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OAB VII EXAME DIREITO TRIBUTÁRIO JOSIANE MINARD 1 SUMÁRIO 1. CONCEITO DE TRIBUTO .................................................................................................... 03 2. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA ............................................................................................ 04 2.1. Características da Competência Tributária.................................................................. 04 2.2. Exercício da Competência Tributária ............................................................................ 08 2.3 Limites ao Exercício da Competência ........................................................................... 09 3. PRINCÍPIOS DE DIREITO TRIBUTÁRIO ............................................................................ 09 3.1 . Princípio da Legalidade ........................................................................................ 09 3.2. Princípio da Isonomia ........................................................................................... 11 3.3. Princípio da Irretroatividade ................................................................................. 11 3.4. Princípio da Anterioridade .................................................................................... 12 3.5. Princípio do não-confisco .................................................................................... 13 3.6. Princípio da Liberdade de Tráfego ....................................................................... 14 3.7. Princípio da uniformidade Geográfica .................................................................. 14 3.8. Princípio da Capacidade Contributiva ................................................................... 15 3.9. Princípio da Proibição das Isenções Heterônomas .............................................. 15 4. IMUNIDADES ..................................................................................................................... 16 4.1 Imunidades Genéricas ..................................................................................................... 16 4.1.1 Imunidades Recíprocas ............................................................................................. 17 4.1.2 Imunidades dos Templos de Qualquer Culto .............................................................. 18 4.1.3 Imunidade Subjetiva (art. 150, vi, “c” CF) .................................................................... 18 4.1.4 Imunidade Objetiva (art. 150, vi, “d” CF) ..................................................................... 19 5. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA ............................................................................................... 20 6. INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA ................................................................................................................................................. 22 7. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ................................................................................................. 23 8. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA .................................................................................. 25 8.1. Responsável por Substituição .......................................................................................... 25 8.2. Substituição para trás ....................................................................................................... 26 8.3. Substituição para Frente .................................................................................................. 26 8.4. Responsabilidade Por Sucessão ...................................................................................... 27 8.5. Responsabilidade do Art. 131 CTN ................................................................................... 29 8.6. Responsabilidade do Art. 132 do CTN ............................................................................ 30 8.7. Responsabilidade do Art. 133 do CTN ............................................................................ 31 8.8. Responsabilidade de Terceiros ...................................................................................... 33 8.8.1. Responsabilidade do Art. 134 do CTN ......................................................................... 33 8.8.2. Responsabilidade do Art. 135 do CTN ........................................................................ 35 8.9. Responsabilidade Por Infrações Art. 136 e 137 CTN ..................................................... 35 8.10. Denúncia Espontânea Art. 138 CTN ............................................................................ 37

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SUMÁRIO 1. CONCEITO DE TRIBUTO .................................................................................................... 03 2. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA ............................................................................................ 04 2.1. Características da Competência Tributária.................................................................. 04 2.2. Exercício da Competência Tributária ............................................................................ 08 2.3 Limites ao Exercício da Competência ........................................................................... 09 3. PRINCÍPIOS DE DIREITO TRIBUTÁRIO ............................................................................ 09 3.1 . Princípio da Legalidade ........................................................................................ 09 3.2. Princípio da Isonomia ........................................................................................... 11 3.3. Princípio da Irretroatividade ................................................................................. 11 3.4. Princípio da Anterioridade .................................................................................... 12 3.5. Princípio do não-confisco .................................................................................... 13 3.6. Princípio da Liberdade de Tráfego ....................................................................... 14 3.7. Princípio da uniformidade Geográfica .................................................................. 14 3.8. Princípio da Capacidade Contributiva ................................................................... 15 3.9. Princípio da Proibição das Isenções Heterônomas .............................................. 15 4. IMUNIDADES ..................................................................................................................... 16 4.1 Imunidades Genéricas ..................................................................................................... 16 4.1.1 Imunidades Recíprocas ............................................................................................. 17 4.1.2 Imunidades dos Templos de Qualquer Culto .............................................................. 18 4.1.3 Imunidade Subjetiva (art. 150, vi, “c” CF) .................................................................... 18 4.1.4 Imunidade Objetiva (art. 150, vi, “d” CF) ..................................................................... 19 5. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA ............................................................................................... 20 6. INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA ................................................................................................................................................. 22 7. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ................................................................................................. 23 8. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA .................................................................................. 25 8.1. Responsável por Substituição .......................................................................................... 25 8.2. Substituição para trás ....................................................................................................... 26 8.3. Substituição para Frente .................................................................................................. 26 8.4. Responsabilidade Por Sucessão ...................................................................................... 27 8.5. Responsabilidade do Art. 131 CTN ................................................................................... 29 8.6. Responsabilidade do Art. 132 do CTN ............................................................................ 30 8.7. Responsabilidade do Art. 133 do CTN ............................................................................ 31 8.8. Responsabilidade de Terceiros ...................................................................................... 33 8.8.1. Responsabilidade do Art. 134 do CTN ......................................................................... 33 8.8.2. Responsabilidade do Art. 135 do CTN ........................................................................ 35 8.9. Responsabilidade Por Infrações – Art. 136 e 137 CTN ..................................................... 35 8.10. Denúncia Espontânea – Art. 138 CTN ............................................................................ 37

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9. CRÉDITO TRIBUTÁRIO ....................................................................................................... 38 9.1. Lançamento de Ofício ........................................................................................................ 39 9.2. Lançamento por declaração .............................................................................................. 39 9.3. Lançamento por homologação .......................................................................................... 39 9.4. Retificação e revisão de lançamento ................................................................................. 40 9.5. Prazo para Constituir o Crédito Tributário ........................................................................ 41 10. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO – ART. 151 DO CTN ................................................................................................................................................ 43 11. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO – ART. 156 DO CTN ......................................... 46 12. EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO – ART. 175 DO CTN ................................. 50 13 ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS ................................................................................................ 54 13.1 Empréstimo Compulsório .......................................................................................... 54 13.2. Contribuição de Melhoria ........................................................................................... 55 13.3 Taxas ......................................................................................................................... 55 13.4. Contribuições ............................................................................................................. 57 13.4.1 Contribuições Sociais – art. 149 e art. 195 da CF ...................................................... 57 13.4.2 Contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDEs) .................................. 59 13.4.3 Contribuições de interesse de categoria profissional ou econômica ......................... 59 13.5 Contribuições para Custeio do Serviço da Iluminação Pública (COSIP) .................................................................................................................................. 59 14. IMPOSTOS MUNICIPAIS .................................................................................................. 60 14.1. Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana- IPTU .................................... 60 14.2 Imposto sobre Transmissão inter vivos de Bens Imóveis e direitos a eles relativos – ITBI ................................................................................................................................................... 61 14.3 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS .................................................. 63 15. IMPOSTOS ESTADUAIS ................................................................................................... 64 15.1 Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS................................................................................................................................. 64 15.2 Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA .................................. 68 15.3 Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos – ITCMD ...................................................................................................................................... 69 16. IMPOSTOS FEDERAIS ........................................................................................................................................................................... 69 16.1 Imposto sobre Importação de Produtos Estrangeiros – II, Imposto sobre Exportação de Produtos Nacionais – IE , Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros – IOF .............................................................................................................................................. 69 16.2 Imposto sobre Produtos Industrializados- IPI .............................................................. 69 16.3 Imposto sobre Renda e Proventos de Qualquer Natureza – IR ..................................... 70 16.4 Imposto sobre Propriedade Territorial Rural – ITR ....................................................... 73

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16.5 Imposto sobre Grandes Fortunas – IGF ...................................................................... 73 16.6 Imposto Extraordinário Guerra (IEG) ........................................................................... 74 16.7. Imposto Residual ...................................................................................................... 74

1. CONCEITO DE TRIBUTO

Tributo: Art. 3º CTN - Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se

possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade

administrativa plenamente vinculada.

Tributo NÃO constitui sanção de ato ilícito: Ninguém paga o tributo por ter desrespeitado uma lei,

tributo não é castigo. Ao contrário paga-se o tributo por incorrer em uma situação prevista em lei como

hipótese de incidência tributária, ou seja, o legislador elegeu uma situação que uma vez praticada pelo

sujeito, no mundo concreto, estará sujeita à incidência da norma tributária e por essa razão irá nascer a

obrigação de pagar um tributo.

Por exemplo: A Lei prevê que a hipótese de incidência tributária do Imposto sobre Renda ou proventos de

qualquer natureza - IR é “auferir renda”, o sujeito terá que pagar IR quando auferir renda, porque praticou

o fato previsto em lei.

As hipóteses de incidência da norma tributária são sempre constituídas por fatos lícitos, que uma vez

ocorridos no mundo jurídico nasce a obrigação de pagar o tributo.

Contudo, verifica-se que embora a hipótese de incidência tributária não possa ser algo ilícito, os frutos de

uma atividade ilícita podem ser objeto de tributação.

Veja no caso do Imposto sobre rendas ou proventos de qualquer natureza – IR, a hipótese de incidência,

também chamada pelo legislador de “fato gerador” é “auferir renda”, assim o sujeito que auferir renda terá

a obrigação de pagar IR, e não importa para fins de tributação como essa renda foi auferida, o que importa

é que o sujeito incorreu na previsão da norma tributária, qual seja, auferir renda.

Assim, se o sujeito auferiu renda de atividades ilícitas, para o direito tributário apenas importa que o sujeito

praticou o fato previsto na norma tributária, qual seja, auferiu renda e por essa razão terá que pagar o IR.

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O artigo 118, I do Código Tributário Nacional – CTN prevê que a definição do fato gerador será

interpretada abstraindo-se da validade dos atos praticados pelo sujeito.

Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se:

I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros,

bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos;

Os Tribunais Superiores aplicam o Princípio “Pecunia non olet”, segundo o qual o tributo não tem

cheiro, não importa de onde vem, nesse caso, a renda auferida, o que importa é que ocorreu o fato

gerador do IR, “auferir renda”, e por essa razão, aplicando-se o art. 118, I do CTN deve-se haver a

tributação.

Espécies Tributárias:

O art. 5º do CTN prevê três espécies tributárias:

1) Impostos

2) Taxas

3) Contribuição de Melhoria

A Constituição Federal no art. 145 prevê três espécies tributárias:

1) Impostos

2) Taxas

3) Contribuição de Melhoria

O art. 148 da CF faz menção ao Empréstimo Compulsório e o art. 149 da CF refere-se às

Contribuições.

2. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

Competência Tributária é a outorga de poder concedido pela Constituição Federal aos Entes Federativos para que eles possam criar, instituir e majorar tributos.

Somente os entes federativos apresentam competência tributária, pois os tributos só podem ser instituídos por meio de lei, e apenas os entes federativos apresentam Poder Legislativo.

2.1. Características da Competência Tributária

Indelegabilidade: O Ente Federativo não poderá transferir a sua competência tributária para nenhum outro Ente. Assim, se a Constituição outorgou poder para a União instituir o Imposto sobre Produtos Industrializados(IPI) apenas ela poderá instituir esse imposto, mais ninguém!

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A competência tributária que consiste na criação, instituição e majoração de tributo é indelegável. Contudo as funções administrativas de arrecadar, fiscalizar tributos e executar leis que compreendem a capacidade ativa tributária essa sim pode ser delegável.

CTN - Art. 7º - A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição.

§ 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir.

§ 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido.

§ 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos

Exemplo é o caso do Imposto Territorial Rural (ITR) cuja competência tributária, ou seja, a competência para criá-lo, institui-lo ou majorá-lo é da União, conforme estabelece o art. 153, VI da CF, que poderá, no entanto, delegar a função de arrecadar e fiscalizar, ou seja, a capacidade ativa tributária aos Municípios, nos termos do art. 153, § 4º, III da CF.

Para fixar, temos:

COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA – INDELEGÁVEL!

CAPACIDADE ATIVA TRIBUTÁRIA – PODE SER DELEGÁVEL

Criar, instituir, Majorar Arrecadar, Fiscalizar Tributos e Executar Leis

b) Facultatividade: Os Entes Federativos não estão obrigados a instituir os tributos, cuja competência tributária lhe foi atribuída pela Constituição Federal.

O art. 145 da CF determina que a União, Estados, Distrito Federal e Municípios “poderão”, e não “deverão” instituir tributos. A partir dessa regra a doutrina diz que a competência tributária no Brasil é facultativa.

