APOSTILA - ESTRESSE E PRODUÇÃO ANIMAL

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ESTRESSE E A PRODUO ANIMAL

Jair de Arajo MarquesMdico VeterinrioConvnio: IAPAR/EMATER-PR.

INDICEI 1.1 1.2 1.1.1 1.1.2 1.3 1.3.1 1.3.2 1.3.3 1.3.4 1.4 1.4.1 1.4.2 1.4.3 1.4.4 1.4.5 1.5 1.5.1 1.5.1.1 1.5.1.2 1.5.2 1.5.3 1.5.4 1.5.5 1.5.6 1.6 1.7 1.8 II 2.1 2.2 2.2.1 2.2.2 2.2.3 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 2.8 2.8.1 2.8.2 2.9 2.10 2.10.1 2.10.2 III IV V BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL ................................................................... Introduo........................................................................................................... Efeito do Clima................................................................................................... Efeito direto.......................................................................................................... Efeito indireto....................................................................................................... Homeotermia...................................................................................................... Conduo.............................................................................................................. Radiao............................................................................................................... Conveco............................................................................................................ Evaporao........................................................................................................... Termoregulao Limites do frio e do calor................................................... Frio....................................................................................................................... Calor..................................................................................................................... Temperatura Crticas do Ambiente.................................................................. Estresse pelo Frio................................................................................................. Estresse pelo Calor............................................................................................... Caractersticas de adaptabilidade de Bovinos nos Trpicos.......................... Pele....................................................................................................................... Colorao da pele................................................................................................. Espessura da pele.................................................................................................. Cobertura Pilosa................................................................................................... Constituio dos Folculos Pilosos....................................................................... Medulao dos Pelos............................................................................................ Colorao dos Pelos............................................................................................. Tipo de Pelo.......................................................................................................... Aparelho Sudorparo......................................................................................... Superfcie Externa.............................................................................................. Estresse Trmico em Bovinos Indicativos..................................................... O ESTRESSE E A PRODUO...................................................................... Melhoramento Gentico..................................................................................... Manipulao do Ambiente................................................................................. Sombra.................................................................................................................. Nebulizao ou aspero...................................................................................... Outras Tcnicas.................................................................................................... Efeito do Estresse Calrico sobre o Animal..................................................... Temperatura Corporal...................................................................................... Taxa Respiratria............................................................................................... Consumo de Alimentos...................................................................................... Ingesto de gua................................................................................................ Reproduo......................................................................................................... Macho................................................................................................................... Fmea................................................................................................................... Sade.................................................................................................................... Estresse e o Crescimento.................................................................................... Crescimento pr-natal........................................................................................... Crescimento Ps-natal.......................................................................................... CONSIDERAES FINAIS............................................................................. TENDNCIAS FUTURAS.... REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS. 2 03 03 03 03 03 05 06 07 07 07 08 08 09 10 10 11 11 11 11 12 12 12 12 13 13 14 15 16 17 17 18 18 19 19 19 21 23 24 25 27 27 28 28 29 29 31 32 32 33

I - BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL

1.1 - Introduo A maior evoluo na criao de animais ocorreu nas regies temperadas, ou seja, do paralelo 30 acima, tanto latitude norte como sul. Nas regies tropicais, os animais apresentavam menor capacidade produtiva, por isso, procurou-se melhorar os ndices zootcnicos tropicais com a introduo de raas de clima temperado para serem criadas puras ou utilizadas em cruzamentos com os animais nativos. Estes animais, por terem sido selecionados e melhorados em regies temperadas, sentiam dificuldade de se aclimatarem nos trpicos; resultando em aumentos temporrios de produtividade que, em funo dos rigores climticos, modificavam sua capacidade produtiva. Estas modificaes produtivas influenciadas pelo ambiente passaram a serem estudadas, por pesquisadores e cientistas, na Bioclimatologia Animal. A Bioclimatologia, que a cincia que estuda a influncia do ambiente sobre a produo animal, est, cada vez mais, tornando-se importante em funo do ambiente influir na reproduo, ganho em peso, produo de leite, l e ovos. Esta influncia mais marcante quando a produo animal feita em pastagens (a campo). 1.2 - Efeitos do Clima O clima atua sobre os animais de duas formas: direta e indireta. Isso ocorre devido a ao isolada ou interao dos elementos ou variveis climticas. 1.2.1 - Efeito Direto: Ocorre principalmente pela ao da temperatura do ar, radiao solar e pela umidade do ar quando associada a temperatura. Esta ao se relaciona principalmente com as funes orgnicas envolvidas na manuteno da temperatura normal do corpo. 1.2.2 - Efeito Indireto: D-se atravs do solo e da vegetao. Neste aspecto, o elemento climtico mais importante a precipitao, que controla a quantidade e a qualidade dos elementos 3

vegetais indispensveis criao animal. Alm disso, o clima favorece o aparecimento de doenas infecto-contagiosas e parasitrias, que atingem sade animal e, conseqentemente, o seu desempenho produtivo. A ilustrao de Bonsma, na forma de uma roda de carreta, explica melhor a influncia dos efeitos diretos e indiretos do clima sobre os animais (FIGURA 1). Na Roda de Carreta de Bonsma, o homem funciona como eixo, o animal como cubo e o manejo como lubrificante que facilita a rotao do cubo em torno do eixo. O meio ambiente representado pelo aro e, os raios, que ligam o cubo ao aro, correspondem aos diversos elementos ou variveis ambientais. As interaes possveis entre estes elementos so representados pelas flechas concntricas. Nas regies temperadas as condies ambientais so consideradas satisfatrias para o desempenho animal, pois as interaes dos elementos climticos propiciam uma situao de conforto, proporcionando um funcionamento harmnico da roda.

Nas zonas tropicais, a atuao dos elementos climticos, de forma mais intensa, isolados ou em interao, faz com que a ao do raio sobre o cubo seja to forte, que este se rompe, provocando um desequilbrio entre o meio ambiente e o animal (FIGURA 2) e, como conseqncia, uma reduo na produtividade e at mesmo, em casos mais graves, a

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morte do animal. A ilustrao de Bonsma mostra, de forma bastante clara, a necessidade de se conhecer os efeitos diretos e indiretos do clima sobre o animal, para que se possa interferir no meio com o objetivo de melhorar a performance produtiva do animal.

FIGURA

2.

Representao esquemtica da resposta animal a um potencial estressorambiental, que pode influenciar na performance, sade e bemestar. (adaptado deHahn, 1999).

1.3 Homeotermia Os ruminantes so animais homeotrmicos, ou seja, tem capacidade de controlar, dentro de certos limites, a temperatura corporal. Estes animais pertencem ao grupo dos animais de sangue quente, os quais apresentam temperaturas entre 35 e 41C. A temperatura de um bovino de at um ano varia de 38,5 a 40,0C, ficando a mdia em 39,0C, enquanto que, em animais com idade superior a um ano a variao de 37,5 a 39,5C, sendo a temperatura mdia de 38,5C, segundo Kolb (1984). Para manter a estabilidade trmica, uma vez que o corpo produz calor continuamente, o animal deve perder calor. Como o calor flui das camadas mais quentes para as mais frias, o animal tem que estar mais quente que o ambiente onde ele est. A homeotermia fundamental para o perfeito funcionamento do organismo animal, que bastante complexo, envolvendo uma srie de processos fisiolgicos em condies ambientes diversas. O controle da temperatura fisiolgica de 5

animais homeotrmicos feito pelo centro termorregulador situado no hipotlamo que ao receber sensaes de frio ou calor, atravs do Sistema Nervoso Central que, por sua vez, as recebe das clulas perifricas especializadas. Este controle ocorre, tanto para a produo de calor em ambiente frio, quanto para perda de calor em ambientes quentes, ou seja, o hipotlamo anterior responsvel pelos ambientes quentes e o hipotlamo posterior protege dos ambientes frios (Figura 3).

