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Página: 1 CadêJur – Pesquisa Jurídica na Internet www.cadejur.com.br DIREITO AMBIENTAL PENAL: ASPECTOS RELEVANTES DA LEI 9605/98 FLÁVIO AUGUSTO MARETTI SIQUEIRA ESTAGIÁRIO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO I-) O CONCEITO DE MEIO-AMBIENTE: Nos termos do artigo 3º, I da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6938/81): “Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Em sede constitucional pode-se denotar que o legislador utilizou uma terminologia mais ampla abrangendo como meio ambiente não só aquele composto pela natureza, mais pelo artificial, cultural e o do trabalho, recepcionando o molde infra-constitucional e acrescentando novos elementos ao conceito 1 . Nas legislações estaduais não há uma limitação do campo ambiental de ordem humana, como entende Paulo Affonso de Leme 1 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco; in Curso de Direito Ambiental Brasileiro; 1ª Edição; Saraiva; São Paulo/SP; 2000; pg. 18 (Parágrafo com base nas palavras do autor). 2 MACHADO, Paulo Affonso de Leme; Direito Ambiental Brasileiro; 7ª Edição; Malheiros; São Paulo/SP; 1997; pg. 92. (Normas Legislativas estatais extraídas da sua obra).

Apostila - Direito Ambiental Penal

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DIREITO AMBIENTAL PENAL: ASPECTOS RELEVANTES DA LEI 9605/98

FLÁVIO AUGUSTO MARETTI SIQUEIRA

ESTAGIÁRIO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

I-) O CONCEITO DE MEIO-AMBIENTE:

Nos termos do artigo 3º, I da Lei da Política Nacional do

Meio Ambiente (Lei 6938/81): “Para os fins previstos nesta Lei, entende-se

por: meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de

ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas

as suas formas”.

Em sede constitucional pode-se denotar que o legislador

utilizou uma terminologia mais ampla abrangendo como meio ambiente não

só aquele composto pela natureza, mais pelo artificial, cultural e o do trabalho,

recepcionando o molde infra-constitucional e acrescentando novos elementos

ao conceito1 .

Nas legislações estaduais não há uma limitação do campo

ambiental de ordem humana, como entende Paulo Affonso de Leme

1 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco; in Curso de Direito Ambiental Brasileiro; 1ª Edição; Saraiva; São Paulo/SP; 2000; pg. 18 (Parágrafo com base nas palavras do autor). 2 MACHADO, Paulo Affonso de Leme; Direito Ambiental Brasileiro; 7ª Edição; Malheiros; São Paulo/SP; 1997; pg. 92. (Normas Legislativas estatais extraídas da sua obra).

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Machado2, mas aglobando todas as formas de vida, seja vegetal ou animal,

inserindo ainda a forma mineral como elemento integrante da natureza, fora

do círculo de relacionamento humano. Acertadamente algumas legislações

estaduais como a de Santa Catarina inseriram amplitude ao conceito de meio-

ambiente: “a interação de fatores físicos, químicos, biológicos que

condicionam a existência de seres vivos e de recursos naturais e culturais”

(artigo 2º, I, da Lei 5783/90)”. Ao passo que a legislação alagoana em uma

interpretação extensiva do conceito de meio-ambiente abarcou a forma

mineral, senão vejamos o texto legal: “compõe o meio ambiente, os recursos

hídricos, a atmosfera, o solo, o subsolo, a flora e a fauna, sem a exclusão do

ser humano” (artigo 3º, da Lei 4.090/79).

Segundo Marcelo Abelha Rodrigues e Celso Antônio

Pacheco Fiorillo, o meio ambiente se subdivide em natural, artificial, cultural

e do trabalho (que não comentaremos para não fugir do tema). Os autores

entendem que: “o meio ambiente natural ou físico é constituído por solo, água,

ar atmosférico, flora e fauna. Concentra o fenômeno da homeostase,

consistente no equilíbrio dinâmico entre os seres vivos e o meio em que

vivem”3. Ou seja, consiste nos elementos da flora, fauna, entes minerais e pelo

ambiente atmosférico interagindo com a atuação humana, mas em estado de

harmonia, paz e respeito dos homens para com os seres componentes do meio

ambiente.

3 ABELHA, Marcelo Antônio e FIORILLO, Celso Antônio Pacheco; Manual de Direito Ambiental; Malheiros; São Paulo/SP; pg. 58/59.

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O meio ambiente artificial é aquele que compreende o

espaço urbano, as construções edificadas e pêlos equipamentos públicos,

abrangendo tanto o espaço urbano fechado quanto o aberto, recebendo

tratamento constitucional nos artigos 225, 182 e 21, XX. Esses artigos revelam

a competência da União para legislar sobre desenvolvimento urbano e serviços

públicos essenciais como transporte público, saneamento básico e normas

gerais de política urbana, estabelecendo limitações e princípios atinentes a

conservação do equilíbrio.

