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FILOSOFIA E ÉTICAPROFISSIONAL

M. Sc. Juliana Prado Ferrari Spolon

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE RIO PRETO - UNIRP

Halim Atique JuniorReitor

Anete Maria Lucas Veltroni SchiavinattoPró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação

Agdamar Affini SuffrediniPró-Reitora Acadêmica

Hubert Basques SoaresPró-Reitor Administrativo e Financeiro

Lúcia SanchezGestora de EAD

Rodrigo Ventura RodriguesCoordenador de Ensino

Suely Aparecida Cury TawilCoordenadora de Extensão e Cultura

Renata Valéria Calixto de ToledoCoordenadora Geral dos Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu

Ronei SchiavinnatoPrefeito de Campus

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APRESENTAÇÃOCaro acadêmico,

Seja bem vindo!

Sua escolha por este curso e pela UNIRP demonstra o reconhecimento quesomente mediante uma boa formação se poderá obter êxito profissional.

Vivemos na era do conhecimento e da informação, e quanto mais nos dedi-carmos em sua busca, maior probabilidades de crescimento pessoal e profis-sional teremos.

A bagagem de conhecimento adquirida é que dirá quem somos para as pes-soas e para o mercado de trabalho, portanto, se você resolveu estudar éporque decidiu aprender algo a mais e ser responsável por aquilo que apren-der.

As melhores oportunidades estão abertas para as pessoas com maior capa-cidade de interação, de sabedoria em lidar com diferentes situações e com-petentes para resolver problemas da sua área de conhecimento.

Num mundo moderno e globalizado, que sofre mudanças constantemente auma velocidade incrível, se não quisermos ficar perdidos no tempo e noespaço, precisamos buscar formação e atualização, pois vivemos em umasociedade competitiva e restrita, onde não só o conhecimento é avaliado,mas a formação adquirida também.

E lembre-se que o estudo e o conhecimento são os melhores investimentosque podemos fazer para nós mesmos, pois ninguém poderá, jamais, tirá-losde nós.

Bons Estudos!!

Equipe EAD

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ...................................................................................... 3

CAPÍTULO 1 – ÉTICA E FILOSOFIA: INTRODUÇÃO, CONCEITOS, CAMPO E RELAÇÃO .... 71.1 - In trodução à filosofia e ética ................................................................. 71.2 - Defin ição, con ceitos e relação de filosofia e ética ....................................... 81.3 - A con sciên cia Ética ........................................................................... 15

CAPÍTULO 2 – A ÉTICA DA MENTIRA ............................................................ 212.1 - Aspectos de uma lógica da men tira ........................................................ 232.2 - Dever ética e a men tira ..................................................................... 272.3 - A ética profission al e men tira .............................................................. 28

CAPÍTULO 3 – DESENVOLVIMENTO ÉTICO NA EMPRESA ..................................... 293.1 - Respon sabilidade da empresa quan to ao desen volvimen to ético ..................... 313.2 - Trein amen tos e técn icas para o desen volvimen to ético ............................... 32

CAPÍTULO 4 – OS CÓDIGOS DE ÉTICA ........................................................... 354.1 - Códigos de ética empresarial .............................................................. 354.2 - Código de ética do admin istrador ......................................................... 41

CAPÍTULO 5 – PRINCIPAIS DESAFIOS DA ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO ...................... 655.1 - A Ética do capitalismo ....................................................................... 655.2 - Tomada de decisão ética.................................................................... 685.3 - Lideran ça ética ............................................................................... 71

CAPÍTULO 6 – RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL .................................. 756.1 - Defin ição e importân cia da respon sabilidade social n as organ izações ............... 766.2 - A visão da respon sabilidade social ......................................................... 806.3 - In dicadores de respon sabilidade social ................................................... 856.4 - Ética, moral e respon sabilidade social .................................................... 87

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 88

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CAPÍTULO I

I – FILOSOFIA E ÉTICA: INTRODUÇÃO,CONCEITOS, CAMPO E RELAÇÃO

1.1 - INTRODUÇÃO À FILOSOFIA E ÉTICA

Você sabe o que é Filosofia? Parece algo tão distante da gente, mas narealidade não é não. Muitos de nós já utilizamos a filosofia em nossa vidacotidiana e nem percebemos. Nos dias atuais a filosofia voltou a ser ministra-da no ensino fundamental, médio e superior, como é o caso do Curso deAdministração, por ser considerada, conforme Mattar (2004) uma ciência-mãe e servir de elemento de ligação e aglutinação entre os diversos camposde conhecimento relacionados com administração.

O mesmo autor faz uma citação de Mello e Souza1 sobre a importânciado estudo da filosofia para o administrador, ou seja, ela ensina literalmente apensar melhor e, com isso, a enxergar mais claramente o mundo das organi-zações, a tomar decisões mais adequadas, a ter mais equilíbrio, a ser maiscriativo, a julgar com mais sabedoria.

E a questão da ética? Provavelmente já viram na TV, jornais, rádio relatosde pessoas antiéticas como, por exemplo, os mais diversos políticos queestão no governo, nos estados, na sua cidade. E a ética das empresas? Ocomportamento ético das empresas diante de seus funcionários, clientes,fornecedores e demais pessoas envolvidas e a preocupação com as ques-tões ambientais (responsabilidade ambiental). O valor que tem um funcioná-rio ético, honesto, justo nas empresas como uma das mais importantes com-petências comportamentais em uma organização.

Qual indivíduo que nunca passou por um dilema ético? Ou seja, umaescolha que você faz relacionada com um princípio ou uma prática moral.Por exemplo, o que devo fazer quando a empresa que trabalho me dá umdinheiro maior do que o combinado? Devo comunicar o valor a mais ou ficarquieto? O que devo dizer quando uma mentira conveniente pode ajudar adisfarçar um erro que cometi? Até onde posso ir nas promessas que façopara conquistar um cliente?

1 MELLO E SOUZA, Roberto de. O executivo filósofo. São Paulo: Duas Cidades, 1992, p. 19-20.

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1.2 - DEFINIÇÃO, CONCEITOS ERELAÇÃO DE FILOSOFIA E ÉTICA

O termo Filosofia vem do grego: Philo, Philía, quer dizer amizade, amorfraterno, respeito entre os iguais. E Sophia, significa sabedoria, conhecimen-to, saber. Sophós, sábio.

Assim, o filósofo, segundo Mattar (2004), seria o amigo da sabedoria e afilosofia seria amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber, desejasaber. Ou “a sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas os ho-mens podem desejá-la ou amá-la, tornando-se filósofos” (Pitágoras apudChauí, 2002).

De acordo com Mattar (2004) a filosofia nasceu entre o final do século VIIe início do Século VI a.C., na Grécia Antiga, no qual o mito/mitologias e reli-gião dão lugar à razão.

Questões para reflexão:

- Podemos explicar tudo por meio da lógica e da ciência?

- Não poderá surgir, além do pensamento racional, outra forma de pensa-mento?

- Além da mitologia, não existe uma forma de compreender o mundo?

Pitágoras (apud Chauí, 2002), importante filósofo que teve grande contri-buição política, religiosa e moral, além da matemática, e a geometria, torna-se elemento essencial para a compreensão do mundo, com o desenvolvi-mento do conhecido Teorema de Pitágoras, o qual faz uma analogia da filo-sofia com os jogos olímpicos da Grécia. Para ele há três tipos de pessoas quecompareciam aos jogos olímpicos.

4 Pitágoras.Fonte:http://www.google.com.br/http://

teoremadepitagoras.wordpress.com/2010/09/20/pitagoras-e-a-musica

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1) As que iam para comerciar durante os jogos – servir seus própriosinteresses sem se preocupar com as disputas e os torneios. O saber não épropriedade;

2) As que iam para competir (Atletas e Artistas). O saber não faz das idéiase dos conhecimentos uma habilidade para vencer;

3) As que iam para assistir aos os jogos e torneios – avaliavam osdesempenhos e julgavam o valor dos competidores, que segundo Pitágoras,seriam os Filósofos, já que observa, contempla (olha com atenção e admira),julga e avalia as coisas e a vida, possui o desejo de saber.

De acordo com Chauí (2002) a Filosofia é um modo de pensar e exprimiros pensamentos. Por meio da Filosofia os gregos deram base e princípiospara a razão, a racionalidade, a ciência, a ética, a política, a técnica e a arte.

Assim, de acordo com Morente (1980, p. 26-29), este significado dura nahistória pouco tempo, pois na época de Aristóteles a distinção corrente daspartes da filosofia era: lógica, física, metafísica e ética. Ou seja:

- A lógica era a parte que estudava os meios de adquirir o conhecimento,os métodos do pensamento humano;

- A física era o conjunto de nosso saber acerca de todas as coisas, fossemquais fossem. Todas as coisas, e a alma humana entre elas, estavam dentroda física.

- A ética, nossa questão em estudo, era o nome geral com que se desig-navam todos os nossos conhecimentos acerca das atividades do homem; oque o homem é, o que o homem produz, que não está na natureza, que nãoforma parte da física, mas antes é feito pelo homem.

Portanto, agora vamos entender o conceito de Ética. Segundo Chauí(2002), Alonso, Lopes e Catrucci (2006) a ética é o ramo da Filosofia consi-derado como ciência, portanto sua relação com a Filosofia. A palavra Éticavem do grego ethos significa modo de ser, caráter, e por meio do latim mos

(ou no plural mores, significa costumes, de onde se derivou a palavra moral.

Em Filosofia, Ética significa o que é bom para o indivíduo e para a socieda-de, e seu estudo contribui para estabelecer a natureza de deveres no relaci-onamento indivíduo – sociedade.

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De acordo com os autores a Moral vem do latim mores, que significacostumes. Embora nós utilizamos os dois termos para expressarmos as no-ções do bem e do mal, convém fazermos uma distinção: a Moral énormativa, enquanto a Ética é especulativa. Pode-se dizer, que a Ética é aciência da Moral.

Assim, a Ética e a Moral distinguem-se, essencialmente, pela especula-ção da Lei. A Ética refere-se à norma invariante, ou seja é inflexível, porexemplo não existe ética dos ladrões, a ética dos assassinos, a ética domercado (me refiro à expressão que é comumente utilizada nos dias atuaisdiante das especulações do mercado, do suborno, da propina que muitasempresas realizam para conseguir garantir sua clientela); A Moral é vari-ante, ou seja, o que é certo e errado para uma pessoa, pode não ser paraoutra, depende da pessoa. Contudo, há uma relação entre ambas, pois asistematização da segunda tem íntima relação com a primeira, ou seja, aética é a ciência ou a filosofia da conduta humana e a moral é a qualidade daconduta humana.

De acordo com Alonso, Lopes e Catrucci (2006, p. 3-4) ambos os ter-mos, ética e moral, costumam ser usados como adjetivos de uma conduta:diz-se moral ou ética a conduta boa, e imoral ou antiética a conduta má. Eexplicam o significado da ética como a ciência que estuda a vida do ser huma-no, sob o ponto de vista da qualidade da sua conduta. A Ética não é umaciência teórica ou especulativa, mas uma ciência prática, no sentido de quese preocupa com a ação, com o ato humano. Assim, praticar a ética é oúnico meio de alcançar a felicidade. Esta é a finalidade da ética, ou seja, ofere-

cer o caminho para alcançar uma vida moralmente boa e, por meio dela a felici-

dade. Ser feliz é o resultado do hábito do bem agir.

Com isso, caros aluno é possível perceber que a ética é muito utilizada noambiente de trabalho, já que sempre julgamos as ações dos funcionários esua conduta. Hoje ser ético no trabalho se tornou um diferencial, uma vanta-gem competitiva em relação aos demais concorrentes.

A ética é o objeto de estudo milenar de filósofos antigos desde Aristótelesao Sócrates, Platão e Pitágoras.

A partir de autores como Chauí (2002), Mattar (2004) Aranha, Martins(1993), Folscheid, Wunenburger (2002), Alonso, Lopes e Catrucci (2006)demonstraremos a relação destes grandes filósofos e a contribuição que trou-xeram para o entendimento da ética.

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• Sócrates (470-399 a. C.) é uma das figuras de maior importância etalvez a mais polêmica e enigmática da filosofia ocidental, mesmo sem nadater escrito. A moral, conceito amplamente relacionado com a ética, é a parteculminante da sua filosofia. Sócrates ensina a bem pensar para bem viver. Omeio único de alcançar a felicidade ou semelhança com Deus, fim supremodo homem, é a prática da virtude. Para ele a virtude é o fim da atividadehumana e se identifica com o bem que convém à natureza humana.

4 Rosto de Sócrates exposto no museu do Louvre.Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%B3crates

• Platão (429-347 a. C.) - Desenvolve a doutrina de Sócrates. Para Platãoa Ética seria o estudo das disposições da alma, das virtudes. Apresenta avirtude como meio para atingir a bem-aventurança. Descreve as 4 virtudescardeais: a sabedoria, a fortaleza, a temperança e a justiça. Segundo Platão,embora todos desejem o bem “real”, apenas os sábios, os selecionados den-tre os que revelaram maior capacidade intelectual, é que estão, por causa desua elevada capacidade de visão, habilitados a se dedicar integralmente àascese filosófica, isto é, à busca efetiva pelo bem real. Nesse caso, se a ele édada essa capacidade, a eles deve ser dada, também, a responsabilidade cor-respondente, que é a de guiar os outros pela estrada da vida justa. Então, emsua tarefa de governar a cidade, os filósofos devem proporcionar aos outroscidadãos modos de educação tais que os tornem capazes, de acordo com

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suas respectivas naturezas, de participarem do bem real (ainda, naturalmen-te, que em menor proporção do que os filósofos, mas, de todo modo, naproporção possível e justa, de acordo com os desígnios do universo). Nessesentido, há uma relação intrínseca entre a ética – que vem a ser o cami-nho dos sábios na procura da verdade e do bem – e a política justa, quevem a ser o governo dos sábios, os únicos capazes de darem normas verda-deiramente justas à cidade. Isto é, normas conformes à própria natureza dobem.

4 Platão.Fonte: http://www.google.com.br/http://

palavrastodaspalavras.wordpress.com/2010/01/14/a-arte-no-conceito-de-platao-e-

aristoteles-por-fernando-santoro/

• Aristóteles (384-322 a. C.) - Aristóteles acredita que “pelos atos quepraticamos em nossas relações com os homens nos tornamos justos ouinjustos”, ou seja, diante da forma como nos comportamos com as pessoaspodemos ser bons ou ruins, corretos ou incorretos, éticos ou antiéticos.Assim, a Ética passa a ser um exercício racional do homem, dotado desabedoria prática. As virtudes não são hábitos do intelecto como queriamSócrates e Platão, mas da vontade. Para Aristóteles não existem virtudesinatas, mas todas se adquirem pela repetição dos atos, que gera o costume(mos), donde o nome virtude moral. Os atos, para gerarem as virtudes, nãodevem desviar-se nem por defeito, nem por excesso, pois a virtude consistena justa medida, longe dos dois extremos. Por meio do estudo da éticaAristóteles se pergunta: “qual é o bem supremo que podemos conseguir emtodos os atos de nossa vida?” E responde: “a palavra que designa o bemsupremo, aceita por todos, é felicidade e, segundo a opinião comum, viverbem, agir bem, é sinônimo de ser feliz”.

