109
FGV Management MBA em Gestão Empresarial Economia Aplicada Waldecy Rodrigues, Dr. [email protected]

Apostila_Economia (Pós Graduação Gestão Empresarial Uft)

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Material sobre economia aplicada a gestão empresarial, em especial para graduados de outras áreas,

Citation preview

PAGE

FGV Management

MBA em Gesto Empresarial

Economia Aplicada

Waldecy Rodrigues, Dr.

[email protected]

Realizao Fundao Getulio Vargas

FGV Management

Todos os direitos em relao ao design deste material didtico so reservados Fundao Getlio Vargas.

Todos os direitos quanto ao contedo deste material didtico so reservados ao(s) autor.

Rodrigues, Waldecy

Economia Aplicada, MBA em Gesto Empresarial, Fundao Getlio Vargas, Rio de Janeiro, 2008, 79p.

Bibliografia

1. Economia Aplicada 2. Microeconomia, 3. Macroeconomia. I. Ttulo

Diretor da EBAPE/FGV Prof. Bianor Scelza Cavalcanti

Diretor da EPGE/FGV Prof. Renato Fragelli Cardoso

Diretor do IDE Prof. Clovis de Faro

Diretor Executivo do FGV Management Prof. Ricardo Spinelli de Carvalho

FGV Online Prof. Carlos Longo

Ncleo FGV Braslia Prof Maria do Socorro V. de Carvalho

ISAE Amaznia Prof Rosa Oliveira de Pontes

ISAE Paran Prof. Norman de Paula Arruda Filho

Superintendentes Regionais

Prof. Paulo Mattos de Lemos

Prof. Silvio Roberto Badenes de Gouva

Prof. Djalma Rodrigues Teixeira Filho

A sua opinio muito importante para ns

Fale Conosco!

Central de Qualidade FGV Management

[email protected]

Sumrio

1. Programa da disciplina31.1 Ementa31.2 Carga horria total31.3 Objetivo31.4 Contedo programtico31.5 Metodologia41.6 Critrios de avaliao41.7 Bibliografia recomendada41.8 Curriculum resumido do professor52. CONTEDO PROGRAMTICO4

2.1 A cincia econmica5

2.2 como funcionam os mercados192.2 o processo de maximizao dos lucros372.2 cenrios macroeconmicos512.2 economia internacional e globalizao72

1. Programa da disciplina1.1 Ementa

Conceitos bsicos. Princpios da microeconomia. Estruturas de mercados. Maximizao de lucros. Princpios de macroeconomia. Economia internacional e globalizao.

1.2 Carga horria total

24 horas-aula

1.3 Objetivos

O curso tem como objetivo proporcionar aos discentes uma base do conhecimento econmico aplicado a realidade empresarial. Pretende-se que ao final do curso os alunos tanto sejam capazes de melhor compreender o processo de tomada de decises das empresas e suas relaes com os ambientes micro e macroeconmicos, bem como na perspectiva da competitividade internacional.

1.4 Contedo programtico

A Cincia Econmica(4 horas) Conceito evolutivo da Economia Problemas econmicos fundamentais Curva de possibilidades de produo Sistemas econmicos

Evoluo do pensamento econmico

Como Funcionam os Mercados(4 horas) Demanda

Oferta

Estruturas de mercado

Elasticidades

O Processo de Maximizao dos Lucros(4 horas) Produo de curto prazo

Produo de longo prazo

Custos de produo

Maximizao de lucros

Cenrios Macroeconmicos(8 horas) Agregados macroeconmicos

Equilbrio de curto prazo

Equilbrio de longo prazo

Poltica monetria

Poltica fiscal

Economia internacional e globalizao(4 horas) Padres de comrcio internacional

Globalizao da economia

Poltica cambial

Balano de pagamentos e equilbrio externo

1.5 Metodologia

As aulas sero ministradas buscando-se um equilbrio entre teoria e aplicao na interpretao da realidade econmica. Essas sero expositivo-participativas, considerando-se a necessidade compartilhar informaes e conhecimento, visto tratar-se de assunto que permite um maior aprofundamento na compreenso do funcionamento dos mercados e dos cenrios competitivos nacionais e internacionais. Sero utilizadas ilustraes analticas, estudos de casos e exerccios demonstrativos de conceitos e modelos oriundos da anlise econmica.

1.6 Critrios de avaliao

A avaliao ser feita atravs de um conjunto de trabalhos aplicados sobre os contedos apresentados (40%) e uma prova sobre o contedo da disciplina ministrada (60%).

1.7 Bibliografia recomendada

MANKIW, N. GREGORY. Macroeconomia. LTC, 2008.

MCGUIGAN, JAMES R. / MOYER, R. CHARLES / HARRIS, FREDERICK H. DEB. Economia de Empresas. THOMSON PIONEIRA, 2004.

PASSOS Carlos R.; NOGAMI Otto. Princpios de economia. So Paulo: Atlas, 2003.

PINDYCK, Robert S. RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia, 5 ed. So Paulo: Prendice Hall, 2002.

SAMUELSON, Paul A. NORDHAUS, Willian D. Economia. 16 ed. Portugal: McGraw-Hill, 1999.

SILVA, J. M. A. O modelo keynesiano simplificado. Viosa: UFV, 2008. Disponvel em:

http://www.ufv.br/der/docentes/jmas/Modelo%20Keynesiano%20Simplificado.pdf VASCONCELLOS, Marco A. S. Fundamentos de Economia So Paulo: Saraiva, 2004. WWW.VALORONLINE.COM.BR WWW.FGV.BR

JORNAL O VALOR ECONMICO

JORNAL GAZETA MERCANTIL

1.8 Currculo resumido do professor

Waldecy Rodrigues Ps-Doutor em Economia pela Universidade de Braslia (UnB). Doutor em Cincias Sociais (Concentrao Scio-Economia Internacional) pela Universidade de Braslia (UnB). Mestre em Economia (UnB). Graduado em Economia (UCG). Consultor da Fundao Getlio Vargas (FGV) na rea de Desenvolvimento Econmico e Planejamento. Consultor do Banco Mundial em Desenvolvimento Sustentvel. Consultor em Planejamento e Desenvolvimento para diversos Governos Estaduais e Municipais. Professor e Coordenador do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional e Agronegcio da Universidade Federal do Tocantins. Pesquisador Associado do Ncleo de Meio Ambiente e Agricultura do Departamento de Economia da Universidade de Braslia (CEEMA - UnB) e do Centro de Desenvolvimento e Ordenamento Territorial da Universidade de Braslia (CIORD UnB). Autor de vrios artigos e livros de circulao nacional e Desenvolvimento Sustentvel, Agronegcio e Planejamento Regional. Unidade 1 A Cincia Econmica Introduo

Imagine as situaes relatadas a seguir. O salrio deste ms no vai dar para pagar todas as despesas. A energia e o combustvel aumentaram. Uma famlia decide diminuir despesas para equilibrar o oramento. O gerente do banco informou que s financia 50% do valor do custeio da safra. A comunidade precisa decidir como poder ter os bens e servios para melhorar seu bem-estar. Como resolver esses problemas? Qual o sistema econmico mais eficiente?

Iniciaremos nosso curso apresentando conceitos como escassez, economia, bens e servios, recursos de produo, agentes econmicos, mercado e preos. Tambm sero discutidos princpios de anlise de fatos econmicos relacionados com a escassez e o mercado.1.1 - O Problema da Escassez Escassez o problema objeto de estudo na Economia. A existncia da escassez o que justifica a economia como cincia. O que escassez? Por que existe?

Escassez a falta de bens e servios em quantidade e qualidade suficiente para o atendimento pleno das necessidades humanas. A escassez existe porque a quantidade dos recursos produtivos insuficiente para produzir todos os bens e servios para atender todas as necessidades humanas. Por definio, as necessidades so ilimitadas e os recursos produtivos, bens e servios so limitados.

Necessidades humanas so desejos, aspiraes e expectativas. A satisfao das necessidades resulta em bem-estar fsico e emocional.

Bens e servios so todos os objetos capazes de satisfazer as necessidades humanas. Os bens so classificados em bens de consumo no durveis, como os alimentos, bens de consumo durveis, como um automvel, bens intermedirios, como a farinha de trigo, e bens de capital, como um computador. Educao, sade, transporte, comunicao, comrcio, lazer so servios.

Os recursos produtivos ou fatores de produo so classificados na economia em trabalho (mo-de-obra), capital (instalaes, equipamentos e mquinas, a moeda...), terra (recursos naturais) e tecnologia (mtodos de produo).1.2 Definies de Economia

Como prtica social, a economia existe desde quando surgiram os grupos humanos. Mas como cincia, a economia relativamente nova. Os gregos deram incio ao estudo da economia como um conhecimento cientfico. A seguir sero apresentadas algumas definies baseadas em autores que contriburam para o desenvolvimento deste ramo do conhecimento como cincia.

No grego, Oikosnomos, de oikos (casa) e nomos (lei, norma) significa a Administrao de uma casa ou do Estado.Veja algumas definies cientficas de economia:

Para Vasconcelos,

Economia a cincia social que estuda como os indivduos e a sociedade decidem (escolhem) empregar recursos produtivos escassos na produo de bens e servios, de modo a distribu-los entre as vrias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas (VASCONCELLOS, 2004, p. 2).

