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Projeto Tecendo a Rede Voçorocas Nazareno - MG Julho de 2009 APOSTILA TÉCNICA DE ESTABILIZAÇÃO DE VOÇOROCAS Danilo Verpa - Folha Imagem Autores: Rogério Resende Martins Ferreira e Vinicius Martins Ferreira

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Projeto Tecendo a Rede VoçorocasNazareno - MGJulho de 2009

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Apostila Técnica de Estabilização de Voçorocas / Vinicius Martins Ferreira e Rogério Resende Martins Ferreira (coordenadores). –Nazareno: Centro Regional Integrado de Desenvolvimento Sustentável, 2009. 20 p. Inclui DVD ROM Inclui bibliografia ISBN: 1. Degradação do Solo. 2. Reabilitação de Voçorocas. 3. Gestão pública. I. Ferreira, V. M. II. Ferreira, R.R.M. Centro Regional Integrado de Desenvolvimento Sustentável. III. Título. CDD-631.45

Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos daBiblioteca Central da Universidade Federal de Lavras (UFLA)

Voçoroca em Santo Antônio do Leite: Antes, em outubro de 2007

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1. INTRODUÇÃO

O Maria de Barro busca caminhos de resgate das condições de produção local, valorizando o conhecimento e a experiência acumulados através da integração destes com o conhecimento formal (científico).

No município de Nazareno, antes do Projeto de Voçorocas, os moradores achavam que as voçorocas faziam parte da paisagem e aceitavam a convivência com estes agravos, assumindo freqüentemente uma atitude passiva em face da existência do problema. O nível de desinformação trouxe à tona o desinteresse e a omissão dos moradores quanto à degradação ambiental, assim como o desconhecimento dos riscos existentes, tendo uma percepção imediatista, de forma acrítica e dando grande ênfase em ações governamentais como solução para os problemas. Para reverter o ciclo de degradação o Projeto teve como principal missão criar formas de melhorar o processo de informação e compreensão do problema. Teve que redefinir a postura da população, baseado na ruptura de estereótipo a respeito do papel do governo como principal meio de solução, quanto da concepção de desresponsabilização dos moradores em face da existência, permanência e falta de resolução de problemas. Assim, foi dado início a um processo crescente de implementação de políticas públicas pautadas em uma lógica de coresponsabilização. Isso incluiu a participação popular ativa no processo público e nos aspectos simbólicos e éticos apoiados em fatores subjetivos que conferiram um sentido de identidade e de pertencimento, ou seja, um sentido de comunidade. A interpretação do conceito de parceria, de modo que toda a sociedade seja responsável e participe dos esforços, no sentido de recuperação da degradação, nem sempre foi bem compreendida. Pois significa que Governo, Empresas e Organizações Sociais, principalmente educacionais, devem colaborar nesse processo, comandando esforços e, de acordo com suas competências, dividindo responsabilidades, inclusive de caráter financeiro. Assim, os problemas de responsabilidade e participação de cada instituição estão sendo superados com o processo de construção do Comitê de Bacia Hidrográfica do Alto Rio Grande (GD1), que tem como objetivo a ampliação dos espaços participativos para a gestão das águas da região. Desmistificando o peso exagerado freqüentemente depositado nos grupos comunitários em relação às suas capacidades de resolver unilateralmente os problemas, e colocando o desafio de repensar a questão e as formas de ação. Estas são baseadas principalmente em propostas educacionais e informacionais, e no estímulo de mecanismos participativos e na necessidade de desenvolver uma consciência ambiental nas crianças, nas escolas e nas organizações comunitárias.

Em síntese, é necessário reexaminar as atitudes das sociedades humanas em relação aos solos, que são recursos esgotáveis (finitos), porque a velocidade de produção de solos pela natureza é infinitamente menor do que aquela ligada à sua degradação.

A gestão durável e sustentável dos recursos, particularmente dos solos, depende de abordagens, de pesquisas e de políticas de uso e manejo ambiental adequados.

O Projeto pretendeu reverter esse quadro de decadência, abrindo espaços de avanços na perspectiva econômica, política e social. Isso implica em ampliar as condições da melhoria da qualidade de vida.

2. SOLO E DEGRADAÇÃO SOCIOAMBIENTAL

“É como se a terra sangrasse, expostaE o ventre aberto, todo o resto arrastasse em torvelinhoPlanta Sapo Cobra Borboleta Anu Cotia Beija-flor Tatu FormigaE levasse a casa do homem, o homem e sua sombraSua soberba e cegueira, gemidos da voçoroca do arrependimento.”

Marcelo Nivert Schlindwein

Cerca de 60% das águas continentais já são diretamente afetadas pela ação humana. Os problemas de abastecimento atingem vastas regiões densamente povoadas do mundo e vários grandes centros urbanos se aproximam do colapso de abastecimento. A questão da água passa em vários aspectos pela questão agrícola, pois cerca de 70% da água utilizada no mundo correspondem à irrigação das terras de cultivo. Temos também a ocorrência de vários processos sinergéticos altamente danosos. A irrigação excessiva ou imprópria desperdiça grandes quantidades de água, lixivia nutrientes e leva à salinização de solos. Esse processo faz com que novas áreas tenham de ser ocupadas, levando a mais desmatamento. O desmatamento altera os ciclos hidrológicos, levando ao assoreamento de rios e mudanças no regime de chuvas. Portanto, todos os elementos atuam de maneira integrada, potencializando a degradação ambiental e a qualidade de vida.

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Nesse contexto histórico-político e em suas implicações ambientais é que poderíamos situar o aparecimento de processos erosivos intensos, que são denominados de voçorocas em muitas partes do Brasil. O termo voçoroca (mbosso'roka) é uma palavra de origem tupi-guarani que significa romper, terra rasgada. As voçorocas são muito comuns em todas as regiões do Brasil, seja nas áreas de Pampas do Sul, no Alegrete, até as margens da Manaus-Boa Vista, na Amazônia. Sua ocorrência em áreas de mineração a céu aberto é de efeito devastador, bem como sua ocorrência em áreas agropastoris degradadas e em áreas de escoamento de águas, como encostas de áreas urbanizadas e rodovias. As voçorocas são cicatrizes marcantes na Ecologia da Paisagem, mostrando os sintomas da má utilização dos recursos naturais. Sua ação desagregadora na base estrutural viva da diversidade, o solo, modifica complemente as comunidades biológicas, simplificando-as muitas vezes em nível de sucessão primária. Praticamente todos os organismos que anteriormente habitavam aquele local são retirados e muitas vezes não levando a um processo natural de regeneração. Em uma comparação com a Termodinâmica, poderíamos dizer que na voçoroca, o sistema biológico atinge um tão elevado grau de entropia que temos a solvência do sistema. O problema é que, em algumas situações, a voçoroca se expande na vizinhança como uma espécie de buraco negro biológico. Além dos efeitos locais, as voçorocas apresentam o potencial efeito regional que é a alteração do sistema hídrico, causando assoreamento e alterando a capacidade de carga dos lençóis freáticos. As voçorocas, como sintoma do stress ambiental, podem ser consideradas como perturbações ecológicas, que vão assumir diferentes escalas de intensidade, dependendo do histórico, do tipo de uso antrópico e das características do local afetado.

Na Bacia Hidrográfica do Alto Rio Grande há uma grave presença de voçorocas na paisagem, originadas com a mineração do ouro do século XVIII, com a construção de estradas rurais sem planejamento conservacionista, com valas no solo que dividem propriedades e com o mau uso do solo agrícola.

2.1 Solos e processos erosivos

Assim como a alteração de sua estrutura, os processos relacionados com a degradação dos atributos do solo são: erosão hídrica, compactação, acidificação, exaustão de nutrientes presentes no solo, e diminuição do carbono orgânico e da biodiversidade (Ranieri et al., 1998).

Erosão é o processo de desprendimento e arraste acelerado de partículas do solo causado, entre outros fatores, pela ação da água (hídrica) e do vento (eólica). No caso específico da erosão hídrica, que é causada pelo impacto das gotas de chuva e pelo escoamento superficial, há o transporte das partículas de solo em suspensão e dos elementos nutritivos essenciais ao desenvolvimento das culturas e vegetação nativa. Isso causa impacto tanto no local de origem, quanto nas partes mais baixas da paisagem (solos, água, leito de rios, reservatórios, etc), pois a erosão é um processo não só de extração e arraste, mas também de sedimentação. Podendo, assim, contribuir para aumentar ou degradar solos nos quais são depositados e/ou afetar a qualidade das águas por resíduos de pesticidas e metais pesados, dependendo das características do solo original, da taxa de deposição, tipo de material, profundidade de deposição e nível de manejo do produtor rural.