O meio ambiente cultural de acordo com José Afonso da

Silva: “é integrado pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico,

paisagístico, turístico, que embora artificial, em regra, como obra do homem,

difere do anterior (que também é cultural) pelo sentido de valor especial”4.

Encerrando essa forma de meio ambiente, os ideais históricos, sociais,

elementos formadores de um caráter sócio-político e integrador dos

componentes da cidadania.

II-) O QUE É DIREITO AMBIENTAL?:

A Lei Maior do país estatuí no artigo 225, caput, que:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso

comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder

público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes

e futuras gerações”.

4 SILVA, José Afonso da; Direito Ambiental Constitucional; Malheiros; São Paulo/SP; 2000; pg. 3

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O Desembargador Tycho Brahe Fernandes Neto conceitua

que: “Direito Ambiental é o conjunto de normas e princípios editados

objetivando a manutenção de um perfeito equilíbrio nas relações do homem

com o meio ambiente”5. Já Michel Prieur leciona que: “o Direito do ambiente,

constituído por um conjunto de regras jurídicas relativas à proteção da

natureza e a luta contra as poluições”6.

O Direito Ambiental é para nós, o conjunto de normas e

princípios jurídicos interligados e de aplicação integrada com vistas a defender

a fauna, a flora, os recursos minerais e hídricos da atuação humana, evitando

lesões ao estado natural do ecossistema e estabelecendo sanções de ordem

civil, administrativa e penal para aqueles que lesionam ou permitam a

degradação da natureza.

III-) DA NATUREZA JURÍDICA DA SANÇÃO PENAL AMBIENTAL:

A Lei 7.209/84 inseriu no sistema penal brasileiro

significativas mudanças no que tange a aplicação de penas a situações onde a

sanção penal geraria efeitos contrários ao espírito da lei, que na verdade

objetiva o atendimento a tríplice função das penas restritivas de direitos que

são sancionar, retribuir e recuperar o indivíduo.

Em que pese o esforço legislativo e dos penalistas brasileiros

entendemos que algumas dessas sanções possuem natureza civil e não penal.

As penas de multa e de prestação pecuniária correspondem a uma reparação 5 FERNANDES NETO, Tycho Brahe; Direito Ambiental – uma necessidade; Imprensa da Universidade Federal de Santa Catarina; s/d; pg. 15 6 PRIEUR, Michel; Droit de l’ Environnement; Dalloz; Paris; 2ª Edição; 1991.

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de danos ex delicto, configurando em verdadeira indenização ao dano causado

ao sistema ambiental e a vítima que é a sociedade.

A sanção penal tem o caráter de restringir a liberdade

individual ou ao menos limitá-la, condicionando a mesma ao cumprimento de

determinações legais e judiciais com vistas a uma reeducação sem o réu passar

pelas árduas limitações físicas e psíquicas da prisão, por exemplo limitação de

fim de semana, prestação de serviços a comunidade.

O direito penal mínimo, que é uma tendência global é a

fonte dessas formas extra-prisionais de punição do ilícito penal. Justamente

por entender que essas formas de penas reeducam e ensinam o indivíduo a não

cometer os tipos penais. Essa manifestação da atual tendência de suavização

da ingerência estatal nas normas penais se manifesta com o princípio da

intervenção mínima do estado e da última ratio, defendida por autores como

Luiz Flávio Gomes e Luiz Flávio Borges D’Urso.

Mas ao nosso ver essas penas são eminentemente de caráter

alienígena ao direito penal, pois, se configuram como formas de sanções

administrativas e civis, por constituírem limitações de ordem pública, tais

como àquelas inseridas na Lei de Crimes Ambientais, como a descrita no

artigo 12.

A essência da pena se encontra eivada de cunho

administrativo ou civil, como no caso da prestação pecuniária. O pagamento

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dessa multa às vezes se demonstra irrisória em face do bem jurídico lesado, o

que frusta o objetivo da persecução criminal, demonstrando que dependendo

da situação lesar o ambiente se torna rentável em face dos lucros advindos da

atividade delituosa como no caso da extração ilegal de madeira de corte. O

crime ao meio ambiente deveria sim obter sanções de elevado grau como a

reclusão, dependendo do gravame ambiental provocado, em virtude de que, o

dano não pode ser reparado e o dinheiro, por exemplo, não compensaria a dor

refletida no meio-ambiente.

IV-) PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS:

No artigo 7º da Lei que regula os crimes ambientais

encontra-se o comando legal que estatui os requisitos para a aplicação das

restritivas de direitos: “As penas restritivas de direitos são autônomas e

substituem as privativas de liberdade quando:

I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade

inferior a quatro anos;

II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do

condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que

a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime.

Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo

terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída”.

