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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS (UEA) ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS (ESO) CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS (MODALIDADE PRESENCIAL MEDIADO) ECONOMIA POLÍTICA Prof. Dr. Sylvio Mário Puga Prof. Msc. Neuler André S. de Almeida Manaus 2012

Apostila Economia Politica

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Economia Politica

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  • UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS (UEA) ESCOLA SUPERIOR DE CINCIAS SOCIAIS (ESO)

    CURSO DE CINCIAS ECONMICAS (MODALIDADE PRESENCIAL MEDIADO)

    ECONOMIA POLTICA

    Prof. Dr. Sylvio Mrio Puga Prof. Msc. Neuler Andr S. de Almeida

    Manaus 2012

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    APOSTILA ECONOMIA POLTICA

    I - EMENTA: A gnese da Economia Poltica: O contexto histrico da Economia Poltica; Produo e Consumo; Distribuio e Troca; A Teoria do Valor em Marx; A Teoria marxista da reproduo do capital. A transformao de valores em preos de produo. Teoria Marxista das Crises. Teoria marxista da renda da terra. Teoria marxista do capital financeiro.

    Objetivos do curso

    O aluno estar apto a compreender os conceitos bsicos da Economia Poltica;

    O aluno estar apto a identificar as principais Teorias Marxistas sobre a produo, consumo, trabalho e valor;

    O aluno estar apto a analisar a relao entre capital e trabalho a partir da Economia Poltica em nvel Nacional Regional e Internacional.

    Introduo

    O que se pode e o que se deve entender exatamente por economia poltica, nos dias de hoje? No sculo XIX, no haveria dvida em relao ao seu significado: a expresso era usada para designar uma determinada rea do conhecimento, ou campo da cincia, voltada para o estudo dos problemas da sociedade humana relacionados com a produo, acumulao, circulao e a distribuio de riquezas, bem como para as proposies de natureza prtica a eles associadas. Em sua Contribuio crtica da Economia Poltica, Karl Marx no capitulo intitulado Apontamento para uma histria da mercadoria ele afirma textualmente que a economia poltica clssica comea na Inglaterra, com Adam Smith e na Frana, com Willian Petty e termina na Inglaterra com David Ricardo. Em qualquer caso no entanto seja no dos que simplesmente

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    preservam a antiga designao para tratar dos problemas da economia moderna, com as melhores intenes, pretendem avanar no conhecimento da interao entre o aspecto social, econmico e poltico da sociedade humana.

    Na busca de tentar entender um pouco melhor o que a Economia Poltica, sua importncia e contribuio para o desenvolvimento do senso critico referente politica econmica adotada pelos governos e o comportamento da dinmica das economias que regem as sociedades modernas. Foi assim, que elaboramos esta apostila que serve de suporte para as aulas tericas desta disciplina cujo, intuito que esta apostila sirva de ferramenta para o acompanhamento das aulas pelos alunos de economia do interior do estado.

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    Unidade 1 A gnese da Economia Poltica: O contexto histrico da Economia Poltica

    A Economia Poltica

    Formao Social: um termo que designa uma sociedade historicamente determinada, um todo social em um momento de sua existncia.

    A FS uma combinao particular, especfica, de vrios modos de produo puros. Assim, a FS constitui por si mesma uma unidade complexa na qual domina um certo modo de produo, que determina o carter dos outros.

    Economia Poltica: a cincia social que estuda a produo, a distribuio e o consumo dos bens e servios que so utilizados para satisfazer as necessidades humanas.

    Problema econmico fundamental: Os desejos e necessidades de uma sociedade so ilimitados e os recursos para efetivar-se a produo dos bens e servios que devem atend-los so limitados.

    O que produzir: o dilema da escolha que a sociedade ter que fazer, diante do leque de possibilidades de produo;

    Como produzir: sociedade ter que escolher tambm quais os recursos produtivos que sero utilizados para a produo dos bens e servios elegidos dado o nvel tecnolgico existente;

    Para quem produzir: a sociedade ter tambm que decidir como os seus membros participaro da distribuio dos resultados de sua produo, ou seja, se todos participaro igualmente desses resultados ou, em caso contrrio, quais deles sero os mais ou menos beneficiados.

    A maneira como esses problemas so resolvidos depende do modo de produo predominante (sistema econmico).

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    O contexto social da escola mercantilista

    Doutrina econmica que apareceu entre a idade mdia e o perodo de triunfo do laissez-faire, embora as datas variem em pases e regies diferentes.

    Revoluo Comercial: conjunto de mudanas que marca a transio da economia esttica e contrria ao lucro, dos fins da Idade Mdia, para o dinmico regime capitalista do sculo XV e seguintes.

    Causas da Revoluo Comercial

    A conquista do monoplio comercial do Mediterrneo pelas cidades italianas;

    o desenvolvimento de um lucrativo comrcio entre as cidades italianas e os mercadores da Liga Hansetica, no norte da Europa;

    a introduo de moedas de circulao geral, como o ducado veneziano e o florim toscano;

    a acumulao de capitais excedentes, frutos das especulaes comerciais, martimas ou de minerao;

    a procura de materiais blicos e o estmulo dado pelos novos monarcas ao desenvolvimento do comrcio, afim de criar mais riquezas tributveis; e

    a procura de produtos oriundos do extremo Oriente

    Essa combinao de fatores deu aos homens do comeo da Renascena novos horizontes de opulncia e poder e dotou-os com parte do equipamento necessrio expanso dos negcios.

    Era inevitvel a insatisfao com o acanhado ideal das corporaes medievais, que proibia o comrcio lucrativo.

    A essncia da Escola Mercantilista

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    Os mercantilistas consideravam o ouro e a prata como a forma mais desejvel de riqueza.

    Para acumular esse metal, propunham a obteno de excedente de exportaes, necessrias para um Pas que deseja receber pagamentos em moeda.

    Os mercantilistas promoveram o nacionalismo. O lucro de um homem representa o prejuzo de outro. (...) Nenhum homem pode receber lucros exceto pelo prejuzo de outros (Michel de Montaigne)

    O nacionalismo mercantilista implicava em militarismo.

    nfase sobre as exportaes e relutncia em importar.

    Os capitalistas mercantes acreditavam na dominao e explorao de colnias e no monoplio do comrcio em seu prprio benefcio. (As colnias eternamente dependentes).

    Para promover seus interesses comerciais, os mercantilistas acreditavam no livre comrcio dentro do pas , isto , opunham-se a impostos internos, taxas e outras restries sobre o movimento de bens, o que no quer dizer que eram favorveis entrada de qualquer pessoa no ramo do comrcio.

    O mercantilismo favorecia a existncia de um governo centralizado forte para garantir a regulamentao dos negcios. (garantir regulamentao nacional uniforme).

    Embora o mercantilismo promovesse riqueza para a nao, no encorajava a riqueza para a maioria da populao.

    A Quem serviu a Escola Mercantilista?

    Aos capitalistas mercantes;

    Aos Reis e a seus seguidores imediatos;

    Aos mais poderosos e fortalecidos, que possuam monoplios, detinham privilgios e outros favores oficiais;

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    Validade, utilidade e adequao, na poca

    Com o rpido crescimento do comrcio que exigia uma maior circulao e a existncia de um deficiente sistema bancrio, justificavam a acumulao metalista;

    Sem um sistema de finanas internacionais desenvolvido, a acumulao de metais preciosos desempenhou um importante papel na efetuao dos pagamentos internacionais;

    O uso da teoria quantitativa da moeda;

    Mudanas de atitude em relao aos comerciantes e prtica do lucro;

    Promoo do nacionalismo;

    Como fomos influenciados pelo Mercantilismo?

    Desenvolvimento do sistema bancrio que superou a necessidade de as trocas basearem-se em moedas de ouro ou prata;

    Os bens de capital passaram a ser a ser itens mais importantes de riqueza do que o ouro e a prata;

    O crescimento conseguido desencadeou grandes transformaes e mudanas de comportamentos;

    Atualmente existem polticas e idias que se assemelham s mercantilistas:

    O Nacionalismo

    Protecionismo

    Garantias de monoplios para encorajar novos investimentos.

    Os Autores Mercantilistas

  • Comerciante Ingls, nascido em Londres e reconhecido como um dos mais destacados membro

    Foi um ativo e prspero comerciante na Itlia e Oriente, onde fez grande riqueza. Regressou a Londres, onde foi membro do conselho e diretor da Companhia das ndias Orientais.

    Em 1621 publicou Indies.

    principal tese: enquanto as exportaes totais excedessem as importaes totais, a drenagem de espcies de um pas em qualquer ramo de comrcio no importava;

    Analisando o balano de pagamentos totais, foi quem primeiro incluiu itens invisveis.

    GERARD MALYNES

    Mercador no comrcio exterior;

    No sendo bem sucedido, passou uma temporada na priso de devedores;

    Comissrio britnico de comrcio na Blgica;

    Comerciante Ingls, nascido em Londres e reconhecido como um dos membro da escola mercantilista.

    Foi um ativo e prspero comerciante na Itlia e Oriente, onde fez grande riqueza. Regressou a Londres, onde foi membro do conselho e diretor da Companhia das ndias Orientais.

    Em 1621 publicou A Discourse of Trade from England unto t

    principal tese: enquanto as exportaes totais excedessem as importaes totais, a drenagem de espcies de um pas em qualquer ramo de comrcio no importava;

    Analisando o balano de pagamentos totais, foi quem primeiro incluiu

    Mercador no comrcio exterior;

    No sendo bem sucedido, passou uma temporada na priso de

    Comissrio britnico de comrcio na Blgica;

    Thomas Mun (1571-1641)

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    Comerciante Ingls, nascido em Londres e reconhecido como um dos

    Foi um ativo e prspero comerciante na Itlia e Oriente, onde fez grande riqueza. Regressou a Londres, onde foi membro do conselho e diretor

    A Discourse of Trade from England unto the East

    principal tese: enquanto as exportaes totais excedessem as importaes totais, a drenagem de espcies de um pas em qualquer

    Analisando o balano de pagamentos totais, foi quem primeiro incluiu

    No sendo bem sucedido, passou uma temporada na priso de

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    Assessor governamental nas questes de comrcio e da moeda.

    Embora achasse que o comrcio e trfico fossem saudveis, elaborou uma lista dos que estavam isentos de serem mercadores;

    Defendia a regulamentao dos bens para assegurar a boa qualidade;

    Tinha pavor da superpopulao e por isso defendia o apoio aos mercadores que objetivassem descobrir novas terras;

    Mais dinheiro, elevados preos bons negcios

    Escritor ingls que tratou dos temas polticos e econmicos.

    Entre sus obras sobre estas materias, se destaca: Discourses on the Publick Revenues and on the Trade of England (2 vols. 1698), em que estuda amplamente o comrcio regional da frica, Indias Orientais e ilhas do Pacfico.

