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Desenvolvimento Sustentável Profª Rita de Cássia Mutarelli

Apostila DS 2014

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  • Desenvolvimento Sustentvel

    Prof Rita de Cssia Mutarelli

  • DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

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    Sumrio Sumrio ....................................................................................................................................................... 2 1 Apresentao: .................................................................................................................................... 4

    1.1 Ementa: ......................................................................................................................................... 4 1.2 Objetivo: ........................................................................................................................................ 4 1.3 Contedo Programtico: .............................................................................................................. 4

    1.3.1 Panorama Histrico .............................................................................................................. 4 1.3.2 As aes antrpicas e suas relaes, conflitos e necessidades ..................................... 4 1.3.3 Os trs pilares do Desenvolvimento Sustentvel .............................................................. 4 1.3.4 O novo paradigma ................................................................................................................ 5 1.3.5 O papel e responsabilidades das corporaes no Desenvolvimento Sustentvel ........ 5 1.3.6 Gesto Ambiental ................................................................................................................. 5

    1.4 Bibliografia bsica ........................................................................................................................ 5 1.5 Bibliografia complementar ........................................................................................................... 5

    2 Avaliao: ............................................................................................................................................ 6 3 Datas: ................................................................................................................................................... 6 4 Currculo: ............................................................................................................................................. 7 5 O Desenvolvimento Sustentvel: ................................................................................................... 9

    5.1 Introduo .................................................................................................................................. 9 5.2 Panorama Histrico: ................................................................................................................ 9 5.3 RIO + 20 Conferncia para o Desenvolvimento Sustentvel ............................... 11 5.4 Relao dos principais eventos: ........................................................................................ 12 5.5 Movimentos Ecolgicos: ....................................................................................................... 18 5.6 Organizaes no governamentais: ................................................................................. 18 5.7 As aes antrpicas e suas relaes, conflitos e necessidades ............................... 20

    5.7.1 Escassez de recursos naturais .................................................................................... 20 5.7.2 Fontes de Energia: ......................................................................................................... 21 5.7.3 Aquecimento Global: ..................................................................................................... 25 5.7.4 Crditos de carbono ou Reduo Certificada de Emisses (RCE): ................. 28 5.7.5 O que a camada de oznio e sua importncia ................................................... 30

    5.8 Sinergia entre os Capitais: .................................................................................................. 31 5.9 Qualidade de Vida: ................................................................................................................. 32 5.10 Os trs pilares do Desenvolvimento Sustentvel: ....................................................... 34 5.11 Novo paradigma: pensar localmente e agir localmente: ........................................... 35 5.12 O Papel e Responsabilidades das Corporaes no Desenv. Sustentvel .............. 36

    5.12.1 tica e Transparncia nas Empresas ........................................................................ 36 5.12.2 Aes de Responsabilidade Social e Ambiental nas Empresas:....................... 37

    5.13 Metodologias e Indicadores do Desenvolvimento Sustentvel: .............................. 39 5.13.1 Indicadores de Desenvolvimento Sustentvel da Organizao das Naes Unidas (IDS) .................................................................................................................................... 40 5.13.2 Dashboard de Sustentabilidade ................................................................................. 41 5.13.3 Barmetro de Sustentabilidade .................................................................................. 42 5.13.4 Global Reporting Initiative (GRI) ............................................................................... 43 5.13.5 Triple Bottom Line (TBL) .............................................................................................. 44 5.13.6 Mtricas de sustentabilidade da Instituio dos Engenheiros Qumicos da Inglaterra (IChemE) ...................................................................................................................... 45

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    5.13.7 Dow Jones Sustainability Index (DJSI) .................................................................... 46 5.13.8 Metodologia Tear............................................................................................................. 47 5.13.9 Global Compact ............................................................................................................... 48 5.13.10 Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial .......................... 49

    5.14 Gesto Ambiental e Certificaes: .................................................................................... 51 5.14.1 Gesto Ambiental: .......................................................................................................... 51 5.14.2 Certificaes ..................................................................................................................... 52

    5.15 Estudos e Exerccios .............................................................................................................. 53 5.15.1 Os piores desastres ambientais feitos pelo homem ............................................ 53 5.15.2 Projeto Atitude Ambiental Vale do Rio Doce ...................................................... 60 5.15.3 Elaborao de um Projeto Social: ............................................................................. 64 5.15.4 Propostas para o Desenvolvimento sustentvel: ................................................. 65 5.15.5 O que deve compor um Relatrio de Sustentabilidade ...................................... 69 5.15.6 Portobello: um case de sustentabilidade na indstria ........................................ 71 5.15.7 Organizaes no governamentais - (ONGs) Parte 1 ................................... 72 5.15.8 Organizaes no governamentais - (ONGs) Parte 2 ................................... 86

    5.16 Referncias: ............................................................................................................................ 89

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    1 Apresentao: 1.1 Ementa: Relao entre as aes antrpicas e as mudanas ambientais. Criar um ambiente de pensamento

    crtico frentes as questes ambientais, apresentando caminhos para solucionar os problemas

    scio-ambientais. Traar um novo perfil coorporativo com aes sustentveis que daro resultados

    efetivos.

    1.2 Objetivo: Apresentar o panorama histrico ambiental, seus conflitos e iniciativas. Realizar uma anlise do

    papel dos indivduos e das organizaes na melhoria das condies ambientais e da qualidade de

    vida. O novo paradigma das corporaes, conflitos e necessidades para a viabilidade deste. As

    normas que so referncias na gesto ambiental.

    1.3 Contedo Programtico:

    1.3.1 Panorama Histrico

    Movimentos ecolgicos e ONGs

    1.3.2 As aes antrpicas e suas relaes, conflitos e necessidades

    Escassez dos recursos naturais e fontes de energia

    Capital ambiental e capital social

    Ciclo de vida dos ecossistemas e as instituies

    Qualidade de vida

    1.3.3 Os trs pilares do Desenvolvimento Sustentvel

    Viso Holstica na soluo das questes ambientais

    A importncia da integrao econmica, Social e Ambiental

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    1.3.4 O novo paradigma

    Incapacidade dos modelos de negcios atuais em conter a falncia da natureza

    Viabilidade do novo paradigma

    Agir localmente, pensar localmente.

    1.3.5 O papel e responsabilidades das corporaes no Desenvolvimento Sustentvel

    Novos modelos de negcio

    Relao escala de tempo x iniciativas ao das atuais geraes

    Aes de ruptura para a gesto dos noivos modelos de negcios

    Necessidade de massa crtica e gerao de lideranas em Desenvolvimento Sustentvel

    Influncias e poder poltico para o estmulo de mudanas em polticas governamentais.

    1.3.6 Gesto Ambiental

    ISO 14000 e outros sistemas e normas

    1.4 Bibliografia bsica

    ALMEIDA, Fernando. Os desafios da sustentabilidade Uma ruptura urgente. 3 Ed. Rio de

    Janeiro: Campus 2007

    ALMEIDA, Fernando. Experincias empresariais em sustentabilidade. 1 Ed. So Paulo:

    Campus 2009

    BUARQUE, S.C. Construindo o desenvolvimento sustentvel. Rio de Janeiro: Garamond, 2006

    1.5 Bibliografia complementar

    BERNA, V.D. Pensamento Ecolgico. 1 Ed. So Paulo: Paulinas, 2008

    ROSSINI, A.; GUEVARA, A. J.H.; SILVA, J. U.Conscincia e Desenvolvimento Sustentvel nas

    Organizaes. 1 ed. Rio de Janeiro: Campus, 2008

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    2 Avaliao:

    Duas provas tericas / prticas bimestrais e trabalhos individuais ou em grupo, mais o projeto PIM,

    sempre envolvendo os assuntos voltados gesto das organizaes, sendo que a mdia do

    semestre ser constituda por 40% da nota da P1, 40% da nota da P2 e 20 % da nota do PIM.

    Primeiro Bimestre:

    Prova vale 8 pontos.

    Participao1 em classe 2 pontos.

    Segundo Bimestre:

    Prova vale 8 pontos.

    Participao em classe 2 pontos.

    3 Datas: As datas das provas seguiro rigorosamente as datas do calendrio oficial.

    1 A participao em classe consiste nos exerccios solicitados em classe para entregar no decorrer

    do primeiro e do Segundo bimestre, onde, se o aluno fizer todos os exerccios solicitados com boa qualidade, ento ter 2 pontos, se entregar metade ter 1 ponto e se no entregar nada ter 0 pontos.

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    4 Currculo:

    Rita de Cssia Mutarelli Formao Acadmica: Bacharel em Administrao de Empresas pela Universidade Mackenzie Tecnloga em Processamento de Dados pela FATEC Faculdade de Tecnologia de So Paulo Especializao em Anlise de Sistemas pela FAAP Fundao Armando Alvares Penteado Especializao em Banco de Dados pela USP Universidade de So Paulo Especializao em Transmisso de dados em redes de computadores pela USP - Universidade de So Paulo MBA em gesto de Negcios e Tecnologia da Informao pela FGV Fundao Getlio Vargas com extenso em OHIO University USA. PMP Project Management Professional PMI Project Management Institute desde 2008. Mestrado USP Responsabilidade Social e Ambiental. Atividades Profissionais:

    Indstrias Villares S.A Programadora e Analista de Sistemas e de Software ( 1984 1992) Origin do Brasil Consultora e Analista de Negcios (1992 1996) Editora Globo Coordenadora de Projetos (1996 hoje) Atividades Acadmicas: FIB Faculdade Independente Butant lecionando Informtica para os cursos de Cincias Contbeis e Administrao de Empresas. (2001 2004) UNIP Universidade Paulista lecionando Projetos de Programas, Modelagem de Sistemas, Tcnicas de Informtica, Gerenciamento de Projetos, Impactos Organizacionais, Dinmica das Relaes Interpessoais, Desenvolvimento Sustentvel e Algoritmos para cursos de Gesto. (2003 hoje)

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    AULAS E ATIVIDADES EM SALA DE AULA

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    5 O Desenvolvimento Sustentvel:

    5.1 Introduo

    Uma das definies mais difundidas do Desenvolvimento Sustentvel :

    O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da gerao atual, sem comprometer a capacidade das geraes futuras de satisfazerem as suas prprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nvel satisfatrio de desenvolvimento social e econmico e de realizao humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razovel dos recursos da terra e preservando as espcies e os habitats naturais. Fonte: Relatrio de Brundtland.

