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Curso: TÉCNICO EM FABRICAÇÃO MECÂNICA Componente Curricular: SST - Saúde e Segurança do Trabalho 1 Escola de Educação Profissional Pão dos Pobres

Apostila SST 20141

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    Escola de Educao Profissional Po dos Pobres

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    Sumrio Qual a importncia deste Componente Curricular? ............................................................................................ 7

    Critrios de Avaliao ................................................................................................................................... 7 Formas de Avaliao no semestre .................................................................................................................... 8 Cronograma do Componente Curricular .......................................................................................................... 8

    Introduo Segurana do Trabalho ................................................................................................................. 10 Trajetria histrica da segurana e sade do trabalho ...................................................................................... 10 Histrico da Segurana do Trabalho no Brasil .................................................................................................... 15 Sade Ocupacional ............................................................................................................................................. 15 Conceitos bsicos em Segurana do Trabalho ................................................................................................... 16

    Conceito de Sade .......................................................................................................................................... 16 Sade Ocupacional ......................................................................................................................................... 16 Trabalho ......................................................................................................................................................... 16 Segurana do Trabalho ................................................................................................................................... 16

    Quem so os responsveis pela segurana do trabalho? .......................................................................... 16 Higiene no trabalho ........................................................................................................................................ 17 Consequncias dos acidentes......................................................................................................................... 17

    Dias perdidos .............................................................................................................................................. 17 Dias debitados ............................................................................................................................................ 18 Acidente sem perda de tempo ou afastamento ........................................................................................ 18 Acidente com perda de tempo ou com afastamento ................................................................................ 18 Incapacidade temporria ........................................................................................................................... 18 Incapacidade parcial e permanente ........................................................................................................... 18 Incapacidade total e Permanente .............................................................................................................. 18

    Empregado ..................................................................................................................................................... 18 Comunicao de acidente de trabalho........................................................................................................... 18 Acidente de Trabalho - Conceito legal (CLT) .................................................................................................. 18

    Imprudncia ............................................................................................................................................... 19 Negligncia ................................................................................................................................................. 19 Impercia ..................................................................................................................................................... 19

    Acidente de Trabalho - Conceito prevencionista ........................................................................................... 20 Diviso do acidente de trabalho ................................................................................................................. 20 Doena do trabalho .................................................................................................................................... 20 Acidente de trajeto ..................................................................................................................................... 20

    SESMT - Servios Especializados em Engenharia de Segurana e em Medicina do Trabalho. ...................... 21 CIPA - Comisso Interna de Preveno de Acidentes. ................................................................................... 22 Poltica de Segurana do Trabalho ................................................................................................................. 23

    Dilogo Dirio de Segurana - DDS ..................................................................................................................... 23 Onde aplicar o DDS? Qual a Durao? Quem deve Aplicar? .......................................................................... 24 Definio do (os) tema (s). ............................................................................................................................. 24 Recomendaes ............................................................................................................................................. 24

    Normas Regulamentadoras ................................................................................................................................ 24 NR 1 - Disposies Gerais ............................................................................................................................... 25

    DOCUMENTOS COMPLEMENTARES ........................................................................................................... 25 NR 2 Inspeo Prvia ................................................................................................................................... 26 NR 3 Embargo ou Interdio ....................................................................................................................... 26 NR4 Servios Especializados em Engenharia de Segurana e em Medicina do Trabalho ........................... 26 NR 5 Comisso Interna de Preveno de Acidentes CIPA ........................................................................ 26 NR 6 Equipamentos de Proteo Individual ................................................................................................ 26 NR 7 Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional ....................................................................... 26 NR 8 Edificaes .......................................................................................................................................... 26 NR 9 Programa de Preveno de Riscos Ambientais ................................................................................... 27

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    NR 10 Instalaes e Servios de Eletricidade .............................................................................................. 27 NR 11 Transporte, Movimentao, Armazenagem e Manuseio de Materiais ............................................ 27 NR 12 Mquinas e Equipamentos ............................................................................................................... 27 NR 13 Caldeiras e Vasos de Presso ............................................................................................................ 27 NR 14 Fornos ............................................................................................................................................... 27 NR 15 Atividades e Operaes Insalubres ................................................................................................... 27 NR 16 Atividades e Operaes Perigosas .................................................................................................... 27 NR 17 Ergonomia ......................................................................................................................................... 27 NR 18 Condies e Meio Ambiente de Trabalho na Indstria da Construo ............................................ 28 NR 19 Explosivos .......................................................................................................................................... 28 NR 20 Segurana e Sade no Trabalho com Inflamveis e Combustveis ................................................... 28 NR 21 Trabalho a cu aberto ....................................................................................................................... 28 NR 22 Segurana e Sade Ocupacional na Minerao ................................................................................ 28 NR 23 Proteo contra Incndios ................................................................................................................ 28 NR 24 Condies Sanitrias e de Conforto nos Locais do Trabalho ............................................................ 28 NR 25 Resduos Industriais .......................................................................................................................... 28 NR 26 Sinalizao de Segurana .................................................................................................................. 28 NR 27 Registro Profissional do Tcnico de Segurana ................................................................................ 28 NR 28 Fiscalizao e penalidades ................................................................................................................ 28 NR 29 Norma Regulamentadora de Segurana e Sade no Trabalho Porturio ........................................ 29 NR 30 Segurana e Sade no Trabalho Aquavirio ..................................................................................... 29 NR 31- Segurana e sade no Trabalho na agricultura, pecuria, silvicultura, explorao florestal a aquicultura ..................................................................................................................................................... 29 NR 32 Segurana e sade no trabalho em servios de sade ..................................................................... 29 NR 33 Segurana e sade nos trabalhos em espaos confinados ............................................................... 29 NR 34 Condies e meio ambiente de trabalho na indstria da construo e reparao naval ................ 29 NR 35 Trabalho em Altura ........................................................................................................................... 29 NR 36 Norma Regulamentadora sobre Abate e Processamento de Carnes e Derivados ........................... 29 Normas Regulamentadoras - Legislao Comentada..................................................................................... 30 DOENAS RELACIONADAS AO TRABALHO ..................................................................................................... 33 Doena Profissional ........................................................................................................................................ 34

    Definio ..................................................................................................................................................... 34 Exemplos de doenas profissionais ............................................................................................................ 34

    Doena do Trabalho ....................................................................................................................................... 35 Definio ..................................................................................................................................................... 35 Exemplos de doenas do trabalho ............................................................................................................. 35 Recomendaes para prevenir Doenas Profissionais e do Trabalho ....................................................... 35

    L.E.R. (Leses por Esforo Repetitivo) ............................................................................................................ 36 Recomendaes ......................................................................................................................................... 37

    O que so D.O.R.T. ? ....................................................................................................................................... 37 Lembretes ................................................................................................................................................... 38 Pacientes com LER / DORT. ........................................................................................................................ 38 Tratamento ................................................................................................................................................. 39

    INSPEO DE SEGURANA ................................................................................................................................. 39 CONCEITO E IMPORTNCIA ............................................................................................................................ 39

    Definio ..................................................................................................................................................... 39 Objetivos .................................................................................................................................................... 40 Modalidades de inspeo ........................................................................................................................... 40 Periodicidade .............................................................................................................................................. 40 Etapas nas inspees de segurana ........................................................................................................... 40

    LEVANTAMENTO DAS CAUSAS DOS ACIDENTES ............................................................................................ 41 CAUSAS DOS ACIDENTES ................................................................................................................................ 41

    CONSEQUNCIAS DO ACIDENTE ................................................................................................................. 42

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    INVESTIGAO DOS ACIDENTES..................................................................................................................... 42 ANLISE DE ACIDENTES .................................................................................................................................. 42 COMUNICAO DE ACIDENTES ...................................................................................................................... 42 CADASTRO DE ACIDENTADOS ........................................................................................................................ 43 DIAS PERDIDOS ............................................................................................................................................... 43 DIAS DEBITADOS ............................................................................................................................................. 43 ESTATSTICAS .................................................................................................................................................. 43

    CAMPANHAS DE SEGURANA ............................................................................................................................ 44 Sinalizao de Segurana ................................................................................................................................... 45

    Sinalizao de interdio ................................................................................................................................ 45 Sinalizao de alerta ....................................................................................................................................... 45 Sinalizao de obrigao ................................................................................................................................ 45 Sinalizao de segurana ................................................................................................................................ 45 Sinalizao de preveno de incndio ........................................................................................................... 45

    Cores na segurana do trabalho ......................................................................................................................... 46 Por que usar as cores? ................................................................................................................................ 46 Quais so as cores usadas como referncia pela NR 26? ........................................................................... 46

    Ergonomia e Patologias relacionadas ao trabalho NR 17 ............................................................................... 46 Mapa de Riscos ................................................................................................................................................... 49

    CRITRIOS PARA EXECUO ........................................................................................................................... 49 LEVANTAMENTO DOS RISCOS AMBIENTAIS ............................................................................................... 49 ELABORAO DO MAPA DE RISCOS ........................................................................................................... 50