O controle, pelo Hipotlamo, da produo ou perda de calor realizado pelos mecanismos a seguir: a) Vasomotor Controla o fluxo de sangue nos tecidos; b) Pilomotor Controla a ereo dos plos; c) Aparelho sudorparo Controla a sudorao; d) Freqncia respiratria; e) Modificao na taxa metablica. Como a preocupao com o estresse calrico, as atenes voltar-se-o para as formas de perda ou dissipao de calor; e as formas fsicas do animal perder ou transferir calor para o meio so: 1.3.1 - Conduo: Processo que desempenha importante papel na termorregulao do animal, pois a nica forma de transferir calor do centro do organismo at a superfcie corporal externa, 6

atravs do contato de partculas dos tecidos. Alm disso, a conduo tambm responsvel pela passagem do calor da superfcie do corpo do animal para o meio. Isso ocorre em temperatura de conforto, j em temperaturas elevadas, a velocidade de perda depende do gradiente trmico entre a pele e o meio. 1.3.2 - Radiao: A perda de calor por radiao ocorre pela emisso de raios calorficos atravs do meio sem que este se aquea. O fluxo de calor no depende da temperatura do ar, mas sim da temperatura e da natureza da superfcie da pele; ex.: o animal erradia calor at objetos mais frios e recebe irradiao de objetos mais quentes. Animais de cor clara refletem mais calor que animais de cor escura. 1.3.3 - Conveco: Processa-se pela transferncia de energia devido a movimentao do ar cujas molculas vo de corpos mais quentes para os mais frios. Dois fatores interferem na perda de calor por conveco: movimentao do ar e extenso da superfcie corporal. 1.3.4 - Evaporao: Ocorre pela transferncia de energia ocasionada pela transformao da gua lquida em vapor. Dentro da faixa de conforto trmico para os animais, 75% das perdas de calor se fazem por Conduo, Radiao e Conveco, tambm chamada de perdas sensveis de calor. Em temperaturas elevadas a perda se faz quase que totalmente por Evaporao. Este processo ocorre na pele e nas vias respiratrias nas formas de perspirao sensvel e perspirao insensvel. A primeira a eliminao visvel de gua atravs da pele que ocorre antes devido as glndulas sudorparas. A Segunda a perda de gua atravs do ar expirado. A extenso da respirao sensvel e insensvel depende da temperatura e da umidade do ar, do revestimento cutneo, da temperatura do corpo, dos movimentos respiratrios e da atividade metablica do animal. Alm da temperatura, umidade e movimentao do ar, vrias caractersticas do animal influenciam a perda sensvel de calor, como: rea de superfcie corporal; Revestimento cutneo; Condutividade trmica dos tecidos; Fluxo sangneo perifrico. A perda sensvel de calor controlada pelo organismo atravs da ao reflexa dos mecanismos vasomotores. Estes mecanismos esto na dependncia de nervos que 7

funcionam por ao reflexa do calor ou do frio sobre a pele, ou por ao da temperatura do sangue diretamente sobre o mecanismo central de termorregulao. O calor atuando reflexamente ou por elevao da temperatura do corpo excita o mecanismo vasodilatador. A conseqente vasodilatao perifrica provoca maior fluxo de sangue na superfcie do corpo, resultando em perda de calor quando a temperatura do ar est abaixo da temperatura do sangue. Por outro lado, o frio atua excitando o mecanismo vasoconstritor que dificulta a perda de calor pela diminuio do fluxo sangneo perifrico. O metabolismo energtico aumentado exerce efeito semelhante ao do calor, excitando o centro vasodilatador atravs do sangue aquecido. A temperatura do ar, no s capaz de alterar a distribuio dos fludos orgnicos atravs dos mecanismos vasomotores, como tambm a concentrao do sangue. Assim, o calor produz hemodiluio que favorece a perda de calor e o frio induz hemoconcentrao que favorece a concentrao de calor interno. A ereo dos plos controlada pelos nervos e msculos pilomotores. Quando esses msculos entram em contrao, h ereo dos plos, ocorrendo a formao de ar mido, envolvendo intimamente toda a superfcie cutnea. Este ar menos sujeito movimentao auxilia a conservao do calor. Quando os plos se acham deitados junto a pele, a perda de calor facilitada pela ausncia da camada isolante de ar. A massa corporal influencia a taxa metablica em conseqncia da produo de calor. Como a perda de calor se faz pela superfcie corporal, quanto maior a relao da superfcie versus massa, mais eficiente ser a perda de calor. A perda insensvel de calor responde por, aproximadamente, 25% do total da energia calrica eliminada pelos animais para fins de termorregulao. Esta observada pela evaporao na pele, atravs da sudorese e pelas vias respiratrias.

1.4 - Termorregulao: Limites do Frio e do Calor 1.4.1 Frio: Quando a temperatura do meio desce abaixo da temperatura mnima, que a temperatura a partir da qual o animal perde a capacidade de manter a temperatura

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fisiolgica, a produo normal de calor metablico insuficiente para a manuteno da temperatura corporal; em conseqncia, o organismo aumenta esta produo de calor. Este aumento ocorre de forma, aproximadamente, linear com a diminuio da temperatura at que alcance um ponto de metabolismo mximo a partir do qual no possvel mais nenhuma elevao da produo de calor. Outro fator determinante da temperatura crtica mnima a capacidade de isolamento proporcionado pela pelagem e tecidos. Em pequenos mamferos o metabolismo normal mximo seis vezes maior que o metabolismo basal, o que no ocorre nos grandes animais, pois estes no necessitam aumentar tanto sua taxa metablica devido a sua grande capacidade de isolamento. 1.4.2 Calor: Com o aumento da temperatura h a necessidade de diminuio do ritmo de produo de calor, pois os limites da termorregulao, so atingidos mais rapidamente em meios quentes (temperatura crtica mxima) que em meios frios. Em curtos perodos os grandes animais tem vantagens sobre os pequenos frente ao calor, porque, devido a sua capacidade de isolamento, esquentam mais lentamente. Por longos perodos a tolerncia ao calor, tanto nos pequenos quanto nos grandes animais, depende da capacidade de perda por evaporao. Geralmente as espcies que suam toleram mais as altas temperaturas que as que usam os movimentos respiratrios para a perda de calor. Na maioria das espcies domsticas est comprovado que a temperatura corporal comea a subir como resposta ao da temperatura do meio quando esta sobe de 28 para 32C. esta hipertermia se acentua quando a elevao da temperatura acima deste valor est associada a umidade elevada, radiao solar intensa, produo metablica elevada em nvel geral e alta produo de leite. medida que a hipertermia se acentua, a atividade respiratria e a sudorese diminuem, o que provoca finalmente um desajuste na termorregulao. 1.4.3 - Temperaturas Crticas do Ambiente Como j se viu anteriormente, quando a temperatura do meio alcana valores abaixo da crtica mnima ou acima da crtica mxima, o animal perde a capacidade de manter sua temperatura fisiolgica. Na Figura 4 pode-se verificar as temperaturas crticas do ambiente e as reaes do organismo frente ao estresse pelo frio e calor. Dentro da 9

