55
1 Logística e Operações da Produção 2º bimestre Apostila elaborada pelos professores: Marcio Cardoso Machado Noboru Takarabe Abr - 2010

Apostila Layout

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Apostila Layout

1

Logística e Operações da

Produção

2º bimestre

Apostila elaborada pelos professores:

Marcio Cardoso Machado

Noboru Takarabe

Abr - 2010

Page 2: Apostila Layout

2

SUMÁRIO

1 Estudos de Tempos e Métodos............................................................................ 4

1.1 Tempos cronometrados ................................................................................ 4

1.2 Finalidade do estudo de tempos ................................................................... 4

1.3 Metodologia e equipamentos para estudo de tempos................................... 4

1.4 Etapas para determinação do tempo padrão de uma operação ................... 5

1.4.1 Divisão da operação em elementos....................................................... 5

1.4.2 Determinação do número de ciclos a serem cronometrados................. 6

1.4.3 Tabelas de coeficientes ......................................................................... 7

1.4.4 Avaliação da velocidade do operador .................................................... 9

1.4.5 Determinação das tolerâncias................................................................ 9

1.4.6 Determinação do tempo padrão........................................................... 10

2 ARRANJO FÍSICO - LAYOUT............................................................................ 15

2.1 Introdução ................................................................................................... 15

2.1.1 Sistemas Produtivos ............................................................................ 15

2.1.2 Aumento da Capacidade ..................................................................... 17

2.1.3 Racionalização no Dispêndio de Dinheiro em Instalações .................. 17

2.1.4 Dificuldades Técnicas para Futuras Alterações................................... 17

2.2.1 Por Produto: .............................................................................................. 18

2.2.2 Por Posição Fixa ....................................................................................... 19

2.2.3 Celular .......................................................................................................... 20

2.2.4 Por Processo ou Funcional........................................................................... 20

2.2.5 Informações para o Layout ........................................................................... 22

2.3 Layout Funcional......................................................................................... 23

2.3.1 Desenvolvimento do Layout................................................................. 23

Page 3: Apostila Layout

3

2.4 Avaliação do Layout.................................................................................... 23

2.4.1 Modelo carga-distância........................................................................ 23

2.5 Layout em Linhas de Montagem................................................................. 31

2.5.1 Balanceamento de linha de montagem................................................ 31

3 Planejamento agregado ..................................................................................... 35

3.1 As Etapas do Planejamento Agregado ....................................................... 36

3.2 Estratégias de Atuação ............................................................................... 36

3.2.1 Alternativas para influenciar a Demanda ............................................. 36

3.2.2 Alternativas para Influenciar a Produção ............................................. 37

3.3 Elaboração do Plano Agregado .................................................................. 38

3.3.1 Exemplo 1............................................................................................ 38

3.3.2 Exemplo 2............................................................................................ 40

3.3.3 Estratégias Gerenciais......................................................................... 40

4. MÉTODO DO CAMINHO CRÍTICO ................................................................... 46

4.1 PROJETO........................................................................................................ 46

4.1.1 Fases para a Elaboração de um Projeto....................................................... 48

4.2. CPM e PERT .................................................................................................. 49

4.2.1. CPM ........................................................................................................ 49

4.2.2. Cronograma do projeto e determinação das folgas das atividades (FT’s)... ................................................................................................................ 52

Bibliografia................................................................................................................. 55

Page 4: Apostila Layout

4

1 ESTUDOS DE TEMPOS E MÉTODOS

1.1 Tempos cronometrados A cronometragem, cujo objetivo é medir a eficiência individual, é um dos

métodos mais empregados na indústria para medir o trabalho.

1.2 Finalidade do estudo de tempos As medidas de tempos padrões de produção são dados importantes para:

• A empresa elaborar o seu planejamento, utilizando com eficácia os

recursos disponíveis e, também, para avaliar o desempenho de produção em relação

ao padrão existente;

• Fornecer os dados para a determinação dos custos padrões, para

levantamento de custos de fabricação, determinação de orçamento e estimativa de

custo de um produto novo;

• Fornecer dados para o estudo de balanceamento de estruturas de

produção, comparar roteiros de fabricação e analisar o planejamento de capacidade.

1.3 Metodologia e equipamentos para estudo de tempos Existem muitos equipamentos e métodos que podem auxiliar na observação e

análise dos tempos. Como exemplo, temos:

• Cronômetro de hora centesimal é o cronômetro mais utilizado –

uma volta no ponteiro maior corresponde a 1/100 de hora, ou 36 segundos.

• Filmadora é um equipamento auxiliar que apresenta a vantagem de

registrar fielmente todos os diversos movimentos executados pelo operador,

auxiliando o analista do trabalho a verificar se o método do trabalho foi adotado e

auxilia na verificação da velocidade com que a operação foi realizada.

• Folha de observações - para que os tempos e demais informações

relativas à operação cronometrada possam ser adequadamente registrados.

Page 5: Apostila Layout

5

• Prancheta para observações – é necessário para que se apóie nela a

folha de observações e o cronômetro.

1.4 Etapas para determinação do tempo padrão de uma operação Um estudo de tempo não pode ser iniciado sem que algumas etapas sejam

cumpridas. As etapas descritas a seguir não são mandatórias, mas representam um

bom começo para um estudo de tempo consistente.

• Discutir com todos os envolvidos o tipo de trabalho que será executado,

procurando obter a colaboração dos encarregados e dos operadores do setor;

• Treinar o operador que irá executar a operação, conforme o

estabelecido;

• Elaborar um desenho esquemático da peça e do local do trabalho para

auxílio e registro;

• Determinar o número necessário de cronometragens ou ciclos;

• Determinar o tempo médio (TM), após as cronometragens;

• Avaliar o fator de ritmo ou velocidade da operação, o tempo normal

(TN), tolerâncias para fadiga e para necessidades pessoais;

• Determinar o tempo padrão (TP) da operação.

1.4.1 Divisão da operação em elementos

Os elementos de uma operação são as partes em que uma operação pode ser

dividida. A finalidade dessa divisão é facilitar a verificação do método de trabalho.

Exemplo: Você está sentado no sofá da sala ouvindo música e toca a

campainha da porta. A porta situa-se a 10 metros de onde você está sentado. Você

deve levantar-se do sofá, andar até onde está a chave da porta (5 metros), pegar a

chave, colocá-la na porta e abri-la. Em que elementos essa atividade poderia ser

dividida?

Page 6: Apostila Layout

6

• Elemento 1 – levantar do sofá e pegar a chave

• Elemento 2 – andar até a porta, colocar a chave e abrir a porta.

1.4.2 Determinação do número de ciclos a serem cronometrados

Na prática, para determinar o tempo padrão de uma peça ou de uma

operação, devem ser realizadas entre 10 e 20 cronometragens.

Para determinar o número de cronometragens ou ciclos n a serem

cronometrados podemos utilizar a seguinte fórmula:

Fórmula: 2

2

××

×=

xdEr

Rzn

Sendo:

n = número de ciclos a serem cronometrados

z = coeficiente da distribuição normal padrão para uma probabilidade

determinada

R = amplitude da amostra (diferença entre a amostra maior e menor)

Er = Erro relativo

d2 = coeficiente em função do número de cronometragens realizadas

preliminarmente

x = média da amostra

Para a utilização da fórmula, deve-se realizar uma cronometragem prévia,

cronometrando-se a operação entre cinco e sete vezes e retirando-se dos resultados

obtidos a média x e a amplitude “R”. Devem também ser fixados os valores da

probabilidade e do erro relativo que são desejados. Na prática, costuma-se utilizar

probabilidade entre 90% e 95%, e erro relativo variando entre 5% e 10%.

Page 7: Apostila Layout

7

Exemplo: Uma operação foi inicialmente cronometrada sete vezes, obtendo-se

um tempo médio de 1 minuto e 34 segundos e uma amplitude de 20 segundos.

Determinar o número de cronometragens para uma confiança de 95% e um erro

relativo máximo de 5%.

5,994704,205,0

2096,12

2

=

××

×=n

Ou seja, devem ser realizadas 10 cronometragens.

