Apostila Projeto Fabrica

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SO CARLOS CENTRO DE CINCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUO

Projeto de Unidades Produtivas Apostila

Prof. Dr. Joo Alberto Camarotto

So Carlos - 2006

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SUMRIOTpico Assunto 1. Projeto do Layout Industrial 1.1. Introduo 1.2. Pressupostos metodolgicos e Conceituais 1.2.1. O trabalho 1.2.2. Estratgia de produo 1.3. Sistemas de produo 1.4. Metodologia para o projeto de Unidades Industriais 1.5. Consideraes finais 2. Metodologia de desenvolvimento do layout 2.1. Objetivos 2.2. Princpios do layout 2.3. Recomendaes ao estudo do layout 2.4. Dados bsicos necessrios 2.5. Etapas do Trabalho 2.6. Documentos Gerados pelo Trabalho Representaes de fluxo do processo Dimensionamento dos Principais Fatores de Produo 4.1. Dimensionamento de pessoal e equipamentos 4.2. Dimensionamento de materiais 4.2.1. Dimensionamento de matria-prima em indstria de adio 4.2.2. Dimensionamento de materiais em industria de montagem 4.3. Dimensionamento de reas de Produo 4.3.1. Mtodo do Centro de Produo 4.4. Dimensionamento de reas de conjuntos de centros de produo e de Departamentos Estudo do Fluxo do Processo 5.1. Fluxos internos (no departamento e entre departamentos) 5.2. Fluxos gerais da fbrica (da unidade produtiva) 5.3. reas de Estocagem e de Expedio 5.4. Outras reas: Fatores Indiretos de Produo Processos de Produo, Organizao e Layout Industrial. 6.1. Processos de Produo 6.2. Tipos de Layout e Processos de Produo 6.3. Novos padres de layout derivados das formas de gesto da produo e do trabalho 6.3.1. Layout em grupo 6.3.2. Clula de Manufatura 6.3.3. Projeto Modular: layout modular, mini-fbrica. Projeto dos Requisitos das Instalaes 7.1. Riscos Ambientais 7.2. Principais Riscos ambientais estudados em projetos de unidades Pgina 03 03 04 05 07 09 13 14 16 16 17 18 19 20 23 26 35 37 38 38 43 46 46 58 59 59 67 69 73 77 77 79 84 87 89 95 102 102

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industriais 7.2.1. Iluminao 7.2.2. Acstica 7.2.3. Riscos Qumicos 7.2.4. Riscos biolgicos 7.3. Incndio 8. Processo geral de construo do layout 8.1. Mtodos baseados no processo produtivo (Diagrama de Blocos). 8.1.1 Mtodo das Seqncias Fictcias 8.1.2. Tecnologia de Grupo 8.1.3. Mtodo dos elos 8.2. Modelagem tridimensional 8.3. Modelagem de fluxos. Bibliografia ANEXO 1 Formas bsicas de fluxos ANEXO 2 Sistemas especiais de dimensionamento

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1. Projeto do Layout Industrial

1.1. Introduo Problemas envolvendo layout so complexos e difceis de serem formulados atravs de meios analticos, pois envolvem um grande conjunto de combinaes viveis e possuem caractersticas subjetivas que dificultam um tratamento puramente matemtico. Os objetivos envolvidos nos problemas de layout so muitos. Por exemplo: minimizar o custo de manipulao de materiais, maximizar a proximidade dos departamentos, flexibilizar o arranjo e operao, racionalizar o espao disponvel, cuidar da segurana do trabalho e tratar as questes ergonmicas do sistema produtivo. Neste contexto, o desenvolvimento e avaliao de layout tm sido estabelecidos, tradicionalmente, de forma subjetiva por projetistas que utilizam tcnicas grficas e manipulao de templates. Tal complexidade tem levado a algumas tentativas de automatizar o processo de construo do layout. No final da dcada de 60 e incio da dcada de 70 uma srie de tentativas foi desenvolvida: CRAFT, Buffa et al., 1966; CORELAP, Lee & Moore, 1967; ALDEP, Seehof & Evans, 1967; MAT, Edwards et al., 1970; PLANET, Apple & Deisenroth, 1972; COFAD, Moore, 1974, dentre outras, atuam fundamentalmente nos dois primeiros objetivos acima citados. As sadas fornecidas por estes softwares, via de regra, representam num diagrama de blocos, as posies relativas dos diversos departamentos. Sule (1992) enfatiza que dois aspectos crticos destes softwares so: (1) os diagramas de blocos gerados representam solues aproximadas que exigem redesenho e modificaes, provocando um distanciamento da soluo tima encontrada; (2) a atuao dessas ferramentas ocorre somente nos primeiros passos do processo do projeto de layout industrial, no contribuindo nas etapas de detalhamento e implantao. O mesmo autor conclui que, para atender os demais objetivos, so necessrias pesquisas que tratem questes do tipo: desenvolvimento de layout detalhado, utilizao de capacidades computacionais grficas e interativas, desenvolvimento de procedimentos capazes de tratar layout multi-nveis, utilizar mecanismos de anlise de layout, tratar layout flexveis, e incorporar novas tcnicas de produo, como tecnologia de grupo e clula de manufatura. Alm dos aspectos apontados por SULE, podemos ainda considerar que o problema de layout possui tantas especificidades que devem ser tratados de forma singular, pois cada projeto um novo projeto e cada indstria possui as suas caractersticas prprias e que as tentativas de automao acabam por se demonstrar ineficientes quando transladadas para aplicaes distintas daquelas para as quais foram geradas. Numa linha mais atual, foram desenvolvidas ferramentas flexveis como o software FACTORY (Cimtechnologies Corp., 1989), fundamentado no mtodo SLP (System Layout Planning, Muther, 1978). Este software, que pode ser processado em conjunto com o AUTOCAD (AutoDesk Inc.), representa um avano em relao s ferramentas anteriormente desenvolvidas, principalmente por explorar os recursos da computao grfica e a capacidade de interagir com o projetista. No entanto, ao reproduzir uma metodologia desenvolvida, em princpio, para o projeto no informatizado, tambm no consegue atingir os objetivos anteriormente assinalados.

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A simulao assumiu a partir dos anos 80, uma posio de destaque na rea de pesquisa operacional, ressurgindo como uma poderosa ferramenta de apoio tomada de deciso em sistemas complexos de produo. Isso se deve muito ao avano proporcionado pelos chamados ambientes de simulao. Ao contrrio das tradicionais linguagens de simulao, que exigiam muita experincia e dedicao do usurio, esses novos ambientes so extremamente amigveis, consistentes em termos estatsticos e possuem interfaces grficas que permitem visualizaes das simulaes. Os softwares mais conhecidos nessa rea so: ARENA (Systems Modelling, Pegden et al., 1995), AUTOMOD (Autosimulations, 1993) e PROMODEL (Promodel Corp., 1990). Na rea de projetos grficos, desenvolveram-se excelentes softwares, cada vez mais customizados para aplicaes especficas, envolvendo tanto o CAD (Computer Aided Design) como os softwares de animao grfica. So exemplo o Autocad, Catia, Minicad e o 3dStdio. A combinao das caractersticas dos softwares de simulao de sistemas com os de computao grfica, articulados por uma metodologia apropriada para a abordagem dos problemas de layout, surge como uma alternativa vivel, ao permitir a explorao, em diferentes graus de detalhamento, de todos os diferentes aspectos envolvidos no projeto. A abordagem que ser apresentada na seqncia, busca explorar o potencial destas ferramentas computacionais, integrando-as nas diferentes etapas envolvidas na concepo de uma unidade industrial. Neste captulo trataremos do processo produtivo para o produto em projeto. Antes de introduzirmos mtodos e tcnicas propriamente ditos, iremos fundamentar a abordagem, partindo dos conceitos de trabalho, tecnologia e estratgia. Na seqncia ser apresentada a metodologia adotada. importante salientar que as questes especficas da tcnica de produo j devem ter sido tratadas ao longo do processo de desenvolvimento do produto. Nesta etapa iremos quantificar os recursos necessrios e estabelecer a sua distribuio espacial a partir das inter-relaes que se estabelecem entre os homens o dispositivo tcnico e o processo de gesto.

1.2. Pressupostos metodolgicos e Conceituais O layout industrial a representao espacial dos fatores que concorrem para a produo envolvendo pessoal, materiais, equipamentos e as interaes entre estes fatores de produo. Assim, ao conceber uma unidade industrial ou mais genericamente falando, um sistema de produo, estamos em ltima instncia explicitando o que de uma forma ou outra constituir o trabalho nos seus diversos nveis hierrquicos e funcionais. O contexto em que se coloca o projeto de uma unidade industrial no pode ser resumido categoria trabalho. Sem dvida os negcios esto inseridos em ambientes sociais e econmicos que impem sobre uma organizao determinantes que iro condicionar as possibilidades de implementao das solues no campo do trabalho, da tcnica e da sua coordenao. Desta forma, os pressupostos sobre trabalho e estratgias de produo iro nortear a concepo do sistema produtivo.

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1.2.1. O Trabalho A representao do trabalho no campo da engenharia de produo pode ser agrupada segundo duas abordagens distintas (Dejours,1995), sumarizadas no quadro 1.Quadro 1 Abordagens sobre os fatores humanos no trabalho (Dejours, 1995).

As limitaes destas abordagens so criticadas por Dejours, as relaes intersubjetivas entre o ego e o outro, que incontestavelmente desempenham um papel organizador das condutas humanas, no so redutveis a uma entidade ou um sistema ego-outro. Os conflitos, as relaes de poder ou o reconhecimento criam sempre um desafio ao real. O conflito visa quilo que na postura do sujeito relaciona-se a um fazer, a um ato, a uma conduta ou a uma ao sobre o real. (pag. 12) Aslimitaes destas abordagens so representadas abaixo no quadro 2.Quadro 2 Limitaes das abordagens sobre o fator humano Dejours.

Tais questes nos remetem para a discusso dos conceitos de tcnica e de trabalho, os quais so sumarizados no quadro 3 abaixo.

UFSCar - DEP Projeto de Unidades Produtivas Prof. Dr. Joo Alberto Camarotto Quadro 3 Representao de tcnica e trabalho (Dejours, 1995).