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Paulo Affonso de Leme Machado aponta como principais

inovações dessa lei: “a não utilização do encarceramento como norma geral

para as pessoas físicas criminosas, a responsabilização penal das pessoas

jurídicas e a valorização da intervenção da Administração Pública, através de

autorizações, licenças e permissões”7.

Essa terminologia não encarceramento deve ser entendida de

forma ampla, mas nunca de caráter estrito, vez que, a pena privativa de

liberdade poderá ser cominada, em casos de concurso de crimes, onde o

montante apurado pelo cúmulo material ou formal estatuído no artigo 69 e 70

do Código Penal superar o limite de 4 anos estabelecido no artigo 12 dessa Lei

c.c. o artigo 44 e incisos do Código Penal Brasileiro.

Ainda quando se tratar de crimes dolosos, onde há a efetiva

vontade de se lesar o meio ambiente (dolo direto, artigo 18, I, 1ª parte do CP),

ou quando houver a assunção do risco com sua atividade de cominar em lesão

ao ecossistema (artigo 18, I, 2ª parte do CP), não se cogitará em penas

alternativas. Entendemos que quando o réu não se enquadrar nos parâmetros

objetivos e subjetivos elencados pelo artigo 44, não se falará em restritiva de

direitos, mas sim em privativa de liberdade, em virtude da lesão ao bem

tutelado pelo direito ser de porte elevado e com gravame social relevado.

Como lembra a doutrina penal deve ser aplicada a lei em

favor do réu, mas essa deverá ser condicionada a culpabilidade (juízo de

7 MACHADO, Paulo Affonso Leme de; Direito Ambiental Brasileiro; Malheiros; 7ª Edição; São Paulo/SP; 1997; pg. 587/588.

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reprovabilidade da conduta pelo autor em face ao direito), a repercussão social

(como a sociedade releva a ocorrência do fato típico) e dos antecedentes (se há

a prévia realização de lesões dessa estirpe ao meio ambiente). E ao verificar a

presença dos requisitos elencados, denota-se que fracassará a reprimenda

penal alternativa, quando as circunstâncias judiciais do artigo 59 do Código

Penal transladadas para o artigo da Lei 9605/98 apontarem para uma solução

mais gravosa em prol do meio-ambiente.

Mas como releva Machado: “A reincidência, inobstante não

Ter sido incluída no art. 7º, deve impedir a utilização do sistema de pena

restritiva de direitos, pois o Código Penal (artigo 44, II) é aplicável

subsidiariamente (artigo 79 da Lei 9605/98)”8.

Dentre as penas passíveis de aplicação inseridas no artigo 8º estão:

I - prestação de serviços à comunidade;

II - interdição temporária de direitos;

III - suspensão parcial ou total de atividades;

IV - prestação pecuniária;

V - recolhimento domiciliar.

4.1-) PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A COMUNIDADE:

8 MACHADO, Paulo Affonso Leme de; Direito Ambiental Brasileiro; Malheiros; São Paulo/SP; 7ª Edição; 1997; pg. 588.

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Sobre essa forma de apenamento prevê o artigo 9º: “A

prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de

tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação,

e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração

desta, se possível”.

Essas tarefas deverão ser executadas durante 8 (oito) horas

semanais, em consonância com o horário de labor do réu, vez que a legislação

penal constitucional inserido no artigo 5º da Constituição Federal que

impossibilita o envio de terceiros na execução da pena, por força do princípio

da individualização da pena, ratificado por decisão do STF do Ministro Celso

de Mello.

A gratuidade das tarefas está limitada a três locais, a saber

parques, jardins públicos e unidades de conservação. Os parques podem ser

compreendidos como sendo grandes áreas de espaços verdes urbanos,

delineados a serem áreas de preservação e manutenção de espaços verdes nas

áreas municipais. Os jardins públicos são áreas verdes geralmente inclusas em

praças. E as unidades de conservação se encontram nos artigo 40, parágrafo

primeiro: “Entende-se por Unidades de Conservação as Reservas Biológicas,

Reservas Ecológicas, Estações Ecológicas, Parques Nacionais, Estaduais e

Municipais, Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais, Áreas de Proteção

Ambiental, Áreas de Relevante Interesse Ecológico e Reservas Extrativistas

ou outras a serem criadas pelo Poder Público”, fora as disposições da Lei

4771/65 (artigo 5º), Lei 6902/81 (arts 1º, 7º e 8º) e Lei 6938/81 e no Decreto

98887/90.

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Assevera com propriedade o jurista brasileiro que: “A

prestação de serviços à comunidade consistente na restauração no caso de

dano é de alta importância. Interessa apontar que, ao empregar a expressão

“restauração desta”, o art. 9º não está referindo-se somente à restauração da

coisa particular e da coisa pública”9, dependente de laudo pericial adequado

que poderá ser conhecido como abrandamento de pena, como forma de

arrependimento eficaz (artigo 15 do CP).