amplitude de variao da temperatura do ambiente existe uma faixa em que a temperatura corporal se mantm constante com o mnimo de esforo dos mecanismos termoreguladores, onde, para os animais no existe sensao de frio ou de calor, a chamada Zona de Conforto Trmico (A A). Apesar de difcil determinao em animais, pode ser obtida de modo aproximado pelas seguintes observaes: inexistncia de vasodilatao ou vasoconstrio, inexistncia de piloereo e pela taxa normal de metabolismo. Quando a temperatura do meio se afasta dos limites da Zona de Conforto (A A), o mecanismo termorregulador acionado seguindo uma seqncia de respostas ao estresse trmico. 1.4.4 - Estresse pelo Frio Inicia-se quando a temperatura do meio cai abaixo do incio da Zona de Conforto (A), verificando-se uma piloereo e uma vasoconstrio generalizadas que resultam em um ligeiro aumento na conservao de calor. Ao continuar decrescendo, a temperatura do ambiente atinge a temperatura crtica mnima (B). Para a manuteno da temperatura interna o animal lana mo do aumento da produo de calor pelo incremento da taxa metablica que atinge seu mximo quando a temperatura do ambiente atinge valor mais baixo (C). A partir da o animal perde a capacidade de produzir calor como conseqncia, a temperatura corporal comea a descer, acelerando, assim, o processo de esfriamento at atingir a temperatura letal (D) e o animal morre pelo frio.

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1.4.5 - Estresse pelo Calor Quando a temperatura do meio ambiente sobe acima do limite superior da Zona de Conforto (A) os mecanismos de dissipao, para evitar o super aquecimento, so acionados, iniciando com a vasodilatao generalizada, sudorese e aumento do ritmo respiratrio (taquipnia). Ao elevar-se a temperatura (B) h um incremento na sudorese e taquipnia para que haja diminuio compensatria de calor. Entretanto, uma maior elevao da temperatura (C) aumenta ainda mais a sudorese e a taquipnia, porm estes recursos so insuficientes para abaixar a temperatura do corpo, que comea a se elevar. A medida que a temperatura do meio se eleva mais, os processos de refrigerao perdem a eficcia e o animal morre devido ao calor acumulado. Tanto no estresse pelo frio como pelo calor o tempo de exposio quelas condies de vital importncia, pois este que vai determinar a extenso dos efeitos dos elementos do meio sobre os animais.

1.5 - Caractersticas de Adaptabilidade de Bovinos nos Trpicos

1.5.1 Pele: A influncia da pele na troca de calor do animal com o meio determinada por duas caractersticas: extenso da pigmentao e espessura. 1.5.1.1 - Colorao da Pele (Pigmentao): A colorao da pele controlada geneticamente e resulta da quantidade de melanina presente na mesma. O grau de pigmentao est associado com o clima, mais especificamente com a radiao solar, especialmente em grandes altitudes. Animais de regies quentes e midas apresentam maior pigmentao que aqueles de zonas frias e secas. A pigmentao importante na absoro da radiao ultravioleta, que provoca o Eritrema Solar (Queimadura da pele). A pele pigmentada de preta absorve totalmente os raios ultravioletas, enquanto que, peles despigmentadas so mais susceptveis s queimaduras e a sofrer danos devido fotossensibilidade. A raa Hereford e a raa Simental, em menor escala, so bons exemplos da importncia da pigmentao, pois devido a falta desta, animais dessas raas apresentam, com freqncia, carcinoma ocular escamoso (HAFEZ, 1973) .

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1.5.1.2 - Espessura da Pele: A espessura da pele varia com a regio do corpo, tambm influenciada pela idade, estado nutricional e raa. Animais velhos e mal nutridos tem a pele mais grossa. A raa Devon tem uma espessura de pele de 8,15 mm, ao passo que, a pele do Zebu tem uma espessura de 5,75 mm (Mc DOWELL, 1974). Nas regies tropicais, principalmente quentes e midas, a pele mais recomendada a preta e fina que reduz os efeitos da radiao solar e favorece a perda de calor.

1.5.2 - Cobertura Pilosa: A cobertura pilosa representa papel preponderante na adaptao dos animais aos climas tropicais, principalmente referente radiao solar, pois, o calor proveniente da mesma pode ser trs vezes o calor produzido nos processos metablicos e que pode trazer srios transtornos fisiologia do animal. A eficincia da cobertura, quanto a reflexo dos raios solares, est ligada a sua constituio, cor e tipo. 1.5.3 - Constituio dos Folculos Pilosos: Importante na proteo do animal contra a radiao solar e, em conseqncia, evita o aparecimento do Eritrema Solar. O folculo piloso constitudo de: Cutcula: a delimitao do plo, formada por clulas escamosas; Crtex: responsvel pela cor dos plos e constituda de clulas cornificadas com crescimento semelhante ao da unha; Medula: parte central do plo e, sempre que estiver presente, ser de cor preta; Bulbo: contm os melancitos de cor branca que, pelo contato com a luz e ao da tirosinase, transforma-se em cor preta impedindo a passagem dos raios ultravioletas e com isso protege os animais do Eritrema Solar. 1.5.4 - Medulao dos Plos: uma caracterstica dos plos de raas zebunas, cujo o pelame de vero quase totalmente medulado. No inverno verifica-se alta percentagem destes plos medulados

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nesses animais. J em bovinos europeus a percentagem varivel, mas, de modo geral, menor que em bovinos zebunos. Animais europeus adaptados aos climas quentes apresentam maior nmero de plos medulados. A raa Jersey apresenta um melhor desempenho em zonas tropicais que as demais raas de origem europia por possuir uma alta percentagem de plos medulados, tanto no vero como no inverno. Em vista disso, em regies de clima quente, seco ou mido, as variaes na medulao dos plos esto associadas maior tolerncia ao calor. 1.5.5 - Colorao dos Plos: A quantidade de radiao solar direta ou indireta refletida pelo animal est tambm na dependncia da colorao dos plos (Tabela 1).

