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HISTÓRIA DO BRASIL Prof. Alcidélio Camilo REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (REPÚBLICA VELHA) O BRASIL DE 1889 A 1930 I – APRESENTAÇÃO Entende-se por República Velha o período da História do Brasil que vai da Proclamação da República, em 1889, até a Revolução de 1930. Apesar da mudança na forma (República) e no sistema de governo (Presidencialista), além da adoção de uma nova Constituição (1891), mantém-se a tradição agrário-latifundiária-exportadora, com o predomínio das oligarquias rurais (coronéis) e as acentuadas disparidades sociais – quadro típico do Império, cujas origens remontam à Colônia. Algumas alterações, porém, se fazem notar nessa Primeira República: a maior presença do grande capital, a intensificação da industrialização, a entrada mais maciça de imigrantes, a marginalização do negro e do nascente operariado, o surgimento de novas ideologias nascidas principalmente das precárias condições de trabalho nas fábricas, além de diversos choques, no campo e na cidade, que demonstram o questionamento do poder dominante. A República Oligárquica é um arranjo de forças opostas, novas e tradicionais, em conflito: de um lado,sertanejos, operários, ex-escravos, imigrantes marginalizados e militares de baixa patente, e de outro,as forças dominantes, representadas pela aristocracia agrária, militares de alta patente e a nascente burguesia urbano-industrial. Assim como a Proclamação da República não pode ser considerada um marco transformador das estruturas do Império, a Revolução de 1930 também deve ser entendida bem mais como uma rearticulação de novas forças, representadas pela burguesia industrial em ascensão, em convívio com as oligarquias rurais até então predominantes. II - A CRISE DA MONARQUIA E AS ORIGENS DA REPÚBLICA A partir da segunda metade do século XIX, aproximadamente, a monarquia brasileira não responde satisfatoriamente às necessidades de transformação e aos grandes questionamentos levantados por uma parcela cada vez mais significativa das classes médias e altas. São questionados, dentro do Império: • o unitarismo, que centraliza as decisões na figura do imperador; • o voto censitário, que exclui a maior parte da população dos direitos políticos, • o Senado vitalício, que perpetua em torno do monarca elementos da elite agrário-escravista; • o regime de Padroado, que submete a Igreja ao Estado; • o escravismo, que se torna incompatível com as condições impostas pelo Capitalismo do século XIX; • a Constituição de 1824, que prevê todas as características acima. Reivindica-se um novo sistema e uma nova forma de governo, respectivamente, o Presidencialismo e a República, para tornar possível: HISTÓRIA DO BRASIL Prof. Alcidélio Camilo

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REPBLICA OLIGRQUICA (REPBLICA VELHA) O BRASIL DE 1889 A 1930

HISTRIA DO BRASIL Prof. Alcidlio Camilo

REPBLICA OLIGRQUICA (REPBLICA VELHA) O BRASIL DE 1889 A 1930

I APRESENTAO

Entende-se por Repblica Velha o perodo da Histria do Brasil que vai da Proclamao da Repblica,

em 1889, at a Revoluo de 1930.

Apesar da mudana na forma (Repblica) e no sistema de governo (Presidencialista), alm da adoo de uma nova Constituio (1891), mantm-se a tradio

agrrio-latifundiria-exportadora, com o predomnio das

oligarquias rurais (coronis) e as acentuadas disparidades sociais quadro tpico do Imprio, cujas

origens remontam Colnia.

Algumas alteraes, porm, se fazem notar nessa Primeira Repblica: a maior presena do grande capital, a intensificao da industrializao, a entrada mais macia de imigrantes, a marginalizao do negro e do nascente operariado, o surgimento de novas ideologias nascidas principalmente das precrias condies de trabalho nas fbricas, alm de diversos choques, no campo e na cidade, que demonstram o questionamento do poder dominante.

A Repblica Oligrquica um arranjo de foras opostas, novas e tradicionais, em conflito: de um lado,sertanejos, operrios, ex-escravos, imigrantes marginalizados e militares de baixa patente, e de outro,as foras dominantes, representadas pela aristocracia agrria, militares de alta patente e a nascente burguesia urbano-industrial.

Assim como a Proclamao da Repblica no pode ser considerada um marco transformador das estruturas do Imprio, a Revoluo de 1930 tambm deve ser entendida bem mais como uma rearticulao de novas foras, representadas pela burguesia industrial

em ascenso, em convvio com as oligarquias rurais at ento predominantes.

II - A CRISE DA MONARQUIA E AS ORIGENS DA REPBLICA

A partir da segunda metade do sculo XIX, aproximadamente, a monarquia brasileira no responde

satisfatoriamente s necessidades de transformao e aos grandes questionamentos levantados por uma parcela cada vez mais significativa das classes mdias e altas.

