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ESTADO DO PARANÁ POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ CORPO DE BOMBEIROS Segurança do Trabalho MARIO SÉRGIO GARCEZ DA SILVA, 1º Ten QOBM e-mail: [email protected] Revisada e ampliada

APOSTILA SEGURANÇA TRABALHO BOMBEIRO MILITAR

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Apostila de Segurança no Trabalho aplicado ao Bombeiro Militar usada no Curso de Formação de Oficiais Bombeiro Militar em 2009. Todos os direitos reservados ao Cap. QOBM Garcez

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ESTADO DO PARAN POLCIA MILITAR DO PARAN CORPO DE BOMBEIROS

Segurana do Trabalho

MARIO SRGIO GARCEZ DA SILVA, 1 Ten QOBMe-mail: [email protected]

Revisada e ampliada

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MAIO 2008 CURITIBA - PARAN

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SUMRIOI. INTRODUO...........................................................................................................................4 II. SEGURANA DO TRABALHO..............................................................................................5 2.1. HISTRICO.............................................................................................................................5 2.2. CONCEITUAO...................................................................................................................8 2.3. LEGISLAO CLT................................................................................................................8 2.4. SEGURANA DO TRABALHO NO CB.............................................................................11 2.4.1. METAS DE SEGURANA NO TRABALHO NO CB.....................................................15 III. ACIDENTES DO TRABALHO.............................................................................................16 3.1. DEFINIO LEGAL............................................................................................................16 3.2. DEFINIO PREVENTIVA................................................................................................18 3.3. DOENA PROFISSIONAL OU DO TRABALHO..............................................................19 3.4. CAUSAS DOS ACIDENTES................................................................................................19 3.4.1. Atos Inseguros.....................................................................................................................19 3.4.2. Condies Inseguras............................................................................................................21 3.5. TEORIA DE HEINRICH.......................................................................................................22 3.6. PREVENO DE ACIDENTES...........................................................................................23 3.7. CONCLUSES DA PREVENO......................................................................................25 3.8. EQUIPAMENTOS DE PROTEO INDIVIDUAL E COLETIVA EPI E EPC..............26 3.8.1. Finalidade indireta do equipamento de proteo individual................................................27 3.8.2. Consideraes gerais sobre EPI...........................................................................................27 3.8.3. Importncia do EPI como complemento aos equipamentos de proteo coletivo..............28 3.8.4. Implicaes do no uso do EPI............................................................................................29 3.8.5. Equipamentos de Proteo Coletiva....................................................................................30 3.8.6. Equipamentos de Proteo Individual em uso no CB.........................................................30 IV. RISCOS PROFISSIONAIS NO TRABALHO.......................................................................34 4.1. AGENTES FSICOS..............................................................................................................34 4.2. AGENTES MECNICOS.....................................................................................................39 4.3. AGENTES QUMICOS.........................................................................................................40 4.4. AGENTES BIOLGICOS.....................................................................................................42 4.5. AGENTES ERGONMICOS................................................................................................42 4.6. MAPEAMENTO DE RISCOS...............................................................................................45 4.7. CORES NA SEGURANA NO TRABALHO.....................................................................47 V. CONCLUSO..........................................................................................................................53 VI. BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................................53

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I. INTRODUONas operaes de Bombeiro, essencial dedicarmos um cuidado muito especial segurana. No se pode conceber a realizao de um trabalho ou instruo seguros, quando estes se realizam em torno de equipamentos cuja segurana duvidosa ou mesmo quando o prprio Bombeiro despreza princpios de segurana. A histria tem nos mostrado que o desprezo a pequenos detalhes em princpios de segurana, exige como tributo a prpria vida. Ora, o homem, sem a proteo, est exposto a toda a sorte de riscos, com possibilidades remotas de escapar ileso. Trabalhar com conscincia, preciso e mtodo trabalhar com segurana. Na nobre misso de salvar vidas, enquanto todos esto correndo do perigo, o herico bombeiro esta indo de encontro com o mesmo, mas para tanto devemos estar preparados psicologicamente, fisicamente e tecnicamente. Contamos muitas vezes com a ajuda de algo superior, e s vezes muitos de nossos irmos de profisso perdem suas vidas, como exemplo os mais de 300 que padeceram impotentes nos escombros do WORLD TRADE CENTER. No entanto, se uma s vida foi salva, j estamos satisfeitos, pois POR UMA VIDA, TODO SACRIFCIO DEVER. Uma organizao que existe em funo do perigo, para resgatar e neutralizar os riscos do dia-a-dia, somente poder cumprir integralmente sua misso se der aos seus componentes a segurana bsica e o treinamento necessrio, desenvolvendo uma cultura de segurana no trabalho. A proposta despertar para a segurana do trabalho no servio executado pelo Corpo de Bombeiros da Polcia Militar do Estado do Paran. A partir do ano de 2001, o Corpo de Bombeiros passou a contar nos currculos de seus cursos com uma matria que trata especificamente de segurana do trabalho, motivo que nos enche de orgulho por transmitir conhecimentos de to grande importncia, pois segurana vida. No h nada mais nobre e digno de se contemplar, do que, a realizao do seu trabalho, em benefcio e melhoria da vida de outras pessoas. 1 Ten QOBM MARIO SERGIO GARCEZ DA SILVA

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II. SEGURANA DO TRABALHO2.1. HISTRICO O xito de qualquer atividade diretamente proporcional ao fato de se manter a sua pea fundamental - o trabalhador - em condies timas de sade. As atividades laborativas nasceram com o homem. Pela sua capacidade de raciocnio e pelo seu instinto gregrio, o homem conseguiu, atravs da histria, criar uma tecnologia que possibilitou sua existncia no planeta. Uma reviso dos documentos histricos relacionados Segurana do Trabalho permitir observar muitas referncias a riscos do tipo profissional mesclados aos propsitos do homem de lograr a sua subsitncia. Na antiguidade, quase totalidade dos trabalhos eram desenvolvidos manualmente - uma prtica que ns encontramos em muitos trabalhos dos nossos dias. Os agravos sade do trabalhador so relatados desde a Antigidade, Hipcrates em seus escritos que datam de quatro sculos antes de Cristo, fez meno existncia de molstias entre mineiros e metalrgicos. Na obra As Metamorfoses de Esculpio, que cita o poeta romano Ovdio (23 Ac 17 d. C), que descreve a situao dos carvoeiros. Na obra Historia Naturalis de Plnio, o Velho (23 79 d. C), onde aparece no mundo ocidental o primeiro relato do uso do EPI por trabalhadores que expostos s poeiras, se protegem ao utilizar na frente do rosto, guisa de mscaras, panos ou membranas (de bexiga de carneiro) para atenuar a inalao destas. Plnio tambm descreveu diversas molstias do pulmo entre mineiros e envenenamento advindo do manuseio de compostos de enxofre e zinco. Galeno, que viveu no sculo II, fez vrias referncias a molstias profissionais entre trabalhadores das ilhas do mediterrneo. Agrcola e Paracelso investigaram doenas ocupacionais nos sculos XV e XVI. Georgius Agrcola, em 1556, publicava o livro "De Re Metallica", onde foram estudados diversos problemas relacionados extrao de minerais argentferos e aurferos, e fundio da prata e do ouro. Esta obra discute os acidentes do trabalho e as doenas mais comuns entre os mineiros, dando destaque chamada "asma dos mineiros". A descrio dos sintomas e a rpida evoluo da doena parece indicar sem sombra de dvida, tratarem de silicose. Em 1697 surge a primeira monografia sobre as relaes entre trabalho e doena de autoria de Paracelso: "Von Der Birgsucht Und Anderen Heiten". So numerosas as citaes relacionando mtodos de trabalho e substncias manuseadas com doenas. Destaca-se que em relao intoxicao pelo mercurio, os principais sintomas dessa doena profissional foram por ele assinalados. Em 1700 era publicado na Itlia, um livro que iria ter notvel repercuso em todo o mundo. tratava-se da obra "De Morbis Artificum Diatriba" de autoria do mdico Bernardino Ramazzini que, por esse motivo cognominado o "Pai da Medicina do Trabalho". Nessa importante obra, verdadeiro monumento da sade ocupacional, so descritas cerca de 100 profisses diversas e os riscos especficos de cada uma, foi a introduo do meio ambiente laboral como uma varivel importante na caracterizao do nexo causal do agravo sade do trabalhador. Um fato importante que muitas dessas descries so baseadas nas prprias observaes clnicas do autor o qual nunca esquecia de perguntar ao seu paciente: "Qual a sua ocupao?".APOSTILA SEGURANA DO TRABALHO__________________________________

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A obra de Ramazzini s foi concluda em sua totalidade na sua terceira edio, em 1.713, mas, devido ao contexto econmico da poca, somente em 1.802, comearam a aparecer os frutos desta obra, quando foi formulada a primeira regulamentao sobre questes de ambiente de trabalho, seguida logo aps do Factory Act de 1833, e em 1884, pela primeira lei de acidentes de trabalho editada na Alemanha. Devido a escassez de mo de obra qualificada para a produo artesanal, o gnio inventivo do ser humano encontrou na mecanizao a soluo do problema. Partindo da atividade predatria, evoluiu para a agricultura e pastoreio, alcanou a fase do artesanato e atingiu a era industrial. Entre 1760 e 1830, ocorreu na Inglaterra a Revoluo Industrial, marco inicial da moderna industrializao que teve a sua origem com o aparecimento da primeira mquina de fiar. At o advento das primeiras mquinas de fiao e tecelagem, o arteso fora dono dos seus meios de produo. O custo elevado das mquinas no mais permitiu ao prprio artfice possu-las. Desta maneira os capitalistas, antevendo as possibilidades econmicas dos altos nveis de produo, decidiram adquiri-las e empregar pessoas para faze-las funcionar. Surgiram assim, as primeiras fbricas de tecidos e, com elas, o Capital e o Trabalho. Somente com a revoluo industrial, que o aldeo, descendente do troglodita, comeou a agrupar-se nas cidades. Deixou o risco de ser apanhado pelas garras de uma fera, para aceitar o risco de ser apanhado pelas garras de uma mquina. A introduo da mquina a vapor, sem sombra de dvida, mudou integralmente o quadro industrial. A indstria que no mais dependia de cursos d'gua, veio para as grandes cidades, onde era abundante a mo de obra. Condies totalmente inspitas de calor, ventilao e umidade eram encontradas, pois as "modernas" fbricas nada mais eram que galpes improvisados. As mquinas primitivas ofereciam toda a sorte de riscos, a as consequncias tornaram-se to crticas que comeou a haver clamores, inclusive de orgos governamentais, exigindo um mnimo de condies humanas para o trabalho. A improvisao das fbricas e a mo de obra constituda no s de homens, mas tambm de mulheres e crianas, sem quaisquer restries quanto ao estado de sade, desenvolvimento fsico passaram a ser uma constante. Nos ltimos momentos do sculo XVIII, o parque industrial da Inglaterra passou por uma srie de transformaes as quais, se de um lado proporcionaram melhoria salarial dos trabalhadores, de outro lado, causaram problemas ocupacionais bastante srios. O trabalho em mquinas sem proteo; o trabalho executado em ambientes fechados onde a ventilao era precria e o rudo atinge limites altssimos; a inexistncia de limites de horas de trabalho; trouxeram como consequncia elevados ndices de acidentes e de molstias profissionais. Na Inglaterra, Frana e Alemanha a Revoluo Industrial causou um verdadeiro massacre a inocentes e os que sobreviveram foram tirados da cama e arrastados para um mundo de calor, gases, poeiras e outras condies adversas nas fbricas e minas. Esses fatos logo se colocaram em evidncia pelos altos ndices de mortalidade entre os trabalhadores e especialmente entre as crianas. A sofisticao das mquinas, objetivando um produto final mais perfeito e em maior quantidade, ocasionou o crescimento das taxas de acidentes e, tambm, da gravidade desses acidentes.APOSTILA SEGURANA DO TRABALHO__________________________________