Exemplo: o Imposto sobre Grandes Fortunas – IGF, que compete à União a sua instituição, até hoje não foi criado e não há problema algum, porque a competência tributária é facultativa!

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Muitos indagam sobre a Lei de responsabilidade Fiscal, LC nº 101/2000 que estabelece em seu art. 11 que somente exerce uma boa gestão fiscal o Ente Federativo que instituir e cobrar todos os tributos.

Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação.

Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos.

Quanto a arrecadação não restam dúvidas dessa obrigatoriedade, mas a obrigatoriedade quanto à Instituição fere a Constituição Federal que não obriga aos Entes Federativos instituírem os tributos.

Observa-se, ainda, que o parágrafo único do art. 11 da LC nº 101/2000 prevê uma sanção para o Ente Federativo que não instituir todos os impostos de sua competência. O dispositivo legal proíbe a realização de transferências voluntárias àquele que não instituir todos os impostos.

LC nº 101/200 - Art. 11 (...)

Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos.

O STF em Medida Cautelar ADI nº 2238 entendeu que o parágrafo único do art. 11 da LC nº 101/2000 não viola a Constituição Federal porque a Lei trata de transferências voluntárias.

As transferências obrigatórias de impostos que estão nos artigos 153, § 5º, 157, 158 e 159 da Constituição Federal essas sim só poderão deixar de serem repassadas no caso do art. 160 da CF, quando o Ente Federativo não estiver aplicando o percentual exigido na área da saúde, e também, no caso de débitos de um Ente, e suas Autarquias com outro Ente que irá fazer o repasse.

O parágrafo único do art. 11 da LC nº 101/2000 proibiu apenas o repasse das transferências voluntárias e não das obrigatórias, por isso não seria inconstitucional.

c) Incaducabilidade: O direito do Ente Federativo instituir o tributo pode ser exercido a qualquer tempo. O fato da União não ter instituído o IGF, em 1988, quando da promulgação da Constituição Federal, não lhe retira o direito de institui-lo agora, passados mais de 20 anos.

d) Inalterabilidade: a competência tributária não pode ser alterada por lei infraconstitucional. Assim, quando a Constituição, no art. 156, I prevê que o IPTU irá incidir sobre a propriedade de imóvel urbano, não pode uma lei modificar tal competência ao ponto de determinar que o IPTU tenha como hipótese de incidência, fato gerador a mera posse de imóvel urbano.

Observe que o art. 32 do CTN prevê como fato gerador do IPTU a propriedade, a posse e o domínio útil de imóvel urbano.

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O fato é que o Código Tributário Nacional é de 1966 e a nossa Constituição é de 1988, assim esse artigo do CTN só foi recepcionado pelo nosso ordenamento jurídico, ao considerar que será contribuinte do IPTU o possuidor ou aquele que detenha o domínio útil se houver o animus domini.

Logo, o mero detentor da posse, como o locatário não é contribuinte do IPTU, porque a lei não pode alterar a competência tributária e a CF determina que apenas o proprietário é contribuinte desse imposto.

e) Irrenunciabilidade: A competência tributária é irrenunciável, o Ente Federativo não pode jamais renunciar sua competência tributária em favor de outro Ente, ele pode apenas deixar de exercê-la.

Assim, o fato da União não ter criado ainda o IGF não confere o direito dos Estados, por exemplo, instituírem esse imposto, porque a competência é Irrenunciável.

Para memorizar, a competência tributária é: 1) Indelegável

2) facultativa

3) Incaducável

4) Inalterável

5) Irrenunciável

2.2. EXERCÍCIO DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

Como vimos a competência tributária é o poder concedido pela Constituição Federal aos Entes Federativos para eles criarem, instituírem e majorarem tributos.

Os Entes Federativos irão criar, instituir e majorar os tributos apenas por meio de lei e via de regra lei ordinária.

A lei ordinária é o instrumento por excelência da imposição tributária. Para efeito de votação parlamentar, indica um quorum de maioria simples, o voto favorável de mais da metade do número de parlamentares presentes no dia da votação.

Existem 4 tributos, todavia, que só podem ser instituídos ou majorados por meio de Lei Complementar, que são: Contribuição Social Residual (art. 195,§ 4º da CF); Empréstimo Compulsório (art. 148 da CF); IGF (Imposto sobre Grandes Fortunas – Art. 153, VII da CF) e Imposto Residual (art. 154, I da CF).

Dizemos aqui, para fins mnemônicos que os tributos que só podem ser instituídos e majorador por meio de LC é o CEGI!

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Contribuição Social Residual

Empréstimo Compulsório

IGF

Imposto Residual

Segundo a literalidade do art. 62, § 2º da CF Medida Provisória, que é um instrumento normativo, com força de lei, poderá instituir e majorar impostos.

Primeira Observação: Ainda que o art. 62, § 2º da CF estabeleça que a Medida Provisória poderá instituir e majorar impostos, o STF tem entendimento de que as Medidas Provisórias podem instituir ou majorar outras espécies tributárias, desde que essas não necessitem de Lei Complementar para sua instituição.

A Medida Provisória, no entanto, para instituir ou majorar impostos deverá observar dois requisitos:

Primeiro: Que o Imposto possa ser instituído por meio de Lei Ordinária, pois o art. 62, § 1º, III da CF, veda a MP tratar sobre matérias reservadas à Lei Complementar.

Segundo: Em se tratando de impostos, excepcionados o Imposto Extraordinário Guerra, Imposto sobre a Importação (II), Imposto sobre a Exportação (IE), Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e Imposto sobre produtos industrializados (IPI), é necessário que a medida provisória que os criar seja convertida em lei até o final do exercício financeiro, para que possa produzir efeitos no exercício subsequente.

2.3. LIMITES AO EXERCÍCIO DA COMPETÊNCIA

Os limites ao exercício da competência tributária podem ser dois: Limites genéricos e limites específicos.

Limites genéricos: são os limites trazidos pela Constituição Federal e pelo Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT.

Assim, nenhum tributo poderá ser instituído sem observar a Constituição Federal e a ADCT.

Limites Específicos: São os princípios e Imunidades, que se encontram praticamente nos artigos: 145, §1º, 150, 151 e 153 da Constituição Federal.

3. PRINCÍPIOS DE DIREITO TRIBUTÁRIO

3.1 Princípio da Legalidade

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No Brasil ninguém pode ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa a não ser em decorrência de lei.

Nos termos do art. 150, I da CF nenhum tributo será instituído ou aumentado, a não ser por intermédio de LEI!

Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:

I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;

II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;

De acordo com o art. 97, § 1º do CTN considera-se majoração de tributo a modificação da base de cálculo de forma a torná-lo mais oneroso.

A mera atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo NÃO constitui majoração de tributo, nos termos do art. 97, § 2º do CTN, podendo ser realizada por meio de simples Decreto.

No entanto, se “atualização monetária” ocorrer com índices superiores ao oficial, não teremos uma mera atualização de valores, e sim, uma majoração de base de cálculo disfarçada, e por isso, nesse caso o instrumento normativo necessário será a Lei.

Nesse sentido, temos a Súmula 160 do STJ:

É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante, Decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária.

a Constituição Federal, em seu artigo 153, § 1º prevê alguns impostos que podem ter as alíquotas alteradas, desde que observados os limites e condições estabelecidos em lei, por meio de ato do Poder Executivo, o que se dá comumente por decreto presidencial ou por portaria do Ministro da Fazenda. São eles:

Imposto sobre a Importação (II)

Imposto sobre a Exportação (IE)

Imposto sobre produtos Industrializados (IPI)

Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros (IOF)

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O art. 153, § 1º da CF ao estabelecer que o Poder Executivo poderá alterar as alíquotas do II, IE, IPI e IOF, possibilitou, inclusive, que esses tributos tenham suas alíquotas majoradas, por decreto, por exemplo, desde que observados os limites e condições estabelecidos em lei, é claro.

O art. 177, § 4º, I, “b” da CF também possibilita ao Poder Executivo reduzir e restabelecer as alíquotas da Contribuição de intervenção no domínio econômico Combustível – CIDE COMBUSTÍVEL, por meio de ato próprio, no caso, o decreto presidencial.

O art. 155, § 4º, IV, “c” da CF possibilita ao Poder Executivo reduzir e restabelecer as alíquotas do ICMS incidência monofásica, nas operações com combustíveis e lubrificantes previstos em lei complementar federal.

Para visualizar:

ALÍQUOTAS POR MEIO DE ATOS PODER EXECUTIVO

DECRETO CONVÊNIO (CONFAZ)

ALTERAR (MAJORAR, REDUZIR E RESTABELECER)

II, IE, IPI e IOF

APENAS REDUZIR E RESTABELECER

CIDE COMBUSTÍVEL ICMS COMBUSTÍVEL

3.2. Princípio da Isonomia

É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos (art. 150, II da CF).

3.3. Princípio da Irretroatividade

É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. (art. 150, III, “a” da CF).

A lei tributária NÃO pode retroagir, salvo em três situações:

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Em se tratando de lei expressamente interpretativa, desde que não comine penalidade (art.

106, I do CTN)

Em se tratando de ato NÃO definitivamente julgado, vier uma lei que excluir infrações ou reduzir

penalidades (art. 106, II do CTN) (Lembrar que em direito tributário penalidade é multa!)

Em se tratando de lançamento, vier uma lei que crie novos critérios de fiscalização ou

apuração (art. 144, § 1º do CTN).

3.4. Princípio da Anterioridade

O tributo que for instituído ou majorado nesse exercício financeiro, (coincide com o ano civil, inicia no dia 1º de janeiro e se encerra no dia 31 de dezembro), somente poderá ser exigido no próximo exercício e desde que tenham transcorridos 90 dias da data da publicação da lei que houver instituído ou majorado o tributo. (art. 150, III, “b” e “c” da CF).

Nem todos os tributos precisam respeitar o princípio da anterioridade, temos várias exceções a esse princípio. As exceções encontram-se nos arts. 150, § 1º, 155, § 4º, IV, “c” e 177, § 4º, I, “b” e 195,§ 6º da CF.

a) Temos tributos que não precisam aguardar o próximo exercício (NÃO RESPEITA o Princípio da Anterioridade) e nem 90 dias (NÃO RESPEITA o Princípio Nonagesimal), ou seja, o tributo pode ser cobrado: IMEDIATAMENTE!!!! São eles:

- Imposto extraordinário guerra (IEG)

- empréstimo Compulsório Guerra ou Calamidade Pública,

- Imposto sobre importação (II),

- Imposto sobre exportação (IE)

- Imposto sobre operações financeiras (IOF)

b) Existem tributos, no entanto, que não precisam aguardar o próximo exercício (NÃO RESPEITAM o Princípio da Anterioridade) MAS precisam aguardar 90 dias, para poder ser exigido, (RESPEITAM o Princípio Nonagesimal), são:

- IPI

- casos de redução e restabelecimento das Alíquotas da CIDE Combustível e do ICMS Combustível (155, § 4º, IV, “c” e 177, § 4º, I, “b” da CF.

Contribuição Social (195,§ 6º da CF)

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Existem tributos que devem respeitar o Princípio da Anterioridade (RESPEITAM o Princípio da Anterioridade do Exercício), mas não precisam respeitar 90 dias (NÃO RESPEITAM o Princípio Nonagesimal), são:

-IR

- alteração de Base de cálculo do IPTU e do IPVA

NRAE e NR90 dias

cobrança

IMEDIATA!

GUERRA, (IEG e Empréstimo Compulsório guerra ou calamidade pública.

II IE IOF

NRAE

R90 dias

IPI Reduzir e Restabelecer

CIDE COMBUSTÍVEL

Reduzir e Restabelecer

ICMS

COMBUSTÍVEL

Contribuição Social

RAE NR90 dias

IR Alteração Base de cálculo IPTU

Alteração Base de cálculo IPVA

3.5. Princípio do não-confisco

O princípio da vedação ao confisco, disposto no art. 150, IV da CF, decorre do direito de propriedade, que coíbe o confisco ao estabelecer prévia e justa indenização na desapropriação. O tributo não pode inviabilizar o direito de propriedade.

Verifica-se, ainda, que a Constituição Federal ao tratar sobre o princípio do não-confisco em seu artigo 150, IV, refere-se aos tributos, ou seja, de acordo com a literalidade desse dispositivo constitucional, apenas os tributos devem respeitar o não-confisco.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

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(...)

