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otima!
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
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Tecnico em Alimen
Microbiologia dos Aliment
Centro de Educao Aberta e a Distncia (CEAD)Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais - Campus Rio Pomba
Av. Dr. Jos Sebastio Da Paixo s/n - Bairro Lindo Vale
CEP: 36180-000 - Rio Pomba/MG
Telefone: (32)3571-5746Http://cead.riopomba.ifsudestemg.edu.br/
Irineide Teixeira de Carv
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2010UFRPE/CODAI
Microbiologia dos Alimentos
Irineide Teixeira de Carvalho
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Ficha catalogrficaSetor de Processos Tcnicos da Biblioteca Central - UFRPE
C331m Carvalho, Irineide TeixeiraMicrobiologia dos alimentos / Irineide Teixeira Carvalho.
Recife: EDUFRPE, 2010.84 p.: il.
Programa Escola Tcnica Aberta do Brasil (ETEC - Brasil).Referncias.
ISBN: 978-85-7946-071-5
1. Alimentos 2. Microbiologia 3. Preservao4. Microorganismos I. Ttulo
CDD 576.163
Equipe de ElaboraoColgio Agrcola Dom Agostinho Ikas (CODAI) / UFRPE
ReitorProf. Valmar Correa de Andrade
Vice-ReitorProf. Reginaldo Barros
DiretorProf. Luiz Augusto de Carvalho Carmo
Coordenadora InstitucionalProfa. Arglia Maria Arajo Dias Silva
Coordenadora do CursoProfa. Claudia Mellia
Professor PesquisadorProf. Paulo Ricardo Santos Dutra
Professor-AutorIrineide Teixeira de Carvalho
Equipe de ValidaoSecretaria de Educao a Distncia / UFRN
ReitorProf. Jos Ivonildo do Rgo
Vice-ReitoraProfa. ngela Maria Paiva Cruz
Secretria de Educao a DistncIa
Profa. Maria Carmem Freire Digenes Rgo
Secretria Adjunta de Educao a DistncIaProfa. Eugnia Maria Dantas
Coordenador de Produo de Materiais DidticosProf. Marcos Aurlio Felipe
RevisoJnio Gustavo BarbosaVernica Pinheiro da SilvaCristinara Ferreira dos SantosRosilene Alves de Paiva
Diagramao
Rafael Marques Garcia
Arte e IlustraoLeonardo dos Santos FeitozaRoberto Luiz Batista de Lima
Reviso TipogrficaElizabeth da Silva Ferreira
Projeto Grficoe-Tec/MEC
Este Caderno foi elaborado em parceria entre o Colgio Agrcola Dom Agostinho Ikas (CODAI)
da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e a Universidade Federal do Rio Grande doNorte (UFRN) para o Sistema Escola Tcnica Aberta do Brasil e -Tec Brasil.
Presidncia da Repblica Federativa do Brasil
Ministrio da Educao
Secretaria de Educao a Distncia
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Apresentao e-Tec Brasil
Prezado estudante,
Bem-vindo ao e-Tec Brasil!
Voc faz parte de uma rede nacional pblica de ensino, a Escola Tcnica
Aberta do Brasil, instituda pelo Decreto n 6.301, de 12 de dezembro 2007,
com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino tcnico pblico, na mo-
dalidade a distncia. O programa resultado de uma parceria entre o Minis-
trio da Educao, por meio das Secretarias de Educao a Distancia (SEED)
e de Educao Profissional e Tecnolgica (SETEC), as universidades e escolas
tcnicas estaduais e federais.
A educao a distncia no nosso pas, de dimenses continentais e grande
diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao
garantir acesso educao de qualidade, e promover o fortalecimento da
formao de jovens moradores de regies distantes, geograficamente ou
economicamente, dos grandes centros.
O e-Tec Brasil leva os cursos tcnicos a locais distantes das instituies de en-
sino e para a periferia das grandes cidades, incentivando os jovens a concluir
o ensino mdio. Os cursos so ofertados pelas instituies pblicas de ensinoe o atendimento ao estudante realizado em escolas-polo integrantes das
redes pblicas municipais e estaduais.
O Ministrio da Educao, as instituies pblicas de ensino tcnico, seus
servidores tcnicos e professores acreditam que uma educao profissional
qualificada integradora do ensino mdio e educao tcnica, capaz de
promover o cidado com capacidades para produzir, mas tambm com auto-
nomia diante das diferentes dimenses da realidade: cultural, social, familiar,
esportiva, poltica e tica.
Ns acreditamos em voc!
Desejamos sucesso na sua formao profissional!
Ministrio da Educao
Janeiro de 2010
Nosso contato
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Indicao de cones
Os cones so elementos grficos utilizados para ampliar as formas delinguagem e facilitar a organizao e a leitura hipertextual.
Ateno: indica pontos de maior relevncia no texto.
Saiba mais: oferece novas informaes que enriquecem o
assunto ou curiosidades e notcias recentes relacionadas ao
tema estudado.
Glossrio: indica a definio de um termo, palavra ou expresso
utilizada no texto.
Mdias integradas: remete o tema para outras fontes: livros,
filmes, msicas,sites, programas de TV.
Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em
diferentes nveis de aprendizagem para que o estudante possa
realiz-las e conferir o seu domnio do tema estudado.
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Sumrio
Palavra do professor-autor 11Projeto instrucional 13
Aula 1 Microrganismos de interesse na Microbiologiade Alimentos 15
1.1 Caractersticas gerais 15
1.2 Microrganismos de interesse em alimentos 16
1.3 Bolores 21
1.4 Leveduras 25
Aula 2 Controle do desenvolvimento dos microrganismosnos alimentos 27
2.1 Existem diversas maneiras para que esse controle seja exercido: 27
2.2 Princpios bsicos da conservao dos alimentos doponto de vista microbiano 28
2.3 Controle do microrganismo por remoo 28
2.4 Controle dos microrganismos por manuteno emcondies desfavorveis 28
2.5 Mtodos de conservao dos alimentos 29
2.6 Conservao pelo emprego de baixas temperaturas 33
2.7 Conservao pelo controle da umidade 36
2.8 Fermentao 37
2.9 Mtodo de conservao por adio de aditivos qumicos 38
2.10 Outros mtodos de conservao 39
Aula 3 Microbiologia do leite e seus derivados 41
3.1 Microbiologia do leite 41
3.2 Classificao dos microrganismos presentes no leite 41
3.3 Origem da flora microbiana 42
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3.4 Produo higinica do leite 43
3.5 Tratamento do leite 43
3.6 Alteraes microbiolgicas no leite 45
3.7 Leites e queijos Fermentados 47
Aula 4 Alteraes microbiolgicas do pescado 534.1 Qualidade microbiolgica do pescado 53
4.2 Gneros de bactrias, leveduras e fungos predominantes empescados frescos 53
4.3 Fatores que influenciam no tipo e velocidade da deteriorao 54
4.4 Sinais de alteraes do pescado 54
4.5 Avaliao do frescor do peixe 56
Aula 5 Microbiologia da carne 595.1 Fontes de Contaminao 59
5.2 Medidas de controle 61
5.3 Sintomas de alteraes da carne 62
Aula 6 Contaminao e alteraes de hortalias e frutas 656.1 Cuidados na pr-colheita 65
6.2 Cuidados na ps-colheita 65
6.3 Espcies de microrganismos presentes nas frutas e hortalias 66
6.4 Tipos de microbiota natural encontrados nos produtos frescos 666.5 Principais microrganismos causadores da deteriorao
ps-colheita 66
Aula 7 Principais microrganismos causadores detoxinfeco alimentar 69
7.1 Definies 69
7.2 Toxinfeco alimentar 70
7.3 Principais microrganismos causadores de infeco alimentar 73
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Aula 8 Microrganismos indicadores 79
8.1 Definio de microrganismos indicadores 79
8.2 Indicador de contaminao fecal e higinico-sanitria
do alimento 80
8.3 Contagem total de bactrias mesfilas aerbias 81
8.4 Stafilococos aureus 81
8.5 Contagem de esporos de termfilos 81
8.6 Contagem de bolores em equipamentos 82
Referncias 83
Currculo do professor-autor 84
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Palavra do professor-autor
Na Aula 1, teremos uma breve descrio dos gneros de bactrias, levedurase fungos filamentosos de maior ocorrncia nos alimentos e o papel que cada
um desempenha nesses alimentos.
Na Aula 2, abordaremos o controle do desenvolvimento microbiano, visando
eliminar riscos sade do consumidor, bem como prevenir ou retardar o
surgimento de alteraes indesejveis nos alimentos, utilizando os mtodos
de conservao dos alimentos. Na aula seguinte, estudaremos os contami-
nantes do leite durante o processo de ordenha e do leite cru, o tratamento
do leite, as alteraes decorrentes dos contaminantes e os produtos da fer-mentao ltica.
Na Aula 4, falaremos sobre a microflora contaminante do pescado e as alte-
raes decorrentes da ao desses microrganismos. Em seguida, na Aula 5,
veremos as fontes de contaminao, as medidas de controle e os sintomas
de alteraes da carne. Na prxima aula, estudaremos os principais tipos de
contaminaes e alteraes microbianas em hortalias e frutas. Estudaremos
as principais bactrias causadoras de toxinfeces e infeces alimentares
por nmero de ocorrncias e virulncia na Aula 7. E na ltima aula, apren-deremos quais so os microrganismos utilizados como indicadores de conta-
minao fecal, da qualidade higinico-sanitria do alimento, das condies
deficientes de manipulao e processamento.
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Projeto instrucional
Disciplina: Microbiologia dos Alimentos
Ementa: Origem dos microrganismos dos alimentos; fatores intrnsecos e
extrnsecos relacionados com a microbiologia dos alimentos; incidncia e
tipos de microrganismos presentes nos alimentos; modificaes microbiol-
gicas dos alimentos; Princpios dos mtodos de conservao dos alimentos;
microrganismos indicadores; padres microbiolgicos da gua; infeco e
toxinfeco alimentar; microrganismos na indstria de alimentos; anlises
microbiolgicas em alimentos.
AULA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEMCARGA
HORRIA(horas)
1. Microrganismosde interesse naMicrobiologia deAlimentos
Conhecer e identificar os gneros de bactrias, leveduras e fungos
filamentosos de maior ocorrncia nos alimentos e o papel que cada
um desempenha nesses alimentos.
80
2. Controle dodesenvolvimento dos
microrganismos nosalimentos
Entender o controle do desenvolvimento microbiano no alimento,
visando eliminar riscos sade do consumidor.
Entender a preveno ou retardamento do surgimento de altera-es indesejveis nos alimentos.
