. A questão que se coloca é a de como fazer com que tal produtividade e capacidade tecnológica sejam usadas em benefício da qualidade de vida das populações e não para a maximização do lucro ao custo da precarização das relações de trabalho ou do desemprego. Ou, de outro modo, que novos direitos e formas de organização social do trabalho são necessários para fazer frente a esse novo modelo de organização da produção, de modo a garantir a todos os direitos de cidadania.

Ao grande aumento de produtividade conseguido pelas novas tecnologias e organização da produção de bens e serviços corresponde a necessidade de vendê-los, pois é na dinâmica produção/consumo/produção que o capital se amplia. Por isso, juntamente com esse processo, e guardando estreita relação com ele, vem se tornando cada vez mais intenso o apelo às pessoas para que consumam.

Consumidor é toda pessoa que compra um produto ou paga pela realização de um serviço. Consumir não é só uma relação entre particulares. Ao utilizar água, luz e transporte coletivo, os serviços de saúde ou educação, consome-se um serviço público, pago por todos nos impostos diretos e indiretos. Consumir é ter acesso não só aos bens primários de subsistência, mas também usufruir dos desenvolvimentos tecnológicos, dos bens culturais e simbólicos.

Um direito básico do cidadão é ter acesso ao mercado de consumo, aos produtos ou serviços que

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são oferecidos. Embora, aparentemente, exista o livre acesso de todos aos bens de consumo e serviços, reconhece-se a existência de “bolsões” de consumo diferenciados: se em alguns o consumo de bens é praticamente ilimitado, em outros existe a impossibilidade de acesso aos bens de consumo e serviços considerados vitais. Trata-se, portanto, de reivindicar o acesso ao consumo como um direito fundamental de cidadania.

Problemas derivados do modelo dominante de produção, tais como a pobreza e a desigualdade social, colocam em questão o que produzir, para quem, quais seriam as prioridades. Como fazer frente à lógica desse sistema que depende de criar cada vez mais mercadorias para continuar se expandindo, e que para isso tem uma complexa engrenagem de “fabricação de novas necessidades”, instalando a idéia do poder de consumo como um valor em si? Criando por um lado o consumo compulsivo, excessivo e acrítico de determinados bens, independentemente de sua necessidade “real” (o chamado consumismo), e por outro a desvalorização e a desvalia social para os que não podem consumir no mesmo nível e o mesmo tipo de bens?

O custo social desse modelo também transparece quando se verificam suas repercussões negativas no meio ambiente, com o esgotamento de recursos naturais, o desperdício de energia, o lixo, a poluição, assim como seu impacto na saúde.

Por meio da publicidade criam-se necessidades e novos padrões de consumo, que passam a servir como indicadores da posição social dos indivíduos.

Não é suficiente ter um sapato, uma roupa, uma caneta, mas a roupa, o sapato de determinada marca. A identidade é marcada pelo consumo não apenas dos objetos como das marcas espalhadas pelo mundo e que se tornaram objeto de desejo, nos mais diversos países e culturas, independente de fatores como qualidade, durabilidade, adequação ao uso, preço etc.

Assim, questões antes restritas ao âmbito da vida privada ou individuais ganham dimensões sociais, como a questão do desperdício, do consumo de bens descartáveis, do uso de materiais não recicláveis, até a decisão de usar ou não um automóvel. Os cidadãos, porém, ainda desconhecem sua força como consumidores, sua condição de sujeito nas relações de consumo, seus direitos e sua capacidade para intervir nessas relações. Existem, nacional e internacionalmente, movimentos que defendem a idéia de que a participação na sociedade moderna através do consumo, deve implicar a crítica e o repúdio à exploração e precarização das relações de trabalho, às desigualdades e discriminações de gênero, etnia e idade, assim como a defesa de direitos em relação ao meio ambiente e à saúde.

Fonte: PCN – Trabalho e Consumo

ATIVIDADE

24) Enumere as principais mudanças ocorridas no trabalho e no consumo na contemporaneidade.

Agricultura familiar: Chave para criar e manter emprego

no campoUm em cada cinco trabalhadores brasileiros

está ocupado no setor agrícola. São cerca de 16,5 milhões de pessoas, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), do IBGE. Das quais, apenas 1,5 milhão tem carteira assinada e cerca de 520.000 são empregadores rurais. Na agricultura, menos de 10% dos trabalhadores são legalmente contratados, enquanto a média de formalização do emprego no país é três vezes maior. Para cada assalariado com registro em carteira no campo, dois são contratados na informalidade. Dos cerca de 11 milhões restantes, dois terços trabalham por conta própria ou produzem apenas o suficiente para comer e um terço não recebe remuneração alguma.

Esses números mostram a precariedade desse grande segmento do mercado de trabalho do país, que encolheu cerca de 20% entre as décadas de 1980 e 1990, se estabilizou nos últimos cinco anos, mas não consegue converter em empregos a expansão do setor agrícola, que cresceu acima de 5% ao ano no período mais recente. “A expansão da área de fronteira da monocultura para exportação não teve capacidade de gerar volume de empregos à altura das taxas de crescimento”, sustenta o professor Sérgio Pereira Leite, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), lembrando que o PIB agrícola não conseguiu passar dos 10% do total de bens e serviços produzidos no país nos últimos dez anos.

Campo estérilEle acredita que não vale a pena investir no

agronegócio como fator de geração de emprego e renda no campo. Cita como exemplo reportagem recente feita pelo Fantástico, da TV Globo, mostrando que as condições de trabalho da mão-de-obra contratada pelo setor sucroalcooleiro são muito precárias. Em alguns casos, com trabalho análogo ao de escravos. E questiona se vale a pena o governo investir novamente nesse setor, com o surgimento da demanda externa pelos biocombustíveis.

“Que tipo de emprego esse segmento está gerando?”, indaga Leite, observando que os assalariados do setor não se beneficiaram pelo aumento da produtividade na produção de açúcar e álcool.

A objeção do professor não tem a ver com o combustível verde, mas sim com a escolha do modelo econômico de sua produção. Ele considera que o fornecimento de matéria-prima, mesmo sendo para um setor estratégico, deve estar associado à capacidade de geração de emprego digno. Portanto, o modelo de produção dos biocombustíveis deveria privilegiar a agricultura familiar e não o agronegócio. “O governo deve pensar até que ponto aposta todas as fichas no aumento de segmentos que estão baseados na exploração de monocultura voltada para exportação, que não gera emprego”.

Será que isso não é vulnerável?”, questiona Leite, frisando que, quando os preços dos produtos

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desabam, o setor entra em crise, afetando inclusive outros setores.

modo de produção capitalista, ocorre uma divisão social do trabalho, que consiste na distribuição do capital pêlos vários ramos da produção. Em outras palavras, há uma a locação do capital em atividades diversificadas, para atender a diferentes demandas. Por outro lado esta divisão se estende ao interior do processo de produção, na medida em que é reservado às classes não-proprietárias o trabalho subordinado. Neste segundo sentido a divisão social do trabalho vai além do aspecto técnico (divisão horizontal/ distribuição de tarefas), mas remete a uma divisão social (sentido vertical), a uma hierarquia, que se estabelece entre o capitalista e o trabalhador. De fato na empresa a divisão do trabalho é "planejada, regulada e supervisionada pelo capitalista, já que é um mecanismo que pertence ao capital como sua propriedade privada". Nesse processo às vezes é reservado ao operário apenas a função de apertar um parafuso, o de n. 999, como CHAPLIN mostrou no filme Tempos modernos', resultando dai o estranhamento do trabalho abstrato, uma completa alienação do trabalhador.

