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  Curso complementar   Segurança no Sistema Elétrico de Potência (SEP) e em suas proximidades

Apostila NR10 SEP Jul07

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Curso complementarSegurana no Sistema Eltrico de Potncia (SEP) e em suas proximidades

Segurana no Sistema Eltrico de Potncia (SEP) e em suas proximidades

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Segurana no Sistema Eltrico de Potncia (SEP) e em suas proximidades

Segurana no Sistema Eltrico de Potncia (SEP) e em suas proximidades SENAI-SP, 2007 Elaborado e editorado pela Gerncia de Educao da Diretoria Tcnica do SENAI-SP. Coordenao Elaborao Contedo tcnico Sandro Portela Ormond GED Adilson S. Crivellaro CFP 1.10 Amaurilho Santos dos Reis CFP 1.19 Adilson S. Crivellaro CFP 1.10 Amaurilho Santos dos Reis CFP 1.19 Max de Freitas Calil CFP 1.44 Edison Martins da Silva CFP 2.01 Luiz Otavio de Oliveira Arouca CFP 3.60 Jos Roberto Fernandez CFP 4.02 Antonio Carlos Pontieri CFP 5.01 Marcos Rodrigues Fernandes CFP 5.01 Alberto Washington Diniz CT 5.62 Donizetti Aparecido de Souza CT 5.62 Nilton Jos Maziero CT 5.69 Roberto Aparecido Rossan CFP 6.01 Sinsio Raimundo Gomes CFP 6.03 Alexandre Olimpio de Souza CFP 6.04 Silvio Geraldo Furlani Audi GED Evandro Dante Cruz Facchinetti GAEC Fbio Tadeu Ferreira GAEC Gilvan Lima da Silva

Colaborao

Coordenao editorial

SENAI

Servio Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Regional de So Paulo Av. Paulista, 1313 - Cerqueira Csar So Paulo SP CEP 01311-923 (0XX11) 3146-7000 (0XX11) 3146-7230 0800-55-1000 [email protected] http://www.sp.senai.brSENAI-SP - INTRANETAA240-06

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Sumrio

Organizao do Sistema Eltrico de Potncia (SEP)

11 11 12 15 17 17 20 26 28 31 31 32 33 33 35 45 50 50 52 52 52 53 55 57 57 58 59 63 63 63

Introduo Gerao de Energia Eltrica Transmisso de Energia Eltrica Distribuio de Energia Eltrica Generalidades A subestao e seus componentes principais Medio e Tarifas Manobras e manutenes seguras

Organizao do Trabalho no Sistema de Potncia Introduo Programao e Planejamento de Servios Trabalho em equipe Atitudes de uma equipe Pronturio e cadastro das instalaes Mtodos de Trabalho Comunicao Processos de comunicao Ouvir Provocar realimentao Exprimir O comportamento das pessoas em uma comunicao Um exerccio rpido sobre sua assertividade

Aspectos Comportamentais Introduo Tendncias O papel do lder Um clima de cooperao Um clima de empatia Um clima de confiana e responsabilidadeSENAI-SP - INTRANETAA240-06

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Um clima de negociao de expectativas Um clima saudvel na soluo de conflitos

64 64 65 65 66 66 67 71 71 71 76 77 79 79 82 84 85 85 86 87 88 88 90 91 92 96 96 96 97 97 98 98 99 100 100 100 103 103

Condies Impeditivas para servio Introduo Condies do meio ambiente externo Condies da instalao Condies do ferramental, acessrio, EPCs e EPIs

Riscos tpicos no SEP e sua preveno Introduo Proximidade e contatos com partes energizadas Induo, campo eltrico e campo magntico Descargas atmosfricas Esttica Comunicao e identificao Trabalhos em altura, mquinas e equipamentos especiais Escadas, rampas e passarelas Escadas Rampas e passarelas Andaimes Andaimes simplesmente apoiados Andaimes mveis Andaimes suspensos mecnicos Andaimes suspensos motorizados Servios em telhado Instalaes eltricas

Tcnicas de anlise de risco no SEP Introduo A anlise preliminar de riscos

Procedimentos de trabalho anlise e discusso Elaborando um procedimento de trabalho Sumrio e campo de aplicao Campo de aplicao e base tcnica e definies Competncias e responsabilidades Descrio da tarefa passo a passo e disposies gerais Medidas de controle Avaliao da qualidade, orientaes finais e rubricas

Tcnicas de trabalho sob tenso Em linha vivaSENAI-SP - INTRANETAA240-06

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Ao potencial Em reas internas Trabalho distncia Trabalhos noturnos e em ambientes subterrneos

105 105 105 106

Equipamentos e ferramentas de trabalho (escolha, uso, conservao, verificao e ensaios) 107 107 109 110 111 111 111 112 112 113 114 116 116 116 117 118 118 118 118 118 118 120 121 123 124 124 124 125 125 125 125 125 126

Bastes isolantes Cordas Escadas

Sistemas de proteo coletiva Dispositivos de Seccionamento Chaves fusveis Chaves facas Dispositivos de Isolao eltrica Dispositivos de bloqueio Dispositivos contra queda de altura Dispositivos de manobra Varas de manobra Bastes Instrumentos de deteco de tenso e ausncia de tenso Aterramento eltrico Aterramento eltrico fixo em equipamentos Aterramento fixo em redes e linhas Aterramento fixo em estais Aterramento de veculos Aterramento temporrio e equipotencializao Dispositivos de sinalizao Outros dispositivos

Equipamentos de Proteo Individual Proteo do corpo inteiro Vestimentas de trabalho Vestimentas condutivas para servios ao potencial (linha viva) Proteo da cabea Capacete de segurana para proteo contra impactos e contra choques eltricos Proteo dos olhos e face culos de proteo Creme protetor solar Proteo dos membros superioresSENAI-SP - INTRANETAA240-06

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Luvas de segurana isolantes para proteo contra choques eltricos Luvas de vaqueta Luvas de segurana para proteo das mos contra agentes abrasivos e escoriantes Mangas de segurana isolantes para proteo dos braos e antebraos contra choques eltricos Proteo dos membros inferiores Calados de segurana para proteo contra agentes mecnicos e choques eltricos Calados condutivos Perneiras de segurana isolantes para proteo de perna contra choques eltricos Proteo contra quedas Cinturo de segurana Talabarte Cinturo de segurana tipo pra-quedista Dispositivos trava queda Fita ou cabo de ao retrtil Proteo contra outros riscos

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128 128 128 129 130 130 130 131 135 137 137 139 141 143 143 144 145 146 146 146 147 149 149 150 151 160 169

Posturas e Vesturios de Trabalho Caractersticas dos materiais das vestimentas de proteo contra arcos eltricos

Segurana com veculos e transporte de pessoas, materiais e equipamentos Sinalizao e isolamento de reas de trabalho Liberao de instalao para servio, operao e uso Treinamento em tcnicas de remoo, atendimento, e transporte de acidentados

Primeiros Socorros ou atendimento pr-hospitalar? Atitudes do atendente Calma Rapidez Criatividade Bom senso Assumir a situao Obter colaborao Dar ordens claras e objetivas Afastar curiosos Quando a eletricidade fere O transporte depende do estado da vtima

Acidentes tpicos Anlise, discusso, e medidas de proteoSENAI-SP - INTRANETAA240-06

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Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5 Caso 6 Caso 7 Caso 8 Bales

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Responsabilidades Introduo Quais so as responsabilidades?

Referncia

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Organizao do Sistema Eltrico de Potncia (SEP)

Introduo A importncia em definir como organizado um sistema eltrico de potncia (SEP), abreviatura que deste ponto em diante procuraremos utilizar, de fundamental importncia para que se tenha a exata compreenso do tema. Neste captulo ser abordada de maneira ampla em que consiste a organizao do SEP e, para tanto, antes de qualquer outra abordagem cabe apresentar a definio clssica do SEP que na verdade o conjunto de equipamentos e instalaes destinadas gerao, transmisso e distribuio de energia eltrica, at a medio, inclusive (definio firmada pela NBR 5460:1981). A Disciplina Eletricidade divide-se em duas formas clssicas: a eletrosttica (parte da eletricidade que estuda as cargas eltricas em repouso, ou que no registram qualquer movimento, fluidez ou escoamento) e a eletrodinmica (parte da eletricidade que estuda as cargas eltricas em movimento, em fluidez ou escoamento). Na natureza, entretanto, somente encontramos a eletrosttica, que surge, a rigor, a partir de descargas atmosfricas, promovidas a partir de diferenas de potencial entre duas massas de potenciais diferentes, que nesse caso ser entre nuvens ou entre nuvens e o solo. A eletrodinmica s pode existir em nvel artificial, ou seja, no existe gerada por fenmenos naturais, apenas pela interveno do homem. No caso do SEP to somente a eletrodinmica ser passiva de anlise. A eletrodinmica o tipo de eletricidade produzida para fins comerciais. Empresas que possuem a concesso estatal para produo, transmisso e distribuio de energia eltrica (conhecidas como concessionrias de energia eltrica), podem ser de iniciativa privada ou de propriedade do Estado. Atualmente, no Brasil, as empresas concessionrias de energia eltrica tm a maior parte do seu capital controlado pela iniciativa privada, ficando uma pequena parte ainda nas mos do Estado. O Governo

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Federal, atravs da ANEEL Agncia Nacional de Energia Eltrica, promove a edio de regras que visam efetuar a gesto da energia eltrica em mbito nacional. Um SEP tem sua circunscrio iniciada na produo dessa energia eltrica e terminada, em tese, no ponto de consumo dessa energia. A fim de garantir o fornecimento de energia de modo a que no ocorram interrupes ou, em ltima anlise, ocorra cada vez em menor nmero, todo o sistema eltrico trabalha de maneira a colocar as usinas geradoras em paralelo, em estabilidade dinmica, a fim de evitar oscilaes nas tenses geradas. Essa estabilidade obtida por mecanismos construtivos do prprio gerador, como ser mostrado a seguir.

Representao da viso geral de um sistema eltrico de potncia tpico, composto de gerao, transmisso e distribuio de energia.

Gerao de energia eltrica O gerador eltrico nada mais que uma mquina eltrica que transforma energia mecnica em energia eltrica na forma de tenso, com a ajuda da fora magntica promovida por uma corrente eltrica, isto , com a ajuda de um campo eletromagntico girante, tendo esse movimento sendo propiciado graas a uma fonte de energia externa. A rigor, o gerador constitudo por um m indutor girando no centro de um conjunto fixo de trs bobinas colocadas fisicamente defasadas em 120 uma da outra com o mesmo valor de velocidade angular, o mesmo valor eficaz e defasagem entre as trs fases em 120.

