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Tradição Diânica por Gabriela Valiana PRIMEIRA PARTE Versão: 09/03/2010

Apostila Dianismo Feminista.9.3.2010-3

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TradiçãoDiânica

porGabrielaValiana

PRIMEIRAPARTE

Versão:09/03/2010

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Aviso:Essaapostilafoifeitaparaorientarmulheresfalantesdalínguaportuguesa que queiram aprender um pouco mais sobre a TradiçãoDiânica, uma das várias formas de espiritualidade feminina. Ela sebaseia em alguns textos básicos e ‐ de forma alguma ‐ esgota oconhecimento sobre o assunto ou está livre de futuras revisões. Essaapostila contem traduções e adaptações de textos básicos sobre aTradiçãoDiânicaenãotemfinslucrativos.

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PRIMEIRAPARTE:ÍNDICECAPÍTULOI:HistóriadaTradiçãoDiânicaealgunsesclarecimentossobreostermosutilizados. ....................................................................................................................4Definição ........................................................................................................................................................................4PorqueFeminista?....................................................................................................................................................6ATradiçãoDiânicaéumaformadeWicca? .................................................................................................7Umaúltimaobservação:ATradiçãoDiânicaMcFarland.........................................................................9Autorasdiânicas:..................................................................................................................................................... 10

CAPÍTULOII:Características,crençaseconceitosbásicos ..........................................12ATRADIÇÃODIÂNICAÉUMSISTEMARELIGIOSOHOLÍSTICOBASEADOEMUMACOSMOLOGIACENTRADANADEUSAENAPRIMAZIADAQUELAQUEÉTUDOECOMPLETAEMSIMESMA. ........................................................................................................................................................... 12ATRADIÇÃODIÂNICABUSCAINSPIRAÇÃONADEUSADIANA......................................................... 14ASPRÁTICASDIÂNICASSÃOINSPIRADASNACONSCIÊNCIADEQUEADEUSAFOICONHECIDAATRAVÉSDOSTEMPOSPORMUITOSNOMESEPORINÚMERASCULTURASEMTODOOMUNDO. ............................................................................................................................................. 15OSRITUAISDIÂNICOSCELEBRAMOCICLOMÍTICODADEUSANOSCICLOSSASONAISTERRESTRESDENASCIMENTO,MORTEEREGENERAÇÃO,ENAFORMACOMOESSESCICLOSREFLETEMOSCICLOSDAVIDADASPRÓPRIASMULHERES............................................. 16ATRADIÇÃODIÂNICAÉUMATRADIÇÃODERITUAISDEMISTÉRIOSDAMULHERQUECELEBRAOSEVENTOSDOSCICLOSDAVIDADASMULHERES. ....................................................... 22ATRADIÇÃODIÂNICAÉCELEBRADAPORCÍRCULOSRESERVADOSAPENASÀSMULHERES.......................................................................................................................................................................................... 24ATRADIÇÃODIÂNICAHONRAASVOZES,PENSAMENTOSEIDÉIASDENOSSASANCESTRAIS,PRECURSORASEDASMULHERESEMGERAL. ........................................................... 25ATRADIÇÃODIÂNICAACREDITANOPODERVINDODOÚTERO. ................................................... 29ATRADIÇÃODIÂNICADÁÊNFASEAOCORPODAMULHERCOMOMANIFESTAÇÃODADEUSA. ......................................................................................................................................................................... 30ORITUALEASPRÁTICASMÁGICASDIÂNICASHONRAMACRIATIVIDADE,AINTUIÇÃOEACAPACIDADEDEIMPROVISAÇÃODASMULHERES................................................................................ 30ASDIÂNICASRECONHECEMQUEAMAGIADASMULHERESÉUMAQUESTÃODECONFIANÇASAGRADAENTREASMULHERES.DESSAFORMA,ASDIÂNICASNÃOENSINAMOSMISTÉRIOSDAMULHERESUAMAGIAPARAHOMENS. .............................................................. 31ASEXUALIDADEÉSAGRADA.TODASASFORMASDEPRAZERSÃORITUAISDADEUSA. ... 31OLAZERÉSAGRADOEOHUMORÉUMAFORMADEPRÁTICAESPIRITUAL. ........................... 32ATRADIÇÃODIÂNICAÉUMATRADIÇÃODEPASSAGEMDECONHECIMENTO........................ 32ATRADIÇÃODIÂNICAADEREÀWICCAREDE. ....................................................................................... 32OPAPELDOCLEROEORGANIZAÇÃODEGROVES,COVENSECÍRCULOS: .................................. 36

ANEXOI–Modelode“Ficha”doSabbat ...................................................................40

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CAPÍTULOI:HistóriadaTradiçãoDiânicaealgunsesclarecimentossobreostermosutilizados.

DefiniçãoTradição Diânica ou Tradição Diânica Feminista são apenasalguns dos vários nomes dados à religião neopagã centrada nasmulheres,praticadaespecificamentepelasmulheresnascidasmulheres,que venera a natureza e os Mistérios da Mulher manifestados pelaDeusaemsuasinfinitasfaces.A Tradição Diânica Feminista1 éuma das várias formas deespiritualidade feminina e uma das várias tradições religiosasneopagãs.SuasbasesforamestabelecidaspelaautoraeativistapolíticaZsuzsanna Budapest, em 1971, com a criação do coven Susan B.Anthony No. 1. Ela também é chamada de Wicca Diânica, Bruxaria

1NaWiccaenoneopaganismoemgeral,onome“tradição”édadoaumaestruturasemelhanteaoquesechamacomumentedeordemreligiosa–umgruporeligiosocomliderança,organizaçãoepráticasprópriasque,muitasvezes,podetercentenasde membros. Cada tradição tem suas próprias regras, postulantes, iniciados esistemadeingresso.Aquelespagãos–agrandemaioria–quenãoestãovinculadosanenhumatradiçãosãomuitasvezesdenominados“praticantessolitários”.Outraspessoaspraticamsuareligiosidadeneopagãgruposmenores,quepodemserou não ligados a tradições. Esses grupos são denominados “groves”, “covens” e“círculos”,dependendodeseutamanhoesuasraízes.Nodianismofeminista,aplica‐seotermocovenparapequenosgrupos(emtornodetrêsadozemembros)egrovepara grandes grupos (que podem chegar a centenas de membros) . Os termos“círculo”e“círculodemulheres”são,porém,cadavezmaisutilizadosparadenotarainda maior informalidade e falta de hierarquia daquelas já típicas da TradiçãoDiânica.Comoveremoslogoemseguida,Z.Budapestusaoconceitode“tradição”deformamaisabrangentequeaqueleencontradonamaiorpartedoslivroswiccanos.

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Diânica, Bruxaria Feminista Diânica ou, simplesmente, TradiçãoDiânica.A maior contribuição de Zsuzsanna Budapest para a espiritualidadefeminina,porém, foio livroTheHolyBookofWomen’sMysteries (noprincípio chamado de The Feminist Book of Light and Shadows),escritoe auto‐publicadoemdois volumes, em 1973e 1974.O livro ébaseado na relação de Z. Budapest com sua mãe, sua infância eadolescêncianaHungria,emraízesepráticasfolclóricas, nabruxariatradicional de sua família, no feminismo de segunda geração (queencontrou como refugiada nos Estados Unidos) e no movimentoneopagão, particularmente aquele praticado por feministas comoShekhinahMoutainwater, autora do excelente Ariadne’s Thread. Naverdade, antes de Z. Budapest e ainda hoje, muitas mulheres vempraticandoaReligiãodaDeusasemlançarmãodotermo“diânica”.De qualquer forma, TheHoly Book – por ser uma versão impressa esistematizada da prática desses grupos ‐ foi uma grande inspiraçãoparamulheresqueprocuravamumaformadeespiritualidadeprópria‐umacontra‐partidareligiosaparaasegundageraçãodofeminismoquerevolucionava, naquele momento,o plano social e político noOcidente, mas ainda não tinha atingido o campo da reforma erevoluçãoreligiosa–“aalmadasmulheres”.AssimnasceuaTradiçãoDiânica.Hoje, mesmo mulheres que não estão diretamente ligadas à Z.Budapest, mas seguem seus princípios, também se auto‐denominamdiânicas,diânicasfeministasoubruxasdiânicasfeministas.SegundoZ.Budapest,aWiccaDianicaouaTradiçãoDianicanãoéumatradiçãobaseadaemumalinhageminiciática2. Defato, agrandemaioriadasdiânicashojeemdia,nãotêmumalinhageminiciáticadiretacomZ.Budapest(ouseja,nãoforaminiciadasporela,ouporpessoasiniciadaspor ela).Muitas praticam solitariamente, seja por circunstância, sejaporescolha.

2 Verifica‐se, portanto que o termo “Tradição Diânica” é mais abrangente que adefiniçãomais formal geralmente utilizada nos livros deWicca, que costumam adefinircomotradiçãoapenasaquelasqueadotamumsistemadelinhageminiciática.