    5.2 Panorama Histrico: A dcada de 60 foi marcada pelo conflito de interesses entre preservacionistas e

    desenvolvimentistas, originando o que alguns autores denominam questo ambientalista. O conflito da questo ambientalista prolongou-se enquanto polticas desenvolvimentistas eram definidas como aquelas que visavam incrementar a atividade humana e a preservacionista aquela que buscava restringir tal atividade.

    No final da dcada de 70, a emergncia do movimento ambientalista e o choque do petrleo fizeram dos recursos naturais, da energia e do ambiente em geral, um tema de importncia econmica, social e poltica, o qual se denomina Questo Ambiental. A forte concentrao da indstria e de veculos motorizados, a poluio e a degradao ambiental estavam atingindo nveis preocupantes. medida que foi se afirmando a conscincia da seriedade desse problema, ficou claro que a economia convencional precisava ser adaptada para tratar do mesmo.

    A questo ambiental levantou crticas ao modelo de desenvolvimento econmico vigente, questionando uma relao conflituosa, seno possivelmente incompatvel, entre crescimento econmico e preservao do meio ambiente e seus recursos naturais, cujos reflexos imporiam, no mnimo, limites continuidade do prprio crescimento econmico.

    Aps a Conferncia Internacional sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Naes Unidas (UNCED) em Estocolmo em 1972, o holands e ento secretrio geral da Conferncia, Maurice Strong, criou o termo: Eco Desenvolvimento, que defende a incompatibilidade entre desenvolvimento econmico e preservao ambiental, mas, contrariamente, percebe-os como interdependentes num processo de desenvolvimento efetivo. Este conceito desenvolve-se dentro da proposta do Desenvolvimento Sustentvel, que se consolidou em 1987 no Relatrio Brundtland (Our Common Future), pela eficincia econmica, equilbrio ambiental e equidade Intergeracional.

    O relatrio deixa claro que a economia internacional deve responder s necessidades dos povos a nvel mundial, no tocante ao crescimento econmico, aos avanos tecnolgicos e cientficos. importante remarcar que embora o relatrio reconhea que o desenvolvimento industrial e cientfico uma conquista da humanidade, deixa tambm claro que esse crescimento deve pagar dois tributos bsicos: o primeiro deles dos limites ecolgicos desse crescimento, e o segundo diz respeito e distribuio da riqueza e ao necessrio equilbrio social.

    Ignacy Sachs (2002), a partir da dcada de 70, aprofundou e difundiu de forma abrangente o conceito de ecodesenvolvimento e de como traduzi-lo em aes, formulou os princpios bsicos

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    desta nova viso do desenvolvimento, que integrou basicamente seis aspectos, que deveriam guiar os caminhos do desenvolvimento:

    a satisfao das necessidades bsicas;

    a solidariedade com as geraes futuras;

    a participao da populao envolvida;

    a preservao dos recursos naturais e do meio ambiente em geral;

    a elaborao de um sistema social garantindo emprego, segurana social e respeito a outras culturas, e

    programas de educao. Em 1989, a ONU convoca uma assembleia geral, para a I Conferncia das Naes Unidas

    sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD). Ficou marcada ento, uma conveno no Rio de Janeiro em 1992, para discutir exclusivamente as questes climticas, conhecida como Eco-92 ou Rio-92. Essa conferncia tinha como objetivo sistematizar e documentar os avanos obtidos nas ultimas conferncias, estabelecer mecanismos de tecnologia no poluentes aos pases subdesenvolvidos, estabelecer um sistema de cooperao internacional para prevenir ameaas e preste socorro em caso de emergncia alm de reavaliar e refazer o sistema de organismos da ONU.

    A partir da Rio-92, o foco da questo ambiental se torna muito mais forte devido a elevao da temperatura do planeta, consequncia das pesadas emisses de gs carbnico. Surge a preocupao com as questes das catstrofes naturais e mudanas profundas no ecossistema, ameaando o futuro prximo. Uma grande quantidade de textos, livros e artigos cientficos so publicados sobre o assunto. Basicamente o que centralizou a discusso sobre o tema considerou efetivamente dois resultados: o primeiro foi o impacto gerado na Rio-92, ao ponto de se produzir um documento especfico para o clima e o segundo foi o de retrocesso em tamanha abrangncia e profundidade da discusso que o relatrio de Brundtland.

    Nesta mesma poca, verificou-se tambm uma retomada ao assunto referente s preocupaes sociais. Os cientistas chamaram a ateno para problemas urgentes e complexos ligados prpria sobrevivncia do homem: um planeta em processo de aquecimento, ameaas camada de oznio da Terra, desertos que devoram terras de cultivo. Nossa resposta foi exigir maiores esclarecimentos e transferir o problema a instituies mal equipadas a lidar com eles.

    O Relatrio Brundtland, a Rio-92, entre outros documentos produzidos, sistematizou os problemas levantados nas conferncias anteriores e elencou uma agenda de aes prioritrias que, se aplicadas, garantiriam um primeiro passo para um desenvolvimento sustentvel. Essa agenda foi produzida sobre diretrizes comuns e que deveriam ser incentivadas e aplicadas pelos governos signatrios da conferncia, esse documento ento foi intitulado de Agenda 21.

    Com a finalidade de facilitar medidas de desenvolvimento sustentvel, a Agenda 21 foi separada por sees, a partir de aspectos econmicos e sociais, conservao e gerenciamento de recursos, reforo do papel dos atores sociais e finalmente, procedimentos prticos. Os temas so tratados com detalhamento e profundidade e compem mais de 2500 aes a serem implementadas, apesar de no explicar a forma como isso deva ser feito, nem que essas aes devam ser seguidas localmente. O documento pretende ser a base para que cada nao avalie sua realidade e aplique medidas em busca de um desenvolvimento sustentvel.

    Na opinio de Sachs, 2010 a Agenda 21 se chocou com a contrarreforma neoliberal, que estava em seu auge depois da queda do Muro de Berlim. Ele considera que a crise econmica vivida na poca mostrou a improcedncia do mito dos mercados que se autorregulam. Em razo disto, os pases emergentes estaro numa posio mais favorvel para propor uma transio ordenada para a economia de baixo carbono baseada na cooperao entre pases desenvolvimentistas.

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    O conceito de desenvolvimento sustentvel tem seu lastro em sociedade, economia, e, como conjunto maior abrangendo ambos, o meio ambiente. Ignacy Sachs, o criador do conceito, iniciou um novo campo do saber que engloba as trs bases do desenvolvimento sustentvel, a ecossocioeconomia, conceito que defende sua tese de que o desenvolvimento s pode ser considerado como tal se juntar ao sucesso econmico o aumento igualitrio do bem-estar social e a preservao ambiental.

    Contudo, na questo ambiental, existe um debate antigo: aqueles que acreditam que o mundo um sistema nico que sofre consequncias, e aqueles que defendem que o modelo hegemnico pode ser acertado sustentabilidade. A questo : conservar as condies que tolere a vida no planeta, aceitando a Terra como um sistema holstico, ou cultivar o sistema, buscando a sustentabilidade atravs de novas tecnologias alternativas, porm, sem maiores impactos e sem questionar o sistema produtivo vigente. Sob esse aspecto, Ribeiro (1996, p. 99), define Desenvolvimento Sustentvel de uma maneira diferente: Desenvolvimento Sustentvel poderia ser ento o resultado de uma mudana no modo da espcie humana se relacionar com o ambiente, no qual a tica no seria apenas entendida numa lgica instrumental, como desponta no pensamento eco-capitalista, mas sim, embasada em preceitos que ponderassem as temporalidades alteras prpria espcie humana, e, porque no, tambm as internas a nossa prpria espcie.

    5.3 RIO + 20 Conferncia para o Desenvolvimento Sustentvel O evento ocorreu na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 13 e 22 de junho de 2012, a

    Rio + 20 a Conferncia das Naes Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentvel. Este encontro marca o vigsimo aniversrio da Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento que aconteceu na capital carioca no ano de 1992, e ficou conhecido com Rio 92, e tambm os dez anos da Cpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentvel, que ocorreu em Johanesburgo, frica do Sul no ano de 2002.

    Durante esses dias, chefes de Estado e de Governo, ativistas ambientalistas, cientistas e representantes de 193 pases, trabalharam em dois temas principais: A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentvel e da erradicao da pobreza, e a Estrutura institucional para o desenvolvimento sustentvel.