Como pode ser observado, na tabela acima, as pelagens claras, como a branca e a creme (baia), refletem mais o calor que a vermelha e a preta, respectivamente, principalmente as ondas de maior comprimento, trazendo maior conforto trmico para o animal. A associao de pelagens claras, branca ou creme (baia), com pele de cor preta, a combinao encontrada na maioria dos bovinos de raas tropicais, enquanto bovinos de raas de clima frio combinam pele rosada ou plida com plos escuros. 1.5.6 - Tipo de Plo: Conforme o comprimento do plo e sua suavidade tem-se a pelagem pior ou melhor para os trpicos, pois, estas caractersticas so muito importantes na adaptao e proteo do animal contra o estresse climtico. Existem trs tipos de plos: a) Comprido e grosso; b) Curto, liso e suave; 13

c) Suave e lanudo. Em funo do tipo apresentado pelo animal, vai-se ter um melhor ou pior desempenho frente ao calor. Um plo comprido e grosso retm muito ar entre a pele e o meio ambiente, formando uma camada isolante e dificultando a perda de calor, alm de dificultar a reflexo, ao passo que o plo curto, liso e suave reflete melhor a radiao solar e facilita a perda por conveco desde a superfcie da pele. Concluindo: a associao da pelagem branca, curta, lisa e suave, pele preta e plos medulados seria o ideal para os animais nos trpicos, pois a pele preta impede a penetrao dos raios ultravioletas causadores de eritrema solar, enquanto que os plos medulados, curtos, lisos e suaves refletem o calor ocasionado pela incidncia dos raios infravermelhos, criando, assim, condies favorveis de aclimatao nos trpicos. 1.6 - Aparelho Sudorparo Os ruminantes tm uma menor capacidade de suar que os eqinos, porm os bovinos de raas de clima tropicais tm melhor capacidade que os de clima temperado. Isto pode ser confirmado pela temperatura retal de animais dos dois grupos submetidos ao mesmo nvel de alimentao e ganho em peso (Berbigier, 1986). Acima de 35C os processos de dissipao de calor como a conduo, radiao e conveco desaparecem, ficando a evaporao com responsvel pela totalidade da dissipao. As glndulas sudorparas, juntamente com as vias respiratrias, so responsveis por esse processo. Inicialmente, a evaporao ocorre por um ligeiro aumento na perspirao insensvel ou evaporao de gua atravs da pele seguida de sudorao. Isso confirmado pelos seguintes aspectos: a) Presena de glndulas distribudas pela superfcie da pele; b) Ausncia de um ciclo de regenerao degenerao das glndulas; c) Reduo da evaporao quando o animal submetido a tratamento que afetam as glndulas sudorparas; d) Respostas apresentadas pelas glndulas, quando h aquecimento do hipotlamo ou irritao da pele; e) Presena de umidade ou gotculas de gua sobre a pele. Existem dois tipos de glndulas sudorparas, as crinas e as Apcrinas, que diferem entre si pela localizao, tipo de secreo e eliminao do suor.

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Glndulas sudorparas do tipo crina se localizam na camada papilar da pele e so compostas por duas partes, uma secretora e a outra excretora. A parte secretora constituda de uma camada basal, outra de clulas mioepiteliais e mais uma de clulas epiteliais cubides. O suor a produzido e lanado na luz da glndula e chega ao exterior por meio do canal excretor. A composio do suor 99% de gua e 1% de cloretos de sdio e potssio. O suor ao ser produzido apresenta percentagem mais elevada de cloretos, mas, ao passar pelo canal excretor, parte desses sais so absorvidos como participantes da defesa do organismo no controle de seu equilbrio metablico. As glndulas sudorparas do tipo apcrina diferem do tipo anterior na localizao, maneira de produzir e na eliminao do suor. Estando localizadas na camada reticular da pele, aparecem associadas a folculos pilosos, msculos eretores do plo e s glndulas sebceas formando um sistema pilo-sebceo msculo sudorparo. A parte secretora da glndula composta de uma camada basal envolvida por clulas cubiliformes. Para que haja secreo de suor, h necessidade que as clulas secretoras se rompam liberando parte do contedo citoplasmtico, fazendo com que a composio deste tipo de suor seja 94,5% de gua, 5% de cloretos e 0,5% de albumina. Ocasionando este processo, quando utilizado intensivamente, um grande desgaste para o animal, alm destas glndulas serem menos eficientes que as do tipo crina. A credita-se que o melhor desempenho dos zebunos em relao aos taurinos esteja ligado ao maior nmero de glndulas sudorparas que os mesmos dispem. Apesar de verdadeiro, esta diferena no significativa. O que, naturalmente, d mais resistncia ao zebu o maior volume das glndulas, cerca de quatro vezes maiores, pois quanto maior o volume maior a secreo. Associada ao maior volume, o zebu tem outra caracterstica importante que ter as glndulas mais superficiais, o que facilita a secreo e excreo do suor. A distribuio de glndulas sudorparas, pelo corpo, desuniforme, isso faz com que algumas partes do corpo secretem mais suor que outras. As regies de sudorese mais intensa se localizam no peito, braos, axilas, seguida das regies da esptula, cupim e ndegas, depois pescoo, costelas e trax, seguida pela cabea e, por ltimo, prepcio. 1.7 - Superfcie Externa O tamanho e a extenso da superfcie do corpo expressam uma adaptao especial aos fatores do meio. A quantidade de troca de calor entre o animal e o meio ambiente

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depende da relao entre a superfcie corporal e a taxa metablica. Uma superfcie corporal extensa apenas proporciona uma maior perda de calor na forma sensvel, quando a temperatura do meio est abaixo da temperatura do animal. Em temperaturas ambientais iguais ou acima da temperatura do corpo do animal esta superfcie mais extensa se torna desvantajosa. Nesta situao, os animais modificam seu tamanho e forma, o que ocorre em bovinos europeus que, introduzidos nos trpicos, ficam mais baixos, mais grossos e curtos, e, em conseqncia, aumentam sua capacidade de perder calor. Os apndices, compostos pelas orelhas, barbela (papadas), cupim, umbigo e prepcio, tem importncia secundria na capacidade termorreguladora do animal. As orelhas apresentam uma alta relao entre superfcie e peso, associada a uma maior vascularizao. No entanto, representam, apenas, 2% da superfcie total do corpo, representando muito pouco na perda total de calor pelo animal. O cupim e papada ou barbela, apesar de apresentarem maior quantidade de glndulas sudorparas, no so eficientes devido a baixa irrigao presente nessas reas. O umbigo e o prepcio tem baixo poder de evaporao devido ao menor nmero de glndulas sudorparas. Em sntese, os apndices desempenham alguma funo na dissipao de calor, apesar de no apresentarem papel chave na adaptao dos animais aos climas quentes. 1.8 - Estresse Trmico em Bovinos Indicativos Quando os bovinos so expostos ao calor elevado e as formas fsicas de perda de calor, como conduo, radiao, conveco e evaporao, por sudorao, no so suficientes, estes apresentam as seguintes reaes biolgicas: a) Elevao da temperatura interna; b) Aumento do ritmo respiratrio; c) Diminuio do consumo de alimento; d) Aumento da ingesto de gua; e) Diminuio da produo de leite; f) Alterao da composio do leite; g) Diminuio do crescimento corporal; h) Alteraes dos parmetros reprodutivos.