J para Samuelson,A economia o estudo de como as pessoas e a sociedade decidem empregar recursos escassos, que poderiam ter utilizaes alternativas, para produzir bens variados e para distribu-los para consumo, agora ou no futuro, entre vrias pessoas e grupos da sociedade. (SAMUELSON apud PASSOS e NOGAMI, 2003, p. 4)

As definies anteriores destacam alguns elementos. Primeiro enfatizam a Economia como uma cincia social, isto , o comportamento humano est presente. Em segundo lugar, enfatizam a escassez dos recursos e, por ltimo, a questo da escolha individual ou social.1.3 Questes Econmicas FundamentaisVoc est lembrando o que so recursos produtivos e quais so? Se tiver dvidas, releia o item escassez. Em funo da escassez dos recursos produtivos e das necessidades humanas ilimitadas, qualquer sociedade se depara com as seguintes questes fundamentais:

um problema econmico. A resposta um ato de escolha individual ou social. Como os recursos produtivos so escassos, no permitindo que se produzam tudo, a soluo decidir quais produtos e servios devem ser produzidos. Para tomar a deciso, a comunidade deve conhecer as alternativas. A deciso inclui as quantidades a serem produzidas. Algumas alternativas, como sugesto. Produzir mais alimentos ou vesturio? Produzir mais carros ou vages de trem? Ferrovias ou rodovias?

Trata-se de uma questo tecnolgica. Trata-se do mtodo de produo. O mtodo envolve maneiras diferentes de combinar os fatores de produo. Sendo trabalho e capital os fatores de produo, qual melhor combinao? Utilizar mais mo-de-obra e menos capital? Seria um processo intensivo de mo-de-obra. Ou utilizar mais capital e menos mo-de-obra? Nesse caso, o processo seria intensivo de capital. Quais os efeitos dessa escolha? O principal com relao ao emprego. O processo intensivo de mo-de-obra gera mais emprego.

Enfatiza a distribuio dos bens e servios. Logo, a questo quem vai usufruir os bens e servios produzidos. Qual o critrio da distribuio? Ser conforme a necessidade? Ser conforme a participao na produo? A distribuio dos bens e servios tem relao com a distribuio da renda. Se a renda for desigual, a distribuio dos bens e servios ser desigual, pois a renda permite a aquisio dos bens.

Para analisar as questes acima, vamos utilizar a curva de possibilidade de produo e o custo de oportunidade como modelos. 1.4 Curva de Possibilidades de ProduoA curva de possibilidade de produo um modelo de anlise para a tomada de deciso sobre o que e quanto produzir. As curvas representam possibilidades. Como ilustraes sero utilizadas uma tabela e uma figura. A tabela 1 mostra as alternativas em termos de quantidade em quilos. A curva de possibilidade de produo est desenhada mostrando as quantidades de soja, no eixo horizontal, e de milho, no eixo vertical.Tabela 1 Possibilidades de produo de um pasAlternativasSoja (em quilos)Avies (em unidades)

A

B

C

D

E

F0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.0008.000

7.500

6.500

5.000

3.000

0

(Fonte: PASSOS E NOGAMI, 2003 p. 49)

Os dados da tabela apresentam trs alternativas:

Alternativa A s produzir milho

Alternativa F s produzir soja

Alternativas B, C, D, E produzir soja e milho

Na figura 1, as alternativas A e F representam a fronteira de possibilidades de produo. As alternativas B, C, D e E representam as possibilidades de produo conjunta de soja e milho.

Figura 1 Curva de possibilidades de produo Para haver eficincia na produo, necessria a hiptese de plena utilizao dos recursos produtivos. O que plena utilizao dos recursos ou pleno emprego dos recursos? Significa que toda a terra, a mo-de-obra e os equipamentos esto sendo completamente utilizados. No h recurso ocioso.

Quando recursos so transferidos da alternativa A para a alternativa B, de B para C e assim por diante, h um custo que pode ser medido em termos reais. Por exemplo, mudar da alternativa A para a B representou o sacrifcio de no produzir 500 quilos de milho para produzir 1.000 quilos de soja. Na escolha da alternativa de D para E, houve a renncia da produo de 2.000 quilos de milho para produzir 1.000 quilos de soja. Logo, o custo de oportunidade refere-se transferncia de recursos da produo de um bem (milho) para produzir outro bem (soja), supondo o pleno emprego dos recursos produtivos.

1.5 Sistemas EconmicosOutra deciso da sociedade qual a melhor forma de organizao econmica. Na literatura, esse assunto tratado na viso de sistema, isto , sistema econmico. O que um sistema econmico? Quais os sistemas econmicos conhecidos? Como funcionam?

Segundo (VASCONCELLOS, 2004) sistema econmico pode ser definido como sendo a forma poltica, social e econmica pela qual est organizada a sociedade. um particular sistema de organizao da produo, distribuio e consumo de todos os bens e servios que as pessoas utilizam buscando uma melhoria no padro de vida e bem-estar.Para descrever e analisar os sistemas econmicos, precisamos conhecer seus elementos e sua classificao. Quais so os elementos de um sistema econmico?

Um sistema econmico tem como elementos bsicos: estoque de recursos produtivos, complexo de unidades produtivas e conjunto de instituies econmicas, sociais, polticas e jurdicas.

O estoque de recursos produtivos compreende o trabalho (recursos humanos), o capital (instalaes, mquinas, equipamentos), a terra (recursos naturais) e a tecnologia (mtodos e processos de produo).

O complexo de unidades de produo so as empresas que produzem bens e servios. Os bens podem ser de consumo no durvel, consumo durvel, intermedirio e de capital. Entre os servios se destacam comrcio, transporte, educao, sade, comunicao...

As instituies polticas, jurdicas, econmicas e sociais so base da organizao social. O Congresso Nacional, o Ministrio da Fazenda, o Banco Central, a Agncia Nacional do Petrleo, a Agncia Nacional de Telecomunicaes, os Tribunais Estaduais e Federais so exemplos de instituies.

Quais os modelos de sistemas econmicos que a histria apresenta? Quais suas caractersticas? Como funcionam? Estudaremos trs modelos que refletem a prtica econmica moderna: Sistema capitalista ou economia de mercado, sistema socialista ou economia planificada e sistema de economia mista.a) Sistema capitalista ou economia de mercado - A economia de mercado tem como caractersticas bsicas a propriedade privada dos recursos de produo, livre iniciativa nos negcios. A deciso sobre o que produzir, como produzir, e para quem produzir tomada pelo mercado. Neste modelo, predomina a concorrncia pura sem interveno do Estado. O Estado cuida da segurana e da justia. a filosofia do liberalismo econmico.

b) Sistema socialista ou economia planificada - Este sistema se caracteriza pela propriedade pblica ou estatal dos fatores de produo. As decises sobre produo e distribuio de bens e servios, bem como preos, so de competncia de uma comisso de planejamento central. A ex-Unio Sovitica, a China, Romnia, Coria do Norte e Cuba so exemplos de sistema socialista de economia.

c) Sistema de economia mista - Neste sistema, os recursos de produo so de propriedade do setor pblico e do setor privado. O funcionamento da economia conforme as leis de mercado. O governo participa da produo de bens e servios e tambm faz controles atravs da regulamentao dos setores econmicos. O Brasil uma economia de mercado, mas com caractersticas do sistema de economia mista. O governo proprietrio de empresas como a Petrobrs, Banco do Brasil, Caixa Econmica Federal, Furnas Centrais Eltricas. Ainda o governo faz controles da economia atravs de agncias como a Agncia Nacional de Energia Eltrica (ANEEL), Agncia Nacional de Telecomunicaes (ANATEL) e Agncia Nacional do Petrleo.1.6 Evoluo das idias econmicas A economia como prtica social existe desde que se formaram os grupos humanos. A noo de produo e troca de bens e servios intuitiva. Entretanto, como conhecimento cientfico relativamente recente. A obra A Riqueza das Naes, de autoria de Adam Smith, publicada em 1776 considerada o marco da economia como cincia. Antes de ser cincia vrias idias foram desenvolvidas.

1.6.1 Fase pr-cientfica Na Grcia, Aristteles criou o termo oikonomia no sentido da administrao privada e das finanas pblicas. Na Idade Mdia, houve a preocupao com a justia e a moral, quando foi criada a lei da usura que defendia o lucro justo e condenava os juros altos. O mercantilismo, desenvolvido a partir do sculo XVI, tinha como idia fundamental a acumulao da riqueza da nao. Para tanto, o pas deveria acumular metais preciosos. A colonizao das Amricas foi inspirada nas idias mercantilistas. Na Frana, surgiu a fisiocracia. Franois Quesnay, mdico estudioso de economia, escreveu a obra Quadro Econmico. Afirmou que a economia deveria funcionar segundo leis naturais, sem interveno do governo. Considerou a agricultura o setor gerador de riqueza. Para ele, havia trs classes sociais: produtores, proprietrios e a classe estril.1.6.2 Escola ClssicaO grande expoente da escola clssica foi sem dvida Adam Smith. Ele era professor de filosofia e escritor e viveu num contexto privilegiado: a Primeira Revoluo Industrial. O ambiente era adequado para observar o processo de produo e distribuio de bens e servios. Em 1776, foi publicado A Riqueza das Naes, um verdadeiro tratado sobre questes econmicas. A seguir ser apresentada uma sntese das principais idias:

a) Princpio da livre concorrncia: Uma mo invisvel levaria a sociedade perfeio, em que os agentes econmicos empresas buscando o lucro mximo e trabalhadores, tentando obter o melhor salrio promoveriam o bem-estar de toda a sociedade. O mercado funcionaria como regulador das decises econmicas.

b) O trabalho humano como causa da riqueza das naes: Desenvolveu a teoria do valor-trabalho, atribuindo ao trabalho a criao da riqueza. A diviso do trabalho levaria especializao dos trabalhadores. O princpio da diviso do trabalho permitiria ao trabalhador desenvolver habilidades. O efeito seria o aumento da produtividade e a necessidade de abertura de novos mercados.

c) Estado mnimo: Ao Estado caberia o papel de proteger a sociedade, cuidando da segurana e da justia. Para isso deveria criar obras e instituies que tivessem essas funes. Mas no caberia ao governo intervir nas leis de mercado.

