Apostila Urinalise.2008

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    SUMRIO

    I-INTRODUO 2

    II-AMOSTRAS DE URINA 5

    III- MATERIAL E EQUIPAMENTOS 9

    IV-ANLISE 12

    V- CONTROLE DA QUALIDADE 50

    VI- AUTOMAO 57

    VII- GLOSSRIO 58

    VIII- CASOS CLNICOS 64

    IX- BIBLIOGRAFIA 67

    I - INTRODUO

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    HistricoA anlise da urina, uroanlise ou urinlise, o mais antigo teste laboratorial utilizado comfinalidade diagnstica, na prtica mdica. Relatos sobre a interpretao do exame de urina soencontrados em inscries, aproximadamente, de 4.000 a.C e em antigos textos hindus, osquais se referiam urina de diabticos, com sabor adocicado e que atraa os insetos. No sculo

    V, Hipcrates, mdico grego, foi o primeiro a afirmar que a urina se formava nos rins porfiltrao do sangue. Na idade mdia, grande nfase foi dada anlise das propriedades fsicasda urina e alguns testes qumicos j eram realizados. Nesta poca, os mdicos examinavam aurina em frascos especiais, e estes se tornaram o smbolo da medicina, durante um longo

    perodo histrico. Com a inveno do microscpio, os pesquisadores puderam estudar eavaliar os elementos do sedimento urinrio. Tcnicas para a quantificao do sedimentourinrio foram desenvolvidas por Thomas Addis, no incio do sculo XX, e no final do mesmosculo, surgiram os testes rpidos com tiras reagentes. Mais recentemente, a automao e aintroduo de novas tecnologias, tm permitido grande avano na padronizao e

    possibilidades de agilizar a urinlise de rotina nos laboratrios de mdio e grande porte.

    AplicaoA urinlise um dos exames laboratoriais mais solicitados devido a sua ampla aplicao naClnica Mdica. De acordo com o Comittee for Clinical Laboratory Standart (NCCLS), aurinlise indicada para:- auxiliar no diagnstico de uma doena;- triagem de uma populao quanto a doenas assintomticas, congnitas ou hereditrias;- monitorar a evoluo de doena;- monitorar a efetividade ou as complicaes de terapias.O estudo da urina inclui a utilizao de importantes indicadores para a avaliao do tratourinrio, da funo renal, de doenas metablicas, de doenas hemolticas e hepticas, alm de

    possibilitar a identificao de outras condies e patologias raras, como a mioglobinria e as

    porfirias.Anatomia renalOs rins so estruturas bilaterais que se situam um de cada lado da coluna vertebral, no espaoretroperitonial. No adulto, cada rim pesa aproximadamente 150g e mede aproximadamente 12cm de comprimento. As faces mediais dos rins so chanfradas, formando os hilos, por onde

    penetram a veia, a artria renal e os ureteres que transportam a urina, de cada rim para abexiga. O parnquima renal formado por duas zonas distintas uma exterior, a crtex, e outrainterior, a medula. A medula representada pelas pirmides, em nmero de 4 a 14, que soestruturas cnicas, cujos vrtices esto nos clices renais que drenam nas papilas. O crtexcontorna quase totalmente as pirmides e possui a regio entre as pirmides, denominada de

    colunas renais.A unidade funcional microscpica o nfron, ou microunidade funcional dos rins, e cada rimpossui cerca de 1 milho de nfrons. A primeira poro do nfron o glomrulo, constitudopor um plexo de capilares, coesos por clulas mesenquimais de sustentao, conectados porclulas pediculadas, os podcitos. A estrutura do glomrulo formada por uma evaginao dotbulo contornado proximal, a cpsula de Bowman, onde ocorre o processo de filtraoglomerular. Em continuidade cpsula de Bowman, encontra-se a primeira poro do tbulocontornado proximal. Segue-se a este os ramos descendente e ascendente da ala de Henle, emformato de U. O nfron distal composto pelo tbulo contornado distal e tbulo coletor,que terminam no pice das pirmides renais. Os glomrulos e os tbulos proximais e distaisesto situados no crtex renal e as alas de Henle e os tbulos coletores esto localizados na

    medula renal.As unidades funcionais do rim trabalham em paralelo e o trabalho final a somatria do querealiza cada unidade.

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    A circulao sangnea dos rins est intimamente relacionada com a sua funo. Cada rim irrigado pela artria renal que atinge o hilo e se ramifica para irrigar os segmentos renaisindividualizados. Ela se subdivide em ramos interlobares, interlobulares e arciformes. Ao longodas artrias interlobulares saem pequenas artrias, de curto trajeto, as arterolas aferentes, que,

    penetrando no glomrulo se dividem nos capilares intraglomerulares, os quais se unem para

    formar as arterolas eferentes, que saem do glomrulo. As arterolas eferentes dividem-se emcapilares, formando uma extensa rede que est em ntimo contato com os tbulos renais,chamados capilares peritubulares. Estes penetram na medula renal, com trajeto semelhante aosdas alas de Henle, e so denominados vasa reta. Aos capilares seguem-se as veias dos rinscom trajeto semelhante ao das artrias, e a reunio final destas veias forma a veia renal, quedeixa o rim e termina na veia cava.

    Fisiologia renal e formao da urinaOs rins desempenham importantes funes reguladoras e excretoras, tais como a manutenoda presso osmtica, que compreende a regulao de lquidos corporais, o equilbrioeletroltico e o equilbrio cido-base, bem como a excreo de metablitos e substncias

    txicas. Alm disso, exerce importante funo secretora, sintetizando renina, eritropoietina,prostaglandinas e calicrena.Os rins desempenham as suas funes sob a regulao de hormnios de sntese local, comorenina e prostaglandinas e de vrios hormnios extra-renais, como aldosterona, hormnioantidiurtico, catecolaminas e paratohormnio.

    No processo de formao da urina podem-se destacar quatro etapas principais que ocorrempor processos de filtrao, reabsoro e secreo, realizados pelos nfrons:

    1 etapa: a cada minuto, passa pelos rins aproximadamente 1.200 mL de sangue, o quecorresponde cerca de 20 a 25% do volume sangneo. Este o Fluxo Sangneo Renal (FSR)expresso em mL/min. Metade deste volume, cerca de 600 mL/min, corresponde ao Flux

    Plasmtico Renal (FRP), que processado e d origem ao filtrado glomerular, determinadopelo Ritmo de Filtrao Glomerular (RFG) que de aproximadamente, 120 mL/min. Nointerior do nfron a urina formada. Esta formao iniciada pelo processo de filtraoglomerular, fenmeno fsico passivo, sem gasto energtico, que se passa entre os capilaresglomerulares e a primeira poro do tbulo proximal. A formao anatmica do glomrulo

    permite a passagem seletiva de gua, eletrlitos e substncias de baixo peso molecular e aeficiente reteno de compostos de alto peso molecular (> 50.000).

    2 etapa: ocorre no tbulo proximal, por um processo ativo de reabsoro, para os capilaresperitubulares, de gua, eletrlitos (sdio e potssio) e nutrientes (glicose, peptdeos,aminocidos) e corpos cetnicos. Nesta etapa h tambm a secreo ativa de substncias

    txicas ao organismo (drogas, metais pesados e substncias txicas do metabolismo geral) doscapilares peritubulares, para o interior do tbulo proximal, o que permite a eliminao dessassubstncias pela urina.

    3 etapa: no ramo descendente da ala de Henle ocorre a hiperconcentrao inica do lquidointratubular. Este processo favorecido pelo formato anatmico em U da ala de Henle oque permite o mecanismo de contra corrente. Alm disto, essa parte da ala de Henle

    permevel gua e impermevel aos solutos, o que beneficia a reteno de solutos. Estefenmeno seguido por um processo de diluio do lquido intratubular que ocorre nos ramosascendentes, delgado e espesso, da ala de Henle, favorecido por haver reteno de gua nointerior do tbulo e reabsoro de eletrlitos, e tambm pelo efeito diluidor do mecanismo de

    contra-corrente nos ramos ascendentes da ala de Henle.

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    4 etapa: os tbulos contornado distal e coletor possuem receptores para os hormniosantidiurtico e aldosterona, que so responsveis pela concentrao relativa de gua e sdio naurina. Acoplado ao fenmeno de reabsoro de sdio, regulado pela aldosterona, ocorre ofenmeno de secreo de potssio e on hidrognio, que propicia o ajuste final do pH da urinaformada.No nfron distal (tbulos contornado distal e coletor) ocorre o processo de regulao

    final das concentraes de gua, sdio, potssio e on hidrognio, para ajustamento daosmolaridade e pH final da urina formada. Este processo conduzido pelos hormniosantidiurtico e aldosterona, ajustado s necessidades gerais do organismo e sofre controle davolemia e pela osmolaridade dos lquidos corporais.Em condies fisiolgicas, ao final destes processos renais, a partir de 1.200 mL/min desangue, so formados de 1 a 2 mL/min de urina que drenam para a bexiga atravs dos ureteres.

    Composio da urina e volume urinrioA urina uma mistura complexa constituda por, aproximadamente, 96% de gua e 4% desubstncias diversas (compostos inorgnicos e orgnicos) provenientes da alimentao e dometabolismo normal. A composio da urina varia de acordo com a dieta, o estado nutricional,

    a atividade fsica, o metabolismo orgnico, a funo endcrina, o estado geral do organismo eda funo renal.Os principais constituintes da urina so gua, uria, cido rico, creatinina, sdio, potssio,clcio, magnsio, fosfatos, sulfatos e amonaco. Em 24 horas, o organismo capaz de excretarcerca de 60g de material dissolvido, sendo a metade constituda de uria, nas seguintes

    propores:

    Constituintes inorgnicos:Cloretos 9 a 16gSdio 4gFsforo 2 a 2,5g

    Enxofre 0,7 a 3,5gClcio 0,1 a 0,2gMagnsio 0,05 a 0,2gIodo 50 a 250gArsnio < 50gChumbo < 50g

    Constituintes orgnicos:Nitrognio total 25 a 35g

    - Uria 25 a 30g- Creatinina 1,4g

    - Amnia 0,7g- cido rico 0,7g- Aminocidos 0,5g- Protenas 0,0 a 0,15g- Creatina 0,06 a 0,15g

    cido hiprico 0,1 a 1gcido oxlico 15 a 20mgCoproporfirinas 60 a 280gCorpos cetnicos 3 a 15mgBases purnicas 10mgcido ascrbico 15 a 50mg

    Acares 2 a 3mg/100mL de urina

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    Em um adulto normal o volume mdio dirio de urina excretada varia de 1.200 a 1500 mL,sendo a produo diurna maior que a noturna. Segundo alguns autores, este volume podevariar de 600 a 2000 mL/24 h. A poliria o volume aumentado de urina (> 2500 mL/24 h),detectado no diabetes insipidus e no diabetes mellitus. A oligria uma diminuio dovolume urinrio (< 500 mL/24 h), detectado nos estados de choque e na nefrite aguda. O

    termo anria significa a supresso completa da urina, ainda que no termo mais amplocorresponda a uma excreo menor que 100 mL/24 h.O volume urinrio excretado pelo organismo depende de vrios fatores: ingesto de fludos,

    perda de fludos, por fontes no renais, variaes na excreo do hormnio antidiurtico, enecessidade orgnica de excretar grandes quantidades de solutos, tais como glicose ou sais,especialmente o sdio.As alteraes do volume urinrio podem ser decorrentes de causas transitrias (volume delquidos ingeridos, edemas, diarria e vmitos, etc), causas permanentes (orgnica, metablicae hormonal) e de patologias renais e outras situaes.

