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2ª AULA: INTRODUÇÃO AO DIP 1 - Introdução A sociedade internacional , ao contrário do que sucede com as comunidades nacionais organizadas sob a forma de Estados, é descentralizada . No plano interno , o Estado, segundo Max Weber , detém "o monopólio legítimo da coerção" física ou moral para impor as suas vontades por meio da sua soberania. No plano externo , o Estado não detém este poder soberano de impor as suas vontades. Assim, como diz Thomas Hobbes , a anarquia domina as relações internacionais. Entretanto, isto não significa que a realidade internacional seja um caos. Como é que esse caos é controlado ? Por meio da hierarquia entre os Estados em termos de desenvolvimento econômico, social e tecnológico e pela balança do poder militar. Esses dois elementos, portanto, transformaram a anarquia internacional em um sistema de Estados. E como funciona o sistema de Estados ? Por meio de normas jurídicas, isto é, por meio do DIP. 2 - Antecedentes históricos O DIP apareceu somente no séc. XVII como ciência autônoma e sistematizada por meio da Paz de Westfalia (1648) - pôs termo à Guerra dos 30 Anos - que consagrou o princípio da igualdade jurídica dos Estados . 3 - Definição Segundo Hildebrando Accioly, é o "conjunto de normas jurídicas que regulam as relações mútuas dos Estados e, subsidiariamente, as das demais pessoas internacionais, como determinadas organizações, e dos indivíduos". 4 - Fundamento O estudo do fundamento do DIP busca explicar a sua obrigatoriedade . Duas principais correntes explicacam a razão de ser do DIP: a) Doutrina Voluntarista : para estes, a obrigatoriedade decorre da vontade dos próprios Estados, ie, no seu consentimento.

APOSTILA DIP

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2ª AULA: INTRODUÇÃO AO DIP 1 - IntroduçãoA sociedade internacional, ao contrário do que sucede com as comunidades nacionais organizadas sob a forma de Estados, é descentralizada.  No plano interno, o Estado, segundo Max Weber, detém "o monopólio legítimo da coerção" física ou moral para impor as suas vontades por meio da sua soberania.  No plano externo, o Estado não detém este poder soberano de impor as suas vontades. Assim, como diz Thomas Hobbes, a anarquia domina as relações internacionais. Entretanto, isto não significa que a realidade internacional seja um caos. Como é que esse caos é controlado? Por meio da hierarquia entre os Estados em termos de desenvolvimento econômico, social e tecnológico e pela balança do poder militar. Esses dois elementos, portanto, transformaram a anarquia internacional em um sistema de Estados. E como funciona o sistema de Estados? Por meio de normas jurídicas, isto é, por meio do DIP. 2 - Antecedentes históricosO DIP apareceu somente no séc. XVII como ciência autônoma e sistematizada por meio da Paz de Westfalia (1648) - pôs termo à Guerra dos 30 Anos - que consagrou o princípio da igualdade jurídica dos Estados.  3 - DefiniçãoSegundo Hildebrando Accioly, é o "conjunto de normas jurídicas que regulam as relações mútuas dos Estados e, subsidiariamente, as das demais pessoas internacionais, como determinadas organizações, e dos indivíduos". 4 - FundamentoO estudo do fundamento do DIP busca explicar a sua obrigatoriedade. Duas principais correntes explicacam a razão de ser do DIP: a) Doutrina Voluntarista: para estes, a obrigatoriedade decorre da vontade dos próprios Estados, ie, no seu consentimento. b) Doutrina Positivista: para estes, a obrigatoriedade decorre de razões acima da vontade dos Estados, ie, no "pacta sunt servanda", princípio pelo qual o que foi pactuado deve ser cumprido. 5 - Divisões5.1 - Direito Internacional (DI) Natural: funda-se na razão humana e abrange os princípios de justiça que devem governar as relações entre os povos 5.2 - DI Positivo: funda-se no acordo de vontades dos Estados. Subdivide-se em convencional e costumeiro: a) DI Convencional: é o direito expresso, positivado, escrito. Ex.: Tratados Internacionais como a Carta da ONU b) DI Costumeiro: é o direito tácito, não positivado, não escrito.  Em termos gerais, o DIP se divide, como diz Hugo Grotius no seu livro “Do Direito da Guerra e da Paz”, em Direito de Paz e Direito de Guerra. Tudo o mais é subdivisão.

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A divisão quanto ao âmbito de aplicação do DIP é: a) DIP Geral: aplicação em toda a sociedade internacional; e, b) DIP Particular: aplicação limitada a certos membros da comunidade internacional. Ex.: DI Americano. 6 - Classificação6.1 - DIP: voltada às questões políticas, militares e econômicas dos Estados em seus relacionamentos internacionais. Sua fonte pode ser encontrada no art. 38 do Estatuto da CIJ, a saber:  a) Convenções internacionais;b) Costume internacional;c) Princípios gerais: solução pacífica de controvérsias, não intervenção em assuntos internos dos Estado, auto-determinação dos povos e "pacta sunt servanda";d) Jurisprudência e doutrina; e,e) Questão "ex aequo et bono": a equidade no DIP é um meio que visa ao preenchimento de lacunas do direito positivo. 6.2 - DIPriv: voltada aos interesses dos particulares. Sua fonte é a legislação interna que tenha conseqüências internacionais. Ex.: nacionalidade (proteção diplomática do Estado) e a condição jurídica do estrangeiro (proteção judicial do Estado). 7 - Direito Internacional versus Direito Interno: duas teorias7.1 - Corrente dualista: o D. Internacional e o D. Interno de cada Estado são sistemas rigorosamente independentes e distintos, de tal modo que a validade jurídica de uma norma interna não se condiciona à sua sintonia com a ordem internacional. Enfatizam a diversidade das fontes das normas jurídicas.Ex.: O alemão Triepel e o italiano Anzilotti. 7.2 - Corrente monista: subdividido em duas correntesa) preponderância do D. Internacional Os monistas internacionalistas voltam-se à perspectiva ideal de que um dia se instaure a ordem única regulada pelas leis que regem a ordem internacional. Ex.: Hans Kelsen, escritor da famosa obra "General Theory of Law and State", é o maior defensor da supremacia do Direito Internacional. b) preponderância do D. Interno. Os monistas nacionalistas dão relevo à soberania de cada Estado e à descentralização da sociedade internacional. Dão culto à constituição. Ex.: pouquíssimos autores se comprometeram com este monismo, salvo os ex-soviéticos. Contudo, vários países norteiam-se nesta corrente - inclusive o Brasil - quando os seus tribunais enfrentam o problema do conflito entre as normas do D. Internacional e do D. Interno.Exceção: o artigo 98 do CTN prescreve que o tratado internacional prevalece sobre a lei tributária interna. Obs.: todas as correntes são criticáveis 8 - DIP: importância e finalidadea) A importância do DIP é diretamente proporcional à globalização, ie, ao processo gradual eliminação das barreiras econômicas concomitante com o aumento das trocas internacionais (comércio) e da interação transnacional (investimento). 

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b) A finalidade do DIP é a manutenção da ordem jurídica entre os Estados com o fito de se manter uma ordem internacional.  Hoje, no pós-guerra fria, esta finalidade é mais possível de ser colocada em prática devido à existência de "polaridades indefinidas", como assevera o ministro das Relações Exteriores Celso Lafer, ao contrário do que ocorria na guerra fria em que as polaridades eram bem definidas - conhecimentos dos pólos de poder Leste/Oeste - e por causa disso a ordem internacional era mantida por uma balança de poderes e pela hierarquia entre os Estados. c) Contexto atual: globalização e a soberania dos Estados - Princípio do “Campo de futebol”, segundo o ex-secretário-geral da UNCTAD Rubens Ricupero 9 – PrincípiosHá dois princípios do DIP: a) Princípio da Efetividade: entende-se como a relação que existe entre um fato e uma regra. Tem importância no DIP como requisito para a validade de certos institutos que são usados pelas Grandes Potências, pois somente elas dispõem de meios (força) para imporem tal efetividade. Ex.: bloqueio e ocupação. A efetividade é conseguida no DIP, porque a sociedade internacional é descentralizada.  b) Princípio da Reciprocidade: é a medida de “igualdade”, que é obtida por “reação”. Sua finalidade é atingir um “equilíbrio.” 10 - MétodosOs métodos para o estudo do DIP são três: a)Dedutivo: a partir do D. Natural, os autores deduziram as normas a serem aplicadas pelos Estados nas suas relações externas; b) Indutivo: a partir dos fatos, os autores elaboraram normas jurídicas; e, c) Misto: concilia os dois métodos anteriores. O melhor método é o misto, pois o dedutivo faz com que o jurista se afaste da realidade social. O indutivo diminui o papel do jurista, que fica limitado a constatar o que existe, tirando-lhe a sua função de construidor e renovador. 11 – Relações com os demais ramos a) Política: “o direito só existe e os isntitulos legais só operam dentro de determiandos contextos políticos.” b) Relações Internacionais: tem o mesmo interesse, ou seja, paz e cooperação internacional. c) Direito Constitucional: o D. Constitucional Internacional estuda as normas constitucionais que produzem efeitos no âmbito internacional. Ex.: conclusão de tratados. d) Direito Civil: a LICC e) Direito Penal: o D. Penal Internacional versa sobre a extradição, genocídio, entre outros.

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f) Direito Comercial: lida, por exemplo, com tratados comerciais, uniões aduaneiras. g) DIPri: trabalha com nacionalidade, extradição, imunidades dos Estados/chefes de Estado/agentes diplomáticos, reconhecimento de Estado e de governo etc. 

3ª AULA: FONTES DO DIP 1 - ConceitoFontes do DIP constituem os modos pelos quais o Direito se manifesta, isto é, as maneiras pelas quais surge a norma jurídica. Difere-se do fundamento, pois este é de onde o Direito tira a obrigatoriedade. 2 - Fontes do DIP: duas perspectivasa) Escola Positivista: acordo de vontades é a fonte do DIP, seja expresso (tratado), seja tácito (costume). b) Escola Objetivista:

-Fontes formais: “num curso de água, encontraremos a sua nascente, ou seja, o local onde surge a água”; e,  - Fontes materiais: “diversos fatores como a composição do solo e a pluviosidade que fizeram com que a água surgisse naquela região”. 3 - Art. 38 do Estatuto da CIJ (fonte formal)1 - A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará: a) as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; b) o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito;c) os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas;d) sob ressalva da disposição do art. 59(*), as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito. 2 - A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma questão "ex aequo et bono", se as partes com isto concordarem. (*) A decisão da Corte só será obrigatória para as partes litigantes e a respeito do caso em questão. 4 - Especifidadesa) sem hierarquia: convenção, costume e princípios gerais b) rol não taxativo: significa que as fontes nascem constantemente 5 - Tratados Internacionais (a ser estudado na próxima aula) 6 - Costumes Internacionais a) Duas condições:  i. Elementos objetivos: repetição constante e uniforme de determinados atos durante certo período.

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 ii. Elementos subjetivos: convicção de obrigatoriedade; e, Difere-se da cortesia internacional (Ex.: cerimonial), pois o costume acarreta a responsabilidade do autor da violação enquanto a cortesia não, que é somente considerado um ato inamistoso. b) Discordância: protesto. Visa evitar a formação do costume, o DIP visa proteger o costume do país. 7 - Princípios Gerais São pautas genéricas que orientam a compreensão do ordenamento jurídico e que são avaliados conforme a sua importância  Difere-se da regra, que é “tudo ou nada”.  Também distingue-se do Direito Natural, pois os Princípios Gerais fazem parte do Direito Positivo. Ex.: solução pacífica de controvérsias, não intervenção em assuntos internos dos Estado, auto-determinação dos povos e "pacta sunt servanda". 8 - Decisão judiciária (jurisprudência)a) Conceito: jurisprudência é o pronunciamento uniforme, permanente e do mesmo modo pelo Judiciário. b) A jurisprudência internacional significa, tanto o conjunto de decisões arbitrais internacionais entre Estados (Corte Permanente de Arbitragem de Haia), como o conjunto de decisões judiciárias proferidos pelos tribunais regionais (Corte de Justiça das Comunidades Européias e as Cortes de Direitos Humanos da Europa e da América Latina). Entretanto, a CIJ tem se baseado somente em seus próprios julgados. Obs.: as decisões judiciárias nacionais não se aproveitam no plano internacional a título de jurisprudência. c) Importante aspecto é que a jurisprudência internacional pode também vir a se tornar costume internacional.  9 - Doutrinaa) Atualmente, o papel da doutrina diminuiu, e por conseguinte, a sua inclusão no Estatuto tem sido contestada. Assim, a CIJ, em seus julgamentos, evita mencionar opiniões de juristas; mas, em compensação, nas exposições dos governos, o recurso à doutrina é freqüente, o que dá uma idéia de seu valor.  b) Entretanto, é importante indicar que as doutrinas já tiveram uma influência marcante no desenvolvimento do DIP. É o exemplo da doutrina sobre o Direito do Mar, que foi a base jurídica para a criação da Convenção do Mar de Montego Bay, na Jamaica, em 1982.O Tribunal do Mar (instalado em 1997) fica em Hamburgo e trata do fundo marinho (antes, de competência da CIJ), que é patrimônio comum da humanidade. Os EUA não a ratificaram, pois a Conv. considera o solo e o sub-solo dos fundos marinhos de patrimônio comum da humanidade e não de "res nullius". 10 - Questão "ex aequo et bono"

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a) Parece generalizada a convicção de que a equidade pode operar tanto na hipótese de insuficiência da norma de direito positivo aplicável quanto naquela em que a norma traz ao caso concreto uma solução inaceitável pelo senso de justiça do intérprete.  b) A equidade no DIP é um meio que visa ao preenchimento de lacunas do direito positivo e deve ser, conforme o art. 38, aceito pela partes. 11 - Atos unilaterais e decisões das Organizações Internacionaisa) Características- Não há diferença entre atos e decisões. Ambas trazem consequências jurídicas. A única diferença é quanto ao emissor;- Não são previstas pelo Estatuto da CIJ; e,- Não são leis, mas sim atos jurídicos (agente capaz, objeto lícito e consentimento), que também produzem conseqüências jurídicas (direitos e deveres) como as leis. b) Elementos essenciais- Emanado de um sujeito do DIP apenas;- Independente de outro ato, posterior ou anterior; e,- Não necessariamente traz obrigações aos terceiros Estados. c) Tipos- Notificação: o Estado leva ao conhecimento do outro um fato que possa produzir efeitos jurídicos.- Silêncio: consentimento tácito.- Promessa: Condição: dirigida e formulada por um suj. DIP e boa fé- Protesto: Condição: capacidade jurídica (sujeitos do DIP), capacidade de órgão (Poder Executivo apenas), vontade sem vícios e objeto lícito.- Reconhecimento: Ex.: Taiwan.- Renúncia:  12 - O Brasil e a CIJ: especificidadeO Brasil não reconhece a cláusula facultativa de jurisdição obrigatória da CIJ, que corresponde ao art. 36, 2: "Os Estados-partes do presente Estatuto poderão, em qualquer momento, declarar que reconhecem como obrigatória, "ipso facto" (pelo mesmo fato) e sem acordo especial, em relação a qualquer outro Estado que aceite a mesma obrigação, a jurisdição da Corte em todas as controvérsias de ordem jurídica que tenham por objeto (...)". Isso não significa que o País não possa, em um litígio específico, aceitar a jurisdição da CIJ, porque como o País ratificou a Carta da ONU, por conseguinte, ratificou "ipso facto" o Estatuto da CIJ, segundo o art. 93, 1, da ONU. 13 - Sujeitos do DIPSão sujeitos, de acordo com a CIJ, toda entidade jurídica que goza de direitos e deveres internacionais e que possua a capacidade de exercê-los tais como os Estados, as Organizações Internacionais e a Santa Sé. 