So questionados, dentro do Imprio:

o unitarismo, que centraliza as decises na figura do imperador;

o voto censitrio, que exclui a maior parte da populao dos direitos polticos,

o Senado vitalcio, que perpetua em torno do monarca elementos da elite agrrio-escravista;

o regime de Padroado, que submete a Igreja ao Estado;

o escravismo, que se torna incompatvel com as condies impostas pelo Capitalismo do sculo XIX;

a Constituio de 1824, que prev todas as caractersticas acima.

Reivindica-se um novo sistema e uma nova forma de governo, respectivamente, o Presidencialismo e a

Repblica, para tornar possvel:

o federalismo; o fim do voto censitrio; o fim da vitaliciedade do Senado; a independncia da Igreja ao Estado; o estmulo ao trabalho assalariado e ao crescimento econmico; uma nova Constituio, formalizadora de tudo isso.

significativo, ainda, o fato de o Brasil ser, em fins do sculo XIX, a nica monarquia das Amricas e um dos ltimos redutos do escravismo no continente.

Todo esse questionamento da estrutura da monarquia explica a existncia das questes, principalmente a partir de 1870, vistas a seguir, que conduzem Proclamao da Repblica.

1 - QUESTO MILITAR

Terminada a Guerra do Paraguai (1864-70), o Exrcito Nacional retorna vitorioso e consciente de sua fora poltica. O contato com a oficialidade das naes vizinhas, Repblicas governadas por militares, amplia a ambio poltica e o sonho republicano entre as altas patentes. O exrcito reclama ainda da interferncia do poder civil em assuntos especificamente militares e dos baixos soldos.

A insatisfao com a monarquia expressa-se na adoo do positivismo, filosofia de origem europia,

baseada na defesa da ordem e do progresso. Nesse contexto, o exrcito passa a defender o desenvolvimento econmico com base na industrializao, no estmulo imigrao e no fim da escravido, incompatveis com os interesses dos grupos latifundirios e escravistas dominantes do Imprio. A defesa do abolicionismo prende-se ainda a um desejo de recompensar aos escravos pela participao dos mesmos na Guerra do Paraguai.

Por tudo isso, a Questo Militar representa o fim do apoio do exrcito Monarquia e sua conseqente adeso Repblica.

2 - QUESTO RELIGIOSA

O regime do Padroado, que submete a Igreja ao Estado, previsto pela Constituio Imperial de 1824, causava crescente insatisfao entre os clrigos.

No incio dos anos 70, bispos do Rio de Janeiro, Olinda e Belm no aceitam a presena de padres em lojas manicas e de membros da maonaria em irmandades religiosas. Essas irmandades recorrem ao Imperador D. Pedro II, que condena os bispos priso. Tal fato o culminar da Questo Religiosa, mediante a qual a Igreja retira o apoio Monarquia. O clero defende a Repblica, condicionado separao entre Igreja e Estado no regime posterior.

3 - MANIFESTO REPUBLICANO E PARTIDOS REPUBLICANOS

A publicao do Manifesto Republicano, em 1870, explicita a indesejvel condio do pas de nica monarquia das Amricas (Somos da Amrica e queremos ser americanos). Expressa as concepes republicanas de liberalismo e federalismo inexistentes na Monarquia. Condena o escravismo, o que faz com que duas correntes passem a defender os mesmos interesses: a abolicionista e a republicana. O desejo de maior autonomia s provncias (federalismo) leva a adeso de grandes proprietrios rurais causa da Repblica.

Muitos desses so responsveis pela fundao de Partidos Republicanos em todo o pas, com destaque para o Partido Republicano Paulista (PRP), surgido na Conveno de Itu (1873) e aglutinando os cafeicultores da provncia, em especial do Oeste, de grande poder econmico.

O Manifesto Republicano e os PRs formalizam as bases polticas para o questionamento da Monarquia.

4 - QUESTO ABOLICIONISTA

Sem o apoio do Exrcito, da Igreja, dos cafeicultores do oeste paulista, das classes mdias e de parcela significativa da imprensa, restava ao Imperador o apoio de um nico reduto: dos tradicionais bares do caf,latifundirios e escravistas.

Entretanto, ao longo da segunda metade do sculo XIX, D. Pedro II vem sendo insistentemente pressionado, interna e externamente, para o fim do trabalho escravo, o que contraria os interesses dos monarquistas tradicionais. significativa a participao da Inglaterra, em plena Revoluo Industrial, lutando pelos seus interesses capitalistas de ampliao dos mercados consumidores no Brasil, incompatveis com o escravismo.

Acuado diante dos interesses antagonistas dos escravistas-monarquistas e dos abolicionistas-republicanos, o monarca promove a abolio gradual da escravido, com leis de pouco significado prtico para o escravo. As insuportveis presses pelo fim do escravismo levam Lei urea de 1888, sem as esperadas indenizaes aos senhores de terra pela perda de seus escravos. o pice da Questo Abolicionista, que conduz at mesmo tradicionais latifundirios causa da Repblica, numa atitude de represlia ao Imperador (so chamados de Republicanos do 13 de maio).