David Ricardo no era um acadmico. Era homem de negcios. Foi operador da Bolsa de Valores de Londres. Foi prspero como negociante. Leu A Riqueza das Naes que lhe despertou grande interesse pela Economia. Estimulado por amigos e admiradores, escreveu artigos sobre economia e um livro que se tornou best seller na sua poca. Em 1817, finalizou a obra Princpios de Economia Poltica e Tributao. Eis uma sntese das idias bsicas do autor:

a) Teoria do valor-trabalho: melhorou a teoria do valor-trabalho de Smith, demonstrando que todos os custos se reduzem aos custos do trabalho.

b) Desenvolvimento econmico: a acumulao de capital e o aumento da populao determinam aumento da renda da terra, mas os rendimentos decrescentes diminuem os lucros, tornando a poupana nula. A economia torna-se estacionria, isto , sem crescimento econmico. Os salrios diminuem, sendo suficientes apenas para subsistncia. um modelo pessimista de desenvolvimento.

c) Comrcio internacional: analisou o papel do comrcio entre as naes como positivo. Criou a Teoria das Vantagens Comparativas. Essa teoria um modelo que explica os motivos e as vantagens do comrcio internacional. O modelo explica que o motivo principal do comrcio internacional se baseia na disponibilidade relativa de fatores de produo. O pas que tivesse maior disponibilidade de terra, por exemplo, poderia se especializar na produo agrcola com menor custo. O excedente agrcola seria exportado e adquirido os produtos industrializados.

1.6.3 Escola Marxista Karl Marx estudou Direito em Bonn e Berlim, num ambiente de grande curiosidade intelectual. Posteriormente teve interesse por filosofia, economia e poltica. Seu primeiro livro sobre economia foram os Manuscritos Econmico-Filosficos. O livro seguinte foi a Misria da Filosofia. Sua obra principal foi O Capital. A seguir, sero expostas algumas idias do Capital.

Marx desenvolveu a teoria do valor-trabalho, que j constava na obra de Smith e de Ricardo. Essa teoria explica que o valor de uma mercadoria tem como base a quantidade de trabalho gasto na sua produo.

O conceito de mais-valia a novidade da Escola Marxista. A mais-valia representa a diferena entre o valor das mercadorias e o valor pago fora de trabalho. Lucro, juros, aluguel, arrendamento so a expresso da mais-valia. A apropriao do excedente que a mais-valia, pelos capitalistas, explica o processo de acumulao do capital e as relaes entre capitalistas e trabalhadores.

As relaes entre capitalistas e trabalhadores chamados de proletrios tendem a ser de conflitos. O interesse dos capitalistas manter e ampliar a mais-valia. Os proletrios querem aumentar sua participao na renda, recebendo melhor salrio.

Na viso de Marx, o sistema capitalista estava sujeito a crises resultando no seu desaparecimento. Seria substitudo por um novo sistema econmico, o socialismo. J vimos no primeiro tema as caractersticas dos dois sistemas.1.6.4 Escola Neoclssica

A Escola Neoclssica teve incio a partir de 1870 e faz parte de um conjunto de escolas de economia que formularam conceitos e modelos de anlise econmica. As principais so a Escola de Viena, a Escola de Lausane e a Escola de Cambridge.

A Escola de Viena ou Escola Psicolgica Austraca teve como principal autor Karl Menger. O ingls William Jevons desenvolveu estudos na mesma linha de pensamento. Essa escola desenvolveu a teoria do valor-utilidade e a teoria da utilidade marginal. A teoria do valor-utilidade enfatiza o lado subjetivo do valor, ou seja, o valor de um est relacionado com grau de satisfao que capaz de produzir.

A Escola de Lausane ou Escola Matemtica, com sede na cidade Sua de Lausane, teve Leon Walras e Vilfredo Pareto como autores principais. A teoria do equilbrio geral foi a maior contribuio da escola para a cincia econmica. Essa teoria demonstra a interdependncia dos preos no sistema econmico e fez tambm a distino entre economia pura e economia aplicada.

A Escola de Cambridge, na Inglaterra, teve como principal autor Alfred Marshall. O livro Princpios de Economia, publicado em 1890, obra de referncia dos neoclssicos. As contribuies bsicas dessa escola foram:

a) Teoria do consumidor ou teoria do comportamento do consumidor: Essa teoria explica que o comportamento do consumidor est relacionado com suas preferncias e seu oramento. A deciso de compra do consumidor depende da maximizao da utilidade de acordo com as preferncias e o oramento desse consumidor.

b) Teoria marginalista: O equilbrio do mercado depende do comportamento da receita marginal e do custo marginal. A receita marginal o acrscimo da receita quando se produz ou se vende uma unidade. O custo marginal o custo adicional por unidade produzida.

c) Teoria quantitativa da moeda: Essa teoria relaciona a quantidade de moeda na economia com os nveis da atividade econmica. Qual a relao entre a quantidade de moeda e a quantidade de bens e servios?1.6.5 Escola Keynesiana John Maynard Keynes (1883-1946) foi o principal representante da escola. Em 1936, foi publicada a Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, dando incio ao que foi chamado de revoluo keynesiana. O impacto do livro foi significativo. O sistema capitalista estava passando por crise que se denominou Grande Depresso. O principal sintoma era a sobra de estoques, portanto crise de superproduo. Os efeitos imediatos foram o aumento do desemprego e a quebra da Bolsa de Nova York. A teoria econmica clssica no conseguia explicar nem oferecer uma soluo satisfatria. Foi nesse contexto que a obra de Keynes apareceu. Os aspectos mais relevantes dizem respeito ao diagnstico e s polticas econmicas indicadas para a soluo da crise.

O diagnstico da teoria clssica afirmava que o problema era temporrio e o ajuste seria automtico. Com base na lei de Say, a oferta cria sua prpria procura, a expectativa era o ajuste espontneo. Mas isso no aconteceu. O diagnstico de Keynes inverteu a ordem da oferta e procura. Para Keynes, o nvel do emprego o resultado do nvel de produo. O nvel de produo determinado pela demanda agregada. Keynes criou o termo demanda efetiva para indicar a demanda real do mercado.

A soluo indicada para a crise foi a interveno do Estado na economia. Essa participao visava aumentar a demanda efetiva, ampliando a produo e gerando emprego. A forma de interveno era a poltica fiscal, a poltica monetria e investimentos nos setores que a iniciativa privada no tivesse interesse. A poltica fiscal trata da arrecadao de tributos e dos gastos pblicos. A poltica monetria administra a oferta e o controle da moeda e do crdito. Os investimentos em obras pblicas como ferrovias, rodovias, portos, aeroportos ajudariam aumentar o nvel da demanda.1.7 - Diviso do Estudo Econmico

Para efeito didtico simplificado, o estudo da economia dividido em reas. As principais so: Microeconomia, e Macroeconomia.

A Microeconomia estuda o comportamento econmico de indivduos e empresas. Esse comportamento pode expressar uma situao de consumidor, comprador ou de produtor e vendedor. Tambm estuda como so formados os preos num mercado especfico.

A Macroeconomia se preocupa com agregados macroeconmicos. Agregado significa que o estudo da varivel a nvel nacional. As principais variveis macroeconmicas so o produto, a renda e a despesa nacional.Concluso da aula

A economia somente existe como cincia pela natural existncia da escassez de recursos. Com isso a produo de bens e servios limitada pelo o estoque dos fatores de produo para atender as crescentes e ilimitadas necessidades dos consumidores. Os sistemas econmicos a forma que as sociedades humanas encontraram para enfrentar o dilema da escassez e do atendimento das necessidades humanas. De um lado temos o sistema capitalista, inspirados nos ideais de Adam Smith e David Ricardo, que destacam a importncia do livre mercado para o alcance da eficincia produtiva e distributiva; de outro, temos o sistema socialista, inspirado em Karl Marx, que defendia que o capitalismo era um sistema de explorao do homem pelo homem, onde isso somente seria superado na medida em que os trabalhadores, atravs de um Estado forte, tomassem para si a propriedade dos meios de produo.

Atividade 1 Estudo de CasoA morte do consenso da globalizao

Por Dani Rodrik14/07/2008

Esta no a primeira vez em que a economia mundial v o colapso da globalizao. A era do padro-ouro, com sua livre mobilidade de capitais e livre comrcio, teve um fim abrupto em 1914 e no pde ser ressuscitada aps a Primeira Guerra Mundial. Estaremos prestes a testemunhar um colapso econmico mundial similar?

A indagao no extravagante. Embora tenha viabilizado nveis inditos de prosperidade em pases avanados, e tenha sido uma beno para centenas de milhes de trabalhadores pobres na China e em outros pases da sia, a globalizao econmica repousa sobre alicerces frgeis. Diferente de mercados nacionais, que tendem a se apoiar em instituies regulamentadoras e polticas domsticas, os mercados mundiais so apenas "fracamente inseridos". No existe qualquer autoridade antitruste mundial, nenhum emprestador mundial de ltima instncia, nenhuma agncia fiscalizadora mundial, nenhuma rede de segurana mundial e, naturalmente, nenhuma democracia mundial. Em outras palavras, os mercados mundiais sofrem de fraca governana, e portanto de escassa legitimidade popular.