    Mapa de Riscos - Colocando a mo na massa .................................................................................................... 51 Layout ............................................................................................................................................................. 51 Crculos ........................................................................................................................................................... 53 Legenda .......................................................................................................................................................... 53 CIPA e SESMT no Mapa de Risco .................................................................................................................... 54

    Equipamentos de Proteo ................................................................................................................................ 54 Exigncia legal para empresa e empregado ............................................................................................... 55

    Equipamentos de Proteo Coletiva EPC .................................................................................................... 55 Equipamentos de proteo individual EPI ................................................................................................... 55

    Classificao dos EPI ................................................................................................................................... 55 LISTA DE EQUIPAMENTOS DE PROTEO INDIVIDUAL - NR 6 (Alterado pela Portaria SIT n. 194, de 07 de dezembro de 2010) ........................................................................................................................................ 56

    PPCI - Plano de Preveno de Combate a Incndios .......................................................................................... 61 Plano de preveno e proteo contra incndio ........................................................................................... 61 Projeto de preveno e proteo contra incndio ........................................................................................ 61

    Definio ..................................................................................................................................................... 61 Preveno e Combate ao Incndio................................................................................................................. 61

    Teoria do Fogo ............................................................................................................................................ 61 Combustvel ................................................................................................................................................ 62 Comburente (Oxignio) .............................................................................................................................. 62 Propagao do Fogo ................................................................................................................................... 62 Pontos e temperaturas importantes do fogo ............................................................................................. 62 Classes de Fogo .......................................................................................................................................... 63

    Mtodos de extino do fogo ........................................................................................................................ 64 Extino por retirada do material (Isolamento) ......................................................................................... 64 Extino por retirada do comburente (Abafamento) ................................................................................ 64 Extino por retirada do calor (Resfriamento) ........................................................................................... 64 Extino Qumica ........................................................................................................................................ 64

    Extintores de incndio .................................................................................................................................... 64 Extintores Sobre Rodas (Carretas).............................................................................................................. 64

    Agentes Extintores ......................................................................................................................................... 64

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    gua Pressurizada ...................................................................................................................................... 65 Gs Carbnico (CO2) .................................................................................................................................. 65 P Qumico ................................................................................................................................................. 65 P Qumico Especial ................................................................................................................................... 65 Espuma ....................................................................................................................................................... 65 P ABC (Fosfato de Monoamnico) ........................................................................................................... 65 Outros Agentes ........................................................................................................................................... 65

    Aparelhos extintores ...................................................................................................................................... 65 Quantidade e localizao dos extintores ................................................................................................... 66 Onde usar os agentes extintores ................................................................................................................ 66 Extintor de gua (H2O)............................................................................................................................... 66 Extintor de Espuma (ES) ............................................................................................................................. 67 Extintor de Gs (CO2) ................................................................................................................................. 68 Extintor de P Qumico Seco (P)............................................................................................................... 69 Hidrantes .................................................................................................................................................... 70

    Preveno de Incndio ................................................................................................................................... 70 Cuidados Necessrios ................................................................................................................................. 70

    Instrues gerais em caso de emergncias .................................................................................................... 71 Em caso de Incndio ................................................................................................................................... 71 Em caso de confinamento pelo fogo .......................................................................................................... 71 Em caso de abandono de local ................................................................................................................... 71

    Outras recomendaes .................................................................................................................................. 72 Deveres e Obrigaes ..................................................................................................................................... 72

    Primeiros socorros.............................................................................................................................................. 72 Objetivos ........................................................................................................................................................ 72 Primeiros socorros ou socorro bsico de urgncia ........................................................................................ 72

    Ferimentos ......................................................................................................................................................... 72 Ferimentos leves ............................................................................................................................................ 72 Ferimentos externos ou profundos ................................................................................................................ 72 Queimaduras .................................................................................................................................................. 73

    Queimaduras externas ............................................................................................................................... 73 Queimaduras por agentes qumicos .......................................................................................................... 73 Queimaduras nos olhos .............................................................................................................................. 73

    Hemorragia. .................................................................................................................................................... 74 Suspeitas de hemorragia interna ............................................................................................................... 74 Hemorragia nasal ....................................................................................................................................... 74

    Leses de ossos, articulaes e msculos .......................................................................................................... 74 Fratura ............................................................................................................................................................ 74 Contuses e distenses .................................................................................................................................. 75 Entorse ........................................................................................................................................................... 75 Luxao ........................................................................................................................................................... 75 Leses na coluna ............................................................................................................................................ 75

    Desmaio .............................................................................................................................................................. 75 Estado de choque ............................................................................................................................................... 76 Choque eltrico .................................................................................................................................................. 76 Corpo estranho nos olhos e ouvidos .................................................................................................................. 76

    Corpo estranho nos olhos .............................................................................................................................. 76 Corpo estranho nos ouvidos .......................................................................................................................... 76

    Convulso ........................................................................................................................................................... 76 Parada cardaca e respiratria ........................................................................................................................... 77

    Respirao boca a boca .............................................................................................................................. 77 Massagem cardaca .................................................................................................................................... 77

    Afogamento ........................................................................................................................................................ 78

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    Transporte de acidentados ................................................................................................................................ 78 Como improvisar uma maca .......................................................................................................................... 78

    Diferentes tipos de transporte ................................................................................................................... 78 Insolao ............................................................................................................................................................. 78 Intermao ......................................................................................................................................................... 79 Produtos Qumicos ............................................................................................................................................. 79

    Envenenamento e intoxicao ....................................................................................................................... 79 Ingesto de medicamentos ............................................................................................................................ 79 Ingesto de produtos qumicos ...................................................................................................................... 79 Aspirao de venenos .................................................................................................................................... 79 Envenenamento atravs da pele .................................................................................................................... 79

    Animais peonhentos e mordedura por animais ............................................................................................... 80 Picada de cobra venenosa .............................................................................................................................. 80 Picada de escorpio e de aranha .................................................................................................................... 80 Mordedura de animais ................................................................................................................................... 81

    Tratamento ................................................................................................................................................. 81

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    Qual a importncia deste Componente Curricular?

    No mundo moderno e competitivo, as relaes entre empresas e colaboradores deixaram de ser consideradas simplesmente relaes de trabalho e passaram a ter um enfoque mais amplo, implicando uma gesto total. Isto no s envolve compromissos financeiros, mas qualidade de vida e de trabalho, passando, tambm, pela promoo da qualidade global que abrange aes sistemticas na preservao do homem, do ambiente, da comunidade e da empresa. As empresas que convivem, despreocupadamente, com passivos ocupacionais decorrentes de acidentes de trabalho e que ainda consideram a questo da Segurana e Sade Ocupacional como mero imperativo legal, no sobrevivero aos novos tempos. A produtividade e a competitividade foram as empresas a superarem o paradigma tecnolgico, obrigando-as a buscar novas tecnologias e incremento nas atividades.

    A rea de Sade e Segurana Ocupacional, nas empresas modernas, est sendo considerada estratgica na ao de crescimento e desenvolvimento. Est totalmente integrada aos processos e mtodos de trabalho, na busca da competitividade, qualidade e melhoria das condies de vida dos trabalhadores, por atuar, no apenas, na adequao de mtodos e processos, mas na criao de uma cultura prevencionista.

    No Brasil, todos os anos, diversos trabalhadores se acidentam, morrem ou sofrem alguma incapacitao permanente no trabalho. Apesar das estatsticas alarmantes, esse fato permanece longe do conhecimento da sociedade brasileira. Em 2010, foram mais de 700 mil acidentes, 14.097 incapacitaes permanentes e 2.712 bitos. Com certeza esses nmeros iro surpreender a muitos que esto lendo esta breve introduo e, para mostrar a verdadeira dimenso do problema, saiba que gastamos quase 51 bilhes de reais por ano com despesas relacionadas aos acidentes de trabalho.

    Felizmente, o Brasil tem passado por muitas transformaes com reflexos nas reas de segurana e sade no trabalho. No passado, o passivo com acidentes de trabalho e indenizaes no recebeu a devida importncia, contrastando com o que acontece hoje, onde obtm perfil de preocupao estratgica nas empresas e no pas. Nos ltimos anos, programou aes que permitiram melhorar o cenrio estatstico no que se refere aos acidentes do trabalho e suas consequncias danosas que afetam todos os envolvidos no mundo do trabalho.

    Essas aes envolveram aspectos no s de legislao e fiscalizao, mas tambm da implantao de preceitos e valores prevencionistas, com a colaborao de profissionais capacitados e habilitados da rea de Sade e Segurana Ocupacional. O desafio continua o de superar preceitos e paradigmas antigos, estimulando as empresas e trabalhadores a perceberem a importncia do estabelecimento de aes preventivas, no s por obrigatoriedade legal, mas como um compromisso insubstituvel com a qualidade de vida, com a produtividade, com o lucro e com a sobrevivncia.

