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E CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE DISCIPLINA: FUTSAL PROFESSOR: Pablo Ramon Coelho de Souza Esta apostila refere-se ao conteúdo posterior à Avaliação Intermediária de Aprendizagem (AIA) Da capacidade de jogo ao treinamento tático no futsal A capacidade de jogo é caracterizada pela prática de situações que são típicas aos jogos esportivos coletivos, devido às características que as diferentes modalidades apresentam em comum, tais como: relações de oposição (adversários) e cooperação (colegas); objeto de jogo (bola), espaço , objetivo e regulamento. Para o desenvolvimento da capacidade de jogo é importante observar que, determinados aspectos táticos dos esportes coletivos são comuns a todos eles. Por exemplo: a progressão com a bola, sair da marcação ou desmarcar-se, ou seja, aspectos básicos da tática individual, são comuns ao futebol de campo, ao handebol, ao basquetebol etc. A tabela, o cruzamento ou overlap, as cortinas ou bloqueios, são ações táticas de grupo que também aparecem em todos os jogos esportivos coletivos, mesmo no voleibol, onde às vezes existem algumas ações diferenciadas. É importante destacar que essas ações táticas possuem e requisitam da criança uma organização cognitiva semelhante, sendo ainda mais interessante que esta organização, este conhecimento tático pode ser estimulado desde as brincadeiras na infância. Um fator relevante nesse processo de ensino-aprendizagem-treinamento é a necessidade de desenvolver na criança o interesse a motivação para a solução de problemas / tarefas motoras, sendo que este objetivo paralelamente estimule a criança a melhorar sua capacidade de tomar decisões. Para que se possa tomar uma decisão – sendo que no esporte sempre será uma decisão tática - existem alguns momentos que antecedem a concretização da ação. A dúvida sobre “o que fazer” é anterior à questão do “como fazer”. O que fazer, está caracterizado pelo nível de desenvolvimento da tática do indivíduo. O como fazer, é caracterizado pelo nível de rendimento da técnica do indivíduo. Ao se trabalhar com a criança, em determinadas situações do jogo, o praticante não terá sucesso na realização de certas ações. Muitas vezes, isto ocorre pela falta de conhecimento tático e, não somente pela falta ou pelo erro da técnica!.

Apostila Futsal Pablo

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E CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTEDISCIPLINA: FUTSALPROFESSOR: Pablo Ramon Coelho de Souza

Esta apostila refere-se ao conteúdo posterior à Avaliação Intermediária de Aprendizagem (AIA)

Da capacidade de jogo ao treinamento tático no futsal

A capacidade de jogo é caracterizada pela prática de situações que são típicas aos jogos esportivos coletivos, devido às características que as diferentes modalidades apresentam em comum, tais como: relações de oposição (adversários) e cooperação (colegas); objeto de jogo (bola), espaço , objetivo e regulamento.

Para o desenvolvimento da capacidade de jogo é importante observar que, determinados aspectos táticos dos esportes coletivos são comuns a todos eles. Por exemplo: a progressão com a bola, sair da marcação ou desmarcar-se, ou seja, aspectos básicos da tática individual, são comuns ao futebol de campo, ao handebol, ao basquetebol etc. A tabela, o cruzamento ou overlap, as cortinas ou bloqueios, são ações táticas de grupo que também aparecem em todos os jogos esportivos coletivos, mesmo no voleibol, onde às vezes existem algumas ações diferenciadas.

É importante destacar que essas ações táticas possuem e requisitam da criança uma organização cognitiva semelhante, sendo ainda mais interessante que esta organização, este conhecimento tático pode ser estimulado desde as brincadeiras na infância. Um fator relevante nesse processo de ensino-aprendizagem-treinamento é a necessidade de desenvolver na criança o interesse a motivação para a solução de problemas / tarefas motoras, sendo que este objetivo paralelamente estimule a criança a melhorar sua capacidade de tomar decisões.

Para que se possa tomar uma decisão – sendo que no esporte sempre será uma decisão tática - existem alguns momentos que antecedem a concretização da ação. A dúvida sobre “o que fazer” é anterior à questão do “como fazer”. O que fazer, está caracterizado pelo nível de desenvolvimento da tática do indivíduo. O como fazer, é caracterizado pelo nível de rendimento da técnica do indivíduo.

