57
 - 6 - Ergonomia Ergonomia no Posto de Trabalho A disciplina Ergonomia e Saúde Ocupacional aparecem para vocês como uma ferramenta a ser utilizada no seu dia a dia como Técnico em Segurança do Trabalho. Você irá conhecer um pouco da história da ergonomia, como ela surgiu e seus vários objetivos. 2013 Will Frazao CTP – Curso Técnico Profissionalizante 1/11/2013

Apostila Ergonomia 2014.pdf

Embed Size (px)

Citation preview

  • - 6 -

    Ergonomia Ergonomia no Posto de Trabalho

    A disciplina Ergonomia e Sade Ocupacional aparecem para vocs como uma ferramenta a ser utilizada no seu dia a dia como Tcnico em Segurana do Trabalho. Voc ir conhecer um pouco da histria da ergonomia, como ela surgiu e seus vrios objetivos.

    2013

    Will Frazao CTP Curso Tcnico Profissionalizante

    1/11/2013

  • - 7 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 7 -

  • Sumrio

    ERGONOMIA E USABILIDADE 11

    O QUE A ERGONOMIA......................................................... 11

    DEFINIO DE ERGONOMIA

    ............................................................... 11 O TAYLORISMO VERSUS A ERGONOMIA

    ............................................... 16 DESPESAS E RETORNOS DA ERGONOMIA

    ............................................. 22 O PAPEL DE UM ERGONOMISTA

    .......................................................... 27

    ORGANIZAO DO TRABALHO .......................................... 33

    ESTRESSE NO AMBIENTE DE TRABALHO .............................................. 33

    CONCEPO DE POSTO DE TRABALHO ................................................ 38

    PROGRAMAS DE QUALIDADE DE VIDA NOS POSTOS DE TRABALHO ......... 44

    A POSTURA SOB O OLHAR DO ERGONOMISTA ...................................... 50

    TRABALHO, SADE E ERGONOMIA

  • - 9 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 9 -

    SEGURANA NO TRABALHO

    DO DIAGNSTICO MODIFICAO TCNICAS DE VERIFICAR A ERGONOMIA RECOMENDAES ERGONMICAS PARA IHC (INTERFACE HOMEM-

    COMPUTADOR) RUDOS/ VIBRAES

    FATORES HUMANOS NO TRABALHO

    A FALHA HUMANA FATORES FISIOLGICOS DOS POSTOS DE TRABALHO A RELAO CORPO E TRABALHO AFASTAMENTOS: UM GRANDE NUS

  • Apresentao da Disciplina

    A disciplina Ergonomia e Sade Ocupacional aparecem para vocs como uma ferramenta a ser utilizada no seu dia a dia como Tcnico em Segurana do Trabalho. Voc ir conhecer um pouco da histria da ergonomia, como ela surgiu e seus vrios objetivos.

    A disciplina esta formatada em dois blocos temticos, cada um contendo dois temas e cada tema composto de quatro contedos.

    No primeiro Bloco Temtico vamos falar sobre Ergonomia e Usabilidade.

    Neste bloco mostraremos a base da ergonomia, com a sua denio, relao com as formas de administrao e gesto socioeconmica, a viabilidade, qual a funo do ergonomista, a concepo dos postos, o estresse ocupacional e os Programas de Qualidade de Vida.

    O segundo Bloco Temtico versa sobre Trabalho, Sade e Ergonomia. Engloba este bloco a distncia entre percepo e alterao, alguns instrumentos e as recomendaes em IHC, a inuncia do rudo e das vibraes, alm da falha humana.

    Essa disciplina vem para acrescentar a voc, Tcnico em segurana do Trabalho, alguns conhecimentos sobre as estaes de trabalho e a organizao empresarial. Aprecie este material com todo o prazer.

    Cordialmente,

    Wil Frazo

  • - 11 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 11 -

    ERGONOMIA E USABILIDADE

    O QUE A ERGONOMIA

    DEFINIO DE ERGONOMIA

    Neste incio iremos citar algumas denies de ergonomia descritas pelos mais variados autores. No entanto, comearemos informando que a palavra ergonomia de origem grega, em que ERGO - signica trabalho e NOMOS signica regras, normas, leis. Podemos entender que seriam as regras/normas/leis para a execuo do trabalho. Se considerarmos como cincia, poderemos dizer que a cincia aplicada em facilitar o trabalho executado pelo homem, sendo que aqui se interpreta a palavra trabalho como algo muito abrangente, em todos os ramos e reas de atuao.

    Sendo, desta forma, uma cincia que pesquisa, estuda, desenvolve e aplica regras e normas a m de organizar o trabalho, tornando este ltimo compatvel com as caractersticas fsicas e psquicas do ser humano.

    Alguns autores a consideram como cincia, outros como tecnologia.

    Segundo Montmollin, a ergonomia uma cincia interdisciplinar que compreende a siologia e a psicologia do trabalho.

    Murrel a dene como o estudo cientco das relaes entre o homem e o seu ambiente de trabalho.

  • Self cita que ergonomia rene os conhecimentos da siologia e psicologia e das cincias vizinhas aplicadas ao trabalho humano, na perspectiva de uma melhor adaptao ao homem dos mtodos, meios e ambientes de trabalho.

    Wisner explica ergonomia como sendo o conjunto dos conhecimentos cientcos relacionados ao homem e necessrios concepo de instrumentos, mquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o mximo de conforto, segurana ecincia.

    Na denio de Couto um conjunto de cincias e tecnologias que procura a adaptao confortvel e produtiva entre o ser humano e seu trabalho, basicamente buscando adaptar as condies de trabalho s caractersticas do ser humano.

    J Leplat nos informa que ergonomia uma tecnologia, e no uma cincia, cujo objetivo a organizao dos sistemas homem-mquina.

    Algumas consideraes sobre interaes entre homem e seus ambientes de trabalho foram encontradas em alguns documentos da Grcia Antiga, em alguns outros artigos medievais com mais de cem anos na Alemanha.

    Falando em relao a historia moderna da ergonomia, que surgiu no perodo entre 1939 a 1945 com a Segunda Grande Guerra, houve a necessidade de adaptao das armas utilizadas no combate ao homem, com o principal objetivo de obter vantagens sobre o adversrio, alm de preservar a prpria sobrevivncia.

    Para Abraho e Pinho (2002), a importncia da ergonomia nos anos 1940 se deu pela abordagem do trabalho humano e suas interaes nos contextos social e tecnolgico, buscando mostrar a complexidade dessas interaes.

  • - 13 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 13 -

    A ergonomia trouxe a ideia de proteger o trabalhador dos riscos fsicos, ambientais e psicolgicos provocados, principalmente, pelo sistema capitalista, que visa sempre o lucro atravs do aumento da produo. Promovendo a intensicao da carga de trabalho e implementao do tempo de trabalho, sem se preocupar com o conforto do funcionrio. Podemos exemplicar com o que aconteceu nos EUA, quando os norte-americanos construram o projeto da cpsula espacial, em que o homem tentou adaptar qualquer tipo de mquina s caractersticas humanas. Mas o desconforto provocado aos astronautas no primeiro prottipo da cpsula espacial fez com que houvesse a necessidade de replanejar o tempo e os meios para a viagem ao espao.

    importante citarmos que o conforto do trabalhador necessrio para que tenha uma boa relao com o trabalho.

    Dentro das atribuies da ergonomia temos alguns domnios de especializao com competncias mais profundas. So elas:

    Ergonomia Fsica versa sobre as caractersticas humanas anatmicas, antropomtricas, siolgicas e biomecnicas que se relacionam com a atividade fsica. Os tpicos relativos incluem posturas de trabalho, manipulao de materiais, movimentos repetitivos, leses msculo-esquelticas relacionadas com o trabalho, layout do posto de trabalho, segurana e sade.

    Ergonomia Cognitiva relata sobre os processos mentais, como a percepo, memria, raciocnio, e resposta motora, que afetam as interaes entre humanos e outros elementos de um sistema. Os tpicos relevantes incluem a carga de trabalho mental, tomada de deciso, desempenho especializado, interao homem-computador, abilidade humana,

  • stress do trabalho e formao relacionadas com a concepo homem-sistema.

    Ergonomia Organizacional - diz respeito otimizao de sistemas sociotcnicos, incluindo as suas estruturas organizacionais, polticas e processos. Os tpicos relevantes incluem comunicao, gesto de recursos de equipes, concepo do trabalho, organizao do tempo de trabalho, trabalho em equipe, concepo participativa, community ergonomics, trabalho cooperativo, novos paradigmas do trabalho, cultura organizacional, organizaes virtuais, teletrabalho e gesto da qualidade.