    O objetivo geral dessa disciplina oportunizar aprendizagens necessrias para a formao de profissionais que promovam, aps anlise, o planejamento e o controle de aes de educao preventiva, buscando a implantao de aes que visem preservao da integridade fsica e segurana nas atividades ocupacionais, atravs da utilizao de tecnologias, mtodos e habilidades especficas. Alm disso, objetivamos possibilitar ao aluno domnio e conhecimentos nas diversas reas da Segurana do Trabalho, permitindo-lhe atuar, com eficincia, no desenvolvimento de suas potencialidades no decorrer de suas atividades profissionais.

    CRITRIOS DE AVALIAO

    A avaliao de competncias tem como foco a mobilizao das distintas competncias em contextos reais ou simulados, indo alm da aprendizagem de tarefas isoladas. A abrangncia da avaliao compreende os seguintes critrios: - A verificao do desenvolvimento de habilidades dos alunos, atributos relacionados ao saber-fazer: aos saberes (domnio cognitivo, conjunto de conhecimentos necessrios), ao saber ser (atitudes/qualidades pessoais) e ao saber agir (prticas no trabalho); - O acompanhamento no desenvolvimento de atitudes/qualidades pessoais (comportamentos e valores demonstrados no contexto de trabalho, para alcanar o desempenho descrito);

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    - O acompanhamento do aluno conscientizando-o de seus avanos e dificuldades (verificao da aprendizagem, mediante instrumentos diversificados e apoio com atividades de forma simultnea e integrada ao processo de ensino e aprendizagem); - A verificao das competncias desenvolvidas, entendida como a mobilizao de conhecimentos, de habilidades e de atitudes necessrios para soluo de problemas e desempenho de atividades. Na avaliao realizada ao longo do processo, os docentes tm sempre presente a relao entre os Componentes Curriculares e o Perfil Profissional, mantendo o foco no desenvolvimento de competncias. Desta forma, utilizam os mais diversos instrumentos para a avaliao do aluno, tais como, trabalhos individuais e em grupo, pesquisas, desenvolvimento de projetos, auto avaliao, estratgias de simulaes reais de trabalho, lista de verificao, provas, ou outras formas que considerem eficientes e eficazes para verificar e acompanhar o processo de aprendizagem. Para estabelecer o processo de coleta de evidncias para cada Situao de Aprendizagem desenvolvida, os docentes definem os resultados parciais esperados, os indicadores e os critrios de avaliao. O acompanhamento da aprendizagem do aluno realizado durante o desenvolvimento das Situaes de Aprendizagem, considerando-se o resultado obtido para as atividades propostas. Para os alunos que apresentarem dificuldades de aprendizagem, so disponibilizadas atividades de reforo, de forma simultnea e integrada ao desenvolvimento da Situao de Aprendizagem. Para o registro final da avaliao do aluno expresso atravs do conceito A (Apto), quando o aluno desenvolveu, de forma suficiente, os fundamentos tcnicos e cientficos ou capacidades tcnicas, sociais, organizativas e metodolgicas compreendidos na Situao de Aprendizagem ou NA (No-Apto), quando o aluno desenvolveu, de forma insuficiente, os fundamentos tcnicos e cientficos ou capacidades tcnicas, sociais, organizativas e metodolgicas desenvolvidos em Situao de Aprendizagem final de Mdulo ou como nica Situao de Aprendizagem de Mdulo. Para a aprovao do aluno tambm exigida a frequncia mnima de 75% (setenta e cinco por cento) do total da carga horria do Mdulo/Unidade de Competncia.

    Formas de Avaliao no semestre As avaliaes acompanharo as temticas do Componente Curricular, sendo algumas delas? A elaborao de Estudo de Caso e CAT Comunicao de Acidente de Trabalho - peso 1; Realizao de exerccios sobre Sade e Seg. do Trabalho, Inspeo de Segurana, NR, Riscos ambientais - peso 2,5; Elaborao de Relatrio de visita tcnica peso 1; DDS Elaborao de temas (escrito) peso 1,5; Apresentao de DDS Profissionalizantes peso 1,5 e Prova Primeiros Socorros peso 1,5.

    Cronograma do Componente Curricular 1 Introduo Segurana do Trabalho 1.1 O homem e o trabalho 1.2 Histrico da segurana e sade do trabalho 1.3 Conceitos bsicos em Segurana do Trabalho 1.4 O que segurana do trabalho? Quem so os responsveis pela segurana do trabalho? 1.5 Conceito legal de acidente de trabalho 1.6 Conceito prevencionista do acidente de trabalho 1.7 Diviso do acidente de trabalho 1.8 Comunicao do acidente 1.9 Acidentes de trabalho no Brasil 1.10 Causas dos acidentes de trabalho 1.11 Consequncias dos acidentes de trabalho 2 Normas Regulamentadoras NR: conceito e descrio 2.2 Sinalizao de Segurana 2.3 Cores na segurana do trabalho 2.4 Ergonomia e Patologias relacionadas ao trabalho NR 17 2.5 Doenas do trabalho/Doenas profissionais 3 Riscos ambientais e a legislao

    3.1 Higiene do trabalho 3.2 Riscos ambientais 3.3 Fatores geradores de acidentes no trabalho 3.4 Legislao 3.5 O que um mapa de riscos ambientais? 3.6 Quem elabora? 3.7 Quais so os objetivos? 3.8 Como elaborar o mapa de riscos ambientais? 3.9 Etapas de elaborao 3.10 Como utilizar? 4 Servios Especializados em Engenharia de Segurana e em Medicina do Trabalho SESMT e Comisso Interna de Preveno de Acidentes CIPA 4.1 SESMT 4.2 Como dimensionado o SESMT? 4.3 O que a CIPA? 4.4 Atribuies da CIPA 4.5 Como dimensionada a CIPA? 5 Comisso Interna de Preveno de Acidentes CIPA 5.1 O que a CIPA?

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    5.2 Atribuies da CIPA 5.3 Como dimensionada a CIPA? 6 Investigao de acidentes e Inspeo de segurana 6.1 Por que investigar acidente? 6.2 Quadro resumo de uma investigao de acidentes 6.3 Por que inspecionar? 6.4 Quem faz a inspeo de segurana? 6.5 Etapas nas inspees de segurana 7 Equipamentos de proteo individual e coletiva 7.1 Equipamentos de proteo Individual 7.1 Classificao dos EPI 7.3 Equipamento de Proteo Coletiva 8 Preveno e combate a incndios 8.1Tcnicas de preveno e combate ao princpio de incndio 8.2 Quadro resumo de tipo de extintores 77 9 Primeiros socorros 9.1 Primeiros socorros ou socorro bsico de urgncia 9.2 Ferimentos 9.3 Queimaduras 9.4 Hemorragia 9.5 Leses de ossos, articulaes e msculos 9.6 Desmaio 9.7 Estado de choque 9.8 Choque eltrico 9.9 Corpo estranho nos olhos e ouvidos 9.10 Convulso 9.11 Parada cardaca e respiratria 9.12 Afogamento 9.13 Leses na coluna 9.14 Transporte de acidentados 9.15 Insolao 9.16 Intermao 9.17 Envenenamento e intoxicao 9.18 Animais peonhentos e mordedura por animais

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    Introduo Segurana do Trabalho

    Foram-se os dedos.. O operador de mquinas Joo Roque Correia Neto, de 20 anos, teve quatro dedos da mo esquerda esmagados quando operava uma calandra sem proteo (sensor) na Usimatic, em So Bernardo, no dia 5 de maio de 2006. Apesar de imediatamente levado por companheiros ao hospital, Joo teve amputados os dedos anular e mdio nesta semana. O trabalhador era contratado pela Premium Servios Temporrios Terceirizados e estava apenas h dois meses na Usimatic. Seu contrato venceria dia 12. Casado, pai de um filho de trs meses e com o aluguel atrasado, o metalrgico reclama que no recebe qualquer ajuda da empresa ou da agncia sequer para comprar remdio. O ferimento di pra caramba e piora com todo esse frio. Eles passaram uns comprimidos mais fortes, mas no tenho dinheiro para comprar, reclama Joo, que recebe pouco mais de R$ 500,00 e est gastando cerca de R$ 400,00 em medicamentos. Se o pessoal na fbrica no fizesse uma vaquinha e meu pai no ajudasse no aluguel no sei como seria, conta. A empresa e a agncia ficam me jogando de um lado para outro sem resolver nada, protesta ele. Sobre a perda dos dedos, Joo revela que est tentando se conformar. Sei que vou ficar muito abalado. No tem dinheiro no mundo que pague. Ainda mais agora, que estou no comeo da carreira, lamenta. O diretor do Sindicato, Jos Paulo Nogueira, disse que a luta agora para garantir a Joo todos os direitos

    previstos na conveno coletiva e na legislao. A fbrica tem de assumir suas responsabilidades, avisa. Era previsvel que este acidente com o Joo iria acontecer. O pior que ele poderia ter sido evitado. O autor da denncia Clayton Luciano, do CSE na Usimatic. Ele conta que, quando a mquina foi instalada, a empresa foi informada pela CIPA de que a falta do sensor poderia provocar algum acidente. O problema que a Usimatic omissa na questo da segurana do trabalhador, eles s querem produo, prossegue Clayton. Ele mesmo perdeu quatro falanges de uma mo em uma prensa. S depois do

    acidente a empresa trocou as mquinas. O tcnico de segurana sobrinho do patro e s faz o que a empresa manda, nunca escuta o cipeiro, diz o membro do CSE. Outra crtica a jornada absurdamente longa que os encarregados obrigam os trabalhadores a cumprir. Eles ameaam com demisso quem no fizer horas extras. O acidente de agora ocorreu por esse excesso de presso, afirma Clayton. Joo teve os dedos esmagados s 3h30 da manh, quando seu horrio das 13h40 s 22h. Mesmo assim estava sozinho, aumentando o estresse da longa jornada. Quando esticou a mo para pegar a pea, encostou-se ao cilindro da calandra. A mquina puxou sua mo e triturou os dedos. Se a calandra tivesse um sensor funcionando como deveria, o acidente com o rapaz no teria acontecido. Trecho extrado da Tribuna Metalrgica do ABC. Tera-feira, 30 de maio de 2006. Publicao do Sindicato dos Metalrgicos do ABC.