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II - O ESTRESSE E A PRODUO

Segundo ENCARNAO (1997), uma utopia pensar em um ambiente sem estressores. Por menor que seja, sempre haver um agente exgeno influindo sobre o organismo, seja ele um fator climtico, seja um agente patgeno, ou ainda a fome, a sede, o medo provocado por um companheiro de rebanho ou por elemento estranho, mudana do manejo, etc. Porm, isso no deve servir como desestmulo, nem como conformismo. Pelo contrrio, existem prticas de manejo baratas e simples que maximizam consideravelmente os lucros do produtor. Somam-se a essas as vacinas, desinfeces de estbulos e demais medidas profilticas, alm de boa distribuio de cochos e bebedouros, estbulos adequados aos animais, boa diviso de pastagens. Tambm importante um bom conhecimento zootcnico, um manejo eficaz e observao freqente do comportamento animal. Segundo BERBIGIER (1986), a produo nos trpicos baixa em funo de: 1 a tolerncia ao calor das raas criadas nos trpicos implica em baixa produo; 2 o processo de melhoramento gentico destas raas comeou a pouco tempo. Nos trpicos, duas estratgias so possveis para melhorar os nveis produtivos dos animais: 2.1 - Melhoramento Gentico: Melhorar geneticamente as raas locais a estratgia mais usada, pois as raas tropicais so mais hbeis para manter a temperatura retal em ambientes quentes. Este melhoramento pode ser obtido pelo cruzamento de raas adaptadas com raas europias melhoradas ou por seleo sem introduo de sangue extico, apesar da primeira opo, introduo de raas exticas, freqentemente induzir a sensibilidade s doenas tropicais. (ex. ecto e endoparasitoses). A utilizao de cruzamento de animais adaptados com raas exticas resultam em maior ganho em peso dos animais F1 quando comparados com o desempenho de animais adaptados ao clima tropical. Isso pode ser comprovado quando se observa os resultados obtidos por MARQUES (1999), que trabalhando com novilhas F1 (Nelore x Simental e 17

Nelore x Angus) confinadas, constatou um ganho mdio dirio de 1,6 kg, enquanto que ALCALDE et al. (1999), trabalhando com novilhas Nelore obteve ganho mdio dirio de 1,0 kg. A seleo para adaptao de bovinos aos trpicos um processo mais lento que o cruzamento, porm seus resultados so mais duradouros. Segundo ENCARNAO (1986), as pesquisas sobre os aspectos genticos da adaptao tem envolvido caractersticas tais como taxa de hemoglobina, freqncia respiratria e temperatura retal, hoje sabe-se que estas no so caractersticas adequadas para serem consideradas num programa de seleo, pois so sintomas de ordem geral e, portanto, podem ser influenciados por uma srie de fatores. Entre os fatores que interessam seleo animal em ambiente tropical, destacam-se os relacionados com a proteo contra a radiao solar e a eficincia da termlise. Os primeiros envolvem a existncia de um pelame que seja altamente reflectante radiao trmica e de ondas curtas, associado a uma epiderme de elevada emissibilidade nessas faixas de ondas (altos nveis de atividade melanognica). J a eficincia da termlise envolve diversas caractersticas de pelame (pequena espessura da capa, plos curtos, densos e bem assentados) e uma elevada capacidade de sudao. Segundo Arantes Neto (1985), citado por ENCARNAO (1986), a estao do ano influencia a espessura do pelame, inclinao e comprimento do plo que apresentam valores mais elevados no inverno. J a pigmentao melannica, tanto da pele como do pelame, foi maior no vero. 2.2 - Manipulao do Ambiente A reduo da taxa de crescimento em ambientes quentes so mais sentidas em animais de raas europias, do que em zebunas, porm existem algumas formas de manipulao do ambiente para evitar a reduo na taxa de crescimento. 2.2.1 - Sombra: a forma mais simples e economicamente vivel de se fornecer conforto trmico para bovinos. Este sombreamento, em criaes em pastagens, pode ser natural como a formao de pequenos bosques nos piquetes ou prximo rea do bebedouro e saleiro e, no caso de animais confinados, pode-se utilizar coberturas artificiais.

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A importncia do sombreamento das pastagens foi demonstrado por LIMA et al. (1999) trabalhando com vacas mestias (Holandesa x Gir) de mdia produo com acesso livre a pastagens, manejadas em pastejo rotacionado, observaram que as mesmas pastejavam at s 11:00 horas e a partir das 17:00 horas, ficando sombra no perodo das 11:00 s 17:00 horas. WECHLER et al. (1999) avaliaram, entre outros fatores, a variao da temperatura retal de touros da raa Simental, criados no centro oeste, expostos ao sol e sombra nas horas mais quentes do dia, observaram que sombra na hora mais quente do dia evitou que os touros apresentassem hipertermia. 2.2.2 - Nebulizao ou Asperso: bastante eficiente para sunos e para bovinos em reproduo e produo de leite, porm parece no apresentar grandes efeitos sobre o crescimento (BERBIGIER, 1986). Confirmando a eficincia da asperso de gua em sunos, CHAVES et al. (1999) observaram que a utilizao deste mtodo proporcionou uma significativa melhora no ganho em peso mdio dirio e converso alimentar em animais na fase de crescimento e terminao. 2.2.3 - Outras tcnicas: Ventilao artificial gua fria No apresentam melhoras no crescimento, conforme demonstraram BARBOSA et al.(1983) e HAHN (1985). 2.3 - Efeito do estresse calrico sobre o animal. O calor excessivo, ou qualquer outro agente estressor que afete o comportamento, a fisiologia e o sistema imunolgico provocam reduo no consumo, crescimento, produo de leite, reproduo, eficincia ou converso alimentar, como tambm a sade e bem estar. Porm, a exposio por pouco tempo pode ter pequeno efeito e a vulnerabilidade ao agente estressor est associada a no adaptao do animal. Fatores individuais, idade, nutrio e sade tambm influenciam o nvel de resistncia a agresso ambiental (HAHN, 1999).

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Animais confinados, prximo do ponto de abate, e vacas de alta produo sentem mais o efeito do calor excessivo. Deve-se ter o conhecimento de como e porque os animais respondem aos desafios do ambiente para tomar a deciso estratgica e/ou ttica para reduzir as perdas durante o calor. Estratgica: saber como o animal se comporta no ambiente, como e quais so as perdas a longo prazo e usar isso como base para promover as modificao adequadas no ambiente. Ttica est ligada com o dia-a-dia (ex.: hora de ligar ventiladores, hora de nebulizar...) e influenciada pela dinmica: desafio do ambiente x resposta animal.

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2.4 - Temperatura Corporal A manuteno da temperatura corporal ocorre em duas fases: A primeira naturalmente ocorre variao na temperatura corporal durante o dia, num ambiente de termo neutralidade a variao vai de 0,1 a 0,3C, sem estar associado com o estresse pelo calor. A segunda h dois estgios de administrao da produo de calor: Um estgio marcado pelo aumento da dissipao de calor, atravs da perda de calor pela evaporao. O outro pela reduo do consumo de alimentos para reduzir a produo de calor metablico. Quando o animal exposto ao calor ele leva de trs a quatro dias para sua temperatura corporal diminuir e ento aumentar o consumo de alimento, porm este aumento no consumo pode no necessariamente voltar ao mesmo nvel que tinha no ambiente de termo neutralidade, este aumento no consumo de alimentos vai at um novo ponto ideal que ocorre normalmente de oito a dez dias aps o inicio da exposio ao calor. HAHN (1992) determinou como sendo a temperatura de 25C o limite para expresso do potencial produtivo de bovinos europeus machos castrados, a partir da qual os animais reduzem a 21

