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Para facilitar seus estudos: Leia atentamente os módulos e se achar necessário responda NO CADERNO as atividades propostas. Elas não são obrigatórias. Consulte o dicionário sempre que não souber o significado das palavras. Se necessário, utilize o volume da biblioteca. Se você tiver dúvidas com a matéria, consulte uma das professoras na sala de História. IMPORTANTE: NÃO ESCREVA NA APOSTILA, POIS ELA SERÁ TROCADA POR OUTRA. A TROCA SÓ SERÁ FEITA SE A APOSTILA ESTIVER EM PERFEITO ESTADO .

Apostila Ensino Fundamental CEESVO - História 02

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Para facilitar seus estudos:

� Leia atentamente os módulos e se achar necessário responda

NO CADERNO as atividades propostas. Elas não são obrigatórias.

� Consulte o dicionário sempre que não souber o significado das

palavras. Se necessário, utilize o volume da biblioteca. � Se você tiver dúvidas com a matéria, consulte uma das

professoras na sala de História.

IMPORTANTE:

NÃO ESCREVA NA APOSTILA, POIS ELA SERÁ TROCADA POR OUTRA.

A TROCA SÓ SERÁ FEITA SE A APOSTILA ESTIVER EM PERFEITO ESTADO.

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HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 6ª série

CEESVOCEESVOCEESVOCEESVO 1

O PERÍODO MEDIEVAL Você já leu algo a respeito de enormes castelos com pontes movediças para protegê-los de invasores? Castelos habitados por reis, princesas, condes, marqueses, barões e muitos outros nobres? Nas leituras você certamente ficou sabendo como se realizavam as batalhas, geralmente para defender a honra dos senhores, donos das terras (senhores feudais). Isso tudo diz respeito a um período da história da Europa chamado Medieval, ou Idade Média. Os castelos existem até hoje em muitos países europeus, mas o modo de vida das pessoas mudou completamente. O Brasil não teve as características da época medieval, porque a América passou por uma evolução sócio-econômico-cultural diferenciada da Europa. Ao compreender a história medieval, você entenderá melhor o processo histórico desenvolvido entre o período do século V ao XV, na Europa. Você aprendeu que no século XVI, o mundo conhecido dos europeus se limitava à Europa, Oriente Médio e África. Nessa época, a América ainda não era conhecida dos europeus, e a Europa era por eles considerada o centro do mundo.

Mas, como era a vida na Europa medieval? Se você morasse na Europa no período medieval, viveria num mundo povoado por reis, nobres (senhores feudais) e sacerdotes morando em castelos, e por servos morando em pequenas aldeias e em propriedades coletivas situadas em volta dos castelos. O período medieval estendeu-se do século IV ao XV.

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HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 6ª série

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Os germanos foram o principal e mais numeroso grupo a invadir o Império Romano. Dividiam-se em subgrupos: anglos, saxões, lombardos,

francos, bretões entre outros. Foram tão importantes para a formação da Europa atual que muitos lugares têm até hoje, nomes originários dos grupos que os ocuparam: os bárbaros

francos, por exemplo, formaram a atual França.

Os romanos chamavam de

BÁRBAROS todos os povos que viviam fora de seu território e não

tinham cultura romana, ou seja, não falavam latim nem possuíam os mesmos costumes e tradições que os romanos.

Durante séculos, o Império Romano dominou grande parte da Europa. Uma poderosa estrutura administrativa, com exércitos e estradas que interligavam todo o território, possibilitou aos romanos impor às populações dessa parte do continente seu domínio, seu modo de vida e seus costumes. A partir do século III, esse cenário começaria a se alterar, quando diversos povos de origem germânica, eslava e, posteriormente, árabe, invadiram a parte ocidental da Europa iniciando um novo modo de vida com características e particularidades próprias. No início, essas invasões foram realizadas pacificamente, mas com o tempo tomaram-se violentas, o que gerou destruição e insegurança em várias áreas da Europa.

O que você faria se as cidades vizinhas a Votorantim fossem invadidas e chegasse a nossa cidade a notícia de que seríamos os próximos a

sofrer pilhagens, saques e todo tipo de violência e não tivéssemos como nos defender?

Veja o que aconteceu na Europa na Idade Média, durante a invasão dos bárbaros. Algumas populações dominadas pelos romanos receberam bem os povos invasores, porque eles representavam a libertação da exploração romana. Entretanto, alguns resistiram e outros se refugiaram nos campos procurando proteção nas grandes propriedades rurais. Os povos invasores após pilharem as cidades, se dirigiram aos campos provocando destruição e mudanças que foram estruturando um novo tipo de vida na Europa. Esse novo tipo de vida contendo características do mundo romano e do modo de viver dos invasores, é chamado de feudalismo.

Feudalismo: sistema político, econômico, social e cultural que

vigorou na Europa Ocidental durante a Idade Média.

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E quais são as características do feudalismo?

� A política no feudalismo A Europa ficou dividida em reinos, mas os reis não tinham muito poder, pois esses reinos eram divididos em grandes extensões de terras, chamados feudos. O domínio no feudo era exercido pelo senhor feudal, que possuía poder absoluto dentro dele. Observe a representação a seguir. Ela mostra as partes de um feudo.

O feudo era o domínio do senhor feudal e era a unidade básica de produção. Nele havia:

� o castelo: onde morava o senhor feudal. � a vila ou aldeia: onde moravam os servos. � as terras: onde os servos trabalhavam.

Observe as características políticas que predominam nos países da atualidade, incluindo o Brasil:

1. A maioria adota a forma republicana, ou seja, é governada por

presidentes ou primeiros-ministros. 2. A maioria desses países é organizada sob a forma de Estados regidos

por constituições que estabeleceram normas econômicas, políticas e sociais.

3. O poder na maioria desses Estados divide-se em poder executivo, poder legislativo e poder judiciário.

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� A Sociedade no feudalismo No feudalismo, a sociedade era dividida em estamentos, ou seja, as pessoas permaneciam desde o nascimento até à morte, numa mesma posição dentro da sociedade. Observe a pirâmide da sociedade feudal: A sociedade era dividida em: clero, nobres e servos e não permitia a mobilidade social, isto é, não havia possibilidade da pessoa mudar sua situação social; quem nascia servo, jamais poderia deixar de sê-lo.

Os vilões eram

camponeses livres,

geralmente

descendentes de

pequenos

proprietários

romanos que, não

podendo defender

suas terras,

entregavam-nas a

um senhor em

troca de proteção.

Você mora num país dividido em classes sociais, onde uma pessoa pode ou não mudar de uma classe social para outra.

A pirâmide social do Brasil é constituída das seguintes classes sociais:

� ELITE: grandes proprietários de terras, grandes empresários e banqueiros. � CAMADA INTERMEDIÁRIA: profissionais liberais, pequenos empresários e

pequenos proprietários rurais. � CAMADAS POPULARES: assalariados, sem-terra, sem-teto e trabalhadores

autônomos.

OBSERVAÇÃO: Nas camadas intermediária e popular existem atualmente milhões de desempregados.

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Como era a vida nos feudos?

Os nobres viviam caçando, participavam de torneios e guerreavam; o clero, além de possuir 2/3 das terras da Europa feudal, cuidava da vida religiosa e influenciava o poder político nos feudos. Nessa sociedade, o senhor feudal, em sua propriedade (feudo), concentrava toda a administração e a justiça. A maior parte da sociedade era composta pelos servos. E a vida do servo? Como era? Os servos trabalhavam devendo obrigações aos seus senhores (nobres). Viviam em condições precárias de subsistência. Embora pudessem usar um pedaço de terra, bem pouco daquilo que produziam ficava para o sustento da família, pois grande parte da produção era entregue a seus senhores e à Igreja sob forma de tributos (impostos). (A Igreja também aumentou seus domínios graças ao dízimo, taxa de 10% sobre a produção dos fiéis).

AS MULHERES NA IDADE MÉDIA “A sociedade feudal era um mundo predominantemente masculino. Em teoria, as mulheres eram consideradas inferiores aos homens; na prática, estavam sujeitas à autoridade masculina. Os pais promoviam os casamentos das filhas. As moças de famílias aristocráticas (ricas) eram casadas geralmente aos 16 anos, ou ainda mais jovens, com homens muito mais velhos; as jovens que não se casavam tinham de entrar para um convento. A mulher do senhor estava à mercê do marido; se o aborrecesse, podia ser espancada. Mas a senhora do castelo desempenhava funções importantes. Distribuía tarefas aos criados, preparava remédios, preservava alimentos, ensinava às jovens costurar, tecer e fiar, e, apesar de sua posição subordinada, era responsável pelo castelo na ausência do marido. Embora a Igreja ensinasse que homens e mulheres eram preciosos aos olhos de Deus e que o casamento era um rito sagrado, alguns religiosos viam as mulheres como agentes do demônio, sedutoras malignas que, como a Eva da Bíblia, levavam os homens ao pecado.”

(Marvin Perry e outros. Civilização ocidental, uma história concisa, p.191)

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Então o servo era como o escravo? Como o servo necessitava da proteção oferecida pelo senhor feudal, ele tinha a obrigação de permanecer e trabalhar na terra desse senhor, mas apesar do servo estar ligado à terra, não podia ser vendido; o servo não era propriedade do seu senhor, diferente do escravo que era vendido porque era propriedade do dono. Anote em seu caderno:

O feudalismo implicava em muitas injustiças e sofrimentos para os que estavam na base da pirâmide social.