    Segundo HENDRICK (1992), a ergonomia possui quatro componentes identicveis:

    Tecnologia de interface homem-mquina ou ergonomia de Hardware - aplicada no projeto de controles, displays e arranjo das estaes de trabalho para otimizar a performace do sistema e diminuir as probabilidades de erros humanos;

    Tecnologia da interface homem-ambiente ou ergonomia ambiental - que consiste no estudo das capacidades e limitaes humanas em relao s demandas impostas pelas variaes do ambiente. utilizada a m de minimizar o estresse ambiental para o desempenho humana e tambm para proporcionar maior conforto e segurana, alm do aumento da produtividade;

    Tecnologia de interface usurio-sistema ou ergonomia de software - estuda como as pessoas conceitualizam e processam as informaes. frequentemente chamada de ergonomia cognitiva. A maior aplicao desta tecnologia no projeto ou modicao de sistemas para aumento da usabilidade;

  • - 15 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 15 -

    Tecnologia da interface homem-organizao-mquina ou macroergonomia - o foco central das trs tecnologias da ergonomia o operador individual, no time de operadores ou em nveis de subsistemas. A macroergonomia tem seu foco na estrutura do sistema de trabalho como um todo, ou seja, em suas interfaces com os avanos tecnolgicos, com o sistema organizacional e com a interface homem-mquina.

    Quando falamos em ergonomia temos que levar em considerao alguns pontos, como:

    Produtividade da empresa; Qualidade do produto; Condies de trabalho; Qualidade de vida dos trabalhadores.

    Alguns objetivos devem sempre ser levados em considerao, tais como:

    Melhoria das condies ambientais; Preveno de acidentes de trabalho; Preveno de leses por esforo repetitivo.

    Outra considerao que devemos ter, quando se trata de ergonomia, a sua tribsica de sustentao, composta por:

    I. EFICINCIA II. SEGURANA

    III. CONFORTO

    Atravs desta trade podemos observar que a ecincia de uma interveno ergonmica muito importante, tanto para justicar o trabalho do ergonomista como para melhoria das condies da empresa (nanceira, econmica, social ou prossional). Alm da prpria melhoria da ecincia dos trabalhadores.

  • A segurana de extrema importncia, tanto para os trabalhadores como para os empregados. A diminuio dos riscos indica uma maior preocupao com os funcionrios.

    O conforto nos mostra que o indivduo, quando em situaes satisfatrias, produz e trabalha mais e com melhor humor.

    O TAYLORISMO VERSUS A ERGONOMIA

    Vamos comear falando sobre o surgimento e evoluo da ergonomia e depois mostrar as principais intervenes e modelos de planejamento de trabalho ocorridos nestas pocas.

    Em se tratando de adaptaes para a melhoria do trabalho, vem desde antigamente, quando os indivduos utilizavam as pedras como armas, em especial no momento em que ajustam as pedras fazendo pontas ou gumes para facilitar o seu trabalho.

    Outro momento quando os indivduos comearam a utilizar os utenslios de barro para auxiliar no cozimento de alimentos e para tomar gua.

    Uma inveno muito importante para a humanidade foi a criao da roda, que possibilitou a facilitao do transporte de cargas, principalmente.

    Aps esse momento foram aparecendo algumas invenes que facilitavam o trabalho do homem, at que a Revoluo Industrial apareceu espantosamente alterando o trabalho, que era artesanal, para o mecanizado. Esse momento foi marcado pela alterao no s do processo produtivo, mas tambm da atividade comercial. Foi uma evoluo social, tecnolgica e econmica. Essa evoluo foi capaz de tecnicar a produo, isolando inicialmente as fases de produo.

  • - 17 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 17 -

    Antes dessa revoluo o indivduo participava de todas as fases, desde a coleta da matria-prima at a comercializao do produto. Aps esta poca, o indivduo perde o controle do processo produtivo, no participa mais de todas as fases da produo e passa a ter um trabalho direcionado ou controla alguma mquina da fbrica.

    Aps a Revoluo Industrial o grande evento que ocorreu, marcando a evoluo da ergonomia e tambm da humanidade, foi a Primeira Grande Guerra.

    O taylorismo foi um modelo/mtodo de planejamento e de controle do tempo e dos movimentos de realizao do trabalho, desenvolvido pelo americano Frederick Winslow Taylor (1856-1915).

    Taylor foi um engenheiro que nasceu na Pensilvnia (E.U.A.), no subrbio da Filadl a, numa regio chamada Germantown. Nasceu no dia 20 de maro de 1856 e morreu em 1915. Ele era lho de famlia de classe mdia e pde estudar em bons colgios. Ele, aos 22 anos, conseguiu emprego como operrio, na empresa Midvale Steel Company, construo de mquinas. Foi operrio, contador da rma, torneiro, mestre de tornos, chefe de seo, contramestre, chefe de ocina e engenheiro chefe. Sendo que todas essas promoes ocorreram num curto perodo de 6 anos.

  • Henri Fayol, engenheiro, nascido em Istambul no dia 29 de julho de 1841 e morto em 19 de novembro de 1925, concluiu que a administrao de uma empresa deveria ser desvinculada das demais funes (produo, comercial e nanceira). Ele foi o primeiro a denir administrao como um processo de planejar, organizar, dirigir e controlar.

    Fayol sintetizou a administrao em 14 princpios:

    1. Diviso do trabalho tarefas especcas para cada indivduo,separao de poderes;

    2. Autoridade e responsabilidade; 3. Disciplina; 4. Unidade de comando cada indivduo tem apenas

    um superior direto; 5. Unidade de direo um conjunto de operaes

    que visam o mesmo objetivo; 6. Subordinao do interesse particular ao interesse

    geral; 7. Remunerao do pessoal; 8. Centralizao; 9. Hierarquia a srie dos chefes desde o primeiro at

    o ltimo escalo; 10. Ordem; 11. Equidade o tratamento das pessoas com

    benevolncia e justia, no excluindo a energia e o rigor quando necessrios;

    12. Estabilidade pessoal; 13. Iniciativa; 14. Unio do pessoal esprito de equipe.

  • - 19 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 19 -

    O fordismo, criado por Henry Ford, que nasceu na cidade de Dearborn, em 30 de julho de 1863 e faleceu no dia 07 de abril de 1947, baseou-se na implantao da esteira rolante para controlar os movimentos, criando o trabalho em srie.

    Alguns princpios do fordismo so:

    I. Sempre que possvel o trabalhador no dar um passo supruo;

    II. No permitir, em caso algum, que ele se canse inutilmente, com movimentos direita ou esquerda, sem proveito algum;

    III. Tanto os trabalhadores quanto as peas devem ser dispostos na ordem natural das operaes, diminuindo o caminho da pea ou aparelho na esteira de montagem;

    IV. Empregar planos inclinados ou aparelhos semelhantes, de modo que o operrio coloque as peas que trabalhou no mesmo lugar e ao seu alcance.

    O casamento entre essas teorias predominou em vrias indstrias at o nal do sculo XX e apresentou algumas caractersticas, como:

    Padronizao e produo em srie como condio para a reduo de custos e elevao dos lucros;

    Trabalho de forma intensa, padronizado e fragmentado, na linha de produo proporcionando ganhos de produtividade.

    O taylorismo consiste, ainda, na dissociao do processo de trabalho das especialidades dos trabalhadores, ou seja, o processo de trabalho deve ser independente do ofcio, da tradio e do conhecimento dos trabalhadores, mas inteiramente dependente das polticas gerenciais.

  • Esse tipo de modelo predominou na grande indstria capitalista ao longo do sculo XX e ainda predomina em muitas organizaes, a despeito das inovaes. A crise deste modelo comeou com a resistncia crescente dos trabalhadores ao sistema de trabalho em cadeia, monotonia e alienao do trabalho super fragmentado.

    Diante da revolta dos trabalhadores, provocada principalmente pela insatisfao com a forma que o trabalho era organizado e realizado, comearam a surgir novas teorias e ideias a respeito da organizao do trabalho, em grande parte contrrias ao taylorismo.

    Nesse momento ps-Taylor e Ford surgiram, principalmente, duas ideias. Uma a de enriquecimento de cargos, e a outra de semiautnomos.

  • - 21 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 21 -

    A ideia de enriquecimento de cargos procura eliminar o inconveniente do trabalho parcelado e montono, ampliando o nmero de tarefas realizadas pelo trabalhador.