3. Microbiologia do leitee seus derivados
Estudar os contaminantes do leite durante o processo de ordenha
Estudar os contaminantes do leite cru,
Estudar os tratamentos do leite
Estudar as alteraes decorrentes dos contaminantes
Estudar os produtos da fermentao ltica.
4. Alteraesmicrobiolgicasdo pescado
Estudar a microflora contaminante do pescado.
Estudar as alteraes decorrentes da ao dos microrganismos.
5. Microbiologiada carne
Determinar as fontes de contaminao da carne.Identificar as medidas de controle da carne.
Definir os sintomas de alteraes da carne.
6. Contaminao ealteraes de hortaliase frutas
Estudar os principais tipos de contaminaes microbianas em horta-
lias e frutas.
Estudar os principais tipos de alteraes microbianas em hortalias
e frutas.
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7. Principaismicrorganismoscausadores detoxinfecoalimentar
Estudar as principais bactrias causadoras de toxinfeces
alimentares.
Estudar as principais bactrias causadoras de infeces alimentares
por nmero de ocorrncias e virulncia.
80
8. Microrganismosindicadores
Conhecer os microrganismos indicadores de contaminao fecal
de alimentos.Conhecer os microrganismos indicadores de condies inadequa-
das de manipulao de alimentos.
Relacionar os indicadores de qualidade sanitria dos alimentos, na
produo e armazenamento.
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16/86e-Tec BrasilAula 1 Microrganismos de interesse na Microbiologia de Alimentos 15
Aula 1 Microrganismos de interessena Microbiologia de Alimentos
Objetivos
Conhecer e identificar os gneros de bactrias, leveduras e fungos
filamentosos de maior ocorrncia nos alimentos e o papel que cada
um desempenha nesses alimentos.
1.1 Caractersticas geraisSabemos hoje em dia que os microrganismos so encontrados praticamenteem todos os lugares. At pouco tempo, antes da inveno do microscpio,
os microrganismos eram desconhecidos dos cientistas. Centenas de pessoas
morriam em epidemias devastadoras cujas causas no eram identificadas.
A comida estragada frequentemente no podia ser controlada e famlias
inteiras morriam porque as vacinas e os antibiticos no estavam disponveis
para combater as infeces.
desconhecido o perodo em que se tomou conhecimento da existncia de
microrganismos e da sua importncia para os alimentos, porm, com o sur-gimento de alimentos preparados, comearam a ocorrer problemas relacio-
nados a doenas transmitidas pelos alimentos e com a rpida deteriorao
dos mesmos, devido, principalmente, conservao inadequada.
Embora sem o conhecimento dos fundamentos tcnicos e cientficos da
fabricao de manteiga e queijo, bem como da conservao de alimentos
como a salga e a defumao de carnes, peixes e a fabricao de vinhos,
estes processos, apesar da forma emprica, j eram realizados pelos povos
da Antiguidade.
A indstria de alimentos dos dias de hoje inclui os microrganismos na
produo de diversos produtos, entre eles vinagre, picles, bebidas alco-
licas, azeitonas, leites fermentados, pes, entre outros.
Veremos, a seguir, os principais microrganismos de importncia na Micro-
biologia de Alimentos.
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17/86Microbiologia dos Alimentose-Tec Brasil 16
1.2 Microrganismos de interesseem alimentos
Nesta aula, abordaremos os microrganismos deterioradores e os teis, ou
seja, os que so utilizados para produo de alimentos. Os microrganismos
causadores de doenas sero abordados na Aula 7.
1.2.1 BactriasPoucas bactrias existentes na natureza so de importncia para a Microbio-
logia de Alimentos. Falaremos de cada gnero bacteriano resumidamente e
daremos nfase aos aspectos mais relevantes a seguir.
1.2.1.1Aeromonas
Compreendem espcies anaerbias, facultativas, gram-negativas. So encon-
tradas em muitos produtos, principalmente nos refrigerados. So determinan-
tes na deteriorao de carnes, pescados e ovos.
1.2.1.2 Micrococcus
As espcies deste gnero so cocos, gram-negativos e produzem colnias
pigmentadas (rosa, laranja) ou no. So amplamente distribudos na nature-
za, sendo encontrados na pele do homem, pelos de animais, sujidades, solo,
gua e em muitos alimentos.
Algumas espcies so psicrotrficas (ou seja, crescem a temperaturas meno-
res que 7 C) e esto associadas deteriorao de produtos de laticnios ede carnes processadas. Tm capacidade de se multiplicar em concentraes
de 5% de NaCl.
Figura 1.1: Micrococcusvista em microscpioFonte: .Acesso em: 24 maio 2010.
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18/86e-Tec BrasilAula 1 Microrganismos de interesse na Microbiologia de Alimentos 17
1.2.1.3 Streptococcus, Leuconostoc, Pediococcus
Juntamente com o gnero Lactobacillus, constituem as bactrias lticas.
Possuem clulas esfricas ou ovoides, no mveis, gram-positivas, sendo
anaerbios facultativos. O habitat desses microrganismos variado. Eles
podem ser encontrados na mucosa bucal, trato intestinal, leite, derivados,
superfcie de vegetais e outros locais.
Esta famlia importante para:
a) Laticnios:espcies de Streptococcuse/ou Leuconostocso utilizadas na
produo de leites fermentados, queijos e manteigas.
b) Produo de vegetais fermentados: tais como picles, azeitonas
e chucrutes.
c) Indicao de contaminao fecal:a contagem de Streptococcusfecais utilizada para indicar a contaminao de gua e alimentos por material
fecal. Por serem mais resistentes s condies adversas que os coliformes,
so empregados em padres para produtos processados, especialmen-
te os congelados. Os Streptococcus fecais compreendem as seguintes
espcies, pertencentes ao grupo D de Lancefield: S. faecalis, S.faecium,
S. bovise S. eqinos.
d) Deteriorao de alimentos e bebidas: tais como cerveja e vinho e
(especialmente espcies de Pediococcus); carnes e derivados (provocamacidificao, esverdeamento e viscosidade); leite (azedamento); sucos de
frutas (odor de manteiga, azedamento).
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19/86Microbiologia dos Alimentose-Tec Brasil 18
1.2.1.4 Sarcina
Compreende espcies em cocos, gram-positivos, imveis. So facultativos
e produzem pigmento amarelo. Crescem em ampla faixa de pH e tm cres-
cimento mesfilo. So importantes na deteriorao de alimentos tempe-
ratura elevada.
Figura 1.2: SarcinaFonte: . Acesso em: 24 maio 2010.
1.2.1.5Lactobacillus
So microrganismos em bastonetes, gram-positivos, podendo ser mveis
ou imveis. Possuem metabolismo fermentativo, podendo ser homoltico
(no processo fermentativo tem como produto final apenas cido ltico) ouheteroltico (tem como produto final cido ltico e outros produtos da fer-
mentao). So importantes na produo de leites fermentados, queijos,
produo de cido ltico, produo de vegetais fermentados e deteriorao
de alimentos e bebidas.
1.2.1.6 Halobacteriume Halococcus
So bastonetes, gram-negativos, aerbios. Vivem em ambientes que contm
alta concentrao de cloreto de sdio, tais como salinas, lagos salgados,
materiais salgados (ex.: charque), sendo, portanto, haloflicos. So respon-sveis pelo chamado vermelhido do charque, pois suas clulas possuem
pigmentos vermelhos do tipo carotenoides. Produzem limosidade e odor ex-
tremamente desagradvel. (GAVA; SILVA; FRIAS, 2009).
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Saprfita: tipo de associaoonde no h prejuzopara o hospedeiro
e-Tec BrasilAula 1 Microrganismos de interesse na Microbiologia de Alimentos 19
1.2.1.7Alcalgenes
So bastonetes, gram-negativos, aerbios, psicrotrficos e pouco proteolticos.
Vivem no trato intestinal do homem e animais, guas frescas e produtos de
laticnios. So importantes na deteriorao do leite, aves e outros alimentos.
1.2.1.8Acinetobactere Moraxella
So bastonetes, gram-negativos, aerbios, que vivem principalmente no solo
e na gua. Podem provocar problemas na deteriorao de alimentos conser-
vados pelo frio, especialmente carnes e pescados no processados, dos quais
so importantes deterioradores.
1.2.1.9 Escherichia, Edwardsiella, Citrobacter, Klebsiella,
Serratia, Proteus, Erwinia
Constituem a famlia Enterobacteriaceae , que se caracteriza por possuir
como representantes bactrias em bastonete, gram-negativas, facultativas,mveis e que reduzem NO
2a NO
3. Vivem no trato intestinal do homem e
de animais, mas certas espcies podem ser encontradas vivendo saprofiti-
camente em plantas ou mesmo sendo patgenos em vegetais.
De importncia, destacam-se, nessa famlia:
a) Como indicadores de contaminao fecal: Escherichia, Citrobacter,
Enterobactere Klebsiella.
b) Como deterioradores:
Proteus: deterioradores de produtos refrigerados de origem animal
(ovos, carnes, pescados e aves).
Serratia: produz pigmentos rosa e vermelho, insolveis em gua. Est
envolvida na deteriorao de pes, carnes, ovos e pescados.
Erwinia: de importncia na deteriorao de vegetais (frutas e hortalias).Algumas espcies produzem pigmentos amarelos, insolveis em gua e
de natureza carotenoide.
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21/86Microbiologia dos Alimentose-Tec Brasil 20
1.2.1.10 Pseudomonas
So bastonetes gram-negativos, aerbios, mveis. Muitas espcies so
psicrfilas e dotadas de atividade lipoltica e proteoltica. Algumas esp-cies produzem pigmentos florescentes. Vivem especialmente no solo e na
gua salgada e doce.
Aspseudomonas, de um modo geral, so importantes na deteriorao de
pescados, carnes e derivados, aves, leite e derivados, provocando problemas
tais como limosidade superficial e odores desagradveis devido atividade
proteoltica e lipoltica.
Figura 1.3: Pseudomonas fluorescensFonte: . Acesso em: 24 maio 2010.
1.2.1.11Acetobacter
Espcies deste gnero compem o grupo das bactrias acticas, pois
produzem cido actico a partir do etanol. So bastonetes, gram-nega-
tivos, aerbios.
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22/86e-Tec BrasilAula 1 Microrganismos de interesse na Microbiologia de Alimentos 21
So importantes na produo de vinagre, estando tambm implicadas na de-
teriorao de bebidas e vinagre, formando pelculas ou turvaes nos mes-
mos.Acetobacter aceti uma espcie bastante usada na produo de vinagre.
1.2.1.12 Flavobacterium
So bacilos imveis, produtores de pigmentos carotenoides, amarelos ouvermelhos, dependendo da temperatura e do substrato. Crescem melhor
temperatura abaixo de 30 C, estando envolvidos na deteriorao de
vegetais frescos e congelados, pescados, carnes e derivados.