    Foi feito um balano de tudo o que foi feito nos ltimos vinte anos, renovando o compromisso mundial com o desenvolvimento sustentvel; avaliou-se quais as lacunas que ainda existem na execuo dos acordos internacionais; abordou-se novos desafios emergentes e novas formas de recuperar os estragos que j fizemos em nosso planeta.

    Uma das grandes discusses da conferncia ser sobre o papel de uma instancia global que seja capaz de unir metas de preservao do meio ambiente com as necessidades contnuas de progresso econmico, isto , progredir sem agredir o meio ambiente.

    O documento final da Rio + 20 foi aprovado com o compromisso poltico de 193 pases com interesses dspares. Como esperado, "O Futuro que Queremos" avana pouco na agenda do desenvolvimento sustentvel e joga para o futuro as decises difceis.

    Os lderes mundiais, premidos pela crise, tero diante deles para adoo um texto genrico, "rico em potencialidades", como definiu a embaixadora brasileira na ONU, Maria Luiza Viotti. E duas datas em vista: 2014 e 2015.

    Em 2014, termina o prazo para que um comit de 30 pessoas, ainda a ser formado, defina mecanismos para financiar a transio at a economia verde inclusiva, tema central da conferncia. Em queda de brao com o G-77 (pases em desenvolvimento), os ricos encontraram na crise justificativa para no se comprometerem j com dinheiro "novo e adicional".

    Em 2015, devero ser implementados os Objetivos de Desenvolvimento Sustentvel, principal inovao da Rio +20. Trata-se de um conjunto de metas para substituir os Objetivos de

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    Desenvolvimento do Milnio, incorporando critrios socioambientais. A proposta das metas ser feita em 2013, aps sua definio por um comit tcnico.

    Fonte: http://www.agenciajovem.org/wp/?p=7642

    5.4 Relao dos principais eventos: Abaixo relao dos principais eventos relacionados ao desenvolvimento sustentvel.

    DATA EVENTO FATOS IMPORTANTES

    1968 Clube de Roma

    Estudos cientficos sobre a preservao do meio ambiente publicados com o ttulo "Limites do Crescimento" (The Limits to Growth), que venderam

    mais de 30 milhes de cpias em 30 idiomas. Abordavam quatro questes a ser trabalhadas para se alcanar a sustentabilidade:

    controle populacional; insuficincia da produo de alimentos; reduo do crescimento econmico; esgotamento dos recursos naturais.

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    1972

    Conferncia da Organizao das Naes Unidas (ONU) sobre Meio

    Ambiente Humano e Desenvolvimento

    Estocolmo - Sucia

    Foram elencados 26 princpios que marcaram o incio da busca por uma conciliao entre as prticas de preservao ambiental e o desenvolvimento.

    1972

    Emergncia de Lideranas Ambientais

    Organizao no Governamental (ONG)

    Segundo o Departamento de Informao Pblica das Naes Unidas, uma organizao no governamental, popularmente conhecida como ONG, se caracteriza por uma unio de cidados sem fins lucrativos, cuja atuao pode ser em carter local, nacional ou at mesmo internacional.

    1973 Primeira crise do petrleo

    O primeiro choque do petrleo ocorreu quando os pases do Oriente Mdio descobriram que o petrleo um bem no renovvel e por isso, em algum dia, acabaria. Os produtores ento diminuram a sua produo, elevando o preo do barril de US$ 2,90 para US$ 11,65 em apenas trs meses. As vendas para os EUA e a Europa tambm foram embargadas nessa poca, devido ao apoio dado a Israel na Guerra do Yom Kippur (Dia do Perdo). Com isso, as cotaes chegaram a um valor que equivaleria a US$ 40 nos dias de hoje.

    1985 Buraco na camada de

    Oznio

    A camada de oznio estratosfrica, que fica de 15 a 35 quilmetros acima da superfcie, protege a vida na Terra dos raios solares ultravioleta. O buraco na camada de oznio se forma quando condies de frio extremo, comuns no inverno da estratosfera da Antrtica, reagem com o cloro atmosfrico e com resduos qumicos de produo humana destruindo a mesma. O processo de perda de oznio tambm acontece em cada inverno no rtico. No entanto, as condies atmosfricas geralmente mais quentes por l, limitam a rea afetada e o prazo em que as reaes qumicas ocorrem, resultando em muito menos perda de oznio no rtico do que na Antrtica.

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    1987

    Comisso Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento

    (CMMAD) da Organizaes das

    Naes Unidas (ONU) - Noruega

    Presidida pela Sra. Gro Harlem Brundtland, primeira ministra da Noruega, elaborou um documento denominado "Nosso Futuro Comum" (Our Common Future), pelo qual os governos se comprometiam a

    promover o desenvolvimento econmico e social em conformidade com a preservao ambiental. Esse documento ficou tambm conhecido como "Relatrio Brundtland". Nele so apresentados a definio oficial do conceito de Desenvolvimento Sustentvel (DS) e os mtodos para enfrentar a crise ambiental pela qual o mundo se encaminhava.

    1987 Protocolo Montreal

    Em 1985, a conveno de Viena para a Proteo da Camada de Oznio foi assinada por dezenas de pases, entre eles o Brasil, um dos primeiros a agir em prol da camada de oznio. Dois anos depois, foi estabelecido o Protocolo de Montreal sobre as Substncias que Destroem a Camada de Oznio (SDO), ligado Organizao das Naes Unidas (ONU). O texto obriga seus signatrios a trabalhar para eliminar a produo e o consumo de SDOs. Atualmente, 193 pases participam do Protocolo e da Conveno.

    1988

    Painel Intergovernamental de

    Mudanas Climticas ou Intergovernmental Panel

    on Climate Change (IPCC)

    rgo criado pelo Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela Organizao Meteorolgica Mundial (OMM) em 1988 para estudar o problema das mudanas climticas. Reuniu 2.500 cientistas de mais de 130 pases. A misso desse Painel consistiu em avaliar a informao cientfica disponvel sobre os efeitos das mudanas climticas, destacar seus impactos ambientais e socioeconmicos e traar estratgias para dar respostas adequadas ao fenmeno.

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    1992

    Conferncia da ONU sobre Meio Ambiente

    Humano e Desenvolvimento: ECO-

    92 ou RIO-92. Rio de Janeiro - Brasil

    O conceito de DS foi incorporado como um princpio, na busca do equilbrio entre a proteo ambiental e desenvolvimento econmico. Esaa conferncia serviu de base para a formulao da Agenda 21.

    1992 Agenda 21

    Com a participao de mais de 178 pases, a Agenda 21 um plano de ao para ser adotado do nvel global para o local. Seu alicerce a sinergia da sustentabilidade ambiental, social e econmica, transcorrendo em todas as suas aes propostas.

    1995 Encontro Mundial para o Desenvolvimento Social - Copenhagen - Dinamarca

    Este foi o primeiro grande encontro internacional sobre o tema do desenvolvimento social. Esse fato est no primeiro pargrafo da Declarao Poltica-Programtica solenemente adotada na ocasio pelos governantes presentes ou representados na capital dinamarquesa nos seguintes termos: "Pela primeira vez na histria, a convite das Naes Unidas, ns, Chefes de Estado e de Governo, reunimo-nos para reconhecer a importncia do desenvolvimento social e do bem-estar humano de todos e para conferir estes objetivos a mais alta prioridade agora e no sculo XXI.".

    1997 Protocolo de Kyoto -

    Japo

    O Protocolo de Kyoto culminou na deciso por consenso de adotar um protocolo para reduzir as emisses de gases de efeito estufa dos pases industrializados. O Protocolo de Kyoto foi aberto para assinatura em maro do ano seguinte. A adeso ao documento compromete cada pas a reduzir suas emisses combinadas de gases de efeito estufa em pelo menos 5% em relao aos nveis de 1990 at o perodo entre 2008 e 2012. Esse compromisso, com vinculo legal, promete produzir uma reverso da tendncia histrica de crescimento das emisses iniciadas nos pases industrializados h cerca de 150 anos.

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    1999 Dow Jones Sustainability

    Index (DJSI)

    O DJSI um ndice elaborado pela companhia de administrao de ativos Sustainable Asset Management (SAM), com sede em Zurique, para o grupo de ndices Dow Jones. Sua metodologia baseada na anlise de dados econmicos corporativos, desempenho ambiental e social, avaliao de questes como: governana corporativa, gesto de risco, mitigao na mudana climtica, padro para cadeia de abastecimento e prticas trabalhistas. Esse ndice utilizado para a anlise de investidores mundiais, scios e ambientalmente responsveis. O SAM analisa mais de mil companhias com aes listadas na bolsa de valores anualmente.

    1999 Global Compact

    O Global Compact uma iniciativa desenvolvida pela ONU com o objetivo de mobilizar a comunidade empresarial internacional para a promoo de valores fundamentais nas reas de direitos humanos, trabalho e meio ambiente. Essa iniciativa conta com a participao das agncias das Naes Unidas, empresas, sindicatos, organizaes no governamentais e demais parceiros necessrios para a construo de um mercado global mais inclusivo e igualitrio.

    2002

    Cpula Mundial sobre Desenvolvimento

    Sustentvel - Johanesburgo - frica do

    Sul

    reconhecida a complexidade e a dependncia de questes como a pobreza, desperdcio, degradao ambiental e urbana, crescimento populacional, entre outros. consenso de que DS construdo sobre trs pilares dependentes entre si: desenvolvimento econmico, social e proteo ambiental. Nesse evento foi aprovado o plano de implementao que estabelece que todos os estados devem realizar progressos na formulao e elaborao das estratgias nacionais de Desenvolvimento Sustentvel e que os mesmos devem iniciar a respectiva implementao em 2005.