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O objetivo de um sistema de gerao de energia eltrica , indubitavelmente, trabalhar em regime permanente, isto , com o sistema funcionando perfeitamente, com o valor da freqncia uniforme, sem variao, no caso do Brasil, em 60Hz, isto , sessenta ciclos por segundo. A fim de garantir a maior estabilidade possvel ao sistema, esse indutor girante possui enrolamentos secundrios, chamados de enrolamentos de amortecimento. Esses enrolamentos no tm qualquer funo, neles no circula nenhuma corrente, no caso do regime se caracterizar como permanente. Entretanto, quando h oscilao no sistema, por exemplo, com a diminuio da carga solicitada, h um aumento de velocidade e distoro no fluxo magntico, o que faz surgir correntes nesses enrolamentos, que tendero a estabilizar a oscilao provocada pela variao da carga. Em sua parte mais significativa, o modelo brasileiro de gerao de energia eltrica se distingue como sendo o de aproveitamento da energia cintica hidrulica fornecida por meio da diferena entre os nveis de uma grande quantidade de massa de gua represada e um rio, por exemplo, e tambm o aproveitamento de energia mecnica produzida por um motor movido a combustveis lquidos, principalmente o leo diesel. O princpio bsico nada mais que fazer com que: a. no caso da usina hidroeltrica, a passagem de uma queda dgua por uma turbina faz com que um eixo central da mesma transmita a energia cintica do fluido at o eixo de um gerador eletromecnico, que por sua vez promove a gerao de energia eltrica. Deve ser considerado o desnvel e a vazo de gua, que so inicialmente estudados. Tambm outros aspectos so levados em conta, como a geologia, topografia do terreno, a sazonalidade do sistema pluvial (chuvas), anlise histrica das vazes e, claro, o impacto ao meio-ambiente (fauna, flora, eventuais alteraes sociais da regio, etc.), alm outras variveis; e b. no caso da usina termoeltrica, a energia cintica produzida no eixo de um motor (geralmente diesel) acoplado ao eixo de um gerador eletromecnico, substitui a turbina movida pela queda dgua. A gerao de energia termoeltrica pode ainda se fundamentar no aproveitamento de fontes de energia e no estabelecimento de circuitos de um determinado fluido de trabalho (que pode ser vapor ou gs) por meio do qual se possibilitar a converso de um trabalho mecnico para energia eltrica. Na maioria dos pases desenvolvidos h uma predominncia da utilizao de centrais termoeltricas, inclusive centrais termonucleares, que se distinguem pelo aproveitamento da energia nuclear para

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aquecimento de gua, gerao de vapor, expanso desse vapor saturado, usando-o como fluido de trabalho. Esses geradores podem produzir eletricidade ou na forma de tenso contnua ou na de tenso alternada. A terminologia correta essa: gerador tem a propriedade de gerar tenso. A corrente produzida somente se uma carga colocada entre os terminais desse gerador, em funo da resistncia ou da impedncia por ela oferecida. A gerao de tenso para corrente contnua usada em pequena escala devido dificuldade operacional de se conseguir o aumento ou a diminuio dos valores de tenso e, conseqentemente, da corrente. Pelo princpio eletromagntico, a elevao de tenso no possvel em corrente contnua por meio do conhecido processo de transformao. Como a corrente cria um campo eletromagntico que varia em relao ao seu sentido de fluxo, e a corrente contnua que tem seu fluxo invarivel (no varia em funo do tempo), produzir tambm um campo invarivel, isto , polarizado, j que ela flui ou escoa unicamente num sentido. Assim sendo, o mximo que se conseguir ser criar um eletrom. Sem variao de fluxo, j definido por Lenz em uma de suas leis, no existe tenso induzida. Assim sendo, impossvel existir um transformador que no seja pelo aproveitamento da tenso alternada. Em contrapartida, a corrente alternada permite aumento ou diminuio dos valores de tenso e, por conseqncia, da corrente, o que pode ser feito por meio de transformadores. Eles induzem, por meio de uma corrente de fluxo varivel em funo do tempo nas bobinas do enrolamento primrio uma diferena de potencial, isto , uma tenso eltrica igualmente varivel nas bobinas do enrolamento secundrio. A corrente alternada facilita muito a transmisso e a distribuio de energia eltrica desde a usina de gerao (seja hidroeltrica ou termoeltrica) at os consumidores, pois graas possibilidade de sua elevao para o caso da sua transmisso por longas distncias, favorece o uso de materiais mais baratos (quanto mais elevada a tenso menor ser a corrente a escoar pelos condutores, permitindo o uso de elementos de menor seco transversal, conseqentemente mais leves e mais baratos). No Brasil a eletricidade comercial gerada em tenso alternada trifsica na freqncia de 60Hz. Um giro completo de 360 do rotor de um gerador de tenso alternada propicia que, por meio da defasagem fsica de 120 (um tero do ciclo) entre as trs bobinas fixas, a variao de fluxo magntico do rotor dotado de um indutor (bobina) 14SENAI-SP - INTRANET

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cria tenso nas trs bobinas, o que cria valores de tenso positivos e negativos, em funo da posio das linhas de fluxo em relao a cada uma das bobinas. Cada uma dessas trs bobinas absolutamente independente fisicamente e, conseqentemente, as trs fases de igual modo o so, e apresentam a mesma defasagem angular entre si.

Transmisso de energia eltrica Imediatamente aps ocorrer a gerao da energia eltrica, a sua transmisso at os seus consumidores pode ocorrer em diversas etapas e de formas distintas. Essa transmisso, que est circunscrita a partir da subestao elevadora ou rebaixadora (em geral a primeira) ps-gerao at a prxima subestao elevadora ou rebaixadora (em geral esta ltima) que ir a partir de si distribuir a energia eltrica para consumo, via de regra, d-se em alta tenso, por motivo de economia, j que quanto maior for a tenso menor ser a corrente, o que acarretar na reduo da seco transversal dos condutores, reduzindo seu peso (menor peso especfico) e, por conseqncia, tambm reduz a necessidade de se ter torres de sustentao altamente reforadas. Os materiais mais comuns usados nessas torres so o metal (ao ou alumnio), concreto e madeira (aroeira, massaranduba, ip e cabreva), podendo ainda ser do tipo rgida, semi-rgida, flexvel ou presa por estais (estaiadas).

Subestao tpica de transmisso de energia eltrica. A transmisso pode ser feita em tenso contnua ou em tenso alternada, que a mais utilizada.SENAI-SP - INTRANET

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Na transmisso de energia eltrica o material condutor mais utilizado o alumnio, por ser mais leve e mais barato que o cobre. Por exemplo, para que se possa transmitir, por meio de um cabo de alumnio, a mesma corrente transmitida num cabo de cobre a seco transversal do cabo deve ser 1,6 vez a do cobre e 1,2 vez o dimetro do de cobre. Em contrapartida, o alumnio tem 50% do peso especfico do cobre. A liga utilizada composta de alumnio, magnsio, ferro e silcio (conhecida como liga Aldrey). Esses cabos devem possuir a mais alta condutibilidade possvel a fim de minimizar as perdas Joule. Mas os valores de tenso da transmisso no so escolhidos aleatoriamente. So levados em conta aspectos como a distncia entre a gerao e o consumo, o percurso, os acidentes geogrficos a serem transpostos (montanhas, vales, etc.), o tipo de solo, a segurana do sistema, a altura necessria para manterem-se os circuitos fora do alcance na maior distncia possvel, o acesso s equipes de manuteno e a potncia instalada. Uma central hidroeltrica pode gerar tenso eltrica em corrente alternada em 13.800 Volts, passar por uma subestao elevadora de 13,8/230kV, depois de uma certa distncia passar por uma subestao abaixadora de 230/34,5kV, em seguida, depois de outra certa distncia tornar a passar por outra subestao abaixadora de 34,5/13,8kV. Ser ento distribuda pelos logradouros por meio de postes ou por sistema subterrneo onde, por meio de transformadores abaixadores, a tenso ser ofertada em 220/127 V, por exemplo, em sistema trifsico -Y. A guisa de informao, a partir da central hidroeltrica de Itaipu, h dois circuitos sendo um em 500kV/60 Hz e outro em 500kV/50Hz. Esse ltimo alimenta uma estao conversora para corrente contnua em 600kV que segue por cerca de 800km at Ibina-SP. A principal razo que justifica o uso da transmisso em corrente contnua , justamente, o aproveitamento total da seco transversal do condutor, o que tambm representa economia, associada reduo do valor da intensidade de corrente e reduo do peso prprio do condutor. O primeiro circuito, em 60Hz, passa por uma subestao de 500kV/750 kV em 60Hz em Foz do Iguau-PR e da segue por cerca de 900km at Tijuco Preto-SP.

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Distribuio de energia eltrica Generalidades O estudo da distribuio de energia eltrica tem por objetivo o planejamento, o projeto, a construo e a manuteno desses sistemas. No seu escopo est includo, basicamente o estudo: a. das caractersticas da carga (seu comportamento); b. das quedas de tenso (manuteno da tenso nominal numa determinada faixa, chamada de faixa de tenso favorvel, isto , os valores mximo e mnimo de tenso nos quais os equipamentos operam em regime normal, sem prejuzo de sua vida til; existe ainda a faixa de tenso tolervel, ou seja, os valores mximo e mnimo de tenso que os equipamentos suportam por perodo de tempo transitrio); c. da regulao dessas tenses (que se d entre dois instantes no mesmo ponto); d. do dimensionamento de transformadores (potncia); e. do dimensionamento dos condutores (capacidade de conduo de corrente), e da confiabilidade do sistema (qualidade do servio, confiabilidade do servio, isto , qual o tempo mdio mnimo possvel para interrupes no fornecimento de energia eltrica a uma dada regio e, por fim, a oferta de energia, isto , a quantidade oferecida diante de uma demanda requerida). Nesse subitem trataremos ainda de subestaes, componente que limita a transmisso e, a partir do qual se origina a distribuio propriamente dita.

