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Administração Pública – Prof. Carlos Ramos 1 Junho - 2007 Concurso da Polícia Federal Noções de Administração Pública Tópicos mais importantes 1. Conhecimentos de Administração; Processo organizacional: planejamento, direção, comunicação, controle e avaliação O processo de se administrar uma empresa (pública ou privada) constitui-se essencialmente na tomada de decisões, sobre como combinar bem os objetivos a serem atingidos, as atividades a serem realizadas e recursos disponíveis, através do planejamento, da organização, da direção e do controle. Estes são considerados os quatro processos mais importantes da Administração: Planejamento – definir previamente os objetivos, as atividades e os recursos; corresponde às decisões a serem tomadas sobre “quais são os objetivos a serem perseguidos” e “em que prazo”. Organização – trata-se da distribuição dos recursos de acordo com um determinado critério; origem a uma determinada estrutura organizacional, que nas empresas é representada pelo seu organograma. Direção – garantir a execução das atividades que foram planejadas. Controle – assegurar o cumprimento dos objetivos, e eventualmente identificar a necessidade de modificá-los. O controle é um processo que acaba gerando subsídios para o Administrador reiniciar novo ciclo de planejamento. As organizações públicas, do mesmo modo que as organizações privadas, necessitam também da aplicação destes processos administrativos. Assim, esses dois tipos de organização convergem, se assemelham, em muitos aspectos. Em ambas encontraremos questões relativas a campos tradicionais de estudo da Administração, tais como Recursos Humanos, Finanças, Administração de Materiais, Contabilidade, Orçamento, Prestação de Serviços, Atendimento ao Público, Tecnologia de Informação, etc. Gestão Estratégica O planejamento envolve o processo de tomada de decisões com relação ao futuro, tentando de alguma forma, influenciá-lo. Planejar é o processo; os resultados são os planos. Um plano contém objetivos, que precisam estar adequadamente identificados, bem, como as formas pelas quais a organização pode alcançá-los. Assim, podemos dizer que os planos envolvem metas e métodos.

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Junho - 2007

Concurso da Polícia Federal

Noções de Administração Pública

Tópicos mais importantes

1. Conhecimentos de Administração; Processo organizacional: planejamento, direção, comunicação, controle e avaliação

O processo de se administrar uma empresa (pública ou privada) constitui-se essencialmente na tomada de decisões, sobre como combinar bem os objetivos a serem atingidos, as atividades a serem realizadas e recursos disponíveis, através do planejamento, da organização, da direção e do controle. Estes são considerados os quatro processos mais importantes da Administração:

• Planejamento – definir previamente os objetivos, as atividades e os recursos; corresponde às decisões a serem tomadas sobre “quais são os objetivos a serem perseguidos” e “em que prazo”.

• Organização – trata-se da distribuição dos recursos de acordo com um determinado critério; dá origem a uma determinada estrutura organizacional, que nas empresas é representada pelo seu organograma.

• Direção – garantir a execução das atividades que foram planejadas.

• Controle – assegurar o cumprimento dos objetivos, e eventualmente identificar a necessidade de modificá-los. O controle é um processo que acaba gerando subsídios para o Administrador reiniciar novo ciclo de planejamento.

As organizações públicas, do mesmo modo que as organizações privadas, necessitam também da aplicação destes processos administrativos. Assim, esses dois tipos de organização convergem, se assemelham, em muitos aspectos. Em ambas encontraremos questões relativas a campos tradicionais de estudo da Administração, tais como Recursos Humanos, Finanças, Administração de Materiais, Contabilidade, Orçamento, Prestação de Serviços, Atendimento ao Público, Tecnologia de Informação, etc.

Gestão Estratégica

O planejamento envolve o processo de tomada de decisões com relação ao futuro, tentando de alguma forma, influenciá-lo. Planejar é o processo; os resultados são os planos. Um plano contém objetivos, que precisam estar adequadamente identificados, bem, como as formas pelas quais a organização pode alcançá-los. Assim, podemos dizer que os planos envolvem metas e métodos.

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As metas representam a quantificação dos objetivos, e a data em que os mesmos devem ser atingidos. Os métodos significam o caminho que a organização deve percorrer para cumprir suas metas.

Numa organização iremos encontrar uma grade variedade de planos que, a depender da abrangência e do impacto que têm sobre a mesma, podem ser classificados em três tipos principais: Planos Estratégicos, Funcionais e Operacionais. Vejamos em que se constituem os mesmos:

• Planos Estratégicos - Definem os objetivos para toda a organização, bem como sua relação pretendida com o ambiente. O plano estratégico de uma organização estabelece quais são os produtos e serviços que a organização pretende oferecer. Determina também em que mercados a mesma pretende atuar, e a que clientes ela almeja atender. A responsabilidade pela definição do plano estratégico é da alta administração. A ferramenta empregada para produzi-lo é chamada de Planejamento Estratégico. Se a organização resolve adotar o planejamento estratégico em bases consistentes, de forma a torná-lo parte de seus processos normais, a mesma estará praticando uma Gestão Estratégica.

• Planos Funcionais - Também chamados de planos administrativos, departamentais ou táticos. São elaborados para possibilitar a realização dos objetivos traçados nos planos estratégicos. Os planos funcionais recebem esta denominação porque abrangem áreas de atividades especializadas da empresa, por exemplo: marketing, finanças, recursos humanos, produção, tecnologia, etc... São, portanto, de responsabilidade dos administradores dessas áreas. Representam um desdobramento dos planos estratégicos, preocupando-se com os aspectos que cabem a cada uma das áreas funcionais da empresa.

• Planos Operacionais - Preocupam-se com o nível da execução, para alcançar objetivos específicos de uma determinada atividade ou tarefa. O planejamento operacional envolve a definição de atividades a serem realizadas e recursos a serem mobilizados, diante de um produto ou objetivo concreto. Estão ligados, portanto, à base da estrutura organizacional, onde se desempenham as mais variadas operações. Resultam, assim, de desdobramentos de planos funcionais, colaborando para a consecução dos objetivos fixados nestes.

A Administração Estratégica é a disciplina que trata do planejamento, implementação, execução e controle (acompanhamento e avaliação) da Estratégia dentro da empresa. A ferramenta de gestão empregada para desempenhar esta função chama-se Planejamento Estratégico.

Por que a organização se preocupa em definir uma estratégia? A resposta a essa questão é que dois grandes conjuntos de forças estão continuamente influenciando o nível de desempenho da organização:

• As oportunidades e desafios criados pelos diversos segmentos do ambiente externo: os concorrentes, os fornecedores, os clientes, a tecnologia, as fontes de matéria-prima, a legislação, etc.

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• Os problemas e as potencialidades que estão presentes ou podem surgir no próprio âmbito interno da organização: o grau de competência e motivação dos funcionários, a eficiência de seu parque tecnológico (máquinas, equipamentos, instalações), a disponibilidade de capital, o funcionamento adequado de suas rotinas, etc.

O processo de elaboração do planejamento estratégico deve levar em conta os desafios e as oportunidades para a organização, sejam elas internas ou externas.

Assim, o processo de planejamento estratégico afeta a empresa no longo prazo, porque compreende as decisões sobre os produtos e serviços que a organização pretende oferecer e os mercados e clientes que pretende atingir, a partir de considerações sobre os desafios e oportunidades internas e externas.

Estrutura Organizacional

“Organizar” é o processo de dispor qualquer conjunto de recursos em uma estrutura que facilite a realização de objetivos pretendidos. O processo administrativo da “organização” tem como resultado o ordenamento das partes de um todo, ou a divisão de um todo em partes ordenadas, segundo algum critério ou princípio de classificação. Um conjunto organizado segundo algum tipo de critério é uma estrutura.

Sendo assim, dizemos que uma empresa é “organizada” quando a mesma possui uma estrutura organizacional que identifique basicamente três elementos: as responsabilidades, a autoridade e a comunicação entre as pessoas que nela trabalham. O processo de organização é um processo de tomada de decisões sobre como dispor responsabilidade, autoridade e linhas de comunicação. Os dados de entrada do processo decisório da organização se originam no próprio processo de planejamento.

Por sua vez, o resultado do processo de organização é uma determinada estrutura organizacional. A escolha da estrutura organizacional é uma das principais decisões a serem tomadas pelo administrador.

A estrutura organizacional define a autoridade e as responsabilidades das pessoas, como indivíduos e como integrantes de grupos, sendo representada por um gráfico denominado organograma. Observa-se em qualquer organograma os seguintes aspectos:

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• Divisão do trabalho: os retângulos representam unidades de trabalho (departamentos) e indicam como as responsabilidades estão divididas dentro da organização.

• Autoridade e Hierarquia: a quantidade de níveis verticais em que os retângulos estão agrupados mostra como a autoridade está distribuída, do gerente que tem mais autoridade, no topo da estrutura, até o que tem menos autoridade, na base da estrutura.

• Comunicação: as linhas que ligam os retângulos mostram a interdependência das unidades de trabalho. As linhas de comunicação nascem das decisões sobre divisão do trabalho e autoridade e hierarquia.

Divisão do Trabalho

É o processo por meio do qual uma determinada atividade é dividida em tarefas menores, cada uma das quais atribuída a uma pessoa ou a uma equipe.

A divisão do trabalho permite às organizações realizar tarefas complexas, como a montagem de veículos, a construção de prédios, navios, etc. A divisão do trabalho permite ganhos de produtividade que viabiliza a produção em massa de determinados bens, pois conduz à especialização dentro da empresa.

A responsabilidade pela execução de cada tarefa pode ser atribuída a indivíduos ou a grupos (equipes de trabalho). O conjunto de tarefas atribuídas a uma pessoa chama-se cargo.

Um cargo é a menor unidade de trabalho da estrutura organizacional. Um cargo consiste de um conjunto de tarefas ou responsabilidades específicas que uma pessoa (ocupante do cargo) deve desempenhar. Uma das providências que devem ser tomadas no processo de definição da estrutura organizacional é justamente descrever os cargos que existirão nessa estrutura e as correspondentes atribuições. Desse modo, o ocupante do cargo deverá responder perante seus superiores pela execução das atividades inerentes ao mesmo.

Um departamento, por sua vez, é um agregado de cargos, e tem também responsabilidade em relação a uma determinada função da organização (produção,

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marketing, finanças, etc). Geralmente os departamentos são identificados pelo título da função sob sua responsabilidade (Ex: Diretoria de Produção, Gerência de Marketing, Superintendência de Finanças, etc).

Autoridade

Estamos aqui tratando da autoridade formal, ou seja, do direito legal que os chefes ou gerentes têm de influenciar o comportamento de seus subordinados, bem como de utilizar ou comprometer os recursos organizacionais.