Há, portanto, alienação quando o trabalhador não se reconhece no fruto de seu trabalho, como acontece no modo de produção capitalista, onde "nenhum trabalhador individual produz uma mercadoria; cada trabalhador é apenas um componente do trabalhador coletivo, a soma de todas as atividades especializadas." (DICIONÁRIO MARXISTA - p. 113)

Obs. Fala-se ainda em 'divisão internacional do trabalho', que atingiria os países, de modo a que cada um identifique as “vantagens comparativas”(*), isto é, os setores da produção aos quais é vantajoso se dedicar. "Será que os Estados Unidos se devem especializar em computadores, comprando carros aos japoneses e petróleo à OPEP? Tal poderia ser o padrão de produção eficiente, de acordo com o qual cada região produzisse segundo a sua vantagem comparativa."

(SAMUELSON/NORDHAUS - 88, p. 65)Paralelo ao conceito de alienação aparece o de

exploração. Para MARX sendo o trabalho o principal fator de produção de riquezas, e sendo a remuneração do trabalho inferior ao preço que o capitalista obtém no mercado pela mercadoria, essa diferença, a mais-valia, é que proporcionaria lucro ao empregador. Em outras palavras: "Marx definiu a exploração como a diferença entre o contribuição do trabalhador para a produção e o salário por ele obtido. Devido ao trabalho ser, na perspectiva marxista, a única fonte de tudo aquilo que é produzido, todos os lucros, juros e rendas não passariam de exploração do trabalho." (SAMUELSON/NORDHAUS - 88, p.727)

(LAGE, Telma e ZIBORDI, Irineu)

ATIVIDADE

25) Por que o autor do texto anterior defende que a agricultura familiar é a chave para criar e manter o emprego no

campo? Você concorda? Justifique sua posição em relação a esta questão.

26) Por que professor Sérgio Pereira Leite, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) se posiciona contra o modelo atual de produção de biocombustível? O que você pensa a respeito? Justifique sua opinião.

27) A charge está relacionada com algum problema da modernidade? Justifique.

Trabalho imaterial/intelectual

“A cena contemporânea do trabalho e da produção, (...), está

sendo transformada sob a hegemonia do trabalho imaterial, ou seja, trabalho que produz produtos imateriais, como a informação, o conhecimento, idéias, imagens, relacionamentos e afetos. Isto não significa que não exista mais uma classe operária industrial trabalhando em máquinas com suas mãos calejadas ou que não existam mais trabalhadores agrícolas cultivando o solo. Não quer dizer nem mesmo que tenha diminuído em caráter global a quantidade desses trabalhadores. Na realidade, os trabalhadores envolvidos basicamente na produção imaterial constituem uma pequena minoria do conjunto global. O que isto significa, na verdade, é que as qualidades e as características da produção imaterial tendem hoje a transformar as outras formas de trabalho e mesmo a sociedade como um todo”.

(HARDT, Michael; NEGRI, Antônio. Multidão: guerra e democracia na era do imperio. Tradução: Clóvis Marques. Rio de Janeiro: Record, 2005).

..............................................................

“O trabalhador, atualmente, pode ser caracterizado como o trabalhador do conhecimento, uma vez que o uso das TICs configura uma demanda por um tipo de trabalho diferenciado daquele massificado, realizado nas indústrias do começo do século passado. Dentro das novas formas de conceber e estruturar o trabalho, com o aumento da informatização e da intelectualização, passa-se a visualizar como cada vez mais importante, dentro do processo de trabalho ou de serviço, o denominado trabalho imaterial.

O trabalho imaterial precisa ser entendido como elemento constitutivo da nova ordem capitalista mundial. É importante registrar que, ao falar-se em trabalho imaterial, fala-se também em trabalho produtivo material. O que muda são as relações estabelecidas entre capital e trabalho, as demandas que se colocam aos trabalhadores, as investidas que

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faz o capital para se apropriar do trabalho imaterial e regulá-lo e homogeneizá-lo, e os modos de resistência a isto por parte dos trabalhadores.

(...) A criação de valor, na perspectiva do trabalho imaterial, se dá pela socialização do trabalho, sendo seu principal instrumento o cérebro e as capacidades de mobilização subjetiva dos trabalhadores. (...). Em vista disso, o controle presente nas atividades demandadas pelo trabalho imaterial é o autocontrole (BAUMAN, 1999; DELEUZE, 2004a), sendo que o trabalhador precisa ser seduzido pelo projeto da organização para que o trabalho imaterial produza o seu valor. É necessário que o trabalhador mobilize todo o seu potencial criativo para o projeto do capital, pois o trabalho imaterial é cognitivo, comunicacional, afetivo e ligado à linguagem”.(GRISCI, Carmem ligia iochins. Trabalho imaterial e resistência na contemporaneidade. Boletim da saúde, Porto Alegre, vol. 20, nº 1, jan./jun.2006).

ATIVIDADE

28) O que é trabalho intelectual? Dê dois exemplos.

Novas Tecnologias de Informação e Comunicação

Nos dias que correm, a utilização das novas Tecnologias de

Informação e Comunicação são meios indispensáveis para uma empresa que ambiciona estar na linha da frente.

O desenvolvimento dos computadores teve um papel crucial na criação de novas empresas e negócios impensáveis há 50 anos atrás.

A comunicação em rede permite uma maior interação entre as empresas e os diversos colaboradores dispersos pelo mundo. A rapidez na transmissão da informação através da Internet e dos telemóveis, o progressivo aumento da capacidade de armazenamento de dados são testemunhos de que entramos numa nova era de descobrimentos, mas agora através dos computadores, das redes sociais etc., navegamos num mundo virtual com informações e dados reais.

A interatividade torna-se mais fácil, a informação disponível é cada vez maior e é importantíssimo que as nossas empresas saibam recolher, organizar e armazenar com segurança toda esta informação que se encontra disponível.

Uma empresa que pretenda ser competitiva e produtiva terá que possuir, telefones e fax, scanners, telemóveis (celulares) e computadores com ligação à Internet de banda larga. Os computadores deverão estar ligados em rede de modo a poder facilitar o armazenamento e consulta de dados entre os diversos departamentos. A presença na Internet é fundamental, pois com alguns euros se pode criar um

site e registar um domínio de forma a garantir a sua presença on-line e o reconhecimento a nível nacional e na melhor das hipóteses internacional.

O investimento em Marketing é essencial para a divulgação dos seus produtos ou serviços. Por exemplo, o aluguer de um espaço publicitário num jornal, revista ou website. Os e-mails e Newsletters permitem manter os seus clientes informados de uma forma contínua e gratuita.

As videoconferências também são cada vez mais utilizadas, pois se, por exemplo, um dos colaboradores se encontrarem na China e outro em Portugal, poderão comunicar através de vídeo e áudio em tempo real. As filmagens e as fotos facilitam a comunicação e demonstração. Daí a importância das câmaras de filmar, máquinas fotográficas digitais e telemóveis.

Hoje em dia existem inúmeras PME´s (Pequenas e Médias Empresas) que têm as suas sedes em “garagens” mas que expõem e vendem os seus produtos on-line. Apostam nas novas tecnologias e o espaço virtual deixa o espaço físico para segundo plano. É mais barato e para quem quer começar do nada, é uma solução pouco arriscada com um investimento mínimo.

Os tipos de pagamento também não poderiam ficar esquecidos, pois vieram facilitar imenso as compras on-line através dos cartões de crédito, transferências bancárias, Paypal, etc.

Os próprios bancos permitem que os seus clientes consultem as suas contas através da Internet e executem os movimentos pretendidos.

Todos estes meios bem como os imensos canais televisivos transmitidos através de antenas parabólicas ou pacotes TV, permitem aos empresários e às empresas estarem permanentemente informados e a comunicação torna-se cada vez mais rápida e eficaz.Fonte: http://www.webartigos.com/articles/32710/1/Novas-Tecnologias-de-Informacao-e-Comunicacao/pagina1.html

ATIVIDADE para CASA

29) Produza uma charge abordando as novas tecnologias de informação. A charge poderá ser desenhada ou confeccionada a partir de recorte e colagem. Lembrando que a charge é uma figura que traz consigo humor ou critica social.