Configurao tpica da distribuio de energia eltrica em rea urbana

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Dos tipos de energia disponveis atualmente, a energia eltrica a de maior uso pelo o homem, pois atravs dela que so movidos os grandes conglomerados de produo industrial, transportes, comunicao, lazer, etc. A energia eltrica se apresenta de diversas formas. A de maior uso a energia eltrica alternada, que se apresenta nos campos e nas cidades atravs de condutores, que pode ser distribuda em diversos nveis de tenso. Estudaremos, neste captulo, somente a energia eltrica distribuda em baixa tenso, pois nesse nvel que as concessionrias, responsveis pelo fornecimento, efetuam as medies de consumo de seus clientes, atravs de medidores de Kwh (Relgios de luz), objetivo deste trabalho. Existem basicamente dois tipos de fornecimento de energia eltrica em baixa tenso a saber: Sistema ligado em Estrela no primrio e Delta no secundrio (Y ), atravs de transformadores monofsicos, com ou sem neutro; Sistema ligado em Delta no primrio e Estrela no secundrio ( Y), atravs de transformadores trifsicos, com ou sem neutro. Para cada tipo de fornecimento, existem equipamentos de medies adequados, conforme ser demonstrado. Outros dados bsicos so: a. a similaridade entre consumidores (quanto sua localizao, ainda quanto natureza de seus equipamentos); b. crescimento histrico num determinado perodo, e c. plano de expanso da rede de distribuio. A NBR 5410:2004 em seu tem 4.2.2.1. (esquemas de condutores vivos), letra a, define para a corrente alternada os sistemas: a. monofsico a dois condutores (FF ou FN); b. monofsico a trs condutores (FFN); c. bifsico a trs condutores (FFN, com neutro derivado do centro da bobina do secundrio do transformador monofsico nesse caso cada fase tem senides opostas, isto , quando uma atinge seu valor mximo positivo, no mesmo instante a outra atinge seu valor mximo negativo); d. trifsico a trs condutores (FFF geralmente fechamento em tringulo); e e. trifsico a quatro condutores (FFFN geralmente fechamento em estrela). 18SENAI-SP - INTRANET

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Pode-se ter o sistema trifsico a trs condutores tambm num fechamento em estrela, conseqentemente sem o neutro. De igual modo pode-se ter o sistema trifsico a quadro condutores no fechamento tringulo. Neste ltimo, o neutro deriva do enrolamento de uma das fases do secundrio do transformador. Caso clssico, predominante principalmente na regio da Grande So Paulo, implica em alguns cuidados prticos: entre o neutro e as fases ligadas ao enrolamento do qual foi derivado existir uma tenso igual metade das tenses de linha. Por esse motivo no permitido o uso do quarto fio para alimentao de cargas de luz ou utenslios domsticos. A tenso entre uma fase no-derivada (conhecida como quarto fio ou terceira fase) e esse neutro ser aproximadamente 1, 73 vezes maior que a tenso fase-neutro em uso na instalao. Assim sendo, se a tenso entre qualquer uma das fases-derivadas e o neutro for de 115 Volts, a tenso entre o quarto fio (fase no-derivada) e o neutro ser de cerca de 199 Volts: Tenso entre fase-derivada e neutro: 115 Volts Tenso entre fase-no derivada e fase-derivada: 230 Volts Ento: 115 + 230 = 345 Volts Como se trata de uma soma no aritmtica, em funo das tenses estarem defasadas entre si, precisar ser dividida por 3: Ento: tenso entre fase-no derivada e neutro = 345 / 3 = 199,19 Volts. Nesse sistema so utilizados transformadores monofsicos de vrias capacidades diferentes, sendo os mais usados os de 5, 10, 15, 25, 37,5, 50, 75 e 100kVA de potncia aparente. As fases esto dispostas de duas formas bsicas na distribuio de energia: a montagem horizontal e a montagem vertical. A montagem horizontal utilizada para a distribuio em tenso primria, geralmente em 13.800 Volts de tenso nominal. Tomando-se como referncia o lado da rua, no sentido da rua para a calada, a seqncia das fases D, E e F. Quanto s montagens verticais, utilizadas na baixa tenso, h alguns anos, tomandose como referncia o lado do consumidor, na montagem vertical a seqncia era, de cima para baixo, a seguinte: fase R, Neutro, fase S e fase T (a seqncia tambm

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conhecida como fase A, Neutro, fase B e fase C, justamente aquela que conhecida como quarto fio). A subestao e seus componentes principais Com a finalidade de transformar a energia eltrica recebida e entreg-la, de maneira conveniente, aos seus consumidores, a subestao compreende os seguintes equipamentos: 1. de manobra; 2. de transformao; 3. de converso (se houver alm da modificao de tenso tambm houver modificao da freqncia); e 4. de estrutura. Elas se subdividem em trs grupos bsicos que so as primrias (ou de transformao), secundrias (ou de distribuio) e industriais: a. primrias: destinadas transmisso de energia eltrica; b. secundrias: transformam, convertem ou subdividem a energia a ser distribuda; c. industriais: transformam a energia do sistema de distribuio em energia sob condio de utilizao direta pelo consumidor. Existem basicamente quatro tipos clssicos de subestao: 1. area: possui os dispositivos de proteo e controle instalados na prpria estrutura da subestao. Normalmente montada em postes ou plataformas ao ar livre, recebendo a alimentao por ramal de entrada areo e est limitada a determinadas potncias, em funo da concessionria de energia; 2. interna: localizada dentro de construo de alvenaria, sendo facilmente acessvel manuteno e operao, alm de possuir proteo contra interferncias externas, proteo em tela metlica ou esquadria especial para as reas de utilizao, assim como ramal de entrada subterrneo, atravs de dutos. A construo que abriga a subestao pode ser independente ou fazer parte do edifcio do consumidor; 3. blindada: uma subestao interna, na qual seus componentes ficam abrigados em invlucros, que se configuram como compartimentos em chapa de ao, e que permite que todos os dispositivos e manobra (disjuntor e chave seccionadora) possam ser operados externamente. muito comum quando h necessidade de se reduzir a influncia dos campos eletromagnticos a nveis mnimos;

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4. subterrnea: empregada onde a rede de distribuio j do tipo subterrnea e de propriedade do cliente, diferenciando-se apenas em relao subestao interna (item 2, que possui alimentao oriunda de rede area de distribuio).

Vista de uma subestao industrial do tipo blindada O tipo mais comum a industrial interna rebaixadora, tendo o seu princpio de funcionamento descrito da seguinte maneira: a. a alimentao em alta tenso recebida de um ramal areo da concessionria, em poste prximo ao local da instalao da subestao (responsabilidade da concessionria de energia); b. no poste so instalados os pra-raios e as chaves seccionadoras (responsabilidade da concessionria), que tambm so dispositivos de proteo, quando a corrente de at 200A (chave fusvel, ou, como popularmente chamada, chave Matheus); c. por meio de uma mufla (dispositivo mecnico, terminal de ligao, que permite a conexo de um cabo a um barramento, a uma chave ou a outro cabo, preservando os valores de tenso de isolamento de linha) o cabo trifsico da subestao emendado aos fios da rede de distribuio na sada da chave seccionadora; d. j na parte interna da subestao, a alimentao chega atravs do cabo trifsico tambm terminado em uma mufla para permitir a conexo ao barramento interno da subestao, atravs de chaves seccionadoras; e. entre a mufla interna e a seccionadora interna tambm instalado um pra-raio, que j responsabilidade do proprietrio das instalaes; f. aps a segunda chave seccionadora esto ligados ao barramento da subestao os equipamentos destinados s medidas de energia consumida nas instalaes, ouSENAI-SP - INTRANET

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seja, o quilo-Watt-hormetro (mede kWh) e o medidor de quilo-Volt-Ampere-reativohora (mede kVArh), que recebem informaes atravs dos transformadores de potencial (TP), instalados entre fases e dos transformadores de corrente (TC) que so monofsicos (por esse motivo diz-se que a medio indireta, ou seja, os medidores no esto diretamente na alta tenso, mas dependem de transformadores que rebaixam tenso e corrente para valores compatveis com os aparelhos de medio); g. depois da medio, outra chave seccionadora montante do disjuntor geral de alta tenso; h. aps o disjuntor geral o barramento alimenta outra chave seccionadora que antecede o transformador rebaixador de tenso, por exemplo, de 13.800 para 220 Volts; i. da sada do secundrio do transformador parte alimentao ao barramento do quadro geral de baixa tenso (QGBT) ou quadro de distribuio geral (QDG), instalado fora dos limites da subestao; j. a partir do QGBT feita, portanto, toda a distribuio dos circuitos em baixa tenso atravs de fusveis e disjuntores. A chave seccionadora se caracteriza por ser um dispositivo que no interrompe circuitos sob carga, sendo necessria sua manobra ser feita de maneira suave, porm rpida e decisiva se estiver sob tenso. A verificao das facas aps a abertura fundamental, pois preciso ter certeza absoluta de que se abriram completamente. Tambm no fechamento os contatos devem ser inspecionados devendo estar perfeitamente encaixados e no existir qualquer tipo de faiscamento.

Chave seccionadora tpica de uma subestao industrial interna

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O disjuntor geral de alta tenso possui a prerrogativa de ser o nico dispositivo de manobra em condies de ser manobrado em carga. Os que operam em corrente contnua so conhecidos como ultra-rpidos, a fim de no permitirem que a corrente de curto-circuito atinja valores muito altos. Em corrente alternada os disjuntores dispem de dispositivos corta-arco que podem ser: a. a leo mineral (podendo ser de pequeno ou de grande volume de leo); b. a gs SF6 (hexafluoreto de enxofre, um gs inerte e de excelentes propriedades interruptoras e isolantes; um dos compostos mais estveis e puros sob condies normais de servio, sendo ainda no-inflamvel, no txico e inodoro; meras 2 ou 3atm de presso so suficientes para que seu poder dieltrico exceda o do leo), muito usados em alta tenso e apresentam vantagens tais como peso reduzido (60% menor que o de um disjuntor a leo equivalente), operao silenciosa ( o mesmo nvel de rudo de um disjuntor a leo equivalente operando sem carga), e manuteno simplificada; e c. a vcuo (possuindo vantagens de ser mais econmico e tecnicamente superior, pois possui dieltrico permanente, com cmaras hermticas, no sendo afetadas pelo meio ambiente; possui resistncia de contato constante, no havendo oxidao, garantindo baixssima resistncia de contato; pode interromper correntes elevadssimas devido ao reduzido desgaste dos contatos).

Equipamento disjuntor instalado numa subestao industrial interna Alm dos contatos fixo e mvel e a cmara de extino de arco-voltico, basicamente os rels de sobrecarga, de curto-circuito, e de infratenso (ou sub-tenso).SENAI-SP - INTRANET

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O rel de sobrecarga ajustvel, e atua baseado no efeito trmico causado pelo excesso de corrente, e de maneira inversamente proporcional: quanto menor o tempo de atuao, maior ser o valor da corrente na sobrecarga. J o rel de curto-circuito um dispositivo de ao instantnea, ou ainda com retardo ajustvel. E o rel de infratenso desarma o disjuntor por meio de dispositivo eletromecnico acionado quando a tenso est em nveis inferiores nominal. Outro componente importantssimo no contexto da subestao justamente o transformador de fora e distribuio de energia eltrica. Construtivamente ele se compe de enrolamentos primrios e secundrios, bem como do ncleo magntico, normalmente confeccionado de chapas de ferro-silicioso, laminadas a frio, de perdas reduzidas. O bobinado (enrolamentos) isolado em papel com caractersticas dieltricas especiais, principalmente se forem permanecer em contato com meio lquido. Atualmente os lquidos isolantes mais usados em transformadores so leo mineral e o leo vegetal. Ambos tm funo isolante e refrigerante.