 

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4ª AULA: TRATADOS1ª parte

 1 - DefiniçãoSegundo o art. 2º da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados(*), o tratado é um "acordo internacional celebrado por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional (...)" Obs.: conquanto entre Estados, a Convenção de Viena também regula os tratados entre os demais sujeitos do DIP. (*) A Convenção de Viena sobre o direito dos tratados entre os Estados foi assinada em maio de 1969 e sua negociação envolveu 110 Estados. Entrou em vigor aos 27 de janeiro de 1980, quando, nos termos do seu art. 84, chegou-se ao quórum mínimo de 35 Estados partes. Em 1986, outra Convenção, de igual substância, foi celebrada, também em Viena, sobre tratados entre Estados e Organizações Internacionais, ou somente entre estas últimas.  2 - Característicasa) Escrita: possui um preâmbulo (parte genérica como as partes, os motivos, o local da assinatura etc), dispositivo (parte contendo os artigos com os direitos e deveres) e anexos (parte técnica, que contém dados geográficos, equações etc) b) Oral: não é a regra. Contudo, também tem obrigatoriedade. 3 - Classificaçãoa) Quanto às partes: bilateral ou multilateral.  Obs.: bilateral não significa que é uma composição de dois Estados. Pode ser, por exemplo, o Mercosul e a UE. b) Quanto à qualidade das partes: Estados ou Org. Internacional ou Sta Sé ou Beligerantes (qualidade limitada). Ex.: Palestina c) Quanto ao objeto: militares, civis ou comerciais d) Quanto a natureza jurídica:- Tratados-Leis: normas objetivas, abertas e impessoais. Estabelecem regras uniformes de conduta e são, de uma forma geral, celebrados entre muitos Estados. Ex.: tratado da Lua, convenção de Viena sobre tratados - Tratados-Contratos: realizam uma operação jurídica. Em outras palavras, procuram regular interesses recíprocos dos Estados e são geralmente de natureza bilateral. Ex.: acordos de comércio sob a égide da OMC Obs.: no caso de guerra, estes são abrrogados enquanto os tratados-leis são suspensos. - Tratados-Quadros: São tratados cujas regras são temporárias, isto é, previstas em um período de transição. Ex.: Mercosul - União Européia (*). (*) é a Comunidade Européia (CE) - e não a União Européia (UE) - que é membro da OMC. A UE é a representação internacional e política dos seus membros e é composta por um tripé: CE (vertente econômica), Cooperação em Assuntos Judiciais e Criminais, e Política Externa e Segurança Comum. 

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Obs.: o art. 38 da CIJ não faz a distinção. Assim, a distinção é meramente prática. Não existe hierarquia entre eles. 4 - Condições de validadea) Agente capaz: Estados soberanos, Organizações Internacionais, Beligerantes (atualmente, os movimentos de libertação nacional têm concluído tratados) e a Santa Sé. b) Habilitação do agente: é feita pela carta de Plenos Poderes (art. 7º da convenção de Viena), que dá o poder de negociar e de concluir tratados. A importância desta Carta é evitar que o tratado obrigue o Estado imediatamente, como ocorreria se o tratado fosse assinado diretamente pelo Chefe de Estado, uma vez que estaria dispensada a ratificação. Além disso, pela intensificação das relações internacionais, é impossível fisicamente o Chefe de Estado assinar todos os tratados. Quem recebe se chama plenipotenciário. Quem expede, seja nos sistemas presidencialistas, seja nos parlamentares, é o Chefe de Estado ou o Ministro das Relações Exteriores. Os chefes de Estado e/ou de Governo (competência originária), os Ministros das Relações Exteriores (competência derivada), chefes de Missão Diplomática junto ao Estado acreditado sendo o tratado bilateral entre o Estado acreditante e o acreditado não precisam apresentar esta carta. Todos os demais como os chefes de delegações nacionais etc. precisam. Obs.: os Secretários Gerais das Organizações Internacionais não precisam também da Carta. c) Consentimento mútuo: qualquer vício, erro, dolo ou coação no consentimento torna o tratado nulo. d) Objeto lícito e possível: objeto lícito significa que não pode o Brasil assinar um tratado com a África para explorar o fundo marinho, pois o fundo marinho é de todos. Precisa pedir permissão ao Tribunal do Mar, sediado em Hamburgo, na Alemanha. Objeto possível significa que não dá para fazer um tratado com os EUA para montar um barzinho com forró na Lua. 5 – Cláusula “rebus sic stantibus”a) ConceitoEm todos os tratados com prazo indeterminado ou prazo muito longo, a cláusula determina que o tratado deve ser revisto ou terminado quando as circunstâncias sociais que lhe deram origem forem modificadas.  Difere-se da “condição resolutória” uma vez que as partes não prevêem na cláusula “o fato futuro e incerto”. Também distingue-se da “força maior”, pois esta apenas “suspende a execução do tratado” até que ela cesse. b) ”Circunstâncias sociais”Deve-se examinar se a alteração das condições sociais viola as intenções das partes contratantes na época em que concluíram o tratado, uma vez que o seu fundamento é o acordo de vontades. 

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É importante enfatizar que, ocorrendo tal modificação nas condições sociais, o Estado não pode simplesmente denunciar o tratado. Somente um novo consentimento mútuo pode terminá-lo. Nota: esta cláusula não se aplica a tratados que estabelecem fronteiras. 6 - Processo de conclusão de um TratadoNegociação  -  assinatura  -  ratificação -  registro (troca de notas ou depósito)  -  promulgação -  publicação  7 - Negociaçãoa) Competência negocial: a negociação é a fase inicial do processo de conclusão de um tratado. É de competência do Poder Executivo. A competência original é do Chefe de Estado. O Ministro das Relações Exteriores tem competência limitada. b) Negociação bilateral: é entre o Ministro das Relações Exteriores e a sua contra-parte.  c) Negociação multilateral: desenvolve-se nas conferências e congressos.Exemplo: tratados-leis d) Esta fase termina com a elaboração de um texto escrito que é o tratado. 8 - Assinaturaa) Conceito: é a firma – pelo presidente da República ou por um agente munido de carta de plenos poderes - que põe termo a uma negociação. b) Transformações: - As convenções internacionais do trabalho não são assinadas; e,  - Assinatura diferida consiste em dar aos Estados maior prazo para a assinatura do tratado, a fim de que os Estado que não participaram das negociações figurem como partes contratantes originárias.  Atenção: a assinatura não faz com que o tratado se torne obrigatório, desde que haja cláusula confirmando isso. Caso contrário, conforme o art. 11 da Convenção de Viena sobre Tratados(*), o tratado tem vigência imediata, não necessitando da ratificação. (*) "O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado pode manifestar-se pela assinatura, troca de instrumentos constitutivos do tratado, ratificação, aceitação, aprovação ou adesão, ou por quaisquer outros meios, se assim for acordado".  Na prática, todavia, o tratado só é exigível após o depósito ou troca dos instrumentos de ratificação.  

5ª AULA: TRATADOS2ª parte

 9 - Ratificação9.1 - Conceito: é ato unilateral com que o sujeito do DIP, signatário de um tratado, exprime definitivamente, no plano internacional, sua vontade de obrigar-se. Após a ratificação, o tratado passa a ser obrigatório. 9.2 - Características: a) Quanto à competência: é fixado pelo Direito Constitucional de cada Estado. De uma forma geral, há três sistemas sobre o poder competente para proceder a ratificação:

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1º) competência exclusiva do Poder Executivo (adotado nas monarquias);  2º) divisão de competência entre o Executivo e o Legislativo.Exemplo: Brasil. De fato, em nosso País, a ratificação é um ato do Poder Executivo, exigindo ou não a prévia autorização do Legislativo; e,  3º) competência exclusiva do Poder Legislativo.Exemplo: Suíça b) Quanto à discricionariedade: ratifica se quiser. Não comete qualquer ilícito internacional se o Estado não ratificar. Todavia, ao recusá-la, o Estado pode estar sendo inconveniente politicamente. Assim, duas são as características: 1ª) indeterminação do prazo para ratificação; e, 2ª) licitude da recusa da ratificação. c) Quanto à irretratabilidade: ratificou, deve-se cumprir o tratado e a denúncia unilateral, se e quando possível, deve ser praticada de acordo com as regras prefixadas.  9.3 - Formas: por escrito 9.4 - Depositário: o tratado só produzirá efeitos a partir da troca (tratados bilaterais) ou depósito dos instrumentos de ratificação (tratados multilaterais). 10 - Acordos Executivos10.1 - Conceito: são todos tratados internacionais que não necessitam da aprovação do Congresso Nacional. Dessa forma, não há ratificação. 10.2 - Três categorias: a) acordos celebrados para cumprimento ou interpretação de um tratado já ratificado b) acordos administrativos que decorrem de um tratado já ratificadoEx.: acordos de transporte aéreo c) acordos que regulam o "modus vivendi", ie, acordos que estabelecem bases para futuras negociaçõesEx.: tratados sobre meio-ambiente.  Observação: os primeiros e últimos fazem parte da praxe da rotina diplomática, pois é competência privativa do presidente da República manter relações com os Estados estrangeiros. O segundo deve ser reputado coberto por prévio assentimento do Congresso Nacional 10.3 - Duas características gerais: a) Cobertura orçamentária: qualquer tratado que não onere o tesouro público pode ser concluído pelos acordos executivos. Se onerar, deve existir recursos orçamentários já alocados ao Ministério das Relações Exteriores. Se não tiver recursos previstos, não pode ser acordo executivo; e, b) Reversibilidade: o acordo executivo deve ser reversível, ie, desconstituído por vontade unilateral. 11 - Procedimento parlamentar no Brasil

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Negociado e assinado um tratado bilateral ou multilateral, o chefe de Estado pode mandar arquivá-lo - se achar que a negociação bilateral ou multilateral não foi o suficiente - ou submeter o texto à aprovação do Congresso.  A remessa do tratado ao Congresso faz-se por mensagem do chefe de Estado, acompanhado da exposição de motivos do ministro das Relações Exteriores. O tratado é discutido nas duas Casas, primeiro na Câmara, depois no Senado. Se o tratado for reprovado na Câmara, isto põe termo ao processo. A votação em cada Casa requer a maioria absoluta (mais da metade de seus integrantes). E a aprovação nas duas Casas se materializa por meio de um decreto legislativo, promulgado pelo presidente do Senado. Após esse decreto, o chefe de Estado pode ratificar ou não, dependendo da sensibilidade política internacional. Se reprovado, há somente uma comunicação dirigida ao chefe de Estado.  Observação: a maioria simples é mais da metade presentes à sessão. A maioria qualificada é a de 3/5, e serve para aprovação de emenda constitucional. Questão: o Congresso Nacional pode emendar um tratado negociado pelo Executivo? A melhor posição é de Pontes de Miranda negando a possibilidade de emenda e aceitando a apresentação de reservas, pois a emenda, segundo a teoria da divisão de poderes de Montesquieu, é uma interferência indevida do Legislativo nos assuntos do Executivo. Já a reserva não tem esse aspecto.  12 - ReservasA ratificação não deve ser condicional. Todavia, na prática, principalmente em tratados multilaterais, a mesma permite a formulação de reservas sobre dispositivos específicos na negociação.  A reserva permite que o Estado não se obrigue a cumprir determinadas regras do Tratado que afrontariam a Constituição. Nos Tratados bilaterais, a reserva não é permitida, uma vez que, como é um acordo que envolve apenas dois Estados, eles têm tempo para chegarem a um denominador comum, o que não é possível nos multilaterais. 13 - Entrada em vigora) Registro e publicidade: A Carta da ONU determina em seu art. 102 que todo tratado internacional concluído por qualquer membro deverá ser registrado no Secretariado e por este publicado sob pena de não poder invocar qualquer órgão do ONU. A Convenção de Viena sobre Tratados ratificou esta regra. É importante, porém, enfatizar que mesmo não registrado, o tratado é obrigatório entre as partes.  b) Promulgação e publicação dos tratados no Brasil:Uma vez ratificado, o tratado - além de ser registrado - deve ser promulgado (atestar a sua existência) por decreto do chefe de Estado. E publica-se (atestar a sua obrigatoriedade) no Diário Oficial da União, os que hajam prescindido do assentimento parlamentar. Em relação aos acordos executivos, basta a publicação no Diário Oficial, autorizada pelo ministro das Relações Exteriores. 14 - Tratado em vigora) Efeitos: a partir da troca/depósito (registro), o Estado tem direitos e deveres a serem cumpridos na ordem internacional 

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b) Duração: depende do que está acordado. Quando não há nada, é por tempo indeterminado. c) Adesão: é feita pelo Estado que não negociou, nem assinou o acordo - e portanto, não ratificou - mas que tomado por interesse, decide tornar-se parte de um tratado que permita o ingresso.  

i. Dois tipos: aberta a todos ou aberta a um grupo com base no critério geográfico.  ii. Dois modos: adesão definitiva (sem ratificação, porque presume-se que a mesma já tenha sido feita) ou adesão "ad referendum" do Poder Legislativo (sujeita a ratificação)

 d) Emendas: possível desde que previstas, e pode vir de qualquer Estado parte. A revisão é uma emenda em proporções gigantescas. e) Violação: infringiu o tratado bilateral ou multilateral, há punição, seja com a extinção do tratado, seja com a expulsão do mesmo. f) Interpretação: pode ser: i. plano interno: unilateral, por um dos contraentes, sem obrigação no plano internacional; e,

 ii. plano internacional: pelos contraentes ou por um tribunal.  Observação: a Convenção de Viena sobre Tratados apresenta as principais normas de interpretação: 1ª) interpretação de boa-fé; e, 2ª) interpretação segundo o "pacta sunt servanda" (palavra dada deve ser cumprida). 15 - Extinção dos Tratadosa) Execução integral do acordob) Consentimento mútuo c) Termo: quando existe um tempo determinadod) Condição resolutória: quando algum fato realizar ou não e) Renúnciaf) Caducidade: quando não mais for aplicado ou algum costume for contráriog) Guerra: tratados-leis são suspensos e tratados-contratos são abrrogados. Contudo há alguns tratados mantidos como os tratados de limites territoriais e os tratados que estipulam as condutas numa guerra. 16 – Revisão de TratadosA revisão, parcial ou geral, pode ser feita judicialmente, por negociações diretas ou por um órgão internacional. Muitos tratados, porém, já prevêem a sua própria revisão. Por ex., na ONU exige-se a aprovação de certo número de Estados e dos cinco membros do CS. Difere-se da emenda, pois esta tem um alcance menos amplo e atinge normas secundárias do tratado enquanto que a revisão é ampla e atinge normas fundamentais.  

6ª AULA: ESTADO 1- Estado: evolução históricaPaz de Westfalia (1648): originou-se da obra-prima do holandês Hugo Grotius - Do Direito da Guerra e da Paz de 1625. 

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Com esta paz, que pôs termo à Guerra dos 30 Anos, triunfou o princípio da igualdade jurídica dos Estados. Assim, com a Paz, o feudalismo entra em crise e surge a Europa Moderna. É o momento em que os Estados se consolidam (Grã-Bretanha e a França) por meio do reconhecimento da soberania absoluta do Estado no plano internacional definindo-se, destarte, as bases do DIP. Na prática, os senhores feudais abrem mão de seus exércitos particulares deixando-os sob a tutela do Estado. O Estado se torna soberano.  Observação: É importante frisar que a Paz de Westfalia define relações entre os Estados e não o Estado em si. 2 - Noção Jurídica do EstadoEstado é a organização de um povo (agrupamento político), em um dado território, para a realização do bem comum, sob a direção do poder público soberano. Em outras palavras, segundo a Convenção de Montevideo de 1933 que definiu o que é um Estado, o mesmo reúne quatro elementos indispensáveis para a sua formação: população, território, governo e soberania. 3-Como tornar-se um Estado?Um Estado faz um pedido de adesão à ONU e declara que irá respeitar as regras básicas da Carta da ONU. O Conselho de Segurança analisa o pedido e faz uma recomendação (crucial). No fim, a Assembléia Geral toma a decisão. 4-Estado e Nação: diferençasa) Nação: vínculo psíquico.

Estado: vínculo jurídico. b) Nação: realidade duradoura, perene.

Estado: frágil no momento de uma dominação estrangeira.  c) Nação: mantém vivos os valores nacionais, o estilo de vida, que são passados de gerações para gerações.