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1.2.1 - ÉTICA E AS VIRTUDES

Já vimos anteriormente alguma relação de ética e virtude com os filósofosgregos citados acima, além disso, de acordo com Alonso, Lopes e Catrucci(2006), a Ética envolve estudos de aprovação de “valor” como equivalente auma medição do que é real e voluntarioso no campo das ações virtuosas(trata das virtudes). A Ética analisa a vontade e o Desempenho Virtuoso,quer em relação à própria pessoa, quer em face da comunidade em que seinsere.

Segundo os autores Alonso, Lopes e Catrucci (2006, p.61), as virtudessão hábitos, adquiridos disciplinadamente, que predispõem as pessoas paraagir bem, é a prática do BEM, promotora da felicidade dos seres, quer indivi-dualmente ou coletivamente, por exemplo: ajudar o próximo, sorrir, sercordial, ser justo, generoso, paciente, cumprir os compromissos etc. deveresultar do consenso de todos e ser aceita como tal. A prática do BEM édecorrente da conduta (do que se faz para consegui-lo). Para Hobbes, pen-sador inglês, escritor de Leviatã (1588): “Conduta é a conservação de simesmo como um bem maior”; “O medo da opressão predispõe os homensa buscar ajuda na associação através do respeito entre as pessoas.”

Segundo Aristóteles, as principais virtudes são prudência, justiça, fortalezae respeito próprio, gentileza, veracidade, temperança (virtude moral quenos dispõe a moderar a procura do prazer, ou seja, ter autocontrole quantoà necessidade sexual, comida, bebida, etc.).

4 Aristóteles.Fonte: http://www.google.com.br/http://www.brasilescola.com/filosofia/aristoteles-educacao.htm

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As virtudes não são inatas, são adquiridas. O ser humano nasce, sim, do-tado de um organismo ético, mas cabe a cada um ‘fazê-lo funcionar’. Ocontrário das virtudes são os vícios, o mal hábito adquirido, por exemplo, aimprudência, a injustiça, a covardia, a intemperança, entre outros.

Para refletirmos:

- Do que é que somos capazes, como seres dotados de razão, de delibe-ração e decisão?

- Como seres que confabulam, refletem, agem e criam, intentam, do quesomos capazes?

Assim, paradoxalmente somos capazes de construir e destruir, e essascontradições marcam a vida social. Onde está à humanidade está aambiguidade. Atrás desse dilema está o rol de escolhas e decisões que mar-cam a capacidade humana de deliberar e, portanto, que dão condições paraa formação do agir ético.

1.2.2 - ÉTICA E A MOTIVAÇÃO

Vocês acreditam que há alguma relação entre ética e motivação? Ou en-tre motivação e a ética? Já pararam para pensar sobre estes pontos?

Pois bem, em nossa mente, emoção e corpo estão interligados e quandoem interação oferecem condições de beneficiar a conduta humana. A ado-ção de preceitos e princípios podem levar o homem a uma conduta sadia ede qualidade.

4 Fonte: http://www.clarearpp.com.br/

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De acordo com Bullara (2007) a motivação é um estado emocional queage na ação dos seres levando-os a práticas do bem. Assim, motivação eética estão diretamente relacionadas. As pessoas motivadas por diferentesrazões agem de modo ético ou não, a partir dos vínculos criados entre fun-cionário e empresa, numa relação de causa e efeito na qual a conduta doslíderes e as políticas empresariais têm papel fundamental.

De acordo com Cavalcanti (2005) e Robbins (2002), dentre as teoriasmotivacionais está a Teoria da Equidade, ou seja, afirma que os funcionáriosfazem comparações entre seu trabalho (entradas + resultados obtidos) como dos outros. Assim, pode haver percepção de relação igual, de justiça, deética que leva ao estado de equidade ou percepção de relação desigual, deinjustiça que pode levar a tensão da equidade e, consequentemente, àdesmotivação.

Portanto, funcionários motivados com o trabalho tendem a apresentarcomportamentos mais éticos na empresa, e o inverso também é verdadei-ro, ou seja, empresas que apresentam uma cultura organizacional pautadana ética, justiça, tendem a apresentar quadro de funcionários mais motiva-dos.

1.3 - A CONSCIÊNCIA ÉTICA

Vocês já leram alguma vez a respeito da consciência ética? O que envolveeste aspecto da ética? Qual a importância deste estudo para o nosso desen-volvimento ético?

De acordo com Sá (2007) a ética é processada primeiro no lar, depois naescola e seguidamente na ambiência com outras crianças e adultos. A Educa-ção é a principal responsável pela estrutura da Consciência, da vontade e emdecorrência, da conduta humana. Assim, o meio em que vivemos tende ainfluir sobre nossa consciência.

A ética depende do ATO CONSCIENTE, da relação íntima do homemconsigo mesmo.

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Segundo o autor a consciência Ética é um estado decorrente da MENTEe ESPÍRITO, por meio do qual não só aceitamos modelos para a conduta,como efetuamos julgamentos próprios.

A Consciência Ética e o senso moral referem-se a valores (justiça, honra-dez, espírito de sacrifício, integridade, generosidade), a sentimentos provo-cados pelos valores (admiração, vergonha, culpa, remorso, cólera, amor,dúvida, medo) e a decisões que conduzem a ações com consequências paranós e para os outros.

Há um fluxo de julgamentos e intuições para o que admitimos como ver-dade. Nosso desejo mais profundo é afastar a dor e o sofrimento e de alcan-çar a felicidade, seja para ficarmos contentes conosco mesmos, seja por re-cebermos a aprovação dos outros.

4 Fonte: http://www.google.com.br/ http://codigodacultura.wordpress.com/2010/03/31/

objeccao-de-consciencia-ou-objectores-de-consciencia

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Portanto, segundo Sá (2008, p. 97- 103) a consciência ética impõe umsentimento de cumprimento da mesma, isto pode ser denominado de de-ver ético ou dever moral, ou seja, cumprir o que se faz útil e necessário asobrevivência harmônica, própria do grupo, dos semelhantes, da sociedade,é um “dever” ou obrigação perante as regras de convivência. O dever situa-se como uma disposição especial a exigir o seu cumprimento, conveniênciae êxito da conduta humana perante terceiros.

De acordo com o autor, há dois tipos de dever ético:

a) O Dever Ético Natural

É o que a ética escolhe como categórico, específico da natureza da con-duta. É a voluntária manifestação de vontade.

Assim, tramar contra um colega de trabalho, motivado pela inveja ou de-sejo de ascensão profissional, é uma traição, e este é um dos mais condená-veis defeitos do ser humano, pela má qualidade moral de quem a pratica; otraidor é deformado moralmente, indigno do respeito de seus semelhantese antes de tudo um covarde.

A condição de alguém obrigar-se a cumprir e a fazer da virtude um propó-sito de vida é geradora dessa obrigação, que não é compulsória por atossociais, nem por ambiências, mas por vontade própria.

b) O Dever Compulsório

É formado com características de obediência, não de vontade. O cumpri-mento do dever ético é tarefa educacional permanente. A falta de cumpri-mento do dever assume caráter de violação, ou seja, de transgressão deobrigação da norma, mas intimamente, é mais que isto, por representar umaantipropriedade do espírito.

Com isso, a violação torna-se objeto de sanção ou punição, quer natu-ral (pela autocrítica), quer do grupo próximo (perdas de oportunidades),quer legal (pelas implicações penais), quer profissional (por meio dos Tribu-nais de ética das instituições de fiscalização do exercício), quer social (peran-te a comunidade).

Sá (2007) nos indica alguns critérios para que possamos desenvolvê-losna nossa vida, são eles:

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• Reflexão Ética

A ética deve ser uma atitude reflexiva de vida, algo impregnado à dimen-são da razão deliberativa, em constante confronto com os nossosquestionamentos (substitui por inquirições), dificuldades, desafios e proble-mas inerentes à existência em si.

• Revisar a Realidade

É a atitude permanente na consciência humana revisando-se os modos deintervir na realidade em geral e mais especificamente sobre a realidade dooutro.

• Maturidade Ética

Forma atenciosa de pensar e repensar o mundo das ocorrênciasintersubjetivas, sempre prevista na dimensão da ação, a possibilidade,admissibilidade do erro ou engano.

• Desenvolvimento de um mapa ético profissional

1. Atribuir aos semelhantes o mesmo amor que a si atribui;

2. Ter a ciência e o trabalho como progenitores para a fraternidade uni-versal;

3. Excluir e não perder tempo com ações negativas contra os colegas;

4. Receber como natural a retribuição pelo que doamos como BOM eBEM;

5. Demonstrar o valor próprio sem reduzir o de terceiros;

6. Manter como legítimo o interesse pelo progresso dos outros;

7. Atribuir como ato lícito, trabalhos e ideias próprias;

8. Contribuir como prática virtuosa para o progresso e difusão do conhe-cimento;

9. Manter austeridade para o respeito e a simplicidade para o entendi-mento;

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10. Manter linhas de dignidade e respeitabilidade imprescindíveis de umacategoria profissional;

11. Aceitar responsabilidades na participação de órgãos de classe semfavorecimentos pessoais e direcionamentos particulares;

12. Tratar o salário como retorno pela utilidade, qualidade, quantidade,temporalidade, espacialidade e possibilidade das partes;

13. Respeitar os interesses individuais na condição de pessoa pública.

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CAPÍTULO 22 – A ÉTICA DA MENTIRA

“A mentira é como a bola de neve; quanto mais rola,

tanto mais aumenta.” (Martinho Lutero).

“O que faz mal não é a mentira que passa pela

mente, mas a que nela mergulha e se firma.” (Francis Bacon)

Você já mentiu? Quem nunca mentiu já está mentindo. E quando alguémé beneficiado por contar uma mentira, este comportamento pode ser apren-dido e repetido em alta frequência. E qual a relação entre mentira e ética?Quando uma mentira pode ser considerada ética? É possível haver ética damentira? É isso que vamos estudar!

De acordo com o dicionário Howaiss (2009), mentira significa dizer, afir-mar ser verdadeiro aquilo que se sabe falso; dar informação falsa a alguém afim de induzir ao erro, não corresponder a aquilo que se espera; falhar, faltar,errar, causar ilusão a; dissimular a verdade; enganar, iludir, não revelar; es-conder, ocultar.

4 Fonte: http://m12g12.blogspot.com.br/2010/08/o-que-leva-uma-pessoa-mentir.html

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Assim, é possível dizer que a mentira pode ser uma prática cotidiana paramuitas pessoas. Até uma criança mente para seus pais quando estes costu-mam repreendê-las pelo que fazem, quando punem deliberadamente seusrelatos sobre o que consideram ser errado ou quando limitam muito as pos-sibilidades sobre o que as crianças podem fazer. Então, elas mentiriam parater a oportunidade de brincar com um coleguinha que não é benquisto pelasua família, mentiriam sobre ter realizado a tarefa de casa para assistir ao seudesenho favorito, entre outros motivos.

Segundo Sá (2007, p. 247) a mentira é uma falsidade, uma afirmação cons-ciente contrária a uma realidade, ou seja, uma negação da verdade, e, por-tanto, uma lesão à virtude, a prática do bem de cada um e ao de terceiro.

Parece contraditório a ética estudar e analisar a mentira, como objeto deconhecimento, assim, o mesmo autor comenta que os males que vitimarama vida dos homens, ao longo do tempo, exigiram a pesquisa sobre as condu-tas do homem perante a realidade e como consequência natural exigiram apesquisa das normas de comportamento humano em relação à verdade.

De acordo com Sá (2007) grandes intelectuais clássicos, como Marco TúlioCícero (106-43 a. C.), elaboraram proposições sobre uma lógica da mentira,como um dos graves males, mas somente nos tempos modernos, a análiseda mentira se desenvolveu de maneira mais profunda, com Voltaire (1694-1778), Rousseau (1712-1778), Schopenhauer (1788-1860), Friedrich Nietzsche(1844-1900), dentre outros seguidores desses, também notáveis, como MaxNordau, principalmente pelo que escreveu em sua obra As mentiras conven-

cionais da nossa civilização.

Porém, Sá (2007), afirma ser Nietzsche, entre os pensadores citados, quemais severamente rebelou-se contra as falsidades, levando a críticas duras.

4 Fonte: http://filosofiacomchristianeforcinito.blogspot.com.br/2011/03/

invencao-da-verdade-e-do-conhecimento.html

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Segundo o autor (SÁ, 2007, p. 248), Nietzsche:

• Reconheceu como mentiras muitas normas morais consagradas, admi-tindo-as mais como tradições equivocadas de modelos de conduta que mes-mo como realidades virtuosas, o que chamamos de falso moralismo e estafalsidade substitui o que realmente deve ocorrer como base moral e ética.

• Para ele muitos aceitam a Ética da Mentira para defender a ambição degrupos de poder.

Esses grupos desconhecem as necessidades da humanidade edefendem apenas os interesses especulativos.

Com essa afirmativa acima de Nietzsche podemos observar que mui-tos políticos, empresários e demais grupos de poder utilizam da mentira parajustificar seu próprio interesse, acreditando que muitas vezes mentir faz-senecessário para o bem para a maioria da população, dos funcionários de umaempresa, entre outros, mas na realidade estão aproveitando da mentira porinteresses próprios ou por conveniência.

Segundo Rousseau (1995) mentir em vantagem própria é impostura,mentir em vantagem alheia é fraude, mentir para prejudicar é calúnia, é apior espécie de mentira. Mentir sem proveito nem prejuízo para si nem paraoutrem é mentir: não é mentira é ficção. Portanto, podemos entender quea mentira sempre causa prejuízo para as outras pessoas.

2.1 - ASPECTOS DE UMA LÓGICA DA MENTIRA

A mentira, para que seja um objeto de estudo do campo da ética, neces-sita ser entendida com base nas relações lógicas. Assim, questionamos: quaisas razões que motivam uma pessoa a mentir? Quais as razões para ser falso?Qual a dimensão da falsidade de uma pessoa?

Seja por índole, conveniência, defeito educacional, condicionamento mentalou fator emocional, a mentira apóia-se em razões íntimas, subjetivas, diantede situações diversas, mas exterioriza-se nas evidências, na realidade objeti-va (SÁ, 2007).

Temos, em muitas situações, necessidade de mentir e em outras umanecessidade de evitar a mentira. Estamos sempre lutando com essas polari-zadas: mentir ou agir com veracidade.

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Há por vezes uma finalidade em mentir. Embora a mentira possa ser efi-caz, nunca deixará de ser uma sonegação da verdade. Com isso, podemosentender que perante a ética, a mentira é uma ocultação da verdade, po-rém, diante do estudo da ética da mentira, algumas mentiras podem serválidas quando conscientemente praticadas e provocam efeitos virtuosos dequalificada expressão, ou seja, a mentira pode ser utilizada quando causa obem para a(s) pessoa(s).

Entretanto, há um limite de tolerância para a mentira no campo profissional,em face de conveniências específicas, mas jamais pode justificar a negligência.

Da qualidade do que se informa e da quantidade de pessoas a que seinforma a mentira decorrem a qualidade e a quantidade do dano causadopor essa mentira (SÁ, 2007).

As funções, as profissões, as atuações de seres humanos, quando pratica-das fora da realidade, valendo-se da mentira como instrumento, conforme aqualidade e a quantidade desta podem levar à desmoralização toda uma clas-se e até mesmo de uma nação.