4.2-) INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS:

Prevê o artigo 10 que: As penas de interdição temporária de

direito são a proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de

receber incentivos fiscais quaisquer outros benefícios, bem como de participar

de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três

anos, no de crimes culposos”.

Do comando legal normalmente depreende-se que a

limitação de contratação com o Poder Público não seria uma sanção de cunho

penal, mas sim meramente administrativa. Há aqui uma proibição temporária

de se transacionar com Poder Público e isso se fundamenta justamente porque

9 MACHADO, Paulo Affonso de Leme; Direito Ambiental Brasileiro; Malheiros; São Paulo/SP; 7ª Edição; pg. 589.

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o Estado tem a função de defender e zelar pelo meio ambiente, por força dos

diplomas constitucionais e da própria função institucional do Estado de cuidar

dos interesses difusos e coletivos.

A restrição está para contratos públicos de qualquer forma,

como permissão, concessão e demais figuras contratuais. Portanto, a

contratação privada será permitida para se evitar uma exacerbação apenativa,

excedendo os limiares do jus puniendi do Estado.

Outra restrição imposta ao violador das normas ambientais

está na vedação de receber benefícios de ordem fiscal ou não, pelo

fundamento de não poder alocar recursos públicos para pessoas que violem os

comandos penais ambientais. O amparo está no direito administrativo, vez que

o princípio da moralidade dos atos administrativos deverá reger as atividades

governamentais fazendo com que incida sobre ela a ética, a moral, o

procedimento normal atinente ao ato administrativo e o atendimento aos

clamores sociais e legais, nos termos do artigo 37, parágrafo quarto da Carta

Magna, conforme lição de Maurice Hauriou.

A licitação também será impedida pelo lapso temporal

dependendo da modalidade de culpa lato (dolo) ou stricto sensu. Essa norma

legal ao nosso ver é redundante, não necessitando de ser transcrita, vez que,

em qualquer edital de licitação, por qualquer uma de suas formas, contará a

proibição de pendências de ilegalidade em relação ao meio ambiente, sendo

eliminado o concorrente quando dos requisitos da habilitação para entrar no

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certame licitório. A menção dessa pena seria ao nosso ver um bis in idem

fático.

4.3-) SUSPENSÃO PARCIAL OU TOTAL DAS ATIVIDADES:

O artigo 10º prescreve que: “A suspensão de atividades será

aplicada quando estas não estiverem obedecendo às prescrições legais”. As

previsões legais mencionadas são os requisitos técnicos e funcionais mínimos

que autorizem a realização da atividade que entra em contato com o meio-

ambiente.

A utilização de técnica ultrapassada, arcaica, incompatível

com o padrão da normalidade técnica poderá acarretar em riscos ao equilíbrio

ambiental e ao próprio homem, por isso o legislador resolveu inserir no rol das

penas essa modalidade, justamente para reduzir a margem de riscos que a

atividade carrearia ao ecossistema. Dependendo do material utilizado ou do

dano advindo da atividade lesionativa ao meio ambiente que dependerá de

laudo técnico poderá se estabelecer a punição na suspensão parcial ou total,

que ainda poderá se dar em sede de reincidência ou nos antecedentes de risco,

como, por exemplo, em mineradoras que utilizam explosivos exclusivos da

Força Armada.

A legislação municipal, estadual ou federal deve ser violada,

mas entendemos poder inserir o regulamento desde que este prescreva

comandos e cautelas técnicas incidentes para uma realização sem riscos da

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atividade que envolva o meio ambiente. O regulamento, como toda atividade

legisferante do homem, advém de um processo de amadurecimento histórico

em social. Sua existência prescreve a importância para a sociedade, por isso

entendemos que ela deverá ser utilizada como elemento tipificador de

condutas.

4.4-) PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA E PENA DE MULTA:

Com efeito leciona o artigo 12 da lei dos Crimes contra o

Meio Ambiente: “A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à

vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada

pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta

salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual

reparação civil a que for condenado o infrator”.

Essa modalidade de pena alternativa consiste na

reestruturação dos danos advindos do delito, por via de dinheiro, que poderá

acalentar e dependendo recuperar os estragos causados no meio ambiente,

devendo ser abatido de eventual ação civil pública ex delicto. Mas o

importante é que muitas vezes essa questão financeira se torna ínfima em face

a devastação ecológica que altera o equilíbrio bioestático e a cadeia alimentar,

por exemplo, causando lesões de elevada gravidade a flora e a fauna. Podendo

muitas vezes o ilícito ambiental penal se tornar lucrativo.

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A Lei que disciplinava a Ação Civil Pública na defesa dos

interesses coletivos e difusos prelecionava em seu artigo 13 que: “Havendo

condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um

fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que

participarão necessariamente o Ministério Público e representantes da

comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados.