    II - AMOSTRA DE URINA

    Tipos de amostraO laboratrio clnico pode receber diferentes tipos de urina dependendo da forma e horrio decoleta, tendo cada tipo de urina uma aplicao especfica nos procedimentos laboratoriais.Assim, pode-se citar, amostra aleatria (rotina e glicosria), urina com o paciente em jejum eno ps prandial (diabetes mellitus), primeiro jato da primeira urina da manh (urologia),segundo jato primeira urina da manh (rotina), urina coletada aps 4 horas de reteno(rotina), espcime com perodo determinado (urina de 24 h para dosagens urinrias), amostra

    para cultura microbiolgica (jato mdio ou por cateterizao), dentre outras.

    Coleta da amostra

    A coleta adequada de uma amostra de urina indispensvel para a obteno de resultadosconfiveis. de fundamental importncia que o paciente receba as instrues por escrito oupelo menos verbal sobre a maneira adequada de se proceder coleta da amostra de urina.Existem algumas regras bsicas que devem ser seguidas pelo laboratrio, tais como, fornecerao paciente os frascos descartveis apropriados (limpos, secos e a prova de vazamentos). Nocaso de crianas, devem ser utilizados coletores de plsticos com adesivos, que devem sertrocados a cada meia hora aps a abertura. O frasco de amostra deve ser etiquetado com onome do paciente, data e horrio da coleta e do recebimento da urina. Preferencialmente, aurina deve se colhida no laboratrio. Caso contrrio, a amostra coletada no domiclio deve serentregue o mais rpido possvel ao laboratrio e analisada no prazo mximo de 4 horas aps acoleta. A amostra que no puder ser analisada neste prazo deve ser refrigerada temperatura

    de 2C a 8C.

    Coleta da primeira urina da manh jato mdioA primeira urina da manh jato mdio o material de escolha para a realizao do exame derotina, exceto quando for necessria coleta com auxlio do coletor auto-aderente. A amostracoletada pelo paciente/cliente aps levantar do leito, desde que seja respeitado prazo mnimode reteno urinria de 2 h.

    Coleta feminina de jato mdio- antes de iniciar o procedimento, a paciente deve lavar as mos com gua e sabo;- instruir a paciente/cliente a fazer a higiene ntima;

    - lavar a regio vaginal, de frente para trs, com gua e sabo;- enxugar com toalha de pano limpa, de papel descartvel ou com uma gaze;

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    - com uma das mos, afastar os grandes lbios;- com a outra mo segurar o frasco de coleta destampado;- desprezar no vaso sanitrio o primeiro jato urinrio (colher, se for solicitada a coleta de

    primeiro jato);- sem interromper a mico, urinar diretamente no frasco de coleta;

    - desprezar o restante da urina existente na bexiga no vaso sanitrio;- fechar o frasco de coleta, identificar e enviar ao laboratrio o mais rpido possvel.

    Coleta masculina de jato mdio

    As seguintes orientaes devem ser fornecidas aos pacientes/clientes masculinos para a coletadomiciliar da amostra de urina:- antes de iniciar o procedimento, a paciente deve lavar bem as mos com gua e sabo;- instruir o paciente/cliente a puxar o prepcio de modo a expor o meato urinrio;- lavar a glande com gua e sabo;- enxugar, usando uma gaze esterilizada ou toalha limpa e seca, a partir da uretra;

    - com uma das mos, expor e manter retrado o prepcio;- com a outra mo, segurar o frasco de coleta destampado;- desprezar no vaso sanitrio o primeiro jato urinrio (colher, se solicitado a coleta de primeiro

    jato);- sem interromper a mico, urinar diretamente no frasco de coleta;- desprezar o restante da urina no vaso sanitrio;- fechar o frasco de coleta, identificar e enviar ao laboratrio o mais rpido possvel.

    Amostra de cateterAmostra colhida atravs de sonda vesical.

    Amostra suprapbicaAmostra coletada mediante aspirao da bexiga distendida, atravs da parede abdominal.

    Coleta de urina de 24 horasNo caso de exames quantitativos deve-se coletar a urina de 24 horas. Esta coletada daseguinte maneira: na manh anterior ao envio da amostra ao laboratrio, despreza-se a

    primeira mico. Colhem-se todas as mices posteriores, durante o dia e a noite, utilizando-sefrascos limpos e secos e mantendo-se o material sob refrigerao. A urina da primeira micodo dia em que esta for levada ao laboratrio pode ser colhida em frasco separado, caso sejasolicitado o exame de rotina.

    Coleta de amostra para estudo de dismorfismo eritrocitrioO estudo morfolgico das hemcias encontradas no sedimento o mtodo de escolha para adeteco de hematria glomerular. Para a realizao do exame, necessria a coleta dasegunda urina da manh, aps assepsia da regio genital e eliminao do primeiro jato. A urinano deve permanecer na bexiga por mais de 2 horas, e o exame deve ser executado at 2 horasaps a coleta da urina, para no ocorrer interferncia por alcalinizao, proliferao bacterianaou outros fatores que possam alterar a morfologia das hemcias. Alguns autores preconizam autilizao do jato mdio da primeira urina da manh, ou de qualquer outra hora, desde que serespeite estase vesical de 2-4 horas. A preferncia pela primeira urina da manh seria

    justificada pela maior acidez e concentrao da amostra, condies estas, que preservariammelhor os elementos celulares e demais componentes do sedimento. Forar a diurese por

    ingesto de lquido no aconselhado, pois as hemcias seriam facilmente lisadas em urinasdiludas. Evitar a prtica de exerccios fsicos intensos prvios coleta da amostra. Osprocedimentos de preparo da amostra e de lmina para a anlise microscpica esto descritos

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    na seo anlise microscpica. As hemcias so identificadas por microscopia de contraste defase, dispensando o uso de coloraes especiais, a qual necessria para a identificao deelementos translcidos que apresentam ndice de refrao semelhante ao da urina.Contagem: So contadas 100 hemcias, definindo-se como morfologia normal ou alterada.Determina-se, deste modo, a porcentagem de hemcias dismrficas.

    Valores de referncia e interpretao do resultado: existem controvrsias sobre os valores dereferncia e formas de liberao e interpretao do resultado. Com relao porcentagem dehemcias dismrficas que so indicativas de hematria glomerular, FASSET, RG et al.,consideram a presena de 80% de hemcias dismrficas como indicativo de hematriaglomerular; STAPLETON, FB (1987), considera 10% e TOMITA, M et al. (1992),consideram a presena de mais de 1%, como tendo 89% de sensibilidade e 95% deespecificidade para a definio de hematria glomerular. A tendncia de se considerar a

    presena de qualquer nmero de acantcitos e codcitos como indicativo de hematriaglomerular. A contagem feita no campo microscpico de 400x, aps centrifugao da urina,em pelo menos dois exames de urina distintos.

    Armazenagem da amostra de urinaO exame de urina rotina deve ser realizado no prazo mximo de 4 h aps a coleta. Naimpossibilidade do teste ser realizado dentro deste prazo, a amostra deve ser refrigerada de2C a 8C. Aps este perodo, pode ocorrer alterao na composio qumica da urina e oselementos excretados comeam a se deteriorar. Caso seja inevitvel um atraso de mais de duashoras aps a coleta, a refrigerao adequada para a manuteno de alguns componentesqumicos (urobilinognio, bilirrubina) e para diminuir a proliferao bacteriana, entretanto

    pode precipitar uratos e fosfatos amorfos. Neste caso, colocar a urina no banho-maria, a 37C,durante alguns minutos e aps homogeneizao ocorrer dissoluodos cristais.

    Na urinlise de rotina no recomendado o uso de conservantes.

    Transporte e recebimento de amostrasO frasco usado na coleta deve possuir tampa de fcil colocao e remoo, e segura paraprevenir vazamentos durante o transporte. O laboratrio ao receber a amostra de urina,deve verificar a integridade do frasco e sua identificao, bem como garantir ascondies de armazenamento desde a hora do seu recebimento at o incio da anlise.

    Recomendaes adicionaisSabe-se que uma alimentao exclusivamente vegetariana alcaliniza bastante a urina, enquantouma alimentao muito rica em protena animal pode acidific-la. Portanto, recomenda-se umadieta equilibrada para um controle correto dos fatores pr-analticos que podem interferir naurinlise. Recomenda-se que o indivduo se submeta a uma dieta equilibrada no dia anterior ao

    exame, evitando excesso de protena animal e de vegetais. A ingesto excessiva de lquidostambm deve ser evitada, pelo efeito diluidor que provoca na urina.

    Identificao da amostraA ficha de identificao do paciente deve incluir o nome do paciente, idade, sexo, mdicosolicitante, data e horrio de coleta, horrio de recebimento, nome do responsvel pelorecebimento, nmero de identificao, tipo de amostra e registro de medicamentos e vitaminasrelevantes usados pelo paciente.

    AceitabilidadeCada laboratrio clnico deve estabelecer os critrios de aceitabilidade da amostra de urina,

    pela observao de todos os aspectos que interferem na exatido da anlise. De um modogeral, devem ser rejeitadas as amostras com as seguintes caractersticas:- amostras no identificadas ou com identificao no aceitvel;

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    - amostra de urina coletada em recipientes inadequados e com contaminao fecal ou outrotipo (papel higinico, partculas);- amostras coletadas h mais de duas horas e mantidas sem refrigerao;- tempo de reteno urinria inferior a 4 horas;- volume insuficiente de urina para a realizao das anlises macroscpica e microscpica. O

    volume mnimo deve ser de 12 mL, entretanto, no caso de amostras de bebs, crianas e deadultos, em situaes especiais, pode-se aceitar menor volume de urina.Caso estes critrios no sejam cumpridos, o espcime deve ser rejeitado e uma nova amostradeve ser coletada.

    Preparo da urina para anliseTodo material biolgico deve ser processado como sendo potencialmente infeccioso. Usarluvas descartveis durante a manipulao de amostras biolgicas seguir todas as normas de

    biossegurana para manipulao e descarte de amostras. Lavar sempre as mos aps trabalharcom material potencialmente infeccioso. Equipamentos de proteo individual (EPIs) devemser de uso obrigatrio durante os procedimentos envolvidos na anlise da urina.

    PADRONIZAO DO EXAME DE URINA

    Pesquisa QumicaPara a pesquisa qumica com tiras reagentes utilizar amostra de urina recm colhida, bemhomogeneizada, no centrifugada e temperatura ambiente.

    Anlise MicroscpicaProcedimento para a determinao do sedimento urinrio (ABNT-NBR 15268):a) Homogeneizar a amostra de urina e transferir para um tubo de ensaio um volume de 10 mL;

    b) Centrifugar de 1.500 a 2.000 rotaes por minuto, o que corresponde a 400 FCR (Fora de

    centrifugao relativa), durante 5 minutos;c) Retirar 9,0 mL do sobrenadante, com cuidado para no ressuspender o sedimento, deixandoum volume de 0,2 mL de sedimento no tubo de centrifugao;d) Ressuspender o sedimento com leves batidas no fundo do tubo;e) Transferir 0,02 mL (20 L) desta suspenso de sedimento para uma lmina de microscopia;f) Colocar sobre o sedimento uma lamnula-padro de 22 22 mm;g) Realizar a avaliao no mnimo em 10 campos microscpicos, calcular a mdia e expressaros resultados de acordo com os procedimentos implantados (por campo ou por mililitro).