Em outras palavras, a autoridade envolve o direito formalmente constituído (com base em lei, regulamentos, regimentos ou outro instrumento de caráter normativo) que tem o chefe de exigir o cumprimento de determinadas tarefas por parte do subordinando, sendo facultado ao superior a possibilidade de algum tipo de sanção caso a ordem não seja cumprida. Autoridade envolve também o poder de decisão sobre a utilização dos recursos disponíveis pela organização no cumprimento de certas atividades.

A autoridade é o mecanismo que garante a coordenação e a execução das tarefas especializadas, pois envolve poder. Assim, no desenho da estrutura organizacional, é necessário saber como distribuir de forma adequada este poder dentro da empresa. Além disso, há tipos diferentes de autoridade formal, que pode ser vistos a seguir:

• Autoridade de linha: é inerente à cadeia de comando e define as relações entre chefes e subordinados. O mecanismo da autoridade formal de linha estipula que os chefes têm o direito de emitir ordens e de esperar a obediência ou adesão daquelas pessoas que trabalham para eles, ou em suas equipes.

• Autoridade de assessoria (ou de Staff): baseia-se no desempenho de atividades de aconselhamento. É característica das funções de apoio para orientar os gerentes de linha. Exemplos são a assessoria jurídica, assessoria econômica, etc. Algumas funções de linha podem também ter autoridade de assessoria, como por exemplo a administração de recursos humanos e administração da qualidade.

• Autoridade funcional: sua característica principal é o poder para determinar o que os outros devem fazer, independente das relações entre chefes e subordinados. As mesmas funções, em certos assuntos, exercem autoridade de linha e autoridade funcional. Por exemplo, a gerência de qualidade pode determinar quais critérios devem ser obedecidos na contratação de fornecedores; a gerência de recursos humanos pode determinar que todos os candidatos a emprego passem por certo processo de seleção.

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Observe que estamos falando da autoridade formal, que surge em função das normas internas da empresa. No entanto, existe o conceito de Liderança, que envolvem aspectos informais existentes na organização. Liderança pode ser definida como a capacidade de influenciar o comportamento de outra pessoa através da adesão da mesma a um princípio, a uma meta ou a uma determinada missão. Portanto, a Liderança não parte do uso da sanção como mecanismo de convencimento. Ela envolve habilidades e capacidades interpessoais, inerentes às relações humanas.

Departamentalização

A forma de dividir as tarefas entre os departamentos depende de princípios chamados critérios de departamentalização. Por exemplo, pode-se atribuir a cada departamento a tarefa de atender a um tipo específico de cliente, ou de produzir um tipo específico de produto, ou de cuidar de determinada área geográfica.

Esses e outros critérios de departamentalização definem as responsabilidades especializadas das unidades da estrutura organizacional.

O modo mais simples de departamentalização é o que se baseia no critério funcional, que tanto pode ser usado pelas organizações de grande como de pequeno porte.

A partir de uma departamentalização funcional, a estrutura pode evoluir para outras formas mais complexas, como nos diversos tipos de organização de projeto, que funcionam como departamentos temporários.

De modo geral, as organizações utilizam uma combinação de critérios de departamentalização. Os mais importantes critérios de departamentalização são apresentados em seguida.

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a) Departamentalização funcional

As funções organizacionais são conjuntos de tarefas interdependentes, orientadas para um objetivo singular. Cada uma das funções contribui para a realização da missão, propósito ou tarefa total de uma organização. Todas as organizações de um mesmo ramo de atividades têm aproximadamente as mesmas funções.

b) Departamentalização territorial ou geográfica

Quando se usa o critério geográfico de departamentalização, cada unidade de trabalho corresponde a um território ou região. O critério geográfico ou territorial pode ser utilizado quando a organização opera numa área grande, ou em locais diferentes, e em cada local é necessário disponibilizar certo volume de recursos ou certa autonomia.

Desde que seja possível promover algum tipo de agregação dentro dos territórios, o critério geográfico torna-se a base da divisão do trabalho.

c) Departamentalização por produto

Quando a empresa trabalha com vários produtos ou serviços que apresentam diferenças importantes entre si, pode ser melhor administrar cada um individualmente.

Essa escolha resulta em uma estrutura organizacional em que a responsabilidade é dividida, usando o produto ou serviços como critério. Cada unidade de trabalho tem responsabilidade e autoridade sobre um grupo de operações ou sobre a totalidade das operações relativas a um produto ou serviço.

d) Departamentalização por cliente

O critério do cliente é apropriado quando a organização atende a diferentes tipos de cliente, com necessidades muitos distintas ou quando os clientes são iguais, mas têm necessidades diferentes.

Esse tipo de departamentalização é uma forma segura de garantir a satisfação dos clientes. São usuários tradicionais do critério de departamentalização por cliente: as lojas de departamentos e as agências de propaganda.

e) Organização por projetos

As atividades temporárias, chamadas projetos, são realizadas por estruturas organizacionais temporárias. São exemplos de projetos: projetar e construir instalações, como aeroportos e rodovias, organizar eventos e fornecer serviços, como congressos e competições. Uma organização de projeto é uma estrutura temporária, alocada dentro da organização funcional. Para cada projeto é necessário criar uma organização temporária, que usa os recursos das unidades funcionais.

Na prática as organizações assumem uma estrutura combinando dois ou mais critérios. A estrutura organizacional deve também apresentar flexibilidade necessária para ser modificada sempre que as condições externas à empresa, ou sejam as

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variáveis ambientais sofram grandes mudanças, impactando no desempenho da organização.

2. Comportamento Organizacional: motivação, liderança e desempenho

O elemento humano passou a ser considerado com mais ênfase na ciência da Administração a partir da chamada Abordagem Comportamental. As raízes deste enfoque estão na chamada Teoria das Relações Humanas, que se constituiu numa oposição forte às Teorias Clássicas de Fayol (que enfatizava a importância das funções administrativas e da estrutura organizacional) e à Administração Científica de Taylor (que, por sua vez, se preocupava essencialmente com a padronização e otimização das tarefas).

A Teoria das Relações Humanas, cujo maior expoente foi Elton Mayo, apresentou evidências da existência de outros aspectos envolvendo a produtividade humana nas organizações, de natureza distinta dos problemas técnicos, de execução da tarefa, ou administrativos. A inovação no campo científico foi reconhecer o papel de fatores ligados ao comportamento humano que determinavam um maior ou menor nível de desempenho para as organizações.

O estudo precursor da Teoria das Relações Humanas é a conhecida Experiência de Hawthorne, realizada no final da década de 20 na Western Electric Company. Os pesquisadores buscavam determinar a relação existente entre a intensidade da iluminação e a eficiência dos operários, medida em termos de sua produtividade.

A empresa fabricava componentes telefônicos, e desenvolvia na época uma política de pessoal voltada para o bem estar de seus funcionários. Em sua fábrica, situada no bairro de Hawthorne, Chicago, havia um departamento de montagem de peças de telefone, composto por operárias que executavam um trabalho manual de montagem. A produtividade das mesmas dependia intensamente da sua velocidade manual. Os pesquisadores estavam interessados em saber o efeito das variações da iluminação sobre o desempenho das operárias.

Os pesquisadores, ao longo do experimento, acabaram descobrindo a existência da “organização informal”, por meio da qual as operárias se mantinham unidas, com uma certa lealdade entre si e para com a empresa. Dentre as principais conclusões da experiência, destacaram-se as seguintes:

a) Nível de produção resultante da integração social

As competências sociais do trabalhador estabelecem seu nível de capacidade e eficiência. Isto é mais importante do que sua habilidade em executar movimentos padronizados dentro de um tempo previamente estabelecido.

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b) Existência de um comportamento social entre os empregados

Os trabalhadores não agem ou reagem isoladamente como indivíduos, mas sim como membro dos grupos em que atuam. Qualquer desvio de comportamento, por parte do indivíduo, tende a ser objeto de retaliação simbólica pelo grupo de que participa.

c) Existência de recompensas e sanções sociais

As pessoas são avaliadas pelos próprios grupos de que participam, de acordo com as normas de comportamento que o grupo cria para si. As recompensas são simbólicas e não-materiais, porém influenciam decisivamente na motivação do trabalhador.

d) Existência de Grupos informais dentro da empresa

Os grupos informais equivalem à organização humana da empresa, muitas vezes em contraposição à organização formal, planejada, normatizada e estabelecida pela direção. Esses grupos informais definem suas regras de comportamento, suas formas de recompensas ou sanções sociais, seus objetivos, suas escalas de valores sociais, suas crenças e expectativas, que cada participante vai assimilando e integrando em suas atitudes e comportamento.

e) A importância do estudo das relações humanas

Para poder explicar e justificar o comportamento das pessoas na empresa passou-se a estudar intensamente essas interações sociais surgidas dentro das organizações, em face do grande número de grupos e das interações necessariamente resultantes; é exatamente a compreensão da natureza dessas relações humanas que permite ao administrador melhores resultados de seus subordinados.

f) A importância do conteúdo de cargo como elemento motivador

A maior especialização do trabalho não cria, necessariamente, a organização mais eficiente. Durante a experiência, percebeu-se que os operários mudavam de lugar várias vezes para variar a monotonia. Percebeu-se então que o conteúdo e a natureza do trabalho têm enorme influência sobre o moral do trabalhador.

Motivação e Desempenho

O comportamento humano é determinado por causas que, às vezes, escapam ao próprio entendimento e controle do homem. Essas causas se chamam necessidades ou motivos: são forças conscientes ou inconscientes que levam o indivíduo a um determinado comportamento. A motivação se refere ao comportamento que é causado por necessidades dentro do indivíduo e que é dirigido em direção aos objetivos que podem satisfazer essas necessidades. Os três níveis ou estágios de motivação correspondem às necessidades fisiológicas, psicológicas e de auto-realização.

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a) Necessidades Fisiológicas:

São as chamadas necessidades vitais, relacionadas com a sobrevivência do indivíduo. São inatas e instintivas. Situadas no nível mais baixo, as necessidades fisiológicas são também comuns aos animais. Exigem satisfação periódica e cíclica. Fome, sono, sede, atividade física, abrigo e proteção contra os elementos e de segurança física contra perigos.

b) Necessidades Psicológicas:

São necessidades exclusivas do ser humano. São aprendidas e adquiridas no decorrer da vida e representam um padrão mais elevado e complexo de necessidades. As necessidades psicológicas são raramente satisfeitas em sua plenitude. O homem procura indefinidamente maiores satisfações dessas necessidades, que vão se desenvolvendo e se sofisticam gradativamente.

c) Necessidades de Auto-realização:

É a síntese de todas as outras necessidades. É o impulso de cada um realizar o seu próprio potencial, de estar em contínuo autodesenvolvimento, no sentido mais elevado do termo.

