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Curso de Especialização em Engª. de Segurança do Trabalho Disciplina: PCRMEI - Civil Profª. Nelma Mirian Chagas de Araújo 1 1 CONSTRUÇÃO CIVIL 1.1 INTRODUÇÃO A Construção Civil difere muito da indústria de transformação, possuindo características singulares, devido à complexidade do processo construtivo, onde intervêm diversos fatores. De acordo com Yazigi (1998), existem algumas peculiaridades da construção que dificultam a transposição de conceitos e ferramentas da qualidade aplicados na indústria de transformação, quais sejam: a construção é uma indústria de caráter nômade; a construção cria produtos únicos e quase nunca produtos seriados; na construção não é possível praticar a produção em linha (produtos passando por operários fixos), mas sim a produção centralizada (operários móveis em torno de um produto); a construção é uma indústria muito conservadora (com preconceitos por parte dos usuários), com grande inércia a alterações; a construção utiliza mão-de-obra intensiva e pouco qualificada, sendo certo que o emprego desses trabalhadores tem caráter eventual e suas possibilidades de promoção são pequenas, o que gera baixa motivação no trabalho; a construção, de maneira geral, realiza grande parte dos seus trabalhos sob intempéries; na construção o produto é geralmente único na vida do usuário; na construção são empregadas especificações complexas, muitas vezes conflitantes e confusas; na construção as responsabilidades são dispersas e pouco definidas; na construção, o grau de precisão com que se trabalha é, em geral, muito menor do que em outras indústrias, qualquer que seja o parâmetro que se contemple: medida, orçamento, prazo, resistência mecânica etc. Além desses aspectos, o autor ainda ressalta que a cadeia produtiva que forma o setor da construção civil é bastante complexa e heterogênea, contando com grande diversidade de agentes intervenientes e de produtos parciais criados ao longo do processo de produção, produtos esses que incorporam diferentes padrões de qualidade e

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A Construção Civil difere muito da indústria de transformação, possuindocaracterísticas singulares, devido à complexidade do processo construtivo, onde intervêm diversos fatores.

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1 CONSTRUÇÃO CIVIL

1.1 INTRODUÇÃO

A Construção Civil difere muito da indústria de transformação, possuindo características singulares, devido à complexidade do processo construtivo, onde intervêm diversos fatores.

De acordo com Yazigi (1998), existem algumas peculiaridades da construção que dificultam a transposição de conceitos e ferramentas da qualidade aplicados na indústria de transformação, quais sejam:

a construção é uma indústria de caráter nômade;

a construção cria produtos únicos e quase nunca produtos seriados;

na construção não é possível praticar a produção em linha (produtos passando por operários fixos), mas sim a produção centralizada (operários móveis em torno de um produto);

a construção é uma indústria muito conservadora (com preconceitos por parte dos usuários), com grande inércia a alterações;

a construção utiliza mão-de-obra intensiva e pouco qualificada, sendo certo que o emprego desses trabalhadores tem caráter eventual e suas possibilidades de promoção são pequenas, o que gera baixa motivação no trabalho;

a construção, de maneira geral, realiza grande parte dos seus trabalhos sob intempéries;

na construção o produto é geralmente único na vida do usuário;

na construção são empregadas especificações complexas, muitas vezes conflitantes e confusas;

na construção as responsabilidades são dispersas e pouco definidas;

na construção, o grau de precisão com que se trabalha é, em geral, muito menor do que em outras indústrias, qualquer que seja o parâmetro que se contemple: medida, orçamento, prazo, resistência mecânica etc.

Além desses aspectos, o autor ainda ressalta que a cadeia produtiva que forma o setor da construção civil é bastante complexa e heterogênea, contando com grande diversidade de agentes intervenientes e de produtos parciais criados ao longo do processo de produção, produtos esses que incorporam diferentes padrões de qualidade e

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que irão afetar a qualidade do produto final. Percebe-se que são diversos os agentes intervenientes nesse processo, ao longo de suas várias etapas:

os usuários, que variam de acordo com o poder aquisitivo, as regiões do País e as especificidades das obras (habitações, escolas, hospitais, edifícios comerciais, industriais e de lazer etc.);

os agentes responsáveis pelo planejamento do empreendimento (obra), que podem ser agentes financeiros e promotores, órgãos públicos, clientes privados e incorporadores, além dos órgãos legais e normativos envolvidos, dependendo do tipo de empreendimento (obra) a ser executado;

os agentes responsáveis pela etapa de projeto, formados por empresas responsáveis por estudos preliminares (sondagem, topografia etc.), arquitetos, calculistas estruturas, projetistas de instalações, além dos órgãos públicos ou privados responsáveis pela aprovação e coordenação do projeto (empreendimento);

os fabricantes de materiais de construção, constituídos pelos segmentos industriais produtores de insumos envolvendo a extração e o beneficiamento de minerais, a indústria de produtos minerais não metálicos (cerâmica, vidro, cimento, cal etc.), de aço para construção e de metais não ferrosos, de madeira, de produtos químicos e de plásticos para a construção;

os agentes envolvidos na etapa de execução das obras (empresas construtoras, subempreiteiros, profissionais autônomos, autoconstrutores, laboratórios, empresas gerenciadoras e órgãos públicos ou privados responsáveis pelo controle e fiscalização das obras;

os agentes responsáveis pela operação e manutenção das edificações ao longo da sua fase de uso (proprietários, usuários e empresas especializadas em operação e manutenção).

A indústria da construção é sempre apontada, em qualquer análise econômica, como um dos principais motores que move a economia de um país.

Essa indústria representa um dos maiores setores da economia dos Estados Unidos. Até o final da década de 1980, a mesma era responsável pela maior parte do Produto Interno Bruto (PIB) e tinha o maior retorno financeiro entre todas as indústrias daquele país. Atualmente, a construção ainda é a maior indústria manufatureira dos Estados Unidos, sendo as novas construções responsáveis por, aproximadamente 8% do PIB norte-americano e o volume anual total das atividades do setor estimado como sendo acima de 500 bilhões de dólares. Mais de um milhão de empresas atuam no setor da construção e o número estimado de pessoas empregadas pelo mesmo é de 10 milhões (HALPIN e WOODHEAD, 2004).

Como o setor da construção é bastante diversificado, o mesmo pode ser classificado, de forma genérica, de acordo com o projeto (empreendimento), a saber: construções de edifícios; construções de engenharia; construções industriais. Essa classificação depende de sua associação a habitação, infra-estrutura pública ou processos de fabricação.

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Construções de Edifícios – Essa categoria inclui empreendimentos geralmente construídos com propostas residenciais, institucionais, educacionais, industriais (depósitos, por exemplo), comerciais, sociais e de recreação. Projetos típicos de construções de edifícios incluem edifícios de escritórios, centros comerciais, complexos esportivos, bancos e agências de automóveis.