Ao se trabalhar com a criança, em determinadas situações do jogo, o praticante não terá sucesso na realização de certas ações. Muitas vezes, isto ocorre pela falta de conhecimento tático e, não somente pela falta ou pelo erro da técnica!.

Deste modo, a criança precisa aprender a executar e dominar, o gesto técnico, mas fundamentalmente também, conhecer o funcionamento do jogo, as suas regras táticas, as relações quando-então, enfim as suas características táticas.

Sendo assim a tática ou ‘o que fazer’ ocupa, portanto, um papel preponderante, pois procura-se usufruir, da maneira mais apropriada de todos os meios e comportamentos permitidos nas regras específicas dos esportes, para tornar possíveis a suas ações e limitar as do adversário.

Apresenta-se uma classificação da tática em relação a sua função e característica: Função: diz respeito as ações do atleta na situação de ataque ou defesa, determinadas pela

posse ou não da bola. Característica: diz respeito ao número de atletas envolvidos na ação, podendo ser individual,

de grupo ou coletiva.a) individual - ocorre quando um jogador, através da aplicação de uma técnica em uma

situação de jogo, visa atingir um objetivo determinado. No futsal, pode ser exemplificado pela sua capacidade de saber quando utilizar um chute, drible ou passe em uma situação de ataque;

b) grupo: são ações coordenadas entre dois ou três jogadores, através de uma sequência de técnicas individuais, visando um objetivo comum. No futsal, seria a utilização de um cruzamento, bloqueio ou tabela, visando finalizar a gol.

c) coletiva: elaboração de ações simultâneas, envolvendo três ou mais jogadores, conforme um plano de ação geral em relação ao objetivo visado. No futsal, seriam os rodízios ou a marcação individual meia-quadra, onde todos os jogadores envolvidos executariam ações coordenadas visando uma organização geral do jogo.

ATAQUE DEFESATÁTICA INDIVIDUAL Quando passar, driblar, chutar, conduzir e

desmarcar

INDIVIDUAL Quando acompanhar, antecipar, desarmar e

recuarTÁTICA DE GRUPO Tabela Cruzamento Bloqueio

TÁTICA DE GRUPO Cobertura Troca de Marcação Ajuda

TÁTICA COLETIVA Sistemas de ataque e ações ofensivas (com

jogadores de linha e com o goleiro) Contra-ataque Situações de Bolas Paradas

TÁTICA COLETIVA Sistemas de Defesa (quanto ao tipo, quanto ao

espaço de jogo e quanto à intensidade) Marcação de Contra-ataque Marcação de Bolas Paradas

Exemplos ofensivos do que se deve perceber para tomar decisões que impliquem em táticas individuais (quando conduzir, chutar, driblar, etc) ou táticas de grupo (tabela, cruzamento e bloqueio):

O QUE FAZER? O QUE PERCEBER?(Sinais relevantes)

Condução local da quadra; a relação espacial entre a bola e o executante; característica e comportamento do adversário;

Chute local da quadra; a relação espacial entre a bola e o executante; características e comportamento do goleiro; característica e comportamento do adversário;

Drible local da quadra; a relação espacial entre a bola e o executante; característica e comportamento do adversário; situação do jogo;

Passe local da quadra; relação espacial entre a bola e o executante; posição do adversário; características do adversário; posição do companheiro; características do companheiro situação do jogo;

Tabela todos os aspectos referentes ao passe; espaço para deslocamento de quem vai receber a devolução; acompanhamento do defensor;

Bloqueio local da quadra; comportamento do adversário; comportamento do colega;

Cruzamento local da quadra; comportamento do adversário; comportamento do colega;

ILUSTRAÇÕES/EXEMPLOS DE ALGUMAS TÁTICAS DE GRUPO DEFENSIVAS:

Troca de marcação

Ajuda

TÁTICA COLETIVA OFENSIVA

AD1

A ATAQUE

D2

D3

D4

D

A2

A3

A4

A5

AD1

A ATAQUE

D2

D3

D4

D

A2

A3

A4

A5

Apesar do dinamismo existente e do desaparecimento gradativo da especialização,

há na literatura deste esporte, uma divisão em relação às posições dos jogadores e

características principais:

a) Goleiro: é um elemento de importância cada vez mais reconhecida. A possibilidade de

realizar o balanço defensivo, particularmente se inserido em equipas de características

claramente ofensivas, assim como pelo fato de se assumir como o primeiro elemento da

estratégia ofensiva, em especial no lançamento de rápidos contra-ataques, tornam o

goleiro, um dos mais privilegiados jogadores de qualquer equipe. Deve possuir boa

colocação, agilidade, ousadia, flexibilidade e atenção.

b) Fixo: é o jogador, geralmente, mais recuado, à exceção do goleiro, predominando a função

de defesa sobre a de atacante finalizador. Deve apresentar senso de distribuição de jogo,

bom passador e coordenador das jogadas.

c) Alas: podem denominar-se direito ou esquerdo, segundo a posição que ocupam na quadra.