1.2.1.13 Serratia
So bacilos imveis. As espcies importantes em alimentos so S. marcescens,
produtores de pigmentos carotenoides vermelhos, e S. liquefaciens, que causam
deteriorao de vegetais e carnes refrigeradas.
Aps estudar as principais bactrias que causam alteraes nos alimentos,
faa uma pesquisa no mercado para verificar que tipos de alteraes micro-
biolgicas voc identifica nos alimentos. Em seguida, faa uma tabela listan-
do os alimentos, condies encontradas, tipo de alterao visualizada e qual
contaminante voc sugere que esteja envolvido na alterao.
1.3 BoloresSo fungos filamentosos formados por hifas que em conjunto formam o miclio.As hifas, como j vimos na disciplina de Microbiologia Bsica, podem ser septadas,
isto , divididas em clulas que se comunicam atravs de poros, e no septadas
(ou cenocticas), com os ncleos dispersos ao longo de sua extenso.
O miclio, que tem as funes de fixao e reproduo, responsvel pelo
aspecto caracterstico das colnias que se formam. Essas colnias podem ter
um aspecto algodonoso, serem secas, midas, compactas, aveludadas, ge-
latinosas e com variadas coloraes. Geralmente, uma anlise macroscpica
da colnia formada suficiente para identificar, pelo menos, o gnero aoqual pertence o bolor.
A seguir, sero apresentados, de forma resumida, os principais bolores que
se encontram em alimentos.
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23/86Microbiologia dos Alimentose-Tec Brasil 22
1.3.1AlternariaProduzem hifas septadas e se reproduzem assexuadamente. o bolor mais
comum na deteriorao de tomates, pimentes, ma e frutas ctricas, cau-
sando o escurecimento dos tecidos.
Figura 1.4: Tomates deteriorados pelaAlternaria alternataFonte: Foto de Michelle Grabowski. Disponvel em: . Acesso em: 24 maio 2010.
1.3.2AspergillusProduzem hifas septadas e se reproduzem assexuadamente. Possuem mais
de 100 espcies das quais umas so utilizadas na produo de alimentos,
outras so deterioradoras e, ainda, encontram-se espcies produtoras de
micotoxinas.Aspergillus Niger um tipo muito comum em cascas de cebola,que aparecem como uma poeira preta.
Figura 1.5: Milho infectado porAspergillus
Fonte: . Acesso em: 24 maio 2010.
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
24/86e-Tec BrasilAula 1 Microrganismos de interesse na Microbiologia de Alimentos 23
1.3.3AureobasidiumProduz manchas pretas em camares e carne, sendo comum em frutas
e hortalias.
Figura 1.6:Aureobasidium pullulansFonte: .Acesso em: 24 maio 2010.
1.3.4 BotrytisProduzem hifas septadas. B. cinerea a espcie mais comum em alimen-
tos e importante devido podrido cinza que provoca em mas, peras,
morangos e frutas ctricas.
Figura 1.7: Botrytis cinereaem morangosFonte: . Acesso em: 24 maio 2010.
1.3.5 ByssochlamysPossuem reproduo sexuada e assexuada. As espcies B.fulva e B. nivea
possuem esporos sexuais de elevada resistncia trmica e capazes de se mul-
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25/86Microbiologia dos Alimentose-Tec Brasil 24
tiplicar e pH baixo e sob baixa tenso de oxignio, sendo ainda capazes de
produzir enzimas pectinolticas de intensa atividade. Por estas caractersticas
so deterioradores de sucos de frutas e conservas de frutas. Estas alteraes
podem vir acompanhadas de produo de gs com estufamento da lata.
1.3.6 Cladosporium, Fusarium, Geotrichum,Monlia
So comuns como deterioradores de frutas e hortalias.
Figura 1.8: Frutas contaminadas com MonliaFonte: .Acesso em: 24 maio 2010.
1.3.7 MucorMultiplica-se por brotamento ou atravs de miclios. So deterioradores de
vegetais e frutas e muitas espcies so utilizadas na produo de queijos e
alimentos fermentados orientais.
Figura 1.9: Mucorem pssegoFonte: . Acesso em: 24 maio 2010.
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
26/86e-Tec BrasilAula 1 Microrganismos de interesse na Microbiologia de Alimentos 25
1.3.8PenicilliumPossuem espcies que so utilizadas na produo de queijos. muito comum
como deterioradores de pes, bolos, queijos outros produtos.
1.4 LevedurasAs leveduras tm, na sua maioria, grande tolerncia a alimentos com baixa
atividade de gua, podendo crescer em produtos com elevadas concentra-
es de acar e sal. Participam como deterioradores de frutas, refrigerantes,
sucos, produtos lcteos, maionese e vinho. Algumas leveduras, a exemplo
da Saccharomyces, so bastante utilizadas na tecnologia de alimentos para
produo de pes, lcool e bebidas alcolicas.
Os gneros mais frequentes em alimentos so: Pichia, Sacharomyces,
Zygosacharomyces, Rhodotorula, Torulospora, Trichosporon.
Faa uma garapa de acar com 100 ml de gua e 60 g de acar. Adicione
1 g de fermento para po e homogeinize a mistura. Deixe temperatura
ambiente sem agitao por 2 a 3 dias. Observe que houve fermentao com
produo de lcool. Justifique o que ocorreu.
Resumo
Nesta aula, voc teve uma breve descrio dos gneros de bactrias, fungos
filamentosos e leveduras de maior ocorrncia nos alimentos e o papel que
cada um desempenha nos alimentos.
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27/86Microbiologia dos Alimentose-Tec Brasil 26
Atividades de aprendizagem
1. Que papis podem desempenhar os microrganismos nos alimentos?
2. Quais so as bactrias que apresentam aes proteolticas e lipolticas?
3. Que tipos de alteraes visveis podem ser observadas por ao de
bactrias proteolticas em superfcies de carnes?
4. Quais so as bactrias responsveis por vermelhido em carnes salgadas?
5. Quais as bactrias que degradam alimentos refrigerados?
6. Quais so as bactrias responsveis pela produo de pigmentos coloridos?
7. Que bactria est envolvida na produo do vinagre?
8. Como se apresentam os bolores nos alimentos?
9. Que tipos de alteraes os fungos apresentam nos alimentos?
10.As leveduras deterioram que tipos de alimentos?
11.Qual a importncia daSacharomyces?
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
28/86e-Tec BrasilAula 2 Controle do desenvolvimento dos microrganismos nos alimentos 27
Aula 2 Controle do desenvolvimento dosmicrorganismos nos alimentos
Objetivos
Entender o controle do desenvolvimento microbiano no alimento,
visando eliminar riscos sade do consumidor.
Entender a preveno ou retardamento do surgimento de alteraes
indesejveis nos alimentos.
2.1 Existem diversas maneiras para queesse controle seja exercido:
Atravs do uso de mtodos para remoo dos microrganismos presentes
(filtrao, por exemplo).
Atravs da manuteno de condies atmosfricas desfavorveis multi-
plicao microbiana (embalagem a vcuo, por exemplo).
Atravs do uso de temperaturas elevadas e do frio.
Atravs de desidratao.
Atravs do uso de conservadores qumicos.
Atravs de irradiao do alimento.
Atravs da destruio mecnica dos microrganismos (altas presses,
por exemplo).
Atravs da combinao de dois ou mais mtodos citados, geralmente a
mais empregada.
A conservao dos alimentos, do ponto de vista microbiano, envolve dois
princpios bsicos, que sero apresentados a seguir:
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
29/86Microbiologia dos Alimentose-Tec Brasil 28
2.2 Princpios bsicos da conservaodos alimentos do ponto de vistamicrobiano
a) Preservao ou retardamento da decomposio microbiana: realizado
dificultando-se o acesso de microrganismos aos alimentos, impedindo o
crescimento e a atividade de microrganismos presentes (baixas tempera-turas, desidratao, condies anaerbias ou agentes qumicos) e atravs
da destituio dos microrganismos (calor ou irradiao).
b) Preveno de injrias provocadas por insetos ou outros animais, causas
mecnicas etc. que serviro de porta de entrada para os microrganismos.
2.3 Controle do microrganismo
por remooO nmero de microrganismos presentes ir influenciar nos mtodos de conser-
vao e na qualidade do alimento. Quanto maior o nmero de microrganismos
presentes maior sero as alteraes de cor, textura, odor e sabor, decorrentes
das aes microbianas sobre os constituintes dos alimentos. Uma das manei-
ras de se controlar a carga microbiana no alimento pela remoo dos mi-
crorganismos presentes, que pode ser realizada pelos processos de lavagem,
centrifugao e filtrao. Esses processos so normalmente utilizados como
etapa auxiliar na linha de produo ou processamento.
2.4 Controle dos microrganismospor manuteno em condiesdesfavorveis
Os alimentos embalados a vcuo ou aqueles cujo ar do espao livre tenha sido
substitudo por CO2ou NO
2apresentam condies anaerbias que impedem
o desenvolvimento de microrganismos aerbios.
Faa uma pesquisa sobre o mtodo de potabilizao da gua. Observe quea reduo da carga microbiana se d atravs de etapas de floculao, sedi-
mentao e filtrao.
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
30/86
Os esporos do Bacillusanthracisso destrudos entre2 e 15 min pelo calor mido a100 C, mas com o calor seco levamais de 180 min a 140 C paraconseguir o mesmo resultado.
e-Tec BrasilAula 2 Controle do desenvolvimento dos microrganismos nos alimentos 29
2.5 Mtodos de conservaodos alimentos
2.5.1 Conservao pelo empregode altas temperaturas
A temperatura elevada um dos mtodos de maior eficincia e um dos maisutilizados na destruio de microrganismos. O calor pode ser aplicado tanto em
condies midas (vapor ou gua) quanto secas (estufa com ar quente e seco).
Calor mido
O calor mido muito mais eficiente que o calor seco para destruir os mi-
crorganismos. Isto porque o calor mido causa desnaturao e coagulao
das protenas vitais como enzimas, enquanto o calor seco causa oxidao
dos constituintes orgnicos da clula (isto , ele queima lentamente asclulas). A desnaturao de protenas celulares ocorre com temperaturas
e tempos de exposio menores que aqueles requeridos para oxidao.
Esporos bacterianos so as formas mais resistentes de vida. Por outro lado,
as clulas vegetativas das bactrias so muito mais sensveis ao calor e
so usualmente mortas dentro de 5 a 10 min pelo calor mido a 60-70
C. Clulas vegetativas de leveduras e outros fungos so normalmente
destrudas entre 5 e 10min pelo calor mido a 50-60 C. Para matar os
esporos de fungos no mesmo perodo de tempo so necessrias tempera-
turas de 70-80 C. A susceptibilidade dos protozorios e de muitos vrus
ao calor similar quela da maioria das clulas vegetativas.