Quanto maior é o conceito de uma pessoa, tanto maior deve ser o zeloem expor-se, em razão de sua também maior responsabilidade para com averdade. Assim, um gestor, líder ou diretor de uma organização, tem deverético em ser verdadeiro na sua atuação profissional diante de seu poder deinfluência, motivação, referência perante os funcionários.

4 Fonte: http://www.saidomuro.com/2012/04/mentira.html

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2.1.1 - ASPECTOS QUALITATIVOS DA MENTIRA

De acordo com Sá (2007) as pessoas mentem por vários motivos: porhábito, por medo, por ambição, por especulação, por insegurança, entreoutros. A mentira envolve:

- falsidade total;

- meia falsidade;

- simulação;

- ocultar parcial ou totalmente à verdade.

Muita coisa, aceita como verdadeira, mas sendo, de fato, mentira, pode nãofazer de quem a difunde um mentiroso, em sentido absoluto. Deixará de sermentiroso quem, admitindo que não minta, divulga o que lhe foi imposto comodogma, mas, nem por isso deixará de veicular a mentira, se o referido dogmafor baseado em falsidade (SÁ, 2007). Assim, por exemplo, na empresa se apren-do algo a fazer como verdadeiro, correto, mesmo que não seja não significaque sou mentiroso, já que não sabia da realidade, apesar de veicular a mentira.

Quando se mente, consciente do que se está veiculando a falsidade, torna-se um mentiroso autêntico e absoluto, porque se identifica com a mentira.

Hoje temos mais acesso à informação, assim os veículos de comunicaçãopossuem grande influência e responsabilidade com as informações transmiti-das. Entretanto, muitos veículos de massa manipulam as informações, há umcontrole da imprensa na forma como essa informação é transmitida, nãoutilizando a imparcialidade e neutralidade necessária, podendo usar da falsi-dade para atender a interesses de terceiros.

4 Figura 01Fonte: http://pazdornelles.blogspot.com.br/2009/09/manipulacao-damidia-sobre-o-publico.html

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4 Figura 02Fonte: http://www.nossaguaira.com/2010/07/

o-mundo-da-manipulacao.html

Segundo Sá (2007) há um tipo de mentira que se tem chamado de “piedo-sa” e também aquela que visa à “defesa de uma virtude maior” – que se faztolerável. “A inteligência emocional” é uma importante arma em prol dosucesso e, também, que algumas mentiras podem ser válidas, ainda que cons-

cientemente praticadas, quando os efeitos das mesmas se materializam em uma

finalidade virtuosa de qualificada expressão” (p. 254).

Desta forma, os aspectos qualitativos da mentira estão voltados para aintenção, a intensidade, a finalidade da mentira.

2.1.2 - ASPECTOS QUANTITATIVOS DA MENTIRA

Já falamos anteriormente sobre os aspectos qualitativos da mentira, agoravamos entender os aspectos quantitativos da mentira, deste modo, amentira é quantificável em sua utilização, depende do grau de repercussãoda utilização da mentira.

Assim, segundo Sá (2007) os formadores de opinião possuem mais res-ponsabilidade social e humana perante a verdade que quaisquer outras pes-soas. Podemos citar como formadores de opinião os acionistas das empre-sas, diretores, gerentes, políticos, esportistas, artistas, líderes religiosos e aprópria mídia, por isso o maior compromisso e obrigação para com a vera-cidade.

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O autor acrescenta que a falsidade tende a ser mais crítica quanto maior éo número de pessoas que ela alcança e quanto mais expressivos são a ima-gem e o conceito daquele que a propaga.

Por conseguinte, o efeito multiplicador do mal de mentir pode ser tãogrande que pode se transformar em catástrofe porque maior será a quanti-dade de pessoas dispostas a crer no que foi objeto de parecer.

Por isso, a importância das organizações terem profissionais que exijam ocomportamento ético, na busca da verdade e na prática das virtudes, o quecontribui para cada um de seus componentes, para toda a empresa e os quedela possuir influência (clientes, fornecedores, comunidade etc.).

Por mais que em determinadas funções ou profissões, segundo o mesmoautor, possa ocorrer uma tolerância com relação à mentira, como no casode um médico ocultar o diagnóstico terminal do paciente para não causarmais danos do que seu sofrimento com sua enfermidade, isto não anula aconsideração do aspecto não ético que esta representa e nem justifica quese prossiga tolerando-a. Consequentemente, a tolerância para com a menti-ra não anula e nem exclui efeitos colaterais graves.

2.2 - DEVER ÉTICO E A MENTIRA

Ser verdadeiro é um relevante compromisso, que implica na obrigaçãode recusar a mentir. Faltar com a verdade é, por natureza, falso e antiéticoperante a sociedade, e só pode haver tolerância quando um bem muitomaior possa ocorrer em favor de terceiros ou do sistema (SÁ, 2207, p.257).

A moral individual pode variar, mas o dever ético não o pode. Contudo,somente diante de fatos excepcionais com raras exceções são aceitáveispela Ética, como vimos acima.

O mau exemplo, quando não é punido adequadamente, estimula acorrupção, a desmoralização e os demais vícios defluentes dessas anomalias,e tenta alimentar e realimentar as transgressões. Por isso, numa organizaçãoé dever dos gestores (encarregados, supervisores, gerentes e diretores) punircomportamentos antiéticos, tais como, a mentira, a falsidade, a injustiça, afalta de compromisso para com a empresa.

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2.3 - A ÉTICA PROFISSIONAL E A MENTIRA

O profissional por natureza dever ser um homem seriamente compro-metido com a verdade, mas existem casos em que a verdade pode chegara ser perniciosa (ou seja, perigosa) se dita com toda a sua dureza, e tambémaqueles em que a proteção de uma virtude maior, como a do sigilo, porexemplo, exige a ocultação de realidades.

A mentira no campo profissional, portanto, apresenta-se sobre vários as-pectos. Assim, ocultar a verdade até mentir para se beneficiar, em casos demenor importância, mas que podem causar fortes impressões, segundo Sá(2007, p. 262) parece ser uma mentira justificada profissionalmente, desdeque não tenha efeitos prejudiciais relevantes.

Há, pois, um limite de tolerância para a mentira no campo profissional,em face de conveniências benéficas, mas jamais isso pode justificar a negli-gência, ausência de zelo, cuidado na solução de problemas de um cliente, emuito menos algo que possa resultar na quebra de confiança.

4 Fonte: http://segurancasaude.blogspot.com.br/2012/02/voce-e-etico-trabalhador-tecnico-em.html

Desta forma, temos um dever ético com a verdade, a justiça, com com-portamento considerado transparente.

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CAPÍTULO 33 - DESENVOLVIMENTO ÉTICO NA EMPRESA

“Nenhuma sociedade pode sobreviver e progredir

sem um conjunto de princípios e normas que defina

o tipo de comportamento socialmente aceito como

ético” (LACOMBE, 2006, p. 377).

Vivemos num período em que o respeito à ética parece ter diminuído.No entanto, seria ingênuo pensar que a ética já constituiu algum dia a base docomportamento humano de grande parte da sociedade.

De acordo com Alonso, López e Castrucci (2006), sendo o ser humanopor natureza ética ser responsável pela moralidade de seus atos é preciso otreinamento ético, já que a fraqueza moral humana é um fenômeno univer-sal e repetidas vezes não fazemos o bem que sabemos que deveríamos fazere não evitamos o mal que sabemos que deveríamos evitar.

Por que razão as empresas deveriam ser éticas? O que ela ganha comisso? As ações e decisões éticas têm um custo. Qual é o benefício? De queforma podemos desenvolver a ética nas organizações?

Dentre as vantagens do desenvolvimento da ética nas organizações estão(LACOMBE, 2006, p. 379-80):

a) Valor material;

b) Prestígio;

c) Respeito do público, dos empregados, dos fornecedores e dos consu-midores;

d) Confiança nos produtos e nas decisões da empresa;

e) Atração e retenção de empregados, clientes e fornecedores éticos eresponsáveis;

f) Consequentemente, aumento nos resultados financeiros da empresa.

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Diante desses benefícios citados acima proporcionados pelo desenvolvi-mento ético nas empresas, por que a postura ética nem sempre é seguida?

Segundo o mesmo autor (p.380), caso uma empresa perca acompetitividade e se comporta de forma ética, ela pode apelar para açõesantiéticas para assegurar sua sobrevivência. Com isso, muitas empresas, apa-rentemente éticas, acham que, num momento de pressão, será válido co-meter “pequenos deslizes”, esquecendo-se das consequências que isso podeacarretar no futuro.

Porém, uma empresa que não se comporta de forma ética terá dificulda-de para atrair investimentos e parceiros comerciais. Assim, como desenvol-ver a ética nas organizações? Segundo Lacombe (2006, p. 377-78) é necessá-rio para o desenvolvimento ético:

1º) A alta administração deve adotar padrões éticos, além de estabelecerobjetivos, políticas, normas éticos, pois nenhuma empresa pode ser ética sea alta administração não transmitir uma cultura organizacional baseada empremissas éticas;

2º) Recrutar e selecionar empregados que estejam de acordo com essacultura ética espelhada na cultura da empresa;

3º) Treinar os funcionários para que se comportem de acordo com ospadrões, valores e princípios da empresa, já que muitas crenças e valorespodem ser aprendidos. O treinamento aumenta o desenvolvimento moraldos indivíduos, e mesmo não atingindo nenhum outro objetivo, o treina-mento ético, ao menos, aumenta a consciência dos problemas éticos nosnegócios (FERRELL et. al., 2004).

Caso Johnson & Johnson – vantagem deuma empresa com postura ética:

“Uma das empresas mais reconhecidas internacionalmente pela sua pos-tura ética é a Johnson & Johnson. Quando teve que enfrentar a criseprovocada por um psicopata que envenenou cápsulas de Tylenol, teve aatitude que seria esperável por parte de uma empresa com o seu nome:recolheu todos os comprimidos existentes no mercado, incinerou-os,passou a utilizar uma embalagem de violação muito complicada e, mesesdepois, com intensa campanha publicitária, relançou o produto, que vol-tou a ser um dos mais lucrativos.

Fonte: Lacombe (2006, p. 382).

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3.1 - RESPONSABILIDADE DA EMPRESA

QUANTO AO DESENVOLVIMENTO ÉTICO

A empresa pode ser considerada um agente moral, com a responsabilida-de de manter valores básicos e um conjunto de pesos e contrapesos queincentivem a conduta ética (FERREL, 2004, p. 150).

Com isso, estudos mostram (ALONSO, LÓPEZ E CASTRUCCI, 2006),que a conduta real das pessoas, sob o campo da ética, depende de inúmerosfatores como:

• valores e tradições da empresa,

• oportunidades de ganho,

• influência de terceiros – tais como:colegas, superiores, clientes; e

• valores pessoais dos indivíduos que concretamente tomam das deci-sões.

4 Fonte: http://www.prosil.com.br/etica.php

Porém, segundo estes autores acima citados, as empresas com uma cul-tura que enfatiza lucros de curto prazo e leva gerentes e empregados a agi-rem contra seus princípios, valores, crenças e ética individual precisam com-preender os custos de tal comportamento.

Alguns funcionários cedem à pressão da empresa e esquecem de seusvalores pessoais, racionalizam seus decisões, dando justificativas socialmente

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aceitáveis, dizendo que são meros funcionários da empresa. Todavia, assimcomo vimos anteriormente, gerentes e empregados tomadores de deci-sões também têm responsabilidades perante o público externo.

Portanto, assim como as empresas podem influenciar negativamente ocomportamento ético dos empregados, também pode fazê-lo positivamen-te, criando condições que incentivem o bom comportamento e desestimulemo mau comportamento. Para lidar com isso, é necessário a efetivação deProgramas de Treinamento e Desenvolvimento Moral e o desenvolvimentodos Códigos de Ética, que estudaremos no próximo capítulo (FERREL, 2004,p. 174).

3.2 - TREINAMENTOS E TÉCNICAS

PARA O DESENVOLVIMENTO ÉTICO

Segundo Alonso, López e Castrucci (2006, p. 196-8) há várias modalida-des de treinamento em Ética, adotada em função do conteúdo e da própriaeficiência didática da sua técnica. São elas:

a) Treinamento de Integração: Na integração dos funcionários à em-presa, é reservado um tempo para expor aos empregados recém-contrata-dos os ponto-chave do Código de Ética ou da Política de Ética da empresa.Nesta integração ilustram-se esses pontos com exemplos práticos ou casos,positivos ou negativos, para melhor compreensão. E levam ao conhecimen-to dos procedimentos seguidos em caso de dúvidas ou denúncia.

b) Programa avançado de desenvolvimento ético: É um programadestinado a gerentes e demais líderes, no qual se aprofunda o conhecimentodos princípios éticos, individuais e sociais, assim como sua aplicação à realida-de dos negócios da empresa. Há também estudo por meio de casos paraenfrentar os dilemas éticos que podem surgir em suas práticas na tomada dedecisão.

c) Programas especiais: Tem a finalidade de estudar situações extraor-dinárias, em qualquer setor da empresa, em que princípios e valores éticoscorrem o risco de ser violados, em função de decisões muito importantes efrequente na vida da empresa.

d) Curso de ética em universidades: Hoje a maioria dos cursos degraduação em Administração apresentam em seu curso a disciplina de Ética,além de possuir cursos de Pós-Graduação Lato Sensu ou especialização em

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Ética Empresarial, as quais as empresas encaminham seus profissionais

e) Técnicas: Preferencialmente pelas técnicas participativas, as técnicasutilizadas para o desenvolvimento ético propiciam a incorporação ouinteriorização de conceitos e de práticas éticas.

Entre as várias técnicas didáticas a serviço deste treinamento, podemoscitar:

- Expositiva: utilizada para descrição e explanação de conceitos, regras enormas, assim como para introdução de novos assuntos. Hoje em dia, utili-za-se a exposição oral, auxiliada frequentemente com projeção de slides edemais recursos audiovisuais.

- Estudos de caso: muito utilizado e recomendado em treinamento emÉtica, pois desenvolve a habilidade de análise de situações concretas, nãosomente do ponto de vista técnico, mas também do ponto de vista dos prin-cípios e valores éticos.

- Jogos: são também utilizados, exigindo decisões éticas, levando em con-ta não somente princípios e valores éticos, mas também as consequênciasdestas decisões.

4 Fonte: http://tecnicadevendas.blogspot.com.br/2011/02/aprimore-seu-poder-de-negociacao.html

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Alonso, López e Castrucci (2006, p. 199) citam como benefícios do trei-namento em ética, tanto para a empresa, como para os funcionários:

• Reforçar os padrões de conduta da organização;

• Lembrar os empregados que a alta administração deseja que eles levemem conta os princípios e valores éticos na tomada de decisões;

• Tornar claras as práticas aceitáveis e não as não aceitáveis;

• Dar segurança aos administradores quando, ao enfrentarem dilemaséticos, tomarem decisões antipáticas, embora eticamente corretas;

• Evitar racionalizações comuns para o comportamento não ético.

