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CENTRO ESPÍRITA TEMA MEU REINO NÃO É JESUS Patrono do E A LÉON DENIS A DESTE MUNDOS Encontro

Apostila do 22º Encontro Espírita sobre Jesus

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Page 1: Apostila do 22º Encontro Espírita sobre Jesus

CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS

TEMA

“ MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO

JESUS

Patrono do Encontro

CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS

TEMA

MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”

JESUS

Patrono do Encontro

Page 2: Apostila do 22º Encontro Espírita sobre Jesus

INFORMAÇÕES GERAIS

8h às 8h30min Chegad a / Recepção

8h30min às 9h Abertu ra/ Deslocamento

9h às 10h20min Estudo

10h20min às 11h10min Intervalo

11h10min às 12h55min Estudo

13h Encerramento

Coordenação Geral: FÁTIMA VENTURA

Coordenação Imediata: Colegiado do Encontro Espírita sobre Jesus

Organização de Conteúdo: Equipe de Estudo do Encontro

Finalização: Setor Editorial do CELD

Page 3: Apostila do 22º Encontro Espírita sobre Jesus

CENTROS PARTICIPANTES LOCAL DATA DA REALIZAÇÃO

Centro Espírita Léon Denis Bento Ribeiro 27/setembro

Centro Espírita Antonio de Aquino Magalhães

Bastos 27/setembro

Centro Espírita Irmão Clarêncio Vila da Penha 27/setembro

Núcleo Espírita Antonio de Aquino Bangu 27/setembro

Assoc. Cristã Esp. Chico Xavier Nova Iguaçu 27/setembro

Centro Espírita Casa do Caminho Taquara 27/setembro

Centro Espírita Bezerra de Menezes Duque de Caxias 27/setembro

Grupo Espírita Fraternidade e Amor Bangu 3/outubro(sáb.)

Núcleo Espírita Rabi da Galileia Santa Cruz 4/outubro

Centro Espírita Abigail Santa Cruz 4/outubro

Centro Espírita Abigail de Lima Madureira 4/outubro

Centro Espírita Abel Sebastião de Almeida Sampaio 4/outubro

Centro Espírita Israel Barcelos Bento Ribeiro 4/outubro

Centro Espírita Ismael Magalhães

Bastos 11/outubro

Centro Espírita Maria de Nazaré Nilópolis 11/outubro

Centro Espírita Léon Denis (Cabo Frio) Cabo Frio 11/outubro

Grupo Espírita Maria de Nazaré Madureira 18/outubro

Grupo Espírita Allan Kardec Bangu 21/Nov. (sáb.)

Page 4: Apostila do 22º Encontro Espírita sobre Jesus

TEMAS ESTUDADOS

1994 – 1o E.E.JESUS – “Jesus e o Espiritismo”

1995 – 2o E.E.JESUS – “Jesus e a Alegria”

1996 – 3o E.E.JESUS – “O Cristo Misericordioso”

1997 – 4o E.E.JESUS – “Amai os vossos Inimigos”

1998 – 5o E.E.JESUS – “Jesus e o Perdão das Ofensas”

1999 – 6o E.E.JESUS – “Jesus e a Reencarnação”

2000 – 7o E.E.JESUS – “Jesus diante dos Mundos Superiores e Inferiores”

2001 – 8o E.E.JESUS – “Jesus e a Felicidade Futura”

2002 – 9o E.E.JESUS – “Jesus e as Aflições do Homem”

2003 – 10o E.E.JESUS – “Muitos os Chamados e Poucos os Escolhidos”

2004 – 11o E.E.JESUS – “Os Trabalhadores da Última Hora”

2005 – 12o E.E.JESUS – “Estranha Moral”

2006 – 13o E.E.JESUS – “Ajuda-te que o Céu te Ajudará”

2007 – 14o E.E.JESUS – “O Cristo Consolador”

2008 – 15o E.E.JESUS – “O Consolador e nós”

2009 – 16o E.E.JESUS – “O Homem de Bem e o Homem Inteligente Segundo Jesus”

2010 – 17o E.E.JESUS – “O Homem de Bem, a Sociedade de Consumo e Jesus”

2011 – 18o E.E.JESUS – “O Homem de Bem diante das Horas Críticas”

2012 – 19o E.E.JESUS – “O Homem de Bem – O Missionário do Cristo”

2013 – 20o E.E.JESUS – “O Homem de Bem e a Vida Intuitiva – Jesus o Bom Pastor”

2014 – 21o E.E.JESUS – “Não Vim Destruir a Lei”

Page 5: Apostila do 22º Encontro Espírita sobre Jesus

S U M Á R I O

• Sensibilização ______________________________________ 7 • Tema 1- A Vida Futura _______________________________ 8 • Tema 2- O Reino de Deus ___________________________ 14 • Tema 3- A Realeza de Jesus _________________________ 17 • Tema 4- O Ponto de Vista ____________________________ 19 • Conclusão ________________________________________ 22 • Mensagem Final ___________________________________ 23 • Anexos __________________________________________ 25 • Referências Bibliográficas ____________________________ 37

Page 6: Apostila do 22º Encontro Espírita sobre Jesus

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OBJETIVOS

I- OBJETIVO GERAL: Compreender que a verdadeira vida é a do espírito imortal e que este deve ser o objetivo principal do homem na Terra.

II- OBJETIVOS ESPECÍFICOS: � Identificar a vida futura como base do ensinamento do Cristo. � Reconhecer que a realeza de Jesus é para todo o sempre, pois se refere ao plano do espírito imortal. � Verificar nos ensinamentos de Jesus a imortalidade da alma e a reencarnação como aspectos da vida futura. � Estabelecer a relação existente entre vida (atos) presente(s) e penas e recompensas futuras. � Avaliar o quanto estes conhecimentos doutrinários interferem no ponto de vista sob o qual encaramos a vida terrena. III- Concluir que é preciso viver trabalhando pela implantação do

Reino de Deus em si próprio e, por decorrência, no planeta como um todo.

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22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE

“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”

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SENSIBILIZAÇÃO

Jesus diante de Pilatos.

Quem é Jesus para você?A quem Jesus chama? Para que Jesus chama? Atendemos ao seu chamado?De que maneira? Em que medida?O projeto de Jesus é realizável sem a vida futura?

22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS

“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”

Jesus convida os após-

tolos para a tarefa de implan-tação do Reino de Deus na Terra.

Jesus para você?

Atendemos ao seu chamado? De que maneira? Em que medida?

é realizável sem a vida futura?

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22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS

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(...) Bons espíritas, meus bem-amados, sois todos trabalhadores da

última hora. Bem orgulhoso seria aquele que dissesse: Comecei o trabalho ao alvorecer e só o terminarei quando o dia terminar. Todos viestes quando fostes chamados, uns um pouco mais cedo, outros um pouco mais tarde, para a encarnação cujas correntes arrastais; mas há quantos séculos o Senhor vos chamava para a sua vinha sem que houvésseis querido entrar? Eis que chegou o momento de receberdes o salário; empregai bem essa hora que vos resta, e nunca vos esqueçais de que vossa existência, por mais longa que ela vos pareça, não é mais que um momento fugaz na imensidade dos tempos que para vós constituem a eternidade. (Constantino, espírito protetor. Bordeaux, 1863.)

O Evangelho Segundo o Espiritismo , cap. XX, item 2. 4 o §.

TEMA I- A VIDA FUTURA

Quais são as nossas maiores preocupações; o objetiv o principal

de nossa vida agora? Eu me planejo para vida futura? Em que medida? Jesus se refere à vida futura? Em que passagens?

“Pilatos, tornando a entrar no palácio, e fazendo vir Jesus à sua

presença, perguntou-lhe: ‘Tu és o rei dos Judeus’? Respondeu-lhe Jesus: ‘Meu Reino não é deste mundo’...”

O Evangelho Segundo o Espiritismo , cap. II, item 1.