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    2004 Conferncia sobre Responsabilidade Social Corporativa - Mxico

    Conferncia interamericana sobre responsabilidade social corporativa para examinar a ideia de que as empresas que ganham lucros financeiros tambm devem usar prticas de negcios que beneficiem a sociedade como um todo.

    2006 Responsabilidade Social Corporativa Foco da Conferncia Brasil - Brasil

    Conferncia que ocorreu em dezembro na cidade brasileira de Salvador, com a presena de vrias autoridades norte-americanas entre os seus 500 participantes de 20 pases. A conferncia foi patrocinada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a organizao no governamental com sede no Brasil chamado o Instituto Ethos da Federao das Indstrias do estado brasileiro da Bahia.

    2010

    Conferncia Internacional sobre Responsabilidade Social das Empresas - Brasil

    Organizada pela Representao da Comisso Europeia em Portugal, no quadro do Ano Europeu do Combate Pobreza e Excluso Social, em parceria com a Coordenao Nacional do Ano Europeu, a AIP/Associao Industrial Portuguesa, a CITE/Comisso para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, o ISEG Instituto de Economia e Gesto da Universidade Tcnica de Lisboa e a Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa.

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    2012

    Conferncia da Organizao das Naes Unidas(ONU) sobre Desenvolvimento Sustentvel: Rio+20. Rio

    de Janeiro

    A Rio+20 foi assim conhecida porque marcou os vinte anos de realizao da Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) e contribuiu para definir a agenda do desenvolvimento sustentvel para as prximas dcadas. O objetivo da Conferncia foi a renovao do compromisso poltico com o desenvolvimento sustentvel, por meio da avaliao do progresso e das lacunas na implementao das decises adotadas pelas principais cpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes.

    5.5 Movimentos Ecolgicos:

    O ambientalismo, movimento ecolgico ou movimento verde consiste em diferentes correntes de pensamento de um movimento social, que tem na defesa do meio ambiente sua principal preocupao, demandando medidas de proteo ambiental, tais como medidas anti-poluio.

    O ambientalismo no visa somente os problemas ligados ao meio ambiente, mas tambm as atitudes a serem tomadas para uma possvel diminuio ou at mesmo soluo desses problemas.

    Considerando-o um movimento social, podem inserir-se neste contexto, todas as instituies, agncias, organizaes no governamentais (ONGs), polticas (como os Partidos Verdes), ativistas independentes e outros, cuja atuao tenha por princpio a defesa do meio ambiente, seja atravs de manifestaes sociais ou projetos para a conservao ecolgica. O movimento por justia ambiental considera que os problemas ambientais ligam-se aos sociais.

    Um ambientalista algum que acredita que o meio ambiente, por ser a fonte de recursos da humanidade, deveria ter sua explorao de forma mais planejada a fim de no esgotar o planeta para as geraes futuras.

    Segundo os ambientalistas o consumo desenfreado de matrias primas sem reposio, a poluio, o desmatamento, entre outros esto consumindo todos os recursos do planeta e dentro de algumas dcadas tais recursos no estaro mais disponveis.

    5.6 Organizaes no governamentais:

    As ONGs (Organizaes no governamentais) so organizaes formadas pela sociedade civil sem fins lucrativos e que tem como misso a resoluo de algum problema da sociedade, seja ele econmico, racial, ambiental, e etc, ou ainda a reivindicao de direitos e melhorias e fiscalizao do poder pblico.

    Tambm chamado terceiro setor, embora essa definio no seja muito clara, as organizaes sem fins lucrativos so particulares ou pblicas, desde que no tenham como principal objetivo a gerao de lucros e, que se houver gerao de lucros, estes sejam destinados

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    para o fim a que se dedica a organizao no podendo este ser repassado aos proprietrios ou diretores da organizao.

    As organizaes da sociedade civil so uma forma de suprimir as falhas do governo com relao assistncia e resoluo dos problemas sociais, ambientais e at mesmo econmicos podendo tambm auxilia-lo na resoluo desses problemas embora isso seja uma caracterstica um tanto quanto negativa, pois expressa o distanciamento do governo com relao s suas responsabilidades para com a sociedade. As organizaes tm ainda a capacidade de despertar o civismo e a cooperao social nos seus participantes. Constituindo uma forte ferramenta de mobilizao social, as organizaes da sociedade civil contribuem para a manuteno da democracia uma vez que possibilita a manifestao dos interesses das minorias. Comprovadamente, qualquer pessoa que integre alguma organizao civil possui maior conscincia poltica e mais participativa nas questes que envolvem decises pblicas e/ou afetem a sociedade como um todo mesmo que o fim de tal organizao no seja poltico.

    No Brasil, as organizaes no governamentais sem fins lucrativos ganham fora partir do processo de redemocratizao poltica que se deu aps o perodo da Ditadura Militar (1964-1985). Mas foi a partir da dcada de 90 que surgiram as principais organizaes no governamentais no pas como o Instituto Ethos (1998) e a Rede de Ongs da Mata Atlntica (1992) que rene cerca de 312 instituies em 16 estados.

    Mas, necessrio lembrar que nem toda associao sem fins lucrativos da sociedade civil uma Ong. O estudo realizado pelo IBGE com apoio da ABONG, GIFE, IPEA e Cempre1 intitulado As Fundaes Privadas e Associaes sem Fins Lucrativos no Brasil 2002 usa como critrios para classificao das Fasfil (Fundaes Privadas e Associaes Sem Fins Lucrativos) o fato de serem organizaes institucionalizadas, privadas, no distribuidoras de lucro, auto-administradas, e voluntrias.. Deste modo, ficaram excludas as associaes ou organizaes que no apresentam alguma destas caractersticas como os sindicatos, partidos polticos, caixas escolares, fundaes hospitalares, servios sociais autnomos (SEST/SENAT, SEBRAE) e aqueles que no so institucionalizados. Portanto, segundo os critrios do estudo, existiam em 2002 cerca de 276 mil fundaes e associaes sem fins lucrativos no Brasil que atuam nas mais diversas reas, incluindo associaes religiosas (pastorais, por exemplo).

    A seguir algumas das principais Ongs atuantes no Brasil separadas por categoria de fundao, associao e instituto:

    Fundaes:

    - Fundao SOS Mata Atlntica: criada em 1986 para defender os ltimos remanescentes de Mata Atlntica, gerando conhecimento e oferecendo capacitao de pessoas, a fundao uma organizao no governamental privada presidida atualmente por Roberto Luiz Leme Klabin. (Veja: Desmatamento da Mata Atlntica) - Fundao ABRINQ: criada em 1990 (ano da Promulgao do Estatuto da Criana e do Adolescente), a Abrinq nasce de uma proposta de empresas fabricantes de brinquedos sensibilizadas pela situao preocupante da infncia no Brasil. Associaes:

    - Amda: Associao Mineira de Defesa do Ambiente: fundada em 1978 (ainda durante o regime militar) por estudantes da UFMG, tem como principal objetivo a preservao das florestas ainda que sua influncia tenha sido durante toda a sua histria associada ao movimento ambientalista no estado de Minas Gerais, sendo a uma das Ongs mais atuantes do Brasil.

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    - Associao Pr-UFMG: a associao foi criada por estudantes da UFMG que queriam mudar a injusta realidade de que os jovens de baixa renda no ingressam em universidades pblicas porque no podem arcar com os custos elevados de um cursinho pr-vestibular.

    Institutos:

    - Instituto Ethos: criado em 1998 o Instituto Ethos de Responsabilidade Social tem como misso Mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negcios de forma socialmente responsvel, tornando-as parceiras na construo de uma sociedade sustentvel e justa..

    - Instituto Akatu: criado no dia 15 de maro de 2001 (Dia Mundial do Consumidor) o Akatu, que em tupi significa semente boa ou mundo melhor, tem como objetivo promover a responsabilidade social para educar e mobilizar a sociedade para o consumo consciente atravs do que, ela acredita, somos protagonistas na construo da sustentabilidade do nosso planeta.

    5.7 As aes antrpicas e suas relaes, conflitos e necessidades

    5.7.1 Escassez de recursos naturais

    Apesar de diretamente relacionada Giga tendncia sustentabilidade & ecologia, a escassez de recursos naturais por si uma Megatendncia com efeitos significativos que atingem a todos ns.

    A utilizao dos recursos naturais de forma pouco planejada e menos responsvel ainda, resulta neste momento em algumas tendncias de falta de matria prima para itens fundamentais. Isto faz com que os pases que possuam estas matrias primas tenham uma vantagem competitiva.

    Um exemplo simples o petrleo e todos seus derivados esto com os dias contados. No se trata aqui de dizer QUANTOS so os dias, mas sim que eles esto marcados e o fim da explorao acontecer dentro da vida de nossos filhos, netos ou bisnetos, mas no muito a frente disto.

    O petrleo fruto de um fenmeno natural de longussimo prazo, que envolve a participao de 1.200 hidrocarbonetos, presso, o local adequado com rochas sedimentares colocadas na sequncia adequada e milhes de anos de maturao. H inmeras teorias sobre o surgimento do petrleo, porm a mais aceita que ele surgiu atravs de restos orgnicos de animais e vegetais depositados no fundo de lagos e mares, sofrendo transformaes qumicas ao longo de milhes de anos. Substncia inflamvel, possui estado fsico oleoso e com densidade menor do que a gua. Sua composio qumica uma combinao de molculas de carbono e hidrognio (hidrocarbonetos). Como podemos ver, no algo que possa ser feito nas quantidades consumidas atualmente, dentro de um prazo adequado (leia-se curto). Ou seja, somos at capazes de reproduzir a composio do petrleo em laboratrio, mas no a custos aceitveis.