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Nessa poca, a causa prevencionista ganhou um grande adepto: Charles Dickens. Esse notvel romancista ingls, atravs de crticas violentas, procurava a todo custo condenar o tratamento imprprio que as crianas recebiam nas indstrias britnicas. Pouco a pouco, a legislao foi se modificando at chegar teoria do risco social: o acidente do trabalho um risco inerente atividade profissional exercida em benefcio de toda a comunidade, devendo esta, por conseguinte, amparar a vtima do acidente. No Brasil, a escravido s foi eliminada nos ltimos doze anos do sculo XIX e, conseqentemente, as preocupaes desta natureza s se apresentaram no cenrio nacional no incio do sculo XX, principalmente aps o I Congresso Operrio Brasileiro, de 1906, do qual nasceu a Confederao Operria Brasileira e o jornal A Voz do Trabalhador, que circulou entre 1908 e 1915. Este congresso aprovou a seguinte resoluo sobre acidentes no trabalho: Considerando que o responsvel pelos acidentes no trabalho sempre o patro; e que as leis decretadas em prol dos trabalhadores so letra morta, o Congresso resolve que sempre que qualquer desastre se verifique, eles (os sindicatos) arbitrem a indenizao que o patro deve pagar, forando-o a isso pela ao direta. A primeira grande repercusso prtica do referido congresso foi publicao da Tabela do Sindicato dos Pintores do Rio de Janeiro, em 19/08/1908, onde constava que os mestres sero responsveis pelos acidentes de trabalho, e pagaro os curativos e os ordenados dos oficiais, enquanto estes se acharem impossibilitados de trabalhar. As denncias proferidas por rgos anarco-sindicalistas, utilizando-se do A Voz do Trabalhador fizeram emergir a questo na sociedade brasileira do incio do sculo XX, merecendo a fala de Rui Barbosa na conferncia sobre A questo Social e a Poltica no Brasil (1918), onde as condies de trabalho e a reparao do acidente de trabalho so, por assim dizer, objetos da Questo Social. Tal contexto gerou a aprovao do Decreto Legislativo n 3.724, de 15/01/1919, iniciado com o Projeto de Lei de n 337, do Deputado Wenceslau Escobar que se tornou a primeira lei de acidentes de trabalho do Brasil. No Brasil, podemos fixar nessa poca a nossa revoluo industrial e, embora tivssemos j a experincia de outros pases, em menor escala, bem verdade, atravessamos os mesmos percalos, o que fez com que se falasse, em 1970, que o Brasil era o campeo mundial de acidentes do trabalho. Da nossa revoluo industrial at a portaria de 04 de fevereiro de 2.000, da Secretaria de Sade do Distrito Federal, vrias legislaes foram editadas, tendo destaque especial a criao dos Ministrios do Trabalho, da Sade e da Previdncia Social, culminando com a promulgao da Carta Magna de 1988, que forneceu o contorno necessrio sade do trabalhador. A legislao de sade do trabalhador tem ainda um apoio na Constituio Federal, que cita o direito sade como um direito de todos, de acesso universal e igualitrio, que deve ser garantida por polticas sociais e econmicas que visem a reduo do risco de doenas e de outros agravos sade; no Cdigo Civil Brasileiro, que garante o direito a indenizaes por dano a sade, e pelo Cdigo Penal Brasileiro, que permite a responsabilizao criminal do empregador por expor a vida ou a sade do trabalhador a perigo direto ou iminente. Porm, mesmo a Legislao acidentria brasileira tendo avanado muito na caracterizao dos agravos sade do trabalhador, no conseguiu ainda se fazer sentir firmemente nos chos de fbrica, e os riscos perfeitamente controlveis e mesmo osAPOSTILA SEGURANA DO TRABALHO__________________________________

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eliminveis continuam a fazer parte da rotina da maioria dos trabalhadores de nosso pas (Costa e Cols, 1989). O numero de trabalhadores mutilados, lesionados e mortos ainda absurdo em nosso Pas. Embora o assunto SEJA pintado com cores muito sombrias, com a implantao de legislaes mais exigentes os nmeros de acidentes esto diminuindo ano aps ano. Ao mesmo tempo, vislumbrar um futuro mais promissor possvel com o esforo conjunto de toda nao: trabalhadores, empresrios, tcnicos e governo. 2.2. CONCEITUAO Segurana do Trabalho o conjunto de tcnicas, leis, normas e mtodos que so adotadas em um determinado ramo de atividades a fim de preservar o elemento humano (minimizar os acidentes de trabalho, doenas ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade de trabalho do trabalhador) e assegurar a continuidade operacional. Para toda atividade a segurana essencial, e para a Instituio Corpo de Bombeiros o xito das operaes possui uma relao muito mais efetiva e ntima, pois a todo momento o risco potencial. Durante muito tempo a segurana do trabalho foi vista como um tema que se relacionava apenas com o uso de capacetes, botas, cintos de segurana e uma srie de outros equipamentos de proteo individual contra acidentes. Hoje, o setor de segurana e sade no trabalho multidisciplinar e tem como objetivo principal a preveno dos riscos profissionais. O conceito de acidente compreendido por um maior nmero de pessoas que j identificam as doenas profissionais como conseqncias de acidentes do trabalho. A relao homem-mquina, que j trouxe enormes benefcios para a humanidade, tambm trouxe um grande nmero de vtimas, sejam elas os portadores de doenas incapacitantes ou aqueles cuja integridade fsica foi atingida. A exposio do trabalhador ao risco gera o acidente, cuja consequncia nesses casos tem efeito mediato, ou seja, ela se apresenta ao longo do tempo por ao cumulativa desses eventos sucessivos. como se a cada dia de exposio ao risco, um pequeno acidente, imperceptvel, estivesse ocorrendo. As consequncias dos acidentes do trabalho desse tipo so as doenas profissionais ou ocupacionais. A maneira verdadeiramente eficaz de impedir o acidente conhecer e controlar os riscos. Isso se faz, no caso das empresas, com uma poltica de segurana e sade dos trabalhadores que tenha por base a ao de profissionais especializados, antecipando, reconhecendo, avaliando e controlando os riscos. 2.3. LEGISLAO CLT Segurana e sade do trabalhador matria constitucional, regulamentada e normalizada. A Constituio Federal, em seu Captulo II (Dos Direitos Sociais), artigo 6 e artigo 7, incisos XXII, XXIII, XXVIII e XXXIII, dispe, especificamente, sobre segurana e sade dos trabalhadores. A Consolidao das Leis do Trabalho dedica o Captulo V Segurana e Medicina do Trabalho, de acordo com a redao dada pela Lei 6.514, de 22 de dezembro de 1977. O Ministrio do Trabalho, por intermdio da Portaria n 3.214, de 8 de junho de 1978, aprovou as Normas Regulamentadoras - NR - previstas no Captulo V da CLT. Esta mesmaAPOSTILA SEGURANA DO TRABALHO__________________________________

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Portaria estabeleceu que as alteraes posteriores das NR seriam determinadas pela Secretaria de Segurana e Sade do Trabalho, rgo do atual Ministrio do Trabalho e Emprego. A segurana do trabalho rural tem regulamentao especfica atravs da Lei n 5.889, de 5 de junho de 1973, cujas Normas Regulamentadoras Rurais - NRR - foram aprovadas pela Portaria n 3.067, de 12 de abril de 1988. Incorporam-se s leis brasileiras, as Convenes da OIT - Organizao Internacional do Trabalho, quando promulgadas por Decretos Presidenciais. As Convenes Internacionais so promulgadas aps submetidas e aprovadas pelo Congresso Nacional. Alm dessa legislao bsica, h um conjunto de Leis, Decretos, Portarias e Instrues Normativas que complementam o ordenamento jurdico dessa matria. Uma excelente fonte de referncia o Volume 16 (Segurana e Medicina do Trabalho) dos Manuais de Legislao Atlas, da Editora Atlas. Sempre com edies atualizadas, esse livro contm a ntegra das Normas Regulamentadoras - NR - e da legislao complementar. Uma opo mais completa o livro "Normas Regulamentadoras Comentadas". Na Internet, voc tambm poder encontrar a ntegra das NR e da CLT a partir da pgina do Ministrio do Trabalho e Emprego. Alm disso, h a legislao acidentria, pertinente rea da Previdncia Social. Aqui se estabelecem os critrios das aposentadorias especiais, do seguro de acidente do trabalho, indenizaes e reparaes. Completando essa extensa legislao, devemos lembrar que a ocorrncia dos acidentes (leses imediatas ou doenas do trabalho) pode dar origem a aes civis e penais, concorrendo com as aes trabalhistas e previdencirias (Cdigo Civil). Importante para os profissionais conhecer alguns conceitos bsicos das organizaes de apoio a segurana do trabalho previstas na legislao, as quais sero descritos na seqncia. Teremos um captulo especfico definindo e estudando Acidente do Trabalho, no entanto, torna-se necessrio neste momento um entendimento mnimo. Considera-se acidente de trabalho aquele que se verifique no local e no tempo de trabalho e produza direta ou indiretamente leso corporal, perturbao funcional ou doena de que resulte reduo na capacidade de trabalho ou de ganho ou a morte. CAT Comunicao de Acidente do Trabalho, um documento que preenchido quando ocorrem acidentes com leso e enviado ao Ministrio do Trabalho. SESMT Servio Especializado de Segurana e Medicina do Trabalho. CIPA Comisso interna de preveno de acidentes, que regulamentada pela NR-5, do manual de Normas Regulamentadoras, da Portaria 3.214. ASO - Atestado de Sade Ocupacional. De acordo com a NR-07 da Portaria 3.214/78, de realizao obrigatria os exames mdicos admissional, peridico, de retorno ao trabalho, de mudana de funo e demissional, compreendendo avaliao clnica (anamnese ocupacional e exame fsico e mental) e exames complementares, de acordo com os Quadros I e II da NR-07 SESMT - As empresas privadas e pblicas, os rgos pblicos da administrao direta e indireta e dos poderes Legislativo e Judicirio, que possuam empregados regidos pela Consolidao das Leis do Trabalho - CLT, mantero, obrigatoriamente, Servios Especializados em Engenharia de Segurana e em Medicina do Trabalho, com a finalidade de promover a sade e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho. Esta descrita na Norma Regulamentadora n 4 NR4 da Portaria 3.214.APOSTILA SEGURANA DO TRABALHO__________________________________

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CNAE 85.11-1 85.12-0

QUADRO I - CLASSIFICAO NACIONAL DE ATIVIDADES Descrio da Atividade Grau de Risco atividades de atendimento hospitalar 3 atividades de atendimento a urgncias e emergncias 3 QUADRO II - DIMENSIONAMENTO DOS SESMT

CIPA - A Comisso Interna de Preveno de Acidentes CIPA - tem como objetivo a preveno de acidentes e doenas decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatvel permanentemente o trabalho com a preservao da vida e a promoo da sade do trabalhador. composta por representantes do empregador e dos empregados e esta regulamentada na NR-5.