O processo da erosão hídrica inicia-se com o impacto da chuva, cuja parte do volume precipitado é interceptada pela vegetação e parte atinge a superfície do solo, provocando o umedecimento dos agregados do solo e reduzindo suas forças coesivas. Com a continuidade da ação da chuva pode ocorrer a desintegração dos agregados, com conseqüente desprendimento de partículas menores. A quantidade de solo desestruturado aumenta com a intensidade da precipitação, a velocidade e o tamanho das gotas. Além de ocasionar a liberação de partículas que obstruem os poros do solo, o impacto das gotas também tende a compactá-lo, ocasionando o selamento de sua superfície e, conseqüentemente, reduzindo a capacidade de infiltração da água (Bertoni & Lombardi Neto, 1999).

O empoçamento da água nas depressões da superfície do solo começa a ocorrer somente quando a intensidade de precipitação excede a velocidade de infiltração ou quando a capacidade de acumulação de água no solo for excedida. Esgotada a capacidade de retenção superficial, a água começa a escoar. Juntamente com as partículas de solo em suspensão, o escoamento superficial transporta nutrientes, matéria orgânica, sementes e defensivos agrícolas que, além de causarem prejuízos diretos à produção agropecuária, provocam a poluição dos recursos hídricos. Assim, as perdas por erosão tendem a elevar os custos de produção, em vista da necessidade de aumento do uso de corretivos e fertilizantes e da redução no rendimento operacional das máquinas agrícolas. A intensidade dessas perdas depende de inúmeros fatores erosivos, que devem ser considerados (Pereira et al., 1988).

A água da chuva exercerá maior ou menor ação erosiva sobre o solo, dependendo de uma série de fatores, como condições topográficas ou de relevo, características do solo e tipo de cobertura vegetal, além de ser função da sua intensidade. A erosão hídrica pode se caracterizar pelas seguintes formas, entre outras: laminar, sulcos e voçorocas. A erosão laminar é uma forma de erosão dificilmente perceptível, mas cuja ação pode ser denunciada

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pela coloração mais clara do solo, pela exposição de raízes e pela queda da produtividade agrícola. Consiste na remoção da camada superior do terreno, constatada em áreas mesmo com pequeno grau de declividade. Caso não sejam adotadas medidas de controle da enxurrada e de mudanças no manejo agrícola, pode-se provocar o esgotamento ou degradação do terreno (Bertoni & Lombardi Neto, 1999).

A erosão em sulcos resulta de pequenas irregularidades na declividade do terreno, potencializando a enxurrada por meio do aumento da concentração em alguns pontos do terreno, atingindo, assim, volume e velocidade suficientes para formar riscos mais ou menos profundos. Na sua fase inicial, os sulcos podem ser desfeitos com as operações normais de preparo do solo, mas, em um estádio mais adiantado, eles atingem tal profundidade que interrompem o trabalho de máquinas agrícolas (Hudson, 1971).

Entre os efeitos negativos da erosão hídrica, destacam-se: remoção da camada superficial, reduzindo a camada arável, redução dos teores de matéria orgânica, disponibilidade de nutrientes, atividade e diversidade microbiana, taxa de infiltração, armazenamento e movimento de água e ar no solo, degradação da estrutura, aumento da sedimentação, etc. Esses atributos estão relacionados com todas as funções do solo, principalmente no que diz respeito à sua capacidade reguladora da qualidade ambiental e de fornecer condições adequadas à produtividade das culturas de modo sustentado (Bertoni & Lombardi Neto, 1999). Isso influencia negativamente a qualidade dos atributos do solo responsáveis pela manutenção das suas funções, tornando a erosão hídrica a principal causa da degradação acelerada das terras cultivadas no mundo.

No geral, a qualidade do solo tem sido definida como a capacidade de determinada classe de solo funcionar, dentro dos limites do ecossistema manejado ou natural, como sustento para a produtividade de plantas e animais, de manter ou aumentar a qualidade da água e ar e de promover a saúde e habitação humana (Doran & Parkin, 1994). Segundo estes autores, este conceito torna-se dinâmico em função das características e finalidades de uso do ambiente e vem sendo utilizado para avaliar a degradação e o potencial de sustentabilidade dos solos agrícolas sob diferentes sistemas de manejo. Entender e conhecer a qualidade do solo possibilita manejá-lo de maneira sustentável.

O homem, através de suas práticas localizadas, intervém na evolução da fertilidade do/no sistema pedológico. Intervém no fluxo hídrico, modificando a estrutura superficial do solo, nos fluxos hidroquímicos através de lançamento de elementos potencialmente poluentes. Intervém no fluxo de matéria orgânica e no fluxo biológico através de impactos sobre a macro e a microfauna. Torna-se, portanto, importante ter uma visão mais ampla quanto à definição da fertilidade, que envolva também as condições físicas dos solos.

A cobertura pedológica é dinâmica ao longo do tempo, modificando-se permanentemente, e a sociedade humana influencia fortemente essa dinâmica. Sua intervenção é direta, através das práticas agrícolas e pecuárias. E indireta por suas conseqüências nas modificações climáticas, na composição atmosférica e nas atividades biológicas. Pois o desenvolvimento das atividades humanas influencia fortemente as propriedades dos solos, e tais modificações antrópicas da pedosfera influenciam outras esferas, litosfera, hidrosfera, atmosfera e biosfera, podendo causar desequilíbrios sistêmicos no ambiente.

Segundo Mazoyer (1997), para toda sociedade, um problema vital é garantir a reprodução da fertilidade dos solos: a história do mundo mostra que quando uma sociedade não pode garantir a reprodução, ela entra em conflito ou ela perde a sua independência ou ela tende a desaparecer.

O documento “Plataforma para um mundo responsável, plural e solidário”, uma das maiores campanhas a respeito de solo, relata que “a massiva degradação atual dos solos tem como origem considerável a redução da fertilidade do solo, resultando um aumento crescente da desertificação” ( Ruellan & Dosso, 1993).

Ao redor do mundo, tanto em países ricos como pobres, há vários exemplos de solos que têm sido seriamente modificados através de fenômenos de erosão, compactação, salinização e poluição. Nesse sentido, segundo o historiador Celso Furtado (1974), a agricultura brasileira tem sido um processo contínuo de destruição dos solos. O modelo de desenvolvimento que caracteriza a nossa civilização nos dois últimos séculos conduz irremediavelmente à situação de degradação ambiental atual nas nossas cidades. (Jacobi, 2000). E atualmente está em níveis maciços por estar regulada pelo mercado. Toda a agricultura importante no mundo é mais ou menos subsidiada ou tem preços administrados, pois a questão está relacionada com a segurança alimentar. Os excedentes agrícolas é que são regulados pelo mercado são.O resultado dessa intervenção relaciona-se também com a crise de desnutrição, fome, migração e conflitos ao redor das terras. E os direitos das futuras gerações são negligenciados.

2.2 Processos de formação de voçorocas

Dentre os processos de degradação do solo, o mais importante e de maior ocorrência na Bacia Hidrográfica Alto Rio Grande é a erosão hídrica, cujos estágios finais denominam-se voçorocas.

São vales de erosão onde a remoção de material é tão rápida que não permite o desenvolvimento da

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vegetação (Fiori & Soares, 1976). As voçorocas começam por qualquer pequena depressão do terreno, para onde afluem as águas da enxurrada que, em função de seu volume e velocidade, possuem grande força erosiva.

A distinção entre voçorocas e ravinas é feita pelo tamanho e, de uma forma empírica, considera-se que a voçoroca é um sulco de tal tamanho que impede o cultivo e ou o uso do solo para qualquer finalidade e não pode ser eliminado por meio de práticas normais de manejo. A voçoroca é a expressão mais flagrante da erosão, gerando grandes prejuízos devido à perda tanto de solos quanto de investimentos públicos em obras de infra-estrutura (DAEE/IPT, 1989).

De modo geral, é difícil estabelecer, com certo rigor, o início do fenômeno. Desde o impacto inicial, causado pelo desmatamento, há uma ruptura no equilíbrio natural do solo. A erosão natural, própria da evolução da paisagem, dá lugar à erosão acelerada, resposta incontinenti de um meio em busca de nova condição de estabilidade, originando assim as voçorocas (Stein, 1995). As voçorocas têm sempre início em zonas desprotegidas de vegetação, onde a própria falta de cobertura vegetal produz encrostameto da camada superficial do solo e depois um trincamento superficial (Bjornberg, 1978). A susceptibilidade do solo ao voçorocamento está intimamente ligada à diminuição de espessura do "solum" no terço inferior da encosta, onde a erosão é mais intensa e o horizonte C menos coeso e com maior erodibilidade, é rapidamente atingido (Parzanese, 1991). Em seguida, as paredes, que expõem o horizonte C, recuam encosta acima por solapamento e se ramificam devido à concentração digitalizada da drenagem superficial. A intensidade com que a erosão progride depende da resistência do material que constitui o solo e da força da água, portanto, da sua vazão e das condições topográficas e do nível de base local. O aprofundamento é acelerado pela ação de canais subsuperficiais verticais, que levam para galerias horizontais e que podem aprofundar a voçoroca em vários metros a cada estação chuvosa. Bigarella et al. (1985) observaram que, no caso de haver surgência de água no interior da voçoroca, origina-se, nas proximidades do sopé do talude, uma região onde o material encharcado é incoerente e facilmente removido, provocando o desabamento da encosta e ocasionando a evolução acelerada da voçoroca.