IV - utilizar tributo com efeito de confisco;

Nesse sentido, muitos indagam se as multas estariam sujeitas ao princípio do não-confisco, pois ainda que nos referimos à multa tributária, sabemos que multa não é tributo, mas sanção exigível pelo descumprimento de obrigação tributária.

O STF tem frequentemente demonstrado avesso às multas com caráter confiscatório

3.6. Princípio da Liberdade de Tráfego

O princípio da liberdade de tráfego está previsto no art. 150, V da CF e veda os Entes Federativos instituírem tributos interestaduais ou intermunicipais que visam estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, ressalvadas, contudo, a exigência do pagamento de pedágio pela utilização das vias conservadas pelo Poder Público.

3.7. Princípio da uniformidade Geográfica

O princípio da uniformidade geográfica veda a União “instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País”. (art. 151, I da CF).

3.8. Princípio da Capacidade Contributiva

O princípio da capacidade contributiva é princípio basilar do Direito Tributário e está preceituado no art. 145, §1º da Constituição Federal:

Art. 145 - (...)

§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a

capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para

conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos

da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte

3.9. Princípio da Proibição das Isenções Heterônomas

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A União não pode conceder isenção para tributos que não estejam em sua competência tributária, ou seja, não pode conceder isenção para tributos de estaduais ou municipais, sob pena de violar o princípio do pacto federativo.

Art. 151. É vedado à União:

(...)

III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios

Só pode conceder isenção de determinado tributo o Ente Federativo que tem competência para a sua instituição.

Exceção:

ISS sobre serviços prestados no exterior: O art. 156, § 3º,II da CF prevê a possibilidade da União, por lei complementar conceder isenção do ISS nas exportações de serviços. O art. 2º, I LC nº 116/03 trata sobre a referida isenção.

4. IMUNIDADES

A imunidade tributária é, em resumo, quando a CONSTITUIÇÃO veda a criação e a cobrança de tributos sobre determinadas situações ou sobre determinados sujeitos.

Não se confunde imunidade com isenção ou não incidência.

A imunidade impede a incidência do tributo porque a CONSTITUIÇÃO FEDERAL determina.

Já a isenção, é a LEI que determina que certas situações ou determinados sujeitos não serão tributados.

Existem imunidades genéricas e específicas. As imunidades genéricas estão previstas no art. 150, VI da CF e referem-se apenas aos impostos.

As imunidades específicas são relativas a um único tributo.

4.1. IMUNIDADES GENÉRICAS

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As imunidades genéricas estão previstas no art. 150, VI da CF e refere-se apenas aos Impostos. As pessoas e situações previstas no artigo 150, VI da CF não devem pagar apenas os impostos, devendo pagar . Por isso, afirmamos que quem tem imunidade genérica tem SORTE na vida, sorte de NÃO pagar IMPOSTO!!

SUBJETIVA – Art. 150, VI, “c” da CF

OBJETIVA – Art. 150, VI, “d” da CF

RECÍPROCA – Art. 150, Vi, “a” da CF

TEMPLOS DE QUALQUER CULTO – Art. 150, VI, “b” da CF

4.1.1) IMUNIDADES RECÍPROCAS

A imunidade tributária recíproca, prevista no art. 150, VI, “a” da CF, consequência do modelo Federal de Estado, cujas bases repousam na necessária igualdade política-jurídica entre as unidades que compõe O Estado Federal, veda a União, Estados, Distrito Federal e Municípios instituírem impostos sobre o patrimônio, renda e serviços um dos outros.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

(...)

VI - instituir impostos sobre:

a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;

O Artigo supracitado prevê que a imunidade tributária recíproca alcança apenas os impostos, podendo incidir, portanto, outras espécies tributárias, como taxas, contribuições, etc.

De acordo com o § 2º, § 3º do art. 150 da CF a imunidade recíproca é extensiva às AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES PÚBLICAS desde que cumpram 4 requisitos:

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Cumpram suas finalidades essenciais ou qualquer uma delas

decorrentes;

Sejam instituídas e mantidas pelo Poder Público;

Não cobrar preços e nem tarifas;

não entrar na concorrência privada.

Urge destacar que a imunidade recíproca alcança somente as Autarquias e Fundações Públicas. As empresas públicas e sociedades de economia mista não gozam de imunidade tributária, por essa razão haverá normal incidência tributária sobre essas últimas.

As empresas públicas e sociedades de economia mista por serem detentoras de personalidade jurídica de direito privado não estão abrangidas pela regra imunizante.

No entanto, o Supremo Tribunal Federal tem entendido que algumas empresas públicas, bem como algumas sociedades de economia mista são merecedoras da regra imunizante, quando prestam serviço público de caráter obrigatório e de forma exclusiva.

Exemplo da ECT – Empresa de Correios e Telégrafos.

Outro exemplo de empresa pública que teve a imunidade reconhecida pelo STF, em 2007 (RE-AgR 363.412) é a INFRAERO.

4.1.2) IMUNIDADES DOS TEMPLOS DE QUALQUER CULTO

O art. 150, VI, “b” da CF veda aos Entes Federativos instituírem IMPOSTOS sobre os templos de qualquer culto.

A imunidade dos templos de qualquer culto visa tutelar a liberdade religiosa, e por essa razão tudo, exatamente tudo, que estiver em nome da instituição religiosa e cumprir sua finalidade essencial terá imunidade, ou seja, não terá que pagar impostos.

4.1.3. IMUNIDADE SUBJETIVA - DO ART.150, VI, c, CF/88:

São 04 imunidades:

Imunidade das Entidades de Assistência Social Sem Fins Lucrativos;

Conceito de “Assistência Social” está no art. 203, CF/88.

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Importante: Além de não pagar imposto, também não pagam Contribuição Social, nos termos do art. 195, §7º, CF/88).

b) Imunidades das Entidades de Educação Sem Fins Lucrativos;

Educação é em sentido lato, quer dizer, qualquer tipo de educação.

Exemplos: Pré-escolas, Faculdades, Cursos de Capacitação, etc.

Importante: somente aquelas que não visem lucro, ou seja, se enquadrem no CTN, art. 14.

c) Imunidade dos Partidos Políticos e de suas Fundações;

A jurisprudência entende que devem preencher 02 requisitos para ser imune a cobrança de impostos. São eles: a) estar registrado perante ao TSE; e, b) não atentar contra os princípios e bons costumes do Estado brasileiro.

d) Imunidade dos Sindicatos de Trabalhadores;

Só não paga imposto.

As pessoas do art. 150, VI, “c” da CF para gozarem da imunidade tributária devem cumprir os requisitos do art. 14 do CTN:

Não distribuir lucro entre seus associados;

Não remeter valores para o Exterior;

Manter a escrituração contábil em dia.

Súmula 724 do STF: AINDA QUANDO ALUGADO A TERCEIROS, PERMANECE IMUNE AO IPTU O IMÓVEL PERTENCENTE A QUALQUER DAS ENTIDADES REFERIDAS PELO ART. 150, VI, "C", DA CONSTITUIÇÃO, DESDE QUE O VALOR DOS ALUGUÉIS SEJA APLICADO NAS ATIVIDADES ESSENCIAIS DE TAIS ENTIDADES.

4.1.4. IMUNIDADE OBJETIVA: DOS LIVROS, JORNAIS, PERIÓDICOS e DO PAPEL DESTINADO A

SUA IMPRESSÃO. Art. 150, VI, d, CF/88

Só não paga imposto.

O Supremo Tribunal Federal afirma que:

“Livro” é em qualquer formato com conteúdo de livro.

Jornais e Periódicos são imunes se, e somente se, não forem eminentemente publicitários os encartes.

Revistas de qualquer gênero;

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Histórias em quadrinhos, mesmo que pornográficas;

Catálogos não possuem imunidade. Exceção: Listas telefônicas, pois, tem caráter informativo.

Cuidado: A imunidade se refere tão somente ao papel utilizado para impressão, a tinta não está imune. Do mesmo jeito, Editora e Gráfica não são imunes, mas sim o próprio papel utilizado

Súmula 657 do STF: Os filmes e papéis fotográficos gozam da imunidade do Art. 150, VI, “d” da CF.

5. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA – Art. 96 a 112 CTN

O art. 96 do CTN prevê que compreende a legislação tributária: Leis, Tratados e Convenções

Internacionais, Decretos e Normas Complementares.

A CF é importante em direito tributário, vez que cria competência tributária e os limites do poder de

tributar.

Leis: Lei Ordinária, Lei Complementar e Lei Delegada.

Lei Ordinária, é de extrema importância para o direito tributário, pois via de regra, os tributos serão

instituídos e majorados por meio de lei ordinária.

Lei Complementar, além de 4 tributos só poderem ser instituídos por meio de LC, a CF traz várias

matérias que só podem ser tratadas por meio de LC.

Tributos que só podem ser criados por meio de LC:

Contribuição Social Residual (art. 195, § 4º CF)

Empréstimo Compulsório (art. 148 CF)

IGF (art. 153, VII CF)

Imposto Residual (art. 154, I CF)

Matérias que só podem ser tratadas por meio de LC: ART. 146 CF:

Para dirimir conflitos de competência;

Regular limitações constitucionais ao poder de tributar;

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Normas gerais em direito tributário: Contribuinte, base de cálculo, Fato Gerador, crédito, obrigação,

lançamento, prescrição e decadência;

Tributação sobre os atos cooperativos;

Tributação para as microempresas e empresas de pequeno porte;

Tributação para prevenir desequilíbrios da concorrência.

Lei Delegada: Nos termos do art. 68 da CF quando o Presidente da República precisa buscar autorização

do Congresso Nacional para poder legislar. Não é tão utilizada em direito tributário, porque o presidente

pode valer-se da Medida provisória.

Tratados e Convenções Internacionais: Nos termos do art. 98 do CTN:

Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e

serão observados pela que lhes sobrevenha.

Observação Importante: O Supremo Tribunal Federal tem o entendimento pacífico de que os Tratados e

Convenções Internacionais PODEM conceder isenções de tributos estaduais e municipais.

Decretos: Veiculam alterações de Alíquotas de alguns tributos:

Nos termos do art. 153, § 1º da CF – O Poder Executivo poderá alterar, nos limites e condições

estabelecidos em lei, as alíquotas do II, IE, IOF e IPI. Essa alteração poderá ser por meio de Decreto.

Art. 177, § 4º, I, ‘b” da CF – Poder Executivo poderá reduzir e restabelecer as alíquotas da CIDE

Combustível, que pode ser por Decreto.

Normas Complementares: Art. 100 CTN:

Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos:

I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;

II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa;

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III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas;

IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios

6. INTERPRETAÇÃO e INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

Cabe qualquer método de interpretação em direito tributário, sistemática, teleológica, histórica, gramatical, literal. Contudo, existem algumas matérias que o legislador estabeleceu que só podem ser interpretadas LITERALMENTE, que são as do art. 111 do CTN

Só pode interpretação LITERAL:

suspensão ou exclusão do crédito tributário;

Outorga de isenção;

dispensa do cumprimento das obrigações tributárias acessórias.

No direito tributário só existe uma situação que cabe interpretação mais benéfica ao contribuinte, que é a do Art. 112 do CTN sempre que a legislação definir infrações ou lhe cominar penalidades e houver DÚVIDA sobre:

à capitulação legal do fato;

à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos;

à autoria, imputabilidade, ou punibilidade;

à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.

Quanto a Integração: Cabe em direito tributário desde que ocorra na ordem sucessiva (art. 108 CTN):

Analogia;

Princípios Gerais do Direito. Tributário;

Princípios Gerais do Direito Público;

Equidade.

Nos termos do art. 110 do CTN - A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de

institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição

Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios,

para definir ou limitar competências tributárias.

7. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA:Art. 113 a 138, CTN.

A obrigação tributária pode ser Principal ou Acessória.

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Principal: tem por objeto o PAGAMENTO de tributo ou penalidade. Pagar Imposto de Renda. Importante: para a OAB é pagar tributo ou penalidade. (art. 113, § 1º CTN).

Acessória: São deveres formais que o sujeito passivo está obrigado a fim de facilitar a arrecadação e a fiscalização. Exemplo: Emitir nota fiscal, declarar tributo, escriturar livros contábeis. (art. 113, § 2º CTN).