Estado: mantém a ordem e tranqüilidade. Elementos constitutivos de um Estado: território, povo, governo e soberania. 5 - Territórioa) Terrestre: sub-solo, solo (plataforma continental) e ilhas b) Marítimo: mar territorial, zona econômica exclusiva (ZEE) e águas interiores. Fundamento legal: a) Convenção sobre o Direito do Mar de 1982. Entrou em vigor em 1994; e, b) Lei 8617 de 1993 que dispõe sobre o mar territorial, zona contígua, zee e a plataforma continental. -Mar territorial: 12 milhas da costa e sobre o qual o Estado exerce sua soberania econômica e política plena (sub-solo, solo, água e ar). Porém, permite-se o direito à passagem inocente aos navios mercantes estrangeiros (*). (*) Isto significa que estes navios mercantes estrangeiros não precisam de autorização para adentrar ao mar territorial desde que a passagem seja contínua, rápida e não atente à paz, à boa ordem ou à segurança do Estado costeiro. Todavia, navios de guerra e submarinos estrangeiros necessitam de autorização.

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 -ZEE: de 12 até 200 milhas (total de 188 milhas). O Estado costeiro é soberano, somente, na exploração dos recursos naturais do sub-solo, solo e água. -Águas interiores: não se admite o direito à passagem inocente. Todos os tipos de navios necessitam de permissão. Obs.: zonas contíguas (12 a 24 milhas): funciona teoricamente como área de fiscalização aduaneira, fiscal, imigração e sanitária. c) Fluvial: são os rios nacionais e internacionais.Fundamento legal: tese sobre "bacia de drenagem internacional" da International Law Association acolhida pela ONU em 1997. c1) Rios internacionais: - Contíguos (quando correm entre os território de dois países. A soberania de cada Estado estende-se até a linha divisória); e, - Sucessivos (quando atravessa território de dois ou mais países. A soberania de cada Estado corresponde a parte do curso compreendida dentro do seu território) d) Aéreo: cada Estado tem soberania completa sobre o espaço aéreo acima de seu território, incluindo o ar acima do mar territorial. A "passagem inocente" é permitida para aeronaves civis, cujos países são membros da Convenção de Chicago. Aeronaves militares necessitam de autorização. Fundamento legal: a) Convenção Internacional sobre Aviação Civil de 1944 (Chicago); e, b) Convenção sobre Infrações praticadas a bordo de aeronaves de 1963. Observação: o espaço extra-atmosférico é regido pelo Tratado sobre o Espaço Exterior de 1967 da ONU. Em síntese, este tratado permite o acesso livre, insuscetível de apropriação deste espaço. 6 - PovoÉ a coletividade humana e compreende todos os habitantes - nacionais e estrangeiros - presentes em um dado país e em um determinado período de tempo. O ideal de todo Estado é que seu povo torne-se uma nação, pois este é uma consciência coletiva - indivisível - ligada por laços históricos, culturais, linguisticos e econômicos. Aqueles Estados que não conseguem criar uma nação estão fadados ã divisão. Ex.: Ex-Iugoslávia [Eslovénia, Croácia, Macedónia, Bósnia e Herzegovina, Sérvia (Kosovo) e Montenegro] e Espanha (Catalonia).  Obs.: povo difere-se da massa: a) A massa é indiferenciada. O povo só existe pela diferenciação dos seus membros, naturalmente, inseridos numa multiplicidade de grupos sociais;  b) Na massa, o homem perde o centro de referência do seu "eu". No povo, cada homem encontra condições para desenvolver a sua personalidade completa; e,  c) Na massa, todos os homens são iguais. No povo, os homens são considerados iguais quanto ao ser (origem, natureza e destino idênticos) e desiguais quanto ao modo de ser (aptidões, capacidade etc). 7 - Governo

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Objetiva o bem comum. O governo é a sua organização política, que é uma decorrência da soberania do Estado assegurada pela ordem jurídica internacional.  O DIP não impõe uma determinada forma de governo. Assim, quando os textos do DIP, como a Carta da OEA, estabelecem como forma de governo, a democracia representativa, isto é imposição de Estados fortes.  8 - SoberaniaO Estado soberano é aquele que tem exclusividade, autonomia e plenitude de competências. Em outras palavras, é aquele país que tem capacidade de fazer acordos com outros países. É a única defesa que o Estado fraco possui em relação ao forte no plano jurídico internacional.

 7ª AULA: ÓRGÃOS DO ESTADO NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS 

 1-Chefe de Estadoa) O chefe de Estado é o representante do Estado na ordem internacional. A política externa do Estado segue a sua orientação.  Os chefes de Estado trocam entre si correspondências. Os usos e costumes consagram três tipos de cartas: -Cartas de Chancelaria: utilizadas para reconhecer governos e comunicar a sua investidura, entre outros. São assinadas pelo chefe de Estado e referendadas pelo ministro das Relações Exteriores. -Cartas de Gabinete (menos solenes): utilizadas para a formulação de convites, agradecimentos de homenagens, entre outros. São assinadas pelo chefe de Estado e referendadas (ou não) pelo ministro das Relações Exteriores. -Cartas Autógrafas: cartas informais, sem forma determinada em lei ou regulamento. b) Possuem completa imunidade civil e criminal (estendida a sua família) em território estrangeiro. Imunidade igual é dada aos chefes de Governo. Exceções: ações relativas a imóveis, ações resultantes de herdeiro de chefe de Estado e quando o mesmo renuncia à sua imunidade. 2-Ministro das Relações Exterioresa) É o chefe do Ministério das Relações Exteriores O Ministério possui as seguintes funções: -Executar a política externa fixada pelo Presidente;-Recolher as informações necessárias à formulação da execução da política exterior;-Representar o governo brasileiro;-Negociar e celebrar tratados;-Organizar e instruir as missões especiais;-Organizar conferências internacionais que se realizem no Brasil;-Proteger os interesses brasileiros no exterior; e,-Representar o governo brasileiro nas relações oficiais com missões diplomáticas estrangeiras e junto a organizações internacionais.

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 O Ministro tem as seguintes funções:-Preparar os atos referentes aos assuntos externos que são assinados pelo chefe de Estado;-Designar os agentes diplomáticos e cônsules e transmitir instruções a eles;-Entrar em contato com o corpo diplomático estrangeiro; e,-Cuidar dos interesses do seu Estado no exterior. b) Quando se encontra no exterior, o ministro (e seus familiares) goza dos privilégios e imunidades dos agentes diplomáticos para que possa desempenhar com independência as suas funções. 1-Agentes diplomáticosSão as pessoas enviadas pelo chefe de Estado para representar o seu Estado - não o seu cidadão - perante um governo estrangeiro.  São eles, portanto, um dos órgãos do Estado para as relações internacionais. Direito de legaçãoÉ o direito de enviar e receber agentes diplomáticos. Este direito decorre da soberania do Estado e pode somente ser exercido se há consentimento mútuo, segundo a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas (1961). 2-Seleção, nomeação e carreira: BrasilÉ assunto regulamentado pela legislação interna dos Estados.  No Brasil, a seleção é feita pelo IRBr e a nomeação é feita ou por concurso público ou, para o cargo de embaixador, por comissão. A carreira se inicia como 3º, 2º, 1º secretários, ministros conselheiros, ministros de 2ª e de 1ª classe (embaixadores). 3-Chefe de missão diplomática: conceito e classificaçãoNo Brasil, os chefes de missão diplomática são nomeados pelo presidente da República com a aprovação do Senado(*) e são, dentro da carreira diplomática, embaixadores, ou seja, ministros de 1ª classe.  (*): art. 52, IV da CF: “(...) voto secreto após argüição em sessão secreta (...)”. Ao contrário do procurador-geral, do presidente e dos diretores do Bacen, entre outros, os candidatos, portanto, não são sabatinados em sessão pública. A Convenção de Viena classifica-os em três classes: a) embaixadores; b) ministros; e,c) encarregados de negócios (geralmente, não é um ministro de 1ª classe). 4-Missão diplomáticaÉ formada por agentes diplomáticos e pelo pessoal técnico e administrativo. Sua função é de acordo com a Convenção de Viena: a) Representar o Estado acreditante perante o Estado acreditado;b) Proteger, no Estado acreditado, os interesses do Estado acreditante e os de seus nacionais; e,c) Negociar, inteirar-se e promover as relações com o Estado acreditado. 5-Privilégios e imunidadesEstendem-se não apenas aos agentes diplomáticos, mas ainda aos funcionários administrativos, técnicos e domésticos da missão, desde que não nacionais do Estado acreditado, embora com

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privilégios e imunidades decrescentes. São: inviolabilidade, imunidade de jurisdição civil e criminal e isenção fiscal. 5.1 - Fundamento: concedido não para dar vantagens aos indivíduos, mas para assegurar a realização eficaz de suas funções em nome de seu Estado 5.2 - Inviolabilidade: significa que na missão e nas residências particulares dos agentes diplomáticos, o Estado acreditado não pode exercer nenhum ato de coação a não ser que haja o consentimento do chefe da missão. Além desses locais, o mobiliário, os arquivos e a correspondência diplomática são também invioláveis. Exceção: a inviolabilidade cessa em caso de urgência. Ex.: incêndio. 5.3 - Imunidade de jurisdição civil e criminal: existem algumas exceções quanto a imunidade civil. Por exemplo:a) Em relação a uma ação real sobre imóvel privado, situado no território do país acreditado, salvo se o agente diplomático o possuir por conta do Estado acreditante para os fins da missão; e,

b) Uma ação referente a qualquer profissão liberal ou atividade comercial exercida pelo agente diplomático no Estado acreditado, fora de suas funções oficiais. A imunidade criminal é total. Contudo, a doutrina defende que esta imunidade não se aplica se o agente (diplomata) estiver traficando entorpecentes. Obs.: a imunidade de jurisdição não significa que o agente esteja acima da lei, mas significa apenas que o mesmo deverá ser processado no Estado acreditante. 5.4 - Isenção fiscal: os agentes têm isenção de todos os tributos (impostos e taxas) diretos e indiretos além da isenção alfandegária naquele país acreditado.  6-Fim da missão: a) Ruptura - não suspensão - das relações diplomáticas; e,

b) Guerra.  Observação: mesmo com a ruptura, o Estado acreditado deve respeitar a inviolabilidade dos locais da missão. E mesmo com a guerra, o Estado acreditado deve respeitar a saída dos agentes diplomáticos. 7 - CônsulSão funcionários públicos do Estado que os envia para o estrangeiro a fim de exercerem determinadas funções como a da proteção dos interesses - em sentido amplo - de seus nacionais.  7.2 - Relações consulares: são independentes das relações diplomáticas. Assim, a ruptura diplomática não acarreta a ruptura das relações consulares. 7.3-Funções: observar, proteger, executar (notarial) e fiscalizar (arrecadação de emolumentos pagos pela função de notário). Os consulados só têm funções locais, daí normalmente existirem mais de um consulado em um país acreditado. 7.4 - Hierarquia

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Os consulados agem independentemente um do outro e da missão diplomática - conquanto seja esta quem as proteja - e se correspondem diretamente com o MRE do seu país. Contudo, se na correspondência, o assunto se referir a interesses, principalmente, políticos e econômicos, o consulado tem que dar ciência à missão diplomática. 7.5 - Seleção, nomeação e carreira: BrasilNo Brasil, não existe carreira consular. Os agentes consulares são tirados da carreira diplomática e o Cônsul Geral é sempre, no mínimo, um ministro de 2ª classe. 7.6- Privilégios e imunidades: o seu fundamento é o mesmo do agente diplomático, isto é, é concedido não para dar vantagens aos indivíduos, mas para assegurar a realização eficaz de suas funções em nome de seu Estado. Contudo, esses benefícios são reduzidos, em comparação com a dos agentes diplomáticos, e de uma forma geral, a imunidade consular pauta-se pelos atos praticados no exercício de suas funções, o que difere em relação aos diplomatas.  Exemplo: não tem imunidade criminal, nem fiscal, nem alfandegária em sentido amplo. 7.7 - Diferenças básicas entre os cônsules e os agentes diplomáticos:a) cônsul não representa politicamente o Estado, enquanto o agente sim;b) cônsul tem funções junto às autoridades locais, enquanto o agente junto ao governo central;c) os agentes têm mais privilégios e imunidades em relação aos cônsules; e,d) o agente recebe credenciais do Estado acreditante, enquanto o cônsul recebe carta patente do Estado de envio.  

8ª AULA: DIREITOS E DEVERES DO ESTADO 1 - Direitosa) Fundamentais: direito à liberdade (independência) que é relativo à soberania, que não é mais absoluta como outrora. Assim, temos:  -Liberdade interna: quando o Estado consegue impor o seu poder - leis - em relação às pessoas e as coisas dentro de seu território. É conhecida como autonomia. É a consagração do direito da autodeterminação, ie, o direito de ter o governo e as leis que lhe bem entender sem sofrer interferência estrangeira. Exemplo: organização política, legislação, jurisdição e domínio. -Liberdade externa: competência conferida pelo Direito Internacional e se manifesta pela liberdade que o Estado tem em suas relações com os demais sujeitos do DIP. É conhecida como independência.  Exemplo: capacidade de celebrar um tratado internacional. b) Derivadosi. Direito à igualdade jurídica: a igualdade jurídica, na prática, é uma ficção, pois os Estado são desiguais. Exemplo: Conselho de Segurança (CS) da ONU (o direito ao veto por parte dos cinco do CS é justificado pelo fato de os cinco possuírem maiores responsabilidades para a manutenção da paz na ordem internacional Assim, maiores obrigações, mais vantagens).

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Mesmo assim, é necessário mencionar - teoricamente - as conseqüências dessa dita igualdade jurídica: -O voto do mais fraco deve ser igual ao do mais forte; e,  -Um Estado não tem jurisdição sobre outro Estado: dentro desse contexto, a doutrina distingue os atos praticados pelo Estado "jure imperii" (como pessoa pública) e os atos "jure gestionis" (como pessoa privada).  Os primeiros gozam de imunidade e os segundos não, isto é, são passíveis de jurisdição por um Estado. Exemplo de atos "jure imperii": atos legislativos, os concernentes à atividade diplomática e empréstimos públicos contraídos no estrangeiro.  Exemplo de atos "jure gestionis": os resultantes de acordos comerciais entre Estados e particulares. Obs.: é importante mencionar que a moderna doutrina abandona a interpretação estrita da expressão "igualdade jurídica" e considera a desigualdade de fato entre os Estados. Assim, distinguem a "igualdade jurídica" e a "capacidade dos Estados resultantes de obrigações internacionais". Obs2: a “Doutrina do Ato de Estado” consiste no fato de que um Estado não pode julgar atos do governo estrangeiro realizados dentro do seu território, pois o Estado é soberano (imunidade de jurisdição de Estado estrangeiro). Assim, por exemplo, os bens do Estado fora de seu território gozam de imunidade de execução. Entretanto, o STF entende que não há imunidade da jurisdição trabalhista de Estado estrangeiro (embaixada). Quem tem competência para julgar a causa é a Justiça do Trabalho. Fica em aberto o problema da execução da sentença vez que os bens de uma embaixada são impenhoráveis. ii. Direito ao respeito mútuo: significa que um Estado não deve tratar o outro de maneira ofensiva (atentando contra a integridade territorial) e deve respeitar os seus símbolos nacionais (bandeira). iii. Direito à defesa e conservação: não é legítima defesa. A defesa e a conservação significam que o Estado pode manter uma força armada.  Exemplo: Japão, pela Constituição, não pode ter uma força armada. Assim, o país tem somente uma força de "auto-defesa", que é tão poderosa quanto que a da Grã-Bretanha. Só que é uma força de ataque/repulsa e não de ocupação. O Japão, como a China, não tem capacidade militar de manter uma região sob os seus domínios. Obs.: a legítima defesa tem a finalidade de garantir a existência do Estado contra o uso ilícito da força armada por parte de outro Estado, e está previsto tanto na Carta da ONU (art. 51) quanto da OEA (art. 21). Possui dois requisitos: - Ataque injusto e atual; e,

- Proporcionalidade entre a defesa e a agressão Diferenças e semelhanças entre a legítima defesa (LD) e a represália: Diferenças: - A LD é uma reação a um uso ilícito de força enquanto a represália é uma reação contra qualquer ilícito;