Desdobramentos recentes ressaltaram a urgncia com que essas questes esto sendo discutidas. A campanha eleitoral presidencial nos EUA enfatiza a fragilidade do apoio ao livre comrcio no pas mais poderoso do mundo. A crise no mercado de crdito imobilirio de segunda linha americano evidenciou de que modo a ausncia de coordenao e regulamentao internacionais pode exacerbar a fragilidade intrnseca do mercado financeiro. A alta nos preos dos alimentos exps o lado negativo da interdependncia econmica desacompanhada de esquemas de transferncias e compensaes mundiais. Por outro lado, o encarecimento do petrleo provocou aumentos nos custos de transportes, levando analistas a ponderar se a era da terceirizao est chegando ao fim. E paira sempre a iminncia de calamidades resultantes das mudanas climticas, que podem ser a mais grave ameaa com que o mundo j se defrontou.

Ento, se a globalizao est em perigo, quais so seus verdadeiros inimigos? Houve um tempo em que as elites mundiais podiam se reconfortar, considerando a oposio ao regime de comrcio mundial como gerada por anarquistas violentos, protecionistas preocupados com seus prprios interesses, ativistas sindicais e jovens ignorantes, embora idealistas. Nesse perodo, as elites podiam considerar-se verdadeiramente progressistas, porque compreendiam que salvaguardar e promover o avano da globalizao era o melhor remdio contra a pobreza e a insegurana.

Mas essa certeza praticamente desapareceu, substituda por dvidas, questionamentos e ceticismo. Cessaram tambm os violentos protestos de rua e movimentos de massas contra a globalizao. Notcia, hoje, a crescente lista de economistas ortodoxos que esto questionando as supostamente irrestritas virtudes da globalizao.

Assim, Paul Samuelson, autor do livro-texto que se constituiu em marco histrico do pensamento econmico do Ps-Guerra, lembra seus colegas economistas que os ganhos da China com a globalizao podem acontecer s custas dos EUA; Paul Krugman, o mais importante terico atual em comrcio internacional, argumenta que o comrcio com pases de baixa renda j suficientemente grande para ter efeito sobre a desigualdade; Alan Blinder, ex-vice-presidente do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA), preocupado com que a terceirizao internacional cause perturbaes sem precedentes na fora de trabalho americana; Martin Wolf, colunista do Financial Times e um dos mais articulados defensores da globalizao, escreve sobre seu desapontamento diante das conseqncias da globalizao financeira; e Larry Summers, ex-secretrio do Tesouro americano e "Sr. Globalizao" do governo Clinton, pondera sobre os riscos de um nivelamento por baixo na arena das regulamentaes nacionais e sobre a necessidade de padres trabalhistas internacionais.

Embora essas preocupaes no signifiquem um ataque totalmente antagnico desfechado por pensadores como Joseph Stiglitz, agraciado com um Prmio Nobel de Economia, constituem, mesmo assim, notvel guinada no clima intelectual. Alm disso, mesmo aqueles que no perderam suas convices freqentemente discordam com veemncia sobre o rumo desejado para a globalizao.

Por exemplo, Jagdish Bhagwati, destacado defensor do livre comrcio, e Fred Bergsten, diretor do Peterson Institute for International Economics, um instituto pr-globalizao, tm se posicionado na linha de frente, argumentando que os crticos exageram enormemente os males da globalizao e subestimam seus benefcios. Mas os debates entre os dois sobre os mritos de acordos de comrcio regional - Bergsten a favor, Bhagwati contra - so to acalorados quanto as divergncias com os autores mencionados acima.

Nenhum desses intelectuais, naturalmente, contra a globalizao. O que eles querem no reverter a globalizao, mas criar novas instituies e mecanismos compensatrios - domstica ou internacionalmente -, que tornem a globalizao mais eficaz, justa e sustentvel. Suas propostas de polticas so freqentemente vagas (quando chegam a ser formuladas) e alvo de escasso consenso. Mas as disputas centradas na globalizao saram nitidamente para bem longe das ruas, para os artigos da imprensa financeira e fruns de respeitados institutos de estudos.

Esse um ponto importante que precisa ser compreendido pelos entusiastas da globalizao, pois freqentemente comportam-se como se o "campo adversrio" fosse integrado por protecionistas e anarquistas. Hoje, a pergunta no mais: "voc favorvel ou contrrio globalizao?" A questo agora , "quais deveriam ser as regras da globalizao?" Os verdadeiros antagonistas dos defensores da globalizao, hoje, no so jovens em barricadas, mas seus colegas intelectuais.

As primeiras dcadas aps 1945 foram balizadas pelo Consenso de Bretton Woods - um multilateralismo superficial que permitiu s autoridades econmico-financeiras mirarem nas necessidades sociais e empregatcias internas, ao mesmo tempo em que criaram as condies para que o comrcio mundial fosse revitalizado e florescesse. Esse regime foi superado, na dcada de 80 e 90, por uma agenda de aprofundamento de liberalizao e integrao econmica.

Esse modelo, j aprendemos, insustentvel. Para que a globalizao venha a sobreviver, ser necessrio um novo consenso intelectual que lhe d sustentao. A economia mundial aguarda desesperadamente seu novo Keynes. Pergunta:

1 Diante da recente Crise Financeira Internacional voc acha que os Mercados devem ser mais ou menos regulados. Procure relacionar sua anlise com os pressupostos keynesianos ou liberais.

Unidade 2 Como Funciona os Mercados

Introduo

O campo de estudo da Microeconomia ou Teoria dos Preos a formao de preos no mercado. A deciso sobre preos e as quantidades a de bens e servios resultado da interao entre empresas e consumidores. As leis da demanda e da oferta so modelos de estudo dos preos.

Os objetivos da empresa na economia de mercado so a maximizao do lucro e do consumidor maximizao de sua satisfao. Ambos agentes econmicos para obterem xito definem suas estratgias diante das restries que so apresentadas. Vamos conhec-las. 2.1 Demanda Para VASCONCELLOS (2004) a demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de um determinado bem ou servio que os consumidores desejam adquirir em determinado perodo de tempo.

As variveis determinantes da demanda individual de um bem ou servio so o preo do bem, o preo dos bens substitutos, o preo dos bens complementares, renda do consumidor e a preferncia do consumidor. Em linguagem matemtica pode ser expresso pela funo:

Qdi = f(Pi, Ps, Pc, R, G), sendo:

Qdi quantidade demanda do bem i;

Pi, - preo do bem i;

Ps preo dos bens substitutos;

Pc preo dos bens complementares;

R renda do consumidor;

G gosto ou preferncia do consumidor.

O que so bens substitutos e bens complementares? Bens substitutos so aqueles que substituem o consumo de outro bem. Exemplo: margarina e manteiga. Os bens complementares so consumidos como complemento de outro bem, por exemplo: combustvel sendo o bem complementar e automvel sendo o bem principal.

Relao entre quantidade demandada e preo do bem: lei geral da demanda: [Qdi = f(pi)].

A relao inversamente proporcional entre a quantidade demandada e o preo do bem. P Qdi P Qdi

Ento, na funo Qdi = f(Pi), quando Pi aumenta, a tendncia de Qdi diminuir e quando Pi diminui, a tendncia de Qdi aumentar. (ver tabela 1 e figura 1).Tabela 1 Escala de procura

Alternativas de preo $Quantidade demandada

1,00

3,00

6,00

8,00

10,0012.000

8.000

4.000

3.000

2.000

Fonte: VASCONCELLOS (2004, p. 39)

Figura 1 Escala de procura

A curva de demanda inclinada negativamente devido a dois efeitos:

a) Efeito substituio Se um bem x tem um substituto y, quando o preo do bem x aumenta, coeteris paribus, o consumidor adquire o bem substituto y.

b) Efeito renda Quando o preo do bem X aumenta e a renda do consumidor permanece constante, h perda do poder real de compra desse consumidor e o efeito a queda de demanda do bem X.

2.1.1 Relao entre a procura de um bem (Qdi) e a renda do consumidor (R)

Na funo Qdi=f(R), a relao depende do tipo de bem:

a) Para bens normais: aumento da renda, R, resulta no aumento da demanda, Qdi;

b) Para bens de consumo saciado: aumento na renda, R, no aumenta a demanda, Qdi;

c) Para bens inferiores: aumento da renda, R, pode reduzir a demanda, Qdi.

O que so bens normais, bens de consumo saciado e bens inferiores? Bens normais so os bens preferidos pelo consumidor. Bens de consumo saciado so os bens que o consumidor j consome na quantidade necessria. Bens inferiores so bens no preferidos pelo consumidor. Quando a renda diminui ou insuficiente, o consumidor adquire bens inferiores.

2.1.2 Relao entre a procura de um bem e o preo dos outros bens [Qdi = f (Ps, Pc)]

Bens substitutos ou concorrentes. - Na funo Qdi = f(Ps), se Ps aumenta, a tendncia de Qdi aumentar e, se Ps diminui, a tendncia de Qdi diminuir.

Bens complementares. -Na funo Qdi = f(Pc), se Pc aumenta, a tendncia de Qdi diminuir e, se Pc diminui, a tendncia de Qdi aumentar.2.1.3 Relao entre a demanda do bem e a preferncia ou gosto do consumidor Qdi = f (G)

Na funo Qdi=f(G), quando h incentivo despertando a preferncia do consumidor(G), a tendncia aumentar a demanda, Qdi. Mas se o produto ou servio no despertar a preferncia do consumidor, a demanda, Qdi, tende a diminuir.

2.2 - Oferta

Sobre a lei da oferta, Vasconcellos afirma que:

A lei geral da oferta a relao em que a quantidade ofertada diretamente proporcional ao preo. Ento havendo aumento de preos, a tendncia aumentar a oferta e vice-versa. Pode-se conceituar oferta como as vrias quantidades que os produtores desejam oferecer ao mercado em determinado perodo de tempo (VASCONCELLOS, 2004, p.41).