Cuidado: Art. 113, § 3º, prevê que a inobservância do cumprimento da obrigação acessória converte-a em obrigação principal referente à penalidade tributária.

SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

Os sujeitos da obrigação tributária são Sujeito Ativo e Sujeito Passivo.

SUJEITO ATIVO: Art. 119 do CTN: É a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu cumprimento. São tanto as pessoas jurídicas titulares de competência tributária (Entes Federativos) como aquelas que detém capacidade ativa tributária (funções de arrecadar, fiscalizar e executar).

SUJEITO PASSIVO: É aquele que tem o dever de pagar o tributo, que pode ser o contribuinte ou o responsável. (art. 121 CTN).

Contribuinte é aquele que possui relação direta e pessoal com a situação que constitui o fato gerador. É aquele que pratica o fato gerador.

Responsável é aquele que sem revestir a condição de contribuinte, mas, por estar indiretamente relacionado ao fato gerador a lei lhe atribui o dever de pagar o tributo.

SOLIDARIEDADE DO SUJEITO PASSIVO: (Art. 124 CTN)

I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal;

II - as pessoas expressamente designadas por lei.

Efeitos da Solidariedade (Art. 124, § 1º e art. 125):

1) não comporta benefício de ordem;

2) o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais;

3) II - a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a

um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo saldo;

4) a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica aos demais.

Art. 126. A capacidade tributária passiva independe:

I - da capacidade civil das pessoas naturais;

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II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do exercício de

atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios;

III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade econômica

ou profissional.

Domicílio Tributário

Art. 127. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário, na forma da

legislação aplicável, considera-se como tal:

I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro

habitual de sua atividade;

II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em

relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento;

III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições no território da entidade

tributante.

§ 1º Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer dos incisos deste artigo, considerar-

se-á como domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar da situação dos bens ou da

ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação.

§ 2º A autoridade administrativa pode recusar o domicílio eleito, quando impossibilite ou dificulte a

arrecadação ou a fiscalização do tributo, aplicando-se então a regra do parágrafo anterior.

8. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA

O responsável tributário é a pessoa que, sem ter praticado o fato gerador, a lei lhe impõe o dever de pagar o tributo, excluindo a responsabilidade do contribuinte (quem praticou o fato gerador) ou atribuindo-lhe em caráter supletivo do cumprimento da obrigação tributária.

Na lição de Hugo de Brito Machado1, a responsabilidade, em sentido estrito, é a submissão, em virtude de disposição legal expressa, de determinada pessoa que não é contribuinte, mas está vinculada ao fato gerador da obrigação tributária, ao direito do fisco de exigir a prestação respectiva.

A responsabilidade tributária pode ser classificada, segundo a doutrina, por substituição ou por transferência.

A responsabilidade por substituição surge contemporaneamente à ocorrência do fato gerador, vez que no momento da ocorrência do fato gerador o dever de pagar o tributo já recai sobre o responsável.

Já a responsabilidade por transferência decorre de um evento posterior à ocorrência do fato gerador quando a lei determina que não mais o contribuinte deverá pagar o tributo, mas outra pessoa, por essa ter incorrido na situação estabelecida em lei como modificadora da sujeição passiva. A responsabilidade por transferência pode ser dividida em responsabilidade por sucessão, por solidariedade e de terceiros.

1 Curso de direito tributário, 129 Ed., p. 150.

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8.1. Responsável por Substituição

A responsabilidade por substituição, como visto anteriormente, é quando a lei determina que uma terceira pessoa deve pagar o tributo em substituição ao contribuinte. Essa modalidade de responsabilidade é muito utilizada para facilitar a fiscalização e a arrecadação para o Fisco.

Há dois casos de responsabilidade por substituição no ordenamento pátrio. A substituição para trás (regressiva ou antecedente) e a substituição para frente (progressiva ou subsequente).

8.2. Substituição para trás

A substituição para trás, regressiva ou antecedente é quando ocorre o fato gerador e o pagamento do tributo será realizado posteriormente, por uma terceira pessoa (o responsável), em substituição àquele que praticou o fato gerador (contribuinte). Se não fosse a substituição, ocorrendo o fato gerador, o pagamento seria imediato e efetuado pelo contribuinte.

Um exemplo de substituição para trás é a da cadeia de produção e circulação. Quando o produtor vende a sua mercadoria para a indústria, ocorre uma operação de circulação de mercadoria o que o abrigaria a recolher o ICMS, mas a lei determina que quem irá recolher esse tributo em substituição ao produtor (contribuinte, por ter praticado o fato gerador) será o próximo da cadeia, ou seja a indústria.

8.3. Substituição para Frente

A substituição para frente, progressiva, ou ainda, subsequente, é quando primeiro ocorre o pagamento do tributo sobre uma base de cálculo presumida e posteriormente se realiza o fato gerador.

A Constituição Federal, no art. 150, § 7º trata sobre a possibilidade da substituição para frente.

§ 7.º A lei poderá atribuir ao sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido. (grifo nosso)

Nos termos do dispositivo acima mencionado, tem-se que na substituição para frente, quando o responsável paga o tributo no início da cadeia e no futuro acaba NÃO ocorrendo o fato gerador, caberá a restituição daquele tributo.

No Convênio nº 13-97, celebrado por 23 Estados brasileiros, ficou estabelecido que ocorrendo o fato gerador, na substituição para frente, mas por um valor inferior ao recolhimento realizado pelo responsável no início da cadeia, não poderá ser realizada a restituição pelo sujeito passivo.

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Em julho de 1998 a Confederação Nacional de Comércio (CNC) ajuizou ação direta de inconstitucionalidade contra o Convênio, ADI 1851, por entender que deveria ocorrer a restituição do ICMS caso o fato gerador ocorresse por um valor inferior ao recolhido pelo responsável tributário.

O STF entendeu ser constitucional o Convênio, pois quando a Constituição Federal previu a substituição para frente, no art. 150, § 7º, tratou apenas sobre a hipótese de restituição quando não ocorresse o fato gerador, sem falar nada sobre a ocorrência do fato gerador em valor inferior. Nesse sentido, trecho da Ementa da ADI nº 1851 determina:

O fato gerador presumido, por isso mesmo, não é provisório, mas definitivo, não dando ensejo a

restituição ou complementação do imposto pago, senão, no primeiro caso, na hipótese de sua não-

realização final.

Admitir o contrário valeria por despojar-se o instituto das vantagens que determinaram a sua concepção e

adoção, como a redução, a um só tempo, da máquina-fiscal e da evasão fiscal a dimensões mínimas,

propiciando, portanto, maior comodidade, economia, eficiência e celeridade às atividades de tributação e

arrecadação.

Assim, para as provas objetivas da FGV temos:

SUBSTITUIÇÃO PARA FRENTE (ART. 150, § 7º CF)

Quando NÃO ocorre o Fato Gerador Cabe Restituição

Quando ocorre por valor inferior ao valor presumido pelo Responsável

Não cabe Restituição

8.4. Responsabilidade Por Sucessão

Responsabilidade do Adquirente de Bens Imóveis - Art. 130 do CTN

Nos termos do art. 130 do CTN, o adquirente de um bem imóvel responde pelos créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, posse, o domínio útil de bens imóveis, bem como o pagamento das taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou contribuições de melhoria, salvo se houver prova de quitação desses débitos.

O título de prova de quitação a que se refere o art. 130 do CTN é uma Certidão Negativa de Débitos (CND). Logo, se o Comprador do bem imóvel retirar perante a Autoridade Administrativa uma CND referente a esse bem, ainda que sejam lançados créditos tributários posteriormente, o adquirente não estará responsável por esses pagamentos, pois os créditos foram lançados após a emissão da CND.

Assim, se uma pessoa compra um bem imóvel com dívidas de IPTU ou ITR, taxas e contribuição de melhoria, será o responsável pelo pagamento dos respectivos créditos tributários, apenas se não houver

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uma CND, uma prova de quitação. Por essa razão pode-se afirmar que os créditos tributários sub-rogam-se na pessoa do adquirente do bem imóvel nessa situação.

Conquanto, se a aquisição do bem imóvel for por arrematação em hasta pública, o parágrafo único do art. 130 do CTN determina que os créditos tributários sub-rogam-se no respectivo preço:

Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação.

Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço. (grifo nosso)

Assim, se um sujeito arrematar um imóvel por R$ 100.000 em hasta pública, e existir uma dívida de R$ 50.000 de IPTU, essa dívida sub-roga-se no valor arrematado. E se a dívida for superior ao valor arrematado, ainda assim, o adquirente não ficará responsável pelo pagamento do excedente, pois a aquisição ocorreu em hasta pública.

Nesse sentido, temos o entendimento do STJ:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE

INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. IPTU SOBRE IMÓVEL ARREMATADO EM HASTA PÚBLICA. ILEGITIMIDADE PASSIVA. DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. SUB-ROGAÇÃO QUE OCORRE SOBRE O PREÇO. PARÁGRAFO ÚNICO, DO ART. 130, DO CTN. IMPOSSIBILIDADE DE IMPUTAR-SE AO ARREMATANTE ENCARGO OU RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PENDENTE, QUE PERSISTE PERANTE O FISCO, DO ANTERIOR PROPRIETÁRIO.

1. O crédito fiscal perquirido pelo fisco deve ser abatido do pagamento, quando do leilão, por isso que, finda a arrematação, não se pode imputar ao adquirente qualquer encargo ou responsabilidade tributária. (...)

2. Os débitos tributários pendentes sobre o imóvel arrematado, na dicção do art. 130, parágrafo único, do CTN, fazem persistir a obrigação do executado perante o Fisco, posto impossível a transferência do encargo para o arrematante, ante a inexistência de vínculo jurídico com os fatos jurídicos tributários específicos, ou com o sujeito tributário. Nesse sentido: "Se o preço alcançado na arrematação em hasta pública não for suficiente para cobrir o débito tributário, nem por isso o arrematante fica responsável pelo eventual saldo." (BERNARDO RIBEIRO DE MORAES, Compêndio de Direito Tributário, 2º vol., Rio de Janeiro: Forense, 1995, p. 513).

3. Assim, é que a arrematação em hasta pública tem o efeito de expurgar qualquer ônus obrigacional sobre o imóvel para o arrematante, transferindo-o livremente de qualquer encargo ou responsabilidade tributária.

(AgRg no Ag nº 124.6665, Rel. Min. Luiz Fux, DJ 22-04-2010)

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8.5. Responsabilidade do Art. 131 CTN

O adquirente ou remitente de bens é responsável pelo pagamento dos créditos tributários dos bens adquiridos ou remidos. No caso de aquisição de um veículo com dívidas de IPVA, o adquirente é responsável pelo pagamento desse tributo.

Se o bem for adquirido em arrematação judicial, o STJ entende que se aplica o parágrafo único do art. 130 do CTN por analogia, assim o crédito sub-roga-se no respectivo preço.

TRIBUTÁRIO - ARREMATAÇÃO JUDICIAL DE VEÍCULO - DÉBITO DE IPVA -RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA - CTN, ART. 130, PARÁGRAFO ÚNICO.

1. A arrematação de bem em hasta pública é considerada como aquisição originária, inexistindo relação jurídica entre o arrematante e o anterior proprietário do bem.

2. Os débitos anteriores à arrematação sub-rogam-se no preço da hasta. Aplicação do artigo 130, § único do CTN, em interpretação que se estende aos bens móveis e semoventes.

(Resp nº 807455, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 21-11-2008)

Quanto à sucessão hereditária, o art. 131, III do CTN prevê que o espólio é responsável pelo pagamento dos tributos devidos pelo de cujus até a abertura da sucessão. Durante o processo de inventário ou arrolamento, o espólio tem o dever de pagar os tributos cujos fatos geradores ocorrerem nesse período, sendo a responsabilidade do cônjuge meeiro e dos sucessores até o montante do seu quinhão, até a partilha.

Art. 131. São pessoalmente responsáveis:

(...)

II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da meação;

III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão.

8.6. Responsabilidade do Art. 132 do CTN

Nas operações de fusão, incorporação ou transformação, a pessoa jurídica resultante será responsável pessoalmente pelo pagamento dos tributos devidos até a data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionada, incorporada, ou transformada.

Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas.