Fiori & Soares (1976) reconhecem quatro estádios de desenvolvimento das voçorocas: no primeiro, o processo se inicia pelo aparecimento de sulcos provocados pela concentração do escoamento difuso de água. Esses canais têm seção transversal em forma de V. No segundo estágio, sucessivo à intensa erosão vertical, se soma o solapamento das paredes com conseqüente aprofundamento, alongamento e alargamento da voçoroca. No terceiro, atinge o nível de base da encosta, o alargamento gera uma seção transversal em forma de U, sendo que as ramificações podem-se encontrar ainda no estágio anterior. A vegetação começa a se desenvolver no fundo do vale. No quarto estágio, atinge a condição senil, as ramificações apresentam as mesmas características do leito principal, e a vegetação está presente em toda área.

A voçoroca pode também ser condicionada por águas que se infiltram no solo, caminhando pelo perfil no sentido vertical até encontrar uma camada impermeável ou menos permeável onde se acumulam e se deslocam no sentido horizontal, provocando o arrastamento de partículas, deslizamentos e desmoronamentos. A voçoroca pode interceptar o lençol freático ou o nível da água de subsuperfície o que induz o aparecimento de surgências d'água (minação de água) no sopé do talude. Esse fluxo da água do fundo e das paredes da voçoroca pode ter uma continuidade para o interior do terreno, carreando material em profundidade e formando vazios no interior do solo, pois material encharcado é incoerente e facilmente removido. Tal processo é conhecido por erosão interna ou “piping”. Quando os vazios tornam-se significativos podem originar colapsos do terreno, com desabamentos e solapamentos que alargam ou criam novas ramificações na voçoroca, sendo muito comum ocorrerem grandes escorregamentos de terra. (Bigarella et al.,1985 e DAEE/IPT, 1989).

A intensidade com que à erosão progride depende da resistência do material que constitui o solo e da força da água, portanto, da sua vazão e das condições topográficas e do nível de base local (Pichler, 1953).

2.3 Prejuízos econômicos das perdas de solo

O solo constitui o recurso natural básico de uma nação. É um recurso renovável, se utilizado e conservado devidamente. Já o uso indevido tem na erosão uma das mais nefastas degradações. A voçoroca é a expressão mais flagrante da erosão, gerando grandes prejuízos, através da perda tanto de solos quanto de investimentos públicos em obras de infra-estrutura. Estima-se que haja atualmente no Estado de São Paulo cerca de 3.000 voçorocas. O custo das obras corretivas, tal como são hoje concebidas, necessárias à estabilização dessa grande área devastada, atingiria valores da ordem de 20 % do orçamento do Estado. Isso sem falar nos custos envolvidos pela necessidade de recompor áreas urbanas degradadas (DAEE/IPT, 1989). Nos nove municípios de atuação do Maria de Barro (Nazareno, Bom Sucesso, Ibituruna, São Tiago, Santo Antônio do Amparo, São João del Rei, Lavras, Barroso e Oliveira) diagnosticamos 1714 voçorocas que estão indisponibilizando mais de 2.700 hectares de terras. Até o final de 2010 teremos um panorama completo da degradação na Bacia do Alto Rio Grande composta por 33 municípios.

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A EMBRAPA Solos situada no Rio de Janeiro estima que os prejuízos com perdas de solo no Brasil chegam a R$4.000.000.000,00 por ano.

2.4 Perdas decorrentes de processos erosivos na região

Os principais solos da Sub-bacia Rio Grande são os Cambissolos, Latossolo Vermelho-Amarelo, Latossolo Vermelho-Escuro, afloramento de rochas, solos Litólicos, solos Hidromórficos, e outros tipos de solos e águas superficiais. Os solos dominantes são derivados de rochas pelíticas pobres, apresentando uma série de atributos de solos favoráveis ao processo erosivo (Giarola et al, 1997; Motta et al., 2001).

No município de Lavras, MG, Silva, A.M. et al. (2001) demonstraram a maior resistência do Latossolo Vermelho e a maior susceptibilidade do Cambissolo à erosão hídrica, estando em consonância com o relevo de ocorrência, os atributos e a capacidade de uso desses solos. Estimativas de perdas de solo por erosão na região indicam índices na ordem de 31 a 593 Ton/ha/ano dependendo da classe de solo e considerando ausência de cobertura vegetal e manejo inadequado do solo, superando em até 4000% os níveis de tolerância que variam de 1,7 a 13,4 Ton/há/ano (Giarola et al, 1997).

Segundo Santos (1998), a taxa de assoreamento na represa da Usina Hidrelétrica do Funil é de 0,1 m ano-1, sendo mantidas as taxas atuais de erosão e transporte de sedimentos. As vazões dos rios da Sub-Bacia do Alto Rio Grande, medidas nos anos de 1997 e 1998, são 20% inferiores às médias históricas devido a uma diminuição na abundância dos recursos hídricos.

Os problemas com erosão hídrica e redução da recarga natural de água estão causando prejuízos diretos em 84% das propriedades rurais da região, sendo que em 78% há ocorrências de voçorocas com nascentes (Carniel et al., 1994). A maior parte do uso atual das terras encontra-se em conflito com sua aptidão agrícola (Giarola, 1994) e classes de capacidade de uso da terra. Os prejuízos estão associados à população como um todo dos 64 municípios que compõem a Sub-Bacia, num total aproximado de 15.000 km2 e 750.000 habitantes (Marques et al., 2002). Isso se deve ao assoreamento de cursos hídricos, que compromete o abastecimento de água, os potenciais energéticos dos reservatórios de Itutinga/Camargos/Funil, os quais têm significativa participação no suprimento energético do sudeste brasileiro, e a qualidade da água para consumo humano nos mais diversos usos.

Além dos aspectos discutidos anteriormente, a erosão hídrica provoca enchentes, mortalidade de espécies da fauna e flora aquáticas, perda da biodiversidade terrestre, redução dos teores de matéria orgânica, redução das funções alimentares biológicas e dos filtros das coberturas pedológicas, diminuindo anualmente, sem esperança de retorno, dezenas de hectares de terra. As voçorocas ameaçam ainda obras viárias e construções adjacentes, colocando em risco a vida dos animais e expondo ao perigo vidas humanas. A decadência está associada ao empobrecimento, dos agricultores o que está provocando um aumento da migração intra-regional e rural-urbana, promovendo um desequilíbrio na relação solo/sociedade. (Carniel et al., 1994; Lahmar et al., 2001; Ferreira et al., 2002).

2.5 Erosão e uso do solo da região

Quanto à aptidão agrícola, os levantamentos realizados por Giarola (1994) e Motta et al. (2001) em partes do município de Nazareno revelam que, de modo geral, há uma subutilização das terras, limitada pelas condições sociais e econômicas.

Segundo Carniel et al. (1994), as seguintes características da colonização agro-pastoril estão contribuindo para a degradação da região: falta de assistência técnica (70% das propriedades rurais), utilização sucessiva de fogo no manejo das pastagens nativas (85%), não utilização de práticas de correção da acidez do solo (82%) e de análise de solo para manejo de sua fertilidade (86%), pouca utilização de práticas conservacionistas, como terraços (32%) e plantio em nível (14%), pouca utilização de rotação de culturas (16%), baixa cobertura vegetal com florestas nativas (7%), pouca prática de reflorestamento (28%) e baixa capacitação dos agricultores.

Entre as causas e conseqüências dos processos erosivos, citam-se: a complexidade dos processos de degradação da floresta, do solo e da água, fruto de sua exploração histórica como área de mineração e agropecuária extensiva; o conhecimento e o entendimento de conceitos básicos de conservação dos recursos naturais, como floresta, solo e água, pelas comunidades locais que, muitas vezes, são decodificados de modo diferente da realidade, criando um obstáculo na conscientização da magnitude do problema real que o cerca; solos com grande erodibilidade e má distribuição de chuvas com a presença de cinco meses de seca dificultam a manutenção da vegetação deixando o solo pouco protegido; a percepção do solo apenas como substrato, como fonte de matéria-prima de origem infinita; importação e uso de tecnologias prontas que não são adequadas para o ambiente do município; Êxodo rural e ocupação desordenada do território (Ferreira et al., 2002).

Estudos de diagnóstico e cadastramento dos processos de erosão hídrica de uma determinada região ou

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município que levam a discriminar os terrenos mais susceptíveis aos processos erosivos devem fornecer um registro completo do contexto em que se inserem esses processos, assim como fatores e agentes determinantes da erosão e da evolução, fornecendo propostas de controle, estabilização e recuperação (Stein, 1995).

No DVD Rom em anexo encontram-se os mapas de voçorocas e suas relações com estradas rurais, hidrografia, uso e ocupação do solo dos municípios de Nazareno, Bom Sucesso, Ibituruna, São João del Rei, São Tiago, Oliveira, Barroso e Lavras.