Parágrafo único. Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará

depositado em estabelecimento oficial de crédito, em conta com correção

monetária”.

Essa Lei sofreu uma alteração porque a posterior lei dos

crimes ambientais onde o montante indenizatório iria para o Fundo de Defesa

dos Interesses Difusos e na falta desse consignado em Instituição Estatal

Bancária, com vistas a aferir lucros até que necessário fosse sua utilização.

O ideal ao nosso ver seria que o montante fosse destinado a

uma Organização Não-Governamental com notório e idôneo passado de

combates em prol do meio ambiente ou com o Estado. E essa indenização

ficaria com o ente que protegesse os elementos da fauna e da flora lesados.

Por exemplo, derramamento de óleo, a indenização seria paga ao Projeto

Tamar, ao Ibama, e demais organizações que defendessem os seres agredidos,

que direta ou indiretamente sofrem os impactos do dano ambiental.

A auferição de lucros como mencionado dantes, poderia

acarretar na ineficácia do instituto apenativo, devendo, portanto, o sistema

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adotado pelo Código Penal iria dar “Carta Branca” aos degradadores de

elevado potencial financeiro, mas como quase sempre os crimes ambientais

trazem consigo fatores agravantes a pena, que quando se tratar de multa, pode

se revelar eficaz, nos termos do artigo 18 da Lei, para determinadas empresas,

mas para as grandes corporações petrolíferas, por exemplo, poderá se revelar

inerte ainda. Porém, o intuito legislativo ao instituir a multa, foi positivo em

superação ao critério da pena da prestação pecuniária.

Sobre tanto, trazemos a colação as palavras de José

Henrique Pierangeli: “A doutrina tem preconizado ser a multa a pena por

excelência para a punição das pessoas jurídicas. Para estas, e para as pessoas

físicas, na legislação brasileira recente, na aplicação da pena de multa o juiz

deve atentar para a situação econômica do infrator (art. 6º, III). Ainda neste

sentido, diz o artigo 18, do mesmo diploma, que a multa será calculada

segundo os critérios do Código Penal, e, em se revelando ineficaz, ainda que

aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada em até três vezes, tendo em

vista o valor da vantagem econômica auferida. Por outras palavras, permite-se,

assim, em caso da previsão tornar-se insuficiente diante da vantagem

econômica auferida com a prática do crime, seja aumentada até três vezes por

essa razão. Dessarte, a pena máxima de multa, adotado o critério do dia-multa

do Código Penal, pode atingir R$ 734.400,00, no seu grau máximo ( 5 x

salário mínimo x 360 dias x 3 ), a qual não poderá ser majorada, ainda quando

concorrerem as circunstâncias agravantes do art. 15. Entendemos ter sido

prudente o legislador ao fixar tal sanção pecuniária máxima, pois que tais

valores podem se apresentar significativos até para as empresas de grande

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porte, tornando-se a pena apta para cumprir as funções de reprovação e

prevenção geral e especial. Dentro desse mesmo critério, é verdade, também é

prevista a prestação pecuniária como pena restritiva de direito (art. 8º, IV),

cujos limites foram fixados entre R$ 136,00 (salário mínimo) e R$ 48.960,00

(1 salário mínimo x 360) – art. 12”10.

4.5-) RECOLHIMENTO DOMICILIAR:

Diz o artigo 13 que: “O recolhimento domiciliar baseia-se na

autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem

vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer atividade autorizada,

permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em

qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na

sentença condenatória”.

Essa pena traz em seu bojo uma outra pena inserida, ou seja,

é a pena restritiva de direito direcionada a recuperação ambiental. Então o

recolhimento na verdade é uma condenação de forma dúplice, restringindo a

liberdade individual e impondo ao réu uma pena aberta, pois, não fixa uma

atividade restrita e exclusiva que o mesmo deverá se sujeitar. Como não há

fixação legal, poderá o mesmo cumprir qualquer uma das modalidades, até

mesmo alterar as atividades, pois o tipo silencia, e, ainda deverá se atentar ao

10 PIERANGELI, José Henrique. Penas atribuídas às pessoas jurídicas pela lei ambiental. In: Jus Navigandi,

n. 39. [Internet] http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=1688 [ Capturado 29.Mar.2002 ]

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cumprimento mais facilitado da pena, pois, persiste aqui o caráter reeducativo

sobrepondo efetivamente ao punitivo.

V-) RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA:

Em se tratando de leis civis, essa responsabilidade civil é

objetiva, ou seja, não necessita de se fazer prova de culpa, bastando o mero

nexo causal entre a conduta e a lesão ao ambiente, se filiando a teoria do risco,

consagrada em sede de responsabilidade civil. Sobre essa teoria trazemos as

oportunas palavras de Silvio Rodrigues: "onde aquele que, através de sua

atividade, cria um risco de dano para terceiros, deve ser obrigado a repará-lo,

ainda que sua atividade e o seu comportamento sejam isentos de culpa.