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QUADRO III - Dimensionamento de CIPA

QUADRO IV - Relao da Classificao Nacional de Atividades Econmicas - CNAE, com correspondente agrupamento para dimensionamento de CIPA CNAE Descrio da Atividade Grupo 85.11-1 Atividades de Atendimento Hospitalar C-34 85.12-0 Atividades de Atendimento a Urgncias e Emergncias C-34 Veremos ainda os conceitos: SIPAT Semana Interna de Preveno de Acidentes do Trabalho, de PCMSO Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional e PPRA Programa de Preveno de Riscos Ambientais. PCMSO - estabelece a obrigatoriedade de elaborao implementao, por parte de todos os empregadores e instituies que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional - PCMSO, com o objetivo de promoo e preservao da sade do conjunto dos seus trabalhadores. Esta descrito na NR-7. PPRA - estabelece a obrigatoriedade da elaborao e implementao, por parte de todos os empregadores e instituies que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Preveno de Riscos Ambientais -PPRA, visando preservao da sade e da integridade dos trabalhadores, atravs da antecipao, reconhecimento, avaliao e conseqente controle da ocorrncia de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em considerao a proteo do meio ambiente e dos recursos naturais. Esta regulamentado esta na NR9. O PPRA dar origem ao Mapeamento de Riscos, que um lay-out de todos os setores da empresa/organizao desenhados os riscos especficos de cada rea, o qual veremos em detalhes no captulo sobre Riscos Profissionais no Trabalho. 2.4. SEGURANA DO TRABALHO NO CB Especificamente de segurana do trabalho a Corporao no possui nenhum rgo ou sesso organizando e cuidando diretamente da rea. O Corpo de Bombeiros est intimamente ligado a segurana do trabalho quando do treinamento e emprego das diversas tcnicas e procedimentos operacionais que nos permitem trabalhar com segurana. O Corpo de Bombeiros no possui uma poltica de segurana implantada, perdendo com isso eficincia e eficcia, no mantendo controle tcnico dos atos inseguros e inviabilizando uma anlise a posteriori dos acidentes, visando sanar atos de riscos e prevenir sua repetio.APOSTILA SEGURANA DO TRABALHO__________________________________

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No existe um sistema implantado que permita a preveno do acidente no trabalho, a anlise dos riscos profissionais; no se elabora normatizao de procedimentos em locais de risco, ou mesmo o estudo de conseqncias prximas ou remotas dos acidentes ocorridos. Por parte do Corpo de Bombeiros, nunca houve um envolvimento em campanhas internas de preveno de acidentes no trabalho, no se criaram normas para avaliao de EPI, sendo que aceita-se apenas o que manifestado em catlogo e em demonstraes de materiais pelos fornecedores e nas tcnicas j estabelecidas. As CIPAs, to eficientes em empresas privadas quando levadas com seriedade, no existem no Corpo de Bombeiros, embora tenha sido testada experimentalmente no ano de 1998 no 2 Grupamento de Bombeiros Ponta Grossa, onde foi criada uma CPPA Comisso Permanente de Preveno de Acidentes com gesto de 08 Out 1998 08 Out 2000, a qual possua 10 membros efetivos indicados pelo comando dos setores de maior risco, tendo como Presidente da CPPA o Cap QOBM SAMUEL POTMA G. GONALVES. No foi realizada nova indicao e os trabalhos da comisso foram encerrados. Criou-se a iluso de que a existncia de uma CIPA incompatvel com os princpios da disciplina e hierarquia. Entende-se ser isto um imenso engano, pois a CIPA, para funcionar no Corpo de Bombeiros, teria de ser adaptada, criando-se assim, portanto, um sistema tcnico de grande valia e apoio ao Comando, visando to-somente reduo dos acidentes que geram perda da mo-de-obra altamente qualificada no Corpo de Bombeiros. Com a criao de uma CIPA, seria possvel sanar as falhas retrodescritas, apresentando a possibilidade de grande desenvolvimento na rea de pesquisa de novos materiais e meios na rea de preveno de acidentes, e inovaes no que tange aos equipamentos de proteo individual. Encontram-se disponveis, vrias bibliografias de apoio, que concederiam a essncia do conhecimento necessrio para a implantao de CIPAs nas Unidades Operacionais e de apoio do Corpo de Bombeiros. Tais trabalhos so frutos da experincia e da dedicao de homens que estudaram com afinco o assunto - segurana no trabalho e preveno de acidentes. Para implantao de uma poltica de voltada para segurana do trabalho no Corpo de Bombeiros, temos favorveis os seguintes pontos: 1. Hierarquia e disciplina; 2. Estabilidade de emprego; 3. Tempo de servio na corporao; 4. Tempo disponvel para treinamento; 5. EPIs existentes; 6. Profissionalismo instruo tcnicas; 7. Mentalidade de segurana estabelecida; 8. Mo de obra tcnica existente. importante que haja um envolvimento da rea de sade no que diz respeito preveno de acidentes no trabalho, tambm contando com a opinio dos profissionais dessa rea para que possam opinar em relao s especificaes de equipamentos de proteo individual. Torna-se desnecessrio ressaltar que a anlise procedida por estes profissionais importantssima para a avaliao das leses ocorridas em acidentes, colaborando para evit-las. Na parte de medicina ocupacional, possumos o amparo oferecido atualmente pelo SAS Servio de Assistncia Sade, que conta com oito hospitais credenciados no Estado do Paran e exclusivamente para a PMPR existe o atendimento do HPM HospitalAPOSTILA SEGURANA DO TRABALHO__________________________________

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da Polcia Militar. Importante destacar que, desde o ingresso na carreira militar possumos o acompanhamento de nossa sade pela Diretoria de Sade, atravs da JOS Junta Ordinria de Sade que possui todo o histrico mdico dos militares da Polcia Militar e Corpo de Bombeiros. Na ocorrncia de um acidente em servio importante destacar que todo os levantamentos relativos ao fato devem ser feitos imediatamente, havendo necessidade da comunicao formal constando que no houve imprudncia, negligncia ou impercia, sendo anexado cpia do boletim interno atestando a escala de servio. O documento que resguarda os direitos dos militares acidentados em servio na PMPR o atestado de origem, e atualmente esta sendo adotado a apresentao dos documentos citados para confeco do mesmo pela JOS, sendo enviado a documentao atravs de ofcio do Comandante. No caso de no serem tomadas as providncias, dever ser comprovado o acidente atravs de uma sindicncia interna da unidade, podendo inclusive ser indeferida, sendo necessrio nesse caso a instaurao de um Inqurito Sanitrio de Origem (ISO - Extrato Instrues Reguladoras dos Documentos Sanitrios de Origem Portaria n 298-CG, de 31 Jan 1962, Transcrio Boletim n 241-CG, de 17 Dez 1985). A Lei que garante direitos aos policiais e bombeiros militares o Cdigo de Vencimentos da PMPR (Lei n 6.417, de 03 Jul 1973), e recentemente foi garantido o direito a uma indenizao em caso de acidente no efetivo exerccio da atividade (LEI N 14268 22/12/2003 regulamentada pelo DECRETO N 3494 - 20/08/2004). Extrato Cdigo de Vencimentos da PMPR Lei n 6.417, de 03 Jul 1973 Da Assistncia Mdica e Odontolgica Art. 60 O Estado proporcionar, aos Policiais Militares da ativa, reserva remunerada ou reformados, bem como aos seus dependentes, assistncia mdica e odontolgica, na forma regulamentar. Art. 61 - Mediante parecer da Junta Mdica da Diretoria de Sade da Corporao, o Estado fornecer, gratuitamente, ao Policial Militar ferido ou acidentado em servio ou instruo, os medicamentos e aparelhos ortopdicos ou similares, de que vier o mesmo necessitar. Art. 62 - Recursos para a assistncia Mdico-Hospitalar proviro de verbas consignadas no Oramento do Estado e de contribuies estabelecidas de conformidade com o artigo 63. Art. 63 - Fica institudo o desconto mensal obrigatrio de 2% (dois por cento) do soldo dos Policiais Militares da ativa, reserva remunerada e reformados da Corporao, com a finalidade de assegurar gratuitamente aos contribuintes e aos seus dependentes a Assistncia Mdico-Hospitalar que no for de responsabilidade do Estado. 1 - Para efeito de aplicao deste artigo so considerados dependentes os definidos no artigo 110 deste Cdigo. 2 - Esto compreendidos nas disposies a viva do Policial Militar, enquanto permanecer nesse estado, e aos demais dependentes mencionados no pargrafo anterior, desde que vivam sob a responsabilidade legal da viva. ...............................SEO IV Dos Incapacitados Art. 90 - O Policial Militar incapacitado ter seus proventos referidos ao soldo integral do posto ou da graduao em que foi reformado na forma da Legislao em vigor e asAPOSTILA SEGURANA DO TRABALHO__________________________________