    A ideia semiautnomos permitia melhor relao entre os trabalhadores. Cada equipe de trabalho tem liberdade de distribuir as tarefas entre os componentes. No entanto, o trabalho proposto bastante denido e previamente racionalizado, o que faz permanecer o tempo de execuo do produto.

    Importante ressaltar que mesmo nessas outras teorias os princpios do taylorismo e fordismo no foram abandonados, houve apenas a sua aplicao de uma forma mais suave. Na verdade, uma tentativa de adequar o taylorismo e o fordismo s mudanas socioeconmicas da poca.

    Na dcada de 1950 foi criado um novo conceito, chamado de Administrao de Qualidade Total, trazendo a ideia de que a conformidade com os padres de qualidade passa a ser problema de todos.

    Todos que esto ligados empresa precisam sentir-se confortveis e felizes com a organizao como um todo, pois somente assim podero utilizar todas as suas capacidades.

    Esse conceito foi amplamente utilizado nas organizaes japonesas.

    Segundo ROCHA 2000, o trabalho na organizao japonesa atribudo ao grupo e no ao indivduo, cabendo ao grupo se organizar e dividir o trabalho entre seus membros. A autora ainda refora que a forte motivao dos japoneses social e no econmica, j

  • que, para eles, ser excludo do grupo de trabalho equivale a ser excludo da prpria vida.

    Nos EUA e Europa comeam os sinais de que a ideia do fordismo principia a entrar em crise. Aparece, neste momento, o ps-fordismo, um novo modelo de regulao da economia, exibilizando o processo de produo.

    Conforme Heloani (2002), [...] a adeso do trabalhador aos programas de elevao de produtividade se transformou em uma questo de importncia fundamental e, para obt-la, foram criadas as novas formas de gesto da produo.

    Desse perodo datam as experincias que alguns autores chamaram de administrao participativa.

    DESPESAS E RETORNOS DA ERGONOMIA

    Os gastos com ergonomia, que antes eram considerados sem retorno, hoje mostram para ns que era uma viso administrativa errada. Mafra cita, mostrando para ns que o investimento em ergonomia inicialmente se deu atravs da exigncia legal, que

    Os empresrios seguiam essas orientaes com a nalidade de cumprir a lei, se preocupando apenas com o gasto imediato que isso provocaria, sem atentarem para o retorno econmico, produtivo e em qualidade que poderia aparecer com a ergonomia. sabido que a ergonomia traz benefcios reais aos negcios.

    Ento, vrios ergonomistas reconhecidos no mercado informam que o maior problema mostrar, de uma forma

  • - 23 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 23 -

    objetiva, para as empresas e organizaes o quanto a interveno ergonmica vivel. No caso dos empresrios eles esto preocupados principalmente com a viabilidade econmica da ergonomia.

    Investir em ergonomia signica mais segurana, sade e conforto para os colaboradores. E isso, claro, tem que ocorrer em funo de equipamentos e ambientes adaptados s normas, alm de palestras sobre postura adequada e informando a importncia das sees de alongamento promovidas ao longo do dia no ambiente laboral.

    Utilizando-se da ergonomia a empresa atende legislao vigente e ainda reduz as despesas com sade, multas e at com processos trabalhistas.

    Os questionamentos principais entre ergonomistas e empresrios so:

    Quanto custa uma interveno ergonmica; Quando iniciar a interveno; Quando ela ser vivel economicamente; Como demonstrar uma situao subjetiva, com

    valores objetivos.

    O custo de uma interveno ergonmica est relacionado com o tipo de trabalho realizado, o ambiente onde se realiza, as condies prvias da estrutura de trabalho, possibilidades de adaptaes, per l dos funcionrios etc. importante lembrar que o prprio oramento fornecido pelo ergonomista s deve ser vlido aps uma visita e avaliao a todos os locais da empresa que sofreram intervenes. Inclusive alguns ergonomistas, j reconhecidos no mercado, cobram nanceiramente das empresas o prprio oramento.

    Relacionados ao tempo despendido para orar.

  • Levando em considerao o momento de incio da interveno, deve ser observado o grau de deteriorao do ambiente de trabalho a ser avaliado, pois, em alguns casos, possvel e at recomendvel realizar pequenas correes (o que pode de certa forma, justicar a cobrana do oramento). Atravs da conversa com os empresrios, pode-se inferir o grau de interesse desses indivduos no seu servio e ganh-los de vez no momento do oramento.

    O ponto de viabilidade ergonmica pode ser observado atravs de dois pontos de vista:

    Primeiro, a ideia que a interveno ergonmica passa a ser vivel desde o momento de sua implantao, ou seja, desde o oramento. Pois esse fato indica inteno de melhora;

    Segundo ponto quando a empresa passa a economizar nanceiramente com a ergonomia. Quer dizer que o momento em que a economia nanceira da empresa, provocada pela interveno ergonmica, supera ou iguala o investimento da empresa nesta interveno. Esse momento da interveno muito difcil de ser determinado, pois existem vrios fatores que podem inuenciar. Desde fatores internos da prpria empresa (alterao do objetivo, por exemplo) ou fatores externos (crises no mercado nanceiro, por exemplo). O ergonomista deve ser bastante criterioso ao divulgar uma data para atingir este ponto. Dever divulgar uma previso no momento do oramento e periodicamente tentar mostrar resultados que o aproximem da previso.

    Outra situao difcil a demonstrao econmica dessa melhoria, que inicialmente subjetiva, mas os empresrios querem visualizar resultados objetivos, seja atravs de grcos ou de planilhas. Existem alguns caminhos para demonstrao dessas vantagens. Uns se

  • - 25 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 25 -

    utilizam de um modelo de caso de negcio, outros utilizam estruturas mais elaboradas ou qualitativas. Sendo, talvez, a principal delas, as abordagens atravs de planilhas.

    Alguns autores exemplicam essa diculdade, alm de mostrar que no h ainda uma ferramenta administrativa, nanceira para demonstrar os custos/benefcios da interveno ergonmica.

    Stanton e Baber (2003) mencionaram que um dos estudos clssicos de efetividade de custos da ergonomia ocorreu nos anos 70, com o dispositivo de luz de freio colocada no centro e no alto do vidro traseiro nos automveis (McKNIGHT e SHINAR, 1992; AKERBOOM et al., 1993). Esse tipo de colocao da luz de freio oferece vantagens cognitivas sobre as luzes de freio convencionais. Estudos posteriores mostraram que os custos eram pequenos (US$ 10 por carro) e os benefcios bem maiores (estimados em torno US$ 900 milhes de economias anuais) do que tinham sido antecipados.

    Os ergonomistas lamentam que nem todas as intervenes sejam de justicativas to claras quanto essa.

    Nesse sentido, Hendrick (2003) argumenta que o ergonomista pro ssional precisa colocar suas propostas ergonmicas em termos econmicos, ou seja, necessrio falar na mesma linguagem, j que as decises a respeito de mudanas devem ser racionalizadas em bases nanceiras.

    So identicadas trs categorias principais para a informao nanceira:

    Custos poupados identicao correta do problema raiz: ao invs de gastar dinheiro

  • corrigindo o problema errado, procurar aumento da produtividade, reduo de danos, melhoria no moral, aumento de competncia, entre outros;

    Custo evitado perda de vendas, aumento do treinamento, melhoria de suporte e manuteno, melhoria nas taxas de rejeio;

    Novas oportunidades projeto de sistemas exveis, expanso de mercados para negcios e maior mbito de usurios.

    Pode-se utilizar a Anlise Ergonmica para fazer uma anlise e previso dos custos e do possvel retorno da interveno ergonmica.

    Na viso econmica de grande parte dos empreendimentos, primeiramente implica numa viso mais ampla da conjuntura e da posio relativa da empresa dentro desse contexto, ou seja, traa-se o histrico e a caracterizao da empresa no estado anterior dentro de um cenrio mais amplo.

    Num segundo momento, passa-se a avaliar as condies internas de operacionalidade, apontando-se uma Estimativa Inicial, que ser a estimativa de Custo Ergonmico, seguida pela identicao dos problemas com as perspectivas de custo, o que culminar com o mapeamento dos problemas identicados em determinadas situaes. Situao ideal para se montar o Quadro de Custos Ergonmicos numa empresa.

    Com base nesse quadro de custos determinam-se os focos principais do quadro, o que podem ser indicadores de perdas ergonmicas na empresa. Baseado nesse quadro e seus focos podem-se prever os possveis ganhos (expectativas de retornos dos projetos) e fazer uma avaliao inicial de custo/benefcio. Aps as anlises sistemticas nos focos, ser possvel aferir, com mais

  • - 27 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 27 -

    preciso, os problemas e seus custos, revendo as expectativas de retorno dos projetos de transformao.