A oferta est relacionada com a disposio dos produtores (empresrios) tm em ofertar determinada quantidade de bens ou servios. Por qual motivo a oferta tem uma relao diretamente proporcional com os preos, ou seja, quando aumenta os preos tambm aumenta a disposio dos produtores em ofertar mais produtos. simples, pelo de poderem auferir mais lucros. Mas eles no venderiam menos? possvel, mas no se esquea que neste momento no estamos avaliando os efeitos do aumento do preo sobre o mercado consumidor, mas sobre o comportamento do produtor.

As variveis que influenciam a oferta de um bem ou servio so o preo do bem, o custo dos fatores de produo e a tecnologia.

A funo geral da oferta pode ser escrita como:

Qdi = f (P, , T), sendo:

Qdi quantidade ofertada do bem i;

P preo do bem i;

custo dos fatores de produo;

T tecnologia.A relao entre a quantidade ofertada e o preo do bem diretamente proporcional. Ento, se o preo do bem aumentar, a tendncia da oferta aumentar; se o preo diminuir, a tendncia da oferta diminuir.

A relao entre quantidade oferta e o custo dos fatores de produo inversamente proporcional. Se o custo dos fatores de produo aumentar, a tendncia da quantidade ofertada diminuir e vice-versa.

A relao entre a quantidade ofertada e a tecnologia diretamente proporcional. Ento, se a tecnologia ou nvel tecnolgico utilizado reduzir custos, a tendncia aumentar a oferta.

Como ilustrao, veja a tabela 2 e a figura 2.

Tabela 2 Relao preo e quantidade ofertada

Preo $Quantidade ofertada

1,00

3,00

6,00

8,00

10,001.000

3.000

6.000

8.000

10.000

Fonte: VASCONCELLOS (2004, p. 43)

Figura 2 Curva de oferta

2.3 - Equilbrio de Mercado

Na economia de mercado, o preo determinado pela oferta e a procura. Tratando-se do equilbrio de mercado, necessrio existir o preo de equilbrio e tambm a quantidade de equilbrio. Na prtica, possvel demonstrar o equilbrio utilizando tabela e figura. A tabela 3 e a figura 3 ilustram esse o equilbrio econmico numa situao dada.

Tabela 3 Oferta e demanda do bem i

Preo $QdiQdiMercado

1,0011.0001.000Excesso de procura

3,009.0003.000Excesso de procura

6,006.0006.000Equilbrio entre Qdi e Qdi

8,004.0008.000Excesso de oferta

10,002.00010.000Excesso de oferta

Fonte: VACONCELLOS (2004, p. 45)

Figura 3 Equilbrio do Mercado

Anlise do equilbrio:

I quando existir excesso de demanda, compradores se dispem a pagar mais, e produtores, diante da escassez elevam preos;

II quando existir excesso de oferta, surgem presses para os preos serem reduzidos: produtores percebem que no podem vender tudo o que desejam, e compradores percebem a abundncia e querem pagar menos.

2.4 - ElasticidadeAtravs das Leis da Oferta e da Procura possvel apontar a direo de uma resposta em relao mudana de preos demanda cai quando o preo sobe, oferta aumenta quando o preo sobe, etc.. mais no informa o quanto mais os consumidores demandaro ou os produtores oferecero.

O conceito de elasticidade usado para medir a reao das pessoas frente a mudanas em variveis econmicas. Por exemplo, para alguns bens os consumidores reagem bastante quando o preo sobe ou desce e para outros a demanda fica quase inalterada quando o preo sobe ou desce. No primeiro caso se diz que a demanda elstica e no segundo que ela inelstica. Do mesmo modo os produtores tambm tm suas reaes e a oferta pode ser elstica ou inelstica.

2.4.1 A Elasticidade-Preo da Demanda (Ed)A elasticidade-preo da demanda (Ed) mede a reao dos consumidores s mudanas no preo.

Essa reao calculada pela razo entre dois percentuais. A variao percentual na quantidade demandada dividida pela mudana percentual no preo. Ou seja,

Ed = variao percentual na quantidade demandada

mudana percentual no preo

Por exemplo: Digamos que o preo do leite muda de R$ 2,00 para R$ 2,20. Qual a elasticidade-preo da demanda por leite se a quantidade demandada de leite de 85 mi de litros por ano quando o preo R$ 2,20 e de 100 mi de litros por ano quando o preo R$ 2,00. Ento:

A mudana absoluta na quantidade foi de 15 mi de litros (100 85) para baixo. Em termos percentuais isso equivale a 15% pois, a quantidade era de 100 mi litros a R$ 2,00 que era o preo inicial. Quando o preo aumentou para R$ 2,20 houve uma queda na quantidade demandada de 15% [100(85 100) %/100].

A mudana absoluta no preo foi de R$ 0,20 (2,20 2,00) para cima. Em termos percentuais isso equivale a 10% pois, o preo inicial era R$ 2,00 e aumentou para R$ 2,20 houve um aumento de 10% [100(2,20 2,00) %/2,00].

O percentual pode ser calculado por uma regra de trs simples:

Se a quantidade era 100 e caiu para 85 a uma queda de 15. Ento a regra se 100 equivale a 100% a quanto equivaler 15?

O que resulta em 100x = 100*15 ( x = 1500/100 ( x=15%

Da mesma forma o preo: O preo aumentou de 2,00 para 2,20. O aumentou foi de 0,20. Se 2,00 era 100% do preo quanto seria 0,20?

O que resulta em 2x = 100*0,20 ( x = 20/2 ( x=10%

A elasticidade desta mudana de Ed = 15%/10% = 1,5.

2.4.2 Classificando bens com a elasticidade-preo da demandaA. ELSTICOS

Se a elasticidade-preo do bem for maior que 1,00 diz-se que a demanda por esse bem elstica. A variao percentual na quantidade excede a variao percentual no preo. Ou seja, os consumidores so bastante sensveis a variaes no preo.

B. INELSTICOS

Se a elasticidade-preo do bem for menor que 1,00 diz-se que a demanda por esse bem inelstica. A variao percentual na quantidade menor que a variao percentual no preo. Ou seja, os consumidores so relativamente insensveis a variaes no preo.

C. ELASTICAMENTE UNITRIOS

Se a elasticidade-preo do bem for igual a 1,00 diz-se que a demanda por esse bem de elasticidade neutra. A variao percentual na quantidade igual variao percentual no preo.

2.4.3 Elasticidade e bens substitutosA elasticidade-preo da demanda para um bem em particular influenciada pela disponibilidade ou no de bens substitutos. Quanto mais bens substitutos estiverem disponveis mais elstica a demanda, se no h bens substitutos a demanda inelstica.

2.4.4 Outros determinantes da elasticidade1. Tempo

Elasticidade de Curto-Prazo e Elasticidade de Longo-Prazo. Quanto mais tempo os consumidores tiverem para procurar substitutos maiores ser a intensidade de sua reao.

2. Espao

A elasticidade de um mercado diferente da elasticidade de uma nica firma. A elasticidade do mercado diz quanto a quantidade global mudar se o preo geral mudar mas se uma nica empresa muda seu preo a elasticidade outra.

3. Participao no Oramento

Se um bem representa pouco do oramento total do consumidor a reao ser menor a variaes de preo. Exemplo: aumento de 10% no preo do lpis. Aumentou de R$ 1,00 para R$ 1,10. Poucas pessoas deixaram de comprar lpis por isso. Entretanto, se o bem tem uma participao razovel no oramento ento as reaes sero maiores. Exemplo: O preo do automvel subiu 10%. Aumentou de R$ 15.000,00 para R$ 16,500,00. Mais pessoas iro reagir a essa mudana. A demanda ser mais elstica.

4. Bens Necessrios versos bens suprfluos

Para bens essenciais como po, arroz, feijo, etc. a demanda mais inelstica. Para bens de luxo a demanda mais elstica.

Exemplos de Elasticidades

ProdutoEd

Sal0,1

gua0,2

Caf0,3

Calados0,7

Habitao1,0

Automveis1,2

Refeies em restaurantes2,3

Viagens de Avio2,4

2.4.5 A elasticidade de uma demanda linearA elasticidade muda a cada ponto. Ela aumenta a medida que os pontos vo se movendo para a esquerda.

Em cada local as mudanas absolutas no preo so de 4 unidades (80-76=4; 50-46=4; 20-16 =4) os percentuais de mudana nos preos so de: do ponto r para o s queda de 4 unidades ou 5% (4*100/80); do ponto t para o u queda de 4 unidades ou 8% (4*100/50); do ponto v para o w queda de 4 unidades ou 20% (4*100/20). Essas so as mudanas nos preos.

As quantidades variam da seguinte maneira: do ponto r para o s aumento de 2 unidades ou 20% (2*100/10); do ponto t para o u aumento de 2 unidades ou 8% (2*100/25); do ponto v para o w aumento de 2 unidades ou 5% (2*100/40).

As elasticidades em cada mudana so de: Ed = 4,0 (de r para s); Ed = 1,0 (de t para u); Ed = 0,25 (de v para w). Teoricamente a elasticidade de uma reta vai de zero ao infinito.

2.4.6 Usando a elasticidade-preo da demandaSabendo-se da elasticidade-preo da demanda para um bem se pode quantificar e predizer o quanto mais de um bem ser vendido a um preo menor e vice-versa.

Ex: Suponha que a elasticidade da demanda por filmes num cinema seja de 2,0 quantos ingressos a menos o dono do cinema esperaria vender a um preo mais elevado. Se o dono aumenta em 15% o preo ento ela espera uma queda de 30% na quantidade de clientes (Ed= %quant / %preo ou 2,0 = %quant / 15% ou %quant = 2,0 * 15% = 30%). Se o preo era R$ 5,00 e ele tinha uma demanda diria de 200 espectadores. A R$ 5,75 ele espera ter 140 espectadores (200 60 onde 60 30% de 200). Ele pode ento calcular se vale a pena aumentar os preos. Na situao atual sua receita de R$ 1.000,00 (5*200) com o aumento sua receita passar a ser R$ 805,00 (5,75*140). Dessa forma, neste caso, no vale a pena aumentar os preos dessa maneira.

