Apostila Roteadores Cisco

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  • 7/26/2019 Apostila Roteadores Cisco

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    Roteadores Cisco

    Guia Bsico de

    Configurao e Operao

    Novatec

    Fbio Correa Xavier

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    CAPTULO1

    Introduo

    Este captulo apresenta o roteador, abordando seus componentes e seus jargescomuns e as formas de acesso. Apresentar tambm o Cisco InternetworkingOperating System (Cisco IOS), a Command Line Interface (CLI) e a ajuda dessainterface. A ltima parte deste captulo apresentar um cenrio-alvo, com o

    objetivo de fornecer ao leitor todas as ferramentas necessrias para configuraresse cenrio a partir do zero, apresentando para isso todos os comandos econceitos essenciais e suficientes sobre roteadores Cisco.

    1.1 O que o roteador

    Existem inmeras definies para o termo roteador. Apresentaremos algumasdefinies extradas de documentos conhecidos como Request For Comments

    (RFCs).

    Segundo o Internet Security Glossary (RFC2828), roteador um computadorque trabalha como um gateway entre duas redes na camada 3 do modelo dereferncia OSI e que encaminha e direciona pacotes de dados entre redes.

    Gateway, por sua vez, um mecanismo que trabalha com uma ou mais redes quetem habilita computadores de uma rede se comunicarem com computadoresda outra rede; um sistema intermedirio que a interface entre duas redes de

    computadores. Eles podem atuar na camada 3 (roteadores) ou na camada 7(Proxy Server) do modelo OSI.

    O Internet Users Glossary (RFC1983) define roteador como sendo um dis-positivo que encaminha trfego entre redes. A deciso de encaminhamento baseada na informao da camada de rede e tabelas de roteamento freqente-mente construdas por protocolos de roteamento.

    Uma outra definio dada pelo Glossary of Networking Terms (RFC1208).Segundo essa RFC, um roteador um sistema responsvel por tomar decisessobre que diversos caminhos disponveis na rede o trfego de dados deverseguir. Para fazer isso, o roteador usa um protocolo de roteamento para obter

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    17Captulo 1 Introduo

    informaes sobre a rede e algoritmos para escolher a melhor rota, com base emdiversos critrios conhecidos como mtricas de roteamento. Na terminologiaOSI, um roteador um sistema intermedirio da camada de rede.

    Como podemos notar, as definies anteriores, embora apresentem algumasespecificidades, convergem para uma definio comum: o roteador umcomputador como qualquer outro, porm um computador especialista. Aespecialidade do roteador encaminhar ou direcionar pacotes entre redesdiferentes, permitindo a interconectividade e a interoperabilidade de sistemas.

    A interconectividade permite que equipamentos em redes diferentes possamse comunicar entre si.

    A interoperabilidade permite que equipamentos que utilizem protocolos di-ferentes se comuniquem entre si.

    1.2 Componentes do roteador

    Como o roteador um computador como qualquer outro, ele possui todos oscomponentes que um computador deve ter: CPU, memria primria, memriasecundria, barramentos, sistema operacional e interfaces de entrada e sada.

    A figura 1.1 ilustra os principais componentes de um roteador.

    Figura 1.1 Componentes internos do roteador.

    A maioria dos roteadores Cisco utiliza processadores RISC, otimizando o de-sempenho de seus equipamentos. A CPU (Central Processing Unit) respons-vel por executar instrues no sistema operacional. Algumas dessas funes so

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    a inicializao do sistema, o roteamento de pacotes e o controle de interfacesde rede. Alguns modelos de roteadores podem ter mais de um processador.

    A memria primria, conhecida como RAM (Random Access Memory) ou

    DRAM (Dynamic RAM), como em qualquer computador, a memria detrabalho do roteador. nessa memria que o roteador manter suas tabelas deroteamento, tabelas ARP, filas ou buffers de pacotes, o arquivo de configuraoatual, alm do prprio sistema operacional e seus subsistemas. No roteador,a memria RAM dividida logicamente em memria principal de processa-mento e memria compartilhada de entrada e sada. A memria compartilhadade entrada e sada utilizada pelas interfaces de rede para armazenamentotemporrio dos pacotes. Essa rea da memria freqentemente chamada

    de buffer de pacotes. O fato de a memria RAM ser uma memria voltil,significa que quando o roteador for desligado, todo o contedo da memriaRAM ser perdido.