    O PAPEL DE UM ERGONOMISTA

    O ergonomista hoje um prossional que a cada dia vem sendo mais solicitado nas empresas, por um motivo legal, pois algumas defesas judiciais e avaliaes so melhor elaboradas e mais aceitas quando feitas por um ergonomista e, por outro lado, pela melhora da qualidade do trabalho, segundo os prprios trabalhadores.

    Segundo a IEA International Ergonomics Associacion, por meio da ABERGO (Associao Brasileira de Ergonomia), o ergonomista, atravs das suas competncias, o indivduo que:

    1 Investiga e avalia as demandas de projeto ergonmico no sentido de assegurar a tima interao entre trabalho, produto ou ambiente e as capacidades humanas e suas limitaes:

    1.1 - Entende as bases tericas para planejamento ergonmico e checagem da situao de trabalho;

    1.2 - Aplica abordagem sistmica em suas anlises;

    1.3 - Entende as exigncias para a segurana, os conceitos de risco, avaliao de riscos e gerenciamento de riscos;

    1.4 - Entende e pode conviver com a diversidade de fatores que inuenciam desempenho humano e qualidade de vida e suas inter-relaes;

  • 1.5 - Demonstra uma compreenso de mtodos de mensurao pertinentes para avaliao e projeto em Ergonomia;

    1.6 - Reconhece o escopo pessoal de competncia.

    2 Analisa e interpreta os achados das investigaes em ergonomia:

    2.1 - Avalia produtos ou situaes de trabalho em relao a expectativas de desempenho livre de erros;

    2.2 - Aprecia o efeito de fatores que inuenciam a sade e o desempenho humano;

    2.3 - Consulta de forma adequada observaes e interpretao de dados de seus levantamentos;

    2.4 - Analisa diretrizes, normas e legislao relativas s variveis que inuenciam a atividade;

    2.5 - Toma decises justiveis mediante critrios pertinentes que inuenciam um novo projeto ou as solues de um problema especco.

    3 Documenta de forma adequada os achados ergonmicos:

    3.1 - Prov um relatrio sucinto em termos compreensveis pela Gerncia a que se vincula e apropriados ao projeto.

    4 Determina a compatibilidade da capacidade humana com as solicitaes planejadas ou existentes:

    4.1 - Aprecia a extenso da variabilidade humana que in uencia o projeto;

    4.2 - Determina as bases e a interao entre as caractersticas, habilidades, capacidades e motivaes, de uma pessoa, e a organizao, os ambientes planejados ou existentes,

  • - 29 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 29 -

    os produtos manuseados, equipamentos, sistemas de trabalho, mquinas e tarefas;

    4.3 - Identica reas e tarefas de alto risco potenciais ou existentes;

    4.4 - Determina se um problema tratvel por uma interveno ergonmica.

    5 Desenvolve um plano para projeto ergonmico ou interveno ergonmica:

    5.1 - Adota uma viso holstica da ergonomia no desenvolvimento de solues;

    5.2 - Incorpora abordagens que buscam a melhoria de qualidade de vida no ambiente de trabalho;

    5.3 - Desenvolve estratgias para programar um novo projeto que estabelea um local de trabalho saudvel e seguro;

    5.4 - Consideram alternativas para aperfeioar as interaes entre a pessoa e o produto, a tarefa ou o ambiente que possibilitem alcanar um bom desempenho;

    5.5 - Desenvolve um plano balanceado para controle de risco;

    5.6 - Comunicam-se de forma efetiva com a Gerncia a que se vincula e as pessoas com quem interage pro ssionalmente.

    6 Faz recomendaes apropriadas para projeto ou interveno ergonmica:

    6.1 - Entende as hierarquias dos sistemas de controle;

    6.2 - Esboa recomendaes apropriadas para projeto ou interveno;

  • 6.3 - Esboa recomendaes apropriadas para o gerenciamento e a gesto organizacional;

    6.4 - Faz recomendaes relativas seleo de pessoal;

    6.5 - Desenvolve recomendaes apropriadas para educao, treinamento e desenvolvimento, baseadas em princpios ergonmicos.

    7 Programa recomendaes para otimizar o desempenho humano:

    7.1 - Relacionam-se com a Gerncia a que se vincula e com as que assessora em todos os nveis de seu pessoal;

    7.2 - Supervisiona a aplicao do plano ergonmico;

    7.3 - Gerencia a implementao das mudanas.

    8 Avalia os resultados da implementao das recomendaes ergonmicas:

    8.1 - Monitora efetivamente os resultados do projeto ou interveno ergonmica;

    8.2 - Produz reexo ou pesquisa avaliativa relevante para a Ergonomia;

    8.3 - Elabora julgamentos pessoais acerca da qualidade e efetividade de projeto ou interveno ergonmica;

    8.4 - Modica o programa de ergonomia conforme resultados de suas avaliaes, onde for necessrio.

    9 Demonstra comportamento prossional:

    9.1 - Demonstra um compromisso com uma prtica tica e com altos padres de desempenho e de atos em conformidade a exigncias legais;

    9.2 - Reconhece foras e limitaes pessoais e pro ssionais bem como reconhece as habilidades de outros;

  • - 31 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 31 -

    9.3 - Mantm conhecimento atualizado de estratgias nacionais e internacionais relevantes para a prtica de Ergonomia;

    9.4 - Reconhece o impacto da Ergonomia na vida das pessoas.

    A qualicao de ergonomista se d atravs de um curso de especializao em ergonomia, pois no existem cursos de graduao para habilitao em Ergonomia. Alm disso, o indivduo deve atualizar-se periodicamente atravs de congressos e cursos.

    Ainda dentro destas caractersticas temos que o ergonomista contribui para o planejamento, projeto e avaliao de tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas de modo a torn-los compatveis com as necessidades, habilidades e limitaes das pessoas.

    Dentro dessas caractersticas, conclumos que o ergonomista um prossional essencial s empresas, necessitando de atualizao constante.

    As certificaes em ergonomia comearam a ser discutidas em 1996 atravs da ABERGO.

    J existem quatro normas prontas para entrar em vigor, so elas:

    ERG BR 1000 que cria o sistema de certi cao pro ssional;

    ERG BR 1001 estabelece as competncias focais para a ergonomia;

    ERG BR 1002 estabelece o cdigo de Deontologia; ERG BR 1003 estabelece a acreditao de programas

    universitrios de terceiro grau em ergonomia.

  • Alm das normas, a ergonomia ja conta com normas internacionais ISO, criadas a partir de 1981, certicando atividades envolvendo o uso de dispositivos de informao.

  • - 33 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 33 -

    ORGANIZAO DO TRABALHO

    ESTRESSE NO AMBIENTE DE TRABALHO

    O estresse, segundo Guimares 2000, o conjunto de reaes que um organismo desenvolve ao ser submetido a uma situao que exige esforo para a adaptao.

    O estado de tenso a que algumas situaes nos submetem mantm o nosso organismo em estado de alerta. Estado este de responsabilidade de uma parte do sistema nervoso de todo indivduo, chamado Sistema Nervoso Autnomo Simptico.

    Algumas caractersticas so:

    Midrase aumento do dimetro da pupila com o objetivo de aumentar o campo de viso;

    Taquicardia aumenta a frequncia cardaca com objetivo de transportar mais nutrientes;

    Taquipnia aumenta a frequncia respiratria com o objetivo de aumentar a reserva de oxignio;

    Aumento da presso arterial; Deslocamento do sangue para os grandes msculos.

    A manuteno dessas caractersticas no indivduo pode acontecer em casa, no trabalho ou na rua.

    O estresse est presente desde a existncia do homem. Desde os tempos bblicos alguns sacrifcios eram oferecidos para combat-Io. Antigamente os indivduos viviam em

  • estado de tenso para se livrar, principalmente, dos inimigos ou dos animais.

    Dos inimigos porque tinham que estabelecer o seu territrio, a responsabilidade de proteger e trazer o sustento para a sua famlia;

    Dos animais com o objetivo de venc-los para transform-los em alimento.

    Hoje os indivduos se encontram submetidos ao estresse devido, principalmente, responsabilidade imposta pela sociedade. O sistema capitalista, atualmente, tem grande inuncia no estresse, pois o indivduo est sempre querendo crescer e ultrapassar os seus limites, tornando o ser cada vez mais susceptvel s frustraes e ao estado de tenso.

    Existem duas condies que atuam diretamente no estresse, uma a incerteza do resultado do que se faz e outra quando o resultado muito importante para o indivduo.