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Novas exigências do mercado de trabalho

Por Isadora Pâmmela dos Santos Costa

No século XVIII com o advento da industrialização foi que iniciou o processo de contratação profissional formal, onde o trabalhador tinha uma remuneração em dinheiro pelo seu trabalho. Pouco conhecimento ou nenhum era exigido e os recrutamentos todos em massa. Em agosto de 1929 o mercado mundial sofreu uma redução de 60% e o Brasil foi um dos países mais atingidos com essa crise. Em 1930 no Brasil, de cada dez brasileiros oito eram analfabetos. Apesar do panorama de crise, foi nesse período com a ditadura Vargas que foram assegurados os direitos dos trabalhadores, um marco no mercado de trabalho brasileiro.

Aos poucos o mercado foi retomando suas forças e nesse período com 8 anos de estudo era possível conseguir um bom emprego. As mudanças ocorridas no mundo do trabalho, crises, pesquisas tecnológicas, mudanças comportamentais, afetaram de forma significativa o perfil do novo trabalhador. O mercado tornou-se cada vez mais exigente, as empresas precisavam de conhecimentos que antes não faziam parte da formação do profissional. Como a sociedade se impõe ao ser humano desde o dia que ele nasce, as transformações sofridas por ela criaram uma nova geração de indivíduos, com novas necessidades, novas expectativas, novos conhecimentos e novas habilidades.

Vivemos a era do conhecimento e nesse período nada funciona como antes e nem funciona como um dia irá funcionar. Fomos programados para um mundo de certezas e, no entanto, vivemos as incertezas do cotidiano. Há algumas décadas a formação superior era garantia de um bom emprego, hoje vemos que 58% dos profissionais que possuem um diploma internacional têm até duas vezes mais convites de emprego do que os que não cursaram. O caráter complexo e dinâmico dos novos desafios de mercado exige de empresas e funcionários que suas capacidades de absorver e gerar informações sejam vistas como elementos chaves da competição.

Hoje na seleção de profissionais, além das exigências de fluência em idiomas, formação acadêmica de qualidade, experiência internacional, temos outras exigências difíceis de serem mensuradas, exigências de caráter comportamental, como relacionamento interpessoal, adaptabilidade, criatividade, flexibilidade, liderança, competências múltiplas, entre outras, estamos recrutando e formando “super-profissionais” no presente. O diploma, mesmo os das melhores universidades, deixou de ser o principal diferencial na hora de uma entrevista. Há algumas décadas o lado técnico era o que importava, mas na era do conhecimento, ele é só mais um fator.

Quais serão as necessidades das sociedades do futuro? Quais habilidades e competências devemos adquirir para responder a essas necessidades? Essas e outras perguntas já estão permeando a cabeça dos “profissionais do futuro” para as futuras exigências do mercado de trabalho.

ATIVIDADE

30) De acordo com Isadora Pâmmela

dos Santos Costa, quais as novas exigências do mercado de trabalho? Você consegue identificar essa realidade em Piúma?

EMPRESAPor Tatiana Claro

Uma empresa é um sistema de atividade contínua perseguindo um fim de uma espécie definida, no caso da empresa capitalista moderna é a

busca racional do lucro. Uma associação empresarial é uma sociedade caracterizada por um quadro administrativo (burocracia2), cuja atividade se orienta exclusivamente e continuamente a alcançar os fins da organização.

EMPRESA TRANSNACIONAL E MULTINACIONAL

Uma empresa transnacional é uma organização que opera além de fronteiras nacionais; uma empresa multinacional faz negócios em mais de um país, vendendo bens no mercado internacional ou tendo fábricas em mais de um país. No caso das transnacionais, o processo de produção e comercialização é coordenado além de fronteiras nacionais, de modo que, por exemplo, peças podem ser produzidas em um local, enviadas a outro para montagem e ainda para outro para a venda final. Esses fatos conferem às transnacionais o potencial de uma enorme flexibilidade, ao transferir várias fases da produção para países com impostos e salários mais baixos ou padrões mais lenientes de controle da poluição ou segurança dos trabalhadores. Essa possibilidade foi muito ampliada pelas revoluções recentes em computadores e telecomunicações.

Ao maximizar a flexibilidade e a diversificação, as transnacionais aumentam a vantagem competitiva em relação a outras empresas e a influência nos paises em que operam. O tamanho e o poder dessas empresas tornaram-se tão vastos que elas rivalizam em poder econômico com a maioria das nações, especialmente as do terceiro mundo. Entre as 100 maiores unidades econômicas existentes no mundo, por exemplo, metade são países e metade são transnacionais. A emergência e crescimento das transnacionais é a última fase na globalização do capitalismo industrial.

2 De modo amplo podemos dizer que a burocracia é uma estrutura social na qual a direção das atividades coletivas fica a cargo de um aparelho impessoal hierarquicamente organizado, que deve agir segundo critérios impessoais e métodos racionais. Esse aparelho dirigente, isto é, esse conjunto de burocratas, é economicamente privilegiado e seus membros são recrutados de acordo com regras que o próprio grupo adota e aplica.

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Estratégias empresariais no mundo contemporâneo

Por Tatiana ClaroMonopólioSituação em que um setor do mercado com

múltiplos compradores é controlado por um único vendedor de mercadoria ou serviço, tendo capacidade de afetar o preço pelo domínio da oferta. Nesse cenário, os preços tendem a se fixar no nível mais alto para aumentar a margem de lucro. Alguns monopólios são instituídos com apoio legal para estimular um determinado setor da empresa nacional, ou para protegê-la da concorrência estrangeira, supostamente desleal por usar métodos de produção mais eficientes e que barateiam o preço ao consumidor. Outros monopólios são criados pelo Estado sob a justificativa de aumentar a oferta do produto e baratear seu custo. A empresa estatal Petrobrás era a única com permissão para prospecção, pesquisa e refino do petróleo até 1995, quando o Congresso autoriza a entrada de empresas privadas no setor.

OligopólioÉ a prática de mercado em que a oferta de

um produto ou serviço, que tem vários compradores, é controlada por pequeno grupo de vendedores. Neste caso, as empresas tornam-se interdependentes e guiam suas políticas de produção de acordo com a política das demais empresas por saberem que, em setores de pouca concorrência, a alteração de preço ou qualidade de um afeta diretamente os demais. O oligopólio força uma batalha diplomática ou uma competição em estratégia. O objetivo é antecipar-se ao movimento do adversário para combatê-lo de forma mais eficaz. O preço tende a variar no nível mais alto. Podem ser citados como exemplos de setores oligopolizados no Brasil o automobilístico e o de fumo.

CartelAssociação entre empresas do mesmo ramo

de produção com objetivo de dominar o mercado e disciplinar a concorrência. As partes entram em acordo sobre o preço, que é uniformizado geralmente em nível alto, e quotas de produção são fixadas para as empresas membro. No seu sentido pleno, os cartéis começaram na Alemanha no século XIX e tiveram seu apogeu no período entre as guerras mundiais. Os cartéis prejudicam a economia por impedir o acesso do consumidor à livre-concorrência e beneficiar empresas não-rentáveis. Tendem a durar pouco devido ao conflito de interesses.