Por essas palavras, Jesus claramente se refere à vida futura, que ele apresenta, em todas as circunstâncias, como a meta a que tende a humanidade e como devendo ser o objeto das principais preocupações do homem sobre a Terra (...)

O Evangelho Segundo o Espiritismo , cap. II, item 2.

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22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS

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Como entender o amor de Deus diante das anomalias d a vida terrestre?

Por que Deus permite?

O conceito da vida futura (...) “pode ser considerado como a base dos ensinamentos do Cristo” e (...) “só ele pode justificar as anomalias da vida terrestre e ajustar-se com a Justiça de Deus”.

O Evangelho Segundo o Espiritismo , cap. II, item 2.

Kardec alerta que: em todas as circunstâncias, a vida futura

deve ser objeto das principais preocupações do homem sobre a

Terra...

Os ensinamentos de Jesus t êm sentido sem a vida futura?

Quais ensinamentos do Mestre perdem a razão de ser sem a vida futura?

(...) Todos os seus ensinamentos se referem a esse grande princípio. Realmente, sem a vida futura, a maioria desses preceitos de moral não teriam nenhuma razão de ser, eis por que aqueles que não creem na vida futura, imaginando que Jesus só falava da vida presente, não compreendem esses preceitos ou os acham ingênuos.

O Evangelho Segundo o Espiritismo , cap. II, item 2.

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A vida futura nos remete a dois conceitos ensinados por Jesus: a

imortalidade da alma e a reencarnação. Na “Parábola do Mau Rico” Jesus nos fala que: “Ora, aconteceu que

esse pobre morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. O rico também morreu e teve o inferno como sepulcro.” (Lucas, XVI:22.)

Em que consiste a felicidade dos bons Espíritos? O Livro dos Espíritos , p. 967.

“Em conhecer todas as coisas; em não ter ódio, nem ciúme, nem inveja,

nem ambição, nem qualquer das paixões que fazem a infelicidade dos homens. O amor que os une é para eles uma fonte de suprema felicidade. Não experimentam as necessidades, nem os sofrimentos, nem as angústias da vida material; são felizes pelo bem que fazem; de resto, a felicidade dos Espíritos é sempre proporcional à elevação deles.”

Em que consistem os sofrimentos dos Espíritos inferiores?

O Livro dos Espíritos , p. 970.

“São tão variados quanto as causas que os produziram e proporcionais ao grau de inferioridade, como os gozos o são ao grau de superioridade; podem resumir-se assim: invejarem tudo o que lhes falta para serem felizes e não poderem obtê-lo; verem a felicidade e não poderem alcançá-la; pesar, ciúme, raiva, desespero pelo que os impede de serem felizes; remorsos, ansiedade moral indefinível. Desejam todos os gozos e não podem satisfazê-los e é isto o que os tortura.”

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Além de ensinar sobre a continuidade da vida após a morte, Jesus

exemplificou, apresentando-se durante 40 dias (At., I:3) após o episódio da crucificação.

Vejamos os textos de Paulo e Emmanuel

“E, se não há ressurreição de mortos, também o Cris to não ressuscitou.”

Paulo. (1a Epístola aos Coríntios, cap.XV:13.)

(...) Comentando o assunto, portas adentro do esforço cristão, somos compelidos a reconhecer que os negadores do processo evolutivo do homem espiritual, depois do sepulcro, definem-se contra o próprio Evangelho. O Mestre dos Mestres ressuscitou em trabalho edificante. Quem, desse modo, atravessará o portal da morte para cair em ociosidade incompreensível?

Somos almas, em função de aperfeiçoamento, e, além do túmulo, encontramos a continuação do esforço e da vida. Emmanuel

Francisco Cândido Xavier (médium) – “Além-túmulo” – lição 68 – Caminho, Verdade e Vida.

O Espírito progride no estado errante? O Livro dos Espíritos , p. 230.

“Pode melhorar-se muito, sempre conforme sua vontade e seu desejo; porém, é na existência corporal que ele coloca em prática as novas ideias que adquiriu.”

A felicidade perfeita está ligada à perfeição, isto é, à depuração com-pleta do espírito. Toda imperfeição é ao mesmo tempo uma causa de sofrimento e de privação de prazer, do mesmo modo que toda qualidade adquirida é uma causa de prazer e de atenuação de sofrimentos. Daí resulta que a soma da felicidade e dos sofrimentos é proporcional à soma das qualidades boas ou más que o espírito possui.

O Céu e o Inferno – 1a parte – cap. VIII – “Código Penal da Vida Futura”, 3o item.

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Os ensinamentos citados reafirmam o que foi ensinad o por Jesus:

“Em verdade, em verdade, te digo que ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo.” (João, III:3 .)

“Em verdade, em verdade, te digo que, se um homem não renasce da água e do espírito, ele não pode entrar no Reino de Deus.” (João, III:5.)

O Evangelho Segundo o Espiritismo , cap. IV, item 5.

“Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida coxo ou aleijado do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno.”

Jesus (Mateus, XVIII:8.) Unicamente a reencarnação esclarece as questões do ser, do

sofrimento e do destino. Em muitas ocasiões, falou-nos Jesus de seus belos e sábios princípios.

Esta passagem de Mateus é sumamente expressiva. (...) A expressão “melhor te é entrar na vida” representa solução

fundamental. Acaso, não eram os ouvintes pessoas humanas? Referia-se,

porém, o Senhor à existência contínua, à vida de sempre, dentro da qual todo espírito despertará para a sua gloriosa destinação de eternidade.

Na elevada simbologia de suas palavras, apresenta-nos Jesus o motivo determinante dos renascimentos dolorosos, em que observa-mos aleijados, cegos e paralíticos de berço, que pedem semelhantes provas como períodos de refazimento e regeneração indispensáveis à felicidade porvindoura.

Emmanuel Francisco Cândido Xavier (médium) – “Reencarnação” – lição 108 –

Caminho, Verdade e Vida.

Não parece natural escolher as provas menos penosas ? O Livro dos Espíritos , p. 266 e C.K. 1 o e 2o§.

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“Para vós, sim; para o espírito, não; quando desligado da matéria, a ilusão cessa e ele pensa de uma outra maneira.”

O homem, na Terra, e sob a influência das ideias carnais, só vê o lado penoso dessas provas; é por isso que lhe parece natural escolher as que, do seu ponto de vista, podem aliar-se aos gozos materiais; mas, na vida espiritual, ele compara esses gozos fugidios e grosseiros com a felicidade inalterável que entrevê e, assim sendo, o que lhe poderiam causar alguns sofrimentos passa-geiros? O espírito pode, portanto, escolher a prova mais rude e, por conseguinte, a existência mais penosa, na esperança de alcançar mais depressa um estado melhor, como o enfermo escolhe, frequentemente, o remédio mais desagradável para se curar mais rápido. Aquele que quer ter seu nome ligado à descoberta de um país desconhecido não escolhe uma estrada florida; sabe dos perigos que corre, mas sabe, também, da glória que o aguarda, se tiver êxito.

(...) Assim é o viajante que, no fundo do vale escurecido pelo nevoeiro, não enxerga a extensão, nem os pontos extremos de sua estrada; tendo chegado ao cume da montanha, abarca o caminho percorrido e o que lhe resta a percorrer; vê seu objetivo, os obstáculos que ainda terá que transpor e pode, então, organizar com mais segurança os meios de chegar. O espírito encar-nado é como o viajante no sopé da montanha; desligado dos liames terrestres ele vê mais longe como aquele que se encontra no topo do monte. Para o viajante, a meta é o repouso, após a fadiga; para o espírito é a felicidade suprema, após as tribulações e as provas.