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Outraspreferemnãoadotaressanomenclatura,afirmandoapenasquesãovinculadasà“espiritualidadefeminina”,ao“MovimentodaDeusa”ouao“sagradofeminino”.OutrasapenasseinspiraramnostrabalhosdeZ.Budapest e criaramsuaspróprias tradiçõesde culto ao sagradofeminino,comoéocasodeMirellaFaur, autoraromenaradicadanoBrasil.ComoaTradiçãoDiânicaé,essencialmente,umareligiãodeMistériosda Mulher, sua prática é reservada às mulheres. Não existemsacerdotesdiânicosfeministas.No entanto, uma sacerdotisa diânica feminista pode fazer parte deoutras tradições pagãs e neopagãs, mesmo mistas, ou celebrar erealizar rituais com homens, em pé de igualdade, quando váriastradiçõesseencontramparafestivais,conferências,retiros,workshopsouatémesmocomneopagãosemqueconfiaeama,comoparceiros,pais e filhos. Os rituais e experiências do dianismo feminista,particularmentedoscírculosdemulheres,são,noentanto,reservadosàsmulheres.A Tradição Diânica Feminista de Z. Budapest tem uma tradição"irmã", reservada aos homens. Essa tradição se chama Kouretes. Asdiânicasapóiamtradiçõesdemistériosmasculinosequalquerbuscadeespiritualidade que leve à libertação e à maior harmonia com anatureza.

PorqueFeminista?Como foi colocado anteriormente, o dianismo feminista éprofundamente inspirado no feminismo de segunda geração e nasceem razão deste3. De uma forma religiosa, inspirada na veneraçãodasantigas Deusas pagãs, o dianismo feminista busca o bem estar,3OlivroFeministSpirituality–theNextGeneration,editadoporChrisKlassen,discutecomoaterceirageraçãodofeminismoherdaeaprofundaasexperiênciasdaespiritualidadefeminina,particularmentenoâmbitodoMovimentodaDeusa.

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auto‐estima e empoderamento da mulher nas sociedades em que odivinofemininofoireduzidooucompletamentenegado.Oestudodofeminismo e das questões de gênero, assim como a prática dessesaprendizadosna busca de uma sociedade baseadana cooperação emoposição a uma sociedade baseada na dominação,são essenciais naformaçãodeumasacerdotisadaTradiçãoDiânica.Originalmente ‐ e ainda hoje ‐ muitas diânicas feministas,principalmente nos Estados Unidos, onde são a maioria, sedenominamsimplesmentecomo“diânicas”.Oadjetivo“feminista”,porém,foiacrescentadopormuitascomoformadeesclarecerquenãoseguiamotipodeneo‐paganismopropostopelosMcFarlands(verentradaabaixosobreaTradiçãoDiânicaMcFarland).Outrasdiânicas feministasusamo termo “diânica radical”, indicandoumadiânicaqueolhaparasuasorigenseasorigensdoscultosàDeusa,uma diânica literalmente “de raiz”, de origem, ou uma diânica cujosacerdócio passa pelo intenso ativismo político. O termo “radical”,porém, algumas vezes é também usado pelos detratores da tradição,comosinônimode“extremista”.

ATradiçãoDiânicaéumaformadeWicca?Essaéumaquestãobastantecontroversa,havendopessoasquedizemsimeoutrasquenão. Z.Budapest,muitasvezes,chamasuatradiçãodeWiccaDiânica.Porém,ela,comováriassacerdotisasdesuageração,usam a palavra “Wicca” como sinônimo ou eufemismo parabruxaria. Para Ruth Berrett, outra diânica histórica, a TradiçãoDiânicaéumatradiçãodaWicca.AquelesquedefendemqueaTradiçãoDiânicaéumaformadeWiccaapontamqueelatemascaracterísticasessenciaisdaWicca:crençaemdeidades pagãs, crença no aspecto imanente da divindade,comemoração dos ciclos da natureza e dos Oito Sabbats,comemoração das fases lunares, organização em groves, covens ou

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círculos, crença na magia e utilização de instrumentos rituais evocabuláriosemelhantesaosdaWicca.Aqueles que defendem que a Tradição Diânica não é uma forma deWicca,enfatizamcaracterísticasparticularesdodianismofeminista:aparticipação reservadaàsmulheres, a veneração reservadaàsDeusas,uma informalidademaiornos rituaise relações, relaçõeshierárquicasmenores,diferentesoucompletamenteausentes,utilizaçãodealgunsconceitoswiccanosdeformadiferente,grandeênfaseemmovimentossociais, particularmente o feminismo e o ambientalismo, adoção defontes literárias distintas da Wicca e mesmo veneração de algunsícones cristãos em razão de sua origem extremamente pagã (NossaSenhora de Guadalupe) ou em razão do poder feminino que elassimbolizam(JoanaD’ArceMariaMadalena).NaspalavrasdeZ.Budapest:“Será que um bando de mulheres católicas que se encontram paraveneraraVirgemouMariaMadalenapodemserchamadasdediânicas?Eu penso que sim. Essa é apenas uma forma astuta de infiltrar asreligiõespatriarcais.”4No entanto, é importante ressaltar que quase todas as Deusasveneradaspelasdiânicas feministas sãoDeusaspagãs,colocandoessareligiãodefinitivamentenacategoriadereligiãoneopagã.EssadiscussãotemmuitoavercomasorigenseahistóriadaTradiçãoDiânica.EmboraelatenhasidoinfluenciadapelaWicca,elacresceudeforma relativamente isolada nos anos 70 e 80, privilegiando umcontatocomomovimentofeministaemdetrimentodocontatocomoneopaganismo como um todo. Para Jade River, uma das principaiscausas que contribuíram para esse isolamento foi o fato de que a4http://forum.myspace.com/index.cfm?fuseaction=messageboard.viewThread&entryID=50275137&categoryID=0&IsSticky=0&groupID=106941770&Mytoken=A83A93AE‐4148‐49B3‐91DA03EB321F202B122374032Claroque,nessecontexto,BudapestestávendotantoMariaMadalenacomoaVirgemMariacomofacesdaDeusa.

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TradiçãoDiânica só venera o divino feminino, o que era condenadopela Wicca mais tradicional (River afirma que muitos wiccanostradicionais se recusavama celebrar rituais comdiânicas,mesmoemfestivais). Além disso, no início do movimento, era muito grande apresençadelésbicas,queeramdiscriminadaspelasociedadecomoumtodo,mesmonoâmbitodasoutrastradiçõesneopagãs.Segundo JadeRiver,amaiorparticipaçãodesacerdotisasdiânicasemfestivaisecelebraçõesmistassóvaiocorrerapartirdo finaldosanos80.Apesardessasdificuldadesiniciais,hojeemdia,aTradiçãoDiânicainteragecomasoutrastradiçõesemumclimadeharmoniaerespeitomútuo.Por entender que a Wicca tem uma história própria que nãonecessariamente se confunde com a Tradição Diânica, essa apostilautiliza o termo mais abrangente “Tradição Diânica”, mas existemautoras – inclusive Z. Budapest ‐ que utilizam o termo “WiccaDiânica”, entre outros. A religião não é institucionalizada e estásempre crescendo, expandindo e ganhando novas formas de sedenominareidentificar.

Umaúltimaobservação:ATradiçãoDiânicaMcFarlandOmovimento neo‐pagão é muito rico e diversificado. É importanterecordarqueexisteumatradiçãodaWiccachamadaTradiçãoDiânicaMcFarland,queinspirouváriastradiçõeswiccanas,inclusivenoBrasil.ApesardacoincidênciadeutilizaremomesmonomeescolhidoporZ.Budapest, essas tradições são mistas (participação de homens emulheres), cultuam a Deusa e o Deus ( geralmente com ênfase naDeusa) e não se confundem com a Tradição Diânica conformeformulada por Z. Budapest, embora, ocasionalmente, possam lançarmão de seus conceitos e idéias. A McFarland e suas correlatas nãoserãotratadasnessaapostila,havendomaterialabundantesobreessastradiçõesemportuguês.5

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Autorasdiânicas:Zsuzsanna Budapest, Ruth Barret, Jade River e Amber K são asprincipais autoras declaradamente diânicas. Além disso, autorascomoVickiNoble,ShekhinahMoutainwater,J.LynStudebaker,entremuitas outras, se alinham fortemente aos ideais diânicos. A autoraStarhawktambémfoiinfluenciadapelaTradiçãoDiânicaFeministadeZ.BudapestaocriaratradiçãoReclaiming.

Resumindo:• TradiçãoDiânica,TradiçãoDiânicaFeminista,WiccaDiânica,

Bruxaria Diânica ou Bruxaria Feminista Diânica – tradiçãofundadaporZ.Budapest e seucovenSusanB.Anthony# 1noiníciodosanos70.ParaserpartedaTradiçãoDiânicabastasermulher,venerarosciclosdanatureza,osmistériosfemininoseaDeusaemsuasnumerosasfaces,inspiradasnosensinamentosdeZ. Budapest e outras fontes diânicas. Não é uma tradiçãobaseada na linhagem iniciática, isto é, não é necessáriainiciação feitaporZ.Budapestoualgumamulher iniciadaporelaparafazerpartedaTradiçãoDiânica. Mulheresquepertencem à Tradição Diânica costumam se chamar diânicas,diânicasfeministas,diânicasradicais,bruxasdiânicas,etc.Trata‐sedeumatradiçãolivreeinformal,quecresceesediversificaacadadia.

• McFarland Dianic Tradition (anteriormente conhecidacomo Old Dianic) e outras tradições inspiradas nesta:Tradiçõeswiccanasmistas(participaçãodehomensemulheres)sem relação com a Tradição Diânica de Z. Budapest, emborapossamlançarmãodeseusconceitos(muitasvezesbaseadosemStarhawk, que adotou algumas idéias diânicas em seu famosolivro A Dança Cósmica das Feiticeiras ). Veneram o Deus e aDeusa. Uma grande parte delas – particularmente as duasmaiorestradiçõesbrasileiras–sãotradiçõesdelinhagem.