    World Trade Center, ano 2001 Brasil, ano 2001 2.819 bitos 2.557 bitos Fonte: Revista ISTO Fonte: INSS

    Milhares ou milhes? Infelizmente, as estatsticas oficiais ainda no quantificam, adequadamente, a ocorrncia anual de acidentes do trabalho no Brasil. Segundo as ltimas estatsticas da Previdncia Social, os acidentes com leso foram da ordem de 500 mil no perodo de um ano, sendo que aproximadamente 2700 desses acidentes resultaram na morte do trabalhador segundo dados do Anurio Estatstico da Previdncia Social de 2006, divulgado em outubro de 2007. Desde aqueles que ocorrem sem leso ou danos visveis at os fatais, os acidentes no trabalho so objeto de estudo de um setor que, entre outras denominaes, intitula-se de Segurana e Sade no Trabalho (SST). Atividade: Pesquise sobre os dados oficiais sobre os acidentes de trabalho no Brasil, Regio Sul especificamente na rea Metalomecnica e faa sua anlise sobre o tema.

    Trajetria histrica da segurana e sade do trabalho

    Ao longo da histria, percebe-se que o homem sempre demonstrou alguma preocupao com a sade e a segurana dos trabalhadores. Acidentes e doenas com graves consequncias para a integridade fsica e para

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    a sade dos trabalhadores foram surgindo, assim como o interesse em estud-los; no s para entender as origens e os motivos de suas ocorrncias, mas tambm para evitar sua repetio e garantir melhorias das condies de vida. Muito do desenvolvimento atual da rea de segurana do trabalho se deve aos que perderam a vida ou ficaram incapacitados em decorrncia da utilizao de novas tecnologias, novos processos e novos produtos que demonstraram ser prejudiciais ao longo do tempo, uma vez que no se conheciam os riscos, at que estudassem os seus efeitos. Figura: Trabalho infantil Fonte: http://www.planetaeducacao.com.br/portal/imagens/artigos/historia/revolucao_industrial_02.jpg

    A seguir, apresentaremos alguns fatos, adaptados da obra Introduo Higiene Ocupacional, publicada no ano de 2004 pela FUNDACENTRO (Fundao Jorge Duprat Figueiredo de Segurana e Medicina do Trabalho), com a incluso de alguns eventos, pelos elaboradores deste caderno, que fazem parte da histria da segurana do trabalho: a) Anos 400 (a.C.) a 50, aproximadamente Identificao de envenenamento por chumbo em mineiros e metalrgicos, por Hipcrates, em seu clssico Ares, guas e Lugares. Utilizao de bexigas de animais como barreira para reter poeiras e fumos durante a respirao, por Plnio, o Velho, em seu tratado De Historia Naturalis. b) Anos de 1400 a 1500 Em 1473, houve o reconhecimento do perigo de alguns vapores metlicos e a descrio de envenenamento ocupacional por mercrio e chumbo, por Ellenborg, com sugestes de medidas preventivas. c) Anos de 1500 a 1800 No ano de 1556, Georgius Agricola elabora a descrio do processo de minerao, fuso e refino de metais, mencionando doenas e acidentes acontecidos, sugestes para preveno e a incluso do uso de ventilao para essas atividades (primeiro livro a abordar a questo de segurana denominado De Re Metallica). Em 1567, Paracelso fez as primeiras descries sobre doenas respiratrias relativas atividade de minerao, com maior nfase na contaminao por Mercrio. Considerado o Pai da Toxicologia, Paracelso autor da famosa frase Todas as substncias so venenos. a dose que diferencia o veneno dos remdios. O ano de 1700 foi marcado pela publicao da obra De Morbis Artificium Diatriba, conhecida tambm como Doena dos Artfices, por Bernardino Ramazzini, a qual apresenta um estudo bastante caracterizado sobre doenas relacionadas ao trabalho, em torno de 50 (cinquenta) profisses da poca, inclusive com indicao de precaues nas atividades. Esse considerado o pai da Medicina Ocupacional, alm de ter introduzido a expresso, nas entrevistas mdicas (anamnese), Qual a sua ocupao?. Na Inglaterra, no ano de 1775, Percival Lott promoveu a caracterizao do cncer do escroto, doena diagnosticada entre os trabalhadores que tinham como tarefa limpar chamins, cuja causa identificada foi fuligem e a ausncia de higiene. Esse evento resultou na criao do Ato dos Limpadores de Chamin de 1788. d) Anos de 1800 a 1920 Em 1802, foi criada a Lei da Sade e Moral dos Aprendizes, na Inglaterra, onde foi estabelecido um limite de 12 horas para a jornada diria de trabalho, proibio do trabalho noturno e uso obrigatrio de ventilao do ambiente. Em 1830, foi publicado na Inglaterra um livro sobre doenas ocupacionais por Charles Thackrah e Percival Lott (Os efeitos das principais atividades, ofcios e profisses, do estado civil e hbitos de vida, na sade e longevidade, com sugestes para a remoo de muitos dos agentes que produzem doenas e encurtam a durao da vida). A obra contribuiu para o desenvolvimento da legislao ocupacional. Em 1833, tambm na Inglaterra, foi criada a Lei das Fbricas que fixava em 13 anos a idade mnima para o trabalho, proibia o trabalho noturno para menores de 18 anos e exigia exames mdicos das crianas trabalhadoras. Em 1835, Benjamin Cready publicou o livro On the Influence of Trades, Professions, and Occupations in the United States in Production of Disease (Influncia dos Negcios, Profisses e Ocupaes na Produo de Doena nos Estados Unidos). Em 1851, Willian Farr relatou a mortalidade excessiva entre os fabricantes de vasos; impacto das doenas respiratrias e dos bitos em trabalhadores da minerao na Inglaterra.