sua produo. Como j foi visto, o animal produz calor continuamente e deve ceder calor para o meio ambiente para manter constante o nvel da temperatura corporal, e que h um gradiente trmico do interior do animal, local mais quente, sua superfcie, local menos quente. Com isso a temperatura corporal varia a medida que se aproxima ou se afasta da periferia do corpo animal. Em conseqncia, a temperatura retal pode ser considerada uma temperatura local, mas a maioria dos pesquisadores a considera uma boa indicao da temperatura interna. A elevao da temperatura retal mostra falta de adaptabilidade do animal manuteno do equilbrio trmico. A simples elevao da temperatura retal no quer dizer que o animal esteja em desequilbrio trmico, pois existe uma amplitude aceitvel de variao de temperatura, que influenciada pelo nvel nutricional, atividade fsica, idade, estao do ano. O estresse trmico surge quando a temperatura se desloca dessa faixa de amplitude. A temperatura fisiolgica de bovinos, nos trpicos, varia de 38,0C a 39,3C. O aumento de 1C na temperatura retal suficiente para produzir efeitos detectveis nos vrios processos fisiolgicos. Os elementos climticos de maior influncia sobre a temperatura retal so a temperatura do ar, umidade relativa e radiao solar que, em nveis elevados, fazem esta temperatura elevar-se pela dificuldade imposta ao animal na manuteno do equilbrio trmico. Estas influncias podem ser verificadas em animais de origem europia, quando submetidos a temperatura de 40,5C apresentam temperaturas retais mais elevadas que animais submetidos a 25,0C. Este efeito mais intenso quando associados umidade do ar acima de 70% e radiao solar intensa (FALCO, 1997). MCMANUS et al. (1999) trabalhando com bovinos mestios (Holandesa x Zebu e Holandesa x Simental) e Zebu no cerrado brasileiro, observaram uma maior temperatura retal nos animais mestios quando comparados com os zebunos. Da mesma forma, MAGALHES et al. (1998) utilizando bovinos da raa girolanda e bubalinos, em condies de trpico mido de Rondnia, avaliando a temperatura retal pela manh (8:30 h) e tarde (14:30 h) desses animais expostos ao sol, observaram um aumento da temperatura retal no perodo da tarde. Enquanto que, SCHAFHUSER Jr. et al. (1998) utilizando novilhas de diferentes condies corporais (musculosas e no musculosas), observaram que as novilhas musculosas apresentaram temperatura retal mais elevada no perodo quente que no perodo frio, enquanto que as novilhas no musculosas no apresentaram diferena significativa na temperatura retal nos dois perodos. Ao contrrio do que foi observado por TURCO et al. (1998) que utilizando animais da raa Sindhi, em condies de semi-rido brasileiro, no encontraram alterao na temperatura retal desses animais quando expostos a esse ambiente no perodo de novembro de 1997 a fevereiro de 22

1998. Estas informaes confirmam que existe diferena na temperatura corporal do animal durante o dia e tambm que animais mais produtivos e no adaptados sofre mais quando expostos ao estresse calrico. 2.5 - Taxa Respiratria A taxa respiratria um grosseiro indicador de estresse trmico pelo calor, pois a mesma aumenta com o aumento da temperatura ambiente para dissipar calor e manter a homeotermia. Em cmara climatizada, HAHN (1997) observou em bovinos europeus cruzados alimentados ad libitum, que a taxa respiratria comea a aumentar a partir de 21,3C, aumentando 4,3 movimentos respiratrios por minuto para cada 1C de aumento da temperatura. A carga trmica excessiva verificada nos trpicos provoca nos bovinos uma acelerao do ritmo respiratrio que visa a dissipao trmica pelo aquecimento do ar inspirado e pela evaporao da gua pelas vias respiratrias. A eficincia do primeiro sistema depende do volume de ar inspirado, de seu calor especfico e da diferena de temperatura entre o ar inspirado e expirado. A evaporao depende da umidade relativa e do calor latente de evaporao. A perda insensvel de calor pelas vias respiratrias uma das principais vias de eliminao do excesso trmico por bovinos, pois o processo de sudorese de menor eficincia. O nmero normal de movimentos respiratrios de um bovino de 23 vezes por minuto a 10C de temperatura, podendo variar de 15 a 30. Entretanto, o mesmo est estreitamente ligado temperatura, umidade e radiao solar, comportando-se diferentemente as vrias raas sob seus efeitos. A cada aumento de 10C na temperatura do ar, o ritmo respiratrio dobra, encontrando-se valores acima de 200 movimentos respiratrios por minuto, quando a temperatura do ar maior que a do corpo (FALCO, 1997). MCMANUS et al. (1999) trabalhando com bovinos mestios (Holandesa x Zebu e Holandesa x Simental) e Zebu no cerrado brasileiro, observaram um aumento da freqncia respiratria nos animais mestios quando comparados com os zebunos. Da mesma forma, MAGALHES et al. (1998) utilizando bovinos da raa girolanda e bubalinos, em condies de trpico mido de Rondnia, avaliando a freqncia respiratria pela manh (8:30 h) e tarde (14:30 h) desses animais expostos ao sol, 23

observaram um aumento da mesma no perodo da tarde para tentar compensar o aumento da temperatura corporal. Ao contrrio do que foi observado por TURCO et al. (1998) que utilizando animais da raa Sindhi, em condies de semi-rido brasileiro, constataram que a freqncia respiratria desses animais, quando expostos a esse ambiente no perodo de novembro de 1997 a fevereiro de 1998, permaneceram dentro de limites fisiolgicos. 2.6 - Consumo de Alimentos A produo de calor menor para gordura, intermediria para carboidratos e maior para protena. Dentro dos carboidratos, a celulose maior que o amido e acares solveis, portanto a digesto de forragens faz com que ocorra um aumento da produo de calor, o que ocorre com menor quantidade quando se fornece concentrado. As forragens tropicais tem crescimento rpido, porm so normalmente pobres em protena e energia e ricas em fibras, com baixa eficincia para ganho em peso e sua produo de calor elevada quando comparada s forragens de clima temperado. Todavia, o aumento da temperatura produz um aumento na digestibilidade e este aumento compensa parcialmente a diminuio do valor energtico e protico destas forragens. Dentre as variveis ambientais, a temperatura tem importante efeito. H evidncias que o consumo aumenta quando a temperatura inferior zona de conforto, enquanto decrscimos no consumo so verificados em temperaturas acima da zona de conforto. Temperaturas baixas parecem resultar em maior motilidade do trato gastrintestinal com conseqente aumento na passagem do alimento pelo rmen e retculo. Temperaturas muito baixas podem reduzir o consumo de matria seca em animais no adaptados, principalmente aqueles mantidos a pasto. Nas condies do Brasil, o estresse fator preocupante, principalmente em situaes onde no h sombreamento adequado e as temperaturas noturnas so tambm elevadas, no havendo possibilidade para perdas de calor durante noite. Outras variveis ambientais (radiao solar, umidade relativa do ar, ventos...) podem acentuar ou amenizar os efeitos da temperatura. Na realidade, o impacto ambiental sobre o consumo de matria seca resultado de interaes entre variveis ambientais. Porm, este impacto do ambiente sobre o animal depender da intensidade e freqncia com que o animal exposto s condies adversas, dificultando, desta forma, sua quantificao. H evidncias que o fotoperodo afeta o consumo de matria seca. Quanto maior o nmero de horas de brilho de sol maior ser o consumo. Baseado em dados oriundos do hemisfrio norte, o NRC (1996) sugere que o consumo seria 1,5 a 2,0% 24