HoldingForma de organização de empresas que

surge depois de os trustes serem postos na ilegalidade. Consiste no agrupamento de grandes sociedades anônimas. Sociedade anônima é uma designação dada às empresas que abrem seu capital e emitem ações que são negociadas em bolsa de valores. Neste caso, a maioria das ações de cada uma delas é controlada por uma única empresa, a holding. A ação das holdings no mercado é semelhante a dos trustes. Uma holding geralmente é formada para facilitar o controle das atividades em um setor. Se ela tiver empresas que atuem nos diversos setores de um mercado como o da produção

de eletrodomésticos, por exemplo, abocanha gordas fatias desse mercado e adquire condições de dominar seu funcionamento. A holding não produz, ela apenas administra, já que é a majoritária. A formação de holdings é considerada o estágio mais avançado do capitalismo

DumpingPrática comercial que consiste em vender

um produto ou serviço por um preço irreal para eliminar a concorrência e conquistar a clientela. Proibida por lei, pode ser aplicada tanto no mercado interno quanto no externo. No primeiro caso, o dumping concretiza-se quando um produto ou serviço é vendido abaixo do seu preço de custo, contrariando em tese um dos princípios fundamentais do capitalismo, que é a busca do lucro. A única forma de obter lucro é cobrar preço acima do custo de produção. No mercado externo, pratica-se o dumping ao se vender um produto por preço inferior ao cobrado para os consumidores do país de origem. Os EUA acusam o Japão de praticar dumping no setor automobilístico.

TrusteReunião de empresas que perdem seu

poder individual e o submetem ao controle de um conselho de trustes. Surge uma nova empresa com poder maior de influência sobre o mercado. Geralmente tais organizações formam monopólios. Os trustes surgiram em 1882 nos EUA, e o temor de que adquirissem poder muito grande e impusessem monopólios muito extensos fez com que logo fossem adotadas leis antitrustes. Esse tipo de ação se configura com a imposição de certas posturas das grandes empresas sobre as concorrentes de menor expressão. As primeiras obrigam as segundas a adotarem políticas de preços semelhantes, caso contrário, podem baixar os preços além dos custos, por exemplo, e forçar uma quebra dos concorrentes. No Brasil, o controle antitruste é feito pela Lei nº 8.884/94.

ATIVIDADE

31) Dê um exemplo de prática de:a) Monopólio;b) Cartel;c) Dumping;d) Oligopólio;e) Holding;

32) Relacione a charge com a temática “estratégicas empresariais no mundo contemporâneo”.

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Terceiro trimestreCIDADANIA. O que

significa cidadania?Segundo o sociólogo Herbert

de Souza (Betinho), “cidadão é um indivíduo que tem consciência de seus direitos e deveres e participa ativamente de todas as questões da sociedade. Tudo o que acontece no mundo acontece comigo. Então eu preciso participar das decisões que interferem na minha vida. Um cidadão com um sentimento ético, forte e consciente da cidadania não deixa passar nada, não abre mão desse poder de participação (...). A idéia de cidadania ativa é ser alguém que cobra, propõe, pressiona o tempo todo. O cidadão precisa ter consciência de seu poder”.

A cidadania está diretamente vinculada aos direitos humanos, uma longa e penosa conquista da humanidade que teve seu reconhecimento formal com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 1948 pela Organização das Nações Unidas. - ONU.

É através do conceito de cidadania que se afirmam os direitos fundamentais da pessoa humana. Na época, marcada pela vitória das nações democráticas contra o nazismo durante a segunda guerra mundial (1939-1945) – ela abria a perspectiva de um novo mundo, em que haveria paz liberdade e prosperidade: uma esperança que acabou não se realizando.

Direitos humanos correspondem às necessidades fundamentais que deve ser assegurada a toda a pessoa humana. Trata-se daquelas necessidades que são iguais para todos os seres humanos e que devem ser atendidas para que a pessoa possa viver com a dignidade.

Por exemplo, a vida é um direito humano fundamental, porque sem ela a pessoa não existe. Então a preservação da vida é uma necessidade de todas as pessoas humanas.

Outras necessidades fundamentais: alimentação, trabalho, saúde, moradia, educação, segurança social, dentre outras que devem ser garantidas independentes das diferenças individuais, culturais dos seres humanos.

Esses direitos é que dão à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído das decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social. Assim pode-se dizer que todo brasileiro no exercício de sua cidadania tem o direito de influir nas decisões de governo.

A política de igualdade na sociedade contemporânea se expressa na busca da equidade. Esta deve: promover a igualdade entre os desiguais por meio da educação, saúde pública, da moradia do emprego, do meio ambiente saudável, e outros benefícios sociais.

Combater todas as formas de preconceito e discriminação, seja por motivo de raça, sexo, religião,

cultura, condição econômica, aparência ou condição física.

Ao mesmo tempo a política da igualdade deve proporcionar uma forma ética de lidar com as esferas pública (o Estado com seus poderes – legislativo executivo e judiciário - e outras instituições políticas) - e privada (atividades econômicas dos interesses particulares, das empresas, do mercado, da vida familiar e das relações sociais). A distinção entre público e privado é um dos valores mais importantes na democracia. Par preservá-lo os governantes devem tomar medidas de interesse geral que beneficiem a comunidade, além de ilegal é antiético e ilegítimo legislar em causa própria, praticar abuso de poder ou utilizar recursos públicos para favorecer interesses particulares.

Entre essas duas esferas estão a opinião pública e a sociedade civil, esta é formada pelas organizações privadas sem fins lucrativos que se estabelecem fora do mercado de trabalho e do governo (OAB- Ordem dos Advogados do Brasil, ABI – Associação Brasileira da Imprensa, CNBB – Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil, ONGs – Organizações Não-Governamentais, UNE – União nacional de estudantes, etc.). As ONGs (Organizações Não Governamentais) - mobilizam e estimulam comportamentos solidários, dedicando-se as questões da ecologia, paz, alfabetização, entre outras.

ATIVIDADE

33) Explique, com suas palavras, o que é cidadania.

34) Qual a importância da cidadania?

O papel da justiça, do Direito e do Estado em Durkheim,

Weber e MarxDurkheimOs tipos de normas do direito

indicam, para Durkheim, o tipo de solidariedade que predomina em uma sociedade.

Direito Repressivo: A preocupação principal desse tipo de direito é punir aquele que não cumpre determinada norma social através da imposição de dor, humilhação ou privação de liberdade. O ponto é que o criminoso agride uma regra social importante para a coletividade e, portanto, merece um castigo de intensidade equivalente a seu erro. Assim, quanto mais o direito tende a essa forma repressiva (direito penal), mais forte e abrangente é a consciência coletiva em uma sociedade. É assim porque todo erro que é punido repressivamente representa uma agressão contra a sociedade como um todo e não contra uma parte dela apenas.

Direito Restitutivo: A preocupação principal nesse tipo de direito é fazer com que as situações

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perturbadas sejam restabelecidas e retornem a seu estado original. Ao infrator cabe, simplesmente, reparar o dano causado. Isso acontece porque o dano causado não afeta a sociedade como um todo, mas apenas uma função específica desempenhada nela. Quanto maior é a participação do direito restitutivo em uma sociedade, menor é a força e a abrangência da consciência coletiva, maior é a diferenciação individual.

Portanto, ao identificar o tipo de direito que predomina em uma sociedade, estamos identificando o tipo de solidariedade existente. Se predomina o direito repressivo, uma maior quantidade de normas é mantida pela consciência coletiva (solidariedade mecânica). Se predomina o direito restitutivo uma menor quantidade de normas diz respeito à sociedade como um todo (solidariedade orgânica).

WeberPara Weber, ao criar um ordenamento

jurídico de conteúdo normativo por meio do aparelho burocrático do Estado, o Direito organiza a Dominação Racional-Legal. Dessa forma, o aparelho jurídico normatiza a sociedade moderna e assegura certa previsibilidade às relações sociais.

Marx:Ao analisar o papel da Justiça, do Direito e

do Estado na sociedade capitalista, Marx afirma que o aparelho jurídico do Estado, nesse tipo de sociedade, tem como objetivos:

a) Organizar e justificar a dominação da burguesia sobre o proletariado;

b) Favorecer os negócios da classe dominante.

Dessa forma, para Marx, não existe Estado representativo do conjunto da sociedade. Seu papel é o representante dos interesses da burguesia.

ATIVIDADE

35) Quais ou qual das teorias apresentam maior colaboração para a compreensão do papel da justiça, do direito e do Estado nos dias atuais? Justifique.