Para pagar tantos impostos, quase sempre as colheitas não bastavam. Por outro lado, as comunicações e transportes eram difíceis, obrigando os camponeses a longas jornadas de trabalho para conseguirem produzir no próprio feudo tudo que precisavam, desde o pão e as vestes até as próprias ferramentas. A terra, cansada, também produzia pouco, exigindo maior dedicação. Assim, da primavera ao outono, a vida do homem do campo era um contínuo trabalhar de sol a sol. Nesses afazeres, participava toda uma grande família, que ia dos pais e filhos até parentes próximos e amigos, todos obedecendo ao mesmo senhor feudal. As casas, construídas por eles mesmos, eram simples, de madeira, barro e palha; eram pequenas e muitas vezes abrigavam também os animais de pequeno porte junto com as pessoas. As únicas paradas nessa luta cotidiana eram as festas religiosas. Além de explorados no trabalho, os camponeses eram pouco considerados pelos nobres e pelo clero, que os viam como grosseiros, de inteligência limitada, apropriados para os duros trabalhos da terra.

Extraído de: “História Dinâmica” – Bruna R. Cantele - IBEP

Responda em seu caderno:

01. Com base no texto acima, você nota muita diferença entre o camponês feudal e os bóias-frias de hoje? Explique.

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Catedral de Worms (Alemanha)

A cultura está desvinculada da religião.

� A Economia feudal

No feudalismo, com a fuga da população da cidade para o campo, a principal fonte de subsistência passou a ser a agricultura. Praticamente, não havia comércio e sim troca de produtos dentro de cada feudo. Assim, os feudos eram auto-suficientes, quer dizer, produzia-se e trocava-se dentro de cada um deles tudo o que sua população precisava. Nesse período, por conseqüência, o dinheiro praticamente desapareceu. Durante a Idade Média, produzia-se na terra quase todas as mercadorias de que se necessitava e, por isso, somente a terra era o indicativo de poder de quem a possuía. As características econômicas do feudalismo influenciaram fortemente a política. A quase inexistência do comércio e o fato de as moedas não circularem impediram que o rei, ou qualquer outro tipo de governante, arrecadasse impostos. E se não há arrecadação de impostos, é impossível construir um exército; se não existe exército, não há poder coercitivo (que impõem limites; repressivo) que faça alguém se sentir obrigado a obedecer ao rei.

� Cultura medieval

No período medieval, a insegurança, o medo, o caos econômico provocou o aparecimento de um forte espírito de religiosidade. Vivendo num mundo de incertezas, miséria e guerras, o homem medieval buscava na Igreja uma esperança. A Igreja Católica determinava o modo de viver e de pensar das pessoas, impondo regras tidas como verdades absolutas, utilizava a ignorância da população para garantir o seu poder e dissolver a insegurança, mantendo a ordem imposta pela classe dominante.

A economia do Brasil está baseada na produção, industrialização e comercialização de produtos, que podem ser de importação ou exportação. Então, a economia do Brasil, está inserida na globalização, fazendo parte de grandes mercados internacionais, como exemplo, o Mercosul. A maioria das pessoas vive na zona urbana, usufruindo dessa economia de consumo.

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E por que a população dessa época era ignorante?

A vida era miserável, a exploração era intensa e a falta de escolas impedia o acesso ao saber que era restrito ao clero. Portanto, a Igreja se apossava dos novos conhecimentos científicos, reprimindo a reformulação do que era conhecido na Antigüidade; com isso mantinha somente entre os seus membros o acesso aos conhecimentos que eram produzidos. Impondo normas religiosas e de conduta (confissão obrigatória, dízimo, penitências, batismo, lealdade aos senhores, pagamento de impostos, etc...), a Igreja vinculava o cumprimento dessas normas como condição para o indivíduo alcançar o “reino do céu”. Mantendo o povo na ignorância, a

Igreja dominava não só espiritualmente, pois impunha também regras de moral e conduta às pessoas, mas também materialmente já que a Igreja detinha grande parte das terras da Europa Ocidental, o que lhe dava imenso poder de dominação.

EM RESUMO:

� O Império Romano do Ocidente sofreu contínuas invasões dos chamados povos bárbaros.

� Guerras contínuas provocaram a destruição de cidades e a população buscou refúgio nos campos.

� Gradativamente, costumes romanos e germânicos foram se mesclando dando origem ao feudalismo.

� O feudalismo implicou numa descentralização do poder político nas mãos da nobreza, numa economia agrícola de subsistência, numa sociedade fechada, sem mobilidade social, inteiramente dominada pela Igreja Católica, que legitimava o sistema feudal.

Responda em seu caderno:

02. Explique o que você entendeu por mobilidade social. 03. Observe as semelhanças que existem entre os povos que viveram na Idade Medieval e os povos da atualidade, através da afirmativa: O feudalismo “implicava em muitas injustiças e sofrimentos para os que estavam na base da pirâmide social.” 04. Descreva como era o sistema econômico da época medieval.

Monge copista

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AASS CCRRUUZZAADDAASS

Durante a Idade Média, a maior parte da população da Europa ocidental vivia no campo. Como vimos, isso acabou gerando a diminuição da atividade comercial e das cidades. Apenas com as Cruzadas, a partir do século XI, é que essa realidade começou a se transformar.

Mas o que foram essas

Cruzadas? Os lugares sagrados do

cristianismo, como a região do Santo Sepulcro, em Jerusalém, e outras regiões da Palestina, estavam em poder dos muçulmanos. A vontade de reconquistar esses lugares levou o papa Urbano II, em 1095, a fazer um grande apelo à cristandade ocidental, para que movesse uma guerra santa contra os povos muçulmanos.

Atendendo aos apelos do papa, os cristãos organizaram expedições militares que receberam o nome de Cruzadas.

Além da motivação religiosa, a organização das cruzadas teve outras causas, como o espírito guerreiro dos nobres feudais e a necessidade econômica de retomar importantes cidades comerciais que estavam em poder dos muçulmanos.

De 1096 a 1270, os cristãos europeus organizaram oito cruzadas. Cada uma teve suas próprias características, deixando conseqüências marcantes na política e na economia da Idade Média.

Entre as principais conseqüências do movimento das cruzadas,

podemos destacar:

⇒ Empobrecimento dos senhores feudais, que tiveram suas economias arrasadas pelos elevados custos da guerra santa.

⇒ Fortalecimento do poder real, que cresceu à medida que os senhores feudais perdiam sua tradicional força.

⇒ Reabertura do Mediterrâneo, que se encontrava sobre o poder dos muçulmanos, possibilitando a retomada do intercâmbio comercial entre Europa e Oriente. Com isso, houve crescente rompimento na economia fechada do feudalismo.

⇒ Desenvolvimento intelectual e cultural promovido pelo contato com os povos do Oriente.

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A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL, MESMO

Há 900 anos, no dia 18 de novembro de 1095, o papa Urbano II e o monge Pedro, o Eremita, botaram fogo no mundo. Atendendo aos apelos dos cristãos do Oriente, o papa reuniu nobres feudais em Clermont, na França, e pediu que libertassem Jerusalém dos árabes. Foi um discurso fulminante. Começaram, aí, as Cruzadas, a verdadeira primeira guerra mundial. Para os árabes, foram 200 anos de invasões bárbaras que deixaram cicatrizes que doem até hoje.

As Cruzadas na Terra Santa começaram em 1095 e terminaram em 1291, com a derrota dos cristãos. Mas, fora da Palestina, continuaram até o século XVI. Houve cruzadas na Espanha e no Báltico, contra os pagãos da Letônia e da Finlândia, contra cristãos heréticos, e até contra camponeses sublevados na Alemanha. Todas foram convocadas pelos papas em nome de Cristo e em defesa da cristandade As cruzadas expulsaram os muçulmanos da Europa, expandiram a influência européia e criaram países latinos na Palestina que duraram 200 anos, mas falharam no essencial: não conquistaram a Terra Santa. Pior: embora fossem convocadas para defender os peregrinos cristãos, perseguidos pelos árabes em Jerusalém, e os cristãos do Oriente contra a expansão muçulmana, iniciada no século VIII, uma das cruzadas (a Quarta) invadiu Constantinopla, a Roma grega do Oriente (também conhecida como Bizâncio, hoje, Istambul), saqueou-a e repartiu o Império Bizantino entre barões europeus. Os cristãos gregos nunca mais perdoaram os ocidentais e consumou-se o cisma entre a Igreja Cristã Ortodoxa Grega e a Igreja Católica Apostólica Romana, que perdura até hoje. Para os muçulmanos, a tragédia foi maior. Durante 200 anos, centenas de milhares de peregrinos armados, aventureiros, guerreiros, cavaleiros medievais e exércitos regulares liderados pelos reis da Europa desabaram sobre o Oriente Médio. Embora a guerra fosse contra os árabes, no caminho até Jerusalém, os cruzados também atacaram os judeus. Na Palestina, conviviam cristãos de várias seitas, gregos, armênios, judeus, muçulmanos sírios, egípcios e turcos. A cultura árabe era mais próxima da grega, mais cosmopolita e mais humanista do que a cultura medieval. Mas os árabes eram desunidos e guerreavam entre si, sem parar. Os cruzados encontraram povos independentes e souberam aliar-se com alguns. As marcas das cruzadas duram até hoje. O turco Mehmet Ali Agca, que atirou no papa, e 1981, declarou: “Decidi matar João Paulo II, comandante supremo dos cruzados”. A maior divisão do exército da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) chama-se Hattin, o nome da batalha em que o sultão Saladino venceu os cruzados. Para muitos árabes, o Estado de Israel parece um Estado cruzado.