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Ao considerarmos uma unidade industrial, estamos promovendo um recorte onde nos trs plos do tringulo poderamos posicionar: o dispositivo tcnico (o real), o homem (ego) e a gesto (outro). O quadro 4 mostra a representao. A intermediao destes elementos se d pelo dinamizador destas relaes: o trabalho.Quadro 4 Representao do processo de travbalho do layout viso botton-up

Tal abordagem, centrada no trabalho responde parcialmente s questes de projeto de um sistema produtivo. Esta uma abordagem do tipo botton up. Por outro lado, condicionam a operao de um negcio os aspectos estratgicos derivados da sua insero no contexto social.

1.2.2. Estratgia de Produo. O conceito de estratgia segundo o Aurlio tem conotao militar: Arte militar de planejar e executar movimentos e operaes de tropas...., visando alcanar ou manter posies

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relativas e potenciais blicos favorveis a futuras aes tticas sobre determinados objetivos (pg. 586). No campo dos negcios podemos adotar a definio de Slack (1997): o padro global de decises que posicionam a organizao em seu ambiente e tm o objetivo de faz-la atingir seus objetivos de longo prazo. Independentemente do grau de formalizao, podemos assumir que estratgia a arte de identificar e estabelecer condies para atingir os objetivos considerados fundamentais para a sobrevivncia e desenvolvimento do negcio. Ela pode ser compreendida em trs nveis: Estratgias Corporativas orientam e conduzem a corporao em seu ambiente global, econmico, social e poltico. A estratgia corporativa orienta as decises concernentes a investimento da corporao nos diferentes negcios e mercados onde deseja competir. Estratgias de Negcios orientam cada unidade de negcios no seu posicionamento dentro do mercado frente aos consumidores e concorrentes. A estratgia de negcio tem reflexos diretos nas unidades industriais: porte das unidades, localizao e mix de produtos so decorrentes de decises neste campo. Estratgias Funcionais orientam cada uma das funes do negcio (finanas, P&D, marketing, produo...) na adequao do seu papel frente aos objetivos do negcio e da corporao.

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no campo das estratgias funcionais que iremos encontrar os principais elementos condicionantes para o projeto de uma unidade industrial. Dentro destas, nos interessa considerar em especial as estratgias de produo, as quais so fortemente condicionadas pelos contextos histricos nos quais se inserem. Assim, destacam-se os paradigmas da produo em massa que prevalecem at meados dos anos 60 e os novos paradigmas da produo, agrupados em torno da produo enxuta, fortemente influenciadora das novas tecnologias de gesto, decorrentes das mudanas no cenrio econmico mundial. O quadro 5 faz a comparao destes paradigmas que fundamentam as estratgias de gesto de produo hegemnicas em seus momentos histricos.Quadro 5 Relao entre modelos de gesto e sistemas de produo. ELEMENTO DE GESTO Sistemas de trabalho: ferramentas/ equip. Natureza do trabalho Sistema Artesanal de Produo Ferramentas manuais flexveis Trabalhos de habilidades manuais Tarefas orientadas para grupos Mercado padronizado aprendizado informal e baseado na experincia Sistema Rgido/tradicional de Produo (produo em massa) Capital intensivo em equipamentos especializados Trabalhos manuais desqualificados - trabalhos especializados Grupos especializados por funo Sistemas de Produo atuais Capital intensivo em equipamentos flexveis Informao intensiva e trabalho intelectual Grupos auto-organizados e auto-dirigidos Sistemas globais, formais e informais, p/ controle, ajustes e aprendizado

Organizao de grupos de trabalho Sistemas de controle ( medidas de desempenho e sist. de informao) Mecanismo de controle do trabalho e da produo

O prprio Arteso ou Mestre de ofcio

Tarefas simples e especficas. Sistema de informaes formais p/ o controle de execuo de tarefas p/ coord. seqncia de atividades Estrutura hierrquica de autoridade

Modificados por mecanismos de mercado (Fonte: DOLL, 1991, p. 404).

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Como limite extremo destas novas tendncias para definio de estratgias de produo podemos considerar as tendncias no setor automobilstico que de um modo ou de outro acabam por influenciar os demais setores industriais. A figura 1 exemplifica algumas arranjos variantes do consrcio modular, que caracterizado por Gomes (1998) pela produo em mdulos, pequeno nmero de fornecedores de primeira linha, hierarquizao de fornecedores, maior participao de fornecedores em P&D e necessidade de coordenao (de P&D) por parte das montadoras.

Figura 1: Novas formas de organizao da produo

Para concluir, enfatizamos que as questes relacionadas com a estratgia de produo so resolvidas a priori. Elas advm de decises no campo da estratgia da corporao e do negcio que circunstanciaro a estratgia produtiva da unidade e a disposio dos fatores de produo. No entanto, faz-se necessrio recuperar a abordagem apresentada por Dejours, que enfatiza os aspectos imponderveis advindos das manifestaes do real. O real sempre a revelao de algo novo. Neste processo, a tcnica e o trabalho e a forma de coorden-los evoluem. Assim sempre que concebemos um novo trabalho, estamos incorporando o que apreendemos como realidade de uma situao existente, e ao mesmo tempo transformando esta realidade, afinal projetar tambm trabalho. Um novo projeto traz desafios criatividade com implicaes sobre a tcnica, o trabalho e a sua coordenao. Segundo, que tais implicaes decorrem da nossa percepo da realidade e dos pressupostos que explcitos ou no iro nortear nossas aes.

1.3. Sistemas de Produo Alm dos pressupostos que nos orientam de uma maneira global no processo de concepo de unidades produtivas, encontramos ainda caracterizaes genricas que podem auxiliar no processo de projeto. De um modo geral os sistemas produtivos podem ser classificados em Contnuos, Repetitivos e Intermitentes. As principais caractersticas destes processos so apresentadas no quadro 6. A figura 2 apresenta uma outra classificao (Slack, 1997) relacionado as variveis variedade/volume.

UFSCar - DEP Projeto de Unidades Produtivas Prof. Dr. Joo Alberto Camarotto Quadro 6 Tipos de processo produtivos

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O que resulta da relao variedade/volume uma indicao pouco precisa caracterizada como uma linha natural de ajuste do processo a caractersticas de volume variedade. Nos limites dsta relao encontram-se as empresas que trabalham para estoque (make to stock) ou sob encomenda (make to order). O posicionamento em relao da diagonal indica o grau de flexibilidade e o custo do sistema produtivo em relao ao demandado. Concretamente, as indicaes valem como referencial global, porm no conseguem traduzir-se na prtica como indicadores concretos de projeto.

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Figura 2: Processos produtivos segundo as variveis Variedade/Volume.

Ainda dentro desta abordagem que busca estabelecer recomendaes para a concepo dos sistemas produtivos a partir do relacionamento entre as variveis variedade/volume, encontramos uma caracterizao para os diferentes tipos de arranjo dos elementos que concorrem para a produo, reunidos em trs categorias: Posicional, Processo e Produto.

(VER CAPITULO ?????Assim, ao olharmos para a realidade das unidades industriais vamos ento nos deparar com uma multiplicidade de solues adotadas para o arranjo dos fatores de produo que s podem ser explicadas a partir de consideraes mais gerais a cerca dos inter-relacionamentos entre os dispositivos tcnicos, os homens e os processos de gesto.

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1.4. Metodologia para o projeto de Unidades Industriais Considerando as discusses anteriormente apresentadas, deparamos com a questo de como interagir os aspectos relativos ao trabalho e estratgia ao longo do processo de projeto. Em primeiro lugar, o projeto do layout industrial deve ser visto como uma das modalidades do projeto de engenharia, que segue as mesmas caractersticas do projeto do produto. O desenvolvimento de um projeto deve ser tratado como um produto dinmico, que parte das necessidades dos futuros usurios, considera as restries do projeto e do negcio e estabelece um novo conceito para o sistema produtivo. Vamos nos deter sobre a figura 3 e buscar compreender o que representa. Como se observa, o processo de projeto circunscrito pelo ambiente representado na figura pelo retngulo maior. Ele constitui o conjunto de fatores condicionantes para o projeto, os quais so estabelecidos a priori e que no fazem parte do escopo de decises envolvidas no recorte de anlise.

Figura 3. Processo de Projeto do Layout Industrial

A partir das consideraes acerca das condicionantes do ambiente, o primeiro passo trata de considerar o mix de produtos e a tecnologia de produo a ser adotada na unidade. Trata-se aqui de compreender exatamente quais so os produtos ou servios a serem produzidos e os seus processo de obteno. Trata-se de responder questes relacionadas com o que e como produzir. Com este objetivo, devemos nesta etapa compreender precisamente todos os detalhes dos produtos de suas partes e componentes, bem como os processos de produo associados. Seguindo a mtodo apresentado na figura 7, aps ter-se consolidado a etapa anterior, devemos buscar quantificar os recursos necessrios para o processo produtivo. A esta etapa designamos de pr-dimensionamento dos fatores de produo. Trata-se de quantificar os fatores diretos e indiretos de produo agrupados em: homens, materiais e equipamentos, diretos ou indiretos. Nesta etapa a quantificao ainda no pressupe um arranjo especfico dos fatores de produo. Na realidade iremos voltar ao dimensionamento na fase de construo do layout.