Obs: O valor de z = 1,96 foi retirado da tabela de coeficientes para uma

probabilidade de 95%.

1.4.3 Tabelas de coeficientes

Como não pretendemos trabalhar com graus de confiança muito altos (acima

de 95%) nem com graus de confiança abaixo de 90% usaremos uma tabela que

resume os principais graus de confiança exigidos em um estudo de tempo (obtidos

diretamente da tabela de distribuição normal).

Distribuição normal

Probabilidade (%) 90 91 92 93 94 95 Z 1,65 1,70 1,75 1,81 1,88 1,96

Vimos também que a fórmula utilizada para determinação do número de

cronometragens utiliza um coeficiente chamado d2. Este coeficiente está associado ao

número preliminar de cronometragens realizada. Suponhamos que em um

determinado estudo de tempos foram realizadas 7 cronometragens iniciais, devemos,

portanto, utilizar um d2 de 2,704 obtido a partir da tabela.

Coeficiente para calcular o número de cronometragens

n 2 3 4 5 6 7 8 9 10 d2 1,128 1,693 2,059 2,326 2,534 2,704 2,847 2,970 3,078

Page 8: Apostila Layout

8

Exercício 1.1: Para estabelecer o tempo padrão de uma operação, foi realizada

uma cronometragem preliminar com oito tomadas de tempo de uma operação. O

tempo padrão deve ter 90% de probabilidade e apresentar erro relativo de 10%.

Calcular o número de cronometragens.

Dados em minutos:

Cronometragem Tempo (min) 1 1,5 2 1,4 3 1,7 4 1,8 5 1,8 6 1,7 7 1,9 8 1,8

Exercício 1.2: Em um estudo de tempos cronometrados, foi realizada uma

cronometragem preliminar com 4 tomadas de tempo, obtendo-se os resultados em

minutos:

3,0 3,3 2,7 3,0

A empresa deseja que o tempo padrão tenha 90% de probabilidade de estar

correto e uma variação máxima de 6% sobre o tempo determinado. Quantas

cronometragens devem ser realizadas?

Page 9: Apostila Layout

9

1.4.4 Avaliação da velocidade do operador

A velocidade “V” do operador é determinada subjetivamente por parte do

cronometrista, que a referencia à assim denominada velocidade normal de operação,

à qual é atribuído um valor 100 (ou 100%). Para evitar erros, é prática habitual o

treinamento e o retreinamento sistemático e contínuo da equipe de cronometristas,

utilizando-se operações padronizadas ou operações realizadas dentro da empresa e

para as quais se tenha convencionado o tempo que representa a velocidade normal

100.

1.4.5 Determinação das tolerâncias

Não é possível esperar que uma pessoa trabalhe sem interrupções o dia

inteiro. Assim, devem ser previstas interrupções no trabalho para que sejam

atendidas as denominadas necessidades pessoais e para proporcionar um descanso,

aliviando os efeitos da fadiga no trabalho.

• Tolerância para atendimento às necessidades pessoais – considera-se

suficiente um tempo entre 10 min e 25 min (5% aproximadamente) por dia de

trabalho de 8 horas.

• Tolerância para alívio da fadiga. Ambiente de trabalho com excesso de

ruído, mais de 80 dB, iluminação insuficiente, menos que 200 lux, condições de

conforto térmico inadequadas, temperatura ambiente fora da faixa de 20 a 24

centígrado e umidade relativa abaixo de 40% ou acima de 60%, entre outros geram

fadiga. As tolerâncias concedidas para a fadiga têm um valor entre 10% (trabalho

leve em um bom ambiente) e 50% do tempo (trabalho pesado em condições

inadequadas).

Geralmente, adota-se uma tolerância variando entre 15% e 20% do tempo

(fator de tolerância entre 1,15 e 1,20) para trabalhos normais realizados em um

ambiente normal, para as empresas industriais. Trabalhos em escritórios o fator de

tolerância situa-se em torno de 1,05.

Page 10: Apostila Layout

10

As tolerâncias podem também ser calculadas em função dos tempos de

permissão que a empresa se dispõe a conceder. Neste caso, determina-se a

porcentagem de tempo “p” concedida em relação ao tempo de trabalho diário e

calcula-se o fator de tolerância como sendo:

)( pt

tFT

=

Exemplo: Calcule o Fator de Tolerância considerando 8 horas de trabalho e 80

minutos de paradas para lanches e atrasos previstos

20,1)80480(

480=

=FT

1.4.6 Determinação do tempo padrão

Uma vez obtidas as n cronometragens válidas, deve-se:

• Calcular a média das n cronometragens, obtendo-se o tempo

cronometrado (TC) ou tempo médio (TM)

• Calcular o tempo normal (TN): TN = TC x V

• Calcular o tempo padrão (TP): TP = TN x FT

Exemplo: Uma operação de furar uma chapa foi cronometrada 10 vezes,

obtendo-se o tempo médio por ciclo de 4,5 segundos. O cronometrista avaliou a

velocidade média do operador em 95% e foi atribuído ao trabalho um fator de

tolerância total (pessoais e para fadiga) de 18%. Calcular o tempo padrão da

operação.

Solução:

TC = tempo cronometrado = 4,5s

TN = tempo normal = TM x V = 4,5 x 0,95 = 4,28s

TP = tempo padrão = TN x FT = 4,28 x (1 + 0,18) = 5,05s

Page 11: Apostila Layout

11

Exercício 1.3: Um estudo de tempo de uma operação de preparação de uma

máquina acusou um tempo médio de 27,50 minutos. A velocidade do operador

avaliada pelo cronometrista foi de 103% e a empresa concede 30 minutos pra

lanches e 25 minutos para atrasos inevitáveis em um dia de 8 horas de trabalho.

Determine o tempo normal e o tempo padrão da operação.

Exercício 1.4: Uma operação foi cronometrada 5 vezes, obtendo-se os tempos

em segundos: 20,7s – 21,0s – 22,9s – 23,4s – 20,8s. O cronometrista avaliou a

velocidade da operação (valor válido para as cinco cronometragens) em 95%. A

empresa considera que a operação cronometrada é uma operação que não exige um

esforço especial e fixa um fator de tolerâncias de 15% sobre o tempo normal.

Determinar o tempo médio – TM, o tempo normal – TN e o tempo padrão TP.

Page 12: Apostila Layout

12

Exercício 1.5: A lanchonete fez um estudo de produtividade e anotou os

tempos necessários para o preparo de um sanduíche. As tolerâncias são de 15%

(FT=1,15). Determinar o tempo normal – TN e o tempo padrão – TP. Se a estimativa

de demanda máxima é de 50 sanduíches entre 12 e 13 horas, quantos “chapeiros”

serão necessários?

Cronometragens (minutos)

Elementos 1 2 3 V (%) 1.colocar hambúrguer na chapa 0,40 0,42 0,38 90 2.cozinhar um lado 0,75 0,82 0,85 110 3.virar e cozinhar outro lado 0,70 0,80 0,75 110 4.montar o sanduíche 0,35 0,38 0,36 95

Neste exercício, como a velocidade é dada para cada elemento, não deve ser

calculada a velocidade média, pois isto resultaria em um erro de conceito. Deve-se

determinar o tempo normal por elemento e somar esses tempo normais.

Elementos Tempo Médio (min)

V (%) TN

1.colocar hambúrguer na chapa 0,40 90 0,36 2.cozinhar um lado 0,81 110 0,89 3.virar e cozinhar outro lado 0,75 110 0,83 4.montar o sanduíche 0,36 95 0,34 Tempo Normal – TN 2,42 Tempo Padrão – TP = 2,42 x 1,15 = 2,78 minutos

Um chapeiro consegue preparar em 1 hora: 60 min : 2,78 = 21,58 sanduíches.

São necessários para atender à demanda de 50 sanduíches: 50 : 21,58 = 2,32

chapeiros, ou 3 pessoas.