(Revista Superinteressante, ano 9, n ° 10, pp.46-47)

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OO RREENNAASSCCIIMMEENNTTOO CCOOMMEERRCCIIAALL EE UURRBBAANNOO

Com as Cruzadas os europeus passaram a conhecer e fazer uso de novos produtos trazidos do Oriente, como gengibre, pimenta, canela, cravo-da-índia, óleo de arroz, açúcar, amêndoas, etc. Tapetes vieram substituir a palha e o junco usados para forrar o chão dos castelos. As sedas e os brocados modificaram as vestimentas, e espelhos de vidro substituíram os discos de metal polido usados até então. Como você já estudou, com as Cruzadas, os europeus recuperaram o controle do mar Mediterrâneo, o que

facilitou muito o transporte de mercadorias por essa região. Os mercadores europeus, principalmente os italianos, passaram a ir mais vezes ao Oriente e a levar maior quantidade de mercadorias da Ásia para a Europa. Essas mercadorias eram vendidas em feiras realizadas no interior da Europa, onde o comércio foi reativado.

À medida que o comércio foi se expandindo, foram surgindo cidades exatamente nos locais das feiras. Por razões de segurança, os mercadores procuravam realizar as feiras em lugares próximos a uma zona fortificada, cercada de muralhas, chamada burgo, onde se erguia a catedral, o palácio do bispo e, por vezes, o castelo do senhor das terras. Os burgos garantiam a defesa do lugar. Com o tempo, prósperos mercadores passaram a se estabelecer nesses povoados. Ali também se instalaram diversas oficinas de artesãos: sapateiros, ourives, ferreiros, oleiros, carpinteiros, etc. Assim, em volta da primeira zona fortificada surgiu um novo núcleo, também cercado de muralhas, que foi se tornando mais importante que o primeiro. Os moradores desta segunda zona fortificada (artesãos e comerciantes) chamavam-se burgueses e passaram a constituir uma nova classe social: a burguesia. Os burgueses eram homens livres, desvinculados do sistema feudal. As cidades enfim, tornaram-se locais onde havia segurança e liberdade para aqueles que desejavam romper com a rigidez da sociedade feudal.

Detalhe de miniatura francesa do século XV que retrata o comércio medieval.

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Quanto mais o comércio crescia, mais as cidades se desenvolviam e maiores passavam a ser as necessidades de mercadorias para abastecer os consumidores europeus. Diante disso, os comerciantes europeus perceberam que necessitavam controlar não somente a venda final dos produtos, mas também as rotas comerciais pelas quais os produtos chegavam à Europa. Mais ainda, precisavam de novas fontes produtoras e novos produtos que pudessem proporcionar lucros no processo de compra e venda. Em uma situação assim, o que você faria? Ficaria sentado esperando um milagre ou buscaria encontrar meios para obter mais mercadorias? Os comerciantes europeus incentivaram a segunda possibilidade. Abriam-se as portas para a expansão marítima européia. Mas este é assunto para a nossa próxima apostila.

CCRRIISSEE DDOO FFEEUUDDAALLIISSMMOO

Com a diminuição das invasões, a partir do século XI, um novo modo de vida estabilizou-se. A produção de alimentos aumentou desde então, graças à ampliação das terras cultivadas e à melhoria dos instrumentos de trabalho. Milhares de hectares de florestas foram derrubados para aumentar a área de terras aráveis e de pastagens, e para extrair a

madeira, principal combustível de uso doméstico e matéria-prima para construção de pontes, casas, armazéns e fortalezas. Como já vimos, essa estabilidade trouxe um certo progresso: crescimento das vilas e cidades, aumento da população e fortalecimento das atividades comerciais graças à produção de alguns excedentes. Entretanto, as riquezas produzidas por este progresso continuaram sendo apropriadas pelos senhores.

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Como todo modo de vida baseado na exploração do homem pelo homem, o sistema feudal não foi capaz de melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores.

A expansão demográfica (crescimento da população) foi maior que a expansão da agricultura. As técnicas agrícolas precárias levaram ao esgotamento das terras, e a falta de terras férteis provocou o fim da expansão das áreas plantadas. Com isso, a partir dos séculos XIV e XV, guerras, fome e epidemias, como a peste negra, espalharam-se com rapidez, atingindo, principalmente, a população trabalhadora. Para manter seu nível de vida durante essa crise, os senhores feudais aumentaram as exigências sobre os camponeses, cobrando cada vez mais tributos e aumentando sua jornada de trabalho. Por isso, em vários locais da Europa, os camponeses se revoltaram contra a exploração a que estavam sendo submetidos. A estabilidade feudal foi destruída por guerras, fomes, doenças e revoltas camponesas. O poder dos senhores feudais foi profundamente abalado, facilitando a centralização do poder político nas mãos de reis absolutistas e a ocorrência das crises que provocaram o fim do feudalismo.

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• ORIGENS DA GLOBALIZAÇÃO: a

Expansão Marítima • A chegada dos europeus à América

A Globalização é um Processo Atual?

Atualmente muito se fala em globalização. Os diversos países e regiões do mundo estão integrados pelo comércio, pelas transações financeiras, pelos modernos meios de comunicação e de transportes. Empresas gigantes, com diversas filiais espalhadas pelo mundo, produzem e distribuem os mesmos produtos para os mais diferentes povos. Bens culturais, como livros, filmes, discos e vídeos, são lançados ao mesmo tempo em vários países. Pela

Internet e por telefone, é possível entrar em contato com qualquer parte do mundo. Aviões cada vez mais velozes podem nos levar aos lugares mais distantes em poucas horas. As atividades no mundo, hoje, são desenvolvidas de modo a tornar o tempo cada vez menor entre elas. Isso afeta sobremaneira o desenvolvimento econômico, político e social, fazendo com que as fronteiras entre os países praticamente deixem de existir. Conseqüentemente, isso faz com que existam maiores facilidades para as relações comerciais entre diversos países. Além disso, muitas diferenças entre as nacionalidades tendem a deixar de existir e o mundo parece caminhar para ser um só. Em termos gerais, a globalização traz vantagens como:

� comunicação instantânea com o mundo; � maior acesso aos conhecimentos; � maior acesso aos progressos científicos; � a formação de mercados comuns, possibilitando o consumo de diversos

produtos de diferentes procedências. Entretanto, essas vantagens são aparentes do ponto de vista social, pois as diferenças entre povos ricos e pobres, assim como as diferenças gritantes entre as classes sociais permanecem e se acentuam. As vantagens são usufruídas por uma pequena parcela da população mundial, que consegue adquirir produtos originais, de boa qualidade, cujos preços os tornam inacessíveis à maioria da população.

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O processo de globalização não é um fenômeno recente. Embora de maneiras diferentes, processos de globalização ocorreram desde a Antigüidade, através das conquistas de alguns povos por outros mais poderosos. O processo de conquistas promovido desde os povos antigos, demonstra a preocupação de um povo vencedor em impor sua dominação sócio-econômica e cultural sobre os povos dominados. Entretanto, o que se constatou foi uma influência dos vencedores que, mesmo sendo grande, não chegou a formar uma cultura única, globalizada. Podemos dizer, que a globalização, como a conhecemos hoje, é resultado do processo denominado pelos historiadores de expansão marítima européia. As marcas dessa expansão estão presentes no mundo atual. Línguas européias são faladas em regiões muito distantes da Europa. Democracia, república, eleições, partidos políticos, capitalismo, industrialização, socialismo, liberalismo, Igreja Católica, protestantismo, são fenômenos políticos, culturais e econômicos de origem européia que atualmente são mundiais. Esse processo de europeização do mundo não teve mão única, pois os europeus também assimilaram conhecimentos e costumes dos diversos povos com os quais entraram em contato no processo de expansão. Por exemplo, o fumo, a batata, o milho, o tomate, o chá, que se tornaram hábito de milhões de pessoas na Europa, foram assimilados de outros continentes. Embora não seja possível determinar com exatidão quando começou a expansão européia, podemos afirmar que ela está ligada ao que se convencionou chamar de Grandes Descobrimentos ou Grandes Navegações. Os nomes ligados a eles são muito conhecidos: Vasco da Gama, Cristóvão Colombo, Pedro Álvares Cabral, Américo Vespúcio e muitos outros.