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As quantificaes aqui realizadas iro possibilitar que numa etapa posterior possamos discutir qual a melhor forma de organiz-los. Tendo-se quantificado os fatores de produo, passamos etapa seguinte denominada de construo dos templates dos centros de produo (figura 8). Trata-se aqui de obter representaes das demandas espaciais bi ou tridimensionais quando requeridas. Esta uma etapa fundamental no processo de projeto do layout, pois dela depende a qualidade final do projeto em termos de ocupao dos espaos bem como das condies de trabalho e de gesto das interaes que iro ocorrer. Alm dos centros produtivos, devemos considerar nesta fase todas as demais demandas espaciais decorrentes das instalaes de servios, de utilidades e de gesto que iro concorrer para que as atividades produtivas ocorram. Ao final desta etapa teremos reunido todas as informaes necessrias para entrarmos no processo de construo do layout propriamente dito. Para introduzirmos a fase de construo do layout faz-se necessrio voltar a considerar a figura 7. Nela as fases de definio da estratgia de produo, construo do layout e de simulao, so representadas de modo paralelo a fim de enfatizar o processo de gerao de alternativas avaliao e escolha. Nesta fase devemos considerar mais detalhadamente as diferentes possibilidades de arranjo para os fatores de produo articulados em torno de uma dada estratgia. Neste processo devermos agrupar reas produtivas e no produtivas, estabelecer relacionamento e buscar solues possveis de serem implementadas. As diversas solues geradas devero ser comparadas frente a critrios objetivos e subjetivos. Este um processo altamente interativo. As melhores solues iro surgir aps consideramos uma ampla gama de possibilidades. O processo de validao se d a partir da considerao de uma estratgia de produo, da construo do layout decorrente (integrao dos vrios centros de produo) e da simulao desta implementao. Os resultados obtidos devem responder as questes mais gerais impostas pelo ambiente, contra as quais a soluo avaliada. importante reforar que a simulao aparece como elemento chave do processo de validao, buscando evidenciar os efeitos de opes estratgicas sobre a produtividade da unidade, bem como de suas conseqncias sobre as atividades dos trabalhadores. Tal aspecto ressaltado para mostrar a necessidade de considerar, em todo momento, o efeito de uma dada estratgia de manufatura sobre o trabalho humano. isto, no final, que ir propiciar a produtividade e a flexibilidade de qualquer sistema produtivo. A sada deste processo um conceito para a unidade industrial, que integra a estratgia de produo adotada e fornece a entrada para o detalhamento do layout. A etapa de detalhamento do layout envolve a especificao de todos os elementos que iro contribuir para o funcionamento da unidade industrial. Constitui-se na elaborao de um documento detalhado que ir orientar os diferentes profissionais que iro participar do da implantao e posta em marcha da unidade.

1.5. Consideraes Finais A metodologia apresentada tem sido testada em diversos projetos de layout e re-layout. Os resultados obtidos nos trabalhos de planejamento e implantao de sistemas de produo, integrando ferramentas computacionais de simulao animada e de CAD mostram uma grande consistncia na anlise dos layout produzidos. A comunicao entre usurio e

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modelista tem sido facilitada, devido aos recursos grficos animados utilizados, criando sm maior interesse no usurio em aumentar a sua participao no projeto. Esse fato tem aproximado usurio e projetista, facilitando a comunicao entre eles e aumentando a cumplicidade do usurio em relao ao projeto. Do ponto de vista terico, a metodologia busca responder s questes levantadas na discusso acerca do processo de projeto, enfatizando: 1. o desenvolvimento do layout detalhado, pois os templates gerados representam realisticamente a atividade produtiva; 2. o uso das capacidades grficas e interativas computacionais; 3. a possibilidade de adoo e simulao de diferentes estratgias de produo; 4. a flexibilidade do layout industrial absorvendo mudanas futuras advindas do ambiente. No captulo seguinte sero apresentados os aspectos detalhados de cada uma das etapas, apresentando sempre que possvel um caso prtico.

Figura 4: Exemplo de um Centro de Produo

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2. Metodologia de desenvolvimento do layout

2.1. Objetivos Uma vez definido o processo de fabricao, o tipo de produto e as estratgias de produo e de tecnologia; pode-se ento partir para o dimensionamento da fbrica: os fatores de produo e os arranjos destes fatores, obedecendo a lgica traada para a organizao da produo e do trabalho. O desenvolvimento da fbrica e o layout resultante so realizados nas seguintes etapas: a. b. c. d. e. f. g. Macro e micro localizao: regio, distrito, situao, vias Escolha do terreno: acessos, recuos, nveis, tratamentos Espao arquitetnico: orientao, ocupao, formulao Arranjo fsico: fluxos, funes, atividades, distribuio Centros de produo: espaos, requisitos, relaes, organizao Construo do espao (edificao): programa, partido, detalhamento Ocupao e operao do espao: uso, manuteno, avaliao

Figura 5 Macro-etapas do desenvolvimento do projeto da fbrica

Um projeto ideal deveria cumprir estas vrias etapas na ordem apresentada, porm na prtica ocorrem problemas como a necessidade de aproveitar um terreno ou prdio j existentes. Ou a responsabilidade sobre as obras de engenharia civil pode correr por conta de uma firma externa que impe o seu prprio padro de acabamento e material; a regio onde a fbrica ser construda j est definida pela direo e no h discusso possvel sobre o assunto ou ainda; h outros prdios construdos e conveniente manter uma unidade arquitetnica. De qualquer forma, o melhor procedimento tcnico e os melhores resultados financeiros de longo prazo so obtidos quando se desenvolve o projeto global sem restries e depois se procura adapt-lo as possveis condies de contorno.

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2.2. Princpios do Layout A definio dos espaos de trabalho tem como objetivo a obteno de um arranjo espacial que tenha o melhor desempenho conjunto das caractersticas de custo, flexibilidade, segurana, condies de trabalho, condies de controle e qualidade para o processo produtivo. Este arranjo deve seguir os seguintes princpios: Princpio da integrao Os diversos elementos que integram os fatores de produo devem estar harmoniosamente integrados, pois a falha em qualquer um deles resultar numa ineficincia global. Devem estar dotados de absoluta unidade de propsitos como uma corrente onde sua resistncia a resistncia do elo mais fraco. Por este principio, deve-se estudar os pequenos pormenores da fbrica, pois esta considerada como uma unidade composta de uma srie de elementos que devem estar devidamente entrosados, visando a eficincia de produo. Princpio da mnima distncia O transporte nada acrescenta ao produto. Nunca se ouviu dizer que um produto industrial vale mais que outro, idntico ao primeiro, simplesmente porque este se movimentou mais. O que podemos dizer que muito provavelmente o primeiro produto custou mais caro. Desse modo a distncia devem ser reduzidas ao mnimo para evitar esforos inteis, confuses e custos maiores. Princpio de obedincia ao fluxo das operaes Materiais, equipamentos, pessoas, devem se dispor e movimentar-se em fluxo continuo e de acordo com a seqncia do processo de manufatura. Devem ser evitados cruzamentos, retornos e interrupes. A imagem ideal a ser conseguida, neste caso, e a do rio com seus afluentes. Princpio do uso das 3 dimenses Um arranjo no apenas um plano, mas um volume. O projeto deve sempre ser orientado para usar as trs dimenses, o que se traduzir numa melhor utilizao total do espao. Devese ter sempre em mente que os itens a serem arranjados, na realidade ocupam um certo volume, e no uma determinada rea. Princpio da satisfao e segurana Quanto mais satisfao e segurana um layout proporcionar aos seus usurios, tanto melhor ele ser. O ambiente deve proporcionar boas condies de trabalho e mxima reduo de risco. No se deve esquecer a influncia de fatores psicolgicos como cores, impresso de ordem, impresso de limpeza, arrumao, iluminao entre outros; como aspectos que contribuem para a satisfao no trabalho. Princpio da flexibilidade Este um princpio que, notadamente na atual condio de avano tecnolgico, deve ser atentamente considerado no desenvolvimento da fbrica. So freqentes e rpidas as

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necessidades de mudana do projeto do produto, mudana de mtodos e sistema de trabalho. A falta de ateno a essas alteraes pode levar uma fbrica ao obsoletismo. Neste princpio, deve-se considerar que as condies vo mudar e que arranjo fsico deve servir s condies atuais e futuras.

2.3. Dados Bsicos necessrios. O projeto de layout propriamente detalhado tomar como dados as informaes sobre o processo, os materiais e os equipamentos, que devem ter sido coletadas em uma etapa anterior. Estas informaes devem ser, no mnimo: A. Informaes gerais sobre a empresa A1. tamanho, produto A2. nvel de produo atual e futuro A3. terrenos e capital disponvel A4. tipos de matria prima e condies gerais do processo B. Informaes sobre o produto B1. caractersticas fsicas e geomtricas B2. manipulao e armazenamento B3. condies de qualidade B4. partes componentes C. Informaes sobre o processo C1. diagramas de operao e montagem C2. Roteiros de produo (work sheets) e tempos de operao C3. estoques e transportes C4. outras informaes D. Informaes sobre pessoas e servios auxiliares D1. pessoal necessrio D2. servios administrativos e auxiliares E. Informaes sobre equipamento E1. lista completa de equipamentos e templates E2. caractersticas de operao E3. custo dos equipamentos F. Informaes gerais financeiros F1. preo final do produto F2. estrutura de custos F3. preo do terreno e custo de urbanizao e construo

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A tabela a seguir resume dados essenciais que devero ser coletados quando do estudo de layout:

2.5. Etapas do Trabalho de desenvolvimento do layout H trs etapas distintas: 1. Dimensionamento dos fatores de produo 2. Relacionamentos dos fatores de produo 3. Detalhamento do layout. Em cada uma delas, h um roteiro sugerido de trabalho e devem ser gerados documentos especficos. Ao final do dimensionamento dos fatores de produo, tem-se uma primeira idia sobre a superfcie plana a ser ocupada pela planta, sem qualquer idia sobre o formato final da fbrica ou das relaes fsicas entre as reas. uma etapa francamente quantitativa, com clculos de metragem cbica e quadrada, e durante a qual tero que ser feitas consideraes sobre: . alturas de empilhamento de material . forma de armazenamento

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. espao de movimentao de pessoas em torno do equipamento . sistema de controle de chegada e sada de material . equipamentos de transporte interno e externo . formato aproximado dos centros de produo . forma, dimenses e peso de matrias primas . tipo de embalagem de materiais e produtos . possibilidades de trabalhos em dois turnos ou horas extras

Na etapa de relacionamento entre as atividades, sero elaboradas anlises e tomadas decises sobre: . espao de circulao entre setores produtivos e de apoio . nmero de pisos da construo . existncia de jiraus e mezaninos . modificaes em processos . caractersticas do edifcio . reas descobertas e reas externas Com o block layout definido necessrio considerar os aspectos fsicos do edifcio e comear a criar a planta definitiva ou layout detalhado. As condies de operao e dos edifcios devem funcionar com condies de contorno que devem alterar o arranjo prvio, mas a orientao bsica do layout detalhado dada pelo processo produtivo e pelas condies de transporte definidas no block layout.