Maslow e a Pirâmide das Necessidades

Esta conceituação corresponde às necessidades humanas conforme proposto por Abraham H. Maslow, psicólogo americano. Este autor considera que as necessidades humanas estão dispostas em níveis, numa hierarquia de importância e influência.

A teoria da hierarquia das necessidades de Maslow pressupõe os seguintes aspectos:

• Cada pessoa possui sempre mais de uma motivação. Toda necessidade está intimamente ligada com o estado de satisfação ou insatisfação de outras necessidades. Seu efeito sobre o organismo é sempre global e nunca isolado.

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• Somente quando um nível inferior de necessidades está satisfeito ou adequadamente atendido é que o nível imediatamente mais elevado surge no comportamento.

• Nem todas as pessoas conseguem chegar ao topo da pirâmide de necessidades.

• Qualquer frustração ou possibilidade de frustração de certas necessidades passa a ser considerada ameaça psicológica. Essa ameaça é que produz as reações gerais de emergência no comportamento humano.

Teoria dos dois Fatores de Herzberg

Com base na idéia de que as necessidades induzem ao comportamento, outro pesquisador do assunto, Herzberg, formulou sua Teoria dos dois Fatores, segundo a qual existem fatores extrínsecos ou higiênicos, que se estiverem ausentes, causarão a insatisfação do trabalhador; por outro lado, se estiverem ausentes, não necessariamente causarão sua motivação.

Os fatores intrínsecos ou motivacionais são os que devem estar presentes para que o trabalhador se sinta motivado. Herzberg considera que a motivação nasce daqueles fatores que estão ligados ao conteúdo do cargo. Por isto ele propõe o enriquecimento das tarefas como forma de motivar o empregado.

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O enriquecimento de tarefas (job enrichement) consiste em uma constante substituição de tarefas mais simples e elementares do cargo por tarefas mais complexas, a fim de acompanhar o crescimento individual de cada empregado, oferecendo-lhe condições de desafio e de satisfação profissional no cargo.

Segundo Herzberg, o enriquecimento de tarefas traz efeitos altamente desejáveis, como o aumento da motivação, aumento de produtividade, redução do absenteísmo (faltas e atrasos ao serviço) e redução da rotatividade de pessoal (demissões de empregados).

Assim, como conseqüência, o enriquecimento de tarefas levaria a um atendimento das necessidades de auto-realização, levando o trabalhador a se sentir motivado a obter níveis cada vez mais elevados de desempenho.

Estilos de Administração

O Enfoque Comportamental na Administração procurou demonstrar a variedade de estilos gerenciais à disposição do administrador. A administração das organizações em geral está fortemente condicionada pelos estilos que os administradores adotam, influenciando assim o comportamento das pessoas.

Os estilos de administração dependem substancialmente das convicções que os administradores têm a respeito do comportamento humano. Essas convicções moldam não apenas a maneira de conduzir as pessoas, mas também a maneira pela qual se divide o trabalho, se planejam e se organizam as atividades.

Mc Gregor preocupou-se em comparar dois estilos opostos e antagônicos de administrar, que denominou de Teoria X e Teoria Y.

a) Pressupostos da Teoria X

• As pessoas são naturalmente preguiçosas e indolentes, portanto evitam o trabalho a todo custo.

• Logo, os trabalhadores tendem a evitar a responsabilidade a fim de se sentirem mais seguros.

• Sendo assim, como os empregados não tem iniciativa, precisam ser controlados e dirigidos.

b) Pressupostos da Teoria Y

• As pessoas são esforçadas e gostam de ter o que fazer, portanto o trabalho é uma atividade tão natural quanto brincar ou descansar.

• Os trabalhadores procuram e aceitam responsabilidades e desafios, portanto As pessoas podem ser automotivadas e autodirigidas.

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• Assim, os empregados pessoas são criativas e competentes, que podem – e devem - ter autonomia na realização de suas tarefas.

A Teoria Y desenvolve um estilo de administração muito aberto e dinâmico, extremamente democrático, através do qual administrar é um processo de criar oportunidades, liberar potenciais, remover obstáculos, encorajar o crescimento individual e proporcionar orientação quanto a objetivos.

Segundo Mc Gregor, a teoria Y é geralmente aplicada nas empresas através de um estilo de direção baseado em uma série de medidas inovadoras e humanistas, dentre as quais salienta as seguintes: descentralização das decisões e delegação de responsabilidades; ampliação do cargo para maior significado do trabalho; participação nas decisões mais altas e administração consultiva; auto-avaliação do desempenho.

Liderança

A liderança é necessária em todos os tipos de organização humana, principalmente nas empresas e em cada um de seus departamentos. Ela é igualmente essencial em todas as demais funções da Administração: o administrador precisa conhecer a motivação humana e saber conduzir as pessoas, isto é, liderar.

Segundo Tannenbaum, “liderança é a influência interpessoal exercida numa situação e dirigida por meio do processo de comunicação humana à consecução de um ou de diversos objetivos específicos”.

Mas, de onde vem a liderança? Como ela surge? Para tentar entender este fenômeno, os especialistas vêm desenvolvendo teorias ao longo do tempo, as quais podemos classificar em três grandes grupos:

a) Teorias dos traços de personalidade

O líder é aquele que apresenta características marcantes de personalidade, que o distinguem das demais pessoas. Certos indivíduos possuem uma combinação especial de traços de personalidade que podem ser definidos e utilizados para identificar futuros líderes potenciais: traços físicos: energia, aparência, altura, etc; intelectuais: adaptabilidade, agressividade, entusiasmo e autoconfiança; sociais: cooperação, habilidades interpessoais e habilidade administrativa, etc.

Estas teorias não explicam de que forma a liderança pode ser desenvolvida e aplicada dentro das empresas.

b) Teorias dos estilos de liderança

Outras teorias estudam a liderança em termos de estilos de comportamento do líder em relação aos seus subordinados, isto é, através dos modos pelos quais o líder orienta sua conduta. Estas abordagens se referem ao que o líder faz, isto é, o estilo de comportamento adotado para liderar. Assim, teríamos basicamente três estilos principais:

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I – Liderança Autocrática

• Apenas o líder fixa as diretrizes, sem qualquer participação do grupo.

• O líder determina as providências e as técnicas para a execução das tarefas, cada uma por vez, na medida em que se tomam as medidas necessárias e de modo imprevisível para o grupo.

• O líder determina qual a tarefa que cada um deve executar e qual o seu companheiro de trabalho.

• O líder é dominador e é “pessoal” nos elogios e nas críticas ao trabalho de cada membro.

II – Liderança Democrática

• As diretrizes são debatidas pelo grupo, estimulado e assistido pelo líder.

• O próprio grupo esboça as providências e as técnicas para atingir o alvo, solicitando aconselhamento técnico ao líder quando necessário, passando esta a sugerir duas ou mais alternativas para o grupo escolher. As tarefas ganham novas perspectivas com os debates.

• A divisão das tarefas fica a critério do próprio grupo e cada membro tem liberdade de escolher os seus companheiros de trabalho.

• O líder procura ser um membro normal do grupo, em espírito, se se encarregar muito de tarefas. O líder é “objetivo” e limita-se aos fatos em suas críticas e elogios

III – Liderança Liberal (laissez-faire)

• Há liberdade completa para as decisões grupais ou individuais, com participação mínima do líder.

• A participação do líder no debate é limitada, apresentando apenas materiais variados ao grupo, esclarecendo que poderia fornecer informações desde que a pedissem.

• Tanto a divisão das tarefas, como a escolha dos companheiros, fica totalmente a cargo do grupo. Absoluta falta de participação do líder

• O líder não faz nenhuma tentativa de avaliar ou de regular o curso dos acontecimentos. O líder somente faz comentários irregulares sobre as atividades dos membros quando perguntado.

Estas teorias não explicam qual é a melhor forma de liderança, qual deve ser adotada, uma vez que elas apresentam vantagens e desvantagens.

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c) Teorias situacionais de liderança

São as teorias que procuram explicar a liderança dentro de um contexto bem mais amplo do que as teorias anteriormente apresentadas. As teorias situacionais de liderança partem do princípio de que não existe um único estilo ou característica de liderança válida para toda e qualquer situação. O verdadeiro líder é aquele que é capaz de se ajustar a um grupo particular de pessoas sob condições extremamente variadas.

O modelo de Tannebaum, mostrado logo abaixo, ilustra as gradações que a liderança pode seguir, de acordo com o grau de centralização ou descentralização de poder decisório nas mãos do líder.

Outro modelo muito conhecido é o de Hersey & Blanchard, em que a liderança assume um papel situacional, sendo muito ou pouco centralizadora conforme uma orientação mais voltada para a tarefa, ou mais voltada para as pessoas.

3. Administração Financeira e Orçamentária

A grande maioria dos países adota um sistema econômico misto, no qual convivem, de um lado, o setor privado, representado por empresas particulares que geram bens e serviços com a finalidade de obtenção de lucros e, de outro lado, o setor público, representado pelo Estado, exercendo tanto atividades de compra e de produção de bens e serviços, quanto atividades de regulação da vida econômica.

Essa participação do setor público na economia vem sendo objeto de debates ao longo da história. Algumas correntes de pensamento defendem a idéia de que o Estado é um elemento importante para manutenção da estabilidade da economia, e capaz de alavancar o crescimento econômico e o desenvolvimento do país. Outras

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correntes consideram que o Estado apresenta problemas que o tornam menos eficiente do que o setor privado e, portanto, sua intervenção na vida econômica deveria ser mínima, limitando-se às atividades essenciais. Seja como for, o fato é que a participação do Estado na vida econômica vem crescendo ao longo do tempo, impondo a necessidade do seu estudo.