    O roteador Cisco possui vrias memrias secundrias ou memrias de armaze-namento. A NVRAM (Non-volatile RAM) armazena o arquivo de configuraode inicializao (startup-config), que carregado para a memria RAM quandoo equipamento ligado. Desta forma, evitamos que toda a configurao quefoi feita na memria de trabalho seja perdida.

    A memria flash, outra memria secundria de tecnologia EEPROM (Eletro-nic Erasable Programmable Read Only Memory), um tipo de memria ROMregravvel o local em que armazenamos a imagem, compactada ou no, dosistema operacional Cisco IOS (Cisco Internetworking Operating System) doroteador, que um software proprietrio da Cisco. Alm disso, como a me-mria flash regravvel, possvel atualizarmos o sistema operacional, sem aremoo ou substituio de microchips. Outra caracterstica da memria flash

    que, dependendo de sua capacidade, podemos armazenar vrias verses doCisco IOS.

    O ltimo tipo de memria secundria que um roteador Cisco possui a ROM(Read Only Memory). Nessa memria so armazenadas as instrues para osdiagnsticos Power-On Self Test (POST). A ROM armazena tambm um pro-grama bootstrap e uma verso bsica do sistema operacional, para utilizar nafalta da imagem completa do Cisco IOS na flash. O inconveniente desse tipode memria que, quando houver a necessidade de atualizao, ser necessriaa substituio do chip na placa-me do equipamento.

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    19Captulo 1 Introduo

    Os barramentos so os responsveis por transmitir internamente as informaesde um componente para outro. A maioria dos roteadores tem um barramentoda CPU e um do sistema. O barramento do sistema utilizado para comunica-o entre a CPU e as interfaces e slots de expanso, transmitindo dados dessas

    interfaces e para essas interfaces. O barramento da CPU utilizado para que aCPU possa acessar as memrias primria e secundria do roteador. Esse barra-mento carrega instrues e dados de/ou para endereos de memria especficos.

    1.3 Formas de acesso ao roteador

    Como comentado na seo 1.2, embora o roteador seja um computador como

    qualquer outro, ele no vem com teclado, mouse ou monitor. Ento, comopodemos configur-lo?

    Podemos nos conectar ao roteador de trs formas: via porta console, via portaauxiliar ou via telnet. A figura 1.2 mostra essas trs formas de conexo. A figura1.3 apresenta as portas de console e auxiliar no painel traseiro de um roteadorda famlia Cisco 1700.

    Figura 1.2 Formas de acesso ao roteador.

    As portas de console e auxiliar so chamadas de portas de gerenciamento eno so utilizadas para transporte de dados em uma rede. Elas fornecem umaconexo baseada em texto puro para configurao ou resoluo de problemas

    no roteador. Geralmente essas interfaces so portas seriais assncronas nopadro EIA-232.

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    Figura 1.3 Painel traseiro de um roteador da famlia 1700.

    Tipicamente o primeiro local pelo qual nos conectamos a um roteador pormeio da porta de console. A porta de console, na maioria dos casos, forneceuma interface de conexo RJ-45 na parte traseira do roteador, conforme mos-trado na figura 1.3. Geralmente, com algumas excees, o cabo utilizado nessaconexo um cabo rollover. A pinagem desse cabo mostrada na tabela 1.1.

    Conforme exibido na figura 1.2 , ao utilizarmos a porta de console do roteador,

    devemos utilizar um cabo rollover e um adaptador de conector RJ-45 para co-nector DB-9 fmea, para conectarmos em uma das interfaces seriais do micro.

    Tabela1.1 Pinagem do cabo rollover

    Pino Pino

    1 8

    2 7

    3 6

    4 5

    5 4

    6 3

    7 2

    8 1

    Outra forma de nos conectarmos a um roteador Cisco por meio da porta

    auxiliar. A forma de conexo idntica da porta de console. No entanto, possvel conectar e configurar um modem porta auxiliar do roteador. Destaforma podemos ter acesso discado ao roteador, acessando remotamente a

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    21Captulo 1 Introduo

    interface de configurao. A conexo fsica no painel traseiro de um micro,que permite acessar o roteador atravs das portas de console ou auxiliar, mostrada na figura 1.4.