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DESENVOLVIMENTO DO LAYOUTCONCEITOS E ESTRATGIAS -Gesto da Produo -Gesto do Trabalho -Gesto da Tecnologia -Estrutura da Demanda DIMENSIONAMENTOS - FATORES DE PRODUO -Volume de Produo -Processos / Equipamentos -Materiais -Pessoal -Servios Auxiliares -Utilidades -Servios de Apoio e Controles

FLUXO DE PRODUO DOS SETORES -Seqncias -Balanceamento / tempo -Agrupamentos Funcionais -Movimentao / Transportes

RELAES ENTRE SETORES -Produo -Administrao -Pessoal(apoio) -Auxiliares -Utilidades

ARRANJOS -Layout de Blocos -Ligaes dos Setores -Corredores -Fluxos Principais -Ocupao do Terreno -Orientaes Geogrficas

AMBIENTE

(dimensionamentos)

-Requisitos das Operaes -Segurana do Trabalho -Agentes Ambientais

UNIDADE PRODUTIVA -Localizao exata dos fatores -Corredores e circulao

-Requisitos do Ambiente (projeto das condies ambientais) -Requisitos das Utilidades -Padronizao de cores e Smbolos

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2.6. Etapas de trabalho para projeto da unidade produtiva. ETAPA 1 Dimensionamento dos fatores de produo Para iniciar esta etapa deve-se construir o fluxograma de processo. 1. Quantidade atual e prevista de materiais e componentes: Clculo da quantidade de cada material necessriouma listagem de todos os materiais, peas, componentes e produto pronto, com a quantidade que ser utilizada para cumprir o nvel de produo atual e a evoluo desta quantidade no primeiros dez anos. O consumo indicado ser peridico (semanal ou mensal) e as unidades de medida so as usuais no mercado de fornecedores. Fazer o balano de massa dos materiais, considerando as perdas e obedincia ao fluxo do processo. 2. Quantidade atual e prevista de equipamentos: uma listagem de todos os equipamentos de fabricao e montagem necessrios para cumprir os volumes atual e previsto obtendo as quantidades por clculo de carga das mquinas. 3. Quantidade atual e prevista de pessoal: clculo do nmero atual e previsto de funcionrios produtivos e administrativos, definidos para um turno de trabalho, com possibilidades de usar horas extras, indicando o local de trabalho, o custo da mo de obra por funcionrio e o total para a empresa. 4. Superfcie das reas de estoques: indicando o total requerido por tipo de material (ou grupos de materiais) e a forma aproximada de armazenamento para cinco tipos principais de estoques: estoque de matria prima, estoque de peas e componentes comprados, estoque intermedirio de partes fabricadas, estoque de esperas intermedirias e estoque de produtos acabados. 5. Templates e superfcies dos centros de produo: plantas em escala (recomendado de 1:50) das estaes de trabalho e centros de produo. Clculo das superfcies das reas por estao e no total por grupos de equipamento. 6. Superfcies das reas auxiliares de produo: indicar os servios auxiliares de manuteno, ferramentaria, controles, suprimentos, recepo, expedio, e as superfcies das reas atuais previstas destes servios. 7. Superfcie das reas de servios de pessoal: clculo das superfcies das reas de refeitrios, banheiros, vestirios, enfermarias, lazer, bebedouros, etc., a serem utilizados pelo pessoal atual e previsto. 8. Superfcie das reas administrativas e de apoio: listagem de todos os servios administrativos atuais e futuros, indicando as reas de administrao geral, pessoal tcnico, segurana, limpeza, casas de fora, etc. 9.Pr-definio de reas construdas: este documento ser obtido por soma das informaes contidas nos documentos anteriores.

ETAPA 2 Relacionamentos entre os fatores de produo.

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Nesta etapa devero ser fornecidos os documentos de elaborao do block-layout e preenchidos os dados de avaliao do projeto, na forma reiterativa (para cada alternativa, os dados de avaliao). Para iniciar esta etapa necessria a elaborao detalhada dos fluxos do processo de produo, entre eles: os fluxogramas de fabricao e montagem, os fluxogramas cronolgicos, os diagramas de trabalho de cada centro de produo e as tabelas de relacionamentos (carta DE-PARA e de ligaes preferncias). 10. Princpios de ocupao do terreno: discusso das caractersticas e dos princpios que sero adotados na ocupao do terreno e resumo das concluses sobre vias de acesso e circulao, reas externas, utilizao de pisos e problemas de expanso. 11. Anlise de alternativas de projeto de massa: para cada alternativa gerada fazer um esboo de planta em escala (recomenda. 1:500) das principais unidades da fbrica (departamentos, setores, blocos funcionais) e de circulao externa, anexando as seguintes informaes: pontos de entrada e sada do terreno, tipo de construo (alvenaria, galpo, livre, etc.), a metragem final de cada construo, pontos de entrada e sada nos edifcios, vias de circulao externa, jardins, estacionamento e as direes de expanso. Nesta fase, cada unidade considerada no projeto no tem ainda uma forma geomtrica definida. Em geral so usadas formas geomtricas bsicas como quadrados e retngulos (2x1). 12. Princpios de operao do conjunto: discusso e anlise dos princpios a serem adotados na operao da parte produtiva e administrativa (em separado), e resumo das tcnicas e concluses sobre a distribuio dos blocos das sees na fbrica, com o uso de tcnicas como a matriz de ligaes preferenciais. Em projetos complexos, com grande diversidade de centros de produo e de componentes fabricados, nesta fase necessrio o balanceamento dos tempos entre os centros de produo e a determinao dos estoques em processo. 13. Anlise de alternativas de diagramas de bloco: um esboo de diagramas de blocos das sees de fbrica, dos setores auxiliares, de pessoal, administrativos e de apoio; indicando os principais blocos e os fluxos de pessoas e materiais entre as sees (com representao aproximada de superfcie e formato), com o uso de tcnicas de relacionamentos quantitativos, como a carta DE-PARA e de processo, como o fluxograma de fabricao e montagem e o fluxograma de setores. 14. Avaliao econmico-financeira do block-layout: para cada combinao das alternativas anteriores, dever ser calculado o custo total do investimento inclusive terreno, indicando a composio destes custos. 15. Avaliao tcnica do block layout: pode ser adicionado aos documentos anteriores, um resumo de avaliao tcnica onde deve constar, para cada alternativa, a produtividade fsica do terreno (rea/volume de produo), o espao especfico pessoal (m2 de rea de fbrica/nmero de funcionrios) na parte produtiva e administrativa, a densidade de aproveitamento produtivo (rea de estaes de trabalho/rea construda de fbrica), e o momento total de transportes, a relao de espao direto-indireto (m2 de rea de fbrica/m2 de reas administrativas e auxiliares) e o aproveitamento do terreno (rea construda plana/rea total em termos atuais e futuros). 16. Block layout final: uma planta em acabamento profissional do block layout escolhido, em escala (recomendado 1:200), com todas as reas construdas e sua posio no terreno, com os fluxos de circulao de materiais e pessoas.

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ETAPA 3 Na ltima etapa, h somente trs documentos gerados: 17. Arranjo prvio: um esboo de planta em escala (recomendado escala 1:200) montada em cima do ltimo block layout escolhido, colocando as estaes de trabalho de fabricao e montagem, as sees auxiliares, administrativas, as reas de pessoal, e definindo os corredores, colunas, portas, escadas, dispositivos de segurana de maneira aproximada. 18. Layout final: uma planta em escala (recomendado 1:100 ou 1:50) de toda a rea construda, inclusive reas no produtivas, indicando todos os equipamentos, posio de operadores, linhas demarcatrias, paredes, divisrias, colunas, janelas, portas, portes, locais de espera intermedirias, mveis e utenslios. A apresentao deve ser profissional, de forma a servir de base para projetos estruturais, de redes eltricas e de suprimentos e fixao dos equipamentos. 19. Caractersticas econmico-financeiras do projeto: este documento apenas um guia para o empresrio, mostrando uma viso esttica e resumida de uma anlise mais geral de viabilidade. Embora este documento possa ter dados coincidentes com os dados de outros documentos, isto em geral no acontece pois o clculo feito em cima de dados finais do layout detalhado que so diferentes dos dados obtidos do block layout. Como estamos fazendo um fluxo de caixa simplificado, uma anlise esttica, temos que supor que todo o capital empregado inicialmente se gasta no ano Zero, e que qualquer expanso futura ser paga at no ano 10. Em termos de matemtica financeira, isto simplificao exagerada, mas d para ter uma idia de comparao entre projetos diferentes.

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3. Representaes de fluxo do processo O fluxograma do processo tem o objetivo de representar esquematicamente o processo de produo atravs das seqncias de atividades de transformao, exame, manipulao, movimentao e estocagem por que passam os fluxos de itens de produo. O modelo registra exclusivamente seqncias fixas e determinsticas das atividades. As atividades distintas so representadas no modelo por smbolos grficos e o fluxo de itens entre as atividades sucessivas por segmentos que unem os smbolos correspondentes. Este modelo esquemtico permite um entendimento global e compacto do processo de produo, ao destacar e identificar as etapas constituintes e a sua ordem de execuo. A informao visual bsica dada pelo diagrama pode ser acrescida de outras informaes que possibilitem o claro entendimento do processo, como local de execuo, tempos de durao das atividades, distncias movidas, custo da atividade, unidade produtiva. Estas informaes podem ser organizadas segundo algumas diferentes concepes . As concepes construtivas e simbologias diferentes de fluxograma dependem da especificidade do processo em estudo, do tipo de objeto de estudo e do conjunto de informaes requeridas. A simbologia utilizada nos fluxogramas de processo padronizada pela ASME e representada pelo quadro 6 abaixo.Quadro 6 Simbologia bsica do fluxo de processo ASME

SMBOLO

OPERAOTransformao

DEFINIO DA OPERAOSignifica uma mudana intencional de estado, forma, ou condio sobre um material ou informao, como: montagem, desmontagem, transcrio, fabricao, embalagem, processamento, etc. Identificao ou comparao de alguma caracterstica de um objeto ou de um conjunto de informaes com um padro de qualidade ou de quantidade. Movimento de um objeto ou de um registro de informao de um local para outro, exceto os movimentos inerentes operao ou inspeo. Quando h um lapso de tempo entre duas atividades do processo gerando estoque intermedirio no local de trabalho e que para ser removido no necessita de controle formal. Reteno de um objeto ou de um registro de informao em determinado local exclusivamente dedicado a este fim e que para ser removido necessita de controle formal.