O calor mido utilizado para matar os microrganismos pode ser na forma de
vapor, gua fervente ou gua aquecida, a temperaturas abaixo do seu ponto
de ebulio.
Calor seco
Calor seco ou ar quente em temperaturas suficientemente altas levam os
microrganismos morte. Entretanto, essa tcnica no to efetiva quanto o
calor mido e, portanto, so necessrias temperaturas muito altas e tempo
de exposio maior. Por exemplo, a esterilizao de vidrarias de laboratrios
(como placas de Petri, pipetas) requer um tempo de 2h de exposio a 160-180
C, enquanto a esterilizao dos mesmos materiais em uma autoclave requer
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
31/86Microbiologia dos Alimentose-Tec Brasil 30
somente 15 min a 121 C. H situaes, entretanto, em que um material no
poder ser exposto umidade e o mtodo pelo calor seco preferido.
O tratamento trmico necessrio para destruir os microrganismos ou seus
esporos varia de acordo com o tipo de microrganismo, a forma em que ele se
encontra e o ambiente durante o tratamento.
2.5.2 Fatores que afetam a termorresistnciados microrganismos
Existem alguns parmetros ou fatores que podem afetar a resistncia trmica
dos microrganismos. So eles:
1. gua: a resistncia trmica das clulas microbianas aumenta com a
diminuio da umidade. Esse fato est relacionado com a desnaturao
proteica, que ocorre mais rapidamente em ambiente hidratado que emambiente desidratado. A presena de gua permite a quebra trmica das
ligaes peptdicas, um processo que requer mais energia na ausncia de
H2O e, consequentemente, aumenta a retratividade ao calor.
2. Gordura:a presena de gordura aumenta a resistncia trmica de al-
guns microrganismos. Presume-se que o aumento na resistncia trmi-
ca esteja diretamente ligado ao fato de a gordura afetar o contedo de
gua da clula.
3. Sais: Os sais influenciam a resistncia trmica dos microrganismos de
maneira varivel, dependendo do tipo de sal, concentrao e outros fa-
tores. Alguns sais tm efeito protetor para os microrganismos, enquanto
outros tornam as clulas mais sensveis ao calor, por diminurem a ativi-
dade de gua (Aa). Alguns sais aumentam a termorresistncia das clulas
microbianas, enquanto outros (Ca2+, Mg2+, por exemplo), ao aumenta-
rem a Aa, aumentam a sensibilidade ao calor.
O cloreto de sdio, em concentraes baixas, apresenta um efeito protetor,
aumentando a resistncia trmica de alguns esporos.
4. Carboidratos:os acares parecem proteger alguns microrganismos e
esporos por diminuir a Aa, causada pelas altas concentraes de acar.
A concentrao tima para essa proteo varia de acordo com o micror-
ganismo. Os osmoflicos e os esporos so mais protegidos que os micror-
ganismos no osmoflicos. Por outro lado, existe uma grande variao
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
32/86e-Tec BrasilAula 2 Controle do desenvolvimento dos microrganismos nos alimentos 31
entre os acares e alcois relativa ao seu efeito na termorresistncia. Em
estudos realizados com cinco substncias foi encontrada a seguinte or-
dem decrescente: sacarose>glicose>sorbitol>frutose>glicerol. No quadro
a seguir podemos verificar o efeito de diferentes meios sobre o ponto de
destruio trmica da Escherichia coli.
5. pH: as clulas e esporos so mais termorresistentes em substratos com
pH neutro ou prximo da neutralidade. O aumento na acidez ou alcalini-
dade torna mais rpida a destruio pelo calor.
6. Protenas e outras substncias: a presena de protenas, assim como
a de lipdios, apresenta um efeito protetor sobre os microrganismos.
Por isso, os alimentos com alto teor proteico necessitam de tratamento
trmico mais rigoroso que aqueles com baixo contedo proteico.
7. Nmero de microrganismos: quanto maior o nmero de microrganis-
mos maior a quantidade de calor necessria para destru-los. O meca-
nismo que tenta explicar essa proteo est relacionado produo de
substncias excretadas pelas clulas e que as protegeriam. Entre essas
substncias estariam as de natureza proteica. Alm disso, considera-se
que quanto mais numerosa a populao, maior ser a possibilidade de se
ter clulas com resistncia trmica mais elevada.
8. Fase de crescimento: as clulas na fase estacionria tendem a ser maistermorresistentes, com o inverso ocorrendo durante a fase logartmica.
A termorresistncia tambm maior no incio da fase logartmica, mas
diminui conforme essa fase vai progredindo. Os esporos mais velhos so
mais resistentes que os mais jovens. Por qu? No se sabe.
Quadro 2.1: Efeito do meio sobre o ponto de destruiotrmica da Escherichia coli
Meio Temperatura de destruio trmica (C)
Creme 73
Leite integral 69
Leite condensado 65
Soro 63
Caldo 61
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
33/86Microbiologia dos Alimentose-Tec Brasil 32
9. Temperatura de crescimento: a temperatura de multiplicao das clu-
las e a de esporulao tende a influenciar na termorresistncia do micror-
ganismo. Assim, ela tende a aumenta conforme a temperatura tima de
incubao aumenta. A ordem dos microrganismos mais sensveis ao calor
a seguinte: leveduras, bolores, bactrias psicrfilas, seguidas de mes-
filas e termfilas. Os cocos so mais resistentes que os bacilos no espo-rulados. As bactrias Gram+ so mais resistentes ao calor que as Gram-.
10.Compostos inibitrios: a presena de inibidores microbianos durante
o aquecimento, como antibiticos e SO2, diminui a resistncia trmica
dos microrganismos. O efeito prtico de se adicionar os conservadores
qumicos aos alimentos antes do tratamento trmico a reduo da
quantidade de calor necessria para o tratamento trmico surtir efeito.
11.Relao tempo/temperatura: o tempo necessrio para destruio declulas e esporos sob determinadas condies diminui conforme a tem-
peratura aumenta.
Categorias de tratamento trmico
Existem duas categorias de tratamento trmico: pasteurizaoe esterilizao.
a) A pasteurizao pode ter duas finalidades distintas: destruio de
todos os microrganismos causadores de doena e no esporulados(por exemplo, a pasteurizao do leite) e destruio ou reduo do
nmero de microrganismos deteriorantes (por exemplo, a pasteuriza-
o do vinagre, de sucos).
As temperaturas de pasteurizao utilizadas para cada alimento devem ser
suficientes para destruir os microrganismos patognicos no formadores
de esporos, inclusive os de maior resistncia trmica como Micobacterium
turbeculosise Coxiella burnetti, alm de todas as leveduras, bolores, bactrias
gram-negativas e muitas gram-positivas. Os microrganismos sobreviventesso os termfilos e os termodricos. So representados pelos gneros Lac-
tobacilluse Streptococcus.
b) A esterilizao, por sua vez, significa a destruio de todas as clulas
vegetativas e esporuladas. Em alimentos, emprega-se o termo esterili-
zao comercial para indicar que nenhum microrganismo vivel pode
ser detectado pelos mtodos usuais de semeadura, ou ainda, que o n-
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
34/86e-Tec BrasilAula 2 Controle do desenvolvimento dos microrganismos nos alimentos 33
mero de sobreviventes to baixo que nessas condies de embalagem
e armazenamento insignificante. Para isso contribuem tambm o pH, o
oxignio e a temperatura de armazenamento.
Faa uma pesquisa e construa uma tabela com a temperatura x tempo de
pasteurizao para diversos produtos, tais como, suco de frutas, leite, cremede leite, vinagre, polpa de frutas.
2.6 Conservao pelo emprego de baixastemperaturas
O parmetro temperatura um dos fatores extrnsecos mais importantes na
atividade bioqumica dos microrganismos. Quanto menor for a temperatura,
menor ser a velocidade das reaes bioqumicas ou a atividade microbiana.
Em consequncia, poder-se-ia considerar que tanto o congelamento como arefrigerao so os melhores mtodos de conservao para qualquer tipo de
alimento, entretanto pode-se optar por outros mtodos por diversos fatores,
tais como: caractersticas fisiolgicas do produto, fatores econmicos e de
estocagem e comercializao.
Dois grupos de microrganismos esto envolvidos no processo de conservao
pelo emprego de baixas temperaturas. So estes:
Microrganismos psicrfilos: so aqueles cujas temperaturas de crescimen-to encontram-se na faixa de 0 C a 20 C, com timo entre 10 C e 15 C.
Microrganismos psicrotrficos: so os capazes de se desenvolver entre
O C e 7 C, com produo de colnias ou turvao do meio de cultura
entre 7 e 10 dias.
2.6.1 Classificao das baixas temperaturasa) Temperaturas frias: so as encontradas normalmente nos aparelhos
domsticos de refrigerao (5 C 7 C), e temperaturas ambientes en-tre 10C e 15C, sendo adequadas para o armazenamento de certos
vegetais e frutas.
b) Temperaturas de refrigerao: so as da faixa de 0 C a 7 C.
c) Temperaturas de congelamento: so temperaturas a -18C ou abaixo
de -18 C. Nessas temperaturas, praticamente cessa o crescimento de
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
35/86Microbiologia dos Alimentose-Tec Brasil 34
todos os microrganismos, com raras excees que o realizam em veloci-
dade extremamente baixa.
2.6.1.1 Refrigerao
A temperatura mnima de crescimento para a maioria dos microrganismos est
em torno de 10 C. Mas, como ao falar em refrigerao geralmente nos referi-mos a temperaturas inferiores a 10 C, os mesfilos no representam problema,
pois no se desenvolvem nessas temperaturas. Os microrganismos de interesses
so, pois, os psicrotrficos. Mesmo para estes, no entanto, quanto mais baixa for
a temperatura, menor ser a sua velocidade de crescimento. Assim, um alimento
sofrer deteriorao, aproximadamente, quatro vezes mais rpida a 10 C e duas
vezes mais a 5 C e 0 C.
Alguns microrganismos causadores de doenas de origem alimentar so capazes
de se desenvolver ou produzir toxinas em temperaturas de refrigerao, mas amaioria no cresce abaixo de 4,4 C. Exemplos: Yersinia enterocolitica, Listeria
monocytogenes, Clostridium botulinum tipo E, Salmonella.
Outros mtodos de conservao de alimentos so frequentemente
empregados em conjunto com a refrigerao. O uso de embalagens a
vcuo ou com CO2para excluso do oxignio retarda o desenvolvimento da
deteriorao microbiana, uma vez que os psicrotrficos so principalmente
aerbios. Processos de salga, cura, defumao ou emprego de outros
agentes qumicos, assim como o tratamento trmico brando, podem inibir
ou reduzir o nmero de microrganismos no alimento refrigerado.