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gratificaes e indenizaes incorporveis a que fizer jus quando reformado pelos seguintes motivos: 1 - ferimentos recebidos em campanha ou na manuteno da ordem pblica ou por enfermidade contrada nessas condies ou que nelas tenham sua causa eficiente; 2 - acidente em servio; 3 - doena adquirida em tempo de paz, tendo relao de causa e efeito, em servio; 4 - doena, molstia ou enfermidade, embora sem relao de causa e efeito com o servio, desde que torne o Policial Militar total ou permanentemente invlido para qualquer trabalho. Pargrafo nico - No se aplicam as disposies do presente artigo ao Policial Militar que, j na situao de inatividade adquira uma das doenas referidas no item 4, a no ser que fique comprovada, por Junta Mdica Policial Militar, relao de causa e efeito entre a molstia e o exerccio de suas funes, enquanto esteve no servio ativo. Art. 91 - O Policial Militar, reformado por incapacidade decorrente de acidente ou enfermidade sem relao de causa e efeito com o servio, ressalvados os casos do item 4 do artigo anterior, perceber os proventos nos limites impostos pelo tempo de servio computveis para a inatividade, observadas as condies estabelecidas nos artigos 85 e 89 deste Cdigo. Pargrafo nico - O Policial Militar de que trata este artigo no pode receber, como proventos, quantia inferior ao soldo do posto ou da graduao da ativa, atingido na inatividade para fins de remunerao. CAPITULO III Do Auxlio Invalidez Art. 92 - O Policial-Militar em atividade, inclusive o de que trata o artigo 94 deste Cdigo, julgado incapaz definitivamente por um dos motivos constantes do Artigo 90, ao passar para a inatividade ter direito a um auxlio-invalidez no valor de 20% (vinte por cento) da "base de clculo", de que trata o artigo 89, desde que seja considerado total e permanentemente invlido para qualquer trabalho e sem possibilidade de prover os meios de subsistncia. 1 - Faz jus ao mesmo beneficio o Policial Militar que: 1 - necessitar de hospitalizao permanente; 2 - necessitar de assistncia e de cuidados permanentes de enfermagem. 2 - Para continuidade do direito ao recebimento do Auxlio invalidez o Policial Militar ficar sujeito a apresentar, anualmente, declarao de que no exerce nenhuma atividade remunerada, pblica ou privada e, a critrio da administrao, a submeter-se periodicamente a inspeo de sade, de controle. No caso de Oficiais PM mentalmente enfermo ou de praas PM, aquela declarao dever ser firmada por dois Oficiais da ativa da Polcia Militar do Estado do Paran. 3 - O Auxlio invalidez ser suspenso automaticamente pela autoridade competente se for verificado que o Policial Militar, nas condies deste artigo, exera ou tenha exercido, aps o recebimento do auxilio, qualquer atividade remunerada, sem prejuzo de outras sanes cabveis, bem como se for julgado apto em inspeo de sade a que se refere o pargrafo anterior. 4 - O Auxlio invalidez no poder ser inferior ao valor correspondente ao percentual do soldo da graduao de Cabo PM.

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2.4.1. METAS DE SEGURANA NO TRABALHO NO CB Reviso na poltica de seleo e recrutamento de pessoal. Reviso na poltica de formao, especializao, aperfeioamento e manuteno do treinamento. Desenvolvimento e implantao dos POP (Procedimentos Operacionais Padro) e PSP (Procedimentos de Segurana Padro). O estudo e controle dos riscos para eliminao dos mesmos. Efetiva preveno de mortes e leses bem como danos materiais. Criao de um servio especializado de segurana e medicina do trabalho no bombeiro. Instalao de comisses internas de preveno de acidentes nas unidades. A manuteno da motivao e do interesse pela segurana do trabalho. O registro, investigao e anlise de acidentes (estatstica). As inspees de segurana. Publicao de boletins de segurana. Laboratrio para testes de materiais e equipamentos. Convnios com entidades relacionadas com a atividade de segurana do trabalho. Programao de palestras, conferncias, seminrios e SIPAT.

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III. ACIDENTES DO TRABALHO3.1. DEFINIO LEGAL A definio est no Decreto Lei n 7.036, de 10 de novembro de 1994, que diz: "ACIDENTE DO TRABALHO TODO AQUELE QUE SE VERIFIQUE PELO EXERCCIO DO TRABALHO PROVOCANDO DIRETA OU INDIRETAMENTE, LESO CORPORAL, PERTUBAO FUNCIONAL OU DOENA QUE DETERMINE A MORTE, A PERDA TOTAL OU PARCIAL, PERMANENTE OU TEMPORARIA, DA CAPACIDADE PARA O TRABALHO". Considera-se acidente de trabalho aquele que se verifique no local e no tempo de trabalho e produza direta ou indiretamente leso corporal, perturbao funcional ou doena de que resulte reduo na capacidade de trabalho ou de ganho ou a morte. Considera-se tambm acidente de trabalho o ocorrido: (1) No trajeto de ida e de regresso para e do local de trabalho, nos termos em que vier a ser definido em regulamentao posterior; (2) Na execuo de servios espontaneamente prestados e de que possa resultar proveito econmico para a entidade empregadora; (3) No local de trabalho, quando no exerccio do direito de reunio ou de atividade de representante dos trabalhadores, nos termos da lei; (4) No local de trabalho, quando em frequncia de curso de formao profissional ou, fora do local de trabalho, quando exista autorizao expressa da entidade empregadora para tal frequncia; (5) Em atividade de procura de emprego durante o crdito de horas para tal concedido por lei aos trabalhadores com processo de cessao de contrato de trabalho em curso; (6) Fora do local ou do tempo de trabalho, quando verificado na execuo de servios determinados pela entidade empregadora ou por esta consentidos. O importante dessa definio que so considerados Acidentes do Trabalho apenas aqueles que produzem leso corporal, no englobando nenhum tipo de acidente com danos materiais ou perda de tempo. Este conceito caracteriza FERIMENTO + COMPENSAO FINANCEIRA, pois o trabalhador ser amparado legalmente com direitos e benefcios, tanto da empresa como do governo. Seguindo a definio legal, apresentamos o quadro estatstico abaixo nos d idia de que era, de fato, lamentvel a situao que o Brasil enfrentava na dcada de 1970. Ao mesmo tempo, pudemos vislumbrar um futuro mais promissor, que s foi possvel pelo esforo conjunto de toda nao: trabalhadores, empresrios, tcnicos e governo.

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NMERO DE ACIDENTES DO TRABALHO OCORRIDOS NO PERODO DE 1971 A 1995 ANOS 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 NMERO DE SEGURADOS 7.553.472 8.148.987 10.956.956 11.537.024 12.996.796 14.945.489 16.589.605 16.638.799 17.637.127 18.686.355 19.188.536 19.476.362 19.671.128 19.673.915 20.106.390 21.568.660 22.320.750 23.045.901 23.678.607 22.755.875 22.792.858 22.803.065 22.722.008 23.016.637 23.614.200 NMERO DE ACIDENTADOS 1.330.523 1.504.723 1.632.696 1.796.761 1.916.187 1.743.825 1.614.750 1.551.501 1.444.627 1.464.211 1.270.465 1.178.472 1.003.115 961.575 1.077.861 1.207.859 1.137.124 992.737 888.343 693.572 629.918 532.514 412.293 388.304 424.137 PERCENTUAL 17,61 % 18,47 % 14,90 % 15,57 % 14,74 % 11,67 % 9,73 % 9,32 % 8,19 % 7,84 % 6,62 % 6,05 % 5,10 % 4,89 % 5,36 % 5,60 % 5,09 % 4,31 % 3,75 % 3,05 % 2,76 % 2,33 % 1,81 % 1,68 % 1,79 %

Fonte: INSS - MTb Acidentes de Trabalho Ocorridos no Perodo de 1995 2005

Fonte: MPAS

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3.2. DEFINIO PREVENTIVA CADEIA DE EVENTOS QUE FREQUENTEMENTE TEM COMO PONTO DE PARTIDA UM INCIDENTE, UMA PERTUBAO DOS SISTEMAS NO QUAL ESTO INSERIDOS O TRABALHADOR E A SUA TAREFA. Esta definio engloba acidentes sem leso, aqueles apenas com danos materiais e casualidades no registradas como acidentes, so os quase acidentes. QUASE - ACIDENTE Quando que um acidente no um acidente? Quando que se trata de um quase acidente? Um quase-acidente uma ocorrncia inesperada que apenas por pouco deixou de ser um acidente com um trabalhador ou um acidente com um equipamento. Aqui est um exemplo: um ABT estava estacionado com a traseira voltada para a rampa de viaturas. Mais ou menos dois metros separavam a traseira do caminho de um pilar. Um bombeiro passava entre o pilar e o caminho. Neste momento, o motorista do caminho, sem avisar, acionou o caminho em marcha-a-r, para estacionar na rampa. O bombeiro deu um grito assustado e conseguiu pular para o lado em segurana; por pouco no foi esmagado contra o pilar. No houve contato, mas o bombeiro ficou assustado e nervoso com a experincia. Este no um caso de acidente de trabalho. O bombeiro no foi tocado, no foi fisicamente molestado e do susto s lhe ficou a lembrana. Tambm no se trata de um acidente com equipamento, pois nada aconteceu com o caminho. No houve falha de equipamento e o motorista nem se deu conta do ocorrido. Os bombeiros deveriam ser estimulados a reportar esse tipo de acontecimento? Esse quase-acidente? A Segurana do Trabalho deve investigar tais ocorrncias? O comando da unidade deve discutir tais casos? Por qu? Os quase-acidentes, assim como os acidentes que no causam ferimentos ou outros tipos de leso devem ser investigados quando reportados ou observados. Eles se constituem em avisos daquilo que pode ou provavelmente vai acontecer. Um acidente quase sempre acontece mais tarde, quando tais avisos so ignorados; mais cedo ou mais tarde o acidente acaba acontecendo. O objetivo da preveno organizada de acidentes evitar todo tipo de acidentes. Os supervisores e os tcnicos de segurana, s vezes, ainda confundem preveno de ferimentos com preveno de acidentes. Eles se impressionam com os acidentes que provocam ferimentos, principalmente quando estes so graves, mas no se preocupam muito com acidentes com equipamentos. Isso errado. Em primeiro lugar, por definio, o acidente com equipamento sempre tem potencial para causar ferimentos nas pessoas. Eles podem e, geralmente, resultam em ferimentos srios e at fatais. Em segundo lugar, mesmo quando no acontecem ferimentos, os acidentes sem leses representam uma interrupo do processo de produo. Eles geralmente causam prejuzos em virtude dos danos causados aos equipamentos, reduo de produtividade, ou das horas de trabalho gastas para reparar os estragos ocorridos. No devemos esquecer que trs so os elementos-chave de um acidente com o trabalhador para enfatizar o seu sentido completo:

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1 - Os acidentes so inesperados. Eles tanto ocorrem com trabalhadores experientes como com os inexperientes e so sempre inesperados para a pessoa envolvida e tambm para a segurana do trabalho. Por isso fundamental o treinamento. para antecipar condies onde o acidente pode ocorrer. 2 - Acidentes so contatos. Com uma exceo, todos os acidentes com trabalhadores envolvem algum tipo de contato inesperado entre a pessoa e alguma coisa em seu redor. A exceo um acidente por tenso muscular devido um esforo excessivo. Acidentes por excesso de fora no envolvem contatos com coisas em volta do trabalhador. Um exemplo o bombeiro que sofre uma distenso nas costas ao tentar levantar um objeto pesado. 3 - Acidentes interrompem o trabalho. Os acidentes quase sempre envolvem algum tipo de interrupo do trabalho. Por definio, portanto, os acidentes prejudicam o esforo da produo e comprometem a continuidade operacional. Evitar acidentes e controlar suas causas um dever de todo cidado. 3.3. DOENA PROFISSIONAL OU DO TRABALHO Na definio do Decreto Lei n 7.036, de 10 de novembro de 1994, em seu pargrafo nico ocorre equiparao do acidente do trabalho a doena profissional: Pargrafo nico: Equiparam-se ao acidente do trabalho, para os fins desta Lei: I -A doena profissional ou do trabalho, assim entendida a inerente ou a peculiar a determinado ramo de atividade e constante da relao que constitui o Anexo I do Decreto n 83.080/79, que regula os benefcios da Previdncia Social. II -O acidente, que ligado ao trabalho, embora no tenha sido a causa nica, haja contribudo diretamente para a morte, ou reduo da capacidade para o trabalho. III -A doena proveniente da contaminao acidental de pessoal de rea mdica, no exerccio de sua atividade. 3.4. CAUSAS DOS ACIDENTES Acidentes decorrem atravs de fatores pessoais (depende exclusivamente do homem) contribuindo para a maior ocorrncia dos acidentes; e de fatores ambientais (decorrentes das condies existentes nos locais de trabalho). Para fins didticos, o estudo das causas dos acidentes de trabalho podem ser divididas em dois grandes grupos: 3.4.1. Atos Inseguros Aqueles que decorrem da execuo de tarefas de forma contrria s normas de segurana. toda ao, consciente ou no, capaz de provocar algum dano ao trabalhador, aos companheiros de trabalho ou s mquinas, aos materiais e equipamentos. a violao de um procedimento aceito como seguro, que pode levar a ocorrncia de um acidente. possvel analisar os fatores relacionados com a ocorrncia de atos inseguros com o objetivo de melhor control-Ios Seguem-se alguns fatores que podem levar os trabalhadores a praticar atos inseguros. a) Inadaptao entre o homem e a funo: alguns trabalhadores cometem atos inseguros por no apresentarem as aptides necessrias para o exerccio da funo; por fatores constitucionais, isto , caractersticas constantes de sua prpria personalidade, ouAPOSTILA SEGURANA DO TRABALHO__________________________________

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por fatores circunstanciais, que influenciem o seu desempenho no momento como: problemas familiares, discusso com colegas, abalos emocionais, etc. b) Desconhecimento dos riscos da funo e ou de forma de evit-los: comum um empregado praticar atos inseguros simplesmente por no saber outra forma de realizar a tarefa ou mesmo desconhecer os riscos a que se est expondo. c) O ato inseguro pode ser sinal de desajustamento: a noo de ato inseguro est sempre relacionada com comportamento inadequado. As causas dessa inadequao podem ser vrias e algumas j foram citadas: - seleo ineficaz; - falhas de treinamento; - problemas de relacionamento com chefia e ou colegas; - poltica salarial e promocional imprpria; - clima de insegurana quanto manuteno do emprego; - diversas caractersticas de personalidade. Na tica de atos inseguros temos os fatores pessoais que concorrem para a ocorrncia de um acidente do trabalho, onde causas de acidentes qualquer fato que, se removido a tempo, teria evitado o acidente. Considerando atos inseguros, os acidentes no so inevitveis, no surgem por acaso, eles so causados, e, portanto, podem e devem ser prevenidos, atravs da eliminao a tempo das suas causas. A eliminao consiste em fazermos a preveno ativa, ou seja, fazer com que a preveno chegue antes da ocorrncia do acidente. Devemos analisar e avaliar os incidentes, tomando medidas corretivas para que no se repitam. Atitudes seguras so os comportamentos mentais e fsicos que se manifestam nos indivduos. Podemos considerar que existem as atitudes seguras e atitudes inseguras. a) Atitudes inseguras so os comportamentos nos indivduos negligentes. b) Atitudes seguras so os comportamentos nos indivduos prudentes. Na realidade sabemos que os acidentes so causados na sua maioria, por problemas de educao para a segurana, pois o ser humano tem como hbito adotar sempre as atitudes inseguras, mais cmodo, ento vejamos alguns exemplos: a) Preconceito: Os acidentes so cavaco do ofcio, Ser prudente covardia; b) Gosto pelo risco: Circo domadores..., Frmula 1 lutadores; c) Imprudncia: Enfrentar um perigo sem necessidade; d) Negligncia: Uso de ferramentas inadequadas ou defeituosas; e) Distrao: No dar ateno devida ao trabalho que executa; f) Habitualidade: A rotina conduz ao desprezo aos riscos inerentes ao servio; g) Indiferentismo: No tem interesse pela preveno; h) Irreflexo: Executar trabalho sem raciocinar galho rvore; i) Indeciso: No agir na hora oportuna; j) Velocidade excessiva: Chegar com segurana; k) Falta de aptido ou de interesse pelo trabalho; l) Excesso de confiana; m) Atitudes imprprias; n) Incapacidade fsica para o trabalho; o) Imprudncia, negligncia, impercia, distrao, insubordinao, irresponsabilidade, teimosia, temeridade, gnio violento, falta de concentrao, pressa, todos so fatores que podem levar ao acidente.APOSTILA SEGURANA DO TRABALHO__________________________________

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Atos inseguros comumente mais observados no ambiente do trabalho Bombeiro 1. Omisso quanto ao uso dos equipamentos de proteo individual, ou utilizao de forma inadequada ou incompleta. 2. No observncia dos limites de velocidade no trnsito. 3. Utilizao de material, ferramental e equipamentos (moto-serras, moto-esmeril, geradores e desencarceradores) de forma incorreta, no seguindo as normas de segurana do manual de operao do equipamento. 4. Proceder a manuteno de primeiro escalo em equipamentos e viaturas em movimento, para-Ias com as mos ou opera-Ias sem as devidas protees ou conhecimentos. 5. Hbitos de carregar ferramentas nos bolsos, deixa-Ias espalhadas no cho no local da ocorrncia ou na rampa, ou atira-Ias para que outros bombeiros as apanhem. 6. No utilizao do EPC adequado quando necessrio ou utilizao de EPC sem conhecimento. 7. No observncia dos procedimentos operacionais, descumprindo a seqncia correta e segura da execuo da operao. 8. Estacionamento de viatura incorreto, no utilizao da delimitao e sinalizao do teatro de operaes. 9. No proceder amarraes de segurana e no uso dos cabos da vida no emprego das tcnicas de salvamento vertical. 10. Posio inadequada e amarrao das escadas incorretamente. 11. Levantar peso de maneira incorreta, carregar peso superior ao recomendado ou de modo a dificultar a viso. 12. No aceitao de determinadas limitaes fsicas. 13. Inobservncia das normas de segurana. 3.4.2. Condies Inseguras So aquelas que presentes no ambiente de trabalho, colocam em risco a integridade fsica e mental do trabalhador, devido possibilidade de o mesmo acidentar-se. Tais condies inseguras apresentam-se: a) na construo e instalaes em que se localiza a empresa: reas insuficientes, pisos fracos e irregulares, excesso de rudo e trepidaes, falta de ordem e de limpeza, instalaes eltricas imprprias ou com defeitos, falta de sinalizao; b) na maquinaria: localizao imprpria das mquinas, falta de proteo em partes mveis e pontos de agarramento, mquinas apresentando defeito; c) na proteo do trabalhador: proteo insuficiente ou totalmente ausente, roupas no apropriadas, calados imprprios, equipamento de proteo com defeito. Fatores Ambientais (Condies Inseguras nos locais de trabalho) 1. Falhas no planejamento, irregularidades tcnicas. deficincias de dispositivos de segurana, ordens inexeqveis, etc. 2. Instalaes eltricas inadequadas ou defeituosas (falta de blindagens ou aterramento e equipamentos eltricos). 3. Ventilao, exausto, iluminao inadequadas. 4. Rudos, umidades e temperaturas excessivas. 5. Falta de ordem e limpeza (problemas de espao e circulao);APOSTILA SEGURANA DO TRABALHO__________________________________

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Presena, na atmosfera, de gases, vapores, poeiras. fumos. ou nvoas prejudiciais sade. 7. Falta de equipamento de proteo -EPI e EPC. 8. Contato com substncias perigosas. 9. Escadas sem corrimo, mal dimensionadas, com degraus escorregadios ou escadas de mo trincadas ou ainda pintadas. 10. Ferramentas em mau estado ou defeituosas. 11. Mquinas e equipamentos, em movimento, desprotegidos. 12. M sinalizao no trnsito interno e falta de sinalizao de segurana. O QUE UM ACIDENTE?HOM EM FATORES PESSOAIS ATOS INSEGUROS AC I DEN TES - LESO FSICA - DOENAS PROFISSIONAIS - PREJUZOS MATERIAIS - PERDA DE TEMPO

ME IO

FATORES AMBIENTAIS

CONDIES INSEGURAS

3.5. TEORIA DE HEINRICH uma teoria que estuda o conjunto de caractersticas positivas/negativas (fatores hereditrios: meio social e familiar atos inseguros criao de condies inseguras) que tm como conseqncia um acidente. Personalidade Caractersticas: adquirida por hereditariedade, o carter no meio social e familiar. Falhas Humanas So os traos negativos da personalidade, o homem independe de sua posio hierrquica e personalidade para cometer falhas. Atos e Condies Inseguras Estas, como j vimos em exemplos anteriores, so as causas mais freqentes dos acidentes de trabalho. Acidentes Podemos ter acidentes com leso. sem leso. com perda ou sem perda de tempo e com danos propriedade.

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Leso a conseqncia de um acidente que possa causar danos fsicos ao acidentado. Os acidentes provocaro leses leves ou graves, dependendo do agente causador. Conjunto de caractersticas positivas/negativas proporcionam ambiente propicio a ocorrncia de acidentes

Acontecem vrios quaseacidentes devido a atos e condies inseguras

Ocorre o acidente com leso que muitas vezes pode resultar at em morte

3.6. PREVENO DE ACIDENTES Novas filosofias de preveno envolvem uma srie de atividades que transcendem de longe a convencional Preveno de Acidentes. Evoluiu desde as precoces aes de reparao de danos (leso), uma conceituao abrangente, a qual examina todos os fatos negativos, precavendo-se dos acontecimentos indesejveis ao trabalho. Hoje o que se v na rea prevencionista so dois tipos de preveno, a saber: Preveno Passiva: Ou "Preveno de Repetio de Leso" aquela em que algum sofre uma leso sria para sermos tocados em nosso brio profissional e a pensarmos sobre nossas RESPONSABILIDADES, tomando algumas medidas para evitar nova ocorrncia semelhante. Preveno Ativa: aquela em que trabalhamos antes da decorrncia do acidente e nesse trabalho preventivo damos importncia a qualquer ocorrncia isolada, recaindo na sua potencialidade de causar uma leso e no no fato de t-Ia produzido.