Page 13: Apostila Layout

13

Exercício 1.6: Um fabricante de produtos de toucador coloca em uma caixa:

um sabonete, uma água de colônia e um desodorante. Após ter colocado os produtos

na caixa, ela é fechada e colocada ao lado da mesa de embalagens, recomeçando o

trabalho com uma nova caixa. A cada 6 caixas, elas são colocadas em uma caixa de

papelão para expedição. Se a empresa concede, em um dia de 8 horas, um total de

permissões de 50 minutos, calcular o tempo normal e o tempo padrão da operação, e

determinar quantas caixas de papelão completas um operador pode produzir por dia.

Operação de embalagem Tempos em minutos

Elementos 1 2 3 4 5 6 V(%)

1.Pegar a caixa vazia 0,10 0,11 0,12 0,10 0,09 0,12 95

2.Colocar o sabonete 0,14 0,15 0,15 0,16 0,13 0,15 100

3.Colocar a água de colônia 0,16 0,18 0,20 0,19 0,20 0,20 90

4.Colocar o desodorante 0,13 0,12 0,14 0,14 0,12 0,13 110

5.Fechar a caixa e colocar ao lado 0,20 0,22 0,24 0,25 0,23 0,25 105

6.Colocar as 6 caixas na caixa de papelão

1,05 95

Elementos Tempo Médio (min) V (%) TN

1.Pegar a caixa vazia

2.Colocar o sabonete

3.Colocar a água de colônia

4.Colocar o desodorante

5.Fechar a caixa e colocar ao lado

Tempo (elementos 1 a 5)

6.Colocar as 6 caixas na caixa de papelão

Page 14: Apostila Layout

14

Exercício 1.7: Uma operação é constituída de 2 elementos e foi cronometrada

4 vezes. A empresa concede 25 minutos de fadiga e 30 minutos para necessidades

pessoais em um dia de trabalho de 8 horas. Determinar o tempo médio (TM), o

tempo normal (TN) e o tempo padrão (TP). Quantas peças podem ser produzidas por

dia?

Cronometragens (minutos)

Elementos 1 2 3 4

Elemento 1 1,03 1,04 1,02 1,02

Elemento 2 2,07 2,02 2,04 2,03

Total 3,10 3,06 3,06 3,05

Velocidade 105% 100% 95% 95%

Solução:

a) Deve-se calcular o tempo normal para cada cronometragem.

b) Em seguida calcular o tempo normal médio (o tempo normal da operação).

c) Calcular o coeficiente de tolerância (FT).

d) Calcular o tempo padrão (TP).

e) Calcular o número de peças por dia (480 minutos).

Page 15: Apostila Layout

15

2 ARRANJO FÍSICO - LAYOUT

2.1 Introdução

O arranjo físico de uma operação produtiva preocupa-se com a localização

física dos recursos de transformação. Colocado de forma simples, definir o arranjo

físico é decidir onde colocar todas as instalações, máquinas, equipamentos e pessoal

de produção. (Slack: 2007, p. 160).

Planejar o arranjo físico de uma certa instalação significa tomar decisões sobre

a forma como serão dispostos, nessa instalação, os centros de trabalho que aí devem

permanecer. Centro de trabalho é qualquer coisa que ocupe espaço: um

departamento, uma sala, uma pessoa ou grupo de pessoas, máquinas,

equipamentos, bancadas e estações de trabalho, etc. (Moreira, 2008, p. 239).

Em todo o planejamento de arranjo físico irá existir sempre uma preocupação

básica: tornar mais fácil e suave o movimento do trabalho por meio do sistema, quer

esse movimento se refira ao fluxo de pessoas ou de materiais.

2.1.1 Sistemas Produtivos

Antes de abordar arranjo físico é importante relembrar quais são os tipos de

sistema produtivos e de que forma eles podem influenciar no planejamento da

produção e principalmente no arranjo físico.

Os sistemas produtivos podem ser classificados de acordo com a relação entre

o volume produzido e a variedade de produtos que passam por sua empresa.

Normalmente, quando há um grande volume de produção a variedade de produtos

manufaturados pela empresa é pequena. No outro extremo, quando a variedade é

grande existe uma tendência de o volume ser pequeno.

Page 16: Apostila Layout

16

Figura 1: Matriz Volume x Variedade

Fonte: adaptado de Slack (2000).

Os sistemas de produção mais conhecidos são:

a) Projeto – são exemplos de empresa que trabalham com

processo por projeto: estaleiro (construção de navio),

construtora (construção de edifícios), etc.

b) Lotes/Bateladas – são exemplos de empresas que trabalham

com processo por lotes: empresas de manufatura de

máquinas, produção de alimentos congelados especiais,

confecção (roupas), autopeças, etc.

c) Massa/Contínuo – são exemplos de empresas que trabalham

com processos de produção em massa: fábricas de bens

duráveis (televisão, geladeiras), indústria automobilística,

indústria de cervejas, etc.

Estes diferentes tipos de processo produtivo exigem também diferentes

planejamentos de produção, dentre eles o planejamento do arranjo físico (layout).

As decisões sobre o arranjo físico são decisões táticas e se tornam importantes

por três motivos principais:

Variedade

Volume

Projeto

Lotes/

Bateladas

Massa/

Contínuo

Page 17: Apostila Layout

17

2.1.2 Aumento da Capacidade

Freqüentemente as empresas necessitam aumentar sua capacidade produtiva,

e isto se dá, muitas vezes, em função de uma elevação na taxa de demanda. Para

aumentar a capacidade produtiva da empresa é comum ampliar do número de

máquinas, equipamentos e pessoal, o que forçará uma adequação na alocação

desses recursos. Uma fábrica, por exemplo, que aumenta o número de máquinas de

5 para 8, irá precisar rever o posicionamento destes equipamentos para um melhor

aproveitamento do espaço disponível.

2.1.3 Racionalização no Dispêndio de Dinheiro em Instalações

Antes de se construir uma nova área na empresa torna-se necessário rever o

arranjo físico existente. Um restaurante, por exemplo, antes de construir uma área

exclusiva para fumantes, é importante verificar se um novo arranjo das mesas pode

fazer com que se crie uma área para fumantes, sem investir em obras.

2.1.4 Dificuldades Técnicas para Futuras Alterações

Quando tratar de grandes equipamentos, é necessário elaborar um estudo

detalhado de localização, levando em conta uma posterior dificuldade de

movimentação.

Como pode ser observado, um perfeito arranjo físico dos equipamentos

dependerá de uma definição precisa do número de equipamentos que será alocado

em uma determinada área na empresa. Exemplos: quantidade de mesas em um

restaurante, quantidade de caixas automáticas em uma agência bancária, quantidade

de máquinas em um fábrica ou até mesmo a quantidade de leitos em um hospital.

Page 18: Apostila Layout

18

2.2 Tipos de Arranjo Físico (Layout)

Os tipos de Arranjo Físico (Layout) são normalmente classificados de acordo

com os diferentes tipos de sistemas produtivos.

• Arranjo físico por produto (linha de montagem) – corresponde ao

sistema de produção contínua.

• Arranjo físico por posição fixa (o material permanece fixo) –

corresponde ao sistema de produção por projetos.

• Arranjo físico celular (célula de manufatura) – consiste em arranjar em

um só local máquinas diferentes que possam fabricar produtos inteiros.

• Arranjo físico por processo (funcional)– corresponde ao sistema de

produção por fluxo intermitente.

2.2.1 Por Produto: As máquinas ou as estações de trabalho são colocadas de acordo com a

seqüência das operações e são executadas de acordo com a seqüência estabelecida

sem caminhos alternativos. O material percorre um caminho previamente

determinado no processo.

Características:

• Adequado a produtos com alto grau de padronização;

• Possui fluxo de material previsível;

• Pode ser ajustado à taxa de produção;

• Alto investimento de capital (máquinas);

• Altos custos fixos e comparativamente baixos custos unitários de mão-

de-obra e materiais.

Page 19: Apostila Layout

19

Vantagens:

• Baixo custo unitário devido ao alto volume de produção;

• Simplificação no manuseio de materiais;

• Baixos custos de treinamento devido à rotina e à simplificação das

operações.

Desvantagens:

• Natureza do trabalho altamente repetitivo.