A lateralidade dos jogadores determina a existência de um lado dominante e outro fraco

(por exemplo: o jogador esquerdo, na ala direita, terá como lado dominante o centro, e

fraco a ala), o que leva a considerar a dupla opção de jogar por ambas as alas. Devem

apresentar bom preparo físico, boa condução de bola e saber explorar espaços vazios.

d) Pivô: é um jogador que se caracteriza pela sua posição mais avançada e que, muitas

vezes, joga de costas para a baliza. Predomina no jogo ofensivo e, sobretudo finalizador.

Deve ser forte no jogo 1x1 e/ou saber distribuir as jogadas, podendo também realizar

ações de finalização.

SISTEMAS DE JOGO

Sistema 2-2

Consiste em dois jogadores posicionados na meia quadra defensiva e outros dois

na meia quadra ofensiva. Este sistema é mais utilizado em faixas etárias menores, devido ao

baixo de nível de complexidade e facilidade de execução.

Sistema 2-1-1

Consiste em uma variação do sistema anterior, porém com dois jogadores

posicionados na meia quadra defensiva, um terceiro posicionado na altura da linha central

próximo a lateral e o quarto na meia quadra ofensiva, próximo ao penalte. Sua aplicação

também é simples, sendo também utilizado nas faixas etárias menores.

Sistema 3-1

Surgiu a partir do sistema 2-1-1, porém, consistindo em ter o fixo posicionado na

altura da marca de penalidade máxima de sua quadra defensiva, com os alas abertos nas

A

A

A

A

A

A

A

A

DEFESA ATAQUE

DEFESA ATAQUE

laterais um pouco mais a frente, ainda na meia quadra defensiva, e o pivô posicionado na meia

quadra ofensiva próximo à marca de penalte. É um sistema com um nível de complexidade

maior, visto as possibilidades de movimentações e ações destes jogadores envolvidos.

Sistema 1-3

Consiste de três jogadores posicionados na meia-quadra adversária, procurando

atrair a marcação dos jogadores adversários correspondentes, criando espaços para que o

jogador mais recuado possa efetuar o drible no seu marcador e criar uma situação de

superioridade numérica. Usado em situações extremas pois implica num risco muito grande

para a equipe que adota este sistema.

Sistema 3-2

Consiste na ação de um goleiro com boa qualidade de trabalho com os pés, dois

jogadores posicionados próximos ao meio da quadra e outros dois próximos à área do

A

A

A

A

A

A

A

A

DEFESA ATAQUE

DEFESA ATAQUE

adversária. Este sistema visa criar superioridade numérica objetivando a finalização ao gol

adversário ou melhorar a posse de bola.

Sistema 4-0

Consiste no posicionamentos dos quatro jogadores de linha próximos lateralmente,

visando trazer o adversário para sua meia-quadra de defesa, em busca de explorar o espaço

vazio na meia-quadra de ataque da equipe de posse de bola

AÇÕES OFENSIVAS

Com atletas de linha

Rodízio de três

A

A

A

A

DEFESA ATAQUE

GL

A

A

AGL

A

Surgiu como necessidade de suprir a deficiência causada pela pouca mobilidade dos

sistemas estáticos anteriores. Consiste numa movimentação constante entre fixos e alas,

buscando o momento adequado para infiltrações e passes ao pivô.

Rodízio de quatro

Consiste na movimentação ordenada entre os quatro componentes da equipe, tendo

entre outros objetivos, as tabelas na paralela ou infiltrações no lado contrário da bola.

Existem também outros rodízios ou padrões, tais como: redondo, pisada ou de

cruzamento, padrão de beirada ou troca de ala-pivô, de meio, quatro em linha, etc.