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Doutrina do Incidente: Estudos foram feitos acerca do assunto, e j em 1931, H. W. Heinrich conclua: O mais importante do que simplesmente amparar o acidentado, era efetuar uma verdadeira preveno, evitando-se como conseqncia os danos fsicos ao trabalhador. 1 Leso incapacitante 29 Leses no incapacitantes 300 Acidentes sem leso Na dcada de 60, estudos realizados por Frank Bird Jr., baseados em sua teoria "Controle de Danos", a partir de uma anlise de 90.000 acidentes ocorridos numa Empresa metalrgica americana. durante um perodo de mais de 07 (sete) anos, chegou seguinte proporo: 1 Leso incapacitante 100 Leses no incapacitantes 500 Acidentes com danos a propriedade Esta nova mentalidade fundamentada em trabalhos desenvolvidos por Heinrich e Bird, que demonstrava claramente uma programao dos acidentes motivou, em 1969, a Insurance Company Of North Amrica, atravs de Bird e John A. Flecher, analisar 1.753.498 casos informados naquele ano por 297 empresas, que empregavam 1.750.000 trabalhadores, chegando a uma relao mais precisa que a dos pesquisadores Heinrich e Bird. 1 Acidente com leso grave 10 Acidentes com leso leve 30 Acidentes com danos a propriedade 600 Acidentes sem leso ou danos vsiveis Como vemos, os resultados obtidos mostram que para cada acidente com leso grave, haviam 10 acidentes com leso leve, 30 com danos propriedade e 600 acidentes sem leses ou danos visveis propriedade (quase acidentes). At ento estes estudos previam "Controle de Danos e Controle Total de Perdas", definidos como sendo unicamente prticas administrativas, quando na realidade, exigiam e exigem, solues essencialmente tcnicas. Diante dessa exigncia, em 1972, Willie Hammer, especialista em Segurana de Sistemas, reuniu diversas tcnicas fundamentadas nos programas espaciais norteamericanos, que adaptados indstria demonstraram ser de grande valia na preservao dos recursos humanos e materiais dos sistemas de produo. Assim, a engenharia de segurana e sistemas, apresenta o que pode ser descrito como um procedimento global, onde se detectam riscos potenciais e se promovem aes antes que ocorra o acidente, definindo, dessa forma, o procedimento hoje adotado pelas empresas que efetivamente fazem a preveno dos acidentes. Da pesquisa, conclumos:APOSTILA SEGURANA DO TRABALHO__________________________________

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a) Dos 641 eventos prejudiciais Empresa, 600 so classificados como meros Incidentes; 30 apenas provocam danos propriedade, 10 originam leses leves e 01 tem conseqncia fatal ou grave; b) Nossas oportunidades nos dias de hoje aumentaram: temos 630 chances de evitar que o acidente nos atinja. Diante do exposto, afirmamos que: ACIDENTE UM EVENTO NEGATlVO "PROGRAMADO MAS NO DESEJADO, QUE CAUSA UM DANO FSICO AO EMPREGADO E/OU AO PATRIMNIO. A expresso programado, no deve ser compreendida no sentido literrio de "dolo", mas sim no sentido tcnico de "Provocado por Omisso", por isso, que os empregados e membros de CIPA's devem se ater s condies ambientais dos locais de trabalho, podendo encontrar um grande nmero de situaes "Programadas". Por exemplo: se em um viatura operacional existe um cabo de descida em ms condies e nenhuma medida corretiva for tomada, estar-se- programando um acidente que poder ocorrer a qualquer momento e cujas conseqncias podero ser perdas materiais que lesaro o patrimnio da corporao da qual o homem tambm faz parte, at conseqncias com graves leses e morte. 3.7. CONCLUSES DA PREVENO Incidente um evento no desejado que sob circunstncias ligeiramente diferentes teria causado leses ao homem ou danos mensurveis propriedade. Exemplificando: quem de ns no cometeu no dia de hoje uma prtica classificvel como incidente? Talvez, tenhamos cruzado uma esquina com o sinal fechado. Esse fato, sob circunstncias um pouco diferentes, um dos carros com velocidade maior, poderia provocar um acidente com danos ao patrimnio, e qui com leso. Ser que esse "INCIDENTE" poderia ter sido prevenido? Claro que sim, pois tudo o que no acontece por acaso, pode ser previsto, prevenido, determinado e controlado. Recapitulando, podemos dizer que todo "INCIDENTE", "QUASE ACIDENTE.. deve ser entendido como um AVISO, que todos os responsveis pela segurana, ou seja, todos ns devemos comunicar para anlise e eliminao, verdadeira prtica da preveno ativa. Na preveno de acidentes contamos com os seguintes recursos: a. Treinamento; b. Adaptao do trabalhador; c. Proteo coletiva; d. Normas de segurana; e. Equipamentos de proteo individual EPIs; f. Equipamentos de proteo coletiva EPCs. Ultimas consideraes de preveno de acidentes: a. Segurana numa corporao depende de cada elemento. b. Segurana educao, que desenvolve no indivduo a chamada mentalidade de segurana. c. Acidentes do trabalho causam prejuzos de ordem material, moral e social, no s corporao, comunidade e nao, mas principalmente ao prprio acidentado.

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3.8. EQUIPAMENTOS DE PROTEO INDIVIDUAL E COLETIVA EPI E EPC Atualmente, o conceito de valores das Empresas modernas que para se manter uma imagem empresarial necessria a preservao de seu maior bem, o homem que compe os seus quadros de funcionrios. O Corpo de Bombeiros da Polcia Militar do Estado do Paran, no pode se furtar a esta realidade. Da a pergunta especulativa, Equipamentos de proteo individual, por que us-los? A proposta despertar novamente para a segurana do trabalho no servio executado pelo Corpo de Bombeiros da Polcia Militar do Estado do Paran. O Equipamento de Proteo Individual (EPI), como definido na Norma Regulamentadora 6 ( NR-6 ), da Portaria N 3.214, de 8 de junho de 1978, do Ministrio do Trabalho, todo o dispositivo de uso individual, destinado a proteger a integridade fsica do trabalhador. Levando-se em conta o trabalho ora empreendido, para o Corpo de Bombeiros, o EPI todo meio, recurso ou dispositivo de uso pessoal, destinado a preservar a integridade fsica do bombeiro, no exerccio das misses regulamentadas pelo Constituio Federal. O EPI no destinado a tornar o bombeiro imune a todos os riscos ou evitar que possa a vir sofrer acidentes, mas seu principal objetivo evitar danos a integridade fsica do homem ou minimizar as conseqncias dos acidentes, isso significa que mesmo usando devidamente o material, o bombeiro deve resguardar-se e procurar expor-se o mnimo possvel ao sinistro. Os EPI`s podem ser usados: Continuamente: durante a total execuo da tarefa; Intermitentemente : vez ou outra durante a execuo da tarefa; Eventualmente: em determinadas tarefas; Em emergncias: situaes imprevistas ou acidentais. Os EPI`s, segundo o risco contra o qual devem oferecer segurana, podem ser destinados para: calor, frio, fogo, cidos, gua, eletricidade, materiais cortantes, materiais perfurantes, radiaes, umidade, poeiras, gases, vapores, etc... Podem, ainda, serem classificados quanto a parte do corpo que devem proteger, existindo equipamentos para a cabea, olhos, ouvidos, aparelho respiratrio, mos, braos, pernas, ps, trax, etc. Fator necessrio ao uso do EPI a aceitao espontnea de quem vai utiliz-lo, reconhecendo-o como nem sempre cmodo, porm indispensvel a prpria segurana. Tem-se de considerar que, de modo diferente do trabalhador em outras reas, os componentes das guarnies de Bombeiros, de forma geral, so chamados para agir em ambientes hostis e de considerveis riscos profissionais, sendo que dificilmente ser encontrada uma condio de trabalho favorvel e sem risco para o homem do fogo. Esse risco profissional est evidenciado na Norma Regulamentadora 9 (NR-9) do Ministrio do Trabalho, que o define como: todo agente fsico, ergonmico, qumico ou biolgico existente nos ambientes de trabalho e capazes de causar danos sade do trabalhador em funo de sua natureza, concentrao ou intensidade e tempo de exposio; considerando de igual modo como risco ambiental, os agentes mecnicosAPOSTILA SEGURANA DO TRABALHO__________________________________

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e outras condies de insegurana existentes no ambiente de trabalho que provocam leses integridade fsica do homem Enfim, os equipamentos de proteo individual visam proteo das partes do corpo humano e de suas funes vitais. Alguns desses tipos de equipamentos so especficos, como a proteo auricular, culos de segurana, botas e luvas. Outros so de proteo global, como, por exemplo, o capacete usado atualmente no Corpo de Bombeiros de Paran, o chamado capacete Gallet. 3.8.1. Finalidade indireta do equipamento de proteo individual Se no se esquece da parte humana, da preservao da vida e da integridade fsica do bombeiro, a finalidade dos equipamentos de proteo individual, vista pelo Estado, deve ser, indiretamente, a de no s proteger o homem, como a de tambm preservar o gasto do Estado com a formao profissional, evitando assim despesas com o custeio de tratamentos mdicos e hospitalares, a economia com a mo-de-obra paralisada, alm de no onerar o tesouro do Estado com eventuais penses. Pode ser desumano pensar sob este aspecto, porm, ao se analisar o custo do homem impedido de trabalhar, ou mesmo morto, ver-se- que elevado; alm do mais, a substituio da mo-de-obra treinada e experiente impossvel ser feita imediatamente, dificultando, portanto a ao das guarnies de socorro que se encontrarem desfalcadas. Deve-se, pois, em cumprimento ao que preceituam as leis, dotar nossos bombeiros com o equipamento de proteo necessrio e, sobretudo, trein-los em seu manuseio, deixandoos aptos para poderem aproveitar a proteo fornecida. notrio que os efetivos, muitas vezes, no tm o hbito de utilizar os equipamentos de proteo individual, devido falta de costume e uma cultura de segurana, fato este que, alis, evidentemente falho na formao dos homens do fogo. Ainda hoje existem bombeiros que por inconseqncia, arrojo ou mesmo por desconhecimento das normas de segurana arriscam-se desnecessariamente, evidenciando-se, portanto, um falso herosmo, sendo uma m conduta a no ser seguida. No h lgica, por exemplo, em se executar um servio em altura sem a utilizao de um cabo de vida, ou mesmo executar-se um mergulho sem o devido planejamento e garantias necessrias, ou ainda, de forma mais explcita, no praticar-se socorrismo sem a proteo de luvas e outros equipamentos que evitem o contgio de germes e bactrias existentes ou at mesmo doena infecto-contagiosa. No h desculpa possvel que justifique qualquer perda ou leso a qualquer parte do corpo pelo no uso do equipamento de proteo individual. O servio de bombeiros, na atualidade, eminentemente tcnico, devendo ser praticado por tcnicos responsveis e profissionais, na essncia da palavra. 3.8.2. Consideraes gerais sobre EPI Embora se saiba que muitos equipamentos so importados e que no esto visivelmente adaptados tanto para o nosso clima como tambm para o bitipo dos homens, tem-se que concordar que se tratam de peas que garantem boa e eficiente proteo, necessitando apenas de adaptaes que podem ser feitas com facilidade e com a tecnologia disponvel no mercado brasileiro, podendo serem nacionalizadas com relativa facilidade. Tome-se, como exemplo, a capa de proteo, que importada, apresentando caractersticas de material prprio para clima temperado e frio, ou seja, trata-se de umAPOSTILA SEGURANA DO TRABALHO__________________________________