3- O PROCESO DE ESTABLIZAÇÃO NATURAL DE UMA VOÇOROCA

Objetivando desenvolver estudos de levantamento da vegetação que ocupa áreas erodidas na região de Cachoeira do Campo (MG), Farias (1992), constatou que o surgimento da vegetação nas voçorocas é favorecido graças ao abandono de atividades antrópicas. A vegetação apresenta-se condicionada à disponibilidade de água e oxigênio existentes no local, criando ambientes distintos. No local de baixada, há predominância de gramíneas e, onde a drenagem é melhor, a vegetação arbórea se estabelece. Na região de parede, em partes íngremes, mais especificamente nas partes superiores, o solo é praticamente exposto. A vegetação nesse local, quando existe, é comumente do gênero Gleichenia sp. O gênero Gleichenia sp, como a maioria das Pteridófitas, ou samambaias, apresenta rizomas, o que leva a uma excelente capacidade de multiplicação e crescimento vegetativo. As espécies desse gênero são comuns em encostas desnudas, sendo, portanto, excelentes estabilizadoras desses locais. O pequeno tamanho dos poros, aliado à sua grande quantidade, facilita seu alojamento nas micro-reentrâncias do solo do talude, aí resistindo ao arraste pelas águas e propiciando a germinação.

A diversidade de espécies no interior das voçorocas sugere um enriquecimento em nutrientes, dada à variabilidade e adaptabilidade delas. O ambiente torna-se mais dinâmico em comparação com o exterior da voçoroca, em razão de fornecer condições de constante ciclagem de nutrientes e possuir o fator água em disponibilidade satisfatória. Portanto, apesar do solo ser pobre em nutrientes, observa-se, nas voçorocas, considerável diversidade florística, em parte pela melhoria na disponibilidade de água, mas sem excesso em parte das baixadas. Onde há deficiência de oxigênio, reduz-se a diversidade (Farias, 1992). Na evolução das voçorocas até o restabelecimento de um equilíbrio dinâmico verificam-se uma sucessão vegetal que culmina com o estabelecimento de uma formação florestal, recobrindo, por inteiro, tais sítios (Farias, 1992). Dentre as principais conseqüências sociais se destacam as catástrofes, devido às quedas de barreira, gerando intranqüilidade das populações, a redução patrimonial pela desvalorização imobiliária, o desestímulo a novos investimentos na região afetada e o decréscimo da arrecadação.

3.1 Características das Voçorocas da Região

De modo geral as voçorocas da região além de causarem prejuízos para o pedoecossistema, oferecem riscos quanto à presença de obras de infra-estrutura e ocupação humana, pois situam-se em locais instáveis ambientalmente.

Apresentam ambientes internos e externos complexos e diversificados com características próprias que levam em consideração os seguintes fatores:

Os solos são muito variáveis, apresentando-se em camadas bem diferenciadas sendo que as encostas mostram uma variação de Latossolo Vermelho, Latossolo Vermelho Amarelo e Cambissolo à medida que se aproximam da parte baixa do relevo (terço inferior) das encostas em que estão inseridas as voçorocas. Nos perfis de solo manifestados nos taludes ao longo das encostas observa-se uma espessura do Sólum variando de cerca de 2,0 a 0,7 m de profundidade, diminuindo na parte inferior da encosta. Nesses taludes observam-se locais de coloração rósea variando do claro ao escuro passando em alguns locais por amarelo com pontuações brancas e na baixada apresentando em certos locais deposições do topo avermelhado com variações de rosa, cores acinzentadas escuras e claras. Sendo que as suas fertilidades naturais, de acordo com análises de solos, apresentam reservas muito limitadas de nutrientes e elevada acidez. Apresentam os seguintes tipos de erosão: pedestal, pináculo, desabamento, laminar, ravinamento, túnel e sulco.

Umidade: dependendo do ambiente, os solos variam de bem drenado na área de contribuição, sendo um ambiente seco até mal drenado nas baixadas úmidas, onde aflora o lençol freático e são parcialmente alagados os anos todo, possibilitando um fluxo contínuo e permanente de um corpo de água. A umidade nos taludes aumenta à medida que se aproxima da parte inferior, que se mantém úmida durante todo o ano. A insolação que incide sobre as voçorocas é tão variável quanto todos os outros aspectos, possuindo partes totalmente ensolaradas (topo geralmente) e partes que recebem sol apenas quando este está a pino. Esta variação é devido à direção geográfica dos taludes, à sua distribuição e disposição no relevo e aos contornos

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irregulares e dimensões das ramificações da voçoroca. A Presença de fauna é fundamental para avaliar o grau de sustentabilidade dos ecossistemas. Normalmente são encontrados os seguintes indícios dos animais: Insetos: formigas, besouros e cupins, aves: urubus, maritacas, passarinhos, tucanos ; mamíferos: tatus, ratos; répteis (muito poucos): cobras, lagartos.

3.2 Manejo das Voçorocas

Para efeito de manejo e planejamento, as voçorocas são divididas em 5 ambientes específicos com características próprias: Área de Contribuição, Taludes estáveis, Taludes instáveis, Áreas de deposição e Baixadas úmidas.

3.2.1. Área de Contribuição (Ac) Situa-se nas partes superiores das voçorocas, incluindo as bordas e corresponde a área de maior contribuição de águas causadoras de erosão. Caracteriza-se por possuir grandes comprimentos de rampas, declividade variando de 5 a 10% e estão sujeitas às ações antrópicas. Em áreas urbanas apresentam casas, ruas e estradas, que impermeabilizam o terreno pela pavimentação e edificação.

3.2.2. Taludes Estáveis (Te)

São caracterizados por constituírem paredes ramificadas de melhores drenagens, encostas com declividades menores que os taludes instáveis e não por não apresentarem sinais de deslizamentos recentes. Os quais acontecem apenas quando há um agente externo catalisador como uma chuva de grande intensidade. Apresentam uma grande variação da cobertura vegetal, dependendo do grau e do tempo de estabilidade, existindo desde uma vegetação rasteira, rala, com predominância da samambaia do gênero Gleichenia e solo exposto ao intemperismo, até uma vegetação mais densa e com presença de algumas árvores nativas, como barbatimão e quaresmeira. Nos locais mais estáveis e com o lençol freático mais profundo, apresentam uma vegetação mais densa e presença de espécies lenhosas como o barbatimão, formando ilhas de fertilidade. As partes inferiores das encostas são bastante úmidas durante o ano todo devido à proximidade desse lençol freático.

3.2.3. Taludes Instáveis (Ti)

São áreas caracterizadas por apresentarem paredes íngremes com declividades acima de 50% e de difícil acesso, oferecendo muitos riscos para os funcionários de campo e ainda por apresentarem sinais de deslizamento recente. As bordas superiores apresentam cobertura vegetal deficiente e de pequeno porte, não sendo suficiente para estruturar o solo e para diminuir o impacto erosivo das chuvas. Essas bordas têm rachaduras que facilitam o encharcamento desse solo e aumentam a instabilidade da mesma. O solo do perfil do talude apresenta coloração rósea, variando do claro ao escuro, passando em alguns locais por amarelo com pontuações brancas, constituindo-se basicamente pelo horizonte C ( saprolito) e presença de no máximo 70 cm de horizontes A e B. Normalmente, na parte inferior da encosta há surgência do lençol freático, que, favorecem a erosão interna, causando a instabilidade.A partir do momento em que houver uma diminuição do impacto erosivo das águas nas áreas de contribuição da voçoroca e uma racionalização das águas subterrâneas, iniciar-se-á o processo de estabilização nesses ecossistemas.

3.2.4. Áreas de Deposição (Ad)

São constituídas pelas partes inferiores dos taludes que apresentam acúmulo de materiais que escorrem das bordas superiores e dos próprios taludes. Apresentam declividades suaves e suas estabilidades dependem do grau de perturbação que ocorrem nos taludes. Quando há um certo grau de estabilidade, a vegetação predominante é rasteira e rala. O grau de umidade depende da aproximação do lençol freático, mas normalmente são ambientes úmidos durante o ano todo.

3.2.5. Baixadas Úmidas (Bu)

São áreas caracterizadas por possuírem declividades muito baixas e/ou zonas de depleção sujeitas ao alagamento

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pelo afloramento do lençol freático. A composição florística desses ambientes é pequena, predominando gramíneas – capim rabo de burro (Andropogon bicorne L.).A CEMIG e a UFLA conduzem pesquisas conjuntas buscando viabilizar espécies adaptadas a essas condições em áreas de depleção, do reservatório de Camargos em Itutinga (MG). Aproveitando os conhecimentos adquiridos, o Projeto Voçorocas está adequando algumas espécies para as condições das voçorocas visando incrementar a cobertura vegetal desses ambientes e acelerar o processo de sucessão natural.