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CAPÍTULOII:Características,crençaseconceitosbásicos6

ATRADIÇÃODIÂNICAÉUMSISTEMARELIGIOSOHOLÍSTICOBASEADOEMUMACOSMOLOGIACENTRADANADEUSAENAPRIMAZIADAQUELAQUEÉTUDOECOMPLETAEMSIMESMA."Háapenasdoistiposdepessoasnomundo:asmãesesuascrianças."

(ZBudapest)ADeusaéavida‐avidaemtodaaexistência.ADeusadá,sustenta,interrompe e transforma a vida, gerando mais vida. A Deusa dasdiânicaséaMãeNatureza.AespiritualidadediânicareivindicaaDeusacomoaFontedaVida,aquem todos retornaram após a morte. Os rituais religiosos, aabordagemda prática demagia, a liturgia, a imagem e a percepçãopessoaldasdiânicasfazemsemprereferênciaàDeusa.Aocontráriodeoutras tradições neopagãs, as diânicas não veneram a dualidadeDeusa/Deus, masculino/feminino em suas práticas. A linguagem e areferênciaparaavidaésempreaMulher‐eomasculino,comotudona natureza – é parte Dela. Para muitas diânicas, a Deusa é umametáforaparaaprópriateiadavida.Rezarefazermagiaétrazernossaconsciência para determinados fios dessa teia, é uma forma decomunicaçãocomadeidade.ADeusapodeserumtantodifícildecompreenderparamulheresqueestão acostumadas com conceitos patriarcais de deidade e, muitasvezes,precisamos“desaprender”nossacargacultural,éticaereligiosaparaentenderElamelhor.ADeusanãoéumserdistante,observandoaexistência.Elaétodaavidaeaprópriaexistência,emtodososseusníveis. Todos os seres são parte dela e inerentemente sagrados. Da

6Essaparteébaseada–eparcilamentetraduzida‐dasistematizaçãopropostaporRuthBerrettemseulivro“Women’sRtes,Women’sMysteries”eporAmberK.em…epormensagenstrocadascomZ.Budapest.,assimcomoemoutrasfontes.

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mesma forma, todos os seres são responsáveis pela melhoria domundo, não havendo salvação ou redenção: apenas trabalho, alegria,tristeza,prazeredesafiosparacadaumdenós.AosolhosDela,oserhumano não é o centro do universo ou uma espéciemelhor ou piorque as outras. Não há uma entidade, como o diabo, que podemosresponsabilizarpelasmazelasdomundo‐ tudoéaDeusa,e todososseres são responsáveis pelas causas e efeitos da grande teia daexistência.ADeusaéomelhoreopior.Elaéraivosa,gentil,amorosaeselvagem. Ela é luz e sombra, criação e destruição, vida e morte,compreensãoe incompreensão.Ela éoprocessonaturaldemudançaconstante, de permanência e renovação. Ela não transmitemandamentos ou atribui punições ‐ há apenas leis naturais e asconseqüênciasnaturaisdenossosatos.Todosnóscometemoserrosesofremosasconseqüênciasdesseserros‐quandotocamosumapanelaquente,nosqueimados,semquehajaumjulgamentooupuniçãosobrenossosatos.Àsvezes sofremosporrazõesquenãoentendemos,mastalvezvenhamosaentendermaistarde.ADeusaé,portanto,tãocomplexaesimples,tãounaediversaquantoasmulheres,tãoinfinitaquantoarealidade.Elaéaexistência,epossuimaisfacetasdoquepodemosconhecer.É claro que todo ser humano tem direito de encarar o divino comobementender.Elepodeencararodivinocomoumaforçamasculina,neutra, ou simplesmente impessoal. Devemos acreditar naquilo queparece mais real para nós, e que nos traz mais paz, realização esentimento de conexão com o divino. A deidade é um conceitogigantesco,eumavisãonãoexcluiaoutra.As diânicas feministas encaram o divino como umaMulher porque,para nós, isso nos faz lembrar que somos divinas e parte da forçacriadora também, e só esse fato temumpoder de cura enormeparamuitasmulheres. Imaginar que a divindade nos criou sua imagem esemelhançatemumsignificadoextremamentepoderosoparaqualquerpessoa. E asmulheres não são exceção a essa regra. Se a Deusa é amulher,amulhertambémpodepensaremseraDeusa.Essa imagemdadeidade se tornaummodelo inspirador,umaponte entrenós e a

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divindade,umexemplodeexcelênciaemsuasinúmerasfacesemitos.Podemos ser aquilo que escolhemos ser: a sábia Sophia, a criativaSarasvati,aguerreiraBelllona,amágicaHecate,a raivosaSekhmet,amisericordiosa Kwan Yin... Todas essas faces somos nós, se assimescolhermos.Assim, nos deleitamos com mitos e todo um mundo que não foireveladoparanósemnossaeducaçãotradicional‐ummundodearte,música, poemas, histórias e percepções que são testemunhos daverdade que a Mulher é sagrada, uma realidade reconhecida pormilênios e milênios em várias culturas. Para nós, a mensagem é amesma:NóssomosDeusas.

ATRADIÇÃODIÂNICABUSCAINSPIRAÇÃONADEUSADIANAO termodiânica vemdaDeusa romanaDiana (e a gregaArtemis) ‐trata‐se de uma referência à independência e à harmonia com anaturezaselvagemrepresentadaporDiana,assimcomoàcoragemeaopoder da irmandade entre as mulheres. Diana é uma protetora dasmulheresedanatureza. Elaévirgemnosentidoantigodapalavra ‐umamulher que pertence a si mesma, e que, mesmo quando ama,nãovivesobasombradeninguém.Ao se inspirarem em Diana, as diânicas se alinham com os valoresfeministas: proteção da natureza, luta pelos direitos humanos paratodas asmulheres e crianças e libertação de todos os oprimidos. Asdiânicas usam a magia e o ritual como ferramentas de cura e paracombateropatriarcado.7

7Opatriarcado,naTradiçãoDiânica,édefinidocomooconjuntodepráticaseideologiasqueutilizamo“podersobre”comoformadeopressão,sejanonívelinstitucional,sejanonívelpessoal.

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ASPRÁTICASDIÂNICASSÃOINSPIRADASNACONSCIÊNCIADEQUEADEUSAFOICONHECIDAATRAVÉSDOSTEMPOSPORMUITOSNOMESEPORINÚMERASCULTURASEMTODOOMUNDO.AsdiânicashonramaDeusaemtodososseusnomesefacescomumcompromissodecompreensãoesensibilidadequandolançammãodeconceitos e deidades de outras culturas. Há, portanto, umcompromissocontínuodeanálise,valorizaçãorespeitosaecombateaoracismoemtodassuasformas.Nesse sentido, não veneramos só Diana, mas todas as Deusas domundo, de todos os panteões que já existiram, sem discriminaçãoétnicaougeográfica.A importância dos mitos: É apenas recentemente, com oIluminismo,quemitosecontosdefadaspassaramasertratadoscomocoisa de criança. Durante amaior parte da história da humanidade,mitosforamconsideradosobjetosdeprofundoestudo,conhecimento,arte e poder. Foi apenas como trabalhode Jung, Fraser eCampbell,entreoutros,queosmitoscomeçaramaserestudadosemuitasvezesrelidoscomadevidaatençãoasuagrandeinfluêncianonossomundointerior e exterior. No entanto, mesmo hoje em dia, muitas pessoasainda acreditam que os mitos são apenas meras curiosidadeselaboradas por povos supersticiosos – um sinônimo de idéias pueris,fantasiosas ou mentirosas, o que não poderia estar mais longe daverdade.Alinguagemdamitologiaestámaispróximadenósdoquesabemos.É a linguagem dos sonhos e da alma, mas também a linguagem desoluçõespráticasparaodiaadiaeparaamelhorconvivência social.Isso é particularmente verdadeiro para a mulher, a qual é dado tãopoucoespaço–enormalmenteumespaçosubsidiárioedependente–na mitologia e nas tradições escritas e orais das grandes religiõesmonoteístas.Nopaganismo,encontramo‐nosfaceafacecomDeusaseheroínas poderosas e seus mitos de amor, dor, perda, vingança,felicidade, ciúme, compaixão, vida,morte, descoberta, caos, cura... Eao constatar o divino e a força arquetípica desses caminhos,encontramosanósmesmas,nossospapeiseoprazerdenossasvidas.