(...) Com o Espiritismo, a vida futura não é mais um simples artigo de fé, uma hipótese, ela é uma realidade material demonstrada pelos fatos, visto que são as testemunhas oculares que vêm descrevê-la em todas as suas fases e peripécias, de tal maneira que não somente a dúvida não é mais possível, como a inteligência mais simples pode imaginá-la sob seu verdadeiro aspecto, como se representa um país do qual se lê uma descrição detalhada; ora, essa descrição da vida futura é de tal forma circunstanciada, as condições de existência, feliz ou infeliz, daqueles que ali se encontram, são tão racionais que se reconhece que não pode ser de forma diferente, e que ela representa, perfeitamente, a verdadeira Justiça de Deus.

O Evangelho Segundo o Espiritismo , cap. II – 3 – 3 o§.

A vida futura é, portanto, a vida com a

consciência de que somos espíritos imortais,

filhos de Deus.

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TEMA II- O REINO DE DEUS

O que é o Reino de Deus?

“O Reino de Deus é semelhante...”

Jesus nos fala insistentemente sobre o Reino de Deus. Para defini-lo, Ele nos ensina que o Reino de Deus cresce naturalmente em nós, como nas parábolas da semente que germina por si só (Mc., IV:26 a 29) do grão de mostarda (Mt., XIII:31 a 32) e do fermento (Mt., XIII:33). É preciso enfrentar as lutas naturais do crescimento, mas as potências da alma já estão em nós.

Ele também nos diz que nesse processo de crescimento alguns

aproveitam melhor as oportunidades, e outros recalcitram precisando realizar esforços maiores para a retomada do caminho (O filho perdido e o filho fiel: o “filho pródigo” – Lc., XV:11 a 32 ). No caso das parábolas da Rede (Mt., XIII:47 a 52) e do Joio (Mt., XIII:24 a 30) fica demonstrado que as nossas escolhas trazem sempre consequências que nos aproximam ou não desse Reino que buscamos.

Na “Parábola do Banquete Nupcial”, Jesus nos convida para a festa do

Reino de Deus (Mt., XXII:1 a 14 ). Muitas vezes recusamos o convite e nos mantemos presos às questões da vida material (o campo, o negócio). Aqueles, porém que o aceitam, passam a viver a alegria da festa, mesmo antes que ela se estabeleça.

Nas “Parábolas dos Talentos” (Mt., XXV:14 a 30) e “das Minas” (Lc., XIX:11

a 28), Jesus se refere aos recursos que Deus nos oferece para trabalharmos na conquista dessa verdadeira felicidade e ao valor que eles devem ter para nós, responsáveis que somos pela sua boa utilização.

Na “Parábola dos Trabalhadores da Vinha” (Mt., XX:1 a 16) o ensinamento

diz respeito à boa vontade, à necessidade de estarmos sempre dispostos ao trabalho na vinha do Senhor, sem exigências de qualquer espécie.

Na “Parábola das Dez Virgens” (Mt., XXV:1 a 13) somos levados a refletir

sobre a vigilância que nos cabe. Temos nosso objetivo maior em mente? É preciso vigiar para que possamos estar sempre caminhando em sua direção. Além da vigilância, é necessário o alimento da alma, representado pelo azeite, para que possamos nos sustentar na luta que abraçamos.

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22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS

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Onde ele está?

“Não se poderá dizer: Ei-lo aqui! Ei-lo ali! Pois eis que o Reino de Deus está dentro/no meio de vós” (Lc., XVII:20 e 21.)

Em que sentido é preciso entender essas palavras do Cristo: “ Meu Reino não é deste mundo”?

O Livro dos Espíritos , p. 1018.

“Respondendo assim, o Cristo falava em sentido figurado. Queria dizer que reina apenas sobre os corações puros e desinteressados. Ele está em qualquer parte onde domine o amor do bem; mas, os homens ávidos das coisas deste mundo e apegados aos bens da Terra não estão com ele.”

(São Luís)

Como alcançá-lo?

“Buscai primeiramente o Reino dos Céus e sua justiça e tudo mais vos será dado por acréscimo” (Mt., VI: 33) .

“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus” (Mt., V:3) .

“Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus” (Mt., V:10) .

“Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo algum entrareis no Reino dos Céus” (Mt., V:20) . “Ninguém que lança mão do arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus” (Lc., IX:62) . “Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no Reino dos Céus. Mas sim aquele que pratica a vontade de meu Pai que está nos Céus” (Mt., VII: 21) . “Em verdade, em verdade te digo quem não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus” (Jo., III:3) . “Em verdade, em verdade te digo que se um homem não renasce da água e do espírito, ele não pode entrar no Reino de Deus” (Jo., III:5) .

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22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS

“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”

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Para se preparar um lugar no Reino dos Céus é preciso abnegação, humildade, caridade em toda a sua perfeita prática, e benevolência para todos; não se pergunta o que fomos, qual a posição que ocupamos, mas o bem que fizemos, as lágrimas que enxugamos. (...)

O Evangelho Segundo o Espiritismo , cap. II – 8 – 2 o§.

“Bem-aventurados os mansos porque herdarão a Terra.” (Mt., V:4.)

“O bem reinará na Terra quando, entre os espíritos que vêm habitá-la,

os bons superarem os maus; então, eles aí farão reinar o amor e a justiça, que são a fonte do bem e da felicidade. É através do progresso moral e da prática das Leis de Deus que o homem atrairá para a Terra os bons espíritos e dela afastará os maus; os maus, porém, não a deixarão, enquanto dela não estiverem banidos o orgulho e o egoísmo.”

O Reino de Deus será implantado na Terra?

Algum dia, o reino do bem poderá ter lugar na Terra ? O Livro dos Espíritos , p. 1019.

O Reino de Deus é um estado íntimo caracterizado pe la

consciência de que somos espíritos imortais, filhos de Deus,

em processo de aperfeiçoamento.

Os ensinos de Jesus e da Doutrina Espírita constitu em

recursos valiosos para a facilitação desse processo .

Page 17: Apostila do 22º Encontro Espírita sobre Jesus

22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS

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TEMA III- A REALEZA DE JESUS

“Enquanto os reis terrestres têm um reino com períodos definidos pelas

circunstâncias, ou pelo próprio tempo de vida dos monarcas, o reinado de Jesus é perene, pois seu foco é o espírito imortal.”

Victor (Mensagem psicográfica recebida pelo médium Mario C oelho, no CELD)

“Pilatos então pergunta: ‘Logo, tu és rei’? Jesus responde: ‘Tu o dizes, sou rei. Nasci e vim a este mundo para dar testemunho da verdade; todo aquele que pertence à verdade ouve a minha voz’.”

(João, XVIII: 33, 36 e 37.)

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22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE

“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”

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“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida“Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo“Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá sua vida pelas suas

ovelhas” (Jo., X:11) . “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim

que crê em mim nunca mais terá sede“Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará em trevas,

mas terá a luz da vida” (Jo., VIII:12).

“ Eu, porém, entre vós, sou como aquele que serve

22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS

“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”

Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo., XIV:6) . Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo” (Jo., X:9). Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá sua vida pelas suas

u o pão da vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome, e o que crê em mim nunca mais terá sede” (Jo., VI:35) .

Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará em trevas,

Eu, porém, entre vós, sou como aquele que serve .” (Lc., XXII:27.)

Page 19: Apostila do 22º Encontro Espírita sobre Jesus

22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS

“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”

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TEMA IV - O PONTO DE VISTA

Tentemos responder às questões abaixo, refletindo no nosso ponto

de vista habitual. Depois, com base nos estudos anteriores, responda-mos às mesmas questões sob o ponto de vista estabelecido por Jesus.

1. Senhor, por que permaneço triste, tantas vezes amargurado, se

já tenho conhecimento do teu Evangelho de luz? 2. Senhor, por toda parte vejo a vitória do crime, o jogo das

ambições, a colheita dos desenganos. Como me posiciono diante disso?

3. Senhor, o Evangelho exige de nós a fortaleza permanente? 4. Senhor, e quando os negócios do mundo nos são adversos? E

quando tudo parece em luta contra nós? 5. Senhor, não será justificável a tristeza quando perdemos um

ente amado?