O economista Richard Musgrave elencou as três principais funções exercidas pelo Estado nos tempos modernos:

a) Função Alocativa

O Estado atua no sentido de fazer ajustamentos na alocação dos recursos produtivos dentro do sistema econômico, ou seja, trata de estimular a produção de bens que o setor privado não tem interesse em produzir, ou o faz em quantidades insuficientes. Assim, é o Estado quem toma a iniciativa de construir estradas, barragens, ferrovias, portos, aeroportos, enfim, grandes obras de infra-estrutura que exigem alto investimento e oferecem riscos elevados, mas que são fundamentais para o desenvolvimento futuro do país. Também nessa linha é o Estado quem assume o compromisso de prover a sociedade com certos bens e serviços elementares, tais como Saúde e Educação, cujo custo no setor privado nem sempre é acessível para a grande maioria da população.

b) Função Distributiva

Implica na ação do Estado em promover ajustamentos na forma pela qual o sistema econômico distribui a renda gerada entre as pessoas, buscando reduzir as desigualdades sociais e regionais. O Estado faz estes ajustamentos através da sua política tributária, criando impostos progressivos sobre a renda, e através de sua política de gastos, realizando transferências para a população mais carente, por meio dos diversos programas sociais. A própria construção de escolas e hospitais públicos acaba se constituindo também numa forma de se fazer essa redistribuição de renda, dos mais favorecidos para as camadas mais pobres da sociedade.

c) Função Estabilizadora

Cabe ao Estado zelar pela estabilidade das relações econômicas, assumindo um papel de monitoramento da conjuntura, notadamente sobre os índices de inflação e desemprego. O Estado é o responsável pelo gerenciamento macroeconômico, seja tomando medidas expansionistas, quando é necessário aumentar o nível da atividade econômica, seja também no sentido de conter a demanda por bens e serviços, quando há uma necessidade de reduzir a intensidade da inflação. Também no exercício desta função o Estado pode alterar seus níveis de gasto público, realizando maiores compras, quando deseja expandir o nível de atividade econômica, ou reduzindo seus gastos, quando quer provocar uma redução no nível geral da economia.

Portanto, a atuação estatal tem um papel crucial na própria administração do sistema econômico. A participação do Estado no PIB – Produto Interno Bruto – dos principais países do mundo tem crescido consideravelmente, principalmente após a segunda guerra mundial. No Brasil esta tendência também tem se verificado. Diante do peso

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relativo do Estado na produção e demanda por bens e serviços, coloca-se como uma condição fundamental para o bom funcionamento da economia que a gestão dos recursos públicos seja feita da forma mais eficiente possível.

É nesse ponto que entra o papel do Orçamento Público. Constitui-se o mesmo no instrumento básico de gestão das finanças públicas, na medida em integra o planejamento das atividades a serem executadas pelo Estado, as formas de obtenção dos recursos necessários à execução dessas atividades, e os meios pelos quais esses recursos serão gastos. Assim, o orçamento público funciona como um meio para o Governo gerenciar as seguintes variáveis:

Receita – Despesa = Resultado

Assim, podemos ter as seguintes situações:

• Receita < Despesa -> Aconteceu Déficit Fiscal, isto é, faltaram recursos, levando o Estado a recorrer a empréstimos para financiar parte de suas despesas. Essa situação leva a um aumento da Dívida Pública.

• Receita = Despesa -> Situação de Equilíbrio Fiscal, isto é, todo o montante de impostos e contribuições feitas pela sociedade ao Governo (incluindo-se os demais tipos de receitas públicas) foi plenamente aplicado no desempenho das funções públicas.

• Receita > Despesa -> Houve Superávit Fiscal, ou seja, sobraram recursos, que poderão ser utilizados em períodos futuros, ou ainda, para uma redução da Dívida Pública.

3.1. Orçamento Público

O Orçamento Público é o instrumento pelo qual o Governo elabora, expressa, executa e avalia o cumprimento de suas atividades em cada período de gestão considerado.

Assim, o orçamento se constitui num instrumento do Governo, no sentido do mesmo elaborar seu plano de trabalho, anunciar à sociedade as ações que serão realizadas, controlar a execução dessas ações e avaliar o grau de sucesso nas suas operações.

Assim, observe as características fundamentais do orçamento público:

• Documento legal, elaborado pelo Poder Executivo e autorizado pelo Poder Legislativo, que pode fazer alterações no mesmo (emendas ao orçamento);

• Compreende um determinado período de tempo (normalmente doze meses, o chamado ano fiscal) e tem sua vigência limitada a este período;

• Constitui-se num plano de trabalho do Governo nesse mesmo período de tempo, descrevendo as ações que serão executadas;

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• Contém uma previsão das diversas receitas a serem arrecadadas pelo Poder Público;

• Contém uma autorização para as diversas despesas a serem realizadas, na realização das ações previstas.

No Brasil o Orçamento Público está previsto na Constituição Federal da República, de 1988, no seu artigo 165:

Art 165 - Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

I - o plano plurianual;

II - as diretrizes orçamentárias;

III - os orçamentos anuais.

O Plano Plurianual – PPA – é um documento legal que indica as principais metas do Governo para um período de quatro anos, e serve para nortear todos os demais planos que serão executados pela Administração Pública durante este período.

O Plano Plurianual é o instrumento da ação governamental que estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, os objetivos e as metas da administração pública e as despesas de capital e outras delas decorrentes e relativas aos programas de duração continuada.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO – é um instrumento legal pelo qual o Governo anuncia quais são os principais parâmetros que vão orientar a elaboração do orçamento do ano seguinte. A LDO deverá conter:

• As metas e prioridades da Administração Pública, incluindo as despesas de capital, para o exercício seguinte;

• Orientações para a elaboração da Lei Orçamentária Anual;

• Disposições sobre alterações na Legislação Tributária;

• A política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento;

• Autorização específica para a concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, criação de cargos ou alteração de estrutura de carreiras, bem como admissão de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, ressalvadas as empresas de economia mista e empresas públicas.

A Lei Orçamentária Anual – LOA – é o orçamento propriamente dito, contendo a previsão detalhada das receitas públicas a serem arrecadadas no exercício seguinte, bem como os limites para as diversas despesas públicas referentes ao mesmo período de tempo.

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Princípios Orçamentários

a) Princípio da Anualidade ou Periodicidade

Esse princípio refere-se à necessidade da limitação temporal, em geral, de um ano, para a estimativa das receitas e autorização das despesas. Esse período limitado de tempo relativo à vigência do orçamento é denominado de exercício financeiro.

No Brasil o exercício financeiro se inicia em 1º de janeiro e termina em 31 de dezembro, coincidindo com o ano civil. Assim, o orçamento só é válido para aquele ano específico para o qual o mesmo foi elaborado e aprovado.

b) Princípio da Universalidade

De acordo com este princípio, o orçamento deve conter a totalidade das receitas do Estado, sejam elas provenientes de tributos, rendas diversas, etc. Igualmente deve conter a totalidade das despesas a cargo da administração pública.

O princípio da universalidade recomenda, portanto, que todas as receitas e despesas dos três Poderes, seus órgãos, fundos e entidades da Administração Indireta, devem constar no Orçamento uno.

c) Princípio do Orçamento Bruto

A Lei 4.320/64, em seu art. 6°, dispõe sobre este princípio nos seguintes termos "todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções". E, no § 1° do mesmo artigo esclarece a aplicação do princípio: "as cotas de receita que uma entidade pública deva transferir a outra incluir-se-ão, como despesa, no orçamento da entidade obrigada à transferência e, como receita, no orçamento da que as deva receber".

d) Princípio da Unidade

O orçamento público é uno, pois engloba todas as instituições e atividades de cada um dos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Para cada entidade da federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) deve existir um único orçamento para o exercício financeiro correspondente. Este princípio preconiza a existência de um só documento orçamentário, englobando todas as receitas e despesas do ente público.

e) Princípio da Exclusividade

As normas constantes da lei orçamentária não devem conter matéria estranha ao próprio orçamento, ou seja, outros assuntos que extrapolem a esfera da execução orçamentária: a previsão das receitas e autorização das despesas.

Na Constituição Federal de 1988, tal princípio encontra-se estabelecido no art. 165, § 8°: "a lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa", excetuando-se da proibição, nos termos da lei, a autorização

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para: Abertura de créditos suplementares e Contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita orçamentária (ARO).

f) Princípio da Especificação, Discriminação ou Especialização

As despesas devem ser classificadas de forma detalhada, para facilitar sua análise e compreensão. A especificação se refere não somente à identificação dos recursos e dos gastos, mas também à localização desses dentro dos órgãos da administração pública, nos programas, subprogramas, atividades ou projetos, e setorizados de acordo com a situação geográfica ou regional. Indicam-se as fontes de receita, os elementos de despesa e os bens e serviços que serão adquiridos e colocados à disposição da coletividade.

A Lei 4.320/64, no seu art. 5°, dispõe que "a lei orçamentária não consignará dotações globais destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, material, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras".

No seu art. 15, estabelece que "na lei orçamentária a discriminação da despesa far-se-á, no mínimo, por elementos", entendidos estes, como "pessoal, material, serviços e obras e outros meios que se serve a administração pública para a consecução de seus fins".

g) Princípio da Flexibilização

Não seria possível operacionalizar o orçamento sem a flexibilização da sua execução, mediante ajustes que se façam necessários para atender aos objetivos do Governo. É aconselhável que o orçamento, sempre quando necessário, possa ser modificado quanto à sua despesa e orientado pela vontade de quem o aprovou.

h) Princípio da Clareza

O documento orçamentário deve ser elaborado de maneira bem ordenada e completa em todas as suas etapas, assegurando resultados positivos na execução das metas estabelecidas, para que seja um instrumento eficiente e adequado ao ato de governar, administrar e executar programas e planos de desenvolvimento sócio-econômico.

Nos tempos atuais, ganha cada vez mais força a idéia da Transparência nas contas públicas, no sentido de que o poder público deve buscar cada vez mais dar acesso à população às informações pertinentes ao montante de receitas arrecadadas e a sua respectiva aplicação nas despesas públicas distribuídas nos diversos programas do orçamento.

A Transparência está fortemente ligada à idéia da Prestação de Contas, mecanismo pelo qual a sociedade tem como cobrar resultados dos seus governantes, na gestão dos recursos públicos.

i) Princípio do Equilíbrio Financeiro

O orçamento deve manter um equilíbrio do ponto de vista financeiro – o montante da despesa autorizada não deve ultrapassar a receita prevista para o período.

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Procura-se consolidar uma política econômico-financeira que produza a igualdade entre os valores de receita e despesa, evitando dessa forma eventuais déficits que obriguem a constituição de dívidas.

A Lei Complementar no. 101/2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) prevê uma série de mecanismos que objetivam trazer para a própria elaboração e execução do orçamento a busca pelo equilíbrio nas contas públicas, impondo limites para as despesas diante das receitas, e sanções para os entes públicos que desrespeitarem tais limites.

j) Princípio da Publicidade

Esse princípio determina que o conteúdo do orçamento deve ser divulgado por veículos oficiais de comunicação para conhecimento da sociedade e para eficácia de sua validade. No caso específico do Governo Federal, a divulgação é feita através do Diário Oficial da União. Note-se que este princípio é extensivo a todos os atos oficiais da administração pública.