    Figura 1.4 Conexo fsica no painel traseiro de um PC.

    Para nos conectarmos ao roteador, tanto pela porta de console quanto pela

    porta auxiliar, devemos utilizar um programa de emulao de terminal comsuporte emulao de terminal VT100, que fornecer uma sesso de somen-te texto com o roteador. O Windows fornece como um de seus acessrios oHyperTerminal, que pode ser utilizado para esse fim. A conexo deve trabalhara 9.600 baud, 8 bits de dados, 1 bit de parada, sem paridade e sem controle defluxo, conforme exibido na figura 1.5.

    Em ambientes Unix-like, como o Linux, podemos utilizar o Minicom, com as

    mesmas configuraes anteriormente citadas.A ltima forma de acesso ao roteador por meio de uma conexo telnet. Essetipo de acesso, diferentemente do acesso pelas portas de gerenciamento, umgerenciamento in band, ou seja, utilizamos a rede para acessar o roteador. Aprimeira concluso a que podemos chegar que, para acessar o roteador via tel-net, este deve estar com pelo menos uma de suas interfaces de rede configuradae acessvel. Um roteador novo, que acabamos de tirar da caixa, no vem comnenhuma configurao. Nesse caso, no ser possvel configur-lo via telnet.

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    Figura 1.5 Configurao da porta de comunicao serial.

    De forma similar conexo pelas portas de gerenciamento, na conexo viatelnet precisamos de um software emulador. O mesmo HyperTerminal doWindows, em suas verses mais recentes, fornece a possibilidade de conexopor meio de TCP/IP (winsock), conforme exibido na figura 1.6.

    Figura 1.6 Configurao do HyperTerminal para acesso via telnet.

    Outra possibilidade pelo prprio prompt de comando do Windows, digitan-do-se o seguinte comando:

    telnet IP_do_roteador

    Para os adeptos de sistemas Unix-like, como o Linux, tambm possvel acessaro roteador via telnet com esse comando.

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    23Captulo 1 Introduo

    Independentemente da forma de acesso ao roteador, quando este estiver confi-gurado adequadamente, ser solicitada, no mnimo, uma senha de acesso. Aodigitarmos a senha, teremos acesso ao modo EXEC usurio da Command LineInterface (CLI) do Cisco IOS do roteador. Os modos EXEC e de configurao

    do roteador so explicados detalhadamente na seo 1.6. A figura 1.7 mostra atela de login do roteador.

    Figura 1.7 Tela de login do roteador via telnet.

    1.4 Processo de inicializao do roteadorO processo de inicializao de um roteador Cisco composto das seguintesfases: POST, bootstrap, carregamento do sistema operacional e carregamentode um arquivo de configurao. Se o roteador no conseguir encontrar umarquivo de configurao, ele entrar no modo Setup, detalhado no captulo 2deste livro. A tabela 1.2 resume essas fases.

    Tabela 1.2 Fases da inicializao do roteador Cisco

    Fase O qu? Onde? Objetivo

    1 POST ROM Testes iniciais de hardware

    2 Bootstrap ROM Testes de hardware inicializao do IOS

    3 Cisco IOS

    FlashLocalizar e carregar para a RAM o sistema operacio-

    nal do roteadorServidor TFTP

    ROM

    4Arquivo de

    congurao

    NVRAM

    Localizar e carregar para a RAM o arquivo de con-

    gurao ou entrar no modo Setup

    Servidor TFTP

    Console

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    Quando um roteador Cisco ligado, ele executa alguns testes de diagnstico,verificando o funcionamento bsico da CPU, da memria e das interfaces derede. Esses testes so feitos pelo POST (Power-On Self Test), que o softwareresponsvel pelo autoteste e est gravado na memria ROM do roteador. Termi-

    nados os testes, o roteador comea a carregar os softwares para a memria RAM.