Com goleiro

Utilizando os alas (através de linhas de passes), pivô ou rodízios.

CONTRA-ATAQUE

Entende-se por contra-ataque a situação em que uma equipe que se encontrava

defendendo, recupera a posse de bola e com rapidez aproveita uma possível desarticulação da

defesa adversária, tentando em velocidade, não dar tempo de recomposição da defesa,

explorando uma vantagem numérica momentânea. O contra-ataque pode começar com algum

jogador de linha ou com o goleiro.

a) Jogadores de linha

Geralmente acontece com interceptação/antecipação de um passe do adversário ou

por uma “roubada” de bola, onde o atleta de posse de bola progride em direção ao gol contrário

com a maior velocidade possível a fim de finalizar ou de passar a bola a um companheiro

melhor posicionado e em condições de executar o gol.

b) Goleiro (lançamento/passe ou armação)

Muitos contra-ataques são originados a partir do goleiro, que após uma defesa firme

executa o lançamento com rapidez a um jogador de linha, que com grande velocidade tenta

chegar ao gol adversário. É comum também nos dias de hoje, com a plena utilização das

regras, que o goleiro, após uma defesa, jogue a bola para fora da área e a conduza com a

maior velocidade, servindo-a para um jogador de linha ou até mesmo finalizando ao gol

adversário, desde que respeite os 4 segundos na sua meia-quadra de defesa.

Recomendações básicas para o contra-ataque:

Quem estiver com a bola desloca-se preferencialmente pelo meio, com a maior velocidade

possível.

Os jogadores que estiverem sem a posse de bola devem correr mais rápidos do que aquele

que estiver com a bola, procurando desmarcar-se a fim de permitir uma boa opção para o

colega (criar linha de passe à frente). É importante que pelo menos um jogador fique atrás

no contra-ataque para um possível balanço defensivo.

SITUAÇÕES DE BOLAS PARADAS

As situações de bolas paradas no futsal são favoráveis à realização de jogadas

ensaiadas no futsal, devido a sua ocorrência frequente durante um jogo de futsal, determinadas

pelas regras da modalidade e principalmente, devido ao tempo disponível para organização e

execução das ações, tendo em vista que a bola encontra-se fora de jogo. Assim sendo, as

jogadas ensaiadas de bola parada no futsal adquirem grande significado, sendo consideradas

grandes responsáveis pelas diferenças no rendimento das equipes.

Vamos agora abordar algumas situações específicas de bola parada, tecendo

comentários

a) Arremesso de Meta (quebras de marcação)

O arremesso de meta é uma situação de grande importância pela sua frequência de

ocorrência numa partida de futsal e pelo tipo de marcação imposta pelo adversário na

reposição de bola em jogo.

A forma mais simples e eficiente, sendo considerada a primeira opção para a cobrança

do arremesso de meta, diz respeito à rapidez de distribuição do goleiro, procurando aproveitar

um possível desequilíbro defensivo da equipe adversária.

Caso não seja possível uma rápida distribuição ou reposição da bola em jogo, tendo

em vista que a defesa adversária encontra-se equilibrada e bem postada, torna-se necessário

colocar em prática jogadas ensaiadas elaboradas e treinadas previamente que permitam à

equipe executante superar a marcação adversária sem correr grandes riscos e com a

possibilidade de desencadear uma ação ofensiva consistente.

Nos jogos de alto nível, as jogadas ensaiadas de arremesso de meta, também

chamadas de jogadas de “quebra de marcação” tem sido bastante utilizadas. Geralmente,

estas jogadas são iniciadas através de posicionamentos ou sistemas conhecidos, como 2-2, 2-

1-1, 3-1 ou 4-0, ou de posicionamentos poucos usuais que tornam mais complexas as jogadas.

b) Arremesso Lateral (ofensivo ou defensivo)

É aquele utilizado na reposição da bola em jogo após a mesma ter saído pela linha lateral.

Pode ser classificado em:

Lateral ofensivo: aqueles cobrados na meia-quadra de ataque da equipe executante

Lateral defensivo: aqueles cobrados na meia-quadra de defesa da equipe executante;

A eficiência e o aproveitamento das jogadas ensaiadas depende da distância dos

arremessos laterais em relação à meta adversária. Deste modo, o arremesso lateral, hoje em

dia, principalmente o ofensivo, pode ser trabalhado como um tiro livre indireto e, como tal, pode

ser utilizado como uma boa opção de ataque, tendo em vista um tempo mínimo de 4 segundos

para a organização da jogada e possibilidade de induzir os adversários a posicionamentos

desejados para, posteriormente, surpreender a equipe adversária.