    O exame ao microscpio deve ser feito com ocular de aumento de 10 e objetivas de 10 e40. No aumento de 100, com pouca luminosidade e condensador baixo observar os

    seguintes elementos: presena de muco, cilindros, Trichomonas sp e o sedimento em geral, equantificar os cilindros eventualmente presentes. Em aumento de 400 com maiorluminosidade investigar e quantificar, quando presentes, hemcias, leuccitos, clulas epiteliais,cristais, flora bacteriana e outros elementos, e identificar os cilindros.

    III - MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

    MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

    1 - MATERIAIS- frascos plsticos apropriados para coleta de urina (limpo, de boca larga, com fechamento

    prova de vazamento, com base larga e livre de interferentes qumicos), com rtulo paraidentificao (nome do paciente, procedncia, data e horrio da coleta);

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    - tubo plstico resistente centrifugao, graduado e de textura transparente para permitir aavaliao macroscpica da urina. Deve possuir tampa de plstico e fundo cnico par aconcentrao do sedimento;- estantes para suporte de tubos;- pipetas de transferncia: pipetas plsticas descartveis, para reduzir o risco biolgico;

    - lminas de vidro para microscopia, cobertas com lamnula (22 x 22 mm);- lminas K-Cell : lminas plsticas, com 10 (dez) poos, para microscopia. Permite o examemicroscpico de dez amostras de urina. Para a utilizao desta lmina deve-se preencher o

    poo disponvel com o sedimento e contar os elementos figurativos nos nove crculosdisponveis e multiplicar os resultados pelo fator de 1200, de acordo com as instrues de usodo produto. A realizao do exame, de forma padronizada, permite a obteno do nmero deelementos figurativos presentes em 1,0 (um) mL de urina;- tiras reagentes: testes rpidos empregados nas anlises qumicas da urina.

    TIRAS REAGENTES OU UROFITAS

    As tiras reagentes ou urofitas so tiras plsticas com almofadas distintas, sobre as quais sofixadas os papeis impregnados com reagentes especficos para a pesquisa de algumassubstncias qumicas presentes na urina ou provenientes de estruturas celulares.

    Aplicao: os testes com reagentes secos constituem uma forma rpida e simples de testar aurian. As tiras reativas contm reas especficas para testes qualitativos e semiquantitativos

    para a deteco rpida de glicose, corpos cetnicos, protenas, urobilinognio, bilirrubina,nitrito, pH, densidade, leuccitos e sangue. Estes testes permitem a triagem de distrbiosrenais e urogenitais, doenas hemolticas e hepticas, diabetes mellitus, alteraes eletrolticase anomalias metablicas.

    Fundamento: as pesquisas se baseiam em reaes qumicas que promovem mudanas decores nas reas especficas das reaes. Os princpios qumicos de cada reao especfica, osinterferentes e a forma de liberao e interpretao dos resultados esto apresentados no itemAnlise Qumica.

    Vantagens:- convenincia e facilidade de uso;- utilizao de pequeno volume de urina;- disponibilidade;- custo efetivo mais baixo;

    - velocidade de anlise;- estabilidade;- envolvimento de nmero reduzido de pessoal;- reprodutibilidade de resultados;- necessidade de pouco espao fsico.

    Procedimento de uso (NCCLS) imprescindvel a observao e utilizao de procedimentos descritos e padronizados (POPs)contendo orientaes adequadas para a correta utilizao e manuseio das tiras reagentes, taiscomo:- testar a urina recm-colhida, homogeneizada, no centrifugada, temperatura ambiente e

    sem adio de conservantes. Detergentes ou desinfetantes podem afetar os resultados;- imergir completamente todas as reas da tira reagente por, no mximo, 1(um) segundo;

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    - remover o excesso de urina da tira reagente na borda do frasco e manter a tira na posiohorizontal, para evitar a possvel mistura nas reas qumicas adjacentes;- ler as reas de reao no tempo especfico estabelecido pelo fabricante. O tempo necessrio

    para o desenvolvimento da cor na almofada varia para cada teste;- a leitura da reao pode ser visual, atravs da comparao da cor obtida com a escala

    cromtica no frasco do produto, ou automtica, atravs do uso de leitoras de tiras, descrita noitem automao. Para a leitura visual recomenda-se que as reaes sejam lidas a partir dos 60segundos, mas nunca alm de 120 segundos;- estabelecer as relaes dos achados bioqumicos bem como entre esses e os resultados dasanlises fsica e microscpica.

    Precaues- o analista deve ser treinado quanto ao uso de cada marca comercial de tira;- manter as tiras reagentes nos frascos originais, bem fechados e em local apropriado (semumidade, ao abrigo da luz e sem temperaturas elevadas). No remover o dessecante;- conferir no rtulo a validade do produto;

    - ler minuciosamente as instrues de uso das tiras, estabelecidas pelo fabricante. Osprocedimentos variam entre diferentes produtos. Verificar possveis alteraes a cada lote;- seguir rigorosamente as instrues de uso do produto.- retirar a tira reagente do frasco e fechar o mesmo imediatamente;- no cortar as tiras reagentes;- no tocar as reas de teste da tira reagente;- fazer a anlise em ambiente de iluminao adequada;- identificar os interferentes de cada reao qumica que podem produzir resultados falso

    positivos ou falso negativos;- conhecer a sensibilidade e a especificidade de cada teste na tira reagente. Esta informaoconsta das instrues de uso;

    - inspecionar diariamente as tiras reagentes;- fazer o controle da qualidade das tiras reagentes; descrito no item Controle da Qualidade;- seguir as normas de biossegurana.

    No liberar resultados:- para amostras de urina aps 2 horas de coleta e sem refrigerao;- para mudanas de cores formadas aps 2 minutos nas reas de reao dos testes.

    Confirmao de resultadosPara maior segurana e exatido dos resultados da pesquisa qumica executada imprescindvel que o setor de urinlise do laboratrio clnico disponha de uma bateria de

    reagentes para confirmao dos resultados e, muitas vezes, para detectar substncias que noforam identificadas pelas tiras. A utilizao de reagentes permite a realizao da pesquisaqumica em amostras de urina com cores variadas, decorrentes da presena de corantes,medicamentos e pigmentos na urina, os quais mascaram e dificultam a interpretao e a leituradas cores formadas nas reas de reao da tira reagente.

    2 - EQUIPAMENTOSAlguns equipamentos so utilizados para a realizao do exame de urina, incluindo a

    preparao da amostra, determinao da densidade, pesquisa qumica e identificao equantificao de diversos elementos do sedimento urinrio. Esto disponveis tambmequipamentos semi-automticos e automticos e que esto descritos no item Automao.

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    CentrfugaA centrfuga para a sedimentao da urina deve possuir as seguintes caractersticas:- tampa com travamento automtico quando o rotor est girando;- painel para controle de tempo e de rotaes por minuto;- temperatura ambiente;

    A centrfuga deve ser calibrada para fornecer uma Fora Centrfuga Relativa de 400 x g(RFC). A verificao da calibrao da centrfuga deve ser realizada em intervalos peridicos deacordo com o laboratrio. As instrues do manual do equipamento devem ser consultadas eas orientaes devem ser rigorosamente seguidas.

    Refratmetro

    Equipamento utilizado para a medida de slidos totais em uma soluo. Na urinlise utilizadopara a determinao da densidade atravs da medida do ndice de refratividade da urina. Orefratmetro possui compensao automtica de temperatura, ajuste da ocular e escala deleitura no campo visual. Deve ser feita a verificao peridica da calibrao do refratmetro,descrito no item controle de qualidade.

    MicroscpiosUm microscpio de alta qualidade imprescindvel no setor de urinlise. Este deve apresentaras seguintes caractersticas:- fonte de luz embutida;- cabea binocular;- plataforma mecnica que permita fcil posicionamento da lmina;- conjunto bsico de objetivas (10x, 40x e 100x) e uma ocular de 10x.

    IV - ANLISE

    A urinlise o exame no invasivo mais importante para avaliar a funo renal, e as alteraesdo trato urinrio. Atravs deste exame possvel diagnosticar uma patologia, monitorar o

    progresso desta patologia, acompanhar a eficcia do tratamento e constatar a cura. O termourinlise compreende as seguintes determinaes:1- Avaliao organolptica: por exemplo, odor, colorao e aspecto.2 - Medies fsicas (anlise fsica):por exemplo, pH, volume e densidade (peso especfico)como a cor, aspecto e densidade.3 - Pesquisa de Elementos Anormais (anlise qumica): por exemplo, pH, protenas, glicose,corpos cetnicos, sangue, bilirrubina, etc.4 Exame microscpico do sedimento (Anlise Microscpica ou Sedimentoscopia):corresponde ao exame microscpico da urina, para identificao de elementos figurativos

    presentes no sedimento.As etapas do exame de urina so complementares e obedecem a um grau de complexidadeelucidativo, que deve ser respeitado. Deste modo, na anlise fsica so levantadas suspeitas quesero posteriormente confirmadas na anlise qumica e definidas pela anlise microscpica.

    1 - AVALIAO ORGANOLPTICA

    A primeira etapa do exame de rotina da urina compreende a observao das seguintescaractersticas organolpticas da mesma: odor, colorao e aspecto. Principalmente deinteresse histrico, h ocasies em que a colorao e o aspecto so clinicamente importantes.

    ODOR

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    A urina normal tem odor caracterstico, sui generis, devido presena de cidos volteisexcretveis. Odores anormais ocorrem devido a uma conservao ou armazenamentoimprprios. Odores amoniacais ocorrem devido degradao bacteriana da uria, e podemindicar uma amostra envelhecida ou uma infeco do trato urinrio. A urina de pacientes comexcesso de corpos cetnicos apresenta odor caracterstico de acetona ou de frutas. Isto

    especialmente importante quando se trata de paciente diabtico, para se avaliar o risco decetoacidose e coma diabtico. Vrios outros odores anormais podem ser encontrados,principalmente devido a alteraes do metabolismo de aminocidos, como na fenilcetonria,quando a urina tem odor de rato e na doena da urina de xarope de bordo, na qual ela seapresenta com odor de caramelo. A ingesto de certos alimentos, principalmente aspargos,

    pode provocar odor incomum e penetrante e o mesmo pode ocorrer por contaminao da urinacom materiais diversos.Resultado: relatar no laudo sui generis, para o odor normal da urina, e outros odores, se

    porventura forem identificados.

