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Curso de Administração Habilitação LOGÍSTICA E TRANSPORTES GESTÃO DE ESTOQUES MATERIAL DE APOIO Professora: Lisandra Rosa Rodrigues de Lima, M.Sc. www.fag.edu.br/professores/lisandra e-mail: [email protected] Cascavel

Apostila Gestão de Estoques

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Curso de Administração

Habilitação LOGÍSTICA E TRANSPORTES

GESTÃO DE ESTOQUES MATERIAL DE APOIO

Professora: Lisandra Rosa Rodrigues de Lima, M.Sc.

www.fag.edu.br/professores/lisandra

e-mail: [email protected]

Cascavel

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INTRODUÇÃO A DISCIPLINA DE GESTÃO DE ESTOQUES PARA O CURSO DE ADMINISTRAÇÃO – LOGÍSTICA E TRANSPORTES

Definição de Logística É o processo de planejar, implementar e controlar o fluxo e armazenagem de matérias-primas, produtos em processo, produtos acabados e informações do ponto de origem ao ponto de consumo de forma eficiente e eficaz conforme as necessidades dos clientes. (CLM, 1998) Valores que agrega à logística De lugar – Transporte De tempo – Estoques As atividades logística podem ser divididas em primárias e de apoio.

- Primárias: transporte, estocagem e processamento de pedidos. - Apoio: armazenagem, manuseio, embalagem, obtenção, informações e programação.

Subsistemas do sistema logístico:

- Logística de Suprimento - Logística de Produção - Distribuição Física

Objetivos de um sistema logístico Atingir: - Nível de serviço (maior possível – ser eficaz)

- Custos totais (menores possíveis – ser eficiente) Característica marcante na evolução logística

Integração

SCM Bibliografia utilizada: Anotações de aula da Disciplina de Logística Empresarial do PPGEP/UFSC do Prof. Dr. Carlos Manuel Taboada em 2001.

1. PREVISÃO DE DEMANDA 1.1. Introdução

A previsão de demanda é o ponto de partida direto ou indireto para praticamente todas as decisões organizacionais. Ela é um processo racional de busca de informações acerca do valor das vendas futuras de um item ou de um conjunto de itens. Tatno quanto possível ela deverá fornecer tamabém informações sobre qualidade e localização (lugar onde serão necessários) dos produtos no futuro.

Prever a demanda é de responsabilidade de vendas e/ou marketing. As previsões não são perfeitas pois existem muitos fatores no ambiente empresarial que

não podem ser previstos e controlados com segurança. Quanto maior o período coberto pelo planejamento, menor a precisão com que se pode

contar. Mas uma previsão por mais imperfeita que seja, sempre é necessária. 1.2. Métodos de Previsão Os modelos de previsão que uma empresa pode adotar depende de uma série de fatores:

- Horizonte de previsão - Disponibilidade de dados - Precisão necessária - Tamanho do orçamento para previsão - Disponibilidade de pessoal qualificado

1.3. Classificação dos métodos de previsão

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Os métodos de previsão classificam-se em métodos qualitativos e métodos quantitativos, estes por sua vez subdividem-se em métodos causais e séries temporais. 1.3.1. Métodos Qualitativos Os métodos qualitativos são baseados no julgamento, isto é, estimativas e opiniões e é utilizado quando não existem dados disponíveis. São eles:

- Opiniões de Executivos; - Opinião da Força de Vendas; - Pesquisa junto a consumidores; - Método Delphi; - Analogia Histórica.

1.3.2. Métodos Causais Este método leva em conta o ambiente, segundo ele a ocorrência de um evento causa ou influencia outro evento. Utilizado para previsão a longo prazo. São eles:

- Regressão Simples; - Regressão Múltipla; - Modelos de Entrada/Saída - Principais Indicadores.

1.3.3. Séries Temporais Método quantitativo que leva em conta o passado. Para curto prazo. São eles:

- Média Móvel Simples; - Média Móvel Ponderada; - Média Ponderada Exponencial.

MÉDIA MÓVEL SIMPLES: utilizada quando demanda não apresenta nenhuma característica sazonal e para horizonte de previsão curto. Exemplo: Conhecendo a demanda dos meses abaixo, calcule a previsão de vendas para o mês subsequente, considerando uma média de 5 meses.

Meses JAN FEV MAR ABR MAI JUN

Demanda 100 110 120 200 150 ?

MÉDIA MÓVEL PONDERADA: Cada elemento é ponderado por um fator, no qual a soma de todos os pesos é igual a um. Semelhante a média móvel simples. Exemplo: Sendo fornecidos os dados de demanda da tabela a seguir, a. Determine uma previsão por média móvel ponderada, utilizando um peso de 0,40 para o período

mais recente, 0,30 para o período anterior, 0,20 para o que precede a este e 0,10 para o primeiro período.

b. Se a demanda real para o período 6 é de 39 unidades, faça a previsão da demanda para o período 7, utilizando os mesmos pesos do item a.

Período Demanda

1 42

2 40

3 43

4 40

5 41

MÉDIA PONDERADA EXPONENCIAL: Dados pontuais mais recentes têm maior peso, com o peso declinado exponencialmente à medida que esses dados tornam-se ultrapassados. Alpha é a constante de ajuste, e determina o nível de ajuste e a velocidade de reação, para diferença entre as previsões e as ocorrências reais. Sua determinação é arbitrária (natureza do produto ou bom senso do gerente). Quanto maior o crescimento maior a taxa de reação. Exemplo: Demanda relativamente estável e a constante de ajuste igual a 0,05. Previsão para mês anterior (Ft-1) foi de 1050 unidades e que 1000 unidades foi a demanda real. A previsão para este mês será de: Ft = Ft-1 + constante (At-1 - Ft-1 )

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Obs.: Quanto maior o valor da constante de ajuste, mais próximo segue a demanda real. Este método esta sempre acima ou abixo da demanda real. 1.3. Medida e Controle do Erro nas Previsões Erro de previsão é a diferença entre o valor da demanda prevista e ao que realmente ocorreu. São fontes de erros:

- Falhas na inclusão de valores corretos; - Utilização de relacionamentos errados entre variáveis; - Emprego da linha de tendência errada; - Localização da demanda sazonal em pontos diferentes de onde ela ocorre; - Existência de algumas tendências seculares indeterminadas.