Sem qualquer ponto de sustentao poltica, D. Pedro II deixa o pas, possibilitando o golpe de implantao da Repblica, em 15 de novembro de 1889, numa pacfica transio de regimes.

III - INSTABILIDADE INICIAL DA REPBLICA

Com a Proclamao, formalizada pelo Marechal Deodoro da Fonseca, instalado o primeiro Governo da Repblica, ainda provisrio, chefiado pelo mesmo marechal.

No Governo Provisrio de Deodoro (1889 a 1891) extingue-se a vitaliciedade do Senado e separa-se a Igreja do Estado. O Presidente convoca a Assemblia Constituinte que promulga, em 1891, a primeira Constituio da Repblica, baseada na Carta dos Estados Unidos. So destaques da Constituio de 1891:

Forma de Governo: Repblica

Sistema de Governo: Presidencialismo

Federalismo - maior autonomia aos Estados, sem extinguir a fora da Unio.

Independncia dos trs poderes: Legislativo, Executivo e Judicirio.

Voto direto, mas no secreto, masculino, para maiores de 21 anos. Esto excludos: mulheres, menores, padres, soldados e analfabetos.

Separao Igreja / Estado, oficializando o registro e o casamento civil.

Riquezas do sub-solo pertencem ao dono do solo e no nao.

A Proclamao da Repblica satisfaz aos interesses elitistas de pequena parcela da populao. Tais interesses esto expressos na Constituio, sobretudo, na questo do voto: elimina-se o voto censitrio, mas probe-se o voto do analfabeto, o que significa, a exemplo do perodo imperial, a excluso poltica da imensa maioria de brasileiros, sem o direito da cidadania. A ausncia do voto secreto tambm traduz a existncia de mecanismos nada ticos para perpetuao do domnio poltico das minorias.

A Constituio de 1891 traduz o prprio significado da Repblica: liberal em sua forma, mas oligrquica em seu funcionamento, garantindo apenas s elites fundirias, sobretudo cafeicultores, o controle poltico do Brasil, ao longo da Repblica Velha.

Eleito indiretamente pela Assemblia Constituinte, o Governo Constitucional de Deodoro (1891) marcado por grande instabilidade, exemplificada pela (o):

oposio dos cafeicultores, sobretudo de So Paulo Deodoro eleito graas ao apoio do exrcito;

fracasso da poltica financeira do ministro Rui Barbosa assunto visto adiante;

dissoluo do Congresso pelo Presidente;

primeira Revolta da Armada (RJ), provocando cises dentro das Foras Armadas.

Esse quadro leva renncia de Deodoro e ascenso do Governo de Floriano Peixoto (1891 a 1894), cuja posse amplamente questionada, uma vez que o titular no havia completado a metade de seu mandato, o que deveria provocar nova eleio, de acordo com a Constituio (Floriano alega que tal dispositivo vlido apenas quando o titular elege-se pelo voto direito).

Apesar da reabertura do Congresso, o Presidente enfrenta dois movimentos armados, os quais reprime com violncia: a nova Revolta da Armada (RJ), em 1893 e a Revolta Federalista (RS), de 1892 a 1895. Essas rebelies expressam uma ciso dentro do exrcito, um descontentamento de setores da marinha (sem grande participao no poder poltico nacional) e as presses dos setores agro-exportadores. Tais setores elegem, em 1894, Prudente de Morais, iniciando seu controle efetivo sobre o pas, o que se estende por toda a Repblica Velha. o fim da chamada Repblica da Espada (1891-94) e a eleio do primeiro civil presidncia.

IV - ECONOMIA

O Brasil mantm, como no Imprio, a vocao agro-exportadora. O caf representa o principal produto, sendo responsvel por boa parte da renda nacional arrecadada. Tal situao explica, como se ver, a supremacia poltica das elites cafeeiras e as medidas governamentais de proteo e valorizao do produto. Produtos como a borracha e o acar merecem algum destaque na produo nacional, assim como o limitado crescimento da indstria.

1 - O CAF

Os primeiros tempos da Repblica assistem superproduo de caf, o que leva Poltica do Encilhamento, do ministro Rui Barbosa, poca do presidente Deodoro da Fonseca. Tal poltica consistiu em emisses praticadas pelo governo para concesso de emprstimos aos industriais, visando reduzir a excessiva vocao cafeeira do pas. Embora bem intencionada, no bem sucedida devido ao:

- aumento do custo de vida (desvalorizao da moeda), pelo excesso de emisses;

- desvio de verbas para a cafeicultura, dada a precria fiscalizao na aplicao de tais verbas.

Por isso, o progresso da atividade industrial advindo do Encilhamento pouco significativo e a atividade cafeeira acaba sendo mais ainda estimulada.