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As operações de fusão decorrem da união de duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações, incluindo as de natureza tributária, conforme prevê art. 228 da Lei nº 6.404-76.

A incorporação é quando uma empresa absorve outra empresa. E a operação de transformação ocorre quando a sociedade passa, independentemente de dissolução e liquidação, de um tipo para outro. (Lei nº 6.404-76, art. 220). Quando, por exemplo, uma empresa por quotas de responsabilidade limitada transforma-se em uma sociedade por ações (S.A).

Observa-se, que o Código Tributário Nacional não tratou sobre a responsabilidade nos casos de cisão, quando a companhia transfere parcelas de seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão. (Lei nº 6.404-76, Art. 220).

O entendimento majoritário que tem prevalecido é que nos casos de cisão, a responsabilidade pelo pagamento dos tributos segue a previsão do art. 233 da Lei nº 6.404-76 que estabelece:

Art. 233. Na cisão com extinção da companhia cindida, as sociedades que absorverem parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente pelas obrigações da companhia extinta. A companhia cindida que subsistir e as que absorverem parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente pelas obrigações da primeira anteriores à cisão.

Parágrafo único. O ato de cisão parcial poderá estipular que as sociedades que absorverem parcelas do patrimônio da companhia cindida serão responsáveis apenas pelas obrigações que lhes forem transferidas, sem solidariedade entre si ou com a companhia cindida, mas, nesse caso, qualquer credor anterior poderá se opor à estipulação, em relação ao seu crédito, desde que notifique a sociedade no prazo de 90 (noventa) dias a contar da data da publicação dos atos da cisão. (grifo nosso).

E nos casos de extinção de pessoas jurídicas o parágrafo único do art. 132 do CTN prevê que as regras do caput se aplicam quando a respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social.

8.7. Responsabilidade do Art. 133 do CTN

O Adquirente de fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional que continuar a respectiva exploração, ainda que modifique a razão social, é responsável pelo pagamento dos tributos devidos pelo fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até a data do ato.

O adquirente responderá integralmente pelos créditos tributários se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade.

A responsabilidade do adquirente será subsidiária com o alienante se este continuar a explorar qualquer atividade ou iniciar, dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.

Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato:

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I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade;

II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.

O Superior Tribunal de Justiça tem entendido que o adquirente do fundo de comércio ou estabelecimento comercial responderá nos termos do caput art. 133 do CTN, inclusive com relação às penalidades tributárias.

RECURSO ESPECIAL. MULTA TRIBUTÁRIA. SUCESSÃO DE EMPRESAS.RESPONSABILIDADE. OCORRÊNCIA. DECADÊNCIA. TEMA NÃO ANALISADO. RETORNO DOS AUTOS.

1. A empresa recorrida interpôs agravo de instrumento com a finalidade de suspender a exigibilidade dos autos de infração lavrados contra a empresa a qual sucedeu. Alegou a ausência de responsabilidade pelo pagamento das multas e, também, decadência dos referidos créditos. O Tribunal a quo acolheu o primeiro argumento, julgando prejudicado o segundo.

2. A responsabilidade tributária não está limitada aos tributos devidos pelos sucedidos, mas também se refere às multas, moratórias ou de outra espécie, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor.

3. Nada obstante, os art. 132 e 133 apenas refiram-se aos tributos devidos pelo sucedido, o art. 129 dispõe que o disposto na Seção II do Código Tributário Nacional aplica-se por igual aos créditos tributários definitivamente constituídos ou em curso de constituição, compreendendo o crédito tributário não apenas as dívidas decorrentes de tributos, mas também de penalidades pecuniárias (art. 139 c/c § 1º do art. 113 do CTN).

4. Tendo em vista que a alegação de decadência não foi analisada em razão do acolhimento da não responsabilidade tributária da empresa recorrida, determina-se o retorno dos autos para que seja analisado o fundamento tido por prejudicado.

5. Recurso especial provido em parte.

(Resp nº 1017186, Rel. Min. Castro Meira, DJ 27-03-2008)

A regra do caput do art. 133 do CTN só não é aplicável quando o fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional for adquirido em processo de falência ou processo de recuperação judicial.

Art. 133 (...)

§ 1o O disposto no caput deste artigo não se aplica na hipótese de alienação judicial:

I – em processo de falência;

II – de filial ou unidade produtiva isolada, em processo de recuperação judicial.

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Conquanto, o adquirente responderá pela dívida tributária, nos termos do caput, se a aquisição do fundo de comércio ou estabelecimento comercial, ainda que realizada no processo de falência ou recuperação judicial, for por:

(i) sócio da sociedade falida ou em recuperação judicial, ou sociedade controlada pelo devedor falido ou em recuperação judicial;

(ii) parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau, consanguíneo ou afim, do devedor falido ou em recuperação judicial ou de qualquer de seus sócios; ou

(iii) identificado como agente do falido ou do devedor em recuperação judicial com o objetivo de fraudar a sucessão tributária.

Em processo da falência, o produto da alienação judicial de empresa, filial ou unidade produtiva isolada permanecerá em conta de depósito à disposição do juízo de falência pelo prazo de 1 (um) ano, contado da data de alienação, somente podendo ser utilizado para o pagamento de créditos extraconcursais ou de créditos que preferem ao tributário. (art. 133, § 3º do CTN).

8.8. Responsabilidade de Terceiros

8.8.1. Responsabilidade do Art. 134 do CTN

O art. 134 do CTN prevê responsabilidade solidária a algumas pessoas, nos atos em que intervierem ou forem omissas, na impossibilidade de exigir o cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte.

Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis:

I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;

II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados;

III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes;

IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;

V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário;

VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício;

VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.

Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às de caráter moratório.

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Ressalta-se primeiramente, que as pessoas enumeradas nas sete alíneas irão responder pelo pagamento das dívidas tributárias na impossibilidade de cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte e somente nos casos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis.

Ao considerar que os créditos tributários devem ser cobrados primeiro do contribuinte para somente após a responsabilidade recair sobre as pessoas enumeradas no art. 134 do CTN, tem-se que não se trata, na verdade, de uma responsabilidade solidária, vez que essa modalidade não comporta benefício de ordem. Seria, então, uma responsabilidade subsidiária, onde primeiro cobra-se de uma pessoa e se essa não cumprir a obrigação, cobra-se de outra.

Ocorre que o art. 134 do CTN tratou como responsabilidade solidária e por essa razão sugere-se que em uma prova objetiva o candidato considere como correta a assertiva que transcreva a disposição legal.

Ademais, vale ressaltar que os sócios só respondem pelo pagamento das dívidas tributárias da pessoa jurídica no caso de liquidação de sociedade de pessoas, cuja responsabilidade dos sócios é ilimitada. No entanto, se for a liquidação de sociedade cuja responsabilidade dos sócios é limitada pelas regras do direito privado (sociedade limitada, sociedade anônima), seus sócios somente poderão responder com observância dessas limitações e não nos termos do art. 134 do CTN.

(...)

2. Quanto à alegação de que teria ocorrido dissolução irregular da sociedade, a ensejar a responsabilização dos sócios nos termos do art. 134, VII, do CTN, convém destacar que o aresto recorrido afastou a incidência desse dispositivo legal sob o argumento de que a sociedade por quotas de responsabilidade limitada não se constitui numa sociedade de pessoas.

(EDcl no Resp nº 109143, Rel. Min. Castro Meira, DJ 02-05-2005)

Nota-se, ainda, que a responsabilidade do artigo acima descrito refere-se tão somente às penalidades de caráter moratório.

8.8.2. Responsabilidade do Art. 135 do CTN

Nos termos do art. 135 do CTN, respondem pessoalmente pelos créditos tributários correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração à lei, contrato social ou estatuto social:

(i) as pessoas referidas no art. 134 do CTN;

(ii) os mandatários, prepostos e empregados;

(iii) os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.

Ressalta-se que as pessoas que apresentam responsabilidade pessoal de acordo com o art. 135 do CTN são apenas os sócios que tenham poderes de gerência, direção ou representação e não todos os sócios indistintamente. Além disso, as pessoas elencadas nesse dispositivo legal só respondem pessoalmente

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pelos créditos tributários que derem causa por excesso de poder, infração à lei ou contrato social e estatuto social.

O mero inadimplemento de tributo por parte da pessoa jurídica não é considerado pelos Tribunais Superiores infração à lei e por essa razão não gera responsabilidade para os sócios com poderes de gerência.

Súmula 430 STJ - O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente.

A dissolução irregular da sociedade é infração à lei e por essa razão gera responsabilidade tributária aos sócios-gerentes, conforme prevê o art. 135, III do CTN.

Súmula 435 STJ - Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente.

8.9. Responsabilidade Por Infrações – Art. 136 e 137 CTN

Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.

Assim, ainda que o contribuinte tenha um motivo nobre para estar inadimplente com o Fisco, o descumprimento obrigacional será punível. Da mesma forma, será punível a entrega de declaração de imposto em atraso, devidamente justificada.

O art. 136 do CTN, prevê, todavia, que o legislador poderá considerar aspectos subjetivos excludentes ou atenuantes da punibilidade para aplicação das penalidades.

Cita-se como exemplo o art. 44 da Lei nº 9.430-96 que prevê uma multa de 75% ao sujeito passivo que deixar de recolher ou de declarar o imposto de renda, sendo a multa duplicada no caso de agir o contribuinte com dolo, fraude ou simulação.

Nos termos do art. 137 do CTN a responsabilidade por infrações será pessoal.

Art. 137. A responsabilidade é pessoal ao agente:

I - quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções, salvo quando praticadas no exercício regular de administração, mandato, função, cargo ou emprego, ou no cumprimento de ordem expressa emitida por quem de direito;

II - quanto às infrações em cuja definição o dolo específico do agente seja elementar;

III - quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico:

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a) das pessoas referidas no artigo 134, contra aquelas por quem respondem;

b) dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus mandantes, preponentes ou empregadores;

c) dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, contra estas.

A responsabilidade por infrações no direito tributário, relativamente ao descumprimento de obrigações principais e acessórias, traduz-se, geralmente, em multas e desconsidera a intenção do agente.

Será a responsabilidade por infrações pessoal do agente nos casos do art. 137 do CTN, salvo se existir prova de que o agente teria agido no “regular exercício da administração” ou ainda, teria cumprido ordem expressa por quem de direito.

O regular exercício da administração ocorre, por exemplo, quando o agente comete o ilícito na condição de mero portador da vontade da empresa.

8.10. Denúncia Espontânea – Art. 138 CTN

Nos termos do art. 138 do CTN a responsabilidade por infrações será excluída quando o contribuinte antes de qualquer procedimento administrativo, promover a denúncia espontânea de forma a pagar o tributo acompanhado dos juros. Assim, no caso de denúncia espontânea, o sujeito passivo não terá que pagar apenas as multas tributárias.

Conforme estabelece o parágrafo único do art. 138 do CTN, só será considerada denúncia espontânea se o contribuinte fizer o pagamento do tributo antes de qualquer procedimento administrativo.

Art. 138 (...)

Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.

O Superior Tribunal de Justiça mantém o entendimento de que o contribuinte só fará jus ao benefício da denúncia espontânea se o pagamento do tributo for à vista.

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE

INSTRUMENTO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. PARCELAMENTO. INAPLICABILIDADE. ENTENDIMENTO FIRMADO PELA PRIMEIRA SEÇÃO SOB O REGIME PREVISTO NO ART. 543-C DO CPC. VIOLAÇÃO DO ART. 535, II, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA 284/STF. INCIDÊNCIA.

(...)

2. Entendimento da Primeira Seção deste Tribunal, firmado por ocasião do julgamento do REsp 1.102.577/DF, feito submetido ao regime do art. 543-C, do CPC, no sentido de que o instituto da denúncia espontânea (art. 138 do CTN) não se aplica nos casos de parcelamento de débito tributário. (Rel. Min. Castro Meira, DJ de 18/5/2009).

3. Agravo regimental não provido.

(AgRg no Ag nº 1308661, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJ 15-10-2010)

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O entendimento do Superior Tribunal de Justiça quanto aos tributos sujeitos ao lançamento por homologação é de que uma vez declarados e pagos a destempo, não fazem jus à denúncia espontânea.

Súmula 360 STJ - O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo.