4. COMO ESTABILIZAR UMA VOÇOROCA

O processo de formação de voçorocas e a sua caracterização já são bem compreendidos e descritos na literatura científica. Mas há uma carência em metodologias e técnicas de controle e estabilização do processo, principalmente para as voçorocas grandes, acima de 4,0 ha, nas quais a complexidade e diversidade são muito grandes em relação aos fatores bióticos, abióticos e antrópicos. (Ferreira et. al, 2003). Segundo Carrijo & Baccaro (2000) e DAEE/IPT (1989), é importante lembrar que devido às alterações dinâmicas que ocorrem nas voçorocas os projetos precisam ser flexíveis para que as ações possam ser constantemente adaptadas às condições locais no momento da sua implantação. A implantação pode mostrar a necessidade de pequenos ajustes, adaptações e complementações que se tornam evidentes com as operações de construções. Tais possibilidades, longe de serem um imprevisto, devem ser avaliadas antes da implementação das obras, realizando-se investigações de campo necessárias. Deve-se ainda considerar que cada voçoroca é um caso à parte, daí a dificuldade de generalização de soluções.

Dessa forma, o Maria de Barro adota como princípio a construção de metodologias que sejam mais simples possíveis e menos onerosas de modo que possam ser adaptadas em outras voçorocas e regiões, buscando soluções que sejam eficientes e justifiquem o investimento público. Assim, vale-se de uma ampla gama de alternativas de tratamentos, respeitando as características intrínsecas, o tempo pretendido de vida útil de correção e o destino urbanístico público a ser dado para a área.

Um plano de controle de erosão não deve ser abordado de forma isolada, mas como um conjunto de medidas para a estabilização de toda a bacia de contribuição.

O estabelecimento de bases técnicas adequadas para a ocupação, é de fundamental importância para que o uso e ocupação não determinem novos processos erosivos.

O planejamento do sistema de drenagem deve ser elaborado a partir de critérios bem estabelecidos, apoiado em regulamentos adequados e que atenda as peculiaridades locais: físicas, econômicas e sociais, bem como os diversos fatores intervenientes.

Outro aspecto que merece destaque é a conservação do sistema de drenagem, tão importante quanto a implantação da obra.

Também são necessárias a adoção de medidas preventivas por meio de planejamento adequado para a ocupação de áreas, não se aprovando empreendimentos em áreas com alta suscetibilidade à erosão, sem que, nos projetos, constem medidas de controle de erosão na forma de obras de drenagem e técnicas de bioengenharia, principalmente nas ruas perpendiculares às curvas de nível e nas cabeceiras de drenagem de primeira ordem.

Em relação às medidas corretivas, as obras de controle e estabilização de voçorocas constituem nas práticas mais viáveis economicamente e os resultados são alcançados em médio prazo, aproveitando-se das dinâmicas ecológicas do ecossistema em questão.

Por controle e estabilização de voçorocas entende-se a contenção da área degradada, impedindo seu avanço e propiciando as condições necessárias para a vegetação se estabelecer (Bertoni & Lombardi, 1999). Pelo fato de ser tecnicamente e, ou, economicamente inviável o entulhamento ou aterramento de uma voçoroca de grande porte, segundo Galeti (1973), recomenda-se a sua recuperação através de estabilização. Para isso os seguintes aspectos devem ser considerados em um projeto de contenção de voçorocas: disciplinamento das águas superficiais e subsuperficiais, estabilização dos taludes e reabilitação do ecossistema florestal. A partir do momento que faz-se o cercamento para proteção da voçoroca contra gado e queimadas, controle e disciplinamento das águas já se começa um processo de estabilização natural. Neste contexto, as ações desenvolvidas visando estes aspectos são: Proteção da Área; Controle da água; Estruturas de contenção de encostas; Manejo da vegetação; e divulgação das técnicas e metodologias conservacionistas desenvolvidas.

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No DVD Rom em anexo encontram-se fotos explicativas do passo a passo para implementação das diversas práticas mencionadas abaixo: 4.1 A implantação de modelos demonstrativos de recuperação de voçorocas

Foram beneficiadas diretamente pelo Projeto 06 Núcleos Difusores Comunitários que contaram com áreas demonstrativas de controle e estabilização de voçorocas utilizando técnicas acessíveis aos agricultores familiares da região de modo que as ações possam ser ampliadas e viabilizadas para outras voçorocas. Os diagnósticos realizados poderão servir de base para um planejamento estratégico municipal e para o plano diretor de bacia hidrográfica de modo que definam voçorocas prioritárias para desenvolvimento de ações de combate. Os mapas desses diagnósticos encontram-se no DVD Rom em anexo. Foram estabilizados 35,0 ha de voçorocas nos Núcleos Difusores, sendo que estas oferecem riscos e impactos de interesse público e estão localizadas em áreas públicas, não constituindo passivo ambiental devido ao mau uso do solo. São necessariamente ser caracterizadas como passivo ambiental herdado, como são os casos das voçorocas originadas com a mineração do ouro do século XVIII, ou provenientes de valos limítrofes das fazendas antigas, ou então decorrentes de estradas antigas de carro de boi.

4.2 Características dos manejos adotados

4.2.1. Proteção da área

As áreas de atuação no entorno das voçorocas foram isoladas através de cercamento para diminuir o trânsito de animais, pessoas e veículos, de modo a evitar acidentes e proteger os trabalhos realizados nas vizinhanças e dentro da voçoroca. O isolamento mantém os processos de regeneração natural das vegetações pré-existentes, além de diminuir os riscos relacionados aos fatores de degradação como fogo e ações antrópicas (corte de madeira, queimada, deposição de lixo e outros). Segundo Brandão (1985), quando a perturbação cessa ou reduz, espécies nativas são capazes de colonizar áreas descontínuas nesses ambientes, permitindo também o retorno da fauna adaptada ao gradiente vegetacional, contribuindo assim para a auto-sustentabilidade e recuperação do ambiente.

O cercamento foi realizado de forma convencional com mourões de eucalipto tratado e 3 fios de arame farpado nos locais de risco e impactos maiores, com aceiro nas áreas críticas sujeitas às queimadas numa faixa de 3 metros.

4.2.2. Controle da água

Consiste em interceptar as águas de origens pluviais superficiais e subsuperficiais que causam impacto nas voçorocas, diminuindo seu poder erosivo. As águas superficiais provenientes de chuva que escorrem pelas áreas de contribuição foram captadas e conduzidas desde a cabeceira até um local adequado para a descarga (bacias de captação de água e bocas das voçorocas), de modo que as energias das enxurradas serão dissipadas. Consistem de canais ou tubulações dimensionados a partir da vazão de águas pluviais aduzidas para os interiores das voçorocas. As obras realizadas foram as seguintes:

. Obras de captação de água das bordas laterais e de cabeceira através de bocas de lobo e de desvio (valetas ou murunduns e canais de escoamento), de modo a evitar o lançamento direto destas águas nas paredes internas da voçoroca, assegurando a condução das águas até pontos de lançamentos mais estáveis.

Foram viabilizados valetas e/ou canais de escoamento ao redor dos pontos críticos do perímetro de contribuição das voçorocas. Foram construídos escavados no terreno e protegido com cobertura vegetal de acordo com a conveniência e necessidade. Para conduzir as águas das chuvas que caem no interior da voçorocas foram implantadas canaletas de sacos de ráfia preenchidos com solo e cimento e assentados no terreno em forma de “V”.

. Construção de bacias circulares de captação de água A construção e o dimensionamento de bacias de captação de água obedece a uma técnica própria em função da área de contribuição, dos índices pluviométricos máximos da região, da declividade, do solo e do fluxo de água subterrânea e seus impactos sobre as voçorocas. Seguem a metodologia desenvolvida pelo Projeto

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Barraginhas da EMBRAPA Sete Lagoas, MG. De modo que as águas das chuvas possam ser armazenadas e conduzidas subterraneamente por infiltração e drenagem para locais seguros, possibilitando o abastecimento do lençol freático e aumentando o potencial de recarga dos mananciais, sem potencializar a erosão interna.

. Condução das águas sub-superficiais nas áreas de drenagem das voçorocas. O tratamento convencional é feito com a aplicação de drenos dimensionados e enterrados, visando impedir

o arraste de solo pelo processo de “piping” nas áreas de contribuição das voçorocas. Assim foi utilizado o dreno de bambu que consiste no entrelaçamento de bambus amarrados em feixes, assentados em vala.

4.2.3. Estruturas de contenção de encostas

Os procedimentos anteriores de disciplinamento das águas superficiais e subsuperficiais têm como resultado principal a própria estabilização parcial da voçoroca. Para acelerar e complementar esse processo, obras de proteção dos taludes foram executadas através de serviços de retaludamento através da conformação das bordas e cortes de acordo com a necessidade de cada talude.

Os retaludamentos foram realizados apenas em áreas críticas que ofereçam riscos e com grande instabilidade, de acordo com a necessidade e características locais. A movimentação desnecessária de terra será evitada No caso de volumes menores ou em áreas de acesso difícil no interior da voçoroca ou que já estejam em processo avançado de recuperação em que o maquinário causa um grande impacto, foram utilizados os acertos manuais do terreno.

A seguir, associado à revegetação dos taludes, foram construídas pequenas obras de barragens ou diques no interior das voçorocas, com o objetivo de dissipar a energia da água e reter os sedimentos transportados, que promovem o assoreamento. (Moreira, 1997). Foram efetivadas paliçadas que são barreiras em forma de pequenos diques dispostas transversalmente ao sentido do comprimento da voçoroca.