Outra decorrncia da superproduo a reduo dos preos do produto no mercado internacional.

Para que os cafeicultores nacionais no percam seus rendimentos, os governos federais desvalorizam a nossa moeda para gerar mais lucros aos exportadores.

Aumenta-se, porm, o valor das importaes, gerando dificuldades para o pagamento das mesmas.Por isso, o Brasil realiza um acordo para captao de recursos com os banqueiros ingleses Rothschild para pagamento dos compromissos com vencimento imediato. A dvida com os Rothschild rolada por 13 anos, sendo oferecidas como garantia aos ingleses as rendas do porto do Rio de Janeiro e da Rede Ferroviria Federal.

Tal acordo, firmado em 1898, conhecido como Funding-Loan.

Em 1906, os cafeicultores de So Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro impem ao Governo Federal o Convnio de Taubat, com as seguintes disposies:

- compra dos excedentes de caf pelo Governo Federal - o que garante o lucro dos cafeicultores e estimula o plantio de novos cafezais;

- regulagem, pelo governo, da oferta do produto no mercado internacional, para garantia de bons preos - tal determinao deriva da baixa de preos decorrente da superproduo;

- proibio da exportao do caf de m qualidade;

- estmulo propaganda governamental do produto no mercado externo.

2 - A INDSTRIA

Apesar da existncia da indstria estrangeira no pas, formada com capital externo, a indstria brasileira na Repblica Velha marcada pela subordinao do capital industrial ao capital cafeeiro e no ao capital

externo.

Como tambm se mencionou, a produo de bens de capital insignificante, produzindo-se quase somente bens de consumo no-durveis.

Os resultados do censo industrial de 1919 do-nos uma idia da estrutura produtiva da indstria de transformao no Brasil: 30,7% do valor bruto da produo naquele ano provinham das indstrias alimentcias; 29,3% da txtil e 6,3% das fbricas de bebidas e cigarros. Apenas 4,7% tinham sua origem na metalurgia e indstrias mecnicas juntas: 2,0% na indstria qumica! Com exceo de certas mquinas utilizadas no beneficiamento do caf - produzidas no Brasil desde o sculo XIX - e de algumas poucas ferramentas e equipamentos, a indstria nacional no produzia bens de capital, s bens de consumo.

Esse fato grave em suas conseqncias, pois foi tornando a nao cada vez mais dependente do exterior em mais esse aspecto - a tecnologia industrial.

BIBLIOGRAFIA: MENDES, JR. ANTNIO, E MARANHO, RICARDO. BRASIL HISTRIA. 2. ED. BRASILIENSE, SO PAULO, 1981. V.3, P.212.

Tal situao, porm, no impede o surgimento da burguesia brasileira, desde o sculo XIX, constituda por imigrantes, banqueiros, comerciantes e cafeicultores-industriais. A grande diferena em relao burguesia europia est no fato de que a nossa nasce associada ao capital externo e dependente do mesmo. Alm disso, o nosso mercado j se apresenta como parte integrante de uma diviso entre as potncias imperialistas, no possuindo, portanto, acesso direto ao mercado mundial.

Muitos fatos explicam a retrao da grande indstria desde fins do sculo XIX: falta de ao protecionista incisiva por parte do Governo; reduzida organizao do trabalho e concorrncia estrangeira.

As pequenas siderrgicas do sculo passado, por essas razes mencionadas, malogram em seu crescimento e no se transformam em grande indstria.

Esta, quando chega ao pas, em meados do sculo XX, j se encontra pronta, implantada pelo capital externo ou capital estatal. O mesmo ocorre com outros ramos (qumica, metalrgica, mecnica, etc.), inclusive com os tradicionais alimentcios, que no crescem a partir de uma evoluo do que h no pas. Essa uma diferena fundamental em relao s grandes indstrias do exterior, que evoluem a partir do prprio crescimento e, depois disso, se expandem at as naes perifricas.

Um exemplo do citado a implantao da Cia. Belgo Mineira, em Sabar (MG), em 1921, com capital franco-belgo-luxemburgus, para explorao de minrio

em grande escala. Simultaneamente, diversas pequenas siderrgicas mineiras vo falncia e so fechadas.

Uma das grandes conseqncias do crescimento da atividade industrial na Repblica Velha o surgimento

do proletariado industrial, bem como dos movimentos operrios analisados a seguir.

V - MOVIMENTOS OPERRIOS

1 - AS ORIGENS DO PROLETARIADO NO BRASIL

A longa permanncia do escravismo no pas representa um entrave consolidao da forma assalariada de trabalho e ao prprio desenvolvimento industrial, uma vez que significa retrao expanso consumista, necessria ao capitalismo.