    Este o ponto para quase todas as matrias primas. Podemos substitu-las de uma

    forma ou de outra. O problema o custo de faz-lo. Tirar o leo pronto da terra uma soluo bastante barata como soluo para produo de energia. Este o nico ponto forte nesta questo, o custo! Entretanto sabemos que as reservas esto se esgotando rapidamente. O mundo consumiu em cento e poucos anos a maior parte da reserva existente. Podemos at mesmo encontrar novas reservas, como o caso do Brasil com o pr-sal. Entretanto todas as reservas, existente e ainda por serem detectadas, so recursos finitos para um uso continuado, milhes de vezes mais velozes que a possvel produo de novas reservas. Da a relao ntima desta

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    Megatendncia com a Giga tendncia Ecologia/Preservao/etc. Reciclar o caminho mais indicado, no momento.

    O caminho do petrleo o mesmo caminho da maior parte das commodities. Com o ferro acontece o mesmo, com a gua tambm. O ferro e a maior parte dos minerais provm de reservas que so pressionadas pelo crescimento acelerado da construo civil e outros consumos da rea de transformao.

    J a gua no sofre transformao, ou sofre em quantidades no significativas, mas se torna inadequada para uma srie de usos. Assim o problema est diretamente relacionado no quantidade de gua existente no planeta, mas sim a QUANTO desta gua est potvel ou prpria para os diferentes consumos.

    Com os alimentos o que acontece um tanto diferente. O crescimento da economia proporciona melhores condies de vida de grandes populaes antes excludas do ciclo de consumo, faz com que a procura por produtos como carbo-hidratos, protenas e outras cadeias de alimentos seja pressionada por uma demanda superior a capacidade de produo das reas consideradas tradicionais de cultivo.

    Esta Megatendncia gera mais efeitos no Brasil a partir do seguinte ponto: Desde os anos 90, a participao das commodities nas exportaes brasileiras tem oscilado ao redor de 40%. Entre 2007 e 2010 esta participao saltou 10 p.p. (pontos percentuais) alcanando 51% das exportaes brasileiras.

    Infelizmente o aumento no volume no tem sido igualado pela diversificao do setor produtivo. Continuamos no ciclo de produzir mais do mesmo. So matrias primas ou fatores de produo muito necessrios no mundo atualmente: Minrio de Ferro, carne, soja, acar, energia nas suas mais diversas formas (hidrulica, elica, hidrocarbonetos, etc.), gua limpa potvel.

    Se voc gastar alguns segundos olhando com ateno para a lista acima vai perceber que o Brasil possui "de monto", quase tudo o que est ali. Pois bem, esta condio nos garante taxas de crescimento diferenciadas (leia-se maior do que seriam em outras condies) lastreadas basicamente no fato de que teremos mercado crescente e constante para uma boa parte dos itens que temos em nosso solo / natureza.

    O resto do mundo se encontra em situao no to alavancada quanto a estes quesitos. Em certa base, o BRICS, composto de Brasil, Rssia, ndia, China e frica do Sul, o bloco de pases com maior concentrao destes fatores o que faz com que eles tenham um diferencial em suas taxas de crescimento em relao ao resto do mundo. No significa que estas taxas sero maiores ou menores que outros pases, j que cada um destes tem l seus problemas internos que afeta de maneira diferenciada a taxa de crescimento do PIB. Mas em regra, estes pases tero nos prximos anos taxas de crescimento maiores do que as que seriam atingidas dentro de seu padro de crescimento normal, principalmente devido a ausncia destes fatores no mundo como um todo.

    O produto interno bruto (PIB) representa a soma (em valores monetrios) de todos os

    bens e servios finais produzidos numa determinada regio (quer sejam pases, estados ou cidades), durante um perodo determinado (ms, trimestre, ano, etc). O PIB um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econmica de uma regio.

    5.7.2 Fontes de Energia: A ONU proclamou 2012 como o Ano Internacional da Energia Sustentvel para Todos e,

    desde ento, vem estimulando discusses acerca desse assunto na busca por solues e medidas alternativas. Tanto que Energia Sustentvel para Todos um dos temas de maior destaque do encontro no Rio de Janeiro (Rio + 20).

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    A questo energtica est essencialmente atrelada ao desenvolvimento da economia e qualidade de vida das pessoas, mas sua gerao e consumo representam importantes presses sobre os recursos naturais. Nas ltimas dcadas, cientistas e ecologistas vm alertando sobre as consequncias que o consumo abusivo de energias provenientes de matrias fsseis representa para o meio ambiente e a necessidade de se investir em energias mais limpas e sustentveis.

    O padro energtico mundial est baseado em combustveis fsseis, responsveis pela quase totalidade das emisses do principal gs do efeito estufa, o carbnico. As grandes fontes de emisso de gases de efeito estufa identificadas hoje no cenrio global so os processos de gerao de energia e transporte, que somados representam aproximadamente 40% das emisses projetadas para 2030. A gerao de energia sozinha responde por 26% das emisses globais, posicionando o setor como lder na lista de maiores emisses.

    Hoje, as fontes renovveis so responsveis por apenas 12,9% da oferta de energia primria no mundo. Entretanto estima-se que as fontes renovveis tm capacidade para atender at 77% das necessidades globais.

    Tambm devemos atentar para o fato de que, atualmente, mais de 1,4 bilho de pessoas em todo o mundo (cerca de um quinto da populao mundial) no tm acesso a eletricidade e cerca de 1 bilho tm acesso intermitente, ou seja, no contnuo, o que acarreta problemas de sade, dficit educacional, destruio ambiental e, at mesmo, atraso econmico.

    Buscando reverter esse quadro, comeou-se a pensar, h alguns anos, em energias alternativas e em como aperfeioar seu uso. Foi para dar maior nfase a essa discusso e fomentar aes que possam ajudar a mudar essa realidade que a ONU estabeleceu 2012 como o Ano da Energia Sustentvel e colocou o assunto como um dos temas de destaque a serem discutidos pela Rio+20.

    A questo energtica e o desenvolvimento sustentvel: Investir em energias sustentveis combater de maneira expressiva as emisses e a

    pobreza energtica no mundo, catalisando o crescimento sustentvel e atenuando as mudanas climticas.

    Como j dissemos, um quinto da populao mundial no tem acesso a energia eltrica. O dobro desse nmero algo em torno de 3 bilhes de pessoas ainda depende de fontes energticas como carvo, lenha e outros tipos de biomassa tradicionais para satisfazer suas necessidades bsicas. So dados alarmantes que batem de frente com a questo da qualidade de vida.

    A energia fator essencial de promoo do desenvolvimento. O incio da era industrial marcou um expressivo desenvolvimento da populao e com ele novas demandas energticas. Mquinas que surgiam para otimizar o tempo e trazer maior qualidade de vida e conforto tinham como principal fonte energtica o carvo e o petrleo, altamente poluentes e no renovveis, e que hoje so os grandes responsveis pelo efeito estufa.

    Projees futuras:

    O programa Sustainable Energy for All, da ONU, prope trs metas para 2030, baseando-se em nmeros de 2009. A primeira que cem por cento dos habitantes do planeta tenham acesso a energia. Em 2009, 1,3 milhes de pessoas estavam margem desse mercado. A meta que, at 2030, esse quadro tenha sido totalmente alterado.

    Outra meta estabelecida a de dobrar a coeficincia energtica. Dados de 2009 revelam que 1,2% da energia mundial j tem sido economizado por eficincia energtica. A meta que em 2030 esse nmero passe a ser de 2,4%.

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    A terceira meta a de dobrar a gerao de energia renovvel na matriz mundial. Pelos nmeros do programa Global Energy Assessment, 15% da energia global em 2009 vinham de fontes renovveis. Pretende-se que essa cifra chegue a 30% em 2030.

    A energia renovvel no mundo:

    As hidreltricas so responsveis hoje por 16% da energia mundial, enquanto a energia solar corresponde a 0,1% e a elica a 1,4%. A Agncia Internacional de Energia prev que at 2035 as energias renovveis correspondero a 31% da gerao total de energia no mundo.

    Os pases que mais se destacam em relao gerao de energia sustentvel so: a Dinamarca, em que a energia elica corresponde a 18% do total; a Espanha, que se destaca pela energia solar (3%); e os Estados Unidos, com 3% provenientes de energia elica e solar. Os pases que mais investem anualmente em energia renovvel so a China, com US$ 50 bilhes, a Alemanha, com US$ 41 bilhes, e os EUA, com US$ 30 bilhes.

    A questo da energia renovvel no Brasil:

    Em nosso pas, a predominncia de hidreltricas na gerao de eletricidade e a elevada penetrao do etanol no mercado de combustveis impactam positivamente tanto o setor de gerao de energia como o de transporte. A matriz de gerao de energia do Brasil uma das mais limpas do mundo e hoje responde somente por 1% das emisses de gases de efeito estufa do pas. Mesmo com a expectativa de que se dobre a produo de energia no Brasil nos prximos 20 anos e que parte desse crescimento (14% da matriz de gerao eltrica) tenha como base fontes de combustveis fsseis, a participao das emisses do setor energtico no total do Brasil ficar em torno de 3,5%, muito inferior mdia mundial.