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CAPÍTULO 44 - OS CÓDIGOS DE ÉTICA

4.1 - CÓDIGOS DE ÉTICA EMPRESARIAL

4.1.1 - DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICASDOS CÓDIGOS DE ÉTICA

Falamos anteriormente sobre o desenvolvimento ético nas empresas, suaimportância e benefícios para a organização. Assim, uma das formas de de-senvolver a ética nas empresas é a utilização de Códigos de Éticas, ou seja,explicitar as normas e regulamentos sobre as condutas valorizadas e exigidaspela empresa.

O Código de ética é um instrumento de realização dos princípios, visão emissão da empresa. Serve para orientar as ações de seus funcionários eexplicitar a postura social da empresa em face dos diferentes públicos comos quais interage.

É de máxima importância que seu conteúdo seja refletido nas atitudes daspessoas a que se dirige e encontre respaldo na alta administração da empre-sa, que tanto quanto o último empregado contratado tem a responsabilida-de de vivenciá-lo (WHITAKER e ARRUDA, 2007).

Segundo Alonso, López e Castrucci (2006, p. 183), um código de éticaempresarial é um conjunto de normas éticas ditadas pela autoridade em-presarial com vistas ao bem comum. Estes códigos devem prever sanções(advertência, suspensão e demissão) para os infratores e, para que seja ava-liada a conduta dos funcionários devem contar com Comissões de Julgamen-to, integradas por pessoas da própria empresa, de fora e por pessoas degrande neutralidade e com maturidade ética. É importante comentar que oético e o jurídico se inter-relacionam fazendo com que, frequentemente,nesse código se repitam normas legais.

Portanto, além de prever o comportamento dos funcionários, ele possuium caráter punitivo ou sancionador, tais como advertência, suspensão e atédemissão, caso o funcionário não cumpra as normas pré-estabelecidas, por-

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tanto, deve seguir o modelo dos códigos penais. Por conta disso, o códigode ética deve ser claro e perfeitamente estabelecido com a cultura e realida-de de cada empresa, estabelecendo padrões corretos de comportamento, apartir de bem diagnosticar a sua própria problemática ética e de enfrentá-la(ALONSO, LÓPEZ E CASTRUCCI, 2006).

4 Fonte: http://riceliocosta.blogspot.com.br/2011/07/o-que-e-etica.html

O código de ética deve especificar as infrações previsíveis e a sanção cor-respondente a cada uma delas. Por isso deve estabelecer, em primeiro lugar,no que consiste o delito, para só depois estabelecer a pena. Por exemplo, senuma determinada empresa a não utilização frequente e correta do uso deEPI (equipamento de proteção individual) pode acarretar para o funcionário,primeiramente, uma advertência verbal no qual o técnico de segurança dotrabalho ou seu superior imediato irá adverti-lo e orientá-lo sobre a impor-tância do uso constante do EPI. Caso o funcionário volte a infringir as nor-mas quanto ao uso de EPI, este poderá, posteriormente, receber uma sus-pensão de 1 a 3 dias e, se reincidir a infração, poderá até ser demitido porjusta causa.

Deste modo, o funcionário tem clara e perfeitamente estabelecido àsinformações e suas consequências do não cumprimento desta norma da

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empresa, sendo este ponto em que vários códigos de ética existentes ou,também chamado, códigos de conduta, deixam a desejar (ALONSO, LÓPEZE CASTRUCCI, 2006; WHITAKER e ARRUDA, 2007). Isto é, como mui-tas empresas não possuem um código de ética claro, explícito e transparen-te, muitos funcionários não sabem quando infringiram uma regra, muito menosentende a punição recebida, gerando atitudes e comportamento negativoscomo raiva, frustração, desmotivação e, consequentemente, queda no de-sempenho.

Logo, quando um funcionário comete infração de alguma das normas deconduta, de acordo com Alonso, López e Castrucci (2006, p. 183-4), a em-presa deve possuir os seguintes procedimentos:

1. Recebimento da representação ou denúncia ética;

2. Defesa prévia do denunciado;

3. Rejeição ou acolhimento da representação;

4. Defesa do denunciado que indicará provas;

5. Audiência de instrução;

6. Razões finais de defesa; e

7. Julgamento.

Assim, de acordo com os autores (p. 184), não basta que os membros dacomissão ética sejam empregados ou diretores de reputação ilibada (corre-to e justo), eles devem ser pessoas íntegras e com caráter, além de teremdomínio ético, pois não devem ficar à mercê das pressões da política interna.A comissão de ética deve ter isenção e força moral ou autoridade.

4 Fonte: http://www.br.com.br/wps/portal/portalconteudo/ connect/Portal+de+Conteudo/A+Companhia/Codigo+de+Etica/

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4.1.2 - DESENVOLVIMENTO DOS CÓDIGOS DE ÉTICA

Já entendemos o que vem a ser um código de ética e suas característicasprincipais, agora vamos entender como desenvolvê-lo em uma organização,isto é, como colocá-lo em prática.

Assim, segundo Alonso, López e Castrucci (2006, p. 184) para uma em-presa desenvolver seu código de ética é importante que ela se oriente poralgumas recomendações:

a) Presença de um consultor externo que interprete a personalidade daempresa e os potenciais perigos do comportamento antiético, seja da em-presa, seja de seus funcionários, clientes e fornecedores;

b) Representatividade não só da direção, mas também de outros níveishierárquicos da empresa, e do consultor, formando uma comissão respon-sável por redigir o Código de ética;

c) Processo de divulgação e implantação.

Assim, os mesmos autores comentam (2006, p. 185) que para haver umprocedimento inovador e participativo, deve eleger uma equipe responsávelpelo projeto que será responsável por desenvolver as seguintes etapas:

1ª) Levantamento dos principais valores éticos junto a todos os funcioná-rios da empresa;

2ª) Questionamentos sobre os princípios éticos da empresa, que podemser realizadas por meio de reuniões dirigidas, com amostras de funcionários

4 Fonte: http://201.48.117.188:39432/pt-BR/Blog/archive/2011/04/25/4-6-–-sistema-de-gestão-e-desenvolvi-

mento-da-ética.aspx

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de cada área e nível hierárquico da empresa, o que auxilia no envolvimento epreparação dos funcionários no código, simultaneamente com a elaboraçãoe a implantação.

3ª) Com os principais valores e princípios associados, os grupos de fun-cionários de cada setor apontam o seu padrão específico de comporta-mento ético concreto e associado aos principais valores e princípios daempresa;

4ª) Redação final com texto claro e objetivo;

5ª) Oficialização do código pela diretoria da empresa.

4.1.3 - CONTEÚDO DOS CÓDIGOS DE ÉTICA

De acordo com Whitaker e Arruda (2007) o conteúdo do código deética é formado por um conjunto de políticas e práticas específicas, abran-gendo os campos mais vulneráveis. Este material é reunido em um relató-rio de fácil compreensão para que possa circular adequadamente entretodos os interessados. Uma vez aprimorado com sugestões e críticas detodos os envolvidos o relatório dará origem a um documento que serviráde parâmetro para determinados comportamentos, tornando claras asresponsabilidades.

Segundo as mesmas autoras, dentre os itens que costumam ser aborda-dos em todos os códigos, estão:

• as relações com os funcionários, desde o processo de contratação,desenvolvimento profissional, lealdade entre os funcionários,

• respeito entre chefes e subordinados,

• saúde e segurança,

• comportamento da empresa nas demissões, entretenimento e viagem,

• propriedade da informação,

• assédio profissional e sexual,

• alcoolismo e uso de drogas.

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Um aspecto extremamente atual é o da privacidade de informações, queatinge particularmente funcionários, fornecedores e consumidores. Importalevar-se em conta a sofisticada tecnologia disponível das gravações, filmagense outros recursos de telefonia, informática e comunicação (WHITAKER EARRUDA, 2007).

4.1.4 - VANTAGENS DOS CÓDIGOS DE ÉTICA

Whitaker e Arruda (2007) acreditam que a adoção de um código deética é uma ótima oportunidade de aumentar a integração entre os funcio-nários da empresa e estimular o comprometimento deles. E acrescentamcomo principais vantagens e benefícios:

• Permite a uniformização de critérios na empresa, dando respaldo paraaqueles que devem tomar decisões;

• Serve de parâmetro para a solução dos conflitos;

• Protege o trabalhador que se apoia na cultura da empresa refletida nasdisposições do código e serve de respaldo para a empresa, por ocasião dasolução de problemas de desvio de conduta de algum colaborador, acionista,fornecedor, ou outros;

• Pode trazer para a empresa harmonia, ordem, transparência,tranquilidade, em razão dos referenciais que cria, deixando um lastro decor-rente do cumprimento de sua missão e de seus compromissos.

Para isso ocorrer, é imprescindível que haja consistência e coerência en-tre o que está disposto no código de ética e o que se vive na organização, ouseja, o discurso e a ação, comportamento da pessoa.

Caso contrário, ficaria patente uma falsidade que desfaz toda a imagemque a empresa pretende transmitir ao seu público. Essa é a grande desvanta-gem do código de ética.

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4.2 - CÓDIGO DE ÉTICA DO ADMINISTRADOR

De acordo com a resolução normativa do Conselho Federal de Admi-nistração – CFA Nº 353, de 9 de abril de 2008,é aprovado o novo Códigode Ética Profissional do Administrador (CEPA) e o Regulamento do Pro-cesso Ético do Sistema FA/CRAs, e dá outras providências.

CONSIDERANDO que o estabelecimento de um Código de Ética paraos profissionais da Administração, de forma a regular a conduta moral e pro-fissional e indicar normas que devem inspirar o exercício das atividades pro-fissionais, é matéria de alta relevância para o exercício profissional,

CONSIDERANDO que o Código de Ética Profissional do Administra-dor está expressamente citado na alínea g do artigo 7º da Lei nº 4.769, de 9de setembro de 1965, e na alínea g do artigo 20 do Decreto nº 61.934, de 22de dezembro de 1967,

CONSIDERANDO, com fundamento no art. 7º, alínea g, da Lei nº 4.769,já mencionada, que compete aos Conselhos Federal e Regionais de Adminis-tração operacionalizar e zelar pela fiel execução do Código de Ética Profissi-onal do Administrador; e a ...

4 Fonte: http://www.guimaraesconsultoria.com/index-1.html

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DECISÃO do Plenário na 5ª reunião, realizada no dia 4 de abril de 2008,

CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO ADMINISTRADOR

(Aprovado pela Resolução Normativa CFA nº 353,de 9 de abril de 2008)

PREÂMBULO

I - De forma ampla a Ética é definida como a explicitação teórica do funda-mento último do agir humano na busca do bem comum e da realização indi-vidual.

II - O exercício da profissão de Administrador implica em compromissomoral com o indivíduo, cliente, empregador, organização e com a socieda-de, impondo deveres e responsabilidades indelegáveis.

III - O Código de Ética Profissional do Administrador (CEPA) é o guiaorientador e estimulador de novos comportamentos e está fundamentadoem um conceito de ética direcionado para o desenvolvimento, servindo si-multaneamente de estímulo e parâmetro para que o Administrador ampliesua capacidade de pensar, visualize seu papel e torne sua ação mais eficazdiante da sociedade.

CAPÍTULO I

DOS DEVERES

Art. 1º São deveres do Administrador:

I - exercer a profissão com zelo, diligência e honestidade, defendendo osdireitos, bens e interesse de clientes, instituições e sociedades sem abdicarde sua dignidade, prerrogativas e independência profissional, atuando comoempregado, funcionário público ou profissional liberal;

II - manter sigilo sobre tudo o que souber em função de sua atividadeprofissional;

III - conservar independência na orientação técnica de serviços e em ór-gãos que lhe forem confiados;

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IV - comunicar ao cliente, sempre com antecedência e por escrito, sobreas circunstâncias de interesse para seus negócios, sugerindo, tanto quantopossível, as melhores soluções e apontando alternativas;

V - informar e orientar o cliente a respeito da situação real da empresa aque serve;

VI - renunciar, demitir-se ou ser dispensado do posto, cargo ou emprego,se, por qualquer forma, tomar conhecimento de que o cliente manifestoudesconfiança para com o seu trabalho, hipótese em que deverá solicitar subs-tituto;

VII - evitar declarações públicas sobre os motivos de seu desligamento,desde que do silêncio não lhe resultem prejuízo, desprestígio ou interpreta-ção errônea quanto à sua reputação;

VIII - esclarecer o cliente sobre a função social da organização e a neces-sidade de preservação do meio ambiente;

IX - manifestar, em tempo hábil e por escrito, a existência de seu impedi-mento ou incompatibilidade para o exercício da profissão, formulando, emcaso de dúvida, consulta ao CRA no qual esteja registrado;

X - aos profissionais envolvidos no processo de formação do Administra-dor, cumpre informar, orientar e esclarecer sobre os princípios e normascontidas neste Código.

XI - cumprir fiel e integralmente as obrigações e compromissos assumi-dos, relativos ao exercício profissional;

XII - manter elevados o prestígio e a dignidade da profissão.

CAPÍTULO II

DAS PROIBIÇÕES

Art. 2º É vedado ao Administrador:

I - anunciar-se com excesso de qualificativos, admitida a indicação de títu-los, cargos e especializações;

II - sugerir, solicitar, provocar ou induzir divulgação de textos de publicida-

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de que resultem em propaganda pessoal de seu nome, méritos ou ativida-des, salvo se em exercício de qualquer cargo ou missão, em nome da classe,da profissão ou de entidades ou órgãos públicos;

III - permitir a utilização de seu nome e de seu registro por qualquer insti-tuição pública ou privada onde não exerça pessoal ou efetivamente funçãoinerente à profissão;

IV - facilitar, por qualquer modo, o exercício da profissão a terceiros, nãohabilitados ou impedidos;

V - assinar trabalhos ou quaisquer documentos executados por terceirosou elaborados por leigos alheios à sua orientação, supervisão e fiscalização;

VI - organizar ou manter sociedade profissional sob forma desautorizadapor lei;

VII - exercer a profissão quando impedido por decisão administrativa doSistema CFA/CRAs transitada em julgado;

VIII - afastar-se de suas atividades profissionais, mesmo temporariamente,sem razão fundamentada e sem notificação prévia ao cliente ou emprega-dor;

IX - contribuir para a realização de ato contrário à lei ou destinado a fraudá-la, ou praticar, no exercício da profissão, ato legalmente definido como cri-me ou contravenção;

X - estabelecer negociação ou entendimento com a parte adversa de seucliente, sem sua autorização ou conhecimento;

XI - recusar-se à prestação de contas, bens, numerários, que lhes sejamconfiados em razão do cargo, emprego, função ou profissão, assim comosonegar, adulterar ou deturpar informações, em proveito próprio, em preju-ízo de clientes, de seu empregador ou da sociedade;

XII - revelar sigilo profissional, somente admitido quando resultar em pre-juízo ao cliente ou à coletividade, ou por determinação judicial;

XIII - deixar de cumprir, sem justificativa, as normas emanadas dos Conse-lhos Federal e Regionais de Administração, bem como atender às suas requi-sições administrativas, intimações ou notificações, no prazo determinado;

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XIV - pleitear, para si ou para outrem, emprego, cargo ou função queesteja sendo ocupado por colega, bem como praticar outros atos de con-corrência desleal;

XV - obstar ou dificultar as ações fiscalizadoras do Conselho Regional deAdministração;

XVI - usar de artifícios ou expedientes enganosos para obtenção de vanta-gens indevidas, ganhos marginais ou conquista de contratos;

XVII - prejudicar, por meio de atos ou omissões, declarações, ações ouatitudes, colegas de profissão, membros dirigentes ou associados das entida-des representativas da categoria.