Após ouvir os encontristas, vamos analisar as respostas dadas, comparando-as com o texto de O Evangelho Segundo o Espiritismo , cap. II, item 5.

Page 20: Apostila do 22º Encontro Espírita sobre Jesus

22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS

“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”

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“A ideia clara e precisa que se faz da vida futura dá uma fé inabalável

no futuro, e essa fé tem consequências imensas sobre a moralização dos homens, visto que ela muda completamente o ponto de vista sob o qual eles encaram a vida terrestre.”

“Para aquele que, pelo pensamento, se coloca na vida espiritual, que é indefinida, a vida corporal não é mais que uma passagem, uma curta estada em um país ingrato.”

As vicissitudes e as atribulações da vida não são mais que incidentes que ele recebe com paciência, porque sabe que são de curta duração e devem ser seguidos por um estado mais feliz...”

“(...) a morte nada tem de assustador; não é mais a porta para o nada, mas a porta da liberdade que abre para o desterrado a entrada de uma morada de felicidade e de paz.”

“Sabendo que está em lugar temporário e não definitivo, ele aceita as inquietações da vida com mais indiferença, e disso resulta, para ele, uma calma de espírito que lhe suaviza a amargura.”

“Pela simples dúvida que possua sobre a vida futura, o homem dirige todos os seus pensamentos para a vida terrena.”

“Tomando o seu ponto de vista a partir da vida terrena, no centro da qual ele está colocado, tudo ao seu redor toma vastas proporções. O mal que o atinge, assim como o bem dirigido aos outros, tudo adquire, aos seus olhos, uma grande importância.”

“Assim acontece com aquele que encara a vida terrestre do ponto de vista da vida futura; a humanidade, como as estrelas do firmamento, se perde na imensidão; ele percebe então que grandes e pequenos são confundidos como as formigas sobre um monte de terra; que proletários e soberanos têm o mesmo valor, e lamenta essas criaturas efêmeras que tanto se empenham em conseguir, na vida terrena, um lugar que as eleva tão pouco e que devem conservar por tão pouco tempo.”

Page 21: Apostila do 22º Encontro Espírita sobre Jesus

22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS

“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”

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“Ora, a procura do bem-estar força o homem a melhorar todas as

coisas, ele é impulsionado pelo instinto do progresso e da conser-vação, que está nas leis da Natureza.”

“Deus, portanto, não condena as satisfações terrenas, mas o abuso dessas satisfações em prejuízo das coisas da alma; é contra esse abuso que se previnem os que aplicam a si mesmos estas palavras de Jesus: ‘Meu Reino não é deste mundo’.”

“O Espiritismo amplia o pensamento e lhe abre novos horizontes, em lugar dessa visão estreita e mesquinha que o concentra na vida presente, que faz do instante que se passa sobre a Terra a única e frágil base do futuro eterno, o Espiritismo mostra que essa vida é apenas um elo no conjunto harmonioso e grandioso da obra do Criador; ele mostra os vínculos que unem todas as existências do mesmo ser, todos os seres de um mesmo mundo e os seres de todos os mundos. Ele dá, assim, uma base e uma razão de ser à fraternidade universal...”

O Evangelho Segundo o Espiritismo , cap. II – 5 a 7 – “O Ponto de Vista”.

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22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS

“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”

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CONCLUSÃO

Parábolas do Tesouro Escondido e da Pérola

“O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido no campo; um homem o acha e torna a esconder e, na sua alegria, vai, vende tudo o que possui e compra aquele campo.

O Reino dos Céus é ainda semelhante a um negociante que anda em busca de pérolas finas. Ao achar uma pérola de grande valor, vai, vende tudo o que possui e a compra.”

(Mt., XIII:44 a 46.)

O Reino de Deus é o maior dos tesouros que podemos ambicionar, valendo a pena abrir mão, por ele, de t udo o que é ilusório e transitório.

“(...) o Reino de Deus é estado de espírito, de pureza, de bondade, de felicidade, de amor, estado de graça que se comunica ao ambiente. Suas matrizes já existem na intimidade do ser humano.”

“Observadas as leis criadas pela sabedoria infinita, estaremos vivendo em nós o Reino de Deus.”

“Podemos, portanto, dizer que há duas tônicas, duas dominantes, no pensamento de Jesus: a busca do Reino de Deus, como finalidade, como objetivo da vida e a prática do amor como programa para essa busca, como seu instrumento e veículo.”

“O Reino de Deus está em vós.” O tempo da sua realização depende de cada um, do esforço que fizer, das renúncias que aceitar, das batalhas que vencer na sua própria intimidade. Mas, atenção, ele já está em nós.

Enquanto isso, vamos nascendo de novo até aprender, porque, como disse Ele, “Quem não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.”

Cristianismo: A Mensagem Esquecida , cap. 12, item II – “O Reino de Deus”.

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22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS

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MENSAGEM FINAL

O REINO DO ESPÍRITO Pela graça infinita de Deus, paz!

Balthazar, pela graça de Deus. A Doutrina Espírita assemelha-se à estrela que surge no céu, orientando

o viajor para onde ele precisa ir. É o resultado do progresso humano. É a caminhada do homem, chegando à fase terrena atual, ao seu estágio atual.

Trabalhadores do Antigo Testamento do mundo ocidental e, posterior-mente, trabalhadores do Oriente e do Ocidente vieram à Terra trazer concei-tos básicos para o progresso do homem, todos eles calcados no sentimento do amor. Jesus foi o coroamento dessas informações e o Mestre de todos aqueles que vieram anteriormente.

A humanidade, recebendo as informações crísticas, não as soube aproveitar na época devida, quer por conta da ignorância dos homens, quer por conta da tentativa de predomínio de uma religião sobre outras. Até que chegou o tempo em que a Doutrina Espírita pôde restabelecer a lei de amor, relembrando Jesus e acrescentando os conceitos de reencarnação e da comunicação que pode haver com os espíritos, tão livremente quanto livre for a mente dos homens. A Doutrina Espírita veio dar base para que a humani-dade pudesse compreender os chamados fenômenos transcendentais.

Vive-se, agora, uma fase em que a humanidade crescerá e em que Jesus verá o resultado de sua pregação e de seu esforço em trazer-lhe conceitos tão belos, tão positivos.

Serão precisos quinhentos a seiscentos anos para que a humanidade se transforme toda e realmente seja regenerada. A partir daí, conceitos diferen-tes são trazidos, novas ideias, novos sentimentos, com vistas ao futuro, onde o homem terá revelações contínuas do mundo dos espíritos e verá espíritos tão bem quanto vê encarnados.

É o reino do espírito se aproximando. Corpos menos pesados, paixões menos grosseiras, seres superiores, conhecimentos ao alcance de todos. A sociedade terá se despojado, então, de considerável parcela de egoísmo, dando lugar ao sentimento de amor ao próximo, com o banimento de todas as guerras, com o afastamento do mal.

O ser que herdar esta Terra viverá em um mundo de plenitudes, encaminhando-se para o total conhecimento. O passado será relembrado apenas como coisa antiga e a única preocupação humana será a de progredir incessantemente, porque “tal é a Lei”.

E assim, podemos dizer que nós, os espíritas, estamos fazendo parte deste grupo de espíritos que começa a se transformar. Somos todos os

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pioneiros deste período de transformação e, ao mesmo tempo que pioneiros, instaladores das bases concretas deste conhecimento.

Elevai a Deus, em prece, os vossos pensamentos, agradecendo esta chance ímpar que os espíritos possuem de trazer momentos de elevação para a humanidade que se transforma.

Guardai no fundo de vossas almas a certeza absoluta de que Deus comanda todos os seres e Jesus, estando presente sempre junto a nós, será, realmente, o Mestre deste planeta, tão somente Ele. Todos os demais precursores serão recordados respeitosamente, mas um único Mestre existirá: Jesus.