    Embora a matriz energtica brasileira, especialmente a matriz eltrica, seja considerada limpa, o aumento do consumo de energia projetado at 2030 justifica a preocupao com medidas de mitigao de emisso na gerao e no uso de energia. Segundo o relatrio da Empresa de Pesquisa Energtica (EPE), a rpida expanso da populao brasileira e o consequente crescimento no consumo de bens faro com que o pas tenha que aumentar sua capacidade energtica. A projeo que, entre 2010 e 2020, a populao brasileira passe de 195 milhes para 205 milhes e o nmero de residncias suba em 15 milhes, chegando a 75 milhes. De acordo com estimativas, a classe comercial apresentar a maior alta (5,8% anuais, em mdia) entre os segmentos de consumo. Entretanto, a indstria permanecer sendo a classe responsvel por quase metade do consumo total de eletricidade no pas.

    Para o Brasil, a crescente demanda por energia pode tambm ser interpretada como uma oportunidade. A matriz energtica limpa pode representar diferencial competitivo, atribuindo inclusive valor sustentvel a produtos industrializados com menor impacto em emisses.

    Tradicionalmente, o Brasil tem experincia no uso de hidreletricidade e de biomassa (como o etanol) para produzir combustveis. Tem liderana nesse setor e agora comea a produzir energia elica e solar. H uma grande oportunidade para que o Brasil aumente a proporo de renovveis muito rapidamente, usando novas tecnologias. importante observar que fontes energticas como a hidrulica, a cana-de-acar, o carvo vegetal e outros biocombustveis, ainda que tenham a vantagem de ser renovveis, podem tanto impactar negativamente o meio ambiente como implicar condies socioculturais desfavorveis. O que se deseja a promoo sustentvel de fontes de energia renovveis. Essa a ideia que deve guiar as metas.

    O Brasil tem a valiosa experincia do Pr-lcool, nico programa bem-sucedido de substituio em larga escala dos derivados de petrleo no mundo. O biodiesel e as misturas de combustveis que usam derivados de soja podem diversificar e tornar mais limpa a matriz energtica brasileira. Tambm o dend, o babau, a mamona e diversas espcies nativas so

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    fontes potenciais de combustvel. A energia de biomassa a partir de bagao de cana, rejeitos de serrarias e lenha, em combusto direta ou em gaseificao, so fontes renovveis de energia e permitem dar um uso econmico a rejeitos que muitas vezes so simplesmente incinerados.

    Algumas regies do Brasil apresentam grande potencial para a produo de energia elica e diversas empresas vm investindo no ramo. O uso de energia solar est se expandindo, seja a fotovoltaica, seja a solar trmica. Esse crescimento deve continuar considerando o potencial que existe no Brasil e sua capacidade de atender a demandas descentralizadas.

    O desafio que se apresenta integrar todas essas opes para garantir, de modo sustentvel, o suprimento de energia necessrio. No basta, porm, aumentar o suprimento energtico em bases cada vez mais limpas. preciso aumentar a eficincia no seu uso e na sua conservao.

    Os desafios:

    Mesmo com iniciativas empresariais promissoras quanto ao aumento da eficincia energtica, a manuteno de uma matriz energtica limpa diante do aumento de demanda de energia, apresenta uma srie de desafios, como:

    Realizar a transio do atual sistema energtico e um planejamento para cortar subsdios destinados s fontes fsseis e energia atmica, garantindo incentivos para as energias renovveis.

    Promover incentivos e modelos de negcio para ampliar a viabilidade econmica da energia elica e da energia solar.

    Desenvolver polticas tecnolgicas inovadoras, com investimentos e incentivos inovao.

    Estabelecer sistema regulatrio para produo e utilizao de energia renovvel e condies estveis para que empresas invistam no setor energtico.

    Criar modelos de monitoramento dos custos reais de produo das fontes de energia.

    Atrelar planos de desenvolvimento local aos projetos de gerao de energia, envolvendo as populaes afetadas e beneficirias.

    Estimular o desenvolvimento tecnolgico para as novas geraes de biocombustveis, como, por exemplo, o etanol de celulose, biotecnologia e engenharia gentica.

    Integrar diferentes interesses e vises dos setores governamental, privado (concessionrias), movimentos sociais e ambientalistas, favorecendo um dilogo genuno, com regularidade e profundidade.

    Estabelecer regras para monitoramento de emisses de gases de efeito estufa na produo de energia e padres de monitoramento de eficincia energtica nas cadeias produtivas.

    O que fica como questo agora como mudar para fontes energticas sustentveis, de maneira que no percamos eficincia, pelo contrrio; e que mais pessoas tenham acesso a energia, mas que tenhamos alternativas limpas e no poluentes. O que deve embasar as principais discusses sobre energia sustentvel que possvel perseguir tanto a viabilidade econmica quanto a responsabilidade social sem que isso acarrete perdas (ETHOS, 2012).

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    5.7.3 Aquecimento Global:

    Todos os dias acompanhamos na televiso, nos jornais e revistas as catstrofes climticas e as mudanas que esto ocorrendo, rapidamente, no clima mundial. Nunca se viu mudanas to rpidas e com efeitos devastadores como tem ocorrido nos ltimos anos.

    A Europa tem sido castigada por ondas de calor de at 40 graus centgrados, ciclones atingem o Brasil (principalmente a costa sul e sudeste), o nmero de desertos aumenta a cada dia, fortes furaces causam mortes e destruio em vrias regies do planeta e as calotas polares esto derretendo (fator que pode ocasionar o avano dos oceanos sobre cidades litorneas). O que pode estar provocando tudo isso? Os cientistas so unnimes em afirmar que o aquecimento global est relacionado a todos estes acontecimentos.

    Pesquisadores do clima mundial afirmam que este aquecimento global est ocorrendo em funo do aumento da emisso de gases poluentes, principalmente, derivados da queima de combustveis fsseis (gasolina, diesel, etc), na atmosfera. Estes gases (oznio, dixido de carbono, metano, xido nitroso e monxido de carbono) formam uma camada de poluentes, de difcil disperso, causando o famoso efeito estufa. Este fenmeno ocorre, pois, estes gases absorvem grande parte da radiao infra-vermelha emitida pela Terra, dificultando a disperso do calor.

    O desmatamento e a queimada de florestas e matas tambm colabora para este processo. Os raios do Sol atingem o solo e irradiam calor na atmosfera. Como esta camada de poluentes dificulta a disperso do calor, o resultado o aumento da temperatura global. Embora este fenmeno ocorra de forma mais evidente nas grandes cidades, j se verifica suas conseqncias em nvel global.

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    Solues para diminuir o Aquecimento Global

    Diminuir o uso de combustveis fsseis (gasolina, diesel, querosene) e aumentar o uso de bicombustveis (exemplo: biodiesel) e etanol.

    Os automveis devem ser regulados constantemente para evitar a queima de combustveis de forma desregulada. O uso obrigatrio de catalisador em escapamentos de automveis, motos e caminhes.

    Instalao de sistemas de controle de emisso de gases poluentes nas indstrias.

    Ampliar a gerao de energia atravs de fontes limpas e renovveis: hidreltrica, elica, solar, nuclear e maremotriz. Evitar ao mximo a gerao de energia atravs de termoeltricas, que usam combustveis fsseis.

    Sempre que possvel, deixar o carro em casa e usar o sistema de transporte coletivo (nibus, metr, trens) ou bicicleta.

    Colaborar para o sistema de coleta seletiva de lixo e de reciclagem.

    Recuperao do gs metano nos aterros sanitrios.

    Usar ao mximo a iluminao natural dentro dos ambientes domsticos.

    No praticar desmatamento e queimadas em florestas. Pelo contrrio, deve-se efetuar o plantio de mais rvores como forma de diminuir o aquecimento global.

    Uso de tcnicas limpas e avanadas na agricultura para evitar a emisso de carbono.

    Implementao de programas de reflorestamento e arborizao, principalmente nos grandes centros urbanos.

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    Construo de prdios com implantao de sistemas que visem economizar energia (uso da energia solar para aquecimento da gua e refrigerao).

    Efeitos do Aquecimento Global no planeta Caso o homem no diminua a emisso de gases do efeito estufa nos prximos anos,

    podemos enfrentar as seguintes consequncias:

    Desertificao: com o aumento da temperatura global pode transformar florestas em

    desertos ou savanas. A Floresta Amaznica poderia ser drasticamente afetada e transformada em savana.

    Derretimento das geleiras dos plos do planeta: este efeito j notado e tem

    causado o aumento no nvel das guas dos oceanos e prejudicado a vida de espcies animais que vivem nestas regies. Este efeito tambm pode provocar o alagamento de diversas cidades costeiras no mundo. Os topos de algumas montanhas, que antes eram cobertas por gelo, tambm esto sofrendo com o aquecimento global. Este efeito tem modificado o ciclo de vida da fauna nestas montanhas, podendo provocar a mdio prazo a extino de animais.

    Migraes em massa de pessoas: o alagamento de cidades e o aquecimento da

    temperatura em algumas regies do mundo, podem provocar a migrao de milhes de pessoas, provocando srios problemas sociais nas regies que recebero estes migrantes.

    Problemas na agricultura: o aumento da temperatura global pode provocar srios

    problemas na agricultura. Diminuindo a produo de alimentos no mundo, podemos ter milhes de pessoas morrendo de fome, principalmente nas reas mais pobres do planeta.