Choque frio: Altera a permeabilidade da membrana celular microbiana,
havendo, em consequncia, o extravasamento de aminocidos e nucleot-
dios da clula. O choque frio uma forma direta de causar injria a clulas,
resultante da reduo da temperatura sem o congelamento do substrato.
Resfriamento rpido: tanto frutas e vegetais como leite, ovos e carnes
necessitam de refrigerao para prevenir a deteriorao.
Os alimentos devem ser refrigerados em pores pequenas, de modo a serem
resfriados completamente em um curto perodo de tempo, evitando dessa
forma um maior tempo do alimento temperatura ideal para o crescimento
dos microrganismos.
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
36/86e-Tec BrasilAula 2 Controle do desenvolvimento dos microrganismos nos alimentos 35
2.6.1.2 Congelamento
Os alimentos so congelados com a finalidade de prolongar sua vida de prate-
leira em relao quela conseguida apenas com refrigerao. As temperaturas
utilizadas so baixas o suficiente para reduzir ou parar a deteriorao causada
pelos organismos, enzimas ou agentes qumicos como o O2.
O congelamento no melhora a qualidade do produto do ponto de vista de
contaminao, entretanto tem-se demonstrado que o congelamento provoca
a morte de certos microrganismos de importncia alimentar. Ingram
resumiu alguns fatores que acontecem em certos microrganismos quando
congelados:
Alguns microrganismos morrem logo aps o congelamento.
A reduo do nmero de microrganismos menor quando o congelamentoo congelamento se d a 20 C do que quando ocorre a 2 C.
Efeitos do congelamento sobre as clulas
a) A gua contida na clula se congela, reduzindo a atividade de gua.
b) Ocorre perda de gases citoplasmticos como O2e CO
2. A perda de O
2em
clulas aerbias reprime reaes respiratrias.
c) Provoca alterao no pH da matria celular.
d) Afeta a concentrao de eletrlitos celulares.
e) Causa alterao geral no estado coloidal do protoplasma celular.
f) Causa desnaturao das protenas celulares.
g) Induz o choque de temperatura em alguns microrganismos, sendo mais
caractersticos para microrganismos termfilos e mesfilos.
h) Causa danos metablicos para algumas bactrias.
Faa uma pesquisa a respeito das bactrias psicrfilas e psicrotrficas de inte-
resse na microbiologia de alimentos.
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
37/86Microbiologia dos Alimentose-Tec Brasil 36
2.7 Conservao pelo controle da umidadeAs tcnicas utilizadas para cada mtodo de controle da umidade sero es-
tudadas na disciplina de Tecnologia de Alimentos, razo pela qual apenas
citaremos em que consiste cada mtodo. Do ponto de vista da Microbiologia
dos Alimentos, estudaremos o fundamento e os microrganismos de interesse
na conservao pelo controle da umidade.
O controle da umidade tem como princpio de conservao dos alimentos a
reduo da atividade de gua do alimento.
2.7.1 Mtodos de controle da umidade Secagem natural eliminao da gua do alimento por exposio do sol.
Desidratao temperatura, umidade e correntes de ar cuidadosamente
controlados.
Instantaneizao consiste no auxlio da secagem por substncias disper-
santes ou por processo de aglomerao.
Concentrao ou evaporao remoo de parte da gua dos alimentos.
Liofilizao processo de desidratao em condies de presso e tem-
peratura em que a gua previamente congelada a 40 C passa do estado
slido diretamente para vapor.
Os mtodos de controle de umidade muitas vezes esto associados adio
de sal ou acar.
2.7.2 Ao do sal nos microrganismosA quantidade usual adicionada pode ser suficiente para retardar ou prevenir
o crescimento microbiano.
2.7.2.1 Propriedades do sal
Aumenta a presso osmtica causando plasmlise dos germes.
Reduz a atividade de gua.
Ao ionizar-se libera ons cloro (Cl), txicos aos germes.
Reduz a solubilidade e O2na gua.
Interfere na ao proteoltica enzimtica.
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
38/86e-Tec BrasilAula 2 Controle do desenvolvimento dos microrganismos nos alimentos 37
2.7.2.2 Classificao dos microrganismos frente ao NaCl
Ligeiramente haloflico: 2 5% de NaCl. Como exemplos, temos:
Pseudomonas, Moraxella,Acinectobactere Flavobacterium.
Moderadamente halficos: 5 20% NaCl. Incluindo bactrias Gram +
das famlias Bacilaceaee Microccoceae.
Extremamente halfilos: 20 30% NaCl. Os gneros Halobacterium e
Halococcus so responsveis pela deteriorao vermelha em carnes e
peixes fortemente salgados.
Halotolerantes so capazes de crescer em meio isento de sal e com
mais de 5% de sal. As famlias Microccacea e Baciliaceae fazem parte
dessa classificao.
Os fungosAspergillus, Penicilliume, principalmente, Sporendomena Expizoum
so importantes deteriorantes de pescados salgados.
As bactrias patognicas tm crescimento totalmente inibido em concentrao
acima de 10% de NaCl, com exceo do S. aureusque nessa concentrao
no produz toxina.
Faa uma pesquisa de produtos conservados pelo controle de umida-
de e tabule os resultados relacionando o produto, a umidade e o tempode conservao.
2.8 FermentaoO mtodo de fermentao envolve a transformao do alimento atravs do
processo fermentativo e muito utilizado para a obteno de vrios produtos
como queijos maturados, leites fermentados, picles e outros que tm sua vida
de prateleira maior que sua matria-prima de origem.
Tabela 2.1: Trs exemplos de tipos de fermentao
Tipo Matria-prima Produto Agente
Alcolica Acares solveis Etanol + CO2
S. cerenisae
Actica Etanol cido actico Acetobacter
Ltica Carboidrato cido ltico Lactobacilluse Leuconostoc
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
39/86Microbiologia dos Alimentose-Tec Brasil 38
A classificao da fermentao se faz em funo do material a fermentar, do
produto da fermentao e do agente da fermentao.
Na tabela a seguir temos trs exemplos de tipos de fermentao.
2.9 Mtodo de conservao por adio deaditivos qumicos
Aditivos ou conservadores so substncias que impedem ou retardam as al-
teraes dos alimentos provocadas por microrganismos ou enzimas. Veja a
Tabela 2 a seguir.
Compre a massa crua para confeco de 2 pes. Em um dos pes adicione
sorbato de sdio na proporo permitida pela legislao. Ponha para assar.
Ponha cada um em um saco plstico e deixe-os temperatura de refrigerao.
Aps 10 dias observe o resultado.
Tabela 2.2: Os conservadores mais usados e permitidos no Brasil
Aditivos Ao Alimentos que podem ser toleradosUmidade
mg/100g
cido Benzoico
(Benzoato de sdio)
Conservador inibe
bactrias, leveduras
e fungos
Concentrados de frutas para refrigerantes
Conservas vegetais (exceto as que sejam
submetidas esterilizao)
Embalagens de queijo fundido
Margarinas
Molho
Refrigerantes
0,10
0,10
0,20
0,10
0,10
0,10
cido Srbico
(sorbato de sdio,
de potssio ou
de clcio)
Conservador inibe
leveduras e fungos
Chocolate
Concentrados de frutasConservas de carne (exclusivamente nos
revestimentos dos embutidos)
Conservas vegetais (exceto as que sejam
submetidas esterilizao)
Doces em massa
Leite de coco
Maioneses
Margarinas
Produtos de confeitaria
Queijos (nos revestimentos)
Queijo (ralado e em fatias, expostos ao
consumo empacotados)
0,10
0,10
0,10
0,10
0,20
0,10
0,10
0,05
0,20
0,10
0,10
Nitrato de sdio ConservadorLeites para fabricao de queijosQueijos
0,050,02
Nitrito de sdio ou
de potssio isolados
ou combinados
Conservador
Conservas de carne: em salmoura
Em carne picada ou triturada
Em cura seca
0,24
0,015
0,06
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
40/86e-Tec BrasilAula 2 Controle do desenvolvimento dos microrganismos nos alimentos 39
2.10 Outros mtodos de conservao
2.10.1 Radiao Radiaes tipo e
Vantagens: esteriliza dentro de qualquer tipo de embalagem sem danific-
la e sem aumentar a temperatura.
Ultravioleta desnaturante proteico.
2.10.2 Defumao um mtodo de conservao que tem como fundamento o emprego de
fumaa para inibir o crescimento microbiano.
O aldedo frmico formado a partir da queima da madeira tem ao bactericida.
Resumo
Nesta aula, voc estudou como controlar o desenvolvimento microbia-
no, visando eliminar riscos sade do consumidor, bem como prevenir ou
retardar o surgimento de alteraes indesejveis nos alimentos, utilizando os
mtodos de conservao dos alimentos.
Atividades de aprendizagem
1. Quais as finalidades dos mtodos de conservao dos alimentos?
2. Entre o calor mido e o calor seco, qual o mais eficiente? Por qu?
3. De que depende a eficincia do processo trmico?
4. Diferencie pasteurizao de esterilizao. Qual o processo mais eficiente?
E quando optamos pela pasteurizao?
5. A temperatura de pasteurizao foi definida em funo de quais
microrganismos?
6. Que microrganismos podem sobreviver temperatura de pasteurizao?
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
41/86Microbiologia dos Alimentose-Tec Brasil 40
7. Quais microrganismos so representantes dos termodricos?
8. Cite os fatores que afetam a termoressistncia dos microrganismos.
9. Diferencie microrganismos psicrfilos de psicrotrficos.
10.Quais so os microrganismos que apresentam crescimento a baixa
temperatura?
11.Sob a refrigerao possvel multiplicao de patgenos e produo de
toxinas? D exemplos.
12.Que processos auxiliares podemos utilizar para produtos refrigerados?
13.Diferencie choque frio de resfriamento rpido.
14.Diferencie refrigerao de congelamento.
15.Qual o fundamento do mtodo de conservao por desidratao e/ou
secagem?
16.Quais as propriedades do sal?
17.Classifique os microrganismos frente ao NaCl.
18.Qual a concentrao de NaCl que inibe o crescimento de patgenos?
19.Qual o comportamento do S. aureusfrente ao NaCl?
20.O que so aditivos conservadores?
21.Qual a ao dos seguintes aditivos: cido benzoico, cido srbico, nitrato
de sdio, nitrito de sdio ou potssio?
22.Cite outros mtodos de conservao.
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
42/86e-Tec BrasilAula 3 Microbiologia do leite e seus derivados 41
Aula 3 Microbiologia do leitee seus derivados
Objetivos
Estudar os contaminantes do leite durante o processo de ordenha
Estudar os contaminantes do leite cru,
Estudar os tratamentos do leite
Estudar as alteraes decorrentes dos contaminantes
Estudar os produtos da fermentao ltica.