    Passou grande parte de sua vida ocupando cargos governamentais relacionados arrecadao de impostos e ao controle de importaes e importaes;

    Membro do Parlamento

    Embora se mostrasse um iluminista ou um ecltico, que tentou combinar o novo com o velho, no passava de um mercantilista ortodoxo;

    CHARLES DAVENANT (1656-1714)

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    Reagiu contra o Ato do Sepultamento em Mortalha de L;

    Defendeu o benefcio do valor completo;

    Preferia as guerras dentro do pas s no exterior;

    Defendeu a regulamentao governamental dos negcios.

    Marques de Seignelay

    Ministro das Finanas (1661),

    Controlador Geral (1665),

    Superintendente das Artes e Manufaturas (1664),

    Secretrio de Estado

    Representa o corao e a alma do mercantilismo na Frana, que por isso passou a chamar-se de COLBERTISMO;

    Defensor da acumulao de metais preciosos;

    JEAN BAPTISTE COLBERT (Reims, 1619-Paris, 1683)

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    Acreditava que a fora do estado depende de suas finanas, que depende da arrecadao de impostos;

    Apoiava a expanso de exportaes, reduo de importaes e leis que impedissem a sada de ouro do Pas;

    Arquinacionalista e Militar, acreditava que apenas quatro atividades eram importante: agricultura, comrcio, guerra em terra e guerra no mar;

    As Colnias eram importantes como mercado e fontes de matrias-prima;

    Era necessria uma grande navegao e marinha mercante;

    Um pas s fica mais rico s custa de outros;

    O comrcio uma guerra contnua e amarga entre naes em busca de vantagens econmicas;

    Defendeu a regulamentao governamental dos negcios com fortes caractersticas feudais;

    Foi marinheiro, fsico, professor de anatomia, inventor, pesquisador e membro do parlamento, estatstico e grande proprietrio de terras;

    Defensor do pleno emprego;

    SIR WILLIAM PETTY (1623-1687)

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    Apoiava um comrcio exterior mais livre, para evitar o contrabando;

    Apoiava a sbre taxa nas importaes de bens de consumo que eram produzidos internamente;

    Apoiava a produo mais que o comrcio

    A Escola Fisiocrata

    Foi desenvolvida na Frana entre 1756 - 1776

    Teve como marco inicial a publicao do Artigo de Quesnay intitulado Grande Encyclopdie;

    Apesar de ter subsistido formalmente por apenas duas dcadas, provocou influncias por muito mais tempo.

    O Contexto Social da Escola

    Sobre a proibio de importao de mercadorias. A respeito escreve Nicholas Bardon, na obra A Discourse of Trade:

    A proibio do comrcio a causa de sua decadncia, pois todos os produtos estrangeiros so trazidos pela troca com as mercadorias locais, assim, proibindo-se qualquer mercadoria estrangeira, impede-se o fabrico e exportao de parte correspondente da mercadoria nacional, que pela primeira costumava ser trocada. Os artfices e mercadores que trabalham em tais mercadorias perdem seu comrcio...

    Sobre o argumento da balana de comrcio. A respeito escreveu Dudley North, no livro Discourse Upon Trades:

    No h muito, houve grande agitao com pesquisas sobre a balana de exportao e importao, e com a balana de comrcio, como diziam. Imaginava-se que, se trouxssemos mais

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    mercadorias do que mandvamos para fora, estvamos a caminho da runa. Pode parecer estranho ouvirmos dizer, hoje, que todo o mundo , quanto ao comrcio, apenas uma nao ou um povo, e que as naes so como pessoas... ... Que no pode haver comrcio sem lucro para o pblico, pois quando no h lucros, o comrcio abandonado... ... Quando nenhuma lei pode estabelecer prmios, ao comrcio, pois estes devem vir por si mesmos. Equanto essas leis so baixadas em qualquer pas, constituem um empecilho ao comrcio, e, portanto, so prejudiciais.

    Sobre a poltica mercantiliste dos monoplios, escreveu Joseph Tucker:

    Nossos monoplios, companhias pblicas e companhias por aes so um prejuzo e destruio para o comrcio livre... Toda a nao sofre em seu comrcio, e fica privada do comrcio com mais de trs quartos do Globo, para enriquecer alguns diretores ambiciosos. Eles se enriquecem dessa forma, ao passo que o pblico se torna pobre.

    Sobre a noo mercantilista da importncia que para um pas tinha o estoque de ouro e prata, escreveu David Hume:

    Um grande tesouro no traz vantagens duradouras para um pas... ... Em conseqncia do comrcio internacional, todo pas com um dinheiro metlico consegue o volume de ouro que estabelece seus preos de modo a equilibrar as importaes e as importaes... ... Se considerarmos qualquer reino em si, evidente que a maior ou menor abundncia de dinheiro no tem importncia: pois o preo das mescadoris sempre proporcional abundncia do dinheiro.

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    As Estruturas

    A estrutura econmica desenvolvida pelo Colbertismo, principalmente pela regulamentao detalhada da produo;

    A indstria foi prejudicada em seu desenvolvimento em funo dos impostos e tarifas e pedgios internos, que dificultava o movimento das mercadorias;

    A agricultura vivia sobrecarregada pelas condies impostas pela nobreza que era a proprietria das terras;

    As guildas continuaram a ser um grande obstculo ao impedir a entrada de mo-de-obra especializada em certas ocupaes;

    A escola Fisiocrata foi assim uma reao contra uma sociedade corrupta e decadente e a um mercantilismo com fortes caractersticas feudais.

    Controle demasiado da indstria estimulou a luta pela ausncia total de controle.

    Turgot escrevendo sobre Gournay:

    Espantou-se ele ao verificar que um cidado no podia fazer nem vender nada sem ter comprado o direito disso, conseguido, por alto preo, sua admisso numa corporao... Nem havia imaginado que um Reino onde a ordem de sucesso fora estabelecido apenas pela tradio... O governo teria condescendido em regulamentar, por leis expressas, o comprimento e largura de cada pea de tecido, o nmero de fios de que deve ser formada, e consagrar com o selo da legislatura quatro volumes in-quarto cheios desses detalhes importantes, bem como deixar numerosas leis ditadas pelo esprito monopolista. No o surpreendeu menos ver o governo ocupar-se da regulamentao de preos de

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    cada mercadoria, proibindo um tipo de indstria com a finalidade de fazer florescer outro... E julgar que assegurava a abundncia do cereal, tornando a situao do agricultor mais incerta e desgraada do que a de todos os outros cidados.

    Surpreso com a regulamentao excessiva, Gourmay queria ver a Frana livre dela e imaginou a famosa frase:

    laissez-faire, laissez-passer

    ...que tornou-se o lema dos fisiocratas franceses

    A essncia da Escola

    Os fisiocratas desenvolveram a idia da ordem natural: Na esfera econmica, o direito natural das pessoas era desfrutar seu prprio trabalho, desde que isso fosse coerente com o direito dos outros;

    Oposio a quase todas as restries feudais, mercantilista e governamentais;

    A indstria, o comrcio e as profisses eram teis mais estreis. Somente a agricultura era produtiva, pois criava um excedente, um produto lquido acima dos custos de produo;

    Somente os proprietrios de terras deveriam pagar impostos, porque a agricultura era a nica que gerava excedente;

    Condenava o consumo de produtos de luxo. Era um ato que dificultava a acumulao de capital;

    Consideravam a economia como um todo e analisavam o fluxo circular da riqueza.

    A quem a Escola Serviu?

    indstria

    agricultura

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    Ao comrcio interno de gros

    s exportaes de produtos agrcolas

    s importaes de produtos manufaturados.

    A utilidade da Escola

    Ao considerar a sociedade como um todo e analisando as leis que governam a circulao de riqueza, fundaram a Economia como cincia;

    Os Autores da Escola

    Mdico;

    Interessou-se por economia em 1750, depois que conheceu Vicent de Gournay (1712-1759), que era inspetor da qualidade de produtos de acordo com as marcas registradas e considerado o autor da famosa frase laissez-faire, laissez-passer;

    FRANOIS QUESNAY (1694-1774)

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    A sociedade era anloga ao organismo fsico. A circulao de riqueza de riqueza e de bens na economia era como a circulao do sangue no corpo;

    Tableu Economique (1758): precursor da anlise da renda nacional.

    A Escola Clssica

    O contexto social da escola

    O perodo de influncia da Escola Clssica pode ser datado de 1776, com a publicao da obra de Adam Smith, a 1871, quando Stanley Jevons e Carl Menger publicaram os trabalhos que deram origem teoria neoclssica.

    No Sculo XVII, a Inglaterra ocupava uma posio inferior da Holanda em comrcio, e inferior Frana em produo manufatureira.

    Em meados do Sculo XVIII, a Inglaterra assumiu supremacia em comrcio e indstria.

    A Revoluo Industrial, que em seqncia Revoluo Comercial, que foi o ponto de partida de rpidas e decisivas mudanas no campo econmico, no s ampliou ainda mais a esfera dos grandes empreendimentos comerciais mais ainda se estendeu aos domnios da produo.

    Em sntese, podemos dizer que a Revoluo Industrial compreendeu:

    1) A mecanizao da indstria e da agricultura;

    2) A aplicao da fora motriz industria;

    3) O desenvolvimento do sistema fabril;

    4) Um sensacional aceleramento dos transportes e das comunicaes;

    5) Um considervel acrscimo do controle capitalista sobre quase todos os ramos de atividades econmicas.

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    O Esquema Egosta de Thomas Hobbs

    O Sistema Egosta de Hobbs pode ser sintetizado na afirmao de um estado natural no qual cada comportamento humano somente possui como objetivo a mera autoconservao, ou egosmo, de cada indivduo, e do qual, se alguma vez se tornar possvel sua realizao integral, decorreria uma guerra geral e desagregadora entre os seres humanos.

    Consequncia dessa filosofia moral no terreno da poltica:

    Se os atos humanos no possuem outro objetivo natural que no o egosmo, torna-se impossvel a constituio da sociedade sem a interveno coercitiva do Estado;

    A poltica no considera simplesmente como a atividade ordenadora de uma sociedade que extrai seu prprio fundamento e seu prprio princpio de uma tendncia natural e espontnea dos homens no sentido da construo de um tecido de relaes recprocas estveis;

    A poltica converte-se no meio ao qual todos os homens so encaminhados pelo temor, como contrapartida a uma tendncia natural desagregao. Ou seja, a poltica chega a ser a prpria fonte da vida social. Portanto, inexiste uma sociedade civil que, em

    Thomas Hobbes 15881679

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    sua ordem natural, preceda logicamente ao Estado; ao contrrio, exatamente em virtude da constituio desse Estado que a sociedade se forma;

    Conseqentemente, a sociedade subsiste apenas enquanto os homens renunciem prpria liberdade, ou seja, segundo Hobbes, enquanto o homem renuncie s suas prprias tendncias centrfugas e destrutivas em favor da autoridade estatal, qualquer que seja a forma pela qual esta venha a se configurar constitucionalmente.