Sendo assim, o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual devem ser divulgadas por veículos oficiais de comunicação, como o Diário Oficial. O mesmo princípio vale também para Estados e Municípios, através de veículos próprios.

l) Princípio da Legalidade (ou da Reserva Legal)

Esse princípio tem fundamento no princípio da legalidade geral, segundo o qual a Administração Pública se subordina aos ditames da lei, bem como de assegurar o exame e aprovação do Poder Legislativo de todos os atos relacionados ao interesse da sociedade. A Constituição Federal contém vários dispositivos que mencionam a obrigatoriedade do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e dos orçamentos serem estabelecidos por lei, bem como da prévia autorização legislativa para que sejam modificados.

m) Princípio da Não-afetação das Receitas

Esse princípio postula que as receitas públicas, em geral, não poderão ser reservadas ou comprometidas para atender a determinados órgãos, objetivos ou gastos.

A Constituição Federal de 1988 estabelece, em seu art. 167, IV, que são vedados "a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas:

• A repartição da arrecadação dos impostos (arts. 158 e 159);

• A destinação de recursos para ações e serviços públicos de saúde (art. 198, § 2°); EC 29/00;

• A destinação de recursos para a manutenção e o desenvolvimento do ensino (art. 212);

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• Os recursos para realização de atividades da administração tributária (art. 37, III) EC 42/03;

• A prestação de garantias às operações de ARO (art. 165, § 8°);

• A prestação de garantias ou contragarantia à União e para pagamento de débitos com esta (art. 167, §4°);

n) Princípio da Programação

Esse princípio é decorrente da evolução das funções do orçamento público: de instrumento de autorização e controle parlamentar para o de auxiliar às funções de administração, planejamento e gerência da ação governamental.

O orçamento tradicional, com ênfase nos "meios", tinha como papel principal servir para a autorização e fiscalização legislativa. Na atualidade, ele vai além, na medida em que expressa os objetivos, programas, metas e respectivos custos.

Uma vez que o orçamento-programa se concentra no atendimento de demandas da coletividade, as restrições fiscais, decorrentes de limites socialmente aceitos para o crescimento da carga tributária, leva a administração pública a procurar se tornar cada vez mais eficiente no uso dos recursos escassos de que dispõe, frente às crescentes demandas sociais.

3.2. Receita Pública: categorias, fontes, estágios e dívida ativa

Receita Pública, em sentido amplo, compreende todos os ingressos financeiros ao patrimônio público. Portanto, abrange o fluxo de recebimentos auferidos pelo Estado.

Em sentido estrito, a Receita Pública equivale a todos os ingressos de caráter não devolutivo auferidos pelo Poder Público, compreendendo qualquer ente da Federação ou suas entidades, para atender as despesas públicas. Nesse conceito, equivale à Receita Pública Orçamentária.

Essa distinção é importante pelo fato de que alguns ingressos financeiros no caixa do Poder Público têm um caráter transitório, portanto serão devolvidos pelo Estado em algum momento, tais como as cauções, depósitos, etc, equivalendo esses ingressos à chamada Receita Pública Extra-orçamentária.

Classificação das Receitas Públicas

a) Quanto à Origem: Originárias X Derivadas

Receitas Originárias são aquelas provenientes da exploração do patrimônio da pessoa jurídica de direito público, ou seja, o Estado coloca parte do seu patrimônio a disposição de pessoas físicas ou jurídicas, que poderão se beneficiar de bens ou de serviços, mediante pagamento de um preço estipulado. Elas independem de autorização legal e pode ocorrer a qualquer momento, e são oriundas da exploração do patrimônio mobiliário ou imobiliário, ou do exercício de atividade econômica, industrial, comercial ou de serviços, pelo Estado ou suas entidades. Exemplos:

Eu
Rectangle
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Rendas obtidas sobre os bens sujeitos à sua propriedade (aluguéis, dividendos, aplicações financeiras).

Receitas Derivadas são aquelas cobradas pelo Estado, por força do seu poder de império, sobre as relações econômicas praticadas pelos particulares, pessoas físicas ou jurídicas, ou sobre seus bens. Na atualidade, constitui-se na instituição de tributos, que serão exigidos da população, para financiar os gastos da administração pública em geral, ou para o custeio de serviços públicos específicos prestados ou colocados a disposição da comunidade. Exemplos: Taxas, Impostos e Contribuições de Melhoria.

b) Quanto à Natureza: Receitas Orçamentárias X Receitas Extra-Orçamentárias

Receitas Orçamentárias são todos os ingressos financeiros de caráter não devolutivo auferidos pelo Poder Público. A receita orçamentária se subdivide ainda nas seguintes categorias econômicas: receitas correntes e receitas de capital.

Receitas Extra-Orcamentárias correspondem aos valores provenientes de toda e qualquer arrecadação que não figurem no orçamento público e, consequentemente, que não lhe pertencem. O Governo fica como mero depositário dos valores recebidos. Exemplos: Depósitos recebidos, Cauções em dinheiro recebidas, Consignações retidas a pagar, etc.

c) Quanto à Repercussão Patrimonial: Efetivas X Não-efetivas

Receitas Públicas Efetivas são aquelas em que os ingressos de disponibilidades de recursos não foram precedidos de registro de reconhecimento do direito e não constituem obrigações correspondentes: Por isso, aumentam a situação liquida do patrimônio financeiro e a situação líquida patrimonial. Exemplos: Receita Tributária, Receita Patrimonial, Receita de Serviços, etc.

Receitas Públicas Não-Efetivas são aquelas em que os ingressos de disponibilidades de recursos foram precedidos de registro de reconhecimento do direito. Por isso, aumentam a situação líquida do patrimônio financeiro, mas não altera a situação líquida patrimonial. São exemplos: Alienação de bens; Operações de crédito; Amortização de empréstimo concedido; Cobrança de dívida ativa.

d) Quanto à Regularidade: Ordinárias X Extraordinárias

Receitas Ordinárias são aquelas que representam certa regularidade na sua arrecadação, sendo normatizadas pela Constituição ou por leis específicas. Exemplos: Arrecadação de Impostos (Federais, Estaduais ou Municipais), Transferências do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal, do Fundo de Participação dos Municípios, Cota-Parte do ICMS destinado aos Municípios, etc.

Receitas Extraordinárias são aquelas que representam ingressos acidentais, transitórios e, as vezes, até de caráter excepcional, como os impostos por motivo de guerras, heranças, etc.

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e) Quanto à forma de sua realização: Receitas Próprias, de Transferências e de Financiamentos

Receitas Próprias - Quando seu ingresso é promovido pela própria entidade, diretamente, ou através de agentes arrecadadores autorizados. Exemplo: tributos, aluguéis, rendimento de aplicações financeiras, multas e juros de mora, alienação de bens, etc.

Transferências - Quando a sua arrecadação se processa através de outras entidades, em virtude de dispositivos constitucionais e/ou legais, ou ainda, mediante celebração de acordos e/ou convênios. Exemplo: cota-parte de Tributos Federais aos Estados e Municípios (FPE e FPM ), Cota-Parte de Tributos Estaduais aos Municípios (ICMS e IPV A), convênios, etc.

Financiamentos - São as operações de crédito realizadas com destinação específica, vinculadas à comprovação da aplicação dos recursos. São exemplos os financiamentos para implantação de parques industriais, aquisição de bens de consumo durável, obras de saneamento básico, etc.

f) Segundo a Categoria Econômica: Receitas Correntes X Receitas de Capital

Receitas Correntes - São destinadas a financiar as Despesas Correntes. Classificam-se em:

• Receitas Tributárias - provenientes da cobrança de impostos, taxas e contribuições de melhoria.

• Receitas de Contribuições - provenientes da arrecadação de contribuições sociais e econômicas; por exemplo: contribuições para o PIS/PASEP, contribuições para fundo de saúde de servidores públicos, etc.

• Receita Patrimonial - proveniente do resultado financeiro da fruição do patrimônio, decorrente da propriedade de bens mobiliários ou imobiliários; por exemplo: Aluguéis, dividendos, receita oriunda de aplicação financeira, etc.

• Receita Agropecuária - decorre da exploração das atividades agropecuárias; por exemplo: receita da produção vegetal, receita da produção animal e derivados.

• Receita Industrial – obtida com atividades ligadas à indústria de transformação. Exemplos: indústria editorial e gráfica, reciclagem de lixo, etc.

• Receitas de Serviços - provenientes de atividades caracterizadas pela prestação se serviços por órgãos do Estado; por exemplo: serviços comerciais (compra e venda de mercadorias ), etc.

• Transferencias Correntes - são recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados ao atendimento de despesas correntes.

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• Outras Receitas Correntes - grupo que compreende as Receitas de Multas e Juros de Mora, Indenizações e Restituições, Receita da Dívida Ativa, etc.

Receitas de Capital - São aquelas provenientes de realização de recursos oriundos da contratação de dívidas; da conversão em espécie de bens (alienação de bens móveis e imóveis); dos recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital. São destinadas ao atendimento das Despesas de Capital e classificam-se em:

• Operações de Crédito - financiamentos obtidos dentro e fora do País; trata-se de recursos captados de terceiros para obras e serviços públicos. Exemplos: colocação de títulos públicos, contratação de empréstimos e financiamentos, etc;

• Alienação de Bens - receitas provenientes da venda de bens móveis e imóveis;

• Amortização de Empréstimos - são receitas provenientes do recebimento do principal mais correção monetária, de empréstimos efetuados a terceiros;

• Transferências de Capital - são recursos recebidos de outras entidades; a aplicação desses recursos deverá ser em despesas de capital. O recebimento desses recursos não gera nenhuma contraprestação direta em bens e serviços;

• Outras Receitas de Capital - envolvem as receitas de capital não classificáveis nas anteriores.

Estágios ou Fases da Receita Pública

A realização da receita pública se dá mediante uma seqüência de atividades, cujo resultado é o recebimento de recursos financeiros pelos cofres públicos. Os estágios são os seguintes:

a) Previsão

Compreende a estimativa das receitas para compor a proposta orçamentária e aprovação do orçamento público pelo legislativo, transformando-o em Lei Orçamentária.

Na previsão de receita devem ser observadas as normas técnicas e legais, considerados os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante, sendo acompanhada de demonstrativo de sua evolução nos três últimos anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referir a estimativa, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas, segundo dispõe o art. 12 da LRF.

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b) Arrecadação

É o ato pelo qual o Estado recebe os tributos, multas e demais créditos, sendo distinguida em;

• Direta, a que é realizada pelo próprio Estado ou seus servidores e;

• Indireta, a que é efetuada sob a responsabilidade de terceiros credenciados pelo Estado.