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Na foto acima so vistos transformadores monofsicos e trifsicos avariado aguardando recondicionamento O transformador conta ainda com o rel de gs, conhecido como rel Buchholz (pronuncia-se Bcous), que protege o equipamento contra defeitos internos, que se fazem sentir por fluxo de leo, indicando a formao de gases provenientes da combusto do meio lquido. Possui alto preo de aquisio e sua ligao se faz entre o tanque e o conservador. equipado com vlvulas de retirada de amostra de gases, permitindo assim, pela anlise dos mesmos, determinar a sua origem. Esse rel possui ainda indicador de nvel de leo e nvel da quantidade de ar ou gs acumulado em sua abbada. Todo transformador em leo possui uma vlvula de respiro em sua parte superior, atravs da qual se processa a compensao da variao interna das presses, devido dilatao do leo mineral pelo efeito Joule. O tanque do transformador o elemento que liberta o calor transferido por meio lquido, alm de suportar o peso de toda a sua parte ativa e dos isoladores, principalmente quando a montagem feita em postes, por meio de ganchos. Constitudo em chapa reforada, o tanque pode ser liso em pequenos transformadores ou dotado de radiadores, que so tubos com ou sem aletas para troca do calor com o meio externo. Deve garantir perfeita estanqueidade e suportar as presses necessrias em condies adversas at determinado limite.SENAI-SP - INTRANET

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Dentro do tanque, o leo aquecido pelas perdas nos enrolamentos e no prprio ncleo, quando assume o movimento ascendente (o leo se torna menos denso ao ser aquecido). Ento conduzido aos radiadores e toma o movimento descendente, dissipando a caloria com o meio externo. esse tipo de movimento, conhecido por conveco, que garante o funcionamento do transformador em condies de sobrecarga, quando o aquecimento da parte ativa se registra mais intensamente. O resfriamento do leo pode se dar de maneira natural, chamado de resfriamento natural (LN), ou por ventilao forada (LVP) quando, neste ltimo caso, a potncia mxima permissvel maior que no caso da natural, devendo ser observada nos dados de placa do transformador. Medio e tarifas

Por meio dos instrumentos de medio, a concessionria de energia eltrica levanta os dados para efetuar a cobrana do custo da energia por ela fornecida. Alm do consumo em kWh e em kVArh, ela vale-se tambm da potncia ativa (em kW), ou demanda, potncia reativa (em kVAr) e fator de potncia (cosseno ou simplesmente cos). O sistema tarifrio dividido em diversos grupos e subgrupos, de acordo com suas caractersticas especficas: a. grupo A: para consumidores de alta tenso de distribuio (acima de 2.300 Volts ou 2,3kV); b. grupo B: para consumidores em baixa tenso de distribuio (entre 110 e 440 Volts).

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Os subgrupos so os seguintes: I. II. III. IV. V. VI. VII. VIII. IX. A1 para tenses iguais ou superiores a 230kV; A2 para tenses entre 88 e 138kV; A3 para tenso de 69kV; A3a para tenses entre 30 e 44kV; A4 para tenses de 2,3 a 25kV; B1 para a classe residencial; B2 para a classe rural; B3 para as demais classes; e B4 para iluminao pblica.

A tarifao do grupo B leva somente em considerao a energia consumida no perodo, medida em kWh somada ao ICMS (imposto sobre circulao de mercadorias e servios). Como s o consumo considerado, o preo escalonado, sendo o valor da conta igual ao produto entre o consumo medido e o valor unitrio por kWh, e as faixas so as seguintes: At 30kWh; de 31 a 100kWh; de 101 a 200kWh; de 201 a 300kWh, e acima de 300kWh.

Vale salientar que quanto maior a faixa mais caro se torna o custo unitrio do kWh, ou seja, quem consome at 100kWh mensais, por exemplo, paga menos por kWh em relao de quem consome acima de 250kWh. J a tarifao do grupo A dividida em dois modelos, o convencional e o horo-sazonal. No modelo convencional a conta de energia calculada levando-se em considerao o consumo mensal de energia eltrica em kWh e a demanda mensal em kW, para um perodo mdio de 30 dias. Para o modelo tarifrio horo-sazonal so considerados os seguintes parmetros: horrio de utilizao da energia eltrica, a regio do Pas e o perodo do ano. Esse modelo se divide, no Estado de So Paulo em duas sub-tarifas: a azul e a verde. Existem aspectos a serem considerados na escolha de qual das duas tarifas seja a mais conveniente.

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O critrio para escolha da sub-tarifa deve ser estabelecido considerando os seguintes enquadramentos: tarifa azul: consumidor suprido com 69kV ou mais, independente da demanda; tarifa azul ou verde: consumidor suprido com menos de 69kV, com demanda superior a 500kW; e tarifa azul, verde ou convencional: consumidor suprido com menos de 69kV, com demanda inferior a 500kW. O custo do kWh e do kW variam de acordo com o horrio e do perodo do ano. So outros parmetros importantes no cenrio da distribuio de energia eltrica. So eles: Horrio de ponta: composto por trs horas consecutivas definidas pela concessionria, em funo do seu sistema eltrico, perodo esse a ser estabelecido entre 17h00 e 22h00 de segunda a sexta-feira. Na regio da Grande So Paulo o horrio de ponta entre 17h30min e 20h30min; Horrio fora de ponta: so as outras vinte e uma horas dirias que complementam o horrio de ponta, incluindo sbados e domingos; perodo mido: so cinco meses consecutivos, compreendendo os fornecimentos abrangidos pelas leituras do ms de dezembro de um ano at o ms de abril do ano seguinte (perodo em que as chuvas so mais abundantes); e perodo seco: so sete meses consecutivos, compreendendo os fornecimentos abrangidos pelas leituras do ms de maio a novembro do mesmo ano (perodo em que as chuvas so mais escassas). Manobras e manutenes seguras Deve ser observado sempre, em qualquer situao, o procedimento determinado pela empresa no que diz respeito ativao e desativao de uma subestao. A NR 10 estabelece em seus itens 10.5. as etapas bsicas do trabalho, fundamentadas no princpio da desenergizao e da reenergizao, j estudados no mdulo bsico (curso bsico do anexo II da NR 10, denominado curso bsico em segurana em instalaes e servios com eletricidade). Que se encontram transcritos abaixo:10.5 SEGURANA EM INSTALAES ELTRICAS DESENERGIZADAS 10.5.1. Somente sero consideradas desenergizadas as instalaes eltricas liberadas para trabalho, mediante os procedimentos apropriados, obedecida a seqncia abaixo: a. seccionamento; b. impedimento de reenergizaes; c. constatao da ausncia de tenso; d. instalao de aterramento temporrio com equipotencializao dos condutores dos circuitos; e. proteo dos elementos energizados existentes na zona controlada (Anexo II); e f. instalao da sinalizao de impedimento de reenergizao.

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10.5.2 O estado de instalao desenergizada deve ser mantido at a autorizao para reenergizao, devendo ser reenergizada respeitando a seqncia de procedimentos abaixo: a. retirada das ferramentas, utenslios e equipamentos; b. retirada da zona controlada de todos os trabalhadores no envolvidos no processo de reenergizao; c. remoo do aterramento temporrio, da equipotencializao e das protees adicionais; d. remoo da sinalizao de impedimento de reenergizao; e e. destravamento, se houver, e religao dos dispositivos de seccionamento. 10.5.3 As medidas constantes das alneas apresentadas nos subtens 10.5.1 e 10.5.2 podem ser alteradas, substitudas, ampliadas ou eliminadas, em funo das peculiaridades de cada situao, por profissional legalmente habilitado, autorizado e mediante justificativa tcnica previamente formalizada, desde que seja mantido o mesmo nvel de segurana originalmente preconizado. 10.5.4 Os servios a serem executados em instalaes eltricas desligadas, mas com possibilidade de energizao, por qualquer meio ou razo, devem atender ao que estabelece o disposto no item 10.6. (SEGURANA EM INSTALAES ELTRICAS ENERGIZADAS).

Importante salientar que o Legislador estabeleceu no subitem 10.5.1.a. o seccionamento como primeiro passo, o que no deve ser interpretado como sendo o desarme puro e simples da seccionadora que, como j estudado no curso bsico, um dispositivo que no pode ser desarmado em carga. Portanto, fica subentendido o referido item como englobando duas aes: o desligamento (do disjuntor), e o seccionamento propriamente dito, feito no mbito da chave seccionadora. Essa idia fica clara no subtem 10.5.2.e., quando o mesmo Legislador orienta a ser realizado destravamento, se houver, e religao dos dispositivos de seccionamento. , portanto suficiente adotar os procedimentos descritos, salvo no caso do subtem 10.5.3., quando o profissional qualificado, habilitado e autorizado dever avaliar a necessidade de alterao dessa seqncia, seja suprimindo passos ou acrescentando etapas, isso em funo de cada situao, quer seja por evoluo ou at mesmo por precariedade tecnolgica. fundamental que haja uma programao rigorosa quanto manuteno preventiva das subestaes como um todo, a fim de garantir o seu perfeito funcionamento. A fim de garantir a segurana mais eficiente na operao e na manuteno de cabines primrias est oferecida abaixo uma relao de itens que podem ser incorporados a procedimentos de trabalho nessas importantes reas: 1. o acesso cabine dever permanecer sempre fechado; 2. nenhuma manobra deve ser feita precipitadamente; 3. as manobras somente podero ser executadas de acordo com as instrues especficas;SENAI-SP - INTRANET

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4. em caso de dvida, nunca executar a manobra; 5. as manobras executadas devem ser sempre conferidas; 6. verificar as condies da cabine ou da subestao; 7. sempre que possvel, manobrar pelo comando eltrico distncia; 8. a chave seccionadora no for motorizada, deve ser operada com convico; 9. ao efetuar manobras em cubculos blindados verificar antes a identificao do mesmo; 10. durante a manobra de ligar ou desligar disjuntor de cubculo o colaborador nunca deve se posicionar em frente para o mesmo, expondo o corpo; 11. o operador dever alertar as pessoas prximas; 12. utilizar os EPCs adequados para a sinalizao; 13. em casos de incndios, utilizar o extintor adequado e desligar todas as fontes de energia que alimentam a parte afetada.