O trabalho assalariado surge aos poucos, ainda na Colnia e, sobretudo, no Imprio, estimulado pelos imigrantes. Com esse trabalho, aparecem os operrios das primeiras fbricas, fazendo coexistir no Brasil escravos, imigrantes e operrios. Estes ltimos se originam, principalmente, das camadas pobres e urbanas.

O que se observa do movimento operrio, desde sua origem e ao longo da Repblica, uma evoluo no linear, e sim marcada por fluxos e refluxos, em razo do carter ainda embrionrio de tal movimento, bem como da represso patronal, ligada ao Estado nesse sentido, menciona-se a Lei Adolfo Gordo, expulsando do pas os estrangeiros envolvidos nas aes operrias.

2- O ANARQUISMO E O ANARCO-SINDICALISMO NO BRASIL

O Anarquismo, numa definio simples, a ideologia que prega a ausncia de autoridade, o que valoriza a liberdade individual a ponto de rejeitar qualquer forma de organizao poltica.

Uma corrente do Anarquismo, chamada de Anarco-Sindicalismo, a tendncia dominante do movimento operrio brasileiro nas duas primeiras dcadas deste sculo e ainda em parte dos anos 20. Inspira-se em Bakunin, um dirigente da I internacional dos Trabalhadores que defende a greve geral como via de conquistas, valorizando o Sindicato como meio

e fim da ao libertria da classe.

Dentre as razes da ascenso do Anarco- Sindicalismo no Brasil esto: a presena de imigrantes de pases onde tal corrente expressiva, como Itlia, Portugal, Espanha e Frana e a existncia predominante de pequenas unidades produtivas, onde a

organizao operria mais facilitada.

Aqui, chama-se a ateno para duas diferenas fundamentais em relao aos socialistas e comunistas:

a descentralizao do movimento operrio e a valorizao da liberdade individual em relao organizao do Estado. (A caracterstica bsica do movimento comunista a unio das classes operrias,

sob orientao de um Estado centralizado e autoritrio).

Os anarquistas apregoam ainda uma ruptura com os valores tradicionais da sociedade, atacando o clero e a atividade militar (anticlericalismo e antimilitarismo). Colocam-se contra o servio militar obrigatrio e a 1 Guerra Mundial, atacando a participao do Brasil no conflito. Defendem, porm, a

ao revolucionria do proletariado russo no movimento de 1917, se solidarizando com as classes trabalhadoras externas (internacionalismo) reprimidas pela ao da burguesia e do Estado.

A ao dos anarquistas possui dois tipos fundamentais de manifestao: as greves e os congressos.

Indubitavelmente, o apogeu do movimento

grevista na Repblica Velha se encontra na Greve Geral de 1917, que mobiliza cerca de 50 mil ativistas em So Paulo, colocando em cheque direto burguesia e

operrios, sobretudo na capital, numa autntica Revolta

Popular.

1917: Exigncias dos operrios em So Paulo:

35% de aumento salarial, proibio para o trabalho de menores de 14 anos, abolio do trabalho noturno de mulheres e menores de 18 anos, jornada de oito horas, congelamento do preo dos alimentos,

reduo de 50% nos aluguis.

FONTE: (1904 A 1929). 100 ANOS DE REPBLICA, VOL. I, II E III. S. PAULO, NOVA CULTURAL, 1989.

Dentre as conquistas operrias, destacam-se: a garantia de no dispensa dos grevistas, um aumento salarial de 20% e a promessa do Estado de ampliar a fiscalizao das condies de trabalho nas fbricas.

No perodo de 1917 a 1920 j se percebem os sinais de declnio da ideologia.

Explicam a queda do Anarco-Sindicalismo:

- Negativa de constituio de um partido;

- Superestimao do papel dos sindicatos e da ao individual;

- Ausncia de questionamentos importantes como a questo agrria e o imperialismo externo.

Explorando esses pontos frgeis dos anarquistas, os comunistas ganham espaos importantes no seio do operariado, a ponto de se tornar a principal ideologia do movimento, a partir de meados dos anos 20, trazendo alternativas s classes baixas, at ento no oferecidas.

3 - A CONSTITUIO DO PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO

A influncia da Revoluo Russa de 1917 inegvel na sedimentao da ideologia comunista no Brasil. O primeiro Partido Comunista fundado em 1919, dissolvendo-se rapidamente.

A partir de 1920, os comunistas seguem um caminho independente dos anarquistas, sob influncia da separao desses grupos no exterior, inclusive na Rssia. A diviso entre as duas tendncias fruto tambm da ausncia de conquistas significativas do Anarquismo at 1920.

Os princpios comunistas fundamentais so opostos aos defendidos pelos anarquistas. So eles: a

unidade sindical, o centralismo poltico, a exaltao do partido nico para os trabalhadores e a rigidez da disciplina.

Com base nessas idias fundado o Partido Comunista Brasileiro (PCB), em maro de 1922. Com

a decretao do estado de stio no Brasil, em julho, o partido colocado na ilegalidade. Somente com o fim

do estado de stio, retorna, em janeiro de 1927, com o nome de Bloco Operrio e Campons (BOC), para concorrer s eleies.