superior nos meses de dias longos e 1,5 a 2,0% inferior nos dias curtos. Entretanto, esses valores no repetir-se-o no Brasil, pois as variaes de insolao so menores que nos pases da Amrica do Norte. Conrad (1985), citado por BERBIGIER (1986), observou em gado leiteiro que com o aumento da temperatura de 20C (termo neutralidade) para 32C ocorreu um aumento da digestibilidade energtica de 0,20%/C e de 0,96%/C no FDA, porm este autor observou menores valores de aumento quando avaliou em gado de corte. Em condies de termo neutralidade existe um alto grau de associao entre a temperatura corporal e o consumo de alimento, aumentando a temperatura corporal aps o consumo, porm quando a temperatura supera a termo neutralidade o consumo de alimento diminui. O animal se utiliza desse artifcio tambm para manter o equilbrio trmico entre o calor produzido e/ou absorvido e o eliminado. O consumo de alimentos regulado pelo hipotlamo que, influenciado pelo calor, reduz o estmulo sobre a medula adrenal que deixa de liberar adrenalina, hormnio responsvel pela manifestao da fome. Duas reas esto envolvidos na regulao do consumo. A primeira, localizada na regio dos ncleos ventromedias, o centro da saciedade e a segunda, no hipotlamo lateral, que o centro da fome. Como o consumo de alimento est associado produo de calor, a manifestao do apetite um mecanismo termorregulador. Vacas zebunas apresentam reduo no consumo quando a temperatura do ar atinge valores entre 32 a 35C. Em vacas de origem europia esta reduo no apetite ocorre quando a temperatura supera 25C ( FALCO, 1997). Outra manifestao se observa no hbito de pastejo do gado europeu nos trpicos, onde os animais aumentam o pastejo nas horas mais frescas e noite, o que auxilia o mesmo no processo de dissipao de calor. Outros fatores climticos influem no consumo de alimento, como a umidade relativa do ar e a radiao solar, mas sempre associadas a altas temperaturas. Em condies de insolao direta, em temperatura de 32,2C e umidade de 40%, o consumo de alimento baixa cerca de 50% (FALCO, 1997). 2.7 - Ingesto de gua. A gua consumida pelos bovinos como gua livre e aquela presente no alimento. A ingesto de gua varia com a idade, tamanho, produtividade do animal, o peso vivo, o consumo de alimento, o estado fisiolgico e a temperatura ambiente, mas de modo geral, os ruminantes, em especial os bovinos, requerem acessos livres gua. A necessidade

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aumenta com o consumo elevado de protena ou sal e em vacas em lactao. As relaes entre temperatura ambiente e a exigncia de gua para bovinos so resumidas na Tabela 2.

De um modo geral, com o calor diminui o consumo de alimento e aumenta o consumo de gua. Conrad (1985), citado por BERBIGIER (1986), utilizou bovinos de clima temperado e observou uma reduo no consumo de matria seca (MS) de 3 a 10% quando a temperatura ambiente subiu de 25 para 35C, enquanto que o consumo de gua aumentou de 4 para 10 l/kg de MS consumida, isto resulta numa menor eficincia alimentar, pois as necessidades de mantena permanecem as mesmas. O efeito do ambiente sobre a ingesto de gua, pelos bovinos, complexo. A gua exigida pelo animal como nutriente essencial, fazendo parte da estrutura do corpo e para auxiliar a reduo de calor pelo resfriamento por conduo e/ou evaporao. O controle da ingesto de gua feito pelo centro da sede localizado no hipotlamo, atravs de mecanismos hormonais. Em temperaturas elevadas dois fatores principais regem a ingesto de gua: a severidade do calor e a relao entre a gua ingerida e o consumo de alimentos. A maioria dos animais aumentam a ingesto a medida que aumenta a temperatura do ar, sendo que o maior acrscimo ocorre acima de 26C, aumentando, tambm, a freqncia de ingesto de trs a quatro vezes. Quando ocorre associao de temperatura elevada e umidade elevada, h um decrscimo na quantidade ingerida e aumento na freqncia de ingesto, isso reflete a diminuio no consumo de alimento e dificuldade de utilizao da gua para fins de resfriamento por evaporao. Animais quando submetidos a estresse trmico, quando ingerem maior quantidade de gua, apresentam: 26

a) Menor temperatura retal; b) Maior capacidade de consumo de alimentos; c) Menor depresso na produo. Assim, h uma necessidade de disponibilidade de gua abundante e de fcil acesso para os animais em ambientes tropicais. 2.8 - Reproduo A reproduo a mais importante das funes dos animais, visto que a produo dos mesmos dependente do bom funcionamento reprodutivo, influenciando indiretamente as funes produtivas como produo de leite, carne etc.. O calor tropical atua com intensidade diferente nos machos e nas fmeas. 2.8.1 - Machos: O tamanho e o peso dos testculos esto diretamente relacionados com a produo espermtica, pois 1 g. de tecido testicular normal produz 18 milhes de espermatozides por dia ou 12.500 por minuto. Por isso que existe a preocupao com a circunferncia escrotal na seleo de reprodutores que devem ter, no mnimo, 30 cm. em touros da raa Nelore aos 24 meses. A bolsa ou saco escrotal, onde os testculos ficam, tem como funo aloj-los, proteg-los e manter a temperatura testicular, cerca de 4 C mais baixa que a temperatura corporal, isto facilita com que ocorra a espermatognese. O principal efeito nocivo do estresse trmico pelo calor, nos machos, sobre os testculos como ser visto a seguir: a) Diminuio do peso dos testculos; b) Tbulos seminferos entram em degradao; c) Produo de smen de qualidade inferior; d) Diminuio do volume total de smen; e) Diminui a concentrao; f) Aumento das anomalias; g) Diminuio da atividade metablica do smen; WECHLER et al. (1999) avaliaram a tolerncia ao calor de touros da raa Simental mantidos sombra ou sol nas horas mais quentes do dia e correlaes entre tolerncia ao calor, qualidade do smen e comprimento dos plos dos animais. Observaram que os0

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animais mantidos ao sol apresentaram maior taxa respiratria e temperatura retal, menor volume de ejaculado, alm de maior quantidade de defeitos maiores e menores, o que mostra a influncia da temperatura elevada sobre a espermatognese. Tambm constataram que estas alteraes eram mais acentuadas nos animais de plo mais comprido, alm de ter havido diferena significativa entre indivduo dentro do mesmo tratamento, o que sugere uma capacidade individual de adaptao do animal de uma mesma raa a uma condio desfavorvel. 2.8.2 - Fmeas: As fmeas so afetadas com menos intensidade que os machos, porm apresentam modificaes no aspecto reprodutivo como: a) Retardo na puberdade; b) Causa anestro; c) Diminui o ndice de concepo; d) Induz ao aborto; e) Aumenta a mortalidade perinatal. O vulo no fecundado e a ovulao so os que mais sofrem com a ao do calor, o que pode proporcionar o aparecimento de vulos anormais, alm de aumentar o nmero de ovulaes e o aparecimento de cios silenciosos. Neste caso, a utilizao da inseminao problemtica, pois a determinao do momento de inseminar, devido a inexistncia dos sintomas caractersticos do cio, fica dificultada. Aps a fecundao, a influncia do calor somente ocorre at o dcimo sexto dia, e, dependendo da intensidade, pode provocar a displasia placentria, que acarreta o aborto precoce.

2.9 - Sade

MORROW-TESCH et al. (1996) utilizando animais mestios europeus, observaram uma acentuada diminuio no nmero de clulas brancas do sangue, quando exps estes animais durante 28 dias a temperatura termo neutra (10C), 21 dias ao estresse trmico (32C) e retornou a temperatura termo neutra por 14 dias. O nmero de clulas brancas permaneceu baixa at 12 dias aps o retorno a termo neutralidade.