Os agentes da arrecadação são devidamente autorizados para receberem os recursos e entregarem ao Tesouro Público, sendo divididos em dois grupos:

• Agentes públicos (coletorias, tesourarias, delegacias, postos fiscais, etc);

• Agentes privados (bancos autorizados).

c) Recolhimento

Consiste na entrega do numerário, pelos agentes arrecadadores, públicos ou privados, diretamente ao Tesouro Público ou ao banco oficial. O recolhimento de todas as receitas deve ser feito com a observância do princípio da unidade de tesouraria, vedada qualquer fragmentação para a criação de caixas especiais.

A conta única do Tesouro Nacional é mantida no Banco Central, mas o agente financeiro é o Banco do Brasil, que deve receber as importâncias provenientes da arrecadação de tributos ou rendas federais e realizar os pagamentos e suprimentos necessários à execução do Orçamento Geral da União.

Dívida Ativa

A Dívida Ativa constitui-se nos créditos da Fazenda Pública, tributários ou não, que, não pagos no vencimento, são inscritos em registro próprio, após apurada a sua liquidez e certeza, de acordo com a legislação especifica. A Dívida Ativa da União deve ser apurada e inscrita na Procuradoria da Fazenda Nacional, e as Dividas dos Estados, DF e Municípios nos seus órgãos correspondentes.

A Dívida Ativa compõe Ativo Permanente, no Balanço Patrimonial da União, Estados, DF, Municípios, são créditos a receber de terceiros. A Dívida Passiva constitui o Passivo, sendo obrigações com terceiros.

A inscrição, perante o Tesouro, na Procuradoria, é condição necessária para seu encaminhamento à cobrança judicial, à execução. É comum, serem concedidos trinta dias ao devedor, a partir do vencimento da obrigação, (cobrança amigável); daí, seriam concedidos mais trinta dias para à cobrança judicial.

Uma observação adicional: segundo a Lei 4.320/64:

• pertencem ao exercício financeiro as receitas nele arrecadadas, portanto vale para as Receitas Públicas o Regime de Caixa;

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• pertencem ao exercício financeiro as despesas nele legalmente empenhadas, ou seja, para as Despesas Pública vale o Regime de Competência.

Por isto se diz que a Contabilidade Pública adota o Regime Misto: de caixa para as receitas e de competências para as despesas.

3.3. Despesa Pública: categorias, estágios

Em seu sentido mais amplo, entende-se por despesa pública a totalidade das saídas financeiras que ocorrem nas entidades públicas. A Despesa Pública é classificada sob diversos critérios, como se pode observar nos tópicos a seguir.

Classificação da Despesa

a) Quanto à Natureza: Despesa Orçamentária X Despesa Extra-orçamentária

Despesa Orçamentária - Compromisso de gasto dos recursos públicos, autorizados pelo Poder Legislativo, para atender necessidades de interesse da coletividade, observado o limite fixado no orçamento. Exemplos: despesa de pessoal, despesas com material de consumo, despesas de obras e instalações.

Despesa Extra-Orçamentária - É aquela paga à margem da Lei Orçamentária e, portanto independe de autorização legislativa. Exemplos: Restituição de caução, Pagamento de restos a pagar, Recolhimento de consignações e Retenções (INSS, ISS), etc.

b) Classificação Quanto à Categoria Econômica: Despesas Correntes X Despesas de Capital

Despesas Correntes - são realizadas para o funcionamento e manutenção das entidades que compõem a Administração Pública. Não contribuem diretamente para ampliar a capacidade produtiva da economia.

Despesas de Capital - são realizadas com o fim de criar novos bens que enriquecerão o patrimônio permanente, ou para a aquisição de capital já existentes (ou seja, neste último caso, transferir a propriedade de bens e direitos do setor privado para o setor público).

c) Quanto à Repercussão Patrimonial: Despesa Efetiva X Despesa por Mutação Patrimonial

Despesa Efetiva - Reduz a situação líquida do patrimônio financeiro e situação líquida global, provocando geralmente saída de numerário sem a entrada de bens /direitos. Exemplo: Despesa com vencimentos de pessoal, com pagamento de benefícios previdenciários e assistenciais, etc.

Despesa por Mutação Patrimonial - Reduz a situação líquida do patrimônio financeiro e ao mesmo tempo aumenta a situação líquida do patrimônio permanente,

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de modo que a situação líquida global permanece inalterada em decorrência, geralmente, da saída de numerário e a entrada de bens ou direitos. Exemplos: Concessão de empréstimo, aquisição de imóvel, etc.

d) Classificação Institucional

A classificação institucional visa a identificação do Poder, seus órgãos e respectivas unidades orçamentárias da Administração direta e indireta, sendo assim classificadas unidades administrativas, entidades e os fundos especiais por eles geridos.

A Unidade Orçamentária representa o agrupamento de serviços a que são consignados dotações próprias na lei orçamentária ou mediante créditos adicionais, para sua manutenção ou realização de um programa de trabalho. As competências da Unidade Orçamentária são:

• Realizar o planejamento e a execução, diretamente ou não, de projetos e atividades;

• Elaborar sua proposta orçamentária;

• Administrar seus créditos ou dotação orçamentária, compreendendo: licitação, empenho, liquidação, adiantamento, pagamento e demais atos necessários a execução da despesa;

• Fazer o acompanhamento e a avaliação da execução orçamentária e financeira, de custos e resultados;

• Proceder à prestação de contas sobre a aplicação dos recursos sob sua responsabilidade.

Normalmente, as Unidades Orçamentárias correspondem aos órgãos da estrutura governamental (ministérios, secretarias de estado, secretarias municipais, etc).

b) Classificação Funcional

A classificação funcional, instituída pela Portaria n° 42/99, é composta de um rol de funções e subfunções, servindo para agregar os gastos públicos por área de ação governamental e permitir a consolidação nacional dos gastos do setor público, uma vez que é de aplicação obrigatória em todas as esferas de govemo.

A função é entendida como o maior nível de agregação das despesas pelas áreas de atuação que competem ao setor público.

A função "Encargos Especiais" representa uma agregação das despesas em relação às quais não se possa associar um bem ou serviço gerado pelo processo produtivo do setor público, a exemplo de: dívidas, ressarcimentos, transferências, indenizações, financiamentos e outros gastos afins. Neste caso, geralmente, não haverá correspondência com programa, para o qual é adotado um código vazio, do tipo, "0000".

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A subfunção representa um desdobramento ou repartição da função, visando agregar as despesa em subáreas de atuação governamental, identificando a natureza básica daquelas que se aglutinam em torno de determinada função.

c) Classificação Por Programas: Estrutura Programática

O ordenamento da atuação governamental, sob a forma de programas, tem como finalidades:

• Solucionar problemas ou atender necessidades, diagnosticados no espaço territorial de cada esfera de governo, respeitadas as respectivas competências constitucionais e legais;

• Melhorar os resultados da Administração Pública, com responsabilidade e maior transparência na alocação e aplicação dos recursos públicos;

• Propiciar a integração e a compatibilização dos instrumentos básicos de planeamento e orçamento: o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO e a Lei do Orçamento Anual - LOA.

Cada programa deve ser constituído, no mínimo, com objetivo, expresso por indicador que quantifique a situação que tenha por fim modificar; os produtos ou os resultados esperados, necessários para atingir o objetivo dentro do período planejado; a quantificação dos bens ou serviços, por uma unidade de medida e valor, dando origem à meta e ao custo.

O programa é o instrumento de ordenamento da atuação governamental, articulando um conjunto de ações, cujos produtos ou resultados (bens ou serviços), devidamente mensurados, convergem para a consecução dos objetivos e metas, medidos por indicadores, previamente estabelecidos, visando ao atendimento de necessidades, demandas ou à solução de problemas da sociedade ou administrativos, representando o compromisso, ou o propósito do Governo e da Administração Pública.

Unidades de Execução dos Programas

A atuação governamental é concretizada mediante a execução de três categorias programáticas,as de natureza distinta, que representam os instrumentos de viabilização dos programas, sendo eles:

• Atividade: é um instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações, que se realizam de modo contínuo e permanente, das quais resulta um produto necessário à manutenção, funcionamento ou operação da ação do Governo.

• Projeto: é um instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações, limitadas no tempo, das quais resulta um produto que concorre para expansão (física ou quantitativa) e aperfeiçoamento (melhoria de qualidade) da ação do Governo. Para efeito de programação apresenta os tipos: Obras e Outros Projetos, abrangendo,

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este último, estudos e pesquisas sócio-econômicos; modernização administrativa; informatização de procedimentos e outros.

• Operação Especial: é aquela que representa despesas que não contribuem para a manutenção da ação do governo, das quais não resulta um produto e não geram contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços. Nela são enquadradas, geralmente, as despesas relativas a amortização e encargos da dívida, aquisição de títulos, pagamento de sentenças judiciais, transferências, ressarcimentos, indenizações, pagamento de inativos, participações acionárias, contribuições a organismos nacionais e internacional, compensações financeiras e outras assemelhadas.

d) Classificação por Categoria Econômica

DESPESAS CORRENTES - Despesas que não contribuem diretamente para a formação ou aquisição de um bem patrimonial, a exemplo dos gastos destinados à manutenção e ao funcionamento de órgãos, entidades e de serviços públicos; à conservação de bens móveis e imóveis; e ao pagamento de juros e encargos da dívida pública.

DESPESAS DE CAPITAL - Despesas que contribuem diretamente para a formação ou aquisição de um bem patrimonial, a exemplo dos gastos com o planejamento e a execução de obras; a aquisição de instalações, equipamentos e material permanente; aquisição e subscrição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer natureza; concessão de empréstimos e amortização da dívida pública.

e) Classificação por Grupo de Despesas

1. Pessoal e Encargos Sociais - Despesas de natureza salarial decorrentes do pagamento pelo efetivo exercício do cargo ou do emprego ou de função de confiança no setor público, quer civil ou militar, ativo ou inativo, bem como das obrigações trabalhistas de responsabilidade do empregador incidentes sobre a folha de salários.

2. Juros e Encargos da Dívida - Despesas com pagamento de juros, comissões e outros encargos de operações de crédito internas e externas contratadas, bem como da dívida pública mobiliária Estadual.

3. Outras Despesas Correntes - Despesas com aquisição de material de consumo, pagamento de serviços prestados por pessoa fisica sem vínculo empregatício ou pessoa jurídica, independentemente da forma contratual e outras da categoria econômica "Despesas Correntes” não classificáveis nos grupos anteriores.

4. Investimentos - Despesas com o planejamento e a execução de obras, inclusive com a aquisição de imóveis considerados necessários à realização destas últimas, bem assim como os programas especiais de trabalho (regime de execução especial) e com a aquisição de instalações, equipamentos e material permanente.

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5. Inversões Financeiras- Despesas com a aquisição de imóveis ou bens de capital já em utilização; aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie, já constituídas quando a operação não importe aumento do capital, e com a constituição ou aumento do capital de empresas.