3.1 Microbiologia do leiteO leite ao ser extrado do animal sadio j contm alguns microrganismos pro-
venientes do corpo do animal que penetram atravs dos canais galactforos
e saem misturados ao leite durante a ordenha. Ainda no processo natural de
ordenha, o leite est exposto contaminao por microrganismos encontra-dos no corpo do animal, no esterco, solo e gua. Portanto, so necessrios tra-
tamentos do leite, para se prolongar as condies saudveis ao ser humano.
Por ser um alimento rico em nutrientes, como protenas, carboidratos, lipdeos,
vitaminas, sais minerais, um alimento necessrio na vida do ser humano e tam-
bm um excelente meio para o crescimento de vrios grupos de microrganismos
desejveis e indesejveis. Esses germes contaminantes podem causar defeitos
fsico-qumicos e organolpticos, alm de problemas econmicos e de sade
pblica, limitando a durabilidade do leite e seus derivados.
3.2 Classificao dos microrganismospresentes no leite
Os microrganismos, de acordo com a ao e as correspondentes transforma-
es tecnolgicas que provocam no leite e derivados, podem ser classificados
em trs classes:
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
43/86Microbiologia dos Alimentose-Tec Brasil 42
a) Microrganismos benficos para a indstria de laticnios: j que so ne-
cessrios para as fermentaes, a formao de aromas, bem como para
decompor protenas (necessrias na fabricao de queijos).
b) Microrganismos prejudiciais para a indstria: provocam transformaes
indesejveis aos processos tecnolgicos, por exemplo, coagulao do lei-
te, modificao da cor e sabor, decomposio de protenas etc.
c) Microrganismos causadores de enfermidades (patgenos): durante o
processo de produo, elaborao, transporte, preparao, armazena-
mento ou distribuio, o leite pode estar sujeito contaminao por
substncias txicas ou por bactrias patognicas, vrus ou parasitos,
capazes de transmitir importantes doenas para o homem.
3.3 Origem da flora microbianaA carga microbiana do leite cru diz muito da sua qualidade. A contaminao
do leite usualmente ocorre na fazenda, durante ou aps a ordenha, devido
infeco dos animais e do homem e deficincia de higiene do ambiente
e dos utenslios.
O leite ao sair do bere possui uma flora varivel de 500 a 1000 microrganis-
mos/ml, podendo atingir 10000, representada por Micrococcus e Bacillus
no patognicos. Deve-se evitar a multiplicao desses microrganismos pa-
tognicos atravs de srio controle mdico veterinrio, por inspeo desde afonte de produo at o beneficiamento do produto e seus derivados.
3.3.1 Flora microbiana do leiteOs microrganismos presentes no leite cru so os mesmos encontrados no bere
do animal, na pele, no ambiente de ordenha e nas tubulaes da coleta. Sob
boas condies de ordenha (manuseio e conservao), a microbiota do leite
representada principalmente pelos gneros Enterococcus, Streptococcus,
Leuconostoc, Lactobacillus, Micrococcus, Proteus, Pseudomonas, Bacillus
e outros.
considerada flora normal do leite os microrganismos no patgenos e que
esto sempre presentes no leite aps a ordenha. Essa flora classificada
em homofermentativa e heterofermentativa, dependendo do nmero de
produtos finais obtidos em decorrncia da fermentao. As bactrias que
fermentam a lactose dando como produto principal cido ltico e pequena
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
44/86e-Tec BrasilAula 3 Microbiologia do leite e seus derivados 43
quantidade de outros produtos como cido actico, CO2, e outras substn-
cias volteis so denominados de heterofermentativas.
A seguir temos os representantes homofermentativos e heterofermentativos.
a) Flora normal homofermentativa: Streptococcus cremoris
Streptococcus lactis
Lactobacillus bulgaricus
Lactobacillus acidophillus
b) Flora normal heterofermentativa: Streptococcus diacetilactis
Streptococcus thermophilus
Leuconostoc dextranicus
Leuconostoc citrovarum
3.4 Produo higinica do leiteA obteno de um leite com qualidade higinica fator imprescindvel, pois
a quantidade inicial de bactrias do leite que vai determinar a sua qualidade.
No possvel evidentemente produzir um leite isento de bactrias, mas
possvel produzir um leite com um mnimo de bactrias.
Quando se fala em higiene na produo de leite, deve-se considerar par-
ticularmente as sujidades fsicas visveis a olho nu, pois do ponto de vistabacteriolgico so essas sujidades as responsveis pelo incio de toda conta-
minao do leite.
Cada fase da produo tem a sua importncia e cuidados devem ser obser-
vados em cada uma delas para que se possa obter um leite em condies de
ser transformado em produtos derivados de boa qualidade.
Os principais fatores que afetam a qualidade do leite so as instalaes de
ordenha ,O animal que deve estar limpo e sadio, Os utenslios que deveroser rigorosamente lavados e o tipo de ordenha( manual ou mecnica).
3.5 Tratamento do leiteO detalhamento das etapas de tratamento do leite voc ver na disciplina de
Tecnologia do Leite. Nesta aula, citaremos apenas as etapas de importncia
microbiolgica.
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
45/86Microbiologia dos Alimentose-Tec Brasil 44
a) Filtrao a filtrao do leite tem como objetivo eliminar os detritos e
impurezas que venham por ventura a cair no leite, na ocasio da ordenha.
b) Resfriamento a temperatura do leite na ocasio da ordenha (35C)
bastante favorvel multiplicao da flora microbiana. O resfriamento
do leite consiste em uma medida bastante eficaz no que diz respeito
conteno da acidificao do mesmo. Aps a ordenha, o leite deve ser
resfriado a uma temperatura de 3C a 5C.
c) Pasteurizao do leite a pasteurizao objetiva a obteno de um
leite livre de germes patognicos e da maioria dos que podem causar sua
alterao, mantendo suas caractersticas nutritivas praticamente inalte-
radas. O processo de pasteurizao reduz a digestibilidade do leite em
apenas 95% a 93% (Montes), sendo destrudas as bactrias patgenas,
particularmente a Micobacterium tuberculosis e Coxiella burnetti,
as quais foram usadas como referncia para definio de temperatura depasteurizao do leite. As temperaturas de pasteurizao do leite so su-
ficientes para destruir tambm todas as leveduras, fungos filamentosos,
bactrias gram-negativas, e muitas das gram-positivas, sobrevivendo, en-
tretanto, as termodricas. Os microrganismos no esporulados que resis-
tem pasteurizao do leite so geralmente dos gneros Streptococcus
e Lactobacillus. Os gneros Bacilluse Clostridiumcontm os termfi-
los de maior importncia em alimentos (Jay).
3.5.1 Tipos de pasteurizaoa) Rpida: consiste no aquecimento do leite a 72C a 73C, e manuteno
dessa temperatura por 15 segundos, seguido de resfriamento brusco a
32C ou 5C.
b) Lenta: consiste no aquecimento do leite a 65C e manuteno dessa
temperatura por 30 minutos, seguido de resfriamento a 32C. A maior
parte dos microrganismos produtores de acidez morre na pasteurizao,
entretanto os termoestveis que sobrevivem no se desenvolvem se o
leite conservado sob refrigerao a temperaturas entre 5C a 10C.
A eficcia da pasteurizao est na dependncia do nmero inicial de bac-
trias existentes no leite cru e do tipo de bactrias contaminantes, visto que
as esporuladas e termodricas resistem a temperaturas de pasteurizao. Se
o nmero de bactrias for muito elevado, estima-se que 5% da populao
total sobreviver ao processo de pasteurizao. Por exemplo, se o nmero
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
46/86
Quadro 3.1: Quantidade de microrganismos em 1cm3de leite
Leite Aps ordenha Aps pasteurizao
A 10.000 500
B 500.000 40.000
C - 150.000
e-Tec BrasilAula 3 Microbiologia do leite e seus derivados 45
inicial for de 5000000/ml, 5% significa 250000 microrganismos sobreviven-
tes/ml que em condies favorveis rapidamente se multiplicam (Montes).
3.5.2 Classificao do leite pasteurizadoO leite classificado em tipo A, B e C em funo da carga micro-
biana e dos cuidados higinicos, tipo de ordenha e beneficiamento. O leitetipo C proveniente de ordenha manual. O tipo B e A, de ordenha
mecnica. Para o leite ser classificado como tipo A, a pasteurizao rea-
lizada na prpria fazenda.
Esterilizao: visa a eliminao total dos microrganismos encontrados no
leite, tanto nas formas vegetativas quanto esporuladas.
3.6 Alteraes microbiolgicas no leiteSabores e odores estranhos: tanto o odor como os sabores do leite so deli-
cados e facilmente alterveis. O aparecimento de sabores e de odores estra-nhos no leite e derivados decorrente da multiplicao de microrganismos
que resistiram ao processo de pasteurizao ou de microrganismos que con-
taminaram o produto depois do processo trmico.
O sabor e odor cidos so devidos a reaes de fermentao de acares
por bactrias presentes nesses produtos, como por exemplo, a fermentao
ltica e a fermentao butrica.
O sabor amargo decorrente da presena de peptdeos devido protelise,enquanto que o sabor e o aroma de rano so devidos oxidao ou hidr-
lise da gordura do leite e derivados.
Aroma de caramelo ou queimado, semelhante ao de leite cozido, pode ser
provocado por cepas de Lactobacillus lactisvar. maltigenes.
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
47/86Microbiologia dos Alimentose-Tec Brasil 46
Odor de estbulo causado pelo desenvolvimento de Enterobacter, o de bata-
ta por Pseudomonas mucidolense o de peixe porAeromonas hydrophila.
a) Alteraes de cor: a cor do leite ou de seu creme est diretamente
relacionada s suas caractersticas fsicas e composio qumica.
As alteraes de cor podem ser devidas a outras reaes qumicas ocorridasanteriormente ao processo ou ao crescimento de microrganismos
produtores de pigmentos. Entre as cores que podem aparecer no leite,
podem ser citadas:
Azul - crescimento de Pseudomonas syncyanea.
Amarela - P. synsyaneapode causar essa cor na poro cremosa, conco-
mitantemente liplise e protelise. O gnero Flavobacteriumtambm
produz pigmento amarelo.