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OSRITUAISDIÂNICOSCELEBRAMOCICLOMÍTICODADEUSANOSCICLOSSASONAISTERRESTRESDENASCIMENTO,MORTEEREGENERAÇÃO,ENAFORMACOMOESSESCICLOSREFLETEMOSCICLOSDAVIDADASPRÓPRIASMULHERES.O dianismo feminista é uma religião da natureza, nos ajudando adescobrir o mistério e nossas conexões com o mundo natural.Enquanto algumas versõesmercadológicas do neopaganismo acabampor incentivar o consumismo, desperdício em rituais e abandono derestos não biodegradáveis nos mares e nas matas, o dianismofeminista ‐ em sua versãomais atualizada ‐ procura causar omenorimpacto possível à natureza. Existe, sem dúvida, uma tentativa de"caminharlevesobreaterra."As diânicas procuram estar em contato com os ciclos naturais nelasmesmas enomundoa sua volta, algoquenãoémuito incentivandoem nossa sociedade excessivamentemecanizada, em que amulher éensinada a ser “sempre a mesma” e “controlar seus instintos” emqualquermomentodomês, a agir comoadultaquandoé criança e aagircomocriançaquandoéadulta,etc.Asdiânicashonramosciclosdanaturezaedasmulheres.Comemoramos Sabbats, mas a ênfase é sempre dada aos acontecimentosgeográficos e sazonais do lugar em que se encontram. É tambémtradicional o ritual em dias de lua cheia (Esbats), ou sua celebraçãosolitária,emqueopodereamagiadaluapodesercompartilhadocomaquelasqueaveneram.Étambémcomumencontroserituaisfeitosnaluanova, ouna luanegra (operíodode3dias antesda luanova).ATradição Diânica, conforme idealizada por Z. Budapest, tambémsugere algumas comemorações específicas de valorização do sagradofeminino,queserãoabordadasmaistarde.Mesmoquandonãoépossívelrituaisforadecasa,épossívelconectar‐secomocéu,comovento,comobarulhodomar,comasárvoresemvolta dos prédios, ou atémesmo vasos de plantas e jardins internos,

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com animais domésticos e os insetos e aracnídeos que nos visitam,com um copo d'água, ou com o nosso próprio corpo. Dito isso, ésempre recomendadoque tenhamosomaiorcontatocomanaturezapossível,visitandoáreasverdescomfreqüência.Muitas diânicas feministas desenvolvem dons diretamente ligados ànatureza: herbalismo, adivinhação com conchas, ossos ou pedras,comunicaçãocompássaroseoutrosanimais,jardinagem,comunicaçãocom plantas (o famoso "dedo verde"), confecção de talismãs,astrologia, magia de clima e, é claro, culinária com fins sagrados emágicos.Nãosendodeformaalgumacontraodesenvolvimentotecnológico,asdiânicasprocuramfazerescolhasresponsáveisparaqueanaturezasejaconservada. É muito comum sua participação em movimentosambientalistasecertamenteadotamaidéiade"penseglobalmente,ajalocalmente".NaTradiçãoDiânicadeZ.Budapestenasescolasdiânicasemgeral,atéondevaimeuconhecimento,aspraticantesquevivemnoHemispherioSul são sempre ensinadas a realizar os Sabbats de acordo com asestações como ocorrem abaixo do Equador, tendo como ponto dereferenciaarotaçãodoSolemtornodaterra.

SABBATSNOHEMISFÉRIOSULSolstíciodeInvernoouYule‐entre19e22dejunhoImbolc–2deagosto(algumaspessoascomemoramem31dejulhoou1deagosto)OstaraouSolstíciodePrimavera‐entre19e22desetembroBeltaine – 1o de novembro (algumas pessoas comemoram em 31 deoutubroou1odeoutubro)

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SolstíciodeVerãoouLitha–entre19e22dedezembroLammas – 2 de fevereiro (algumas pessoas comemoram em 31 dejaneiroou1odefevereiro)SolstíciodeOutonoouMabon‐Entre19e22demarçoSamhain‐31stdemaio(algumaspessoascomemoramem30deabrilou1odemaio)8ÉimportantenotarqueosentidodosSabbatsnaTradiçãoDiânicaé diferente daquele vivenciado por algumas outras tradiçõesneopagãs–particularmente naWiccamaistradicional,queenfatizabastanteasatividadesepercepçõesdeSabbat inspiradosnaqueladosantigospovosceltas.Isso,naminhaopinião,fazcomqueaTradiçãoDiânicadecertaformaescapedodebateentreosNortistaseosSulistas9queétãoacirradonoBrasil, já que as regras internacionais de comemoração dos Sabbatsestão bem definidas na literatura e nos ideais propostos pelasprecursorasdatradição.

8 As diferenças de datas têm a ver com diferentes formas de calcularastronomicamente ematematicamente esses períodos. Na verdade, diz‐se que oSabbatcomeçaeterminanumperíododetres,seisounovediasemtornodadatadesua celebração. Meu conselho é que a diânica ouça, atentamente, os sinais danaturezaduranteomêsinteiropararealizaroritualnamelhordataacadaano.9 “Nortistas” é o apelido carinhoso daqueles que acreditam na universalidade daaplicação da Roda Norte (Sabbats comemorados exatamente como no HemisférioNorte) com base na astrologia, na menor diferença entre as quarto estações emzonas tropicaiseequatoriais,namaiorclaridadeno invernoemaiorescuridãonoverão em algumas regiões de clima tropical típico (como Brasília) e na força daégregoraquedeuorigema esses Sabbats, assim comooque está acontecendonoano civil no país: Natal = Yule, Páscoa = Ostara, etc. “Sulistas” são aqueles quedefendem a aplicação da Roda Sul (Sabbats adaptados as estações do ano noHemisfério Sul), como é feito pelamaior parte dos neopagãos da Austrália, NovaZelândia,ArgentinaeÁfricadoSul.MirellaFaurénortista.ClaudineyéSulista. ATradiçãoDiânicaésulistanoqueserefereàpráticadassacerdotisasquevivemnoHemisférioSul.

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Então, vejamos alguns princípios básicos para definir o tema de umSabbatdiânico segundo interpretaçãoda literatura equestionamentodiretofeitoasacerdotisasdiânicas:

1) Oprimeiroprincípio e amais importante: colocar a celebraçãoda NATUREZA LOCAL em primeiro plano. É a natureza localque dá o sentido para o Sabbat e não vive‐versa. Em outraspalavras, embora o Sabbat possa ter um nome vindo das IlhasBritânicas e as datas sejam pré‐estabelecidas de acordo com asazonalidadedoHemisférioSul,aadaptaçãodosentidoésemprefeita com a observação do que está acontecendo na naturezalocal.Eunãopoderiaenfatizarissomais:NaTradiçãoDiânicaprevaleceahistória contadapelanaturezalocal.Anatureza selvagemé a suaprincipal professora.Cabe acada sacerdotisa sair de casa, procurar ela, ouvir sua voz eaprendercomseusmovimentos.Essetalvezsejaotrabalhomaisimportantedeumasacerdotisadiânica.

2) O segundo princípio é que não há dualidade Deusa/Deus nahistória dos Sabbats diânicos. Na Tradição Diânica, os Sabbatscontam a história daDeusa em sua fase donzela,mãe e anciã.Isso,naverdade,tornaaatribuiçãodossentidosdoSabbatmuitomais simples: “o ano é umamulher que dança.” – uma eternadançadevida‐morte‐vida,detransformação.Eemcada local,adança será diferente, trazendo ensinamentos diferentes a cadaanodenossasvidas.

3) Em terceiro lugar, utiliza‐se o CICLO DAS VIDAS DASMULHERES PRESENTES – que estão progressivamentemais emais sintonizadas comanatureza local –quandovocê renova aRoda,aRodarenovavocê.Emumcírculodemulheres,émuitocomumquetodascomecemapassarporciclosdevidajuntas,oque também pode ser celebrado, curado, reconhecido,reverenciadoetrabalhadopormeiodosSabbats.

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4) Emquarto lugar, tambémutiliza‐se o FOLCLORE LOCAL EO

FOLCLORE UNIVERSAL para dar embasamento tradicional,PARTICULARMENTEASTRADIÇÕESDOSPOVOSNATIVOS‐nonossocaso,principalmentedosíndiosbrasileirosquehabitamou habitavam cada região de nosso país. É lamentável o quãopouco a grande parte dos neopagãos brasileiros sabem doscostumespagãosdesuaprópriaterra.Uma observação importante: não se trata, evidentemente, deparodiar desrespeitosamente os rituais sagradosdessas culturasvivasevibrantes,queporvezespoucotêmavercomosagradofemininoemuitasvezes são reservadosespecificamenteaessespovos, mas de estudar, através de seus costumes e mitos, suaprofunda relação com a natureza – uma sabedoria que nós ‐recém chegadas nessas terras, nunca tivemos ou perdemoscompletamente.(VERANEXOII)

É essa conjunção de fatores que dá o sentido do Sabbat diânico,mesmo quando chamamos freqüentemente Deusas vindas de outrasregiões para criar nossas celebrações e mitos de forma dinâmica,criativaediversificada.Emoutraspalavras,cabeàcadadiânicaoucírculodiânicoconstruirereconstruirosentidodaRodadoAnoaoconectar‐secomanaturezaasuavolta.AocontráriodegrandepartedaWiccatradicional,ostemastradicionais dos Sabbats célticos sãousados apenas comopontosdereferência e inspiração, não regra escrita em mármore. Como medisseZ.Budapest:“OsSabbats(diânicos)apenassereferemaoqueestáacontecendonaNATUREZAaoseuredor.VocêajustaostemasaoqueéREALaoseuredor.”