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equipamento revestido com material isolante trmico, que protege o homem contra temperaturas prximas ou mesmo menores que zero grau. Quando tais capas so usadas e, porventura, molhadas, encharcam-se e aumentam de peso, sobrecarregando o bombeiro, que perde a mobilidade e fica conseqentemente em situao incomoda. Diante desse exemplo, observa-se porque muitas vezes os combatentes do fogo no querem e chegam a se furtar ao uso do equipamento que vai lhes dar a proteo. Entretanto, concluem-se que o homem bem instrudo e treinado dever adquirir habilidade do uso do EPI e ganhar confiana no material que lhe for fornecido para uso pessoal. 3.8.3. Importncia do EPI como complemento aos equipamentos de proteo coletivo O uso do EPI muito importante no servio de bombeiros, pois, ao contrrio de outros trabalhadores, no existe, para a garantia de sua integridade, equipamentos de proteo coletiva, pois os locais de sinistros so os mais variados e inesperados, no contando o combatente do fogo com outros meios seno os existentes nas viaturas e do que levado consigo. Conseqentemente, importante que seja aqui evidenciado o que seria bsico como equipamento de proteo individual no Corpo de Bombeiros, sendo isto estabelecido internacionalmente atravs de manuais e livros especializados, como as publicaes da National Fire Protection Association, Occupational Safety, da International Fire Service Training Association, as quais servem de referncia universal. O crnio humano, onde fica localizada a maior parte dos rgos sensoriais e tambm o crebro, deve ser protegido por um capacete. No Corpo de Bombeiros do Paran, foi adotado um capacete de origem francesa, marca Gallet, que um equipamento de proteo mltipla, sendo o mais indicado no momento; na opinio do autor, estaria faltando, para a sua complementao, o equipamento de comunicao e de iluminao. Alm da proteo fornecida pelo referido capacete ao crnio, no podemos deixar de lembrar sua eficincia como protetor da; face, nuca, regio auricular, contra irradiao de calor etc. O equipamento bsico individual do combatente do fogo compe-se tambm de uma capa de proteo, devidamente adaptada para o nosso clima e ao bitipo do homem, e de uma cala composta do mesmo material, prtica de ser vestida ou removida, sendo ambas as peas de fcil limpeza e manuteno. Para a proteo dos ps, as botas apresentar-se-o resistentes ao calor, agresso de produtos qumicos e tambm a eventuais abrases. As mos do homem sero protegidas por luvas, as quais devero ser de uso especfico para o trabalho a ser feito, como, por exemplo: se o bombeiro vai executar um tipo de servio definido, dever encontrar na viatura luvas de material que lhe garantam a proteo como complemento ao par de luvas usado normalmente, ou seja, luvas para trabalho com produtos qumicos; em eletricidade; em trabalho pesado e outros. Deve-se notar, tambm, que outros tipos de material de proteo complementares estaro disposio dos homens do fogo para eventualidades mais especficas, portanto, sero encontradas roupas completas resistentes ao ataque de produtos qumicos, contaminao por partculas slidas etc. De acordo com normas internacionais (NFPA - IFSTA), todo bombeiro exposto a atmosferas perigosas de incndio e outras emergncias em que existem perigos potenciais devem estar equipados com aparelhos autnomos de proteo respiratrias. Como v-se, a proteo respiratria de importncia fundamental, sendo que o equipamento que vai permitir a sobrevivncia das guarnies. Sem ele o nmero deAPOSTILA SEGURANA DO TRABALHO__________________________________

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bombeiros mortos ou invlidos seria enorme, fato este devida existncia de material diversificado, que, em presena de fogo, est sujeito a tornar-se agressivo ao organismo humano, sendo encontrado no cotidiano , nos lares, e em locais de trabalho Concluindo, o homem deve ter o material de proteo individual, prtico e de fcil manuseio, compatvel com o seu bitipo, no vindo a estaf-lo simplesmente pelo seu uso. 3.8.4. Implicaes do no uso do EPI O no emprego de equipamento de proteo individual, seja pela sua inexistncia, por no estar disponvel ao homem em seu cotidiano, ou mesmo pelo no uso em funo de sua pura vontade, tem conseqncias diretas, pelo risco desnecessrio ao qual o prprio homem se expe, e indiretas, se pensadas luz do Direito. A Medicina do Trabalho compreende um estudo das formas de proteo sade do trabalhador enquanto no exerccio do trabalho. A segurana do trabalho, por seus aspectos tcnicos, em face da ao traumtica e no patognica, no pertence Medicina, mas sim Engenharia do Trabalho, no obstante sua conexidade. Segurana e medicina do trabalho a denominao que trata da proteo fsica e mental do homem, com nfase especial para as modificaes que possam advir do seu trabalho profissional. Esta situao ftica jurdica amplamente estendida ao trabalhador Bombeiro, mesmo sendo ele funcionrio do Estado. O Governo, em casos de medidas judiciais levadas por acidentes de trabalho, ser obrigado a indenizar e cuidar do homem, A omisso do empregador, aqui o Estado, na adoo de medidas tendentes preveno de acidentes, pode ocasionar, de acordo com a gravidade ou repetio dos fatos, conseqncias jurdicas diversas, particularmente no campo do Direito Civil, sendo responsabilizado pela indenizao, alm das decorrentes do seguro obrigatrio etc. sabido que no existe possibilidade de se alegar o desconhecimento da lei; h, no Brasil , a manifestao legal que visa proteger todos os trabalhadores no que tange segurana . Os homens do fogo, quer policiais militares ou no, so tambm trabalhadores e como tais desenvolvem uma atividade de alto risco e insalubre em seu grau mximo. Tem - se conhecimento que a Constituio Federal de 1988, em seu artigo 7, inciso XXII , prev que; ...so direitos dos trabalhadores urbanos ou rurais a reduo dos riscos inerentes ao trabalho, por meios de normas de sade, higiene e segurana. A Consolidao das Leis do Trabalho tambm enfatiza em seus artigos 154, 155,156 , 157 e 158 a poltica de segurana e da medicina do trabalho, deixando claro ser isto para todo os cidados, e podendo esta, de forma subsidiria, ser estendida para os bombeiros. O uso do equipamento de proteo individual obrigao legal, estatuda como foi salientado. A Consolidao das Leis do Trabalho em seu artigo 158, letra b , refere-se a ele, observando ainda que o mesmo, recebido pelo trabalhador, no poder ser interpretado como salrio. A prpria legislao acima citada, em seu artigo 166, diz que: ...a empresa obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamento de proteo individual e em perfeito estado de funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral no ofeream completa proteo contra os riscos de acidentes e danos sade dos empregados. Da , ser o acidente do trabalho aquele que ocorrer pelo exerccio do trabalho, a servio da empresa, provocando leso corporal, perturbao funcional ou mesmo doena que cause morte, perda, reduo permanente ou temporria da capacidade para o trabalho;APOSTILA SEGURANA DO TRABALHO__________________________________

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isto diz respeito tambm causa que, no sendo nica, tenha contribudo para o resultado, podendo ocorrer no local do trabalho, a servio da empresa, nos intervalos ou mesmo a caminho, aqui conhecido como acidente in itinere, que o acidente sofrido no deslocamento entre a residncia e o quartel e vice-versa. A lei 6.514, de 22 de dezembro de 1977, que modificou a Consolidao das Leis do Trabalho em seu Captulo V, do Titulo II , em seu artigo 157 , estabelece as obrigaes das empresas, e no artigo 158, a obrigao dos empregados no que tange segurana do trabalho. A Portaria 3.214, de 8 de junho de 1978, com base no artigo 200 da CLT , aprovou, em seu artigo 1, as Normas Regulamentadoras ( NR ) previstas no Captulo V, Titulo II , da indicada Consolidao. O que interessa observar a NR6, que trata de equipamentos de proteo individual, estabelecendo em seu item 6.2 a obrigatoriedade do empregador em fornecer equipamento de proteo individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservao e funcionamento. Ainda neste item 6.2., letra c, previsto o uso de EPI em atendimento a situaes de emergncia. Tambm deve-se observar a NR9, que versa sobre riscos ambientais, a qual ser estudada no prximo captulo. 3.8.5. Equipamentos de Proteo Coletiva EPC todo meio de uso coletivo destina do a proteger a integridade fsica dos trabalhadores durante o exerccio do trabalho, contra os infortnios, que so os acidentes do trabalho.Temos como exemplo o exaustor/ventilador que melhora as condies de salubridade, favorecendo os trabalhos no combate a incndios. 3.8.6. Equipamentos de Proteo Individual em uso no CB a. Capacete: Equipamento de proteo individual, destinado a proteger a cabea contra a queda de telhas, tijolos, vigas, bem como outros impactos. Para o trabalho de combate a incndio, salvamentos/desaterros, ns utilizamos o capacete GALLET F1 que possui uma composio de fibra de carbono prensada protegendo a cabea contra choques, objetos cortantes, projees de produtos slidos, lquidos e corrosivos, calor radioso, chamas e ainda corrente eltrica. Alm disso, est planeado para permitir a adapatao de sistema de ligao rdio, iluminao, tira de proteo de nuca e equipamento de proteo respiratria, a sua proteo de aproximadamente 600 C. A sua superfcie reflexiva para proteger contra a irradiao do calor. b. Luvas: So apetrechos de couro, Kevlar, raspa, vaqueta, amianto ou outro material que protege contra a eletricidade, calor e outros agentes fsicos e qumicos. A luva Fireman V segue a mesma estrutura da capa de aproximao, ou seja: Inicialmente um revestimento em couro azul que propicia resistncia ao calor e abraso; Abaixo do couro temos uma camada de um polmero (plstico) que garante a impermeabilidade contra a gua; Finalmente, internamente temos uma camada de forrao em fibra que garante a isolabilidade trmica.