Construções de Engenharia – As construções de engenharia normalmente compreendem as estruturas que são planejadas e projetadas principalmente por profissionais especializados de engenharia, ao contrário das construções de edifícios, onde os projetos, em sua maioria, são elaborados por arquitetos. Normalmente esses projetos têm por objetivo uma função pública relativa à infra-estrutura e, portanto, órgãos públicos ou concessionárias de serviços são os responsáveis pelas especificações desses projetos. Essa categoria de construções costuma ser dividida em duas subcategorias, a saber: construção de estradas – desenvolvidos pelo estado (federal, estadual ou municipal), envolvendo escavações, aterros, pavimentação, drenagem, pontes e viadutos (obras-de-arte correntes e especiais); construção pesada – também são tipicamente financiados por órgãos públicos ou concessionárias, incluindo represas, transportes (que não estradas de rodagem), irrigação, aquedutos e canalização de leitos de rios.

Construções Industriais – Essa categoria de construções normalmente envolve projetos de alta tecnologia relativa à manufatura e ao processo de produtos, onde clientes privados contratam empresas especializadas de engenharia para que essas projetem suas instalações. Em alguns casos, as empresas contratadas elaboram o projeto e executam, também.

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A Figura 1 representa uma das diversas formas que são utilizadas para dividir a indústria da construção em diferentes segmentos.

Figura 1 – Divisão da indústria da construção em segmentos Fonte: adaptado de Halpin e Woodhead (2004)

1.2 ETAPAS CONSTRUTIVAS

As etapas construtivas das obras podem ser distintas de uma obra para outra, dependendo do tipo, especificações de serviços e sistemas construtivos a serem utilizados.

As principais etapas construtivas que compõem as obras de edificações verticais são:

Limpeza do terreno;

Serviços preliminares;

Movimento de terra

Construção Pesada (20-25%)

Barragens, túneis, pontes, estradas, aeroportos, sistemas de transporte urbano, portos, dutos, usinas de tratamento de água, redes de telecomunicação.

Construção Industrial (5-10%)

Refinarias de petróleo, industrias petroquímicas, indústrias de combustíveis sintéticos, usinas nucleares, indústrias siderúrgicas, industrias manufatureiras pesadas.

Construções Residenciais (30-35%)

Residências unifamiliares, residências multifamiliares, edifícios de apartamentos, condomínios.

Construção de Edifícios (35-40%)

Escolas, universidades, hospitais, edifícios comerciais de escritórios, depósitos, indústrias manufatureiras leves, teatros, edifícios governamentais, centros comerciais, centros de recreação.

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Infra-estrutura;

Superestrutura;

Vedação;

Cobertura;

Revestimento de paredes;

Pisos;

Esquadrias;

Pintura;

Instalações hidro-sanitárias;

Instalações elétricas/telefônicas;

Instalações de gás;

Instalações de combate a incêndio;

Louças e metais;

Equipamentos;

Limpeza da obra.

1.3 LAYOUT DO CANTEIRO DE OBRAS

De acordo com Maia (1999),

Layout é a posição relativa dos documentos, seções ou escritórios dentro do conjunto de uma fábrica, oficina ou área de trabalho; de máquinas, dos pontos de armazenamento e do trabalho manual ou intelectual dentro de cada departamento ou seção, dos meios de suprimentos e acesso às áreas de armazenamento e de serviços, tudo selecionado dentro do fluxo de trabalho.

Em síntese, o layout pode ser definido como a disposição física de homens, materiais, equipamentos, áreas de trabalho e de estocagem e, de um modo geral, como a disposição racional dos diversos serviços de uma empresa.

1.3.1 Tipos de layout

Os tipos de layout mais adotados são: linear, funcional e posicional.

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1.3.1.1 Linear

É adotado para um único produto ou produtos similares., fabricados em grande quantidade em um processo relativamente simples, onde as máquinas são arranjadas de acordo com a seqüência de produção.

Exemplo: linha de montagem de automóveis.

1.3.1.2 Funcional

É adotado principalmente quando há grande variedade nos produtos e na seqüência de operações, os equipamentos são de difícil movimentação e exigem suprimentos e construções especiais. Os produtos nesse caso são volumosos. O trabalho é dividido de acordo com a função das máquinas e operários.

Exemplo: fábrica de confecção.

1.3.1.3 Posicional

É adotado para um único produto ou produtos similares., fabricados em grande quantidade em um processo relativamente simples, onde as máquinas são arranjadas de acordo com a seqüência de produção.

Exemplo: linha de montagem de automóveis.

1.4 ESTRUTURAS E SUPERFÍCIES DE TRABALHO

Segundo a NR-18 (MANUAIS, 2006), disposição 18.15 – Andaimes e plataformas de trabalho, o dimensionamento dos andaimes, sua estrutura de sustentação e fixação, deve ser realizado por profissional legalmente habilitado.

Os andaimes devem ser dimensionados e construídos de modo a suportar, com segurança, as cargas de trabalho a que estarão sujeitos. O piso de trabalho dos andaimes deve possuir forração completa, antiderrapante, se nivelado e fixado de modo seguro e resistente.

Devem ser tomadas precauções especiais, quando da montagem, desmontagem e movimentação de andaimes próximos às redes elétricas.

A madeira para confecção de andaimes deve ser de boa qualidade, seca, sem apresentar nós e rachaduras que comprometam a sua resistência, sendo proibido o uso de pintura que encubra imperfeições e de aparas de madeira na confecção.

Os andaimes devem dispor de sistema guarda-corpo e rodapé, inclusive nas cabeceiras e em todo o perímetro, com exceção do lado da face de trabalho.

É proibida a retirada de qualquer dispositivo de segurança dos andaimes ou anular sua ação, bem como é proibida, também, sobre o piso de trabalho dos andaimes, a utilização de escadas e outros meios para se atingir lugares mais altos.

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O acesso aos andaimes deve ser efetuado de maneira segura.

1.4.1 Andaimes simplesmente apoiados

Os montantes desse tipo de andaime devem ser apoiados em sapatas sobre base sólida capaz de resistir aos esforços solicitantes e às cargas transmitidas.

A Figura 2 mostra um andaime simplesmente apoiado, do tipo tubular em módulos.

Figura 2 – Andaimes simplesmente apoiados

É proibido o trabalho em andaimes apoiados sobre cavaletes que possuam altura superior a 2,00 m e largura inferior a 0,90 m, sendo proibido, também, o trabalho o deslocamento das estruturas

É proibido o trabalho em andaimes na periferia da edificação sem que haja proteção adequada fixada à estrutura da mesma, bem como o deslocamento das estruturas dos andaimes com trabalhadores sobre os mesmos.

Os andaimes cujos pisos de trabalho estejam situados a mais de 1,50 m (um metro e cinqüenta centímetros) de altura devem ser providos de escada ou rampas.

O ponto de instalação de qualquer aparelho de içar materiais deve ser escolhido de modo a não comprometer a estabilidade e segurança do andaime.

Os andaimes de madeira não podem ser utilizados em obras acima de 3 (três) pavimentos ou altura equivalente, podendo ter o lado interno apoiado na própria edificação.

A estrutura dos andaimes deve ser fixada à construção por meio de amarração e entroncamento, de modo a resistir aos esforços a que estará sujeita.

As torres de andaimes não podem exceder, em altura, quatro vezes a menor dimensão da base de apoio, quando não estaiadas.