6. Amortização da Dívida - Despesas com o pagamento e/ou refinanciamento do principal e da atualização monetária ou cambial da dívida pública interna e externa, contratual ou mobiliária.

Outras classificações legais da Despesa Pública podem ser por modalidade de aplicação, por natureza do gasto (Elemento e Subelemento de Despesa), por Fonte de recursos, etc.

Execução da Despesa: Fases ou Estágios

Os estágios da despesa são as operações que devem ser observadas para a realização da despesa pública. Para muitos especialistas em Finanças Públicas a despesa pública possui quatro estágios: fixação, empenho, liquidação e pagamento. Para outros, com base na Lei n° 4.320/64, são apenas três: empenho, liquidação e pagamento, uma vez que são as etapas que estão diretamente relacionadas com a execução da despesa pública.

Assim, pode-se dizer que os estágios das despesas públicas são quatro, e os relativos a sua execução propriamente dita, segundo a Lei n° 4.320/64, são: empenho, liquidação e pagamento. Vejamos a seguir cada um deles.

Fases Preparatórias

• Fixação ou Autorização - É uma etapa básica da despesa pública, conforme vários dispositivos constitucionais e legais, que compreende a prévia autorização legislativa materializada na lei orçamentária anual.

• Programação da Execução Orçamentária - o estabelecimento da programação financeira e do cronograma mensal de desembolso pelo Poder Executivo, até 30 dias após a publicação dos orçamentos, é uma exigência da Lei de Responsabilidade Fiscal, tendo como principal objetivo o cumprimento das metas de resultado fiscal estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias.

FASES LEGAIS previstas na Lei n° 4.320/64

1a. Fase: EMPENHO

O empenho é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento, pendente ou não de implemento de condição.

É de fundamental importância para a relação contratual entre o setor governamental e seus fornecedores de bens e serviços, representando a garantia de que existe o crédito necessário para a liquidação de uma dívida assumida.

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São modalidades de Empenho:

• Empenho por Estimativa: é destinado a atender despesa de valor não quantificável durante o exercício. Ou seja, é utilizado nos casos em que não se possa determinar, a priori, o montante da despesa. Por exemplo: gasto total com pessoal, com energia, com água e etc.

• Empenho Global: destinado a atender despesa determinada e quantificada e a ser liquidada e paga parceladamente, geralmente a cada mês, durante a fluência do exercício. Por exemplo, aquela relacionada com um contrato com um valor determinado. Exemplo: um contrato de aluguel que será pago parceladamente.

• Empenho Ordinário: é destinado a atender despesa quantificada e liquidável de uma só vez. Ou seja, utilizado naqueles casos onde se conhece precisamente o valor do bem ou serviço a ser adquirido, e o pagamento ocorre de uma única vez.

Nenhuma despesa poderá ser realizada sem a existência de crédito que a comporte ou quando imputada a dotação imprópria, vedada expressamente qualquer atribuição de fornecimento ou prestação de serviços, cujo custo exceda aos limites previamente fixados em lei.

É vedada a realização de despesa sem prévio empenho. Em caso de urgência caracterizada na legislação em vigor, admitir-se-á que o ato do empenho seja contemporâneo à realização da despesa.

O empenho importa deduzir seu valor de dotação adequada à despesa a realizar, por força do compromisso assumido.

Para cada empenho será extraído um documento denominado Nota de Empenho que indicará o nome do credor, a especificação e a importância da despesa, bem como os demais dados necessários ao controle da execução orçamentária.

2o. Fase: LIQUIDAÇÃO

É o estágio que consiste na verificação do direito do credor, tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito. Trata-se, portanto de um conjunto de atos praticados pelos órgãos competentes, tendo em vista:

• Verificar o direito adquirido do credor, apurando: a origem e o objeto do que se deve pagar; o valor exato a pagar; a quem se deve pagar, para extinguir a obrigação.

• verificar a legalidade e o cumprimento das obrigações ajustadas, tendo por base: as normas constitucionais, legais e regulamentares; o contrato, ajuste ou acordo correspondente; a Nota de Empenho e comprovantes da realização

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da despesa; a apuração da qualidade e quantidade da prestação; a classificação da dotação orçamentária e o seu saldo.

• efetuar os registros contábeis pertinentes.

Documentos e Informações necessárias quando da liquidação da Despesa Pública:

• Nota de Empenho e Nota de Alteração de Empenho;

• Contrato, Convênio ou outro documento similar;

• Comprovante da realização da despesa: Nota Fiscal ou outro documento similar;

• Documento(s) de retenções legais: IR, ISS, INSS;

• Identificação do credor: CPF, CNPJ, conta bancária, endereço, etc.

3a. Fase: PAGAMENTO

Representa a fase final do processo da despesa pública. O pagamento somente poderá ser efetuado quando ordenado, após sua regular liquidação. Pode ser realizado mediante ordem bancária, cheque ou na boca do cofre. Atualmente, na união e em alguns estados, os pagamentos são realizados mediante ordens bancárias eletrônicas.

O pagamento da despesa só será efetuado quando ordenado após sua regular liquidação. A Ordem de Pagamento é o despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa seja paga; tal ordem só pode ser exarada em documentos processados pelo setor de contabilidade do órgão público.

Suprimento de Fundos

“Suprimento de Fundos” ou “Adiantamento” é o numerário que o Tesouro coloca à disposição de uma repartição, a fim de lhe dar condições de realizar despesas que, por sua natureza ou urgência, não possam aguardar o processo normal. O diretor da repartição designa um funcionário para responder pela movimentação do adiantamento; ele será o único responsável pela boa aplicação do dinheiro e prestará contas dentro do prazo regularmentar aos órgãos controladores da execução orçamentária e financeira, ao controle interno e ao Tribunal de Contas.

O Adiantamento constitui uma forma de pagar despesas orçamentárias; é o que diz o artigo 65 da Lei 4.320/64: “o pagamento da despesa será efetuado por tesouraria ou pagadoria regularmente instituídas, por estabelecimentos bancários credenciados e, em casos excepcionais, por meio de adiantamento”.

O artigo 68 da referida Lei dispõe que o regime de adiantamento é aplicável aos casos de despesas expressamente definidos em lei e consiste na entrega de numerário a servidor, sempre precedida de empenho na dotação própria, para o fim

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de realizar despesas que não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação. É vedada a concessão de adiantamento ao servidor:

• Responsável por dois adiantamentos ainda não comprovados;

• Declarado em alcance;

• Que esteja respondendo a inquérito administrativo;

• Responsável por adiantamento, não tenha prestado contas de sua aplicação no prazo previsto ou o processo esteja em diligência.

Restos a Pagar

Constituem Restos a Pagar as despesas empenhadas mas não pagas até 31 de dezembro, distinguindo-se as despesas processadas das não processadas.

Restos a pagar processados são aqueles referentes a despesas regularmente empenhadas e liquidadas, estando o processo pronto para pagamento. Neste caso direito do credor é líquido e certo.

Restos a pagar não processados correspondem a despesas regularmente empenhadas mas não liquidadas. Neste caso o serviço não foi prestado, ou a mercadoria não foi entregue, a obra não foi executada, etc.

A inscrição em RP ocorre no encerramento do exercício financeiro, por meio dos registros contábeis pertinentes. Os RP constituem Dívida Flutuante, devendo ser registrados por exercício e por credor, distinguindo-se as despesas processadas das não processadas.

O art. 42 da LRF proíbe aos titulares do poder executivo de contrair, nos dois últimos quadrimestres do mandato, obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja disponibilidade de caixa para este feito.

Despesas de Exercícios Anteriores

É uma dotação orçamentária que se destina a dar condições de empenhar as despesas resultantes de compromissos gerados em exercícios já encerrados, desde que o orçamento do exercício em que foram originadas possuísse saldo suficiente para atendê-las, e estas, não tenham sido processadas à época. Podem ser tanto despesas correntes quanto despesas de capital.

O art. 37 da Lei 4.320/64 define como Despesas de Exercícios Anteriores (DEA) como sendo as despesas para as quais o orçamento respectivo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que não se tenham processado à época própria, bem como os Restos a Pagar com prescrição interrompida e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício correspondente, que poderão ser pagos à conta de dotação específica consignada no orçamento, discriminada por elementos, obedecida, sempre que possível, a ordem cronológica.

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Questões de Concursos

01. (Unicamp) - Segundo Maslow, o homem tem uma série de necessidades que são classificadas e expostas sob a forma de pirâmide. Considerando a teoria das necessidades de Maslow, assinale a alternativa incorreta:

a) Não é necessário satisfazer um nível inferior de necessidade para que imediatamente surja um nível mais elevado no comportamento.

b) Nem todas as pessoas conseguem chegar ao topo da pirâmide das necessidades.

c) Cada indivíduo possui mais que uma motivação.

d) Qualquer comportamento motivado é como um canal pelo qual muitas necessidades fundamentais podem ser expressas ou satisfeitas conjuntamente.

e) Qualquer frustração ou possibilidade dessas necessidades não serem satisfeitas, passam a ser consideradas ameaças psicológicas.

02. (Unicamp) - A teoria de Maslow defende que o homem possui uma cadeia de necessidades que pode ser dividida em necessidades primárias e necessidades secundárias. Assinale o que não é necessidade secundária:

a) Integração com a sociedade.

b) Sucesso na profissão.

c) Estabilidade na empresa.

d) Prazer no trabalho.

e) "Status" e conquista de estabilidade financeira.

03. (FUNESP) - Relativamente à liderança e motivação, pode-se dizer que:

a) A liderança é uma habilidade pessoal, que torna algumas pessoas mais aptas a influenciar outras.

b) A técnica do job enrichment consiste em incrementar os fatores motivacionais de um cargo através da ampliação de tarefas (job enlargement), do aumento da variedade das tarefas e da melhoria dos fatores higiênicos dentro dos quais o trabalho é realizado.

c) A partir do momento em que os indivíduos ingressam em uma organização, os fatores cognitivos deixam de exercer alguma influência sobre sua motivação.

d) Segundo as teorias situacionais de liderança, não existe um único estilo ou característica de liderança válida para toda e qualquer situação. Cada tipo de situação requer um tipo de liderança diferente para alcançar a eficácia dos subordinados.

e) Um estilo de liderança democrática implica em: liberdade completa para as decisões grupais ou individuais, participação mínima do líder, divisão de tarefas e escolha dos companheiros totalmente a cargo do grupo e o líder não avalia o curso dos acontecimentos.

04. (COMPERVE/RN) - Podemos definir liderança como:

a) Combinação de recursos, conhecimentos e técnicas que criam e produzem um produto ou serviço.

b) Influência interpessoal exercida numa dada situação e dirigida por meio do processo de comunicação humana, para a consecução de um ou mais objetivos específicos.

c) Função administrativa que define os objetivos a atingir e estabelece os meios e programas para alcançá-los.