    CORA cor normal da urina o amarelo, resultado da eliminao de trs pigmentos: urocromo(amarelo), uroeritrina (vermelho) e urobilina (laranja), estes pigmentos, provenientes dometabolismo normal orgnico, so eliminados em pequena concentrao e tornam a urinaamarela. O pigmento presente em maior concentrao o urocromo. A tonalidade da cor podevariar devido concentrao ou diluio da urina. O uso do termo amarelo suficiente paradescrever a cor da urina normal.Variaes desta cor podem ser encontradas como resultado de condies patolgicas ou daeliminao de corantes ou medicamentos:- incolor ou palha ou amarelo plido: sugere diluio da urina. As causas podem ser, recenteingesto de fludos, poliria, diabetes mellitus, diabetes inspidus, doenas renais com baixacapacidade de concentrar a urina, hipercalcemia sem desidratao e consumo excessivo delquidos.- amarela escura ou laranja: sugere a concentrao da urina e normalmente encontrada em

    baixo volume urinrio e em condies, tais como, febre, desidratao, queimaduras, uso demedicamentos (Rifocina, Nitrofurantona, derivados da Piridina) e alimentao com excesso decarotenides (cenoura, mamo, vitamina A).- vermelha ou rosa: sugere a presena de sangue ou pigmentos derivados do anel heme. Acolorao avermelhada da urina decorrente da presena de eritrcitos, hemoglobina,mioglobina e porfirinas. Algumas drogas ou alimentos podem tornar a urina vermelha, taiscomo Levodopa, Metildopa, Fenindiona (anticoagulante), Laxantes base de antraquinona(sene,cscara), Bromossulfalena, Fenolsulfonaftalena e Ruibarbo. Pode ser devido, tambm, auma contaminao da urina pelo fludo menstrual, durante a coleta da amostra.- mbar: sugere a presena de bilirrubina; neste caso a cor da espuma da urina amarela ouamarela-esverdeada. Nas patologias hepticas devido a uma alterao no metabolismo dos

    pigmentos biliares, a urina poder conter bilirrubina.- marrom ou preta: sugere a presena de melanina, como ocorre em casos de melanoma,ou docido homogentsico, na alcaptonria. Pode ocorrer tambm devido oxidao das hemcias,

    presena de mioglobina, envenenamento com fenol, uso de Metronidazol, etc.- verde ou azul: sugere a presena de corantes. encontrada em indivduos que fazem uso deanti-spticos urinrios que contm azul de metileno ou fenol. Em infeces do trato urinrio

    porPseudomonas a urina pode tornar-se azulada.

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    Resultado: deve ser relatada no laudo a cor da urina usualmente com as cores amarelo claro,amarelo escuro, amarelo esverdeado, amarelo avermelhado, vermelho escuro, verde, azul,mbar, marrom, marrom escuro e preto.

    Nota: a Colorao anormal da urina pode interferir ou alterar os resultados das tiras reagentes.

    ASPECTO:

    Consiste na avaliao da transparncia da amostra de urina. O exame executado visualmente,atravs da observao de uma amostra homogeneizada, em ambiente com boa iluminao. Aurina norma, recm emitida transparente, porm pode apresentar certa opacidade, causada

    pela precipitao de cristais amorfos, uratos ou fosfatos, ou de muco. Outros elementospodem causar a turvao da urina, tais como, bactrias, leuccitos, hemcias, cilindros,cristais, matria fecal, leveduras e, ainda, contaminantes externos (talco, cremes e material decontraste radiolgico). A presena de turbidez na urina responsvel, tambm, pela presenade depsito.O exame executado visualmente, atravs da observao de uma amostra homogeneizada, em

    ambiente com boa iluminao.Resultado: relatar no laudo o aspecto da urina como, transparente, opaca e turva.

    2- ANLISE FSICA

    As determinaes a serem realizadas no exame de urina so:

    DENSIDADE

    A densidade consiste na medida dos solutos dissolvidos na urina. Clinicamente esta medida usada para se obter informaes sobre o estado dos rins e o estado de hidratao do paciente.

    A densidade normal da urina situa-se entre 1,010 a 1,030. A densidade pode ser medidaatravs de aparelhos ou das tiras reagentes.

    Urodensmetro: um hidrmetro calibrado para medir a densidade da urina a uma dadatemperatura. Ele constitudo por um tubo de vidro, adaptado a um peso, ligado a uma escalade densidade urinria de 1,000 a 1,040. Ele est calibrado para boiar a uma densidade igual a1,000, quando colocado em gua. A desvantagem deste aparelho a exigncia de um grandevolume de urina para executar a medida. Alm disto, o urodensmetro calibrado paradeterminada temperatura, em geral 20oC, e, ao ser executada uma medida em temperaturadiferente desta, deve-se fazer uma correo na densidade lida. Para temperaturas acima dacalibrao adiciona-se uma unidade densidade medida, para cada 3oC acima da temperatura

    de calibrao. Por exemplo, a temperatura ambiente de 26o

    C, a densidade medida de 1,012,a densidade real de 1,014 (1,012 + 2), pois a temperatura ambiente est 6 oC acimatemperatura de calibrao (26 - 20 = 6 3= 2). Para temperaturas abaixo da temperatura decalibrao subtrai-se 1 unidade para cada 3oC. Como os densmetros no fornecem umamedida exata da densidade, no recomendada a sua utilizao na urinlise.

    Refratmetro: este aparelho mede os slidos totais dissolvidos na amostra, pela determinaodo ndice de refrao da soluo, que corresponde comparao entre a velocidade da luz noar, com a velocidade da luz na soluo. Esta velocidade varia diretamente com o nmero de

    partculas em soluo. O refratmetro clnico utiliza os princpios da luz para medir o ngulocom o qual a luz, passando atravs de uma soluo, entra em um prisma e converte

    matematicamente esse ngulo em densidade. No h necessidade de correo de temperatura,pois estes possuem um compensador interno de temperatura, que varia de 15,5 a 37,7oC.

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    Procedimento: colocar 2 gotas de urina pelo orifcio da tampa do refratmetro. Deixar escoarpor capilaridade at cobrir toda a rea do prisma. Focalizar o instrumento em local de boailuminao e fazer a leitura diretamente na escala de densidade. Lavar o aparelho e a tampacom gua destilada e enxug-lo com papel absorvente, aps cada medida.Calibrao: a calibrao do aparelho deve ser feita, periodicamente, com o uso de gua

    destilada, cuja densidade 1,000; soluo de NaCl a 5%, com densidade de 1,022 1 esoluo de sacarose a 9%, com densidade de 1,034 1. Se necessrio, o instrumento tem umarosca que permite o ajuste de leituras.

    Interferentes: contrastes radiolgicos e alguns antibiticos podem fornecer resultadosaumentados de densidade com relao tira reagente, bem como substncias no ionizveiscomo a glicose, protenas e uria.

    Resultado: relatar o nmero mostrado na escala de densidade, na faixa de 1,000 a 1,050.

    Tiras Reagentes: este teste determina a concentrao de ons na urina e baseia-se na associaode uma substncia chamada de polieletrlito (anidrido metil, vinil ter-malico) e um indicador(azul de bromotimol), que reagem na presena de solutos inicos presentes na urina. O

    polieletrlito ioniza-se na proporo da quantidade de ons em soluo, o que altera o seu pKa(constante de dissociao), ons hidrognio so produzidos, estes provocam reduo do pHque detectado pelo indicador. medida que a densidade aumenta, mais cido se tornar omeio de reao, com mudana caracterstica de cor do indicador. A cor da rea teste muda doazul intenso, na runa com baixa concentrao de ons, passando de verde a amarelo emamostras de urina com alta concentrao inica.

    Sensibilidade: o teste permite a determinao da densidade urinria de 1,000 a 1,030. Asvariaes de cores tm incrementos de 0,005 para as leituras de densidade entre 1,000 e 1,030.

    Procedimento:- testar a urina recm-colhida, homogeneizada, no centrifugada, temperatura ambiente esem adio de conservantes. Detergentes ou desinfetantes podem afetar os resultados;

    - imergir completamente todas as reas da tira reagente por, no mximo, 1(um) segundo;- remover o excesso de urina da tira reagente na borda do frasco e manter a tira na posiohorizontal, para evitar a possvel mistura nas reas qumicas adjacentes;- ler as reas de reao no tempo especfico estabelecido pelo fabricante. O tempo necessrio

    para o desenvolvimento da cor na almofada varia para cada teste.Interpretao: liberar no laudo o valor da densidade de acordo com a cor identificada nortulo do frasco de tiras.Valores de referncia: a densidade normal da urina situa-se entre 1,010 a 1,030 g/dL.

    Interferentes:Falso positivo: a presena de protenas (100 a 700 mg/dL) e corpos cetnicos na urina podeaumentar a leitura de densidade na tira reagente.

    Falso negativo: as amostras de urinas alcalinas altamente tamponadas (pH > 6,5) fornecemleituras com valores inferiores e, por isto, alguns fabricantes sugerem adicionar 0,005 densidade obtida.Este mtodo no afetado pela glicose, contrastes radiolgicos ou temperatura. recomendado que a densidade de amostras de urina com pH acima de 6,0 e densidade acima de1,025, seja determinada com o refratmetro.

    Ouros processos: alem do refratmetro e das tiras reagentes, a densidade pode serdeterminada por freqncia de onda sonora em instrumentos automatizados.

    Significado clnicoA densidade da urina varia segundo o estado de hidratao do indivduo e o volume eliminado

    de urina. Densidade baixa encontrada na urina diluda na urina de pacientes com diabetesinsipidus e densidade elevada encontrada na urina do paciente com diabetes mellitus, devido

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    presena de glicose. Densidade modificada pode ser encontrada nos pacientes com doenasrenais, que podem provocar alteraes na concentrao da urina.

    pH

    O pH de uma soluo dado pela recproca da concentrao de H +. Os pulmes e os rins so

    os principais rgos responsveis pela regulao do equilbrio cido-base do organismo. Estaregulao se d pela formao de hidrognio e cidos fracos, bem como pela reabsoro de

    bicarbonato do filtrado glomerular, que ocorre nos tbulos contornados.Em indivduos hgidos, geralmente, a primeira urina da manh possui pH ligeiramente cido,entre 5,0 e 6,0, enquanto em outras amostras do dia o pH pode variar de 4,5 a 8,0. O pH daurina pode alterar aps a coleta, principalmente quando esta deixada temperatura ambiente,

    pois a uria transformada em amnia, por ao de bactrias, o que resulta em aumento dopH. Freqentemente, uma de urina com reao alcalina pode indicar armazenamentoinadequado da amostra ou problemas na manipulao aps a coleta. Este tipo de amostra nodeve ser testado e novo material deve ser solicitado ao paciente. Entretanto, uma amostra deurina recente, com pH alcalino persistente pode indicar uma infeco urinria. Neste caso,

    outros indicadores de infeco sero encontrados, tais como, bacteriria, leucocitria e testesqumicos positivos para leuccito esterase e nitrito.A determinao do pH urinrio auxilia na identificao de cristais que podem ser encontradosno exame do sedimento urinrio. Alguns cristais esto associados com urina cida (pH abaixode 7) e outros com pH alcalino (pH 7 e acima). importante destacar que uma amostra deurina com pH alcalino e densidade inferior a 1010, pode apresentar alteraes de algunselementos do sedimento urinrio. Cilindros e clulas podem ser rapidamente dissolvidos nessasamostras e resultados discrepantes podem ser encontrados entre anlise qumica e a anlisemicroscpica.

    Significado clnico:

    A medida do pH da urina auxilia na deteco de distrbios eletrolticos sistmicos, de origemmetablica ou respiratria. Esta medida tambm pode contribuir para o acompanhamento detratamento de patologias do trato urinrio, nas quais necessrio que a urina se mantenha emdeterminado pH. Por exemplo, a manuteno da acidez urinria pode ser til no tratamento deinfeces do trato urinrio causadas por microorganismos capazes de degradar a uria, poisestes no se multiplicam com facilidade em meio cido. O pH urinrio influenciado pela dietae uso de medicamentos. As alteraes de pH podem ser encontradas nas seguintes situaes:

    Acidose urinria : inanio, diarria grave, diabetes mellitus, doenas respiratrias,anormalidades na secreo e reabsoro de cidos e bases pelos tbulos renais. As

    pessoas que ingerem alimentos ricos em protenas e carne apresentam urina maiscida.