Examina-se a situação e, se for verificada, objetivamente, a relação de causa e

efeito entre o comportamento do agente e o dano experimentado pela vítima,

esta tem direito de ser indenizada por aquele."11

Nosso Código foi estatuído em 1940, dentro de um sistema

que previa a responsabilização individual do sujeito ativo do delito, pois,

naquela época não se pensava na hipótese de crimes vagos, onde se afeta toda

a sociedade, por exemplo. Ou até mesmo em lesões a bens jurídicos cujos

sujeitos passivos ainda não nasceram, porque o crime ambiental é um crime

instantâneo de efeitos permanentes e vago, na maioria das vezes, porque a

conduta é única, mas os efeitos se protraem no tempo, sendo aqueles que o

crime se consuma no momento em que a ação é praticada, mas seus efeitos se

tornam residentes no futuro, independentemente de qualquer manifestação

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volitiva positiva ou negativa por parte do agente. Em síntese são aqueles que

se consumam e os efeitos jurídicos permanecem no tempo. Entendeu Mirabete

que “crimes instantâneos de efeitos permanentes ocorrem quando, consumada

a infração em dado momento, os efeitos permanecem, independentemente da

vontade do sujeito ativo”12.

Os crimes vagos são aqueles crimes onde não se há como

fazer uma identificação da vítima. Não se consegue determinar a vítima, uma

vez que esta pode ser toda a coletividade ou qualquer membro da sociedade.

Na totalidade, os crimes vagos são aqueles que atingem a um determinada

entidade sem personalidade jurídica ou a um bem jurídico. Nessa modalidade

de crime, há o objetivo de alvejar um determinado interesse coletivo/difuso,

por intermédio da prática dos atos executórios dirigidos a gerar o dano.

A questão ambiental deve ser tratada em leis alienígenas ao

Código Penal, porque a inserção da teoria da responsabilidade penal da pessoa

jurídica entraria em contradição com a dogmática penal encerrada nos tipos

penais.

De tal sorte que, comungamos com o entendimento preciso

de Pierangeli que leciona: "De nossa parte, em outras oportunidades, já

ressaltamos a pluriofensividade de tais condutas, que quanto ao meio ambiente

atentam contra bens jurídicos ultra-geracionais, o que "obriga ao

rompimento com princípios e regras assentes no direito penal liberal Também 11 Rodrigues, Silvio; Direito Civil – Responsabilidade Civil – Saraiva – São Paulo/SP; 15ª Edição – p. 11/12 12 MIRABETE, Júlio Fabbrini; Manual de Direito Penal, vol. I; Atlas; São Paulo/SP; 17ª Edição; 2001.

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deve ser relembrado que tais providências só devem ser feitas através de leis

penais extravagantes, pois, para nós, torna-se impossível tê-las dentro de um

código penal vinculado ao princípio da responsabilidade penal individual,

como exsurge de quase todas as constituições do mundo. Nossa Carta Magna,

no mesmo rumo, afora as ressalvas ainda por análise nestas linhas, fixa-se

também na responsabilidade penal individual”13.

Preleciona o artigo 3º da Lei 9605/98: “As pessoas jurídicas

serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o

disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de

seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse

ou benefício da sua entidade”.

Desse artigo extraí-se a lição de Milaré: “Desse modo, se o

ato praticado, mesmo através da pessoa jurídica, apenas visou a satisfazer os

interesses do dirigente, sem qualquer vantagem ou benefício para a pessoa

jurídica, essa deixa de ser o agente do tipo penal e passa a ser meio para a

realização da conduta criminosa. Ao contrário, quando a conduta visa à

satisfação dos interesses da sociedade, essa deixa de ser meio e passa a ser

agente”14. Ou seja, a responsabilidade penal é aferida de acordo com o

elemento subjetivo do representante legal. Se a intenção dele for a de realizar

o tipo por via de sua empresa ou se o ânimus da sociedade como um todo era

13 PIERANGELI, José Henrique. Penas atribuídas às pessoas jurídicas pela lei ambiental. In: Jus Navigandi,

n. 39. [Internet] http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=1688 [ Capturado 29.Mar.2002 ]

14 MILARÉ, Édis; Direito Ambiental; RT; 1ª Edição; São Paulo/SP; 2000; pg.356

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de delinquir. Uma necessária e fundamental linha deve ser traçada para um

fracionamento de responsabilidades, evitando a inclusão no pólo passivo de

inocentes.

VI-) ASPECTOS RELEVANTES DO APENAMENTO AS PESSOAS

JURÍDICAS:

As penas colimadas as pessoas jurídicas podem ser

específicas ou adaptações àquelas submetidas as pessoas físicas comuns. Na

dosimetria da pena há um maior agravamento quanto a atribuição e gravidade

das penas pela presunção juris tantum de sua capacidade de atuação

mercadológica e potencial financeiro e político ser mais elevado que uma

pessoa física.