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c. Capas de bombeiros: Vesturio que se destina a proteger o tronco e os braos do Bombeiro contra a umidade e o calor radiante.

As capas de combate a incndio so confeccionadas em fibra poliamida aramida com cobertura de neoprene, camada intermediria em manta isolante trmina anti-chama e tecido interno em algodo anti-chama com nomex, destina-se exclusivamente a combate a incndio e aproximao. Suporta o calor equivalente a 1,9 Kcal/ cm2 em um segundo, permite ainda a respirabilidade (de dentro para fora) e impermevel a lquidos e respingos de soluo sulfrica a 98% e sua proteo de calor de aproximadamente 800 C. Possui ainda gola alta para complementar a proteo do pescoo e garganta e punho interno sanfonado em malha de nomex para minimizar a entrada de lquidos e fragmentos slidos d. Botas: Calado de couro ou borracha com um cano que envolve a perna at o tornozelo ou at o joelho, utilizado para proteo em reas inundadas, materiais cortantes ou perfurantes. A bota utilizada pelo CB (black diamond) foi construda baseada em normas da Associao Nacional de Proteo Incndios (NFPA). O calado para combate a incndios desenhado para prover proteo trmica e fsica limitada para os ps e tornozelos quando propriamente em uso evitando a fadiga dos ps, pernas e regio lombar, sendo desenhada com um componente especial concebido para prevenir rachaduras, refrao e outros efeitos. A bota no indicada contra riscos radiolgicos, biolgicos ou qumicos, tambm no so recomendadas para a imerso em fogo, contato direto com chamas e metais super aquecidos. As botas Black Diamond possuem trs indicaes quando a sua composio: O selo verde encontrado na parte interna da bota indica que est certificada com o grau 1 da CSA (Associao Canadense de Padres), ou seja, calado com bico de ao que suporta mais de 45 kg. O tringulo verde significa que as botas so equipadas com bico de ao grau 1 ( 45Kg de impacto) e uma sola de ao contra perfuraes de um prego a uma presso deAPOSTILA SEGURANA DO TRABALHO__________________________________

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126kg. Nossa sola de ao, que tambm compreende proteo para calcanhar e biqueira, resistente ferrugem e testada com mais de 1.500.000 flexes sem quebrar. O smbolo mega nos demonstra que a bota possui resistncia ao choque eltrico e risco eltrico, testadas `18.000 volts @ 60 Hz por um minuto sem deixar escapar mais de um mA. Limitaes de uso: Calados de proteo no so destinados contra riscos radiolgicos, biolgicos ou qumicos. Tambm no so destinados para situaes de "imerso" em fogo; contato direto com chamas e metais super aquecidos devem ser evitados. Limpeza e secagem das botas: Botas de borracha Black Diamond para Bombeiros so feitas com um componente especial concebido para prevenir rachaduras, refrao e outros efeitos danosos do oznio. Para aumentar a vida til de suas botas B. D., siga estas instrues: Lave a sujeira, leos e qualquer produto qumico com sabo suave e gua. Enxgue e seque bem antes de estoc-las, guard-las ou coloc-las em uso; Quando estocadas, preencha seu interior com trapos limpos e secos ou jornais para prevenir o mofo; Sempre acondicione suas botas na posio "em p", sem dobr-las. Dobras iro eventualmente enfraquecer a borracha; Guarde suas botas longe de aparelhos que produzam oznio, tais como motores eltricos e luzes de neon. Inspeo e manuteno: importante inspecionar o calcado quanto limpeza, uso excessivo ou danos, antes e depois de cada uso. Testes regulares tem sido realizados como os indicados na NFPA quanto a resistncia gua. Calados indicando sinais de danos, enfraquecimento ou degradao, relativos a qualquer item de qualidade requerido pela NFPA, devem ser repostos. Nenhuma bota deve ser usada por Bombeiros sem que esteja limpa e seca. A vida til do calcado depende do tipo de calcado, das condies do ambiente que podem afetar o uso, do tipo de contaminao e degradao. Contaminao: Leis Federais, estaduais e locais com respeito a contaminao de calcados (exemplo do tradutor NBR), devem ser seguidas. (nota do tradutor: mais detalhes com respeito contaminao no local da ocorrncia em que o calado esteja envolvido, consultar a ABIQUIM). Nota: muitas das propriedades dos calados dos bombeiros, como as exigidas pela NFPA, no podem ser testadas nos locais das ocorrncias. e. Roupa aluminizada: Vesturio revestido por alumnio que protegem contra ao do calor radiante e eventualmente, do contato direto com o fogo. f. culos: Utilizado para proteger os olhos contra fagulhas, fumaa, poeira, cidos, etc.. Bem como contra ferimentos provenientes de impacto de partculas, durante utilizao de equipamentos tipo moto esmeril e outros.APOSTILA SEGURANA DO TRABALHO__________________________________

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g. Roupa de amianto: So roupas de amianto, proteo geral para o corpo devido ao produto incombustvel com que so confeccionados. Podem ou no serem pintadas com tintas aluminizadas refletivas de calor irradiado. Pode-se com esse tipo de roupa, entrar em locais incendiados e exporse a chama direta, porm o tempo de exposio no pode muito longo, porque se verdade que ela no queima, tambm verdade que no trmica, o que far que o corpo esquentar at no mais suportar o calor. H que se considerar tambm, a possvel falta de oxignio em locais confinados. No devem as roupas de amianto serem lavadas, pois a gua retira asbestos das fibras diminuindo-se a resistncia Aps o uso guard-la em cabide de local arejado para no embolorar. h. Protetor de ouvidos: Aparelho destinado a proteo do canal auditivo em locais que o nvel de rudo apresente picos de energia acstica superior a normal. i. Caneleira: Equipamento destinado a proteo da perna do BM entre o tornozelo e o joelho, contra choque provenientes de lascas ou outros objetos que possam ser arremessados durante o uso de moto serras, moto esmeril e outros. j. Protetor Facial: Destinado a proteo contra leses ocasionadas por partculas, respingos, vapores qumicos e radiaes luminosas intensas. l. Avental de Raspas: Equipamento destinado a proteo do tronco do BM, durante trabalhos realizados com a moto esmeril e corte com oxi-acetileno. m. Roupa de apicultor: So roupas especiais que visam a proteo do usurio contra picadas de abelhas ou outros insetos nocivos. Essas vestimentas so confeccionadas em tecido resistente, com tonalidades clara e envolvem o usurio dos ps a cabea, proporcionando uma proteo total ao corpo. Devem acompanhar esse equipamento um capuz, com visor de tela, perneiras e luvas. As vestimentas de proteo contra insetos devem ser acondicionadas em local ventilado e seco; evitar que sejam guardadas, quando estiverem molhadas ou mesmo midas. n. Cinto de segurana para bombeiros - ziegler Cinto de qualidade, em polister, cor preto, com 85mm de largura e bolsa com machadinha, 2 fivelas fixas e uma corda de segurana de polister encapada em couro cromo de 800mm de comprimento, 12mm de dimetro, com olhais em ambas as pontas e gancho de engate em um lado, peso 1 (um) kg; norma alem DIN 14923; Teste de Resistncia 16 KN (1.631 kg).Disponvel nas seguintes medidas:1 800 a 1000 mm de cintura; 2 900 a 1100 mm de cintura; 3 1000 a 1200 mm de cintura; 4 1100 a 1300 mm de cintura.APOSTILA SEGURANA DO TRABALHO__________________________________

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IV. RISCOS PROFISSIONAIS NO TRABALHODurante muito tempo a segurana do trabalho foi vista como um tema que se relacionava apenas com o uso de capacetes, botas, cintos de segurana e uma srie de outros equipamentos de proteo individual contra acidentes. A evoluo tecnolgica se fez acompanhar de novos ambientes de trabalho e de riscos profissionais a eles associados. Muitos desses novos riscos so pouco ou nada conhecidos e demandam pesquisas cujos resultados s se apresentam aps a exposio prolongada dos trabalhadores a ambientes nocivos sua sade e integridade fsica. A exposio do trabalhador ao risco gera o acidente, cuja consequncia nesses casos tem efeito mediato, ou seja, ela se apresenta ao longo do tempo por ao cumulativa desses eventos sucessivos. como se a cada dia de exposio ao risco, um pequeno acidente, imperceptvel, estivesse ocorrendo. As consequncias dos acidentes do trabalho desse tipo so as doenas profissionais ou ocupacionais. A maneira verdadeiramente eficaz de impedir o acidente conhecer e controlar os riscos. Isso se faz, no caso das empresas, com uma poltica de segurana e sade dos trabalhadores que tenha por base a ao de profissionais especializados, antecipando, reconhecendo, avaliando e controlando os riscos. Para padronizar esse trabalho foi estabelecida a obrigatoriedade de os empregadores elaborarem um Programa de Preveno de Riscos Ambientais, conhecido pela sigla PPRA. Esse programa, objeto de uma Norma Regulamentadora do Ministrio do Trabalho (NR-9), estabelece as diretrizes de uma poltica prevencionista para as empresas. As doenas profissionais so causadas por agentes ambientais de natureza variada ocasionando afeces provocadas por uma ao lenta, repetida e durvel; originadas pela exposio do organismo humano no exerccio profissional. A legislao considera riscos ambientais os existentes nos ambientes de trabalho e capazes de causar acidentes ou doenas profissionais em funo de sua natureza, concentrao, intensidade e tempo de exposio, tendo como agentes os seguintes: 4.1. AGENTES FSICOS Estes so representados pelo ambiente de trabalho, que constituem ao da temperatura, iluminao, frio, calor, rudo, trepidaes, e outras que podem causar no organismo humano doenas ou danos sade. Vejamos: a. Iluminao Inadequada A falta ou excesso de iluminao, alm de interferir na qualidade final do servio e criar situaes de emergncia das quais provm as ocorrncias de acidentes, causa tambm a reduo da capacidade visual, devido ao esforo de fixao de imagem ou contrao nos casos de excesso de iluminao. Exemplo: no instalar geradores de iluminao com holofotes em atendimento a acidentes e incndios. b. Vibrao As problemas fsicos motivados pela vibrao aparecem na grande dos casos, aps longo tempo de exposio. Nos casos de vibrao de todo o corpo, podem aparecer problemas renais e casos de dore