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NoqueserefereaosciclosdasmulheresecomoelesserelacionamacadaSabbat,ShekhinahMountainwater fazas seguintes sugestõesdecorrespondências10:TempoMistériodaMulherNomedaDeusa(Sugestão)OstaraNascimentoKoreBeltaneSangueDianaLithaPaixãoAfroditeLammasLeiteHabondiaMabonMenopausaPerséfoneSamhainMorteHécateYuleImortalidadeLucinaImbolcInspiraçãoAradiaouMusaDamesma forma,épossível,porexemplo,associarOstaraaoSangueou à Menarca, Beltaine à Paixão, Litha à Inspiração (ou talvez àmaturidade ou àmaternidade), Lammas à fase da Rainha,Mabon àMenopausa, Saimhain à Morte e à fase da Anciã, Yule aoNascimento/Imortalidade, etc. Cada mulher ou grupo de mulherespoderá decidir os temas que lhes parecem mais pertinentes às suasrealidadeseànaturezalocal.Talvez um bom ponto de partida para esse processo seja aquelesugerido por um site australiano não diânico, mas que se aplicaperfeitamenteaosconselhosdasautorasdiânicas:10ContribuiçãodeAphrodisiastes.

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“Amelhor formade entender completamente aRodadoAnoé fazerobservaçõespor12meses,percebendopadrõesnosinsetoseanimais,ocrescimento das plantas (se possível, plantas nativas da região), aaltura e a força do Sol e da Lua. Perceba quando e quais plantas eárvores florescem e o quão vocais ou ocupados os pássaros estão naprimavera e do que as espécies de pássaros se alimentam e onde sealimentam.Tudoissovaiajudarvocêasesintonizarcomseuambientenaturalmelhordoquesimplesmentelerpáginasdeumlivrocujoautorprovavelmentevivedooutroladodomundo.”11Nessa mesma linha, uma prática interessante, principalmente noHesmifério Sul, é fazer um “fichamento” do Sabbat a cada ano, paraperceber como a Deusa se comunica localmente. Você poderáencontrarumexemplode“fichamento”noANEXOIDitotudoisso,éimportantelembrarqueaTradiçãoDiânicavalorizaacriatividade,aespontaneidadeeaintuição.Aquiloqueépercebido,deumaformaholística,temmaisvalidadeparaumritualdoqueestudosmeramenteteóricossobreoassunto.

ATRADIÇÃODIÂNICAÉUMATRADIÇÃODERITUAISDEMISTÉRIOSDAMULHERQUECELEBRAOSEVENTOSDOSCICLOSDAVIDADASMULHERES.Asdiânicasreconhecemqueestánasmãosdenós,mulheres,restauraro sentido às nossas vidas, honrando nossos ritos de passagem ‐chamados de Mistérios da Mulher ‐ e outras transições em nossasvidas. Reconhecemos que a nossa experiência humana é filtrada einformada por nossos corpos e espíritos de mulher e por nossafisiologiaespecificamentefeminina.Os Mistérios da Mulher incluem as passagens derivadas dodesenvolvimento físico, emocional e psíquico que as mulherescompartilham universalmente por ter nascido biologicamentemulheres. Os cinco mistérios de sangue uterino das mulheres são:

11TempleoftheDarkMoon‐http://www.templedarkmoon.com/sabbat.htm

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nascimento, menarca, parto / amamentação, menopausa e morte.Esses mistérios reconhecem e homenageiam a capacidade dasmulheresparacriaravida,sustentaravida,eretornarosnossoscorposàDeusanamorte.Independentementedamulhergerarounãofilhosbiológicos,todasasmulheressãoMães/Criadorasnosatosdecriação,manutençãoeproteção.Os rituaisdeMinistériosdaMulher apóiame celebraramauniãodosexo feminino e honram outros importantes marcos pessoais detransiçõesnavidadasmulheres, incluindorituaisdecuradosefeitosdopatriarcado,pessoalmenteenomundo.NahomenagemaosMistérios daMulher também reconhecemosque"énossabiologiaquenostornasereshumanosdosexofeminino,masénossaculturaquenostornaasmulheres".ATradiçãoDiânicaajudaasmulheres a desenvolverem sua plena identidade e criar uma novaculturaemqueasdefiniçõesculturaiseoslimitesdoqueéserumserhumanodosexofeminino,propostospelopatriarcado,sãodesafiadoseexpandidosparaumamaiorauto‐identificaçãoeumamelhorvisãodetotalidadedoquesomos.Muitasmulheresqueremexpressarseuladoespiritual,queremsentirocontato direto com a fonte divina, mas muitas consideram que asgrandes religiões não atendem suas necessites ou respondem suasquestões,principalmentequandoessascolocamamulheremsegundoplano, ou até percebem sua natureza como maligna ou algo a sercontrolado e dominado. Quando os mitos dessas grandes religiõesdenigrem as mulheres, elas podem se sentir desconectadas dadivindade, inferiorizadas, e podem vir a acreditar que as portas doconhecimentoedocrescimentoestejamfechadasparaelas.A Tradição Diânica é bem diferente das religiões com que estamosacostumadas, porque as diânicas estão sempre contando históriassobre aDeusa, utilizando símbolosdaDeusa, vivendo a realidadedaDeusa dentro de si. Elas entendem que são feitas à sua imagem esemelhança, poderosas, sabias e amorosas. Elas podem ver essadeidade e outras mulheres como modelos de comportamento,

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celebrando os mistérios femininos da menstruação, nascimento,morte,etc.Odianismofeministavalorizaamulher,respeitaamulher,nutreamulherecelebraamulher.Odianismofocalizamuitonocrescimentopessoaldasmulheresenasua repercussão social. Em seu trabalho e religiosidade, as diânicasfeministasaprendem,entreoutraslições:1)amar‐seerespeitar‐semelhor;2)comunicar‐semelhornassuasrelações;3) tornar‐semaisconfianteemseutrabalhoparaasociedadeemquevive;4)libertar‐sedemenosantigosquetrazeminfelicidade;5) liberar‐se de vícios e comportamentos repetitivos pouco saudáveisparasieparaosoutros;6)aperfeiçoaredescobrirnovostalentos;7)exercersuacriatividadedeformaintuitivaeamorosa;8)serumapessoacapazdecontribuirenormementeparaummundomaisjusto,seguro,pacíficoeigualitário;9) reencontrar ou reforçar o sentimento de irmandade e união comoutrasmulheres.

ATRADIÇÃODIÂNICAÉCELEBRADAPORCÍRCULOSRESERVADOSAPENASÀSMULHERES.SendoumatradiçãodeMistériosdaMulher,areligiãodiânicaépelasmulheres, não contra os homens. Ela apóia o direito dos homens àssuascelebraçõesexclusivasdosMistériosdoHomem,reconhecendoaparticularidadedeseusritosdepassagemesua jornadaespiritualemdireção ao divino. Muitos círculos diânicos acolhem bebês do sexomasculinoecriançaspequenascomsuasmãesdesdequeoritualemsisejaadequadoparaacriançaparticipar.As diânicas apóiam todas as pessoas a encontrar seu caminhoespiritual. No entanto, elas reservam seus círculos às mulheres

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nascidas mulheres. Aquilo que chamamos Mistérios da Mulher nãopode ser entendidonemvivido por quemnãonasceumulher.Comomulheres, nós honramos os caminhos intuídos pela nossa fisiologiafeminina,memória celular e o poder de trabalhar a partir de nossasentranhas para fora.Mesmo no caso damulher que teve seu úteroretiradomaistardenavida,seucorpodesabedoriafoiinformadoporsuas experiências fisiológicas de menina a mulher. Ela continuará atrabalhar seupoderapartirdocaldeirãoemseucentropor toda suavida.A Tradição Diânica centra‐se em rituais para curar as mulheres dosefeitos da opressão pessoal e global de culturas que historicamenteensinaram os seres humanos a odiar o “feminino” representado pelamulher. As diânicas acreditam que a profundidade em que opatriarcado tem moldado e impactado nossas vidas como mulheresnão pode ser verdadeiramente compreendida amenos que ela tenhasidovividadesdeonascimento.

ATRADIÇÃODIÂNICAHONRAASVOZES,PENSAMENTOSEIDÉIASDENOSSASANCESTRAIS,PRECURSORASEDASMULHERESEMGERAL. ATradiçãoDiânicaestáempenhadaemdescobrir,analisar,re‐afirmar,ou atribuir significados contemporâneos para tradições, heranças epráticas mágicas de nossas antepassadas, desde os primórdios dahumanidade, recuperando sua história perdida e esquecida. Nósreconhecemos que as práticas dasmulheres do passado pertencem aépocase locais específicos,quenão se repetem,equecabeanós re‐atribuir e reconstruir significados para as práticas espirituais dentrodoscontextosculturaisdehoje.Dessaforma,honramosnossasancestrais,suareligiosidadeemitos,eos ventres de onde viemos, no entendimento de que, sem honrar onosso passado, não temos nenhum presente ou futuro. Honramosnossas antepassadas cujos corajosos esforços pioneiros traçaram ocaminhoparanósefizeramanossacaminhadamaisfácil.