Nos arremessos laterais deve-se levar em consideração a presença de um jogador a

menos em quadra da equipe atacante, já que um é o responsável pela sua execução. Deste

modo, além da necessidade da participação ativa dos outros jogadores da equipe, através de

desmarcações e ações coordenadas, o jogador responsável pela cobrança, deve,

imediatamente se colocar a disposição da equipe após a execução. A sincronização dos

movimentos, capacidade de percepção e seleção de alternativas por parte do executante e

uma boa qualidade de passe são condições fundamentais para a aplicação das jogadas

ensaiadas a partir dos arremessos laterais.

c) Arremesso de canto

Considerando a proximidade da bola em relação à meta adversária, a sua frequência de

ocorrência em jogos de futsal e o fato dos atacantes estarem numa posição mais favorável do

que os defensores em relação ao campo visual, os arremessos de canto apresentam-se como

situações de grande importância para a obtenção de gols e, consequentemente, para a

utilização de jogadas ensaiadas. Porém, deve-se ter o cuidado para não oportunizar um contra-

ataque para o adversário, tendo em vista que caso o adversário recupere a posse da bola, este

estará de frente para o nosso gol e a defesa estará de costas. Por isso, o escanteio, conforme

a circunstância do jogo, pode ser utilizado para tentar a finalização ou para manter a posse de

bola.

Nas jogadas ensaiadas de arremesso de canto, deve-se ter, tal como nos arremessos

laterais, um cobrador específico que seja um atleta de boa qualidade de passe, capacidade de

percepção e tomada de decisão para escolher a melhor alternativa. Além disso, torna-se

importante definir o atleta responsável pelo equilíbrio defensivo, ou seja, aquele capaz de fazer

a cobertura e evitar o contra-ataque adversário.

Aconselha-se também, como princípio geral, evitar que muitos jogadores da equipe

atacante posicionem-se dentro da área adversária, para estimular as infiltrações e

movimentações visando a finalização a gol. Vale também destacar a importância do correto

posicionamento dos jogadores em função do pé bom de finalização dos mesmos.

d) Bola de Saída

As situações de bola de saída, executadas no início do 1° ou 2° tempo de jogo ou após

sofrer um gol, não têm sido consideradas como oportunidades de obtenção de gols pela

maioria das equipes. Apenas em quadras pequenas, algumas equipes têm simplesmente

utilizado o chute direto para o gol a partir desta situação, como ação ofensiva direta.

Porém, jogadas ensaiadas bem elaboradas a partir desta situação podem constituir-se

numa possibilidade de surpreender o adversário e trazer grandes benefícios psicológicos à

equipe beneficiada, bem como desestabilizar emocionalmente o adversário que, muitas vezes,

não espera uma ação ofensiva a partir desta situação e, principalmente, neste momento do

jogo.

e) Faltas (tiros livres)

A cobrança de tiros livres ou de faltas, como são conhecidos popularmente, através de

uma jogada ensaiada é, dentre as situações de bola parada abordadas, a melhor maneira de

marcar um gol. Isto justifica-se pelo fato de que, geralmente, na cobrança de tiros livres, tem-se

tempo de organizar a jogada e a equipe beneficiada terá na maioria das situações,

superioridade numérica sobre a defesa, em determinados setores da quadra, devido ao

adversário ter jogadores na barreira.

Esta situação deve, portanto, merecer por parte dos treinadores uma atenção especial,

pois sua adequada elaboração, treinamento e execução poderão, com certeza, decidir muitas

partidas em favor da equipe que der a importância que merece.

As movimentações ensaiadas para a cobrança de tiros livres devem ser organizadas e

treinadas de acordo com os seguintes fatores que se inter-relacionam: .

- A distância do local de execução do tiro livre para a meta contrária;

- O número de jogadores que estão posicionados na barreira;

- A situação dos jogadores que se posicionam fora da barreira.

A inter-relação destes fatores nos dará uma maior ou menor margem de superioridade

numérica, tendo em conta que esta superioridade aumentará quanto mais perto for o local da

execução em relação à meta adversária. Outro aspecto é a colocação do restante dos

jogadores fora da barreira que nos darão um ponto de referência para que os atacantes

possam se posicionar favoravelmente para um passe do jogador que vai armar a falta ou

selecionar a melhor opção.