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- Na LD, o Estado apenas se defende enquanto a represália, visa a punir o autor do ilícito; e,

- Admite-se a LD preventiva enquanto a represália só é lícita quando houver um pedido de reparação não atendido.  Semelhanças: -Ambas são praticadas em resposta a um ato ilícito e não acarretam a responsabilidade do Estado. iv. Direito à neutralidade permanente: significa que o país nunca entrará num conflito armado, salvo para se defender, e esta situação deve ser reconhecida pelos demais Estados. Exemplo: Suíça e Santa Sé. 2-Deveresa) Dever moral: são aqueles que não estão positivados. Exemplo: dever de agir de boa-fé e de assistência humanitária b) Dever jurídico: são os que trazem uma sanção jurídica em um caso de não cumprimento de uma lei. Exemplos: -Solucionar controvérsias por meios pacíficos;-Não permitir que no seu território se prepare uma revolta ou guerra civil em outro Estado;-Respeitar os direitos do homem;-Evitar que no seu território haja ameaça à paz e à ordem internacional;-Não usar a força como ameaça à integridade de outro Estado e não utilizar a guerra como instrumento de política nacional;-Não auxiliar o Estado que violou o item anterior;-Não reconhecer aquisição territorial ocorrida por meio da força;-Conduzir as suas relações internacionais com base no DIP; e, c) Não intervenção: intervenção é uma atitude de imposição de um Estado ao outro por meio da força, esta não querida pelo outro Estado (ingerência em assuntos internos e externos do Estado).  Três condições para existir intervenção: - Imposição de vontade de um Estado sobre outro;- Existência de dois ou mais Estado soberanos; e, - Ato abusivo, ie, não baseado em compromisso internacional. Exemplo de intervenções: diplomática, coletiva (Guerra do Golfo), individual (o que os EUA fazem a toda hora) e armada (guerra). Exemplo de atos que não são considerados intervenções: a legítima defesa, em nome da defesa e da conservação e a por motivos humanitários (praticado pela ONU ou pelos Estados individualmente) Doutrina Drago:-Antecedentes: no século XIX (1902), o bombardeio de portos venezuelanos pela Inglaterra e Alemanha provocou protestos na América Latina O Ministro das Relações Exteriores da Argentina, Luís Maria Drago, fez um duro protesto contra a passividade dos EUA (Doutrina Monroe, ie, “América para os americanos”). -Objetivo: pretendia que a dívida pública - embora não negasse a obrigatoriedade de pagá-la por via diplomática ou arbitral - não pudesse motivar a intervenção armada. Foi bem sucedido. Os EUA

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fazem a mediação da crise e passam a ter, como resultado, uma maior influência no continente americano.  

9ª AULA: RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL DO ESTADO 1-Definição"É o instituto jurídico em virtude do qual o Estado a que é imputado um ato ilícito, segundo o direito internacional, deve uma reparação ao Estado contra o qual este ato foi cometido" (por Rousseau, Basdevant, anotado por Celso D. de A Mello). 2-Característicasa) É uma responsabilidade cível com a finalidade de reparar o prejuízo b) A responsabilidade é de Estado a Estado, independentemente da vítima ser um particular Obs.: no plano internacional, é necessário que a reclamação do particular seja endossado pelo Estado por meio do instituto da "proteção diplomática". 3-Elementosa) Ato ilícito: a responsabilidade internacional tem por base a violação de uma norma internacional  Observação: alguns doutrinadores assinalam, ainda, que a responsabilidade também pode ocorrer sem que haja um fato ilícito, que seriam as atividades lícitas que apresentam riscos como a exploração nuclear. b) Imputabilidade: é o nexo que liga o ilícito a quem é responsável por ele. Observação: a imputabilidade não se confunde com o autor do ato ilícito, isto é, se o autor for um funcionário público, quem responde pelo ilícito é o Estado. c) Prejuízo ou dano: pode ser moral ou patrimonial e pode ter sido causado a um Estado ou a um particular. 4-Espéciesa) Direta: quando o ato ilícito é cometido pelo governo, órgão ou funcionário de um Estado. b) Indireta: quando o ato ilícito foi cometido por uma coletividade sob tutela de um Estado protetor, que é responsabilidade por aquela coletividade na ordem internacional.Ex.: Timor Leste (antes das eleições de 2001) c) Comissão: quando o ato ilícito é resultado de uma ação. d) Omissão: quando o Estado deixa de praticar um ato obrigatório pelo Direito Internacional. e) Convencional: quando tem a sua origem na violação de um tratado internacional. f) Delituosa: quando a responsabilidade surgir da violação de uma norma consuetudinária. 5-Proteção diplomática5.1-Conceito

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Como a responsabilidade internacional opera de Estado a Estado, quando o indivíduo ou uma coletividade é lesada, é necessário que o seu Estado nacional o proteja endossando a reclamação por meio da proteção diplomática. 5.2-Condiçõesa) Nacionalidade do autor da reclamação: o Estado só pode proteger diplomaticamente o seu nacional, ou a coletividade que ele representa na ordem internacional. Contudo, a jurisprudência internacional não é uniforme, pois:-ora considera como devendo ter o indivíduo a nacionalidade do Estado no momento em que sofreu o dano; e,  -ora tem considerado que o particular não precisa ter a nacionalidade do Estado que o protege no momento do ilícito, mas basta tê-la no momento em que a demanda é apresentada em um tribunal.  Obs.: Dupla nacionalidade - a proteção diplomática não se exerce contra o Estado de que o indivíduo é nacional. Obs. 2: Existe também a proteção diplomática de quem não é seu nacional. Ex.: em caso de guerra, é o Estado neutro que protege os nacionais do beligerante.  Obs. 3: Proteção diplomática funcional é aquela que não é fundamentada na nacionalidade, mas sim na sua função. Ex.: funcionários da ONU. b) Esgotamento dos recursos internos: a proteção diplomática só pode ocorrer quando os recursos internos oferecidos pelo Estado tiverem sido esgotados. Ex.: recurso ao Judiciário até a última instância.  Fundamento: - evitar reclamações prematuras- presunção que os recursos internos do Estado possam ser capazes de dar satisfações aos estrangeiros. c) Procedimento do autor da reclamação: significa que a vítima do ilícito deve ter suas "mãos limpas". Em outras palavras, não há como dar a proteção diplomática se o indivíduo: -violou o direito interno (diplomatas) ou internacional; e,  -demorou, embora não existam prazos estabelecidos na ordem internacional. Sendo assim, toma-se como referência os prazos internos para apresentar a reclamação. 5.3-Consequências:a) a proteção diplomática faz a reclamação individual passar a ser do Estado; b) o Estado apresentará a reclamação quando bem entender; e, c) a indenização porventura recebida será distribuída conforme quiser. 5.4-Cláusula CalvoElaborada pelo jurista argentino Carlos Calvo no começo do séc. XX, foi comumente inserida nos contratos de concessão entre governos latinos e estrangeiros. 

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a) Objetivo: a cláusula declara que qualquer reclamação de estrangeiro deverá ser resolvida pelos tribunais do Estado e o estrangeiro, consequentemente, deve renunciar à proteção diplomática de seu Estado nacional, ou seja, nenhum processo internacional poderá ocorrer. b) Motivo: evitar que países desenvolvidos interferissem em assuntos internos alegando proteger seu nacional. c) Jurisprudência internacional não é pacífica, pois uns não admitem a sua validade e outros a admitem, mas restringem os seus efeitos. Atualmente, está em desuso. 6-Os Poderes e a Responsabilidade Internacional6.1 - Poder Executivo: é responsável pela maioria dos ilícitos que dão origem à responsabilidade internacional. São praticados pelos funcionários estatais.  6.2 - Poder Legislativo: acarreta a responsabilidade internacional nos seguintes casos: a) se o legislador aprova leis contrárias às normas internacionais; b) se o legislador, por omissão, não revogou uma legislação contrária às normas internacional; e, c) se o legislador deixa de aprovar legislação indispensável para que o Estado cumpra uma obrigação internacional. 6.3 - Poder Judiciário: acarreta a responsabilidade internacional quando denega justiça, seja impedindo o acesso do estrangeiro aos tribunais, seja tendo um aparelho judiciário deficiente. 7-Atos de particularesO Estado não é responsável pelos atos de particulares nacionais ou estrangeiros cometidos no seu território desde que cumpra dois deveres perante a ordem internacional: a) prevenir o ilícito; e, b) reprimi-lo. Ex.: Embaixadas Obs.: no caso de seqüestro de diplomatas, o Estado não é responsável se o estrangeiro for o provocador do ilícito ou quando o Estado o aconselhou a se retirar do seu território e ele não o fez. 8-Exclusão da responsabilidadeDanos provocados a um Estado devido à legítima defesa e a represália. 9-ReparaçãoÉ a finalidade do instituto da responsabilidade internacional, e sua natureza é cível. 9.1-Modallidades: a) "restitutio in integrum"; b) sanções internas. Ex.: responsabilidade do Estado por atos do particular; c) natureza moral. Ex.: pedido de desculpas; e, d) indenização: a mais comum.  

10ª AULA: RECONHECIMENTO DE ESTADO E DE GOVERNOReconhecimento de Estado

 1 - ConceitoQuando um Estado surge na sociedade internacional, este deverá pedir o seu reconhecimento, que é o ato pelo qual os Estado já existentes constatam a existência do novo membro na ordem internacional. 2 - ObjetivoTer a sua soberania respeitada

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3 - Requisitos para que um Estado seja reconhecidoa) existência de um governo independente;b) existência de uma população; e,c) existência de um território delimitado 4 - Natureza jurídicaDeclaratória, isto é, o reconhecimento de um Estado é um simples ato de constatação do Estado que preexiste a ele. Assim, a personalidade estatal não é criada pelo reconhecimento, uma vez que ela existe desde que se tenha os requisitos mencionados no item anterior. 5 - Característicasa) Incondicional, de acordo com o art. 6º da Convenção sobre Direitos e Deveres dos Estados de 1933. Obs.: contudo, atualmente, esta prática está sendo alterada. Ex.: a UE fixou condições para reconhecer os novos Estados que surgiram na Iugoslávia e ex-URSS. b) Unilateral, ou seja, a sua validade repousa na manifestação de vontade de um único sujeito do DIP e já produz efeitos jurídicos. c) Irrevogável, isto é, não pode ser retirado discricionariamente. Obs.: o rompimento das relações diplomáticas não implica retirada do reconhecimento dado anteriormente. d) Discricionário e) Retroativo, pois decorre da natureza declaratória do Estado. Efeitos práticos: validade dos atos emanados do novo Estado antes de ela ser reconhecida. 6 - Formaa) Expresso - duas formas:- Individual: ato - nota diplomática - emanado de um Estado por meio do chefe de Estado ou MRE. - Coletivo: sempre envolve um tratado b) Tácito - duas formas:- Individual: envio ou recepção de agentes diplomáticos. Ex.: EUA e Taiwan (visita presidencial) - Coletivo: sempre envolve um tratado  

Reconhecimento de Governo 7 - ConceitoDeve ocorrer sempre que um novo governo se instalar em um Estado com a violação do seu sistema constitucional. Em outras palavras, quando um governo alcança o poder por meios não previstos no sistema jurídico estatal. Obs.: se um governo, que está no poder, der um golpe de Estado em si mesmo para nele se perpetuar, alterando o quadro constitucional, há a figura do reconhecimento condicional, conforme as observações do item 5 a). Ex.: Peru. 

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8 - Governo de fato e de direitoa) Governo de fato é aquele que atinge o poder por meios não previstos na Constituição e sua autoridade é mantida à força. b) Governo de direito é aquele que chega ao poder por processo previsto na Constituição.Efeitos práticos: quando dois governos se apresentam num mesmo Estado, é o governo de direito que vale. Ex.: Colômbia. Obs.: o governo de direito não se confunde com legitimidade, pois todo golpista promulga uma lei que o justifique no poder. Assim, legitimidade significa que o governo atende aos valores existentes na sociedade. Todavia, a legitimidade não tem força na órbita internacional e o que prevalece é a efetividade. 9 - Requisitos para que um governo seja reconhecidoa) Efetividade: controle de fato da maquinaria administrativa do Estado, e a aquiescência da população do Estado ao novo governo, a qual se manifesta pela ausência de resistência armada às novas autoridades; b) Cumprimento das obrigações internacionais do Estado: fundamenta-se na identidade e continuidade do Estado apesar da mudança de governo;  c) Aparecimento do novo governo conforme o DI: significa eliminar - teoricamente - o reconhecimento de governo imposto por intervenção estrangeira; e, d) Democracia e eleições livres: teoricamente. 10 - Efeitosa) Manutenção de relações diplomáticas; b) Imunidade de jurisdição; c) Capacidade para demandar e ser demandado em tribunal estrangeiro; e,  d) Admissão da validade das leis e dos atos do governo. 11 - Formaa) Expresso (duas formas):-Individual: pode ser feito por um ato unilateral - nota diplomática - ou por um tratado -Coletivo: sempre envolve um tratado b) Tácito (duas formas):-Individual: manutenção de agentes diplomáticos -Coletivo: assinatura de um tratado multilateral 12 - Governos no exílio12.1 - AntecedentesCom a descolonização afro-asiática no pós 2ª Guerra Mundial surgiu o reconhecimento de uma série de movimentos de libertação nacional com os seus "governos no exílio". 12.2 - Movimentos de libertação nacional

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A expressão "movimentos de libertação nacional" surgiu na ONU a partir de 1965 e surgem na luta contra o colonialismo, mas não podem, em primeiro, afetar "a unidade política ou a integridade territorial do Estado".  É importante, em segundo, mencionar que o reconhecimento é mantido enquanto esse governo ainda está fazendo esforços para voltar ao poder. E, por último, antes de obterem o reconhecimento da ONU, eles necessitam ser reconhecidos pelas organizações regionais. Ex.: Palestina (antigo MLP). 12.3 - Natureza jurídicaConstitutiva

 11ª AULA: SOLUÇÃO PACÍFICA DE

LITÍGIOS INTERNACIONAIS 1–Introdução e definição:Litígio: segundo a CPJI (atual CIJ), é “um desacordo sobre uma questão de direito ou de fato, uma contradição, uma oposição de teses jurídicas ou de interesses entre dois Estados”. É denominada de cláusula compromissória a inserida em um tratado em que o Estado se submete a um modo de solução pacífica. 2-Classificação:2.1-Diplomáticos:a) Negociações diplomáticas: podem ocorrer de duas formas. Bilaterais (a mais utilizada, pois é a mais discreta), se a questão interessa apenas a dois Estados. Multilaterais, se interessa a mais de dois Estados. Resultados (sejam bilaterais, sejam multilaterais): -Desistência: quando um Estado renuncia à sua reivindicação;-Aquiescência: quando um Estado reconhece a reivindicação do outro; e,-Transação: quando os Estados fazem “concessões recíprocas. b) Serviços amistosos: são os prestados sem aspecto oficial, sendo entretanto que algumas vezes o governo solicita ao seu diplomata que o preste. c) Bons ofícios: são atos por meio das quais uma terceira potência procura aplainar e abrir a via às negociações das partes interessadas ou de reatar as negociações que foram rompidas.  d) Mediação: é o ato pelo qual um ou vários Estados, seja a pedido das partes em litígio (solicitada), seja por sua própria iniciativa (oferecida), aceitam livremente, seja por consequencia de estipulações anteriores, se fazerem intermediários oficiais de uma negociação com a finalidade de resolver pacificamente um litígio, que surgiu entre dois ou mais Estados. Diferença com:-Bons ofícios: mediador é mais ativo, não é um simples intermediário que se contenta em colocar para negociar os Estados em litígio. -Arbitragem: a opinião do mediador não é obrigatória, enquanto a decisão arbitral é obrigatória. Contudo, o mediador não está sujeito a normas, como ocorre com o árbitro, que deve seguir os termos do compromisso arbitral.