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Algumas diânicas feministas acreditam que as culturas matrifocais(não “matriarcais”) eram a regra no período paleolítico e neolítico,tendo sido mais tarde derrubadas pelo patriarcado. O trabalho darenomada arqueólogoa Marija Gimbutas forneceu uma enormecontribuiçãoparaocorpodasabedoriaintuitivaquemuitasmulheresguardavam em seus corações. Embora seu trabalho, particularmentehojeemdia,sejamuitocontroversonosmeiosacadêmicos,Gimbutaslançou perspectivas e questões que serviram para ajudar novasgeraçõesdearqueólogos–particularmentemulheres–adesvendaropapel da mulher no paleolítico e no neolítico, que revelaram tersociedadesmuitomais igualitárias do que as que lhes seguiram. Foigraças a teóricas como Gimbutas que, pela primeira vez, o “sexoinvisível”setornoufocodemuitosestudos.De fato, durante a maior parte da história da humanidade, muitascontribuiçõesdamulherparaomundonuncahaviamsidoestudasousimplesmente ignoradas em razão damentalidade patriarcal em queestavaminseridososestudiososatéagrandeondafeministadosanos60e70.Hoje,porém,comalentamaisseguramudançadeparadigma,acontribuiçãodamulherparaahumanidadeestásendorevelada.Eladeixa,aospoucos,desero"sexoinvisível"parasetomaroseulugardedireito.Nesse sentido, evidencias mais recentes apontam para uma muitomaior igualdade de status entre os sexos no período paleolítico eneolítico em comparação comos períodos posteriores ‐ asmulheres,acreditamospaleontólogoshojeemdia‐muitoprovavelmenteforamresponsáveispelaintençãodaagricultura,datecelagem,dosprimeiroscalendários, da própria formação social e por um dos talentos maisimportantesjáutilizadospelahumanidade:alinguagem.Mesmoquemuitos teóricos não concordem com a teorias de sociedadesmatrifocaisedaexistênciadeumaGrandeMãeuniversalpropostaporGimbutas,elesnãopodemrefutaraimportânciafundamentaldopapeldamulhernasociedadeenareligiosidadedessesperíodos.

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As praticantes da espiritualidade daDeusa sãomuito agradecidas aotrabalho de Gimbutas, independentemente de acreditarem em suasteses ou não. Mesmo as diânicas que entendem que as teses deGimbutas carecem de provas defendem a importância de haver umareligião baseada no sagrado feminino e acreditam que as divindadesfemininas da pré‐história e da antiguidade são a melhor inspiraçãoparaisso, jáqueasgrandesreligiõesprogressivamenteeliminaramoureduziramopapeldamulheredodivinofeminino,particularmentenoOcidente.De fato, comparadas às nossas ancestrais que vieram nos últimosquatro ou três milênios, somos muito afortunadas. Embora o statussocialdasmulherestenhaavançadoeregredidonotempoenoespaço,não sendo uma linha retilínea no tempo, não há dúvida de que, nocampo religioso, houve uma contínua supressão, submissão, rejeiçãoou anulação do sagrado feminino, que só começou a ser realmenterevisada, no interior das grandes religiões ‐ particularmente nocristianismo‐apartirdasúltimasdécadasdoséculoXX.Emboraessasreligiões tenhamtrazidoensinamentosebenefíciosparahumanidadecomo um todo, sua má aplicação e má interpretação de seus textosmuitasvezeslevouàalienaçãodamulherdossímbolosedaliderançareligiosa, para não falar de verdadeiras ondas de misoginiainstitucionalmenteincentivadas.Talvez o casomais grave em toda história tenha ocorrido na IdadeMédiaenoRenascimento,naEuropaenasAméricas.Acaçaàsbruxas,ocorridaentreosanos1480e1700–àsportasdaeradasluzes‐éumdos maiores “generocídios já perpetrados pela humanidade, ecomparativamente pouco estudado. Nesse período, teóricos estimamque aproximadamente 40.000 a 100.000 de pessoas foram mortas(algumas estimativas chegam a 9 milhões) e muito mais foramtorturadas ou perderam seus direitos, famílias e bens. A maioriaesmagadora dessas pessoas eram mulheres (80 a 85%) de todas asidades e classes sociais. No auge da caça às bruxas, algumas vilasficaram completamente desprovidas de população feminina. Naverdade, nas próprias palavras dos inquisidores, o maior pecadocometidopelas“bruxas”eraexatamenteodesermulher:

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“Sehojequeimamosasbruxas,éporcausadeseusexofeminino”.

MalleusMaleficarumO discurso humanista e intelectual que se segue também denigre amulher em várias ocasiões, angariando justificavas “racionais” ou“biológicas”parasuainferioridade.Mesmo hoje em dia, em certas localidades, mulheres são linchadas,apedrejadas, queimadas, torturadas ou simplesmente excluídassocialmentepelasuspeitadapráticadebruxaria.Éemhonraaessasmulheresquemuitasdiânicasassumem,commuitorespeito,otítulode“bruxas”.12Portrazdessaspráticasderepressãoviolentaàmulherhá,claramente,umgrandetemoreincompreensãoemrelaçãoaopoderfeminino:sejaele manifestado pela sabedoria medicinal, pela posse de bens, pelaunião da irmandade entre mulheres, pela beleza, pela feiúra, pelainconformidade com os padrões estabelecidos, pela liderança social,pela liberdade sexual, pela intuição, pela capacidadede amar e odiaralémdasconvençõessociais,pelossonhosmaioresqueomundo...O

12Z.Budapestéumadelaseexplicasuasrazõesdessaforma:“Muitaspessoasmeperguntamporqueeuusootermo“bruxa”tantasvezesnoTheHolyBook.Porqueeunãopossochamarissode“womanspirit”ou“guiainteriordaDeusa”?TermosseguroseNewAgequenãoincomodamninguém?Minharespostaé: eu gosto da palavra “bruxa” (witch). É a única palavra do inglês que denota“mulhercompoderespiritual”.EuseiqueaspropagandasnegativasdeHollywoodedo cristianismo fizeram as pessoas pensarem que as bruxas são completamentemaléficas (...) Nós encontramos a mulher espiritualizada relegada ao ramo donegativo, mas isso não quer dizer que você não pode reivindicar/recuperar essapalavra.(...)Euexplicoqueessapalavrasignifica“sacerdotisa”,queelasofreumuitadetração e propaganda negativa, e que nós estamos procurando recuperar adignidade das bruxas e educar o mundo sobre a bruxaria. Se você insiste emreeducaraspessoassobreumapalavra,vocêpodeatédemorarvinteanos,masvocêvaiconseguir.”

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patriarcadoteme,esempretemeu,mulherespoderosas,eessassempreforamsuasprincipaisvítimas.A Tradição Diânica ‐ assim como outros movimentos reformistas enovasreligiões ‐vemcontrabalançaresseprocesso,naesteirada lutadamulherpelaigualdadeeliberdade‐queéconsiderada,poralguns,arevoluçãomais bem‐sucedida do século XX. Ela oferece ao chamado"sexoinvisível"ou"segundosexo"umlocalehonra‐umterrenofértilparacadaumadenosexplorarnossaespiritualidadeegrandeza.ParaaTradiçãoDiânica,abruxariaéumapráticafilosófica,espiritualesocial presentes em vários povos13. O dianismo feminista tem seinspirado, particularmente, na bruxaria praticada na Europa e noOriente Médio antes da chegada das grandes religiões, e na suarecapitulaçãoeadaptaçãofeitapeloneopaganismo.Porém,namedidaque encontra praticantes de todas origens possíveis, ela vai tambémabsorvendopráticasdeoutrasculturaseetnias.Essaspráticassãobemdiferentes das religiões com que a maior parte de nós estamosfamiliarizados‐nãoháfundador,livrosagrado,dogmas,hierarquiaoucontrolesocial.Os conceitos de pecado original ou qualquer forma de pecado,expiação, redenção, confissão, a divindade exclusiva de Jesus, o sexocomoatividadepecaminosa,ojulgamentodivino,océueoinferno,asubordinaçãoouanaturezapecaminosadamulher,a ressurreiçãodacarneeaBíbliacomofonteúnicaouexclusivaderevelaçãodivinanãofazem parte da Tradição Diânica que, por sinal, não é uma religiãorevelada, mas baseada nos ciclos naturais. Da mesma forma,tampoucosãopartedaTradiçãoDiânicaosatanismo,amissanegra,aidéia de magia negra ou branca, a depredação de cemitérios, osacrifícioanimal,ouqualqueridéiadeadoraçãoaodiabo.

ATRADIÇÃODIÂNICAACREDITANOPODERVINDODOÚTERO. 13Apalavra"witchcraft"vemdoanglo‐saxãowiccecraeft,quepodesignificar"artedossábios","artedeadivinhação","magia"ou"aartededobrarouformararealidade".

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Nossosventressãosimbolicamenteeliteralmentenossoscaldeirõesdecriação, os nossos centros. O poder (a capacidade de fazer) vem dedentrodenósedasnossasaçõesemconjunto,nãododomíniosobreo outro. Mesmo mulheres que tiveram seus úteros removidospreservamcompletamenteessasacralidade,essaenergiadoúteroquecontinuaasedesenvolveretransmutarportodasuasvidas.

ATRADIÇÃODIÂNICADÁÊNFASEAOCORPODAMULHERCOMOMANIFESTAÇÃODADEUSA. Asdiânicas acreditamque ter uma experiência pessoal e direta de simesmas como sagradas (e não apenas intelectualmente,mas em umnível de êxtase celular), reconhecendo a si mesmas como umamanifestação da Deusa, é uma fonte de cura e alegria para asmulheresATradiçãoDiânicapromoveouso espiritual, religioso e celebratóriodo imaginário da Mulher como uma das muitas manifestações daDeusa,reconhecendoElaemnósmesmaseemtodasnossascrianças,nascidasdeSuaimagemdivina.