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O nvel de linfcitos T circulante foi alterado pelo calor, isto sugere uma menor resistncia ao ataque de patgenos em animais submetidos ao estresse calrico.

2.10 - Estresse e o Crescimento

Alm do estresse trmico, existe tambm o estresse social (diferentes idades, categorias, dominncia). Juntamente com o excesso de produo de hormnios da adrenal, em estresse prolongado, ocorre uma menor secreo de hormnio do crescimento pela hipfise. Situaes estressoras, alm de reduzir o crescimento ou provocar perda de peso, pode diminuir a qualidade da carne e da carcaa (ex.: diminui a gordura intramuscular, maciez e cor da carne), segundo Weiniger (1971) citado por ENCARNAO (1986). O meio influi muito no desenvolvimento dos indivduos, tanto direta como indiretamente, agindo sobre o plano nutricional dos animais atravs das culturas e pastagens. A produo de carne menos afetada que a de leite, porm afetada devido a regulao voluntria do consumo de alimento para diminuir a produo de calor em ambientes quentes. Raas tropicais freqentemente tem menor necessidade de mantena e menor apetite, o que resulta em uma menor taxa de converso alimentar, segundo ROGERSON et al.,1968, porm sua capacidade de dissipar calor freqentemente alta (respirao e evaporao) por isso parece possvel aumentar sua produtividade por meio gentico sem destruir sua tolerncia ao calor. O crescimento corporal controlado genticamente e pelo meio ambiente, um conjunto de acontecimentos metablicos, que ocorrem antes e depois do animal nascer. As condies climticas que podem ocasionar estresse trmico so: temperatura, umidade, vento e radiao. Estas condies afetam a quantidade de ingesto de gua e alimento, bem como a quantidade de energia. 2.10.1 - Crescimento pr-natal A temperatura do meio , sem dvida, o fator climtico mais importante que afeta o crescimento fetal. Freqentemente raas europias pouco adaptadas no meio tropical do cria a bezerros miniaturizados, que devido a debilidade com que nascem, na maioria das vezes morrem logo aps ao nascimento pela falta de habilidade de ficar em p para mamar. Este efeito vai depender da raa e do tempo da exposio da fmea prenhe temperatura

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elevada. Segundo Weniger citado por ENCARNAO (1986), a temperatura ambiente atua no s em animais adultos ou jovens, mas tambm no desenvolvimento embrionrio. Durante a gestao, a taxa decrescimento do embrio reduzida proporcionalmente durao do estresse de calor. A miniaturizao um efeito especfico da temperatura e no devido a menor ingesto de alimento, visto que o animal nasce com o corpo proporcionalizado, condio esta diferente das crias nascidas de fmeas desnutridas. A miniaturizao pode estar ligada a defeitos da placenta, diminuio da irrigao sangnea, insuficincia hipofisria, entre outros, situaes que ocorre com fmeas sob estresse trmico. O peso ao nascer de bovinos so bem maiores nas zonas temperadas que nas tropicais (Tabela - 3) pois os animais oriundos dos trpicos, ao utilizarem-se dos processos adaptativos ao longo das geraes, tiveram o peso das suas crias diminudos. O mesmo ocorre com a introduo de animais europeus nos trpicos (Tabela - 4). As condies inspitas das regies tropicais so to importantes, que mesmo nesta regio, a melhora nas condies trazem benefcios aos animais, o que pode ser observado na raa Nelore, que no Brasil tem um desempenho melhor que na ndia, seu pas de origem.

O conhecimento da influncia do meio, principalmente da temperatura, sobre o peso ao nascer grande importncia, visto que este est altamente correlacionado com o ganho em peso desmama, peso cobertura, parmetros zootcnicos importantes na seleo animal.

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2.10.2 - Crescimento ps-natal O crescimento de bovinos depende do meio ambiente, e por serem mamferos, tambm depende das condies climticas impostas me, pois este vai influenciar na quantidade de leite disponvel para a cria. A estao em que ocorre o nascimento afeta ambos, em funo da temperatura e disponibilidade de alimento para a me, tanto no pr como no ps-parto. Ex.: Partos prximo a primavera resultam em bezerros mais pesados desmama. As altas temperaturas do meio podem impedir o crescimento dos animais aps a desmama, em diferentes graus dependendo da raa, idade, estado nutricional, plano nutricional e umidade relativa. A temperatura de conforto para as raas europias est na faixa de 0,5 16C. O crescimento destas raas diminudos em temperaturas acima de 24C. Estes efeitos se agravam se a temperatura elevada de 29 para 32C, paralisando praticamente o crescimento. Ao chegar a 41C, o animal entra prostrao e dependendo do tempos de exposio o animal morre. Em todas as espcies animais o crescimento pra em temperaturas limites, tanto baixas como altas, dando-se o crescimento mximo nas zonas de conforto trmico do animal. Isto compreendido pelo melhor crescimento das raas europias em zonas temperadas e das zebunas nas tropicais. A temperatura ambiente influencia na nutrio dos animais. A temperatura elevada pode provocar uma reduo ou cessao do crescimento, devido aparentemente a: a) Diminuio da ingesto voluntria do alimento; b) Aumento do gasto de energia para a dissipao do calor, principalmente pelo aumento do ritmo respiratrio; c) Diminuio da quantidade de N2 (protena), gordura e gua armazenada. Em virtude disto o ganho em peso nas zonas tropicais baixo pois dependem do crescimento biolgico e este do metabolismo, que no se processa de forma normal, tornando a produo de carne menos eficiente. O peso ao nascer a informao mais correta da adaptao do animal ao meio ambiente. Isso d uma informao precoce da perspectiva futura do animal, pois existe uma estreita correlao entre peso ao nascer, na desmama e na idade adulta.

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III - CONSIDERAES FINAIS Os bovinos tem habilidades para ativar mecanismos fisiolgicos, comportamentais e imunolgicos para minimizar a agresso de agentes estressores, dentro de certos limites. O estresse calrico afeta o comportamento ingestivo e aumenta a taxa respiratria, por exemplo. O animal tambm pode reduzir os efeitos do estresse calrico atravs da compensao noturna, em funo do declnio da temperatura ambiente noite. O estresse calrico tambm pode produzir danos ao sistema imunolgico, deixando o animal suscetvel doenas. A temperatura, quando muito elevada e persistente, pode levar o animal a morte ou provocar reduzida produo permanente, o que leva a perdas econmicas para o produtor.

IV - TENDNCIAS FUTURAS

A tendncia da produo agropecuria a polarizao entre dois sistemas. O primeiro, no qual busca-se a produo mxima e, para isso, utiliza-se os recursos da engenharia gentica, lanando mo, entre outras tecnologias, dos produtos transgnicos. Os quais, segundo especialistas, o conhecimento dos efeitos positivos ou negativos sade humana s sero conhecidos nos prximos 50 anos. E o segundo sistema aquele no qual procura-se a qualidade de vida, o consumo e utilizao de produtos conseguidos de forma mais naturais. No caso da carne, procura-se consumir aquela produzida com o menor estresse para o animal. Este segundo sistema atender as pessoas que se preocupam com a qualidade de vida.

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