No se pode perder de vista, uma vez mais, a ao do aparato repressivo oficial. Exemplifica-se com

o surgimento da Lei Celerada, de 1927, que justifica a represso a lideranas polticas e sindicais de oposio,

ligadas aos operrios.

A ao dos comunistas na dcada de 30 ser analisada em unidade posterior, assim como suas implicaes.

VI - POLTICA

1 - OS GRUPOS DOMINANTES

A Constituio de 1891 possui carter federalista satisfazendo as elites agrrias limitadas pelo unitarismo

do Imprio. Alm disso, prev o voto direto. Esses aspectos favorecem os estados mais fortes economicamente, mais populosos e com mais eleitores - como Minas e So Paulo.

Analise-se a seguir, o grfico ao lado sobre a evoluo do eleitorado/populao no mesmo perodo. A grande discrepncia populao/ eleitorado deve-se, sobretudo, s restries ao direito de voto a determinados segmentos do eleitorado, como mulheres e analfabetos.

A partir do quarto Presidente da Repblica, Campos Sales (1898-1902), organiza-se um acordo poltico entre os estados federados e a Unio: a Poltica dos Governadores, mediante a qual o presidente apia a oligarquia dominante em cada estado, com favorecimentos eleitoreiros s suas elites (coronis), que por sua vez garantem as eleies dos candidatos oficiais.

A base de sustentao desse arranjo poltico o Coronelismo, fenmeno poltico-social que expressa o poder dos coronis e que se faz presente atravs de meios pouco louvveis: presses sobre os eleitores, manobras dos cabos eleitorais e, sobretudo, fraudes eleitorais, facilitadas pela ausncia do voto secreto e pelo controle da justia eleitoral exercido apenas pela situao (os prprios coronis) e no pela oposio. Como se percebe, so falhas contidas na Constituio

em vigor e que favorecem as injustias polticas.

Para o Legislativo, que era controlado pelo Governo Federal, s eram eleitos os candidatos que se enquadrassem no esquema da poltica estadual dominante, para que houvesse o continusmo da poltica

oligrquica. O mecanismo utilizado para afastar a oposio foi a degola, isto , mesmo eleitos, no eram empossados ou diplomados. Ora, o rgo responsvel pela contagem dos votos Comisso Verificadora dos Poderes (ou de Reconhecimento), cujos membros eram recrutados dentro do prprio Congresso, s reconhecia ou diplomava os deputados ligados aos interesses da elite agrria dominante. Assim, os candidatos da oposio eram degolados.

A partir das eleies de 1914, outra tendncia se faz notar na poltica nacional, decorrente da situao anterior: a alternncia de mineiros e paulistas na presidncia. a Poltica do Caf-com-leite.

Em 1910, o Eixo MG-SP sofreu uma ciso provisria, quando MG (e RS) apoiou o candidato militar

Marechal Hermes da Fonseca e SP (e BA) o candidato civil Rui Barbosa. Tal episdio a Questo Civilista e

marca a vitria do Mal. Hermes, fato que gerou conflitos

e dissidncias entre a oligarquia agrria.

Para reagrupar em torno do poder essa oligarquia, Hermes da Fonseca instituiu a Poltica das Salvaes, que consistia na substituio, nos Estados,

da oligarquia dissidente pela oligarquia situacionista. O

pretexto para as intervenes federais nos Estados foi

o de salvar a pureza das instituies republicanas.

Mesmo nas primeiras dcadas da Repblica, a estabilidade das oligarquias dominantes, embora no abalada, vem sendo questionada atravs de episdios espordicos, mas significativos se tomados no conjunto.

(No se faz referncia, aqui, Questo Civilista, uma vez que essa uma ruptura temporria entre as elites.) Tais episdios representam um questionamento das estruturas do poder pelas camadas populares.

2 - OS MOVIMENTOS DE CONTESTAO AO PODER

O Cangao, atravs de sua luta armada no nordeste, canaliza, de forma radical, as submisses polticas e a total misria e abandono das populaes de baixa renda. Os cangaceiros, cuja ao vem do princpio do sculo at os anos 30, utilizam a chacina, a destruio e os saques para expressar sua insatisfao, espalhando o terror por onde passam.

Durante muitos anos, somente seus atos violentos

so divulgados e a anlise do Cangao, feita superficialmente apenas, os aponta como criminosos comuns. Mas a partir de uma anlise mais recente e profunda do fenmeno, sob a tica das populaes submissas e humildes, percebe-se um forte cunho poltico-social em suas idias e atitudes. O bando de Lampio e Maria Bonita (1918 a 1938) se torna o smbolo do Cangao, que marca o nordeste da Repblica Velha, chegando ainda aos primeiros anos da Repblica Nova, poca em que destrudo.