A Lógica da Ação Coletiva, de Mancur Olson

Mancur Olson apresenta uma grande contribuição para entendermos

a "cooperação" social, ou, como chamou, a Ação Coletiva. A grande contribuição da teoria é que, por meios lógicos, ela consegue contradizer o senso comum de que indívíduos em grupo farão o máximo para alcançar os objetivos do grupo quando estes refletem seus objetivos e interesses individuais. Olson demonstra que isso não é suficiente para que os indivíduos se esforcem ao

máximo no provimento de benefícios coletivos e aponta algumas explicações.

Um dos motivos pelos quais os grupos

tendem a resultados insatisfatórios é que os benefícios gerados são "benefícios coletivos", isto é, que uma vez gerados pelo grupo podem ser usufruídos por todos os participantes, independente de terem contribuído ou não para gerá-los. Podemos pensar, por exemplo, no caso dos Sindicatos ou de um movimento de servidores públicos por aumento de salário. Os benefícios gerados por essas organizações ou movimentos podem ser usufruídos por todos os membros, mesmo sem que tenham contribuído. Quer dizer, todos têm interesses nos benefícios, mas nenhum interesse em arcar com os custos. Os benefícios somente serão gerados se houver algum tipo de coerção para que os membros participem, ou caso haja algum membro do grupo disposto a arcar com todos os custos porque mesmo assim lhe será vantajoso.

Outra questão importante diz respeito ao tamanho do grupo. Quanto maior o grupo, maior a chance de que benefícios não sejam providos. Isso ocorre porque tende a não haver nenhum participante disposto a arcar com todos os custos de provimento (já que os benefícios serão divididos entre mais membros). Além disso, em grupos maiores os participantes acreditam que sua contribuição individual não terá grande importância para a geração do benefício coletivo, de maneira que preferem esperar que os outros gerem os benefícios. Quando todos pensa assim, o resultado é desastroso.

Embora Olson não use esse termo no livro, ele descreve o comportamento dos 'caronas', aqueles indivíduos que esperam que os demais gerem os benefícios coletivos para então usufruí-los. Enfim, em grupos maiores a solução parece estar na criação de benefícios seletivos (positivos ou negativos) que ajudem os participantes a tomar a decisão de cooperar e contribuir para o benefício coletivo. Em grupos menores, onde os membros tem contato face-a-face e, portanto, podem exercer um controle mútuo, há maiores chances de que os benefícios coletivos sejam alcançados.

O fato de basear-se exclusivamente em pressupostos econômicos (o indivíduo visto como homo economicus, a racionalidade ilimitada dos agentes e a inexistência de fatores sociais) dá poder de explicação à teoria. Porém, esses mesmos pressupostos tornam possível questionar sua validade, afinal nem sempre os indivíduos agem por motivações exclusivamente econômicas. Os grupos oferecem status, recompensas não-financeiras e a assimetria de informações (decorrente da racionalidade limitada) é um fator que influencia as decisões dos agentes. Quer dizer, ninguém vive em um vácuo, mas somos seres sociais influenciados e sujeitos às pressões sociais.

De qualquer maneira, sua contribuição é de grande importância para a compreensão de nossa realidade social. Certamente tem grande utilidade para entender o comportamento dos indivíduos em grupos, organizações, associações e redes de empresas.

OLSON, Mancur. A Lógica da Lógica Coletiva.

São Paulo: Edusp, 1999.

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ATIVIDADE

36) Leia atentamente o

texto “A lógica da Ação Coletiva de Mancur Olson” e responda:

a) No que se difere a teoria de Olson no que se refere ao motivo que leva os indivíduos a participarem de movimentos sociais?

b) Por que algumas pessoas, mesmo podendo ser beneficiadas, podem não ter interesse em participar da ação coletiva?

c) Qual tipo de grupo (Grande ou pequeno) tende a despender maiores esforços na ação coletiva? Por quê?

Democracia Participativa: uma nova forma de entendermos a democracia

O objetivo desse artigo é contribuir para a compreensão da necessária participação da sociedade no poder, mostrando que a aproximação entre representantes e representados é o resultado de uma combinação de dois fatores: a crise da democracia representativa e a inaplicabilidade da democracia direta. Serão apresentadas a seguir algumas definições conceituais.

A democracia diretaQuando pensamos na origem da democracia

nos reportamos à experiência vivida na Grécia clássica. Atenas é considerada por muitos o berço da democracia. É a partir desse momento que passamos a entender a gestão dos negócios públicos como o resultado do desejo de uma maioria. Não existia, nesse modelo, a figura dos representantes e, conseqüentemente, eleições. O complexo governo de Atenas pode ser resumido da seguinte maneira: uma assembléia a que todos aqueles que eram considerados cidadãos podiam participar, e lá eram tomadas as principais decisões públicas. Atualmente, a impossibilidade de implementação de um sistema como esse é explicada, principalmente, por três razões: o enorme contingente de cidadãos existente em um país, a extensão dos territórios nacionais e, conseqüentemente, o tempo que seria gasto para que decidíssemos algo.

A democracia representativaA democracia representativa não pode ser

entendida como uma resposta histórica às impossibilidades geradas pela democracia direta. Isso porque a trajetória do conceito de democracia não é linear. No século XV, na Suécia, foi criado um parlamento que dava a representantes do povo, da burguesia, do clero e da nobreza voz num parlamento. Já no século XVII, funcionando como

sistema de pesos e contrapesos - com o intuito de limitar o poder absolutista -, a Europa experimentou uma série de experiências de separação dos poderes. Ocupando lugar nos parlamentos, estavam cidadãos eleitos para representar determinadas parcelas da sociedade. É dessa escolha que nasce a idéia de democracia representativa.

O século XX e a crise da representaçãoIniciamos o século XX com a percepção de

que não bastava mais pensarmos em representação de determinadas classes no poder. A idéia de que deveria votar quem tinha algo a perder - sob o aspecto econômico - foi paulatinamente deixada de lado. Passava a vigorar o sentimento de que todos os cidadãos podem contribuir para a construção do poder, e isso significa dizer que nenhum adulto deve ser isentado do voto. Nasce a idéia do sufrágio universal. A mulher passa a fazer parte da política, assim como os cidadãos das classes mais pobres. Atravessamos grande parte do século XX sob a crença de que a forma representativa, desde que assegurada a liberdade de participação de todos os cidadãos, era "ideal" para contemplarmos amplamente o conceito de democracia.

Após quase cem anos, chegamos ao fim do século XX acreditando na existência de uma crise dessa forma representativa. Mas o que nos leva a esse tipo de percepção? Os representantes já não conseguem mais identificar e atender todas as demandas da sociedade. Primeiro porque a globalização e a economia mundial enfraqueceram o poder dos Estados. Segundo porque a sociedade tem se organizado melhor em torno de infinitas questões, e essas organizações têm cobrado de maneira mais efetiva os governos e seus representantes. As exigências vêm se tornando mais complexas, e parece clara a necessidade de interatividade entre o governo e a sociedade, ou seja, entre representantes e representados.

O papel das organizações no século XXIO conceito de democracia sofre então uma

nova guinada em sua dinâmica trajetória. O sistema representativo já não responde aos anseios da sociedade, e a democracia direta parece inviável. Como resultado, começa a se fortalecer o conceito de democracia participativa, com características semidireta, ou seja, não desconsidera os representantes, mas aproxima a sociedade da arena decisória. De acordo com alguns teóricos, a democracia participativa passa a configurar-se como um continuum entre a forma direta e a representativa.

Nesse sentido, a Organização das Nações Unidas (ONU) define em seu relatório sobre o Índice de Desenvolvimento Humano de 2000 uma nova forma de se entender a democracia. Já não nos basta votar em eleições livres, e nem tampouco garantir a existência de oposição, liberdade de imprensa etc. Essas exigências já fazem parte do conceito mais elementar de democracia. As nações modernas precisam incentivar a sociedade a organizar-se. O objetivo é fazer com que, juntos, os cidadãos reivindiquem espaço e avancem em suas conquistas. Ao Estado cabe oferecer ferramentas que catalizem essas demandas, afastando-se da clássica visão horizontal de poder.