2.2.2 Por Posição Fixa É o arranjo físico característico das empresas com processo de

produção por projeto. Neste tipo de arranjo o produto tende a ficar estático em uma

determinada posição enquanto os recursos produtivos (mão-de-obra, máquinas,

equipamentos, etc) se deslocam até o local onde os produtos são construídos,

montados ou manufaturados. Esta imobilidade, normalmente, é proveniente de

fatores como peso, tamanho, formato ou localização.

Figura 1.2 : Arranjo Físico por posição fixa

CT = Centro de Trabalho

CT 1 CT 2 CT 3 CT n

Máquinas Equipamentos

Mão-de-Obra

Page 20: Apostila Layout

20

2.2.3 Celular O material se desloca dentro da célula buscando os processos necessários.

Característica:

• Relativa flexibilidade quanto ao tamanho de lotes por produto.

• Elevado nível de qualidade e produtividade

• Redução de transporte de material e estoques

• A responsabilidade sobre o produto fabricado é centralizada

2.2.4 Por Processo ou Funcional É o arranjo físico característico de muitas indústrias e atividades prestadoras

de serviço. Todos os processos e os equipamentos do mesmo tipo são desenvolvidos

na mesma área e também operações ou montagens semelhantes são agrupadas na

mesma área. O material se desloca buscando os diferentes processos.

Este arranjo físico permite a flexibilidade do processo ou do projeto do

produto.

Matérias-primas e componentes: A C B

9

6

3

Célula 2

12

11

7

5

Célula 3

12

4

8 10

Célula 1

A B C

Montagem

Page 21: Apostila Layout

21

Características:

• Linha variada de produtos;

• Os produtos percorrem centros de produção formando uma rede de

fluxos;

• Taxas de produção relativamente baixas;

• Os equipamentos são mais flexíveis;

• Custos fixos relativamente baixos e custos unitários de matéria-prima e

mão-de-obra são relativamente maiores.

Vantagens:

• Flexibilidade do sistema; equipamentos relativamente mais barato;

• Mão-de-obra mais motivada quando comparada à produção em massa.

Desvantagens:

• Estoque elevado de matéria em processo;

• A programação e controle de produção tendem a ser complexo;

• O manuseio de material tende a ser ineficiente.

Layout por processo ou funcional

Departamento de torno

T T

T T

T T

T T

Departamento De frezas

F F F

Departamento de furação

Fu Fu Fu

Fu Fu Fu

Departamento Acabamento

A A A A

Departamento Pintura

P P

Montagem

M M M

Recebimento & Expedição

Page 22: Apostila Layout

22

2.2.5 Informações para o Layout

Para elaboração do layout são necessárias informações sobre especificações e

características do produto, quantidade de produtos e de materiais, seqüências de

operações e de montagem, espaço necessário para cada equipamento, incluindo

espaço para movimentação do operador, estoques e manutenção, e informações

sobre recebimento, expedição, estocagem de matérias-primas e produtos acabados e

transportes.

Sempre que possível, deve-se determinar a quantidade deslocada entre

origens e destinos e o meio de transporte a ser utilizado para que se tenha o custo

unitário do deslocamento.

Page 23: Apostila Layout

23

2.3 Layout Funcional

2.3.1 Desenvolvimento do Layout Devem ser estabelecidos os centros produtivos, de maneira a minimizar os

custos de transporte de material, e devem ser alocados os demais centros da

administração industrial, como controle de qualidade, manutenção, almoxarifado,

recebimento de materiais, expedição, etc. Também devem ser alocados os demais

centros de serviços, por exemplo, administração, banheiro, vestiários, restaurantes e

refeitórios, segurança, entre outros.

2.4 Avaliação do Layout

2.4.1 Modelo carga-distância É um método de solução de arranjo físico por processo e que consiste em ir

sendo melhorado em função de algum critério, que pode ser custo de movimentação

ou distâncias percorridas.

O modelo aplica-se, mais especificamente, ao seguinte problema padrão:

1) existem n departamentos a serem distribuídos em um certo espaço total.

2) são conhecidas as necessidades individuais de espaço pra cada

departamento.

3) são conhecidos:

- a carga de materiais movidos de um departamento a outro, ou, dependendo

do caso,

- o número de viagens (locomoções) de um departamento a outro (caso

freqüente em arranjos de instalações de escritórios e atividades de serviços).

4) se os custos de locomoção (de pessoas ou cargas) forem diferentes

conforme o par de departamentos que se considere, então esses custos devem

também ser conhecido.

Page 24: Apostila Layout

24

Não há necessidade de se conhecer os custos de locomoção se eles são todos

iguais, independentemente do par de departamentos. Os critérios para melhoria de

um arranjo físico inicial podem ser variados, estando entre os mais comuns o custo

total de movimentação de carga, a soma dos produtos carga x distância (caso de

movimentação de materiais) ou a distância total percorrida (caso de movimentação

de pessoas).

Em uma versão mais simples, o modelo trabalha com a aproximação inicial de

que são iguais as necessidades de espaço de cada departamento, e estes deverão se

distribuir por uma superfície quadrada ou retangular, de forma que a cada

departamento corresponda um quadrado (ou retângulo) menor. A superfície total

iguala a necessidade total de espaço para todos os departamentos.

Exemplo: A empresa DMe tem necessidade de espaços para os seus seis

departamentos, conforme o que se segue:

Departamento Espaço – m2 A 80 B 160 C 40 D 110 E 100 F 100

Total 600 DMe244

Esses departamentos podem ser imaginados como necessitando seis áreas

iguais de 100 m2 cada uma, distribuída de várias formas em um retângulo de 30 m

por 20 m; uma possível combinação seria a seguinte:

10 m 10 m 10 m

A B C

D E F

10 m

10 m

Page 25: Apostila Layout

25

Uma vez completada a solução, ou seja, encontrada uma saída razoável

segundo o critério adotado, o analista de arranjo físico distribuiria os departamentos

segundo suas necessidades reais de espaço e tendo em vista o formato da área

verdadeira onde eles estarão.

A distância de um bloco a outro geralmente toma-se como base os centros

geométrico dos blocos. A distância entre dois blocos quaisquer pode ser determinada

diretamente, pela mera união de seus centros geométricos, ou indiretamente,

caminhando-se por linhas retas horizontais e verticais.

A medida direta centro a centro é útil quando a área real é bem aberta e

permite o movimento direto; quando existem corredores e paredes obrigando a

mudanças retilíneas de direção de movimento, é mais útil a medida indireta.

O Custo Total é dada pela equação:

∑ ×× PijDijCij

Onde:

Cij = carga movida do departamento i para o departamento j ou número de

viagens (deslocamento) entre eles;

Dij = distância para ir do departamento i ao departamento j;

Pij = custo de mover uma unidade de carga por unidade de distância, do

departamento i ao departamento j.

Se todos os custos forem iguais, ou seja, se o custo de mover qualquer

unidade de carga, em qualquer direção, for constante, pode-se prescindir do custo de

movimentação e as cargas movimentadas entre dois departamentos podem ser

somadas (elimina-se o problema do sentido do movimento entre dois departamentos

quaisquer).

Tentativamente, procura-se uma nova configuração que diminua o custo

associado ao arranjo físico ou que diminua o espaço total percorrido.

Page 26: Apostila Layout

26

No exemplo, os termos Cij e Pij são fixos. As variáveis são as distâncias Dij

que dependem da particular disposição relativa dos departamentos.

Supondo que o número diário de locomoções entre dois departamentos

quaisquer seja dado pela Matriz: De/Para:

Matriz de Locomoções entre Departamentos

De/Para A B C D E F A - 50 50 100 60 40 B - 80 50 120 50 C - 120 100 60 D - 50 30 E - 80 F -

Solução:

a) Primeira configuração

10 m 10 m 10 m

1 A 2 B 3 C

4 D 5 E 6 F

Matriz de Distâncais entre Posições (m)

De/Para 1 2 3 4 5 6 1 - 10 20 10 20 30 2 - 10 20 10 20 3 - 30 20 10 4 - 10 20 5 - 10 6 -

Uma vez de posse da posição dos departamentos, da matriz de locomoção e

da matriz de distância, é possível calcular o espaço total percorrido pelos usuários do

10 m

10 m

Page 27: Apostila Layout

27

arranjo físico proposto. Por exemplo, os departamentos A e B distam 10 m entre si;

para um total de 50 locomoções, o espaço percorrido é 10 x 50 m = 500 metros.