Como no fundo das voçorocas existem surgências do lençol freático torna-se necessário estabelecer paliçadas. Terão por objetivos elevar o nível do lençol freático e reduzir o comprimento e a declividade da rampa, diminuindo a energia cinética da água (Moreira,1997). Podem ser construídas de troncos de árvores cravados no chão ( mourões de eucalipto tratado) ou estacas de bambu gigante ( Dendrocalanus sp.) de 2,0 m de comprimento que brotarão e construirão uma barreira viva. Podem também ser viabilizadas a partir de sacos de ráfia empilhados a uma altura de 0,5 a 1,0 metro e preenchidos com terra do local acompanhada de sementes de adubos verdes (milheto e feijão de porco), adubo (150 gramas de NPK / saco) e estacas de bambu deitadas que poderão germinar. As paliçadas foram implantadas nos locais críticos de instabilidade nos taludes e áreas de deposição de modo a formarem uma barreira aos deslizamentos de terra e à água. 4.2.4. Manejo da vegetação

De acordo com Bertoni e Lombardi Neto (1999), a cobertura vegetal é a defesa natural de um terreno contra a erosão através dos seguintes benefícios: a) proteção direta contra o impacto das gotas de chuva; b) dispersão da água, interceptando-a e evaporando-a antes de atingir o solo; c) decomposição das raízes das plantas que, formando canalículos no solo, aumentam a infiltração de água; d) melhoramento da estrutura do solo pela adição de matéria orgânica, aumentando assim sua capacidade de retenção de água; e) diminuição da velocidade de escoamento da enxurrada pelo aumento do atrito na superfície.

Segundo Farias (1992) a importância da revegetação em voçorocas está na captação e transformação de energia, que manterá toda a cadeia trófica, gerando sítios ecológicos associados aos fatores ambientais e melhorando também o seu impacto visual. Objetiva também atrair dispersores como pássaros, insetos e outros animais de pequeno porte que são importantes para promover a auto-sustentabilidade de ecossistema.

Para o controle do processo erosivo, é importante a presença de espécies vegetais com capacidade de estabelecimento em locais de condições adversas, já que sua existência e vigor dependem da disponibilidade de nutrientes e umidade do solo, fatores que se acham em níveis insuficientes em áreas erodidas ( Stocking, 1982). No processo de sucessão ecológica as espécies de pequeno porte tendem a ser substituídas por outras de porte arbóreo, que tornam esse ambientes mais estáveis (Salas, 1987). Esse processo vai evoluindo, passando por várias etapas até atingir o que se denomina clímax, fase que coincide com a estabilização da voçoroca.

Devido a estes aspectos, torna-se importante o estudo de espécies vegetais, com capacidade de estabelecimento em condições adversas, para a estabilização do processo erosivo. Portanto, o Projeto Voçorocas

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possibilitou numa primeira etapa avaliar o comportamento de diversas espécies vegetais com maior ou menor potencial em cobrir o solo e reciclar nutrientes, na região de Nazareno (MG), visando subsidiar projetos e pesquisas científicas, conforme as listadas na tabela 1 no DVD Rom em anexo.

O manejo da vegetação deu-se através das seguintes formas: Manejo da vegetação remanescente com enriquecimento de espécies com mudas; Manejo do banco de sementes pelo adensamento e enriquecimento de espécies com sementes e transferência de banco alóctone; Manejo de dispersores pela implantação de mudas pioneiras e tardias para atração desses dispersores de sementes.

. A revegetação com espécies nativas

A revegetação natural possivelmente é o processo mais eficiente e menos oneroso no controle e estabilização das voçorocas de Nazareno e região.

A estratégia de ação dá-se tentando imitar o que ocorre na dinâmica da revegetação natural, ou seja, pela observação das ocorrências das espécies nos diferentes ambientes tentar-se-á acelerar o processo de repovoamento e estabilização. A condição básica para eficiência desse processo é a fonte de sementes, pois muitas vezes a regeneração falha por falta de matrizes produtoras de sementes. E está de acordo com Davide (1994) o qual sugere que a escolha de espécies para utilização em recuperação de áreas degradas deva ter como ponto de partida estudos de composição florística de matas remanescentes, utilizando prioritariamente em uma primeira fase as espécies pioneiras e secundárias na sucessão ecológica.

Plano de execução adotado:

. Época de Plantio: ano inteiro, na época da seca planta-se nas partes mais úmidas das voçorocas.

. Preparo do solo: Nos locais desnudos, o coveamento será realizado manual e diretamente.

Em alguns locais específicos estáveis com vegetação nas voçorocas são implantadas mudas de espécies florestais visando ampliar a diversidade vegetal, acelerar o processo de sucessão vegetal, incrementar o nível de fertilidade do solo, melhorando as suas condições físicas e biológicas. Nessas condições há necessidade de uma roçada manual seletiva, planejada e localizada de samambaias “Gleichenia” nos locais de coveamento de modo a diminuir a competição por luz e água. A vegetação roçada fornecerá uma cobertura morta que será disponibilizada ao redor das mudas a serem plantadas em covas, protegendo o solo. Não há supressão de outras espécies vegetais com o roçamento de modo a não comprometer o processo de sucessão ecológica natural. Cabe ressaltar que essa prática foi implantada no Projeto Voçorocas e está dando resultados positivos, melhorando as condições ambientais.

. Alinhamento e marcação das covas: de acordo com as características de cada ambiente serão realizadas as covas em espaçamento mínimo de 1 x 1 m sem uma padronização.. Abertura manual das covas: Tamanho: 0,30 x 0,30 x 0,30m. . Adubação de plantio nas covas: Realizada de acordo com resultados de análises laboratoriais edáficas e pedológicas dos solos procurando caracterizar a granulometria e a fertilidade dos mesmos. As espécies e os tipos de ambientes também são levados em consideração. A adubação orgânica será enfatizada pois apresentou resultados mais consistentes e viáveis no Projeto voçorocas, numa média de 20,0 litros de composto rgânico por cova de plantio.. Adubação de cobertura será aplicada de acordo com a necessidade utilizando-se como base 10 litros de esterco bovino, mas as análises de solo serão avaliadas... Distribuição de mudas seguirão a proporção: 67% de espécies pioneiras, 22% secundárias iniciais, 11% secundárias tardias. (Rodrigues,1996).. Espécies a serem plantadas: De acordo com a disponibilidade de mudas e sementes, serão utilizadas as espécies que mais se adaptaram no Projeto Voçorocas (tabela 01 em anexo) e as que estão sendo estudadas e viabilizadas pela UFLA e CEMIG para a região.. Plantio será manual devido a grande dificuldade de acesso e locomoção, ao terreno acidentado e escorregadio com riscos de acidentes. Necessidade de equipamentos de proteção individual para os funcionários de campo.. Durante os 3 primeiros meses após os plantios são realizados diagnósticos e acompanhamentos do nível de estabelecimento inicial das mudas. Há replantio das mudas que não se adaptarem, com uma tolerância de perda de 30%.. Plantio de adubos verdes são semeados em consórcio com as mudas tolerantes ao sombreamento. São distribuídos em forma quadrangular na região de coroamento das mudas com as mesmas no centro e espaçamento de 50cm.

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. Coroamento, podas de adubos verdes e manutenções manuais são realizados quando necessários.

. Controle de pragas e doenças é realizado de forma menos agressiva através de controle natural, sem o uso intensivo de agrotóxicos por causa da presença de crianças nos mutirões de plantios e atividades afins.. Os plantios são realizados em todos os ambientes específicos caracterizados: Área de Contribuição (borda da voçoroca), Taludes estáveis, Taludes instáveis, Áreas de deposição e Baixadas úmidas.. A cobertura vegetal também deve ser aplicada em todas as obras de terra, visando o aumento da estabilidade e proteção do solo.. Ocorrem mutirões envolvendo e mobilizando as comunidades. Os mutirões também têm uma finalidade educativa, sensibilizando sobre a importância de resolver o problema, em virtude da atenção despertada pelo volume e extensão dos serviços a serem executados, além de reduzir os custos. Acontecem apenas nas áreas de menores riscos e de fácil acesso. São planejados com número limitado de pessoas de modo a evitar riscos sobre o processo de estabilização das voçorocas e práticas implantadas.. Utilização de mudas nativas provenientes dos viveiros disponibilizados em Nazareno, da CEMIG em Itutinga e do IEF em São João Del Rei, como suporte.. Utilização das mudas nativas produzidas de forma educativa e comunitária nos viveiros dos Núcleos Comunitários que são incentivados e apoiados.. Utilização de sementes coletadas, gramíneas nativas e adubos verdes.. Utilização da metodologia desenvolvida pelo Projeto Controle e Estabilização de Voçorocas ( Convênio, 45/2000, com FNMA).