Inspeo

Transporte

D

Espera

Armazenamento

Os tipos bsicos de fluxograma so: Fluxograma singular Fluxograma de montagem Fluxograma de fabricao e montagem Fluxograma de procedimento complexo Fluxograma cronolgico

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Fluxograma Singular Caracteriza-se esta concepo de fluxograma de processo, por representar a seqncia de atividades de processamento de um item singular. Item singular definido como sendo um item que, durante o perodo de observao do processo de produo, no sofre integraes ou desintegraes de componentes. Fluxograma de Montagem O fluxograma de montagem representa o processo de montagem (ou de desmontagem) de um item composto, atravs de indicao esquemtica da seqncia na qual seus componentes e sub-montagens so integrados ou desintegrados. No diagrama, estas integraes/desintegraes das partes se faz sobre (ou a partir de) um componente denominado corpo principal. Observe-se que o fluxograma de montagem se detm ao processo de montagem/desmontagem que pode ser parte de processo de produo mais completo, envolvendo fabricao de componentes singulares at a expedio de um item composto. As informaes visuais bsicas deste esquema so: -as seqncias de montagem do corpo principal e das sub-montagens componentes. -quais componentes constituem cada sub-montagem. -o estado de entrada dos componentes no processo de montagem. -os pontos de entrada de cada componente e submontagem, na montagem principal. A forma construtiva desse esquema consiste de uma coluna vertical onde registrada a montagem do corpo principal, na qual se ligam linhas horizontais que indicam a entrada de cada componente e submontagem no processo de montagem. Para os casos de desmontagem, usa-se o mesmo esquema com inverso das setas para significar sadas de componentes do corpo principal. Fluxograma de Fabricao e Montagem - FFM O FFM fornece a visualizao esquemtica do processamento de itens compostos, que envolve processos de fabricao, manufatura, manipulao e montagem das partes componentes. Em sntese, o esquema mostra a maneira pela qual diversos componentes so processados e reunidos para formar um produto completo. O modelo mostra as seqncias das atividades de processamento das partes, a formao de subconjuntos ou sub-montagens, os pontos de introduo de partes compradas ou cujo processamento considerado externo ao processo em registro, nos subconjuntos e no conjunto principal. O conjunto principal pode ser, dependendo do tipo de fluxo registrado: 1- materiais ou produtos - que recebem todas as outras peas ou subconjuntos de modo a constituir o produto final. 2 - formulrios ou informaes - via ou cpia mais importante. 3 - elemento humano - s se aplica quando se tem uma equipe trabalhando sobre um mesmo fluxo de materiais, produtos ou papis. 4 - equipamentos de manufatura e de transporte - idem p/ elemento humano.

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Camisa Fundida BrutaP/ Torno Conv. Torno Convencional P/ Broqueadeira Broqueadeira P/ Torno Conv. Torno Conv. (40h) P/ Forno Forno Montagem Inicial P/ Montagem Final

Mancal Fundido Bruto Eixo Fundido BrutoP/ Torno Conv. P/ Torno Conv. Torno Convencional (40h) Torno Convencional (35h) P/ Mandrilhadora Conv. P/ Plaina de Mesa Plaina de Mesa (4h) P/ Montagem inicial Mandrilhadora Conv. (36h) P/ Furadeira Radial Traagem Furadeira Radial (8h) P/ Montagem final

Montagem Final

Inspeo Armazenagem

Figura 6 Exemplo de Fluxograma de fabricao e montagem

Define-se dois tipos de FFM distintos pelo grau de explicitao das atividades: a) FFM para atividades produtivas - representadas as atividades que alteram o valor dos materiais ou constituem-se na principal finalidade da organizao. b) FFM completo - registra todas as atividades sejam produtivas ou no. A concepo construtiva do esquema grfico consiste numa linha de fluxo de processamento principal a qual so ligados os vrios ramos de linhas de processamento secundrias, segundo a ordem de integrao. As seqncias das atividades de processamento que ocorrem sobre cada parte, subconjunto ou conjunto principal, so representadas pela disposio dos smbolos nas linhas de fluxo verticais. Para se iniciar a construo do diagrama preciso determinar ou escolher o conjunto principal, cujo processamento ser indicado na linha de fluxo principal. Esta determinao ou escolha pode ser feita segundo trs critrios bsicos: a)identificar o componente bsico do produto, que recebe as demais partes ou subconjuntos componentes; b)identificar o componente sobre o qual o corre o maior nmero de atividades de processamento; c)no caso de estudo de arranjo fsico de linha de montagem progressiva, identificar o componente de maior volume ou maior peso, que recebe os demais componentes menores ou mais leves.

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Fluxograma de Setores O modelo fluxograma de setores tem o objetivo de apresentar esquematicamente o fluxo de material, homem ou equipamento atravs de uma seqncia de atividades de produo, explicitando a alocao de cada atividade ao setor responsvel pela sua execuo. Desse modo, alm das informaes bsicas do fluxograma de processo, este formato mostra onde executada cada fase ou mesmo cada atividade do processamento. Esta informao grfica conseguida, desenhando-se o fluxograma (tambm por meio de smbolos-atividades e linhas-fluxo) sobre um quadro matricial, onde as colunas so os setores produtivos, e as linhas a descrio de cada atividade. Fluxograma Cronolgico O fluxograma cronolgico objetiva fornecer a visualizao das relaes temporais e de ordem cronolgica entre as atividades produtivas sobre um fluxo de itens em processamento. Neste formato de fluxograma de processo, o esquema grfico relaciona a evoluo da fluxo de itens em processamento atravs das atividades seqenciadas de um processo produtivo com os instantes e perodos de tempo decorridos na execuo dessas atividades.

Figura 7 Modelo de fluxograma cronolgico (grfico de Gantt)

Mapofluxograma O mapofluxograma representa a movimentao fsica de um item atravs dos centros de processamento dispostos no arranjo fsico de uma instalao produtiva, seguindo uma seqncia ou rotina fixa. A trajetria ou rota fsica do item, que pode ser produto, material, formulrio ou pessoa, desenhado, por meio de linhas grficas com indicao de sentido de movimento, sobre a planta baixa em escala da instalao envolvida. O mapofluxograma permite estudar em conjunto, as condies de movimentao fsica que segue um determinado processo produtivo, os espaos disponveis ou necessrios e as localizaes relativas dos centros de trabalho. O modelo fornece uma viso compacta e global do processo, existente ou proposto, em termos de sua ocupao fsica na instalao produtiva. apresentado em duas maneiras

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bsicas, em funo da natureza da informao e dos fatores estudados. O mapofluxograma de atividades serve para mostrar os diferentes tipos de atividades ao longo da planta, identificando os locais onde cada tipo executado. O mapofluxograma de percurso se presta para registrar a seqncia das atividades na planta, quando no h necessidade de diferenciar estas atividades. O esquema pode ser desenhado em 2 ou 3 dimenses, sendo que em 2 dimenses a viso a da planta baixa da instalao em estudo e em 3 dimenses serve para visualizar a trajetria atravs de diferentes pisos ou andares. O uso corrente do mapofluxograma no estudo de aperfeioamento do arranjo fsico ou "layout", de instalaes produtivas. Isto pode ser na fase de projeto, mostrando as disposies fsicas propostas nas solues alternativas, com em revises das distribuies dos equipamentos existentes nas instalaes. Outro no estudo de sistemas de transporte em instalaes produtivas.

Diagrama de Atividades SimultneasO diagrama de atividades simultneas representa o trabalho coordenado de um conjunto de unidades produtivas, por meio de um esquema grfico que registra a seqncia de atividades de cada unidade e a relao de simultaneidade entre as atividades ou eventos de unidades que se interagem.

Figura 8 -Modelo esquemtico do diagrama de atividades simultneas (Slack, 1997, p.332)

O modelo mais apropriado para o estudo de trabalhos que atendem s caractersticas de trabalho coordenado, cclico ou repetitivo composto por atividades intermitentes entre o operador e equipamentos de produo. Admite duas concepes principais: Diagrama Homem-Mquina e Diagrama de Equipe. Diagrama Homem-Mquina O Diagrama Homem-Mquina representa o trabalho coordenado de um operador na operao simultnea com uma ou mais mquinas.

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Na construo do esquema grfico, figura 10, mais apropriado para o estudo do relacionamento homem-mquina o traado com colunas e segmentos proporcionais a uma escala de tempo. A classificao das atividades em: independentes, combinadas e de espera; suficiente para o diagrama, com a seguinte definio para cada uma: a) atividades independentes - operador ou mquina trabalham sem interferncia. Homem: atividades no relacionadas com a operao da mquina. ex. coletar dados, inspecionar pea, pegar matria-prima no estoque. Mquina: atividade de produo sem ateno do operador. b) atividades combinadas - operador e mquina trabalham juntos. Homem: operador atua diretamente na mquina. ex. carregar mquina, operao com avano manual, calibrao de mquina. Mquina: atividades que exigem servios do operador, ou de trabalho combinado com outro equipamento. ex. mquina sendo regulada, alimentada, descarregada ou controlada. c) atividades de espera - operador e/ou mquina ficam sem operao.Nome da pea: Porta Livros Nome da operao : Corte longit.TEMPO

No. : 07-3 No. : 01

Mquina : Serra Operador : JooATIVIDADE

2 min

HOMEM Preparao da serra

ATIVIDADE

MQUINA Ajuste do batente de comprimento Corte inicial Corte da barra

0,5 min 3 min

Controle de velocidade espera

0,5 min 0,5 min

Conferncia do corte Limpeza da mquina

espera espera

Tempo homem = 3,5 minutos

Tempo mquina = 5,5 minutos

Tempo total do posto de trabalho = 6,5 minutosFigura 9 Exemplo de Diagrama Homem-Mquina

Diagrama de equipe O Diagrama de Equipe representa o trabalho coordenado de um grupo de operadores e de mquinas que executam, em conjunto, uma seqncia de operaes em centro de produo e/ou sobre um mesmo produto. empregado com o objetivo de combinar e integrar as atividades do grupo e determinar o nmero mnimo de homens e mquinas empregados. Atualmente tem sido aplicado como ferramenta para auxiliar a alocao de operadores em clulas de manufatura em sistemas produtivos regidos por tcnicas de gesto da produo baseados em modelos japoneses.