O erro é medido através do desvio médio absoluto, variância e desvio padrão. 1.5. Horizonte da Previsão

Longo Prazo: 2 a 10 anos Média Prazo: 1 a 2 anos Curto Prazo: Até um ano

1.6. Sazonalidade Uma indicação útil do grau de variação sazonal para um produto é o índice sazonal. Trata-se de uma estimativa de quanto a demanda, durante um determinado período, será maior ou menor que a demanda média do produto. Por exemplo, a demanda de trajes de banho pode ter uma média de 100 unidades por mês, mas em janeiro a média é de 175 e, em março de 35. O índice para a demanda de julho seria 1,75 e para setembro 0,35. A fórmula do índice sazonal é a seguinte:

Índice sazonal = demanda média para o perído Demanda média para todos os períodos

O período pode ser diário, semanal, mensal ou trimestral, dependendo da base para a sazonalidade. A demanda média para todos os períodos é um valor que neutraliza a sazonalidade e chama-se demanda desestacionalizada. Ex.: Um produto que tem uma base sazonal de demanda para cada trimestre apresentou nos últimos três anos os resultados mostrados no quadro abaixo. Não há tendência, mas observa-se uma sazonalidade definida. A demanda média para o trimestre é de 100 unidades. Calcule o índice sazonal para os 4 trimestres.

ANO TRIMESTRE

1 2 3 4 Total

1 122 108 81 90 401

2 130 100 73 96 399

3 132 98 71 99 400

Média 128 102 75 95 400

A equação que serve para desenvolver índices sazonais também é útil para prever a demanda sazonal. Se uma empresa prevê a demanda média para todos os períodos, os índices sazonais podem ser utilizados para calcular as previsões sazonais. A equação reordenada ficaria assim: Demanda sazonal = (índice sazonal) x (demanda desestacionalizada) Ex.: A empresa do exemplo anterior prevê uma demanda anual para o próximo ano de 420 unidades. Calcule a previsão de vendas trimestrais.

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Resposta: Demanda média trimestral prevista = Demanda trimestral esperada = (índice sazonal) x (demanda trimestral prevista) Demanda esperada para o 1

o Trimestre =

Demanda esperada para o 2

o Trimestre =

Demanda esperada para o 3

o Trimestre =

Demanda esperada para o 4

o Trimestre =

Demanda Total Prevista = 1.7. Rastreamento da previsão É o processo que compara a demanda real com a previsão, também conhecido como erro de previsão (tratado no item 1.3). Bibliografia utilizada: ARNOLD, J. R. Tony. Administração de materiais: uma introdução. São Paulo: Atlas, 1999.pp.229 - 264

DAVIS, Mark M.; AQUILANO, J.; CHASE, Richard B. Fundamentos da Administração da Produção. 3 ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. pp. 213 – 236 MOREIRA, Daniel A. Administração da Produção e Operações. 3. ed. São Paulo: Pioneira, 1998. pp.317 – 349 LISTA DE EXERCÍCIOS 1. Sabendo as vendas dos meses abaixo, calcule a previsão para o mês subsequente,

considerando uma média de 4 meses.

Meses Jan Fev Mar Abr Mai

Vendas 30.000 32.000 31.500 31.750 30.800

2. Se a previsão para fevereiro fosse de 122 unidades e a demanda real de 130, qual seria a

previsão para março, se a constante de ajuste tem valor 0,15? 3. Uma loja tem a seguinte tabulação de vendas.

Meses jun jul ago set Out Nov

Vendas 87 90 100 107 113 123

Estabeleça a previsão para dezembro

a. Pelo método da média móvel levando em consideração 4 meses; b. Pelo método da média móvel ponderada com os seguintes pesos em ordem decrescente 5%,

10%, 10%, 15%, 20%, 40%; c. Pelo método da média com ponderação exponencial com uma constante de ajuste de 0,8,

sabendo que a previsão do mês anterior foi de 120 e a demanda foi de 123.

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2. FUNÇÕES DOS ESTOQUES 2.1.Introdução Definição: Segundo Slack et al (1996) o estoque é a acumulação armazenada de recursos materiais em um sistema de transformação. Já segundo Moreira (1998) é quaisquer quantidades de bens físicos que sejam conservados, de forma improdutiva, por algum intervalo de tempo.

Existem somente porque o fornecimento e a demanda não estão em harmonia um com o outro. Os estoques podem ser de:

- Matérias-primas; - Peças e outros itens comprados de terceiros; - Peças e outros itens fabricados internamente; - Material em processo; - Produtos acabados.

Além destes podem existir ainda a categoria de: - Estoque de distribuição; - Estoque em consignação; e - Provisão de materiais para manutenção, reparos e operações produtivas (MRO).

Quanto maior o estoque menor será a taxa de retorno. Taxa de retorno = Lucro bruto antes da dedução do IR Capital Giro de estoque = Custo anual de mercadorias vendidas Estoque médio em valores monetários Cobertura de estoque = estoque médio (unidades) demanda (unidades) Acurácia = quantidade física x 100 quantidade teórica Objetivos dos estoques:

- Cobrir mudanças previstas no suprimento e na demanda; - Proteger contra incertezas; - Permitir produção ou compra econômicas; - Fornecer um nível satisfatório de serviço ao cliente ou consumidor.

Fatores que afetam o estoque:

- Sazonalidade e variação de demanda; - Diversidade ou variedade de produtos; - Tempo de vencimento ou período de vigência ou validade; - Tempo de produção.

2.2. Classificação dos estoques de acordo com as funções que desempenham

Estoque de antecipação É aplicado para produtos com comportamento sazonal de demanda, isto é, usado quando as flutuações de demanda são significativas, mas relativamente previsíveis. Produzir ou comprar antes da demanda. Ex.: Fabricantes de sorvetes, ovos de Páscoa, calendários, roupas, etc.

Estoque de flutuação ou Estoque de Segurança ou Isolador É o estoque mínimo que tem como objetivo compensar as incertezas inerentes a fornecimento e demanda. Serve para absorver variações não previstas. A função do estoque de segurança é proteger a empresa contra imprevistos na demanda e no suprimento. Atrasos na entrega de materiais

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e produtos ou aumentos inesperados no consumo podem gerar falta de produtos. Essas faltas, muitas vezes podem gerar perdas reais de vendas. Quanto maior é o objetivo de atender bem o cliente ou consumidor, maior é o cuidado que se deve ter na definição do nível do estoque de segurança.