    Segundo Locke da natureza do homem um estado essencialmente bom, logo a existncia de contrastes, independente de uma perversidade natural, tem a ver com uma espcie de avareza da natureza fsica.

    O Estado, assim, no mais a fonte da sociedade civil, mas a simples garantia da PROPRIEDADE, que cada ser humano pode conquistar atravs do seu prprio trabalho A propriedade privada torna-se o nico argumento da moral econmica.

    A realidade do Estado, diferente da existente no Sistema Egosta, no implica na alienao da liberdade por parte dos seres humanos. Essa realidade configura o instrumento atravs do qual a LIBERDADE pode se desenvolver de forma plena, constituindo-se numa garantia contra qualquer tentativa de desordem.

    John Locke (16321704)

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    O Estado limita suas funes contnua conservao da ordem da sociedade civil;

    O estado no tem condies de superar os limites impostos pela natureza fsica, do qual deriva a possibilidade de desordem.

    Existncia de um fenmeno no eliminvel, os EXCLUDOS, cuja existncia explicada por uma menor capacidade de conquista de uma propriedade por intermdio do trabalho.

    A lgica do Estado de Locke resume-se na convivncia entre a bondade natural e a desigualdade natural.

    Os Autores da Escola Clssica

    Filho de um comissrio da alfndega, nasceu na cidade porturia de Kirkaldy, na Esccia.

    Estudou Cincia Moral e Poltica e Lnguas.

    Foi professor de Filosofia Moral por 12 anos, no Glasgow College, em 1751.

    Principais obras:

    The Theory of Moral Sentiments (1759)

    ADAM SMITH (1723-1790)

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    An Inquiry into the Nature and Cause of the Wealth of Nations ( 1776)

    Com Smith o dualismo psicolgico do ser humano (ser bom e avarento), j antevisto por Locke e desenvolvido pelos filsofos ingleses, torna-se o problema mais importante do discurso filosfico;

    Separa o comportamento humano em duas reas: de um lado, a moral, na qual a utilidade dos indivduos e da sociedade obtida atravs do exerccio da simpatia. De outro lado, a econmica na qual, a mesma, utilidade obtida atravs do exerccio do egosmo.

    O conflito entre as duas faculdades, para ser evitado, exige uma condio: Ningum, na busca de seus prprios interesses, impea aos demais a obteno de seus respectivos interesses, ou seja, todos so livres para usufruir de suas propriedades, desde que no prejudique algum Princpio do Direito Natural.

    Existe, assim, o direito de comer, de estudar, de trabalhar, mas no se contempla o direito ao alimento, ao lugar de trabalho, ao estudo, razo pela qual, em relao comunidade, a pessoa tem o direito de no ser impedida, mas no tem o direito de ser sustentada. Toda ajuda ao mais fraco no exigvel pelo mais fraco como direito, mas s possvel de ser implorada como esmola.

    A competio reprime o egosmo e a busca da satisfao individual promove a riqueza social. A sociedade, assim, seria conduzida por uma mo invisvel de um Deus Benevolente O MERCADO

    A Riqueza das Naes

    A Diviso do Trabalho

    Um maior aproveitamento das foras produtivas do trabalho e da maior parte da habilidade, destreza e julgamento com que sempre dirigido, ou aplicado, parece ter sido o efeito da diviso do trabalho.

    Motivos da eficincia da diviso do trabalho:

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    Cada trabalhador desenvolve destreza crescente no desempenho de uma tarefa simples;

    Poupa-se tempo se o trabalhador no precisa mudar o tipo de trabalho que realiza;

    Pode-se inventar maquinaria para aumentar a produtividade, uma vez que as tarefas foram simplificadas e rotinizadas com a diviso do trabalho.

    O lado obscuro da diviso do trabalho: estupidifica a mente e embrutece a personalidade.

    ... em toda a sociedade desenvolvida e civilizada, este o estado em que os operrios pobres, isto , a maior parte do povo, deve necessariamente cair, a menos que o governo tome algumas medidas para impedir isto.

    O governo deveria promover a educao das pessoas comuns em escolas paroquiais gratuitas e possivelmente obrigatrias.

    As leis econmicas de uma sociedade livre.

    a) Valor:

    1. Valo-de-uso: expressa a utilidade de um objeto particular.

    2. Valor-de-troca: expressa o poder de compra de outros bens que a posse daquele objeto contm

    O valor de um bem para a pessoa que o possui, caso deseje trocar por outros bens, igual a quantidade de trabalho que lhe permita adquirir ou comandar.

    O trabalho a medida real do valor-de-troca de todos os bens.

    Contradio do valor-trabalho: produo que evitam grandes investimentos e garantem o mesmo retorno para seu trabalho.

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    Em uma sociedade em que os investimentos de capital se tornam importantes, os bens so trocados normalmente por outros bens, por dinheiro ou por trabalho a um valor suficiente para cobrir salrios, lucros e aluguis.

    A quantidade de trabalho que um bem pode comprar excede a quantidade de trabalho envolvida em sua produo pelo montante de lucros e aluguis. O valor influenciado pelo custo de produo.

    b) Preo de mercado

    1. Preo natural: um preo a longo prazo, que o menor preo ao qual os empresrios continuam a vender seus bens. Quando um bem vendido ao seu preo natural, haver receita exatamente suficiente para pagar as taxas naturais de salrio, lucros e rendas.

    2. Preo real ou de mercado: depende da oferta e da procura a curto prazo e tender a flutuar em torno do preo natural.

    c) Salrios

    Conflito na determinao dos salrios.

    Taxa salarial mnima: deve ser aquela que permita ao trabalhador com sua famlia sobreviver e perpetuar a oferta de trabalho.

    A variao da riqueza nacional determina a demanda por trabalho e o salrio.

    d) Lucro

    Todo investimento est exposto ao risco de perda, de forma que a menor taxa de lucro deve ser suficiente para compensar essas perdas e ainda deixar um excedente para o empresrio.

    1. Lucro bruto: inclui a compensao pela perda e o excedente.

    2. Lucro lquido: corresponde apenas ao excedente, a receita lquida do negociante.

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    Concorrncia e salrios podem reduzir o lucro.

    e) Renda

    Na terminologia clssica, a renda um preo pago pelo uso da terra. o preo mais alto que o rendeiro pode pagar aps a deduo dos salrios, da depreciao do capital, dos lucros mdios e de outras despesas de produo.

    Preos altos, rendas elevadas. Preos baixos, rendas baixas. Mas Smith havia afirmado que a renda da terra entra no preo do produto. Que contradio.

    Desenvolvimento econmico

    A maquinaria e a diviso do trabalho aumentavam a produo de riqueza.

    O comrcio significativo, porque permite a especializao do trabalho, que limitado pelo tamanho do mercado. Portanto, mercados em ampliao aumentam a produtividade.

    Os que vivem de salrios seriam mais beneficiados, no pela grande riqueza, mais pela riqueza crescente.

    DAVID RICARDO (1772 - 1823)

  • 25

    Pensador dedutivo (do geral para o particular) que fazia generalizaes vastas, as quais denominava de leis econmicas (leis que regulavam a distribuio de metais preciosos no mundo; leis que governavam o intercmbio internacional de bens; leis que governavam a distribuio da renda.

    Mudou a nfase da anlise econmica da produo para a distribuio. Da noo de que a produo e a diviso do trabalho determinavam o bem-estar da nao, para a de que a distribuio era o problema principal. Apontava como problema-chave a diviso da produo da terra entre trs classe: proprietrios de terras, capitalistas e trabalhadores.

    Para Ricardo, o otimismo de Smith sobre um mundo em constante aperfeioamento era errneo, visto que a presso populacional foraria as pessoas ao trabalho em solos cada vez mais pobres e ao cultivo mais intensivo dos solos melhores o que faria cair a produtividade empobrecendo o mundo a longo prazo. Logo, o problema central pareceria ser a questo de como e por que certo padro de distribuio de produo limitada se desenvolvia entre nmeros sempre crescentes de pessoas.

    Principal obra: On the Principles of Political Economy and Taxation.

    Algumas questes relevantes

    Salrio e Lucros

    Preo Natural do trabalho: o preo que permite aos trabalhadores subsistirem e perpetuarem sem mudana em seu nmero e depende do preo das necessidades vitais requeridas pelos trabalhadores e por suas famlias.

    Se o custo de vida subir os salrios tambm sobem. Se cair os salrios tambm caem.

    O preo de mercado do trabalho depende da oferta e da procura.

  • 26

    A Lei de Ferro dos Salrios: No longo prazo o trabalhador somente recebe um salrio de subsistncia.

    As taxas de lucro em reas empresariais diferentes dentro de um mesmo pas tendem a igualar-se.

    Lucros e salrios variam inversamente devido : Salrios mais elevados devem sair dos lucros em vez de serem transferidos para preos mais elevados. (igualdade de troca e balano internacional de pagamentos).

    A Lei dos Rendimentos decrescentes

    Com a aproximao do final das guerras napolenicas, fazendeiros e donos de terras temiam a entrada de gro, em abundncia, na Inglaterra, com baixos preos e por isso solicitavam ao Parlamento maior proteo em nome do bem-estar geral

    Os empresrios faziam oposio s elevadas tarifas para a importao de cereais baseados nos argumentos de Ricardo:

    Se os salrios tendem para um nvel mnimo de subsistncia, ento, preos mais baixos para os gros e para o po mantero os salrios baixos, reduzindo, desta forma, os custos de produo dos empresrios e permitindo aos bens ingleses competirem mais eficientemente em mercados externos.

    Sacrificar os interesses dos senhores de terras para beneficiar os empresrios, gerou a Teoria da Renda.

    Renda: a poro do produto da terra paga a seu proprietrio pelo uso dos poderes originais e indestrutveis do solo.

    Essa definio foi modificada por Ricardo ao incluir o retorno sobre os investimentos de capital, a longo prazo, conseguido com o uso da terra e com o aumento de sua produtividade.

  • 27

    A Renda deriva do uso de terras de diferentes qualidades ou do cultivo intensivo da terra em virtude da Lei dos Rendimentos Decrescentes:

    Se unidades sucessivas de trabalho e capital forem adicionadas a um pedao de terra, enquanto a tecnologia permanece constante, cada unidade adicional de investimento acrescentar menos produo do que as unidades anteriores.

    Todo aumento no preo do gro cria renda e toda reduo diminui renda.

    A renda , assim um retorno diferencial e um excedente sobre os custos.

    A renda determinada pelo preo, mas no determinante do preo.

    A taxa de lucro determinada pela taxa de lucro sobre a terra marginal. No se paga renda sobre essa terra e o produto total dividido entre empregadores e empregado. Se os salrios sobem os lucros caem, e vice-versa.