Que todos os que estiverem convivendo com a mensagem da Doutrina Espírita se considerem escolhidos; não individualmente, mas como seres que, juntando-se a Jesus, passam a fazer parte deste exército espiritual que há de levar o conceito cristão-espírita por onde passar.

Que Deus a todos abençoe, ilumine e ajude! Que todos sejam abençoados pela força dos céus! Que todos se renovem cada vez mais, e que a bondade de Deus os

acompanhe, hoje e sempre! Que assim seja! Paz! Balthazar, pela graça de Deus.

Pela Graça Infinita de Deus , vol.1 – Mensagem recebida em 21/3/1999.

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ANEXOS Tema II

1. PARÁBOLAS* Parábola da Semente que Germina por si só “E dizia: ‘O Reino de Deus é como um homem que lançou a semente

na terra: ele dorme e acorda de noite e de dia, mas a semente germina e cresce, sem que ele saiba como. A terra por si mesma produz fruto: primeiro a erva, depois a espiga e, por fim, a espiga cheia de grãos. Quando o fruto está no ponto, imediatamente se lhe lança a foice, porque a colheita chegou’.”

(Mc., IV:26-29.) Parábola do Grão de Mostarda “Propôs-lhes outra parábola, dizendo: ‘O Reino dos Céus é semelhante

a um grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo. Embora seja a menor de todas as sementes, quando cresce é a maior das hortaliças e torna-se árvore, a tal ponto que as aves do céu se abrigam nos seus ramos’.”

(Mt., XIII:31 e 32.) Parábola do Fermento “Contou-lhes outra parábola: ‘O Reino dos Céus é semelhante ao

fermento que uma mulher tomou e pôs em três medidas de farinha, até que tudo ficasse fermentado’.”

(Mt., XIII:33.) O Filho Perdido e o Filho Fiel: “O Filho Pródigo” “Disse ainda: ‘Um homem tinha dois filhos. O mais jovem disse ao pai:

‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois, ajuntando todos os seus haveres, o filho mais jovem partiu para uma região longínqua e ali dissipou sua herança numa vida devassa.

E gastou tudo. Sobreveio àquela região uma grande fome e ele começou a passar privações. Foi, então, empregar-se com um dos homens daquela região, que o mandou para seus campos cuidar dos porcos. Ele queria matar a fome com as bolotas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. E caindo em si, disse: ‘Quantos empregados de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome! — Vou-me embora, procurar o meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como um dos teus empregados’. Partiu, então, e foi ao encontro de seu pai.

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Ele estava ainda ao longe, quando seu pai viu-o, encheu-se de compaixão, correu e lançou-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. O filho, então, disse-lhe: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos seus servos: ‘Ide depressa, trazei a melhor túnica e revesti-o com ela, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o novilho cevado e matai-o; comamos e festejemos, pois este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado! E começaram a festejar.

Seu filho mais velho estava no campo. Quando voltava, já perto de casa ouviu músicas e danças. Chamando um servo, perguntou-lhe o que estava acontecendo. Este lhe disse: ‘É teu irmão que voltou e teu pai matou o novilho cevado, porque o recuperou com saúde’. Então ele ficou com muita raiva e não queria entrar. Seu pai saiu para suplicar-lhe. Ele, porém, respondeu a seu pai: ‘Há tantos anos que eu te sirvo, e jamais transgredi um só dos teus mandamentos, e nunca me deste um cabrito para festejar com meus amigos. Contudo, veio esse teu filho, que devorou teus bens com prostitutas, e para ele matas o novilho cevado!’ Mas o pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso que festejássemos e nos alegrássemos, pois esse teu irmão estava morto e tornou a viver; ele estava perdido e foi reencontrado’!”

(Lc., XV:11 a 32.) Parábola da Rede “O Reino dos Céus é ainda semelhante a uma rede lançada ao mar,

que apanha tudo. Quando está cheia, puxam-na para a praia e, sentados, juntam o que é bom em vasilhas, mas o que não presta, deitam fora. Assim será no fim do mundo; virão os anjos e separarão os maus dentre os justos e os lançarão na fornalha ardente. Ali haverá choro e ranger de dentes.”

Parábola do Joio “Propôs-lhes outra parábola: “O Reino dos Céus é semelhante a um

homem que semeou boa semente no seu campo. Enquanto todos dormiam, veio o seu inimigo e semeou o joio no meio do trigo e foi-se embora. Quando o trigo cresceu e começou a granar, apareceu também o joio. Os servos do proprietário foram procurá-lo e lhe disseram: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Como então está cheio de joio?’ Ao que este respondeu: ‘Um inimigo é que fez isso’.Os servos perguntaram-lhe: ‘Queres, então, que vamos arrancá-lo?’ ele respondeu: ‘Não, para não acontecer que, ao arrancar o joio, com ele arranqueis também o trigo. Deixai-os crescer juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos ceifeiros: Arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para ser queimado; quanto ao trigo, recolhei-o no meu celeiro’.”

(Mt., XIII:24 a 30.)

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Parábola do Banquete Nupcial “Jesus voltou a falar-lhes em parábolas e disse: ‘O Reino dos Céus é

semelhante a um rei que celebrou as núpcias do seu filho. Enviou seus servos para chamar os convidados para as núpcias, mas estes não quiseram vir.Tornou a enviar outros servos, recomendando: ‘Dizei aos convidados: eis que preparei meu banquete, meus touros e cevados já foram degolados e tudo está pronto. Vinde às núpcias’. Eles, porém, sem darem a menor atenção, foram-se, um para o seu campo, outro para o seu negócio, e os restantes, agarrando os servos, os maltrataram e os mataram. Diante disso, o rei ficou com muita raiva e, mandando as suas tropas, destruiu aqueles homicidas e incendiou-lhes a cidade. Em seguida, disse aos servos: ‘As núpcias estão prontas, mas os convidados não eram dignos, ide, pois, às encruzilhadas e convidai para as núpcias todos os que encontrardes’. E esses servos, saindo pelos caminhos, reuniram todos os que encontraram, maus e bons, de modo que a sala nupcial ficou cheia de convivas. Quando o rei entrou para examinar os convivas, viu ali um homem sem a veste nupcial e disse-lhe: ‘Amigo, como entraste aqui sem a veste nupcial?’ Ele, porém, ficou calado. Então disse o rei aos que serviam: ‘Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o fora, nas trevas exteriores. Ali haverá choro e ranger de dentes’. Com efeito, muitos são chamados, mas poucos escolhidos’.”

(Mt., XXII:1 a 14. ) Parábola dos Talentos “Pois será como um homem que, viajando para o estrangeiro, chamou

os seus próprios servos e entregou-lhes os seus bens. A um deu cinco talentos, a outro dois, a outro um. A cada um de acordo com a sua capacidade. E partiu. Imediatamente, o que recebera cinco talentos saiu a trabalhar com eles e ganhou outros cinco. Da mesma maneira, o que recebera dois ganhou outros dois. Mas aquele que recebera um só tomou-o e foi abrir uma cova no chão. E enterrou o dinheiro do seu senhor. Depois de muito tempo, o senhor daqueles servos voltou e pôs-se a ajustar contas com eles. Chegando aquele que recebera cinco talentos, entregou-lhe outros cinco, dizendo: ‘Senhor, tu me confiaste cinco talentos. Aqui estão outros cinco que ganhei’. Disse-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu senhor!’ “Chegando também o dos dois talentos, disse: ‘Senhor, tu me confiaste dois talentos. Aqui estão outros dois talentos que ganhei’. Disse-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu senhor!’ Por fim, chegando o que recebera um talento, disse: ‘Senhor, eu sei que és um homem severo, que colhes onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste. Assim, amedrontado, fui enterrar o teu talento no chão. Aqui tens o que é teu’. A isso respondeu-lhe o senhor: ‘Servo mau e preguiçoso, sabias que eu colho onde não semeei e que ajunto onde não espalhei? Pois então devias ter depositado o meu dinheiro com os banqueiros e, ao voltar, eu receberia com

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juros o que é meu. Tirai-lhe o talento que tem e dai-o àquele que tem dez, porque a todo aquele que tem será dado e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem será tirado. Quanto ao servo inútil, lançai-o fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes’!”