Na Idade Moderna alguns povos da Europa, impulsionados por motivos econômicos, navegaram pelo Oceano Atlântico e a partir da conquista de outros continentes, impuseram aos nativos sua cultura, religião e modo de pensar. Daquele tempo até hoje, novos processos de globalização vêm ocorrendo, acentuado com o desenvolvimento da tecnologia de comunicação. O uso da tecnologia também é uma conquista e um meio de dominação. Em outras épocas da História, o poder de dominação de um povo sobre outro era formado através da conquista de terras e do comércio. Os povos dominadores foram impulsionados principalmente pelo fator econômico, embora fatores políticos, sociais e religiosos tenham também contribuído para que um povo dominasse outro. Todavia, essas dominações não foram aceitas passivamente pelos povos conquistados, pois movimentos de resistência sempre ocorreram. Esses movimentos foram reprimidos pelos conquistadores, na maioria das vezes, por violentos massacres.

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E atualmente? Hoje em dia, os métodos de dominação são mais sutis, isto é, mais brandos aparentemente. Porém, uma observação mais atenta tem revelado que o processo de globalização não deixa de ser um procedimento violento, pois implica em uma certa descaracterização de cada uma das culturas atingidas. Atualmente, a globalização pode começar na sala de sua casa, quando a TV estimula o consumismo exagerado, quando por meio de filmes e novelas impõe moda, costumes, linguagem, formas padronizadas de pensar e agir que passam a fazer parte do seu cotidiano, modificando a sua maneira própria de ser.

Todos nós estamos sujeitos a pensar e agir conforme o que outras pessoas determinam como verdadeiro, através dos meios de comunicação. Portanto, fique atento: não se deixe levar pelas aparências. Prossiga a leitura... Como você pode perceber, estamos vivendo o processo de globalização. Fazemos parte desse momento histórico. Os povos nativos do continente americano, também viveram um processo de dominação quando os europeus aqui chegaram nos séc. XV e XVI, iniciando a conquista e a colonização, com a imposição de sua cultura.

Responda em seu caderno:

01. Dê um exemplo de como a globalização afeta sua vida.

A GLOBALIZAÇÃO DAS EPIDEMIAS

Atualmente é possível constatar o quão veloz as epidemias se espalham pelo planeta. Os aviões espalharam a pneumonia asiática pelos continentes em questões de dias, alarmando sobre os riscos da globalização das epidemias. Porém, uma retrospectiva da história da humanidade, principalmente em relação à história do comércio e dos meios de locomoção, demonstra que esse fenômeno teve início na Roma antiga e vem gradativamente ganhando o globo terrestre. (...) As rotas comerciais terrestres e lamacentas da Idade Média fizeram com que a peste do século XIV demorasse dois anos para tomar todo o continente europeu, matando um terço de toda a sua população.(...) Já a gripe espanhola de 1918 levou apenas alguns meses para percorrer o mundo e matar mais de 20 milhões de pessoas – mais da metade da Índia. E agora, com a aviação, vimos a pneumonia asiática partir de um hotel de Hong Kong para atingir a América e Europa em questão de dias.

(Extraído de: História da Medicina. Stefan Cunha Ujvari)

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A EXPANSÃO MARÍTIMA EUROPÉIA

Como já comentamos, vivemos num mundo globalizado. Atualmente, existem linhas aéreas ligando os mais longínquos lugares do nosso planeta. Se, com a velocidade aérea, o percurso entre o Brasil e a Europa é feito em menos de dez horas, no século XV, uma viagem de Portugal até o nosso país durava quase cinqüenta dias. No início do século XV, exploradores europeus começaram a aventurar-se pelo “mar desconhecido”, isto é, pelo Oceano Atlântico. Iniciavam-se as Grandes Navegações, ou seja, a expansão marítima rumo a lugares ainda não conhecidos pelos europeus. Questões econômicas foram importantes no processo de expansão marítima. Os burgueses ao começarem a se destacar na sociedade como comerciantes ricos, se aliaram aos reis para ajudá-los a fortalecer o seu poder. A partir dessa aliança os reis passaram a incentivar a formação de expedições com objetivos comerciais. Numa época em que o comércio tornava-se a atividade econômica mais lucrativa, os produtos mais valorizados eram as especiarias do Oriente.

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Essas especiarias orientais, como os temperos, pimenta, gengibre, canela, cravo, noz-moscada, etc., usados para disfarçar o cheiro e o gosto que ficavam nos alimentos, devido aos precários métodos de conservação daquela época (não se esqueça, que a geladeira ainda não existia!) tinham grande aceitação e valor no mercado europeu. Trazidas do Oriente, as especiarias eram vendidas em sua maioria pelos comerciantes da Península Itálica (atual Itália), sobretudo Gênova e Veneza. Os comerciantes das regiões excluídas desse rentável comércio desejavam participar dele. Mas como fazer isso se os venezianos e genoveses controlavam, além do Mar Mediterrâneo, as rotas do Oriente? A solução encontrada foi procurar novos caminhos e lugares para ter acesso aos produtos desejados, evitando a região do Mediterrâneo. Os comerciantes começaram, então, a explorar o Oceano Atlântico e o Continente Africano.

� “POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS”

As viagens marítimas do início do século XV eram empreendimentos arriscados, tanto do ponto de vista econômico, quanto em relação às possibilidades de sobrevivência dos navegadores. Eram viagens longas, que exigiam grandes recursos; as embarcações eram bastante precárias, movidas a remo ou vela; a embarcação mais rápida era a caravela, aperfeiçoada pelos portugueses. O Oceano Atlântico era praticamente desconhecido pelos europeus na Idade Média. Muitos acreditavam tratar-se de um mar povoado por monstros e plantas diabólicas, com águas que ferviam em determinados pontos e se precipitavam num abismo, como uma grande cachoeira. Por isso era chamado de Mar Tenebroso.

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FAZENDO ALIANÇAS E SUPERANDO O MEDO DO

DESCONHECIDO

Os reis necessitavam de muito poder para governar a tudo e a todos. Esse poder precisava ser sustentado pelas riquezas: não era possível ser forte sem ser rico. Os reis se interessaram pelos negócios dos comerciantes e se associaram a eles. Em troca, os comerciantes financiaram as principais defesas do reino. Ao se iniciar o século XV, a Europa possuía uma série de conhecimentos básicos para realizar as Grandes Navegações: ‘Navegar é Preciso’, como diria bem mais tarde o poeta Fernando Pessoa. Em condições melhores, Portugal e Espanha se sobressaíram na aventura marítima. Num período de cem anos, portugueses e espanhóis contornaram a África, atingiram a Ásia, descobriram a América e a Oceania e deram a volta ao mundo, numa das experiências mais empolgantes de todos os tempos.

Àquela época, navegar em mar aberto era preciso, mas muito perigoso. Os marinheiros tiveram de enfrentar doenças, tempestades, ventos, fome e sede, perigos de todos os tipos, grandes riscos de naufrágio, solidão... Mas os navegantes europeus tiveram também de encarar e vencer um inimigo diferente e muito poderoso, que se encontrava dentro deles: o medo. Medo de monstros marinhos, dos imãs que atraíam os navios para o fundo do mar, das sereias capazes de enfeitiçar marinheiros, do abismo que ficava bem ali, onde a Terra acabava, da linha do Equador, cujo calor derretia os miolos. As grandes navegações demonstraram que no mundo real essas coisas não eram encontradas, que elas só existiam na fantasia dos homens. Assim, ajudaram a destruir a velha concepção medieval do mundo, baseada na imaginação e no misticismo. E a substituíram por idéias novas, fundamentadas na observação, na experiência e na razão.

Era necessário enfrentar os desafios reais e os imaginários. Os portugueses foram os pioneiros (primeiros) das navegações marítimas. Além do apoio do rei e dos interesses da burguesia pelas navegações, Portugal foi favorecido pela ausência de guerras em seu território e por sua posição geográfica – o país está voltado para o Oceano Atlântico. A esses fatores soma-se outro: o povo português estava acostumado com as atividades marítimas. A América só pôde ser conquistada pelos europeus, devido ao grande avanço nas técnicas de navegação ao lado de invenções cada vez mais aperfeiçoadas.

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Responda em seu caderno: 2. Cite algumas conquistas científicas que proporcionaram as grandes

navegações.

IMAGINE SÓ... Vamos supor que nos dias de hoje, os gastos com a viagem de Vasco da Gama, fossem R$50000,00 (cinqüenta mil reais), mas com o lucro, de 6000%, das vendas na Europa, os portugueses saíriam ganhando R$3000000,00 (três milhões de reais)!!!!

Exemplos:

Na arte de navegação: a vela latina, aperfeiçoamento da bússola, do astrolábio, mapas mais precisos, desenvolvimento da caravela, leme, etc. O emprego da bússola: A bússola é um instrumento de orientação, cuja invenção é atribuída aos chineses. Foram, porém, os árabes que a levaram para a Europa, onde o seu emprego foi estudado pelos navegadores. A bússola tornou-se a grande companheira ‘dos navegantes’ em todas as longas as longas viagens. Com sua utilização, o navegador não mais corria o perigo de perder o rumo de sua viagem.

O uso do astrolábio: o astrolábio também é um instrumento de orientação, que permite ao navegador situar a sua posição geográfica através da posição dos astros. Outras invenções e aperfeiçoamento: a utilização da pólvora no desenvolvimento de armas de fogo, o aperfeiçoamento do canhão, a invenção do papel de trapo, o aperfeiçoamento da imprensa.