    Epidemias: o aumento da temperatura pode elevar a quantidade de mosquitos

    transmissores de doenas, principalmente em regies tropicais e equatoriais. Doenas como a dengue e a malria podem fazer milhes de vtimas nestas reas. Pode tambm haver a migrao destes mosquitos para regies que antes possuam clima frio, disseminando ainda mais estas doenas pelo mundo.

    Desastres ambientais: o aumento da temperatura global pode aumentar a quantidade e fora de furaces e tornados em vrias regies do planeta.

    As principais causas do aquecimento global

    Aumento da emisso dos gases do efeito estufa - causado, principalmente, pelo

    aumento do uso de combustveis fsseis (gasolina e diesel).

    Queimadas de matas e florestas - alm de reduzir a quantidade de rvores, que

    servem como reguladoras da temperatura, as queimadas jogam gases poluentes na atmosfera.

    Desmatamento - tem ocorrido, principalmente em pases em desenvolvimento, como

    forma de ampliar as reas para agricultura e pastagem de animais, alm da explorao de madeira. Com menos cobertura de rvores e plantas, aumenta a temperatura do meio ambiente.

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    Desenvolvimento urbano sem planejamento - diminui as reas verdes nas cidades, aumentando a quantidade de concreto. Esse fato favorece a formao de ilhas de calor.

    Desertificao - queimadas e desmatamento podem resultar no processo de

    desertificao (formao de desertos) em vrias regies do mundo.

    Fonte: http://www.suapesquisa.com/geografia/aquecimento_global.htm

    5.7.4 Crditos de carbono ou Reduo Certificada de Emisses (RCE):

    So certificados emitidos para uma pessoa ou empresa que reduziu a sua emisso de gases do efeito estufa (GEE).

    Por conveno, uma tonelada de dixido de carbono (CO2) corresponde a um crdito de carbono. Este crdito pode ser negociado no mercado internacional. A reduo da emisso de outros gases, igualmente geradores do efeito estufa, tambm pode ser convertida em crditos de carbono, utilizando-se o conceito de Carbono Equivalente.

    Comprar crditos de carbono no mercado corresponde aproximadamente a comprar uma permisso para emitir GEE. O preo dessa permisso, negociado no mercado, deve ser necessariamente inferior ao da multa que o emissor deveria pagar ao poder pblico, por emitir

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    GEE. Para o emissor, portanto, comprar crditos de carbono no mercado significa, na prtica, obter um desconto sobre a multa devida.

    Acordos internacionais como o Protocolo de Kyoto determinam uma cota mxima de GEE que os pases desenvolvidos podem emitir. Os pases, por sua vez, criam leis que restringem as emisses de GEE. Assim, aqueles pases ou indstrias que no conseguem atingir as metas de redues de emisses, tornam-se compradores de crditos de carbono. Por outro lado, aquelas indstrias que conseguiram diminuir suas emisses abaixo das cotas determinadas, podem vender, a preos de mercado, o excedente de "reduo de emisso" ou "permisso de emisso" no mercado nacional ou internacional.

    Os pases desenvolvidos podem estimular a reduo da emisso de gases causadores do efeito estufa (GEE) em pases em desenvolvimento atravs do mercado de carbono, quando adquirem crditos de carbono provenientes destes ltimos.

    Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%A9ditos_de_carbono

    Protocolo de Kyoto Constitui-se no protocolo de um tratado internacional com compromissos mais rgidos para

    a reduo da emisso dos gases que agravam o efeito estufa, considerados, de acordo com a maioria das investigaes cientficas, como causa antropognicas do aquecimento global.

    Discutido e negociado em Kyoto no Japo em 1997, foi aberto para assinaturas em 11 de Dezembro de 1997 e ratificado em 15 de maro de 1999. Sendo que para este entrar em vigor precisou que 55 pases, que juntos, produzem 55% das emisses, o ratificassem, assim entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005, depois que a Rssia o ratificou em Novembro de 2004.

    Por ele se prope um calendrio pelo qual os pases-membros (principalmente os desenvolvidos) tm a obrigao de reduzir a emisso de gases do efeito estufa em, pelo menos, 5,2% em relao aos nveis de 1990 no perodo entre 2008 e 2012, tambm chamado de primeiro perodo de compromisso (para muitos pases, como os membros da UE, isso corresponde a 15% abaixo das emisses esperadas para 2008).

    As metas de reduo no so homogneas a todos os pases, colocando nveis diferenciados para os 38 pases que mais emitem gases. Pases em franco desenvolvimento (como Brasil, Mxico, Argentina e ndia) no receberam metas de reduo, pelo menos momentaneamente.

    A reduo dessas emisses dever acontecer em vrias atividades econmicas. O protocolo estimula os pases signatrios a cooperarem entre si, atravs de algumas aes bsicas:

    Reformar os setores de energia e transportes;

    Promover o uso de fontes energticas renovveis;

    Eliminar mecanismos financeiros e de mercado inapropriados aos fins da Conveno;

    Limitar as emisses de metano no gerenciamento de resduos e dos sistemas energticos;

    Proteger florestas e outros sumidouros de carbono. Se o Protocolo de Kyoto for implementado com sucesso, estima-se que a temperatura

    global reduza entre 1,4C e 5,8 C at 2100, entretanto, isto depender muito das negociaes ps perodo 2008/2012, pois h comunidades cientficas que afirmam categoricamente que a meta de reduo de 5% em relao aos nveis de 1990 insuficiente para a mitigao do aquecimento global.

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    Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Protocolo_de_Kyoto

    5.7.5 O que a camada de oznio e sua importncia

    Camada de oznio uma rea da estratosfera (altas camadas da atmosfera, de 25 a 35 km de altitude) que possui uma elevada concentrao de oznio. Esta camada funciona como uma espcie de "escudo protetor" para o planeta Terra, pois absorve cerca de 98% da radiao ultravioleta de alta freqncia emitida pelo Sol. Sem esta camada a vida humana em nosso planeta seria praticamente impossvel de existir.

    O buraco na camada de oznio Em 1983, pesquisadores fizeram uma descoberta que gerou muita preocupao: havia um

    buraco na camada de oznio na rea da estratosfera sobre o territrio da Antrtica. Este buraco era de grandes propores, pois tinha cerca de 10 milhes de quilmetros quadrados. Na dcada de 1980 outros buracos de menor proporo foram encontrados em vrios pontos da estratosfera. Com o passar do tempo, estes buracos foram crescendo (principalmente o que fica sobre a Antrtica), sendo que em setembro de 1992 chegou a totalizar 24,9 milhes de quilmetros quadrados.

    Causas do buraco na camada de oznio A principal causa a reao qumica dos CFCs (clorofluorcarbonos) com o oznio. Estes

    CFCs esto presentes, principalmente, em aerossis, ar-condicionado, gs de geladeira, espumas plsticas e solventes. Os CFCs entram em processo de decomposio na estratosfera, atravs da atuao dos raios ultravioletas, quebrando as ligaes do oznio e destruindo suas molculas.

    Conseqncias: A existncia de buracos na camada de oznio preocupante, pois a radiao no

    absorvida chega ao solo, podendo provocar cncer de pele nas pessoas, pois os raios ultravioletas alteram o DNA das clulas.

    O buraco na camada de oznio tambm tem uma leve relao com o aumento do aquecimento global.

    Proteo da camada de oznio Na dcada de 1990, alarmados com a gravidade do problema ambiental que estava

    aumentando a cada dia, rgos internacionais, governos e instituies ligadas ao meio ambiente buscaram tomar medidas prticas para evitar o aumento do buraco na camada de oznio. OS CFCs foram proibidos em diversos pases e seu uso descontinuado aos poucos em outros. Com isso, houve uma queda no crescimento dos buracos. Em setembro de 2011, o tamanho era de 26 milhes de quilmetros quadrados. Ainda um problema, porm o ritmo de crescimento diminuiu muito.

    O consumo de substncias que provocam a destruio na camada de oznio tambm diminuiu consideravelmente no mundo todo. Em 1992 era de cerca de 690 mil toneladas, passando

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    para cerca de 45 mil toneladas em 2011. Com a intensificao da fiscalizao e conscientizao dos consumidores, espera-se que este nmero caia ainda mais. De acordo com cientistas, a camada de oznio deve se normalizar por volta de 2050, caso a reduo no uso dos CFCs continue no mesmo nvel.

    Fonte: http://www.suapesquisa.com/ecologiasaude/buraco_camada_ozonio.htm

    5.8 Sinergia entre os Capitais:

    Capital Ambiental - So os recursos provindos do meio ambiente, resultantes do

    uso sustentvel pelos seres humanos, promovendo uma interao cada vez maior entre o legado que nossa espcie recebeu da natureza e aquele que devemos oferecer prxima gerao e s demais sucessivamente.

    Capital Produtivo - So os recursos intangveis e tangveis capazes de gerar riquezas e possibilitar a criao de oportunidades de trabalho e renda para as pessoas de uma comunidade.

    Capital Humano - So os valores, atitudes, conhecimentos e habilidades de uma

    comunidade, que permitem s pessoas desenvolverem seu potencial, aproveitar as oportunidades que lhes so colocadas e se inserirem produtivamente no mundo do trabalho.

    Capital Social - a capacidade da sociedade de formular objetivos comuns de

    longo prazo (viso de futuro), de gerar coeso social em torno desses objetivos e de manter uma constncia de propsito ao longo do tempo.