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    Em 1864, a Lei das Fbricas (1833) foi ampliada, exigindo processos de ventilao para reduzir danos sade. Em 1869, na Alemanha e em 1877, na Sua foram institudas leis que responsabilizavam os empregadores por leses ocupacionais. Em 1907, Frederick Winslow Taylor publica a obra Princpios de Administrao Cientfica, nos Estados Unidos. Nesse trabalho, Taylor apresentou tcnicas, ou mecanismos, como o estudo de tempos e movimentos, a padronizao de instrumentos e ferramentas, a padronizao de movimentos, convenincia de reas de planejamento, uso de cartes de instruo, sistema de pagamento de acordo com o desempenho e clculo de custos. Em 1910, nos Estados Unidos, Henry Ford utiliza os Princpios de Produo em Massa em linhas de montagem, diminuindo assim o tempo de durao dos processos, a quantidade de matria-prima estocada e o aumento da capacidade de produo, atravs de capacitao dos trabalhadores. No ano de 1898, juntamente com investidores, funda a Detroit Automobile Company, que foi fechada mais tarde. Em 1903, Henry Ford funda a Ford Motor Company. Ainda no mesmo ano, houve o reconhecimento das neuroses das telefonistas como doenas profissionais. Em 1910, Oswaldo Cruz, o pai das campanhas, na construo da estrada de ferro Madeira-Mamor, realizou estudos e trabalhos sobre as doenas infecciosas relacionadas ao trabalho, como a malria e o amarelo, que tornavam os trabalhadores incapazes e matavam milhares deles. Em 1911, ocorreu a primeira conferncia de doenas industriais nos Estados Unidos. Assim como se promove a organizao do National Safety Council, os primeiros grupos (agncias) de higienistas so estabelecidos nos estados de Ohio e Nova York. Em 1912, durante o 4 Congresso Operrio Brasileiro, constituiu-se a Confederao Brasileira do Trabalho (CBT), a qual teve como finalidade promover um programa de reivindicaes operrias, tais como: jornada de trabalho de oito horas, semana de seis dias, construo de casas para operrios, indenizao para acidentes de trabalho, limitao da jornada de trabalho para mulheres e crianas (menores de quatorze anos), contratos coletivos (na poca, individuais), obrigatoriedade de pagamento de seguro para os casos de doenas e velhice, estabelecimento de um salrio mnimo, reforma de tributos pblicos e exigncia de instruo primria. Entre os anos de 1914 e 1919, aps o trmino da Primeira Guerra Mundial, foi criada, pela Conferncia de Paz, a Organizao Internacional do Trabalho (OIT), convertida na Parte XIII do Tratado de Versalhes. Em 1914, nos Estados Unidos, o servio de sade pblica (USPHS) organiza a diviso de higiene industrial. Em 1918, o presidente do Brasil Wenceslau Braz Gomes cria, atravs do Decreto n 3.550, o Departamento Nacional do Trabalho, com o intuito de regulamentar a organizao do trabalho. Em 1919, com o Decreto Legislativo n 3.724, foi instituda a reparao em caso de doena contrada pelo exerccio do trabalho. O Decreto conhecido como a primeira lei sobre acidentes de trabalho. Em 1920, com a reforma Carlos Chagas, a higiene do trabalho incorpora-se ao mbito da sade pblica atravs do Departamento Nacional de Sade Pblica (DNSP), rgo vinculado ao Ministrio da Justia e Negcios Interiores. Em 1925, Dr Alice Hamilton, mdica americana, publicou Venenos Industriais nos Estados Unidos e, em 1934, Toxicologia Industrial. e) Anos de 1921 a 1950 Em 1922, a Universidade de Harvard cria o curso de graduao em Higiene Industrial. Em 1923, o presidente do Brasil Arthur Bernardes cria o Conselho Nacional do Trabalho, pelo Decreto n 16.027. Em 1923, cria-se a Inspetoria de Higiene Industrial e Profissional junto ao Departamento Nacional de Sade, no Ministrio da Justia e Negcios Interiores. No ano de 1930, o Ministrio do Trabalho, Indstria e Comrcio criado via Decreto n 19.433, assinado pelo presidente Getlio Vargas. O Ministrio assumia as questes de sade ocupacional e era coordenado pelo Ministro Lindolfo Leopoldo Boeckel Collor, empossado na ocasio. Em 1934, com o Decreto Legislativo n 24.637, criada a Inspetoria de Higiene e Segurana do Trabalho, ampliando-se assim, o conceito de doena profissional. Tal decreto considerado a segunda lei de acidentes do trabalho.

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    Em 1938, a Inspetoria de Higiene e Segurana do Trabalho (Decreto n 24.637) se transforma em Servio de Higiene do Trabalho passando, em 1942, a denominar-se Diviso de Higiene e Segurana do Trabalho. Em 1938, nos Estados Unidos, foi fundada a ACGIH, na poca chamada de National Conference Governmental Industrial Hygienists. Em 1939, tambm nos EUA, fundada a AIHA (American Industrial Hygiene Association). A ASA (American Standard Association, atualmente ANSI) e a ACGIH publicam a primeira lista de Concentraes Mximas Permissveis (MACs) para substncias qumicas presentes nas indstrias. Entre os anos de 1939 e 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, foram desenvolvidos programas de higiene para manter a capacidade produtiva da indstria, at ento com ateno voltada somente para a indstria blica e operada por mulheres. Em 1943, a ACGIH publicou os Primeiros Limites Mximos Permissveis, que em 1948, passaram a ser chamados de Limites de Tolerncia TLV (Threshold Limit Value). Em 1943, no Brasil, com o Decreto-lei n 5.452, de 1 de maio, entra em vigor a Consolidao das Leis do Trabalho (CLT), com captulo referente Higiene e Segurana do Trabalho. Em 1944 includa a CIPA (Comisso Interna de Preveno de Acidentes) na Legislao Brasileira pelo Decreto n 7036/44, conhecido como Lei de Acidentes de Trabalho de 1944. Em 1947 fundada a International Organization for Standardization (ISO), em portugus, Organizao Internacional de Normatizao. Em 1948 criada a Organizao Mundial da Sade (OMS) com polticas voltadas tambm sade dos trabalhadores. Em 1949 criada a Ergonomic Research Society. f) Anos de 1950 a 2000 Em 1953, a Portaria n 155 regulamenta as aes da CIPA. Em 1953 publicada a Recomendao n 97 da OIT sobre Proteo da Sade dos Trabalhadores. Em 1956, o governo brasileiro aprova por Decreto Legislativo a Conveno n 81 Fiscalizao do Trabalho, da OIT. Le Guillant publica a obra A Neurose das Telefonistas Sndrome Geral de Fadiga Nervosa, em 1956. Em 1957, em conferncia da OIT, foram estabelecidos os objetivos e o mbito de atuao da sade ocupacional. Em 1959, na Conferncia Internacional do Trabalho, aprovada a Recomendao n 112 que trata dos Servios de Medicina do Trabalho. Em 1960, o Sistema Toyota de Produo (produo enxuta), conhecido como Toyotismo, consolidado como filosofia de produo. Caracterizado por funcionar de maneira oposta ao Fordismo, tinha como princpios o mnimo de estoque e a produo do bem realizada de acordo com a demanda no tempo. A flexibilizao deste modelo ficou conhecida como Just in Time. Em 1966, atravs da Lei n 5.161, criada no Brasil a Fundao Centro Nacional de Segurana, Higiene e Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO), com o objetivo de realizar estudos, anlises e pesquisas relativas higiene e medicina ocupacional. Atualmente, denominada de Fundao Jorge Duprat Figueiredo, de Segurana e Medicina do Trabalho (alterado no ano de 1978). Nos Estados Unidos, em 1970, criada a OSHA (Occupational Safety and Health Administration) como agncia integrante do Departamento do Trabalho e o NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health), como parte do Departamento de Sade e Servios Pblicos. Coube a OSHA a responsabilidade do estabelecimento de padres e ao NIOSH, realizar o desenvolvimento de pesquisas e fornecer recomendaes de padres OSHA. No mesmo ano, a OSHA estabeleceu os primeiros padres conhecidos como PEL (Permissible Exposure Limit) e o Brasil foi considerado o pas onde ocorria o maior nmero de acidentes de trabalho no mundo. Em 1977, no Brasil, a Lei n 6.514 altera o Captulo V da CLT (Consolidao das Leis do Trabalho), agora relativo segurana e medicina do trabalho. No ano de 1978, no Brasil, atravs da Portaria n 3.214 de 08/06/1978, aprovou as Normas Regulamentadoras (NR) do Captulo V, Ttulo II, da Consolidao das Leis do Trabalho, relativas segurana e medicina do trabalho. Nesse mesmo ano, foram aprovadas outras 28 (vinte e oito) NR, as quais sofreram vrias alteraes ao longo dos anos.

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    Em 1987, a Norma de Certificao ISO 9000 publicada pela International Organization for Standardization, com a finalidade de estabelecer uma estrutura-modelo de gesto de qualidade baseado em normas tcnicas, para empresas e organizaes empresariais. Em 1988, promulgada a Constituio Federal do Brasil e so criadas as Normas Regulamentadoras Rurais (NRR). Em 1988, a OIT publica a Conveno n 167 Segurana e Sade na Construo. Essa conveno aplicada a qualquer atividade econmica relacionada construo, como: edificaes, obras pblicas, trabalhos em montagem, desmontagem e, at mesmo, operao e transporte nas obras. No Brasil, em 1989, o Decreto Legislativo n 51 aprova a Conveno n 162 Asbesto, aplicada a todas as atividades econmicas onde ocorra a exposio dos trabalhadores ao asbesto.

    Asbesto - Tambm conhecido como amianto, uma designao comercial para uma fibra mineral de ocorrncia natural, utilizado em vrios produtos comerciais (caixas de gua e telhas de fibrocimento, isolantes trmicos). Trata-se de um material com grande flexibilidade, resistncia qumica, trmica e eltrica muito elevada e que, alm disso, pode ser tecido. Tem a tendncia de produzir p com fibras longas e muito pequenas capazes de serem facilmente inaladas, causando graves problemas de sade.