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Organizao do Trabalho

Introduo De acordo com o texto da nova NR 10 em seu subitem 10.11.7., antes de iniciar trabalhos em equipe, os seus membros, em conjunto com o responsvel pela execuo do servio, devem realizar uma avaliao prvia, estudar e planejar as atividades e aes a serem desenvolvidas no local, de forma a atender os princpios tcnicos bsicos e as melhores tcnicas de segurana aplicveis ao servio. No se concebe um trabalho, qualquer que seja, sem o mnimo de organizao. E essa organizao, como cita o subitem 10.11.7 da NR 10, passa necessariamente, pelas etapas abaixo: a. avaliao prvia; b. estudo; e c. planejamento de atividades e aes. Tratando-se de segurana em instalaes e servios em eletricidade, basicamente, a primeira anlise necessria aquela que procura identificar, avaliar e tratar aquilo que chamamos de risco. Intrinsecamente existe o risco de choque eltrico, mas alm dele, h tambm os chamados riscos adicionais. Entretanto, essa avaliao, alm de considerar os riscos envolvidos na tarefa e as medidas preventivas adotadas, deve forosamente considerar quem so os membros da equipe, os seus responsveis, o nvel de tenso com o qual se vai interagir, o local de trabalho, data e horrio de incio, e finalmente data e horrio de concluso. S aps essa avaliao inicial que se realiza um meticuloso estudo sobre as atividades que devero ser realizadas. E de uma maneira a simplificar esse raciocnio, cabe colocar como matria-prima desse estudo os dados da avaliao prvia, como tambm a execuo de umSENAI-SP - INTRANET

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procedimento de trabalho, em detalhes, passo a passo, fazendo constar na ordem de servio todas as etapas, a fim de conectar de modo eficiente toda a documentao necessria (anlise de riscos, dados tcnicos do trabalho e caractersticas fsicas e tcnicas do local). Na seqncia ento se estabelece por meio de um plano de aes o que fazer (a etapa), como fazer (a descrio), a justificativa da necessidade de se realizar a tarefa, o tempo previsto at a concluso dos trabalhos, os colaboradores envolvidos (liderana e liderados) e, finalmente, se possvel, os custos envolvidos na tarefa (mode-obra, material, ferramental, aluguel de equipamentos, etc).

Programao e planejamento dos servios O planejamento constitui o processo de elaborar, pensar e fazer previses estabelecendo fatos para atingir um objetivo final, utilizando dados iniciais obtidos por pesquisas ou consultas, para poder prever e integrar todos os elementos pertinentes a um problema, pois disso depender o sucesso da tarefa. O planejamento facilita o aproveitamento do tempo, dos materiais, do equipamento e do pessoal. Sem planejamento, perde-se tempo, se gasta energia, e o servio sai mal feito, isso significa tambm, perda de dinheiro. As seis perguntas abaixo permitem estabelecer um plano de atividades com antecedncia para cada tarefa. O que? Com qu? Onde? Como? Quem? Quando? O que ou quanto dever ser feito? A resposta a uma dessas perguntas indica a meta a ser alcanada, mostrando os passos do servio ou as quantidades que devem ser feitas. Onde dever ser feita? Esta resposta leva a escolher o local para fazer a tarefa. Por local, entende-se: a parte da obra, o setor, o posto de trabalho, a mquina, etc.

Com que esta tarefa dever ser feita? Esta resposta mostra tudo que vai ser utilizado na execuo: equipamentos, materiais, ferramentas, etc. Quando dever ser feita? Esta resposta estabelece o prazo para a realizao. Deve ser marcada uma data para incio e uma para trmino das partes do servio ou das quantidades que devem ser feitas.

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Quem dever fazer? Esta resposta permite saber quais as pessoas que devem participar da execuo, desde a categoria profissional (pedreiro, marceneiro, ajudante) at o nome das pessoas (Joo, Carlos, Pedro, etc.).

Como dever ser feita? Esta resposta mostra qual a maneira de fazer a tarefa, isto , determina o mtodo de trabalho.

Alm de responder essas perguntas, o planejamento deve prever, tambm, um sistema de controle e avaliao que permita, com segurana, alcanar o objetivo determinado de acordo com o que foi programado.

Trabalho em equipe O trabalho em equipe surge diante da necessidade da execuo de uma tarefa que necessite de mais de um indivduo, para alcanar um objetivo comum: Segue abaixo alguns princpios para se formar uma equipe: Objetivos comuns (participar dos mesmos propsitos); Dependncia recproca para a satisfao das necessidades (ajuda mtua); Conscincia de equipe; Comunicabilidade entre os membros da equipe; Habilidade de atuar de forma unitria; Comprometimento com resultados; Oportunidades democrticas no processo de tomada de deciso; Transparncia e confiana mtuas.

Atitude de uma equipe: Sempre que estiver participando de uma discusso em equipe, procure: Compreender bem qual o objetivo da atividade e o tempo estipulado para a sua realizao. Solicitar maiores esclarecimentos, fazendo algum gesto com as mos a fim de que sua voz no se sobreponha de quem est com a palavra. Interferir somente quando estiver com dvida real ou uma nova contribuio a acrescentar. Dar seguimento a ltima idia apresentada. Ser objetivo. Controlar a ansiedade de querer falar muito, no dando oportunidade a outrasSENAI-SP - INTRANET

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pessoas ou fazendo monoplio da discusso. Ajudar na soluo de conflitos, se houver, propondo a reflexo sobre fatos e no sobre opinies apenas. Usar sabedoria de humor: rir com os outros e no dos outros. Saber aproveitar as discordncias, porque idias diferentes podem enriquecer a equipe. Melhorar a capacidade de ouvir, especialmente quando h uma crtica relacionada com o desempenho da equipe. Em uma equipe, as decises que influenciem nas atitudes da mesma, devem ser geradas atravs do consenso de seus participantes, s assim todos acataro as decises sem reclamaes, pois as decises refletiro o pensamento da equipe. No mbito ocupacional, o trabalho em equipe valoriza cada membro da equipe e permite que todos faam parte de uma mesma ao. Isso alm de possibilitar a troca de conhecimento, decisivo nas relaes interpessoais, uma vez que traz motivao para o grupo no sentido de buscar de forma coesa os objetivos traados. O trabalho em equipe d a chance a cada um de dar e receber, os sentimentos de: a. sentirem-se queridos, alvos do afeto dos demais; b. sentirem-se aceitos, apesar das deficincias individuais; e c. sentirem-se importantes, mesmo que exponham opinies de pouca importncia. O preo a pagar no trabalho em equipe basicamente composto de: a. cada vez maior volume de atividades; b. responsabilidade cada vez maior; c. nvel de comprometimento crescente; d. capacidade em ser flexvel. Mas o principal benefcio advindo do pagamento desse preo a liberdade, que colocamos aqui em cinco medidas: criatividade (liberdade para expressar seu pensamento criativo, sua idia, buscando solues por vezes no convencionais, no achando que o fato de pensar diferente implica em se estar errado, ou mesmo recear um deboche); participao (liberdade para opinar, colocar seu ponto de vista, expor seu raciocnio, sem recear ferir qualquer ego por isso); 34SENAI-SP - INTRANET

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viso de futuro (liberdade de perscrutar, especular, vislumbrar possibilidades, ainda que no sejam compartilhadas por outros membros do grupo); questionamento de posies (liberdade em ter, talvez e eventualmente, uma opinio contrria dos demais, sem recear qualquer mudana de comportamento dos outros apenas por ter exposto sua idia e ser ela oposta deles); e

desenvolvimento do senso crtico (liberdade para se colocar de maneira construtiva uma crtica a uma ao ou postura, sem que haja bloqueios de qualquer natureza).

Pronturio e cadastro das instalaes A NR 10 especifica quais so os documentos bsicos de uma instalao eltrica: a. procedimentos de instrues tcnicas e administrativas de segurana e sade implantadas na empresa e que digam respeito a instalaes e servios em eletricidade; b. as inspees e medies do sistema de pra-raios e do sistema de aterramentos eltricos instalados na empresa (no apenas medies do aterramento, mas incluindo uma inspeo na instalao fsica); c. a especificao de todos os EPIs (equipamentos de proteo individual) e EPCs; d. (equipamentos de proteo coletiva), bem como todo o ferramental aplicado nas instalaes eltricas da empresa; e. todos os comprovantes de cursos dos eletricistas, tcnicos e engenheiros da empresa, bem como do curso bsico da NR 10 e/ou do curso complementar da NR 10; f. resultados dos testes de isolao eltrica dos EPIs e EPCs utilizados pelos profissionais da empresa em instalaes energizadas; g. se houver reas classificadas (sujeitas a explosividade) na empresa, os equipamentos e materiais eltricos instalados nessas reas devem possuir certificaes de que atendem s normas oficiais para essa aplicao; h. e o relatrio tcnico de inspees atualizado onde constem recomendaes, cronograma de adequaes de tudo que diga respeito aos itens anteriores. Todos esses documentos devem ser elaborados por profissional legalmente habilitado, ou seja, que tenha qualificao profissional em nvel tcnico e que disponha de inscrio no conselho de classe (no caso o CREA, Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia). E no foi toa que grifamos as palavras chaves dos sete

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itens acima. So essas as palavras que do o sentido do Pronturio de Instalaes Eltricas (o P.I.E.): procedimentos; inspees; especificaes; comprovantes; resultados de testes; certificaes; e relatrio tcnico.

Seguem abaixo as definies das palavras chaves constantes na documentao do Pronturio de Instalaes Eltricas: Procedimentos: documento formal que demonstra a seqncia de operaes a serem desenvolvidas para a realizao de um determinado trabalho, com a incluso dos recursos materiais e humanos, medidas de segurana e circunstncias que impossibilitem a sua realizao. Inspees: registros formais de exames, vistorias, fiscalizaes ou revises de equipamento ou instalao eltrica, com base numa recomendao oficial, seja norma tcnica ou regulamentadora. Especificaes: descrio detalhada e formal de equipamento eltrico, de parte ou de toda uma instalao eltrica, apontando individualmente cada componente, bem como suas caractersticas particulares, de modo preciso e explcito, esmiuando-o integralmente. Comprovantes: documento formal que corrobora, demonstra ou evidencia inequivocamente que uma determinada ao ou medida foi tomada, seja corretiva ou preventiva. Como no caso do item 10.2.4.d. que trata de cpias dos diplomas, certificados de treinamento, autorizaes individuais e de carteiras de habilitao profissional (CREA). Resultados de testes: concluso de ensaio de material que submetido a procedimento de averiguao de suas caractersticas fsicas estabelecidas em norma tcnica, na forma de um documento formal, emitido por rgo tecnicamente homologado pela autoridade pblica, que indicar se esse material se presta ou no a finalidade a qual se destina. Certificaes: documento formal que cientifica sobre a certeza ou verdade com respeito s caractersticas de determinado material ou equipamento, em conformidade com padres que sejam mundialmente ou nacionalmente aceitos, isto , que assevera ou que atesta que, de fato, determinado produto atende prescries normativas.