    Se a taxa de lucro na indstria for maior do que a da terra marginal cultivada o capital fluir para a indstria e a nova terra marginal passa a ser a de melhor qualidade.

    Se a agricultura for mais lucrativa que a indstria, o capital fluir para a agricultura, e a terra de pior qualidade seguinte tornar-se- a terra marginal cultivada.

    Grande conflito entre senhores de terra e o restante da sociedade. medida que a populao aumentava, aumentando a procura por alimentos, elevava os preos. Terra mais pobre ser cultivada e terra melhor ser cultivada de maneira intensiva, elevando as rendas e os salrios e reduzindo os lucros.

  • 28

    Todas as classes, portanto, exceto os senhores de terra, sero prejudicadas pelo aumento no preo dos cereais.

    Principais contribuies:

    A Teoria da Populao

    A Teoria da saturao dos mercados ou da superproduo.

    Principais Obras:

    1. An Essay on the Principle of Population

    2. Principles of Political Economy

    3. A Summary View of the Principle of Population

    A populao, quando no controlada, aumenta geometricamente; os meios de subsistncia aumentam, na melhor das hipteses, apenas aritmeticamente.

    THOMAS R. MALTHUS (1766-1834)

  • 29

    Os controles populacionais preventivos:

    1) Que reduziam a taxa de nascimento (restries morais): as pessoas que poderiam sustentar filhos deveriam adiar o casamento ou nunca casar-se: a conduta anterior ao casamento deveria ser estritamente casta.

    2) Que aumentavam a taxa de mortalidade: a fome, a misria, as epidemias e as guerras. Estes controles deveriam ser tratados como fenmenos ou leis naturais, males necessrios para limitar a populao e como punio queles que no haviam praticado a restrio moral.

    A pobreza e a misria deveria, assim, ser encarada como uma punio classe inferior, ou seja, a todos aqueles que no restringiram sua multiplicao, o que sugere uma concluso poltica altamente significativa: no deve haver auxlio governamental aos pobres. Auxili-los permitiria que mais crianas sobrevivessem, piorando, desta forma, o problema da fome.

    Proposio Lei dos Pobres:

    Refleti muito sobre a questo das leis dos pobres, e espero ser perdoado por aventurar-me a sugerir uma forma para sua abolio gradual. ... Devemos, por justia e honra, formalmente destruir o direito dos pobres de reivindicar sustento.

  • 30

    Lei dos Pobres: Foi criada com a finalidade de proporcionar conforto aos pobres. A responsabilidade na organizao e execuo da Lei era da Igreja (1536)

    Lei Speenhamland: garantia ao homem um mnimo de subsistncia, independente de sua contribuio em impostos. Era baseada no preo do po e no nmero de filhos de cada famlia.

    Apesar de teoricamente ser uma grande conquista social, a Lei Speenhamland foi criada durante a expanso da Revoluo Industrial e, portanto, no teve o xito esperado por seus mentores. As caractersticas competitivas do perodo exigiam o rompimento de qualquer entrave que impedisse a disseminao do trabalho livre e ao proclamar que nenhum homem deveria temer a fome porque a parquia local se responsabilizaria em oferecer sustento a ele e sua famlia por menos que ganhasse, a referida Lei foi duramente criticada - por significar a fixao do trabalhador sua micro-regio de origem e por representar um impedimento formao de um proletariado industrial nas regies mais urbanizadas.

    Em 1834, para atender aos ditames do Liberalismo, o sistema de proteo social foi revisto na Poor Law Amendment Act, que transformou um auxilio aos necessitados que antes era universal, em seletivo e residual. Essa Lei revisionista permitiu a formao de um mercado de trabalho mais competitivo e desprotegido, abrindo espao para a ampliao do processo de industrializao e para a consolidao de uma economia de mercado. Ou seja, o conceito de renda mnima como um direito de cada cidado foi bruscamente abolido e aos pobres, voltou a ser atribuda a responsabilidade de garantir sua prpria sobrevivncia.

    A Lei da Superproduo

    Princpios bsicos:

    a) O ilimitado desejo humano por bens;

    b) A necessidade de obteno de lucro na produo;

  • 31

    c) a existncia de um mercado consumidor que no elimine o lucro e nem aumente os custos.

    A questo, ento, resume-se em: quem consumir o excedente?

    1. Os trabalhadores no podem porque os lucros desapareceriam.

    2. Os capitalistas no o fariam por no ser parte de seus hbitos

    3. Os senhores de terras e seus serviais seriam os responsveis por esse consumo, pois o uso de outras rendas que no a da terra, tais como salrios, juros e lucros, elevam os custos de produo, que devem ser mantidos baixos para que o Pas mantenha sua posio na competio comercial. Por isso a defesa da Lei dos Cereais.

    Ao governo deveria ser proibido o consumo improdutivo, tais como a remunerao pelos servios pblicos.

    A sociedade deveria considerar sagrada a propriedade privada.

    No deveria ser permitida uma redistribuio da riqueza por meio de tributao excessiva.

    A guerra deveria ser considerada como um instrumento para eliminar a superproduo.

    A essncia da Escola Clssica

    A doutrina clssica frequentemente chamada de liberalismo econmico.

    Baseia-se na liberdade pessoal, na propriedade privada, na iniciativa individual e no controle individual da empresa, apoiadas na doutrina do laissez-faire;

    Principais caractersticas:

    O primeiro princpio da Escola Clssica era o laissez-faire. O melhor governo aquele que menos governa. As foras do mercado competitivo livre orientam a produo, a troca e a distribuio. A

  • 32

    economia era considerada auto ajustvel e tendia para o pleno emprego, sem a interveno governamental;

    Com exceo de Ricardo, enfatizava a harmonia de interesses;

    Ressaltava a importncia de todas as atividades econmicas, especialmente a indstria;

    Visava a promoo do mximo crescimento e desenvolvimento econmico e a crena do desejo individual inato de acumular riqueza como um fim em si mesmo;

    Os Clssicos consideravam a economia como um todo a abordagem macroeconmica.

    A validade da Escola Clssica em sua poca.

    A doutrina clssica foi uma racionalizao das prticas adotadas pelos empresrios. A concorrncia era um fenmeno crescente e a indicao dela como grande reguladora da economia era um ponto de vista vlido. Promoveu a empresa de negcios.

    No incio da industrializao a maior necessidade da sociedade era concentrar recursos na maior expanso possvel da produo. A elevao do setor privado acima do setor pblico serviu a esse propsito. Qualquer crescimento do setor pblico teria exigido maior tributao, desviando recursos da formao de capital privado.

    Como a utilidade da Escola Clssica influenciou pocas posteriores?

    A doutrina do laissez-faire sucumbiu quando as flutuaes das empresas abalaram o equilbrio da sociedade capitalista e quando a concorrncia cedeu lugar a estruturas de mercado alteradas, caracterizadas pelo quase-monoplio, pelo oligoplio, pelas indstrias regulamentadas e assim por diante.

    Menosprezo a mudanas tecnolgicas futuras;

    Comrcio Internacional que prejudica aos menos desenvolvidos.

  • 33

    A Escola Socialista

    O Contexto social do Socialismo

    1) Destruio da antiga economia agrcola, quase artesanal dos vilarejos;

    2) Surgimento de grandes fbricas;

    3) Aglomerao dos trabalhadores, nas proximidades das fbricas, em favelas onde a forma de vida era caracterizada pela misria, a fome, as doenas, os crimes e os vcios;

    4) Os acidentes industriais traziam misria, sem nenhuma compensao para as famlias dos aleijados ou mortos;

    5) No existiam direitos polticos para os assalariados e os sindicatos eram proibidos;

    6) A pobreza das massas parecia cada vez mais opressiva medida que as grandes fortunas se multiplicavam.

    7) A Revoluo Industrial no conduziu ao paraso.

    O Socialismo Utpico

    Fundadores: Saint-Simon, Charles Fourier, Robert Owen, Sismondi e Proudhon

    Idia bsica:

    consideravam injusta e irracional a economia de mercado capitalista competitiva;

    crena em que o mundo todo adotaria seus conceitos de arranjos sociais;

    substituio da luta de classe pela fraternidade universal.

    Principais Autores

  • 34

    Desenvolveu suas idias antes de o movimento poltico da classe trabalhadora na Frana tomar forma. Portanto, no apelou aos trabalhadores pelo confronto com os empregadores.

    Tomou a produo, e no a propriedade, como base para a sua nova sociedade, fazendo do trabalho e a indstria os elementos centrais.

    Props um Parlamento industrial constitudo por trs cmaras:

    1) Inveno: composta por artistas e engenheiros, planejaria as obras pblicas.

    2) Reviso: comandado por cientistas, examinaria os projetos e controlaria a educao.

    3) Execuo: composta pelos lderes das indstrias, realizaria os projetos e controlaria o oramento.

    Primeira proposta de uma economia centralmente planejada e governada por uma elite educada.

    Insistia no fato de que a nova tica era necessria para restringir o egosmo anti-social dos ricos e para impedir uma ascenso anrquica dos pobres.

    A defesa de uma indstria de larga escala ajudou a inspirar grandes bancos, ferrovias, rodovias e enormes empreendimentos industriais.

    HENRI CONTE DE SAINT-SIMON (1760-1825)

  • 35

    No defendia a apropriao da propriedade privada, o que o afastava do iderio socialista.

    Foi um socialista utpico, que adquiriu numerosos seguidores, embora no possa ser considerado um revolucionrio, dirigindo seus apelos, usualmente, aos ricos e ao rei.

    Crticas ao capitalismo:

    A concorrncia multiplicava o desperdcio na venda, pois os comerciantes retm ou destroem os bens para elevar seus preos.

    O comrcio era perniciosa e corrupto e demonstrava cruamente a pobreza moral e material do mundo burgus;

    Denunciava a proteo aos agentes da fome e da peste;

    Via o progresso das finanas , um sistema de extorso e as falncias indiretas como a arte de devorar o futuro.

    Relacionava o esprito mercantil com seques comerciais e patifaria;

    Via a corretagem como algo que usurpava todos os frutos da sociedade.

    CHARLES FOURIER (1772-1837)

  • 36

    A soluo de Fourier para os problemas sociais: a organizao de comunidades cooperativas denominadas FALANGES.

    A Falange era um sistema cooperativo de habitao e produo, base de um novo tipo de indivduo inteiramente nobre.

    As Falanges forneceriam segurana social vitalcia e para os primeiros estgios de uma sociedade ideal deveria ser praticado o garantesmo, que consistia na segurana de que cada pessoa receberia um mnimo de subsistncia, segurana e conforto.

    Funcionamento de uma Falange:

    1. Cada associao combinaria trezentas famlias (1.800 pessoas) em nove milhas quadradas de terra.

    2. Todos viveriam em uma habitao com trs andares.

    3. A produo agrcola e artesanal predominaria.

    4. Se as pessoas vivessem juntas com honra e conforto, seriam eliminados os roubos e as despesas para a proteo contra os mesmos.