    Em 1995, a OIT publica a Conveno n 176 Segurana e Sade na Minerao, aplicada s minas, incluindo os locais onde esto presentes as atividades de explorao e extrao de minerais. Assim tambm o Brasil, atravs do Decreto n 67, aprova a Conveno n 170 Segurana na Utilizao de Produtos Qumicos, da OIT publicada em 1990, com campo de aplicao a todas as indstrias, cujas atividades econmicas baseiam-se na utilizao de produtos qumicos. Em 1996, a Norma de Certificao ISO 14000 publicada pela International Organization for Standardization, cujo objetivo estabelecer um conjunto de diretrizes, dividida em comits e subcomits de criao, para sistemas de gesto ambiental direcionada a empresas e organizaes. Nesse mesmo ano, a British Standards, rgo britnico de elaborao de normas tcnicas, publica a BS 8800 Occupational Health and Safety Management Systems, norma que apresenta requisitos para implantao de um sistema de gesto de segurana e sade no trabalho para empresas e organizaes. Em 1997, na Portaria SSST n 53, foi publicada a NR 29 que trata da Segurana e Sade no Trabalho Porturio (alterada em 1998, 2002 e 2006). Em 1999, o Governo brasileiro aprova por Decreto Legislativo a Conveno n 182 Piores Formas de Trabalho Infantil e a Ao Imediata para a sua Eliminao, da OIT. g) Anos 2000 at os dias atuais Em 2000, a ABNT (Associao Brasileira de Normas Tcnicas) publica as normas de gesto de qualidade de processo (ISO 9000). No ano de 2001, o Brasil aprovou pelo Decreto Legislativo n 246, a Conveno n 174 Preveno de Acidentes Industriais Maiores, da OIT, aplicada a instalaes sujeitas a riscos de acidentes maiores. Com exceo de instalaes nucleares, usinas que processam substncias radioativas e instalaes militares. Em 2002, atravs da Portaria SIT n 34, foi publicada a NR 30 que trata da Segurana e Sade no Trabalho Aquavirio (alterada em 2007 e 2008). Em 2005, atravs da Portaria MTE n 86, foi publicada a NR 31 que trata da Segurana e Sade no Trabalho na Agricultura, Pecuria Silvicultura, Explorao Florestal e Aquicultura (modificada em 2011). Em 2005, a Portaria GM n 485 publica a NR 32 que trata da Segurana e Sade no Trabalho em Servios de Sade (modificada em 2008 e 2011). Em 2006, o Ministrio do Trabalho e Emprego publica, atravs da Portaria GM n 202, a NR 33 Segurana e Sade nos Trabalhos em Espaos Confinados. Em 2010, o Ministrio do Trabalho e Emprego publica, pela Portaria SIT n 197, uma nova NR 12 Segurana no Trabalho em Mquinas e Equipamentos, atualizados e com referncias tcnicas, princpios fundamentais e medidas de proteo para garantir a integridade fsica e a sade dos trabalhadores. Em 2011, o Ministrio do Trabalho publica, atravs da Portaria SIT n 200, a NR 34 Condies e Meio Ambiente de Trabalho na Indstria da Construo e Reparao Naval. Em 2012, o Ministrio do Trabalho publica a Portaria n 313, a NR 35 Trabalho em Altura. Em 2012, o MTE publica uma nova NR 20.

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    Histrico da Segurana do Trabalho no Brasil

    No Brasil, embora existam alguns fatores anteriores, como a publicao do Cdigo Sanitrio do Estado de So Paulo, de 1918, na prtica, considera-se a primeira legislao a mbito nacional sobre acidentes do trabalho, de 1919, com o inicio de alguma preocupao dos poderes pblicos, com relao aos problemas de segurana e sade do trabalhador. No comeo deste sculo, naqueles estados onde se iniciativa a industrializao So Paulo e Rio de Janeiro a situao dos ambientes de trabalho era pssima, ocorrendo acidentes e doenas profissionais de toda ordem, W. Dean, em seu livro A industrializao de So Paulo 1880 1945 afirmava que as condies de trabalho eram durssimas; muitas estruturas que abrigavam as mquinas no haviam sido originalmente destinadas a essa finalidade alm da mal iluminadas e mal ventiladas, no dispunham de instalaes sanitrias. As maquinas se amontoavam, ao lado umas das outras, e suas correias e engrenagens giravam sem proteo alguma. Os acidentes eram frequentes, porque os trabalhadores, cansados, que trabalhavam aos domingos, eram multados por indolncia ou pelos erros cometidos, se fossem adultos; ou separados, se fossem crianas. Em 1923, criava-se a Inspetoria de Higiene Industrial e Profissional junto ao Departamento Nacional de Sade, no Ministrio do Interior e Justia. Em 1934, introduz-se a Inspetoria de Higiene e Segurana do Trabalho, no Departamento Nacional do Trabalho, do Ministrio do Trabalho, Indstria e Comrcio. Nesse mesmo ano, o governo de Getlio Vargas promulga a segunda Lei de Acidentes do Trabalho e, dez anos depois, ainda no governo Vargas, aparece a terceira Lei. Um ano antes, a legislao trabalhista se consagra na CLT (Consolidao das Leis do Trabalho), com todo o Capitulo V dedicado a Higiene e Segurana do Trabalho. No obstante o Brasil ser signatrio da OIT, somente pela Portaria 3227 de 1972 que veio a obedecer Recomendao 112, de 1959, daquela Organizao. Tomou-se, ento, obrigatria a existncia de Servios de Segurana e Medicina do Trabalho nas empresas, de acordo com o nmero de empregados e o grau de risco em que se enquadram. Ainda assim, em tomo 85% dos trabalhadores ficaram excludos destes servios obrigatrios. As micros, pequenas e medias empresas no esto enquadradas nesta legislao e, atualmente a grande empregadora so estas empresas. Outro fato alarmante que os riscos e as condies insalubres a que esto expostos estes trabalhadores so muito maiores que as empresa de porte superior. Nas empresas de maior porte, as condies financeiras e econmicas permitem um maior investimento em mquinas modernas e processes com certa garantia de segurana e higiene do trabalho, no ocorrendo nas pequenas empresas. Alguns estudos realizados apontam que o risco nas pequenas empresas industriais (at 100 empregados) 3,77 vezes maior que o das grandes empresas (mais de 500 empregados) ou 1,96 vezes o das mdias empresas (101 a 500 empregados). As indstrias do ramo da mecnica, material eltrico e eletrotcnico so responsveis pelos ndices mais elevados de acidentes graves, seguidos pelas indstrias ligadas ao ramo dos produtos alimentcios. A nvel nacional, a indstria da construo civil responde por 25% dos acidentes, inclusive os mais graves e letais. Com relao s estatsticas de acidentes do trabalho, os dados brasileiros so poucos confiveis, por diversos motivos, a seguir enumeramos alguns fatores que prejudicam uma analise mais aprofundada nas estatsticas de acidentes: a) Enorme quantidade de acidentes no registrados ou ocorrncia de sub-registros b) Grande quantidade de trabalhadores que no tem carteira de trabalho assinada. c) Sistema de estatstica oficial no confivel devido, dentro de outros fatores, a burocracia.

    Sade Ocupacional

    Em 1919, fundada em Genebra, a Organizao Internacional do Trabalho (OIT), tendo como objetivo estudar, desenvolver, difundir e recomendar formas de relaes de trabalho, sendo que o Brasil um dos seus fundadores e signatrios. Em 1957, o comit Misto da Organizao Internacional do Trabalho (OIT), a Organizao Mundial da Sade (OMS), reunidos em Genebra, estabeleceram os seguintes objetivos para Sade Ocupacional e estabeleceram o seu mbito de atuao: 1 Promover e manter o mais alto grau de bem-estar fsico, mental e social dos trabalhadores em todas as ocupaes; 2 Prevenir todo prejuzo causado sade dos trabalhadores pelas condies do seu trabalho;

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    3 Proteger os trabalhadores, em seu trabalho, contra os riscos resultantes da presena de agentes nocivos a sade; 4 Colocar e manter o trabalhador em uma funo que convenha s suas aptides fisiolgicas e psicolgicas; 5 Adaptar o trabalho ao homem e cada homem ao seu trabalho.

    Conceitos bsicos em Segurana do Trabalho

    Conceito de Sade A Organizao Mundial de Sade (OMS) estabeleceu o conceito de sade como: Um estado de completo bem-estar fsico, mental e social e no apenas a ausncia da doena. Outro conceito, sob o enfoque ecolgico, afirma que a sade um estado de equilbrio dinmico entre o indivduo e o seu ambiente, considera que a doena ocorreria da ruptura desse mesmo equilbrio dinmico.

    Sade Ocupacional Compreende-se por Sade Ocupacional o segmento da Sade Publica que tem como objetivo a segurana e higiene do ambiente do trabalho, bem como a sade do trabalhador. A efetivao deste objetivo envolve uma equipe de profissionais que compreende o mdico do trabalho, o ergonomista, o engenheiro de segurana do trabalho, o toxicologista, o enfermeiro, o psiclogo, alm claro do Tcnico de Segurana do Trabalho, bem como outros profissionais de nvel mdio ou superior.

    Trabalho qualquer atividade fsica ou intelectual, realizada por um ser humano, cujo objetivo fazer, transformar ou criar algo.

    Segurana do Trabalho

    Pode ser definida como a cincia que, atravs de metodologia e tcnicas apropriadas, estuda as possveis causas de acidentes do trabalho, objetivando a preveno de suas ocorrncias. Podemos definir Segurana do Trabalho como uma srie de medidas tcnicas, administrativas, mdicas e, sobretudo, educacionais e comportamentais, empregadas a fim de prevenir acidentes, e eliminar condies e procedimentos inseguros no ambiente de trabalho. A segurana do trabalho destaca tambm a importncia dos meios de preveno estabelecidos para proteger a integridade e a capacidade de trabalho do colaborador. Para a execuo dessas medidas, no bastam apenas aes dos profissionais ligados rea (SESMT e CIPA), mas necessria a participao de todos os envolvidos, ou seja, desde a direo da empresa at os trabalhadores de cho de fbrica, pois o sucesso das aes vai depender de uma adequada poltica de segurana do trabalho, na qual todos tm suas responsabilidades.