(Mt., XXV:14 a 30.) Parábola das Minas “Como eles ouviam isso, Jesus acrescentou uma parábola, porque

estava perto de Jerusalém, e eles pensavam que o Reino de Deus ia se manifestar imediatamente. Disse então: ‘Um homem de nobre origem partiu para uma região longínqua a fim de ser investido na realeza e voltar. Cha-mando dez de seus servos, deu-lhes dez minas e disse-lhes: ‘Fazei-as render até que eu volte’. Ora, seus cidadãos o odiavam. E enviaram atrás dele uma embaixada para dizer: ‘Não queremos que este reine sobre nós’.

Quando ele regressou, após ter recebido a realeza, mandou chamar aqueles servos aos quais havia confiado dinheiro, para saber o que cada um tinha feito render. Apresentou-se o primeiro e disse: ‘Senhor, tua mina rendeu dez minas’. ‘Muito bem, servo bom’, disse ele, ‘uma vez que te mostraste fiel no pouco, recebe autoridade sobre dez cidades’.

Veio o segundo e disse: ‘Senhor, tua mina produziu cinco minas’. Também a este ele disse: ‘Tu também, fica à frente de cinco cidades’. Veio o outro e disse: ‘Senhor, eis aqui a tua mina, que depositei num lenço, pois tive medo de ti, porque és um homem severo, tomas o que não depositaste e colhes o que não semeaste’. Então ele disse: ‘Servo mau, eu te julgo pela tua própria boca. Sabias que eu sou um homem severo, que tomo o que não depositei e colho o que não semeei. Por que, então, não confiaste o meu dinheiro ao banco? À minha volta eu o teria recuperado com juros’. E disse aos que lá estavam: ‘Tirai-lhe a mina e dai-a ao que tem dez minas’. Responderam-lhe: ‘Senhor, ele já tem dez minas’... ‘Digo-vos, a quem tem, será dado; mas àquele que não tem, será tirado até mesmo o que tem.

Quanto a esses meus inimigos, que não queriam que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui e trucidai-os em minha presença’.”

(Lc., XIX:11 a 28.) Parábola dos Trabalhadores da Vinha “Porque o Reino dos Céus é semelhante a um pai de família que saiu

de manhã cedo para contratar trabalhadores para a sua vinha. Depois de combinar com os trabalhadores um denário por dia, mandou-os para a vinha.Tornando a sair pela hora terceira, viu outros que estavam na praça, desocupados, e disse-lhes: ‘Ide, também vós para a vinha, e eu vos darei o que for justo’. Eles foram. Tornando a sair pela hora sexta e pela hora nona, fez a mesma coisa. Saindo pela hora undécima, encontrou outros que lá estavam e disse-lhes: ‘Por que ficais aí o dia inteiro desocupados? Responderam: ‘Porque ninguém nos contratou’. Disse-lhes: ‘Ide, também

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vós, para a vinha’. Chegada a tarde, disse o dono da vinha ao seu administrador: ‘Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário começando pelos últimos até os primeiros’. Vindo os da hora undécima, receberam um denário cada um. E vindo os primeiros, pensaram que receberiam mais, mas receberam um denário cada um também eles. Ao receber, murmuravam contra o pai de família, dizendo: ‘Estes últimos fizeram uma hora só e tu os igualaste a nós, que suportamos o peso do dia e o calor do sol’. Ele, então, disse a um deles: ‘Amigo, não fui injusto contigo. Não combinaste um denário? Toma o que é teu e vai. Eu quero dar a este último o mesmo que a ti. Não tenho o direito de fazer o que eu quero com o que é meu? Ou o teu olho é mau porque eu sou bom?’ Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos’.”

(Mt., XX:1 a 16.) Parábola das Dez Virgens “Então o Reino dos Céus será semelhante a dez virgens que, tomando

as suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo. Cinco eram insensatas e cinco, prudentes. As insensatas, ao pegarem as lâmpadas, não levaram azeite consigo, enquanto as prudentes levaram vasos de azeite com suas lâmpadas. Atrasando o noivo, todas elas acabaram cochilando e dormindo. Quando foi aí pela meia-noite, ouviu-se um grito: ‘O noivo vem aí! Saí ao seu encontro!’ Todas as virgens levantaram-se, então, e trataram de aprontar as lâmpadas. As insensatas disseram às prudentes: ‘Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão se apagando’. As prudentes responderam: ‘De modo algum, o azeite poderia não bastar para nós e para vós. Ide antes aos que vendem e comprai para vós’. Enquanto foram comprar o azeite, o noivo chegou e as que estavam prontas entraram com ele para o banquete de núpcias. E fechou-se a porta. “Finalmente, chegaram as outras virgens, dizendo: ‘Senhor, senhor, abre-nos!’ Mas ele respondeu: ‘Em verdade vos digo: não vos conheço!’ Vigiai, portanto, porque não sabeis nem o dia nem a hora.” (Mt., XXV:1 a 13.)

___________________________ * Bíblia de Jerusalém – Paulus.

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2. AQUISIÇÃO DA CONSCIÊNCIA

Onde está escrita a Lei de Deus? “Na consciência”.

O Livro dos Espíritos , perg.621.

“No momento da conscientização, isto é, no instante a partir do qual consegues discernir com acerto, usando como parâmetro o Equilíbrio, alcanças o ponto elevado na condição de ser humano.

Efeito natural do processo evolutivo, essa conquista te permitirá avaliar fatores profundos como o bem e o mal, o certo e o errado, o dever e a irresponsabilidade, a honra e o desar, o nobre e o vulgar, o lícito e o irregular, a liberdade e a libertinagem.

Trabalhando dados não palpáveis, saberás selecionar os fenômenos existenciais e as ocorrências, tornando tuas diretrizes de segurança aquelas que proporcionam bem-estar, harmonia, progresso moral, tranqui-lidade.

Essa consciência não é de natureza intelectual, atividade dos meca-nismos cerebrais. É a força que os propele, porque nascidas nas experiências evolutivas, a exteriorizar-se em forma de ações.

Encontramo-la em pessoas incultas intelectualmente, e ausente em outras, portadoras de conhecimentos acadêmicos. (...)

(...) A aquisição da consciência é desafio da vida, que merece exame, consideração e trabalho. (...)

(...) A consciência é o estágio elevado que deves adquirir, a fim de seguires no rumo da angelitude.” Divaldo P. Franco — Momentos de Consciência — Pelo Espírito Joanna de Ângelis.

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Tema IV

3. BOM ÂNIMO

O apóstolo Bartolomeu foi um dos mais dedicados discípulos do Cristo, desde os primeiros tempos de suas pregações, junto ao Tiberíades. Todas as suas possibilidades eram empregadas em acompanhar o Mestre, na sua tarefa divina. Entretanto, Bartolomeu era triste e, vezes inúmeras, o Senhor o surpreendia em meditações profundas e dolorosas.

Foi, talvez, por isso que, uma noite, enquanto Simão Pedro e sua família se entregavam a inadiáveis afazeres domésticos, Jesus aproveitou alguns instantes para lhe falar mais demoradamente ao coração.

Após uma interrogativa afetuosa e fraternal, Bartolomeu deixou falasse o seu espírito sensível.

— Mestre — exclamou, timidamente — não saberia nunca explicar-vos o porquê de minhas tristezas amargurosas. Só sei dizer que o vosso Evangelho me enche de esperanças para o Reino de luz que nos espera os corações, além, nas alturas... Quando esclarecestes que o vosso Reino não é deste mundo, experimentei uma nova coragem para atravessar as misérias do caminho da Terra, pois, aqui, o selo do mal parece obscurecer as coisas mais puras!... Por toda parte, é a vitória do crime, o jogo das ambições, a colheita dos desenganos!...