A suspensão será aplicada quando a pessoa jurídica não

estiver obedecendo as disposições legais ou regulamentares relativas ao meio

ambiente (§ 1º); a interdição quando o estabelecimento, obra ou atividade

estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a

concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar (§ 2º); a

proibição de contratar como Poder Público e dele obter subsídios, subvenções

ou doações não poderá exceder o prazo de dez anos (§ 3º). Há o embargo da

obra, o fechamento do estabelecimento que funcione sem autorização do

órgão competente, por haver uma tentativa de se opor ao objeto do alvará

concedido a fins escusos e agressores ao ecossistema.

O diploma penal do artigo 23, I a IV prevê como formas de

penas restritivas de direitos a prestação de serviços à comunidade pela pessoa

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jurídica, a qual será executada pelo custeio de programas e de projetos

ambientais; execução de obras de recuperação de áreas degradadas;

manutenção de espaços públicos e, contribuições a entidades ambientais ou

culturais públicas. É a prestação de serviços a comunidade em elevado teor

dosimétrico, porque o dano causado é de maior diâmetro e árdua recuperação.

A mais áspera das penas que a pessoa jurídica poderá ser

submetida está disposta no artigo 24 da referida lei. Para o parecerista José

Henrique Pierangeli é: “aplicada essa pena quando a pessoa jurídica é

constituída ou utilizada, com o fim, preponderantemente, de permitir, facilitar

ou ocultar a prática de crime definido na lei ambiental. Seu patrimônio, diz o

artigo citado, será considerado instrumento de crime, e como tal, perdido em

favor do Fundo Penitenciário Nacional”15. O tipo descreve a figura da empresa

fantasma.

Essa figura societária possui vida exclusivamente para

acobertar, fomentar, esconder, impulsionar, fortalecer, possibilitar ao violador

da norma penal obter a degradação ambiental e evitar, procrastinar, suspender

a chegada do ius puniendi do Estado. Ela funciona com objeto diverso do

contrato social, o que per si objetivaria uma sanção tributária, mas que acaba

por ser absorvida pelo fato típico das normas ambientais de maior gravame.

VII-) CONCLUSÕES: 15 PIERANGELI, José Henrique. Penas atribuídas às pessoas jurídicas pela lei ambiental. In: Jus Navigandi,

n. 39. [Internet] http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=1688 [ Capturado 29.Mar.2002 ]

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A Lei dos Crimes Ambientais é muito atual, eficaz, mas

poderia ser melhorada.

Apesar dos erros legislativos evidentes como ressalta Luiz

Régis Prado, quando se refere as expressões lato sensu existentes: “no

emprego de conceitos amplos e indeterminados – permeados, em grande parte,

por impropriedades lingüísticas, técnicas e lógicas – o que contrasta com o

imperativo inafastável de clareza, precisão e certeza na descrição das condutas

típicas”16

Essa melhoria poderia se dar com o legislador inserido no

texto legal tipos abertos, ou seja, onde não se vincularia a conduta ao resultado

na norma previamente estabelecido. Para ser ilícito bastaria o resultado

material afrontando o meio ambiente, porque muitas condutas poderiam ser

acrescentadas a lei penal, fornecendo uma maior e efetiva tutela ao interesse

difuso em cheque.

Outra melhora seria na implantação das penas, devendo

deixar em aberto para a interpretação judicial, que poderia criar penas mais

eficazes, reeducativas, aplicáveis. A distinção entre as penas não deveria ser

tarefa legislativa, mas jurisdicional, vez que, pode um delito ambiental ser

praticado por uma pessoa física muito mais provida de recursos que uma

16 PRADO, Luiz Régis; Princípios penais de garantia e a nova lei ambiental; Boletim IBCCrim; edição especial do IV Seminário Internacional do IBCCrim; São Paulo/SP; 1998; nº 70; pg. 10

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pessoa jurídica, se tornando alguma das vezes inócua a medida apenatória em

tela.

Deveria para Ter um efetivo combate aos crimes, um maior

suporte estatal (material, pessoal, financeiro) as ONGs e aos entes estatais

encarregados da polícia fiscalizadora e protetora do meio ambiente.

Mas apesar desses dois pontos por nós relevados,

entendemos ser uma Lei benéfica e protetora de nossos recursos ambientais

que são ao mesmo tempo fatores de beleza e de extrema necessidade a

perpetuação humana na terra.