CAPÍTULO III

DOS DIREITOS

Art. 3º São direitos do Administrador:

I - exercer a profissão independentemente de questões religiosas, raça,sexo, nacionalidade, cor, idade, condição social ou de qualquer naturezadiscriminatória;

II - apontar falhas nos regulamentos e normas das instituições, quando asjulgar indignas do exercício profissional ou prejudiciais ao cliente, devendo,nesse caso, dirigir-se aos órgãos competentes, em particular ao Tribunal Re-gional de Ética dos Administradores e ao Conselho Regional de Administra-ção;

III - exigir justa remuneração por seu trabalho, a qual corresponderá àsresponsabilidades assumidas a seu tempo de serviço dedicado, sendo-lhe li-vre firmar acordos sobre salários, velando, no entanto, pelo seu justo valor;

IV - recusar-se a exercer a profissão em instituição pública ou privadaonde as condições de trabalho sejam degradantes à sua pessoa, à profissão eà classe;

V - participar de eventos promovidos pelas entidades de classe, sob suasexpensas ou quando subvencionados os custos referentes ao acontecimen-to;

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VI - a competição honesta no mercado de trabalho, a proteção da propri-edade intelectual sobre sua criação, o exercício de atividades condizentescom sua capacidade, experiência e especialização.

CAPÍTULO IV

DOS HONORÁRIOS PROFISSIONAIS

Art. 4º Os honorários e salários do Administrador deverão ser fixados,por escrito, antes do início do trabalho a ser realizado, levando-se em consi-deração, entre outros, os seguintes elementos:

I - vulto, dificuldade, complexidade, pressão de tempo e relevância dostrabalhos a executar;

II - possibilidade de ficar impedido ou proibido de realizar outros trabalhosparalelos;

III - as vantagens de que, do trabalho, se beneficiará o cliente;

IV - a forma e as condições de reajuste;

V - o fato de se tratar de locomoção na própria cidade ou para outrascidades do Estado ou do País;

VI - sua competência e renome profissional;

VII - a menor ou maior oferta de trabalho no mercado em que estivercompetindo;

VIII - obediência às tabelas de honorários que, a qualquer tempo, venhama ser baixadas, pelos respectivos Conselhos Regionais de Administração, comomínimos desejáveis de remuneração.

Art. 5° É vedado ao Administrador:

I - receber remuneração vil ou extorsiva pela prestação de serviços;

II - deixar de se conduzir com moderação na fixação de seus honorários,devendo considerar as limitações econômico-financeiras do cliente;

III - oferecer ou disputar serviços profissionais, mediante aviltamento dehonorários ou em concorrência desleal.

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CAPÍTULO V

DOS DEVERES ESPECIAIS EM RELAÇÃO AOS COLEGAS

Art. 6° O Administrador deverá ter para com seus colegas a considera-ção, o apreço, o respeito mútuo e a solidariedade que fortaleçam a harmo-nia e o bom conceito da classe.

Art. 7° Com relação aos colegas, o Administrador deverá:

I - evitar fazer referências prejudiciais ou de qualquer modo desabonadoras;

II - recusar cargo, emprego ou função, para substituir colega que deletenha se afastado ou desistido, visando a preservação da dignidade ou osinteresses da profissão ou da classe;

III - evitar emitir pronunciamentos desabonadores sobre serviço profissi-onal entregue a colega;

IV - evitar desentendimentos com colegas, usando, sempre que necessá-rio, o órgão de classe para dirimir dúvidas e solucionar pendências;

V - tratar com urbanidade e respeito os colegas representantes dos ór-gãos de classe, quando no exercício de suas funções, fornecendo informa-ções e facilitando o seu desempenho;

VI - na condição de representante dos órgãos de classe, tratar com res-peito e urbanidade os colegas Administradores, investidos ou não de cargosnas entidades representativas da categoria, não se valendo dos cargos oufunções ocupados para prejudicar ou denegrir a imagem dos colegas, não oslevando à humilhação ou execração;

VII - auxiliar a fiscalização do exercício profissional e zelar pelo cumpri-mento do CEPA, comunicando, com discrição e fundamentadamente aosórgãos competentes, as infrações de que tiver ciência;

Art. 8° O Administrador poderá recorrer à arbitragem do Conselho Regi-onal de Administração nos casos de divergência de ordem profissional comcolegas, quando for impossível a conciliação de interesses.

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CAPÍTULO VI

DOS DEVERES ESPECIAIS EM RELAÇÃO À CLASSE

Art. 9° Ao Administrador caberá observar as seguintes normas com rela-ção à classe:

I - prestigiar as entidades de classe, propugnando pela defesa da dignidadee dos direitos profissionais, a harmonia e a coesão da categoria;

II - apoiar as iniciativas e os movimentos legítimos de defesa dos interes-ses da classe, participando efetivamente de seus órgãos representativos, quan-do solicitado ou eleito;

III - aceitar e desempenhar, com zelo e eficiência, quaisquer cargos oufunções, nas entidades de classe, justificando sua recusa quando, em casoextremo, achar-se impossibilitado de servi-las;

IV - servir-se de posição, cargo ou função que desempenhe nos órgãos declasse, em benefício exclusivo da classe;

V - difundir e aprimorar a Administração como ciência e como profissão;

VI - cumprir com suas obrigações junto às entidades de classe às quais seassociou, inclusive no que se refere ao pagamento de contribuições, taxas eemolumentos legalmente estabelecidos;

VII - acatar e respeitar as deliberações dos Conselhos Federal e Regionalde Administração.

CAPÍTULO VII

DAS INFRAÇÕES DISCIPLINARES

Art. 10 Constituem infrações disciplinares sujeitas às penalidades previstasno Regulamento do Processo Ético do Sistema CFA/CRAs, aprovado porResolução Normativa do Conselho Federal de Administração, além daselencadas abaixo, todo ato cometido pelo profissional que atente contra osprincípios éticos, descumpra os deveres do ofício, pratique condutas expres-samente vedadas ou lese direitos reconhecidos de outrem:

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I - praticar atos vedados pelo CEPA;

II - exercer a profissão quando impedido de fazê-lo ou, por qualquer meio,facilitar o seu exercício aos não registrados ou impedidos;

III - não cumprir, no prazo estabelecido, determinação de entidade daprofissão de Administrador ou autoridade dos Conselhos, em matéria des-tes, depois de regularmente notificado;

IV - participar de instituição que, tendo por objeto a Administração, nãoesteja inscrita no Conselho Regional;

V - fazer ou apresentar declaração, documento falso ou adulterado, pe-rante as entidades da profissão de Administrador;

VI - tratar outros profissionais ou profissões com desrespeito e descorte-sia, provocando confrontos desnecessários ou comparações prejudiciais;

VII - prejudicar deliberadamente o trabalho, obra ou imagem de outroAdministrador, ressalvadas as comunicações de irregularidades aos órgãoscompetentes;

VIII - descumprir voluntária e injustificadamente com os deveres do ofício;

IX - usar de privilégio profissional ou faculdade decorrente de função deforma abusiva, para fins discriminatórios ou para auferir vantagens pessoais;

X - prestar, de má-fé, orientação, proposta, prescrição técnica ou qual-quer ato profissional que possa resultar em dano às pessoas, às organizaçõesou a seus bens patrimoniais.

CAPÍTULO VIII

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 11 Caberá ao Conselho Federal de Administração, ouvidos os Con-selhos Regionais e a categoria dos profissionais de Administração, promovera revisão e a atualização do CEPA, sempre que se fizer necessário.

Art. 12 As regras processuais do processo ético serão disciplinadas emRegulamento próprio, no qual estarão previstas as sanções em razão de in-frações cometidas ao CEPA.

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Art. 13 O Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Administraçãomanterão o Tribunal Superior e os Tribunais Regionais, respectivamente,objetivando o resguardo e aplicação do CEPA.

Art. 14 É dever dos CRAs dar ampla divulgação ao CEPA.

REGULAMENTO DO PROCESSO ÉTICO DO SISTEMA CFA/CRAS

(Aprovado pela Resolução Normativa CFA nº 353,de 9 de abril de 2008)

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º O presente Regulamento trata das regras processuais relativas àtramitação dos processos éticos instaurados no âmbito do Sistema CFA/CRAs.

Art. 2° Os Conselhos Federal e Regionais de Administração, quando dainstauração e tramitação do processo ético, obedecerão, dentre outros, osprincípios da legalidade, finalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório eeficiência.

Art. 3° O processo ético somente poderá ser instaurado contra Adminis-trador legalmente registrado em Conselho Regional de Administração.

Parágrafo único. Para os fins deste Regulamento, considera-se interessa-do todo aquele em relação ao qual foi instaurado o processo ético.

CAPÍTULO II

DOS TRIBUNAIS DE ÉTICA DOS ADMINISTRADORES

Art. 4° O Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Administraçãomanterão o Tribunal Superior e os Tribunais Regionais, respectivamente,objetivando o resguardo e aplicação do Código de Ética Profissional do Ad-ministrador.

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Art. 5° Os Conselhos Federal e Regionais de Administração funcionarãocomo Tribunal Superior e Tribunais Regionais de Ética , respectivamente.

§ 1º O Presidente de cada Conselho, Federal ou Regional, será o Presi-dente do Tribunal de Ética Profissional respectivo.

§ 2º No impedimento do Presidente, caso o processo seja instauradocontra ele, presidirá o Tribunal seu sucessor hierárquico, de acordo com oque estabelece o Regimento.

§ 3º O Tribunal Superior será auxiliado pelo órgão de apoio administrativoda Presidência do Conselho Federal de Administração e os Tribunais Regio-nais serão auxiliados pelo Setor de Fiscalização do Conselho Regional.

Art. 6º Compete aos Tribunais Regionais processar e julgar as transgres-sões ao CEPA, inclusive os Conselheiros Regionais, resguardada a compe-tência originária do Tribunal Superior, aplicando as penalidades previstas, as-segurando ao infrator, sempre, amplo direito de defesa.

Art. 7º Compete ao Tribunal Superior:

I - processar e julgar, originariamente, os Conselheiros Federais no exer-cício do mandato, em razão de transgressão a princípio ou norma de éticaprofissional;

II - julgar os recursos interpostos contra decisões proferidas pelos Tribu-nais Regionais.

Art. 8° Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantesdevidamente justificados, a avocação de competência atribuída a órgão hie-rarquicamente inferior.

Parágrafo único. O Tribunal Superior de Ética dos Administradores a vocaráa competência do Tribunal Regional quando este deixar de cumprir o prazode que trata o artigo 18, § 2º, deste Regulamento

Art. 9° As reuniões dos Tribunais Superior e Regionais de Ética ocorrerãoem sessões secretas, sendo os processos sigilosos.

Parágrafo único. Dos autos do processo somente será permitida vista aointeressado ou a seu representante legal.

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CAPÍTULO III

DOS DIREITOS E DEVERES DO INTERESSADO

Art. 10 Quando da instauração de processo ético, o interessado tem osseguintes direitos, sem prejuízo de outros que lhes sejam assegurados:

I – ser atendido pelas autoridades e empregados, que deverão permitir oexercício dos seus direitos e o cumprimento de suas obrigações;

II – ter conhecimento da tramitação dos processos em que seja interessa-do, desde que requerido;

III – fazer-se assistir ou representar por Advogado, Administrador ou peloSindicato dos Administradores a que pertencer.

§ 1º É também direito do interessado conhecer das decisões proferidas.

§ 2º São ainda direitos do interessado:

I – ter vistas dos autos e obter cópias de documentos que o integram,ressalvados os dados e documentos de terceiros protegidos por sigilo oupelo direito à privacidade, à honra e à imagem;

II – obter certidões;

III – conhecer das decisões proferidas;

IV – formular alegações e apresentar documentos nos prazos fixados, ouaté antes da decisão, desde que apresente fatos novos, os quais serão objetode consideração pelo órgão competente.

Art. 11 São deveres do interessado perante os Conselhos Federal e Regi-onais de Administração, sem prejuízo de outros previstos em ato normativo:

I – proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;

II – não agir de modo temerário, nem de modo a tumultuar o bom anda-mento do processo;

III – prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para oesclarecimento dos fatos.

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CAPÍTULO IV

DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO

Art. 12 Os atos do processo ético não dependem de forma determinada,salvo quando este Regulamento expressamente exigir.

§ 1º Os atos processuais devem ser produzidos por escrito, em vernácu-lo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade respon-sável.

§ 2º Salvo previsão legal, o reconhecimento de firma somente será exigi-do quando houver dúvida de autenticidade.

§ 3º A autenticação de documentos poderá ser feita pelo órgão adminis-trativo.

§ 4º Os documentos devem ser juntados ao processo em ordem crono-lógica e as folhas numeradas sequencialmente e rubricadas.

§ 5º Não se admitem, nos atos e termos, espaços em branco, bem comoentrelinhas, emendas ou rasuras, salvo se aqueles forem inutilizados e estasexpressamente ressalvadas.

Art. 13 Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, no horárionormal de funcionamento do órgão no qual tramitar o processo.

Parágrafo único. Serão praticados ou concluídos depois do horário nor-mal os atos cujo adiamento prejudique o curso regular do procedimento oucause dano ao interessado ou, ainda, aos Conselhos Federal e Regionais deAdministração.

CAPÍTULO V

DA CIÊNCIA AO INTERESSADO

Art. 14 Incumbirá ao CRA do local onde tramita o processo proceder aciência ao interessado, quando denunciado, para conhecimento da denúnciae apresentação, se quiser, de defesa.

§ 1º Para a validade do processo, é indispensável a ciência inicial do inte-ressado.

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§ 2º A intervenção do interessado no processo supre a falta de cientificação.

§ 3º A ciência se dará por meio de ofício contendo a finalidade, a identifi-cação do destinatário e o prazo para a prática do ato, quando houver.

§ 4º A ciência pode ainda ser efetuada por via postal, com aviso de recebi-mento, por notificação judicial ou extrajudicial.

§ 5º Será admitida a ciência por meio de edital publicado na imprensaoficial ou jornal de grande circulação quando comprovadamente restaremfrustradas as demais hipóteses.

Art. 15 A intimação deverá conter:

I – identificação do intimado;

II – finalidade da intimação;

III – data, hora e local em que deverá comparecer ou prazo para se mani-festar;

IV – se o intimado deverá comparecer pessoalmente ou se poderá serrepresentado;

V – informação da continuidade do processo independentemente do seucomparecimento ou manifestação;

VI – indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.

CAPÍTULO VI

DOS PRAZOS

Art. 16 Os prazos começam a correr a partir da data da cientificação,excluindo-se da contagem o dia do começo e incluindo-se o do vencimento.

§ 1º Nas hipóteses previstas nos §§ 4º e 5º do art. 14 os prazos começa-rão a fluir a partir da juntada, que deverá ser certificada nos autos, dos com-provantes de entrega ou da publicação do edital.

§ 2º Os prazos somente começarão a ser contados no primeiro dia útilsubsequente ao da cientificação ou da juntada prevista no parágrafo anteriorem que houver expediente.