A voz do apóstolo se tornara quase abafada pelas lágrimas. Todavia, Jesus fitou-o brandamente e lhe falou, com serenidade:

— A nossa doutrina, entretanto, é a do Evangelho ou d a Boa Nova e já viste, Bartolomeu, uma boa notícia não produzir alegria? Fazes bem, conservando a tua esperança em face dos novos ensin amentos; mas, não quero senão acender o bom ânimo no espírito dos meus discípulos. Se já tive ocasião de ensinar que o meu Reino ainda não é deste mundo, isso não quer dizer que eu desdenhe o trabalho de e stendê-la, um dia, aos corações que mourejam na Terra. Achas, então, q ue eu teria vindo a este mundo, sem essa certeza confortadora? O Evange lho terá de florescer, primeiramente, na alma das criaturas, an tes de frutificar para o espírito dos povos. Mas, venho de meu Pai, cheio de fortaleza e confiança, e a minha mensagem terá de proporcionar grande júbilo a quantos a receberem de coração.

Depois de uma pausa, em que o discípulo o contemplava silencioso, o Mestre continuou:

— A vida terrestre é uma estrada prodigiosa, que co nduz aos braços amorosos de Deus. O trabalho é a marcha. A l uta comum é a caminhada de cada dia. Os instantes deliciosas da m anhã e as horas soturnas de serenidade são os pontos de repouso; ma s, ouve-me bem! Na atividade ou no descanso físico, a oportunidade de uma hora, de uma leve ação, de uma palavra humilde é o convite de No sso Pai para que

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semeemos as suas bênçãos sacrossantas. Em geral, os homens abusam desse ensejo precioso para anteporem a sua vontade imperfeita aos desígnios superiores, perturbando a própria marcha. Daí resultam as jornadas mais ásperas obrigatórias para retificação das faltas cometi-das, os infrutíferos labores. Em vista destas razõe s, observamos que os viajores da Terra estão sempre desalentados. Na obc ecação de sua vontade própria, ferem a fronte nas pedras da estra da, cerram os ouvidos à realidade espiritual, vendam os olhos com a sombra da rebeldia e passam em lágrimas, em desesperadas impr ecações e amargurados gemidos, sem enxergarem a fonte cristal ina, a estrela cariciosa do céu, o perfume da flor, a palavra de u m amigo, a claridade das experiências que Deus espalhou, para a sua jorn ada, em todos os aspectos do caminho.

Houve um pequeno intervalo nas considerações afetuosas, depois do que, sem mesmo perceber inteiramente o alcance de suas palavras, Bartolomeu interrogou:

— Mestre, os vossos esclarecimentos dissipam os meus pesares; mas, o Evangelho exige de nós a fortaleza permanente?

— A verdade não exige, transforma. O Evangelho não poderia reclamar estados especiais de seus discípulos; poré m, é preciso considerar que a alegria, a coragem e a esperança d evem ser traços constantes de suas atividades em cada dia. Por que nos firmamos no pesadelo de uma hora, se conhecemos a realidade glo riosa da eter-nidade com o Nosso Pai?

— E quando os negócios do mundo nos são adversos? E quando tudo parece em luta contra nós? — Perguntou o pescador, de olhar inquieto.

Jesus, todavia, como se percebesse, inteiramente, a finalidade de suas perguntas, esclareceu com bondade:

— Qual o melhor negócio do mundo, Bartolomeu? Será a aventura que se efetua a peso de ouro, muita vez amordaçando -se o coração e a consciência, para aumentar as preocupações da vida material, ou a iluminação definitiva da alma para Deus, que se rea liza tão só pela boa vontade do homem, que deseja marchar para o seu amo r, por entre as luzes do caminho? Não será a adversidade nos negóci os do mundo um convite amigo para a criatura semear com mais amor, um apelo indireto que arranque às ilusões da Terra para as verdades d o Reino de Deus?

Bartolomeu guardou aquela resposta no coração, não, todavia, sem experimentar certa estranheza. E logo, lembrando-se de que sua genitora partira, havia pouco tempo, para a sombra do túmulo, interpelou ainda, ansioso:

— Mestre, e não será justificável a tristeza quando perdemos um ente amado?

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— Mas, quem estará perdido, se Deus é o Pai de todo s nós?... Se os que estão sepultados no lodo dos crimes hão de visl umbrar, um dia, a alvorada da redenção, por que lamentarmos em desesp ero, o amigo que partiu ao chamado do Todo-Poderoso? A morte do corp o abre as portas de um mundo “novo para a alma”. Ninguém fica verdad eiramente órfão sobre a Terra, como nenhum ser está abandonado, por que tudo é de Deus e todos somos seus filhos. Eis por que todo di scípulo do Evangelho tem de ser um semeador de paz e de alegri a!...

Jesus entrou em silêncio, como se houvera terminado a sua exposição judiciosa e serena.

E, pois que a hora já ia adiantada, Bartolomeu se despediu. O olhar do Mestre oferecia ao seu, naquela noite, uma luz mais doce e mais brilhante; suas mãos lhe tocaram os ombros, levemente, deixando-lhe uma sensação salutar e desconhecida.

� Embora nascido em Caná da Galileia, Bartolomeu residia, então, em

Dalmanuta, para onde se dirigiu, meditando gravemente nas lições que havia recebido. A noite pareceu-lhe formosa como nunca. No alto, as estrelas se lhe afiguravam as luzes gloriosas do palácio de Judeus à espera das suas criaturas, com hinos de alegria. As águas de Genesaré, aos seus olhos, estavam mais plácidas e felizes. Os ventos brandos lhe sussurravam ao entendimento cariciosas inspirações, como um correio delicado que chegasse do céu.

Bartolomeu começou a recordar as razões de suas tristezas intraduzíveis, mas, com surpresa, não mais as encontrou no campo do coração. Lembrava-se de haver perdido a afetuosa genitora; refletiu, porém, com mais amplitude, quanto aos desígnios da Providência Divina. Deus não lhe era pai e mãe nos céus? Recordou os contratempos da vida e ponderou que seus irmãos pelo sangue o aborreciam e caluniavam. Entretanto, Jesus não lhe era um irmão generoso e sincero? Passou em revista os insucessos materiais. Contudo, que eram as suas pescarias ou a avareza dos negociantes de Betsaida e de Cafarnaum, comparados à luz do Reino de Deus, que ele trabalhava por edificar no coração?

Chegou a casa pela madrugada. Ao longe, os primeiros clarões do Sol lhe pareciam mensageiros do conforto celestial. O canto das aves ecoava em seu espírito como notas harmoniosas de profunda alegria. O próprio mugido dos bois apresentava nova tonalidade aos seus ouvidos. Sua alma estava agora clara, o coração aliviado e feliz.

Ao ranger os gonzos da porta, seus irmãos dirigiram-lhe impropérios, acusando-o de mau filho, de vagabundo e traidor da lei. Bartolomeu, porém, recordou o Evangelho e sentiu que só ele tinha bastante alegria para dar a seus irmãos. Em vez de reagir asperamente, como de outras vezes, sorriu-lhes com a bondade das explicações amigas. Seu velho pai o acusou,

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igualmente, escorraçando-o. O apóstolo, no entanto, achou natural. Seu pai não conhecia a Jesus e ele o conhecia. Não conseguindo esclarecê-los, guardou os bens do silêncio e achou-se na posse de uma alegria nova. Depois de repousar alguns momentos, tomou as suas redes velhas e demandou sua barca. Teve para todos os companheiros de serviço uma frase consoladora e amiga. O lago como que estava mais acolhedor e mais belo; seus camaradas de trabalho, mais delicados e acessíveis. De tarde, não questionou com os comerciantes, enchendo-lhes, aliás, o espírito de boas palavras e de atitudes cativantes e educativas.