Dentro desta contexto, deve-se adequar o pé (direito ou esquerdo) mais favorável para

que a execução do chute a gol seja o mais acertado possível. É conveniente que os jogadores

durante seus treinamentos passem por todas as posições para familiarizar-se com as funções

tanto defensivas quanto ofensivas, de modo a conhecer a posição correta e o momento de

realizá-la na situação de jogo.

O armador da falta tem uma tarefa importantíssima, porque esse atleta deve

escolhe a melhor opção. Por isso, deve ser muito inteligente e com uma grande velocidade de

reação, além de ser um bom passador. Uma vez colocada a barreira, o armador deverá avaliar

rapidamente as opções de finalização para que nesses poucos segundos opte pela melhor

maneira de executar a cobrança de tiro livre conforme previsto antecipadamente. Porém,

sabendo que tem 4 segundos para iniciar a ação, deve utilizar o máximo do tempo para ver se

tem alguma alteração, em último momento em optar por outra opção.

Princípios básicos para cobrança de tiros livres:

No momento da marcação da falta, os jogadores devem posicionar-se rapidamente;

Objetividade, optando por cobranças mais fáceis e simples

Atenção e concentração;

Jogador melhor posicionado para finalizar;

Boa sincronização de movimentos.

Escolha por parte do treinador daqueles atletas que melhor executem às jogadas ensaiadas

específicas elaboradas e, consequentemente, o treinamento destes atletas para que os

posicionamentos e as funções de cada um estejam bem definidos.

TÁTICA DEFENSIVA COLETIVA

QUANTO AO TIPO (INDIVIDUAL, ZONA, MISTO)

INDIVIDUAL –

Este tipo de marcação não se preocupa diretamente com a bola e sim com o

adversário. Cada jogador marca um oponente e exige dos jogadores grande esforço físico e

mental, e principalmente, o domínio das técnicas individuais de defesa (abordagem e

acompanhamento).

MARCAÇÃO POR ZONA –

A marcação por zona consiste em atribuir a cada jogador da equipe, um setor pré-

definido, ou seja, neste tipo de marcação, a oposição é exercida sobre o jogador contrário

direto, quando ele penetra na zona confiada ao defensor, sem que, no entanto, este seja

obrigado a acompanhá-lo fora dela. Ela exige uma boa comunicação entre os jogadores, mas

tem a vantagem de ser um esquema menos desgastante, pois possibilita a cobertura a um

companheiro batido.

MARCAÇÃO MISTA –

Caracteriza-se pela combinação da marcação individual com a marcação por zona ou vice-

versa. Aplicável em determinadas situações específicas do jogo (escanteios, laterais,

cruzamentos, bloqueios, etc) e requer um maior nível de tomada de decisão, além do

entrosamento da equipe.

QUANTO À INTENSIDADE

PRESSÃO TOTAL–

O defensor posiciona-se próximo (aproximadamente 1 metro) do seu adversário direto,

exercendo uma marcação ativa sobre o mesmo.

MEIA-PRESSÃO –

O defensor posiciona-se um pouco mais distante do seu adversário direto, procurando

fazer coberturas e fechar linhas de passe para o pivô adversário.

QUANTO AO ESPAÇO DE JOGO

Marcação quadra toda

Vantagens:

Dificulta completamente a saída de bola do oponente e oferece grande risco à meta adversária.

Desvantagens:

Facilita a ligação direta entre o goleiro e pivô, dificulta o trabalho de cobertura e grande

desgaste físico.

Marcação ¾ de quadra

Vantagens:

Dificulta um pouco a saída de bola do adversário e, em caso de recuperação da posse de bola,

oferece risco à meta adversária.

Desvantagens:

Dificulta a cobertura e proporciona ainda espaços para infiltração e jogo com o pivô.

Marcação ½ quadra

Vantagens:

Facilita a cobertura e apresenta bom espaço para sair em contra-ataques.

Desvantagens:

Facilita a saída de bola do adversário e possibilita chutes de longa distância

Marcação ¼ quadra

Vantagens:

Facilita bastante a cobertura, diminui os espaços de infiltração, menor desgaste físico e grande

espaço para contra-ataques.