    5. O trabalho coletivo melhoraria as condies climticas, e menor quantidade de roupas seria necessria.

    A falange resolveria o principal problema, que no era de desigualdade de riqueza, mas de insuficincia.

    Apelou aos capitalistas que financiassem tal projeto, com base em retornos satisfatrio.

  • 37

    Economista e Historiador e um dos primeiros a atacar diretamente a economia clssica, embora tenha sido um ardente seguidor de Adam Smith.

    Principais obras:

    1) History of the Italian Republucs of the Middle Ages

    2) History of the Franch

    3) New Principles of Political Economy

    Pressuposto bsico: A empresa capitalista no restringida, em lugar de produzir os resultados esperados, conforme o previsto pelos clssicos, conduzira misria e ao desemprego.

    Principais contribuies terica: Argumentando a respeito da possibilidade de superproduo e crise, contribuiu com o desenvolvimento das seguintes teorias:

    1) Teoria dos ciclos econmicos

    2) Teoria do imperialismo econmico

    3) Teoria da distribuio da riqueza

    Acreditava que quando os salrios esto ao nvel de subsistncia, maior quantidade de fundos de capital se tornam disponveis para investimento em mquinas. Portanto, a produo de bens manufaturados aumenta,

    Sismonde de Sismondi (1773-1842)

  • 38

    enquanto a procura por bens de consumo diminui. Como conseqncia desenvolvem-se crises de superproduo peridicas que liquidam uma grande parte do capital investido nas indstrias de larga escala.

    A crise de superproduo pode ser agrava pelos banqueiros quando estes aumento o crdito.

    Questionando o argumento clssico de que a maior produo agregada possvel necessariamente corresponde a maior felicidade para o povo, advogava:

    1. A necessidade da interveno estatal para garantir ao trabalhador um salrio de subsistncia e um mnimo de segurana social.

    2. Melhor distribuio da riqueza, alegando que seria prefervel uma produo menor, porm bem distribuda.

    medida que a concentrao de riqueza diminui, cada vez mais, o mercado interno, a indstria , cada vez mais, compelida a abrir-se para mercados externos, o que necessariamente resulta em guerras nacionalistas, logo o Imperialismo Econmico seria inerente ao capitalismo.

    Por muitos considerado o mais espetacular e famoso dos socialistas utpicos.

    Robert Owen (1771-1858)

  • 39

    Suas principais idias esto contidas em um ensaio intitulado A New View of Society and Other Writings.

    Principal tese: A natureza humana moldada para melhor ou para pior de acordo com a conjuntura.

    Uma vez que o carter formado pelas circunstncias, as pessoas no so responsveis por seus atos, e deveriam ser moldadas para a bondade em vez de serem punidas pela maldade. Ou seja a criao de melhores condies geraria pessoas melhores.

    Chocou o mundo quando ao denunciar que todas as religies existentes ensinavam que as pessoas eram responsveis por suas maldades em vez de atribuir o mal a uma m conjuntura. Assim a reforma social era prefervel reforma moral.

    Tentou materializar suas idias convertendo a Fiao New Lanark em uma comunidade-modelo;

    1. pressionando o governo a empregar os pobres em vilas de cooperao;

    2. criando uma comunidade cooperativa modelo (a Colnia de New Harmony), atravs da qual pensava eliminar o capitalismo e o sistema competitivo.

    Suas idias, tambm, contriburam para:

    1. incentivar o desenvolvimento dos sindicatos;

    2. Incentivar o cooperativismo de consumo, este baseado no National Equitable Labour Exchange, que era um mercado em que os produtos poderiam ser trocados com base em notas que representassem o tempo e trabalho. Assim esperava eliminar o dinheiro e os lucros, males sociais gmeos, colocando produtores e consumidores em contato direto.

  • 40

    Foi um socialista utpico francs que teve um importante papel na Revoluo de 1848, quando suas idias foram colocadas em prtica devido associao entre liberais e socialistas, na tentativa de derrubar a monarquia.

    Principais Idias:

    1. criao de associaes profissionais de trabalhadores de um mesmo ramo de produo e das Oficinas Nacionais, financiadas pelo Estado;

    2. diviso do lucro entre o Estado, os associados e para outros fins.

    Como lder do proletariado

    1. exigia que o Estado se apoderasse do sistema econmico para garantir trabalho e justia para todos. Porm, os liberais e os socialistas romperam relaes e o Estado fechou as Oficinas Nacionais, comeou a perseguir os socialistas e anulou todas as reformas feitas em benefcio da classe operria.

    Principais contribuies:

    A popularizao das idias socialistas;

    Pressupondo a solidariedade de toda a comunidade, advogava o planejamento econmico estatal para o pleno emprego;

    Louis Blanc (1811-1882)

  • 41

    Advogava a necessidade de o Estado ser a fonte do capital inicial para as cooperativas de trabalhadores e assim tornar-se o banqueiro dos pobres.

    De origem pobre, promoveu o anarquismo como movimento de massa. O anarquismo, que no significa desordem, mas a ausncia de um chefe, um soberano. O Estado deveria ser totalmente suprimido, assim como a polcia e os tribunais porque, segundo ele, estes eram meios de opresso. Deste modo, o poder poltico seria o resultado da combinao entre os trabalhadores.

    Principais Obras:

    O que a propriedade?

    Sistema das Contribuies Econmicas ou Filosofia da Misria

    Propriedade roubo. A grande propriedade que permitia a seu proprietrio viver sem trabalhar

    com o recebimento de renda, juros e lucro dos produtores. Assim, defendeu a demolio da grande propriedade capitalista que, segundo ele, estava na origem da explorao do proletariado e da desigualdade.

    Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865)

  • 42

    A cada trabalhador deveria ser dada uma pequena propriedade, e estes, por sua vez, organizar-se-iam em cooperativas.

    A liberdade individual e a justia eram os objetivos por ele proclamados.

    O socialismo cientfico - O marxismo

    Biografia

    05/05/1818, Trier (Alemanha) (*)

    14/03/1883, Londres (Inglaterra) ()

    Terico do socialismo, Karl Marx estudou direito nas universidades de Bonn e Berlim, mas sempre demonstrou mais interesse pela histria e pela filosofia. Quando tinha 24 anos, comeou a trabalhar como jornalista em Colnia, assinando artigos racial-democratas que provocaram uma grande irritao nas autoridades do pas.

    Integrante de um grupo de jovens que tinham afinidade com a teoria pregada por Hegel (Georg Wilhelm Friedrich, um dos mais importantes, um dos mais influentes filsofos alemes do sculo 19), Marx comeou ater mais familiaridade dos problemas econmicos que afetavam as naes quando trabalhava como jornalista.

    Karl Heinrich Marx (1818-1883)

  • 43

    Aps o casamento com uma amiga de infncia (Jenny von Westplalen), foi morar em Paris, onde lanou os "Anais Franco-Alemes", rgo principal dos hegelianos de esquerda. Foi em Paris que Marx conheceu Friedrich Engels, com o qual manteve amizade por toda a vida.

    Na capital francesa, a produo de Marx tomou um grande impulso. Nesta poca, redigiu "Contribuio crtica da filosofia do direito de Hegel". Depois, contra os adeptos da teoria hegeliana, escreveu, com Engels, "A Sagrada Famlia", "Ideologia alem" (texto publicado aps a sua morte).

    Depois de Paris, Marx morou em Bruxelas. Na capital da Blgica, o economista intensificou os contatos com operrios e participou de organizaes clandestinas. Em 1848, Marx e Engels publicaram o "Manifesto do Partido Comunista", o primeiro esboo da teoria revolucionria que, anos mais tarde, seria denominada marxista.

    Neste trabalho, Marx e Engels apresentam os fundamentos de um movimento de luta contra o capitalismo e defendem a construo de uma sociedade sem classe e sem Estado. No mesmo ano, foi expulso da Blgica e voltou a morar em Colnia, onde lanou a "Nova Gazeta Renana", jornal onde escreveu muitos artigos favorveis aos operrios.

    Expulso da Alemanha, foi morar refugiado em Londres, onde viveu na misria. Foi na capital inglesa que Karl Marx intensificou os seus estudos de economia e de histria e passou a escrever artigos para jornais dos Estados Unidos sobre poltica exterior.

    Em 1864, foi co-fundador da "Associao Internacional dos Operrios", que mais tarde receberia o nome de 1 Internacional. Trs anos mais tarde, publica o primeiro volume de sua obra-prima, "O Capital".

    Depois, enquanto continuava trabalhando no livro que o tornaria conhecido em todo o mundo, Karl Marx participou ativamente da definio dos programas de partidos operrios alemes. O segundo e o terceiro volumes do livro foram publicados por seu amigo Engels em 1885 e 1894.

  • 44

    Desiludido com as mortes de sua mulher (1881) e de sua filha Jenny (1883), Karl Marx morreu no dia 14 de maro. Foi ento que Engels reuniu toda a documentao deixada por Marx para atualizar "O Capital".

    Embora praticamente ignorado pelos estudiosos acadmicos de sua poca, Karl Marx um dos pensadores que mais influenciaram a histria da humanidade. O conjunto de suas idias sociais, econmicas e polticas transformou as naes e criou blocos hegemnicos. Muitas de suas previses ruram com o tempo, mas o pensamento de Marx exerceu enorme influncia sobre a histria.

    Biografia

    28/11/1820, Barmen (Alemanha) 05/08/1895, Londres (Reino Unido)

    Junto com Karl Marx, Friedrich Engels realizou uma obra marcante na filosofia e na poltica, cuja caracterstica principal foi a elaborao das teorias do materialismo histrico.

    Engels era filho de um rico industrial alemo e soube analisar a sociedade de forma muito eficiente, como poucos antes dele.

    Friedrich Engels (1820-1895)

  • 45

    Na juventude, ficou impressionado com a misria dos trabalhadores das fbricas de sua famlia, uma delas em Manchester, Inglaterra.

    Engels completou e publicou o segundo e o terceiro volumes de O Capital, principal obra terica do socialismo, aps a morte de Marx. Com grande capacidade crtica e estilo claro - ao contrrio do de seu parceiro, escreveu sozinho algumas das obras mais importantes do marxismo, como "A Origem da Famlia, da Propriedade Privada e do Estado".

    Ao mesmo tempo, tentou ir alm de sua rea de conhecimento, provando que os fundamentos do marxismo poderiam ser encontrados tambm nas cincias biolgicas. Para isso, escreveu obras como "A Dialtica da Natureza" e "O Papel do Trabalho na Transformao do Macaco em Homem", que no tm o menor fundamento cientfico, como se sabe atualmente.

    O filsofo cursou a escola secundria, abandonando-a um ano antes de se formar: seu pai insistiu em que fosse trabalhar nos negcios da famlia. Passou os trs anos seguintes (1838-41) nos escritrios da empresa de exportao em Bremen.