1.4.2 Andaimes fachadeiros

Os andaimes fachadeiros não devem receber cargas superiores às especificadas pelo fabricante. Sua carga deve ser distribuída de modo uniforme, sem obstruir a circulação de pessoas e ser limitada pela resistência da forração da plataforma de trabalho.

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Os acessos verticais ao andaime fachadeiro devem ser realizados em escada incorporada à sua própria estrutura ou por meio de torre de acesso.

A movimentação vertical de componentes e acessórios para a montagem e/ou desmontagem de andaime fachadeiro deve ser efetuada por meio de cordas ou por sistema próprio de içamento.

Os montantes do andaime fachadeiro devem ter seus encaixes travados com parafusos, contrapinos, braçadeiras ou similar.

Os painéis dos andaimes fachadeiros destinados a suportar os pinos e/ou funcionar como travamento, após encaixados nos montantes, devem ser contrapinados ou travados com parafusos, braçadeiras ou similar.

As peças de contraventamento devem ser fixadas nos montantes por meio de parafusos, braçadeiras ou por encaixe em pinos, devidamente travados ou contrapinados, de modo que asseguram a estabilidade e a rigidez necessária ao andaime.

Os andaimes fachadeiros devem dispor de proteção com tela de arame galvanizado ou material de resistência e durabilidade equivalente, desde a primeira plataforma de trabalho até pelo menos 2,00 m acima da última plataforma de trabalho.

A Figura 3 apresenta um exemplo de andaime fachadeiro com dois níveis de plataformas de trabalho.

Figura 3 – Andaime fachadeiro

1.4.3 Andaimes móveis

Os rodízios dos andaimes devem ser providos de travas de modo a evitar deslocamentos acidentais e somente poderão ser utilizados em superfícies planas.

A Figura 4 apresenta um exemplo de andaime móvel com travas.

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Figura 4 – Andaime móvel

1.4.4 Andaimes em balanço

Os andaimes em balanço devem possuir sistema de fixação à estrutura da edificação capaz de suportar três vezes os esforços solicitados.

A estrutura do andaime deve ser convenientemente contraventada e ancorada de tal forma a eliminar quaisquer oscilações.

1.4.5 Andaimes suspensos

Os sistemas de fixação e sustentação e as estruturas de apoio dos andaimes suspensos, deverão ser precedidos de projeto elaborado e acompanhado por profissional legalmente habilitado.

A Figura 5 mostra um andaime suspenso.

Figura 5 – Andaime suspenso

Os andaimes suspensos deverão ser dotados de placa de identificação, colocada em local visível, onde conste a carga máxima de trabalho permitida.

A instalação e a manutenção dos andaimes suspensos devem ser feitas por trabalhador qualificado, sob supervisão e responsabilidade técnica de profissional legalmente habilitado, obedecendo, quando de fábrica, às especificações técnicas do fabricante.

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Deve ser garantida a estabilidade dos andaimes suspensos durante o período de sua utilização, através de procedimentos operacionais e de dispositivos ou equipamentos específicos para tal fim.

O trabalhador deve utilizar cinto de segurança tipo pára-quedista, ligado ao trava-quedas de segurança e este ligado a cabo-guia fixado em estrutura independente da estrutura de fixação e sustentação do andaime suspenso.

A sustentação dos andaimes suspensos deve ser feita por meio de vigas, afastadores ou outras estruturas metálicas de resistência equivalente a, no mínimo, três vezes o maior esforço solicitante, e somente poderá ser apoiada ou fixada em elemento estrutural.

Em caso de sustentação de andaimes suspensos em platibanda ou beiral da edificação, essa deverá ser precedida de estudos de verificação estrutural sob responsabilidade de profissional legalmente habilitado.

É proibida a fixação de sistemas de sustentação dos andaimes por meio de sacos com areia, pedras ou qualquer outro meio similar.

Quando da utilização do sistema contrapeso, como forma de fixação da estrutura de sustentação dos andaimes suspensos este deverá atender as seguintes especificações mínimas:

Ser invariável;

Ser fixado à estrutura de sustentação de andaimes;

Ser de concreto, aço ou outro sólido não granulado, com seu peso conhecido e marcado de forma indelével em cada peça;

Ter contraventamentos que impeçam seu deslocamento horizontal.

É proibido o uso de cabos de fibras naturais ou artificiais para sustentação dos andaimes suspensos.

Os cabos de suspensão devem trabalhar na vertical e o estrado na horizontal.

Os usuários e o responsável pela verificação deverão receber treinamento e manual de procedimentos para a rotina de verificação diária.

Os cabos de aço utilizados nos guinchos tipo catraca dos andaimes suspensos devem:

Ter comprimento tal que para a posição mais baixa do estrado restem pelo menos 6 (seis) voltas sobre cada tambor;

Passar livremente na roldana, devendo o respectivo sulco ser mantido em bom estado de limpeza e conservação.

Os andaimes suspensos devem ser convenientemente fixados à edificação na posição de trabalho.

É proibido acrescentar trechos em balanço ao estrado de andaimes suspenso.

É proibida a interligação de andaimes suspensos para a circulação de pessoas ou execução de tarefas.

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Sobre os andaimes suspensos somente é permitido depositar material para uso imediato.

É proibida a utilização de andaimes suspensos para transporte de pessoas ou materiais que não estejam vinculados aos serviços de execução.

Os quadros dos guinchos de elevação devem ser providos de dispositivos para fixação de sistema guarda-corpo e rodapé.

O estrado do andaime deve estar fixado aos estribos de apoio e o guarda-corpo ao seu suporte.

Os guinchos de elevação para acionamento manual devem observar os seguintes requisitos:

Ter dispositivo que impeça o retrocesso do tambor para catraca;

Ser acionado por meio de alavancas, manivelas ou automaticamente, na subida e na descida do andaime;

Possuir segunda trava de segurança para catraca;

Ser dotado da capa de proteção da catraca.

A largura mínima útil da plataforma de trabalho dos andaimes suspensos será de 0,65 m (sessenta e cinco centímetros).

A largura máxima útil da plataforma de trabalho dos andaimes suspensos, quando utilizado um guincho em cada armação, será de 0,90 m (noventa centímetros).

A plataforma de trabalho deve resistir em qualquer ponto, a uma carga pontual de 200 kgf (duzentos quilogramas-força).

Os estrados dos andaimes suspensos mecânicos podem ter comprimento máximo de 8,00 m (oito metros).

Quando utilizado apenas um guincho de sustentação por armação é obrigatório o uso de um cabo de segurança adicional de aço, ligado a dispositivo de bloqueio mecânico automático, observando-se a sobrecarga indicada pelo fabricante do equipamento.

1.4.6 Andaimes suspensos motorizados

Na utilização de andaimes suspensos motorizados deverá ser observada a instalação dos seguintes dispositivos:

Cabos de alimentação de dupla isolação;

Plugs/tomadas blindadas;

Aterramento elétrico;

Dispositivo Diferencial Residual (DR);

Fim de curso superior e batente.

O conjunto motor deve ser equipado com dispositivo mecânico de emergência, que acionará automaticamente em caso em caso de pane elétrica de forma a manter a

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plataforma de trabalho parada em altura e, quando acionado, permitir a descida segura até o ponto de apoio inferior.