Estoque por tamanho de lote ou estoque de ciclo É aquele estoque que ocorre porque um ou mais estágios na operação não podem fornecer todos os itens. O estoque de ciclo existe quando os pedidos exigem um lote mínimo de produção ou venda normalmente maior que a quantidade para satisfazer uma demanda imediata. Essas condições podem estar vinculadas ao tamanho mínimo do lote em função da produção, do fornecimento ou do transporte. Ex. Produtos fabricados aos milhares. Estoque de transporte ou em trânsito ou no canal de distribuição É o estoque alocado para determinado cliente até o momento em que se torna disponível para o mesmo. Esse tipo de estoque corresponde à movimentação física de materiais e produtos. Materiais movimentando-se de um fornecedor até a planta, de uma operação para outra, de uma planta a um CD, do CD ao cliente. Existem 3 estágios de estoque em trânsito: suprimento, processamento interno e entrega do produto. A quantidade média de estoque em trânsito é: I = tA/365 onde: t é o tempo que o estoque fica em trânsito A é a demanda anual em unidades Estoque hedge ou de proteção Tem como objetivo proteger a empresa contra eventualidades que envolvem especulações de mercado relacionadas às greves, aumento de preços, situação econômica e política instáveis, ambiente inflacionário e imprevisível. Bibliografia utilizada: ARNOLD, J. R. Tony. Administração de materiais: uma introdução. São Paulo: Atlas, 1999 BERTAGLIA, Paulo Roberto. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento. São Paulo: Saraiva, 2003. DIAS, Marco Aurélio P. Administração de materiais: uma abordagem logística. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1993. MOREIRA, Daniel A. Administração da Produção e Operações. 3. ed. São Paulo: Pioneira, 1998. SLACK, Nigel; et. al. Administração da Produção. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2002.

3. CUSTOS DE ESTOQUE 3.1. Custo de aquisição Esse custo está relacionado aos custos de pedir e obter o material e se dividem em custos fixos e variáveis. Os principais custos de aquisição, fixos e variáveis, são os seguintes: - administrativos, relacionados à colocação do pedido (requisições, fax, telefone, serviços de

computadores, correios e salários dos funcionários); - inspeções; - movimentações diversas (deslocamento de funcionários para efetuar compras urgentes); - descontos que ocorrem eventualmente na compra de volumes altos.

Custo de aquisição = custo unitário do pedido x quantidade de pedidos por período 3.2. Custo do item ou custo unitário ou de compra (p) É o custo de comprar uma unidade do item e de qualquer outro custo direto associado com trazê-lo até a fábrica (transporte, seguro, taxas de alfândega). Se o item é fabricado internamente, o custo inclui material direto, mão-de-obra direta e os custos indiretos de fabricação.

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3.3. Custo de manuseio e manutenção (Cm) Também conhecido como custo de estocagem é o custo de se manter uma unidade de dada mercadoria em estoque por um tempo determinado, geralmente um ano. Envolve os custos de armazenagem, custos de capital e custos de risco. Os riscos de se manter um estoque são obsolescência, danos, pequenos furtos e deterioração do estoque. Bertaglia (2003) apresenta em seu livro os custos de manutenção e de espaço para armazenagem separadamente conforme consta abaixo: Custos de manutenção de estoques ou custo de estocagem Associados à existência do estoque desde o momento de sua obtenção até o seu consumo, esses são custos que se acumulam quando se armazenam itens físicos. Custo de manutenção = custo de manutenção por unidade x estoque médio Custo de espaço para armazenagem Corresponde ao custo do espaço físico necessário para armazenar o material, que pode ser alugado ou próprio. Seus componentes estão associados ao valor operacional do armazém ou aluguel, recursos utilizados na movimentação e armazenagem, pessoas necessárias, energia elétrica, ar-condicionado, água e outros. 3.4. Custo de armazenagem O armazenamento do estoque requer espaço, colaboradores e equipamentos. À medida que aumenta o estoque, aumentam também seus custos. 3.5. Custo de pedido ou custos de preparação (Cp) É o custo de se encomendar a mercadoria, no caso de que seja comprada externamente. O custo da emissão de um pedido não depende da quantidade pedida. Entretanto, o custo anual com pedidos depende do número de pedidos emitidos nesse período. 3.6. Custo de falta de estoque ou escassez (Cf) A falta de estoque, em geral, traz consequências econômicas sérias para a empresa e provoca um impacto externo e interno. As faltas de estoque podem ser reduzidas pela manutenção de um estoque extra, para proteger a empresa dessas ocasiões em que a demanda, durante o tempo de ciclo, é maior que a prevista. 3.7. Custo Total Segundo Bertaglia (2003) o custo total de estoque é representado pela soma dos custos de aquisição e os custos de manutenção de estoques. Além destes custos pode-se levantar outros como (BERTAGLIA, 2003): - Custo de oportunidade ou custo de capital - Custo de risco: relacionado basicamente à obsolescência do material. - Custo de serviço: diretamente associado ao volume de estoque. É uma parte importante do custo

de manutenção dos estoques e se relaciona à proteção dos estoques contra roubos, incêndios e outras características que possam danificar o produto ou de alguma forma inutilizá-los em quantidade e qualidade.

3.8. Demonstrativos financeiros e o estoque Os dois principais demonstrativos financeiros são o Balanço Patrimonial e a Conta Resultado. No balanço patrimonial os estoques se encontram no ativo que é algo que tem valor e do qual se espera que traga benefícios às operações futuras da empresa. Quando o estoque é comprado na forma de matéria-prima, ele é registrado como um ativo. Quando entra na produção, ele passa a ser registrado como estoque de produtos em processo e, quando é processado, seu valor aumenta pela quantia de mão-de-obra direta a ele aplicada e pelos custos indiretos de produção atribuídos ao seu processamento. Diz-se que o material absorve os custos indiretos de produção. Os produtos prontos para serem vendidos só se transformam em receita quando efetivamente forem vendidos. Entretanto, as despesas em que a empresa incorre para sua produção devem ser pagas. Isso levanta outra questão financeira: as empresas devem ter o dinheiro para pagar suas contas. O caixa é gerado pelas vendas e o fluxo de caixa de uma empresa deve ser suficiente para que as contas sejam pagas, à medida que forem vencendo. As empresas desenvolvem demonstrativos financeiros indicativos dos fluxos de caixa da organização. Qualquer falta de caixa deve ser sanada, talvez por meio de empréstimos ou de alguma outra forma. Esse tipo de análise se chama análise de fluxo de caixa.