Isso porque, segundo a jurisprudência pacífica do STJ, a apresentação, pelo contribuinte, de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF, ou guia de informação e Apuração do ICMS – GIA, ou de outra declaração dessa natureza, prevista em lei, é modo de formalizar a existência do crédito tributário, dispensada, para esse efeito, qualquer outra providência por parte do Fisco.

Assim, quando o contribuinte entrega, por exemplo, a DCTF e declara que há dívidas de tributos, quando for pagá-los posteriormente, fora da data de vencimento, por ter entregue a declaração, não poderá se valer do benefício da denúncia espontânea.

Ademais, ressalta-se que o Judiciário tem afastado o benefício da denúncia espontânea no caso de obrigações acessórias, como, por exemplo, a entrega da declaração do imposto de renda extemporaneamente. Assim, se houver a entrega da declaração em atraso, mesmo que o contribuinte pague o imposto eventualmente devido antes de qualquer procedimento fiscalizatório, será devida a multa correspondente.

9. CRÉDITO TRIBUTÁRIO

A lei que rege o lançamento é a da data do fato gerador, ainda que posteriormente modificada ou

revogada. Sempre vale a lei da data do fato, não importa se depois diminuiu ou não tem mais o imposto.

Não vale a regra do mais benéfico no direito tributário. O lançamento é o ato constitutivo do crédito

tributário.

A data do fato gerador é a regra geral para o lançamento. Salvo, artigo 106, CTN, se a lei vier a reduzir penalidade ou excluir infração, ou ainda, nos termos do artigo 144, §1º, CTN se a lei vier a dispor sobre novos meios de fiscalização.

Natureza jurídica do lançamento: declaratória da obrigação e constitutiva do crédito.

O Crédito tributário é constituído por meio do Lançamento que pode ser de três modalidades: de ofício, por declaração e por homologação.

9.1. Lançamento de Ofício

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De ofício é lançamento efetuado pela autoridade administrativa independentemente de qualquer atuação ou participação do sujeito passivo. A própria autoridade verifica a ocorrência do fato gerador da obrigação, determina a matéria tributável, calcula o montante do tributo devido, identifica o sujeito passivo e, sendo caso, propõe a aplicação da penalidade cabível. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.

Ex: IPTU- quem faz tudo é a autoridade administrativa, IPVA, taxa, contribuições de melhoria.

9.2. Lançamento por declaração

O sujeito passivo, ou um terceiro, declaram à autoridade administrativa a ocorrência de fatos em face dos

quais seria possível efetuar o lançamento. Depois de ofertada essa declaração, a autoridade então efetua

o lançamento e notifica o sujeito passivo para pagá-lo ou, se for o caso, apresentar impugnação (defesa

administrativa).

Ex: ITBI.

9.3. Lançamento por homologação

Por homologação é aquele lançamento no qual todos os atos de apuração, quantificação, cálculo etc.,

relativos à liquidação da obrigação tributária, são efetuados pelo próprio sujeito passivo. Depois de

calcular o montante do tributo devido, o sujeito passivo submete essa apuração à autoridade

administrativa, para que esta a homologue. O dever de efetuar o pagamento respectivo, entretanto, é

antecipado, devendo ser o tributo recolhido antes do exame da autoridade e da respectiva homologação.

Ex: imposto de renda, ITR, IPI, ICMS.

9.4. Retificação e revisão de lançamento

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Ainda que o sujeito passivo tenha sido notificado pode haver revisão e retificação de lançamento nas

seguintes hipóteses:

1º. Por recurso do sujeito passivo.

2º. Por recurso de ofício

3º. De ofício pela Autoridade Administrativa, nos casos do artigo 149 do CTN.

Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos:

I - quando a lei assim o determine;

II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação

tributária;

III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso

anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento

formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo

daquela autoridade;

IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação

tributária como sendo de declaração obrigatória;

V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da

atividade a que se refere o artigo seguinte;

VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê

lugar à aplicação de penalidade pecuniária;

VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude

ou simulação;

VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior;

IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que

o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial.

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Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda

Pública.

9.5. Prazo para Constituir o Crédito Tributário

Decadência: É a perda do direito de CONSTITUIR o crédito tributário.

A Fazenda, Autoridade Administrativa tem 5 anos para constituir o crédito tributário, sob pena de ocorrer a

decadência, contados ou pela regra do art. 173, I do CTN ou pela regra do art. 150, 4º do CTN

Regra Art. 173, I CTN Regra Art. 150, § 4º

(5 anos) Do 1º dia do exercício seguinte

aquele que poderia ocorrer o lançamento

(5 anos) Da ocorrência do Fato Gerador

Tributos sujeitos a lançamento de Ofício,

e lançamento por Declaração

Tributos sujeitos a lançamento por

Homologação

Sempre que ocorrer Fraude, Dolo ou

Simulação (ainda que seja tributo sujeito

a lançamento por homologação)

Sempre que houver Ausência de

Pagamento (ainda que seja tributo

sujeito a lançamento por homologação)

Nos casos em que houver decisão que anular o lançamento por vícios FORMAIS, a Fazenda tem 5 anos a

contar dessa decisão para constituir um novo crédito tributário, nos termos do artigo 173, II CTN.

Prescrição: É a perda do direito de COBRAR o crédito tributário!

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Art. 174, do CTN: A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco (cinco anos), contados

da data da sua constituição definitiva. (lembrar que o crédito tributário é constituído por meio do

Lançamento)!

Importante: Do fato gerador ao lançamento é prazo decadencial. Com o lançamento que constitui o direito

da Fazenda a cobrar começa a prescrição.

Provas da FGV: Antes do lançamento falamos em prazo decadencial, após o lançamento o prazo é

prescricional.

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10. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Conceito

Através do lançamento se torna exigível o credito tributário. Lançado o tributo ou antecipado o

recolhimento sujeito a homologação, praticado o fato gerador e superada a data para pagamento, o tributo

é exigível. Mas se se questiona a cobrança, deve-se suspender a exigibilidade. O tributo já é exigível, tem

grau médio de eficácia, mas para frear a atividade da administração fazendária, deve-se questionar a

dívida. Para isso têm-se as hipóteses de suspensão da exigibilidade: proteção temporária contra atos de

cobrança da autoridade administrativa. Requer-se ao juiz ou administrativamente que fique

temporariamente suspensa a cobrança; paralisação de todos os atos direcionado à execução forçada.

As hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário encontram-se no art. 151:

Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:

I - moratória;

II - o depósito do seu montante integral;

III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo;

IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança.

V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial;

VI – o parcelamento.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios

dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela conseqüentes.

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Moratória

Moratória é a dilação legal no prazo de pagamento do tributo. Pode ser geral ou individual. Moratória é

diferente de isenção que é diferente de parcelamento.

Moratória: artigos 152 a 155 e seguintes.

Pode haver moratória em caráter geral: uma lei diz que todo mundo tem prazo para pagar. E pode haver

moratória em caráter particular, nos termos do inciso II do art.. 152.

Moratória Geral- abrange toda e qualquer pessoa. Ex: indústrias.

Moratória Individual- a pessoa tem que dizer que preenche os requisitos, por essa razão depende de

despacho da Autoridade Administrativa.

Moratória não gera direito adquirido.

Se houve simulação, dolo, fraude, ela pode ser cancelada tem que pagar tudo a vista com aplicação de

penalidade, multa e juros. Não há imposição de penalidade nos demais casos.

Depósito do seu montante integral

Ele suspende a exigibilidade do crédito tributário. Para evitar incidência de multa e juros só depositando a

integralidade do valor. O depósito no montante integral na via judicial suspende a exigibilidade do crédito

tributário.

Ex.: O contribuinte não é inadimplente, mas também não paga tributo que não deve. Promovendo uma

ação judicial, o depósito do montante integral do crédito judicial evita a cobrança do tributo, de multa e

juros no caso de improcedência do pedido. Se não depositar não fica suspensa a exigibilidade.

A ação anulatória serve apenas para anular um lançamento. Art.. 38 da Lei 6.830. Só entrar com a

anulatória não suspende a exigibilidade do crédito tributário, para suspender deve-se depositar o valor

integral.

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Outra hipótese de suspender a exigibilidade do crédito tributário na esfera judicial, sem a necessidade de

depositar é por meio de Concessão de liminar em mandado de segurança, medida cautelar e tutela

antecipada.

Reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo

Quando se apresenta uma impugnação ou recurso na via administrativa se suspende a exigibilidade do

crédito tributário, evitam-se atos de constrição patrimonial.

O recurso administrativo não precisa ser feito por advogado, a própria parte pode fazer um recurso

administrativo se insurgindo contra a cobrança, pois rege o processo administrativo o princípio da

informalidade.

Parcelamento

É mais uma possibilidade de suspensão do crédito tributário. Todas as regras de moratória se aplicam

subsidiariamente ao parcelamento. Porém no parcelamento, salvo disposição de lei em contrário, não se

exclui a incidência de juros e multas. (Art.. 155-A do CTN)

11. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

As modalidades de extinção do crédito tributário encontram-se no art. 156, do CTN.

I - o pagamento;

II - a compensação;

III - a transação;

IV - remissão;

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V - a prescrição e a decadência;

VI - a conversão de depósito em renda;

VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e

seus §§ 1º e 4º;

VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164;

IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não

mais possa ser objeto de ação anulatória;

X - a decisão judicial passada em julgado.

XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei.

Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial do crédito sobre a ulterior

verificação da irregularidade da sua constituição, observado o disposto nos artigos 144 e 149.

Pagamento

Pagou o objeto da prestação, extingue-se a Relação Jurídica Tributária.

Art.. 158. O pagamento de um crédito não importa em presunção de pagamento:

I – quando parcial, das prestações em que se decomponha;

II – quando total, de outros créditos referentes ao mesmo ou a outros tributos.

Sendo que, em se tratando de lançamento por homologação, só se considera extinto o crédito se o

pagamento for homologado.

O pagamento é a maneira natural de extinção do crédito tributário.

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Compensação

A compensação é uma forma de extinção da obrigação tributária, uma forma de pagamento. Crédito e

débito se compensam quando houver credor e devedor simultaneamente.

Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso

atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários líquidos e certos,

vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública

Art.. 170-A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial

pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. (Redação dada pela LC

104/2001).

Súmula 212 - A compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação cautelar ou por

medida liminar cautelar ou antecipatória

Súmula 213 - O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação tributária.

Transação

Mediante disposição expressa em lei. Só a lei pode autorizar a transação entre o contribuinte e a fazenda.

Remissão

Perdão, indulto: art. 172, do CTN: A lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por

despacho fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tributário, atendendo:

I – à situação econômica do sujeito passivo;

II – ao erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo, quanto à matéria de fato;

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III – à diminuta importância do crédito tributário;

IV – a considerações de equidade, em relação com as características pessoais ou materiais do caso;

V – a condições peculiares a determinada região do território da entidade tributante.

Aqui estamos diante do instituto da remissão como forma de extinção da obrigação de do crédito tributário.

A anistia, que está no capítulo da exclusão do crédito tributário, exclui a penalidade, a multa e deve ser

antes da constituição do crédito tributário. Se a lei da anistia exclui a multa, permanece devido o tributo. A

anistia é só mediante lei.

Prescrição e decadência

Prescrição: Art. 174, do CTN: A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco (cinco

anos), contados da data da sua constituição definitiva.

Parágrafo único. A prescrição se interrompe:

I – pela citação pessoal feita ao devedor;

II – pelo protesto judicial;

III – por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;

IV – por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo

devedor.

Perda do direito à ação.

B) Decadência: Art. 173, do CTN. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se

após 5 (cinco) anos, contados:

I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;

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II – da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento

anteriormente efetuado.

O prazo dela não se interrompe

Pode ser decretada “ex offício”

Do fato gerador ao lançamento é prazo decadencial. Com o lançamento que constitui o direito da Fazenda

a cobrar começa a prescrição.

Decadência - cinco anos- regra: começa a contagem no primeiro dia do exercício seguinte aquele que

deveria ter ocorrido o lançamento.

Prescrição - 5 anos do lançamento.

No lançamento por homologação conta cinco anos do fato gerador para decadência. Exceção: Salvo

quando houver fraude, dolo ou simulação ou ausência de pagamento! O prazo prescricional pode ser

interrompido, o despacho do juiz que determinar a citação do devedor zera e volta a contar novamente.

Não é com a citação válida. (Art.. 150, parágrafo 4º.)