Bartolomeu havia convertido todos os desalentos num cântico de alegria, ao sopro regenerador dos ensinamentos do Cristo; todos o observaram com admiração, exceto Jesus, que conhecia, com júbilo, a nova atitude mental de seu discípulo.

No sábado seguinte, o Mestre demandou as margens do lago, cercado de seus numerosos seguidores. Ali, aglomeravam-se homens e mulheres do povo, judeus e funcionários de Ântipas, a par de brande número de soldados romanos.

Jesus começou a pregar a Boa Nova e, a certa altura, contou, conforme a narrativa de Mateus, que — “o Reino dos céus é semelhante a um tesouro que, oculto num campo, foi achado e escondido por um homem que, movido de gozo, vendeu tudo o que possuía e comprou aquele campo”.

Nesse instante, o olhar do Mestre pousou sobre Bartolomeu que o contemplava, embevecido; a luz branda de seus olhos generosos penetrou fundo no íntimo do apóstolo, pela ternura que evidenciava, e o pescador humilde compreendeu a delicada alusão do ensinamento, experimentando a alma leve e satisfeita, depois de haver alijado todas as vaidades de que ainda se não desfizera para adquirir o tesouro divino, no campo infinito da vida.

Enviando a Jesus um olhar de amor e reconhecimento, Bartolomeu limpou uma lágrima. Era a primeira vez que chorava de alegria. O pescador de Dalmanuta aderira, para sempre, aos eternos júbilos do Evangelho do Reino.

Boa Nova – lição 8 – pelo Espírito Humberto de Campos.

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4- O Ponto de Vista

Não há ninguém que não tenha notado o quanto as coisas mudam de aspecto, segundo o ponto de vista sob o qual são consideradas; não é somente o aspecto que se modifica, mas ainda a própria importância da coisa. Que se coloque no centro de um meio qualquer, fosse ele pequeno, parece imenso; que se coloque fora, parecerá todo outro. Tal que vê uma coisa do alto de uma montanha a acha insignificante, enquanto que, na base da montanha, lhe parece gigantesca.

É um efeito de ótica, mas que também se aplica às coisas morais. Um dia inteiro de sofrimento parecerá uma eternidade; à medida que o dia se afasta de nós admiramo-nos de haver desesperado por tão pouco. Os pesares da infância também têm uma importância relativa e, para a criança, são tão amargos quanto para a idade adulta. Por que, então, nos parecem tão fúteis? Porque não mais os sentimos, ao passo que a criança os sente completamente e não vê além do seu círculo de atividade; ela os vê do interior, nós, do exterior. Suponhamos um ser colocado, em relação a nós, na posição que estamos em relação à criança; ele julgará as nossas preocupações do mesmo ponto de vista e as achará pueris.

(...) O Espiritismo nos mostra uma aplicação deste princípio, mas de outra importância nas suas consequências. Ele nos mostra a vida feita no que ela é, colocando-nos no ponto de vista da vida futura (...)

Faz mais ainda: mostra-nos a vida da alma, o ser essencial, uma vez que é o ser pensante, remontando no passado a uma época desco-nhecida, e se estendendo indefinidamente no futuro, de tal sorte que a vida terrestre, fosse ela de um século, não é mais do que um ponto nesse longo percurso. Se a vida inteira é tão pouca coisa, comparada à vida da alma, que serão, pois, os incidentes da vida? E, no entanto, o homem, colocado no centro desta vida, com ela se preocupa como se devesse durar sempre; tudo toma para ele proporções colossais: a menor pedra ao choque lhe parece um rochedo; uma decepção o desespera; um fracasso o abate; uma palavra coloca-o furioso. Sua visão, limitada ao presente, ao que o toca imediatamente, lhe exagera a importância dos menores incidentes; um negócio não realizado lhe tira o apetite; uma questão de precedência é um negócio de Estado; uma injustiça coloca-o fora de si. Conseguir é o objetivo de todos os seus esforços, objeto de todas as suas combinações; mas, para a maioria, o que é conseguir? É, se não se tem do que viver, se criar, por meios honestos, uma existência tranquila? E a nobre emulação de adquirir talento e desenvolver sua inteligência? É o desejo de deixar, depois de si, um nome justamente honrado, e realizar trabalhos úteis para a Humanidade? Não; conseguir, é superar seu vizinho, eclipsá-lo, é afastá-lo, transtorná-lo mesmo, para se colocar em seu lugar; e, por esse belo triunfo, do qual a morte não deixará talvez

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gozar vinte e quatro horas, que de cuidados, que de tributações! Quanto de gênio mesmo dispensa, algumas vezes, que teria podido ser mais utilmente empregado! Depois, quanto de raiva, quanto de insônias se não se triunfa! Que febre de ciúme causa o sucesso de um rival! Então, prende-se à sua má estrela, à sua sorte, à sua chance fatal, ao passo que a má estrela, o mais frequentemente, é a imperícia e a incapacidade. Dir-se-á, verdadeiramente, que o homem toma a tarefa de tornar tão penosos quanto possível os poucos instantes que deve passar sobre a Terra, e dos quais não é senhor, uma vez que o dia de amanhã jamais está assegurado.

(...) A vida corpórea é necessária ao Espírito, ou à alma, o que é a mesma coisa, para que possa cumprir no mundo material as funções que lhe são destinadas pela Providência: é um dos órgãos da harmonia universal. A atividade que está forçada a desdobrar nas funções que exerce com o seu desconhecimento, crendo não agir senão por si mesma, ajuda o desenvolvimento de sua inteligência e facilita seu adiantamento. A felicidade do Espírito na vida espiritual, sendo proporcional ao seu adiantamento e ao bem que pôde fazer como homem, disso resulta que quanto mais a vida espiritual adquire importância aos olhos do homem, mais ele sente a necessidade de fazer o que for possível para nela assegurar o melhor lugar possível. A experiência daqueles que viveram vem provar que uma vida terrestre inútil ou mal empregada é sem proveito para o futuro, e que aqueles que não procuram neste mundo senão as satisfações materiais as pagam bem caro, seja pelos seus sofrimentos no mundo dos Espíritos, seja pela obrigação, em que estão, de recomeçar sua tarefa em condições mais penosas do que no passado, e tal é o caso de muitos daqueles que sofrem sobre a Terra. Portanto, considerando as coisas deste mundo do ponto de vista extracorpóreo, o homem, longe de ser excitado pela negligência e pela ociosidade, compreende melhor a necessidade do trabalho. (...)

Allan Kardec – Revista Espírita – julho de 1862 – Artigo: “O Ponto de Vista”.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Joanna de Ângelis (Espírito). Momentos de Consciência . Psicografia de Divaldo Pereira Franco, 1a edição. Salvador: Editora Alvorada, 1992. Bíblia de Jerusalém . São Paulo: Paulus, 2002. Humberto de Campos (Espírito). Boa Nova . Psicografia: Francisco Cândido Xavier, 20a edição. Rio de Janeiro: FEB. Emmanuel (Espírito). Caminho, Verdade e Vida . Psicografia: Francisco Cândido Xavier, 21a edição, 2001. Rio de Janeiro: FEB. KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo . 5a edição. Rio de Janeiro: CELD, 2010. KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno , 2a edição. Rio de Janeiro: CELD, 2011. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos . 1a edição. Rio de Janeiro: CELD, 2010. KARDEC, Allan. Revista Espírita . 1862 / traduzida rigorosamente conforme o original por Júlio Abreu Filho. Sobradinho, DF: Edicel, 1991. MIRANDA, Hermínio. Cristianismo: A Mensagem Esquecida. 1a edição. Editora O Clarim. São Paulo: 1988. Victor (Espírito). Psicografia recebida pelo médium Mário Coelho, no CELD, em 9/11/2014, RJ.

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