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§ 3º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte se ovencimento cair em dia em que não houver expediente ou este for encerra-do antes da hora normal.

§ 4º Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo.

§ 5º Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a data. Se nomês do vencimento não houver o dia equivalente àquele do início do prazo,tem-se como termo o dia subsequente.

§ 6° A prática do ato, antes do prazo respectivo, implicará a desistência doprazo remanescente.

Art. 17 Salvo motivo de força maior devidamente comprovado, os prazosprocessuais não se suspendem.

Art. 18 Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou autoridaderesponsável pelo processo e do interessado que dele participe devem serpraticados no prazo máximo de 10 (dez) dias, salvo motivo de força maior.

§1° O prazo previsto neste artigo poderá ser prorrogado até o dobro,mediante comprovada justificação.

§ 2º O TREA deverá concluir o julgamento do processo ético em umprazo de seis meses, contados a partir de sua instauração, podendo ser pror-rogado por mais um mês, na hipótese de o Relator pedir a prorrogaçãoprevista no art. 37, § 2º, deste Regulamento.

CAPÍTULO VII

DAS PROVAS

Art. 19 Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, semprejuízo dos deveres do órgão competente relativamente à instrução pro-cessual.

Art. 20 Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registradosem documentos existentes no próprio Conselho, ao Conselho caberá adotaras medidas necessárias à obtenção dos documentos ou das cópias destes.

Art. 21 Os elementos probatórios deverão ser considerados na motiva-ção do relatório e da decisão.

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§ 1º Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada, asprovas propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes,desnecessárias ou protelatórias.

§ 2º Nos casos em que houver ônus pecuniário para a obtenção de pro-vas solicitadas pelo interessado, incumbirá a estes arcar com as respectivasdespesas.

Art. 22 Quando dados ou documentos solicitados ao interessado foremnecessários apreciação dos fatos processuais, o não atendimento no prazofixado pelo CRA para a respectiva apresentação tornará prejudicada tal apre-ciação, implicando em prejuízo do alegado, pelo próprio interessado.

Art. 23 É facultado aos Conselhos Federal e Regionais de Administração,sempre que acharem necessário ao andamento do processo, ou ao julga-mento do feito, convocar o interessado para prestar esclarecimentos.

CAPÍTULO VIII

DAS EXCEÇÕES

Art. 24 Será impedido de atuar em processo aquele que esteja litigandojudicial ou administrativamente com o interessado.

Parágrafo único. O impedimento de que trata este artigo se estende quandoa atuação no processo tenha ocorrido pelo cônjuge, companheiro ou paren-te até o terceiro grau consanguíneo ou afim.

Art. 25 Aquele que incorrer em impedimento deverá comunicar o fato aoPresidente do tribunal ético, abstendo-se de atuar no processo.

Art. 26 Poderá ser arguida a suspeição daquele que tenha amizade íntimaou inimizade notória com o interessado.

§ 1o A arguição de que trata o caput deste artigo deverá ser dirigida aoPresidente do Tribunal Ético e submetida ao Plenário.

§ 2o Nos casos de suspeição ou impedimento da maioria dos membrosdo Plenário do CRA, inclusive os Suplentes, caberá ao CFA o julgamento dosprocessos.

Art. 27 O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser objeto derecurso ao Conselho Federal de Administração.

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CAPÍTULO IX

DAS NULIDADES

Art. 28 São nulos:

I – os atos praticados por empregado que não tenha competência parafazê-lo;

II – as decisões proferidas por autoridade incompetente ou com preteriçãode direito do interessado;

III – as decisões destituídas de fundamentação.

Art. 29 São passíveis de retificação os atos praticados com vícios sanáveisdecorrentes de omissão ou incorreção, desde que sejam preservados o in-teresse público e o direito do interessado.

CAPÍTULO X

DA PRESCRIÇÃO

Art. 30 A punibilidade dos interessados pelos Tribunais de Ética, por faltasujeita a processo ético, prescreve em 5 (cinco) anos, contados da data daocorrência do fato.

§1º Caso um processo fique paralisado por mais de 3 (três) anos, penden-te de despacho ou julgamento, deverá ser arquivado de ofício ou a requeri-mento do interessado, sem qualquer prejuízo ao interessado.

CAPÍTULO XI

DO INÍCIO DO PROCESSO

Art. 31 O processo ético será instaurado de ofício ou mediante denúnciafundamentada de qualquer autoridade ou particular.

Art. 32 A denúncia deverá ser formulada por escrito e conter os seguintesdados:

I – órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;

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II – identificação do denunciante e do denunciado;

III – endereço do denunciante e do denunciado;

IV – formulação do pedido, com exposição dos fatos, de seus fundamen-tos e indicação e juntada das provas que existirem;

V – data e assinatura do denunciante ou de seu representante.

§1º É vedada a recusa imotivada de recebimento da denúncia, devendo oempregado orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais fa-lhas.

CAPÍTULO XII

DA DEFESA

Art. 33 É facultada ao interessado a apresentação de defesa dentro doprazo de 15 (quinze) dias, a serem contados na forma do art. 16 e seusparágrafos, deste Regulamento.

Art. 34 Incumbirá ao interessado fazer prova do alegado em sua defesa,devendo acostar aos autos, quando da apresentação da referida peça, osdocumentos que se fizerem necessários para tal.

Parágrafo único. O interessado poderá, também, juntar pareceres, bemcomo aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo.

CAPÍTULO XIII

DO SANEAMENTO DO PROCESSO

Art. 35 Após o recebimento da defesa, ou vencido o prazo sem a suaapresentação, os autos serão encaminhados ao Presidente do Tribunal deÉtica, que fará o seu saneamento.

Art. 36 Caberá ao Presidente do Tribunal de Ética determinar providênci-as para a sua regularidade e manter a ordem no curso dos respectivos atos,determinando de ofício a produção de provas que entender necessárias aojulgamento do feito.

Art. 37 Saneado o processo e encerrada a sua instrução, os autos serão

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distribuídos ao Conselheiro Relator no prazo máximo de 10 (dez) dias, con-tados a partir do recebimento da defesa ou após vencido o prazo sem a suaapresentação.

§ 1º O Relator terá prazo de 30 (trinta) dias, contados a partir da distribui-ção, para apresentar seu parecer e voto perante o Tribunal de Ética.

§ 2° O Relator poderá solicitar prorrogação do prazo por mais 30 (trinta)dias para apresentação de seu parecer e voto.

§ 3º Ao interessado e seu representante legal será facultado assistir aojulgamento e seu processo, devendo-lhe, desde que solicitado previamente,ser comunicada a data, hora e local da realização deste, na forma do art. 15deste Regulamento.

CAPÍTULO XIV

DA ANÁLISE E JULGAMENTO DAS INFRAÇÕES

Art. 38 São requisitos essenciais do relato do Conselheiro Relator:

I – preâmbulo, que deverá indicar o número do processo, o nome dointeressado, a capitulação e a tipificação da infração;

II – relatório, que deverá conter a exposição sucinta dos termos da autu-ação e das alegações, bem como o registro das principais ocorrências havidasno andamento do processo;

III – parecer e voto, que deverá conter a indicação dos motivos de fato ede direito em que irá fundar-se a decisão e a sua sugestão de decisão para oColegiado.

Parágrafo único. Quando for vencedor voto divergente do manifestadopelo Relator, este deverá ser fundamentado, tomado a termo nos autos efirmado pelo Conselheiro proponente.

Art. 39 Constatada a existência de inexatidões ou erros materiais no rela-to ou na deliberação, decorrentes de lapso manifesto ou erros de escrita oude cálculos, poderá o Relator ou o Presidente do órgão julgador, de ofício oua requerimento do interessado, corrigi-las, suspendendo-se o prazo paraeventual recurso.

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CAPÍTULO XV

DA FIXAÇÃO E GRADAÇÃO DAS PENAS

Art. 40 A violação das normas contidas neste Regulamento importa emfalta que, conforme sua gravidade, sujeita seus infratores às seguintes penali-dades:

I - advertência escrita e reservada;

II - multa;

III - censura pública;

IV - suspensão do exercício profissional de 30 (trinta) dias a 3 (três) anos.

V - cancelamento do registro profissional e divulgação do fato para o co-nhecimento público.

Parágrafo único. Da decisão que aplicar penalidade prevista nos incisos IVe V deste artigo, deverá o Tribunal Regional interpor recurso ex officio aoTribunal Superior.

Art. 41 Na aplicação das sanções previstas neste Regulamento, serão con-sideradas atenuantes as seguintes circunstâncias:

I - ausência de punição anterior;

II - prestação de relevantes serviços à Administração;

III - infração cometida sob coação ou em cumprimento de ordem deautoridade superior.

Art. 42 Salvo nos casos de manifesta gravidade e que exijam aplicaçãoimediata de penalidade mais grave, a imposição das penas obedecerá àgradação do art. 40.

Parágrafo único. Avalia-se a gravidade pela extensão do dano e por suasconseqüências.

Art. 43 A advertência reservada será confidencial, sendo que a censurapública, a suspensão e o cancelamento do exercício profissional serão efeti-vados mediante publicação em Diário Oficial e em outro órgão da imprensa,

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e afixado em mural pelo prazo de 3 (três) meses, na sede do Conselho Regi-onal do registro principal e na Delegacia do CRA da jurisdição de domicíliodo punido.

Parágrafo único. Em caso de cancelamento e suspensão do exercício pro-fissional, além dos editais e das comunicações feitas às autoridades compe-tentes interessadas no assunto, proceder-se-á à apreensão da Carteira deIdentidade Profissional do infrator.

Art. 44 A pena de multa variará entre o mínimo correspondente ao valorde uma anuidade e o máximo do seu décuplo.

CAPÍTULO XVI

DAS SUSTENTAÇÕES ORAIS

Art. 45 É facultada ao interessado a sustentação oral.

Parágrafo único. A sustentação oral deverá ser requerida por escrito eobedecerá aos seguintes requisitos:

I – deverá ser dada ciência ao interessado do local, data e hora em que ojulgamento do feito irá ocorrer, com a antecedência mínima de 10 (dez) dias;

II – o tempo concedido para sustentação oral deverá ser de, no máximo,15 (quinze) minutos, podendo ser prorrogado por igual período.

Art. 46 Na sessão de julgamento, após a exposição da causa (relatório)pelo Relator, o Presidente dará a palavra ao interessado ou ao seu represen-tante legal.

§ 1º Após a sustentação oral, o Relator proferirá seu parecer e voto.

§ 2º Caso seja contra o Presidente do Conselho, Federal ou Regional, queesteja sendo instaurado o processo ético, quem presidirá os trabalhos seráseu sucessor hierárquico, conforme estabelecido no Regimento respectivo.

CAPÍTULO XVII

DA EXTINÇÃO DO PROCESSO

Art. 47 O órgão competente declarará extinto o processo quando exau-

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rida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou pre-judicado por fato superveniente.

CAPÍTULO XVIII

DOS RECURSOS EM GERAL

Art. 48 Das decisões de primeira instância caberá recurso ao TSEA, emface de razões de legalidade e de mérito.

§ 1º Somente o interessado ou seu representante legal tem legitimidadepara interpor recurso.

§ 2º O recurso será dirigido ao órgão que proferiu a decisão.

Art. 49 É de 15 (quinze) dias o prazo para interposição de recurso, conta-dos a partir da intimação, na forma prevista pelos arts. 14 e 15 deste Regula-mento.

§ 1º O recurso deverá ser decidido no prazo máximo de 2 (duas) reuni-ões plenárias ordinárias do Conselho Federal de Administração, a partir darecepção do processo no CFA.

§ 2o O prazo mencionado no § 1º deste artigo poderá ser motivadamenteprorrogado.

§ 3º Na análise e julgamento dos recursos aplicar-se-á o disposto nos arts.38 e 39 deste Regulamento.

Art. 50 O recurso será interposto por meio de requerimento, no qual orecorrente deverá expor os fundamentos do pedido de reexame.

Art. 51 O recurso não será conhecido quando interposto fora do prazoou por quem não seja legitimado.

Parágrafo único. O juízo de admissibilidade será exercido pelos Conse-lhos Regionais, aos quais caberá analisar o preenchimento dos requisitos e atempestividade recursais.

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CAPÍTULO XIX

DO TRÂNSITO EM JULGADO

Art. 52 Para os efeitos desta norma, considera-se-á transitada em julgadoa decisão terminativa irrecorrível.

CAPÍTULO XX

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 53 Este Regulamento, quando da sua entrada em vigor, aplicar-se-áaos processos que se encontrarem em andamento.

Art. 54 Compete ao Conselho Federal de Administração formar jurispru-dência quanto aos casos omissos, ouvindo os CRAs, e incorporá-la a esteRegulamento.

Art. 55 Aplicam-se subsidiariamente ao processo ético as regras gerais doCódigo de Processo Penal, naquilo que lhe for compatível.

Art. 56 O Administrador poderá requerer desagravo público ao Conse-lho Regional de Administração quando atingido, pública e injustamente, noexercício de sua profissão.

Art. 57 Caberá ao Conselho Federal de Administração, ouvidos os CRAse a classe dos profissionais de Administração, promover a revisão e a atuali-zação do presente Regulamento, sempre que se fizer necessário.

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5 - PRINCIPAIS DESAFIOS DA

ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO

5.1 - A ÉTICA DO CAPITALISMO

Somos um país capitalista, ou seja, possuímos uma teoria econômica ba-seada em capital, na propriedade e na competição em um mercado livre(MATTAR NETO, 2004, p. 314). Existe ética no capitalismo? Pode existirharmonicamente a ética e a competição defendida pelo capitalismo? Não écontraditório comportamento ético e a maximização do lucro? Ou seja, quan-to mais ético um comportamento, menos lucro ele geraria, e quanto maiora riqueza, menos ética ela envolveria?

Segundo Mattar Neto (2004) há outra questão ética levantada pelo siste-ma capitalista envolve a relação à distribuição da riqueza e direito à proprie-dade, já que no Brasil, é dramática a injustiça envolvida na distribuição deriqueza. Assim, o capitalismo estaria baseado maximização de seu própriointeresse?

Assim, de acordo com o filósofo inglês Tomas Hobbes, do século XVII, osprincípios do modelo ético empresarial dos tempos atuais são (HOBBES,2003):

1) Os seres humanos são essenciais e naturalmente egoístas, anti-sociais,ou seja, não estão preocupados com os outros e suas necessidades;

2) Os seres humanos agem em função de seus interesses, sendo impor-tante sua autopreservação;

3) Embora os homens se sintam no direito de buscar o que lhes interes-sam, de que adianta ter dinheiro sem ter o poder para fazê-lo respeitado?Por isso, o poder deve ser igualmente desejado?

4) Os seres humanos vivem numa guerra permanente, de todos contratodos; o homem é um lobo para os outros homens. O direito acaba sendo o

CAPÍTULO 5

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direito do mais forte, mas se sente mais forte deve acautelar-se, pois está amercê da rapidez dos mais fracos. Estes mais fracos, com manipulações ealianças, podem, de repente, vencer os mais fortes. Portanto, até a existên-cia do mais forte está em risco.

5) Os homens são levados a fazer um pacto, a favor da segurança detodos;

6) Os homens abrem mão de seus direitos e poderes individuais em favorde um soberano, que terá a função de garantir a paz e a segurança de todosos cidadãos, por meio das leis e do poder de sanção, ou seja, o poder degarantir o cumprimento das regras.