Matriz de Espaços Percorridos por Dia – 1ª configuração

De/Para 1 A 2 B 3 C 4 D 5 E 6 F Total 1 A - 500 1.000 1.000 1.200 1.200 4.900 2 B - 800 1.000 1.200 1.000 4.000 3 C - 3.600 2.000 600 6.200 4 D - 500 600 1.100 5 E - 800 800 6 F - - Total 500 1.800 5.600 4.900 4.200 17.000

O arranjo proposto leva a uma distância total percorrida de 17.000 metros.

Essa distância tanto pode ser obtida somando-se os totais das linhas como os da

coluna.

b) Segunda configuração:

Tentemos melhorar a configuração inicial, notemos para isso que a maior

distância percorrida está entre os departamentos C e D (3.600 m). Uma tentativa é a

de aproximar esses dois departamentos, fazendo, por exemplo, a inversão de posição

entre B e C. A nova configuração será:

10 m 10 m 10 m

1 A 2 C 3 B

4 D 5 E 6 F

10 m

10 m

Page 28: Apostila Layout

28

Matriz de Espaços Percorridos por Dia – 2ª configuração

De/Para 1 A 2 C 3 B 4 D 5 E 6 F Total 1 A - 500 1.000 1.000 1.200 1.200 4.900 2 C - 800 2.400 1.000 1.200 5.400 3 B - 1.500 2.400 500 4.400 4 D - 500 600 1.100 5 E - 800 800 6 F - - Total 500 1.800 4.900 5.100 4.300 16.600

Houve uma economia de 400 metros diários em relação ao arranjo anterior.

Outras combinações podem ser tentadas.

Sugerimos a seguinte:

Exercício 1

10 m 10 m 10 m

1 A 2 B 3 E

4 D 5 C 6 F

Matriz de Espaços Percorridos por Dia – 3ª configuração

De/Para 1 A 2 B 3 E 4 D 5 C 6 F Total 1 A - 2 B 3 E 4 D 5 C 6 F Total

10 m

10 m

Page 29: Apostila Layout

29

Exercício 2.

Uma empresa, com quatro departamentos, possui a matriz de movimentações

a seguir e o atual plano geral mostrado na figura 1.

a) Qual é o índice carga distância para o arranjo físico (supondo

distância retilínea)?

b) Desenvolva um arranjo físico melhor. Qual a pontuação total de

carga-distância?

Obs: considerar os departamentos com dimensões iguais: 100 metros

quadrados.

Matriz de movimentações (carga)

Número de movimentações entre os departamentos

Departamentos A B C D A - 12 10 8 B - 20 6 C - 0 D -

Figura 1

A B

C D

Page 30: Apostila Layout

30

Exercício 2.

A empresa PMe desenvolveu duas alternativas de layout para localizar

seis setores produtivos A, B, C, D, E e F dentro de uma determinada área (figura

abaixo), Conhecendo as quantidades (em toneladas) que devem ser transportadas

por mês entre os setores produtivos (vide matriz de carga), determinar qual

alternativa apresenta melhor solução:

Matriz de carga (Alternativa 1)

A B C D E F

A _ 100 50 80 30 0

B _ 80 0 60 100

C _ 50 0 80

D _ 90 30

E _ 0

F _

A B C

D

E

F

25 10

15 18 29

Alternativa 1

D C F

A

E

B

25 10

15 18 29

Alternativa 2

Page 31: Apostila Layout

31

2.5 Layout em Linhas de Montagem

Entende-se como linha de montagem uma série de trabalhos comandados pelo

operador, que devem ser executados em seqüências e que são divididos em postos

de trabalho, nos quais trabalham um ou mais operadores com ou sem o auxílio de

máquinas. O que se procura nesse tipo de layout é otimizar o tempo dos operadores

e das máquinas, realizando o que se denomina balanceamento da linha.

2.5.1 Balanceamento de linha de montagem

Para o balanceamento, deve-se, em primeiro lugar, determinar o tempo de

ciclo. O tempo de ciclo (TC) expressa a freqüência com que uma peça deve sair da

linha ou, em outras palavras, o intervalo de tempo entre duas peças consecutivas.

Supondo que uma linha deva produzir 1.000 peças em 6,5 horas de trabalho.

O tempo de ciclo é 6,5 x 60 minutos/1.000 = 0,39 minuto/peça. Isto é, a cada 0,39

minuto a linha deve produzir uma peça, para que seja alcançada a produção de

1.000 peças nas 6,5 horas disponíveis.

TC = produçãodetemponopeçasdequantidade

produçãodetempo

A partir do tempo de ciclo, determinamos o número mínimo de operadores

que, teoricamente, seriam necessários para que se tivesse aquela produção (número

teórico de operadores = N):

N = ciclodetempo

linhanapeçaumaproduzirparatotaltempo

Sendo Ti o tempo da peça em cada operação, temos:

N = ∑ ÷ TCTi

Page 32: Apostila Layout

32

Deve-se verificar se o número teórico de operadores é suficiente para os

requisitos de produção, determinando-se o número real de operadores (NR). Esse

número real é determinado por simulação, distribuindo-se os trabalhos em postos e

alocando-se a cada posto de trabalho o menor número de operadores possível. Para

essa alocação, devemos sempre considerar que o tempo de cada operador deverá

ser menor ou, no limite, igual ao TC. Uma vez determinada a solução, calculamos a

eficiência do balanceamento (E). A eficiência do balanceamento é igual a: E = N/R

Exemplo:

Uma linha de montagem tem os processos que seguem: Sabendo que

desejamos produzir 10 peças por hora e que cada operador trabalha 45 minutos por

hora, determinar:

O tempo de ciclo (TC) e o número teórico de operadores (N).

O número real de operadores (NR) e a divisão de trabalho entre eles.

A eficiência do balanceamento (E). Os tempos são em minutos por peça.

A = 3,0

B = 3,5

F – 2,8

C – 1,0

D – 1,7

G – 2,5

E – 3,0

Page 33: Apostila Layout

33

Solução:

TC = produçãodetemponopeçasdequantidade

produçãodetempo= 45/10 = 4,5 min por peça

Ti (Tempo da peça em cada operação) = 3,0 + 3,5 + ...+ 3,0 = 17,5 minutos

N = ciclodetempo

linhanapeçaumaproduzirparatotaltempo= 17,5/4,5 = 3,89 operadores

Número real de operadores (NR) e a divisão de trabalho

Uma das soluções é:

Posto 1 2 3 4 5 TC Operações A B + C F + D G E Tempo (T) 3,0 4,5 4,5 2,5 3,0 4,5 min

Ocupação (O) 66,7% 100,0% 100,0% 55,6% 66,7%

E = N/NR = 3,89 operadores (teoricamente) / 5 operadores (real) = 77,8%

Comentário: Como se pode ver não é possível alcançar a produção de 10

peças em 45 minutos com 4 operadores, sendo necessários ao menos 5 operadores.

A divisão do trabalho realizada atribui a cada operador uma ou mais atividades

dentro da seqüência lógica do fluxo do processo, porém com um tempo que não

supera o tempo de ciclo de 4,5 minutos. Nota-se, porém, que há uma desigualdade

entre os operadores. Assim, tomando-se por base o tempo de ciclo, verifica-se que

os operadores dos postos 2 e 3 trabalham 100% do tempo de ciclo, enquanto os

demais trabalham porcentagens menores. Se em vez de uma linha de montagem, o

layout fosse em célula de manufatura, os operadores mais livres poderiam auxiliar os

operadores com maior carga de trabalho, ou seja, haveria uma melhor distribuição

do trabalho. A eficiência (média) foi calculada em 77,8%.

Page 34: Apostila Layout

34

No caso anterior, se a empresa insistir em trabalhar na linha com 4

operadores, o que se pode dizer a respeito?