Em geral o aumento de preo tem dois efeitos, do ponto de vista do empresrio:

1. Efeito Positivo de vender a um preo mais alto.

2. Efeito Negativo de vender menos.

A deciso de aumentar ou no depender de qual dos efeitos supera o outro.

2.4.7 A Elasticidade-Preo da Oferta (Eo)A elasticidade-preo da oferta (Eo) mede a reao dos vendedores s mudanas no preo.

Essa reao tambm calculada pela razo entre dois percentuais. A variao percentual na quantidade ofertada dividida pela mudana percentual no preo. Ou seja,

Eo = variao percentual na quantidade ofertada

mudana percentual no preo

Dos determinantes o tempo tem grande importncia, pois a elasticidade de curto-prazo ser em geral diferente da de longo-prazo. Assim, ao longo do tempo, quando as firmas tm possibilidade de reagir mais intensamente s variaes de preo, a curva de oferta ir se tornando cada vez mais elstica.

2.4.8 Outras Elasticidades de Demanda Elasticidade-renda

utilizada para medir a reao dos consumidores a mudanas na renda.

Ei = variao percentual na quantidade demandada

mudana percentual na renda

Para bens normais h uma relao positiva entre renda e quantidade demandada, logo a elasticidade renda positiva.

Para bens inferiores h uma relao negativa entre renda e quantidade demandada, logo a elasticidade renda negativa.

Diz-se que a demanda renda-elstica se a elasticidade-renda maior que um e renda-inelstica se maior que um.

Elasticidade cruzada

utilizada para medir a reao dos consumidores s mudanas de preos de bens afins.

definida como a variao percentual na quantidade demandada de um produto em particular (X) dividida pela variao percentual no preo de um bem afim (Y):

EXY = variao percentual na quantidade demandada de X

mudana percentual no preo de Y

Para bens substitutos h uma relao positiva entre quantidade demandada do bem e variao de preo do substituto, logo a elasticidade cruzada de bens substitutos positiva.

Para bens complementares h uma relao negativa entre quantidade demandada do bem e preo do bem complementar, logo a elasticidade cruzada negativa.

2.5 Estruturas de Mercado

O processo de determinao de preos na economia, depende fundamentalmente do poder de mercado das empresas. Existem algumas estruturas tpicas de mercado que so apresentadas a seguir que contribuir para que possamos melhor compreender este processo.

2.5.1 Concorrncia Perfeita

Nesse modelo de mercado, as hipteses bsicas so:

a) Existncia de grande nmero de compradores e vendedores;

b) Os produtos so homogneos, substitutos perfeitos entre si;

c) Livre entrada e sada de empresas, no havendo barreiras legais ou econmicas;

d) Transparncia de mercado, sendo as informaes do mercado conhecidas de todos.

Quais firmas podem ser classificadas neste modelo de mercado? Certamente a maioria das micro, pequenas e mdias empresas agrcolas, industriais ou de prestao de servios fazem parte do modelo. No pertencem concorrncia perfeita, as pequenas empresas de alta tecnologia com produto diferenciado.

A formao do preo na concorrncia perfeita feita pelo mercado. Nenhuma firma individualmente tem poder para determinar preos. Na figura 4, podemos verificar o equilbrio do mercado e da firma, mostrando que o preo praticado pela firma o preo de mercado.

Figura 4 Equilbrio do mercado e da firma na concorrncia perfeita

A curva de demanda da firma uma reta paralela ao eixo das quantidades, mostrando que o preo estabelecido pelas foras de mercado. Nenhuma firma, isoladamente, tem condies de alterar o preo de mercado.

2.5.2 Monoplio O monoplio uma situao de mercado completamente oposta ao mercado competitivo. Neste modelo, existe um s produtor e o produto no tem substituto prximo. Outra diferena que h barreiras entrada de novas empresas.

A curva de demanda da firma monopolista a prpria curva de demanda do mercado, pois a firma nica no mercado. O monopolista tem poder de mercado, ou seja, determina o preo de equilbrio. Esse preo de equilbrio depende de sua capacidade de produo: quando aumenta a oferta, o preo de mercado diminui, e quando reduz a oferta o preo aumenta. A curva de demanda inclinada negativamente, conforme a figura 5.

Figura 5 Curva de demanda do monoplio

Uma caracterstica do monoplio a existncia de barreiras entrada de outras empresas. Como isso acontece na prtica? Quais mecanismos econmicos so utilizados? As barreiras entrada de novas empresas so situaes e condies de mercado, como:

Existncia de monoplio puro ou natural, quando as empresas operam com grandes plantas industriais, grande economia de escala e custos unitrios baixos, exigindo grandes investimentos;

Registro de patente, sendo a empresa a nica detentora de tecnologia e direito de uso;

Controle de matrias-primas bsicas e estratgicas, como bauxita, urnio, petrleo, alumnio;

Existncia de monoplios institucionais ou estatais, em setores estratgicos da economia;

As empresas monopolistas realizam lucros extraordinrios a curto e a longo prazo. Isso possvel pela inexistncia de empresas concorrentes e as barreiras para entradas de outras empresas.

2.5.3 Oligoplio

O oligoplio um modelo de estrutura de mercado comum nas economias capitalistas. O que caracteriza o modelo a existncia de poucas firmas, produto homogneo ou diferenciado e barreiras para entrada de outras empresas.

A economia brasileira tem vrios setores oligopolizados. Entre esses setores podem ser relacionados as montadoras de veculos, a indstria de bebidas, indstria do ao.

Nas firmas oligopolistas, a deciso sobre quantidade a ser ofertada e preos funciona na forma de cartel ou liderana preo. No cartel, os produtores se organizam de maneira formal ou informal para tomar decises. Na maioria dos pases, o cartel proibido, inclusive no Brasil. Quando atua na forma de liderana de preos, uma firma reconhecida como lder fixa o preo e as empresas lideradas adotam o preo fixado. No Brasil, a indstria de bebidas adota essa forma de deciso.

2.5.4 Concorrncia Monopolstica

Este modelo de mercado tem caractersticas do mercado competitivo e do monoplio. O modelo se caracteriza pela existncia de grande nmero de empresas que ofertam produtos diferenciados, mas sendo substitutos prximos. Podem ser citados perfumes, aparelhos de televiso, automveis, produtos farmacuticos. Sempre h alguma diferenciao.

A diferenciao pode estar nas caractersticas fsicas do produto, como composio qumica, no design, na embalagem, no nome comercial, no atendimento, brindes, ps-venda.

Como existem produtos substitutos no mercado, a margem de manobra para fixao de preos pequena.

O equilbrio da firma, ou seja, o nvel de produo e vendas que maximiza o resultado o mesmo do mercado competitivo e do monoplio. Qual a condio de maximizao do lucro naquelas situaes? Tente lembrar. Aqui vai um lembrete para ajudar: depende da receita marginal e do custo marginal.2.5.5 Monopsnio

Existe monopsnio quando s h um comprador. o inverso do monoplio quando h s um vendedor. Suponhamos, no mercado de trabalho que uma empresa se instale num local bem interiorana e seja a nica empregadora. Essa empresa se caracteriza como um monopsnio. Vamos supor, ainda, que um laboratrio fabrique um tipo de vacina que s o Ministrio da Sade seja o comprador. Ento o Ministrio funciona como um monopsnio.

2.5.6 Oligopsnio

O que caracteriza o oligopsnio haver poucas empresas compradoras do produto ou servio. o mercado de insumos em que h poucos compradores que negociam com muitos vendedores. Vamos supor uma cidade onde haja dois lacticnios e centenas de produtores de leite. Os lacticnios so oligopsnios. Outra situao que caracteriza oligopsnio na indstria de autopeas e montadoras de veculos. Pode haver dezenas de indstria de autopeas e poucas montadoras de veculos.

2.5.7 Monoplio Bilateral

Ocorre o monoplio bilateral quando h um monoplio e um monopsnio. Vamos supor que exista apenas um laboratrio que fabrique determinada vacina, o monoplio na fabricao. Suponhamos tambm que apenas o governo compre essas vacinas, o oligopsnio. Essa situao se caracteriza como monoplio bilateral.Concluso da aulaOs preos de mercado so determinados pela interao entre as foras de oferta e as foras de demanda. Os preos tendem ao equilbrio, porm podem ser afetados no tempo pelas mudanas estruturais das condies de oferta e demanda. Por outro lado, a determinao dos preos nos mercados depende do poder de mercado das empresas, este dado pela estrutura de mercado. Em estruturas de mercado mais concorrenciais, os preos so praticamente determinados pelas livres foras de mercado. J em estruturas de mercado mais concentradas, tais como monoplios e oligoplios, os preos em grande medida so determinados pelas empresas produtoras. Atividade 2 Faa uma leitura do estudo de caso a seguir e observando as foras de demanda e oferta da soja no mercado mundial indique o que voc que acontecer com seus preos no curto e mdio prazo.Crise faz preo da soja desabar e ameaa exportao do Brasil

A crise do mercado financeiro fez com que o preo internacional da soja e de outras commodities desabasse em setembro, em um ano em que muitos produtos agrcolas vinham registrando altas recordes. Para analistas, isso vai prejudicar as exportaes brasileiras ainda este ano.