    H alguns tipos comportamentais que esto relacionados ao estresse:

    Estes indivduos so competitivos, difceis de lidar e inexveis. So extremamente envolvidos com o trabalho, gostam de prazos e presses.

    Eles apresentam um senso crnico de urgncia de tempo, um impulso excessivamente competitivo. Eles so

  • - 35 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 35 -

    impacientes e tm grande diculdade de lidar com o tempo de lazer. So mais sujeitos a morrer de infarto, no entanto este comportamento parece ser o precursor de sucesso prossional. Eles so:

    Ambiciosos; Impacientes; Agitados; Apressados; Competidores; Seguros de si; Agressivos; Pontuais; Insistentes em suas opinies; Sempre urgentes.

    As consequncias do estresse, de uma forma geral, podem ser pessoais ou prossionais.

    Em nvel pessoal pode provocar:

    Afastamento do trabalho; Interveno hospitalar; Desequilbrio familiar; Perda do emprego; Constrangimento social.

    Em nvel prossional pode determinar:

    Perda de oportunidade; Queda de produtividade;

  • Absentesmo; Prejuzos nanceiros.

    um fenmeno subjetivo e depende da compreenso individual da incapacidade de gerenciar as exigncias do trabalho. O estresse ocupacional produto da relao entre o indivduo e o seu ambiente de trabalho, em que as exigncias deste ultrapassam as habilidades do trabalhador para enfrent-las, o que pode acarretar um desgaste excessivo do organismo, interferindo na sua produtividade.

    Em especial, no caso de estresse ocupacional, podemos dizer que quando a pessoa percebe o seu ambiente de trabalho como uma ameaa de suas necessidades de realizao pessoal e prossional ou da sua sade mental ou fsica, o que prejudica a integrao com o trabalho e com o seu prprio ambiente na medida em que esse ambiente possui demandas excessivas ou no possui recursos adequados para encarar tais situaes.

    As possveis causas so muito variadas e possuem efeitos cumulativos. Acabam com exigncias fsicas ou mentais exageradas e podem atingir o trabalhador de forma diferenciada, sendo que ser mais intenso nos trabalhadores j afetados por outros fatores, como conitos com a chea ou problemas familiares.

    Outros fatores que podem provocar ou intensicar o estresse so:

    Autoritarismo do chefe; Descon anas; Cobranas e presses;

  • - 37 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 37 -

    Cumprimento de horrio de trabalho; Monotonia /rotina de algumas tarefas; Insatisfao pessoal; Falta de perspectiva/progresso prossional Fluxo/ritmo

    de trabalho; Segurana no trabalho; Intraquilidade no trabalho; Funo no adequada ao indivduo; Conitos dirios; Longas jornadas de trabalho; Rituais e procedimentos desnecessrios; Algumas condies fsicas (excesso de calor, rudos,

    iluminao inadequada, gases txicos, cores irritantes etc.).

    O estresse no ambiente de trabalho pode ser descrito tambm pela Sndrome de Burnout, caracterizada por um estado de esgotamento fsico e mental em que a causa est diretamente relacionada vida pro ssional. Difere da depresso principalmente pelo fator causal. A sndrome tem como causa o fator pro ssional, ou seja, o trabalho. E a depresso causada, principalmente, por fatores pessoais. Os sintomas da Burnout podem ser divididos em 4 classes: Fsicas/Fisiolgicas, Psquicas/Psicolgicas, Emocionais e Comportamentais.

    Fsicas/Fisiolgicas fadiga, distrbio do sono, dores musculares;

    Psquicas/Psicolgicas diminuio da memria, di culdade de concentrao, diminuio da capacidade de decidir;

    Emocionais desnimo, ansiedade, depresso, impacincia, irritao e pessimismo;

    Comportamentais tendncia de isolamento, perda de interesse pelo lazer, aumento do consumo de bebidas alcolicas e fumo e tendncia ao absentesmo.

  • Ento, podemos dizer que a Sndrome de Burnout um dos principais tipos de estresse ocupacional, inclusive citada no decreto 3048/99, que regulamenta a Previdncia Social.

    Aparecendo como Sindrome de Burnout e Sndrome do Esgotamento Prossional.

    CONCEPO DE POSTO DE TRABALHO

    A aplicao da ergonomia pode ser dividida em 4 abordagens, dependendo do momento, do tempo, do gasto permitido, da disponibilidade dos prossionais etc.

    Um aspecto a que se deve atentar durante esta concepo o perldo trabalhador que vai assumir aquele posto de trabalho. Um novo tipo de trabalhador comea a aparecer cada vez com maior frequncia, at porque a legislao comea a obrigar as empresas a contrat-lo: o deciente, seja fsico, sensorial (auditiva e visual), intelectual ou at mesmo mltiplo.

    Outro fator muito importante a acessibilidade aos ambientes de trabalho. Hoje, um grande custo para as empresas est ligado diretamente acessibilidade. Importante salientar que apenas 1% do valor total do investimento direcionado/gasto com a acessibilidade quando esta pensada e projetada antes da concretizao da obra. Se a obra j estiver pronta e necessitar de adequao, sero gastos em torno de 25% do valor total do investimento. Ento, devemos estar atentos construo do projeto da obra.

  • - 39 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 39 -

    Intervenes da ergonomia dividem-se em:

    Ergonomia de Correo; Ergonomia de Concepo; Ergonomia de Conscientizao; Ergonomia Participativa.

    A Ergonomia de Correo baseia-se principalmente na correo do posto de trabalho, modicando de forma restrita alguns elementos/componentes do posto de trabalho, tendo a sua eccia limitada. Podem ser alteradas a iluminao, as dimenses de alguns objetos ou estruturas, a temperatura, os rudos ou ate a posio de alguns equipamentos.

    A Ergonomia de Concepo promove uma interferncia maior no ambiente prossional. Pode alterar o projeto da mquina, o sistema de produo, organizao do trabalho ou at a formao de pessoal. Pode ser subdividida em duas:

    Preventiva vai atuar no projeto do posto de trabalho. Talvez seja a aplicao da ergonomia mais indicada, pelo fato de o posto ainda estar em planejamento e sua construo ocorrer de forma ergonmica.

    Corretiva quando h grandes alteraes num posto de trabalho j existente. Essa interveno pode provocar grandes despesas, pois pode ser necessrio parar a produo para realizar as mudanas.

    A Ergonomia de Conscientizao pretende ensinar o trabalhador a usufruir dos benefcios do posto de trabalho, da postura, do uso correto dos mobilirios e equipamentos, mostrar a importncia da pausa e da ginstica laboral, alm de ajud-lo a entender como

    o seu corpo pode ser afetado pela atividade prossional. Este procedimento necessita de persistncia e motivao.

  • A Ergonomia Participativa, na maioria das vezes, estimulada pela presena de um Comit Interno de Ergonomia (CIE). Este comit contm representantes da empresa e dos funcionrios e se utiliza de algumas ferramentas da ergonomia de conscientizao para que haja melhor usufruto do projeto ergonmico. Este tipo de abordagem ocorre com a interao entre as citadas anteriormente.

    A concepo dos postos j deveria ser realizada com o auxlio de um ergonomista, pois a maneira de se obter menos gastos no futuro. O ergonomista tem que estar atento para possveis alteraes que possam a ocorrer na atividade prossional, assim como uma mudana ou aumento da produo.

    Tudo isso dever ser previsto num planejamento de concepo de posto de trabalho.

    Outro fato importante tentar obter informaes dos indivduos que iro ocupar/realizar as funes, alm de seguir as normas legais, como isolamento acstico, iluminao, adequao do mobilirio etc.

    A concepo dos postos de trabalho

    Podem ser subdivididos em trs parmetros:

    Especializao do trabalho; Formalizao do comportamento; Formao e socializao.

    Especializao do trabalho

    Sobre a especializao do trabalho, podemos dizer que se divide em duas dimenses:

    Amplitude ou Especializao Horizontal; Profundidade ou Especializao Vertical.

  • - 41 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 41 -

    A Amplitude est relacionada com o nmero de tarefas diferenciadas e o seu carter amplo ou restrito. Podemos demonstrar dois extremos. Em uma ponta temos o indivduo que realiza vrias funes no especializadas e do outro lado os indivduos que concentram-se numa s tarefa fortemente especializada.

    Na segunda dimenso da especializao, Profundidade tambm encontrou dois extremos. De um lado o trabalhador que executa meramente o seu trabalho sem se interrogar como e o porqu. E do outro lado o trabalhador que controla cada aspecto do trabalho, alm de ter que execut-lo.