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De um ponto de vista financeiro, o estoque é um ativo e representa um dinheiro preso, que não pode ser utilizado para outros propósitos. A área de finanças deseja o menor estoque possível e precisa de alguma mensuração do nível do estoque. O investimento total em estoque é uma boa medida, mas em si mesmo não se relacionas às vendas. Duas medidas que efetivamente se relacionam com as vendas são as taxas de conversão de estoque (giro de estoque) e o período de suprimento. Uma medida conveniente para saber se os estoques estão sendo utilizados com eficiência é a taxa de giro de estoque. Período de suprimento é uma mensuração do número equivalente de dias de estoque disponível, com base na utilização. A equação para o cálculo do período de suprimento é a seguinte:

Período de suprimento = estoque disponível / Média de utilização diária Bibliografia utilizada: ARNOLD, J. R. Tony. Administração de materiais: uma introdução. São Paulo: Atlas, 1999 BERTAGLIA, Paulo Roberto. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento. São Paulo: Saraiva, 2003. DIAS, Marco Aurélio P. Administração de materiais: uma abordagem logística. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1993. FRANCISCHINI, Paulino G.; GURGEL, Floriano do Amaral. Administração de materiais e do patrimônio. São Paulo: Pioneira Thomson, 2002. MOREIRA, Daniel A. Administração da Produção e Operações. 3. ed. São Paulo: Pioneira, 1998.

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TRABALHO Artigo: Custo de oportunidade e impacto sobre os indicadores financeiros Autor: Maurício Pimenta Lima, M. Sc. Disponível em www.cel.coppead.ufrj.br O artigo se encontra na reprografia do Bloco 4 Questões: 1. Por que os estoques, apesar do processo de melhoria operacional que tem ocorrido nos últimos

anos ainda continuam a ser considerados críticos em muitas organizações? 2. Quais os fatores que podem restringir as possibilidades de redução de estoques? 3. O que é custo de oportunidade? 4. Defina taxa de oportunidade. 5. Por que ao analisar uma decisão de curto prazo de produzir ou não uma quantidade excedente

para ser incorporada ao estoque deve-se considerar apenas os custos variáveis da produção? 6. Quais são os cuidados adicionais que devem ser tomados com relação à mensuração do valor do

estoque sobre o qual incidirá a taxa de oportunidade? 7. Quanto mais próximo o estoque estiver do consumidor, maior será seu valor, e

consequentemente, maior será o seu custo de oportunidade. Explique a afirmativa. 8. Defina custo de venda perdida. 9. O que é MUC (Margem de Contribuição Unitária)? 10. Defina custo de excesso e custo de falta. 11. Qual a relação entre o custo do excesso e o custo da falta? 12. O que permite o modelo estratégico de lucro e quando ele é usado? 13. O que acarretará a redução do estoque nos indicadores financeiros da empresa?

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4. ELEMENTOS DA CURVA DENTE DE SERRA A Curva dente de serra é um gráfico que mostra a evolução da quantidade em estoque de um item ao longo do tempo.

LISTA DE EXERCÍCIOS 1. Se o custo anual das mercadorias vendidas é da ordem de R$ 1.000.000,00 e o estoque médio é

de R$ 500.000,00, o giro de estoque será de? 2. Qual será a taxa de giro de estoque se o custo anual de mercadorias vendidas é de R$

24.000.000,00 e o estoque médio é de R$ 6.000.000,00? 3. Ainda levando em conta os dados do exercício anterior, qual seria a redução no estoque se o giro

de estoque crescesse para 12 vezes por ano? E se o custo de estocagem corresponde a 25% do estoque médio, de quanto será a economia?

4. Uma empresa tem 9.000 unidades disponíveis e utiliza anualmente 48.000 unidades. Há 240 dias

de trabalho no ano. Quanto é o período de suprimento? 5. A remessa de produtos de um fornecedor fica em trânsito por dez dias. Se a demanda anual é de

5200 unidades, qual é a média do estoque anual em trânsito? 6. Uma empresa mantém um estoque anual médio de R$ 2.000.000,00. Se a empresa estima que o

custo de capital é de 10%, os custos de armazenagem são de 7% e os custos de risco são da ordem de 6%, quanto custa anualmente manter esse estoque?

7. Uma empresa está utilizando uma transportadora para entregar mercadorias a um grande cliente.

A demanda anual é de R$ 4.000.000,00 e o tempo médio de trânsito é de 20 dias. Outra transportadora promete entregar em 16 dias. Qual é a redução do estoque em trânsito?

8. Um floricultor mantém um estoque médio de R$ 10.000,00 em flores colhidas. As flores requerem

armazenamento especial e são altamente perecíveis. O floricultor estima o custo de capital em 10%, o custo de armazenamento em 25% e os custos de risco em 50%. Qual é o custo anual de manutenção?

9. Os salários anuais do setor de compras são de R$ 75.000,00, as despesas operacionais para o

departamento são de R$ 25.000,00 e os custos de inspeção e recebimento são de R$ 30,00 por pedido. Se o departamento de compras emite 10.000 pedidos por ano, qual é o custo médio com pedidos? Qual é o custo anual com pedidos?

10. Uma empresa fabrica e vende um produto sazonal. Com base na previsão de vendas a seguir,

calcule um plano de nivelamento da produção, estoque finais trimestrais e estoques médios trimestrais. Suponha que o estoque médio trimestral é a média entre o estoque inicial e o estoque final do trimestre. Se os custos de manutenção do estoque são de R$ 2,00 por unidade por

Quantidade

em estoque

Tempo

t1 t2

TE

Ponto de nova

encomenda

Declividade = taxa de demanda (consumo do estoque)

TE = Tempo de espera ou de aquisição ou lead time t1 = data de pedido da mercadoria t2 = data da entrega de mercadoria

Page 12: Apostila Gestão de Estoques

trimestre, qual é o custo anual da manutenção desse estoque de antecipação? Os estoques finais e iniciais correspondem a 0.