    Alcalose urinria : alcalose metablica, aps vmitos e na hiperventilaorespiratria. As pessoas vegetarianas tm tendncia a apresentar urina mais alcalina,devido ao bicarbonato proveniente de frutas e vegetais.

    O controle do pH urinrio muitas vezes necessrio nos pacientes com infeces urinrias ourenais, com clculos renais e durante a administrao de determinadas drogas (acidificantes,alcalinizantes, diurticos como a Acetazolamida) que alteram este pH. O conhecimento do pH importante para a identificao de cristais observados na anlise microscpica. A medida do

    pH deve ser realizada em amostra de urina recm eliminada, pois, amostras indevidamentearmazenadas esto sujeitas alcalinizao.Tira reagentePrincpio da pesquisa: as tiras reagentes medem o pH urinrio na faixa de 5,0 a 9,0. Paramelhor diferenciao das unidades de pH os fabricantes utilizam um sistema de duplo ou triploindicador. Geralmente, so utilizados como indicadores o vermelho de metila, que possui

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    sensibilidade para a faixa de pH entre 4,4 a 6,2, e muda da cor vermelha para a amarela, e oazul de bromotimol tem sensibilidade entre a faixa de 6,0 a 7,8, mudando de amarelo para azul.Assim, na faixa de 5,0 a 9,0 so encontradas cores que variam do laranja (pH 5,0), passando

    pelo amarelo e verde, at o azul escuro (pH 9,0).

    Sensibilidade: na faixa de pH de 5,0 a 9,0.

    Procedimento: mergulhar a tira na amostra de urina, retirar o excesso de lquido da tira,aguardar 60 segundos e comparar a cor formada na rea correspondente ao pH com a escalade cores padro do rtulo do frasco.

    Interpretao: liberar no laudo o valor numrico do pH observado na tira utilizada, de acordocom a cor identificada na escala de cores padro do rtulo do frasco.

    Valores de referncia: entre 4,6 a 8,0 unidades de pH.

    Interferentes: no se conhece qualquer interferente nesta medida de pH. Contudo, um excessode urina na tira pode favorecer a passagem de lquidos para as reas de reao adjacentes,contaminando-as quimicamente. Neste caso, pode ocorrer acidificao do meio de reao,acarretando a obteno de resultado diminudo do pH. Em pacientes em uso de salicilatos(aspirina), anti hipertensivos e drogas utilizadas no tratamento de doenas cardacas(acetozolamidas), as amostras de urina podem apresentar reao alcalina.

    3 - ANLISE QUMICA

    A anlise qumica tambm denominada pesquisa de elementos anormais, corresponde deteco de substncias presentes na urina, por reaes especficas, utilizando o mtodo

    clssico ou de qumica mida e o mtodo atravs das tiras reagentes, que o mtodo dequmica seca. A presena de determinados elementos na urina pode ter correlao comdiversas alteraes, tais como doenas metablicas, processos infecciosas, processoshemolticos e hemorrgicos, dentre outros. Na pesquisa qumica o material biolgico a serutilizado a urina homogeneizada, sem centrifugao, sem adio de conservantes e testada natemperatura ambiente.

    PROTENAS:

    O filtrado glomerular um ultrafiltrado do plasma que no contm clulas e molculasproticas com peso molecular acima de 50.000 a 60.000 daltons. Assim, a urina normal

    contm apenas pequena quantidade de protenas, geralmente abaixo de 150 mg/24 horas. Estaexcreo consiste principalmente de protenas de baixo peso molecular filtradas seletivamente

    pelos glomrulos. A albumina por apresentar baixo peso molecular, pode atravessar oglomrulo e ser excretada na urina. Entretanto, uma grande parte reabsorvida pelo tbulorenal. Assim, dois fatores so responsveis pelo excesso de protenas na urina: o aumento da

    permeabilidade do glomrulo e a diminuio da reabsoro tubular. A protena de Tamm-Horsfall, microglobulina produzida pelas clulas dos tbulos renais e da matriz proteca doscilindros, tambm est presente na urina, alm de microglobulinas plasmticas e protenas

    provenientes de secrees prostticas, seminais e vaginais.

    Significado clnico:

    A presena e a relativa concentrao de protenas na urina , provavelmente, a pesquisa maisindicativa para detectar e diagnosticar uma doena renal. A presena de detectvel protena naurina denominada de proteinria. Esta perda de protena pode ser classificada como pr-

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    renal, glomerular, tubular, de vias urinrias baixas e proteinria assintomtica. Com relao quantidade ou grau de eliminao esta pode ser referida como:

    Grau de proteinria Gramas de protenas excretadas por diaLeve < 1,0 g/24 horasModerada 1,0 a 3,0 ou 4,0 g/24 horasGrave > 3,0 ou 4,0 g/24 horas

    Tipos de proteinria:

    Pr-Renal: a proteinria pode ser o resultado de desordens em outros rgos que no osrins. Estas desordens podem resultar em excessiva produo de protenas de baixo pesomolecular que sero filtradas pelos glomrulos, tais como, hemoglobina,mioglobina ou imunoglobulinas. Um exemplo a presena de cadeias leves de imunoglobulinasna urina, no mieloma mltiplo, a chamada protena de Bence Jones. Outro mecanismo pr-

    renal de proteinria o aumento da presso hidrosttica renal, que provoca o aumento dapresso sangnea e fora a passagem de protenas atravs da membrana glomerular. Isto podeocorrer na hipertenso arterial, na falha cardaca congestiva e em outras doenas cardacas.

    Nestes casos a proteinria de grau moderado.

    Glomerular: proteinria ou mais corretamente albuminria uma constante nas doenasglomerulares. Na leso glomerular o ultrafiltrado conter estas macromolculas. O grau de

    proteinria nestas leses grave e pode ter vrias origens, tais como, txicas, infecciosas,problemas vasculares e reaes imunolgicas. As causas mais comuns de leso glomerular soa glomerulonefrite aguda e a sndrome nefrtica.

    Tubular: a pequena quantidade de protena que passa normalmente atravs do glomrulo ,em sua grande parte, reabsorvida pelos tbulos renais. Uma falha nesta reabsoro causar oaumento de excreo urinria. O grau de proteinria nas leses tubulares leve ou moderada.Exemplos de proteinria tubular incluem a pielonefrite, a necrose tubular aguda, o rim

    policstico, as intoxicaes por metais pesados e vitamina D, a hipocalemia, a doena deWilson, a sndrome de Fanconi e as complicaes ps-transplante renal.

    Vias urinrias baixas: uma proteinria de grau leve encontrada nas uretrites e cistites. Ela devida a uma exudao atravs das mucosas.

    Assintomtica: as proteinrias assintomticas so de grau leve e ocorrem transitoriamenteem indivduos normais. Elas podem ocorrer devido a exerccio fsico excessivo, aps banho

    frio, aps febre, m postura e na chamada proteinria ortosttica, que ocorre aps a pessoaficar muito tempo de p, e desaparece aps um tempo de repouso no leito.

    Tipos de Pesquisa:

    a) Tiras Reagentes:

    Princpio da Pesquisa: o teste se baseia no chamado erro protico dos indicadores. Algunsindicadores cido-bsicos, em determinado pH tamponado, apresentam variao de cor devido presena de protenas. O indicador utilizado o azul de tetrabromofenol em pH 3. Naausncia de protenas o indicador amarelo, no entanto, quando as protenas esto presentes,este muda para a cor azul, com intensidade de cor diferente dependendo da concentrao das

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    mesmas. A rea reagente sensvel apenas albumina. Outras protenas eventualmente estopresentes na urina como gamaglobulinas, glicoprotenas, lisozima, hemoglobina, protenastubulares e a protena de Bence Jones, as quais so detectadas com menor sensibilidade. importante a confirmao do resultado da tira reagente atravs de mtodo de precipitao,utilizando reagentes do cido sulfossaliclico e/ou reagente de Robert.

    Sensibilidade: detecta concentraes de 5 a 10 mg/dL na rea de traos.Procedimento: mergulhar a tira na amostra de urina, retirar o excesso de lquido da tira,aguardar 60 segundos e comparar a cor formada na rea correspondente s protenas com aescala de cores padro do rtulo do frasco.

    Interpretao: Negativo indetectvel Traos 10 mg/dL Positivo (+) 30 mg/dL Positivo (++) 100 mg/dL

    Positivo (+++) 300 mg/dL Positivo (++++) > 1.000 mg/dL

    Valor de referncia: negativo (indetectvel) na tira reagente.

    Interferentes:Falso positivo: detergentes, compostos de amnio quaternrio, urinas muito alcalinas,Clorexidina e polivinilpirrolidona (expansor de plasma);

    Falso negativo: grande concentrao de sais; presena, em grande quantidade, de outrasprotenas que no a albumina.A cor formada na rea de pesquisa de protenas pode ser mascarada pela presena de corantes

    na urina, como o azul de metileno, ou pigmentos provenientes de alimentos, como a beterraba.A interpretao do resultado pode ser dificultada pela turbidez da amostra de urina.

    b) Reagente de Robert:

    Princpio da pesquisa: pela ao conjunta de cido forte, cido ntrico, e um sal de metalpesado, sulfato de magnsio, sobre as protenas presentes na urina, ocorre a formao demetaprotenas insolveis, representadas por um anel branco que aparece na superfcie deseparao entre os dois lquidos, reagente e urina.

    Preparo do reagente:

    Sulfato de Magnsio.......................1.000 ggua destilada.................................800 mLMedir o volume desta soluo, e para cada 5 volumes da mesma adicionar 1volume de cido ntrico. No h necessidade de se usar drogas p.a .

    Procedimento: transferir 2,0 mL de urina centrifugada para um tubo de ensaio pequeno.Colocar o reagente introduzindo uma pipeta, com 2,0 mL do reagente, no fundo do tubo edeixar escoar lentamente, de modo que no haja mistura dos dois lquidos. A formao de umanel branco na superfcie de separao dos dois lquidos indica a presena de protenas.

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    Interpretao: Negativo Ausncia de anel Traos Anel granuloso Positivo (+) Anel branco com 1 mm de espessura Positivo (++) Anel branco com 2 mm de espessura

    Positivo (+++) Anel branco com 3 mm de espessura Positivo (++++) Anel branco com mais de 4 mm de espessura

    GLICOSE:

    A presena de glicose na urina denominada glicosria. A glicose filtrada no glomrulo e,em condies normais, praticamente reabsorvida em sua totalidade, por um mecanismo detransporte ativo que ocorre nos tbulos proximais renais, de acordo com o limiar renal de 170-180 mg/dL. Quando a concentrao de glicose ultrapassa o limiar renal, esta ser excretada edetectada na urina. Na urina de indivduo hgido pode existir pequena quantidade de glicose,variando de 2 a 20 mg/dL de urina, entretanto, esta quantidade no detectada pelos mtodosusuais de pesquisa de glicose na urina.Alm da glicose outros accares como galactose, frutose, lactose, manose e pentoses, tambm

    podem ser excretados na urina. No entanto, estes accares no so detectados pela tirareagente, podendo ser revelados por procedimentos que se baseiam na capacidade redutorasobre os sais de cobre, como o reagente de Benedict, e identificados por cromatografia.