ORITUALEASPRÁTICASMÁGICASDIÂNICASHONRAMACRIATIVIDADE,AINTUIÇÃOEACAPACIDADEDEIMPROVISAÇÃODASMULHERES. Aoinvésdebasearem‐seemumroteirooudefiniremumaliturgiamaisfechada como norma, diânicas incentivam a expressão criativa da fénas artes, dança, escrita, fala emúsica durante a criação do ritual edurante o ritual propriamente dito. Músicas, poesias e invocaçõesmuitoqueridastornam‐sefreqüentementeo“costume”deumcírculoou uma praticante solitária, quando repetidas ao longo do tempo eenquanto continuem a proporcionar significado para os rituaisrealizados.

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ASDIÂNICASRECONHECEMQUEAMAGIADASMULHERESÉUMAQUESTÃODECONFIANÇASAGRADAENTREASMULHERES.DESSAFORMA,ASDIÂNICASNÃOENSINAMOSMISTÉRIOSDAMULHERESUAMAGIAPARAHOMENS. Diânicasnãoensinamamagiadasmulheresparaoshomens."..Atéqueaigualdadeentreossexostorne‐seumarealidade".*No entanto, amaioria das diânicas tem prazer em discutir aDeusacom homens interessados, ou indicar aos homens livros ou outrastradiçõesqueincentivaramseuprópriocontatocomodivinoe/ouadescobertadeformasdelidarcomsuasprópriasexperiênciasdevidaequestõesligadasaoseusexoegênero.AlgumasmulheresquepraticamaTradiçãoDiânicatambémrealizamrituaismistoscomseusparceiros,familiares, amigosou filhos, alémde serpermitidaaparticipaçãoemoutrastradiçõespagãs.Os rituais, mistérios e experiências da Tradição Diânica, porém,continuamreservadosàsmulheres.

ASEXUALIDADEÉSAGRADA.TODASASFORMASDEPRAZERSÃORITUAISDADEUSA.Qualquerformadesexualidadee/ouamorentreadultosqueagemdelivre e espontânea vontade, confiando e respeitandoumao outro, éuma manifestação da Deusa, não cabendo julgamento por ninguémalém das partes envolvidas. Muitas diânicas, porém, como RuthBerrett, são contra formas de sexualidade onde há relação dehierarquia,mesmoquesejamconsensuais.Infelizmente,emdecorrênciadeabusosocorridosnopassado,éimportantíssimo ressaltar que a Tradição Diânica, pela suaprópriadefiniçãoenatureza,nãopodeadmitirqualquer formadeviolaçãofísica,psicológicaouespiritualdesuasparticipantes–oudequalqueroutrapessoa,sejaestahomemoumulher–ouchancelar práticas de grupos que impõem a aceitação destaviolaçãoaseusmembros. Emoutraspalavras,paraodianismo,

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nãoéadmissívelquepessoassejamobrigadasapraticarritosdenatureza sexual ou que violem seu senso mais profundo decerto/errado para serem aceitas em um grupo religioso ouascenderem em sua hierarquia. Isso é especialmente relevantenoque se refere aos chamados “ritos sexuais” que são exigidosem algumas tradições como condição para a iniciação,completamenteemdesacordocomafilosofiaearazãodeserdodianismo. Para as diânicas, estupro começa nomomento emque o consenso entre as partes envolvidas é quebrado,independente de qualquer acordo prévio, sistema ou contextoreligioso.

OLAZERÉSAGRADOEOHUMORÉUMAFORMADEPRÁTICAESPIRITUAL.Encontrar maneiras de desfrutar e apreciar os presentes da vidaoferecidos diariamente é uma maneira de venerar a Deusa.Compartilhar o prazer que temos em viver combate a tristeza, odesânimo e nos torna mais fortes para lutar pelos nossos direitos ebem‐estar.

ATRADIÇÃODIÂNICAÉUMATRADIÇÃODEPASSAGEMDECONHECIMENTO.Mulheres que ensinam, partilham, e repassam conhecimento estãocompartilhandopoder.Ensinarapróximageraçãoiráajudaragarantirque a tradição perdure e a sabedoria das mulheres sobreviva.Infelizmente, asmulheres de hoje não foram criadas em ummundoem que o sagrado feminino é valorizado. É preciso estudarmuito eestarempermanentecontatocomanatureza,comoutrasmulhereseconsigomesmapara“desaprender”paradigmasdanosos.

ATRADIÇÃODIÂNICAADEREÀWICCAREDE.AéticadaTradiçãoDiânicaéneopagãe,portanto,podediferirdaéticado cristianismo. Talvez a principal diferença seja sua completaliberdadebaseadanaresponsabilidade:umadiânicafeministapodeser

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e fazeroquedesejar,mas sempre será responsávelpor suasdecisõesconscientes.Nãoexistem“dogmas”ou“mandamentos”,masconselhosdecomosecomportar.Em outras palavras, na moral pagã, existe uma substituição domodelodicotômicoentreobemeomaleanoçãodepecadopelanoção de responsabilidade e causa e conseqüência. (ADeusa étodas as coisas). Essa moral leva à adoção de conceitos psicológicossofisticados e à não rejeição ou anulação das emoçõesconsideradas “negativas” ou daquilo que os jungianos chamamde “Sombra”. A diânica se aceita como um todo e procura umaaplicaçãoeexpressãoresponsáveldetodassuasemoções.Nãoháameaças.Nãohá infernoououtrosmétodosdecoerção.NãointeressaseumapessoaquevocêconheceacreditaemJesus,naDeusaouemalienígenas‐cadaumsegueocaminhoqueémaisapropriadoparasi.Assim,nãohánecessidadedeproselitismo.Pornãohaverumpecado original, não é necessário um redentor ou um messias.Ninguém é perfeito,mas cadamulher é capaz, com a ajuda de suasirmãs,deencontrarseucaminho,seucrescimentoesuacurapessoais,deacordocomseusprópriosparâmetrosconscientesdoquevemaserseumelhorpessoal.Existe, porém, a crençadeque vivemosna grande teiada existência,completamente conectados uns aos outros. A Tradição Diânicaconcorda coma crençapopulardeque recebemosoque enviamos –porexemplo,atos injustosretornamcomoinjustiçacontranóseatosjustos retornam como justiça a nosso favor. Algumas diânicas –particularmente sacerdotisas iniciadas ‐ acreditam que estãosubmetidasàleitríplice:oretornotriplicadodoefeitoquecausamosàgrandeteiasejaporaçãoouinação.1414AlgumasmulherestêmumaconcepçãoliteraldaLeiTríplice:oretornotriplodetudooquefazemos.Outrasacreditamqueessaleiémaissimbólica:umretornoqueocorre nos três níveis da existência (alto, centro e submundo) ou em todo o ser(corpo,menteeespírito).AlgumasmulheresacreditamqueaLeiTrípliceseaplicaapenas a atos mágicos. Outras acreditam que ela é aplicada a qualquer atoconsciente.

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AWiccaRede:Oprincipalconselhodiânicoé“Façaoquequiser;nãoprejudiqueninguém.”Noentanto,comomuitospagãosjáapontaram,se levarmosessa fraseaopéda letra, verificaríamosqueé impossívelnãoprejudicarmosninguém.Pisamosemformigas,comemosanimaise plantas, passamos em concursos (o que significa que alguém nãopassou), recebemos aumentos salariais (o que quer dizer que osrecursos que poderiam estar sendo dirigidos para outras áreas dasociedadeestãosendodirigidosparaonossoconfortoeoconfortodenossa família). Todo dia, prejudicamos alguém pelo simples fato deexistirmos.Z.BudapestprocuraresolveressedilemaafirmandoqueaWiccaRedeouoconselhowiccano, comoéchamado, só seaplicaestritamentearituaiseatosmágicos.Alémdediscordardessaposição,poissomosasmesmasmulheresdentroeforadonossocírculomágico,acreditoqueisso não resolva o problema, pois mesmo se restringirmos a WiccaRedeaosatosdemagia, inevitavelmenteprejudicaremosalguémpelamesmalógicaexpostaacima,sejaporaçãoouinação.De novo, acho que a solução é não tratar a Wicca Rede como ummandamento,masumconselhocomoopróprionome jádiz.Nãoháporquefazerumaleituraextremadadotexto.Naminhaopinião,esseconselho não tem o objetivo de nos fazer morrer de culpa, ficarparanóicasouviverumavidademiséria–afinal,o“ninguém”dafrasetambém inclui nós mesmas! ‐ mas de fazer com que nós estejamosmais atentas para nossa inevitável influência na grande teia daexistência e procurar não ferir alguém por descaso, por ficarmosparadas quando deveríamos agir ou em um momento de raiva. Emoutraspalavras,aWiccaRedenosaconselhaa“caminharlevesobreaterra”. Trata‐se de um conselho para atingirmos o nosso melhorpessoal15eexaminarmoscriticamentenossaaçãoeinação,comtodaapaciênciacomosnossoserros.Os outros “conselhos” do dianismo feminista são, de modo geral,expressosdeformadiretaeinformal.Nadamaissãodoqueconselhos

15Cadamulherdefinequaléoseumelhorpessoal.Nãoexistemfôrmasoumodelospré‐estabelecidosde“boamoça”.