Os andaimes motorizados devem ser dotados de dispositivo que impeçam sua movimentação, quando sua inclinação for superior a 15º (quinze graus), devendo permanecer nivelados no ponto de trabalho.

O equipamento deve ser desligado e protegido quando fora de serviço.

A Figura 6 mostra um exemplo de andaime suspenso motorizado.

Figura 6 – Andaime suspenso motorizado

1.4.7 Plataforma de trabalho com sistema de movimentação vertical em pinhão e cremalheira e plataformas hidráulicas

As plataformas de trabalho com sistema de movimentação vertical em pinhão e cremalheira e as plataformas hidráulicas deverão observar as especificações técnicas do fabricante quanto à montagem, operação, manutenção, desmontagem e às inspeções periódicas, sob responsabilidade técnica de profissional legalmente habilitado.

A instalação, manutenção e inspeção periódica dessas plataformas de trabalho devem ser feitas por trabalhador qualificado, sob supervisão e responsabilidade técnica de profissional legalmente habilitado.

O equipamento somente deverá ser operado por trabalhador qualificado.

Todos os trabalhadores usuários de plataformas deverão receber orientação quanto ao correto carregamento e posicionamento dos materiais na plataforma.

A Figura 7 apresenta um exemplo de plataforma hidráulica.

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Figura 7 – Plataforma hidráulica

Os usuários deverão receber treinamento para a operação dos equipamentos.

Todos os trabalhadores deverão usar cinto de segurança tipo pára-quedista ligado a um cabo-guia fixado em estrutura independente do equipamento, salvo situações especiais tecnicamente comprovadas por profissional legalmente habilitado.

O equipamento deve estar afastado das redes elétricas ou estas estarem isoladas conforme as normas específicas da concessionária local.

A capacidade de carga mínima no piso de trabalho deverá ser de 150 kgf/m2 (cento e cinqüenta quilogramas-força por metro quadrado).

São proibidas a improvisação na montagem de trechos em balanço e a interligação de plataformas.

A área sob a plataforma de trabalho deverá ser devidamente sinalizada e delimitada, sendo proibida a circulação de trabalhadores dentro daquele espaço.

A plataforma deve dispor de sistema de sinalização sonora acionado automaticamente durante sua subida e descida.

A plataforma deve possuir no painel de comando botão de parada de emergência.

O equipamento deve ser dotado de dispositivos de segurança que garantam o perfeito nivelamento da plataforma no ponto de trabalho, não podendo exceder a inclinação máxima indicada pelo fabricante.

No percurso vertical da plataforma não poderá haver interferências que possam obstruir o seu livre deslocamento.

Em caso de pane elétrica o equipamento deverá ser dotado de dispositivos mecânicos de emergência que mantenham a plataforma parada permitindo o alívio manual por parte do operador, para descida segura da mesma até sua base.

A ancoragem da torre será obrigatória quando a altura desta for superior a 9,00 m (nove metros).

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O equipamento, quando fora de serviço, deverá estar no nível da base, desligado e protegido contra acionamento não autorizado.

A plataforma de trabalho deve ter seus acessos dotados de dispositivos eletro-eletrônicos que impeçam sua movimentação quando abertos.

É proibido realizar qualquer trabalho sob intempéries ou outras condições desfavoráveis que exponham a risco os trabalhadores.

É proibida a utilização das plataformas de trabalho para o transporte de pessoas e materiais não vinculados aos serviços em execução.

1.4.8 Plataformas por cremalheira

As plataformas por cremalheira deverão dispor dos seguintes dispositivos:

Cabos de alimentação de dupla isolação;

Plugs/tomadas blindadas;

Aterramento elétrico;

Dispositivo Diferencial Residual (DR);

Limites elétricos de percurso superior e inferior;

Motofreio;

Freio automático de segurança;

Botoeira de comando de operação com atuação por pressão contínua.

1.4.9 Cadeira suspensa

Em quaisquer atividades em que não seja possível a instalação de andaimes, é permitida a utilização de cadeira suspensa.

A Figura 8 apresenta um exemplo de cadeira suspensa.

Figura 8 – Cadeira suspensa

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A sustentação da cadeira suspensa deve ser realizada por meio de cabo de aço ou cabo de fibra sintética.

As cadeiras suspensas devem dispor de:

Sistema dotado com dispositivo de subida e descida com dupla trava de segurança, quando a sustentação for através de cabo de aço;

Sistema dotado com dispositivo de descida com dupla trava de segurança, quando a sustentação for por meio de cabo de fibra sintética;

Requisitos mínimos de conforto previstos na NR-17 – Ergonomia.

O trabalhador deve utilizar cinto de segurança tipo pára-quedista, ligado ao trava-quedas em cabo-guia independente.

A cadeira suspensa deve apresentar na sua estrutura, em caracteres indeléveis e bem visíveis, a razão social do fabricante e o número de registro respectivo no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ).

É proibida a improvisação de cadeira suspensa.

O sistema de fixação da cadeira suspensa deve ser independente do cabo-guia do trava-quedas.

1.5 ARMAZENAGEM, TRANSPORTE E MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS

1.5.1 Armazenagem de materiais

De acordo com a NR-18 (MANUAIS, 2006), os materiais devem ser armazenados e estocados de modo a não prejudicar o trânsito de pessoas e de trabalhadores, a circulação de materiais, o acesso aos equipamentos de combate a incêndio, não obstruir portas ou saídas de emergência e não provocar empuxos ou sobrecarga b=nas paredes, lajes ou estruturas de sustentação, além do previsto nos seu dimensionamento.

As pilhas de materiais, a granel ou embalados, devem ter forma e altura que garantam a sua estabilidade e facilitem o seu manuseio.

Em pisos elevados, os materiais não podem ser empilhados a uma distância de suas bordas menor que a equivalente à altura da pilha. Exceção feita quando da existência de elementos protetores dimensionados para tal fim.

Tubos, vergalhões, perfis, barras, pranchas e outros materiais de grande comprimento devem ser arrumados em camadas, com espaçadores e peças de retenção, separados de acordo com o tipo de material e a bitola das peças.

O armazenamento deve ser efetuado de forma que permita que os materiais sejam retirados obedecendo à seqüência de utilização planejada, de forma a não prejudicar a estabilidade das pilhas.

Os materiais não devem ser empilhados diretamente sobre piso instável, úmido ou desnivelado.

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A cal virgem deve ser armazenada em local seco e arejado.

Os materiais tóxicos, corrosivos, inflamáveis ou explosivos devem ser armazenados em locais isolados, apropriados, sinalizados e de acesso permitido somente a pessoas devidamente autorizadas, devendo estas ter conhecimento prévio do procedimento a ser adotado em caso de eventual acidente.

As madeiras retiradas de andaimes, tapumes, fôrmas e escoramentos devem ser empilhadas, depois de retirados ou rebatidos os pregos, arames e fitas de amarração.

Os recipientes de gases para solda devem ser transportados e armazenados adequadamente, obedecendo-se às prescrições quanto ao transporte e armazenamento de produtos inflamáveis.