1o Trim. 2

o Trim. 3

o Trim. 4

o Trim. Total

Vendas 1.000 2.000 3.000 2.000

Produção

Estoque Final

Estoque Médio

Custo do estoque

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2O BIMESTRE

5. Curva ABC

O princípio da curva ABC ou 80-20 foi observado por Vilfredo Pareto, na Itália, no final do século passado, num estudo de renda e riqueza, segundo o qual, uma parcela apreciável da renda concentrava-se nas mãos de uma parcela reduzida da população, numa proporção de aproximadamente 80% e 20% respectivamente. Na administração esse princípio tem tido larga aplicação pela constatação de que a maior parte das vendas é gerada por relativamente poucos itens da linha comercial da empresa, ou seja, 80% das vendas provêm de 20% dos itens da linha de produtos. Embora esta não seja uma relação exata para toda firma, é verdade que há uma desproporção entre o valor de vendas e o número de itens. Em termos de suprimento de matéria prima pode-se construir uma curva análoga, ou seja, que 20% dos insumos correspondem a 80% da despesa de compras.

5.1. Conceituação É um critério de classificação utilizado para distinguir a importância de cada item do estoque segundo o valor do investimento feito nele. Observa-se empiricamente que uma pequena parte dos itens é responsável pela maior parte dos investimentos. (Regra 80/20) Lei de Pareto referenciada como regra 80/20 (tipicamente 80% do valor do estoque de uma operação é responsável por somente 20% de todos os tipos de itens estocados). 5.2. Planejamento, Aplicação e Montagem Os itens são classificados em:

- Itens Classe A: são aqueles 20% de itens de alto valor que representam cerca de 80% do valor do estoque. São os itens mais importantes, que devem receber atenção especial.

- Itens Classe B: são aqueles de valor médio, usualmente os seguintes 30% dos itens que representam cerca de 10% do valor total.

- Itens Classe C: são aqueles itens de baixo valor que, apesar de compreender cerca de 50% do total de tipos de itens estocados, provavelmente representam cerca de 10% do valor total de itens estocados.

Procedimento de classificação:

- Coleta de dados: identificação do item, à quantidade consumida ou projetada para o período e valor unitário;

- Para cada item, determinar o investimento anual (preço unitário x consumo anual) que ele acarreta;

- Ordenar os itens, do maior para o menor investimento; - Calcular a porcentagem que cada item representa no investimento total e, em seguida, as

porcentagens acumuladas; - Fazer a divisão em classes A, B e C.

OBS.: Após a identificação dos itens, há a necessidade de focar esforços de gerenciamento nos itens classe A. Elaborar estratégias para reduzir os custos dos itens A é fundamental para a redução de custos. Portanto, é essencial rever as funções relacionadas a compras, transportes, armazenagem e produção. Alguns exemplos importantes que atuam estrategicamente nesses itens são:

- centralização da área de compras no caso de materiais comprados, aproveitando sinergias e aumento do poder de negociação;

- alianças com fornecedores e clientes; - análise de eficiência e possíveis perdas na cadeia de abastecimento, seja no transporte,

armazenagem ou produção. 5.4. Diferenciação das curvas e comentários Ver Dias (1993)

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Bibliografia: DIAS, Marco Aurélio P. Administração de materiais: uma abordagem logística. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1993. LIMA, Lisandra R. R. Material Curso de Extensão Unifoz. Foz do Iguaçu, 2001. Exercícios: 1. A empresa IGU Eletrodomésticos deseja determinar, através da Curva ABC, nas proporções

20/30/50, respectivamente, os itens de seu estoque sobre os quais deve existir um maior controle. Para tal, realizou uma pesquisa cujos dados resumidos são apresentados na tabela a seguir. Qual os produtos que são classe A e sua respectiva porcentagem no valor total do investimento?

Item no estoque

Preço Unitário (R$)

Consumo anual (unidade)

Item no estoque

Preço Unitário (R$)

Consumo anual (unidade)

1 2 5.000 6 8 100

2 5 3.500 7 25 125

3 4 2.000 8 30 40

4 10 50 9 3 1700

5 20 100 10 8 200

2. (ENC2000 questão 32) A empresa LCL Brinquedos deseja determinar, através da curva ABC, nas

proporções 20/30/50, respectivamente, os itens de seu estoque sobre os quais deve existir um maior controle. Para tal, realizou uma pesquisa cujos dados resumidos são apresentados na tabela a seguir.

Item do Estoque Preço Unitário (R$)

Consumo Anual (unid)

Item do Estoque Preço Unitário (R$)

Consumo Anual (unid)

1 4 5.000 6 8 100 2 3 10.000 7 20 1.200

3 5 3.000 8 15 500

4 10 400 9 20 130

5 6 700 10 3 270

Utilizando o critério de ordenação do valor do consumo anual (preço unitário x consumo anual),os itens do estoque considerados classe A e a percentagem efetiva da classe A no valor total do estoque, respectivamente,são: (A) 1 e 2; 45,91%. (B) 1 e 7; 40,40%. (C) 2 e 7; 49,58%. (D) 1, 2 e 3; 59,68%. (E) 1, 2 e 7; 67,95%.

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DEMANDA DEPENDENTE X DEMANDA INDEPENDENTE Padrões básicos de consumo de um item ao longo do tempo. A demanda de um item é independente se ela depender das condições de mercado e está fora do controle imediato da empresa. Devido a demanda independente ser incerta, unidades-extras devem ser mantidas no estoque. Ex.: Produtos acabados e peças e outros materiais de reposição. Os sistemas de controle de estoques utilizados para demanda independente (REPOSIÇÃO DE MERCADORIA) podem ser:

- Lote econômico de compra (LEC) ou Lote econômico de fabricação (LEF) - Sistema de Revisão Contínua ou Sistema Q - Sistema de Reposição Periódica ou Sistema P

A demanda de um item é dependente se o seu consumo puder ser programado internamente. São usados na produção interna de outros itens e dependem da previsão de consumo dos itens de demanda independente. Ex.: Matérias-primas componentes dos produtos e peças para montagem. O sistema de controle de estoques utilizado para demanda dependente (REQUISIÇÃO DE MERCADORIA) é o MRP.

6. LOTE ECONÔMICO

6.1. Lote econômico de compra É a quantidade de pedidos que minimiza a soma dos custos de manutenção e de pedido. Foi concebido para a gestão de itens comprados fora da empresa. É utilizado para itens da demanda independente, isto é para produtos acabados e peças e outros materiais de reposição.