    QUEM SO OS RESPONSVEIS PELA SEGURANA DO TRABALHO?

    Evidentemente, todos tm uma parcela de responsabilidade na preveno. O poder pblico, em sua tarefa de legislar sobre o tema e fiscalizar seu cumprimento, o empregador ao cumprir e fazer cumprir as normas estabelecidas e os trabalhadores, ao seguirem as instrues determinadas. Mas vamos observar o que diz a legislao a respeito do tema. Na CLT (Consolidao das Leis do Trabalho) est previsto que: Incumbe ao rgo de mbito nacional competente em matria de segurana e medicina do trabalho estabelecer normas sobre a aplicao da segurana do trabalho, coordenar, orientar, controlar e supervisionar sua fiscalizao e s Delegacias Regionais do Trabalho, promover a fiscalizao do cumprimento das normas de segurana e medicina do trabalho, adotar as medidas determinando as obras e reparos que, em qualquer local de trabalho, se faam necessrias, impondo as penalidades cabveis por descumprimento das normas. Existe uma estrutura no poder pblico que, em consonncia com os representantes dos empregadores e empregados (comisso tripartite), elabora normas aplicveis rea de segurana e sade do trabalhador, bem como fiscaliza as empresas para o cumprimento dessas normas. Cabe s empresas cumprir e fazer cumprir as normas de segurana e medicina do trabalho e instruir os empregados, atravs de ordens de servio, quanto s precaues a tomar no sentido de evitar acidentes de trabalho ou doenas ocupacionais, constituindo contraveno penal por parte da empresa que deixar de cumprir as normas de segurana. Com base no exposto anteriormente, fica explcito que no basta as empresas apenas fornecerem equipamentos de proteo individual, educar e treinar seus funcionrios, necessrio que elas estejam atentas ao cumprimento do que foi proposto e se suas aes esto sendo eficazes.

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    Cabe aos empregados observar as normas de segurana e medicina do trabalho, colaborar com a empresa na aplicao dos dispositivos de segurana no trabalho, constituindo at ato faltoso (justa causa) a recusa injustificada observncia das instrues expedidas pelo empregador e ao uso dos equipamentos de proteo individual fornecidos pela empresa. Os empregados devem ter cincia de que eles so os mais afetados por uma deficincia na preveno, por isso no lgico o descumprimento de normas e procedimentos estabelecidos.

    Higiene no trabalho o conjunto de normas e procedimentos que visa a proteo da integridade fsica e mental do trabalhador, preservando-o dos riscos de sade inerentes s tarefas do cargo e ao ambiente fsico onde so executadas. Preveno de riscos associados ao ambiente de trabalho. A higiene do trabalho definida como: "a aplicao dos sistemas e princpios que a medicina estabelece para proteger o trabalhador, prevendo ativamente os perigos que, para a sade fsica ou psquica, se originam do trabalho. A eliminao dos agentes nocivos em relao ao trabalhador constitui o objeto principal da higiene laboral" (Cabanellas apud Nascimento, 1992). Assim, modernamente, de acordo com Cruz (1996), a higiene do trabalho tem como principais objetivos:

    o promover, manter e melhorar a sade dos trabalhadores; o eliminar ou amenizar os infortnios do trabalhador, tais como acidentes, doenas, intoxicaes

    industriais etc., pelo controle higinico dos materiais, processos e ambiente do trabalho; o aplicar as medidas de preveno s doenas transmissveis comuns ou no ao trabalho; o estender estas medidas de medicina preventiva aos membros da famlia e ao lar do trabalhador, pela

    visita do mdico e da enfermeira, articulados pelo servio social; o contribuir para elevar o moral, o conforto e o nvel da qualidade de vida do trabalhador; o aumentar e prolongar sua eficincia no trabalho; o diminuir o absentesmo, e; o diminuir o tempo perdido para a indstria, por todas as causas.

    A higiene, a segurana e a sade esto intimamente relacionadas com o objetivo de garantir condies de trabalho capazes de manter um nvel de sade dos colaboradores e trabalhadores de uma organizao/empresa. Devemos estabelecer algumas diferenciaes que afetam a sade do trabalhador para que possamos melhor trabalhar estes conceitos, como segue abaixo:

    Condies de Trabalho Organizao do Trabalho Ambiente Fsico: temperatura, barulho, vibraes, etc. Ambiente Qumico: vapores, fumaas, txicos, etc. Ambiente Biolgico. Condies de Higiene e Segurana.

    Diviso do Trabalho Contedo da Tarefa Sistema Hierrquico Modalidades de Comando Relaes de Poder Questes de Responsabilidades, etc.

    Portanto, para que possamos estabelecer uma qualidade de vida completa ao trabalhador, ou seja, que ele tenha Sade devemos atacar todos os problemas de Condies de Trabalho e Organizao do Trabalho.

    Consequncias dos acidentes

    Para o indivduo: Leso, incapacidade, afastamento do trabalho, diminuio do salrio, dificuldades no sustento da famlia e at morte. Para a empresa: Tempo perdido pelo trabalhador durante e aps o acidente, interrupo na produo, diminuio da produo pelo impacto emocional, danos s mquinas, materiais ou equipamentos, despesas com primeiros socorros, despesas com treinamento para substitutos, atraso na produo e aumento de preo no produto final. Para o Estado: Acmulo de encargos assumidos pela Previdncia Social, aumento dos preos prejudicando o consumidor e a economia e aumento de impostos e taxas de seguro. Segundo a FUNDACENTRO o custo com acidente no Brasil pode chegar a R$ 32 bilhes por ano (A FUNDACENTRO um portal governamental dedicado sade e segurana do trabalhador).

    DIAS PERDIDOS

    So os dias em que o acidentado no tem condies de trabalho por ter sofrido um acidente que lhe causou incapacidade temporria. Os dias perdidos so contados de forma corrida, incluindo domingos e feriados, a

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    partir do primeiro dia de afastamento (dia seguinte ao do acidente) at o dia anterior ao do retorno ao trabalho.

    DIAS DEBITADOS

    Nos casos em que ocorrem incapacidade parcial permanente, incapacidade total permanente ou morte, aparecem os dias debitados. Eles representam uma perda, um prejuzo econmico que toma como base uma mdia de vida ativa do trabalhador calculada em 20 (vinte) anos ou 6000 (seis mil) dias. Para calcular os dias debitados usa-se uma tabela existente em Norma Brasileira na ABNT.

    ACIDENTE SEM PERDA DE TEMPO OU AFASTAMENTO

    aquele em que o acidentado, recebendo tratamento de primeiros socorros, pode exercer sua funo normal no mesmo dia, dentro do horrio normal de trabalho, ou no dia imediatamente seguinte ao do acidente, no horrio regulamentado.

    ACIDENTE COM PERDA DE TEMPO OU COM AFASTAMENTO

    aquele que provoca a incapacidade temporria, permanente, ou morte do acidentado.

    INCAPACIDADE TEMPORRIA

    a perda total da capacidade de trabalho por um perodo limitado de tempo, nunca superior a um ano. aquele em que o acidentado, depois de algum tempo afastado do servio, devido ao acidente, volta executando suas funes normalmente.

    INCAPACIDADE PARCIAL E PERMANENTE

    a diminuio, por toda a vida, da capacidade para o trabalho. Exemplos: perda de dedo, brao.

    INCAPACIDADE TOTAL E PERMANENTE

    a invalidez para o trabalho.

    Empregado

    toda a pessoa fsica que presta servio de natureza no eventual ao empregador, sob a dependncia deste e mediante remunerao.

    Comunicao de acidente de trabalho

    um formulrio que deve ser preenchido quando ocorrer qualquer tipo de acidente de trabalho (mesmo nos casos de doena profissional e acidentes de trajeto). O acidente de trabalho dever ser comunicado empresa pelo acidentado imediatamente, quando possvel. Isso est baseado na necessidade de que os fatores ocasionais do acidente devem ser investigados o mais rapidamente possvel, para que todas as medidas de correo e preveno sejam prontamente tomadas, alm de imediatamente se efetuarem os primeiros socorros ao acidentado. A Comunicao de Acidente de Trabalho (CAT) deve ser emitida pela empresa do acidentado em at 24 (vinte e quatro) horas aps o acidente. Em caso de morte, a CAT deve ser emitida imediatamente, e a morte comunicada autoridade policial. Caso a empresa no emita a CAT, ela poder ser emitida pelo prprio acidentado, por seus dependentes pelo mdico que atendeu o acidentado, pelo sindicato da categoria ou por qualquer autoridade pblica, independentemente de prazo.