1.5.2 Transporte e movimentação de materiais

A NR-18 (MANUAIS, 2006), através da disposição 18.14 – Movimentação e transporte de materiais e pessoas, diz que os equipamentos de transporte vertical de materiais e pessoas devem ser dimensionados por profissional legalmente habilitado, enquanto sua montagem e desmontagem devem ser realizadas por trabalhador qualificado e, ainda, sua manutenção deverá ser realizada por trabalhador qualificado, sob supervisão de profissional legalmente habilitado. Todos os equipamentos de movimentação e transporte de materiais e pessoas só devem ser operados por trabalhador qualificado, o qual deverá ter sua função anotada em Carteira de Trabalho.

No transporte vertical e horizontal de concreto, argamassas e outros materiais, é proibida a circulação ou permanência de pessoas sob a área de movimentação da carga, devendo a mesma ser isolada e sinalizada.

Quando o local de lançamento de concreto não for visível pelo operador do equipamento de transporte ou bomba de concreto, deve ser utilizado um sistema de sinalização, sonoro ou visual, e, quando isso não for possível, deve haver comunicação por telefone ou rádio para determinar o início e o fim do transporte.

Já no transporte e descarga de perfis, vigas e elementos estruturais, devem ser adotadas medidas preventivas quanto à sinalização e isolamento da área.

Os acessos da obra devem estar desimpedidos, possibilitando a movimentação dos equipamentos de guindar e transportar.

Antes do início dos serviços, os equipamentos de guindar e transportar devem ser vistoriados por trabalhador qualificado, com relação a capacidade de carga, altura de elevação e estado geral do equipamento.

Estruturas ou perfis de grande superfície somente devem ser içados com total precaução contra rajadas de vento.

Todas as manobras de movimentação devem ser executadas por trabalhador qualificado e por meio de código de sinais convencionais.

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Devem ser tomadas precauções especiais quando da movimentação de máquinas e equipamentos próximo de redes elétricas.

O levantamento manual ou semimecanizado de cargas deve ser executado de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com a sua capacidade de força, conforme a NR-17 – ergonomia.

Os guinchos de coluna ou similar (tipo “Velox”) devem ser providos de dispositivos próprios para sua fixação.

As Figuras 9 e 10 apresentam exemplos de guinchos de coluna.

Figura 9 – Guincho de coluna

Figura 10 – Guincho de coluna com içamento de carga

O tambor do guincho de coluna deve estar nivelado para garantir o enrolamento adequado do cabo.

A distância entre a roldana livre e o tambor do guincho do elevador deve estar compreendida entre 2,50 m (dois metros e cinqüenta centímetros) e 3,00 m (três metros) de eixo a eixo (ver Figura 11).

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Figura 11 – Roldana e tambor de um guincho de coluna

O cabo de aço situado entre o tambor de rolamento e a roldana livre deve ser isolado por barreira segura, de forma que se evitem a circulação e o contato acidental de trabalhadores com o mesmo.

O guincho do elevador deve ser dotado de chave de partida e bloqueio que impeça o seu acionamento por pessoa não autorizada.

Em qualquer posição da cabina do elevador, o cabo de tração deve dispor, no mínimo, de 6 (seis) voltas enroladas no tambor.

Os elevadores de caçamba devem ser utilizados apenas para o transporte de material a granel.

É proibido o transporte de pessoas por equipamentos de guindar.

Os equipamentos de transporte de materiais devem possuir dispositivos que impeçam a descarga acidental do material transportado.

1.6 COR, CANALIZAÇÃO E ROTULAGEM

1.6.1 Cor

O uso de cores deverá ser o mais reduzido possível, a fim de não ocasionar distração, confusão e fadiga ao trabalhador, devendo ser adotadas em estabelecimentos ou locais de trabalho, a fim de advertir acerca dos riscos existentes, de acordo com as recomendações da NR-26 (MANUAIS, 2006), disposição 26.1 – Cor na segurança do trabalho.

A utilização das cores não dispensa o emprego de outras formas de prevenção de acidentes.

As cores adotadas pela NR-26 são as seguintes:

Vermelho;

Amarelo;

Branco;

Laranja;

Púrpura;

Lilás;

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Preto;

Azul;

Verde;

Cinza;

Alumínio;

Marrom.

O vermelho deverá ser utilizado para distinguir e indicar equipamentos e aparelhos de proteção e combate a incêndio. Não deverá ser utilizada na indústria para assinalar perigo, por ser de pouca visibilidade em comparação com o amarelo (de alta visibilidade) e o alaranjado (que significa Alerta). É empregado para identificar: caixa de alarme de incêndio; hidrantes; bombas de incêndio; sirene de alarme de incêndio; caixas com cobertores para abafar chamas; extintores e sua localização; indicações de extintores; localização de mangueiras de incêndio; baldes de areia ou água, para extinção de incêndio; tubulações, válvulas e hastes do sistema de aspersão de água; transporte com equipamentos de combate a incêndio; portas de saídas de emergência; rede de água para incêndio (sprinklers); mangueira de acetileno.

A cor vermelha ainda será utilizada excepcionalmente com sentido de advertência de perigo:

Nas luzes a serem colocadas em barricadas, tapumes de construções e quaisquer outras obstruções temporárias;

Em botões interruptores de circuitos elétricos para paradas de emergência.

Em canalizações, deve-se utilizar o amarelo para identificar gases não liquefeitos. O amarelo deverá ser empregado para indicar “Cuidado!”, assinalando:

Partes baixas de escadas portáteis;

Corrimões, parapeitos, pisos e partes inferiores de escadas que apresentem risco;

Espelhos de degraus de escadas;

Bordos desguarnecidos de aberturas no solo (poço, entradas subterrâneas etc.) e de plataformas que não possam ter corrimões;

Bordas horizontais de portas de elevadores que se fecham verticalmente;

Faixas no piso de entrada de elevadores e plataformas de carregamento;

Meios-fios, onde haja a necessidade de chamar atenção;

Paredes de fundo de corredores sem saída;

Vigas colocadas à baixa altura;

Cabines, caçambas e gatos-de-pontes-rolantes, guindastes, escavadeiras etc.;

Equipamentos de transporte e manipulação de material, tais como empilhadeiras, tratores industriais, pontes-rolantes, vagonetes, reboques etc.;

Fundos de letreiros e avisos de advertência;

Palestras, vigas, postes, colunas e partes salientes da estrutura e equipamentos em que se possa esbarrar;

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Cavaletes, porteiras e lanças de cancelas;

Bandeiras como sinal de advertência (combinado ao preto);

Comandos e equipamentos suspensos que ofereçam risco;

Pára-choques para veículos de transporte pesados, com listras pretas.

Listras (verticais ou inclinadas) e quadrados pretos serão usados sobre o amarelo quando houver necessidade de melhorar a visibilidade da sinalização.

O branco será empregado em:

Passarelas e corredores de circulação, por meio de faixas (localização e largura);

Direção e circulação, por meio de sinais;

Localização e coletores de resíduos;

Localização de bebedouros;

Áreas em torno dos equipamentos de socorro e urgência, de combate a incêndio iu outros equipamentos de emergência;

Áreas destinadas à armazenagem;

Zonas de segurança.