Onde: D - demanda anual da mercadoria em unidades Cp - Custo de pedir Cm - Custo de manter uma unidade em estoque em um ano Cp = Custo do pedido x número de pedido por período Cm = Custo unitário de manutenção x estoque médio Ct = Cm + Cp Qm = Estoque médio; Qc = Quantidade de compra; Qres = Estoque reserva Qm = Qc + Qres 2 Quanto comprar é definido pela forma do LEC, levando em consideração que o preço unitário da mercadoria, o custo para fazer o Pedido e o custo unitário de manutenção são constantes. Quando comprar pode ser definida pela seguinte fórmula: (Taxa de consumo) x (Tempo de espera) Levando em consideração que a taxa de consumo e o tempo de espera são constante e o estoque de reserva jamais é tocado. Ex.: Se a taxa de consumo de um item é de 200 unidades por dia, e o tempo de espera é de 12 dias, enquanto se espera pela mercadoria serão consumidas 2400 unidades, logo o pedido deverá ser feito quando o estoque remanescente atingir as 2400 unidades. 6.2. Lote econômico de compra com falta de estoque 6.3. Lote econômico de fabricação

LEC = 2CpD Cm

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É a quantidade de fabricação que minimiza a soma dos custos de manutenção e de fabricação. É uma adaptação da teoria LEC para a empresa que fabrica o item internamente dentro do sistema de produção intermitente por lotes. No LEF pode-se considerar três casos: V > D, V = D e V < D. 6.4. Lote econômico de fabricação com falta de estoque EXERCÍCIOS 1. A empresa Janz utiliza 10.000 unidades de um item por ano. Seu custo de pedir é de R$ 144,00

por pedido e o custo de manter cada unidade em estoque é de R$2,00 por ano. Objetivando minimizar seu custo total de estoque, a empresa deverá comprar quantas unidades?

2. Qual a diferença entre LEC (Lote Econômico de Compra) e LEF (Lote Econômico de Fabricação)?

3. Suponha que a Empresa FLN utilize 4.000 unidades de um item por ano. Seu custo de pedir é de R$ 40,00 e o custo de manter cada unidade em estoque é de R$ 2,00 por ano. Objetivando minimizar seu custo total de estoque, quantas unidades a empresa deve comprar?

4. Sabendo que a taxa de consumo por determinado item é de 400 unidades por dia e o tempo de espera é de 6 dias. Quando o pedido deverá ser acionado pela empresa?

5. Sabendo que a demanda anual por determinado item é de 1000 unidades, e que em um ano são realizados 20 pedidos, cada qual custa R$ 4,00. O custo unitário de manutenção é de R$ 2,00. Sabendo se que o estoque médio é igual a 40 unidades, calcule quantas unidades a empresa deverá comprar em cada lote para minimizar o custo total de estoque?

6. Sabendo que a demanda anual por determinada mercadoria é de 2000 unidades, e que em um ano são realizados 48 pedidos (4 pedido mês) e que essa empresa possui uma pessoa responsável pelas compras que recebe um salário de R$ 500,00 mensais, mas deve ser lembrado que a empresa gasta para manter esse cargo com encargos mensalmente R$ 400,00. A empresa sabe que a função de compras gasta mensalmente R$ 20,00 com telefone, fax e internet e que é gasto com infra-estrutura o valor de R$ 10,00 mensalmente. O custo para manter o estoque é igual a R$ 4000,00. Calcule o LEC.

7. Sabendo que a demanda anual é de 400 unidades. Seu custo de fabricação é de R$ 2000,00. O Custo de manter é igual a R$ 1000,00. Calcule o LEF?

8. A empresa VendeMais vende um produto cuja demanda anual é de 40.000 unidades. O custo de emissão de um pedido de compra, também chamado de custo de obtenção, é de R$ 30,00 por pedido. Os custos anuais de manutenção de estoques, também conhecidos como custos de carregamento (carrying costs) , são de R$0,30 por unidade. Sabendo-se que os custos independentes para esse item são de R$ 50,00 por ano, calcular o custo total decorrente de se manter os estoques para lotes (Q) de 2500, 2600, 2700, 2800, 2900, 3000, 3100 e 3200 unidades.

9. Calcular o LEC do exercício anterior 10. Calcular o custo total para um lote de 2.828,43 unidades/pedido e outro de 2830 unidades/pedido

e comparar a variação de custos. 11. Uma peça é estampada a uma velocidade (cadência de fabricação) de 500 unidades/hora em

uma prensa convencional. Essa mesma peça é utilizada na montagem do produto final em outro processo produtivo, onde sua demanda é de 10 unidades/hora. Qual deve ser a programação da prensa e o lote de fabricação?

12. O que aconteceria se, no exercício anterior, a velocidade do outro processo passasse de 10 unidades/hora para 500 unidades/hora?

13. Sendo V a velocidade com que a peça é fabricada e D a demanda, se D > V, quanto a empresa deverá comprar de terceiros?

LEF = 2CfabD Cm

Page 17: Apostila Gestão de Estoques

14. Uma empresa manufatureira produz uma peça usinada que é utilizada na fabricação de seu produto final, cuja demanda mensal é de 2500 unidades. A peça é fabricada a um custo unitário de R$ 1,50 em um centro de usinagem CNC a uma cadência de 300 unidade por hora. O custo de programação do centro de usinagem para a fabricação da peça é estimado em R$ 25,00 por preparação. Os demais custos de emissão da ordem de fabricação são estimados em R$ 8,00 por ordem. A empresa trabalha em média 20 dias por mês em um único turno de 8 horas. O custo do capital imobilizado em estoque é de 2,5% ao mês, e os custos mensais de armazenagem são de R$ 0,10 por unidade. Determine o LEF.

15. Determinar os custos totais decorrentes da manutenção de estoques, considerando além dos dados do exercício anterior, custos independentes nulos e LEF igual a 1.125,14 unidades/lote; 1.130 unidades/lote e 1.120 unidades/lote.