    Acidente de Trabalho - Conceito legal (CLT) A definio dada pela Lei n 8.213, de 24 de julho de 1991 e pelo Decreto n 2.172, de 05 de maro de 1997, no Regulamento dos Benefcios de Previdncia Social, entretanto, foi revogado pelo Decreto n 3.048 de 06 de maio de 1999, o qual aprova o Regulamento da Previdncia Social, e d outras providncias. Acidente de trabalho aquilo que ocorre pelo exerccio do trabalho a servio da empresa, provocando leso corporal ou perturbao funcional que cause a morte, a perda ou reduo da capacidade para o trabalho, permanente ou temporria. Consideram-se acidentes de trabalho as seguintes entidades mrbidas: I - doena profissional: produzida ou desencadeada pelo exerccio do trabalho, peculiar determinada atividade e constante da relao elaborada pela Previdncia Social.

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    II - doena do trabalho: adquirida ou desencadeada em funo de condies especiais em que o trabalho realizado e que com ele se relacione diretamente, desde que constante na relao elaborada pela Previdncia Social (ou de doena comprovadamente relacionada ao trabalho executado). 1 No sero consideradas como doena do trabalho: a) a doena degenerativa; Provoca a degenerao do organismo envolvendo vasos sanguneos, tecidos, ossos, viso, rgos internos e crebro. So exemplos de doenas degenerativas: o diabetes, a arteriosclerose, a hipertenso, as doenas cardacas e da coluna vertebral, alm de cncer, Mal de Alzheimer, reumatismo, etc. b) a inerente a grupo etrio; Doenas comuns a determinada faixa de idade. c) a que no produz incapacidade laborativa; Incapacidade para o trabalho. d) a doena endmica adquirida por segurados habitantes de regio em que ela se desenvolve, salvo comprovao de que resultou de exposio ou contato direto determinado pela natureza do trabalho. Doena que afeta simultaneamente um grande nmero de pessoas. Nota: No ser considerado acidente de trabalho o ato de agresso relacionado a motivos pessoais. Equiparam-se tambm ao acidente de trabalho: I - o acidente ligado ao trabalho que, embora no tenha sido a causa nica, haja contribudo diretamente para a morte do segurado, para a perda ou reduo da sua capacidade para o trabalho, ou produzido leso que exija ateno mdica para a sua recuperao. II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horrio do trabalho, em consequncia de: a) ato de agresso, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa fsica intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada com o trabalho; c) ato de imprudncia, de negligncia ou de impercia de terceiro ou de companheiro de trabalho;

    IMPRUDNCIA

    Ao precipitada e sem cautela, mas, no se caracteriza como uma omisso, tal como a negligncia. Na imprudncia, o sujeito toma uma atitude diversa da esperada. Age de forma imprudente aquele que, mesmo sabedor do risco envolvido, acredita que seja possvel a realizao do ato sem prejuzo ou dano.

    NEGLIGNCIA

    Ato de agir com descuido, indiferena ou desateno, implicando em omisso ou inobservncia de dever.

    IMPERCIA

    caracterizada pela falta de tcnica ou de conhecimento (erro ou engano na execuo, ou mesmo consecuo do ato). d) ato de pessoa privada do uso da razo; e) desabamento, inundao, incndio e outros casos fortuitos decorrentes de fora maior. III - a doena proveniente de contaminao acidental do empregado no exerccio de sua atividade. IV - o acidente sofrido, ainda que fora do local e horrio de trabalho: a) na execuo de ordem ou na realizao de servios sob a autoridade da empresa; b) na prestao espontnea de qualquer servio empresa para lhe evitar prejuzo ou proporcionar proveito; c) em viagem a servio da empresa, inclusive para estudo, quando financiada por essa, dentro de seus planos para melhor capacitao da mo de obra, independentemente do meio de locomoo utilizado, inclusive veculo de propriedade do segurado; d) no percurso da residncia para o local de trabalho ou desse para aquela, qualquer que seja o meio de locomoo, inclusive veculo de propriedade do segurado, desde que no haja alterao ou interrupo por motivo alheio ao trabalho. Entende-se como percurso, o trajeto da residncia ou do local de refeio para o trabalho ou desse para aqueles, independentemente do meio de locomoo, sem alterao ou interrupo por motivo pessoal do percurso habitualmente realizado pelo segurado, no havendo limite de prazo estipulado para que o segurado atinja o local de residncia, refeio ou do trabalho. Deve ser observado o tempo necessrio, compatvel com a distncia percorrida e o meio de locomoo utilizado. Nos perodos destinados refeio, ao descanso ou por ocasio da satisfao de outras necessidades fisiolgicas, no local do trabalho ou durante esse, o empregado considerado em exerccio do trabalho.

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    No considerada agravao ou complicao de acidente de trabalho a leso que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha s consequncias do anterior. Tambm so acidentes de trabalho os que ocorrem: Quando o empregado estiver executando ordem ou realizando servio sob o mando do empregador. Em viagem a servio da empresa. No percurso da residncia para o local de trabalho. No percurso do trabalho para a casa. Nos perodos de descanso ou por ocasio da satisfao de necessidades fisiolgicas, no local de trabalho. Por contaminao acidental do empregado no exerccio de sua atividade. No caso de doena profissional ou do trabalho ser considerado como dia do acidente, a data do incio da incapacidade laborativa para o exerccio da atividade habitual ou o dia em que o diagnstico for concludo, valendo para esse efeito, o que ocorrer em primeiro lugar. Quando, expressamente, constar no contrato de trabalho que o empregado dever participar de atividades esportivas no decurso da jornada de trabalho, o infortnio ocorrido durante tais atividades ser considerado como acidente de trabalho. Ser considerado agravante se o acidentado estiver sob a responsabilidade da reabilitao profissional. O acidente de trabalho ser caracterizado tecnicamente pela percia mdica do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), mediante a identificao do nexo entre o trabalho e o agravo. Considera-se estabelecido o nexo entre o trabalho e o agravo quando se verificar nexo tcnico epidemiolgico entre a atividade da empresa e a entidade mrbida motivadora da incapacidade, elencada na Classificao Internacional de Doenas (CID).

    Acidente de Trabalho - Conceito prevencionista Acidente de trabalho qualquer ocorrncia no programada, inesperada ou no, que interfere ou interrompe a realizao de uma determinada atividade, trazendo como consequncia isolada ou simultnea a perda de tempo, danos materiais ou leses. A diferena entre os dois conceitos reside no fato de que para o conceito legal necessrio haver leso fsica, enquanto que no conceito prevencionista so levadas em considerao, alm das leses fsicas, a perda de tempo e de materiais. Para o profissional prevencionista, mesmo um acidente sem leso muito importante, pois, durante a anlise das suas causas surgiro medidas capazes de impedir sua repetio ou agravamento, isto , um acidente com leso.

    DIVISO DO ACIDENTE DE TRABALHO

    Acidente tipo ou tpico Este tipo de acidente consagrado no meio jurdico como definio do infortnio do trabalho originado por causa violenta, ou seja, o acidente comum, sbito e imprevisto. Exemplos: batidas, quedas, choques, cortes, queimaduras, etc.

    DOENA DO TRABALHO

    a alterao orgnica que, de modo geral, se desenvolve em consequncia da atividade exercida pelo trabalhador o qual esteja exposto a agentes ambientais tais como, rudo, calor, gases, vapores, micro-organismos. Exemplos: pneumoconioses, surdez ocupacional.

    ACIDENTE DE TRAJETO

    o acidente sofrido pelo empregado no percurso da residncia para o local de trabalho ou vice-versa, qualquer que seja o meio de locomoo, inclusive veculo de propriedade do empregado, em horrios e trajetos compatveis.

    I. Causas de acidentes do trabalho So vrias as causas dos acidentes, sejam do trabalho, do trajeto, ou por doenas profissionais. Essas causas so basicamente separadas em dois grupos a saber: Ato inseguro o que depende do ser humano, que, de maneira consciente ou no, provoca dano ao trabalhador, aos companheiros e s mquinas e equipamentos Exemplos: improvisaes, agir sem permisso, no usar equipamento de proteo individual (EPI), etc. Condies inseguras

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    So as condies que, presentes no ambiente de trabalho, comprometem a integridade fsica e/ou a sade do trabalhador, bem como a segurana das instalaes e dos equipamentos Exemplos: falta de proteo em mquinas, defeitos em mquinas e edificaes, instalaes eltricas, falta de espao, agentes nocivos presentes no ambiente de trabalho, etc.

    II. Incidente Quando ocorre um acidente sem danos pessoais, diz-se incidente. Para os profissionais prevencionistas to ou mais importante que o acidente com danos, pois indica uma condio de futuro acidente devendo, portanto, ser analisado, investigado e sugeridas medidas para evitar sua repetio.

    III. Classificao Internacional de Doenas - CID Frequentemente designada pela sigla CID, (International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems ICD) fornece cdigos relativos classificao de doenas e de uma grande variedade de sinais, sintomas, aspectos anormais, queixas, circunstncias sociais e causas externas para ferimentos