    O desenvolvimento sustentvel s pode efetivamente se dar se estas quatro grandezas, ou

    foras, ou fatores, evolurem de forma simultnea, harmnica e cooperativa, com potenciaes, sinergias e retro alimentaes.

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    Fonte: http://www.pratigi.org/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=1101%3Atechnology&catid=85%3Aiceslider-

    carouselslide-&lang=us

    5.9 Qualidade de Vida: Qualidade de vida o mtodo usado para medir as condies de vida de um ser humano.

    Envolve o bem fsico, mental, psicolgico e emocional, alm de relacionamentos sociais, como famlia e amigos e tambm a sade, educao, poder de compra, habitao, saneamento bsico e outras circunstncias da vida. No deve ser confundida com padro de vida, uma medida que quantifica a qualidade e quantidade de bens e servios disponveis.

    O ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) uma medida comparativa usada para

    classificar os pases pelo seu grau de "desenvolvimento humano" e para separar os pases desenvolvidos (muito alto desenvolvimento humano), em desenvolvimento (desenvolvimento humano mdio e alto) e subdesenvolvidos (desenvolvimento humano baixo). A estatstica composta a partir de dados de expectativa de vida ao nascer, educao e PIB (PPC) per capita (como um indicador do padro de vida) recolhidos a nvel nacional. Cada ano, os pases membros da ONU so classificados de acordo com essas medidas. O IDH tambm usado por organizaes locais ou empresas para medir o desenvolvimento de entidades subnacionais como estados, cidades, aldeias, etc.

    O ndice foi desenvolvido em 1990 pelos economistas Amartya Sen e Mahbub ul Haq, e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento no seu relatrio anual.

    O IDH surge no Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e no Relatrio de Desenvolvimento Humano (RDH). Estes foram criados e lanados pelo economista paquistans Mahbub ul Haq em 1990 e teve como objetivo explcito: "Desviar o foco do desenvolvimento da economia e da contabilidade de renda nacional para polticas centradas em pessoas."

    [2] Para produzir os RDHs, Mahbub ul Haq reuniu um grupo de economistas bem

    conhecidos, incluindo: Paul Streeten, Frances Stewart, Gustav Ranis, Keith Griffin, Sudhir Anand e

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    Meghnad Desai. Mas foi o trabalho de Amartya Sen sobre capacidades e funcionamentos que forneceu o quadro conceptual subjacente. Haq tinha certeza de que uma medida simples, composta pelo desenvolvimento humano, seria necessria para convencer a opinio pblica, os acadmicos e as autoridades polticas de que podem e devem avaliar o desenvolvimento no s pelos avanos econmicos, mas tambm pelas melhorias no bem-estar humano. Sen, inicialmente se ops a esta ideia, mas ele passou a ajudar a desenvolver, junto com Haq, o ndice de Desenvolvimento Humano (IDH). Sen estava preocupado de que seria difcil capturar toda a complexidade das capacidades humanas em um nico ndice, mas Haq o convenceu de que apenas um nmero nico chamaria a ateno das autoridades para a concentrao econmica do bem-estar humano.

    Critrios de avaliao: A partir do relatrio de 2010, o IDH combina trs dimenses:

    Uma vida longa e saudvel: Expectativa de vida ao nascer

    O acesso ao conhecimento: Anos Mdios de Estudo e Anos Esperados de Escolaridade

    Um padro de vida decente: PIB (PPC) per capita At 2009, o IDH usava os trs ndices seguintes como critrio de avaliao: ndice de educao: Para avaliar a dimenso da educao o clculo do IDH considera

    dois indicadores. O primeiro, com peso dois, a taxa de alfabetizao de pessoas com 15 anos ou mais de idade na maioria dos pases, uma criana j concluiu o primeiro ciclo de estudos (no Brasil, o Ensino Fundamental) antes dessa idade. Por isso a medio do analfabetismo se d, tradicionalmente a partir dos 15 anos. O segundo indicador a taxa de escolarizao: somatrio das pessoas, independentemente da idade, matriculadas em algum curso, seja ele fundamental, mdio ou superior, dividido pelo total de pessoas entre 7 e 22 anos da localidade. Tambm entram na contagem os alunos supletivo, de classes de acelerao e de ps-graduao universitria, nesta rea tambm est includo o sistema de equivalncias Rvcc ou Crvcc, apenas classes especiais de alfabetizao so descartadas para efeito do clculo.

    Longevidade: O item longevidade avaliado considerando a expectativa de vida ao

    nascer. Esse indicador mostra a quantidade de anos que uma pessoa nascida em uma localidade, em um ano de referncia, deve viver. Reflete as condies de sade e de salubridade no local, j que o clculo da expectativa de vida fortemente influenciado pelo nmero de mortes precoces.

    Renda: A renda calculada tendo como base o PIB per capita (por pessoa) do pas. Como

    existem diferenas entre o custo de vida de um pas para o outro, a renda medida pelo IDH em dlar PPC (Paridade do Poder de Compra), que elimina essas diferenas.

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    Fonte: http://limiaretransformacao.blogspot.com.br/2011/11/brasil-melhora-idh-mas-ritmo-de.html 02-nov-2011.

    5.10 Os trs pilares do Desenvolvimento Sustentvel: A imagem do trip perfeita para entender a sustentabilidade. No trip esto contidos os

    aspectos econmicos, ambientais e sociais, que devem interagir, de forma holstica, para satisfazer o conceito. Sem estes trs pilares a sustentabilidade no se sustenta. Ainda so discutidos novos pilares, como a questo cultural, tecnolgica, para complementar a sustentao da questo como um todo. importante verificar que esses conceitos podem ser aplicados tanto de maneira macro, para um pas ou prprio planeta, como micro, sua casa ou uma pequena vila agrria.

    Social Trata-se do capital humano de um empreendimento, comunidade, sociedade como um todo. Alm de salrios justos e estar adequado legislao trabalhista, preciso pensar em outros aspectos como o bem estar dos seus funcionrios, propiciando, por exemplo, um ambiente de trabalho agradvel, pensando na sade do trabalhador e da sua famlia. Alm disso, imprescindvel ver como a atividade econmica afeta as comunidades ao redor. Nesse item, esto contidos tambm problemas gerais da sociedade como educao, violncia e at o lazer. Ambiental Refere-se ao capital natural de um empreendimento ou sociedade. a perna ambiental do trip. Aqui assim como nos outros itens, importante pensar no pequeno, mdio e longo prazo. A princpio, praticamente toda atividade econmica tem impacto ambiental negativo. Nesse aspecto, a empresa ou a sociedade deve pensar nas formas de amenizar esses impactos e compensar o que no possvel amenizar. Assim uma empresa que usa determinada matria-prima deve planejar formas de repor os recursos ou, se no possvel, diminuir o mximo possvel o uso desse material, assim como saber medir a pegada de carbono do seu processo produtivo,

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    que, em outras palavras, quer dizer a quantidade de CO2 emitido pelas suas aes. Alm disso, obviamente, deve ser levada em conta a adequao legislao ambiental e a vrios princpios discutidos atualmente como o Protocolo de Kyoto. Para uma determinada regio geogrfica, o conceito o mesmo e pode ser adequado, por exemplo, com um srio zoneamento econmico da regio.

    Econmica A palavra economia, no dicionrio, definida como Organizao de uma casa, financeira e materialmente. Com o passar dos anos, sculos, a palavra economia foi direcionada apenas vertente dos negcios ou no sentido da poupana e economia. Este pilar traz o retorno do significado de cuidar da casa, afincado pelos gregos na Antiguidade. So analisados os temas ligados produo, distribuio e consumo de bens e servios e deve-se levar em conta os outros dois aspectos. Ou seja, no adianta lucrar devastando, por exemplo. Para evitar que isso ocorra os estilos de vida das naes ricas e as economias mundiais tm de ser reestruturadas, visando a preservao do meio ambiente, ainda que questes como essas esbarrem nos interesses de poderosos grupos econmicos.

    Fonte: http://marcosaratu.blogspot.com.br/2011_03_01_archive.html O modelo tambm chamado Triple Bottom Line e ganhou popularidade, citado com

    muita frequncia e inspirou diversas variaes. Uma dessas variaes o modelo dos 3P`s de Profit, People e Planet (lucro, Pessoas e Planeta), que representam 3 dimenses da sustentabilidade: a econmica, a social e a ambiental.

    5.11 Novo paradigma: pensar localmente e agir localmente:

    Embora o slogan Pensar Globalmente Agir Localmente tenha se originado no mundo do marketing empresarial foi na ECO-92, no Rio de Janeiro, que ele foi incorporado, na tentativa de implantao da Agenda 21 Global como um instrumento base para se construir o desenvolvimento

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    sustentvel. Esta Agenda estabeleceu os princpios para que todos os pases e regies do mundo pudessem adotar as condies da sua sustentabilidade rumo ao crescimento econmico global, ambientalmente no predatrio e socialmente no excludente.

    No entanto, a degradao ambiental se estabeleceu acompanhada da desigualdade social, conduzindo a um cenrio em que a misria se associa fortemente aos problemas ambientais. Pode a crise scio-ambiental colocar limites ao crescimento econmico global? Poderia o territrio, lugar onde se articulam identidades culturais com potenciais produes ecolgicas, se constituir em lugar para uma agricultura em que se deva pensar localmente e agir localmente?

    Considerando o conceito de territorialidade e os princpios da agroecologia como bases tericas acredita-se ser possvel colocar a diversidade biolgica e sociocultural no centro do desenvolvimento visto como sustentvel, sem que isso implique em uma desconexo da realidade