    Significado clnico: A pesquisa da glicose na urina utilizada para monitorar a taxa demetabolizao deste acar. A condio mais comum onde a glicose encontrada na urina no diabetes mellitus, quando a concentrao de glicose sangnea superior ao limiar renal.Outros fatores que podem resultar em glicosria so: reabsoro tubular deficiente (Sndromede Fanconi, doena renal avanada, glicosria renal), leses no sistema nervoso central, uso de

    drogas (Tiazidas, Corticoesterides) e gravidez com possvel quadro de diabetes latente.

    Tipos de pesquisa:

    a) Tiras Reagentes:

    Princpio da pesquisa: a rea de teste das tiras reagentes impregnada de glicose oxidase,peroxidase, cromognio e tampo, para produzir uma reao seqencial dupla:

    1. Glicose + O2 Glicose oxidase cido glicnico + H2O2

    2. H2O2 + cromognioPeroxidase

    Cromognio oxidado + H2OcoloridoOs cromognios utilizados podem ser a ortotolidina, complexos de iodeto de potssio etetrametilbenzidina. A cor formada varia de acordo com o cromognio utilizado, podeser marrom ou verde. O mtodo especfico para glicose, no detectando outrosacares.

    Sensibilidade: a concentrao mnima detectada na urina de 50 a 100 mg/dL.

    Procedimento: mergulhar a tira na amostra de urina, retirar o excesso de lquido da tira,aguardar 30 segundos e comparar a cor formada na rea correspondente glicose com a escalade cores padro do rtulo do frasco.

    Interpretao:

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    Negativo indetectvel Positivo (+) 50 mg/dL Positivo (++) 100 mg/dL Positivo (+++) 300 mg/dL Positivo (++++) 1.000 mg/dL

    Alguns fabricantes de tiras reagentes acresceram uma rea de resultado Normal entre oscampos Negativo e Positivo (+), devido capacidade da tira reagente de detectar a

    pequena quantidade de glicose normalmente presente na urina.Outros fabricantes consideram o resultado negativo como normal. Amostras de urina comresultados duvidosos e amostras de pacientes com suspeita de erro inato do metabolismo,devero ter os resultados confirmados pela prova de reduo dos sais de cobre, pelo reagentede Benedict.

    Valor de referncia: Negativo (indetectvel).

    Interferentes:Falso positivo: contaminao dos recipientes de coleta com perxidos, detergentes oxidantes,deixar as tiras expostas ao ar.

    Falso negativo: presena na urina de cido ascrbico, cido homogentsico, fluoreto de sdio,aspirina, Levodopa, corpos cetnicos; urina com densidade alta e pH alcalino; urinasresfriadas, pois a baixa temperatura da urina pode inibir as enzimas que participam das reaesqumicas. Para minimizar as interferncias na pesquisa de glicose, alguns fabricantes de tirasreagentes esto incorporando substncias qumicas como o iodato, que oxida o cidoascrbico, retirando a interferncia deste cido.

    b) Reagente de Benedict:

    Princpio da pesquisa: a glicose ou outra substncia redutora, presente na amostra, provoca areduo do sulfato de cobre (CuSO4), a xido cuproso (Cu2O), de cor laranja, na presena decalor e lcali.

    Preparo do Reagente: dissolver 17,3g de sulfato de cobre em 200mL de gua destilada, emfrasco de 500mL. Dissolver, em outro frasco de 1.000mL, 173g de citrato de sdio, 100g decarbonato de sdio anidro ou 200g de cristalizado, em 600mL de gua destilada. Adicionar a

    primeira soluo segunda, com agitao constante. Transferir para um frasco volumtrico de1.000mL e completar o volume com gua destilada.

    Procedimento: transferir 2,5mL do Reagente de Benedict para um tubo de ensaio, adicionar IV

    gotas de urina, homogeneizar e levar fervura (V ebulies no bico de Bunssen, ou banhomaria fervente por 5 minutos).

    Interpretao: Negativo Azul Positivo (Traos) Verde Positivo (+) Amarelo Positivo (++) Laranja Positivo (+++) Vermelho tijolo

    Interferentes:Falso positivo: este mtodo no especfico para glicose. A presena de qualquer substnciaredutora pode produzir resultado positivo, tais como, galactose, frutose, lactose, pentoses,

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    cido rico, creatinina, cido homogentsico, cido ascrbico, clorofrmio e formaldedo. Ouso de algumas drogas, que so excretadas pela urina pode tambm influenciar no resultado,tais como, cido nalidxico, cefalosporina e probenecide.

    Falso negativo: presena de meio de contraste radiogrfico.

    Apesar da sensibilidade o teste no especfico para a glicose, podendo ocorrer reaespositivas decorrentes da presena de outras substncias redutoras na urina. Amostras de urinade lactentes devem ser analisadas com testes de reduo dos sais de cobre para a deteco deacares redutores presentes na urina em casos de erros inatos do metabolismo, tais como,galactosemia e frutosemia.

    CETONAS:

    O termo cetonas ou corpos cetnicos engloba trs produtos intermedirios do metabolismolipdico: cido acetoactico, cido -hidroxibutrico e a acetona. Normalmente, no aparecemquantidades mensurveis de cetonas na urina. Contudo, em diversas situaes nas quais ocorreaumento da liplise para suprimento de energia (diabetes mellitus, jejum prolongado, dietas)

    pode-se detectar cetonas na urina. Assim, a presena de corpos cetnicos na urina avalia ometabolismo geral e no apenas a funo renal. Os trs compostos de cetonas so excretadosem concentraes diferentes na urina. A acetona e cido -hidroxibutrico so produzidos a

    partir do acetato.

    Significado clnico:Os corpos cetnicos so produtos normais do metabolismo de lpides e so convertidos adixido de carbono e gua. Em determinadas situaes, com aumento do catabolismo degorduras, estes so formados em maior quantidade, produzindo a cetonemia, comconcomitante cetonria, quadro denominado de cetose. No diabetes mellitus, o acmuloexcessivo de cetonas no sangue provoca desequilbrio eletroltico, desidratao e, se no for

    corrigido, acidose e coma. As provas de deteco de corpos cetnicos so muito teis namonitorao do diabete. A cetonria est presente em outras situaes como jejumprolongado, inanio, dietas para reduo do peso, febres, aps exerccios intensos eexposio ao frio intenso.

    Tipos de Pesquisa:

    a) Tiras Reagentes:Princpio da pesquisa: baseado na reao de Legal. Em meio alcalino, os corpos cetnicos,acetona e cido acetoactico, reagem com o nitroprussiato de sdio, formando um complexode cor prpura. A adio de glicina aumenta a sensibilidade do mtodo para detectar a

    acetona. A intensidade de cor formada proporcional quantidade de corpos cetnicospresentes na urina. Este teste praticamente no detecta o cido -hidroxibutrico e apresentapouca sensibilidade para revelar a acetona.

    Sensibilidade: detecta concentraes a partir de 5 a 10mg/dL.

    Procedimento: mergulhar a tira na amostra de urina, retirar o excesso de lquido da tira,aguardar 40 segundos e comparar a cor formada na rea correspondente s cetonas com aescala de cores padro do rtulo do frasco.

    Interpretao:

    Negativo indetectvel Positivo (+) 10 mg/dL

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    Positivo (++) 50 mg/dL Positivo (+++) 100 mg/dL

    Os resultados duvidosos devem ser confirmados com o reagente de Rothera.

    Valor de referncia: indetectvel.

    Interferentes:Falso positivo: amostras de urina com densidade elevada, presena de metablitos da levodopae de compostos contendo grupos sulfidrila, tais como o cido 2-mercaptoetanosulfnico ouacetilcistena..

    Falso negativo: acidose ltica; estocagem da urina, pois ocorre volatilizao da acetona oudegradao do cido acetoactico por bactrias.Amostras de urina contendo substncias coradas, como bromossulfalena, fenolsulfoftalena,fenosulfonftalena e fenilcetonas, podem produzir reaes cromticas inespecficas, produzindocores variveis, diferente das cores tpicas das cetonas nas tiras reagentes.

    b) Reagente de Rothera:Princpio da pesquisa: os corpos cetnicos, em meio alcalino, formam um complexo de corroxa com o nitroprussiato de sdio.

    Preparao do reagente:

    Nitroprussiato de sdio.........................5gCarbonato de sdio anidro..................50gSulfato de amnia...............................50g

    Triturar em gral de vidro at formar uma mistura homognea. Guardar em frascombar, bem fechado.

    Procedimento: pipetar 1,0 mL de urina homogeneizada para um tubo de ensaio e adicionar oreagente de Rothera at saturao.

    Interpretao: a formao de uma cor roxa indica a presena de corpos cetnicos.

    Interferentes:Falso positivo: levodopa em grandes concentraes, amostras com corantes de ftalena efenilcetonas, que podem distorcer a reao cromtica.Falso negativo: amostras com conservao inadequada devido volatilizao da acetona e degradao do cido acetoactico por bactrias.

    BILIRRUBINA:

    A bilirrubina um pigmento amarelo, produto da degradao de hemoprotenas,principalmente a hemoglobina. Em condies normais, o tempo de vida mdio da hemcia de120 dias, aps o qual esta destruda no bao, fgado e ndulos linfticos por fagcitos dosistema retculoendotelial. A hemoglobina liberada decomposta em ferro, protena e

    protoporfirina (heme).No sistema retculoendotelial o grupo heme convertido em bilirrubina, que liberada nacirculao, se liga albumina e transportada para o fgado. Essa frao denominada

    bilirrubina indireta ou no conjugada no excretada pelos rins, por estar ligada albumina eser insolvel em gua. No fgado a bilirrubina se conjuga ao cido glicurnico pela ao da

    UDP-glicuroniltransferase, formando o diglicuronato de bilirrubina ou bilirrubina conjugada,

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    que hidrossolvel. Esta encontrada na urina quando a concentrao plasmtica ultrapassa olimiar renal de 1,5 mg/dL.

    Significado clnico: a presena de bilirrubina na urina um sinal clnico de alteraes da funoheptica. A bilirrubina um pigmento biliar formado no organismo, produto do metabolismo

    do heme. A bilirrubina conjugada ao cido glicurnico, chamada de bilirrubina direta ehidrossolvel a que pode ser encontrada na urina quando o limiar renal de 1,5 mg/dL, superado. A bilirrubina um pigmento amarelo e, quando eliminada altera a cor da urina paraamarelo intenso ou mbar. Esta aparece na urina quando o seu ciclo normal de degradao interrompido pela obstruo do fluxo biliar ou quando a integridade do fgado estcomprometida, permitindo seu extravasamento para a circulao, como ocorrem nas hepatitese colestases. A deteco da bilirrubina na urina importante tambm para a determinao dacausa da ictercia clnica. A ictercia devido grande destruio de hemcias leva formaoexcessiva de bilirrubina no conjugada que no excretada pelos rins e, portanto, no produz

    bulirrubinria. A determinao da bilirrubina combinada do urobilinognio importante paraa identificao da ictercia clnica, como descrito no item urobilinognio.

    Tipos de pesquisa:

    a) Tiras Reagentes:

    Princpio da pesquisa: o teste se baseia na reao de Van den Bergh. Ocorre uma reao decopulao da bilirrubina com um sal de diaznio (2,6-diclorobenzeno-diaznio-tetrafluorborato ou 2,4-dicloroanilina diazotada), formando a azobilirrubina de cor rsea. Acor desenvolvida diretamente proporcional quantidade de bilirrubina presente na amostra.

    Sensibilidade: detecta concentraes a partir de 0,5 mg/dL.