� PORTUGUESES E ESPANHÓIS NO OCEANO A primeira grande conquista portuguesa aconteceu em 1415, quando o centro comercial de Ceuta, no norte da África foi tomado. Daí para a frente, os portugueses continuaram contornando o continente africano, pois o objetivo final era chegar ao Oriente.

A chegada às Índias aconteceu em 1498, numa expedição (excursão, viagem) comandada pelo navegante Vasco da Gama. Todo o esforço português foi recompensado, pois os lucros dessa viagem ultrapassaram 6000%. Portugal tentou transformar aquele caminho marítimo (contorno da África) em exclusividade portuguesa, mas eles não eram os únicos que trabalhavam para conquistar as Índias.

Os espanhóis também queriam chegar ao Oriente. Eles iniciaram suas navegações com um certo atraso em relação aos portugueses, mas ainda mais adiantados do que outros países europeus. O motivo da demora espanhola foi a chamada Guerra da Reconquista, quando os árabes foram expulsos da península Ibérica (região onde hoje se encontra a Espanha) ocupada por eles havia séculos. Essa guerra só foi concluída em 1492, com a conquista de Granada (sul da Espanha).

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PARA REFLETIR: Não se esqueça que Ceuta se localizava na África, e que era mais desenvolvida do que muitas cidades portuguesas! Reflita sobre a idéia que fazemos atualmente da África: pobreza, doenças, etc. Será que os africanos são realmente responsáveis por essa imagem que temos deles?

A CONQUISTA DE CEUTA

A tomada de Ceuta pelos portugueses, em 1415, é considerada o marco inicial da expansão marítima européia. Ela foi justificada como uma espécie de cruzada. Isso

mostra a importância da religião nas conquistas marítimas européias. Entretanto, um aspecto decisivo para a conquista foi o fato de Ceuta ser um importante centro

comercial na África.

Ao entrar na “fortaleza infiel”, como uma horda de bárbaros, os lusos (portugueses) ficaram espantados com o que viram. Fundada no século V na ponta africana do estreito de Gibraltar, Ceuta se aproveitara da localização privilegiada para se tornar, como D. João I a descrevera, a “porta de entrada e a chave de todo o comércio africano”. Não só africano, pois mercadorias vindas da Pérsia, da Índia e até de Veneza chegavam a Ceuta. Sob o domínio muçulmano, Ceuta fervilhava com 24 mil lojas, nas quais se vendiam ouro, prata, cobre, latão, sedas e especiarias. As casas, com seus pátios internos, nos quais murmuravam as fontes, tinham paredes adornadas, e o chão recoberto por tapetes orientais. “Perto delas, as melhores casas de Portugal parecem pocilgas”, anotou um cronista português, de nome Zurara. A maior parte dessas residências foi saqueada pelos portugueses de tal forma que nada restou do esplendor original.

Embora as especiarias já tivessem muito valor, os portugueses, invadindo casas, lojas e bazares, à cata de metais, as desprezaram solenemente. “Os potes de conservas e jarras de mel, manteiga e azeite corriam em enxurrada pelas ruas”, relata Zurara. Nessa lama formada por vinhos finos, melado, vinagre, não boiavam apenas pimenta, canela e arroz, mas o cadáver de homens, crianças e mulheres, muitas das quais tinham tido “dedos e orelhas arrancados pelos lusos para arrebatar-lhes brincos e anéis.”

O maior dos saques foi perpetrado pelo conde D. Afonso de Barcelos, membro da Casa Real e meio-irmão de D. Henrique. D. Afonso levou para Portugal mais de 600 colunas de alabastro e mármore, arrancadas do palácio do soberano marroquino, além de toda a cobertura abobadada, revestida de ouro, que cobria uma das praças da cidade. No final do dia, a bandeira lusa tremulava na torre mais alta de Ceuta.

Na manhã seguinte, na mesquita da cidade “purificada e elevada à catedral”, celebrou-se a primeira missa na África em séculos. A tomada de Ceuta foi um momento-chave da história: aquela seria a última Cruzada e a primeira vitória européia sobre os árabes na África desde os dias de glória do Império Romano. Seria também o início da expansão ultramarina portuguesa – que se estenderia por três continentes ao longo dos três séculos seguintes. (Adaptado: Eduardo Bueno. A viagem do descobrimento. Rio de Janeiro, Objetiva, 1998,p.52-4)

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Como foi a exploração da África neste período?

Os portugueses não estavam interessados em explorar o interior da África. Comerciavam com os povos que encontravam, mas estavam em busca de uma rota para as Índias. No entanto, sabiam que esses lugares da costa (litoral) da África eram importantes escalas para os seus navios. A rota para a Ásia através da costa da África levou muitos anos para ser descoberta. Em 1482 o rei Dom João II enviou Diogo Cão para que este encontrasse as Índias. Ele não as encontrou, mas descobriu que a África era muito maior do que supunha. Foi Bartolomeu Dias quem, em 1488, finalmente contornou o extremo sul do continente. Ele percorreu a costa africana e navegou mais para o sul do que qualquer outro europeu havia conseguido até então.

Os portugueses não exploraram o interior da África e decidiram não estabelecer nenhuma colônia nessa fase. No entanto sabiam que tinham de proteger suas rotas comerciais para a Ásia e por isso edificaram uma série de fortes ao longo do litoral. Desse modo podiam abastecer e proteger os seus navios e manter afastados os concorrentes estrangeiros.

À medida que se aventuravam cada vez mais pela costa africana, os exploradores portugueses verificavam que muitos dos povos que encontravam pertenciam a Estados maiores e mais poderosos. Pouco se sabe destes Estados, já que nenhum deles dispunha de uma linguagem escrita. Todavia, sabemos de sua história porque eles rememoravam os acontecimentos passados em contos que eram transmitidos oralmente.

Os Estados com os quais os portugueses comerciavam com uma base muito mais regular incluíam o Estado de Akan, onde se situa a atual Gana, e os povos do Benim, onde fica hoje a Nigéria.As duas coisas que os portugueses desejavam quando comerciavam com os povos de Akan e Benim eram o ouro e os escravos. Os akans forneciam a maior parte do ouro da África ocidental, que provinha dos rios do interior do continente. Os portugueses trocavam esse ouro dos akans por escravos que eles próprios tinham capturado ou comprado dos povos de Benim. Muitos escravos eram também levados de volta a Portugal e revendidos.

No ano de 1492, o navegante genovês Cristóvão Colombo, conseguiu que o rei Fernando e a Rainha Isabel confiassem a ele a missão de encontrar uma nova rota marítima para o Oriente. Colombo era chamado de louco, pois apostava na idéia de que a Terra era redonda. Vários povos antigos, como os egípcios, já diziam isso. A idéia de que a Terra era plana era muito aceita na própria Europa, principalmente entre os navegantes.

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O nome América, dado às terras descobertas por Colombo, foi uma homenagem ao navegador italiano Américo Vespúcio. Ele descobriu que as novas terras eram um continente e não as Índias, como supunha Colombo.

Em agosto de 1492, Colombo partiu da Espanha com três barcos, e após dois meses de viagem, atingiu as ilhas do Caribe (América Central), na madrugada de 12 de outubro. O detalhe desse encontro é que Colombo pensou que estava nas Índias e, por isso, chamou os habitantes dessas terras de “índios”. Somente em 1504, com o navegante Américo Vespúcio, os europeus perceberam que Colombo não havia chegado às Índias, mas sim a um continente desconhecido para eles (a América). Os espanhóis apressaram-se em iniciar a exploração das terras “descobertas”, o que iria significar o fim para várias civilizações indígenas.

Fernão de Magalhães 1519-1521 Pedro

Álvares Cabral Vasco

da Gama Bartolomeu

Dias

Sebastião Del Cano

1522

Morte de Fernão de Magalhães -1521

Cristóvão Colombo

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� O TRATADO DE TORDESILHAS A disputa entre portugueses e espanhóis pela conquista de novas terras e mercados, nem sempre foi pacífica. Como você já estudou, os espanhóis chegaram à América em 1492; os portugueses, nessa época procuravam contornar a África, rumo ao Oriente. Logo que Colombo chegou à América, o governo da Espanha procurou estabelecer seus direitos sobre a terra que encontrara e sobre outras que poderia ainda encontrar. Portugal, não concordando, apelou então para o papa Alexandre VI, mesmo ele sendo espanhol. O papa decidiu em 1493 que deveria ser traçada uma linha imaginária, passando 100 léguas (cerca de 660 Km) a oeste das ilhas de Cabo Verde (Bula Inter Coetera). As novas terras ficaram divididas em duas partes. A parte que estava a oeste da linha, à esquerda do mapa, pertenceria à Espanha. A parte que ficava a leste, à direita do mapa, pertenceria a Portugal. O rei de Portugal não concordou com a divisão feita pelo papa. Então, representantes de Portugal e da Espanha reuniram-se na cidade espanhola de Tordesilhas e assinaram um tratado que determinava o seguinte: a linha imaginária passaria a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. Observe o mapa.

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Assim, o Atlântico sul se tornava uma área de domínio português.

Reis de outros países europeus não aceitaram esse tratado. O rei da França, Francisco I, declarou: “Gostaria de ver o testamento de Adão para saber como ele dividiu o mundo”.