    Sob o pseudnimo de Friedrich Oswald, escreveu artigos que lhe abriram as portas do Clube de Doutores, freqentado por Marx.

    Interessou-se pelo movimento dos "Jovens Hegelianos", intelectuais esquerdistas como o telogo e historiador Bruno Bauer e o anarquista Max Stirner que cultivavam a dialtica do filsofo alemo Hegel: o conceito de que o progresso racional e as mudanas histricas resultam do conflito de idias e classes opostas, concluindo numa nova sntese.

    Rejeitavam, portanto, a interpretao oficial e conservadora da filosofia hegeliana que justificava a Monarquia prussiana (dcadas mais tarde,

  • 46

    em 1871, Guilherme, rei da Prssia, receberia a coroa do recm unificado Imprio Alemo).

    De 1841 a 1842, Engels serviu como voluntrio num regimento de artilharia em Berlim. A experincia foi til na derrotada revoluo de 1848 na Alemanha, contra o poder feudal dos junkers (grandes proprietrios de terras).

    Em Manchester, em 1842, Engels passou a viver com Mary Burns, uma operria irlandesa sem instruo. Quando Mary morreu em 1863, Engels exigiu que Marx se desculpasse por ter recebido a notcia com indiferena.

    Engels endossou sua nova interpretao materialista da Histria, aps reencontrar Marx em Bruxelas (1845). Ambos montaram o fundamento de uma nova teoria, a do socialismo cientfico, em oposio ao socialismo religioso, idealista e utpico. Os dois fundadores do comunismo procuraram uma organizao revolucionria alem socialista. Engels e Marx convenceram o Segundo Congresso Comunista em Londres a adotar suas posies. Eles foram indicados para escrever uma declarao poltica: "O Manifesto do Partido Comunista", de 1848.

    Aps a derrota da Revoluo de 1848, Marx e Engels tiveram de sair da Alemanha e ir para a Inglaterra. Para sustentar-se e ajudar Marx, Engels trabalhou como subordinado nos escritrios da Ermen & Engels, em Manchester. Novamente foi bem-sucedido como homem de negcios.

    Assim pde tambm sustentar Marx, sua mulher e as duas filhas, enquanto o filsofo se dedicava exclusivamente aos estudos. Ou melhor, talvez nem tanto, Afinal, Marx engravidou a empregada de sua famlia. Para evitar o escndalo, Engels assumiu a paternidade da criana.

  • 47

    A teoria do valor Toda coisa til pode ser considerada sob duplo aspecto, segunda

    qualidade e quantidade: Como valor-de-uso e valor-de-troca.

    A riqueza das sociedades onde rege a produo capitalista configura-se em imensa acumulao de mercadorias, e a mercadoria, isoladamente considerada, a forma elementar dessa riqueza.

    Como valor-de-uso revela-se pela utilidade determinada pelas propriedades materialmente inerentes mercadoria e s existe atravs dela.

    A mercadoria , antes de mais nada, um objeto externo, uma coisa que, por suas propriedades, satisfaz necessidades humanas, seja qual for a natureza, a origem delas, provenham do estmago ou da fantasia. No importa a maneira como a coisa satisfaz a necessidade humana, se direta, como meio de subsistncia, objeto de consumo, ou indiretamente, como meio de produo.

    Como valor de troca, revela-se, de incio na relao quantitativa entre valores-de-uso de espcies diferentes, nas propores em que se trocam. Essa relao muda no tempo e no espao.

    Qualquer mercadoria se troca por outra, nas diversas propores. Logo: 1) Os valores-de-troca vigentes da mesma mercadoria expressam, todo,

    um significado igual; 2) O valor-de-troca s pode ser a maneira de expressar-se, a forma de

    manifestao de uma substncia que dele se pode distinguir.

  • 48

    Trabalho humano concreto ou til: chamamos simplesmente de trabalho til aquele cuja utilidade se patenteia no valor-de-uso do seu produto ou cujo produto um valor-de-uso. Sob esse ponto de vista ser considerado sempre associado a seu efeito til.

    No conjunto formado pelos valores-de-uso diferentes ou pelas mercadorias materialmente distintas, manifesta-se um conjunto correspondente de trabalhos teis diferentes a diviso social do trabalho.

    A diviso social do trabalho , assim, condio para que exista a produo de mercadorias, embora, reciprocamente, a produo de mercadorias no seja condio necessria para a existncia da diviso social do trabalho.

    Trabalho humano abstrato ou homogneo: uma objetividade impalpvel, ou seja, massa pura e simples de trabalho humano em geral ou do dispndio de fora de trabalho humano, sem considerao pela forma como foi despendida.

    No processo de troca os produtos passam a representar apenas a fora de trabalho humana, gasta em sua produo, o trabalho humano que nele se corporificou. Assim, como configurao dessa substncia social que lhes comum, so valores, valores-mercadorias

    Todo trabalho : 1. Dispndio de fora humana de trabalho, no sentido fisiolgico, e, nessa

    qualidade de trabalho humano igual ou abstrato, cria o valor das mercadorias;

    2. Dispndio de fora humana de trabalho, sob forma especial, para um determinado fim, e, nessa qualidade de trabalho til e concreto, produz valores-de-uso.

    A grandeza do valor: o tempo de trabalho socialmente necessrio para produzir-se um valor-de-uso qualquer, nas condies de produo socialmente normais, existentes, e com o grau social mdio de destreza e intensidade do trabalho.

  • 49

    Como valores, as mercadorias so apenas dimenses definidas do tempo de trabalho que nelas se cristaliza.

    Para criar mercadoria, mister no s produzir valor-de-uso, mas produzi-lo para outros, dar origem a valor-de-uso social. O produto, para se tornar mercadoria, tem de ser transferido a quem vai servir como valor-de-uso por meio da troca. Nenhuma coisa pode ser valor se no objeto til. Se no til, tampouco ser o trabalho nela contido, o qual no conta como trabalho e, por isso, no cria nenhum, valor.

    As formas do valor

    a) Forma simples, singular ou fortuita

    20 metros de linho = 1 casaco

    20 metros de linho valem 1 casaco

    Os dois plos da expresso do valor:

    1) a forma relativa do valor: a mercadoria cujo valor expresso

    2) a forma equivalente do valor: a mercadoria atravs da qual se expressa o valor

    b) Forma total ou extensiva do valor: o valor de uma mercadoria expresso em inmeros outros elementos do mundo das mercadoria.

    c) Forma geral do valor: imprime mercadoria eleita o carter de equivalente geral, ou seja a mercadoria equivalente geral expressa o valor de todos os outros elementos do mundo das mercadorias.

    d) Forma dinheiro do valor: mercadoria determinada, com cuja forma natural se identifica socialmente a forma equivalente.

    e) Forma preo: a expresso simples e relativa do valor de uma mercadoria, atravs de uma mercadoria que j esteja exercendo a funo de mercadoria-dinheiro.

  • 50

    Como o Dinheiro se transforma em Capital

    A FRMULA GERAL DO CAPITAL

    1. A circulao das mercadorias o ponto de partida do capital;

    2. Todo capital novo, para comear, surge no mercado de mercadorias.

    3. Dinheiro que dinheiro se distingue do dinheiro que capital, atravs da diferena na forma de circulao.

    A forma Simples da circulao das mercadorias:

    M - D - M

    A forma da circulao do capital:

    D - M - D

    O que ambas tem em comum?

    1. Ambos os circuitos se decompem nas mesmas duas fases:

    MD (VENDA)

    D-M (COMPRA)

    2. Em cada uma das duas fases se defrontam os mesmos elementos materiais, mercadoria e dinheiro e os mesmos personagens econmicos, um comprador e um vendedor;

    3. Cada um dos dois circuitos constitui a unidade das mesmas fases antitticas;

    4. Em ambos os casos essa unidade efetivada pela interveno de trs contratantes: um que apenas vende, outros s compra e o terceiro compra e vende alternadamente.

    O que as distingue?

    A sucesso inversa de ambas as fases opostas de circulao;

  • 51

    Na circulao da mercadoria o dinheiro gasto de uma vez por todas, enquanto na circulao do capital, o comprador gasta dinheiro para fazer dinheiro como vendedor;

    Na forma M - D - M a mesma pea de moeda muda de lugar duas vezes, enquanto que em D - M - D quem muda de lugar duas vezes e a mesma mercado;

    Na circulao simples das mercadorias, a dupla mudana de lugar da mesma pea de dinheiro ocasiona sua transferncia definitiva de uma mo para outra, j na circulao D - M - D, a dupla mudana da mesma mercadoria ocasiona a volta do dinheiro a seu ponto de partida;

    Na circulao M - D - M, o dispndio do dinheiro nada tem a ver com o seu retorno. Em D - M - D, ao contrrio, a volta do dinheiro determinada pela maneira como foi despendido;

    Em M - D - M, o objetivo final o valor-de-uso, enquanto que em D - M - D o objetivo o valor-de-troca.

    Comprar para vender, ou mais precisamente comprar para vender mais caro a forma particular do capital mercantil D - M - D;

    O Capital industrial tambm dinheiro que se converte em mais dinheiro, atravs de fatos que ocorrem fora da esfera da circulao, entre a compra e a venda, no ocorrendo nenhuma mudana na forma de movimento:

    D-M...p...M-D;

    No capital que rende juro, o Capital Bancrio, a circulao D - M - D abreviada pelo desaparecimento do estgio intermedirio: D - D;

    Portanto D - M - D a forma geral do capital conforme ele aparece diretamente na circulao.

  • 52

    Compra e venda da Fora de Trabalho

    D- D = D (mais-valia ou excedente)

    Para extrair valor do consumo de uma mercadoria, nosso possuidor de dinheiro deve ter a felicidade de descobrir, dentro da esfera de circulao, no mercado, uma mercadoria que possua a propriedade peculiar de ser fonte de valor: a capacidade de trabalho ou a fora de trabalho.

    Fora de Trabalho: o conjunto das faculdades fsicas e mentais, existentes no corpo e na personalidade viva de um ser humano, as quais ele pe em ao toda vez que produz valor-de-uso de qualquer espcie.

    Para que a fora de trabalho seja mercadoria necessrio algumas condies:

    1) Enquanto for e por ser oferecida ou vendida como mercadoria no mercado pelo prprio possuidor , pela pessoa da qual ela a fora de trabalho;

    2) A continuidade dessa relao exige que a fora de trabalho seja vendida por tempo determinado;

    3) O dono da fora de trabalho no pode vender mercadoria em que encarne trabalho, e forado a vender sua fora de trabalho que s existe nele mesmo;

    Quem quiser vender mercadorias que no seja sua fora de trabalho, tem de possuir meios de produo;

    Para transformar dinheiro em capital, o possuidor de dinheiro tem que encontrar o trabalhador livre no mercado de trabalho.