No comeo de 2008, a soja disparou com a crise de demanda por alimentos, que foraram os preos para cima. No dia 2 de julho, a soja se valorizou em 45,5% em relao ao comeo do ano, segundo dados da Newedge. Foi o preo mais alto da commodity no ano.Mas no ms passado, a crise financeira global fez o preo da soja desabar abaixo do valor do ano passado. Na quarta-feira, a soja terminou cotada a US$ 10,89 por bushel na Bolsa de Chicago (nos contratos futuros para novembro). O valor atual da soja mais de 6% menor do que no comeo do ano.

O caf, cujo preo tambm estava em alta, est agora desvalorizado em 5,6% no acumulado do ano. Das principais commodities brasileiras negociadas no exterior, o acar o mais beneficiado, com valorizao de 26% desde o comeo de 2008. O preo das commodities tem cado rpido devido realidade do mercado. A liquidao do mercado est forando o preo para baixo", disse BBC Brasil o analista da Newedge, o brasileiro Vincius Ito.

Muitos investidores que estavam especulando no mercado de commodities agora procuram refgio em opes mais estveis de investimento, como ouro.Segundo o analista, a queda do preo das commodities deve ser sentida imediatamente por toda cadeia produtiva do Brasil, por dois motivos: alm de a safra brasileira estar valendo menos no mercado, os produtores tero mais dificuldade para conseguir crdito, que est escasso no mercado, devido crise.

"Crdito muito caro no Brasil. O pessoal toma emprstimos de dinheiro fora e empresta no Brasil, s que neste momento o crdito est sumindo", diz Ito.

Para o analista americano Don Roose, da U.S. Commodities, os preos das commodities esto apenas voltando ao valor normal, j que eles estavam muito inflacionados na metade do ano, durante a crise da alta do preo de alimentos. Os preos estavam batendo recordes histricos. Agora estamos vendo eles cotados a um tero dos valores recordes", diz Roose.O Brasil e outros grandes produtores rurais vo sentir os efeitos disso, j que o comrcio global deve se retrair ainda este ano, diz o analista americano.Ainda no est claro para analistas por quanto tempo os preos das commodities continuaro caindo, nem o tamanho da desvalorizao.Para o Fundo Monetrio Internacional (FMI), apesar da recente queda, os preos das commodities vo continuar altos.

Um documento divulgado pelo Fundo nesta quinta-feira afirma que, apesar da recente queda do preo das commodities, "muitas das foras que causaram o boom (do preo das commodities) ainda esto presentes".

"A economia mundial passou (neste ano) pela maior e mais contnua expanso de preos de commodities desde os anos 1970", diz o relatrio World Economic Outlook do FMI. Os preos devem provavelmente se manter altos em relao aos padres histricos. Os analistas ouvidos pela BBC Brasil acreditam que, no caso dos alimentos, os preos vo depender do consumo asitico. O aumento do padro de vida na sia foi um dos fatores que causou a forte alta do preo dos alimentos no comeo do ano. Se a sia crescer menos, pelas foras de oferta e demanda, o preo pode cair", diz Roose.J Vinicius Ito lembra que outros fatores como boa produo de trigo, bom clima na Austrlia e boa safra nos Estados Unidos tambm podem contribuir para reduzir o preo dos alimentos.

Unidade 3 O Processo de Maximizao dos Lucros

Introduo

Questes de natureza econmica se relacionam com a disponibilidade de compra dos produtos. Como foram produzidos? Quanto custou a produo? A teoria da oferta da firma individual apresenta conceitos e modelos que possibilitam uma resposta. Essa teoria estuda o processo de produo e a formao dos custos na fabricao de bens e servios.

Nesta aula, estudaremos a produo do ponto de vista da economia. Esse estudo permitir verificar se os fatores de produo foram utilizados de forma a obter o melhor resultado. Tambm analisaremos os custos e como o lucro pode ser maximizado.

3.1 Produo: conceitos e funes

Produo o processo de transformao dos fatores de produo em bens ou servios. Os fatores de produo terra (recursos naturais), trabalho (mo-de-obra), capital (equipamentos, instalaes...) e tecnologia (processos de produo) so combinados em quantidades adequadas na fabricao dos produtos. A opo por um ou outro mtodo de produo depende da eficincia do mtodo. A eficincia tecnolgica e econmica.

A eficincia tecnolgica de um mtodo de produo avaliada pela quantidade de fatores utilizados na produo. Quando se comparam mtodos de produo mais eficiente o que atinge um nvel de produo com menos insumos. A eficincia econmica medida pelos custos de produo. O mtodo de produo que tem menor custo mais eficiente em termos econmicos.

Passos e Nogami afirmam que:

Podemos conceituar a funo de produo como a relao que indica a quantidade mxima que se pode obter de um produto, por unidade de tempo, a partir da utilizao de uma determinada quantidade de fatores de produo e mediante a escolha do processo de produo adequado. (PASSOS; NOGAMI 2003, p. 223).

A forma funcional da funo de produo assim expressa:

Quantidade de produto = f (quantidade de fatores de produo) ou

q = f (x1, x2, x3,.... xn), sendo:

q quantidade de produto

f funo de

x1, x2, ... xn - quantidade dos fatores de produo

A forma da funo de produo simplificada para anlise :

q = f (N, K), sendo:

q quantidade de produto

f funo de

N trabalho (mo-de-obra)

K capital (infra-estrutura).

So considerados fatores de produo fixos os fatores que a quantidade utilizada na produo no se altera quando a quantidade de produto aumenta ou diminui. So considerados fatores de produo fixos as instalaes fsicas, os equipamentos, tecnologia.

Os fatores de produo variveis so os fatores que alteram a quantidade utilizada quando a quantidade de produto aumenta ou diminui. O principal fator varivel na produo a mo-de-obra.

No processo de produo, o curto prazo quando existe pelo menos um fator de produo fixo. Geralmente o fator fixo a terra ou o capital. No longo prazo, todos os fatores de produo so variveis, mo-de-obra e capital.

3.2 Produo no Curto Prazo (um fator varivel e um fixo)

Vamos fazer a anlise de curto prazo, considerando apenas a mo-de-obra e o capital.

A funo de produo representada algebricamente por:

q = f (N, K), sendo:

q quantidade

f funo de

N mo-de-obra (fator varivel)

K capital (fator fixo)

O nvel de produo depende apenas das alteraes na quantidade utilizada de mo-de-obra (fator varivel).

3.2.1 Definies relativas aos elementos da funo de produo

Produto total a quantidade do produto obtida com a utilizao do fator varivel (mo-de-obra), sendo os demais fatores fixos (capital).

Produto total = q

Produtividade mdia do fator o resultado do quociente do produto total pela quantidade utilizada do fator. Assim, podemos calcular a produtividade mdia da mo-de-obra e do capital.

Produtividade mdia da mo de obra (PMeN) = produto total / nmero de trabalhadores.

Produtividade mdia do capital (PMeK) = produto total / nmero de mquinas, equipamentos.

Produtividade marginal do fator a relao entre a variao do produto total e a variao da quantidade utilizada do fator. Podemos calcular a produtividade marginal da mo-de-obra e do capital. Veja as frmulas:Produtividade marginal do trabalho (PMgN) = variao do produto total / variao da mo-de-obra.

Produtividade marginal do capital (PMeK) = variao do produto total / variao do capital.

A tabela 1 e as figuras 1 e 2 ilustram os conceitos anteriores.

Tabela 1 Produto total, produtividade mdia e marginal do fator varivel

Terra (fixo)

(alqueires)

(1)Trabalho (varivel)

Mil

(2)Produto total

Toneladas

(3)PmeN

Produto total / N

4PmgN

Variao de PT/

Variao de N

(5)

10166,06

102147,08

103248,010

104328,08

105387,66

106427,04

107446,22

108445,40

109424,6-2

Fonte: VASCONCELLOS (2004, p. 62)

Sobre a lei dos rendimentos decrescentes, Vasconcellos afirma que:

Elevando-se a quantidade do fator varivel, permanecendo fixa a quantidade dos demais fatores, a produo inicialmente aumentar as taxas crescentes; a seguir, depois de certa quantidade utilizada do fator varivel, continuar a crescer, mas a taxas decrescentes... (VASCONCELLOS, 2004, p. 62).

Essa definio est demonstrada na tabela 1 com relao ao fator mo-de-obra. Na tabela, o fator capital fixo em 10 unidades. O fator mo-de-obra varivel, de 1 a 9 unidades. Qual foi o comportamento da produtividade mdia e da produtividade marginal do fator trabalho?

Quando a mo-de-obra passou de uma para duas unidades, a produtividade mdia aumentou de 6 para 7, e a produtividade marginal, de 6 para 8. Quando a mo-de-obra aumentou para 3 unidades, a produtividade mdia aumentou de 7 para 8, e a produtividade marginal, de 8 para 10. Quando foi admitido o trabalhador nmero 4, a produtividade mdia continuou em 8, e a produtividade marginal diminuiu de 10 para 8.

Quando o trabalhador nmero 5 foi admitido, a produtividade mdia diminuiu para 7,6, e a produtividade marginal, para 6. Examinando a tabela, constatamos que as produtividades mdias e marginais continuam decrescendo.

3.3 Custos no longo prazo (todos os insumos variveis)

Na anlise da produo no longo prazo, os fatores mo-de-obra e capital so variveis. A funo de produo a mesma do curto prazo, ou seja:

q = f (N, K)

A anlise da produo introduz o conceito de rendimentos de escala. Esses rendimentos podem ser crescentes, constantes e decrescentes. Vejamos cada um deles.

Rendimentos crescentes de escala ou economias de escala ocorrem quando a variao na quantidade do produto proporcionalmente maior que a variao na quantidade utilizada de fatores. Vamos supor um aumento de 5% em mo-de-obra e capital e o resultado seja aumento de 10% no produto.