Na América, a linha do Tratado de Tordesilhas passava pelos locais onde atualmente se situam as cidades de Belém (Pará) e Laguna (Santa Catarina).

Como você percebeu, Portugal e Espanha sentiam-se os donos do mundo.

Para assegurar o domínio sobre suas terras na América, em 1500, o comandante Pedro Álvares Cabral tomou posse do Brasil, que a partir daí passou a ser uma colônia de Portugal. Em seguida rumou para as Índias onde o comércio de especiarias já garantia desde 1498, com a viagem de Vasco da Gama, grandes lucros à burguesia portuguesa e ao rei. Mas, se as novas terras foram divididas entre Portugal e Espanha, como existem países na América que foram colonizados por ingleses e franceses? Tanto a França como a Inglaterra realizaram tardiamente sua expansão marítimo-comercial. Iniciaram essa expansão somente no início do século XVI. A França, Inglaterra e Holanda não aceitaram a divisão entre Portugal e Espanha. Desrespeitando a linha do Tratado de Tordesilhas, impuseram sua presença através de atos de pirataria e ocupação de terras. Dessa forma, as terras que antes pertenciam somente a Portugal e Espanha, passaram também a serem colonizadas por franceses, ingleses e holandeses. Mas isso é assunto para a próxima apostila.

� A EUROPA E AS NAVEGAÇÕES Com as Grandes Navegações, novos continentes passaram a ser conhecidos pelos europeu, assim como o oceano Atlântico, que teve aos poucos seus segredos desbravados. O poder dos reis, associado à burguesia que financiava as navegações, tornou-se ainda mais forte. As riquezas obtidas com a exploração das novas terras foram usadas na organização de exércitos para subjugar os nobres resistentes ao processo de centralização. Além disso, foram também, empregadas na montagem de um sistema administrativo que garantia aos monarcas (reis) amplos poderes.

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A burguesia enriqueceu com a expansão do comércio europeu para outras partes do mundo. Como você já estudou, somente a primeira viagem dos portugueses deu um lucro espantoso: 6000%! Com as navegações oceânicas, ocorreram diversas mudanças na Europa:

� Deslocamento do eixo da atividade comercial do Mediterrâneo para o Atlântico;

� Popularização do consumo das especiarias; � Mudanças de hábitos alimentares, com a inclusão de produtos como a

batata, o milho, a mandioca, o tomate e o cacau, levados da América para o continente europeu.

� Mudanças na concepção do mundo (fim da crença de que a Terra era plana, de que existiam sereias, monstros marinhos, etc. nos oceanos);

� ampliação do conhecimento da astronomia (descobrem-se as constelações do hemisfério Sul e abre-se o caminho para a teoria heliocêntrica, ou seja, a de que a Terra gira em torno do sol);

� desenvolvimento da cartografia (arte de compor ou ler mapas); � propagação da cultura européia para os outros continentes (inclusive do

cristianismo); � povoamento e exploração das terras encontradas; � grande concentração de metais preciosos na Europa; � submissão das populações dos “novos continentes” à escravidão e aos

trabalhos obrigatórios.

Os europeus só exploraram a América a partir do final do século XV. Porém, muito antes disso, as terras desse continente já eram habitadas por pessoas que constituíam grupos sociais com modos de vida diferentes entre si.

A chegada dos europeus provocou uma série de mudanças na vida dos povos da América, muitos dos quais foram explorados, escravizados ou simplesmente dizimados.

Para recordar:

Na América existiam grupos de:

� Caçadores e coletores como, por exemplo, os jês (Brasil), os esquimós (Alasca).

� Sociedades de economia de subsistência, como os tupis-guaranis (Brasil) e os pueblos (EUA).

� Sociedades mais avançadas com produção agrícola excedente, utilizando irrigação. Era o caso dos incas, maias e astecas; estes povos construíram pirâmides, estradas, cidades, desenvolveram conhecimentos científicos. (astronomia, metalurgia, matemática).

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Dos 5 milhões de nativos que viviam aqui no Brasil em 1500, hoje a população indígena está reduzida a cerca de 300 mil. Para você ter uma noção melhor do que foi esse processo de extermínio, observe: No século XVI seriam necessários 25 estádios da capacidade de lotação do estádio do Maracanã para acomodação dos 5 milhões de indígenas existentes no Brasil. Hoje, apenas um pouco mais que 01 estádio seria necessário para colocarmos a população indígena atual. Cerca de metade dos índios brasileiros, vivem atualmente na região Norte.

Como aconteceu esse processo de extermínio?

1. Os conquistadores se aproveitavam que as tribos se desentendiam entre si e jogavam umas contra as outras, formando grandes conflitos entre elas.

2. A Igreja usava de mitos sagrados para realizar a sua dominação sobre os indígenas.

3. Assim como nas guerras mais recentes (Vietnã e Golfo Pérsico) onde foram usadas armas químicas, portugueses e espanhóis, além de armas de fogo, usaram também bactérias e vírus para derrotar os indígenas da América, no século XVI.

Responda em seu caderno:

3. Sintetize (resuma) as principais formas usadas pelos europeus (portugueses e espanhóis) no processo de conquista dos indígenas americanos. 4. Cite as diferenças entre as civilizações existentes na América e as que chegaram da Europa.

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Cada terra conquistada pelos europeus era transformada em colônia. A América, a partir do final do século XV, passou a pertencer aos europeus e a fazer parte da rota comercial européia, pois enviava produtos tropicais para as metrópoles gerando lucros para Portugal, Espanha, França, Inglaterra e Holanda. Observe os conceitos abaixo mencionados:

Responda em seu caderno: 5. Explique o que significa “colonizar”.

Você deve procurar compreendê-los, pois são importantes

para que possa melhor entender os textos dos módulos.

Metrópole: país que tem colônia fora de suas fronteiras.

Colônia: território dominado por uma metrópole.

Monopólio: direito exclusivo de impor regras e preços na

comercialização e na produção que as metrópoles impunham às

suas colônias.

Colonização: de uma terra é a sua ocupação pelo

elemento humano e a exploração dos seus recursos. Em

conseqüência, surgem formas de organização econômica, social

e político-administrativa. Quando a terra a ser colonizada já for

habitada, o colonizador tende sempre a impor a sua cultura,

como aconteceu na América em geral e outras partes do mundo.

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Crianças Nigerianas em Ikom

SAIBA UM POUCO MAIS SOBRE A HISTÓRIA DOS AFRICANOS

No Brasil, a maioria das famílias descendem de pessoas que vieram de outros países (os imigrantes). Mas como será que isso aconteceu se os primeiros habitantes do Brasil eram os índios?

Isto aconteceu porque no século XVI, os povos europeus iniciaram o processo de colonização da América e conseqüentemente do Brasil.

É importante lembrar que em uma outra época, muitos imigrantes também vieram para o Brasil. Vamos entender melhor essa história?

Você já ouviu falar em escravidão, certo? Durante muito tempo, por 350 anos, os africanos viveram esse pesadelo em terras brasileiras. Até que no século XIX tiveram que enfrentar mais um desafio: as Teorias raciais que chegaram ao Brasil. Mas que teorias eram essas?

Os Pensadores como o francês Joseph Auguste de Gobineau, o alemão Richard e o inglês Houston S. Chamberlain, tentaram explicar a sociedade humana. Eles concluíram que alguns grupos humanos eram fortes e outros fracos.Os fortes teriam herdado certas características que os tornavam superiores e os autorizavam a comandar e explorar outros povos. Por conta dessas e outras, nasceu a fórmula básica do racismo:

� Portadores de pele escura (os negros e os não-europeus) = raça inferior;

� Portadores de pele alva (os brancos) = raça superior.

Bem, intelectuais, médicos, advogados, políticos brasileiros se entusiasmam com a idéia de que a raça branca era superior. No entanto, as teorias raciais trouxeram consigo um problema sério para o Brasil. A elite (os ricos) brasileira desejava apresentar o Brasil como um país branco, igualzinho à Europa. Mas como explicar que, de fato, o país era majoritariamente negro (nesta época, 1872, o censo indicava que 55% da população era negra), e que o Brasil enriqueceu com o trabalho escravo?

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Nativa Africana, Sahel, África

A partir de 1869, nas Assembléias Legislativas de todo o país, começaram a ocorrer acalorados discursos que exaltavam a mão-de-obra européia como ideal para substituir o trabalhador escravo e o liberto.

Iniciava-se, então, a campanha imigrantista, que tinha dois objetivos:

� Valorizar o imigrante branco; � Convencer a elite do país de que o progresso só viria se fossem

importados imigrantes brancos.

Como resultado prático dos debates sobre o branqueamento, foi colocado em ação um projeto que visava transformar o Brasil num país branco.

Assim, o governo de São Paulo:

� Em 1881, passou a pagar metade dos custos de transporte dos imigrantes, devendo o restante ser pago ao fazendeiro que o importara;

� Em 1884, começou a devolver aos imigrantes os gastos com passagens;

� Em 1885, passou a pagar diretamente o custo do transporte dos imigrantes europeus.

Desta forma, entre 1871 e 1920, cerca de 3 390 000 imigrantes chegaram ao Brasil, dos quais entre outros:

� 1 373 000 eram italianos;

� 901 000, portugueses;

� 500 000, espanhóis.