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Este diagrama representa o inter-relacionamento das seqncias individuais de atividades dos componentes de uma equipe, durante a realizao de um trabalho comum, no qual tem importncia o tempo de execuo e a coordenao estrita entre as atividades dos componentes. A equipe se caracteriza pela conjugao dos esforos de seus componentes, que executam simultaneamente tarefas interdependentes. O diagrama especialmente apropriado no caso de trabalho que necessite de um mtodo que coordene com preciso as atividades de seus componentes e que permita a execuo do servio no menor tempo possvel. Um exemplo clssico o trabalho nos pit-stop de corridas de automveis quando as equipes de mecnicos executam simultaneamente troca de pneus, abastecimento, limpeza da carenagem, etc... Tabelas de Inter-relacionamento A tabela de inter-relacionamento registra a relao de trnsito existente entre cada par de componentes de um sistema produtivo durante um perodo de tempo. O sistema em estudo pode ser um grupo de instalaes de produo, uma instalao, um departamento, um centro de trabalho ou sistemas homem-mquina, mquina-mquina e homem-homem. Os componentes do sistema produtivo so as unidades de trabalho que executam as atividades de produo, assumindo funes distintas e complementares no sistema Dependendo do nvel de abrangncia do sistema, os componentes podem ser: homens, equipamentos e ferramentas, ou mesas, bancadas e mquinas, ou estaes de trabalho e equipamentos completos, ou sees e grupos de mquinas, ou departamentos, ou plantas. Os fluxos do sistema produtivo so constitudos fisicamente dos itens trocados em um dado sentido entre os componentes, sendo basicamente: pessoas, materiais ou produtos, papis e informaes ou contatos. Para fazer a anlise da relao de fluxo entre os componentes da produo, em funo de determinados aspectos que se deseja destacar na situao de trabalho, a determinao do valor da relao feita segundo fatores de relao, conforme explicitado na tabela 2 abaixo.Tabela 1 Componentes, fluxos e fatores de relao da tabela de inter-relacionamentos. COMPONENTES do sistema de produo FLUXOS entre os componentes FATORES DE RELAO .Distncia .Freqncia .Volume .Peso .Quantidades .Custo .Importncia (pesos) .Prioridades .Dificuldade .Periculosidade .Preciso .Tipo de via de transporte

.Mo-de-obra .Equipamento e ferramenta .Bancada ou Posto de trabalho .Centro de produo .Seo .Departamento .Planta

.Pessoas .Materiais ou produtos .Papis .Informaes ou contatos

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A forma de registro grfico da tabela de inter-relacionamento uma tabela matricial, que pode ser organizada segundo duas concepes grficas: matriz DE-PARA e matriz triangular. Matriz de-para Quando h interesse em explicitar o sentido do fluxo trocado entre os pares, emprega-se uma matriz de-para, conforme modelo abaixo.

Figura 10 Modelo de matriz de-para.

Nesse caso, os itens alocados acima da diagonal principal so relativos ao fluxo de sentido positivo ou para frente em relao ordem na qual os componentes foram escritos na tabela (1 2 3 4) e os itens abaixo da diagonal principal so relativos a fluxos negativos ou para trs. A matriz De-Para usada principalmente em: .Arranjo fsico - usada no sentido de indicar as proximidades relativas em funo de um dado critrio de eficincia. Os critrios so geralmente minimizar o momento de transporte total, reduzir retornos, minimizar nmero de viagens, minimizar manuseio de materiais, etc.. .Balanceamento de linha de produo - A tabela De-Para possibilita um estudo preliminar da distribuio das cargas de trabalho atravs das unidades produtivas que atuam segundo um mtodo de trabalho. So mais comuns: a) verificao do balanceamento da carga de trabalho alocada ao conjunto de unidades produtivas envolvidas,e b) verificao das cargas de trabalho individuais. .Vias de transporte ou canais de informao - o registro quantitativo fornecido pela tabela de transporte pode ser empregado como um resumo ou levantamento de dados para o dimensionamento da capacidade ou especificao construtiva das vias de transporte e canais de informao. Matriz Traiangular (ou de ligaes preferenciais) Quando o sentido do fluxo de difcil definio ou no h interesse em explicita-lo, ou ainda quando o que se deseja mostrar o total de itens trocados, a tabela representada numa Matriz Triangular (figura 11)

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Figura 11 modelo de matriz triangular (ou matriz de ligaes preferenciais)

Figura 12 Exemplo de relaes entre os setores funcionais de uma empresa

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Figura 13 Matriz de ligaes preferenciais de uma serraria de madeira (caso real)

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4. Dimensionamento dos Principais Fatores de Produo Se considerarmos o contexto de uma nova unidade industrial para um produto conceitualmente esttico, estaremos frente a um problema de reprojeto, com uma ampla base de informaes para tratar das questes de gesto, dispositivos tcnicos e os diferentes papis atribudos aos homens. No caso de produtos dinmicos, estaremos frente a um problema no estruturado, onde muitas das questes envolvendo o produto e seu processo produtivo ainda estaro em aberto. De qualquer forma, do incio ao fim do processo de projeto iremos reunir um conjunto de documento que iro cumprir duas funes bsicas: 1. Formalizar as especificaes do produto e do seu processo produtivo, as quais iro orientar a implantao e o funcionamento da unidade industrial; 2. Servir de documentao bsica para a contratao e treinamento do pessoal que ir comandar o "start-up" e o funcionamento normal da unidade industrial. Portanto, o contedo e a qualidade da documentao de projeto constitui em si um elemento de importncia para o sucesso do mesmo. A formalizao do mix de produo deve adotar uma estrutura sistmica onde o todo dividido em partes sucessivamente at a obteno dos elementos individuais que compem o produto. Uma representao sistmica para o produto Cachaa Padroeira apresentada figura 14, abaixo. Para o produto em questo podemos visualizar cinco nveis distintos. Se fizermos o caminho de volta encontraremos para o produto o conjunto de seus componentes: rtulo principal (quatro cores, 120 x 90 mm) e secundrio (quatro cores, 90 x 60 mm), lacre (PVC contrado), selo (padro MF), rolha (cortia D: 29 x 20 mm), pega (PVC injetado, D: 29 x 7mm), garrafa e lquido (Cachaa de alambique com teor alcolico de 45 gl).

Figura 14 Mix de processo de produo cachaa Padroeira

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Para cada um dos elementos constituintes do produto necessitaremos explicitar o seu processo de fabricao. A forma clssica de representao em engenharia de produo com fluxogramas de processo. Eles representam os processos em termos de fluxos de operao, inspeo, esperas, transporte e armazenagem. O dimensionamento no projeto de uma fbrica envolve administrao, parte tcnica, produo, vendas, etc. Nos deteremos no dimensionamento dos fatores diretos da produo que so: - materiais diretos - mo-de-obra direta - mo-de-obra de preparao - equipamento produtivo

4.1. Dimensionamento de pessoal e equipamentos De um modo mais geral o dimensionamento dos equipamentos e dos homens devem ser tratados detalhadamente quando da considerao da estratgia de produo a ser adotada na unidade. No entanto para que estas consideraes sejam feitas faz-se necessrio um prdimensionamento onde iremos totalizar as fraes de homens e equipamentos. A equao geral apresentada abaixo.

N = ((TPOp + TPPr)) * D / J * n Onde: N TPOp TPPr D J n = nmero de homens ou de equipamentos no processo; = o tempo padro para o ciclo de trabalho ou de processo; = o tempo padro de preparao do equipamento; = demanda do processo; = jornada de trabalho; = rendimento da fbrica.

Deve-se tomar todo cuidado com as unidades e com as consideraes acerca dos tempos de preparao. Quando se trata de muitos produtos que iro compartilhar os mesmos equipamentos deve-se calcular o lote de processamento e distribuir o TPPr para o mesmo. No caso de um nico produto, o TPPr envolver principalmente as operaes de troca de ferramentas e manutenes previstas para o ciclo de trabalho. O rendimento de fbrica (n) uma medida da eficincia da unidade industrial. Ele busca representar a variabilidade inerente ao processo que implica em horas no produtivas ao longo do ciclo de trabalho derivados dos aspectos humanos, bem como do dispositivo tcnico. Quanto maior for a variabilidade do processo produtivo, menor ser o rendimento do processo. No geral um rendimento de 85% considerado um bom ndice.

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4.2. Dimensionamento dos Materiais O dimensionamento dos materiais constitui o primeiro passo para se conhecer as necessidades em termos de fatores de produo em uma unidade industrial. Partindo das especificaes do mix de produtos e dos fluxogramas deve-se proceder da seguinte forma: 1. 2. 3. 4. Estabelecer uma representao sistmica para o processo produtivo; Identificar todas as operaes onde haja uma transformao quantitativa nos materiais; Aplicar para a ltima operao identificada o balanceamento de massa; Repetir o procedimento anterior para todas as operaes na ordem inversa do processo.

O modelo geral para o balanceamento de massa a ser adotado assim expresso:

E=S+R R=a*E E = S + (a * E) S = E (a * E) S = E (1 a) N = (1 a) E = S / (N) Onde N o rendimento do processo.

4.2.1. Dimensionamento de matria-prima em Indstrias de Adio Estas indstrias se caracterizam por terem seus produtos em porcentagens de seus componentes. o caso mais freqente em indstria de processamento qumico e indstrias farmacuticas.

Esquema de soluo:

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Exemplo:

Exerccio: Existem 3 produtos qumicos A, B, C, compostos das misturas M1, M2, M3, na seguinte proporo (%):

E as misturas so compostas de matrias-primas MP1, MP2, MP3.

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Existe uma perda de (produtos defeituosos produzidos):

A previso de vendas anual de 540.000 Kg /ano de A, 285.000 Kg./ano de B e 450.000 Kg/ano de C. a) Dimensionar o consumo de M.P. por ano, baseado na previso de vendas e na produo, sabendo que para se fazer uma tonelada das misturas so gastos (em horas).

Existem 200 dias teis, por ano de 5 horas por dia. Supor eficincia global de 80% b)Dimensionar os equipamentos necessrios

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RESOLUO:

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4.2.2. Dimensionamento de materiais em industrias de montagem (vrios componentes).

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Exerccio: O produto A composto de trs peas tipo I e duas peas tipo II. Os dados so os seguintes: - demanda de 100.000 produtos A/ano - ano de 200 dias teis - jornada de trabalho de 10 horas/dia - eficincia de 85%

Desprezar o tempo de preparao dos equipamentos. Calcular material, equipamentos, pessoal.

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4.3. Dimensionamento de reas de Produo

O estudo conduzido at o momento, nos possibilitou a determinao dos fatores diretos de produo, em termos de mo-de-obra direta, Equipamentos, Materiais e dispositivos auxiliares de produo. Alm destes fatores, interferem em qualquer sistema produtivo, fatores indiretos cuja importncia ser de maior ou menor grau, dependendo do tipo de industria.