4 Fonte: http://unabrasil.wordpress.com/2009/05/20/etica/

Alonso, López e Castrucci (2006, p. 156) citam as características do mo-delo da empresa capitalista liberal ou também chamada do Interesse pró-prio, são elas:

1º) O objetivo principal do comportamento da empresa, o que lhe maisinteressa é a maximização do lucro. Pois uma empresa bem-sucedida em

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termos de retorno não beneficia somente os acionistas, mas também clien-tes, fornecedores, empregados e a sociedade em geral, por meio dos im-postos pagos;

2º) E devem agir para alcançar este objetivo competindo de todas as for-mas possíveis;

3º) Para o sucesso da competição é necessário que a empresa tenha po-der econômico, político e social;

4º) Interessa respeitar as leis, pois elas são a garantia da sobrevivência emmeio à sociedade;

5º) Neste modelo da empresa capitalista liberal, a empresa apenas aceitaos valores éticos tradicionais, como a honestidade, a justiça e a solidarieda-de, desde que não ameacem o lucro, ou desde que contribuam de algumaforma para ele, ou seja, seja vantajoso para a empresa. Assim, é permitidoatitudes como:

- falsidade para manter a boa imagem do produto;

- omitir algumas das limitações para não ter baixa de preço de um produ-to, e, reduzir, portanto, a margem de lucro;

- dar agrado para fechar um contrato e o lucro não será perigosamentereduzido.

4 Fonte: http://socialismocultura.blogspot.com.br/2012/01/etica-e-politica.html

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Assim, segundo os mesmos autores (2006) valores éticos podem ser tra-tados neste modelo, como um custo, que deve ser absorvido pelos clientese não acionistas, ou seja, custo incorporado ao preço do produto. Ou consi-derado como uma contribuição para o lucro esperado, ou seja, a empresa éhonesta com o cliente porque terá a sua fidelidade no futuro ou a empresaterá uma gestão participativa porque contribuirá com o aumento da produ-tividade dos funcionários.

Com isso, no modelo capitalista liberal os valores éticos são relativos, ouseja, são praticados ou não conforme sua contribuição para o lucro, não sãovalores absolutos que se devem praticar sempre (ALONSO, LÓPEZ ECASTRUCCI, 2006).

Os autores citam que alguns acreditam neste modelo como sendo ético,porque seus meios e objetivos são sempre permitidos por lei, já que, naprática, o imediatismo por resultados e o medo pela sobrevivência fazemcom que a busca pelo lucro seja a qualquer custo.

No entanto, a verdadeira ética é mais exigente que a lei e não permiterelativismo dos seus valores. Por isso, o que tudo indica é que cada vez maisimportante para a empresa pensar no longo prazo e evitar a prática dessemodelo do interesse próprio, pois o mercado de hoje, consumidores/clien-tes, ambientalistas não são mais inocentes e submissos que aceitam essescomportamentos sem resistência.

5.2 - TOMADA DE DECISÃO ÉTICA

Diariamente tomamos várias decisões em nossa vida, por exemplo, notrabalho vou contratar este ou aquele candidato, vou fazer este relatório ouvou ligar para meu cliente.

Com a globalização, o avanço tecnológico, o desenvolvimento das tele-comunicações e a diminuição do tempo de processamento das informações,fazem com que o ambiente organizacional fique cada vez mais complexo,levando os administradores a reavaliarem constantemente o processodecisório.

Por isso, é importante ter visão sistêmica (ou seja, integrada, ampla), ecautela nas tomadas de decisão. Deste modo, pode-se afirmar que o pro-cesso de tomada de decisão envolve riscos para os administradores.

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4 Fonte: http://ativosunacont.wordpress.com/about/

Alonso, López e Castrucci (2006, p. 209) citam alguns princípios para oprocesso de tomada de decisão:

a) Conhecer bem a situação ou o conjunto de fatos sobre os quais serádecidido.

b) A diretoria deve investigar atentamente as questões envolvidas no pro-cesso decisório quanto à veracidade da informação, a honestidade e interes-se envolvido, a dimensão ética do caso.

c) Deve ser evitado decisões solitárias, envolvendo outras pessoas de res-peito na empresa e expor sua dúvidas éticas.

d) Deve-se identificar os benefícios e os riscos para cada curso em ação;

Diante desses princípios acima citados, El Sayed (2003) expõe algumascaracterísticas diante de um processo de negociação:

• identificar os aspectos em comum para ambas as partes;

• perceber os interesses múltiplos que estão envolvidos;

• manter o foco voltado para as soluções, em vez de desperdiçá-lo nosproblemas;

• focalizar os benefícios para ambas as partes;

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Segundo Alonso, López e Castrucci (2006, p. 205) é importante que adecisão de dilema ético seja discutida, fundamentada e justificada de formacolegiada ou em diálogo. Como é discutida nos itens abaixo:

• Deve-se confrontar as razões da decisão de uma pessoa com as dasoutras;

• Não ser individualista ou ser omisso, fechado;

• Instrumentos utilizados: arejamento, exposição e debate das decisões;

• Deve ser clara, transparente, pode-se expor e justificar a qualquer hora;

• Ter participação de ambos os sexos com integridade ética e conheci-mentos éticos;

• Envolver nas decisões o maior número de decisores quanto mais deli-cada seja a questão;

• Criar na empresa ambiente de aperfeiçoamento contínuo.

4 Fonte: http://noticiaweb.info/4-passos-para-a-tomada-de-decisao/

Alonso, López e Castrucci (2006) citam importantes características pes-soais para a formação do colegiado e/ou do gestor no processo de tomadade decisão ética: ser ético, ter respeito, integridade, justiça, responsabilida-de, digno de confiança, senso de humor e autodisciplina, ter empatia, paciên-cia, flexibilidade, energia pessoal, ego suficientemente qualificado para umadisposição de ficar em segundo plano e saber lidar com as diferenças; terinteligência racional, educação formal, preparação e capacidade de buscar ocontínuo aperfeiçoamento.

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El Sayed (2003) acrescenta:

• Deve haver o planejamento, ao prever os possíveis impasses e comoevitá-los e superá-los;

• Pesquisar e criar alternativas de ganho múltiplo, buscando concordânciade posição vantajosa para ambos.

Geralmente, em uma organização, os gestores/líderes são os que tomammais decisões importantes e que mais os obriga a ter responsabilidade ética,em especial senso de justiça. Assim, de acordo com Alonso, López e Castrucci(2006, p. 205-6) estes gestores/lideres devem:

• Contratar com lealdade e boa-fé;

• Cumprir todos os contratos da empresa (trabalhista, de compra, devenda, direitos dos acionistas);

Portanto, para que o processo de tomada de decisão seja mais ético pos-sível deve-se ter algumas características envolvidas e princípios, valores econdutas éticas, agindo com justiça, maturidade e neutralidade para que adecisão seja a mais correta possível.

5.3 - LIDERANÇA ÉTICA

Vocês sabem definir o que é liderança? Todo gestor é um líder? Quais ascaracterísticas necessárias para se tornar líder? Qual a relação entre lideran-ça e ética? Bem, vamos entender a liderança e depois fazer uma analogiaentre liderança ética.

De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), líder, do verbo to lead

significa conduzir, guiar, comandar, pilotar, levar, dirigir, governar, mostrar ocaminho, dominar-se.

Assim, segundo os autores (p. 359) a liderança é definida como a “capaci-dade de influenciar um conjunto de pessoas para alcançar metas e objetivos.A origem dessa influência pode ser formal, como é conferida por um cargode uma direção em uma organização”. Porém, nem todos os líderes sãoadministradores e vice versa. No entanto no mundo dinâmico e exigente dehoje, faz-se necessário liderança e administração fortes para atingir o nívelmáximo de eficácia.

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4 Fonte: http://eticafelipeaugusto.blogspot.com.br/2009/

08/quando-uma-pessoa-passa-exercer-um.html

Portanto, como os administradores/líderes possuem grande capacidadede influenciar pessoas e responsabilidade, ter comportamentos éticos torna-se fundamental para a eficácia do seu desempenho. Contudo, segundo pes-quisas (Baseado em Edelman Trust Barometer 2008. Disposnível em: <www.Edelman.com/TRUST/2008/TrustBarometer08_final.pdf>) a confiança doslíderes das organizações está diminuindo.

Segundo Robbins, Judge e Sobral (2010) apenas muito recentemente ospesquisadores começaram considerar as implicações éticas da liderança, atendência de maior valorização do papel da ética e da responsabilidade socialpor parte dos atuais e futuros executivos. Além disso, em uma pesquisa,observou-se que 56% de 200 gestores de empresas globais da América La-tina acreditam que os dois valores principais para os mais altos executivossão a ética e a transparência.

Os mesmo autores (p. 278) citam que o carisma possui um componenteético envolvido, já que os líderes carismáticos sem ética têm maior probabi-lidade de utilizar o carisma para aumentar seu poder sobre os liderados emproveito próprio. Assim, os líderes éticos devem utilizar seu carisma de ma-neira socialmente construtiva, para servir os outros. Diante disso, os lideresque tratam seus liderados com imparcialidade, fornecendo informações ho-nestas, regulares e corretas, são vistos como os mais eficazes.

Assim, de acordo com Alonso, López e Castrucci (2006, p. 209-10) solu-

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ção de problemas éticos na empresa, em grande parte, é de responsabilida-de dos administradores, sendo ele diretor ou empregado, com responsabili-dade de sempre pautar pela ética, ou seja, pela correção e transparência.Com isso, os autores citam (p.209-10) alguns pontos importantes para aliderança ética:

• Gestor, geralmente, como está a serviço dos sócios da empresa, deseus interesses, deve possuir independência moral e valores éticos semprepresentes;

• Manutenção de padrões de conduta empresarial ética. Assim, para issoé necessário:

a) Dar exemplo, decidir com ética, mesmo a custos significativos;

b) Apoiar firmemente as auditorias de ética e a comissão de ética;

c) Destinar tempo e atenção aos programas e os problemas éticos;

d) Selecionar bem os gerentes e subordinados;

e) Elogiar, valorizar as condutas éticas.

4 Fonte: http://uescolagestao.wordpress.com/tag/lideranca/

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Diante destas características pode concluir que a liderança ética do admi-nistrador ou do empresário torna-se fundamental, já que pelo fato de dita-rem o tom moral de uma organização, necessitam estabelecer altos padrõeséticos, demonstrar comprometimento com tais padrões em seu comporta-mento e estimular e recompensar a integridade de seus subordinados aomesmo tempo que evitam abusos de poder, como por exemplo, segundoRobbins, Judge e Sobral (2010), dar a si mesmos grandes aumentos e bônusenquanto procuram cortar custos por meio da demissão dos funcionáriosmais antigos.

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6 - RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL

Certamente vocês já ouviram falar sobre responsabilidade social, já queem um mundo cada vez mais globalizado vem se desenvolvendo a responsa-bilidade social, que anteriormente era uma preocupação essencialmente dosgovernos e partidos políticos, hoje, as organizações possuem maior partici-pação nesta questão, já que os padrões éticos e morais estão mais rigorosospela necessidade das próprias organizações de manter sua boa imagem pe-rante o público, seja pelas demandas diretas do público para que todas asorganizações atuem de acordo com tais padrões.

Qual a relação entre a ética e responsabilidade social? Qual a importânciada responsabilidade social para as empresas? Estes são alguns dosquestionamentos do qual vamos entender.

Até meados do século passado: as empresas não se esperava mais do quecumprir com suas obrigações básicas (ALONSO, LÓPEZ E CASTRUCCI,2006, p. 175). Ou seja,

• fabricar bons e confiáveis produtos,

• prestar bons serviços a preços justos,

• pagar salários compatíveis para os funcionários,

• cumprir com suas obrigações fiscais.

Segundo os autores, hoje há:

• Preocupação com a sociedade e com o meio ambiente;

• Revolução tecnológica (satélites, telecomunicações), que eliminou dis-tâncias e multiplicou;

• Informações via televisão, jornais, rádio, telefone e internet;

CAPÍTULO 6

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• Revolução educacional, que é consequência do número cada vez maiorde pessoas que frequentam escolas e querem mais informações;

• Revolução cívica, que é representada por milhões de pessoas organiza-das de todo o mundo reunidas em associações e organizações não-governa-mentais (ONGs), defendendo seus direitos e seus interesses, como a pro-moção social e a proteção ambiental;

• E estes fatores ocorrem num momento em que chegamos ao limite douso dos recursos naturais.

4 Fonte: http://www.inkbrasil.com.br/sobreaink.html

6.1 - DEFINIÇÃO E IMPORTÂNCIA DARESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES

De acordo com Mendonça (2004) responsabilidade social é a maneiracomo as empresas realizam seus negócios - os critérios que utilizam para a

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tomada de decisões, os valores que definem suas prioridades e os relaciona-mentos com todos os públicos com os quais interagem.

É a forma de gestão ética e transparente que tem a organização com suaspartes interessadas, de modo a minimizar seus impactos negativos no meioambiente e na comunidade. Ser ético e transparente quer dizer conhecer econsiderar suas partes interessadas objetivando um canal de diálogo (INSTI-TUTO ETHOS, 2003).

Compromisso da empresa com relação à humanidade em geral, e umaforma de prestação de contas do seu desempenho baseado na apropriaçãoe uso de recursos que originalmente não lhe pertencem (MELO; FROES,1999, p. 83-84).

A Organização Não Governamental – ONG – norte-americana, “Businessfor Social Responsability - BSR” estabeleceu os mandamentos de uma em-presa socialmente responsável. Segundo Melo Neto e Froes (2001), ela osdefiniu em oito abordagens, da seguinte maneira, ou seja, uma empresa ésocialmente responsável quando:

1) ECOLÓGICA – usa papel reciclado em produtos e embalagens;

2) FILANTRÓPICA – permite que os funcionários reservem parte dohorário de serviço para a prestação de trabalho voluntário;

3) FLEXÍVEL – deixa que os funcionários ajustem sua jornada de trabalhoàs necessidades pessoais;

4) INTERESSADA – faz pesquisas entre os funcionários para conhecerseus problemas e tentar ajudá-los;

5) SAUDÁVEL – dá incentivos para funcionários que alcançam metas desaúde como redução de peso e colesterol baixo;

6) EDUCATIVA – permite que grupos de estudantes visitem as suas de-pendências;

7) COMUNITÁRIA - cede as suas instalações esportivas para campeona-tos de escolas das redondezas;

8) ÍNTEGRA – não lança mão de propaganda enganosa, vendas casadas eoutras práticas de marketing desonestas.

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A responsabilidade social é vista como um compromisso da empresa comrelação à humanidade em geral, e uma forma de prestação de contas do seudesempenho baseado na apropriação e uso de recursos que originalmentenão lhes pertencem (ALONSO, LÓPEZ E CASTRUCCI, 2006).

Para Ashley (2005), o mundo empresarial encara a responsabilidade socialcomo uma nova estratégia para maximizar seu lucro e potencializar seu de-senvolvimento, isso decorre da maior conscientização dos consumidores econsequente procura de produtos que sejam geradores de melhorias para omeio ambiente e para a comunidade, valorizando aspectos éticos inerentesà cidadania.