Manejo da Cobertura Vegetal na Área de Contribuição Nas bordas da voçoroca, já no nível normal do terreno, foi realizado o plantio de uma faixa de 5 metros em torno do seu perímetro com árvores, espécies arbustivas perenes e adubos verdes (gramíneas e leguminosas) para aumentar a estabilidade e acelerar sua estabilização natural. O manejo do Projeto nessas áreas potencializa a regeneração natural do cerrado sem necessidade de revolvimento intensivo do solo, a não ser nos locais de execução dos retaludamentos mecânicos. Possui a finalidade de diminuir o escorrimento de água superficial e fornecer uma cobertura para o solo, protegendo-o e adubando-o. Dessa forma o manejo adotado pretende possibilitar um uso sustentável dessas áreas pela incorporação de técnicas de agrofloresta. A qual baseia-se em consórcios densos de espécies cultivadas, plantas adubadoras e espécies nativas, manejadas com capinas seletivas e podas de modo a contribuir para a evolução da sucessão ecológica natural das espécies e aumentar a biodiversidade. A produção de sementes de adubação verde poderá vir a ser uma fonte de recursos financeiros visando a geração de renda para a agricultura familiar e potencializando a sustentabilidade do projeto, através do plantio racional em áreas de contribuição de voçorocas, de modo que não comprometa suas estabilizações.

Plantio de Cerca Viva

Formas de manejo alternativas para os taludes com declividade suave ou regularizado que podem ser adotados de acordo com a disponibilidade de materiais e recursos existentes em cada um dos Núcleos Difusores como contrapartida: . Plantio de mudas disponibilizadas em matrizeiros locais de espécies de grande porte e de crescimento rápido como o bambu (Phyllosatachys sp.), com o objetivo de constituir uma barragem que dissipe a energia da água e retenha os sedimentos transportados. O espaçamento de plantio poderá ser adensado e mínimo. . Utilização de hastes ou estolões nos sulcos, associados com sementes ou placas contendo gramínea e leguminosa, transplantada de viveiro ou outro local de extração, para o local de implantação, promovendo a cobertura imediata do solo. Sua fixação no solo foi realizada por estacas . Utilização de uma cobertura vegetal morta constituída de serragem de madeira, palha de arroz e outras palhadas vegetais na razão de 3 toneladas . Utilização de um substrato nutritivo, armazenado em sacos de ráfia, para bloquear a passagem da água. Em volta destes sacos são semeadas espécies rústicas de gramíneas, semente de árvores, leguminosas, que por difusão dos nutrientes dos sacos de ráfia são beneficiadas e têm seu desenvolvimento acelerado, formando barreiras naturais estáveis, diminuindo a energia da água.

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4.3 Estratégias de conservação e manutenção das obras e vegetações

A conservação das obras isoladamente e em seu conjunto pede inspeções técnicas periódicas e, por vezes, monitoramento específico, para avaliar a eficiência de drenos. Como os colapsos de estrutura, em sua maioria, têm origem em causas que se somam e multiplicam seus efeitos destruidores, as manifestações iniciais de quaisquer destas causas permitem intervenções corretivas que previnem desdobramentos.

Assim, desde a evidente necessidade de limpeza e desobstrução de canais, remoção ou conformação de massas de solo escorregadas, reconstrução parcial de partes destruídas, o surgimento de trincas em canais revestidos e tubulações, pedem reparos, desde o rejuntamento, para impedir infiltração, até eventual reforço e preenchimento de vazios na fundação. Solapamentos na base podem necessitar da pronta instalação de drenos, que impeçam a erosão interna.

A natureza dessas obras de conservação inclui operações simples, possíveis de serem executadas por técnicos e mão-de-obra locais que foram capacitados na execução deste Projeto, e portanto de custo reduzido viável ao orçamento municipal e cuja adoção como prática rotineira prolongará a vida útil das obras e consolidará a participação e zelo da população local. (DAEE / IPT, 1989).Nos três primeiros anos de implantação das mudas, de acordo com a necessidade, foram adotadas técnicas de limpeza e coroamento das plantas; realização de podas de condução e de formação de copas; tutoramento das plantas; aceiros permanentes das áreas; controle de pragas e doenças; substituição e replantio de mudas e outras ações necessárias.

5. Resultados

Para compreensão das necessidades e realidades são realizadas pesquisações, pois acreditamos que a inserção das comunidades nas pesquisas é o caminho para intervenção e mudança. Assim, os conhecimentos relacionados com a dimensão da degradação pelas boçorocas, origens, causas, evolução espacial e relações com os fatores geológicos e sistemas agrários foram estudados através das seguintes pesquisas científicas:. Realização do diagnóstico agrário do município de Nazareno através das monografias: PIRAT, Madeleine. Da Corrida do Ouro até o Êxodo Rural. Qual é o futuro das atividades agrícolas numa região de forte degradação do solo? 2006. 131p. Centre National d'études Agronomiques des Régions Chaudes da Universidade Agropolis- Montpellier- França. . ANDRADE, Juliana Márcia & ALVES, Rizia de Lima e Silva. Estudo das ações de educação ambiental dos Projetos do Programa Nazareno Verde aos Projetos do Centro Regional Integrado de Desenvolvimento Sustentável (CRIDES) no município de Nazareno, MG. 2007. 103p. Monografia de final do curso de pós Graduação Lato Sensu em Gestão Ambiental. Universidade Estadual de Goiás, Formosa, GO.

Quatro pesquisas em nível de mestrado, sendo as duas primeiras realizadas pela equipe técnica do Projeto com parte dos recursos provenientes do BNDES:. FERREIRA, Vinicius Martins. Voçorocas no município de Nazareno, MG: Origem, uso da Terra e atributos do solo. 2005. 81p. Dissertação (Mestrado Conservação dos Solos e da Água)- Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.. FERREIRA, Rogério Resende Martins. Atributos Físicos e Socioeconômicos em Cambissolo sob Sistema de Pastagem Extensiva em Nazareno, MG. 2005. 141p. Dissertação (Mestrado em Manejo Sustentável do Solo). Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR.GOULART, Rodrigo Martins. Atributos do solo e comportamento de espécies florestais em processo de estabilização de voçorocas. 2005. 91p. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais)- Universidade Federal de LavrasHORTA, Ivana de Marco Fonseca. Levantamento dos solos e ocupação da superfície do município de Nazareno, MG. 2006. 74p. Dissertação. (Mestrado)- Universidade Federal de Lavras, MG.

Duas pesquisas em nível de doutorado, sendo a primeira realizada pela equipe técnica do Projeto com parte dos recursos provenientes do BNDES:FERREIRA, Rogério Resende Martins. Qualidade Física de Cambissolo sobre dois materiais de origem com pastagens extensivas. 2008. 106p. Tese (Doutorado em Agronomia). Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR.TOLEDO, Catarina Labouré Benfica. Evolução Geológica das rochas máficas e ultramáficas no greenstone belt Barbacena, Região de Nazareno, MG. 2002. 308p. Tese (Doutorado em Geociências). Universidade Estadual de Campinas, SP.

Na busca de soluções foram mapeados e diagnosticados com as comunidades locais dos municípios parceiros os seguintes dados da degradação: Bom Sucesso - 165 voçorocas ocupando uma área de 252 ha;

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Ibituruna - 24 voçorocas, em uma área 73 ha; Santo Antônio do Amparo - 230 voçorocas indisponibilizando uma área total de 422 ha; São Tiago - 318 voçorocas ocupando uma área de 423 ha; Lavras - 122 em uma área de 152 ha; Barroso - 22 voçorocas em uma área de 15 ha; Oliveira - 417 voçorocas em uma área de 452 ha; São João del Rei - 347 voçorocas em uma área de 595 ha e Nazareno com 69 voçorocas em uma área de 345 ha. No total foram mapeadas e identificadas 1714 voçorocas, que estão indisponibilizando cerca de 2.729 hectares de terras agricultáveis da região. Trata-se de um grande impacto regional, mostrando a urgência na realização de um planejamento de uso e ocupação do solo no contexto dos planos diretores municipais e das bacias hidrográficas.Nos últimos anos foi diagnosticado que não existe um plano governamental, em todas as esferas, específico para o recurso solo. As legislações específicas nacional, estadual e municipais que existem são antigas, não estão adaptadas às realidades locais atuais e não contemplam a questão da degradação do solo. A revisão e adequação dessas leis são objeto de intervenção do Projeto em parceria com os órgãos competentes em um médio prazo. Na área de atuação projeto não há um planejamento local do uso e ocupação do solo urbano e rural, o que será realizado através dos Planos Diretores Municipais e do Plano Diretor de Bacia Hidrográfica. Estão previstos de serem realizados em um médio prazo com participação das prefeituras municipais e dos comitês de Bacia Hidrográfica. Até o momento não se sabe quais os prejuízos socioeconômicos da degradação do recurso solo em termos das bacias hidrográficas da região. A implantação da Cobrança do Uso da Água definirá parâmetros para incluir a degradação do solo em suas variáveis de intervenção, de acordo com deliberação dos Comitês de Bacias Hidrográficas com atuação do Projeto. O Maria de Barro promoveu a estabilização de 35 hectares de voçorocas na região, sendo 15 hectares em Nazareno; 1,6 hectare em São João Del Rei; 6,6 hectares em Ibituruna; 7,2 hectares em São Tiago; 3 hectares em Santo Antônio do Amparo; e 1,63 hectare em Bonsucesso. Estas áreas estão sendo transformadas em parques ecológicos municipais para a realização de atividades de educação ambiental, pesquisas científicas e dias de campo para compartilhamento de informações técnicas.