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7. SISTEMAS DE CONTROLE E AVALIAÇÃO DE ESTOQUES

7.1. Sistemas de controle de estoques para demanda independente 7.1.1. Sistema duas gavetas Sistema mais simples de controle de estoques. É recomendável para os itens Classe C. 7.1.2. Sistema dos máximos – mínimos Também conhecido como sistema de quantidade fixa ou sistema de revisão contínua ou sistema Q. Sistema no qual a quantidade de pedido permanece constante mas o tempo entre os pedidos varia. Tenta determinar o ponto específico no qual um pedido será feito (ponto de pedido) e o tamanho desse pedido. O estoque de reserva é desnecessário neste caso. Esse sistema consiste basicamente em:

- determinação dos consumos previstos para o item desejado; - fixação do período de consumo previsto; - cálculo do ponto de pedido em função do tempo de reposição do item pelo fornecedor; - cálculos dos estoques mínimos e máximos; e - cálculos dos lotes de compra.

7.1.3. Sistema de revisões periódicas - Sistema de Reposição Periódica ou Sistema P Período de tempo fixo. Sistema no qual o período de tempo entre pedidos permanece constante mas a quantidade do pedido varia. Considera um estoque mínimo ou de segurança que deve ser dimensionado para previnir consumo acima do normal e os atrasos de entrega.

7.2. Sistemas de controle de estoques para demanda dependente: MRP e MRP II

7.2.1. MRP – MATERIAL REQUERIMENT PLANNING (Planejamento das Necessidades de Material)

É uma técnica para converter a previsão de demanda de um item de demanda independente em uma programação das necessidades das partes componentes do item. (Moreira, 1998)

É um sistema de controle de estoques para itens de demanda dependente. A demanda de um item é dependente se o seu consumo puder ser programado internamente.

São usados na produção interna de outros itens e dependem da previsão de consumo dos itens de demanda independente.

Ex.: Matérias-primas componentes dos produtos e peças para montagem.

O sistema MRP é alimentado com dados provenientes da lista de materiais, do plano mestre de

produção e dos relatórios de controle de estoques para permitir o controle de estoques dos componentes e a sua programação.

A lista de materiais de um produto final é uma relação dos componentes desse produto, estruturada por níveis. É ela que estabelece quantas unidades de cada componente são necessárias para a produção de uma unidade do produto final.

Este sistema é alimentado por informações provenientes de: - Lista de Materiais (Árvore de estrutura do produto); - Plano Mestre de Produção; - Relatórios de Controle de Estoques. Com essas informações o MRP realiza o controle dos estoques dos itens de demanda

dependente (componentes, insumos, matérias-primas) e sua programação. 7.2.2. MRP II - MANUFACTURING RESOURCES PLANNING (Planejamento dos recursos da manufatura)

Page 19: Apostila Gestão de Estoques

Incorpora, além dos materiais (matéria-prima, componentes) também mão-de-obra e equipamentos. É uma técnica mais recente, utilizando software especializado. Aplicável a empresas já racionalizadas em termos produtivos e operacionais. Visa o cumprimento de prazos e a redução de estoques. Não avalia as restrições de capacidade de produção. Isso é feito à parte, reciclando o processo se necessário. A intenção inicial do MRPII era planejar e monitorar todos os recursos da empresa – produção, MKT, finanças e engenharia – através de um sistema fechado que gerava análises financeiras. A segunda intenção era estimular o sistema de produção. Esse sistema permite a todos trabalhar com um mesmo plano, usando os mesmos números, sendo capaz de simular um plano e testar estratégias alternativas. O software MRPII é composto por vários módulos e leva até 18 meses para ser instalado. (Chase, et. al, 2000:516)

7.3. Métodos de Avaliação de Estoque

7.3.1. Custo Médio

Para se calcular o custo médio, multiplica-se a quantidade recebida do item pelo seu custo unitário. Esse custo é recalculado cada vez que um novo lote do item é comprado. Se o preço se mantém, o custo médio não sofre variações. A tabela seguinte mostra o comportamento do custo médio.

Data Qtidade Qtidade

Acumulada Custo Unitário

(R$) Custo Total

(R$) Custo

Acumulado

Estoque Inicial 31/10/02 100 100 7,00 700,00 700,00 Compra 15/12/02 200 300 8,00 1.600,00 2.300,00 Compra 23/12/02 150 450 8,00 1.200,00 3.500,00 Total 450 3.500,00 7.3.2 PEPS (Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair)

Proveniente da abreviação inglesa FIFO (First In, First Out), esse método corresponde à

valorização dos itens de estoques com base no estoque mais antigo. Fisicamente, o primeiro lote a entrar deve ser o primeiro a ser consumido. Esse processo é importante para os itens que apresentam períodos de validade pequenos. Os ingredientes para alimentos são controlados por esse método no que diz respeito à transferência física de estoque. A valorização dos estoques por meio desse método corresponde à multiplicação da quantidade comprada pelo custo de compra do item quando recebido, conforme demostra a seguinte tabela:

Data Unidades Custo Unitário (R$)

Custo Total (R$)

Compra A 10/01/03 100 5,00 500,00

Compra B 15/10/03 100 5,50 550,00

Compra C 01/11/03 100 5,75 575,00

Balanço Final 300 1.625,00

Quando os itens são consumidos ou vendidos, o custo mais antigo é aquele que deve ser utilizado. Considerando que sejam consumidas 260 unidades do estoque apresentado anteriormente, o balanço final se comportará conforme a tabela seguinte:

Page 20: Apostila Gestão de Estoques

Data Unidades Custo Unitário (R$)

Custo Total (R$)

Balanço Inicial 300 1.625,00

Consumo 25/01/03 100 5,00 500,00

Consumo 27/10/03 100 5,50 550,00

Consumo 12/11/03 60 5,75 345,00

Consumo Total 260 1.395,00

Balanço Final 40 5,75 230,00

Esse método de custeio assume que os primeiros itens comprados são os primeiros a serem consumidos ou vendido. Cada vez que ocorre um recebimento, quantidade e custo alimentam os controles do PEPS, e cada vez que são vendidos ou consumidos, esses registros são removidos. Se a quantidade a ser consumida ou vendida for maior do que o lote correspondente, então será usado o custo do próximo lote. Esse processo se repetirá até que a quantidade envolvida na transação seja completada.