12. Exclusão do Crédito Tributário – Art. 175 do CTN

Consistem em causas de inibição do Lançamento do tributo, previstas no Art. 175 do CTN. Portanto,

ocorre o fato gerador, porém não haverá o lançamento. Com isso, é possível concluir que a isenção e a

anistia têm início antes do lançamento e surgem após a ocorrência da obrigação tributária.

Art. 175. Excluem o crédito tributário:

I - a isenção;

II - a anistia.

Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias

dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela conseqüente.

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Art. 175 do CTN, há o estabelecimento de que, ainda que exista o direito à isenção ou anistia, o

contribuinte deverá cumprir as obrigações acessórias

Isenção - A lei concede a isenção, para que determinada situação ou pessoa não esta obrigado de pagar

o tributo. Ocorre que, a isenção não observa o princípio da anterioridade, do exercício, nem o da

nonagesimal, porque a revogação da isenção não configuraria uma instituição ou majoração do tributo.

No CTN, em seu art. 104, prevê revogação de isenção, cujo o imposto é sobre renda ou sobre o

patrimônio, essa lei só produzirá efeitos no primeiro dia do exercício seguinte:

Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os

dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda:

I - que instituem ou majoram tais impostos;

II - que definem novas hipóteses de incidência;

III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao

contribuinte, e observado o disposto no artigo 178.

O art. 177 do CTN, estabelece que a concessão de isenção não se estende às taxas e contribuição

de melhoria, bem como aos tributos que venham a ser criados ou instituídos posteriormente à lei que cria

a isenção.

Art. 177. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva:

I - às taxas e às contribuições de melhoria;

II - aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão.

A lei que estabelece isenção deve ser interpretada literalmente, nos termos do art. 111 do CTN.

Portanto, no caso de tributos que venham a ser criados ou instituídos posteriormente à lei que cria a

isenção, não serão abrangidos pela isenção.

Em relação à não extensão da isenção às taxas e contribuição de melhoria, deve-se observar que

esses tributos são criados em virtude de uma contraprestação direta, por isso, não há embasamento para

se estender determinada isenção concedida em lei para estes tributos, salvo disposição de lei em

contrário.

Sobre a revogação, existe uma exceção, nos termos do art. 178 do CTN e na Súmula 544 do STF,

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que consiste nos casos de isenção por prazo determinado ou por determinadas condições onerosas.

CTN - Art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições,

pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104.

(Redação dada pela Lei Complementar nº 24, de 7.1.1975)

STF - SÚMULA Nº 544: Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa, não podem ser livremente

suprimidas.

Anistia - Trata-se de perdão, concedida por lei, das penalidades pecuniárias, de forma a abranger os

créditos tributários anteriores ao lançamento. Importante destacar que a anistia poderá abarcar apenas os

tributos, cujos fatos ocorreram anteriores à lei, nos termos do art. 180 do CTN.

A anistia não poderá ser concedida em casos de crimes ou contravenções, praticados com dolo,

fraude ou simulação do sujeito passivo, bem como às infrações resultantes de conluio de outras pessoas.

Art. 180. A anistia abrange exclusivamente as infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a

concede, não se aplicando:

I - aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e aos que, mesmo sem essa qualificação,

sejam praticados com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou por terceiro em benefício daquele;

II - salvo disposição em contrário, às infrações resultantes de conluio entre duas ou mais pessoas naturais

ou jurídicas.

Esse perdão pode ser geral ou limitado, conforme dispõe o artigo 181 do CTN.

Art. 181. A anistia pode ser concedida:

I - em caráter geral;

II - limitadamente:

a) às infrações da legislação relativa a determinado tributo;

b) às infrações punidas com penalidades pecuniárias até determinado montante, conjugadas ou não com

penalidades de outra natureza;

c) a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares;

d) sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei que a conceder, ou cuja fixação seja

atribuída pela mesma lei à autoridade administrativa.

13. ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS

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13.1. Empréstimo Compulsório

Art. 148, da CF;

Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:

I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua

iminência;

II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o

disposto no art.. 150, III, "b".

Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à

despesa que fundamentou sua instituição.

Competência da União, instituída só mediante lei complementar, pressupõe devolução e não pode ter

qualquer parcela de sua arrecadação desvinculada da lei de criação. Pode ser de duas espécies:

-Extraordinário - Guerra- não respeita anterioridade, publicou passa a exigir imediatamente.

-Normal - investimento público de caráter urgente. Mesmo que urgente respeita a anterioridade! Respeita a

anterioridade de exercício e os 90 dias.

13.2. Contribuição de Melhoria

Art. 145, III, da CF e 81 e 82, do CTN

Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos

Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras

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públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite

individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.

Pode ser instituída por qualquer ente da federação, U, E, DF, M, mediante lei ordinária. Segue a

anterioridade e tem como requisitos obra pública da qual decorra valorização imobiliária para cada bem.

Ex: afasto público.

O lançamento (cobrança) é de ofício. Respeita o limite global, valor gasto com a obra, e o limite individual,

o quanto valorizou o bem. Se houve desvalorização não se paga nada.

13.3. Taxas

Art. 145, II e par. 2º, da CF e arts. 77 a 80, do CTN

Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito

de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a

utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto

à sua disposição.

Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a

imposto nem ser calculada em função do capital das empresas.

Podem ser instituídas por qualquer ente da federação mediante lei ordinária.

A CF indica quais são as espécies, porém, o art.. 77 do CTN é que traz quais as espécies de taxas. Sejam

elas:

-Pelo exercício do poder de policia

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-Pela utilização (efetiva OU potencial) de serviços públicos específicos E divisíveis prestados pelo sujeito

passivo (ou postos a sua disposição)

Taxas pelo exercício de poder de polícia: Art. 78, do CTN.

Poder de policia é uma limitação imposta pelo poder público de direitos e liberdades individuais em prol da

coletividade.

B) Taxas pela prestação de serviços públicos: Art. 79, do CTN.

Serviços públicos - em caráter geral ou universal (uti universi) são prestados à coletividade em geral

(polícia e iluminação publica , por ex), nesta caso, não é possível especificar qual é o destinatário do

serviço; já os uti singuli é possível identificar a quem destina este serviço prestado e o custo da atividade

estatal direcionado àquela pessoa (taxa de lixo domiciliar, por ex)

Especificidade porque o serviço é prestado em caráter individual, sendo possível identificar quem é o

interessado e o custo em relação àquela pessoa especifica.

Quanto à potencialidade da utilização de serviços públicos, para fins de exigência de taxa:

Art.. 145, §2 CF, As taxas não podem ter base de cálculo própria de impostos.

Súmula Vinculante nº 29 - É CONSTITUCIONAL A ADOÇÃO, NO CÁLCULO DO VALOR DE TAXA, DE

UM OU MAIS ELEMENTOS DA BASE DE CÁLCULO PRÓPRIA DE DETERMINADO IMPOSTO, DESDE

QUE NÃO HAJA INTEGRAL IDENTIDADE ENTRE UMA BASE E OUTRA.

Prestar: específico e divisível.

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Utilizar: efetiva ou potencialmente.

Taxa- lançamento de ofício.

13.4. Contribuições

13.4.1. Contribuições Sociais

Art. 149 e 149, A, da CF

Inclui: Contribuições Sociais, CIDE (contribuições de intervenção domínio econômico), Contribuição de

interesse de categoria profissional ou econômica, COSIP- contribuições de iluminação pública

Sociais: são criadas via de regra pela União, salvo nos termos do art.. 149, parágrafo 1ª se for a

contribuição social previdenciária do servidor público, pois neste caso, compete ao ente federativo a que

pertence o servidor.

União:

Previdência

Assistência- sobre tudo que consome

Saúde – toda pessoa tem direito, independente de pagar

Contribuição social paga sobre a folha de pagamento (INSS), faturamento (empresário), receita

(empresário), lucro (empresário) e concurso de prognósticos (fezinha da lotérica).

Contribuição social só respeita a anterioridade nonagesimal, os 90 dias. (art. 195, § 6º CF).

Não incide contribuição social para entidade de assistência social sem fim lucrativo.

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Art. 149, par. 2o.- não paga contribuição social sobre receita de exportação, mas na importação

paga.

13.4.2. CIDE : Art. 177, par. 4o, do CTN.

Competência da União - paga sobre combustíveis.

Finalidades: - custear projetos ambientais

- reestruturação das estradas brasileiras.

As alíquotas da CIDE combustíveis podem ser reduzidas ou restabelecidas por decreto do poder

executivo.

Respeita apenas a anterioridade nonagesimal, os 90 dias.

Para majorar a alíquota tem que fazer por lei. Respeitando a anterioridade de exercício e a de 90 dias.

13.4.3. Categoria Profissional ou econômica

Competência exclusiva da União, segue a anterioridade. Entidades de classe cobram. (contribuição da

OAB não é tributo e não entra como categoria profissional ou econômica).

13.4.4. Iluminação Pública

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Competência dos Municípios e DF. Instituída por lei ordinária. Segue a anterioridade e pode ser cobrada

na fatura de energia elétrica.

Lançamento de ofício.

IMPOSTOS

14. Impostos Municipais

14.1. IPTU – Imposto predial territorial urbano

Ser proprietário é ter o direito se usar, fruir, dispor do imóvel ou de reaver de quem injustamente o possua.

A posse precária não deve ser considerada para fins de incidência do IPTU, não fará parte da Relação

Jurídica tributária. Enquanto a posse for violenta ou clandestina também não pode dar margem à

efetivação da Relação Jurídica. Estas, porém, podem cessar e se transformar em posse ad usucapionem.

Neste caso, completado ano e dia tem-se a posse com animus domini, passando a fazer parte da Relação

Jurídica. A posse precária jamais dará inicio a uma posse ad usucapionem (animus domini).

O perímetro urbano do município. O art. 32 traz os requisitos para que o imóvel seja considerado urbano,

desde que atendidos pelo menos 2 dos requisitos ali expostos (utilizando o critério da localização dos

instrumentos urbanos). O segundo critério seria o da localização, exposto no §2 do art. 32.

Execeção: O STJ tem decisão sobre a temática que diz que o que vale é o decreto-lei 77/66 que

estabelece que o que vale é o critério da destinação. O imóvel que tem destinação rural no meio da Av.

Paulista deveria pagar ITR e não IPTU.

O critério temporal do IPTU é aquele estabelecido em legislação local, em regra geral dia primeiro de

janeiro.

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O sujeito passivo é o proprietário, detentor do domínio público ou o detentor com animus domini.

Responsável tributário possui uma relação indireta com o fator jurídico tributário. Se o imóvel foi comprado

no dia 2 de janeiro, o adquirente fará part. da Relação Jurídica na condição de responsável tributário; ele

somente será contribuinte da Relação Jurídica tributária no dia 01 de janeiro do ano seguinte.

O IPTU pode ser progressivo em razão da função social (art. 182,§ 4º, II CF) e em razão do valor do

imóvel (art. 156, § 1º, I CF).

14.2. ITBI – Imposto de Transmissão de bens imóveis entre vivos

Competência exclusiva dos Municípios. Instituído por Lei ordinária.

Imposto sobre transmissão de Bens Imóveis, por Natureza ou Acessão Física, e de Direitos Reais sobre

Imóveis, exceto os de Garantia, bem como Cessão de Direitos a sua Aquisição – ITBI: Art. 156, II da CF e

Arts. 35 a 42 do CTN

Trata-se de Imposto de Competência dos Municípios pelos quais se encontra a situação do Bem (Art. 156,

II e §2., II da CF), podendo ser criado por meio de lei ordinária e respeita o princípio da Anterioridade do

Exercício e Nonagesimal (Art. 150, VIII, “b” e “c” da CF).

Sujeito Ativo: Município.

Sujeito Passivo: Qualquer das partes envolvidas na operação tributária de transmissão de bem imóvel

(geralmente é o adquirente).

Fato Gerador: Estabelecido no Art. 156, II da CF e Art. 35 do CTN, ocorrendo no momento da transmissão.

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Base de Cálculo: valor venal do bem imóvel transmitido ou direito real cedido (valor de mercado).

Importante: O ITBI não incide em caso de Usucapião, em virtude de não se tratar de aquisição de

propriedade de forma derivada. Ademais, a CF prevê imunidade específica do ITBI em seu art. 156, §2.º, I.