O novo tempo de ciclo seria TC = 5,5 minutos, e a produção possível seria:

Produção = 45 min/(5,5 min/peça) = 8,18 peças, não se atingindo a cota de

10 peças em 45 minutos.

Exercício 1

Uma peça deve passar por três máquinas (M1, M2 e M3) e tem um tempo de

operação em cada uma de 0,3 min em M1, 0,5 min em M2, e 0,4 min em M3. Supõe-

se que as máquinas são dispostas em linha e que há um operador para as 3

máquinas. (p.154)

Quantas peças podem ser produzidas por hora?

Se a empresa consegue produzir 45 peças por hora, qual é a eficiência do

sistema?

Posto 1 2 3 4 TC

Operações A B + C F + D G + E

Tempo (T) 3,0 4,5 4,5 5,5 5,5 min

Page 35: Apostila Layout

35

3 PLANEJAMENTO AGREGADO

O Planejamento Agregado é o processo de balanceamento da produção com a

demanda projetada para horizontes de tempo, em geral de 6 a 12 meses, que visa

compatibilizar os recursos produtivos da empresa com a demanda agregada. Nessa

compatibilizarão, a empresa define uma estratégia de operações, que pode adequar

os recursos necessários ao atendimento da demanda, ou atuar na demanda a fim de

que os recursos disponíveis possam atendê-la. A empresa pode optar também por

uma estratégia de operações mista, isto é, atuar tantos nos recursos como na

demanda.

O Planejamento Agregado é um processo rudimentar e aproximado. Em

primeiro lugar, ele trabalha com previsões da demanda, sujeitas a várias influências,

tais como sazonalidade, momento econômico, etc. Além disso, se a empresa possuir

uma grande variedade de produtos e serviços é impraticável planejar o

emparelhamento da produção com a demanda prevista individualmente para cada

um deles: é daí que vem a designação de “agregado”.

De outro lado, temos o Planejamento da Capacidade, de longo prazo, que irá

determinar o tamanho das instalações e a potencialidade da empresa para atingir

determinados níveis máximos de produção. Dadas essas restrições de capacidade

máxima, que em médio prazo estarão vigorando, o Planejamento Agregado procura

conciliá-las com as previsões da demanda. Na outra ponta do processo de

planejamento localiza-se o Programa Mestre de Produção ou Plano de Produção,

estabelecendo-se o que irá efetivamente produzir em curto prazo.

Page 36: Apostila Layout

36

3.1 As Etapas do Planejamento Agregado

Todo Planejamento Agregado deve cumprir as fases seguintes:

Previsão da demanda: feita para um período que vai comumente de 6 a 12

meses;

Escolha do conjunto possível de alternativas que serão usadas para influenciar

a demanda e/ou os níveis de produção; tais alternativas estarão sujeitas às restrições

estabelecidas pela gerência, tais como manter baixos estoques, evitar demissões de

pessoal, atendimento rápido ao cliente, etc;

Determinará, a cada período, quais as particulares alternativas que serão

usadas para influenciar a demanda e/ou níveis de produção, levando em

consideração alguns critérios como minimização de custos de produção ou

maximização de lucros.

3.2 Estratégias de Atuação

3.2.1 Alternativas para influenciar a Demanda

a) Propaganda: serve para aumentar a demanda em períodos de baixa ou

deslocá-la de período de alta, onde não pode ser integralmente atendida, para

períodos de baixa, onde a capacidade produtiva está disponível.

b) Preço de venda: consiste em aumenta o preço de venda, com a

conseqüente queda na demanda, quando os recursos produtivos forem insuficiente, e

diminuir o preço de venda, com o conseqüente aumento da demanda, quando os

recursos produtivos estiverem sobrando.

c) Promoção: deve ser feita quando houver excesso de recursos produtivos. A

promoção gera aumento da demanda, podendo o excesso de recursos ser utilizado.

Page 37: Apostila Layout

37

d) Atraso na entrega: consiste em atrasar a entrega dos pedidos, até quando

haja disponibilidade de recursos para executá-los. Há o risco de desagradar os

clientes, com todos os custos decorrentes e com a possível perda deles.

e) Desenvolvimento de produtos complementares: Consiste em compensar um

produto, cuja demanda sazonal está em baixa, por outro que permite um

aproveitamento mais uniforme da mão-de-obra.

3.2.2 Alternativas para Influenciar a Produção

a) Admissão/demissão: consiste em admitir ou demitir colaboradores

dependendo da necessidade de mão-de-obra.

b) Horas extras: a fim de compensar as necessidades decorrentes do aumento

da demanda, as áreas produtivas da empresa passam a trabalhar em horas extras.

c) Redução da jornada de trabalho: ou concessão de férias coletivas, serve

para acomodar o pessoal aos níveis mais baixos da demanda, evitando demissões em

massa.

d) Subcontratação: a empresa subcontrata terceiros para a fabricação das

unidades que, por falta de pessoal, certamente deixariam de ser produzidos.

e) Estoques: o uso de estoques suaviza o ritmo de produção, permitindo uma

utilização mais regular da mão-de-obra. Entretanto, a acumulação de estoques

implica em custos elevados.

Page 38: Apostila Layout

38

3.3 Elaboração do Plano Agregado

3.3.1 Exemplo 1

O primeiro passo na execução do planejamento agregado é obter o perfil da

demanda para o horizonte de planejamento. A empresa PMe apresentou no período

janeiro a dezembro a seguinte demanda agregada:

Mês Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Demanda 750 650 640 590 540 450 420 530 600 790 860 956

PMe-329

A demanda média para o período de planejamento é de 648 unidades/mês. É

fácil observar que, caso os recursos produtivos fossem dimensionados para atender à

demanda média do período de planejamento, ficaríamos com falta de recursos em 5

meses (jan., fev., out., nov. e dez.) e um excesso de recursos em 7 meses (mar.,

abr., maio, jun., jul., ago. e set.). Evidentemente os dois casos são indesejáveis. O

planejamento visa harmonizar essa situação procurando as alternativas de menor

custo para a empresa.

Plano A. Produção mensal constante. Estoques absorvem as variações.

O valor mais negativo, no caso 104, deverá ser o estoque inicial, a fim de

atender plenamente a demanda.

Mês Ei P D Ef

Jan 0 648 750 -102

Fev -102 648 650 -104

Mar -104 648 640 -96

Abr -96 648 590 -38

Mai -38 648 540 70

Jun 70 648 450 268

Mês Ei P D Ef

Jul 268 648 420 496

Ago 496 648 530 614

Set 614 648 600 662

Out 662 648 790 520

Nov 520 648 860 308

Dez 308 648 956 0

Mês Ei P D Ef EM

Jan 104 648 750 2 53

Fev 2 648 650 0 1

Mar 0 648 640 8 4

Abr 8 648 590 66 37

Mai 66 648 540 174 120

Jun 174 648 450 372 273

Mês Ei P D Ef EM

Jul 372 648 420 600 486

Ago 600 648 530 718 659

Set 718 648 600 766 742

Out 766 648 790 624 695

Nov 624 648 860 412 518

Dez 412 648 956 104 258

776 3,846

Estoque Médio = 3.846/12 = 320,5

Page 39: Apostila Layout

39

Plano B. Produção constante de 600 unidades/mês, com estoque inicial nulo,

subcontratando com terceiros as unidades para atender plenamente a demanda. A

Tabela a seguir mostra as necessidades de subcontratações.

Como se vê, haverá necessidade de subcontratar com terceiros no mês de

janeiro (150 unidades), fevereiro (50 unidades), março (40 unidades) e dezembro

(336 unidades).