    Como se determina o valor da fora de trabalho? Pelo tempo de trabalho socialmente necessrio sua produo e, por consequncia, sua reproduo;

    Processo de Trabalho e Processo de Valorizao

  • 53

    Processo de Trabalho

    A utilizao da fora de trabalho o prprio trabalho. A realizao do que antes era apenas potencialmente capacidade de trabalho em valor-de-uso, sob o controle do capitalista.

    muito importante no esquecer que a produo do valor-de-uso pode ser realizada independentemente do capitalista. Faz parte da natureza do homem, pois o processo de trabalho o processo de produzir as satisfaes.

    Trabalho: um processo em que participam o homem e a natureza, processo em que o ser humano com sua prpria ao, impulsiona, regula e controla seu intercmbio material com a natureza.

    Elementos componentes do processo de trabalho:

    a) O objeto de trabalho: a matria a que se aplica o trabalho.Todas as coisas que o trabalho apenas separa de sua conexo imediata com seu meio natural so objetos de trabalho fornecidos pela natureza.

    b) Matria-prima: todo o objeto de trabalho filtrado atravs de trabalho anterior.

    c) Os meios de trabalho: uma coisa ou um complexo de coisas que o trabalhador insere entre si mesmo e o objeto de trabalho e lhe serve para dirigir sua atividade sobre esse objeto.

    d) O prprio trabalho.

    Material acessrio: todo material consumido pelo meio de trabalho ou adicionado matria-prima para modific-la materialmente, ou ainda para facilitar a execuo do prprio trabalho.

    O mesmo produto pode servir de matria-prima de processos de trabalho muito diversos.

    O mesmo produto pode no processo de trabalho servir de meio de trabalho e de matria-prima.

  • 54

    Um produto que existe em forma final para consumo pode tornar-se matria-prima.

    Um valor-de-uso pode ser considerado matria-prima, meio de trabalho ou produto, dependendo inteiramente da sua funo no processo de trabalho, da posio que nele ocupa, variando com essa posio a natureza do valor-de-uso.

    O processo de trabalho um processo de consumo produtivo cujo resultado um produto distinto do consumidor, por consumir os meios atravs dos quais funciona a fora de trabalho posta em ao.

    Consumo individual: o processo que gasta os produtos como meios de vida do indivduo e tem como produto o prprio consumidor.

    O processo de trabalho, quando ocorre como processo de consumo da fora de trabalho pelo capitalista, apresenta dois fenmenos caractersticas:

    1. O trabalhador trabalha sob o controle do capitalista, a quem pertence seu trabalho;

    2. O produto propriedade do capitalista, no do produtor imediato, o trabalhador.

    O processo de valorizao

    O capitalista objetiva produzir mercadoria e no apenas o valo-de-uso.

    Como a mercadoria a unidade de valor-de-uso e valor o processo de produzi-la tem de ser um processo de trabalho e, ao mesmo tempo, um processo de produzir valor.

    Para 10Kg de fio:

    10Kg de algodo....................R$ 10,00

    Fusos......................................R$ 2,00

  • 55

    sub-total R$ 12,00................24 horas

    Fora de trabalho....................R$ 3,00................ 6 horas

    Total R$ 15,00................30 horas

    Para 20 Kg de fio

    20Kg de algodo................R$ 20,00.........R$ 20,00

    Fusos..................................R$ 4,00 ........R$ 4,00

    Sub-total R$ 24,00 R$ 24,00

    Fora de trabalho................R$ 3,00..........R$ 6,00

    Total R$ 27,00..........R$ 30,00 54 horas..60 horas

    Mais-Valia Absoluta e Mais-Valia Relativa

    I. Capital Constante e Capital Varivel

    Capital Constante: a parte do capital que se converte em meios de produo, isto , em matria-prima, materiais acessrios e meios de trabalho e que, portanto, no muda a magnitude do seu valor no processo de produo.

    Capital Varivel: a parte do capital convertida em fora de trabalho e que por isso muda de valor no processo de produo. Ou seja, reproduz o prprio equivalente e, alm disso, proporciona um excedente, a mais-valia.

    C = c + v onde C = Capital adiantado

    c = Capital constante

    v = Capital varivel

    II. A taxa da mais valia

    w = (c + v) + m onde m = mais-valia (magnitude absoluta da mais valia criada)

  • 56

    m/v = m - taxa de mais-valia = magnitude relativa da mais-valia criada

    Tempo de trabalho necessrio: a parte do dia de trabalho na qual gerado o valor dirio da fora de trabalho

    Trabalho necessrio: o trabalho despendido durante o tempo de trabalho necessrio.

    Tempo de trabalho excedente: a parte do dia de trabalho em que o trabalhador opera alm dos limites do trabalho necessrio, que embora constitua trabalho, dispndio de fora de trabalho, no representa nenhum valor para o trabalhador.

    Trabalho excedente: o trabalho realizado durante o tempo de trabalho excedente.

    Portanto:

    m/v = trabalho excedente/ trabalho necessrio

    A taxa de mais-valia , por isso, a expresso precisa do grau de explorao da fora de trabalho pelo capital ou do trabalhador pelo capitalista.

    A Jornada de Trabalho: o perodo pelo qual o trabalhador alienou sua fora de trabalho.

    Jornada I Jornada II jornada III

    A......B.C A......B...C A.......B......C

    A Jornada de trabalho no uma grandeza constante, mas varivel.

    A parte constante determinada pelo tempo de trabalho necessrio

    A parte varivel determinada pelo tempo de trabalho excedente

    A jornada de trabalho portanto determinvel, mas, considerada em si mesma, indeterminada.

    Limites da Jornada de trabalho:

    1) Mnimo que indeterminado

  • 57

    2) Mximo que determinado duplamente por um limite fsico e por um limite moral.

    A mais-valia absoluta: a extrada pelo prolongamento da jornada de trabalho.

    A mais-valia relativa: a produzida pela contrao do tempo de trabalho necessrio e da correspondente alterao na relao quantitativa entre ambas as partes componentes da jornada de trabalho.

    A produtividade o principal fator determinante da mais-valia relativa.

    Para diminuir o valor da fora de trabalho, tem o aumento da produtividade atingir ramos industriais cujos produtos determinam o valor da fora de trabalho...

    O valor da mercadoria varia na razo inversa da produtividade, mas a mais-valia relativa varia na razo direta da produtividade do trabalho.

    O valor absoluto da mercadoria no interessa, por si mesmo, ao capitalista que a produz. S lhe interessa a mais-valia nela inserida e realizvel atravs da venda.

    Taxa e Massa da Mais-Valia

    M = (m/v) * v

    M = f(t/t)*n

    No qualquer quantidade arbitrria de dinheiro ou de valor que se pode transformar em capital.

  • 58

    O montante mnimo de valor de que tem que dispor um possuidor de dinheiro ou de mercadorias, para virar capitalista muda de acordo com diferentes estgios da produo capitalista e, em determinado estgio de desenvolvimento, difere nos diferentes ramos de produo, segundo as condies tcnicas de cada um.

    Formas de Organizao e Controle: Fordismo e Taylorismo

    Os manuais de engenharia de produo, de ergonomia e de psicologia industrial, esto permeados da ideologia taylorista, traduzida explicitamente pelos seus princpios ou implicitamente pelos seus pressupostos.

    A administrao tradicional: Funcionava com os mecanismos de iniciativa e incentivo. O administrador deveria induzir o trabalhador a usar a atividade, o melhor esforo, os conhecimentos tradicionais, a habilidade, a inteligncia e a boa vontade, ou seja, sua INICIATIVA no sentido de dar maior rendimento ao patro. O administrador deveria, para isso, fornecer um INCENTIVO, que poderia assumir vrias formas.

    Crtica administrao tradicional: A persuaso (incentivo) do operrio s poderia ter efeito quando se tivesse o controle do trabalho. Logo a administrao no poderia depender da iniciativa operria, mesmo porque os mtodos de trabalho ainda guardavam algumas tradies das corporaes de ofcio e, portanto, eram obsoletas em face das necessidades econmicas de aumentar o excedente naquele momento histrico.

    A Administrao cientfica: um marco no desenvolvimento das tcnicas de gesto e controle do trabalho. A administrao cientfica consiste fundamentalmente em certos princpios gerais ou numa filosofia, aplicvel de muitos modos, mas a descrio do que algumas pessoas acreditam ser o melhor meio de implantar esses princpios gerais no deve ser, absolutamente, confundida com os princpios em si.

    Os Princpios

  • 59

    1) A interferncia e disciplina do conhecimento operrio sob o comando da gerncia. gerncia atribuda ... A funo de reunir os conhecimentos tradicionais que no passado possuam os trabalhadores e ento classific-los, tabul-los, reduzi-los a normas, leis ou frmulas, grandemente teis ao operrio para execuo do seu trabalho dirio. Estudos de tempos e movimentos para identificar o tempo timo para realizar uma tarefa. Estava eliminada a iniciativa do operrio na escolha do melhor mtodo.

    2) Tratava da seleo e treinamento. No se desejam qualidades profissionais, mas habilidades pessoais especficas para atender exigncia do trabalho. A par da seleo estava a necessidade de treinar o indivduo, no em uma profisso, mas de modo que executasse uma tarefa conforme a gerncia indicasse.

    3) O planejamento e o controle do trabalho. Para cada uma das funes da produo deveria existir especialistas responsveis (disciplina, reparao, mtodos, preparao do trabalho etc.). Surgimento dos departamentos de PCP, TeM, CQ, AI, Ferramentaria etc. Surge a Tarefaou a Ordem de Produo como elemento central da programao do trabalho.

    Ford e a linha de montagem

    Henry Ford (1863 1947)

    Somente em 1913, dez anos aps a inaugurao da Ford Motor Company, que Ford aplicaria pela primeira vez, plenamente, os princpios da linha de montagem, substituindo o sistema de carretilhas areas, usado nos matadouros, pela esteira rolante, que passou a ter um funcionamento ininterrupto, combinando operaes extremamente parceladas dos trabalhadores.

    Os princpios:

    Sempre que for possvel, o trabalhador no dar um passo suprfluo;

  • 60

    No permitir, em caso algum, que ele se canse inutilmente, com movimentos direita ou esquerda, sem proveito algum. As regras gerais que nos levaram a consegui-los so as seguintes:

    Tanto os trabalhadores como as peas devem ser dispostos na ordem natural das operaes, de modo que toda pea ou aparelho percorra o menor caminho possvel durante a montagem;

    Empreguem-se planos inclinados ou aparelhos similares, de modo que o operrio sempre possa colocar no mesmo lugar as peas em que trabalhos, e sempre ao seu alcance. Todas as vezes que for possvel deve-se usar a gravitao como meio de transporte, para chegar s mos do operrio prximo pea em trabalho;

    Construa-se uma rede auxiliar para a montagem dos carros, pela qual, deslizando as peas que devem ser ajustadas, cheguem ao ponto exato onde so necessrias.