    O primeiro programa a ser carregado o bootstrap, um pequeno programaresponsvel por alguns outros testes de hardware e, principalmente, por carre-gar o sistema operacional em memria principal. Para isso, o bootstrap tentalocalizar o Cisco IOS em vrios locais. O Cisco IOS pode ser encontrado namemria Flash, em um servidor TFTP ou na prpria ROM, em uma versoreduzida. Mas onde o bootstrap deve buscar o IOS? Para isso, existe um registro

    de configurao do sistema, cujo um de seus campos indica ao bootstrap ondebuscar o IOS. A configurao do registro abordada na seo 5.2.9 deste livro.

    Uma vez que o Cisco IOS encontrado, ele carregado para a memria principaldo roteador. Quando esse processo finaliza e o IOS se torna operacional, umalista dos componentes de hardware e software do roteador exibida na sada-padro do roteador: a porta de console 0.

    Em seguida, o arquivo de configurao gravado na NVRAM carregado para

    a RAM e executado linha a linha. Esse arquivo contm alguns comandos que,entre outras coisas, configuram o processo de roteamento, as interfaces e assenhas de acesso ao roteador. Se no existir um arquivo de configurao vlidona NVRAM, o sistema operacional tenta localizar algum arquivo vlido emum servidor TFTP disponvel na rede. Se no existir nenhum servidor TFTPdisponvel, o roteador inicia o modo Setup.

    Comparando com um computador comum, o processo de inicializao de ummicro tambm se inicia com os testes de hardware (memria, dispositivos de

    entrada e sada e placas) feitos pelo POST. Aps esses testes iniciais, o programabootstrap carregado do setor de boot para a memria principal, a RAM. Obootstrap, ento, tenta localizar um sistema operacional vlido nas memriassecundrias e, ao encontr-lo, carrega-o para a memria. Ento, o sistema ope-racional assume o controle do micro e carrega drivers e programas auxiliares,tornando o micro disponvel para o usurio.

    Como podemos notar, o processo de inicializao ou boot de um roteador muito similar a um processo de boot de um computador comum. Esta umaconcluso bvia, uma vez que, conforme j comentado, um roteador nada mais do que um computador especializado.

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    1.5 Cisco Internetwork Operating System Cisco IOS

    Como um computador, o roteador tambm precisa de um sistema operacionalque seja responsvel por gerenciar processos, interfaces de entrada e sada e

    o hardware. Alm disso, o sistema operacional fornece uma interface entre amquina e o usurio. O sistema operacional dos roteadores Cisco o CiscoInternetwork Operating System ou simplesmente Cisco IOS. O Cisco IOS umsistema operacional proprietrio que vem embutido em todos os roteadores eem alguns switches da Cisco.

    O Cisco IOS, alm das funes comuns de todos os sistemas operacionais,fornece os seguintes servios de rede:

    Funes de roteamento e switching.

    Acesso seguro e convel aos recursos da rede.

    Escalabilidade, ou seja, a capacidade de crescimento da rede sem neces-sidade de alterao do software.

    Existem vrias verses do sistema Cisco IOS, cada qual destinada a uma plata-forma e com servios e tecnologias especficas. As vrias verses so conhecidascomo imagens. A Cisco desenvolve vrias imagens do Cisco IOS, buscandosempre otimizar as necessidades de cada plataforma. Cada imagem fornece umconjunto de caractersticas diversas destinado a vrias plataformas diferentes,considerando as necessidades de memria e dos clientes.

    Embora existam vrias imagens, os comandos bsicos utilizados na configu-rao de um roteador com o Cisco IOS so praticamente os mesmos.

    Para evitar confuso, a Cisco padroniza a nomenclatura das imagens do CiscoIOS. Essa nomenclatura contm trs partes:

    A plataforma para a qual a imagem destinada.

    Caractersticas e tecnologias especiais suportadas por essa imagem.

    Onde a imagem roda e se ela est compactada ou no.

    Na figura 1.8 temos o padro de nomenclatura adotado pela Cisco. Na figura 1.9,h um exemplo de uma imagem para o roteador da plataforma ou famlia 2600.

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    Figura 1.8 Padro de nomenclatura das imagens Cisco IOS.