Mês Ei P D Sub Ef EM

Jan 0 600 750 150 0 0

Fev 0 600 650 50 0 0

Mar 0 600 640 40 0 0

Abr 0 600 590 10 5

Mai 10 600 540 70 40

Jun 70 600 450 220 145

Mês Ei P D Sub Ef EM

Jul 220 600 420 400 310

Ago 400 600 530 470 435

Set 470 600 600 470 470

Out 470 600 790 280 375

Nov 280 600 860 20 150

Dez 20 600 956 336 0 10

7.200 576 1.940

Estoque Médio = 1.940/12 = 161,7

Page 40: Apostila Layout

40

3.3.2 Exemplo 2 O primeiro passo na execução do planejamento agregado é obter o perfil da

demanda para o horizonte de planejamento. A empresa DMe apresentou no período

janeiro a dezembro a seguinte demanda agregada:

Mês Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Demanda 110 120 120 150 160 140 170 180 200 230 180 160

DMe335

Premissas

a) A empresa apresenta a seguinte estrutura de custos:

Custo de contratação de pessoal..........................R$ 1.000,00/funcionário

Custo de demissão de pessoal ............................R$ 3.500,00/funcionário

Custo de estocar ..................................................R$ 5,00/(milheiro/mês)

Custo regular da produção ...................................R$ 20,00/milheiro

Custo da produção em horas extras .....................R$ 24,00/milheiro

b) A empresa inicia o mês de janeiro com 16 funcionários, com uma

capacidade mensal de produção em horas regulares de 160 milheiro de tijolos, ou

seja, 10 milheiros por mês e por funcionário.

Não há estoque inicial e também não há obrigatoriedade de se deixar estoque

ao final do mês de dezembro.

3.3.3 Estratégias Gerenciais

Estratégia 1: manter a força de trabalho atual (os 16 funcionários), usando

apenas os estoques para amortecer a demanda quando necessário. Essa restrição

de manter a força de trabalho constante é conhecida como estratégia de nivelação.

Estratégia 2: contratar e demitir sempre que necessário, supondo que o nível

de produção varia linearmente com o número de funcionário. Essa estratégia é

conhecida como estratégia de caça à demanda.

Page 41: Apostila Layout

41

Estratégia 1: Força de trabalho constante e estoques

Essa estratégia só é possível quando a capacidade total de produção regular

ao longo dos períodos considerados é maior ou igual à demanda total prevista. No

exemplo, os 16 funcionários produzirão nos 12 meses uma quantidade exatamente

igual à demanda total prevista (12 x 160 = 1.920 milheiros).

Em cada mês, a produção é fixada em 160 unidades. De janeiro a junho,

como a demanda é inferior a esse valor, os estoques irão se acumulando. De julho a

novembro, como a demanda é superior a 160 unidades, o estoque acumulado irá

sendo paulatinamente usado para amortecer a demanda. Finalmente, em dezembro,

não haverá estoque inicial e tampouco estoque final, pois a demanda será

exatamente igual à produção. Fecha-se o ciclo com estoque zero.

Tabela de Cálculos para a Estratégia 1

Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Demanda 110 120 120 150 160 140 170 180 200 230 180 160

Estoque Inicial 0 50 90 130 140 140 160 150 130 90 20 0 Nº inic.

funcionários 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16

Contratações 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Demissões 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Nº final

funcionários 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16

Produção - Regular

160 160 160 160 160 160 160 160 160 160 160 160

Horas extras 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Subcontratação 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Total 160 160 160 160 160 160 160 160 160 160 160 160 Produção regular

(Previsão) 50 40 40 10 0 20 -10 -20 -40 -70 -20 0

Estoque final 50 90 130 140 140 160 150 130 90 20 0 0

Cálculo dos custos:

Os custos consistem apenas do custo da produção regular e da estocagem. O

custo da estocagem geralmente é calculado em função do estoque final do período

(pode-se calcular também pelo estoque médio = média do estoque inicial e final).

Custo da produção regular:

160 milheiros/mês x 12 meses x R$ 20/milheiro = R$ 38.400,00

Page 42: Apostila Layout

42

Custo de estocagem:

R$ 5 milheiro/mês x (50 + 90 + ... + 0) = 5 x 1.100 = R$ 5.500,00

Custo Total da Produção:

R$ 38.400,00 + R$ 5.500,00 = R$ 43.900,00

Page 43: Apostila Layout

43

Estratégia 2: Variar a força de trabalho quando necessário

Essa estratégia implica admitir e demitir funcionários, tanto quanto seja

necessário para cumprir a demanda. No exemplo, a empresa em a capacidade de

produção suficiente para atender pelo menos até 230 milheiros por mês, que

corresponde à máxima demanda prevista (em outubro). Vale também a hipótese, já

anteriormente comentada, de que a produção é proporcional ao número de

empregados. Como cada empregado é responsável pela produção de 10 milheiros

por mês, o número de funcionários necessários em um dado mês é dado por:

Nº de funcionários = 10

mêsnoprevistaDemanda

A seguir, elaboramos a mesma estrutura utilizada na Estratégia 1,

devidamente adaptada à Estratégia 2. Não são usados estoques, horas extras ou

subcontratação. Caso a capacidade da empresa, em produção regular, fosse inferior

à demanda máxima de 230 milheiros, forçosamente alguma daquelas opções

deveria ser utilizada.

Tabela de Cálculos para a Estratégia 2

Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Demanda 110 120 120 150 160 140 170 180 200 230 180 160

Estoque Inicial 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Nº inic.

funcionários 16 11 12 12 15 16 14 17 18 20 23 18

Contratações 0 1 0 3 1 0 3 1 2 3 0 0 Demissões 5 0 0 0 0 2 0 0 0 0 5 2 Nº final

funcionários 11 12 12 15 16 14 17 18 20 23 18 16

Produção - Regular

110 120 120 150 160 140 170 180 200 230 180 160

Horas extras 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Subcontrataçã

o 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Total 110 120 120 150 160 140 170 180 200 230 180 160 Produção regular

(Previsão)

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Estoque final 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Page 44: Apostila Layout

44

O custo total de produção para a Estratégia 2 engloba os custos regulares de

produção, acrescidos dos custos de contratar e demitir pessoal.

Custos regulares de produção:

Ao todo, são produzidos 1.920 milheiros a um custo de R$ 20,00 o milheiro.

Logo, os custos regulares serão: 1.920 x 20 = R$ 38.400,00

Custos de contratar pessoal:

Ao todo, serão contratados 14 funcionários a um custo unitário de R$

1.000,00. Logo: Custos de contratar = 14 x 1.000 = R$ 14.000,00

Custos total de demitir pessoal:

Ao todo, serão demitidos também 14 funcionários a um custo unitário de R$

3.500,00. Logo: Custos de demitir = 14 x 3.500 = R$ 49.000,00

A soma dos três custos anteriores dará o custo total de produção CP para a

Estratégia 2: CP = 38.400,00 + 14.000 + 49.000 = R$ 101.400,00

A comparação de custos de produção favorece a Estratégia 1, na qual esse

custo orçava a R$ 43.900,00. Além disso, a Estratégia 1 possui o atrativo de manter

a força de trabalho constante, o que muitas vezes é um ponto forte a favor de uma

estratégia.

Page 45: Apostila Layout

45

Exercício

Supondo que a empresa ABC tenha um padrão de trabalho de 2,5

homens.hora/galão. A demanda prevista para cada linha de produto nos quatro

trimestres é de, respectivamente: Produto A: 10.000, 20.000, 25.000 e 30.000

unidades; Produto B: 15.000, 25.000, 30.000 e 35.000 unidades; e Produto C:

20.000, 30.000, 35.000, e 40.000 unidades. Cada trimestre tem 60 dias úteis de

trabalho e um dia corresponde a 8 horas de trabalho.

a) Elabore o gráfico da Demanda Agregada

b) Qual será o número de trabalhadores necessários para cada trimestre,

Page 46: Apostila Layout

46

4. MÉTODO DO CAMINHO CRÍTICO

Quando precisamos gerenciar o planejamento e o controle de um projeto

ou empreendimento precisamos dispor de técnicas que facilitem este objetivo.

O método do caminho crítico oferece um conjunto de elementos técnicos

que podem orientar este gerenciamento.

4.1 PROJETO

Um projeto pode ser entendido como um conjunto de atividades

coerentemente encadeadas para alcançar um determinado objetivo.

Normalmente, se caracteriza por serem únicos e não repetitivos.

São exemplos de projeto: a construção de um navio, a construção de

um edifício ou a realização de um show de rock.