Vermelha - Serratia marcescense Micrococcus roseus, alm de algu-
mas leveduras, ao crescerem, produzem colnias vermelhas ou rosas na
superfcie do leite ou do creme.
b) Rancidez: as bactrias, atravs de suas enzimas lipolticas atuam sobre
as gorduras hidrolisando-as e/ou oxidando-as. Alguns dos produtos des-
sas reaes so cetonas, aldedos e cidos, no caso de oxidao, e cidos
graxos e glicerol, no caso da hidrlise. Estes compostos so responsveispelo odor e sabor caracterstico da rancificao. Os gneros responsveis
so: Pseudomonas, Alcaligenes, Bacillus, Proteus, Clostridium, alm de
bolores e leveduras.
c) Alteraes da viscosidade: esse tipo de alterao ocorre ao leite. O
material capsular das clulas bacterianas apresenta, geralmente, aspecto
mucilaginoso, sendo que a sua produo mais intensa em baixas tem-
peraturas. O aumento da viscosidade pode se dar na superfcie do leite,
devido ao crescimento deAlcaligenes viscolatis, ou ento dispersa portodo interior do lquido, devido ao desenvolvimento de Enterobacter
spp, Klebsiella oxytoca, Lactobacillus sppe Lactococcus lactis.
d) Produo de gs: esse defeito normalmente acompanhado pela acidi-
ficao do leite e derivados. As principais bactrias produtoras de gs so
os coliformes, Clostridium spp, algumas espcies do gneroBacillus
com produo de CO2.
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
48/86e-Tec BrasilAula 3 Microbiologia do leite e seus derivados 47
No leite em estado lquido, a produo de gs visualisada pela formao de
espumas na superfcie. No leite cru, os principais causadores desse problema
so as bactrias do grupo dos coliformes, enquanto que no pasteurizado, so as
espcies de BacilluseClostridium. Em queijos, os responsveis so as bactrias
propinicas e no leite condensado, as leveduras fermentadoras de sacarose.
Ponha 200ml de leite pasteurizado em dois copos de vidro, limpos e estreis,
cobertos com filme plstico. Um deles deixe temperatura ambiente, o ou-
tro ponha na geladeira. Proceda da mesma forma com leite esterilizado. Faa
as observaes das alteraes encontradas aps 24h e aps 48h.
3.7 Leites e queijos FermentadosOs produtos fermentados necessitam de uma culturastarterapropriada para
sua fabricao, para conferir ao produto a fermentao ltica necessria,bem como sabor e aroma caractersticos do produto.
Os leites e queijos fermentados tm uma caracterstica em comum: so to-
dos preparados pela multiplicao de bactrias lticas em uma variedade
apropriada do leite. O cido ltico coagula ou espessa o leite e lhe confere
um sabor cido. Os sabores caractersticos dos diferentes leites e queijos
fermentados so devidos a vrios fatores, como a composio do leite, a
temperatura de pasteurizao, as espcies bacterianas inoculadas e a tem-
peratura de incubao.
A fermentao ltica protege o leite contra a decomposio durante algum
tempo e impede o crescimento das bactrias patognicas.
A seguir confira mais detalhadamente os microrganismos que compem a
culturastarterdo iogurte e alguns produtos lcteos fermentados.
Figura 3.1: Queijos fermentados
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
49/86Microbiologia dos Alimentose-Tec Brasil 48
3.7.1 IogurteIogurte o produto resultante da fermentao ltica de leite integral ou
desnatado concentrado ou no pelo emprego da cultura ltica selecionada
de Lactobacillus bulgaricus e Streptococcus thermophilusem cultura
associada.
3.7.1.1 Organismos do iogurte
Lactobacillus delbrueckiisubspcie bulgaricus um bastonete delga-
do, imvel, Gram+, mostrando-se s vezes gram-negativo quando a cultura
velha, apresenta temperatura mnima de desenvolvimento de 22C e tima
de 45C a 50C. Em cultura pura, coagula o leite de 6 a 8h, produzindo aci-
dez bastante elevada, chegando a 2% de cido ltico (200D).
Streptococcus thermophilus um coco com formato de esfrico a ovoi-
de, gram positivo, encontrado sob a forma de cadeias de clulas em nmeroque varia de 2 a inmeras. Apresenta temperatura de desenvolvimento de
20C a 50C, sendo considerada tima de 40C a 45C. Em cultura pura,
coagula o leite de 6 a 8h, produzindo a acidez mxima em torno de 1% de
acido ltico (100D). Na presena dos lactobacillus, os cocos crescem mais
rpido que os bastonetes, produzindo uma quantidade maior de cido do
que se estivessem sozinhos.
Preparo da cultura e do iogurte:
a) Deve-se preparar em paralelo fabricao, uma cultura em condies
especiais, a fim de que sempre se possa partir de uma cultura pura pre-
parada para o devido fim.
b) O leite utilizado para fabricao do iogurte deve preencher as seguintes
condies:
acidez inferior a 20D;
aroma e sabor normais;
alto teor de slidos;
ausncia de substncias inibidoras de fermentao ltica;
ausncia de microrganismos patognicos;
teor de gordura padronizado.
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
50/86
Paralizao da fermentao10C (5C-10C)
pH= 4,2 e 4,5 0 85 a 98D. Ideal
Para dar corpo ao iogurte, evitando a dessora.
Facilita a homogeneizao
Elimina os competidores da fermentao85C x 15 seg
Temperatura ideal para inoculaoda cultura starter:
48C
2 a 3% de cultura lctea selecionadaem tanque inox com agitador
Temperatura ideal para a fermentao:T = 45C (44-47C)2h de fermentao
pH aps fermentao: 4,7ou 55 a65D
Conferir sabor. No deve ser adicionadaem etapas anteriores para no interferir
na fermentao.
Manter estabilidade do produto< 10C
e-Tec BrasilAula 3 Microbiologia do leite e seus derivados 49
Figura 3.2: Fluxograma de processamento do iogurte
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
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Alimentos e produtos
Tabela 3.1: Alguns produtos fermentados
ButtermilkblgaroIogurte1
Leite, slidosdo leite
L. delbrueckii subsp. bulgaricusL. delbrueckii subsp. bulgaricus,
S. thermophilus
BlcsTodo o mundo
Kefir Leite Lactococcus lactis, L. delbrueckiisubsp. bulgaricus, Torula ssp.
Sudoeste Asitico
Leite Lactobacillus acidophilus Vrios pases
Leite S. lactis var. taette
Farinha de trigoe iogurte
Lacticos
Leite cru de gua Lactobacillus leichmannii,L. delbrueckiisubsp.bulgaricus, Tortula ssp.
Rssia
Leite coalhado Culturasstarter lcticas Todo o mundo
Pennsula Escandinava
Turquia
Kumiss
Leite acidificado
Matria-prima Organismos Fermentadores Local de Produo
Queijos (maturados)
Taette
Tarhana*
* Similar ao kishk na Sria e ao kushuk no Ir.
1 Tambm considerados io urtes (matzoon na Armnia; leben no E ito; naa na Bul ria; iodd na Itlia; dadhi na ndia).
Microbiologia dos Alimentose-Tec Brasil 50
Defeitos do iogurte devido ao desequilbrio da cultura:
pouca resistncia de coalhada;
perda de sabor e odor tpico;
demora para coagular.
Esses efeitos so mais problemticos quando o Streptococcus organismo
dominante.
Fonte: Jay (2005, p. 141).
Com os conhecimentos adquiridos nesta aula, produza um iogurte caseiro a
partir do leite pasteurizado.
Resumo
Nesta aula, voc estudou os contaminantes do leite durante o processo de
ordenha e do leite cru, o tratamento do leite, as alteraes decorrentes doscontaminantes e os produtos da fermentao ltica.
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
52/86e-Tec BrasilAula 3 Microbiologia do leite e seus derivados 51
Atividades de aprendizagem
1. De onde provm os primeiros microrganismos que contaminam o leite?
2. Que problemas os microrganismos podem causar ao leite?
3. Quais os efeitos benficos dos microrganismos para a indstria de
laticnios?
4. Qual a variao do nmero de UFC/ml de leite ao sair do tero da vaca?
5. Como se divide a flora microbiana do leite?
6. Quais os representantes dessa flora?
7. Com que fatores devemos nos preocupar para a produo higinica do leite?
8. Quais as etapas do beneficiamento (tratamento do leite)?
9. Qual a finalidade de cada etapa?
10.Como deve ser feito o resfriamento do leite?
11.Qual o objetivo da pasteurizao do leite?
12.Que microrganismos podem sobreviver temperatura de pasteurizao
do leite?
13.Quais os tipos de pasteurizao?
14.Qual, dentre os tipos de pasteurizao, mais eficiente do ponto de vista
microbiolgico?
15.Do que depende a eficincia da pasteurizao?
16.Por que o leite pasteurizado deve ser mantido sobre refrigerao e comer-
cializado rapidamente?
17.Em que se baseia a classificao do leite em A, B e C?
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
53/86Microbiologia dos Alimentose-Tec Brasil 52
18.O que visa a esterilizao do leite?
19.Quais os tipos de alteraes que podem ocorrer no leite?
20.O que uma culturastarter?
21.O que iogurte?
22.Que tipo de fermentao ocorre no leite para produo de iogurte?
23.Quais os microrganismos envolvidos na produo de iogurte?
24.Quais as temperaturas ideais de crescimento dos microrganismos do iogurte?
25.Qual a vantagem de se utilizar a cultura mista para a produo do iogurte?
26.Quais as caractersticas necessrias ao leite para a produo de iogurte?
27.Por que o leite deve ser pasteurizado para a produo de iogurte?
28.Qual a importncia de s se adicionar acar ou frutas aps a fermentao
do leite?
29.Por que o iogurte deve ser resfriado aps a fermentao ideal e deve sermantido sob refrigerao?
30.Qual a temperatura ideal para armazenamento do iogurte?
31.Quais os defeitos que podem apresentar o iogurte?
32.Quais os outros produtos obtidos a partir da fermentao ltica?
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
54/86e-Tec BrasilAula 4 - Alteraes microbiolgicas do pescado 53
Aula 4 Alteraes microbiolgicasdo pescado
Objetivos
Estudar a microflora contaminante do pescado.
Estudar as alteraes decorrentes da ao dos microrganismos.
4.1 Qualidade microbiolgica do pescadoDo ponto de vista microbiolgico, considera-se que a carne do pescadoest livre de bactrias, e que em estado natural somente se encontram
microrganismos na pele, brnquias e intestinos e carapaas. Essa flora
microbiana oriunda das guas onde vivem ospescados, uma vez que esto
imersos em um mundo de microrganismos. Estes microrganismos existem
dentro do corpo ou sobre ele quantitativa e qualitativamente em equilbrio
biolgico. Sua permanncia pode ser contnua ou passageira, e produzem
variaes segundo a espcie do animal, habitat, estao do ano e fase do
ciclo de reproduo. Podemos citar os microrganismosmais encontrados nos
pescados frescos, tanto em gua salgada quanto em gua doce. Alm dagua,os microrganismos so adquiridos nas vrias etapas de processamento,
como descasque e escamao, evicerao, filetagem e outros.