Assim, segundo a mesma autora (2005, p. 7) as atitudes e atividades deuma organização precisam de conduta mais ética nos negócios, em virtudeda:

• Preocupação com as atitudes éticas e moralmente corretas que afetamtodos os públicos envolvidos;

• Promoção de valores e comportamentos morais que respeitem os pa-drões universais de direitos humanos e de cidadania e participação na socie-dade;

• Respeito ao meio ambiente e contribuição para sua sustentabilidade emtodo mundo;

• Maior envolvimento nas comunidades em que se insere a organização,contribuindo para o desenvolvimento econômico e humano dos indivíduosou até atuando diretamente na área social, em parceria com governos ouisoladamente.

Portanto, quanto mais consciência os consumidores possuírem, quandomais capazes de exercer a cidadania eles forem, maior será a exigência pelaprática de ações de responsabilidade social, e pelo desenvolvimento, porparte da empresa, de estratégias empresariais competitivas que sejam social-mente corretas, ambientalmente sustentáveis e economicamente viáveis. Essaatuação será capaz de delinear a reputação da empresa no mercado em queatua, pois como comprovou uma pesquisa da Dow Química, aproximada-mente 30% do valor das ações das empresas na bolsa de valores, são defini-dos e valorizados ou não, conforme a reputação da empresa no mercado(ARREBOLA, 2003).

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4 Fonte: http://jornalambientecultural.blogspot.com.br/p/responsabilidade-social.html

A cultura organizacional das empresas brasileiras dificultam a implantaçãoda promoção, entre os funcionários menos graduados, dos valores éticos,morais e culturais privilegiados pelos mais altos níveis hierárquicos de umaempresa (ASHLEY, 2005).

Porém, segundo a mesma autora (2005, p. 15), a preocupação em esta-belecer sólidos princípios de responsabilidade social corporativa dentre dasorganização se resume somente a empresas multinacionais atuantes no Bra-sil, como a Shell e a Xerox, empresas reconhecidamente avançada no de-senvolvimento de práticas de responsabilidade social no mundo inteiro. Cadavez mais as organizações brasileiras, tais como a Natura, O Boticário e osbancos Itaú, ABN Amro Bank/Banco Real, Unibanco e Bradesco, empresasenvolvidas tanto em ações sociais, preocupação com o meio ambiente, oupelo cuidado de não negociar com fornecedores que utilizam mão-de-obrainfantil.

A Usina Central Olho D’Água aboliu, há mais de 30 anos, o empregode mão-de-obra infantil em sua força de trabalho. Por essa razão, ganhouo selo Abrinq de Empresa Amiga da Criança, juntamente com outras usi-nas de cana-de-açúcar de Pernambuco, tais como a Usina Petribú e a Usi-na São José.

Fonte: ASHLEY, P. A. (ORG). Ética e responsabilidade social nosnegócios. 2. Ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 77.

Com isso, a responsabilidade social, além de ser exercício de cidadaniaempresarial, de ser capaz de proporcionar qualidade de vida à população pormeio da conservação do meio ambiente, de outras atividadesprofissionalizantes, sociais e educativas, tornou-se também uma alavanca

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mercadológica indispensável, quando se trata de reputação da empresa, dautilização do marketing social e consequente valoração de suas ações nosmercados de capitais. Além disso, as empresas que têm uma maior preocu-pação em serem socialmente responsáveis, possuem um quadro de funcio-nários mais motivados.

Uma empresa socialmente responsável atrai os melhores profissionais.Uma pesquisa da You & Company com cerca de 2.000 estudantes norte-americanos de MBA revelou que mais de 50% deles preferiria trabalharem companhias éticas, mesmo que isso significasse salários menores.

Fonte: ASHLEY, P. A. (ORG). Ética e responsabilidade social nosnegócios. 2. Ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 09.

6.2 - A VISÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL

Para ilustrar um exemplo claro do discurso empresarial em relação à res-ponsabilidade social, veja, abaixo, o “credo” elaborado pela Johnson & Johnson(ASHLEY, 2005 apud Johnson e Johnson1):

- Cremos que nossa primeira responsabilidade é para com os médicos,enfermeiras e pacientes, para com as mães, pais e todos os demais que usamnossos produtos e serviços. Para atender suas necessidades, tudo o que fize-mos deve ser de alta qualidade.

- Devemos constantemente nos esforçar para reduzir nossos custos, afim de manter preços razoáveis. Os pedidos de nossos clientes devem serpronta e corretamente atendidos. Nossos fornecedores e distribuidoresdevem ter a oportunidade de auferir um lucro justo.

- Somos responsáveis para com nossos empregados, homens e mulheresque conosco trabalham em todo o mundo. Cada um deve ser consideradoem sua individualidade. Devemos respeitar sua dignidade e reconhecer seusméritos. Eles devem sentir-se seguros em seus empregos. A remuneraçãodeve ser justa e adequada e o ambiente de trabalho limpo, ordenado e segu-ro. Devemos ter em mente maneiras de ajudar nossos empregados a aten-der às suas responsabilidades familiares.

- Os empregados devem sentir-se livres para fazer sugestões e reclama-ções. Deve haver igual oportunidade de emprego, desenvolvimento e pro-

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gresso para os qualificados. Devemos ter uma administração competente, esuas ações devem ser justas e éticas.

- Somos responsáveis perante as comunidades nas quais vivemos e traba-lhamos, bem como perante a comunidade mundial.

Devemos ser bons cidadãos, apoiar boas obras sociais e de caridade earcar com a nossa justa parcela de impostos.

- Devemos encorajar o desenvolvimento do civismo e a melhoria da saúdee da educação. Devemos manter em boa ordem as propriedades que temoso privilégio de usar, protegendo o meio ambiente e os recursos naturais.

- Nossa responsabilidade final é para com os acionistas. Os negócios de-vem proporcionar lucros adequados. Devemos experimentar novas idéias.Pesquisas devem ser levadas avante, programas inovadores desenvolvidos eos erros reparados. Novos equipamentos devem ser adquiridos, novas fá-bricas construídas e novos produtos lançados. Reservas devem ser criadaspara enfrentar tempos adversos. Ao operarmos de acordo com esses prin-cípios, os acionistas devem receber justa recompensa.

Este “credo” da Johnson resume a ampla abordagem da responsabilidadesocial das empresas, abrangendo desde os acionistas, passando pelos clien-tes, fornecedores e distribuidores, empregados e suas famílias, comunidadelocal, mundial e meio ambiente. O conceito atinge proporções que mesclama ética nos negócios e a ética social.

6.2.1 - VISÃO CLÁSSICA OU ECONÔMICA

De acordo com Alonso, López e Castrucci (2006, p. 176), a única respon-sabilidade social da empresa e de seus executivos é a de maximizar os lucrospara seus acionistas.

4 Fonte: http://www.cdlvca.com/v1/2012/04/11/setor-bancario-lidera-lucros-no-pais-em-2011/

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Milton Friedman (1962 apud Alonso, López e Castrucci, 2006) argumenta:

a) Quando os administradores decidem destinar recursos da empresa acausas sociais, de onde provêm esses recursos?

- Do lucro dos acionistas?

- Da remuneração dos empregados?

- Do preço pago pelos consumidores?

b)A solução dos problemas sociais é de competência dos representantesda sociedade, escolhidos do povo, do poder público, e não das empresas;

c) A prática da SER aumentaria excessiva e perigosamente o poder que asempresas já possuem naturalmente, podendo ser considerada uma verda-deira intromissão política, sem mandato público;

d)Os homens de negócio estão habituados em suas empresas a um estilo“monárquico” de liderança que não combina com a liderança democráticaexercida nas organizações sociais; eles não estão preparados para comandaressas organizações.

4 Fonte: http://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2012/

04/16/capitalismo-de-estado-neocorporativista-no-brasil/

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6.2.2 - VISÃO SÓCIOECONÔMICA

Segundo Alonso, López e Castrucci (2006, p. 177), “a empresa não devesomente buscar o lucro, mas também a proteção e a melhoria da qualidadede vida das comunidades em que elas operam, e da sociedade em geral”.Dentre os argumentos dos defensores da responsabilidade social empresa-rial estão:

a) Existe uma expectativa do público quanto ao apoio das empresas aosprojetos sociais de toda a natureza, comprovada pela experiência das orga-nizações sociais;

b) O comportamento socialmente responsável das empresas e as boasrelações com a comunidade propiciam, com mais segurança, lucros a longoprazo;

c) Os objetivos sociais da empresa contribuem para sua boa imagem pú-blica;

d) A melhoria do ambiente interno é outro resultado do bom desempe-nho social da empresa – idealismo e solidariedade – valorização do emprega-do e da empresa;

e) Existe interesse dos acionistas, mostrado pela crescente procura deinvestidores por ações de empresas consideradas responsáveis socialmente;

f) Com o atendimento a problemas e carências sociais, as empresas evi-tam mais regulamentos do governo;

g) A responsabilidade social corporativa promove o equilíbrio entre res-ponsabilidade e poder das empresas; o poder sem a responsabilidade socialpode estimular comportamentos irresponsáveis contra o bem comum;

h) A empresa conta com disponibilidade de recursos financeiros de quenecessitam as organizações sociais;

i) A responsabilidade social corporativa serve de ação preventiva;

j) É considerada uma obrigação ética, pois a Responsabilidade Social, alémde ser eticamente boa, é uma dever da empresa para com a sociedade,graças à qual a empresa vive e da qual obtém seu retorno.

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4 Fonte: http://www.softlav.com.br/softlav/index.php?option=com_content&view=

article&id=50&Itemid=54

Melo Neto e Froes (2001) consideram ainda que as empresas de vanguar-da reconhecem que devem se adequar ao mais novo paradigma empresari-al, que representa o figurino da empresa socialmente responsável e que pos-sui, segundo os autores, as seguintes características:

a) Alto comprometimento com a comunidade;

b) Atua em parceria com o governo, demais empresas e entidades emprogramas e projetos sociais;

c) Apresenta progressão de investimentos nas áreas sócias;

d) Viabiliza projetos sociais independentemente dos benefícios fiscais exis-tentes;

e) Realizam ações sociais, cujo principal objetivo não é o marketing, masum comprometimento efetivo com a comunidade;

f) Seus funcionários, conscientes da responsabilidade social da empresa,atuam como voluntários em campanhas e projetos sociais;

g) Os valores e princípios empresariais, além de sua missão e visão estra-tégica, incorporam responsabilidades diversas, envolvendo o seu relaciona-mento com o governo, clientes, fornecedores, comunidade, sociedade, aci-onistas e demais parceiros.

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Melo Neto e Froes (2001, p.36) complementam dizendo que “a empresasocialmente responsável torna-se cidadã porque dissemina novos valores querestauram a solidariedade social, a coesão social e o compromisso socialcom a equidade, a dignidade, a liberdade, a democracia e a melhoria da qua-lidade de vida de todos que vivem na sociedade.”

6.3 - INDICADORES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL

Alonso, López e Castrucci (2006) citam o Instituto Ethos, criado na déca-da de 80, em São Paulo, cuja missão é mobilizar, sensibilizar e ajudar as em-presas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-asparceiras na construção de uma sociedade sustentável e justa.

4 Fonte: http://gipesufpe.wordpress.com/

Inicialmente, em 2003, o Instituto Ethos contava com 11 empresas pio-neiras na prática da responsabilidade social. Em 2004, haviam 937 empresasassociadas, em 2008, 1346 empresas associadas e em 2012, 1478 empresasassociadas. Veja o quadro abaixo disponibilizado pelo Instituto Ethos dasempresas associadas:

4 Fonte: http://fenix.ethos.org.br/ListaAssociadasPorPorteEstado.aspx

Os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social vêm sendo amplamentedivulgados para as empresas brasileiras, cuja principal finalidade é fornecer àsempresas um instrumento de acompanhamento e monitoramento das suaspráticas de responsabilidade social. Com o avanço do movimento de res-

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ponsabilidade social no Brasil e na América Latina, um amplo processo derevisão dos Indicadores Ethos foi iniciado em outubro de 2010 para a cons-trução dos Indicadores Ethos - 3ª Geração , cujo lançamento está previstopara outubro de 2012.

De acordo com o Instituto Ethos-SEBRAE (2007), as Diretrizes da Res-ponsabilidade Social Empresarial são:

• 1ª Adote valores e trabalhe com transparência

• 2ª Valorize empregados e colaboradores

• 3ª Faça sempre mais pelo meio ambiente

• 4ª Envolva parceiros e fornecedores

• 5ª Proteja clientes e consumidores

• 6ª Promova sua comunidade

• 7ª Comprometa-se com o bem comum

Assim, a responsabilidade social foi classificada por Melo Neto e Froes(2001) como o novo paradigma empresarial. Mais do que ética nas ações, aresponsabilidade social demonstra um grande potencial estratégico e delucratividade. É o elo que une os interesses da sociedade, dos níveis destakeholders à satisfação dos objetivos organizacionais, realizados por meiode atuação ética, comprometida com a sociedade.

Segundo Nadas (2004) a prática da responsabilidade social pelas empresastem como objetivos e benefícios:

• proteger e fortalecer a imagem da marca e sua reputação, favorecendoa imagem da organização, pois a credibilidade passa a ser uma importantevantagem, um diferencial competitivo no mundo globalizado;

• diferenciação dos concorrentes, pois quando a empresa se insere nacomunidade, cria um diferencial, se destaca caracterizando a empresa;

• visão positiva da empresa, uma vez que a empresa passa a satisfazer nãosó seus acionistas, mas, principalmente, os consumidores;

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• geração de mídia espontânea com a formação de seu mercado futuro;

• quando contribui para o desenvolvimento da comunidade, está se for-mando os futuros consumidores também;

6.4 - ÉTICA, MORAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL

A ética não é algo superposto à conduta humana, pois todas as nossasatividades envolvem uma carga moral. Idéias sobre o bem e o mal, o certo eo errado, o permitido e o proibido definem a nossa realidade.

Em nossas relações cotidianas estamos sempre diante de problemas dotipo: devo sempre dizer a verdade ou existem ocasiões em que posso men-tir? Será que é correto tomar tal atitude? Devo ajudar um amigo em perigo,mesmo correndo risco de vida? Será que posso mentir para conquistar omeu cliente?

Ao analisar o problema do comportamento ético-moral que hoje é otema nos negócios que invade todas as áreas das empresas da mesma formaé assunto presente na mídia.

Para Valls (1993, p.7) “a ética é daquelas coisas que todo mundo sabe oque são, mas que não são fáceis de explicar, quando alguém pergunta”. Nes-se sentido pode-se dizer que, alguns diferenciam ética e moral de váriosmodos, mas na verdade uma completa a outra.

A fim de maior compreensão fez-se necessário uma busca nos dicionáriosAurélio e o dicionário Sérgio Ximenes, no qual o sentido de ética e moralnos expressa que ética é como moral, como norma baseia-se em princípiose regras morais fixas que precisam ser seguidas para vivermos em uma soci-edade mais justa.

A ética é como a disciplina ou campo do conhecimento que trata da defi-nição e avaliação de pessoas e organização, e a disciplina que dispõe sobre ocomportamento adequado e os meios de implementá-lo levando-se em con-sideração os entendimentos presentes na sociedade ou em agrupamentossociais particulares.

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