O preto será empregado para indicar as canalizações de inflamáveis e combustíveis de alta viscosidade (óleo lubrificante, asfalto, óleo combustível, alcatrão, piche, por exemplo). O preto poderá ser usado em substituição ao branco, ou combinado a este quando condições especiais o exigirem.

O azul deverá ser utilizado para indicar “Cuidado!”, ficando o seu emprego limitado a avisos contra uso e movimentação de equipamentos, que deverão permanecer fora de serviço.

Poderá ser empregado em barreiras e bandeirolas de advertência a serem localizadas nos pontos de comando, de partida, ou fontes de energia dos equipamentos. Será empregado, também, em:

Canalizações de ar comprimido;

Prevenção contra movimento acidental de qualquer equipamento em manutenção;

Avisos colocados no ponto de arranque ou fontes de potência.

O verde é a cor que caracteriza “segurança”, devendo ser empregada para identificar:

Canalizações de água;

Caixas de equipamento de socorro de urgência;

Caixas contendo máscaras contra gases;

Chuveiros de segurança;

Macas;

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Fontes lavadoras de olhos;

Quadros para exposição de cartazes, boletins, avisos de segurança etc.;

Porta de entrada de salas de curativos de urgência;

Localização de EPI e caixas contendo EPI;

Emblemas de segurança;

Dispositivos de segurança;

Mangueiras de oxigênio (solda oxiacetilênica).

O laranja deverá ser empregado para identificar:

Canalizações contendo ácidos;

Partes móveis de máquinas e equipamentos;

Partes internas das guardas de máquinas que possam ser removidas ou abertas;

Faces internas de caixas protetoras de dispositivos elétricos;

Faces externas de polias e engrenagens;

Botões de arranque de segurança;

Dispositivos de corte, bordas de serras, prensas.

A púrpura deverá ser usada para indicar os perigos provenientes das radiações eletromagnéticas penetrantes de partículas nucleares. Deverá ser empregada a cor púrpura em:

Portas e aberturas que dão acesso a locais onde se manipulam ou armazenam materiais radioativos ou materiais contaminados pela radioatividade;

Locais onde tenham sido enterrados materiais e equipamentos contaminados;

Recipientes de materiais radioativos ou de refugos de materiais e equipamentos contaminados;

Sinais luminosos para indicar equipamentos produtores de radiações eletromagnéticas penetrantes e partículas nucleares.

O lilás deverá ser usado para indicar canalizações que contenham álcalis. As refinarias de petróleo também podem utilizar o lilás para a identificação de lubrificantes.

O cinza poderá ser usado de duas formas:

Cinza claro – para identificar canalizações de vácuo;

Cinza escuro – para identificar eletrodutos.

O alumínio será utilizado em canalizações contendo gases liquefeitos, inflamáveis e combustíveis de baixa viscosidade (óleo diesel, gasolina, querosene, óleo lubrificante, por exemplo).

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O marrom poderá ser adotado, a critério da empresa, para identificar qualquer fluido não identificável pelas demais cores.

O corpo das máquinas deverá ser pintado em branco, preto ou verde.

1.6.2 Canalização

As canalizações industriais, para condução de líquidos e gases, deverão receber a aplicação de cores, em toda sua extensão, a fim de facilitar a identificação do produto e evitar acidentes.

Obrigatoriamente, a canalização de água potável deverá ser diferenciada das demais. Quando houver a necessidade de uma identificação mais detalhada (concentração , temperatura, pressões, purezas etc.), a diferenciação far-se-á através de faixas de cores diferentes, aplicadas sobre a cor básica.

A identificação por meio de faixas deverá ser feita de modo que possibilite facilmente a sua visualização em qualquer parte da canalização.

Todos os acessórios das canalizações serão pintados nas cores básicas de acordo com a natureza do produto a ser transportado.

O sentido de transporte do fluido, quando necessário, será indicado por meio de seta pintada em cor de contraste sobre a cor básica da canalização.

Para fins de segurança, os depósitos ou tanques fixos que armazenem fluidos deverão ser identificados pelo mesmo sistema de cores que as canalizações.

1.6.3 Rotulagem

A rotulagem dos produtos perigosos ou nocivos à saúde deverá ser efetuada segundo as recomendações da NR-26 (MANUAIS, 2006), disposição 26.6 – Rotulagem preventiva.

De acordo com a referida NR, todas as instruções dos rótulos deverão ser breves, precisas, redigidas em termos simples e de fácil compreensão. A linguagem deverá ser prática, não se baseando somente nas propriedades inerentes a um produto, mas dirigida de modo a evitar os riscos resultantes do uso, manipulação e armazenagem do produto.

Onde possam ocorrer misturas de duas ou mais substâncias químicas, com propriedades que variem, em tipo ou grau daquelas dos componentes considerados isoladamente, o rótulo deverá destacar as propriedades perigosas do produto final.

No rótulo deverão constar as seguintes informações:

Nome técnico do produto;

Palavra de advertência, designando o grau de risco. As palavras de advertência que devem ser usadas são: “Perigo”, para indicar substâncias que apresentam alto risco; “Cuidado”, para substâncias que apresentam risco médio; “Atenção”, para substâncias que apresentam risco leve;

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Indicações de risco. As indicações deverão informar sobre os riscos relacionados ao manuseio de uso habitual ou razoavelmente previsível do produto. Exemplos: “Extremamente inflamáveis”, “Nocivo se absorvido através da pele” etc.

Medidas preventivas, abrangendo aquelas a serem tomadas. Têm por finalidade estabelecer outras medidas a serem tomadas para evitar lesões ou danos decorrentes dos riscos indicados. Exemplos: “Mantenha afastado do calor, faíscas e chamas abertas” e “Evite inalar a poeira”;

Primeiros socorros, medidas específicas que podem ser tomadas antes da chegada do médico;

Informações para médicos, em casos de acidentes;

Instruções especiais em caso de fogo, derrame ou vazamento, quando for o caso.

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2 PROGRAMAS CONVENCIONAIS DE SEGURANÇA E SAÚDE

NO TRABALHO1

2.1 INTRODUÇÃO

Um programa de segurança do trabalho tem por finalidade a prevenção de acidentes de trabalho e suas conseqüências negativas sobre a saúde do trabalhador.

Os programas convencionais utilizados pela indústria da construção são: PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais; PCMSO – Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional; PCMAT – Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção.

2.2 PPRA

De acordo com a NR-9 (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) do Ministério do Trabalho e Emprego (MANUAIS, 2006), o PPRA é parte integrante do conjunto mais amplo de iniciativas da empresa no campo da saúde dos trabalhadores, devendo estar articulado com o disposto nas demais NR, em especial com o Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO) previsto na NR-7 (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional).

A NR-7 estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do PPRA, visando a preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.

A NR-7, também, estabelece os parâmetros mínimos e diretrizes gerais a serem observados na execução do PPRA, podendo os mesmos ser ampliados mediante negociação coletiva de trabalho.

São considerados riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. São considerados agentes físicos diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não-ionizantes, bem como o infra-som e ultra-som. Já os agentes químicos, são as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no 1 A maior parte deste texto foi transcrita, com algumas alterações, das NR 7, 9 e 18 do MTE (MANUAIS, 2006).