    Figura 1.9 Exemplo de um nome de imagem Cisco IOS.

    Nas tabelas a seguir, mostramos alguns cdigos utilizados pela Cisco ao nomearsuas imagens do sistema operacional Cisco IOS. A tabela 1.3 mostra algunsexemplos de cdigos utilizados para identificar a plataforma para a qual aimagem foi criada, a primeira parte do nome.

    Tabela 1.3 Cdigos de plataformas de roteadores Cisco

    Cdigo Plataforma

    c1005 1005

    c1600 1600

    c1700 1700, 1720, 1750

    c2500 25xx, 3xxx, 5100

    c2600 2600

    c3620 3620

    c3640 3640

    c4000 4000

    c4500 4500, 4700

    A tabela 1.4 mostra alguns cdigos de caractersticas e tecnologias especiaisutilizados pela Cisco. Esses cdigos compem a segunda parte do nome daimagem Cisco IOS.

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    27Captulo 1 Introduo

    Tabela 1.4 Cdigos de caractersticas especiais do Cisco IOS

    Cdigo Caracterstica especial

    b Appletalk

    boot boot image

    c CommServer lite (Cisco Pro)

    drag IOS based diagnostic images

    g Subconjunto ISDN

    i Subconjunto IP

    n IPX

    q Async

    y IP reduzido

    40 Criptograa de 40 bits

    56 Criptograa de 56 bits

    Na tabela 1.5 temos os cdigos que indicam onde a imagem do Cisco IOS rodarno roteador. Isto significa que uma imagem que tenha a letra m no terceirocampo do nome da imagem dever rodar na memria RAM do roteador.

    Tabela 1.5 Cdigos que indicam onde a imagem Cisco IOS deve rodar

    Cdigo Onde roda

    f Flash

    m RAM

    r ROM

    l Realocado

    Por fim, a tabela 1.6 apresenta os cdigos que indicam o tipo de compactaoutilizado na imagem. Esse cdigo e o cdigo de onde a imagem rodar com-pem o terceiro campo do nome da imagem do Cisco IOS.

    Tabela 1.6 Tipos de compactao da imagem do Cisco IOS

    Cdigo Compresso

    z Compresso zip

    m Compresso mzip

    w Compresso STAC

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    Ao selecionar uma imagem para um roteador, a principal preocupao deveser em compatibilizar os requerimentos das memrias RAM e Flash, alm deselecionar uma imagem desenvolvida para a plataforma certa. Em geral, novasverses incluem novas caractersticas e a conseqncia uma maior necessidade

    de espao. Como exemplo, a imagem mostrada na figura 1.10 necessita de 32MB de RAM (DRAM) e 8 MB de flash.

    Roteadores e equipamentos equipados com o sistema operacional Cisco IOSpossuem trs modos ou ambientes de operao: ROM monitor, boot ROM eCisco IOS. Conforme visto anteriormente, o processo de inicializao carregaa imagem na memria RAM e executa um destes trs modos de operao:

    Modo de operao ROM monitor Fornece poucas funcionalidades. Ele uti-

    lizado para diagnstico de problemas, recuperao de falhas ou senhas.Esse modo de operao s pode ser acessado por meio da porta deconsole do roteador, ou seja, necessrio o acesso fsico ao equipamento.

    Modo de operao ROM mode Possui apenas um subconjunto limitado defuncionalidades do Cisco IOS. Esse modo utilizado principalmentequando da atualizao da imagem Cisco IOS armazenada na flash,permitindo, para isso, operaes de gravao na memria flash.

    Modo Cisco IOS o modo de operao normal do roteador, em que todasas funcionalidades do sistema operacional esto disponveis e ativas. Emalguns dispositivos, o Cisco IOS executado diretamente da memriaflash. Porm, a maioria dos dispositivos necessita que a imagem sejadescompactada, carregada e executada na memria RAM. A tabela1.7 exibe os trs modos de operao e seus respectivos prompts, quepermitem identific-los.

    Podemos definir qual desses modos ser carregado por padro, configurandoo registro do sistema anteriormente citado e abordado na seo 5.2.9.