Existem vrios mtodos utilizados para o dimensionamento do layout, podendo ser resumidos em mtodos de aproximao e mtodos analticos. Os mtodos de aproximao se baseiam em situaes semelhantes anteriormente projetadas ou existentes na prpria unidade produtiva ou em modelos matemticos (mtodo de GUERCHET, mtodo de APPLE). Em geral estes mtodos so utilizados em projetos preliminares ou situaes onde no h necessidade de preciso nos detalhes do layout, como reas administrativas, salas de espera, recepo, etc. Os mtodos analticos so aqueles em que a obteno do layout final se d por composio de reas individualmente construdas. Os principais mtodos so: 1) Mtodo numrico: diviso de atividades ou reas em elementos de espao e sub-reas. Cada equipamento listado com rea ocupada pela mquina, rea de trabalho de operador e rea para manuteno e colocao de material. 2) Padres de espao: rea min = (larg x comp + 0,6 m lado perto + 0,45 m) x valor de correo (obtido por tabelas). 3) Centro de Produo: construo dos elementos de reas que compem um centro de produo a partir das necessidades especficas das atividades desenvolvidas no centro.

Neste captulo, iremos considerar as necessidades em termos de espao fsico dos fatores diretos e indiretos de produo. Para os fatores diretos, ser apresentado o Mtodo do Centro de Produo e para os fatores indiretos, apresentaremos diversas recomendaes a partir de dados empricos apresentados na literatura.

4.3.1. Mtodo do Centro de Produo Centro de produo uma unidade de funcionamento independente da fbrica que colabora diretamente para a transformao de qualquer matria prima em produto acabado. Para o dimensionamento da rea necessria para um dado centro de produo, devero se considerados:

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reas EQUIPAMENTO

Definio - a projeo ortogonal do equipamento sobre o plano horizontal.

Obteno Catlogos ou medio direta do equipamento. - Estabelecer as dimenses do equipamento bem como as referncias do centro de produo, segundo o cdigo de cores. - AUTOCAD LT. -Setting -Drawing -Limits -Dawing Aids -Grid -Snap -Text Style -Edit Polyline -Draw -Line -Polyline -Donut -Text -Dimention -linear -View -Zoon -Construct -Copy -Mirror -Modify -Erase -Move -Change Properties -Color

Fresadora

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OPERADOR

- rea necessria para o operador realizar a operao. - Considerar as diferentes posies de trabalho do operador e suas movimentaes intra e inter posies, bem como os aspectos de segurana envolvidos.

- Anlise dos micromovimentos, tabelas de ergonomia, normas de segurana.

Operador Postura: -Trabalho em p; -O operador realiza movimentos plenos na posio de operao. Rotina: -Retirar matria-prima da zona de alimentao e abastecer o equipamento pelo lado esquerdo; -Operar equipamento. Eventualidades: -O operador refuga peas defeituosas; -O operador desloca-se para regular rotao do equipamento.

- AUTOCAD LT -Draw -Circle -Modify -Stretch

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MANUTENO

- rea necessria para a realizao de servios de manuteno preventiva e corretiva. - Considerar os diferentes pontos que podem ocorrer servios de manuteno e os espaos necessrios para a remoo de componentes do equipamento.

- Anlise dos movimentos de manuteno, tabelas de ergonomia e dimenses de componentes crticos da mquina.

Manuteno Postura - Deitada, na posio oposta ao operador; - Agachado nas posies laterais direita e esquerda. -

- AUTOCAD LT -Construct -offset -Modify -Trim

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PROCESSO

- Todas as reas indispensveis para que se possa executar perfeitamente, e sem limitaes, as operaes de processamento. - Considerar os espaos para alimentao e descarga das mquinas, deslocamentos de partes mveis, instalao e retirada de dispositivos e reas para preparao do equipamento.

- Catlogos ou medio direta no processo.

Processo -O lado direito da mesa da fresadora desloca-se lateralmente de 400 mm.

- AUTOCAD LT -Modify -Edit Dimentions -Move text

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MATERIAIS

- rea necessria para a estocagem de matrias-primas processadas e no processadas. - Considerar o nmero de diferentes matrias-primas.

- Sistema de programao e distribuio de materiais e tamanho do lote. - AUTOCAD LT -Modify -Remove -Add

No Processadas: -As matrias-primas no processadas permanecem em carros alimentadores com 400, 600 mm de dimenses, ao lado esquerdo do operador. Processadas: -As matrias-primas processadas alimentam automaticamente um carro de sada.

REFUGOS, CAVACOS E RESDUOS.

- rea para sobras de materiais decorrentes do processo produtivo. - Considerar volume, forma, tipos de materiais e freqncia da remoo destes materiais.

- taxa de sobras/tempo, densidade, mtodo de armazenamento e freqncia da coleta.

Refugos -Os refugos so depositados no carro transportador de sada; -Os refugos so recolhidos a cada jornada. Cavacos -As poeiras e cavacos so removidos por servio de exausto areo; -Os filtros so trocados a cada perodo de 200 horas.

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MOVIMENTAO E TRANSPORTE

- rea necessria para que os dispositivos de transporte acessem o centro de produo. - Considerar carga, descarga e operaes de manobra.

-Catlogo de fabricantes, manuais de movimentao e mtodos de empilhamento.

Movimentao e Transporte -Os transportes entre os centros de produo so realizados pelos carros alimentadores.

- AUTOCAD LT -Modify -Extend

SERVIOS

- rea destinada aos servios que atendam ao centro de produo. - Considerar tipo de servio (gua, ar comprimido, ventilao...) e forma de abastecimento.

- Catlogos de fabricantes e medies diretas.

Ar de Exausto -O ar de exausto e fornecido por tubulao area, entrando pelo fundo do equipamento e saindo pela lateral direita; -O filtro de manga substitudo a cada 200 horas.(trabalho em p). Energia Eltrica -A energia eltrica fornecida por barramento areo.

- AUTOCAD LT -Modify -Scale

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DISPOSITIVOS AUXILIARES

- rea necessria para - Nmero de dispositivos e ferramentas, dispositivos e dimenses. instrumentos que auxiliam a produo. - Considerar mtodo de armazenamento, transporte e distribuio.

Ferramentas -As ferramentas so distribudas pelo PCP sempre no primeiro carro do lote; -As ferramentas so transportadas em carros de servio. Instrumentos -Os instrumentos necessrios para a execuo da tarefa so guardados sob a mesa da fresadora. ACESSO - rea necessria para o operador e outras pessoas acessarem o centro de produo, permitindo a livre movimentao com segurana e rapidez. - Estudo dos deslocamentos do operrio e tabelas de ergonomia.

Circulao interna ao Centro de Produo -O operador precisa ter acesso lateral esquerda no fundo do equipamento. Circulao Externa -O operador e as zonas de entrada e sada de materiais precisam ter acesso a um corredor de circulao externo.

Sobreposio Interna

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DISPOSITIVOS LEGAIS (ver captulo 8 riscos)

- rea necessria para o atendimento das recomendaes legais considerando o conforto e a segurana.

- As consideraes anteriores, quando seguidas corretamente, j possibilitam o atendimento s questes legais. Alem destas considerar que, entre mquinas, instalaes, ou pilhas de materiais dever haver uma passagem livre de no mnimo 800 mm ou de 1300 mm quando se tratar de partes mveis. -As distncias mnimas de segurana sobrepem-se a todas as reas de circulao e movimentao.

Segurana

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Consideraes finais - O template mostrado abaixo ilustra a soluo em termos de dimensionamento de rea para o centro de produo Fresadora. Nele so destacados todos os equipamentos, homens e fluxos de materiais, bem como as fronteiras internas e externas do centro de produo. - Repetidos os procedimentos anteriormente mencionados para todos os centros de produo do sistema produtivo, deve-se agora considerar as possibilidades de sobreposio das fronteiras externas. Sobreposio Externa

- Pelos critrios acima, constata-se que podero ser sobrepostas as reas de mesma cor, ou seja, reas de corredores, de manuteno e de segurana, individualmente. -Ainda, reas de manuteno e de segurana pertencentes a centros de produo diferentes e reas de segurana e corredores. -Salientamos que as regras estabelecidas valem para a maioria dos casos e objetivam facilitar o processo de determinao do layout utilizando recursos de informtica e computao grfica. Caber ao projetista identificar situaes onde estas regras no se aplicam bem como a gerao de novas regras de acordo com o problema de projeto em questo. -Finalmente, destacamos a significncia do mtodo apresentado em comparao com os mtodos tradicionais. A obteno dos templates em sistemas de computao grfica permite um alto grau de iconicidade destas representaes, facilita a obteno dos diagramas de bloco e de massa, contribuindo assim para a eficcia da atividade do projetista.

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Resultado final da anlise de todos os fatores correlacionados com o espao fsico do centro de produo.

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Representao final do centro de produo, considerando as sobreposies de reas.

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4.4. Dimensionamento de reas do conjunto de centros de Produo e Departamentos Esta rea no a simples somatria das reas dos Centros de Produo, pois destas reas, algumas podem ser superpostas. Deve-se considerar dois casos especficos: a) o conjunto de C.P. conduzido por um nico operrio (verificar rota do operrio e superposio de reas) b) o conjunto de C.P. conduzido por mais de um operrio (extenso de dimensionamento do C.P. deve-se procurar superpor rea). rea do Departamento Para o dimensionamento da rea dos departamentos, deve-se proceder: 1 - Determinar os CPs que compem o departamento considerando a forma geral de cada um a composio. 2 determinar as reas de superviso, administrao e controle do departamento; 3 - Definio da forma geomtrica do departamento. Considerar a rea disponvel, os outros departamentos, a forma geral da fbrica e a disposio dos conjuntos de fluxos entre os departamentos. 4 Considerar reas comuns de Qualidade, controle da produo, superviso, armazenagem, etc... 5 determinao das reas de servios auxiliares como: gabaritos, peas e partes de equipamentos, manuteno, etc. 6 - Relao de reas conflito de fluxo 7 - Dimensionamento e localizao de corredoras e passagens (rea p/ movimentao). Devese prever facilidade de movimentao e acesso, atravs de corredores principais e secundrios para: - operrios e materiais - equipamento de transporte - movimentao das provises de sobras, cavacos e sujeiras. - remoo de equipamentos para manuteno e servios - acesso para segurana e para proteo contra incndios.