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organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão. Por fim, são considerados agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros.

O PPRA deverá conter, no mínimo, a seguinte estrutura:

planejamento anual com o estabelecimento de metas, prioridades e cronograma;

estratégia e metodologia de ação;

forma de registro, manutenção e divulgação dos dados;

periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do programa.

Deverá ser realizada, sempre que se fizer necessário e pelo menos uma vez ao ano, uma análise global do PPRA para avaliação do seu desenvolvimento e realização de ajustes necessários e estabelecimento de novas metas e prioridades.

O documento-base do PPRA e suas alterações e complementações deverão ser apresentados e discutidos na CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), quando existente na empresa, devendo sua cópia ser anexada ao livro de atas desta Comissão.

A elaboração, implementação, acompanhamento e avaliação do PPRA poderão ser feitas pelo Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) ou por pessoa ou equipe de pessoas que, a critério do empregador, sejam capazes de efetuas as referidas ações.

O estudo, desenvolvimento e implantação de medidas de proteção coletiva deverá obedecer a seguinte hierarquia:

medidas que eliminam ou reduzam a utilização ou a formação de agentes no ambiente de trabalho;

medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no ambiente de trabalho;

medidas que reduzam os níveis ou a concentração desses agentes no ambiente de trabalho.

A implantação de medidas de caráter coletivo deverá ser acompanhada de treinamento dos trabalhadores quanto aos procedimentos que asseguram a sua eficiência e de informação sobre as eventuais limitações de proteção que ofereçam.

Quando comprovado pelo empregador ou instituição a inviabilidade técnica da adoção de medidas de proteção coletiva, ou quando estas não forem suficientes ou encontrarem-se em fase de estudo, planejamento ou implantação, ou ainda de caráter complementar ou emergencial, deverão ser adotadas outras medidas, obedecendo-se à seguinte hierarquia:

medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho;

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utilização de Equipamento de Proteção Individual (EPI).

A utilização de EPI no âmbito do programa deverá considerar as Normas Legais e Administrativas em vigor e envolver, no mínimo:

seleção do EPI adequado tecnicamente ao risco a que o trabalhador está exposto e à atividade exercida, considerando-se a eficiência necessária para o controle da exposição ao risco e o conforto oferecido segundo avaliação do trabalhador usuário;

programa de treinamento dos trabalhadores quanto a sua correta urtilização e orientação sobre as limitações de proteção que o EPI oferece;

estabelecimento de normas ou procedimentos para promover o fornecimento, o uso, a guarda, a higienização, a conservação, a manutenção e a reposição do EPI, visando garantir as condições de proteção originalmente estabelecidas;

caracterização das funções ou atividades dos trabalhadores, com a respectiva identificação dos EPI utilizados para os riscos ambientais.

São consideradas responsabilidades do empregador, quanto ao PPRA:

estabelecer, implementar e assegurar o cumprimento do programa, como atividade permanente da empresa ou instituição.

E são consideradas responsabilidades dos trabalhadores:

colaborar e participar na implantação e execução do PPRA;

seguir as orientações recebidas nos treinamentos oferecidos dentro do PPRA:

informar ao seu superior hierárquico direto ocorrências que, a seu julgamento, possam implicar riscos à saúde dos trabalhadores.

2.3 PCMSO

De acordo com a NR-7 (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) do Ministério do Trabalho e Emprego (MANUAIS, 2006), o PCMSO é parte integrante do conjunto mais amplo de iniciativas da empresa no campo da saúde dos trabalhadores, devendo estar articulado com o disposto nas demais NR, devendo considerar as questões incidentes sobre o indivíduo e a coletividade de trabalhadores, privilegiando o instrumental clínico-epidemiológico na abordagem da relação entre sua saúde e o trabalhado.

A referida NR preconiza que o PCMSO deverá ter caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, inclusive de natureza subclínica, além da constatação da existência de casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores, devendo ser planejado e implantado com base nos riscos à saúde dos trabalhadores, especialmente os identificados nas avaliações previstas nas demais NR.

O PCMSO deve incluir, entre outros, a realização obrigatória dos exames médicos:

admissional;

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periódico;

de retorno ao trabalho;

de mudança de função;

demissional.

Esses exames devem compreender:

avaliação clínica, abrangendo anamnese ocupacional e exame físico e mental;

exames complementares, realizados de acordo com os termos especificados na NR-7 e seus anexos.

Compete ao empregador:

garantir a elaboração e efetiva implantação do PCMSO, bem como zelar pela sua eficácia;

custear, sem ônus para o empregado, todos os procedimentos relacionados ao PCMSO;

indicar, dentre os médicos dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho – SESMT, da empresa, um coordenador responsável pela execução do PCMSO;

no caso de a empresa estar desobrigada de manter médico do trabalho, de acordo com a NR-4 (Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho), deverá o empregador indicar médico do trabalho, empregado ou não da empresa, para coordenar o PCMSO;

inexistindo médico do trabalho na localidade, o empregador poderá contratar médico de outra especialidade para coordenar o PCMSO.

Ficam desobrigadas de indicar médico coordenador as empresas de grau de risco 1 e 2 , segundo o Quadro I da NR-4, com até 25 empregados e aquelas de grau de risco 3 e 4, segundo o Quadro I da NR-4, com até 10 empregados.

As empresas com mais de 25 empregados e até 50 empregados, enquadrados no grau de risco 1 ou 2, segundo o Quadro I da NR-4, poderão estar desobrigadas de indicar médico coordenador em decorrência de negociação coletiva.

Já as empresas com mais de 10 empregados e com até 20 empregados, enquadradas no grau de risco 3 ou 4, segundo o Quadro I da NR-4, poderão estar desobrigadas de indicar médico coordenador em decorrência de negociação coletiva, assistida por profissional do órgão regional competente em segurança e medicina do trabalho (Superintendência Regional do Trabalho e Emprego – SRTE).

Compete ao médico coordenador:

realizar os exames médicos previstos no PCMSO, ou encarregar os mesmos a profissional médico familiarizado com os princípios da patologia ocupacional e suas causas, bem como com o ambiente, as condições de trabalho e os riscos a que está ou será exposto cada trabalhador da empresa ser examinado;

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encarregar dos exames complementares previstos no PCMSO, profissionais e/ou entidades devidamente capacitados, equipados e qualificados.

Todo estabelecimento deverá estar equipado com material necessário à prestação de primeiros socorros, considerando-se as características da atividade desenvolvida, bem como manter esse material guardado em local adequado, e aos cuidados de pessoa treinada para esse fim.

Deve-se ressaltar que o exame médico admissional deve ser realizado antes que o trabalhador assuma suas atividades.

Já o exame médico periódico, deve ser realizado de acordo com os intervalos mínimos de tempo discriminados a seguir:

para trabalhadores expostos a riscos ou situações de trabalho que impliquem no desencadeamento ou agravamento de doença ocupacional, ou, ainda, para aqueles que sejam portadores de doenças crônicas, os exames deverão ser repetidos:

a cada ano ou intervalos menores, a critério do médico encarregado, ou se notificado pelo médico agente da inspeção do trabalho, ou, ainda, como resultado de negociação coletiva de trabalho;

de acordo com a periodicidade especificada no anexo nº. 6 da NR-15, para os trabalhadores expostos a condições hiperbáricas;

para os demais trabalhadores:

anual, quando menores de dezoito anos e maiores de quarenta e cinco anos de idade;

a cada dois anos, para os trabalhadores entre dezoito anos e quarenta e cinco anos de idade.