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debomsensoquepoderíamosouvirdenossasmães,avós,tias,amigas,irmãs e filhas. Alguns exemplos: “Não pense que você é onipotente,nãopercatempocompresunção,culpa,paranóia,emantenhaosensodehumor.”,“Nãolanceumfeitiçoemummomentoderaiva.”,“Ergaotemplo interior (seu corpo), que é portável e tudo o que você tem.”,“Umabruxanãosehumilhaparanenhumhomem.”...16AÉticadasMaldiçõesedosFeitiçosdeManipulação:Algumasdiânicasfeministas são completamente contra a realização maldições oufeitiçosdemanipulaçãodolivre‐arbítriodeoutraspessoas.ElasachamquequalquerfeitiçonessesentidoviolaaWiccaRede,aLeiTrípliceeovalorqueodianismoatribuiaolivre‐arbítrio.Outras diânicas feministas acreditam que a possibilidade de lançarmaldiçõesefeitiçosdemanipulaçãovariadecasoacasoeachamjustousar esses meios para combater a opressão dos mais fracos –particularmente mulheres e crianças ‐ no contexto do patriarcado.Para estas diânicas, seria perfeitamente legítimo, por exemplo,amaldiçoar um estuprador para que ele seja pego pela policia, ouenfeitiçar um chefe para que ele pare de agir com dano moral noambientedetrabalho,ouumfilhoouumafilhaparaqueeleouelaselivredasdrogas.JadeRiverchamaoprimeirogrupode“praticantespositivas”(positivepractitioners)eosegundogrupode“aradianas”,emreferenciaàDeusaArádia,nasquaisessasmulheresseinspiram.17Naverdade,agrandemaioriadasdiânicasficaentreumgrupoeoutro.Como tudo na ética neopagã, essa é uma questão de escolhapessoal e relação entre amulher e sua própria consciência. Aética neopagã é mais individual e aberta do que a de outrascrenças religiosase talvezestejanissosuagrandediferençaemrelaçãoaestas. Somosresponsáveispornossosatosenãoatos.Fimdepapo.

16TheHolyBookofWomen’sMysteries.17JadeRiver,ToKnow:AGuidetoWomen’sMagicandSpirituality.

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MasmesmoZ.Budapest‐queéprovavelmenteumadasdiânicasmaisliberais no que se refere a maldições e os chamados “feitiços demanipulação”18 ‐ aconselhaquenão sedigaonomedeum “culpado”específicoduranteamaldição,paraevitarinjustiças.Porexemplo,emumamaldiçãocontraumestuprador,diz‐se“Euamaldiçôoaquelemeestuprou.” (a Deusa sabe perfeitamente quem foi mesmo que vocêestejaenganada).AmesmaZ.Budapestrecomenda:“Nãocausenenhummal,masajaparagarantirsuaauto‐defesaeauto‐estima.”Essa frase deriva da idéia que todas nós somos sagradas perante aDeusa, inclusive nós mesmas. A maldição feita por gurpos demulheres à estupradores ou qualquer um que faça mal a crianças,mulheres outras pessoas indefesas é uma práticamuito antiga que éadotada por muitos grupos diânicos. Eles consideram essa prática,inclusive,comoumfatorquecontribuiparaacuraparaavítima,quevê suas irmãs empatizarem com sua situação e se unirem em suadefesa.Muitas diânicas são radicalmente contra – ou evitam ao máximo ‐amaldiçoaroutrasmulheresemrazãodoefeitosobrenossairmandade.

OPAPELDOCLEROEORGANIZAÇÃODEGROVES,COVENSECÍRCULOS:O papel do clero na Tradição Diânica é bastante diversificado. Aliderança pode variar entre estruturas totalmente não‐hierárquicas egrupos comAltas‐Sacerdotisaspermanentes.Todos essesmodelosde

18AprincipalidealizadoradaTradiçãoDiânicaafirmaquemaldiçõestêmsidolançadapormulheresdesdetemposantigos,atécomoumaformade“poderdepolícia”contraaquelesquefaziammalàmulheresecrianças–umpodermuitorespeitadonassociedadespagãs.Elaacreditaqueaatualcondenaçãomoralàsmaldiçõesfoiumaformadasgrandesreligiõespatriarcais–comocristianismo,judaismo,budismoeislamismo‐devilanizarerestringiropoderespiritual,socialemágicodasmulheres.

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organização são aceitáveis na Tradição Diânica. Mas seja qual for omodeloescolhido,asdiânicassempreprocuramencararsuasrelaçõesem um quadro de irmandade, respeito e honra mútuos, onde apareceriasubstituiadominação.ATradiçãoDiânicapodeapresentarníveisdeaprendizagemeserviçoespiritual assim como muitas outras tradições neopagãs: aprendiz,iniciada,sacerdotisaealta‐sacerdotisa.Noentanto,aTradiçãoDiânicanãotemumahierarquiareligiosa,nosentidotradicionaldeum"líderreligioso" ou Papa. Pelo contrário, sacerdotisas ordenadas devemganhar o respeito de sua comunidade espiritual através dos serviçosque prestam, e por aquilo que encarnam através de suas palavras eatos. Além disso, as sacerdotisas ordenadas devem escolher uma oumaisespecializaçõesespecíficas,comoensino,adivinhaçãoecura,quesetraduzamcomoserviçoàsociedade.Mesmo assim, a Tradição Diânica procura se diferenciar das formaspatriarcais de hierarquia baseada em valores de dominação(patriarcado ou androcracia), adotando o modelo de parceria (ougilania)propostopelaautoraRianeEisler.Riane Eisler propõe uma “actualization hierarchy” (algo como“hierarquia de realização”), baseada não na dominação, mas em umsistemade respeito ebenefíciomutuo, carinhoe responsabilidade.A“actualization hierarchy” é flexível e permite que cada uma tenhaoportunidade de ser líder (rotatividade do poder), dependendo docontexto. Ela permite que todos dêem sua opinião e tenham acomunicação sempre aberta.Não se tratadepoder sobre,maspodercom.Para Z.Budapest, omodelo dos groves e covens diânicos reflete umaestrutura familiar, comaalta‐sacerdotisanopapeldemãe. Paraela,algumas mulheres são auto‐sacerdotisas naturais, algumas mulheressãosacerdotisasnaturais,etc.Esse modelo de organização, porém, é fortemente criticado pordiânicasquechegaramàreligiãodaDeusapelofeminismo.Elasvêem

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nessesníveisdeexperiênciaumaformadeopressãohierárquicamuitosemelhanteadopatriarcado.Nessesentido,essasmulheresrejeitamessesmodelos,preferindoatuaremcompletopédeigualdadedentrodogrupo,ondeoqueexistesãorelações de honra e igualdade entre as participantes. Elas preferemcriar covens e círculos de mulheres com liderança rotativa, ou pordecisãotomadaporunanimidadeougrandemaioria, ondeasoluçãoem conjunto é valorizada, umas ensinam às outras e todas sãochamadasatreinareaperfeiçoarseusdonsdeliderança.19Diversasinstituições,hojeemdia,treinamsacerdotisasdiânicasparaoserviçodeclero.AmaisantigadelaséaWomen'sThealogicalInstitute(WTI),fundadaem1984.

Resumindo

PrincipaisCaracterísticasdoDianismoFeminista:1.VeneraçãoàDeusaeàsDeusas.Práticareservadaàsmulheres.2.CrençadequeaDeusaétudoecontemtodasascoisasdentrodesi.3. VeneraçãodaDeusaemtodasassuasfaces.ATradiçãoDiânicaé,aomesmo tempo,monoteísta, politeísta e animista, sendo a ênfasedependentedecadapraticante.4.Possibilidadedadiânicafeminista–seassimodesejar‐praticarousermembrodeoutrastradiçõespagãs(inclusivetradiçõesmistasequeveneramoDeus).19Paraessetipodeorganizaçãocompletamentenãohierárquica,otermo“círculo”émaisfrequentementeutilizadoqueotermo“coven”.

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5.Veneraçãoaosciclosnaturais/ciclosdasmulheres.6.Consciênciaambiental7. Defesa da emancipação e empoderamento da mulher (não é adominaçãodamulher sobreohomem!).O ativismopolítico émuitoimportanteparamuitasdiânicasfeministas.Oempoderamentepessoaléimportanteparatodas.8. Substituição de um modelo de dominação social (a quegeralmente chamamos de patriarcado ou androcracia ) por ummodelo de cooperação social (ou gylania ). Substituição dehierarquiaporparceria,particularmentenasrelaçõesreligiosas.9.Valorizaçãodamulher e danatureza. Inclusive o lado “feminino”doshomens.10.Crençaepráticadamagia.11. Moral pagã – substituição de ummodelo dicotômico entre obemeomaleanoçãodepecadopelanoçãoderesponsabilidadeecausa e conseqüência. Não rejeição das emoções consideradas“negativas” ou da Sombra, mas aplicação e expressão responsáveldestas.CrençadaWiccaRede.12.Valorizaçãodadiversidadeetolerância.

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ANEXOI–Modelode“Ficha”doSabbat BELTAINE - 1o de Novembro, Rio de Janeiro Sol em Escorpião, Lua Cheia em Touro. Observações sobre a Natureza local

Os mitos locais Observação dos clicos femininos em grupo ou/e pessoais

A Dança da Deusa – quem é a Deusa aqui e agora?

Mitologia tradicional do Sabbat

Observação das experiências pessoais em geral.

Cores e símbolos associados ao Sabbat – tradicionais e não tradicionais

Experiência do Sabbat este ano

Sentido do Sabbat

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