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A participação institucionalizada no Brasil

A promulgação da Constituição de 1988 iniciou a retomada do conceito de cidadania no país. Durante a elaboração da Carta Constitucional, a sociedade buscou participação na construção do texto oficial. Reconhecendo a importância dessa contribuição, foram criados três mecanismos que aproximaram a constituinte da sociedade. O primeiro deles foi um banco de dados disponibilizado pelo Senado. O Sistema de Apoio Informático à Constituinte (SAIC) coletou, por meio do preenchimento de um formulário distribuído por todo o país, 72.719 sugestões. Além disso, a sociedade foi chamada para comparecer a reuniões de subcomissões temáticas. Foram cerca de 400 encontros, de onde emergiram mais de 2.400 sugestões.

Após a elaboração do anteprojeto, uma terceira e última possibilidade foi ofertada. De acordo com o artigo 24 do Regimento Interno da Constituinte, entidades associativas, legalmente constituídas, teriam um prazo de pouco mais de um mês para coletar 30.000 assinaturas e apresentar emendas a esse anteprojeto. A responsabilidade por tais sugestões deveria ser encabeçada por três entidades. Durante o curto período de tempo que tiveram, foram colhidas mais de 12 milhões de assinaturas, e encaminhadas 122 emendas populares. Dessas, 83 atenderam às exigências regimentais e foram defendidas por interlocutores no Congresso.

O processo constituinte foi um claro exemplo do poder de mobilização da sociedade em torno de questões de interesse coletivo. A coleta de 12 milhões de assinaturas, as 2.400 sugestões e o envio de quase 73 mil formulários ao SAIC transpareceram a esperança de que, após o regime militar, estávamos dispostos a participar ativamente das decisões políticas do país.

A Constituição, no entanto, não respondeu a contento a essa demanda. O voto foi garantido a todos os cidadãos. Uma participação que fosse além desse instrumento pontual, no entanto, não foi contemplada. O referendo não foi utilizado ao longo dos anos que nos separam da promulgação da Constituição. O plebiscito foi usado, nacionalmente, apenas uma vez - quando decidimos manter nossa república presidencialista. Por fim, as leis de iniciativa popular passaram a exigir um esforço descomunal da sociedade. Para apresentar uma lei à Câmara dos Deputados são necessárias mais de um milhão e cem mil assinaturas, o que corresponde a 1% de nosso eleitorado. Um único projeto venceu essa barreira. Sua aprovação ocorreu em 1997, transformando-se na lei 9.840/97 que trata da corrupção eleitoral. A sociedade, após a marcante participação no processo constituinte, teve seus impulsos arrefecidos.

As modernas formas de participaçãoA despeito dos tradicionais canais de

participação - garantidos em quase todas as constituições democráticas do mundo - o país não assistiu a utilização em escala razoável de tais instrumentos. Medidas inovadoras, no entanto, surgiram e tornaram-se exemplos emblemáticos do compromisso de políticos com a transparência e com a aproximação entre representantes e representados.

O Brasil tornou-se um exemplo mundial no desenvolvimento de ferramentas alternativas de participação. Em 1989, destaca a ONU, o Orçamento Participativo de Porto Alegre tornou-se um símbolo do controle social sobre a aplicação das verbas destinadas aos investimentos. A medida espalhou-se pelo país, e hoje centenas de governos - estaduais e municipais - implementaram tais ferramentas.

Em inúmeras localidades também foram testadas, com sucesso, experiências de Gestão Participativa. Além de discutir os investimentos, a sociedade passou a participar de reuniões que visavam democratizar o gerenciamento de alguns serviços. Além dessa ferramenta, milhares de Conselhos Gestores de Políticas Públicas surgiram para discutir temas pontuais, dando aos governos diretrizes e idéias a respeito de serviços pontuais.

Por fim, surgiram as Comissões de Legislação Participativa, uma iniciativa inaugurada pela Câmara dos Deputados que, rapidamente, espalhou-se por dezenas de estados e municípios. A idéia consiste em viabilizar a participação da sociedade nos trabalhos legislativos. A comissão recebe idéias enviadas por organizações da sociedade, sem a necessidade de coleta de assinaturas, e as aprecia. Aprovadas nas reuniões internas, as proposições passam a tramitar normalmente, como uma proposta parlamentar comum.

Escolas de política e educação para a cidadania

O que essas experiências brasileiras apontam é que a implementação de tais ferramentas torna-se verdadeiras escolas de cidadania à população participante, e o interesse se eleva de acordo com o funcionamento do mecanismo. Em Porto Alegre, por exemplo, aumentou muito o número de participantes a medida em que a sociedade notou a eficácia do instrumento. A percepção de que a política transcende o voto é fundamental, sendo a deliberação e a participação indispensáveis ao atendimento das modernas concepções de democracia. Em outros casos, como, por exemplo, a Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, o interesse ainda é pequeno, o que gera algumas distorções.

A despeito dos ensinamentos que tais ferramentas oferecem aos cidadãos, temos um grande contingente que não reconhece a importância de tais mecanismos e, consequentemente, não procura participar. Nesse caso, é necessário pensarmos em um rigoroso programa de educação política. A sociedade não pode descobrir a importância da participação apenas na prática, pois muitos não têm a oportunidade, ou o interesse, de atuar. O papel do cidadão precisa ser revelado na escola, como forma de legitimar ainda mais as ferramentas participativas e a democracia como um todo. Algumas iniciativas educacionais são emblemáticas, mas alcançar o país como um todo exige um esforço ainda maior, exige um compromisso governamental.

Humberto Dantas, doutorando em Ciência Política pela USP.

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Atividades37) Diferencie

democracia direta de democracia participativa.

38) Em sua opinião qual tipo de democracia seria ideal para ser aplicada em Piúma? Por quê?

Sistemas Econômicos

As características do sistema capitalista Este sistema caracteriza em linhas gerais: • pela propriedade privada ou particular dos meios de produção;

• pelo trabalho assalariado; • pelo predomínio da livre iniciativa

sobre a planificação estatal.A interferência do Estado nos negócios é

pequena. Diante do que foi exposto, percebe-se que a sociedade capitalista divide-se em duas classes sociais: a que possui os meios de produção, denominada burguesia; a que possui apenas a sua força de trabalho, denominada proletariado.

SocialismoA preocupação com as injustiças sociais já

existia desde a Antiguidade Desde a Antigüidade algumas pessoas,

preocupadas com a vida em sociedade, pensavam em modificar a organização social e assim melhorar as relações entre os homens. Na Idade Moderna também houve essa preocupação. Um inglês de nome Thomas More escreveu um livro chamado Utopia, onde mostrou como imaginava a sociedade de uma forma menos injusta.

Entretanto, com as grandes desigualdades sociais criadas pela Revolução Industrial, as idéias de reformar a sociedade ganharam mais força. Foi assim que surgiram pensadores como Saint-Simon, Karl Marx, Friedrich Engels e outros. Estes pensadores ficaram conhecidos como socialistas.

Essas idéias socialistas espalharam-se pela Europa e depois por todo mundo; e não ficaram somente na teoria. é o caso da Revolução Socialista de 1917, na Rússia, onde a população colocou em prática as idéias socialistas.

As características do socialismo e a sua propagação pelo mundo

Até 1917 a Rússia era um país feudal e capitalista. O povo não participava da vida política e vivia em condições miseráveis. Esta situação fez com que a população, apoiada nas idéias socialistas, principalmente nas de Marx, derrubasse o governo do czar Nicolau II e organizasse uma nova sociedade oposta à capitalista – a socialista. A Rússia foi o primeiro país a se tornar socialista e, posteriormente, passou a se chamar União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

Em linhas gerais, podemos caracterizar o socialismo como um sistema onde:

• não existe propriedade privada ou particular dos meios de produção;

• a economia é controlada pelo Estado com o objetivo de promover uma distribuição justa da riqueza entre todas as pessoas da sociedade;

• o trabalho é pago segundo a quantidade e qualidade do mesmo.

Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), outros países se tornaram socialistas, como, por exemplo. A Iugoslávia, a Polônia, a China, o Vietnã, a Coréia do Norte e Cuba. Entretanto, este novo sistema colocado em prática nesses países, principalmente na União Soviética, apresenta vários problemas:

• falta de participação do povo nas decisões governamentais;

• falta de liberdade de pensamento e expressão;

• formação de um grupo político altamente privilegiado.

A teoria econômica elaborada por Karl Marx, Friedrich Engels e outros pensadores foi interpretada de várias formas, dando origem a diferenças entre os socialismos implantados.

Fonte:http://www.algosobre.com.br/geografia/capitalismo-x-socialismo.html

Atividades

39) Você possui uma preferência por algum dos dois sistemas econômicos? Qual o motivo?

hegemoniaHegemonia vem do grego

hegemon, que significa líder.Em primeira instância,

hegemonia significa simplesmente liderança, derivada diretamente de seu

sentido etimológico. O termo ganhou um segundo significado, mais preciso, desenvolvido por Gramsci para designar um tipo particular de dominação. Nessa acepção hegemonia é dominação consentida, especialmente de uma classe social ou nação sobre seus pares. Na sociedade capitalista, a burguesia detém a hegemonia mediante a produção de uma ideologia que apresenta a ordem social vigente, e sua forma de governo em particular, a democracia, como se não perfeita, a melhor organização social possível. Quanto mais difundida a ideologia, tanto mais sólida a hegemonia e tanto menos necessidade do uso de violência explícita.

ReferênciasGramsci, Antonio (1926-37) Cadernos da prisão Stillo, Monica (1998) Antonio Gramsci webpage

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Hegemonia cultural e a mídia

A notável contribuição de Gramsci sobre o embate pela hegemonia no seio da sociedade civil permite-nos meditar sobre o desempenho dos meios de comunicação. Devemos analisá-los não apenas como suportes ideológicos dos sistemas hegemônicos de pensamento, mas também como lugares de produção de estratégias que objetivam reformular o processo social. Sem deixar de reconhecer a existência de um sistemático discurso dominante nas mídias, temos que considerar que debates, polêmicas e contra-discursos se manifestam nos conteúdos informativos, ainda que numa intensidade menor do que a desejada, mas em proporção bem maior do que a de décadas atrás.

Os aparatos midiáticos não operam full time (tempo integral) para mascarar fatos ou distorcê-los. Seria menosprezar a percepção da audiência e desconhecer as exigências da febril concorrência no mercado da comunicação.

É evidente que nem tudo o que se divulga está contaminado pela malha ideológica rígida a ponto de fraudar a vida — afinal complexa e diversificada. Na era da informação abundante e em tempo real, os paradigmas se atualizam e as modalidades de relação com o público se refinam. O reprocessamento ideológico se sofistica, substituindo formas disciplinas clássicas por um marketing mais macio, sedutor e fascinante, atraindo os cidadãos-consumidores, por exemplo, com apelos à interatividade.

Atividades

40) Relacione a charge ao texto “Hegemonia Cultural e a Mídia”.

41) Cite três exemplos de propagandas, filmes, desenhos ou novelas que estão repletos de ideologias elitistas. De que forma elas se manifestam nesses exemplos?

42) Em uma “novela global” é comum observarmos ideologias elitistas, mas também debates, polêmicas e contra-discursos se manifestam nos conteúdos informativos, ainda que numa intensidade menor do que a desejada. Dê três exemplos ainda não citado pelo professor.

Como podemos definir o conceito de Religião?

Ao longo de milhares de anos, a religião tem evidenciado um importante papel na vivência dos seres humanos.

Apesar da universalidade que caracteriza o fenômeno religioso, de uma forma ou outra, a religião marca presença em todas as sociedades humanas, influenciando a forma como vemos e reagimos ao meio que nos rodeia.

Não existe uma definição de religião genericamente aceite, a sua concepção varia naturalmente de sociedade para sociedade, cultura para cultura.

Não obstante a isto, poder-se-á enumerar algumas das principais características "comuns" ou "partilhadas" entre todas as religiões.

Tradicionalmente, as diferentes religiões evidenciam um sistema de crenças no sobrenatural, envolvendo majoritariamente Deuses ou divindades. Implicam igualmente um conjunto de símbolos; sentimentos e práticas religiosas. Paralelamente, a religião apresenta-se como um fenômeno social e não apenas individual. O referido atributo de fenômeno social atribuído à religião perpetua-se através das cerimônias habituais, que decorrem predominantemente em locais de culto indicados para tal: igrejas, templos ou santuários.

Resumidamente, apresentam-se os principais indicadores comuns às várias religiões, que contribuem para uma melhor compreensão do fenômeno religioso:

• A tendência para a sacralização de determinados locais;

• A forte interação com o divino;• A exposição de grandes narrativas

que explicam, legitimam e fundamentam o começo do mundo e sua existência.

Weber e a ReligiãoWeber concentrou a sua

atenção nas religiões ditas mundiais, aquelas que atraíram um grande número de crentes e que afetaram, em

grande medida, o curso global da história. Teve em atenção a relação entre a religião e as mudanças sociais, acreditava que os movimentos inspirados na religião podiam produzir grandes transformações sociais, dando o exemplo do Protestantismo.

Para Weber, as concepções religiosas eram cruciais e originárias das sociedades humanas, pois o homem, como tal, sempre esteve à procura de

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sentido e de significado para a sua existência; não simplesmente de ajustamento emocional, mas de segurança cognitiva ao enfrentar problemas de sofrimento e morte. Procura-se na religião signos de transcendência e de esperança. Assim, Weber estava preocupado em destacar a integração racional dos sistemas religiosos mundiais e não apenas o calvinista (objeto especial dos seus estudos), como resposta aos problemas básicos da condição humana: “contingência, impotência e escassez”.

Weber mostra que as religiões, ao criar respostas a tais problemas – respostas que se tornam parte da cultura estabelecida e das estruturas institucionais de uma sociedade –, influem de maneira mais íntima nas atitudes práticas dos homens com relação às várias atividades da vida diária. Com isto, Weber considerava que, ao problema humano do sentido e significação existencial, a religião, de maneira eficaz, oferecia uma resposta final. Por conseguinte, como já afirmamos, ela torna-se, pela forma institucional que assume, um fator causal na determinação da ação. No caso específico do protestantismo, a sua força é vista como indispensável (mas não a única) para o surgimento do fenômeno da modernidade ocidental, com seus valores inerentes de individualismo, liberdade, democracia, progresso, entre outros.

Portanto, segundo a teoria de Weber, religião é uma das fontes causadoras de mudanças sociais. Para ele, o processo de racionalização religiosa ou de “desencantamento do mundo” culminou no calvinismo do século XVII e em muitos outros movimentos, chamados por ele de “seitas”. Desse momento em diante, procurou-se assegurar a salvação (temporal e eterna) não por meio de ritos, ou por uma fuga mística do mundo ou por uma ascética transcendente, mas acreditando-se no mundo pelo trabalho, pela profissão, pela inserção.

Portanto, segundo Weber, o capitalismo é definido pela existência de empresas cujo objetivo é produzir o maior lucro possível e cujo meio é a organização racional do trabalho e da produção. É a união do desejo de lucro e da disciplina racional que constitui historicamente o traço singular do capitalismo ocidental. Weber quis demonstrar que a conduta dos homens nas diversas sociedades só pode ser compreendida dentro do quadro da concepção geral que esses homens têm da existência. Os dogmas religiosos e sua interpretação são partes integrantes dessa visão do mundo; é preciso entendê-los para compreender a conduta dos indivíduos e dos grupos, nomeadamente o seu comportamento econômico. Por outro lado, Weber quis provar que as concepções religiosas são, efetivamente, um determinante da conduta econômica e, em consequência, uma das causas das transformações econômicas das sociedades. Dessa forma, o capitalismo estaria motivado e animado por uma visão de mundo específica de um tipo de protestantismo que na sua ação social favoreceu a formação do regime capitalista.