    Tabela 1.7 Modos de operao do Cisco IOS

    Modo de Operao Prompt Uso

    ROM monitor >ou ROMMON> Falhas ou recuperao de senhas

    Boot ROM Router (boot)> Atualizao da imagem do Cisco IOS da ash

    Cisco IOS Router > Operao normal

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    29Captulo 1 Introduo

    1.6 CLI Command Line Interface

    Como uma das funes de qualquer sistema operacional fornecer uma inter-face entre a mquina e o usurio, o Cisco IOS tambm deve executar tal funo.

    A interface do Cisco IOS conhecida como Command Line Interface (CLI). ACisco CLI hierarquicamente estruturada, ou seja, para entrar em um modomais avanado necessrio antes passar por outros modos mais bsicos. Porexemplo, para configurar uma interface de rede, o usurio deve antes entrar nomodo de configurao daquela interface. No modo de configurao de umainterface, todos os comandos ali executados s so vlidos para aquela interfaceem questo. A figura 1.10 mostra a hierarquia existente na CLI.

    Figura 1.10 Hierarquia de modos na CLI.

    O Cisco IOS fornece um interpretador de comando conhecido como commandexecutive EXEC. A funo desse interpretador de comandos validar e exe-cutar os comandos digitados pelo usurio.

    As sees EXEC possuem dois nveis de acesso: Modo EXEC usurio (userEXEC mode) e Modo EXEC privilegiado (privileged EXEC mode). A Ciscooptou por criar dois nveis de acesso EXEC por questes de segurana. Nomodo EXEC usurio s permitido um conjunto limitado de comandos demonitoramento. Nesse modo, o usurio no pode alterar nenhuma configu-rao do roteador.

    O modo EXEC privilegiado, tambm chamado de modo enable, d acesso a

    todos os comandos disponveis no Cisco IOS. Para ter acesso a esse modo, ousurio deve antes se logar no modo EXEC usurio e, ento, ir para o modoEXEC privilegiado. Geralmente, tambm por questes de segurana, para ter

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    acesso a esses modos, o usurio deve fornecer, no mnimo uma senha. Dessaforma, somente usurios autorizados podero ter acesso ao equipamento.

    Uma vez no modo EXEC privilegiado, o usurio pode ter acesso a todos os

    outros modos de configurao do roteador. Para configurar ou atualizar qual-quer configurao no roteador, o usurio deve estar no modo de configuraoapropriado.

    O primeiro modo de configurao o modo de configurao global. Nessemodo, as configuraes que podem ser feitas so aquelas que afetam o roteadorcomo um todo. Um exemplo de configurao feita no modo de configuraoglobal a atribuio de um nome ao roteador. Outra caracterstica desse modo que, mantendo a estrutura hierrquica, para ter acesso aos modos de con-figurao especficos (de interface, de line etc.), deve-se antes entrar no modode configurao global.

    A tabela 1.8 resume as caractersticas da CLI, mostrando os modos EXEC ealguns modos de configurao.

    Tabela 1.8 Modos EXEC e Modos de configurao da CLI

    Modo Prompt Comando para se ter acesso a esse modo

    EXEC usurio Router > Acesso via console, porta auxiliar ou telnet

    EXEC privilegiado Router# enable

    Congurao global Router (cong)# congure terminal

    Congurao especcaRouter (cong-if)# interface

    Router (cong-line)# line

    1.7 Login no roteador

    Agora que conhecemos a CLI, podemos efetuar o login no roteador. Vamosconsiderar que efetuamos um acesso ao roteador atravs da porta de console.Quando ligamos um roteador, aps todos os testes iniciais j abordados esupondo que o roteador possui um arquivo de configurao inicial, so exi-bidas mensagens de status das interfaces de rede. Assim que essas mensagensso exibidas, podemos teclar Enter. Considerando que no existe nenhumasenha de acesso configurada, ao teclarmos enter, o roteador exibir o prompt

    do modo EXEC usurio, conforme o exemplo a seguir:Router>

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    31Captulo 1 Introduo

    Assim, se quisermos entrar no modo EXEC privilegiado, devemos utilizar ocomando enable. Se quisermos voltar ao modo EXEC usurio, utilizarmos ocomando disable. O exemplo a seguir ilustra essas situaes, sempre conside-rando que no existe nenhuma senha configurada no roteador:

    Router>

    Router> enable

    Router# disable

    Router>

    Para efetuar logout da console, utilizamos o comando logout. Outra opo utilizar o comando exit. O exemplo a seguir mostra essa situao:

    Router> logout

    Router con0 is now available

    Press RETURN to get started.