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Relatrio tcnico de inspees: documento assinado por profissional habilitado e autorizado que, na forma de uma relao escrita, exposto de maneira circunstanciada, isto , pormenorizado, pontua todos os fatos e dados constatados e comprovados atravs de exames, vistorias, fiscalizaes, ou revises de documentos, equipamentos ou instalao eltrica, sendo preferencialmente ilustrado com fotografias, e que narre as eventuais anomalias encontradas em confronto com um padro normativo, propondo recomendaes para a correo dos desvios, oferecendo um cronograma de adequao para que tudo o que estiver fora do padro exigido seja corrigido dentro de prazos previamente estabelecidos e factveis. Cada um desses documentos, citados no item 10.2.4. da NR 10, deve ser renovado periodicamente, medida que a instalao eltrica evolui ou venha a se adequar de algum modo s necessidades dos usurios ou das normas tcnicas e/ou regulamentadoras em vigor. Isso assevera que o P.I.E. no termina quando concludo, por mais estranha que parea a frase: nunca definitivo, nunca ter imutabilidade sendo, ao contrrio, dinmico, ajustado continuamente, enquanto as instalaes eltricas existirem no local, e na forma especificada pela NR 10. Por isso que no subitem 10.2.6. da NR 10 foi estabelecido que o P.I.E. deve ser organizado e mantido atualizado. Se existe essa recomendao, sinal claro que ele pode ser mantido desatualizado, justamente pelos motivos acima expostos. O propsito do legislador , puramente, o de levar as empresas a conservarem sua documentao em ordem, como diz o termo em Ingls, as-built, ou seja, refletir exatamente o fsico das instalaes. Segundo o subitem 10.2.4 da NR 10, o P.I.E. (pronturio de instalaes eltricas) obrigatrio a todas as empresas com carga instalada superior a 75kW (quilo-Watts). E lembrando que, indubitavelmente, carga instalada no o mesmo que carga demandada. Carga instalada leva em conta cada ponto de tomada de uso geral, iluminao, tomadas de uso especfico, motores e todos os pontos de consumo, ainda que tenham sido projetados, executados, mesmo que subutilizados. Entretanto, embora no claramente includo no P.I.E., conforme subitem 10.2.3. da NR 10, as empresas esto obrigadas a manterem esquemas unifilares atualizados das suas instalaes eltricas, bem como a especificao do seu sistema de aterramento e de seus dispositivos de proteo.SENAI-SP - INTRANET

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Para o caso de uma empresa realizar trabalhos em proximidade do sistema eltrico de potncia (S.E.P.), isto , onde haja gerao, transmisso e distribuio de energia at a medio (inclusive), necessrio, alm de tudo isso j citado acima, tambm acrescentar: a. a descrio dos procedimentos para situaes de emergncia, e b. a certificao dos EPIs e EPCs adquiridos e utilizados pelos seus funcionrios que trabalhem nas instalaes do sistema eltrico de potncia. Alm de tudo isso, a empresa obrigada a manter o projeto eltrico dentro de especificaes estabelecidas na NR 10 em seu item 10.3, inclusive quanto ao memorial descritivo desse projeto. Ele deve ser mantido disposio de autoridades, dos funcionrios que lidam com as instalaes e de outras pessoas autorizadas pela empresa e deve ainda ser mantido atualizado, o que subentende mant-lo em correspondncia com as instalaes no fsico (subitem 10.3.7.), alis como j dito acima. E obrigao da empresa que o projeto observe todas as normas tcnicas oficiais e seja assinado por profissional habilitado, isto , um profissional qualificado com registro no CREA (subitem 10.3.8.). A NR 10 no diz explicitamente que o projeto eltrico faz parte do P.I.E. Entretanto, quando ao determinar a obrigatoriedade das empresas manterem os esquemas unifilares (isso mesmo, no plural) atualizados das suas instalaes eltricas, isso subentende que seja tanto o diagrama unifilar bsico como todos (e no quase todos) os desenhos das instalaes (que fazem parte do projeto, j que este se constituiu de memorial descritivo, desenhos, catlogos, etc.). Mas no se pode esquecer que h recomendaes muito enfticas quanto ao projeto como um todo (tem 10.3). Faz-se necessrio, portanto, separar bem as coisas: 1. uma coisa montar o Pronturio de Instalaes Eltricas para a empresa (isto , confeccionar e reunir tudo o que a empresa necessita numa grande pasta, seja ela virtual ou fsica, se situe em um ou mais de um local na entidade); 2. outra coisa elaborar, ou refazer, ou atualizar o projeto eltrico, que conta de desenhos, memorial, etc. E o citado no nmero 2 acima, principalmente, no um trabalho de fcil execuo, em absoluto. No seremos ns que iremos subestimar um trabalho de tamanho vulto, 38SENAI-SP - INTRANET

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ultra necessrio a todas as empresas que se enquadrem no disposto no subitem 10.2.4. da NR 10. Porm, cada empresa necessita encontrar seu mecanismo de gesto adequado sua realidade e cultura. Atualizar um diagrama unifilar, assim como a realizao de um meticuloso cadastramento de suas instalaes prediais requer tempo, pacincia, competncia, insistncia e, principalmente, pessoas comprometidas com a meta projetada, que no desistam na primeira ou na segunda dificuldade. A periodicidade pode ser trimestral (em abril faz-se a atualizao dos desenhos que sofreram modificao no fsico das instalaes entre janeiro e maro; em julho faz-se a atualizao dos desenhos que sofreram modificao no fsico das instalaes entre abril e junho, e assim por diante), semestral, ou outra periodicidade menor, no sendo recomendado um espao de tempo maior que esse, tendo em vista o tamanho da tarefa de se atualizar todos os desenhos de uma planta, por exemplo, de natureza industrial e metalrgica, que h doze meses no efetuou qualquer ajuste nos desenhos para que correspondessem realidade do fsico. Na nova NR 10 fica clara a necessidade de se contemplar, basicamente, duas necessidades prementes: primeiro a de criar uma gama de documentos que funcionaro como provas de ocorrncias ou eventos (inspees, descrio de acidentes, descrio de anomalias) e outros que desempenharo a funo de orientao (procedimento, avaliao prvia, etc.); e segundo, a de anexar ao projeto uma srie de adequaes, seja em nvel de desenho, seja em nvel de memorial descritivo. A fim de contribuir na plena compreenso do propsito que cada um dos documentos tem na implantao da plenitude da NR 10, convm que seja oferecida a definio de cada um dos temos que sero citados adiante. anlise: expresso na forma de um documento que decompe um todo em elementos, e a partir da feito um exame minucioso de cada um desses elementos, permitindo a partir dos efeitos chegar-se s causas; instruo: a formalizao de um ensino de algo que traga conhecimento e esclarecimento, seja quanto a um procedimento ou com respeito causa de um evento;

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autorizao: um documento que expressa um consentimento, no qual quem consentido est revestido de autoridade para realizar aquilo que lhe foi creditado; soa muito prximo do que se define por permisso, porm mais ampla que especfica;

permisso: a formalizao de uma licena, uma liberdade ou a possibilidade de uma deciso; soa muito prximo do que se define por autorizao, porm mais restrita a uma determinada ao;

ordem de servio: um documento que tem poder de determinao ou mandado para que um servio seja executado segundo procedimento existente; uma disposio que, se no cumprida, submete o ordenado a sanes administrativas; uma prescrio imperativa;

previso: ao formal de preveno, isto , algo que se formaliza com o intuito de que uma situao nociva no venha a ocorrer; configurao: a maneira de se exprimir o aspecto de uma instalao, por meios grficos, a representao grfica ou figurativa de uma instalao; indicao: maneira formal de apontar, lembrar ou ainda fazer meno a algum detalhe importante num projeto eltrico, seja na parte grfica ou na parte descritiva; descrio: a maneira de se exprimir o aspecto de uma instalao por meios narrativos, por meio de palavras, de maneira minuciosa e enumerada; e a formalizao de uma advertncia ou de um conselho acerca de uma determinada situao ou procedimento.

Aqui, portanto, segue a relao de documentos e aes em nvel de projeto que, juntamente com o P.I.E. so necessrias plena implantao da regulamentao normativa da nova NR 10: 1. anlises de risco para todas as intervenes em instalaes eltricas, a fim de que sejam adotadas medidas de controle do risco eltrico, especficas para cada tarefa, e que estejam integradas s aes existentes no sistema de Gesto Integrada (segurana, sade e meio-ambiente) subitem 10.2.1; 2. procedimento de desenergizao como medida de proteo coletiva prioritria (desligamento, seccionamento, impedimento de reenergizao, constatao de ausncia de tenso, instalao de aterramento temporrio com equipotencializao dos condutores dos circuitos, proteo dos elementos energizados existentes na zona controlada e instalao da sinalizao de impedimento de reenergizao) e, na impossibilidade de sua utilizao, empregar tenso de segurana subitens 10.2.8.2 e 10.5.1;

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3. outros procedimentos como medida de proteo coletiva: isolao de partes vivas, obstculos, barreiras, sinalizao, sistema de seccionamento automtico de alimentao e bloqueio do religamento automtico subitem 10.2.8.1.1; 4. especificar vestimenta necessria adequada s atividades desenvolvidas, contemplando condutividade, inflamabilidade e influncias eletromagnticas subitem 10.2.9.2; 5. instruo quanto proibio do uso de adornos pessoais nos trabalhos com instalaes eltricas ou em suas proximidades com a devida gesto de conseqncia subitem 10.2.9.3; 6. autorizao formal quanto ao profissional responsvel pela superviso dos servios subitem 10.4.1; 7. relatrios peridicos de testes nos sistemas de proteo, conforme regulamentaes existentes subitem 10.4.3.1; 8. instruo quanto proibio da utilizao dos locais de servios eltricos, compartimentos e invlucros de equipamentos e instalaes eltricas para armazenamento ou guarda de quaisquer objetos subitem 10.4.4.1; 9. procedimento para reenergizao constando de retirada das ferramentas, utenslios e equipamentos; retirada da zona controlada de todos os colaboradores no envolvidos no procedimento de reenergizao; remoo do aterramento temporrio da equipotencializao e das protees adicionais; remoo da sinalizao de impedimento de reenergizao; destravamento; rearme dos dispositivos de seccionamento; e, por fim, a religao do dispositivo disjuntor subitem 10.5.2; 10. instruo de que todo servio realizado em instalao desenergizada mas com possibilidade de ser reenergizada por qualquer meio ou razo, deve ser considerado como sendo um servio desenvolvido em instalao energizada subitem 10.5.4; 11. procedimento de interrupo de servios se caso for detectada iminncia de ocorrncia que coloque um ou mais colaboradores em perigo subitens 10.6.3 e 10.6.5; 12. instruo de que todo servio realizado em alta tenso energizada, assim como os trabalhos realizados no SEP no podem ser realizados por um nico colaborador, mas por pelo menos dois colaboradores autorizados subitem 10.7.3; 13. criao de ordem de servio especfica para servio realizado em alta tenso energizada, assim como os trabalhos que interajam com o S.E.P., com data, local e assinatura da liderana responsvel pela rea na qual o servio ser executado,