Concluímos nosso trabalho com a elucidativa sentença de

Édis Milaré: “Nada obstante, entendemos que o novo diploma, embora não

seja o melhor possível, apresentando ao contrário defeitos perfeitamente

evitáveis, ainda assim representa um avanço político na proteção do meio

ambiente, por inaugurar uma sistematização da punição administrativa com

severas sanções e tipificar organicamente os crimes ecológicos, inclusive na

modalidade culposa”17.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

I-) ABELHA, Marcelo Antônio e FIORILLO, Celso Antônio Pacheco;

Manual de Direito Ambiental; Malheiros; São Paulo/SP.

II-) FERNANDES NETO, Tycho Brahe; Direito Ambiental – uma

necessidade; Imprensa da Universidade Federal de Santa Catarina.

III-) FIORILLO, Celso Antônio Pacheco; in Curso de Direito Ambiental

Brasileiro; 1ª Edição; Saraiva; São Paulo/SP; 2000.

IV-) MACHADO, Paulo Affonso de Leme; Direito Ambiental Brasileiro; 7ª

Edição; Malheiros; São Paulo/SP; 1997.

V-) MILARÉ, Édis; Direito Ambiental; RT; 1ª Edição; São Paulo/SP; 2000.

17 MILARÉ, Édis; Direito Ambiental; RT; 1ª Edição; São Paulo/SP; 2000; pg. 368.

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VI-) MIRABETE, Júlio Fabbrini; Manual de Direito Penal, vol. I; Atlas; São

Paulo/SP; 17ª Edição; 2001. VII-) PIERANGELI, José Henrique. Penas atribuídas às pessoas jurídicas

pela lei ambiental. In: Jus Navigandi, n. 39. [Internet]

http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=1688 [ Capturado 29.Mar.2002

VIII-) PRADO, Luiz Régis; Princípios penais de garantia e a nova lei

ambiental; Boletim IBCCrim; edição especial do IV Seminário Internacional

do IBCCrim; São Paulo/SP; 1998; nº 70

IX-) PRIEUR, Michel; Droit de l’ Environnement; Dalloz; Paris; 2ª Edição;

1991.

X-) RODRIGUES, Silvio; Direito Civil – Responsabilidade Civil; Saraiva; 15ª

Edição; São Paulo/SP.

XI-) SILVA, José Afonso da; Direito Ambiental Constitucional; Malheiros;

São Paulo/SP; 2000.

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SOBRE O AUTOR:

O autor é estudante de Direito da Universidade de Ribeirão Preto

(UNAERP), estando no 4º ano do curso. Figura entre os melhores alunos da correspondente

etapa no curso. É o atual Presidente do Instituto de Estudos de Direito Penal (IEDP) da

UNAERP, proferindo algumas palestras na área do Direito Penal (Princípio da Legalidade e

suas derivações no âmbito legal e Dolo e Culpa na esfera penal), possuindo trabalhos

publicados na Revista Jurídica da Faculdade de Direito (Paradigma - sobre o tema “Teorias

do Dolo nos Delitos”, edição nº 13), no site seu direito publicou o texto “Homicídio” e no

site jus navegandi sobre “Da intervenção e dos problemas políticos”. Participou de algumas

palestras, congressos, simpósios. Estagiou em diversos órgãos públicos como Procuradoria

Geral da Fazenda Nacional, na Seccional de Ribeirão Preto, na 1ª Vara Criminal da

Comarca e atualmente atua na Promotoria de Justiça Cível de Ribeirão Preto.

AGRADECIMENTOS:

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Aos Mestres da Faculdade de Direito “Laudo de Camargo da Unaerp”, no qual tenho

admiração e agradecimento, esperando no dia possuir a ética, o conhecimento, a humildade

e o respeito que os senhores possuem, tais como, Drs. Ary César Hernandez, Sebastião

Sérgio da Silveira, Carlos Alberto Goulart Ferreira, Nina Valéria Carlucci, Juliana Helena

Carlucci, Heráclito Antônio Mossin, Marcelo Bareato, Maria Cristina Vidotte Blanco

Tárrega, Cláudio César de Paula, Reinaldo Tamburus e Artur Barbosa Parra.

Aos amigos, da Faculdade sempre solidários e prestativos, no qual tenho honra de manter

vínculo de amizade, tais como, Rodrigo Rosa Pinheiro, Nelson de Castro Sá Teles, Carlos

Alberto Saraiva, Maira, a todos os amigos da Sala 33/B diurno da Unaerp, na qual faço

parte.

Aos profissionais, Dr. Júlio César Ballerini Silva (Grande Magistrado, meu exemplo de

jurista e acima de tudo de juiz que pretendo ser), Dr. Luiz Carlos Guimarães Brondi

(Promotor de Justiça), Dr. Luiz Fernando Carvalho Souza (Procurador da Fazenda

Nacional), Dr. Guaracy Sibbile Leite (Nobre Juiz da Comarca).

A todos vocês meu sincero obrigado, não esquecendo de inserir nesse rol minha Família e

nosso Senhor Jesus Cristo. Valeu a todos!!!