É bom lembrar que esse número se aproxima dos cerca de 4 000 000 de africanos trazidos para o Brasil entre 1520 e 1850.

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Bem, agora vamos voltar ao século XVI no início da colonização

espanhola...

Você sabia que... Foi na África, há milhões de anos, que apareceram nossos

ancestrais e dali partiram para povoar a Europa e a Ásia. Lá também foram encontrados os primeiros centros universitários e culturais de que se tem registro. Veja abaixo alguns dos principais Impérios, Reinos e Estados de onde vieram os negros que foram escravizados no Brasil e as tecnologias que trouxeram:

� Império Gana Entre os séculos 4 e 11, era conhecido como Império do Ouro. Seu povo dominava técnicas de mineração e usava instrumentos como bateia, importante para o avanço do ciclo do ouro no Brasil. O clima úmido da região favorecia o desenvolvimento da agricultura e da pecuária. � Império de Mali Expandiu-se por volta do século 12. As cidades de Tumbuctu, Gao e Djene eram importantes centros universitários e culturais. O povo Dogon, que habitava a região, registrou em monumentos as Luas de Júpiter, os anéis de Saturno e a estrutura espiral da Via-Láctea, observações feitas a partir do século 17, na Europa. � Reino do Congo Já no final do século 16, os habitantes dessa região eram especialistas em forjar ferro e cobre para produção de ferramentas. Introduziram na nossa lavoura a enxada, uma espécie de arado e diversos tipos de machados que serviam tanto para cortar madeira como para uso em guerras. Esses são alguns exemplos da contribuição da cultura negra para a humanidade. Atualmente a África tem uma área de 30 milhões de quilômetros quadrados (20,3% da superfície terrestre do planeta) com uma população de 850 milhões de habitantes em 53 países e 2019 línguas faladas.

Fonte: Revista Nova Escola, Nov/2005

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Absolutismo: forma de governo em que o poder está centralizado nas mãos de um rei que recebe o poder de Deus e como tal é seu representante na Terra.

Metrópole: na época da

colonização era capital de um

reino que exercia domínio sobre outras terras.

E o que será colonização?

Nos séculos XI e XVI a Europa passava por um processo de ampliação do comércio e a burguesia constituída estava disposta a aumentar seus lucros.

O absolutismo real estava diretamente ligado ao sucesso dos negócios, pois quanto mais lucro tivesse a burguesia, mais impostos chegariam às mãos dos rei fortalecendo o seu poder.

Assim, de acordo com o pensamento econômico da época, essas novas terras deveriam gerar lucros e, portanto, deveriam ser conquistadas e

colonizadas.

Terminada a fase inicial da conquista era necessário passar à colonização, isto é, ocupar e explorar economicamente as novas terras.

A partir dos séculos XVI e XVII, espanhóis, portugueses, ingleses, franceses e holandeses procuraram ocupar e aproveitar ao máximo as terras da América formando seus impérios coloniais.

Cada área colonizada apresentou características próprias. Entretanto, alguns aspectos foram comuns em todos os processos de colonização:

� Dependência econômica: as metrópoles monopolizavam o comércio das colônias, impondo preços regras de comércio;

� Dependência política: as leis e governantes eram impostos pela metrópole;

� Dependência cultural: assim como as leis, os governantes, as regras econômicas, a língua, a religião, a educação, os costumes também foram impostos pela metrópole.

Colonização é a conquista e dominação

de um povo sobre o outro.

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Metrópole, hoje, significa cidade importante que exerce influência política, econômica e social sobre as cidades menores de uma região.

A América Latina é composta de países que foram colônias

de Portugal e Espanha.

RESPONDA EM SEU CADERNO: 6. Explique o que você entendeu sobre colonização. 7. As colônias eram dependentes das metrópoles certo? Por que isso acontecia?

COLONIZAÇÃO ESPANHOLA NA AMÉRICA

Veja como foi feita a colonização da América

pelos espanhóis: A Espanha foi o primeiro país a tomar a iniciativa da conquista e colonização dos territórios americanos. Milhares de pessoas atraídas pelos metais preciosos (ouro e prata) imigraram para a América.

A organização que existia entre os povos indígenas que habitavam a América foi destruída pelos espanhóis, como você pôde observar nos

módulos anteriores. Somando-se a isso tinha também as epidemias (doenças trazidas pelos estrangeiros das quais os nativos não tinham resistência) e provocou o extermínio de grande parte da população indígena.

Desde a Idade Média o comerciante europeu acumulava riquezas através da pirataria e comércio, o saque das colônias foi fonte imediata dessa acumulação de riquezas (como exemplo temos o saque espanhol na América e o Inglês na Índia, e com o tempo os espanhóis passaram a dedicar-se à mineração.

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A língua falada nessas regiões passou a ser o espanhol.

Ruínas (da civilização Inca), Machupicchu, Peru

Nas proximidades das regiões mineradoras, foram se formando as haciendas (fazendas), dedicadas especialmente à criação de gado. Os europeus introduziram na América uma série de animais e plantas até então desconhecidos pelos nativos. As instituições políticas e a religião católica igualmente acompanharam os exploradores pelo Novo Mundo.

Uma nova organização econômica e

social foi imposta aos habitantes da América. O choque e o medo tomaram conta dos nativos e aos olhos desses indígenas, os conquistadores assemelhavam-se a figuras monstruosas montadas em outros monstros, os cavalos também desconhecidos pelos nativos.

Os povos astecas, incas e maias tiveram seu modo de vida totalmente modificado, sendo utilizados como mão-de-obra escrava pelos espanhóis.

No período da colonização espanhola a sociedade era formada por:

� espanhóis: formavam a elite da sociedade colonial.

� criollos : filhos de espanhóis nascidos e estabelecidos na América.

� Índios, negros e mestiços: formavam o grupo de trabalhadores.

Templos Maias em Palenque, México.

Figura Asteca no Templo Mayor, cidade do México.

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Por que no Brasil não é falada a Língua Espanhola?

É que o Brasil foi colonizado pelos portugueses e por isso fala a Língua Portuguesa.

Entretanto, você percebeu que muitas pessoas estão procurando estudar espanhol? Isso acontece porque o mercado de trabalho está exigindo o conhecimento dessa língua em

função do MERCOSUL (Mercado Comum do Cone Sul). Esse mercado, formado principalmente por Paraguai, Argentina, Uruguai e Brasil, mantém constantes contatos comerciais exigindo o uso de uma língua comum entre eles — a língua espanhola — já que, com exceção do Brasil, esses países foram colonizados pela Espanha.

Bem você já estudou um pouco sobre a colonização espanhola na América Latina, que tal agora saber como foi que aconteceu a colonização Inglesa na América do Norte?

Para começar vamos pensar no seguinte:

Como fizeram a colonização Inglesa se as terras da América foram divididas entre portugueses e espanhóis pelo Tratado de Tordesilhas?

Simples, foi através de pirataria e invasão de terras onde formaram “As 13 colônias inglesas da América do Norte.” O que fez muitos ingleses saírem de suas terras na Europa e virem a uma terra desconhecida, cheia de perigos para os homens que não a conheciam?

Será que os ingleses vinham para a América atraídos por melhores condições de vida? Por quê?

As respostas você verá a seguir...

A Inglaterra, no século XVIII, passava por graves problemas internos:

� Aumento populacional e a conseqüente falta de mercado de trabalho.

� As crises religiosas que envolviam católicos e protestantes, depois da Reforma Religiosa.

Com a Reforma, os cristãos ficaram divididos entre católicos e várias correntes protestantes como: (luteranos, calvinistas, anglicanos e outras). Crises religiosas que contribuíram para a vinda de muitos ingleses à América.

Os imigrantes ingleses que vieram para a América se organizaram em 13

colônias, a partir dos fins do século XV.

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Os Estados Unidos da América (EUA) foram originalmente Treze Colônias dos ingleses. Uma coisa que mexe muito com a gente é o fato de eles terem começado a ser colonizados mais ou menos na mesma época que a América Latina e terem tido um desenvolvimento tão espetacular. Por que essa diferença? Será que é porque eles deram “sorte” de terem sido colonizados pelos ingleses? A resposta é não. O fato é que quando o país colonizador colocava os pés no Novo Mundo, ele lançava um olhar de cobiça e vontade insaciável de riquezas. Por acaso, o olhar do inglês era diferente do olhar do português ou do espanhol? Claro que não: afinal todos iam para a América em busca de fortuna e poder.

Pense bem, o espanhol, por exemplo, viu o México e o Peru e percebeu que havia muita prata para ser roubada dos

índios. O português procurou pelo ouro. Não encontrou. Ele só seria descoberto séculos depois, mas o clima e o solo do Brasil eram excelentes para plantar a cana-de-açúcar.

O inglês, talvez até mais colonizador e explorador do que os outros, fez exatamente a mesma pergunta na América do Norte, onde hoje estão os EUA.