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constando na ordem ainda as referncias aos procedimentos a serem adotados subitem 10.7.4; 14. procedimento de avaliao prvia a ser executada antes de iniciar trabalhos em alta tenso energizada subitem 10.7.5; 15. procedimentos especficos para trabalhos em alta tenso energizada, devidamente assinados por profissional autorizado, devendo ser padronizados, com descrio detalhada de cada tarefa, passo a passo, constando de, minimamente, objetivo, campo de aplicao, base tcnica, competncias e responsabilidades, disposies gerais, medidas de controle e orientaes finais subitens 10.7.6. e 10.11.3; 16. procedimentos gerais para os trabalhos, devidamente assinados por profissional autorizado, devendo ser padronizados, com descrio detalhada de cada tarefa, passo a passo, constando de, minimamente, objetivo, campo de aplicao, base tcnica, competncias e responsabilidades, disposies gerais, medidas de controle e orientaes finais subitem 10.11.3; 17. comprovao de testes eltricos ou ensaios de laboratrio de todos os equipamentos, ferramentas e dispositivos isolantes ou equipados com materiais isolantes destinados a trabalho em alta tenso, primeiro em obedincia ao fabricante; segundo, aos procedimentos da empresa; na ausncia desses, deve ser realizado anualmente subitem 10.7.8; 18. permisso formal para servios em instalaes eltricas em reas classificadas subitem 10.9.5; 19. incluir nos procedimentos de trabalho adendo quanto sinalizao de segurana que dever atender: a identificao dos circuitos eltricos; travamento e bloqueio de dispositivos e sistemas de manobra e comandos; restries e impedimentos de acesso; delimitaes de reas; sinalizao de reas de circulao, de vias pblicas, de veculos e de movimentao de cargas; sinalizao de impedimento de reenergizao; e quanto identificao de equipamento ou circuito impedido subitem 10.10.1; 20. instruo formal a todos os trabalhadores com atividades no relacionadas s instalaes eltricas, mesmo que desenvolvidos em zona livre e na vizinhana da zona controlada, visando terem condies de identificar, avaliar e adotar precaues contra os riscos eltricos e adicionais subitem 10.8.9; 21. incluir no plano geral de emergncia da empresa as aes que envolvam instalaes e servios com eletricidade subitem 10.12.1; 22. procedimento formal quanto ao mtodo de resgate de vtimas, de maneira padronizada e adequada atividade de cada empresa, tornando todos os meios disponveis para sua aplicao subitem 10.12.3; 42SENAI-SP - INTRANET

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23. procedimento formal de fornecimento de todas as informaes necessrias aos colaboradores a fim de conhecerem os riscos a que esto expostos, incluindo instruo dos procedimentos e medidas de controle a serem adotadas diante dos riscos eltricos subitem 10.13.2; 24. procedimento formal de proposio e adoo de medidas preventivas e corretivas sempre que porventura ocorra um acidente de trabalho envolvendo instalaes e servios com eletricidade subitem 10.13.3; 25. procedimento formal de documentao de interrupo de servios em funo do exerccio do direito de recusa, em funo da constatao de evidncia de risco grave e iminente para o colaborador subitem 10.14.1; 26. autorizao formal por parte da empresa a todos os colaboradores qualificados, capacitados ou habilitados subitem 10.8.4; Ao projeto de instalaes eltricas e ao memorial descritivo devero ser anexados: a. especificao de dispositivos de desligamento de circuitos que possuam recursos para impedimento de reenergizao para sinalizao de advertncia com indicao da condio operativa subitem 10.3.1; b. previso da instalao de dispositivo de seccionamento de ao simultnea que permita a aplicao de impedimento de reenergizao do circuito subitem 10.3.2; c. previso de espao seguro no que diz respeito ao dimensionamento e a localizao de seus componentes e as influncias externas, tanto quando da operao como da realizao de servios de construo e manuteno subitem 10.3.3; d. previso de instalao em separado de circuitos com finalidades diferentes, a mesmos que o desenvolvimento tecnolgico permita compartilhamento subitem 10.3.3.1; e. configurao do sistema de aterramento, se ser obrigatrio ou no a interligao com o condutor neutro e o condutor de proteo e tambm quanto conexo terra das partes condutoras no destinadas conduo de eletricidade subitem 10.3.4; f. previso do uso de dispositivos de seccionamento que j incorporem recursos fixos, no mveis, de equipotencializao e aterramento do circuito seccionado; g. previso de condies para a adoo do aterramento temporrio subitem 10.3.5; h. manter o projeto disposio de todos os colaboradores autorizados, das autoridades de mbito Municipal, Estadual e Federal, devendo ser mantido atualizado, assim como atender todas as prescries normativas do Ministrio do Trabalho e Emprego, assim como as normas tcnicas oficiais em vigor,SENAI-SP - INTRANET

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sendo assinado por profissional legalmente habilitado, isto , com registro no Conselho de Classe subitem 10.3.7; i. especificao das caractersticas relativas proteo contra choques eltricos, queimaduras e outros riscos adicionais (trabalho em altura, em ambiente confinado, em local sob ao de campos eltricos e magnticos, em ambiente explosivo ou rea classificada, em ambiente com excesso de umidade ou poeira, em ambiente que exponha a flora ou a fauna); indicao de posio dos dispositivos de manobras de circuitos eltricos (verde D - desligado e vermelho L ligado); j. descrio do sistema de identificao de todos os circuitos eltricos e dos equipamentos, assim como equipamentos de manobra, de controle, de proteo, de intertravamento, dos condutores e os prprios equipamentos e estruturas, e como essas indicaes sero aplicadas fisicamente a esses componentes; k. recomendaes de restries e advertncias quanto ao acesso de pessoas aos componentes das instalaes; l. descrio das precaues aplicveis em face das influncias externas; que se destinam segurana das pessoas que constarem do projeto; n. descrio da compatibilidade dos dispositivos de proteo com a instalao eltrica; e o. prever condies para que os colaboradores possam trabalhar sob iluminao segura e adequada, bem como numa posio de trabalho igualmente segura. So nada mais, nada menos que vinte e seis documentos e mais dezesseis anexos ao projeto, alm de todos os nove documentos necessrios ao P.I.E., que totaliza cinqenta e um trabalhos efetivamente escritos, isso sem o desdobramento dos procedimentos de trabalho (um para cada tarefa especfica) e eventualmente outros documentos. Um trabalho que requer flego e muita insistncia de pessoas dispostas a tornar a teoria em prtica. O que no se pode considerar ou analisar racionalmente impossibilidades, se que queremos de fato tornar a NR 10 na empresa uma realidade. No h receita de bolo nica, a gesto de implantao da NR 10 numa empresa no vale para outra, mesmo que seja do mesmo segmento. O diferencial de cultura, filosofia de trabalho, mtodos de gesto, perfil das pessoas e sua localizao, entre outras variveis fazem uma diferena enorme no resultado final. 44SENAI-SP - INTRANET

m. descrio do princpio de funcionamento de todos os dispositivos de proteo

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Assim sendo, tendo ou no condies de realizar sozinha essa tarefa, a empresa deve atentar tanto questo de conscincia de sua responsabilidade social em cumprir uma regra legal (na forma da NR 10, que tem seu objetivo central em promover medidas de controle e aes preventivas para a sade e a segurana de todos os que trabalham direta ou indiretamente com eletricidade), como a que envolve a prpria necessidade de reduo de custos (seguradora, eventuais autuaes por parte de uma fiscalizao por parte da D.R.T., necessidade de possuir certificaes internacionais que a capacitem a competir com melhores condies no mercado globalizado, reduo ou eliminao dos riscos por conta da adoo das medidas previstas na NR 10 no tocante a adicional de periculosidade aos colaboradores, entre tantas outras questes).

Mtodos de trabalho fundamental para o sucesso das operaes de uma tarefa, que estas se apiem em um perfeito casamento da soluo adotada, das caractersticas de segurana requeridas e dos materiais utilizados, ou seja, em um mtodo de trabalho seguro. Da, a essencial importncia da exatido do diagnstico fornecido pela equipe ao operador. justamente por esse cuidado, ou seja, o cuidado com a confiabilidade das informaes e proposies fornecidas, que a equipe no pode agir desorientadamente. A adoo explcita de um roteiro de trabalho pr-definido e de um mtodo crtico de anlise condio para o bom cumprimento de sua principal tarefa, qual seja, diagnosticar, compreender a natureza da segurana afetada e a dinmica de desenvolvimento de atividades correlatas. Fase do trabalho Objetivo Principais cuidados

Planilha para anlise das operaes de uma tarefa. Identificao do trabalho: Definir claramente o trabalho e reconhecer sua importncia.

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Observao: Investigar as caractersticas especficas do trabalho com uma viso ampla e sob vrios pontos de vista. Anlise: Descobrir as causas fundamentais. Plano de ao: Conceber um plano para bloquear as causas fundamentais. Ao: Bloquear as causas fundamentais. Verificao: Verificar se o bloqueio foi efetivo (Bloqueio foi efetivo?). Padronizao: Prevenir contra o reaparecimento do problema. Concluso: Recapitular todo o processo de soluo do problema para trabalho futuro. Para que se possa concluir qual o objetivo que se tem ao se estabelecer um mtodo de trabalho, necessitamos recorrer definio clssica do termo. Antes, porm, vale a pena pinar, entre muitas, duas interpretaes interessantes a respeito disso. 1. mtodo o caminho pelo qual se chega a determinado resultado, ainda que esse caminho no tenha sido fixado de antemo de modo refletido e deliberado (Hegenberg, 1976); 2. mtodo um procedimento regular, explcito e passvel de ser repetido para conseguir-se alguma coisa, seja material ou conceitual (Bunge, 1980). Na primeira interpretao, a tnica considere a possibilidade do imprevisto. Isso no significa renegar o mtodo estabelecido, mas ajust-lo a percalos do caminho rumo ao alvo. Se o mtodo no est, num determinado momento, implicando no acerto desse alvo, algo precisa ser feito. Ainda que a deciso implique em riscos. A avaliao correta deve ser feita, isto , perguntar-se: qual o maior risco? Seguir o mtodo e errar o alvo, ou corrigir a rota e ter mais chance de acertar no resultado? J na segunda, vemos que o resultado vem quando atuamos insistente e repetitivamente. Parece claramente contrapor-se idia da primeira interpretao.