    Procedimento: mergulhar a tira na amostra de urina, retirar o excesso de lquido da tira,aguardar 30 segundos e comparar a cor formada na rea correspondente bilirrubina com aescala de cores padro do rtulo do frasco.

    Interpretao: Negativo indetectvel Positivo (+) 1 mg/dL Positivo (++) 2 mg/dL Positivo (+++) 4 mg/dL

    Valor de referncia: Negativo (indetectvel).Interferentes: Falso positivo: substncias coradas eliminadas pela urina (bromossulfalena,fenosulfonftalena, fenilcetonas, pirydium), clorpromazina, clorexidina, indoxil sulfato, indols.

    Falso negativo: estocagem da urina, principalmente com exposio luz, pois permite adegradao da bilirrubina; presena de cido ascrbico (> 25 mg/dL) e de nitrito emconcentrao elevada. O teste inibido por altas concentraes de formaldedo.

    b) Reagente de Fouchet:

    Princpio da pesquisa: a bilirrubina presente na urina precipitada pelo cloreto de brio eoxidada a biliverdina pelo cloreto frrico, formando uma cor verde caracterstica.

    Preparo do reagente:

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    Cloreto de brio a 10% (p/v) : transferir 10g de cloreto de brio(BaCl2.2H2O) para um bquer, adicionar gua destilada at dissoluo.Completar o volume para 100 mL com gua destilada.

    Reagente de Fouchet : dissolver 25g de cido tricloroactico em 100mL degua destilada. Dissolver separadamente 1g de cloreto frrico em 10 mL de

    gua destilada. Adicionar esta soluo anterior e homogeneizar.

    Procedimento: transferir 5 mL de urina para um tubo de ensaio e adicionar 2mL da soluo decloreto de brio a 10% (p/v). Agitar e filtrar. Aps toda a soluo ter sido filtrada, pingar 3 a 5gotas do reagente de Fouchet sobre o papel de filtro.

    Nota: A bilirrubina sensvel luz, portanto, as amostras urinrias devem ser analisadas logoaps a emisso ou devem ser protegidas da luz, pelo uso de frasco escuro ou papelfotoprotetor.

    Interpretao: no papel de filtro deve-se observar se h ou no formao de cor.

    Negativo incolor Positivo (+) azul Positivo (++) violeta Positivo (+++) verde

    Valor de referncia: Negativo (indetectvel).Interferentes: Falso positivo: as provas de oxidao com o uso de cloreto frrico so passveisde grande nmero de interferncias, pois muitas substncias (metablitos da aspirina) e

    pigmentos presentes na urina produzem cores que mascaram o verde da biliverdina. Apresena de pyridium (cor amarelo-alaranjada) poder ser confundida com a bilirrubina.

    UROBILINOGNIO:

    O urobilinognio um pigmento biliar formado no intestino pela reduo da bilirrubinaconjugada, por ao de enzimas bacterianas. Aproximadamente 10% deste pigmento pode serreabsorvido pelas paredes intestinais, lanado na corrente sangnea, circula e volta para ofgado, sendo lanado novamente pela bile. O urobilinognio excretado na urina, pois aocircular no sangue, de volta para o fgado, passa pelos rins e filtrado

    pelos glomrulos. Desse modo, a urina normal contm uma pequena quantidade deurobilinognio, cerca de 1 mg/dL. O urobilinognio excretado nas fezes, onde oxidado,convertendo-se em urobilina, pigmento responsvel pela cor caracterstica das fezes.

    Significado clnico: nas ictercias por bilirrubina indireta ocorre aumento da eliminao dourobilinognio na urina, como na anemia hemoltica. Nas ictercias por bilirrubina direta a

    quantidade de urobilinognio excretada na urina diminuda, como ocorre nas colestases.Embora no possa ser detectada a diminuio do urobilinognio por meio de tiras reagentes, aausncia deste na urina e nas fezes pode ter significado diagnstico, indicando a obstruo doducto biliar, que impede a passagem da bilirrubina para o intestino. Nas doenas hepticas, taiscomo hepatites virticas ou txicas e cirrose o urobilinognio encontrado na urina.

    Presena de bilirrubina e urobilinognio na urina de paciente com ictercia:Bilirrubina urobilinognio

    Obstruo do ducto biliar +++ NormalLeso heptica +/neg ++Doena hemoltica neg/+ +++

    Tipos de pesquisa:

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    a) Tiras Reagentes:

    Princpio da pesquisa: o teste se baseia na reao de Ehrlich. O urobilinognio reage com o p-dimetilaminobenzaldedo, em meio cido, formando um aldedo com cor caractersticavermelho cereja. A intensidade de cor formada proporcional quantidade de urobilinognioda amostra. O porfobilinognio, pigmento presente na urina de pacientes portadores dedistrbios do metabolismo de porfirinas, tambm pode ser detectado neste teste. Esse

    pigmento pode ser identificado pela reao de Ehrlich e confirmado pela prova de Watson-Shwartz.

    Sensibilidade: detecta concentraes a partir de 0,4 mg/dL.

    Procedimento: mergulhar a tira na amostra de urina, retirar o excesso de lquido da tira,aguardar 40 segundos e comparar a cor formada na rea correspondente ao urobilinogniocom a escala de cores padro do rtulo do frasco.

    Interpretao: Negativo 0,4 mg/dL Normal 1,0 mg/dL Positivo (+) 2,0 mg/ dL Positivo (++) 4,0 mg/dL Positivo (+++) 8,0 mg/dL Positivo (++++) 12,0 mg/dL

    Resultados duvidosos devem ser confirmados com o reagente de Ehrlich.

    Valor de referncia: de 0,1 a 1,0 mg/dL.Interferentes:

    Falso positivo: presena de substncias coradas eliminadas pela urina (bromossulfalena,

    fenosulfonftalenaf, pyridium), substncias que reagem com o regente de Ehrlich(sulfonamidas, cido p-amino saliclico, procana, metildopa).Falso negativo: estocagem da urina, principalmente com exposio luz, pois permite aconverso do urobilinognio a urobilina; cido ascrbico; nitrito.Se a amostra de urina estiver muito pigmentada, as reaes coloridas podero ser poucontidas, ou podero ser formadas cores atpicas.

    Limitaes: o teste utilizando as tiras reagentes no capaz de determinar a ausncia deurobilinognio, o que importante de ser sinalizado para o diagnstico da obstruo biliar.

    SANGUE:

    A presena de sangue na urina pode ser detectada na forma de hemcias ntegras (hematria),de hemoglobina (hemoglobinria) e por lise de hemcias, e ainda pela presena de mioglobina.O sangue, quando presente em grande quantidade na urina, pode ser visvel a olho nu(hematria macroscpica), neste caso a urina se apresenta com cor vermelha e opaca. Nahemoglobinria se apresenta com cor vermelha e transparente.

    Significado clnico: a pesquisa de sangue na urina, acompanhada da pesquisa da proteinria edo exame microscpico do sedimento urinrio so utilizados para avaliar o estado funcionaldos rins e do trato urinrio. Hematria, que corresponde presena de sangue na urina, indicahemorragia em qualquer regio do sistema urinrio. imprescindvel localizar o ponto desangramento e a sua causa para diagnosticar e tratar o paciente. As causas do aparecimento de

    cada um destes elementos podem ser, muitas vezes, distintas e indicam patologias diversas.

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    Hemcias: a presena de hemcias pode ser devido a doenas ou disfunes renais,Glomerulonefrite, hipertenso maligna, infeces, tumores, clculos, hemorragias diversas,terapia com anticoagulantes, exposio a produtos qumicos ou drogas txicas e exercciofsico intenso. A presena de at 5 hemcias por mL de urina considerada normal.Hemoglobina: a hemoglobinria pode ser detectada mesmo na ausncia de hemcias. Uma das

    causas pode ser a destruio das hemcias por densidade urinria inferior a 1010 ou pHalcalino. Outras causas so, hemlise intravascular, reaes transfusionais, anemia hemoltica,hemoglobinria paroxstica noturna, vlvulas cardacas artificiais, hemlise que ocorre nos rinsou no trato urinrio inferior e deficincia de haptoglobina. Quando a concentrao sangneade hemoglobina supera o limiar renal, que de 100 a 130 mg/dL, ela excretada na urina. Ascausas mais comuns de hemoglobinria so aquelas mesmas que assinalam a presena dehemcias.Mioglobina: a mioglobinria rara, mas um importante achado que indica destruio defibras musculares. Ela ser detectada na urina nos seguintes casos clnicos: rabdomilise,trauma muscular, convulses, coma prolongado e exerccio fsico intenso.A diferenciao entre as trs causas de presena de sangue na urina pode ser feita, atravs dos

    seguintes achados laboratoriais:

    Dadoslaboratoriais

    Hemcias Hemoglobina Mioglobina

    Tiras ReagentesHemcias nosedimentoAspecto da urina

    Aspecto do

    plasmaSoroCKLDH totalLDH 1 e 2LDH 4 e 5

    +Presente

    Vermelha opaca

    Normal

    NormalNormalNormalNormal

    +Ausente

    Vermelhatransparente

    Hemolisado

    Pouco elevadaElevadaElevadaNormal

    +Ausente

    Marromavermelhadotransparente

    Normal

    Muito elevadaElevadaNormalElevada

    Tipos de pesquisa:

    a) Tiras Reagentes:

    Princpio da pesquisa: o mtodo se baseia na atividade de peroxidase do anel heme da molculada hemoglobina e mioglobina, que catalisam a reao entre o perxido de hidrognio e umcromgeno reduzido (ortotolidina, tetrametilbenzidina), ocorre oxidao do cromgeno, comformao de colorao verde azulada. A intensidade de cor proporcional quantidade desangue presente na urina.

    H2O2 + cromgeno reduzido peroxidase cromgeno oxidado + H2Ocor verde-azul

    Sensibilidade: a sensibilidade de 5 a 10 eritrcitos/L de urina, correspondendo aaproximadamente a 0,05 mg/dL de hemoglobina/dL de urina. A tira reagente mais sensvel

    para detectar a hemoglobina do que as hemcias ntegras.

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    Procedimento: mergulhar a tira na amostra de urina, retirar o excesso de lquido da tira,aguardar 50 segundos e comparar a cor formada na rea correspondente ao sangue com aescala de cores padro do rtulo do frasco.

    Interpretao:

    Negativo indetectvel Positivo (+) 5 a 10 eritrcitos/L Positivo (++) 50 eritrcitos/L Positivo (+++) 250 eritrcitos/L

    Os fabricantes de tiras reagentes fornecem duas tabelas de cores: uma com pontos verdes edispersos ou concentrados na zona amarela de teste, que indica a presena de eritrcitosintactos; outra com rea homognea de cor verde, com intensidade varivel, que revela a

    presena de hemoglobina, mioglobina ou eritrcitos lisados.Embora os fabricantes especifiquem no rtulo do frsco, um nmero aproximado de eritrcitos

    por microlito, esse dado no deve ser comparado ao nmero real de clulas obtidas pela

    contagem na microscopia, pois a natureza absorvente da tira incorpora mais de 1 microlito deurina.

    Valor de referncia: Negativo (indetectvel).

    Interferentes:Falso positivo: agentes oxidantes, peroxidases bacterianas e de vegetais, contaminao porfluxo menstrual.