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-Intervenção: a opinião do mediador não tem aspecto ditatorial. 2.2-Políticos:Soluções dadas pelas organizações internacionais tais como a ONU e a OEA. a) ONUA solução pacífica das controvérsias está regulamentada no capítulo VI da Carta da ONU. O art. 33 determina que nas controvérsias “de ameaça à manutenção da paz e da segurança internacional” as partes litigantes devem chegar à solução pacífica por meio dos seguintes modos: mediação, conciliação, arbitragem, solução judicial, negociação, inquérito, através de organismos regionais ou qualquer outro meio. Se o litígio não for resolvido por nenhum destes modos, as partes devem submetê-lo ao Conselho de Segurança, que fará recomendações de “procedimentos ou métodos de solução apropriados”. Se as recomendações do CS são rejeitadas, o mesmo pode “ordenar”. Nota: a AG tem também tratado da solução de conflitos internacionais, mas só tem o poder de fazer recomendações. b) OEAHá o regime de consultas como modo de solução pacífica das controvérsias. A consulta é definida como sendo a troca de opiniões entre dois ou mais governos, interessados diretamente ou indiretamente num litígio internacional, com vistas à solução pacífica deste. 2.3-Jurídicos:a) Comissões de investigação: consiste, quando do aparecimento de um litígio, em submetê-lo a investigadores, cuja missão é estabelecer a materialidade dos fatos, mas sem se pronunciarem sobre as responsabilidades. Apresenta as seguintes características: -visa apurar meramente fatos-o relatório não é obrigatório Este meio de solução pacífica é usado muito por organismos internacionais a fim de se fazer esclarecimentos.  b) Conciliação: consiste no exame do litígio, sob todos os aspectos, por um órgão gozando de confiança comum das partes litigantes que dirige suas negociações e que, sem a sua participação direta, propõe-lhe uma solução, fundada em concessões recíprocas, que as partes são livres de aceitar ou de rejeitar. É uma mediação “institucionalizada” sujeita a regras de procedimento. Tem se observado que a distinção entre mediação, bons ofícios e conciliação é meramente acadêmica, porque na prática, estes procedimentos se misturam. Apresenta as seguintes características: -deve propor uma solução para o litígio-relatório não é obrigatório-exerce processo semelhante ao das comissões de investigação (a diferença é que os resultados de uma comissão de investigação são aceitos mais facilmente pelas partes do que os de uma comissão de conciliação que propõe uma solução).

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 c) Solução judiciáriaApresenta as seguintes características: -materializado por meio de um tribunal judiciário -juízes não são escolhidos pelas partes litigantes-desenvolve uma jurisprudência-rege-se por normas que não podem ser alteradas pelas partes Os Estados não usam muito este meio. d) Arbitragem internacional (Direito Público)i. DefiniçãoModo pacífico de solução dos litígios internacionais por meio de juízes escolhidos pelas partes litigantes. Diferença com a arbitragem de Direito Privado:-a de Direito Público tem um processo mais formalista-a de Direito Privado está sujeita ao controle judiciário-a sentença na de D. Público é publicada enquanto não o é na de D. Privado, o que é considerado como sendo uma vantagem pelos grupos econômicos.-na de D. Privado, a sentença é executável. A arbitragem tem sempre por base um tratado. Apresenta-se sob duas formas: -Arbitragem facultativa: quando não existe um tratado anterior ao litígio obrigando a sua submissão a uma solução arbitral.  - Arbitragem obrigatória: quando existe um tratado anterior ao litígio obrigando o Estado a submetê-lo a uma solução arbitral. Os tratados que obrigam a submissão do litígio à arbitragem podem ser: -Tratado de arbitragem: com o próprio nome diz, são os que apenas tratam de arbitragem. -Tratados com cláusula compromissória: aqueles tratados que, versando sobre os mais diferentes assuntos, possuem uma cláusula (chamada compromissória) obrigando a submissão de litígio que venha a surgir no futuro à solução arbitral.  ii. ObjetoQualquer litígio pode ser resolvido pela arbitragem com exceção daqueles que, em virtude da cláusula facultativa do estatuto da CIJ, forem a esta submetidos. iii. Arbitragem como modo facultativoA arbitragem não é obrigatória para os Estados. O seu fundamento está na vontade das partes.  Se houver dúvidas sobre a submissão de um litígio à arbitragem, quem decide é a CIJ. iv. Características-as partes fixam livremente o objeto do litígio-os árbitros são escolhidos pelas partes-a decisão é obrigatória Nota: a arbitragem se distingue dos bons ofícios, da mediação e da conciliação porque a decisão arbitral é obrigatória.  

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v. Compromisso arbitralÉ o acordo de vontades entre as partes litigantes destinado a submeter o litígio à solução arbitral. É um tratado internacional. A nulidade do compromisso arbitral acarreta a nulidade de toda a arbitragem. O compromisso arbitral deve conter:-o compromisso de submeter a questão à arbitragem-objeto do litígio-método de formação do Tribunal e o número de árbitros-as regras de direito a serem seguidas pelo Tribunal e se ele pode julgar por equidade-se o Tribunal tem o poder para fazer as suas próprias regras de processo-número de membro para formar o quorum-maioria necessária para a sentença-prazo para proferir a sentença No silêncio do compromisso, aplicam-se as regras do art. 38 da CIJ, que declara que a Corte, para resolver as controvérsias, aplicará as convenções internacionais, o costume internacional e os prinicípios gerais do direito. Como meio auxiliar, as decisões judiciárias e a doutrina. Por fim, com base na equidade, desde que as partes concordem. vi. Constituição do TribunalDeterminada pelas partes litigantes. A indicação dos árbitros (competentes em Direito Internacional) pode constar do compromisso ou ser feita posteriormente.  O Tribunal deve ter um número ímpar de juízes (de preferência cinco árbitros) e um deles deve ser escolhido como presidente. vii. Poderes do TribunalEspecificados no compromisso arbitral.  O árbitro só pode julgar com base na equidade se o compromisso arbitral lhe der tal poder expressamente O Tribunal, na ausência de normas no compromisso arbitral, aplicará as convenções internacionais, o costume e os princípios gerais de direito. As decisões judiciais e a doutrina serão empregadas como “meios subsidiários para a determinação de regras de direito”. viii. Processo arbitralEspecificados no compromisso arbitral.  O processo deve compreender duas fases: a escrita e os debates orais.  A escrita é formada pela memória, réplica.  A oral é dirigida pelo presidente e ela só será publicada se o tribunal assim decidir, com a concordância das partes. Os documentos devem ser juntados até o encerramento da fase escrita. O Tribunal pode convocar peritos e pedir a audiência de testemunhas. Além disso, pode determinar medidas provisórias visando preservar os direitos das partes. 

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As deliberações são secretas. Quando uma das partes não comparece perante o Tribunal, a outra pode pedir que ele decida em seu favor. Contudo, o Tribunal pode conceder ao “revel” um prazo para que compareça perante ele. Se a parte ainda não comparecer, a decisão pode ser favorável a outra parte se ela estiver fundamentada de fato e de direito. Todos os árbitros devem participar das decisões. Se algum árbitro estiver ausente sem permissão, ele será substituído por um indicado pela CIJ. ix. SentençaA sentença é obrigatória para as partes litigantes. Será dada no prazo determinado pelo compromisso. Entretanto, o Tribunal tem competência para estender este prazo. A sentença possui duas partes: a exposição de motivos e a parte dispositiva. Ela é dada por maioria de votos e será por escrito. Deve ser proferida em sessão pública. Durante o período de um mês após ela ter sido dada, o Tribunal, por iniciativa própria ou a pedido de uma das partes, pode retificar erro tipográfico ou aritmético. A sentença não é executória e sua execução deve ser implementada de boa fé (o mesmo não ocorre com as sentenças da CIJ, que são passíveis de execução forçada pelo CS da ONU).  x. Interpretação da sentençaO recurso de interpretação pode ser interposto no prazo de 3 meses após ter sido proferida a sentença.  Se for impossível submeter o recurso ao mesmo Tribunal, e se as partes não chegam a um acordo, ele poderá ser levado a CIJ. A execução será suspensa até a decisão do recurso. xi. Anulação da sentençaA decisão arbitral é passível de anulação.  Ela pode ser invocada nos seguintes casos:-excesso de poderes-corrupção de um membro do Tribunal-violação de um princípio fundamental do processo ou erro na motivação da sentença-compromisso arbitral é nulo Se no prazo de 3 meses após ter sido contestada, as partes não chegarem a um acordo, a questão deverá ser decidida pela CIJ, que declarará a nulidade total ou parcial da sentença. A causa mais comum de nulidade é o excesso de poderes tais como:-decidir com base na equidade quando não tinha poderes expressos para tal-violação do compromisso arbitral-abuso na interpretação do compromisso-não motivação da sentença xii. Revisão da sentençaÉ possível se forem preenchidos os seguintes requisitos:-descoberta de um fato novo que seja decisivo na questão

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-desconhecimento deste fato por parte do Tribunal e por parte de quem pede a revisão-revisão pedida no prazo de 6 meses a contar da data da descoberta do fato novo-não tenham decorrido 10 anos da sentença A revisão sempre que possível deverá ser feita pelo tribunal que deu a decisão. Se isto não for possível e as partes não decidirem de outro modo, ela será submetida à CIJ. xii. Corte Permanente de ArbitragemCriada em 1899 em Haia, Holanda. A Corte é na verdade uma simples lista de juízes indicados pelos Estados. Não é muito usada por:-não ser permanente, pois não se reúne em momento algum, tendo apenas uma sede, que é em Haia-ter tendências para decisões diplomáticas-não ser uma Corte pois os juízes que a compõem não são obrigatórios para as partes.Como resultado, devido à variabilidade dos árbitros, não desenvolveu uma jurisprudência uniforme  Atualmente, a CIJ passou a ter preferência dos Estados para a solução de litígios internacionais. A arbitragem é empregada em assuntos de menor importância, cuja submissão à CIJ seria exagerar a sua importância, bem como naqueles assuntos em que as partes desejarem uma solução rápida.  

12ª AULA: SOLUÇÃO COERCITIVA DELITÍGIOS INTERNACIONAIS

 1-IntroduçãoO DIP procura organizar as suas sanções de modo que as violações às normas internacionais sejam reprimidas. A sanção visa uma reparação (ex: pagamento de indenização) ou submeter o culpado a uma pena (ex: punição de criminosos de guerra). No DIP, o sistema de sanções é inteiramente diverso do sistema de sanções no direito interno. Na ordem jurídica internacional, ele não é monopolizada por um poder central superior aos Estados ou indivíduos, mas, pelo contrário, ela são ainda de fato aplicadas pelos próprios interessados.  A coação, no DIP, pode ser vista como um conjunto de normas que regulam as relações entre os Estados (concepção tradicional: Ihering/Carnelutti) ou um conjunto de normas que disciplina o caso da força nas relações internacionais modernas (concepção moderna: Kelsen/Ross). 2-As medidas coercitivas e a guerraAs medidas coercitivas não se confundem com a guerra pelas seguintes razões:a) a prática de sanções não é considerada ato de guerra e, em conseqüência, permanecem as relações diplomáticas; b) as medidas coercitivas não podem atingir terceiros Estados, enquanto a guerra cria, para os terceiros, direitos e deveres (ex: neutralidade); c) as medidas coercitivas devem ser paralisadas quando o Estado que as sofre aceitar a solução que lhe tiver sido apresentada, enquanto a guerra só cessa se as duas partes concordarem; 

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d) tem sido acrescentado que na guerra, o Estado não encontra limite ao uso da força, a nãos ser que dentro do que estabelecem as leis de guerra e de humanidade. As medidas coercitivas devem ser proporcionais ao ilícito praticado; e) a guerra é empregada para resolver conflitos em que os Estados consideram não ser possível outra solução dentro do quadro da paz; os meios coercitivos são assim um estágio anterior à guerra; e, f) o emprego dos meios coercitivos, não quebrando o estado de paz, faz com que os tratados continuem a ser cumpridos, ao contrário do que ocorre com a guerra. 3 - Rompimento de relações diplomáticas (mais comum)Ato unilateral, discricionário e que não viola o DIP. Feito pela retirada dos agentes diplomáticos. Esta sanção serve para demonstrar que a parte ofendida já não espera nada das negociações diplomáticas e que poderá adotar medidas de caráter independente. Não se confunde com a suspensão de relações diplomáticas. Esta ocorre, por exemplo, quando: -um Estado retira o chefe de Missão para “consultas” e a entrega a um encarregado de negócios interino.-um novo governo sobe ao poder por um golpe de Estado O rompimento não faz com que desapareça a inviolabilidade dos locais da Missão e dos seus arquivos, bem como os agentes diplomáticos permanecem com suas imunidades. Ademais, não acarreta necessariamente o rompimento das relações econômicas e consulares. 4 - Retorsão (comum na época da divisão entre o Ocidente e o bloco comunista)Ato unilateral, discricionário e que não viola o DIP. É lei de talião, ou seja, na aplicação, pelo ofendido ao ofensor, das mesmas medidas que este aplicou em relação a ele. A retorsão precisa de um ato que não contrarie o DIP. Ex: proibição por um Estado que navios do outro entrem em seus portos ou um aumento exagerado de tributos alfandegários de produtos provenientes de outro Estado. 5 - RepresáliasAto unilateral, discricionário e que pode violar o DIP. São medidas empregadas por um Estado em relação ao outro que tenha violado seus direitos. Elas se justificariam por ser uma resposta a uma violação do DIP e visam fazer com que o Estado autor da ofensa respeite o DIP. Deve preencher os seguintes requisitos:-existência de um ato anterior contrário-inexistência de outros meios para que o Estado obtenha a reparação-proporcionalidade em relação ao delito-que o Estado lesado tenha tentado, antes de praticá-las, obter satisfação sem sucesso-não ocasionar danos a terceiros 

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A represália e a legítima defesa têm o mesmo fundamento (violação de uma norma internacional por um Estado), mas suas finalidades são diferentes: -na represália se procura obter uma reparação enquanto na legítima defesa se paralisa o ataque-na represália, o ilícito já está consumado enquanto na legítima defesa impede que o ilícito seja realizado-a represália é uma reação a qualquer ilícito internacional enquanto a legítima defesa é utilizada em caso de ataque armado É importante mencionar que terceiros Estados podem aplicar represálias. Ex: quando da ocupação das ilhas Malvinas pela Argentina, a Nova Zelândia cortou relações diplomáticas e cancelou vôos aéreos. As modalidades de represálias são: a) Bloqueio pacífico: impedir, por meio da força armada, as comunicações com um porto ou as costas de um país ao qual se não declarou a guerra.  Requisitos:-a ser empregado após o fracasso das negociações-que seja efetivo-que seja notificado oficialmente-que é só obrigado para os navios do bloqueante e do bloqueado (não para terceiros)-os navios que forem apreendidos devem ser devolvidos no final do bloqueio  b) Embargo: imobilização de navios de comércio estrangeiros, tendo em vista fazer pressão no Estado de que eles são nacionais. Características:-exercido somente por Estado soberano-ato inamistoso-exercido em relação a navios de comércio-acompanhado de certas medidas (ex: guarda armada no navio, desembarque da tripulação)-não é confisco, pois não se opera transferência de propriedade-não dá direto a indenização c) Boicotagem: interrupção de relações comerciais e financeiras com outro Estado. Pode ser realizada pelo governo ou por particulares, sendo que esta última pode ser espontânea ou forçada pelo governo. É considerada legal quando for uma represália para a defesa do Estado. Neste caso, não acarreta a responsabilidade do Estado.  Classificação:-recusa de comércio com outro Estado, ou empresas ou nacionais-recusa de permissão para serem reexportadas mercadorias para o Estado boicotado-recusa de tratar com terceiros Estados ou empresas que lidam com o boicotado-recusa de tratar com quatro Estados ou empresas que tratam com terceiros Estados ou empresas que lidam com o boicotado-recusa de dar assistência militar a terceiros Estados que auxiliam o boicotado-esforços diplomáticos para uma terceira nação se juntar ao boicote  

 