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Por isso importante saber que, na verdade, o resultado vem quando atuamos de maneira insistente e repetitivamente, mas no sem a sensibilidade de que temos necessidade de considerar a possibilidade de ocorrer um imprevisto. Esse imprevisto pode tanto ser uma condio insegura, ou mesmo um ato inseguro, embora ambos tenham condio de serem previsveis amplamente. Mtodo ainda sinnimo de uma composio de um processo racional (isto , algo que pensado, ponderado, pesado, medido e finalmente formalizado) para se chegar a um determinado alvo. Na verdade trata-se, em resumo, de uma maneira ou modo de se proceder. No ensino de uma Disciplina Escolar, por exemplo, h que se definir o mtodo, ou seja, a ordem ou sistema que se segue no estudo daquele tema. Para compor este material, por exemplo, foi necessrio observar, minimamente, um mtodo, um processo ou uma tcnica que permita, a quem quer que seja, que tenha acesso a ele chegar da maneira mais simples possvel ao conhecimento do contedo que o material se prope a multiplicar. Uma metodologia de trabalho implica em traarmos diretrizes de como se executa uma determinada tarefa, por exemplo, para trabalhos em rede de alta tenso, energizada, na circunscrio do SEP, e dentro do limite das zonas controladas e de risco. E isso envolve no s toda a teoria sobre o que vem a ser um mtodo, alm de como transform-lo num resultado positivo a todos: inclui ainda medidas prticas que ajudaro a esclarecer de modo mais enftico o tema, pois, no nos esqueamos que tratamos da segurana de seres humanos. O pressuposto de que ocorrendo um acidente sinal de que algum falhou no , absolutamente, desprezvel. Quem elabora o mtodo so pessoas, quem compe o procedimento so pessoas, quem executa a tarefa so pessoas: ento algum falhou na previsibilidade (antecedncia), pois lhe faltou justamente a vivncia (experincia). Camos novamente na tnica da programao e planejamento dos servios. Isso porque o mtodo est amplamente associado com ambas. Um mtodo mal constitudo levar seu seguidor resultados muito pouco animadores.

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A principal concluso que se chega : mtodo bom mtodo seguro. O mtodo deve permitir que todos os riscos envolvidos estejam previstos e, se possvel, eliminados ou neutralizados. Se no for possvel, os riscos devem estar reduzidos dentro de nveis nfimos. E se ainda a impossibilidade rondar o cenrio, ento que o risco fique sob controle. Nenhum mtodo de trabalho pode ser admitido se conviver passivamente com um risco, qualquer que seja ele. Dentro dessa premissa, enquadram-se os passos abaixo: 1. pessoal qualificado; 2. pessoal capacitado e autorizado; 3. pessoal com equilbrio emocional estvel; 4. sistema de proteo coletiva compatvel; 5. ferramental adequado; 6. acessrios adequados; 7. equipamentos de proteo individuais compatveis; e 8. pleno conhecimento do procedimento de trabalho. O conhecimento tcnico o primeiro pr-requisito. Sem ele nem se inicia qualquer trabalho. Na seqncia vem quase que juntas a capacitao (treinamento) e a autorizao, premissas sem as quais o colaborador, ainda que qualificado, no ter o conhecimento suplementar qualificao e to pouco a formalizao oficial de que tem permisso para realizar a tarefa.

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Comunicao A Comunicao o processo de transmitir e receber uma mensagem com o objetivo de afetar o comportamento de outro. Lembrete: Informar Comunicar Informar = quando 1 pessoa tem uma informao a dar. Comunicar = tornar algo comum e fazer-se entender, provocar reaes.

Logo, a comunicao vai alm do simples ato de informar. Como comunicar significa fazer-se entender, o comunicador precisa estar capacitado no apenas para falar, mas para ouvir tambm.

Processo de Comunicao A comunicao eficaz acontece quando existem em qualquer situao os seguintes elementos: Emissor ou fonte: pessoa que emite a mensagem; Transmissor ou codificador: equipamento que liga a fonte ao canal, isto , que codifica a mensagem emitida pela fonte para o canal; Mensagem: expresso formal da idia que o emissor deseja comunicar; Canal: meio pelo qual conduzida a mensagem; Receptor ou decodificador: equipamento situado entre o canal e o destino, isto , que decodifica a mensagem ao destino; Contexto: a situao em que os fenmenos ocorrem.

O processo de comunicao apresenta outros elementos tambm importantes: significado, compreenso e realimentao. O significado corresponde idia, ao conceito que o emissor deseja comunicar, e a compreenso, por sua vez, refere-se ao entendimento da mensagem pelo receptor.

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A realimentao, por fim, corresponde informao do receptor ao emissor, indicando a recepo da mensagem.

Existe uma profunda relao entre motivao, percepo e comunicao. Aquilo que duas pessoas comunicam determinado pela percepo de si mesmas e da outra pessoa na situao, e pela percepo, sob o aspecto de sua motivao (objetivos, necessidades, defesas) e da importncia daquele momento. A idia comunicada relacionada intimamente com as percepes e motivaes tanto do emissor como do destino, dentro de determinado contexto situacional, como apresentado na figura abaixo (Fonte: Chiavenato, Idalberto. Adm. Recursos Humanos, pag, 81): Padro referncia A Padro referncia B

Todo indivduo tem seu sistema conceptual prprio, o seu prprio padro de referncia, que age como filtro codificador, de modo a condicionar a aceitao e o processamento de qualquer informao. Esse filtro seleciona e rejeita toda informao no ajustada a esse sistema ou que possa amea-lo. Existe a percepo seletiva que atua como defesa, bloqueando informaes no desejadas ou no relevantes.SENAI-SP - INTRANET

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Essa defesa pode prejudicar a reformulao da percepo, impedindo a obteno de novas informaes adicionais. Ouvir A qualidade da comunicao tem muito a ver com a atitude de ouvir, que no espontnea nem fcil. Escutar significa estar atento para ouvir. Significa no se distrair enquanto o interlocutor fala, no avaliar ou interpretar o que est sendo dito e no se preocupar com a resposta a ser dada. Provocar Realimentao Como j foi mencionado, a realimentao muito importante no processo de comunicao, pois indica o nvel de compreenso que o receptor teve da mensagem transmitida. Por isso, a pessoa interessada em se comunicar deve procurar obter do receptor a realimentao da mensagem. Nem sempre o questionamento a melhor maneira de identificar o entendimento da mensagem. O emissor, tambm, deve estar atento expresso corporal do receptor, pois mediante a anlise dos gestos, da inclinao do corpo, do movimento dos msculos da face e de muitos outros elementos torna-se possvel identificar em que medida a mensagem est interessando ou sendo compreendida. Exprimir-se Existem alguns cuidados que devem ser tomados para que uma pessoa possa exprimir o que deseja a outra pessoa: Voz - precisa estar ajustada ao local e ao nmero de pessoas a quem deseja comunicar a mensagem. Gestos - as pessoas no se comunicam apenas pela voz ou pela escrita. Por isso, ao se comunicar com um grupo, convm cuidar tambm dos gestos, para que a comunicao seja harmoniosa. Silncio - um breve perodo de silncio poder auxiliar o receptor a refletir sobre o que ouviu e exprimir-se, caso ache necessrio. Linguagem - utilizar termos claros e precisos.

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O comportamento das pessoas em uma comunicao O grande diferencial na nossa poca em se tratando de ambiente de trabalho , sem sombra de dvida, a atitude que cada um tem nesse ambiente, seja com o colega, seja com o cliente (interno ou externo). Por conta disso, grande parte das empresas colocou seu foco na conduo do comportamento das pessoas, dando a elas ferramentas para que pudessem mudar o ambiente de trabalho. Mas mudar o ambiente atravs da atitude de algum envolve, sobretudo a relao entre esse indivduo e o grupo, o que torna a comunicao entre a parte e o todo fundamental. A base de uma relao sadia , sem dvida, uma comunicao eficiente. E essa comunicao individual, pois cada ser humano tem uma origem diferente, assim como juzo de valores, hbitos, desejos, convices, linha de raciocnio, entre outros aspectos que o fazem quase que uma impresso digital, diferente de todo e qualquer ser humano que j tenha habitado o Planeta Terra, e tambm de todo o que ainda vier a habit-lo. H uma palavra em voga conhecida como assertividade, que significa afirmativa ou assero naquilo que se acredita ser verdadeiro. A assertividade se refere a um estoque criativo de alternativas de solues positivas, em que todos os membros do grupo se sentem confortveis e comprometidos com os alvos da organizao. Pode ser definida tambm como sendo a habilidade de expressar idias, opinies, sentimentos, ao mesmo tempo em que h uma afirmao de direitos, sem violar os direitos dos demais. O comportamento assertivo o que torna a pessoa capaz de agir em seu prprio interesse, a se afirmar sem ansiedade indevida, a expressar sentimentos sinceros sem constrangimento, ou a exercitar seus prprios direitos sem negar os alheios. Resumindo, podemos crer que assertividade a capacidade que temos de tornar nossos desejos realidade, assim como o desejo de outras pessoas do grupo. Basta notar o comportamento de algum que tem alguma dependncia qumica ou at mesmo um mero transtorno obsessivo-compulsivo, por exemplo, tentando livrar-se da situao. Cada pessoa tem uma maneira de ver as coisas, de sentir a realidade, e porSENAI-SP - INTRANET

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isso nem sempre h uma forma resposta certa. Depende muito da maneira com que cada um v e sente as coisas ao seu redor. Comportamento s pode ser mudado a partir da mudana da maneira de pensar. Alis, a qualidade de vida comea na mente: quando pensamos de maneira diferente podemos agir tambm de modo diferente. Quando agimos de modo diferente, provocamos reaes diferentes ao nosso redor, que reverberam a ns uma nova ao, diferente da que tnhamos antes da mudana, e assim por diante. Mudana gera mudana, desde que pensada, consciente e com um objetivo claro. Tornar um comportamento retrado e passivo ou ainda, agressivo e pontiagudo, numa postura madura e equilibrada leva tempo. Pacincia fundamental. Estamos falando do processo para desenvolver a flexibilidade, caracterstica primordial na postura assertiva. Temos de estar sempre checando se a nossa maneira de ver as coisas, nossas crenas e nossos valores esto sintonizados com a realidade. Eliminar dvidas um bom comeo. A melhor atitude no agir do mesmo modo que um aluno, que por ter um comportamento retrado, acaba por no fazer uma