7.3.3. UEPS (Ultimo que Entra, Primeiro que sai)

Proveniente da abreviação inglesa LIFO (Last In, First Out). Na movimentação dos itens em estoque assume que os itens que chegaram primeiro são os últimos a sair. Assume que o estoque mais antigo é consumido por último, dessa forma, as entregas são valorizadas considerando os preços mais recentes. (BERTAGLIA, 2003). 7.3.4. Preço de Reposição

Também é conhecido por Método de Custo pela Última Compra (BERTAGLIA, 2003). Com a utilização do custo de reposição, o valor médio do débito corresponde à multiplicação da quantidade do item pelo preço atual. O último custo existente para o item será sempre atualizado pelo valor mais recente, cada vez que o item é comprado. O exemplo seguinte demonstra a utilização do método de custo baseado na última compra.

Data Unidades Custo Unitário (R$)

Custo Total (R$)

Estoque Inicial 15/11/02 100 8,00 800,00

Compra 16/12/02 200 10,00 2.000,00

Total 300 2.800,00

Quando o item é consumido ou vendido, o valor da última compra será considerado, como mostrado a seguir:

Data Unidades Custo Unitário (R$)

Custo Total (R$)

Venda 16/12/02 150 10,00 1.500,00

Total 150 1.500,00

7.3.5. Comparação entre os métodos de avaliação

8. O JIT E O MRP II NA GESTÃO DE ESTOQUES

Sobre este assunto consultar: CORRÊA, Henrique L.; GIANESI, Irineu G. N. Just in time, MRP II e OPT: um enfoque estratégico. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1993. CORRÊA, H. L.; GIANESI, I, G.; CAON, M. Planejamento, programação e controle da produção: MRP II / ERP – conceitos, uso e implantação. São Paulo: Atlas, 1997. p. 304 - 316

Exercícios

Page 21: Apostila Gestão de Estoques

(ENC2000) 31. O quadro abaixo apresenta um controle de entradas e saídas do estoque de uma fábrica que deseja fazer uma avaliação do custo desses estoques.

Dia Entradas no Estoque Saídas do Estoque

Quantidade Preço Unitário Quantidade Preço Unitário

1/3 10 150

10/3 30 120

20/3 20

Utilizando os métodos de custo médio, PEPS (primeiro a entrar e primeiro a sair) e UEPS (último a entrar e primeiro a sair), o valor do estoque ao final da movimentação, em reais, será, respectivamente: (A) 2.500,00; 2.600,00; 2.400,00 (B) 2.550,00; 2.400,00; 2.700,00 (C) 2.550,00; 2.500,00; 2.600,00 (D) 2.600,00; 2.700,00; 2.400,00 (E) 2.600,00; 2.700,00; 2.500,00 (ENC2001) 34. Analise a situação do estoque da Empresa de Transportes de Cargas Gersontrans Ltda. apresentada no quadro a seguir.

Itens Custo Unitário

Estoque 1/1/2001 0 0,0

Entrada no Estoque em 20/1/2001 100 10,0

Entrada no Estoque em 25/1/2001 150 12,0

Saída do Estoque em 30/1/2001 150

Quais os valores, em reais, do estoque dessa empresa respectivamente pelos processos PEPS ("Primeiro a Entrar Primeiro a Sair") e UEPS (“Último a Entrar Primeiro a Sair”) ao final do mês de janeiro de 2001, considerando o estoque inicial nulo? (A) 1800,00 e 3000,00 (B) 1800,00 e 1000,00 (C) 1200,00 e 1800,00 (D) 1200,00 e 1000,00 (E) 1000,00 e 1800,00 (ENC1998) Levando-se em consideração o método de revisão contínua, calcule o ponto de pedido sabendo que a demanda média durante o prazo de entrega é igual a 100 unidades e que o estoque reserva é igual a 20 unidades.

Fórmula do ponto de pedido Ponto de pedido = demanda média durante o prazo de entrega + estoque de segurança

CONSIDERE AS INFORMAÇÕES ABAIXO PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES 9 E 10.

O diagrama abaixo ilustra esquematicamente o modus operandi do modelo de gestão de estoques denominado “Máximo-Mínimo”, que é utilizado para dimensionamento do lote econômico. A lógica deste modelo é a seguinte: a empresa especifica, para cada item de material, peça ou componente, três parâmetros: (1) o menor estoque que deseja manter; (2) o ponto de nova encomenda; (3) a quantidade da nova encomenda (ou tamanho do lote).

Modus Operandi

Quantidade máxima

Quantidade mínima

Ponto de nova

encomenda

Tempo de

aquisição (espera)

Quantidade

encomendada

Page 22: Apostila Gestão de Estoques

Para resolver as questões 9 e 10, considere que foram fixados os seguintes parâmetros em função da política de estoques de uma empresa que utiliza este modelo: (1) Estoque Mínimo: 100 (cem) unidades; (2) Ponto de nova encomenda: é função do tempo de espera, que, atualmente, é de 1 (um) mês, do consumo mensal e do estoque mínimo; (3) Quantidade de nova encomenda: equivalente a 2,5 ( dois e meio ) meses de consumo. Considere, ainda, que o consumo mensal é de 200 unidades. (ENC1998) 9. Nas condições acima, no Ponto de nova encomenda, o nível de estoque, em unidades, será: (A) 100 (B) 200 (C) 300 (D) 400 (E) 500

(ENC1998) 10. Se o fornecedor antecipar em 15 (quinze) dias a entrega do lote encomendado, quantas unidades haverá no Estoque nesse dia? (A) 500 (B) 600 (C) 700 (D) 800 (E) 900 (ENC99) 36.

Uma empresa utiliza a metodologia ilustrada no diagrama acima para determinar a quantidade a ser periodicamente adquirida (X) de um componente que utiliza em sua linha de produção. Sendo 1.200 unidades por mês o consumo desse componente, o Ponto de Reposição, em unidades, é: (A) 2.000 (B) 2.200 (C) 2.400 (D) 2.600 (E) 2.800 (ENC 2000) 38. Suponha que a Eletrônica Estrela utilize 3.000 unidades de um item por ano. Seu custo de pedir é de R$ 60,00 por pedido e o custo de manter cada unidade em estoque é de R$ 1,00 por ano. Objetivando minimizar seu custo total de estoque, tal empresa deverá emitir pedidos num total de unidades correspondente a: a. 3000 b. 1500 c. 750 d. 600 e. 250

Ponto de Reposição: x unidades

Tempo de Reposição: 45 dias

Estoque mínimo

20 dias de consumo