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13ª AULA: ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS 1 - ConceitoSegundo Angelo P. Sereni, "é uma associação voluntária de sujeitos de direito internacional, constituída por ato internacional e disciplinada nas relações entre as partes por normas de direito internacional, que se realiza em um ente de aspecto estável, que possui um ordenamento jurídico interno próprio e é dotado de órgãos e institutos próprios, por meio dos quais se realiza as finalidades comuns de seus membros mediante funções particulares e o exercício de poderes que lhe forma conferidos".  2-Característicasa) Associação voluntária de sujeitos do DIP; b) O ato institutivo da organização é internacional; c) Personalidade internacional; d) Ordenamento jurídico interno; e) Existência de órgãos próprios; e, f) Exercício de poderes próprios. 3-ÓrgãosPelo menos, dois órgãos reputam-se indispensáveis na estrutura de qualquer organização internacional, independentemente de seu alcance e de sua finalidade: a) Assembléia Geral: onde todos os Estados-membros têm voz e voto, em condições igualitárias; e, b) Secretaria: órgão de administração permanente, integrado por servidores neutros em relação à política dos Estados-membros. Obs.: nas organizações de cunho político, como a OEA e a ONU, encontramos um outro órgão: Conselho Permanente. 4–Sanções internasDuas formas: ou o Estado-membro tem alguns direitos suspensos ou o mesmo é excluído do quadro. 5–Admissão de novos membrosDe uma forma geral, há três aspectos principais disciplinados nos atos constitutivos da organização: a) Limites da abertura da carta aos Estados não membros: tem um caráter, geralmente, geográfico; b) Adesão à carta: presume-se integral, ou seja, desprovida de reservas; e, c) Aceitação da adesão dos demais Estados-membros. 6-Retirada de Estados-membrosDois elementos costumam condicionar a retirada voluntária do Estado-membro no quadro das organizações cujos textos fundamentais prevêem a denúncia: 

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a) Pré-aviso de, aproximadamente, dois anos; e, b) Atualização das contas. 7-Responsabilidade internacionalDe uma forma geral, são aplicáveis as mesmas regra utilizadas em relação aos Estados. Se a organização é a reclamante, a mesma deve esgotar os recursos internos do Estado; já este requisito não existe quando ela é a reclamada, pois não tem recursos internos a serem esgotados. 8-Direito de Convenção e de LegaçãoAs organizações internacionais têm:a) Poder de convencionar, isto é, de concluir acordos internacionais. Fundamento legal: Convenção da ONU sobre Direitos dos Tratados entre Estados e Organizações Internacionais ou entre Organizações Internacionais de 1986. b) Direito de legação, ou seja, como elas necessitam manter relações com os demais sujeitos do DIP, a fim de realizarem as finalidades para que forma criadas, as mesmas precisam manter missões que são representadas por observadores.  Estes observadores possuem privilégios bem mais restritos do que os dos agentes diplomáticos. Somente se beneficiam das garantias necessárias para atingir a sede da organização onde vão servir e de permanecer no território onde ela se encontra. Outrossim, na ONU, há dois tipos de observadores: temporários e permanentes. Estes são os Estados não membros que têm representação permanente acreditada junto à sede como a Santa Sé e a Palestina; aqueles são representados por todos os movimentos de libertação nacional reconhecidos como tal. Os observadores na ONU têm o direito de fazer pronunciamentos, casos as normas processuais do órgão assim o permitam. Todavia, o direito de réplica é restrito. 9-FinanciamentoÉ realizado por meio das contribuições dos Estados-membros para o pagamento das despesas da organização.  Há diferentes critérios para fixar esta quantia: a) benefícios que o Estado recebe da organização; b) número de habitantes de cada Estado-membro; e, c) igualdade de contribuição entre os Estados-membros.  No caso da ONU é a capacidade de contribuição que prevalece com base na renda nacional dos Estados. Entretanto, conforme resolução da Assembléia Geral de 1972, esta contribuição não poderia ser de mais de 25% do orçamento da ONU. Eis as cotas pagas em 2009: EUA (US$598.2 mi), Japão (US$452mi), Rússia (US$32.6mi), Brasil (US$23.8 mi) e Argentina (US$8.8mi). 10-Classificaçãoa) Quanto à finalidade: - Gerais, que são predominantemente políticas (ONU); e, - Especiais (econômicos - FMI, militares - OTAN, sociais - OIT, científicos – UNESCO, comerciais - OMC); b) Quanto ao seu âmbito territorial:

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- Universais (ONU); - Regionais (Mercosul); c) Quanto à natureza dos poderes exercidos:  i.organizações intergovernamentais (OEA, ONU) que se caracterizam: - Órgãos constituídos pelos representantes dos Estados; - Decisões são tomadas por unanimidade; e,- Próprios Estados executam as decisões dos órgãos; e, ii.organizações supranacionais (UE) que se caracterizam: -Órgãos constituídos pelos funcionários da própria organização e não dos Estados-membros; -Decisões são tomadas por maioria; e, -Deliberações dos órgãos legislativos e judiciais das organizações são diretamente exequíveis e obrigatórias no interior dos Estados-membros. d) Quanto aos poderes recebidos: - Cooperação; e, - Integração. 11-Privilégios e imunidadesAs organizações internacionais gozam de privilégios e imunidades. No caso da ONU, são eles:a) contratar, adquirir e vender bens imóveis e móveis e comparecer em juízo; b) seus bens gozam de imunidade de jurisdição;c) os locais e arquivos são invioláveis;d) suas rendas e bens gozam de isenção de imposto direto (não há isenção de taxa) e de direitos de alfândega; e, e) seus funcionários gozam de privilégios e de imunidades parecidos com os dos agentes diplomáticos (inviolabilidade, mas a imunidade de jurisdição só ocorre nos atos praticados no exercício de suas funções), menos o direito de reclamar a isenção dos direitos aduaneiros ou dos impostos de consumo ou das taxas sobre vendas mercantis.

 14ª AULA: UNIÃO EUROPÉIA, MERCOSUL E ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO

COMÉRCIO 1-União EuropéiaA União Européia (UE) é uma união supranacional econômica e política de 27 Estados-membros estabelecida após a assinatura do Tratado de Maastricht em 1992.  É constituído o mercado único, com quatro liberdades: de circulação das pessoas, mercadorias, dos serviços, e de capitais. Possui uma moeda única desde 2002. Possui 23 línguas oficiais, hino (Nona Sinfonia de Beethoven, sem letra e sem a Ode à Alegria, que Friedrich von Schiller escreveu em 1785), bandeira (não foi feita para a EU; criada originalmente para a Comunidade Européia do Carvão, foi adotada pelo governo da UE em 1985), data comemorativa (9 de maio de 1950) e lema - "Unida na Diversidade". Não possui, porém, uma Constituição própria ainda.  a) OrigemA origem da UE remonta à Comunidade Européia do Carvão e do Aço, formada em 1951 (pelo Tratado de Paris) pela França, Alemanha, Itália, Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo. Nasceu por razões geopolíticas (prevenir guerras futuras) e não econômica.

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 Em 1957 foi criada a Comunidade Econômica Européia (pelo Tratado de Roma) ou Mercado Comum Europeu. Permitiu a livre circulação de pessoas, mercadorias e serviços entre os países-membros. b) Objetivos- Promover a unidade política e econômica da Europa; - Melhorar as condições de vida e de trabalho dos cidadãos europeus; - Melhorar as condições de livre comércio entre os países membros; - Reduzir as desigualdades sociais e econômicas entre as regiões; - Promover a livre circulação de pessoas entre os seus países-membros;- Fomentar o desenvolvimento econômico dos países em fase de crescimento; e,- Proporcionar um ambiente de paz, harmonia e equilíbrio na Europa.  c) InstituiçõesAs principais instituições são:- Conselho da UE: composto pelos ministros dos governos nacionais; possui presidência rotativa; reúne-se em vários formatos conforme o tema em pauta (assuntos externos, finanças, assuntos sociais, transportes, agricultura, etc.);  - Comissão da UE (Bruxelas): órgão executivo, embora também possa propor legislação; presidência indicada pelo Conselho; corpo de funcionários civis independente dos Estados-membros; aplica as decisões comunitárias e zela pelos tratados; executa a política externa;  - Parlamento Europeu (Estrasburgo e Bruxelas): representação partidária, não nacional, mas proporcional à população dos Estados-membros; mandatos de cinco anos; vota o orçamento e fiscaliza os gastos da Comissão, pode ser consultado, propor, vetar e propor emendas à legislação sempre, mas seu poder legislativo é compartilhado com o Conselho (co-decision); - Corte Européia de Justiça (Luxemburgo): um juiz por Estado-membro e oito Advogados-gerais; interpreta os tratados e aplica legislação; assistida pela corte de Primeira Instância, criada em 1998; - Corte de Ouvidores (ombudsman), Comitê Econômico Social, Comitê das Regiões; e, - Banco Central (Frankfurt): criado em 1998 para coordenar a adoção da moeda única (euro); coordena reformas estruturais e sistema de paridade entre as moedas. Todos estes órgãos possuem representantes de todos os países membros. d) Países-membros (atualizado em julho 2010)

Membros fundadores: Alemanha Ocidental, França, Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo1973: Grã-Bretanha, Dinamarca e Irlanda1981: Grécia 1986: Espanha e Portugal. 1990: Ex-Alemanha Oriental 1995: Áustria, Suécia e Finlândia2004: Hungria, Polônia, República Checa, Eslovênia, Eslováquia, Estônia, Letônia, Lituânia, Malta e Chipre (maioria remanescentes do antigo bloco comunista do leste)2007: Bulgária e Romênia Candidatos: Croácia, Turquia, Macedônia e Islândia

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e) Condições para integrar à UE

-Critério político: existência de instituições estáveis que garantam a democracia, estado de direito, os direitos do homem, o respeito pelas minorias e a sua proteção. -Critério econômico: ter uma economia de mercado que funcione efetivamente e capacidade de fazer face às forças de mercado e à concorrência da EU. -Critério do acervo comunitário: capacidade para assumir as obrigações decorrentes da adesão, incluindo a adesão aos objetivos de união política, econômica e monetária. Nota: o euro apenas pode ser adotado quando os países membros cumprirem determinados critérios económicos, tais como elevado grau de estabilidade dos preços, situação orçamental sólida, estabilidade cambial e convergência das taxas de juro de longo prazo. Países membros que estão fazendo a “lição de casa” para adotar o euro: Bulgaria, República Checa, Estonia, Hungria, Lativia, Lituania, Polonia e Romenia (Reino Unido, Dinamarca e Suécia). 2-MercosulO Mercosul, como é conhecido o Mercado Comum do Sul, é a união aduaneira de cinco países da América do Sul.  Os idiomas oficiais e de trabalho são o espanhol e o português. Popssui um logotipo (quatro estrelas da constelação denominada Cruzeiro do Sul sobre uma linha curva de cor verde, que simboliza o horizonte, sobre a palavra MERCOSUR/MERCOSUL). a) OrigemArgentina, Brasil, Paraguai e Uruguai assinaram em março de 1991 o Tratado de Assunção, com vistas a criar o Mercado Comum do Sul. Em dezembro de 1994, foi aprovado um Protocolo Adicional ao Tratado de Assunção - o Protocolo de Ouro Preto - que estabelece a estrutura institucional do bloco e o dota de personalidade jurídica internacional. Adota-se os instrumentos fundamentais de política comercial comum que caracterizam a União Aduaneira. Em 2002 foi aprovado o Protocolo de Olivos para a Solução de Controvérsias entre os Estados Partes. É criado o Tribunal Permanente de Revisão (TPR) com o objetivo de "garantir a correta interpretação, aplicação e cumprimento dos instrumentos fundamentais do processo de integração e do conjunto normativo do MERCOSUL de forma consistente e sistemática". Tem sua sede permanente na cidade de Assunção, no Paraguai. b) Objetivos-Livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos entre os países, através, entre outros, da eliminação dos direitos alfandegários e restrições não-tarifárias à circulação de mercadorias e de qualquer outra medida de efeito equivalente; -Estabelecimento de uma tarifa externa comum e a adoção de uma política comercial comum em relação a terceiros Estados ou agrupamentos de Estados e a coordenação de posições em foros econômico-comerciais regionais e internacionais;  -Coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais entre os Estados Partes (comércio exterior, agrícola, industrial, fiscal, monetária, cambial e de capitais, de serviços, alfandegária, de transportes

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e comunicações) a fim de assegurar condições adequadas de concorrência entre os Estados Partes; e, -Compromisso dos Estados Partes de harmonizar suas legislações, nas áreas pertinentes, para lograr o fortalecimento do processo de integração. c) Instituições-CMC (Conselho do Mercado Comum): órgão superior e decisório do Mercado Comum. É integrado pelos Ministros de Relações Exteriores e da Economia de cada um dos Estados Partes. O Conselho toma as decisões para assegurar o cumprimento dos objetivos estabelecidos no Tratado de Assunção. -GMC (Grupo Mercado Comum): órgão executivo do Mercado Comum. O GMC se pronuncia mediante Resoluções, que são obrigatórias para os Estados Partes. -CCM (Comissão de Comércio do Mercosul): órgão encarregado de assistir o Grupo Mercado Comum. É integrada por quatro titulares e quatro alternos de cada Estado Parte e coordenada pelos Ministérios das Relações Exteriores. Entre as suas funções estão: velar pela aplicação dos instrumentos comuns da política comercial; regular o comércio intra-Mercosul e com terceiros países e organismos internacionais. As Diretrizes feitas pela CCM são obrigatórias para os Estados Partes. - Além desses órgãos, deve-se mencionar o Parlamento do Mercosul (*), a Secretaria do Mercosul, o Tribunal Permanente de Revisão e o Foro Consultivo Econômico-Social.  (*) Integrado por 18 parlamentares de cada Estado Parte com base na representação paritária. A partir de 2014 os parlamentares serão eleitos com base no critério de “representação cidadã” (sufrágio universal, direto e secreto). d) Países-membros (julho 2010) -Membros fundadores: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.  -2006: Venezuela ingressa, mas depende da ratificação dos congressos nacionais para que sua entrada seja aprovada. Argentina, Brasil e Uruguai já ratificaram. Falta o Paraguai (atualizado em ago. 2010). -2010: Israel, primeiro país de fora da América do Sul, assina um acordo de livre comércio com o bloco em abril.  -Estados Associados: Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru.  Sua existência justifica-se em função do compromisso do Mercosul com o aprofundamento do processo de integração regional e pela importância de desenvolver e intensificar as relações com os países membros da ALADI.  Os Estados Associados - que celebraram Acordos de Livre Comércio com o bloco - podem participar, na qualidade de convidados, das reuniões dos órgãos da estrutura institucional do Mercosul para tratar temas de interesse comum, mas sem direito a voto. e) Condições para integrar o Mercosul-Compromisso Democrático-Promoção e proteção dos direitos humanos e liberdades fundamentais

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3-Organização Mundial do Comércio (OMC)Organização Mundial do Comércio (OMC) é uma organização internacional que trata das regras sobre o comércio, serviços e propriedade intelectual entre os países. Entrou em funcionamento em janeiro de 1995. A OMC é diferente de algumas outras organizações internacionais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. Na OMC, o poder não é delegado a um conselho de administração ou da cabeça da organização. O poder é delegado a cada país. As decisões são tomadas por consenso. Os membros da OMC, destarte, negociam e assinam acordos que depois são ratificados pelo parlamento de cada país e passam a regular o comércio internacional.  A sede da OMC é em Genebra, na Suíça. a) OrigemA OMC surgiu do Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT) de 1947 que foi criado após a Segunda Guerra Mundial conjuntamente com outras instituições multilaterais dedicadas à cooperação econômica internacional, como as instituições criadas com o Acordo de Bretton Woods: o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BIRD), mais conhecido como Banco Mundial. A essas duas instituições coube, respectivamente, o estabelecimento de uma certa disciplina nas políticas monetárias dos Estados-Membros, e a aceleração dos processos de reconstrução das economias européias. A terceira organização criada pelo Acordo de Bretton Woods foi a Organização Internacional do Comércio (OIC), que teria por escopo regulamentar e promover a liberalização do comércio internacional. A OIC, contudo, não saiu do papel, tendo em vista a oposição do Congresso americano em aprovar o seu estatuto constitutivo, a Carta de Havana.  A necessidade do estabelecimento de novas regras para o comércio internacional fez, entretanto, com que o conteúdo da Carta de Havana relativo à política comercial (liberalização do comércio de bens) fosse retomado, de modo que, em outubro de 1947, foi firmado por 23 países o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), que passou a regulamentar o comércio de bens entre as Partes-Contratantes. O GATT foi um acordo temporário que acabou vigorando até a criação efetiva da OMC após as negociações da Rodada Uruguai em 1995.  b) ObjetivosSão:-Administrar os acordos que compõem o sistema multilateral de comércio;-Servir de fórum para comércio internacional (firmar acordos internacionais);-Supervisionar a adoção dos acordos e implementação destes acordos pelos membros da organização;-Resolver as disputas comerciais;-Revisar as políticas nacionais de comércio; e,-Assistir os países em desenvolvimento em matérias de políticas comerciais através de assistência técnica e programas de treinamento. c) PrincípiosA atuação da OMC pauta-se pelos seguintes princípios na busca do livre comércio e também da igualdade entre os países:

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-Princípio do Multilateralismo Consiste na liberdade de comércio entre os Estados membros, sem facilidade tarifária diferenciada para nenhum deles. Este princípio é fundamental para a organização, tendo em vista a sua vocação para a arbitragem de conflitos comerciais internacionais e para evitar as medidas unilaterais que conceitualmente lhe são contrárias.  -Princípio da Nação Mais FavorecidaPor este princípio, as vantagens concedidas por um Estado membro a outro, membro ou não da OMC, serão automaticamente válidas para todos os seus membros. O princípio evita, por exemplo, a criação de taxas alfandegárias diferenciadas por produtos. É importante frisar que o Estado não-membro não pode solicitar tal benefício. Obs.: exceções de diversas ordens a este princípio são permitidas como as chamadas “exceções gerais” (medidas que visam à proteção da moral e à manutenção da ordem pública) e as que dizem respeito a uniões aduaneiras e zonas de livre comércio, que são autorizadas. Cerca de 25% do comércio internacional flui sob alguma forma de regime discriminatório. -Princípio da ReciprocidadeComplementa a cláusula de nação mais favorecida, limitando o incentivo por ela conferido à ocorrência dos “free-riding”. As negociações realizam-se através da troca de concessões em termos de acesso a mercados, e cada negociador procura obter contrapartidas para aquilo que está disposto a oferecer.  -Princípio do Tratamento Nacional Refere-se à proibição de impor tratamento diferente entre produtos nacionais e estrangeiros. Em outras palavras, não se pode criar mecanismos (tributos, regulamentos técnicos, exigências de embalagem, selos ou etiquetas e requerimentos relativos à proteção da saúde) a modo a permitir a proteção dos produtos domésticos contra os produtos estrangeiros. -Princípio da Concorrência LealVisa garantir um comércio internacional justo, sem práticas desleais, como os subsídios (quando Estados dão dinheiro, por exemplo, aos agricultores de seus países permitindo a produção de itens mais baratos e mais competitivos perante os dos outros países) ou dumping econômico (quando uma ou mais empresas de um país vendem seus produtos por preços abaixo de seu valor real para outro país por um tempo limitado visando eliminar os fabricantes de produtos similares concorrentes no local). O dumping econômico não deve ser confundido com expressões como:-Dumping social: meio utilizado na produção, para tornar o produto final mais barato, por exemplo, utilizando mão-de-obra infantil, que é mais barata-Dumping ecológico: os países desenvolvidos têm uma estrutura normativa maior de proteção ambiental, e gastam mais do que os outros países, o que torna seus produtos mais caros diante daqueles produzidos nos países menos desenvolvidos-Dumping tecnológico: o uso da tecnologia barateia a produção d)Instituições-Conferência Ministerial: é o mais importante órgão e toma as principais decisões sobre os acordos multilaterais de comércio. Reune-se a cada dois anos. -Conselho Geral (formado pelos embaixadores): cumpre com as funções da OMC por meio de tomadas de decisões, nos intervalos entre as reuniões da Conferência Ministerial, além de realizar as tarefas específicas que lhe são atribuídas pelo Acordo da OMC. 

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-Órgão de Solução de Controvérsias: criado para solucionar os conflitos gerados pela aplicação dos acordos sobre o comércio internacional entre os membros. -Órgão de Revisão de Políticas Comerciais-Secretaria: fornecer apoio técnico para os diversos conselhos e comissões e das Conferências Ministeriais, presta assistência técnica aos países em desenvolvimento, analisa o comércio mundial e explica os assuntos da OMC para o público e a mídia. Não tem nenhum poder decisório. e) Países-membros (julho 2010) Possui 153 membros e 31 países como observadores. f) Condições para integrar à OMC-Qualquer Estado ou nação que tenha independência na condução de seu comércio internacional-Seguir os princípios 

 15ª AULA: ORGANIZAÇÃO DAS

NAÇÕES UNIDAS 1-OrigemConferência de São Francisco de 1945 preparou a Carta da ONU, que entrou em vigor no mesmo ano com o depósito dos instrumentos de ratificação de 51 Estados. Atualmente (junho 2010) possui 192 Estados-membros. O mundo possui 195 Estados. Os que não são membros são: Kosovo (Serbia rejeita a independência do dito país. O caso está na CIJ), Taiwan (China a rejeita) e a Santa Sé (esta última preferiu não ser parte da ONU). Observador Permanente: Palestina e Santa Sé 2-EstruturaPossui 6 órgãos: Conselho de Segurança, AG, Conselho Econômico e Social, Conselho de Tutela, Secretariado e Corte Internacional de Justiça. a) Conselho de SegurançaÉ o órgão mais importante da ONU.  Tem a função de:-Regulamentar os litígios entre os Estados-membros da ONU-Regulamentar armamentos-Agir nos casos de ameaça à paz e de agressão-Decidir sobre as medidas a serem tomadas para o cumprimento das sentenças da CIJ Atribuições exclusivas:-Ação nos casos de ameaça à paz-Aprova o controle da tutela estratégica (*)-Execução forçada das decisões da CIJ (*) não existe mais pois as ilhas do Pacífico - que estavam sob a tutela estratégica dos EUA desde 1947 - tornaram-se Estados associados.  Atribuições exclusivas junto com a Assembléia Geral:-Exclusão, suspensão e admissão dos membros

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-Eleição dos juízes da CIJ-Designação do SG-Emendas à Carta Formado por 15 membros sendo 5 permanentes (EUA, Rússia, China, França e Grã-Bretanha). Os 10 não permanentes (que não podem ser reeleitos) são eleitos pela AG pelo prazo de 2 anos.  Propostas para reforma do CS:-Supressão da categoria de membro permanente-Aumento do número de membros permanentes-Supressão do veto-Limitação do veto a algumas decisões  b) Assembléia GeralÉ onde estão representados todos os Estados-membros, que têm direito a um voto. Tem a função de:-Discutir e fazer recomendações sobre quaisquer questões ou assuntos que estiverem dentro da Carta-Discutir e fazer recomendações sobre desarmamento e regulamentação de armamentos-Considerar os princípios gerais de cooperação na manutenção da paz e da segurança internacionais e fazer as recomendações-Fazer estudos e recomendações sobre cooperação internacional nas áreas econômica, cultural e social, codificação e desenvolvimento do DI-Recomendações para a solução pacífica de qualquer situação internacional Atribuições exclusivas:-Eleger os membros não permanentes do CS e os membros dos Conslehos de Tutela e Econômico e Social-Votar o orçamento da ONU-Aprovar os acordos de tutela-Autorizar os organizamos especializados a solicitarem pareceres à CIJ-coordenar as atividades desses organismos c) Conselho Econômico e Social (ECOSOC)Trabalha nas seguintes áreas: desenvolvimento sustentável, desenvolvimento social, status da mulher, população e desenvolvimento e direitos humanos.  Funções:-Responsável pelos assuntos econômicos e sociais-Prepara relatórios e estudos-Convoca conferências-Promove os direitos do homem e das liberdades fundamentais-Negocia os acordos entre a ONU e as organizações especializadas Vários programas, fundos, comitês, comissões e agências especializadas dentro da ONU estão sob o domínio do ECOSOC: Alto Comissariado da ONU para Refugiados, para Direitos Humanos, a Organização Mundial da Saúde, a Organização Mundial do Comércio e o Fundo das Nações Unidas para a Infância são exemplos proeminentes que operam dentro do mesmo. Ademais, encontramos também Comissões Regionais Econômicas que focalizam um dado continente como a África, Europa, América Latina e Caribe, Ásia e Pacífico e Ásia Ocidental. 

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Este é o órgão da ONU onde as ONGs manifestam-se, e que será estudado adiante. d) Conselho de TutelaA finalidade da tutela é conduzir os povos colocados neste regime (territórios coloniais), depois de terminada a segunda guerra mundial, à independência política. O Conselho finalizou os seus trabalhos em 1994 com a independência de Palau. Teve as seguintes funções:-Examinar os relatórios das potências administradoras-Receber petições dos habitantes e examiná-las-Providenciar visitas ao território sob tutela (fiscalizar a potência admnistradora) e) SecretariadoEncarregado da parte administrativa da ONU. O seu chefe é o SG, que possui um mandato de 5 anos. As funções do SG são:-Chefe administrativo-Outras funções confiadas pela AG, Conselhos de Tutela e Econômico e Social-Fazer relatórios à AG sobre os trabalhos da ONU-Direito de chamar a atenção do CS para qualqquer assunto que possa ameaçar a manutenção da paz e da segurança internacionais-Indicar seus auxiliares f) Corte Internacional de Justiça

f1) Possui as seguintes características:-Principal órgão judiciário da ONU (os países poderão submeter os seus litígios a outros tribunais)-Único órgão cuja sede não está em New York, EUA (Haia, Holanda)-Sujeita a todos os dispositivos da Carta da ONU. Além disso, não pode aplicar um tratado não registrado no Secretariado-Não pode decidir sobre assunto que seja do domínio reservado dos Estados salvo se o país voluntariamente se submeta a Corte-É a Corte que decide se possui jurisdição ou se o assunto é doméstico -Composta por 15 juízes com mandato de 9 anos, renováveis (um deles é um brasileiro, Prof. Antônio A. Cançado Trindade), eleitos pela AG e pelo CS a partir de uma lista apresentada pelos grupos nacionais da Corte Permanente de Arbitragem-Gratuita pois as despesas são pagas pela ONU 

f2) Partes:Somente Estados são partes nos litígios. Organizações internacionais (inclusive a ONU) não podem ser partes, somente podem prestar informações ou solicitar pareceres. 

f3) Jurisdição contenciosaA jurisdição é obrigatória em caso de estar prevista expressamente em tratados. Uma vez obrigatória, que é feito por declaração, o Estado se obriga a submeter à Corte todos os litígios que tenham por objeto: -Intepretação de um tratado-Qualquer ponto de direito internacional-Existência de qualquer fato que, se verificado, constituiria violação de um compromisso internacional-Natureza ou extensão da reparação devida pela ruptura de um compromisso internacional

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Na prática, esta cláusula é aceita pelos países com reservas como:-Reciprocidade-Determinado prazo (Brasil)-Apenas a determinados Estados-Aplicação a litígios futuros A reserva é admitida, pois o Estado é livre de reconhecer a cláusula como obrigatória ou não. Para a justica internacional, é melhor que haja aceitação da cláusula facultativa com reservas do que não haja aceitação.             f4) Jurisdição consultivaA AG e o CS podem solicitar pareceres, que não são obrigatórios.             f5) SentençaÉ definitiva e inapelável. Só são admitidos os recursos de interpretação e revisão (só se houver fato novo e antes de transcorridos 10 anos). Os Estados-membros tem que cumprir a sentença. Todavia, se uma das partes se recusar, a outra poderá solicitar ao CS a sua execução. 3-Línguas oficiaisFrancês, inglês, espanhol, russo, chinês e árabe 4-Natureza jurídicaAlguns autores dissem que a ONU é uma federação. Outros, uma confederação. Na verdade, conquanto a Carta da ONU seja um tratado, ela possui características de uma Consituição. Isto porque a Carta possui supremacia a todo e qualquer tratado internacional que não pode violar os seus dispositivos. Ademais, ela não está sujeita a reservas e as emendas são aplicadas a todos, uma vez aprovada. 5-Forças de Paz da ONUPossui as seguintes características:-sua constituição é voluntária-o Estado territorial onde elas vão se estabelecer precisa dar o seu consentimento-não são criadas para lutar contra o agressor, mas apenas para se interporem entre as partes em luta (só usam armas em caso de legítima defesa)-podem ter as funções de polícia local, supervisão de plebiscito e manter a ordem em um Estado-não são sanções da ONU-a responsabilidade pelos atos ilícitos praticados pelas tropas é de seus Estados nacionais, vez que elas continuam sob os seus comandantes nacionais (não são no sentido pleno, portanto, um exército internacional; somente o comandante da Força é um funcionário internacional)-a imunidade de jurisdição civil é apenas para os atos praticados no exercício de suas funções 6-Emendas à CartaEmendas só entram em vigor com a adoção (e respectiva ratificação constitucional interna) de 2/3 da AG, inclusive todos os membros permanentes do CS. 7-ONGs e a ONUSegundo o Comitê de ONGs do ECOSOC, até set. 2009, encontramos 3.288 ONGs possuidoras do privilégio de ter status consultivo junto ao ECOSOC.  ONGs são uma fonte inesgotável de recursos a ONU pois:

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-Providenciam análise feita por experts na área em questão;-Servem como agentes que alertam perigos iminentes;-Ajudam a monitorar e implementar acordos internacionais;-Contribuem para concientizar a sociedade a respeito de temas sociais;-Defendem muitas das mesmas causas da ONU;-Voluntariam recursos e executam projetos de desenvolvimento; e-Auxiliam a disseminar informações. Quatro são as principais formas de cooperação entre a ONU e as ONGs: -ONGs atuantes na área de desenvolvimento social e econômico podem tentar obter status consultivo junto ao ECOSOC. Como corolário, as ONGs podem adquirir uma das três categorias de status: geral, especial e roster. Cada uma destas categorias confere certas prerrogativas às ONGs dentro do sistema da ONU; -ONGs podem receber carta de acreditação para atender conferências, reuniões de cúpula ou outror eventor organizador pela ONU. Tal carta é emitida através da secretaria responsável pelo evento à ONG com status consultivo dentro do ECOSOC o que lhe permite poder enviar representates com poderes, dependendo da categoria em que tal ONG se encontra; -ONGs podem estabelecer relações de trabalho com departamentos, programas ou agências especializadas que fazem parte do sistema da ONU; e -ONGs que têm meios de conduzir programas de comunicação em massa a respeito das atividades da ONU tais como publicação de jornais, condução de programas de televisão ou de rádio, realização de conferências, seminários podem associar-se também ao Departamento de Informação Pública da ONU. a) Status consultivo das ONGs junto ao ECOSOCO Conselho oferece três status consultivo: geral, especial e roster. As ONGs que se enquadram dentro da categoria geral são aquelas que estão ligadas com quase toda as atividades do ECOSOC, seus órgãos subsidiários, e estão como resultado mais envolvidas com a vida social e econômica da população. ONGs nesta categoria são poderosas e representam grandes segmentos da sociedade em diversos países. Dentro das atividades do ECOSOC, elas podem enviar representantes, atender reuniões, têm o poder de manifestar-se oralmente em suas reuniões, circular declarações, submeter relatórios quadrienais a repeito de suas atividades no mundo e o direito de incluir itens nas agendas de suas reuniões. Exemplos de ONGs nesta categoria: “CARE International” (admitida em 1991), “Greenpeace International” (admitida em 1998) e Rotary International (admitida em 1993). Até set 2009 encontramos 141 ONGs nesta categoria. As ONGs incluídas na categoria especial são aquelas que têm uma competência especial e limitada a algumas das atividades do ECOSOC. Nas atividades do ECOSOC, elas também podem enviar representantes, atender reuniões, têm o poder de manifestar-se oralmente em suas reuniões, circular declarações, submeter relatórios quadrienais a repeito de suas atividades no mundo, mas não têm o direito de acrescentar itens nas agendas de suas reuniões. Exemplos: Anistia Internacional (admitida em 1964) e Human Rights Watch (admitida em 1993). Até set 2009 encontramos 2167 ONGs nesta categoria. As que estão na categoria de roster são aquelas que contribuem ocasionalmente com os trabalhos do ECOSOC ou de seus órgãos subsidiários. No ECOSOC, elas podem atender suas reuniões, mas não têm permissão de pronunciar-se oralmente, circular declarações, submeter relatórios quadrienais e de sugerir pontos na agenda de suas reuniões. Exemplos: Instituto Brasileiro de Análises Sociais e

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Econômicas, NGO Committee on UNICEF e “Sasagawa Peace Fundation” (todos admitidos em 1996). Até set 2009, encontramos 980 ONGs nesta categoria. Abaixo encontramos um quadro a respeito das diferenças entre as três categorias de status consultivo dentro do ECOSOC:  

Privilégios (*)  

Geral 

 Especial

 Roster

 -Permissão para fazer consultas aos funcionários da Secretaria da ONU a respeito de temas de interesse da ONG - Permissão para pronunciar-se oralmente baseado nas recomendações do Comitê.  -Permissão para submeter declarações resumidas por escrito. -Poder de designar representantes com assento nas reuniões do ECOSOC e seus órgãos subsidiários. -Direito de acrescentar itens nas agendas do ECOSOC e seus órgãos subsidiários. 