4.2 Gneros de bactrias, leveduras efungos predominantes empescados frescos
Os gneros abaixo citados podem variar de acordo com os fatores acima
mencionados.
Alcaligenes, Aeromonas, Acinetobacter, Bacillus, Corynebacterium,
Enterobacter, Enterococcus, Clostridium, Escherichia, Flavobacterium,
Lactobacillus, Listeria, Pseudomonas, Photobacterium, Vibrio, Shewanella;
Candida, Cryptococcus, Rhodotorula,Aspergillus,Aureobasidium (Pulluraria),
Penicilium, outros .
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
55/86Microbiologia dos Alimentose-Tec Brasil 54
4.3 Fatores que influenciam no tipo evelocidade da deteriorao
Ao examinar o pescado alterado, a flora que se encontra se compe
de bacilos Gram-negativos dos gneros, PseudomonaseAchromobacter.
Muitas das bactrias produtoras de alteraes no pescado so capazes
de crescer satisfatoriamente entre 0 e -1 C a -5 C (Pseudomonassocapazes de produzir alteraes a -3 C).
As alteraes no peixe de gua doce e salgada se processam do mesmo modo,
com as diferenas relativas flora de gua salgada dos mares e a composio
qumica dos diversos peixes e, principalmente pela capacidade que tm de
utilizar, para o seu desenvolvimento, substncias nitrogenadas no-proteicas.
As alteraes no pescado so decorrentes especialmente do tipo de pescado,
das condies que se encontra o pescado capturado, tais como esgotamento
fsico durante a captura, falta de oxignio, manipulao excessiva e contedogstrico; tipo e grau de contaminao bacteriana muscular e temperatura
(quanto mais baixa a temperatura, maior a conservao).
4.4 Sinais de alteraes do pescadoAs modificaes ou alteraes do pescado para a subsequente utilizao
para o consumo lenta e gradual e de difcil identificao. Desde muito se
tem buscado um sistema prtico de determinar a qualidade do pescado.
Muitos pesquisadores so favorveis a utilizao de um mtodo baseado na
produo de trimetilamina nos pescados procedentes do mar, outros preferem
outras provas bioqumicas, tais como determinao de cido volteis, etc.
4.4.1 Sinais de alteraes que devem serobservados ao se adquirir o pescado
Peixes:
Modificao do aspecto plido brilhante para pardo/amarelo fosco;
Aumento da viscosidade da superfcie da pele ou escamas especialmente
nas guelras;
Guelras de cor rosa e, finalmente, amarelada;
Musculatura flcida, sem resistir presso;
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
56/86e-Tec BrasilAula 4 - Alteraes microbiolgicas do pescado 55
Espinha dorsal pode separar-se do msculo com facilidade;
Todo corpo muda de colorao para pardo arroxeado, como consequn-
cia da oxidao da hemoglobina;
Modificao de odor de peixe fresco para amoniacal e finalmente ptrido,devido ao indol, acido sulfuroso e outras substncias de odores desagra-
dveis;
Os pescados gordos podem apresentar odor ranoso.
Camares e lagostas:
Cabea facilmente destacvel,
Carapaa se solta facilmente;
Odor alterado.
4.4.2 Bactrias que alteram o pescadoAs primeiras alteraes so produzidas principalmente por espcies psicrfilas
(Pseudomonas,Achromobacter), depois agem espcies de Flavobacterium,
Streptococcus, Lactobacillus, Micrococcus, Leuconostoc, Proteus e
leveduras. Muitas vezes o pescado tem odor de mofo ou lama, que atribudo Streptomyces.
Imediatamente aps a captura, a microbiota apresenta-se restrita apenas ao
muco superficial, guelras e trato intestinal, com a virtual ausncia de micror-
ganismos no tecido muscular do pescado. A intensidade de contaminao
varivel em funo de fatores ambientais como temperatura das guas e
intensidade de poluio, bem como em funo das vsceras estarem ou no
repletas de alimentos.
O crescimento bacteriano no pescado aps a sua captura e ao longo do
armazenamento sob refrigerao , indubitavelmente, o principal respon-
svel pela deteriorao. A penetrao microbiana nos msculos a partir
das vsceras ou guelras ocorre com intensidades diferentes, dependendo
fundamentalmente das condies de temperatura e umidade durante o
armazenamento, ou seja, quanto mais elevada a temperatura e a umidade,
mais rpida ser a penetrao e deteriorao. No entanto, nas condies
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
57/86Microbiologia dos Alimentose-Tec Brasil 56
usuais de armazenamento , sob refrigerao, as alteraes organolpticas
e qumicas que levam rejeio do produto so fundamentalmente restri-
tas ao ataque s substncias nitrogenadas no-proteicas presentes no te-
gumento e no muco superficial; j em pescados mantidos a temperaturas
mais elevadas a penetrao bacteriana ser intensa e o tecido muscular
ser atacado pelos microrganismos.
Aps a morte do pescado, as reaes enzimticas que ocorrem nos tecidos
iro permitir a produo de substncias como aminocidos, inosina, ribose,
creatina, ureia, xido de trimetilamina e outros, que, em conjunto, constituem
as substncias nitrogenadas no-proteicas. Essas substncias so utilizadas
preferencialmente pelas bactrias, havendo gradativamente acmulo de pro-
dutos resultantes do metabolismo bacteriano e que iro influir decisivamente
na aceitao ou refeio do pescado como alimento.
4.5 Avaliao do frescor do peixeNa avaliao do frescor e da qualidade do pescado so utilizados vrios m-
todos, dos quais os mais utilizados so:
Testes organolpticosbaseados no exame externo do pescado, en-
volvendo aspectos como brilho, transparncia dos olhos, colorao pr-
pria do pescado, sem viscosidade e aroma caracterstico de peixe ou
maresia, guelras vermelhas e sem muco, tecidos resistentes pressodos dedos, vceras intactas.
Testes fsicosenvolvendo, entre outras, determinaes do pH dos te-
cidos, ndice de refrao do fluido ocular, textura do tecido muscular,
perda de gua dos tecidos etc.
Testes qumicosem que se procura quantificar a formao de compostos
de degradao, resultantes do desenvolvimento bacteriano ou de
processos autolticos ou oxidativos no necessariamente provocados pelosmicrorganismos. Ex: Bases volteis, tais como xido de dimetilamina,
trimetilamina, amnia.
Com os conhecimentos adquiridos nesta aula, v ao mercado e procure
identificar os sinais de alteraes do pescado.
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
58/86e-Tec BrasilAula 4 - Alteraes microbiolgicas do pescado 57
Resumo
Nesta aula, voc estudou a microflora contaminante do pescado e as altera-
es decorrentes da ao desses microrganismos.
Atividades de aprendizagem
1. Onde se encontram os microrganismos no pescado?
2. Quais os principais gneros de bactrias responsveis pela deteriorao
do pescado?
3. Quais os fatores que influenciam no tipo e velocidade de deteriorao
do pescado?
4. Quais os sinais de alterao do pescado?
5. De que depende a intensidade de contaminao do pescado?
6. Que tipo de substncias nitrogenadas e no-proteicas so introduzidas
aps a morte do pescado?
7. Que testes podem ser usados para avaliao do frescor do peixe?
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
59/86
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
60/86e-Tec BrasilAula 5 Microbiologia da carne 59
Aula 5 Microbiologia da carne
Objetivos
Determinar as fontes de contaminao da carne.
Identificar as medidas de controle da carne.
Definir os sintomas de alteraes da carne.
5.1 Fontes de ContaminaoOs diversos microrganismos que alteram a carne chegam a ela pela infeco
do animal vivo (contaminao endgena) ou pela invasopost mortem(con-
taminao exgena). Ambas so altamente prejudiciais, mas as alteraes
por contaminaes exgenas so as mais frequentes e no raras vezes acar-
retam graves enfermidades aos consumidores. Vamos entend-las.
5.1.1 Contaminao endgena
Antes de considerarmos as enfermidades adquiridas pelo homem atravsdo consumo de carnes procedentes de animais contaminados, faremos
referncia s transmitidas pelo contato. Entre elas, encontramos o antraz, a
tuberculose bovina e a brucelose. Alm destas, o homem adquire outras en-
fermidades ao consumir carnes de animais infectados ainda vivos. So con-
taminaes causadas por bactrias e parasitas. A principal enfermidade de
natureza bacteriana a produzida pela Salmonella. Adquire-se comumen-
te pelo consumo de carne insuficientemente cozida. A infeco do animal
bovino ou ovino pela Salmonella typhimurium ocorre geralmente na
granja. Nos prprios matadores, quando os animais ainda vivos aguardam oabate, tambm so contaminados pelos portadores de salmonelose.
5.1.2 Contaminao exgenaEmbora as contaminaes ocorram principalmente aps a morte do animal,
abordaremos principalmente o estado do sangue do animal no perodo que
precede o abate e durante o mesmo. No intestino grosso do animal vivo,
podem existir cerca de 33 x1012 bactrias viveis. A invaso dos diferentes
5/19/2018 Apostila Microbiologia Dos Alimentos
61/86Microbiologia dos Alimentose-Tec Brasil 60
tecidos e rgos corporais por estas bactrias via corrente sangunea
impedida pela membrana mucosa do trato digestivo, pelos anticorpos que
aglutinam as bactrias e pelas clulas do retculo endotelial que fagocitam as
bactrias. Uma vez que existe um equilbrio entre a invaso e a destruio dos
organismos invasores, os tecidos dos animais adultos sadios normalmente se
acham isentos de bactrias.
Tudo indica que o sistema retculo endotelial de determinadas espcies de
animais mais eficiente que em outras. A carne de certos animais se conserva
melhor em temperatura ambiente do que a de outros. A atividade fagocitria
e o contedo de gamaglobulina sofrem variaes mediante diferentes razes.
Existem, ainda, as possibilidades de contaminao em vida, j muito conhe-
cidas como condies predisponentes da invaso sangunea por microrga-
nismos intestinais: a fadiga e o stress dos animais, o jejum prolongado e,inclusive, a ingesto de alimentos. Para tanto, contribuem a prtica genera-
lizada de fazer os animais jejuarem por 24h antes do sacrifcio e a conserva-
o deficiente da carne de animais cansados, para o que, neste ltimo caso,
contribui o pH elevado.
5.1.2.1 Fontes potenciais de contaminaonos matadouros
As peles e pelos dos animais impregnados de sujidades e fezes, que
podem carrear milhes de bactrias aerbias e anaerbias;
Ar e poeira;
A gua utilizada na lavagem da carcaa, dos equipamentos, dos utenslios
(facas, serras e ganchos) e dos vrios recipientes usados;
A mo de obra utilizada.
Merece referncia especial a contaminao por contedo gastrointestinalem virtude da flora especfica.
A carne est exposta a contaminaes em todas as