    A primeira dimenso, mais conhecida como especializao horizontal, reete a diviso do trabalho em tarefas de exigncia/importncia semelhante. Ou seja, reduzir o que cada um faz para aumentar a produtividade aumentando a habilidade e concentrao individual e evitar a perda de tempo que o operrio gasta para a mudana de tarefas. Facilita a estandardizao/produo em srie.

    Algumas razes justicam o aumento da produtividade, como o melhoramento da destreza do trabalhador que se especializa em determinada tarefa, a economia de tempo gasta para mudar o trabalho e o desenvolvimento de novos mtodos ou mquinas. Observe que todos esses fatores indicam aumento da repetio.

    A repetio traz alguns benefcios e prejuzos. Como bene cio, traz a concentrao do trabalhador, alm de resultados mais uniformes e de uma maneira mais e ciente. Mas traz consigo as doenas provocadas pela repetio, alm da monotonia e falta de motivao.

    A segunda dimenso, conhecida como especializao vertical, tenta separar a execuo do trabalho de sua administrao. O trabalhador ganha certo controle sobre a

  • sua atividade e sobre as suas decises. Essa especializao bastante utilizada para que seja empregado um ponto de vista diferente, com o objetivo de o trabalho ser bem executado.

    Na maioria dos casos, se um posto de trabalho muito especializado na dimenso horizontal, a perspectiva do trabalhador torna-se muito estreita, fazendo com que lhe seja difcil relacionar o seu trabalho com o trabalho dos outros. A segunda dimenso utilizada tambm para haver interao entre os trabalhadores.

    Consequentemente, os postos de trabalho tm de ser muitas vezes especializados na dimenso vertical porque so especializados na dimenso horizontal. Se o fato de um trabalhador desempenhar uma tarefa limitada reduz a perspectiva do trabalhador, inclui-se ento a especializao vertical para reduzir esses efeitos. Mas nem todos os postos de trabalho tendem a ser especializados nas duas dimenses.

    Formalizao do comportamento

    a forma de prescrever a separao dos participantes da organizao separando suas formas de trabalho. O resultado disso a regulamentao do comportamento. Pode ser feito por posio, uxo do trabalho ou regras. comportamento. Pode ser feito por posio, uxo do trabalho ou regras.

    Posio indica que a formalizao se d pela descrio do que se faz num posto de trabalho.

    No Fluxo de trabalho h demonstrao das prprias tarefas contendo as descries de como fazer.

    Regras so emitidas para toda a organizao (assiduidade, vesturio).

  • - 43 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 43 -

    A formalizao tem engessado as atitudes dos trabalhadores, atravs dos trabalhos mais limitados e menos especializados. Podemos observar que eles so mais simples, mais repetitivos e mais fceis de controlar.

    Sua principal inteno reduzir a variabilidade, podendo, assim, prev-la e control-la. Tambm utilizada para assegurar a consistncia da mecanizao que leva produo eficiente. Permite que o comportamento seja pr-determinado/previsvel, ou seja, padronizado.

    Formao e Socializao

    A formao constituda pelos processos atravs dos quais se transmitem os conhecimentos e as competncias relacionadas com o trabalho.

    A socializao constitui o processo pelo qual um novo membro aprende o sistema de valores, normas e os comportamentos da sociedade, grupo ou trabalho que acaba de assumir.

    Seja qual for o setor da organizao, a formao tanto mais importante para os postos de natureza complexa, compreendendo qualicaes difceis e corpos de conhecimentos sosticados, ou seja, postos de trabalho essencialmente prossionais por natureza.

    E a socializao mais importante quando os postos so sensveis ou remotos, a cultura e a ideologia da organizao exigem uma grande lealdade dos seus membros.

    O que deve car compreendido que a concepo do posto de trabalho deve levar em considerao todas as informaes anteriores, e que ser muito mais fcil para o ergonomista, mais barato para a empresa e muito bom para o trabalhador, se a concepo ocorrer no projeto de implantao/construo da empresa.

  • PROGRAMAS DE QUALIDADE DE VIDA NOS POSTOS DE TRABALHO

    Nos ltimos tempos a implantao dos programas de qualidade de vida nas empresas tem aumentado consideravelmente. Segundo lvares (2002), existe cada vez mais interesse sobre a qualidade de vida na sociedade atual. Principalmente no setor empresarial, visto que, para a obteno do certicado de Qualidade Total, necessrio que se proporcione segurana, bem-estar, conforto e satisfao no trabalho.

    De acordo com a ABQV (Associao Brasileira de Qualidade de Vida), em 1995, nos Estados Unidos, as maiores empresas possuem programas estruturados sobre qualidade de vida.

    H uma confuso comum em relao sade e qualidade de vida. Algumas literaturas denem sade como sendo uma boa qualidade de vida. A denio de sade pela OMS pode ser utilizada como denio de qualidade de vida.

    O termo qualidade de vida no trabalho est relacionado com a qualidade de vida somente no trabalho, no entanto impossvel a satisfao no trabalho estar isolada da vida de um indivduo como um todo. Apresenta uma relao entre qualidade de vida

    dentro e fora do trabalho.

    Existem muitas correlaes possveis entre a satisfao no trabalho e em outras tarefas fora do trabalho que

  • - 45 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 45 -

    contribuem para a qualidade de vida. possvel analisar a relao entre a satisfao no trabalho e as tarefas da vida diria por meio de trs situaes de comportamento:

    Na primeira, o indivduo escolhe atitudes e atividades semelhantes dentro e fora do ambiente de trabalho;

    Na segunda, o individuo privado em algo no trabalho ou fora dele e assume comportamentos opostos em cada local;

    Na terceira, no h relao entre os atos executados na esfera prossional ou na vida diria.

    A situao ideal a primeira, pois existe relao positiva entre as duas atitudes, indicando uma satisfao no trabalho e na vida.

    O grau de satisfao no trabalho tambm pode estar relacionado com o conjunto de expectativas entre o indivduo e a empresa. Essa expectativa pode ser chamada de psicolgica e fator determinante no processo adaptativo quanto satisfao do indivduo na empresa.

    De uma forma geral, os Programas de Qualidade de Vida, quando implantados, devem apresentar algumas caractersticas comuns. So elas:

    Participao da alta cpula da empresa; Avaliao das necessidades internas; Coordenao de prossionais qualicados; Denio clara da losoa e dos objetivos; Sistemas hbeis de operao e de administrao; Aes de Marketing; Procedimentos de avaliao e reavaliao; Sistema de comunicao e ciente; Estimular a cultura de bons hbitos e atitudes.

  • Alguns dados da ABQV mostram que nos ltimos 18 anos, nos EUA, atravs de uma anlise da experincia das grandes empresas, os pontos mais observados foram:

    Qualidade de vida, atualmente, faz parte da estratgia das organizaes;

    Antes de implantar programas de qualidade de vida preciso diagnosticar as necessidades, prioridades, metas e desenvolvimento dos objetivos a serem atingidos;

    O sucesso dos programas depende do comprometimento das lideranas;

    Entusiasmo e autenticidade na comunicao so extremamente necessrios para se obter adeso ao programa e disseminao da conscincia da sade;

    fundamental que as reas relacionadas sade desenvolvam um trabalho integrado.

    Qualquer alterao no ambiente de trabalho gera um impacto que pode ser negativo ou positivo sobre a percepo de qualidade de vida do trabalhador, pois sabemos que o trabalho ocupa o centro da vida das pessoas. Portanto ele deve promover a sade, o equilbrio fsico e psicoemocional, visto que a qualidade de vida no trabalho est diretamente relacionada a boas condies de trabalho.

    importante salientar que grande parte das empresas que procura implantar Programas de Sade e Qualidade de Vida inicia com algumas ferramentas, como a ginstica laboral. O principal objetivo dessas empresas a reduo do absentesmo.

  • - 47 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 47 -

    Isto , a soma dos perodos em que os empregados de determinada organizao se encontram ausentes do trabalho, no sendo a ausncia motivada por desemprego, doena prolongada ou licena legal.

    Segundo Quick & Lapertosa (1982), o absentesmo dividido em:

    Absentesmo voluntrio ausncia no trabalho por razes particulares no justicadas;

    Absentesmo por doena inclui todas as ausncias por doena ou por procedimento mdico, excetuam-se os infortnios prossionais;

    Absentesmo por patologia prossional ausncias por acidentes de trabalho ou doena prossional;

    Absentesmo legal falta no servio amparado por leis, tais como: gestao, gala, doao de sangue e servio militar;

    Absentesmo compulsrio impedimento ao trabalho devido suspenso imposta pelo patro, por priso ou outro impedimento que no permita ao trabalhador chegar ao local de trabalho.