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5. Estudo do Fluxo do Processo Basicamente se trabalha em layout com trs tipos bsicos de fluxo: fluxo interno aos departamentos, fluxo entre os departamentos de produo e o fluxo geral da fbrica. Para o fluxo interno aos departamentos, o processo de anlise se baseia exclusivamente na movimentao dos materiais em processo. Estuda-se o sistema de movimentao e de transferncia de materiais entre os CPs (estoque em processo, lotes, freqncia, requisitos, etc.). No estudo de fluxo entre departamentos, alm dos critrios j considerados no fluxo interno aos departamentos, considera-se os tambm os sistemas de estoques intermedirios e os sistemas de emisso de ordem (ou de expedio). O fluxo geral da unidade produtiva baseado em relaes quantitativas (materiais e produtos) e qualitativas (pessoas, servios, informaes). 5.1 Fluxos Internos (no departamento e entre departamentos) Elaborado a partir de cartas do processo (fluxograma do processo, fluxograma de fabricao e montagem, de processos mltiplos, etc.) que o documento bsico e comum a todos os estudos de Layout, nos quais s se colocam as informaes essenciais ao processo: Operao, Inspeo, Armazenagem e movimentao. Existe uma tcnica do estudo do fluxo adequada a cada problema. As tcnicas mais comuns so: Carta de processo simples (Fluxograma de fabricao e montagem), Carta de processos mltiplos e Carta DE-PARA. A configurao final destes documentos tambm depende do tipo de estudo efetuado. Uma primeira aproximao para a escolha do tipo de tcnica a utilizar pode ser feita pela relao entre o volume de produo de cada item e a diversidade de produtos (ou componentes) produzidos, conforme figura abaixo:

Figura 15 Tcnicas de estudo do fluxo do processo em funo de volume e variedade

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Fluxograma de Processos Simples A representao mais comum da carta de processo simples o fluxograma de fabricao e montagem (ou carta de fluxo do processo, ou flow chart).

Carta de Processos Mltiplos Usado quando o produto constitudo de vrias partes, ou para diversos produtos que possuem partes ou processos comuns entre si. Permite o estudo de problemas com maior nmero de dados. A carta de processos mltiplos auxilia a elaborao do Layout: (1) pela aglutinao de vrios processos em grupos de trabalho (seqncias preferenciais de processamento); (2) equipamentos com posio pr-fixada (incio ou trmino de processamento do produto); (3) outras regras: produtos do mesmo material; de mesmo tempo de operao; de operaes semelhantes, mquinas semelhantes; qualidades semelhantes, etc...

Modo construtivo:

Seqncia de trabalho com a carta de processos mltiplos. Exemplo: A partir de um mix de 3 peas processadas em 12 processos distintos, com uso compartilhado destes processos, conforme mostrado na carta abaixo, montar uma relao entre as reas destes processos de forma a otimizar os fluxos de trabalho das peas.

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1 Fase: Estabelecimento dos grupos de trabalho: Procura-se estabelecer grupos de equipamentos que processam as mesmas peas e que estejam no mesmo nvel de etapas de processamento:

Duas regras comandam o mtodo: - Regra Horizontal: colocar os mesmos equipamentos na mesma linha. - Regra Vertical: respeitar a seqncia de processamento. 1o.) Percorre-se a carta com uma pea at que esta no obedea s regras (Horizontal ou Vertical). 2o.) Segue o mesmo procedimento para a prxima pea que, em seqncia, obedea s regras.

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2 Fase: Destacar os grupos de trabalho e as relaes entre eles. Agrupar os equipamentos e os processos em blocos funcionais, na seqncia dos processamentos, independente das peas.

3 Fase: Obter as Relaes das Atividades. Pegar as reas dos centros de produo e relaciona-las com as demais, mantendo relao de escala entre os centros de produo (forma geomtrica simples e de tamanho aproximado) e estabelecer os fluxos entre elas.

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4 Fase: Obter Relaes das reas, ou seja, retirar os espaos vazios entre os blocos.

Com as relaes das atividades obtidas e com as reas reais obtm-se um esquema das relaes das reas. CARTA DE-PARA - til no tratamento de problemas de fluxo com grande n de informaes as quais transformaremos em grandezas de movimentao. O passo inicial a escolha da grandeza representativa do fluxo, que pode ser: [Kg/tempo]; [vol/tempo]; [viagem /tempo]; [viagem empilh./tempo] Roteiro de Processamento: Pea I II III

Seqncia de Processa/o (atividades) A-B-C-D A-B-D-C B-A-C-D

Intensidade de Fluxo da pea 10 5 20

Do quadro, por ex: para pea I, da atividade a para B movimentam-se 10 unidades de intensidade do fluxo. O conveniente agrupamento destes valores de fluxo se faz pela carta DE-PARA onde, a parte superior representa os valores parciais obtidos da anlise do fluxo de todas as peas, e a parte inferior o fluxo total resultante. De/Para A B C D A 20 /20 B 10+5 / 15 C 20 / 20 10 / 10 5/5 D 5/5 10 +20 / 30

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Exemplo: Considere a seguinte situao de produtos/informaes e seus processos

1 Etapa: Representao grfica

2 Etapa: Racionalizar o fluxo da 1 etapa, ou seja, rearranjar os blocos de reas de forma a eliminar cruzamentos. Esta fase pode ser feita graficamente (processo visual) ou matematicamente, atravs de reordenao de matriz anulando os valores (fluxos) abaixo da diagonal principal (resoluo de sistema de equaes lineares).

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1) Aproximar atividade de maior intensidade de fluxos 2) Evitar cruzamentos (Ligaes Diagonais) 3) Dar uma tendncia geral do fluxo (No caso de A G) 3 etapa: aproximao para o fluxo geral do layout - Linearizar o fluxo primrio (que liga as atividades de maior intensidade de fluxo) - Estabelecer as relaes de reas a) O Arranjo final ser uma reproduo do esquema representado.

b) Mais utilizado para dispor grandes departamentos onde a linearizao no o principal objetivo.

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Exerccio:

Com esses dados: linearizar o fluxo primrio usando a carta DE-PARA e montar um layout em blocos para os CPs.

5.2. Fluxo geral da fbrica (da unidade produtiva) Como j comentado no incio do captulo, o fluxo geral da unidade comporta relaes quantitativas e qualitativas. A natureza da relao definida pela funo de cada departamento ou setor considerado. Uma classificao genrica e usual dos setores de uma instalao de produo (unidade produtiva), denominada de Unidades Tpicas de uma Fbrica, assim apresentado: 1 Unidades diretas de produo: -Almoxarifado - armazenamento de materiais diretos ou indiretos. Os principais so: matrias-primas, partes em processo, produtos acabados. -Preparao de matrias-primas - adequao dos materiais diretos para serem processados. Compreende: controle de qualidade de matrias-primas e materiais comprados, sistema de movimentao, disposio dos materiais para processamento. -Fabricao (ou Processamento principal) - processamento dos materiais, transformando matrias-primas em partes intermedirias ou produtos finais. Pode ser dividida em:

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processamento de materiais brutos, processos intermedirios/tratamentos superficiais, processamento de componentes finais, montagem. Esta unidade pode ainda ser separada em departamentos, conforme j discutido no item anterior deste captulo. -Acabamento/Embalagem - conferir aos produtos finais a forma de apresentao para venda (ou expedio). Compreende: controle de qualidade/produo, embalamento e movimentao para armazenamento. 2 Unidades de apoio produo e processos: -Manuteno - conservao e adequao de equipamentos e instalaes visando sua disponibilidade de uso no processo. -Utilidades - sistemas de provimento de energia e de materiais secundrios para o processamento. Compreende: reservatrio de gua, casa de fora, gs, leo, etc. Ferramentaria/oficina de mquinas - confeco de ferramentas de mquinas, reparos de partes de mquinas. 3 Unidades de apoio de pessoal: -Apoio de pessoal - servios de higiene, conforto e sade para a mo-de-obra. Compreende: ambulatrio, vestirios, sanitrios, refeitrios, creche, bebedouros, salas de descanso. 4 Administrao e controle da fbrica: -Recepo - controle de entrada de materiais ou pessoas na fbrica. Compreende: recebimento de materiais, vias de acesso, estacionamento, controle de ponto. -Expedio - controle de sada de pessoas, materiais ou produtos da fbrica. Compreende: movimentao de produtos finais, carregamento e vias de circulao externa. -Administrao - controle funcional, fiscal e financeiro das atividades da fbrica. Compreende: contabilidade, compras, vendas, recrutamento/seleo, pagamentos, gerncia e direo. Os mtodos tratados at aqui descritos baseiam-se nas seqncias de produo ou em relacionamentos quantitativos entre operaes. No entanto, dentro de uma unidade industrial existir um conjunto de atividades de suporte que iro interagir com os processos produtivos. A determinao do posicionamento destas atividades dentro das instalaes ir depender, sobretudo do tipo de industria, da estratgia mais geral e da organizao da produo. A tcnica utilizada para definir o posicionamento relativo destas atividades no interior de uma unidade industrial a Carta (ou Matriz) de Ligaes Preferenciais. Alm desta avaliao qualitativa, existem mtodos quantitativos para a comparao entre solues. O Mtodo dos Momentos um deles. Ele consiste no clculo dos momentos resultantes ( M = F x D), para uma dada soluo e a sua comparao com as demais. Basicamente o mtodo envolve: 1. Calcular todas as reas necessrias para as atividades produtivas e no produtivas; 2. Fazer uma aproximao geomtrica (retangular ou circular) para estas reas; 3. Construir solues baseadas nos mtodos quantitativos e qualitativos apresentados; 4. Calcular o momento para a soluo; 5. Comparar os resultados das solues.

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5.3. reas de Estocagem e de Expedio As reas de estocagem e expedio esto relacionadas com o recebimento, movimentao, armazenagem, preparao de pedidos e carregamento ou despacho de mercadorias. Seu dimensionamento depende fundamentalmente do tipo de pallet ou rack utilizado, do transportador a ser adotado, podendo ser manual ou empilhadeiras motrizes; e do sistema de armazenagem propriamente dito. A figura 16 apresenta trs modelos de pallet do tipo plataforma, sendo os dois primeiros convencionais de madeira e o terceiro, de material polimrico. Destaca-se a necessria compatibilidade entre a geometria do pallet e do dispositivo de movimentao. O acesso bilateral vantajoso na medida que facilita a acoplagem com um menor nmero de manobras.

Figura 16: Pallets com diferentes