 -Permissão para fazer consultas aos funcionários da Secretaria da ONU a respeito de temas de interesse da ONG -Permissão para pronunciar-se oralmente baseado nas recomendações do Comitê.  -Permissão para submeter declarações resumidas por escrito. -Poder de designar representantes com assento nas reuniões do ECOSOC e seus órgãos subsidiários. 

 -Permissão para fazer consultas aos funcionários da Secretaria da ONU a respeito de temas de interesse da ONG -Poder de designar representantes com assento nas reuniões do ECOSOC e seus órgãos subsidiários. 

 (*) Status Consultivo na ONU não permite uma ONG: 1) Usar o logo da ONU; 2) Representar a UN; 3) Receber passaportes diplomáticos ou isenção de tributos; 4) Tornar-se parte do sistema da ONU.  

16ª AULA: DIREITO DE INTEGRAÇÃO E DIREITO COMUNITÁRIO 1-IntroduçãoA integração regional significa um conjunto de medidas adotado pelos Estados com vistas à obtenção, entre eles, da livre circulação de bens, pessoas, mercadorias e capitais, mediante a abolição de barreiras comerciais. É importante esclarecer que há diferenciação entre direito de integração e direito comunitário, pois são normativas jurídicas distintas que se complementam, posto que o direito comunitário tem como base fundamental o direito da integração. 

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Pode-se dizer que a nova Ordem Jurídica Internacional se caracteriza pela integração dos Estados em blocos econômicos buscando benefícios recíprocos (sob os aspectos econômicos, políticos, sociais e jurídicos) para melhorar a qualidade de vida de seus povos.  2-Direito de IntegraçãoÉ o conjunto de tratados que reúne princípios e regras aplicáveis às instituições de integração regional econômicas e comerciais. Ex: Tratado de Assunção (Mercosul) O objeto fundamental é a integração comercial e econômica, possibilitando o acesso a mercados - por meio da isenção ou redução de tarifas alfandegárias sobre os produtos comercializados intrablocos - ou a padronização das relações entre os países, no fomento do comércio internacional regional. Os Estados-membros mantém a sua soberania, porém sofrem restrições em relação ao tratado internacional firmado. Entretanto, essas restrições podem ser quebradas, advindo à responsabilização indenizatória perante o Estado membro prejudicado, o que também se aplica em relação aos blocos econômicos dos quais faça parte. 3-Direito ComunitárioÉ o conjunto normativo que visa reger as relações dos Estados-Partes que se encontram unidos em uma federação de Estados, submetidos a órgãos de caráter supranacional. Ex: União Européia. Neste direito, além da integração comercial e econômica, os Estados-membros visam também a integração social, jurídica e política – comandada por uma autoridade supranacional - para a formação de uma comunidade internacional. O direito comunitário nada mais é do que o direito da integração aperfeiçoado. Tem como pilar a delegação de parte da soberania dos seus Estados-membros em favor da comunidade. Em outras palavras, o direito comunitário é detentor de um poder supranacional, que se sobrepõe aos Estados membros.  4-SupranacionalidadeA supranacionalidade é o poder que se situa acima dos Estados mediante a delegação de competências constitucionais aos órgãos comunitários. Significa que o poder supranacional, por estar acima dos Estados, deve ser exercido pelos interesses da comunidade. Os Estados devem, destarte, submeter-se obrigatoriamente aos organismos comunitários. Esse poder supranacional advém de ordenamento jurídico, através de tratados, em que os Estados membros delegam a soberania para o fim da integração.  a) Características da supranacionalidade A supranacionalidade é caracterizada pela(o):-Transferência de soberania dos Estados para a organização comunitária em caráter definitivo;-Poder normativo do Direito Comunitário em relação aos direitos pátrios; e -Dimensão teleológica de integração que é a supranacionalidade para alcançar os fins integracionistas. 5-Blocos econômicos. a) Conceito

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São associações de países, em geral de uma mesma região geográfica que estabelece relações comerciais privilegiadas entre si e atuam de forma conjunta no mercado internacional. b) ClassificaçãoClassificam-se em zona ou área de preferência tarifária, zona de livre comércio, união aduaneira, mercado comum e união econômica e monetária.  Essas características determinam o objetivo estipulado no bloco mediante tratado assinado pelos Estados membros. Deste modo, há flexibilidade, podendo o processo de integração ir avançando com o tempo, através de futuros tratados ou ficar estagnad, podendo ainda outros Estados aderir ao bloco.  

b1)Zona ou Área de Preferência TarifáriaPara alguns autores, esta é a primeira fase do processo de integração econômica. Consiste apenas em garantir níveis tarifários preferenciais para o conjunto de países que pertencem a esse tipo de mercado. A outrora Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC) foi um exemplo de Zona de Preferência Tarifária, pois procurou estabelecer preferências tarifárias entre os países da América do Sul, com exceção da Guiana e do Suriname, mais o México e Cuba. Em 1980, a Associação Latino-Americana de Integração (ALADI) substituiu a ALALC. Caracteriza-se pela redução parcial das tarifas alfandegárias não necessariamente a todos os produtos. 

b2) Zona de Livre ComércioQuando constituem uma Zona de Livre Comércio (ZLC), os países parceiros reduzem ou eliminam as barreiras alfandegárias, tarifárias e não-tarifárias, que incidem sobre a troca de mercadorias dentro do bloco.Esse é o segundo estágio no caminho da integração econômica. O NAFTA constitui-se em exemplo de Zona de Livre Comércio, um acordo firmado entre os Estados Unidos, o Canadá e México. Para o antigo GATT (base da criação da Organização Mundial de Comércio), um acordo comercial só pode ser considerado uma Zona de Livre Comércio quando abarcar pelo menos 80% dos bens comercializados entre seus países-membros. Caracteriza-se pela abolição total das tarifas que incidam no comércio intra-área, uniformização de normas de controle de qualidade e de padronização dos produtos,  certificados de origens e unificação da política tarifária para que não haja desvios de comércio. 

b3) União AduaneiraO próximo passo consiste na regulamentação de uma União Aduaneira, momento em que os Estados-Membros, além de abrir os mercados internos, regulamentam o seu comércio de bens com nações externas, já funcionando como um bloco econômico em formação. A União Aduaneira caracteriza-se por adotar uma Tarifa Externa Comum (TEC), a qual permite estabelecer uma mesma tarifa aplicada a mercadorias provenientes de países que não integram o bloco. Possui um mínimo de harmonização das políticas fiscal, monetária e cambial. Nessa fase, dá-se início à formação de comissões parlamentares conjuntas, aproximando-se o Poder Executivo dos Estados nacionais de seus respectivos Legislativos. 

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O Mercosul, composto pelo Brasil, a Argentina, o Uruguai e o Paraguai estabelecem na atual fase de desenvolvimento, uma União Aduaneira em luta para se transformar em um Mercado Comum. 

b4) Mercado ComumO Mercado Comum se apresenta como um processo bastante avançado de integração econômica. Além da livre circulação de bens e serviços, há a livre circulação de pessoas e capitais também (as quatro liberdades).  O Mercado Comum pressupõe a existência de uma coordenação de política macroeconômica, devendo todos os Estados membros seguir os mesmos parâmetros para fixar taxas de juros e de câmbio e para definir políticas fiscais.  Assim, o Mercado Comum caracteriza-se pela união aduaneira mais a livre locomoção dos fatores de produção (pessoas e capitais), criação de uma legislação comum, unificação do sistema previdenciário, tributário e das leis trabalhistas além da sincronização das políticas em geral. 

b5) União Econômica e MonetáriaConstitui o estágio mais avançado do processo de formação de blocos econômicos.Neste estágio, há uma moeda única e uma política monetária unificada conduzida por um Banco Central comunitário.  Assim, cada acordo significa um avanço em relação às situações anteriores de níveis de integração, sempre dependente da vontade política dos Estados membros que se unem com determinados objetivos em blocos econômicos no processo de integração. Por exemplo, o MERCOSUL não dispõe atualmente de instituições supranacionais, mas são transparentes os avanços em seu processo de fortalecimento e consolidação, apesar das crises conjunturais no plano da integração econômica. O NAFTA parece não pretender adotar o princípio da livre circulação de trabalhadores, embora tenha avançado bastante no que diz respeito ao volume das trocas comerciais entre os Estados membros. A União Européia representa o mais avançado estágio desse processo de integração em blocos econômicos, inclusive com a adoção de uma moeda comum (Euro) e também política, com o funcionamento de um Parlamento Europeu fortalecido, que tem sede em Estrasburgo, França. Caracteriza-se pela unificação das políticas monetária, fiscal e cambial dos países membros, pela moeda única, mais banco central independente e uma autoridade supranacional.  

17ª AULA: PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS 1–Conceito de Direitos Humanos (DHs)“ (..) são as reivindicações morais e políticas, que, no consenso contemporâneo, todo ser humano tem o dever de ter perante sua sociedade ou governo (...)”, segundo Louis Henkin. 2–DHs e seu universalismoÉ difícil conseguirmos a universalização dos direitos humanos devido a diversidade cultural. Ou seja, o que é considerado como uma violação aos direitos humanos no Ocidente – a extirpação do clítoris com o intuito de a mulher perder o prazer e, assim, não trair o seu marido -, o mesmo pode não ser considerado em certos povos do Islã e da África subsaárica. 

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Entretanto, tem sido apontado em favor da universalidade que ela é um ponto de partida e que faz parte da moralidade básica dos direitos humanos, bem como que ela é uma meta que deve superar os particularismos. Ex.: a China, integrante do “modus vivendi” do Ocidente, caracterizada principalmente com a sua entrada na OMC, deve, destarte, respeitar os direitos humanos presentes na sociedade ocidental.  Como resultado, a tese chinesa, fundada na precedência do princípio da soberania nacional - que se embasa nas noções de relativismo cultural, pelas quais o conteúdo e significado dos direitos humanos estão condicionados pela história particular de cada povo e não são redutíveis a definições globalizantes – perde substância. 3-Direito Internacional dos Direitos Humanos (DIDH)a) Definição:Conjunto de normas que estabelece os direitos que os seres humanos possuem para o desenvolvimento de sua personalidade e estabelece mecanismos de proteção a tais direitos. b) Características:-Não está sujeito ao princípio da reciprocidade, que é comum no DIP, principalmente nos aspectos políticos e econômicos; -É um Direito politizado, pois versa sobre a relação entre o Poder e a Pessoa; -É progressista, isto é, vem sendo construído de modo progressivo. É uma construção lenta, porque é “uma conquista do indivíduo contra o Estado”; -São reputados como pertencentes ao “jus cogens”, ou seja, são normas imperativas; -Deixa de pertencer à jurisdição doméstica ou ao domínio reservado dos Estados. Assim, o DIDH diminui a área de atuação da soberania do Estado; -É autônomo no sentido de que o DIDH é um direito de proteção que visa a defender os indivíduos – no plano nacional e internacional - e não os Estados; e, -Existe uma presunção em favor da aplicabilidade direta dos tratados de direitos humanos no interior dos Estados, isto é, o indivíduo pode invocá-los perante os tribunais nacionais. 4–Fundamento dos Direitos HumanosSão três:a) direito natural: segundo o sociólogo Max Weber, é o conjunto de normas que são legítimas não em virtude de sua promulgação por um legislador legítimo, mas em virtude de suas qualidades imanentes; b) teorias contratualistas: em sentido “lato”, são aquelas teorias que consideram a origem da sociedade e o fundamento do poder político em um contrato, ou seja, como um resultado de um acordo tácito ou expresso entre os indivíduos, terminando com o “estado de natureza”, e dando início ao estado social e político; e, c) direito subjetivo: é aquele que entende o direito como liberdade. 5–Os Direitos Humanos na ordem internacional e o Brasil: particularidadeOs tribunais vem se recusando a aplicar as convenções sobre os DHs, quando estes conflitam com a Constituição.

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Ex.: o art. 5º, inciso LXVII admite a prisão civil do devedor de alimentos e do depositário infiel, ao contrário do que é previsto nos textos internacionais dos direitos humanos, que proíbem a prisão decorrente do não cumprimento de obrigação civil. 6–Os DHs como cláusula pétreaA importância deste tema é no que se refere aos conflitos armados que fazem com que os Estados declarem a suspensão de inúmeros direitos e das garantias individuais. Entretanto, os países têm uma limitação: as cláusulas pétreas. Dentro desse contexto das cláusulas pétreas, encontramos duas maneiras de tecer considerações sobre o tema. A primeira forma de estudar a cláusula pétrea é aquela que obriga o Estado a respeitar todos os direitos humanos, independentemente do caos interno. Isto porque a legislação sobre os direitos humanos é considerada cláusula pétrea. A segunda maneira de se estudar a cláusula pétrea é aquela que admite o não cumprimento de vários direitos humanos, salvo alguns. Isto é possível quando o Estado alega o “estado de necessidade”, previsto em várias Convenções Internacionais, tais como a da Convenção Européia e Americana de DHs. Todavia, há algumas regras para tal: a) deve existir um estado de “perigo público” ou de “emergência” que ameace a independência ou a segurança do Estado. A prova de existência deste estado cabe ao Estado e não ao indivíduo que reclama da violação dos DHs. Obs.: a doutrina tem criticado a América Latina por ter declarado estado de “perigo público” ou de “emergência” sem qualquer justificação objetiva e por tempo longo; b) o estado de emergência deve ser declarado oficialmente; c) deve haver a notificação deste estado aos demais países-partes da convenção; d) não pode haver a derrogação dos direitos fundamentais, chamadas de cláusulas pétreas;  e) deve haver a razoabilidade de declarar tal estado; f) não deve haver a derrogação dos DHs em relação a sexo, cor, religião etc; e, g) as medidas do estado de emergência não podem violar outras obrigações internacionais do Estado. 7–Cortes de DHs e suas convençõesNa Europa, encontramos a Comissão e a Corte Européia de DHs, sediada em Estrasburgo, França.  Encontramos a Convenção Européia para a Proteção dos Direitos Humanos e das Liberdades Fundamentais (Roma, 1950). No continente americano, existe a Comissão e a Corte Interamericana de DHs, sediada em San José, na Costa Rica (ratificada pelo Brasil).  Encontramos em nosso continente a Convenção Americana sobre DHs (San José, 1969). 8–Declaração universal dos DHs

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Aprovada pela Assembléia Geral da ONU em 1948 é dividida em quatro partes: a) normas gerais; b) direitos e liberdades fundamentais; c) direitos políticos; e, d) direitos econômicos e sociais. Não é um tratado, mas somente uma declaração. Contudo, a maioria dos seus artigos já podem ser considerados como princípios gerais do direito ou normas costumeiras e, assim, podem ser obrigatórios (teoricamente). A Declaração é a consagração da universalidade dos direitos dos humanos, que significa o reconhecimento de direitos fundamentais a todas as pessoas, independentemente de etnia, cor, sexo, religião. 

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FACULDADE IDEALCURSO DE DIREITO

DIRN10A

NOME

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO

BELÉM – PA2011