É o que você saberá a seguir... Metais preciosos havia, só que os ingleses não descobriram. O clima e o solo eram bons, mas parecido com o solo europeu, dava para plantar o que já havia na Europa, mas o preço do transporte não era compensador. Conclusão: os ingleses estavam encontrando dificuldades para explorar as riquezas dali. Na realidade as treze colônias foram mais ou menos abandonadas. É como se o governo da Inglaterra e a burguesia tivessem dito: “Já que não dá lucro, quem quiser pode ir para lá”. O resultado dessa história não podia ser diferente:

A colonização inglesa no norte do continente não foi feita pelo Estado, mas por empresas privadas (particulares), a produção era para atender ao mercado interno, o trabalho era livre, etc, é o que chamamos de colônia de povoamento, diferente do tipo de colonização que aconteceu na América do Sul – produção agrícola destinada ao mercado externo, em grandes propriedades utilizando o trabalho escravo – colônia de exploração.

Estátua da Liberdade Estados Unidos

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Como você já viu no começo dessa história, havia muita gente na Inglaterra querendo ir para a América do Norte: camponeses pobres expulsos de suas terras, artesãos arruinados pelo crescimento das manufaturas, perseguidos políticos e também os religiosos, principalmente depois da Reforma Protestante.

Mas o que foi a Reforma Protestante? É sobre esse assunto que você estudará agora!!!

REFORMA PROTESTANTE Saiba que durante a Idade Média, a vida espiritual na Europa ocidental foi dominada pela Igreja Católica. Não se admitiam divergências contra esse monopólio da crença. Os rebeldes, ou seja, aqueles que não aceitavam as imposições da Igreja Católica, considerados hereges, ou se calavam ou eram simplesmente eliminados. Muitos foram queimados vivos nas fogueiras que o Tribunal do Santo Ofício, ou Inquisição, acendeu por todo o continente.

No Ocidente, ser cristão significava ser católico, obedecer às regras e os princípios da Igreja de Roma. Como iremos ver, essa unidade católica sofreria profundas transformações a partir de 1517, com a Reforma Protestante iniciada por Martinho Lutero.

Martinho Lutero, de origem germânica, era monge, teólogo católico e professor na Universidade de Wittenberg. Lutero denuncia o clero católico em 1517 e dá início ao movimento conhecido como protestantismo. Ele afixa na porta da Catedral de sua cidade 95 condenações contra a Igreja e afirma que a salvação depende só da fé, não das obras. Excomungado em 1520 pelo Papa Leão X, refugia-se em um castelo no interior da Alemanha, onde escreve vários panfletos e traduz a Bíblia para o alemão.

RESPONDA EM SEU CADERNO: 8. Comparando os países da América Latina com as Treze colônias (atual Estados Unidos), perguntamos: Por que os Estados Unidos sempre foram tão desenvolvidos? Será que é porque eles foram colonizados pelos ingleses? Explique.

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Sacro Império – denominação do império fundado em 962 pelo imperador Oton, cuja ambição política era

formar um império único no Ocidente que durou

até 1806.

O movimento reformista teve início na Alemanha, com o monge Martinho Lutero, quando o Papa Leão X autorizou um grande comércio de indulgências (perdão de pecados). Esse comércio foi feito com a finalidade de arrecadar mais dinheiro para o término da construção da Igreja de São Pedro (Roma).

Era comum a população européia comprar do clero as indulgências. Com esta compra, os cristãos tinham a garantia da Igreja de que, após a morte, entrariam no paraíso. No século XVI, esta e outras práticas - como o culto aos santos, a obediência ao papa e a cobrança de diversas taxas pela igreja - começaram a ser denunciadas pelos reformistas protestantes, que acusavam os padres de corruptos.

A Revolta dos camponeses

A pregação de Lutero foi interpretada pelos camponeses germânicos não apenas como reforma religiosa. Para eles, o novo credo autorizava luta contra a nobreza por melhores condições de vida. Assim em 1524 eclodiu no Sacro Império uma revolta popular de grandes proporções. Seu principal líder era Thomaz Muntzer. Muitos mosteiros e castelos foram incendiados. Os nobres senhores reagiram com violência, recebendo total apoio de Lutero, que aconselhava “estrangular os revoltados”. A rebelião foi derrotada e Muntzer, executado.

Igreja de Calvino

Sacerdote francês convertido ao luteranismo, João Calvino (1506 – 1564) levou ainda mais longe as propostas da reforma de Lutero. Com a sua teoria da predestinação (desde o nascimento as pessoas estão destinadas por Deus à salvação ou a condenação eterna, independente de suas obras no mundo material), foi o mais forte incentivo ideológico ao desenvolvimento capitalista. Ele ensinava que o lucro não era pecado e que a única maneira de alguém saber se estava predestinado à salvação era obter êxito nas relações econômicas por meio do trabalho árduo e disciplinado.

Ilustração da cidade Suíça de Genebra, onde Calvino mandava para a fogueira aqueles que não seguissem suas idéias, como, dentre outros, foi o caso do médico espanhol Miguel Servet.

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Anglicanismo De maneira geral, os movimentos que propunham as reformas na Igreja Católica, eram chamados de protestantismo.

Um desses movimentos apareceu na Inglaterra, onde o rei Henrique VIII, agindo muito mais por razões políticas do que religiosas, rompeu com o papa em 1534. A nova religião adotou elementos do calvinismo e manteve outros do catolicismo. Muitos protestantes ingleses lutavam para que a Igreja Anglicana fosse “purificada” de seus vestígios do catolicismo, como conseqüência, aconteceram diversas lutas de caráter político-religioso.

Um dos pontos comuns entre os protestantes foi a rejeição da autoridade do papa. Com isso, cada Estado passou a ter a sua própria Igreja, diminuindo assim o poder do Papa e aumentando a autoridade do rei. A nobreza aproveitou a ocasião para confiscar terras da igreja tornando-as propriedade de seus estados.

Durante o século XVI, ocorreram as guerras de religião. Nessas guerras, a religião não passava de um simples pretexto para satisfazer os interesses políticos das grandes nações.

Mais do que motivos puramente religiosos, a Reforma Protestante representou uma luta entre os interesses e atividades econômicas da burguesia e os interesses da Igreja Católica e a nobreza feudal.

Diante do avanço protestante, a Igreja Católica reagiu aos efeitos da Reforma realizando a Contra-Reforma, isto é: um amplo movimento de moralização do clero e de reorganização da Igreja. Veja as principais medidas que marcaram a Contra-Reforma:

� INQUISIÇÃO: com a incumbência de reprimir os hereges (aqueles que se afastavam da igreja católica) e julgar todos os cristãos acusados de não seguirem a doutrina católica;

� CONGREGAÇÃO DO INDEX: Lista de livros censurados (proibidos), contrários à doutrina católica;

� COMPANHIA DE JESUS: criada em 1534, pelo militar espanhol lnácio de Loyola. Os jesuítas eram organizados sob uma disciplina severa e tinham o objetivo de combater a expansão do protestantismo convertendo as pessoas ao catolicismo. Sua atuação deu-se através do ensino, da catequese e da política. Além disso, é preciso notar que a sua ação não se limitou somente à Europa, mas também à Ásia, à África, para onde eles acompanharam os colonizadores portugueses e espanhóis.

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No Brasil, os jesuítas tiveram participação na fundação das missões e na divulgação da cultura européia. Toda organização escolar dos tempos coloniais esteve sob a orientação dos jesuítas que impunham os valores dos europeus aos nativos.

Veja a seguir, um quadro sinótico com as principais características da Igreja Católica e das diferentes Igrejas Protestantes que surgiram com os movimentos reformistas.

Livros queimados pela inquisição

Concílio de Trento No ano de 1545, o papa Paulo III convocou um concílio (reunião de

bispos), sendo as primeiras, realizadas na cidade de Trento, na Itália. Ao final de longos anos de trabalho, terminados em 1563, o concílio

apresentou um conjunto de decisões destinadas a garantir a unidade da igreja católica, reagindo às críticas e às idéias protestantes.

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CATÓLICOS E PROTESTANTES (século XVI)

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Nesta apostila você aprendeu um pouco mais sobre a história da América Latina e também um pouco da cultura Africana. Ficou registrado também, o início das religiões protestantes.

Na próxima apostila, você irá estudar a colonização portuguesa no Brasil.

Faça em seu caderno: 9. Você acha que é importante impor aos outros valores que consideramos importantes para nós? Dê a sua opinião. 10. O que você entendeu sobre o movimento da Reforma Protestante? 11. Você conhece alguns dos diferentes seguimentos religiosos que tem sua raiz nas Igrejas Protestantes? Comente.

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BIBLIOGRAFIA

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ESTA APOSTILA FOI ELABORADA PELA

EQUIPE DE HISTÓRIA DO CEESVO

CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO SUPLETIVA DE VOTORANTIM

PROFESSORAS: DENICE NUNES DE SOUZA MEIRE DA SILVA OMENA DE SOUZA ZILPA LAURIANO DE CAMPOS

COORDENAÇÃO: NEIVA APARECIDA FERRAZ NUNES

DIREÇÃO:

ELISABETE MARINONI GOMES MARIA ISABEL R. DE C. KUPPER

VOTORANTIM, 2005. (Revisão 2007)

OBSERVAÇÃO

MATERIAL ELABORADO PARA USO EXCLUSIVO DO CEESVO,

SENDO PROIBIDA A SUA COMERCIALIZAÇÃO.

APOIO

PREFEITURA MUNICIPAL DE VOTORANTIM