    Falso negativo: cido ascrbico, urina com alta densidade, nitrito (>10 mg/dL), tratamentocom Captopril.

    b) Reagente de Johanessenn:Princpio da pesquisa: o teste se baseia na atividade das peroxidases da hemoglobina. Oreagente contm fenolftalena reduzida em meio alcalino. As peroxidases desdobram o

    perxido de hidrognio, produzindo a oxidao da fenolftalena que, em meio alcalino, aparececom a cor rosa caracterstica.

    Preparo do reagente: transferir 2 g de fenolftalena, 50 g de hidrxido de potssio e 20g dezinco em p para um frasco de 500 mL e adicionar 200 mL de gua destilada. Levar ebulioat a soluo ficar incolor. Resfriar e colocar igual volume de lcool absoluto. Transferir paraum frasco mbar e adicionar cerca de 20 mL de parafina lquida. Guardar em local fresco eno tampar com rola esmerilhada. O reagente estvel temperatura ambiente por, nomnimo, um ano.

    Procedimento: centrifugar 10 mL de urina, desprezar o sobrenadante e adicionar ao sedimento20 gotas do Reagente de Johanessenn. Homogeneizar e adicionar 10 gotas de gua oxigenadade 10 volumes.

    Interpretao: na reao negativa no h aparecimento de cor. A presena de hemoglobina confirmada pela formao de cor rosa intensa e efmera. A mioglobina tambm produz reao

    positiva. A sua presena pode ser confirmada pelo teste do sulfato de amnio.

    NITRITO:

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    O nitrito formado na urina a partir da reduo do nitrato, constituinte normal da urina, pelareao catalisada pela enzima nitrato redutase presente, comumente, nas bactrias Gramnegativas.

    Significado clnico: a pesquisa de nitrito na urina utilizada para detectar infeces bacterianasno trato urinrio. Bactrias Gram-negativas, quando presentes na urina, convertem o nitrato,um constituinte normal da urina, a nitrito. O trato urinrio normalmente estril, portanto, aurina normal no deve conter bactrias. Estas estaro presentes devido a infeces localizadasem todo o trato urinrio, contaminao durante a coleta, principalmente por falta de assepsiae incontinncia urinria. A bacteriria pode ocorrer tambm em amostras de urina de crianasem uso de fraldas. importante a deteco precoce da infeco, para evitar a instalao deinfeces nas regies superiores no trato superior atravs dos ureteres, alcanando os tbulos,a pelve renal e os rins. Um resultado negativo no indica ausncia de infeces, pois algumas

    bactrias no reduzem nitrato a nitrito:

    Bactrias que reduzem nitrato a nitrito

    Escherichia coliKlebsiela/ EnterobacterProteusPseudomonas

    Porcentagemaproximada de infeces

    78%16%5%1%

    Bactrias que no reduzem nitrato a nitritoStreptococos faecalis 1%

    A prova do nitrito tambm pode ser empregada para avaliar o sucesso da terapia comantibiticos e para avaliar periodicamente os indivduos co infeces recorrentes e de alto riscode infeces do trato urinrio, como os indivduos diabticos e as gestantes.

    Tipos de pesquisa:

    Tiras reagentes:

    Princpio da pesquisa: certas bactrias possuem a capacidade de converter nitrato a nitrito. Adeteco feita pela reao de Griess, que envolve uma diazo reao. Em meio cido o nitritoreage com uma amina aromtica, cido arsanlico ou sulfanlico, para produzir um sal dediaznio, que em seguida reage com a 3-hidroxi-1,2,3,4-tetraidrobenzilquinolina produzindouma reao rosa, indicativa da presena de bactrias. Embora possam ser produzidas diferentestonalidades de cor rosa, o teste no mede o grau de bacteriria, portanto, qualquer colorao

    rosa considerada representativa de uma quantidade significativa de bactrias. Um resultadonegativo no exclui a possibilidade de infeco no trato urinrio, pois um grande nmero debactrias Gram positivas e leveduras, no so capazes de reduzir nitrato a nitrito, no entanto,tambm causam infeces urinrias.

    Sensibilidade: o teste detecta concentraes de 0,05 a 0,1 mg de nitrito/dL de urina. Asensibilidade do teste padronizada para corresponder aos critrios estabelecidos para acultura bacteriana segundo os quais uma amostra de urina com teste positivo para nitritodevem conter 100.000 organismos/mL.

    Procedimento: mergulhar a tira na amostra de urina, retirar o excesso de lquido da tira,aguardar 60 segundos e comparar a cor formada na rea correspondente ao nitrito com aescala de cores padro do rtulo do frasco.

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    Interpretao: Negativo (incolor) Positivo (rosa)

    Valor de referncia: Negativo.

    Interferentes:Falso positivo: contaminao por bactrias devido coleta imprpria ou estocagem daamostra de urina; presena de co determinados pigmentos ou medicamentos excretados pelaurina.

    Falso negativo: amostras de urina de indivduos com dieta pobre em nitrato. No observaodo tempo mnimo de incubao das bactrias na bexiga, para que ocorra a reduo do nitrato anitrito, que de no mnimo 4 horas; presena de cido ascrbico (> 25 mg/dL) e deantibiticos. A densidade elevada da urina pode diminuir a sensibilidade para a deteco denitrito.

    LEUCCITO ESTERASE

    A presena de leuccitos na urina indica uma possvel infeco no trato urinrio. O testequmico identifica a enzima leuccito esterase, presente nos grnulos azurfilos dos leuccitos(granulcitos e moncitos). Dessa forma, a pesquisa capaz de detectar leuccitos ntegros elisados, o que uma grande vantagem, pois, em diversas situaes clnicas e dependendo dascaractersticas fsico-qumicas da urina, os leuccitos podem ser lisados e assim, no seroidentificados no sedimento urinrio, no entanto, o sero pela tira reagente.

    Significado clnico: a pesquisa de leuccitos utilizada para detectar a presena de infecesem todo o trato urinrio. A presena destes elementos pode ser detectada tambm pelo examemicroscpico. A pesquisa qumica detecta a presena de clulas intactas ou lisadas. A urinanormal contm at 5 leuccitos por campo (aumento de 400). Um aumento no nmero de

    leuccitos pode ser encontrado na glomrulonefrite aguda, pielonefrite, litase, cistite, uretritee tumores.

    Tipos de pesquisa:

    Tiras Reagentes:

    Princpio da pesquisa: o teste se baseia na presena da enzima leuccito esterase presente nosgrnulos azurfilos dos leuccitos. Esta enzima hidrolisa o ster do cido indoxilcarbnico e

    produz indoxil. Este produto reage com um sal de diaznio produzindo cor prpura

    proporcional quantidade de esterase presente:

    ster do cido indoxil leuccito esterase Indoxil

    Indoxil + sal de diaznio cor prpura

    Sensibilidade: detecta de 5 a 15 leuccitos por campo, em aumento de 400x.

    Procedimento: mergulhar a tira na amostra de urina, retirar o excesso de lquido da tira,aguardar 50 segundos e comparar a cor formada na rea correspondente aos leuccitos com aescala de cores padro do rtulo do frasco.

    Interpretao:

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    Negativo Positivo (+) 25 leuccitos/L Positivo (++) 75 leuccitos/L Positivo (+++) 500 leuccitos/L

    Valor de referncia: Negativo

    Interferentes:Falso positivo: presena de oxidantes fortes como formaldedo e hipoclorito no recipiente decoleta e amostras de urinas contaminadas com secreo vaginal e na trichomonase.

    Falso negativo: glicose (> 2 g/dL), densidade alta, cido oxlico, albumina (> 500 mg/dL),cido ascrbico, medicamentos (nitrofurantona, cefalexina, cefalotina, tetraciclina,gentamicina), amostras de urina com densidade elevada.

    Reao atpica: presena de qualquer substncia que possa causar colorao anormal naurina, como bilirrubina, nitrofurantona e outros compostos fortemente coloridos.A reao no afetada pela presena de bactrias e eritrcitos na urina que no possuem

    esterases, as quais esto presentes em Trichomonas sp. e nos histicitos.

    CIDO ASCRBICO:

    A urina em condies normais no contm cido ascrbico. Entretanto, com a alta ingesto devitamina C, como complemento vitamnico ou como aditivo alimentar industrial, ou ainda emdecorrncia da ingesto de certos alimentos, pode ocorrer eliminao de cido ascrbico naurina. A presena de cido ascrbico na urina pode interferir em vrios testes qumicos. Estainterferncia particularmente importante para as pesquisas na tira reagente para sangue eglicose as quais dependem da liberao de perxido de hidrognio pela peroxidase e asubseqente oxidao de um cromgeno para indicar a reao. O cido ascrbico pode

    tambm reagir com o sal de diaznio formado na tira reagente baseada na diazo reao,causando reduo ou resultados falso negativos. Dessa forma, importante que a tira reagentepossua a rea de reao para cido ascrbico. Caso a quantidade interferente de cidoascrbico esteja presente, por suspeita de interferncia baseada em anamnese ou pordiscrepncia de dados, uma nova amostra deve ser colhida, pelo menos de 10 a 24 horas apsa ltima ingesto de vitamina C.O cido ascrbico pode tambm reagir com o sal de diaznio, diminuindo a intensidade de corformada nas reaes de pesquisa de leuccitos, nitrito, bilirrubina e urobilinognio.

    Tiras reagentes:Princpio da pesquisa: o teste se baseia na potente ao redutora do cido ascrbico. Algumasfitas reagentes baseiam-se na reao de Tillmann. Resultado positivo a tira fica de cor laranja

    por aparecer a cor do 2,6-dichorophenolindophenol que se torna visvel pela descolorao doazul de indofenol pelo cido ascrbico.

    Interpretao:

    Negativo Positivo (+) 10 mg/dL Positivo (++) 25 mg/dL Positivo (++) 50 mg/dL

    Sensibilidade: o teste detecta concentraes a partir de 10 mg/dL.

    Interferentes:Falso positivo: presena de outros agentes redutores na urina.

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    Falso negativo: diminuio da intensidade de cores das reaes para a glicose, bilirrubina,nitrito, urobilinognio e sangue.

    3 - ANLISE MICROSCPICA

    O exame microscpico da urina consiste na observao, identificao e quantificao domaterial insolvel presente na mesma. uma etapa muito importante do exame, pois forneceinformaes sobre a integridade anatmica dos rins e a existncia e extenso de leses. Almde auxiliar no diagnstico de determinada patologia, importante para o prognstico e aconstatao da cura. A meticulosidade no sedimento urinrio deve ser constante, porque amaioria dos elementos do sedimento pode sofrer modificaes no seu aspecto morfolgico.Estas modificaes podem ser devidas a variaes do pH, uso de medicamentos,decomposio bacteriana, coleta inadequada da amostra, conservao inadequada do material,frascos de coleta imprprios, etc. Para uma correta interpretao do resultado de um exame dosedimento urinrio necessrio padronizao da execuo e da liberao dos resultados. Osseguintes aspectos devem ser observados para a execuo do sedimento urinrio:

    Espcime urinrio : jato mdio da primeira urina da manh; Volume urinrio : 10 mL Tempo de centrifugao : 5 minutos Velocidade de centrifugao : fora centrfuga relativa de 400 FCR ou 1.500 a 2.000

    rotaes por minuto Volume total do sedimento : 0,2 mL Volume de sedimento examinado : 0,02 mL (20 L) colocado sobre lmina e

    coberto por lamnula (22 22 mm) Ocular : aumento de 10

    Objetivas : aumento de 10 e 4