Desvantagens:

A equipe fica muito vulnerável a chutes de média e longa distância e facilita muito as ações

ofensivas do adversário.

MARCAÇÃO DE CONTRA-ATAQUE

Aspectos mais importantes para evitar o gol no contra-ataque:

- O defensor mais recuado deve procurar atrasar a ação ofensiva do adversário, para

ganhar tempo na recomposição da defesa.

- O goleiro deve ficar atento para sair do gol e executar uma cobertura

- No 2x1 o marcador deve fechar a linha de passe do atacante que está sem a posse de

bola, induzindo o adversário, com posse da bola, que se desloque para a beirada (próximo

à linha lateral da quadra) para nesse momento tentar a abordagem, o goleiro deve ficar

atento ao passe em diagonal para a 2a. trave.

- No 3x2 os marcadores devem recuar procurando fechar a linha de passe, dos adversários

sem a posse de bola, para depois abordar o adversário que conduz a bola, tentando neste

momento tirar um jogador da possibilidade de receber a bola.

MARCAÇÕES DE BOLA PARADA

A) ARREMESSO DE META

Geralmente, os atletas fecham o meio da quadra, procurando evitar o lançamento do

goleiro, favorecendo que este solte a bola para um atleta que esteja em sua meia quadra

defensiva. Em seguida, o defensor que estiver próximo do atleta que receber a bola, irá

diminuir o espaço, pressionando-o. Já o outro atleta defensor que estiver na meia quadra

ofensiva deverá recuar, para fazer uma possível cobertura caso seu companheiro seja fintado.

Os atletas defensores que estão mais recuados devem estar atentos para fazerem coberturas.

G

A

A

A

A

D

D

D

D

GG

A

A

A

A

D

D

D

D

G

B) ARREMESSO LATERAL

Geralmente, a marcação deve ser de maneira que os defensores mantenham uma

distância do adversário e evitem deixar em suas costas espaços na quadra por onde o

adversário possa infiltrar-se ou passar a bola. Sempre que possível evitar que a bola chegue

ao pivô e os defensores devem se posicionar atrás da linha da bola.

C) ARREMESSO DE CANTO

A marcação de arremesso de canto deve evitar que a bola seja passada para dentro da

área de defesa ou mesmo para outro ponto da quadra de onde seja fácil de marcar um gol. Por

isso é fundamental que um jogador de defesa fique à frente da bola (respeitando os 3 metros),

abaixando-se na tentativa de aumentar a sua área de ação, para interceptar um passe.

A marcação pode ser individual, por zona ou mista. Na marcação individual cada

defesor é responsável por um respectivo atacante, acompanhando o adversário. Na marcação

por zona, cada defensor é responsável por marcar dentro de um setor específico. E na

marcação mista, cada jogador guarda um determinado setor e assim que a bola é

movimentada a marcação passa ser individual (mais recomendável pela sua eficiência em

neutralizar as jogadas adversárias).

D) BOLA DE SAÍDA

Os jogadores deverão estar atentos a jogadas programadas fazendo um balanço

defensivo ou marcando individualmente. Deverão, estar atentos para um chute do adversário

direto para o gol, em função da mudança da regra.

E) FALTA ( TIROS LIVRES)

O número de jogadores na barreira dependerá da proximidade da falta em relação ao

gol, quanto mais perto, maior o número de jogadores na barreira. Até que frontal sobre a linha

da área a barreira poderá ser formada com 3 ou 4 jogadores.

CONSIDERAR

1 NA BARREIRA 3 NA SOBRA + GOLEIRO

2 NA BARREIRA 2 NA SOBRA + GOLEIRO

3 NA BARREIRA 1 NA SOBRA + GOLEIRO

Recomendações ao formar a barreira

Jogadores da barreira não devem deslocar-se da barreira (antes que a bola seja

movimentada pelo adversário).

Colocar fora da barreira jogadores rápidos (para que os mesmos possam tentar impedir o

chute do adversário).

Quando a barreira estiver dentro da área, pode utilizar o jogador da extremidade da barreira

(lado oposto ao goleiro) um pouco mais atrás – degrau ou escalonar.