Foram produzidas e plantadas mais de 200 mil mudas florestais. Promovemos a capacitação profissional de 200 agentes ambientais e beneficiamos diretamente cerca de 15 mil pessoas;

Em 2009 e 2010, os recursos não reembolsáveis do Projeto "Águas do Alto Rio Grande" pelo do Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais no valor de R$ 350 mil foram liberados e o projeto está em fase inicial. Apresenta como objetivo geral promover a consolidação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Rio Grande, fortalecendo o processo de mobilização social através do cadastramento participativo de usuários das águas, da implantação de um sistema de informações geográficas e da ampliação de uma rede de informações socioambientais, como instrumentos do processo de construção do desenvolvimento sustentável regional no contexto da política estadual de recursos hídricos. Esse projeto fortalecerá a parceria com Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), visando a implantação da cobrança de uso da água, o que garantirá a sustentabilidade permanente do CRIDES, a partir de 2011. Com esses recursos mapearemos as voçorocas em toda a bacia e teremos um panorama específico dos custos que a degradação está provocando com a manutenção de estradas rurais, desassoreamento de cursos d'água e prejuízos com enchentes, deslizamentos e impactos sobre construções civis.

Atualmente estamos elaborando um projeto para pagamento de serviços ambientais prestados por produtores rurais para promover a estabilização de voçorocas, proteção de nascentes e matas ciliares. Assim atenderemos a demanda de atuação em áreas privadas e assistência técnica ambiental.

De uma forma geral, basta ter interesse político, vontade de enfrentar a situação nas suas variáveis complexas e interdependentes, baseadas na corresponsabilidade e disponibilidade para captação de recursos e/ou direcionamento de recursos próprios.

Um ponto forte do Projeto Maria de Barro refere-se à experiência adquirida em enfrentar conflitos socioambientais que ficam latentes a partir do trabalho de recuperação de uma voçoroca urbana.

Uma voçoroca traz também à tona questões de saneamento básico, defesa civil de estruturas urbanas, expansão urbana, especulação imobiliária, uso e ocupação do solo, problemas de enchentes e a questão da existência de poucas unidades de conservação em áreas urbanas e rurais na região. Todas essas questões são conflitos potenciais quando interfere em interesses particulares difusos e sua importância não pode mais ser relegada a segundo plano.

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Nome Vulgar Nome Científico Ambientes *

ESPÉCIES ARBUSTIVAS E ARBÓREAS

Abacate Hyeronima alchorneoides C

Abacaxi Ananas bracteatus Ad

Acácia mangium Acácia mangium Ad / Bu / Te / Ti

Acerola Malpighia emarginata Ad

Ameixa Nespereira Erybotrya japónica C /Te

Amora Maclura tinctoria C

Angico amarelo Peltophorum dubium Ad / Te

Angico Vermelho Anadenanthera peregrina Te / Ad

Araçá aPsidium cattleianum C / Ad

Aroeira branca Lithraea melloides Ad

Aroeira do sertão Myracrodruon urundeuva Ad

Aroeirinha Schinus terebinthifolia C / Te / Ti / Bu

Ata Annona crassiflora Ad

Bambusa Dendrocalamus sp. Ad / Ti / Te

Bambu taquara Phyllostachys sp. Ad / Ti / Te

Caja Anacardium occidentale Te

Calabura Muntigia calebure Ad / Te

Candeia Eremanthus erythropappus C/ Te/Ti

Canela bertalha Cryptocarya aschersoniana C

Capixingui Croton floribundus Ad / Te

Castanha Maranhão Pachira aquatica Te / Ad

Cinamomo Melia azedarach C

Condessa Annona reticulata Ad

Copaíba Copaifera langsdorffi Ad / Te

Dedaleiro Lafoensia pacari Ad

Embaúba Cecropia pachystachya Ad

Eritrina Eritrina speciosa Ad / Te

Eucalipto Eucaliptus sp. C / Te /Ti

Favo Umbelo Dimorphandra mollis Ad / Te

Gameleira / Figueira Ficus guaranítica Te / Ad / Ti

Genipapo Genipa americana Ad / bu

Gliricídia Gliricidia sepium C / Te

Goiabeira Pisidium guajava Ad / Te / C

Gonçalo Alves Astronium fraxinifolium C

Graviola Rollinia mucosa Ad / Te / C

Guanandi Calephyllum brasiliensis Bu / Ad

Ingá Ingá uruguensis Bu / Ad

Ipê amarelo Tabebuia Alba Ad

Ipê roxo Tabebuia impetiginosa Ad

Jacarandá Mimoso Jacaranda mimospolia Ad / C

Jambolão Syzygium jambolanum Ad / Bu / Te

Jatobá Hymenaea courbaril Te

Jerivá Arecastrum romanzoffianum Ad /Te/ C

Leucena Leucana leucocephala Ad / Te / Ti

Manga Thyrsodium spruceanum Te

Maracujá Passiflora alata Te

Marianeira Vitex polygama C

Mutamba Cordia trichotoma Ad

Paineira Chorisia speciosa Ad

Pau Pereira Platycyamus regnellii C

Peito de Pombo Tapirira guaianensis Ad / Te

Peroba amarela Aspidosperma ramiflorum C

Peroba Rosa Aspidosperma cylindrocarpon Ad

Pitanga Eugenia uniflora Ad / Te / Bu

Piteira Fucraea gigantea Ad / Te / Ti / C

Pitomba Talisia esculenta C

Quaresmeira Tibouchina granulosa C / Te

Salís Salix humboldtiana Bu / Ad

Sansão do Campo Mimosa caesalpiniacea Ad / Te / Ti

Sebastiana Sebastiana sp. Bu / Ad

Sesbania Sesbania grandiflora Ad / Te

Sibipiruna Caesalpinia peltophopoides Ad / Te

Sombreiro Clitoria fairchildiana Ad

Tamboril Enterolobium contortisiliquum Ad

Trema Trema micrantha Ad / Ti + C

Triplares Triplaris indicum C

Tucaneira Cytharexyllum myrianthum Te

Uvaia Eugenia pyriformis C / Ad

ADUBOS VERDES

Andropogon Andropogon gayanus Ti / Te

Aveia Preta Avena strigosa C/Te/Ti/Ad

Braquiária Humidícola Brachiaria sp. Bu / Ad

Braquiária decimbens Brachiaria sp. Ad / Te / Ti / C

Crotalaria Crotalaria juncea Ad / Te / Ti / C

Capim gordura Melinis minutiflora C/Te/Ti/Ad

Feijão guandu Cajanus cajan Ad / Te / Ti / C

Feijão de porco Canavalia ensiformes Ad / Te / Ti / C

Gergilim Sesamum indicum C / Te

Girassol Helianthus anuus Ad / Te / C

Lab-lab Lablab purpureum Te / Ti / C

Milheto Pennisetum glaucum Ti / Te

Mucuna Preta Mucuna aterrima Te / Ti / C

Nabo forrageiro Raphanus sativus C/Te/Ti/Ad

Setaria Setaria anceps Bu / Ad

Siratro Macroptilium atropurpureum C / Ti / Te

Nome Vulgar Nome Científico Ambientes *

* Locais: C : Áreas de contribuição; Te: Taludes Estáveis; Ti : Taludes Instáveis; Ad: Áreas de deposição; Bu: Baixadas Úmidas.

Distribuição das espécies plantadas no Projeto Voçorocas em Nazareno, MG. Extraído de Ferreira et. al, (2003)

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MARIA DE BARROPraça Dr. Freitas Carvalho, 246. Centro. Nazareno, MG

Cep: 36370-000. Tel: (35) 3842 1407. Fax: (35) 3842 [email protected]

www.projetomariadebarro.org.br

Prefeituras Parceiras: Bom Sucesso - Ibituruna - Santo Antônio do Amparo - São João Del Rei - São Tiago

Apoio Financiadores

Ministério doMeio Ambiente

Ministério doDesenvolvimento, Indústria

e Comércio ExteriorPrefeitura Municipal de

Nazareno

Proponente

TEXTORogério Resende Martins Ferreira e

Vinicius Martins Ferreira

EDITORAÇÃO ELETRÔNICALuA Comunicação

TIRAGEM: 500 exemplaresIMPRESSÃO: Lua Comunicação

Projeto Tecendo a Rede Voçorocas www.projetomariadebarro.org.br

Tel: (35) 3842-1407

Apostila Técnica do Projeto Tecendo a Rede Voçorocas

APOSTILA TÉCNICA DE

ESTABILIZAÇÃO DE VOÇOROCAS

Voçoroca em Santo Antônio do Leite: Depois, em dezembro de 2008