Fonte: http://sociologiareligiao.blogspot.com/

A perspectiva de Durkheim

Durkheim é um autor que estudou a religião em sociedades pequenas, considerando a religião

como uma “coisa social”.Para o autor, na questão religiosa há uma

preocupação básica que é a diferença entre sagrado e profano. Durkheim é bem explícito ao afirmar que: “o sagrado e o profano foram sempre e por toda a parte concebidos pelo espírito humano como gêneros separados, como dois mundos entre os quais nada há em comum (…) uma vez que a noção de sagrado é no pensamento dos homens, sempre e por toda a parte separada da noção do profano (…) mas o aspecto característico do fenômeno religioso é o fato de que ele pressupõe uma divisão e bipartida do universo conhecido e conhecível em dois gêneros que compreendem tudo o que existe, mas que se excluem radicalmente. As coisas sagradas são aquelas que os interditos protegem e isolam; as coisas profanas, aquelas às quais esses interditos se aplicam e que devem permanecer à distancia das primeiras.” Ou seja, para Durkheim, há uma natural superioridade do sagrado em relação ao profano.

É possível constatar que a participação na ordem sagrada, como o caso dos rituais ou cerimônias, dão um prestígio social especial, ilustrando uma das funções sociais da religião, que pode ser definida como um sistema unificado de crenças e de práticas relativas às coisas sagradas. Estas unificam o povo numa comunidade moral (igreja), um compartilhar coletivo de crenças, que por sua vez, é essencial ao desenvolvimento da religião. Dessa forma, o ritual pode ser considerado um mecanismo para reforçar a integração social. Durkheim conclui que a função substancial da religião é a criação, o reforço e manutenção da solidariedade social. Enquanto persistir a sociedade, persistirá a religião (Timasheff, 1971).

Fonte: http://sociologiareligiao.blogspot.com/

Atividades

43) Quais as principais colaborações de Weber e Durkheim para a compreensão da religião enquanto fenômeno social?

Símbolos Religiosos: um olhar sociológicoIndependentemente do tipo

de comunicação, os símbolos têm outras modalidades de influência sobre a vida social, principalmente porque servem para concretizar, tornar visuais e palpáveis realidades abstratas, mentais ou morais, da sociedade.

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O simbolismo religioso tem como fim ligar o homem a uma ordem supranatural ou sobrenatural. Mas pode sustentar-se que o simbolismo religioso não deixa de ser profundamente social. O simbolismo religioso alimenta-se do contexto social, que exprime realidades sociais, que tem alcance e consequências sociais. Assim, serve para distinguir os fiéis dos não-fiéis, o clero dos fiéis, os lugares sagrados dos lugares profanos, os objetos puros dos impuros, etc. Configura desse modo a própria textura da sociedade, para construir hierarquias. Seja pelo vestuário, por ritos, sacramentos, sinais invisíveis, a religião é rica em símbolos que dividem para melhor reunir.

A própria vida religiosa é quase, universalmente, uma prática social, em que a solidariedade mística tem um papel central, detendo grande diversidade de símbolos para se exteriorizar e desenvolver. Por exemplo, a constituição de comunidades humanas geograficamente identificáveis que são ao mesmo tempo comunidades espirituais; as cerimônias que apelam à participação dos assistentes, como as oferendas, comunhões físicas; outras cerimônias como os ritos de iniciação, as cerimônias do casamento, os ritos fúnebres, etc.

Se a religião é dotada de símbolos diversos, é porque faz referência a um universo invisível, inacessível diretamente, devendo, portanto, seguir a vida simbólica para manterem o homem em contacto com esse universo. Ora, a sociedade apresenta as mesmas características: transcende cada pessoa, requer a solidariedade de comunidades vastas, complexas ou mesmo dificilmente perceptíveis, obriga a relação entre grupos, coletividades e massas, etc.

A sociedade e a sua complexa organização, não poderiam existir e perpetuar-se, tal como a religião, sem o contributo multiforme do simbolismo, tanto pela participação ou identificação que ele favorece como pela comunicação de que é instrumento.

Pode-se dizer, então, que os símbolos servem para ligar os atores sociais entre si, por intermédio dos diversos meios de comunicação que põem ao seu serviço; servem igualmente para ligar os modelos aos valores, de que dão à expressão mais concreta e mais diretamente observável; por último, os símbolos recriam incessantemente a participação e a identificação das pessoas e dos grupos às coletividades e estabelecem constantemente as solidariedades necessárias à vida social.

Por intermédio dos símbolos, o universo ideal de valores passa para a realidade, torna-se, simultaneamente, visibilidade e crença social.

Atividades

44) Escolha uma religião e pesquise quais seus símbolos sagrados e suas representações simbólicas.

45) Quais os símbolos existentes em sua religião? O que eles representam para o seu grupo religioso?

46) Explique a charge a partir do visão sociológica em torno do simbolismo.

47) Você reconhece algum dos símbolos abaixo? Qual (is)? O que representa(m) para seus seguidores?

48) Pesquise na Internet os significados da Cruz para diversos povos ao longo da história.

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Orientações Gerais aos alunos Os trabalhos deverão ser entregues no horário previamente marcado. Em caso de atraso, serão

decrescidos cerca de 20% do valor total por dia de atraso;

Os trabalhos deverão está de acordo com as exigências de padronização pré-estabelecido pelo professor. Caso isso não ocorra o trabalho terá seu valor decrescido de acordo com as suas variações do formato previamente determinado;

Em caso de atraso de chegada em sala de aula, o aluno deverá pedir permissão ao coordenador e ao professor para entrar em sala. Atrasos frequentes não serão tolerados (exceto por força maior);

Para computar pontos no caderno o aluno deverá receber o visto do professor em tempo previsto. Atividade sem visto não será computada na nota do caderno;

Toda a atividade de sala deverá ser realizada dentro do tempo previsto pelo professor;

As atividades de sala de aula ou de casa deverão ser realizadas individualmente;

Caso o aluno empreste o caderno para que o colega copie as resposta, os dois não receberão visto; No caso da cola ocorrer sem a permissão do dono do caderno, o aluno “colador” não terá o visto na atividade.

Em caso de ausência do aluno na aula este deverá, na aula seguinte, apresentar a tarefa efetivada da aula perdida;

A nota trimestral estará assim distribuída (Ensino Regular):

o Primeiro trimestre: 06 pontos no caderno; 14 pontos em trabalhos extra-classe em grupo ou individual (o número máximo

será previamente estabelecido); 10 pontos em prova escrita;

• Total: 30 pontos

o Segundo trimestre: 06 pontos no caderno; 14 pontos em trabalhos extra-classe em grupo ou individual (o número máximo

será previamente estabelecido); 10 pontos em prova escrita;

• Total: 30 pontos

o Terceiro trimestre: 10 pontos no caderno; 15 pontos em trabalhos extra-classe em grupo ou individual (o número máximo

será previamente estabelecido); 15 pontos em prova escrita;

• Total: 40 pontos

Os alunos poderão sugerir outra opção de trabalho a ser realizado (no lugar do pré-estabelecido). Este será analisado pelo professor. Caso atenda os objetivos traçados, este poderá ser permitido no lugar do trabalho pedido inicialmente.

Apostila organizada pelo profº Cristiano BodartVisite o blog de Sociologia

http://cafecomsociologia.blogspot.com/Nele você encontrará parte do material utilizado em sala de aula

(que não consta na apostila).