    Todos os procedimentos e comandos anteriores so vlidos se a forma de acessoao roteador for feita atravs da porta auxiliar ou via telnet. Neste ltimo caso, spoderemos ter acesso ao roteador se existir uma senha de acesso configurada.

    1.8 Facilidades e ajuda

    A CLI do Cisco IOS possui uma sintaxe para ajuda: digitando um ponto deinterrogao (?) em qualquer modo do roteador, exibida uma lista dos co-mandos disponveis, com uma breve descrio de cada um deles. O comandode ajuda o seguinte:

    Router# ?

    A figura 1.11 mostra a sada dessa ajuda.

    Figura 1.11 Ajuda da CLI.

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    32 Roteadores Cisco Guia bsico de configurao e operao

    Essa ajuda possui outras facilidades. Se no soubermos quais so os parme-tros de um determinado comando, digitamos o comando seguido do pontode interrogao:

    Router# show?

    A figura 1.12 mostra a sada do comando anterior.

    Figura 1.12 Ajuda da CLI mostrando parmetros de um comando.

    Podemos ainda utilizar um prefixo ou radical seguido do ponto de interrogao

    (sem espao) para obter todos os comandos que se iniciam com esse prefixo.Se quisermos saber, por exemplo, quais so os comandos do modo EXECprivilegiado que comeam com o prefixo co, devemos digitar o comando co?,conforme mostrado a seguir:

    Router# co?

    congure connect copy

    Router#

    Dessa maneira, descobrimos que os comandos do modo EXEC privilegiadoque comeam com co so congure, connecte copy.

    Uma outra facilidade da CLI o autocompletamento de comandos. Se a par-te do comando digitada for nica e exclusiva de um determinado comando,basta utilizar a tecla que a CLI automaticamente completar essecomando. Por exemplo, se digitarmos as letras she teclarmos , a CLIautomaticamente completar com o comando show. O exemplo a seguir aplicaas facilidades discutidas nessa seo:

    Router# co?

    congure connect copy

    Router# conf

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    33Captulo 1 Introduo

    Router# congure ?

    memory Congure from NV memory

    network Congure from a TFTP network host

    overwrite-network Overwrite NV memory from TFTP network host

    terminal Congure from the terminal

    Router# congure terminal

    Enter conguration commands, one per line. End with CNTL/Z.

    Router(cong)#

    Na terceira linha do exemplo anterior digitamos confe, em seguida, .Assim, a CLI conseguiu completar o comando congureadequadamente, poisapenas esse comando inicia-se com o prefixo digitado.

    Outra facilidade da CLI a auto-rolagem de linhas de comando longas. Issoocorre quando o comando digitado alcana a margem direita e automatica-mente a linha de comando movida dez espaos para a esquerda. O smboloutilizado para denotar a auto-rolagem o cifro ($). O exemplo a seguir ilustraessa situao:

    Router# configure terminal

    Enter conguration commands, one per line. End with CNTL/Z.

    Router(cong)# $ 120 deny host 10.26.0.210 host 10.26.0.1

    Na terceira linha do exemplo anterior podemos notar que a linha de comandocomea com um cifro, indicando que a linha foi movida para a esquerda.

    1.9 Comandos de edio avanada e o comando history

    A CLI fornece alguns comandos de edio avanada que so um conjunto deteclas de atalho para edio de linhas de comando j digitadas. Essas teclasde atalho podem ser utilizadas para corrigir ou mudar uma linha de coman-

    do otimizando a tarefa de configurao de um roteador. O modo de edioavanada ativado por padro nos roteadores Cisco. Porm, se desejarmos,podemos desativar essa funo utilizando o comando a seguir demonstradono modo EXEC usurio:

    Router# terminal no editing

    A tabela 1.9 mostra os principais comandos de edio avanada.