O conjunto de atividades de um projeto ou empreendimento pode ser

graficamente representado por um diagrama chamado rede. A figura 1.1

exemplifica um diagrama de rede.

Figura 1.1 – Diagrama de Rede

Na figura 2.1 podemos encontrar os seguintes elementos:

1

2

3

4

5

C

A

B

D

E

F

Page 47: Apostila Layout

47

� “Nó”: representados na figura através de um círculo com um

número inscrito;

� Atividade: representado na figura por uma seta e uma letra.

O nó com o número 1 representa o início do projeto, conseqüentemente, o nó

5 representa o término do projeto.

Cada atividade do projeto tem o seu início e o seu término marcado por um

nó. O nó que representa o término de um a atividade pode representar o início

de outra atividade e vice-versa. O nó 3, por exemplo, marca o término da

atividade C, e também o início das atividades D e F. Desta forma cada

atividade do projeto é representada por dois nós. A leitura do projeto da figura

1.1, seria assim:

Atividade Conjunto de nós que

representam a atividade

A 1 e 2 B 2 e 4 C 1 e 3 D 3 e 4 E 4 e 5 F 3 e 5

Tabela 1.1

A cada atividade do projeto é atribuído um tempo de duração, a partir do que

se torna possível determinar o tempo total necessário para a execução do

projeto. Estudos mais elaborados sobre o projeto podem ser realizados se

determinarmos, para cada atividade, a quantidade de recursos que serão

utilizados, como por exemplo: mão-de-obra, capital, materiais, equipamentos,

etc.

Page 48: Apostila Layout

48

4.1.1 Fases para a Elaboração de um Projeto

Segundo (Martins e Laugeni, 2005) as principais fases de um projeto são:

a) definir o que é o projeto, seu início e seu término;

b) dividir o projeto em atividades de tal maneira que as atividades

abranjam todo o projeto;

c) identificar a lógica de seqüência que existe entre as atividades e

verificar quais são as que, lógica e independentemente do nível dos

recursos existentes, dependem de outras, e as atividades que não

apresentam dependência ente si;

d) montar a rede de projeto;

e) determinar a duração de cada atividade;

f) determinar o tipo e quantidade de recursos necessários para

desenvolver a atividade;

g) determinar o custo de cada recurso;

h) determinar o caminho crítico;

i) elaborar o cronograma para a programação do projeto.

Exemplo 1.1.

Com base no projeto da figura 1.1, poderíamos ter a seguinte situação:

Atividade Duração Tipo de Recurso Quantidade Custo unit. ($)

A 3 Operador de Máquina 1 90,00/dia

B 5 Mecânico 2 70,00/dia

C 7 Pintor 1 300,00/dia

D 3 Operador de Máquina 1 90,00/dia

E 4 Eletricista 3 100,00/dia

F 2 Vidraceiro 1 100,00/dia

Tabela 1.2

Page 49: Apostila Layout

49

Neste caso os custos seriam os seguintes:

Operador de máquina: 1 operadore x 6 dias x $ 90,00/dia = $ 540,00

Mecânico: 2 mecânicos x 5 dias x $ 70,00/dia = $ 700,00

Pintor: 1 pintor x 7 dias x $ 300,00/dia = $ 2.100,00

Eletricista: 3 eletricistas x 4 dias x $ 100,00/dia = $ 1.200,00

Vidraceiro: 1 vidraceiro x 2 dias x $ 100,00/dia = $ 200,00

O custo total do projeto seria igual a $ 4.740,00.

4.2. CPM E PERT

Existem dois métodos distintos para análise do caminho crítico, o CPM

(Critical Path Method) e o PERT (Program Evaluation and Review Technique).

A principal diferença entre os dois métodos é que o CPM utiliza datas

determinadas (determinístico), e o PERT datas prováveis (probabilístico). Para

efeito desta disciplina trabalharemos apenas com o método CPM.

4.2.1. CPM

Para exemplificar o algoritmo do caminho crítico, vamos identificar a duração

de cada atividade, conforme a tabela 1.2.

Cada atividade deverá ter uma primeira data de início, que corresponde a

data, antes da qual a atividade não pode ser iniciada de forma alguma. Isto

acontece em função da relação de dependência que existe entre cada

atividade, ou seja, uma atividade só pode ser iniciada a partir do momento que

a atividade da qual ela depende estiver completada.

Page 50: Apostila Layout

50

Com base na figura 2.1, determinaremos a duração do projeto a partir dos

prazos para cada uma das atividades.

Figura 2.1

Para isto, iremos inicialmente determinar a primeira data de início (PDI) de

cada atividade (o desenvolvimento será explicado em classe).

Figura 2.2

1

2

3

4

5

7

A

B

D

E

2

3 5

3 4

F C

1

2

3

4

5

7

A

B

D

E

2

3 5

3 4

F C PDI UDI

0

PDI UDI

3

PDI UDI

10

PDI UDI

14

PDI UDI

7

Page 51: Apostila Layout

51

O segundo passo é determinar as últimas datas de início (UDI) para cada uma

das atividades.

Figura 2.3

As atividades críticas são aquelas que apresentam PDI e UDI iguais. Isto

significa que estas atividades não apresentam folga e, portanto, não podem

sofrer qualquer tipo de atraso. Qualquer atraso em uma atividade crítica

representa um atraso para o projeto como um todo.

Figura 2.4

1

2

3

4

5

7

A

B

D

E

2

3 5

3 4

F C PDI UDI

0 0

PDI UDI

3 5

PDI UDI

10 10

PDI UDI

14 14

PDI UDI

7 7

1

2

3

4

5

7

A

B

D

E

2

3 5

3 4

F C PDI UDI

0 0

PDI UDI

3 5

PDI UDI

10 10

PDI UDI

14 14

PDI UDI

7 7

Page 52: Apostila Layout

52

As atividades com destaque, na figura 2.4, representam o caminho crítico do

projeto.

4.2.2. Cronograma do projeto e determinação das folgas das atividades (FT’s)

A elaboração do cronograma é feita programando as atividades a partir de sua

primeira data de início (PDI). Para isto, constrói-se um diagrama de barras

horizontais proporcional à duração de cada atividade.

Figura 2.5

Observe que as atividades A, B e F apresentam folgas, e podem

eventualmente sofrer algum tipo de atraso. Porém as atividades C, D e E não

apresentam folgas e, portanto, necessitam de maior controle para que não

ocorram atrasos. Estas atividades são chamadas atividades críticas.

F

E

D

C

B

A A FT

B

E

D

C

F FT

Ativ

idades

0 3 5

3 8 10

5 – 3 = 2 FT = 2

FT 10 – 8 = 2 FT = 2

7

10

14

9 7 14 – 9 = 5 FT = 5

crítica

crítica

crítica

Page 53: Apostila Layout

53

Exercício 1)

A representação de projeto foi estruturada conforme a figura abaixo, o tempo

de cada atividade está em semanas:

Pede-se determinar:

a) a duração de cada caminho;

b) o(s) caminho(s) crítico(s);

c) a duração esperada para o projeto;

d) o tempo de folga para cada atividade.

1

2

3

5 6

A

D

G

3

8

E 11

9

1

F

4

B

4

6

C

Page 54: Apostila Layout

54

Exercício 2)

Dada a rede de projeto abaixo, determinar:

a) as PDI e as UDI de cada atividade;

b) o(s) caminho(s) crítico(s);

c) o cronograma e as folgas de cada atividade.

1

2

4

5

A-7

G-2

E-3

C-3

F-4

3 B-4

D-8

Page 55: Apostila Layout

55

BIBLIOGRAFIA

GAITHER, Norman, FRAIZER. Administração da Produção e Operações.

Pioneira, São Paulo: 2004.

MARTINS, P. G. LAUGENI, F. P. Administração da Produção. 2.ed. São Paulo:

Saraiva, 2005.

MOREIRA, Daniel. Administração da produção e operações. 2ed. São Paulo:

Cengage Learning, 2008.

SLACK, Nigel, at. al. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 2007.

MACHADO, Marcio C. Gestão do Processo de Desenvolvimento de Produtos:

uma abordagem baseada na criação de valor. São Paulo: Atlas, 2008.