    O resultado prtico destas normas a economia das faculdades mentais e a reduo ao mnimo dos movimentos de cada operrio que, sendo possvel, deve fazer sempre o mesmo movimento ao executar a mesma operao. A simplificao e o parcelamento extremo do trabalho reduziu as necessidades de todo o potencial humano para o trabalho. Alargamento da oferta de trabalho. A linha de montagem tornou-se um notvel instrumento de intensificao do trabalho.

    Trabalho produtivo e improdutivo

    Trabalho Produtivo: aquele que serve diretamente ao capital como instrumento da sua auto-valorao, como meio para a produo da mais-valia.

    Considerando uma mercadoria de forma isolada o trabalho produtivo aquele que, numa parte alquota desta, representa trabalho no pago.

    Considerando o produto total, trabalho produtivo aquele que, numa parte alquota da massa total de mercadorias, representa

  • 61

    simplesmente trabalho no pago, ou seja um trabalho que nada custa ao capitalista.

    Trabalhador improdutivo: aquele que executa um trabalho produtivo. Ou seja, s produtivo o operrio cujo processo de trabalho seja igual ao processo de consumo produtivo de capacidade de trabalho pertencente ao depositrio desse trabalho por parte do capital ou do capitalista..

    Consequncias

    Com o desenvolvimento da subordinao real do trabalho ao capital ou do modo de produo especificamente capitalista no o operrio individual que se converte no agente real do processo de trabalho no seu conjunto mas sim uma capacidade de trabalho socialmente combinada.

    O trabalhador defronta-se com o capitalista, no mercado, como vendedor de um trabalho vivo, no de uma mercadoria. UM TRABALHADOR ASSALARIADO

    Todo trabalhador produtivo um assalariado, mas nem todo assalariado um trabalhador produtivo.

    Assim, mesmo um trabalho de idntico contedo pode ser produtivo ou improdutivo.

    Fontes das definies de trabalho produtivo e de trabalho improdutivo em funo do seu contedo material:

    1) A concepo fetichista, que peculiar do modo de produo capitalista.

    2) Se se considerar o processo de trabalho enquanto tal, produtivo o trabalho que desemboca num produto.

    3) O estabelecimento da diferena entre o trabalho que se manifesta em artigos reprodutivos e o que se manifesta em meros artigos sumpturios.

  • 62

    A Teoria Maxista da Reproduo do Capital

    I. Pressupostos bsicos

    1) Que o capital realiza normalmente seu processo de circulao;

    2) Que o capitalista que produz a mercadoria vende-a pelo seu valor;

    3) Que o produtor capitalista o proprietrio de a mais-valia ou o representante de todos s que participam com ele do butim.

    4) Encaramos a acumulao, de incio, de um ponto de vista abstrato, como simples fase do processo imediato de produo.

    5) Que a acumulao, quando ocorre de fato, porque o capitalista conseguiu vender a mercadoria produzida e reconverter o dinheiro recebido em capital.

    III. A Reproduo

    Qualquer que seja a forma social do processo de produo tem este de ser contnuo ou de percorrer, peridica e ininterruptamente, as mesmas fases. ... Por isso, todo processo social de produo encerrado em suas conexes constantes e no fluxo contnuo de sua renovao, ao mesmo tempo processo de reproduo.

    As condies da produo so simultaneamente as da reproduo.

    No modo capitalista de produo, o processo de trabalho apenas um meio de criar valor; analogamente, a reproduo apenas um meio de reproduzir o valor antecipado como capital, isto como valor que se expande.

    A reproduo Simples

    Refere-se a um sistema capitalista que preserva indefinidamente o mesmo volume e as mesmas propores entre as vrias partes. um sistema que funciona ano aps ano pelos mesmos canais e sem modificaes, mas nos permite compreender a estrutura das

  • 63

    relaes existentes no sistema como um todo, em sua forma mais clara e simples.

    Pressupostos:

    1) Os capitalistas devem substituir anualmente o capital desgastado ou consumido e empregar toda a sua mais-valia em consumo;

    2) Os trabalhadores devem gastar todo o salrio, tambm, em consumo.

    Hiptese: No h acumulao ou desgaste do estoque de meios de produo.

    O Esquema de Reproduo

    a) Setores econmicos:

    Setor I: onde os meios de produo so criados

    Setor II: onde os bens de consumo so produzidos

    b) Condio bsica da Reproduo

    I: c1 + v1 + m1 = w1

    II: c2 + v2 + m2 = w2

    c1 + c2 = c1 + v1 + m1 c2 = v1 + m1

    v1 + m1 + v2 + m2 = c2 + v2 + m2 c2 = v1 + m1

    Mostra apenas que o valor do capital constante utilizado no ramo de bens de consumo deve ser igual ao valor das mercadorias consumidas pelos trabalhadores e capitalistas empenhados na criao de meios de produo. Se essa condio for satisfeita, a escala de produo permanece inalterada de um ano para outro.

    Produo e Renda

    Produo dos meios de produo e produo dos bens de consumo oferta total social de mercadorias.

    Renda: a renda do capitalista que deve ser empregada em meios de produo para que ele mantenha sua posio como capitalista e no

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    consumo (mais-valia); a renda do trabalhador (salrios). Procura total de mercadorias.

    Anlise

    Cada um dos dos itens do esquema de reproduo tem um carter duplo pelo fato de representar um elemento de procura e ao mesmo tempo em elemento de oferta:

    c1: constitui parte do valor dos meios de produo e tambm constitui parte das rendas dos capitalistas do setor I, derivada da venda dos meios de produo e normalmente destinada a ser empregada em novos meios de produo. Assim c1 representa tanto a oferta como a procura dos meios de produo. As trocas sero feitas entre os capitalistas do setor I.

    v1: oferta dos meios de produo e, por ser salrio dos trabalhadores do setor um, tambm procura de meios de consumo. No h correspondncia entre os elementos de oferta e procura.

    m1: oferta dos meios de produo e renda dos capitalistas do setor I e por isso procura de meios de consumo. No h correspondncia entre os elementos da oferta e da procura.

    v1 + m1: oferta de meios de produo sem destino e demanda de meios de consumo insatisfeita.

    c2: oferta do bens de consumo e demanda de meios de produo. No h correspondncia entre oferta e demanda. Demanda insatisfeita.

    v2 e m2: oferta e meios de consumo e demanda de meios de consumo. As

    trocas sero feitas entre os capitalistas do setor II.

    C2: demanda insatisfeita do setor II e v1 + m1 demanda insatisfeita do setor I. Ambos os setores pode estabelecer relaes comerciais, desde que c2 = v1 + m1

  • 65

    O esquema de reproduo simples em essncia um recurso para colocar a estrutura da oferta e procura da economia capitalista em termos de gneros de mercadorias produzidas e de funes dos recipientes de rendas.

    Reproduo Ampliada

    Como o capital nasce da mais-valia, Aplicao de mais-valia como capital ou converso de mais-valia em capital o que se chama de acumulao de capital.

    Para acumular, necessrio transformar parte do produto excedente em capital. A mais-valia s pode ser transformada em capital porque o produto excedente, do qual ela o valor, j contm os elementos materiais de um novo capital.

    Pressupostos:

    1) Os capitalistas devem substituir anualmente o capital desgastado e gastar a mais-valia em novos meios de produo e meios de consumo;

    2) Os trabalhadores devem gastar todo o salrio, tambm, em consumo.

    2.2 Hiptese: H acumulao ou desgaste do estoque de meios de produo.

    O Esquema de Reproduo

    a) Setores econmicos:

    Setor I: onde os meios de produo so criados

    Setor II: onde os bens de consumo so produzidos

    b) Condio bsicas da Reproduo

    I: c1 + v1 + m1 = w1

    II: c2 + v2 + m2 = w2

  • 66

    c1 + c2 + m1c + m2c = c1 + v1 + m1c + m1v + m1

    c2 + m2c = v1 + m1v + m1

    A Lei Geral da acumulao do Capital

    Examinar a influncia que o aumento do capital tem sobre a sorte da classe trabalhadora.

    Fatores mais importantes: A composio do capital e as modificaes que experimenta no curso do processo de acumulao.

    A composio do capital

    a) Do ponto de vista da matria que funciona no processo de produo (Composio tcnica do capital): determinada pela relao entre a massa dos meios de produo empregados e a quantidade de trabalho necessria para eles serem empregados. b) Do ponto de vista do valor (Composio segundo o valor ou composio orgnica do capital): determinada pela proporo em que o capital se divide em constante, o valor dos meios de produo, e varivel, o valor da fora de trabalho, a soma global dos salrios. Ou seja, a medida da relao entre o capital constante e capital varivel no capital total usado na produo.

    Em linguagem no-tcnica, a composio orgnica do capital uma medida da proporo na qual o trabalho equipado com materiais, instrumentos e maquinaria no processo produtivo

    L = c/(c+v)

    A taxa de lucro: a razo entre a mais-valia e o investimento total de capital. a razo crucial para o capitalista.

    L = m/(c+v)

    Observaes sobre a razo que determina a taxa de lucro:

  • 67

    1. Ao identificar diretamente a mais-valia como lucro, estamos supondo que nenhuma parte dela ter de ser paga como outra forma de renda.

    2. A frmula mostra a taxa de lucro sobre o capital realmente usado na produo de determinada mercadoria.

    Os fatores determinantes da taxa de lucro so idnticos aos fatores determinantes da mais-valia (ndice dos salrios, produtividade do trabalho, etc.)

    A taxa de lucro uma funo da taxa de mais-valia e da composio orgnica do capital:

    L = m(1 q)

    Esta expresso foi obtida pelo seguinte artifcio algbrico:

    =

    +

    Acrescentamos v ao numerador e ao denominador. A funo no se altera;

    = .

    ( + )

    Somamos e subtramos mc ao numerador;

    = +

    ( + )

    Colocamos m em evidncia;

    = ( + )

    ( + )

    Simplificamos;

    = ( + )

    ( + )

    .

    ( + )

    Separamos de forma conveniente;

    =

    .

    ( + )

  • 68

    Substitumos m/v por m

    = . ( )

    Esta ltima expresso tem a vantagem de mostrar claramente a relao entre a taxa de lucro, mais-valia e a composio orgnica do capital.

    Aumento da acumulao com a composio orgnica do capital constante:

    Acrscimo do capital implica acrscimo de sua parte varivel. Se a COC no for alterada haver um aumento na demanda por trabalho e do fundo de salrios na mesma proporo do capital, e tanto mais rapidamente quanto mais rpido for o crescimento do capital.

    A fora de trabalho tem de incorporar-se continuamente ao capital como meio de expandi-lo, no pode livrar-se dele. Acumular capital portanto aumentar o proletariado.

    A elevao do preo d