No exame médico de retorno ao trabalho, a avaliação clínica deverá ser realizada obrigatoriamente no primeiro dia da volta ao trabalho de trabalhador ausente por período igual ou superior a 30 dias por motivo de doença ou acidente, de natureza ocupacional ou não, ou parto.

No exame médico de mudança de função, a avaliação clínica será obrigatoriamente realizada antes da data da mudança. Entende-se como mudança de função toda e qualquer alteração de atividade, posto de trabalho ou de setor que implique na exposição do trabalhador a risco diferente daquele a que estava exposto antes da mudança.

No exame médico demissional, a avaliação clínica será obrigatoriamente realizada até a data da homologação, desde que o último exame médico ocupacional tenha sido realizado há mais de:

135 dias para as empresas de grau de risco 1 e 2, segundo o Quadro I da NR-4;

90 dias para as empresas de grau de risco 3 e 4, segundo o Quadro I da NR-4

Para cada exame médico realizado, o médico emitirá o Atestado de Saúde Ocupacional (ASO), em duas vias, onde a primeira ficará arquivada no local de trabalho do

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trabalhador, inclusive frente de trabalho ou canteiro de obras, à disposição da fiscalização do trabalho, e a segunda entregue ao trabalhador, mediante recibo na primeira via.

Sendo constatada a ocorrência ou agravamento de doenças profissionais, através de exames médicos que incluam os definidos na NR-7, ou sendo verificadas alterações que revelem qualquer tipo de disfunção de órgão ou sistema biológico, através dos exames constantes nos quadros I e II da referida norma, ou outros exames complementares solicitados, mesmo sem sintomatologia, caberá ao médico coordenador ou encarregado:

solicitar à empresa a emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT);

indicar, quando necessário, o afastamento do trabalhador da exposição ao risco, ou do trabalho;

encaminhar o trabalhador à Previdência Social para estabelecimento de nexo causal, avaliação de incapacidade e definição da conduta previdenciária em relação ao trabalho;

orientar o empregador quanto à necessidade de adoção de medidas de controle no ambiente de trabalho.

2.4 PCMAT

O PCMAT deve contemplar as exigências contidas na NR-9 (Programa de Prevenção e Riscos Ambientais) e ser mantido no estabelecimento à disposição do órgão regional do Ministério do Trabalho e Emprego (Superintendência Regional do Trabalho e Emprego – STRE).

São obrigatórios a elaboração e o cumprimento do PCMAT nos estabelecimentos com 20 trabalhadores ou mais, devendo contemplar os aspectos da NR-18 (Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção) e outros dispositivos complementares de segurança.

O PCMAT deve ser elaborado e executado por profissional legalmente habilitado na área de segurança do trabalho, sendo sua implementação nos estabelecimentos responsabilidade do empregador ou condomínio.

Os documentos que devem integrar o PCMAT são:

memorial sobre condições e meio ambiente de trabalho nas atividades e operações, levando-se em consideração riscos de acidentes e de doenças do trabalho e suas respectivas medidas preventivas;

projeto de execução das proteções coletivas em conformidade com as etapas de execução da obra;

especificação técnica das proteções coletivas e individuais a serem utilizadas;

cronograma de implantação das medidas preventivas definidas no PCMAT;

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layout inicial do canteiro da obra, contemplando, inclusive, previsão do dimensionamento das áreas de vivência;

programa educativo contemplando a temática de prevenção de acidentes e doenças do trabalho, com sua carga horária.

De acordo com Araújo (2008), os custos para a obtenção da segurança e higiene do trabalho podem ser decorrentes de:

implantação;

manutenção;

avaliação;

falhas;

reprojeto.

Como as falhas não podem ser pré-determinadas, pelo menos no caso da segurança do trabalho, que atua sempre com o objetivo maior de não ocorrerem falhas, e o reprojeto visa a corrigir as falhas e desvios do sistema de segurança, são definidos como custos do PCMAT os custos relativos à implantação, à manutenção e à avaliação do mesmo.

São considerados custos de implantação:

elaboração do PCMAT;

aquisição de EPI;

execução e instalação de EPC;

aquisição e instalação de placas de identificação e de sinalização;

aquisição de medicamentos;

aquisição de extintores.

Os custos de manutenção são todos os custos resultantes de medidas que visam a manter o sistema de segurança em funcionamento. Esses custos são oriundos de:

manutenção efetuada em máquinas e equipamentos;

treinamentos admissional e periódico;

palestras;

aquisição de medicamentos (reposição);

recarga de extintores.

Já os custos de avaliação, dizem respeito às medidas que visam a verificar se os objetivos do programa estão sendo atingidos. Aqui podem ser alocados os custos de consultorias externas ou dos serviços de profissional(is) de segurança da própria empresa, com o objetivo de executara avaliação do programa.

Em termos percentuais, os custos do PCMAT são definidos por Araújo (2008) em:

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Manutenção - 15,77%Manut. de máquinas e equipamentos - 37,75%Treinamentos - 16,74%Palestras - 5,66%Repos. de medicamentos - 33,48%Repos. de extintintores - 6,37%

Avaliação - 4,25%Mensal - 57,14%Trimestral - 42,86%

Implantação - 79,98%Elaboração do PCMAT - 4,18%Aquisição de EPI - 19,47%Exec. e Inst. de EPC - 69,76%Aquis. e inst. de placas de identificação - 0,24%Aquis. e inst. de placas de sinalização. - 4,52%Aquis. de medicamentos – 0,53%Aquis. de extintores – 1,30%

Figura 12 – Custos da implantação do PCMAT, em termos percentuais

O percentual de custo encontrado por Araújo (2008) para a implantação do PCMAT foi da ordem de 1,49% do custo total de construção de uma obra, que está bastante próximo dos percentuais divulgados pelas empresas das regiões Sul e Sudeste do país (2% a 3% do custo total da obra), aproximando-se ainda mais dos percentuais divulgados pelas empresas paulistas Pinto de Almeida e BKO, que são de no máximo 1,50%.

Deve-se ressaltar que na mensuração dos custos realizada por Araújo (2008) não foi considerada a possível reutilização de insumos empregados na implantação do programa em outros empreendimentos, como, por exemplo, os suportes metálicos das proteções de segurança e as placas de sinalização. Evidencia-se, portanto, que, na hipótese de ser considerada a reutilização de alguns insumos, o custo calculado pela pesquisa tende a diminuir.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO, N. M. C. Custos da implantação do PCMAT na ponta do lápis. 2. ed. São Paulo: Fundacentro, 2008.

HALPIN, D. W.; WOODHEAD, R. W. Administração da construção civil. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2004.

MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS. Segurança e medicina do trabalho. 59. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

YAZIGI, W. A técnica de edificar. São Paulo: PINI: SindusCon-SP, 1998.