    A reduo do ndice de absentesmo dentro das empresas pode estar relacionada com a satisfao geral do trabalhador ou com a ausncia da monotonia. Pequenas mudanas, como motivao e bem-estar, podem inuenciar este ndice.

    A melhora da qualidade de vida na microergonomia pode estar relacionada a alguns

    fatores intrnsecos do posto de trabalho ou da monotonia que a sua atividade proporciona.

  • Sendo necessrias algumas alteraes que variam desde a conscientizao de como posicionar-se ou de como utilizar corretamente os seus instrumentos de trabalho at a mudana da posio de algumas estruturas fsicas ou ambientais da empresa.

    Uma boa parte das empresas acredita que os problemas esto primariamente nos indivduos e depois no ambiente de trabalho. Principalmente por essas crenas que a primeira atitude iniciar um programa de ginstica laboral. Caso as queixas continuem, comea-se a pensar em uma interveno ergonmica propriamente dita.

    No saberia dizer se a interveno ergonmica viria em segundo lugar por ser inicialmente mais cara para a empresa, pela assuno de erros arquitetnicos em sua estrutura ou at por uma experincia desastrosa.

    A interveno ergonmica acaba sendo mais cara porque ela tambm mais ampla, avalia todo o ambiente de trabalho, podendo interferir no s no indivduo como na ginstica laboral, mas tambm no ambiente, posto de trabalho.

    No momento em que o ergonomista encontra algumas falhas estruturais no ambiente de trabalho e a empresa permite alteraes, indiretamente ela assume que errou ou que no tem certeza de que a sua estrutura a mais adequada.

    que errou ou que no tem certeza de que a sua estrutura a mais adequada.

    Nos casos de experincias desastrosas alguns indivduos, que no esto adequadamente preparados ou na possuem o conhecimento especco para a funo realizada pelo trabalhador,

  • - 49 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 49 -

    acabam solicitando gastos adicionais empresa sem o retorno esperado (que no necessariamente nanceiro), alm do mal-estar que pode ser criado entre os funcionrios ou diretores.

    Veja um exemplo: Numa empresa que necessita de uma mscara facial de vedao total o ergonomista resolveu chamar um trabalhador que representa as caractersticas mdias de todos os outros funcionrios e mandou confeccionar todas as mscaras na medida daquele rosto e, ainda por cima, de material no moldvel (mais barato para a empresa). Com a chegada das mscaras observou-se, claro, que as mesmas no se adaptaram ao rosto de todos os trabalhadores. Como a mscara, nessa atividade, um EPI essencial a empresa teve que mandar refazer boa parte delas, tendo gastos desnecessrios. Aps este evento, qualquer outra alterao/compra que o ergonomista pedir ser vetada pela direo da empresa.

    Uma falha pode levar todo o trabalho de um ergonomista a ser desvalorizado.

    Algumas empresas brasileiras j se destacam pela sua ao na melhora da qualidade de vida de seus trabalhadores. Primeiro, para provocar, de fato, a melhoria da Sade e Qualidade de Vida, e, segundo, por necessitar da obteno do certicado de Qualidade Total.

    Outra coisa que interfere nesse processo de implantao de programas a Imagem Social que a empresa ganha perante o mercado.

    Apesar do esforo e das evidncias prticas visveis e comprovadas da contribuio dos Programas de Qualidade de Vida para as empresas, no podemos deixar de considerar que existe um longo caminho a ser percorrido at acreditar que as organizaes estejam realmente preocupadas com a sade e o bem-estar de seus

  • funcionrios. Lembrando que o Sistema Capitalista provoca uma busca desenfreada pelo acmulo de capital. Por outro lado, no se pode negar tambm que h reconhecimento da importncia de um tratamento humanstico nas relaes trabalhistas, mesmo que indiretamente, secundrio a muitas outras prioridades e interesses.

    Uma das principais ferramentas da ergonomia, talvez a mais utilizada, seja a ginstica aboral, sobre a qual vocs iro saber no material AVA.

    A POSTURA SOB O OLHAR DO ERGONOMISTA

    Um ergonomista tem por obrigao saber as posturas adequadas

    para realizao das atividades dos trabalhadores. necessrio o estudo de algumas disciplinas da rea de sade, como anatomia, antropometria, siologia do trabalho e principalmente biomecnica ocupacional. Essas disciplinas do sustentao ao ergonomista no momentoda investigao no posto de trabalho.

    A anatomia necessria para que o indivduo consiga identicar as estruturas do corpo e sua localizao.

    Na antropometria o objetivo determinar as medidas do tamanho das estruturas do corpo humano. essencial para um ergonomista, sendo bastante utilizada nas intervenes ergonmicas, principalmente nas concepes de postos de trabalho. Os indivduos apresentam variaes ou diversidades que dependem da:

    Diferena entre os sexos Diferena tnica Tendncia ao crescimento Envelhecimento Classe social Ocupao

  • - 51 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 51 -

    Na siologia do trabalho verica-se como o corpo e suas funes se comportam durante a atividade laboral, assim como se comporta sob estresse, alm de mostrar quais rgos/estruturas sero mais acometidos nos diversos tipos de trabalhos, seja de levantamento de peso, de repetio, esttico ou sob tenso.

    Em se tratando da biomecnica ocupacional , talvez, conhecimento indispensvel ao ergonomista.

    Atravs da biomecnica podemos alterar inuenciar ou at perceber algumas caractersticas do nosso corpo, como:

    Centro de gravidade Base de sustentao Foras Planos e eixos Tipos de movimento Movimentos articulares Tipos de contrao muscular Sistemas de alavancas Torque, trabalho e energia. Cadeia cintica

    Dentro dessas caractersticas temos que os sistemas de alavancas, movimentos articulares, tipos de contrao muscular e o torque, so importantssimas para decompor os movimentos realizados pelo trabalhador em sua atividade laboral. Atravs da biomecnica o ergonomista consegue identicar movimentos prejudiciais, maquinrio e posturas inadequadas.

    Quando falamos em postura, entendemos que ela de fundamental importncia para o trabalhador, pois, atravs dela, pode-se identicar possveis pontos/locais de leso, o que chamamos de riscos.

  • A postura de uma pessoa determinada (ao menos em parte) pela relao entre as dimenses do seu corpo e as dimenses do ambiente envolvido.

    Basicamente, temos trs posturas essenciais.

    Postura sentada Postura de p Postura deitada

  • - 53 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 53 -

    Antes de falar dos trs tipos de postura vamos falar sobre a coluna vertebral, que a estrutura ssea intercalada com discos que sustenta o nosso tronco, permitindo os movimentos de exoextenso, rotao e inclinao.

    de extrema importncia lembrar que as razes nervosas saem na nossa coluna vertebral e vo em direo aos nossos membros e uma variedade de manifestaes dos membros tem sua origem na coluna vertebral.

    A coluna vertebral possui 4 curvaturas siolgicas

    - Duas Lordoses, cervical e lombar;

    - Duas Cifoses, torcica e plvica.

  • Essas curvaturas ocorrem num nico plano (sagital) e permitem maior resistncia sobrecarga. Quando um indivduo apresenta alguma curvatura fora deste plano, chamamos de escoliose.

    Escoliose um desvio tridimensional (nas trs dimenses) da coluna vertebral, o que signica que, alm de desviar para um dos lados, tambm faz rotao e inclinao. O que mais chama ateno o desvio ou os desvios laterais da coluna. Na maioria os casos so frequentes existir mais que um desvio da coluna, devido compensao.

  • - 55 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 55 -

    A coluna sofre forte inuncia da idade, perceptvel atravs do tempo de permanncia sentado. Inicialmente o indivduo suporta altas horas e, com o passar da idade, esse tempo diminui acentuadamente. A coluna vertebral reage s vibraes e s presses excessivas ocorridas no ambiente de trabalho.

    Viel (2000) cita que as dores resultantes de atividades prossionais realizadas em p tero como consequncia o surgimento de dores na posio sentada.

    o A postura sentada

    Esta posio a mais frequentemente utilizada pelas pessoas no seu ambiente de trabalho. Boa parte das pessoas permanece longos perodos nessa posio, podendo sofrer mais de dores em coluna.

    Se permanecer sentado uma condio necessria para a realizao do trabalho, o ideal que se observem algumas caractersticas, como:

    Posio da coluna; Presena de encosto; Possibilidade de inclinao do encosto; Possibilidade de inclinao do assento; Altura do assento; Altura do encosto; Textura/maciez; Outras.