3 NA BARREIRA

2 NA BARREIRA

1 1

1 1

METODOLOGIA DO TREINAMENTO E DO JOGO

PRINCÍPIOS BÁSICOS DE ORGANIZAÇÃO DO TREINAMENTO

Graduação

- Importante graduar os conteúdos a serem treinados

- Do fácil para o difícil

- Do simples para o complexo

- Do conhecido para o desconhecido

Uso de outros esportes

- Aproveitar os outros esportes, possibilitando sua utilização para aprimoramento

físico-técnico-tático ou como forma de aquecimento. Ex: futevôlei, estafetas de

revezamento, handebol com gol de cabeça, queimada com o pé, etc.

Comunicação

- Importância da utilização das várias formas de comunicação no treinamento:

vídeo, quadro magnético, gráficos, expressões faciais, terminologia, etc.

- Levar em consideração a faixa etária dos atletas/alunos

Simulação de situações de jogo

- Utilização de situações de jogo para o treinamento como: jogar com um jogador

a menos, jogar com goleiro linha, pressionar a equipe a marcar um gol em

determinado tempo, etc.

Repetição e Variação

- Repetir para gravar

- Variar para motivar

Maximização da participação e do espaço

- Utilização do maior número de jogadores para evitar filas

- Divisão da quadra em setores

- Circuito

- Exercícios individuais

Pequenos jogos X Exercícios tradicionais

- Atividades próximas às situações de jogo

- Limite de espaço/tempo/adversário

Ludicidade e motivação

- Maior aprendizagem quando há desafio

- Evitar atividades monótonas

- Favorecer as atividades que desenvolvam o prazer de jogar

Planejamento de uma sessão de treinamento

Organização do material

- Material alternativo

- Planejar atividades de acordo com o material, o espaço e o número de

atletas/alunos

Preleção (O que treinar? Porque treinar? Como treinar?)

- Deixar claro o objetivo do treinamento

- Esclarecer o porque de estar treinando aquilo: algo que está errado ou faltando

ao time ou a determinado atleta/aluno

- Explicar as atividades com clareza

Treinamento físico, técnico e tático (Quando e como?)

- Conceituar o que é

- Treinamento físico depois do treinamento técnico

- Treinamento tático de acordo com as qualidades técnicas

Aquecimento e alongamento

- Importância do aquecimento

- Utilização de brincadeiras para descontrair

- Forma correta de alongamento

Treinamento técnico e/ou tático

- Fundamentos técnicos

- Conceitos táticos

- Sistemas de jogo

- Situações especiais

Coletivo

- Simular as situações que podem ocorrer em um jogo

- Modificar as regras para reforçar algum fundamento técnico e ou tático que foi

treinado anteriormente

- Aprimorar o entrosamento dos atletas/alunos

- Aprimorar jogadas ensaiadas ou alguma situação tática específica

Jogo treino e amistosos

- Preparação para os jogos oficiais

- Importante selecionar os adversários para que os mesmos sejam desafiadores

(não deve ser muito fraco nem muito forte)

- Utilizar, sempre que necessário, do tempo técnico para “ajustar” a equipe

Recuperação

- Alongamento ou trote

Avaliação final do treinamento

PROCEDIMENTOS DE JOGO/COMPETIÇÃO

Antes do início dos jogos

- Verificar o material do jogo (uniforme, bolas, documentação, água, camisa do

goleiro linha, faixa de capitão, etc.)

- Chegada ao local do jogo com antecedência

- Preleção a respeito do jogo (considerar o adversário e o próprio time)

- Alongamento (o que fazer? - tempo? - intensidade?)

- Aquecimento (o que fazer? - tempo? - intensidade?)

Durante o jogo

- Hidratação

- Como proceder para dar instruções

- Como proceder no pedido de tempo

- Reservas como proceder (estar atento a todas informações do técnico e a todos

acontecimentos do jogo)

Após o jogo

- Recuperação (alongamento, trote, piscina, hidratação, reposição calórica,

descanso, etc.)

- Avaliação do jogo (breve no vestiário, mais detalhada no próximo encontro)

- Análise do próximo adversário

- Recolher e analisar a súmula do jogo (atenção)

MODELO DE PRELEÇÃO

TÓPICOS PARA ABORDAGEM

Importância do jogo

Objetivos gerais e especiais

Avaliação do time adversário (como jogam?)

Plano de jogo

Sistema de jogo

Método de marcação

Táticas de grupo e individual

Conduta disciplinar

O capitão

Aspecto psicológico (motivar, diminuir ansiedade, etc.)