Respeita anterioridade.

Exemplo: compra e venda de imóvel.

Art. 156, § 2º CF – Imunidade Específica: Não incide ITBI na transmissão de imóvel para realização de

capital, na incorporação, cisão, fusão e extinção de Pessoa Jurídica, salvo se a atividade preponderante

do adquirente for a compra e venda, locação e arrendamento mercantil de imóveis.

14.3. ISS - Imposto sobre serviço de qualquer natureza

A LC 116/2003 contém uma relação de serviços passiveis de tributação por via do ISS.

O STJ entende que a lei é taxativa e que este definido em LC significa que se o serviço não está descrito

na lista não pode ser tributado.

LC 116/03 - Conceito de prestação de serviço – prestação a terceiro de uma utilidade, com conteúdo

econômico, sob regime de direito privado, desde que não trabalhista.

Serviço gratuito não pode ser alvo de tributação só ISS porque não possui base de cálculo.

O art. 7 diz que a base de cálculo é o preço do serviço.

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O imposto deve incidir sobre uma execução de prestação física ou intelectual remunerada.

A LC inseriu uma série de atividades que não são serviços e que são hoje tributadas pelo município

através de ISS. Assim é com o leasing, que é um contrato complexo onde não há prestação de serviço.

Súmula vinculante 31.

Não incide ISS sobre a locação de bens móveis. O STF reconheceu como não sendo serviços.

Quando o tomador for pagar para o prestador autônomo, deve ser pedida a inscrição municipal. Se ele não

possui a inscrição municipal, o tomador deve reter o valor referende o ISS (5%) – ele passa a ser o sujeito

passivo do tributo.

Também haverá retenção do valor se não for apresentado o comprovante de inscrição do cadastro fiscal.

Exclusiva de Município. Lei ordinária institui. Segue a anterioridade. Por regra seu lançamento é por

homologação, salvo no caso de sociedade uniprofissional, pois neste caso o lançamento é de ofício.

Incide sobre serviços que não estejam na incidência do ICMS. Têm como alíquota mínima 2% e máxima

5%.

Obrigação de dar, entregar algo pronto e acabado é ICMS. Ex: medicamento, transporte, filme.

15. Impostos Estaduais

15.1. ICMS - Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de

Serviços de Trasnporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS: Art. 155, II da CF e LC

87/1996

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Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir ICMS, nos termos do Art. 155, II e §2.º da CF.

Esse Imposto deverá ser criado por lei ordinária. Isto não quer dizer que a Lei Complementar n.º 87/1996

seja inconstitucional, visto que esse diploma legal apenas estruturou tal imposto.

Em relação ao Princípio da Anterioridade, destaca-se que o ICMS o respeita, todavia, a alíquota do ICMS

sobre combustíveis respeitará apenas a anterioridade nonagesimal, em caso de redução ou

restabelecimento de alíquota, nos termos do art. 155, §4.º, IV, da CF.

Sujeito Ativo: Estados e Distrito Federal.

Fato Gerador:

Operações de circulação de mercadoria;

prestação de serviços de transporte interestadual ou intermunicipal;

serviço de comunicação;

energia elétrica;

importação de mercadoria, ainda que o importador não seja contribuinte habitual do ICMS.

Alíquotas: Há alíquotas distintas para cálculo do ICMS. As razões dessa distinção das alíquotas está no

princípio da seletividade (Art. 155, §2.º, III da CF) e na existência de alíquotas internas (estipuladas pelos

Estados) e as interestaduais. O Senado Federal, por meio de Resolução, estabelecerá as alíquotas

mínimas ou máximas, nos termos do Art. 155, §2.º, IV e V da CF.

Sobre o ICMS é importante destacar que existem dois princípios que devem ser observados:

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Princípio da Não Cumulatividade (Art. 155, §2.º da CF e Art. 19 da LC 87/1996): significa dizer que o ICMS

será compensado em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços de

transporte interestadual ou intermunicipal e de comunicação com o montante cobrado nas operações

anteriores pelo mesmo ou por outro Estado. Vale destacar que esse princípio, em casos de isenções ou

não-incidência, não implica em crédito para compensação com o montante devido nas operações

seguintes e acarretará em anulação do crédito relativo às operações anteriores;

Princípio da Seletividade (Art. 155, §2.º, da CF): tem como função orientar a estipulação das alíquotas

diferenciadas de ICMS, utilizando por base a seletividade, em função da essencialidade do produto. Esse

princípio é utilizado para justificar a redução da carga tributária dos produtos considerados essenciais. No

ICMS PODE ser Seletivo!!

Ainda em relação ao ICMS, a CF em seu art. 155, §2.º (alterado pela EC 42/2003) confere imunidade nos

casos de (referente à alínea “b” - ver também Arts. 2.º e 3.º, III da LC 87/96):

“a) sobre operações que destinem ao exterior produtos industrializados, excluídos os semi-elaborados

definidos em lei complementar;

sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários

no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas

operações e prestações anteriores; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e

gasosos dele derivados, e energia elétrica;

sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º;

nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens

de recepção livre e gratuita; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)”

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O STF entende (RE 176.626-SP) que as operações de licenciamento ou cessão de direito de uso de

software, não tendo como objeto a “mercadoria”, não haverá incidência de ICMS. No entanto, os casos de

“software de prateleira” incide ICMS, por configurar o fato gerador do referido imposto. Interessante

observar que o software por encomenda, não incide ICMS, mas sim ISS, conforme LC 116/2003. Ver

Súmula 323 do STF.

Lançamento por homologação.

15.2. IPVA: Imposto sobre a propriedade de veículos automotores.

Trata-se de Imposto de competência estadual e distrital, que poderá ser exigido em 1.º de janeiro de cada

exercício, sendo devido no local do registro do veículo. Esse imposto pode ser criado por lei ordinária.

Tem como característica respeitar o princípio da Anterioridade do exercício e a nonagesimal, todavia, em

relação à base de cálculo, esta respeita apenas a anterioridade do exercício.

Sujeito Ativo: Estados e Distrito Federal.

Sujeito Passivo: Proprietário de veículo automotor de qualquer espécie, não se aplicando às aeronaves.

Fato Gerador: A propriedade sobre veículos automotores. Ocorre, por ficção jurídica em 1.º de janeiro de

cada ano. Todavia, na realidade ocorre no momento da aquisição ou da data do desembaraço aduaneiro.

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Base de Cálculo: Valor venal do veículo ou preço do mercado.

Alíquotas: Será estabelecida em lei ordinária estadual. Não há limite máximo, no entanto, o Senado

Federal, por meio de Resolução, estabelecerá as alíquotas mínimas, nos termos do Art. 155, §6.º, I da CF.

Ademais, o IPVA poderá ter alíquotas diferenciadas em razão do tipo e da utilização do veículo, nos

termos do Art. 155, §6.º, I e II da CF. Lançamento de ofício.

15.3. ITCMD: Imposto sobre transmissão causa mortis e doação

Estados e DF, lei ordinária, segue anterioridade.

Alíquota máxima fixada por resolução do Senado Federal.

Lançamento por Declaração.

As alíquotas máximas serão por meio de Resolução do Senado Federal.

16. Impostos Federais

16.1. Importação, Exportação, IOF

Competência exclusiva da União, instituídos por lei ordinária, NÃO tem anterioridade – Cobrança Imediata.

Alíquotas alteradas por decreto do poder executivo. Art.. 153, par. 1º.

16.2. IPI- Imposto sobre produtos industrializados

IPI- alterar a natureza do bem.

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IPI não respeita a anterioridade do exercício, mas respeita 90 dias!

As alíquotas podem ser alteradas por meio de ato do PE.

A legislação do IPI estabelece que é possível ao presidente alterar as alíquotas para reduzir até zero ou

aumentar dentro de certo limite, de 30 unidades percentuais, acima da alíquota originalmente estabelecida

em lei.

Não cumulatividade – art. 153, §1, II da CF. Em cada operação desconta-se o imposto incidente na

operação anterior – utiliza-se como crédito o IPI pago na operação anterior.

Seletividade – art. 153, §3, I da CF. Haverá uma seleção dos produtos pelo critério de sua essencialidade;

quanto mais essencial para a vida do povo, menor será a tributação. O IPI DEVE ser Seletivo

Exemplo: rum, vodka com alíquota elevada e roupas, calcados, medicamento com alíquota zero.

IPI possui Lançamento por homologação.

16.3. Imposto de renda – Auferir Renda

Quanto aos princípios especiais – art.. 153 §2, I CF.O princípio da universalidade se aplica às rendas –

todas as rendas devem ser alcançadas pelo IR. Isso acontece hoje embora haja o fato do IR não tributar

todas as rendas com a mesma proporcionalidade. Há algumas distinções dependendo do tipo de

rendimento. Os países menos desenvolvidos tendem a tributar mais o trabalho do que o capital porque é

mais fácil controlar este.

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Outro princípio é o da generalidade, que diz respeito aos contribuintes. Todos os contribuintes devem ser

alcançados na medida de sua capacidade contributiva. Aqueles que não possuem capacidade alguma não

devem ser alcançados.

O princípio da progressividade. O IR sempre foi progressivo; Hoje possuímos 4 alíquotas, porém, continua

existindo a alíquota máxima de 27%.

O critério adotado pelo legislador constitucional para estabelecer os tributos, seria o critério do patrimônio.

A idéia geral da tributação é passar patrimônio para o estado para que ele possa exercer as suas funções.

O IR tem como fato gerador (hipótese de incidência) a aquisição da renda ou de proventos de qualquer

natureza, entendidos como acréscimos patrimoniais não incluídos no primeiro. O legislador encara tanto

renda como proventos como acréscimo patrimonial.

O CTN traz que renda é aquilo que resulta do capital, do trabalho ou da combinação dos 2. Se recebo um

veiculo de presente; é algo que aumenta o capital mas não é renda – da mesma forma quando se recebe

uma herança.

O CTN diz que a aquisição da renda ou provento pode ocorrer por uma disponibilidade econômica (algo

material) ou disponibilidade jurídica (algo imaterial – quando exercemos direitos). O cheque seria uma

disponibilidade jurídica, pois, ao adquirir o titulo, se adquire um direito e, somente depois de descontado o

cheque é que se transformara em alo material (disponibilidade econômica)

Critério espacial Há 2 adotados: territorial e renda universal. Fala-se em tributação da renda na fonte

quando se considera apenas a renda obtida de fontes. A tributação na renda mundial considera na renda

adquirida de qualquer lugar do país. Hoje, adota-se o critério da universalidade. Isso faz com que se torne

importante os acordos nacionais de bitributação; se não há tal acordo, será tributado no país de onde

provem e no país a qual se destina.

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A progressividade estabelecida é genérica, não distingue entre pessoas físicas e jurídicas, porém, para as

jurídicas somente há uma alíquota.

Art.. 44 do CTN diz que a base de cálculo pode ser o montante real da renda ou o montante presumido ou

o arbitrado. Renda real é aquela realmente auferida. Renda presumida é a que a legislação presume que

se de em tais percentuais, por exemplo, sobre a receita das empresas (o resultado final frequentemente é

menor que o lucro real). A renda arbitrada é uma hipótese extrema na qual a empresa que não optou por

lucro presumido e não matem contabilidade – um percentual da receita ou do capital bruto.

Possui lançamento por homologação.

O IR respeita a anterioridade do exercício e não respeita 90 dias!!

16.4. ITR: Imposto territorial rural

Competência da União. Devrá ser instituído por lei ordinária. Segue o princípio da anterioridade.

Não incide sobre pequenas glebas rurais.

Lançamento por homologação e pode ser fiscalizado e arrecadado pelos Municípios, desde que haja

convênio com a União, sendo que neste caso 100% da arrecadação ficará com o Município. Se não

houver convênio 50% da arrecadação é destinada para o Município e os outros 50% para a União.

Alíquotas variando conforme a função social da terra.

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16.5. Imposto sobre Grandes Fortunas

Competência da União podendo ser criado somente por lei Complementar.

16.6. Imposto Extraordinário (Guerra) Art. 154, II

Competência da União podendo ser criado por lei ordinária, não segue o princípio da anterioridade.

16.7. Imposto Residual Art. 154, I

Competência da União somente criado por lei Complementar. Não pode ter base de cálculo ou fato

gerador de impostos já existentes.

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