A Revolta de Canudos, ocorrida no serto da Bahia (1893/97) e a de Contestado, entre Santa Catarina e Paran (1912/1915) so exemplos de lutas que, apesar de um fundo religioso (messinico) tm enfoque para o social, voltando-se, por exemplo, para a distribuio de terras.

Canudos foi, sob a capa de misticismo religioso em torno de Antnio Conselheiro, fundamentalmente uma luta de classes - uma luta aguerrida contra o latifndio, contra a misria e a explorao terrveis que o monoplio da terra engendra e mantm secularmente no Brasil. (...) Canudos foi assim um dos momentos culminantes da luta de libertao dos pobres do campo. Sua resistncia indomvel mostra o formidvel potencial revolucionrio existente no mago das populaes sertanejas e a enorme importncia do movimento campons no Brasil, cuja populao rural constitui, ainda hoje, a principal parcela das massas laboriosas do pas. A epopia de Canudos ficar em nossa histria como um patrimnio das massas do campo e uma glria do movimento revolucionrio pela sua libertao.

FAC. RUI. CANGACEIROS E FANTICOS. PP. 123 E 126.

O movimento de Canudos, sob a liderana do beato Antnio Conselheiro, mostra a insatisfao da populao do serto da Bahia diante de uma poltica opressiva, como a cobrana de impostos e explorao da mo-de-obra. Mostra tambm uma elite agrria que, diante da perda de mo-de-obra, usa da fora como forma de coao. Todo o movimento comea a ser acompanhado pelas tropas municipais, regionais e federais, com o intuito de acabar com a aglomerao de

aproximadamente 15.000 pessoas (alguns defendem que este nmero chegava entre 25 a 30 mil pessoas). Cria-se a idia de que os conselheiristas queriam promover motins e acabar com a recente Repblica, desejando o retorno da Monarquia. Ao fim de quatro expedies militares, Canudos foi completamente destruda e, como lembra Euclides da Cunha em Os Sertes:

Canudos no se rendeu. Exemplo nico em toda a Histria, resistiu at o esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na preciso integral do termo, caiu no dia 5/10/1897, ao entardecer, quando caram seus ltimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criana, na frente dosquais rugiam raivosamente 5.000 soldados.

Contestado ocorre numa regio limtrofe entre Paran e Santa Catarina. A partir de 1911, a empresa norte-americana Brazil Rail Way Company expulse camponeses de terras valorizadas e os submete a um trabalho sub-humano para explorao de madeira, com a finalidade de construo de uma ferrovia ligando o Rio Grande do Sul a So Paulo.

Sob as lideranas msticas de Joo Maria e Jos Maria, so organizadas resistncias das populaes locais. A morte de Jos Maria e a crena em sua ressurreio do ao movimento as dimenses de religiosidade caractersticas do messianismo. Em 1915, tropas estaduais e federais liquidam os rebeldes.

No incio do sculo, em 1904, deve-se mencionar a Revolta da Vacina (ou Revolta contra a Vacina Obrigatria) no Rio de Janeiro. O movimento, inicialmente um protesto diante da poltica sanitarista de Oswaldo Cruz, a servio do governo do presidente Rodrigues Alves, se transforma numa violenta rebelio.

A vacina contra a febre amarela decretada obrigatria,

as residncias so invadidas para garantia do cumprimento da lei. Essa intromisso, bem explorada pelas lideranas do movimento, associada s vrias manobras polticas abusivas da poca e considerada mais uma humilhao para as classes submissas.

A revolta, no tanto contra a vacina obrigatria mas, sobretudo, contra o Governo, conta ainda com a adeso de militares descontentes, sendo, porm, dominada pelas tropas governamentais.

Outro movimento a ser mencionado a Revolta da Chibata (ou Revolta contra a Chibata), em 1910, no Rio de Janeiro, que expressa o descontentamento de marinheiros (classe baixa) diante dos maus tratos a que vinham se submetendo, como o castigo de chibatadas.

Novamente, sabe-se que as chibatadas representam apenas o estopim de um processo de descontentamento das classes baixas diante das elites

e governos repressores. A luta armada conta com a liderana do marinheiro Joo Cndido (Almirante Negro) e a mobilizao dos encouraados So Paulo

e Minas Gerais que ameaam bombardear a capital federal. As promessas do governo aos revoltosos os fazem depor as armas, mas no so cumpridas na prtica. violenta a represso aos revoltosos, com prises e mortes.

Mas a partir da 1 Guerra, com as transformaes scio-econmicas no plano interno e a crise do sistema capitalista, que a estrutura poltica no Brasil comea a sofrer os maiores abalos.

A oposio sistematizada e crescente situao vigente surge somente nos anos vinte, quando nasce o Tenentismo, refletindo a insatisfao do Exrcito e da populao urbana ligada classe mdia, que no so absorvidos pelo contexto poltico nacional.