    Moraes (1992) diz que a presso dos discos intervertebrais maior quando se est sentado, mesmo com o tronco ereto. Chega a ser 40% maior do que quando o indivduo est em p. Quando se exiona o tronco, a situao ainda pior, as bordas frontais das vrtebras so pressionadas umas contra as outras com uma fora considervel. Nessa

  • postura, a presso intradiscal ainda maior, cerca de 90% a mais que a postura em p.

    Esse fato pode levar a leses, tanto nos discos intervertebrais como nas vrtebras e at em reas perifricas coluna.

    A posio sentada, associada com atividade muscular, mostra que mesmo o corpo parecendo estar em repouso ele est tendo, a todo o momento, contraes corretivas e de manuteno da postura, no sendo consideradas contraes estticas.

    Algumas vantagens so:

    Baixa solicitao da musculatura dos membros inferiores, reduzindo, assim, a sensao de desconforto e cansao;

    Possibilidade de evitar posies foradas do corpo; Menor consumo de energia; Facilitao da circulao sangunea pelos membros

    inferiores.

    Em contrapartida podem apresentar:

    Pequena atividade fsica geral (sedentarismo); Adoo de posturas desfavorveis: lordose ou cifose

    excessiva; Estase sangunea nos membros inferiores, situao

    agravada quando h Compresso da face posterior das coxas ou da

    panturrilha, provocada pela altura incorreta do assento.

  • - 57 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 57 -

    o A postura deitada

    Nessa postura no existe concentrao de tenso em nenhuma regio especca do corpo, permitindo que o sangue ua livremente, removendo os resduos do metabolismo.

    O consumo energtico mnimo e a posio recomendada para o repouso, descanso ou recuperao do estado de fadiga.

    Em alguns casos, essa posio assumida para realizar algum tipo de trabalho de manuteno, exigindo um grande esforo da musculatura do pescoo para manter a cabea erguida, se tornando uma postura altamente fatigante.

    Alguns mtodos utilizados pela ergonomia para analisar a postura podem variar entre os esforos siolgicos generalizados, os desgastes psicofsicos ou a forma de trabalho muscular necessrio.

    De acordo com IIDA (1990), durante uma jornada de trabalho um trabalhador pode assumir centenas de posturas diferentes. Em cada tipo de postura, um diferente conjunto de musculatura acionado.

    Uma simples observao visual (assistemtica) no su ciente para se analisar estas posturas detalhadamente. Foram desenvolvidas, ento, diversas tcnicas para o registro e a anlise da postura.

  • Temos a tcnica da descrio verbal, tcnicas fotogrcas, eletromiogrcas, posturograa, entre outras tcnicas. Dentre as tcnicas, temos algumas mais utilizadas.

    Mtodos de Avaliao

    o O mtodo OWAS

    Foi desenvolvido na Finlndia, entre 1974 e 1978, por pesquisadores em conjunto com o Instituto Finlands de Sade Ocupacional, com o intuito de gerar informaes para melhorar os mtodos de trabalho pela identi cao de posturas corporais prejudiciais durante a realizao das atividades.

    Baseia-se em analisar determinadas atividades em intervalos variveis ou constantes, observando-se a frequncia e o tempo despendido em cada postura. Permite que os dados posturais sejam analisados para catalogar posturas combinadas entre as costas, braos, pernas e foras exercidas e determinar o efeito resultante sobre o sistema musculoesqueltico; e para examinar o tempo relativo gasto em uma postura especca para cada regio corporal, determinando o efeito resultante sobre o sistema steo-muscular. possvel obter os dados mediante observao direta (em campo) ou indireta (por vdeo), devendo ser observado todo o ciclo, em atividades cclicas, e nas atividades no cclicas ser observado um perodo de no mnimo trinta segundos. Durante a observao so consideradas as posturas relacionadas s costas, braos, pernas, ao uso de fora e a fase da atividade que est sendo observada, sendo atribudos valores e um cdigo de seis dgitos. O primeiro dgito do cdigo indica a posio das costas, o segundo indica a posio dos braos, o terceiro a posio das pernas, o quarto indica o levantamento de carga ou uso de fora e o quinto e sexto indicam a fase do trabalhador.

  • - 59 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 59 -

    Aps a categorizao das posturas laborais, o mtodo calcula e classica a carga de trabalho em quatro categorias, determinando ainda as medidas a serem adotadas.

    o O mtodo REBA

    O mtodo REBA foi criado com o intuito de desenvolver um sistema de anlise postural que fosse sensvel aos riscos msculo-esquelticos presentes em uma variedade de atividades, dividisse o corpo em segmentos para serem codicados individualmente, com referncia aos planos de movimento, proporcionasse um sistema de pontuao para a atividade muscular decorrente de posturas estticas, dinmicas e mudanas rpidas ou posturas instveis, com o objetivo de re etir a importncia da interao entre a pessoa e a carga quando do manejo de cargas, mas que nem sempre esse manejo feito com as mos, que inclusse a varivel apoio para avaliar o manejo de cargas, e que propusesse um nvel de ao com uma indicao da urgncia de interveno ergonmica.

    A avaliao dos fatores de risco se inicia mediante a observao do trabalhador durante alguns ciclos de trabalho para selecionar as atividades e posturas que sero avaliadas.

    Pode selecionar-se a postura de maior durao dentro do ciclo de trabalho ou aquela que necessite maior esforo do trabalhador.

    O REBA uma tcnica de anlise rpida, tornando possvel analisar todas as posturas adotadas pelo trabalhador durante o ciclo de trabalho.

    Os diagramas de posturas se apresentam no plano sagital, razo pela qual s um lado poder ser avaliado. Se o

  • avaliador se interessa em ambos os lados, ser necessrio realizar duas avaliaes.

    o O mtodo RULA

    um mtodo de estudo desenvolvido para ser usado em investigaes

    ergonmicas de postos de trabalho onde existe a possibilidade de desenvol-

    vimento de leses por esforos repetitivos em membros superiores.

    Este mtodo foi desenvolvido para ser aplicado em operadores de mquinas industriais, tcnicos que realizam inspeo, pessoas que trabalham com corte de peas ou embrulhadores.

    Tambm foi desenvolvido para avaliao de posturas, foras necessrias e atividade muscular de operadores de terminais de vdeo.

    O mtodo utiliza diagramas de posturas do corpo e trs tabelas que avaliam o risco de exposio a fatores de risco, como fatores de carga externos, que incluem:

    1. Nmero de movimentos;

    2. Postura esttica;

    3. Fora;

    4. Postura de trabalho determinada por equipamentos e mobilirios;

    5. Tempo de trabalho e pausa.

    Alm destes existem outros fatores importantes que inuenciam, mas que variam de pessoa para pessoa, como posturas adotadas, atividade muscular esttica

  • - 61 -

    CURSO DE SEGURANA DO TRABALHO - 61 -

    desnecessria, velocidade e preciso de movimentos, a frequncia e durao das pausas feitas pelo operador.

    Existem, ainda, fatores que alteram a resposta de cada indivduo para carregamentos especcos, fatores individuais (como experincia ou idade), fatores ambientais do posto de trabalho e variveis psicolgicas.

    Muitos outros fatores tambm so associados como fatores de risco para leses dos membros superiores.

    o O mtodo Back School

    Foi desenvolvido por uma sioterapeuta sueca com o objetivo de capacitar os indivduos para que assumissem atitudes de autocuidado com a coluna, por meio de orientaes sobre a lombalgia. Para tanto, a Back School estruturada em lies compostas por contedos tericos e prticos (exerccios espec cos).

    Atualmente, a Back School pode representar uma alternativa de interveno para pacientes portadores de problemas na coluna, necessitando, primeiro, de uma sistematizao em sua metodologia.

  • 1. Dena ergonomia. 2. Fale sobre os trs domnios da ergonomia. 3. Fale sobre Taylor e taylorismo. 4. Fale sobre Fayol. 5. Fale sobre Henry Ford e fordismo. 6. Quais as despesas da ergonomia? 7. Quais os retornos da ergonomia? 8. Como se verica o custo/benefcio da ergonomia? 9. Quais as funes do ergonomista? 10. Quem pode ser ergonomista? 11. O que estresse? 12. Cite os efeitos do estresse. 13. Quais so as intervenes da ergonomia? 14. Como podemos dividir a concepo de postos de

    trabalho? 15. Quais as caractersticas comuns dos Programas

    de Qualidade de Vida? 16. O que absentesmo? 17. O que Biomecnica Ocupacional? 18. Fale sobre o mtodo OWAS. 19. Fale sobre o mtodo REBA. 20. Fale sobre o mtodo RULA.