    A CLI do Cisco IOS oferece tambm um registro dos ltimos comandos exe-cutados que podem ser recuperados e editados. Essa facilidade obtida pormeio dos comandos history, exibidos na tabela 1.10.

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    34 Roteadores Cisco Guia bsico de configurao e operao

    Tabela 1.9 Comandos de edio avanada da CLI

    Tecla de Atalho Efeito

    Ctrl + A Move o cursor para o comeo da linha de comando

    Ctrl + E Move o cursor para o m da linha de comando

    Ctrl + B ou Move o cursor um caracter para frente da posio atual

    Esc + F Move o cursor uma palavra para frente da posio atual

    Ctrl + D Apaga o caracter da posio imediatamente posterior atual

    Backspace Apaga o caracter da posio imediatamente anterior atual

    Ctrl + R Re-exibe uma linha

    Ctrl + U Apaga uma linha

    Ctrl + W Apaga uma palavra

    Ctrl + Z Finaliza o modo de congurao e volta ao modo EXEC

    Tab Completa a digitao de um comando

    Tabela 1.10 Comandos history do roteador

    Comando History Descrio

    Show history Exibe, por padro, os ltimos dez comandos executados

    Show terminalExibe as conguraes do terminal e a quantidade de comandos armazena-

    dos no buffer history

    Terminal history sizeMuda a quantidade de comandos armazenados no buffer history. O valor

    mximo 256

    Ctrl + P ou seta para cima Exibe a linha de comando executada antes da linha de comando atual

    Ctrl + N ou seta para baixo Exibe a linha de comando executada aps da linha de comando atual

    O exemplo a seguir mostra uma sada do comando show historye os ltimosdez comandos executados pelo usurio.

    Router# show history

    enable

    sh history

    sh terminal

    sh version

    sh ash

    sh interfacessh int e0

    sh int s0

    sh int s1

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    35Captulo 1 Introduo

    sh int s2

    Router#

    Por padro, o comando show historymostra os dez ltimos comandos exe-cutados. Se desejarmos, podemos mudar a quantidade de comandos a seremarmazenados por meio do comando terminal history size. No exemplo aseguir, mudamos a quantidade de comandos a serem armazenados para 15:

    Router# terminal history size ?

    Size of history buffer

    Router# terminal history size 15

    Router#

    A segunda linha do exemplo anterior, que foi fornecida pelo roteador quando

    utilizamos o ponto de interrogao na primeira linha, mostra-nos que o nmeromximo de comandos que podemos armazenar 256. Mas como podemoster certeza de que o valor foi realmente alterado? Para isso, podemos utilizar ocomando show terminal, conforme o exemplo a seguir:

    Router# show terminal

    Line 2, Location: , Type: ANSI

    Length: 25 lines, Width: 80 columns

    Baud rate (TX/RX) is 9600/9600

    Status: Ready, Active, No Exit Banner

    Capabilities: noneModem state: Ready

    Special Chars: Escape Hold Stop Start Disconnect Activation

    ^^x none - - none

    Timeouts: Idle EXEC Idle Session Modem Answer Session Dispatch

    00:10:00 never none not set

    Idle Session Disconnect Warning

    never

    Modem type is unknown.

    Session limit is not set.

    Time since activation: 00:00:07Editing is enabled.

    History is enabled, history size is 15.

    DNS resolution in show commands is enabled

    Full user help is disabled

    Allowed transports are pad v120 telnet rlogin. Preferred is telnet.

    No output characters are padded

    No special data dispatching characters

    No exemplo anterior, na linha History is enabled, history size is 15, podemos

    notar que a alterao do nmero de comandos armazenados foi aceita.

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    36 Roteadores Cisco Guia bsico de configurao e operao

    1.10 Cenrio-alvo

    O objetivo principal deste livro abordar todos os comandos necessrios paraconfigurar uma rede com roteadores Cisco. Para tal, apresentamos na figura 1.13

    o cenrio-alvo. Esse cenrio ser configurado durante o decorrer das explana-es, fornecendo todos os caminhos necessrios para configur-lo passo a passo.

    Figura 1.13 Cenrio-alvo.