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d) O processo de manutenção que as pessoas da organização utilizam para administrar suas relações com o futuro.

e) Todas as alternativas anteriores são falsas.

05. (Carlos Chagas) - As teorias sobre estilos de liderança estudam estilos de comportamento do líder em relação aos seus subordinados. A principal teoria que explica liderança sem se preocupar com características de personalidade é a que se refere a três estilos de liderança, a saber:

a) Dominante, consultiva e laissez-faire.

b) Autocrática, liberal e democrática.

c) Autocrática, democrática e circunstancial.

d) Liberal, moderadora e coercitiva.

e) Nenhuma das anteriores.

06. (Unicamp) - Para representar a estrutura organizacional e seus departamentos, utiliza-se o organograma. Assinale a alternativa que não compreende uma finalidade do organograma:

a) Os órgãos componentes dentro da empresa.

b) Detalhamento das atividades que compõe o cargo.

c) De forma genérica, as funções desenvolvidas pelos órgãos.

d) As vinculações e/ou relações de interdependência entre órgãos.

e) Os níveis hierárquicos que compõem a organização.

07. (ESAF) - Uma das funções básicas da administração é a organização ou estruturação, que consiste na reunião e coordenação de atividades e de recursos necessários para o alcance dos objetivos organizacionais. Para o exercício adequado desta função, diversos modelos de estrutura vêm sendo propostos, implementados e combinados de acordo com os objetivos, as estratégias, preferências e necessidades de cada organização. Entre os modelos abaixo, indique aqueles que mais enfatizam a descentralização e o trabalho em equipe:

a) Funcional e por cliente.

b) Matricial e por projeto.

c) Por processo e por produto.

d) Por processo e por projeto.

e) Funcional e por área geográfica.

08. (lBGE) - Nos seus primeiros estágios, muitas organizações usam a estrutura organizacional funcional, adicionando eventualmente departamentos de assessoria e dando ênfase a um controle:

a) Departamental.

b) Estrutural.

c) Centralizado.

d) Descentralizado

e) Matricial

09. (lBGE) - O agrupamento de funções relacionadas em unidades gerenciáveis para atingir os objetivos organizacionais de maneira eficiente e eficaz é o conceito de:

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a) Controle gerencial.

b) Departamentalização.

c) Centros de responsabilidade

d) Contabilidade administrativa

e) Centros de lucros

10. (Carlos Chagas) - Uma organização em crise, que busca reestruturar sua forma de divisão do trabalho e de autoridade, procurando uma nova estrutura organizacional voltada para as necessidades e anseios do seu mercado consumidor, deveria privilegiar o critério de departamentalização:

a) Funcional.

b) Geográfico.

c) Por produto.

d) Por processo.

e) Por cliente.

11. Uma organização pode ser estruturada segundo diferentes critérios de departamentalização. Se a intenção da organização é estruturar-se para o atendimento das necessidades do seu público-alvo, ela deve optar pelo critério de departamentalização

a) funcional em todos os níveis da hierarquia organizacional.

b) matricial no nível operacional da hierarquia organizacional.

c) por produto em todos os níveis da hierarquia organizacional.

d) por cliente nos níveis estratégicos da hierarquia organizacional.

e) por projeto nos níveis estratégicos da hierarquia organizacional.

12. (ESAF) A prescrição legal de que a lei orçamentária deve conter todas as receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas, em lei, consubstancia o princípio orçamentário da:

a) Universalidade

b) Unidade

c) Especialização

d) Uniformidade

e) Anualidade

13. (ESAF) Quando se diz que as receitas e despesas devem constar na lei de orçamento, sem quaisquer deduções, isto decorre da aplicação do princípio:

a) Da universalidade;

b) Da exclusividade;

c) Do orçamento bruto;

d) Da exatidão;

e) Da totalidade.

14. (ESAF) São princípios gerais da Lei de Orçamento:

a) Especificação, evidenciação e uniformidade.

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b) Abrangência, centralização e anuidade.

c) Autorização, universalidade e controle.

d) Discriminação, uniformidade e centralização.

e) Unidade, universalidade e anualidade.

15. (FCC) - Estabelece as metas e prioridades orçamentárias da administração pública federal.

a) plano plurianual

b) orçamento anual

c) as diretrizes orçamentárias

d) a lei complementar sobre finanças públicas

e) a lei complementar que estabelece normas de gestão financeira e patrimonial

16. As previsões de receitas e fixação das despesas sempre se referem a um período limitado de tempo. Esse enunciado é definido pelo princípio da:

a) Universalidade

b) Anualidade

c) Especificação

d) Exclusividade

e) n.d.a.

17. As despesas são classificadas, como um nível de desdobramento tal que facilite a análise por parte das pessoas. Esse enunciado é relativo ao princípio da:

a) Universalidade

b) Anualidade

c) Especificação

d) Exclusividade

e) n.d.a.

18. O Orçamento aprovado deve conter todas as receitas e despesas relativas aos Poderes da União, Estados e Municípios, seus fundos, Órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público. Esse enunciado é defendido pelo princípio da:

a) Universalidade

b) Anualidade

c) Especificação

d) Exclusividade

e) n.d.a.

19. (ESAF) São Receitas Correntes

a) produto da arrecadação de juros e dividendos de títulos adquiridos pela União Federal

b) produto da constituição de dívidas com terceiros e a conversão em espécie de bens e direitos

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c) os valores correspondentes à utilização de recursos de exercícios anteriores

d) produto da arrecadação de taxas de ocupação e cotas de conservação dos imóveis residenciais

e) as tributárias, patrimoniais, industriais e outras de natureza semelhante, bem como as transferências correntes

20. (ESAF-DF) São Receitas de Capital, entre outras, as:

a) receitas tributária e patrimonial

b) receitas patrimonial e industrial

c) operações de crédito e amortização de empréstimos

d) receitas tributária e industrial

e) nenhuma das anteriores

21. (ESAF-DF) A importância recebida em dinheiro pelo Estado, relativa ao valor de caução ou garantia recolhida por empresa, em virtude de exigência contratual, proporciona receita denominada

Orçamentária

Extra-Orçamentária

Complementar

Contratual

Empresarial

22. (ESAF-DF) A receita orçamentária compreende os recursos auferidos na gestão a serem computados na apuração do resultado do exercido e desdobrados em receitas correntes e de capital. Assinale a opção em que todos os itens correspondam a receitas de capital.

tributária, alienação de bens, patrimonial

imobiliária, valores mobiliários, agropecuária

serviços, patrimonial, industrial

contribuições rural, industrial, operação de crédito, alienação de bens

operação de crédito, alienação de bens, transferências de capital

23. (ESAF-DF) As Receitas de Capital incluem as contas representativas de:

Receitas Tributária, Patrimonial, Industrial e Diversas, bem como de Transferências Correntes

Receitas de vendas de ações de empresas estatais, do produto de alienação de bens patrimoniais, de arrendamentos diversos e de dividendos de ações nos casos de lucros das empresas estatais

operações de crédito referentes à colocação de títulos da dívida pública e de financiamentos internos e externos

constituição de dívidas, utilização de saldos de exercícios anteriores ou de reservas, conversão em espécie de bens e direitos, bem como de transferências de capital

juros e dividendos recebidos sobre rendimentos no mercado de capitais, em geral

24. (ESAF) As receitas de multas e de indenizações são:

Receitas patrimoniais

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Receitas tributárias

Receitas industriais

Receitas correntes

Receitas de capital

25. (ESAF-DF) A receita orçamentária classifica-se nas categorias econômicas:

a) receita pública e receita privada

b) receitas correntes e receitas de capital

c) receitas de impostos e receitas de taxas

d) receitas patrimoniais e receitas tributárias

e) receitas diversas e receitas derivadas

26. (ESAF) Conforme classificação legalmente estabelecida, figuram entre as receitas correntes as provenientes de:

a) Conversão, em espécie, de bens e direitos

b) Tributos

c) Operações de crédito

d) Amortização de empréstimos

e) Alienação de bens

27. Quando se tratar de despesa cujo montante não se possa determinar, deve-se utilizar o empenho.

a) Global;

b) Estimativa;

c) Ordinário;

d) Especial;

e) Suplementar.

28. Uma ação de governo, que concorre para alcançar os objetivos de um programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e permanente, necessário à manutenção da ação do governo é classificada como:

a) atividade;

b) projeto;

c) função;

d) programa;

e) subprograma.

29. (ESAF) O ato que cria para o Estado obrigação de pagamento é:

a) Ordem de pagamento

b) Adiantamento

c) Lançamento de despesa

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d) Empenho de despesa

e) Liquidação de despesa

30. (ESAF) O ato de verificação do direito adquirido pelo credor, tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito, é:

a) Nota de extinção de obrigação

b) Empenho

c) Liquidação

d) Ordem de pagamento

e) Verificação objetiva

31. (UNEB/BA) É uma unidade de execução de um programa que por sua vez é agregado numa subfunção que integra uma função, tendo o fator tempo como limite. Estamos falando de:

a) Uma atividade

b) Um projeto

c) Uma atividade com restrição de tempo

d) Um projeto exclusivo da função Educação e Cultura

e) Uma tarefa

32. (AFCE) A amortização de um empréstimo que a União havia efetuado a terceiro constitui:

a) receita corrente;

b) receita de capital;

c) despesa corrente;

d) despesa de capital;

e) transferência corrente.

33. (TCU) A classificação funcional-programática é constituída por:

a) categoria, grupo, modalidade e elemento;

b) órgão, função, programa e projeto/atividade;

c) função, programa, subprograma, projetos e atividades;

d) funções, subfunções, programas, subprogramas, projetos / atividades / operações especiais

e) funções, subfunções, programas, projetos/atividades/operações especiais

34. (ESAF) - A certificação do recebimento do fornecimento, da prestação do serviço e da ocorrência do encargo, é exigida na fase de:

a) fixação

b) licitação

c) empenho

d) liquidação

e) pagamento

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35. (ESAF) - Pertencem necessariamente ao exercício financeiro as despesas nele:

a) fixadas

b) empenhadas

c) liquidadas

d) liquidadas a pagas

e) empenhadas e não liquidadas

Gabarito

1. A

2. C

3. D

4. B

5. B

6. B

7. B

8. C

9. B

10. E

11. D

12. A

13. C

14. E

15. C

16. B

17. C

18. A

19. E

20. C

21. B

22. E

23. C

24. D

25. B

26. B

27. B

28. A

29. D

30. C

31. B

32. B

33. E

34. D

35. B