... Com a insatisfao generalizada da jovem oficialidade militar em relao ao governo do presidente Artur Bernardes, eclodiram (...) vrios movimentos rebeldes, unidos em torno de um ideal comum: basicamente, a necessidade do voto secreto, a moralizao do regime e a limitao das atribuies do poder executivo. o movimento tenentista...

100 ANOS DE REPBLICA. VOL. III. 1919-1930. SO PAULO, NOVA CULTURAL. 1989. PP. 33.

Tal movimento que traduz a indignao diante do predomnio das oligarquias cafeeiras e suas manobras poltico-econmicas nasce e se desenvolve a partir de fatores diversos, tais como:

a) Episdio dos 18 do Forte, em 1922, quando 18 tenentes se insurgem no Forte de Copacabana, so

duramente reprimidos, e 16 deles so mortos. o primeiro episdio de protesto radical contra a poltica da

Repblica Velha aos anos 20.

b) Semana da Arte Moderna, em 1922, na cidade de So Paulo. Movimento cultural, artstico e literrio, cujas obras desenvolvem uma temtica nacional (libertao dos valores culturais europeizados), expondo os problemas e a misria do serto nordestino e da regio amaznica, por exemplo, numa denncia aos governos nacionais (dos coronis) voltados apenas para os principais centros. Ao atacar a poltica nacional, contribui indiretamente para o crescimento do Tenentismo.

c) Episdio das Cartas Falsas, atribudas ao presidente Arthur Bernardes (1922 a 1926), onde constam ataques a determinados grupos de polticos, inclusive a certas alas do Exrcito, indispondo o presidente com tais grupos.

d) Coluna Prestes (Coluna Fnix), de carter militar, percorre 25 mil quilmetros em todo o pas, de 1925 a 1927, liderada por Luiz Carlos Prestes, denunciando os abusos existentes.

Durante sua longa marcha, por diversas ocasies defronta-se com as tropas dos coronis (53 no total), saindo vitoriosa em todas elas o que justifica o apelido de Coluna Invicta.

e) Crise de 1929, causando a runa do mundo capitalista, em especial dos Estados Unidos, e a falncia da cafeicultura nacional (os prejuzos financeiros decorrentes da crise impedem a compra do nosso caf). O abalo do poder econmico dos coronis do caf desestabiliza seu poder poltico.

O movimento tenentista se alastra, sobretudo, junto classe mdia urbana e recebe em suas fileiras civis, militares, sindicalistas, socialistas, estudantes, profissionais liberais, etc., compondo um grupo heterogneo, unido no combate s injustias polticas da Repblica Velha, mas sem uma ideologia definida de ao.

Sntese dos movimentos de contestao ordem vigente:

VII - A REVOLUO DE 1930 O COLAPSO DA REPBLICA OLIGRQUICA

O presidente do ltimo quadrinio da Repblica Velha, Washington Lus (1926-1930), apoiado por So Paulo, indica para sua sucesso o paulista Jlio Prestes.

Esse rompimento da Poltica do Caf-com-leite pelos paulistas desagrada aos mineiros, que esperavam

o lanamento da candidatura de Antnio Carlos de Andrade, ento Governador de Minas, na chapa da situao, nas eleies de 1930.

Minas Gerais, por isso, passa a apoiar o candidato oposicionista Getlio Vargas, indicado pelo Rio Grande do Sul e pela Paraba (Getlio Vargas gacho e seu vice, Joo Pessoa, paraibano). Os trs Estados passam a constituir a Aliana Liberal.

Apurados os votos, o candidato paulista termina vencedor. Como as eleies so cercadas por um clima

de grande tenso, inclusive com o assassinato de Joo Pessoa, a Aliana Liberal no aceita o resultado e se lana na Revoluo de 1930, visando ao afastamento de Jlio Prestes.

Assim, a Revoluo de 30 determinou para o contexto histrico da poca:

- O impedimento da posse de Jlio Prestes;

- A ascenso de Getlio Vargas Presidncia;

- A ciso definitiva do Eixo MG-SP;

- A vitria do Tenentismo (pela vitria de seu candidato Vargas e pelo fim da Poltica do Caf-com-Leite

um de seus objetivos);- O fim da Repblica Oligrquica, com o incio da Era Vargas.

A vitria do Tenentismo no representa o fim do Coronelismo. Este vigora at os presentes dias, embora

numa intensidade menor; e na prpria Era Vargas, os coronis mesmo os de So Paulo no so excludos do poder poltico por controlarem o caf, base da nossa economia. A hegemonia das oligarquias tradicionais ser substituda pela sua convivncia com outra faco no poder: a nascente burguesia industrial - urbana, com

apoio das camadas mdias e a participao das oligarquias dissidentes (de outros centros do pas).

HISTRIA DO BRASIL Prof. Alcidlio Camilo