Rendimentos constantes de escala se verificam quando a variao do produto idntica variao da quantidade de fatores. Suponhamos um aumento de 7% nos recursos produtivos e o aumento do produto seja tambm de 7%.

Rendimentos decrescentes de escala significam que a variao do produto menor que a variao dos fatores de produo utilizados. Por exemplo, se os fatores de produo forem aumentados em 12% e o aumento do produto for de 10%.

3.4 - Custos

O objetivo bsico da firma a maximizao dos resultados. As condies essenciais para que haja a maximizao dos resultados so que acontea simultaneamente a maximizao da produo e a minimizao dos custos. O nvel de produo que maximiza os resultados ns vimos no item anterior. Agora veremos a anlise dos custos. Inicialmente faamos a distino entre custos de oportunidade e custos contbeis.

3.4.1 Custos de Oportunidade e Custos Contbeis

Custos de oportunidade, tambm denominados custos implcitos ou custos alternativos, so custos que se referem utilizao dos recursos produtivos. Vejamos algumas situaes. Suponhamos que a firma utilize prdio de sua propriedade. Ela no paga aluguel, e o custo de oportunidade o valor do aluguel que ela deixa de pagar. Outra situao o estoque de matria-prima.

O custo de oportunidade o juro que renderia o valor pago na aquisio do estoque. Ainda podemos considerar custo de oportunidade o trabalho do proprietrio da firma. O custo de oportunidade o salrio que ganharia num emprego. O custo de oportunidade se caracteriza por no haver desembolso, ou seja, pagamentos pela firma.

Custos contbeis, tambm chamados de custos explcitos, referem-se a despesas e envolve desembolso monetrio, isto , pagamentos. Por exemplo, o pagamento de salrios, encargos sociais, tributos, taxas de energia, telefone so custos contbeis.

3.4.2 Externalidades ou Economias Externas

A diferena entre a abordagem contbil e a econmica mostra a distino entre avaliao privada e avaliao social de projetos de investimento. A avaliao privada especfica da empresa. A avaliao social considera os custos e os benefcios que resultam da atividade produtiva.

Para exemplificar a avaliao privada e a avaliao social, imaginemos uma indstria de sabo. Nesse caso, h o custo financeiro para a indstria e os custos sociais como resultado da poluio do meio ambiente. Tambm o desmatamento tem custos financeiros para a empresa; perdas no sistema ecolgico constituem-se um custo social.

Externalidades ou economias externas so as alteraes de custos e benefcios para a sociedade em funo da produo.

As externalidades podem ser positivas ou negativas. Um sistema de transporte eficiente uma externalidade positiva. Uma indstria poluidora do meio ambiente uma externalidade negativa. Para a empresa, so alteraes de custos e receitas, devido a fatores externos.

Um fator externo que se torna uma externalidade positiva para as empresas uma boa infra-estrutura de energia, transportes, saneamento entre outros.

3.4.3 Custos de Produo

Os custos de produo so classificados em custos totais, custos mdios e custos marginais. Os custos totais e os custos mdios podem ser fixos e variveis. Vejamos os conceitos e como so calculados os custos.

a) Custo total

Custo total (CT) o total das despesas pagas pela firma para obteno do produto total. Divide-se em custos variveis totais e custos fixos totais. Ento:

CT = CVT + CFT

Custos variveis totais (CVT) so a parcela do custo total que tem variao quando a produo aumenta ou diminui. Os custos variveis so salrios pagos na produo e respectivos encargos sociais, taxa de energia utilizada na produo, matria-prima. A frmula para calcular o custo varivel total :

CVT = CVMe x q

Custos fixos totais (CFT) so os gastos totais com fatores fixos de produo. O custo fixo se refere aos salrios da administrao, aluguel, energia das reas administrativas, conservao, seguros, depreciao, etc. A frmula para seu clculo :

CFT = CFme x q

b) Custos mdios e marginais

Custo total mdio ou custo unitrio (CTMe ou Cme) o custo por unidade de produto. Custo total mdio igual a diviso do custo total pela quantidade produzida, ou seja:

CTMe = CT / q

Custo varivel mdio (CVMe) o custo varivel por unidade produzida. Portanto, o custo varivel mdio igual ao custo varivel total dividido pela quantidade de produto. Assim:

CVMe = CVT / q

Custo fixo mdio (CFMe) o custo fixo por unidade produzida. calculado dividindo-se o custo fixo total pela quantidade produzida. Portanto:

CFMe = CFT / q

Custo marginal (CMg) a variao do custo total quando h variao de uma unidade de produto. Para efetuar o clculo, divide-se a variao do custo total pela variao de uma unidade de produto. Portanto:

CMg = (CT/ (q ; ( (delta) o smbolo de variao na matemtica.

A tabela 2 e as figuras 3 e 4 ilustram os custos de produo em uma situao de curto prazo.

Tabela 2 Custos de Produo

QCFTCVTCTCFMeCVMeCTMeCMg

010,00010,00----

110,005,0015,0010,005,0015,005,00

210,008,0018,005,004,009,003,00

310,0010,0020,003,333,336,672,00

410,0011,0021,002,502,755,251,00

510,0013,0023,002,002,604,602,00

610,0016,0026,001,672,674,333,00

710,0020,0030,001,432,864,284,00

810,0025,0035,001,253,134,385,00

910,0031,0041,001,113,444,566,00

1010,0038,0048,001,003,804,807,00

1110,0046,0056,000,914,185,098,00

Fonte: VASCONCELLOS (2004, p. 68)

3.5 LucroNa economia de mercado e principalmente na viso dos neoclssicos, o objetivo maior da firma a maximizao dos lucros, tanto a curto como a longo prazo. Para o desenvolvimento deste item, vejamos os conceitos de lucro total, receita total, custo total, receita marginal e custo marginal.

Lucro total = receita total (-) custo total ou LT = RT (-) CT.

Receita Total (RT) o resultado do preo de venda (pv) x quantidade (q), ou seja:

RT = pv x q

Custo Total (CT) = custo fixo total (CFT) + custo varivel total (CVT)

ou CT = CFT + CVT

Receita Marginal (RMg) = variao da receita total / variao de uma unidade vendida.

Custo Marginal (CMg) = variao do custo total / variao de uma unidade produzida.

Para maximizar o lucro, o nvel de produo deve satisfazer as condies:

A diferena entre receita total e custo total seja mxima;

Receita marginal (RMg) = custo marginal (CMg)

A seguir so demonstrados dois exemplos de maximizao de lucros. Observe na tabela 3, com o preo de venda em R$ 8, o nvel de mximo lucro esta na produo de 7 ou 8 unidades. Quando o preo considerado passa a ser de R$ 5 (tabela 4), o nvel de mximo lucro passa ser 10 ou 11 unidades. Isto demonstra a condio de maximizao lucros, onde Receita marginal (RMg) = custo marginal (CMg).

Tabela 3 Maximizao de lucros (Preo = RMg = 5)

QCFTCVTCTCMgRMgRTLT

010010-5--

110515555-10

2108183510-8

31010202515-5

41011211520-1

510132325252

610162635304

710203045355

810253555405

910314165454

1010384875502

111046568555-1

Fonte: Elaborao prpria.

Tabela 4 Maximizao de lucros (Preo = RMg = 8)

QCFTCVTCTCMgRMgRTLT

010010-8--

110515588-7

2108183816-2

310102028244

4101121183211

5101323284017

6101626384822

7102030485626

8102535586429

9103141687231

10103848788032

11104656888832

Fonte: Elaborao prpria.

Concluso da aula

A empresa tem como a principal finalidade a maximizao dos lucros. Para tanto, ela procurar contratar os insumos (matria-prima, mo-de-obra e etc.) da forma mais econmica possvel. Tambm, a empresa procurar dimensionar seu tamanho de forma a obter o maior sucesso possvel no mercado. A partir dessas decises ela ter a dimenso de qual estratgia produtiva deve adotar no curto e longo prazos.

Sntese da aula

O tema estudado foi produo, custos e lucro. Vimos que a produo funo da combinao de insumos. A eficincia da produo ocorre quando os insumos so combinados de forma tima. Os custos de produo so derivados da combinao tcnica de insumos. A eficincia econmica da produo ocorre quando se consegue produzir a um menor custo possvel. O lucro mximo ocorre no nvel produo onde o custo marginal (CMg) igual a receita marginal (RMg).

Atividade 3 - ESTUDO DE CASO : ANLISE DE CUSTO

A Leisure Time Product (LTP) Company produz mveis para o gramado e a rea externa de residncias. A maior parte de sua produo vendida a atacadistas e redes de lojas de ferragens e de departamentos (por exemplo, True Value e Montgomery Ward), que distribuem os produtos em suas respectivas marcas prprias. A LTP no participa de vendas diretas no varejo. No ano passado, a empresa teve vendas de US$35 milhes.

Uma das divises da LTP produz cadeiras dobrveis (de alumnio e vinil). As vendas das cadeiras so acentuadamente sazonais, com 80% do volume de vendas concentrado no perodo janeiro-junho. Aproximadamente 75% dos empregados horistas (trabalhadores no especializados e semi-especializados) so dispensados (ou gozam de frias pagas) durante o perodo de junho-agosto, de produo reduzida. O remanescente de equipe de trabalho, consistindo em dirigentes mensalista da fbrica (gerentes e supervisores de linha), equipe de manuteno e pessoal administrativo, permanece durante esse perodo de pouca atividade. Por exemplo, o pessoal da manuteno faz revises completas de maquinaria durante o perodo de atividade fraca do vero.

A LTP planejou produzir e vender 500 mil dessas cadeiras durante o prximo ano a um preo de venda projetado de US$ 7,15 por cadeira. O custo unitrio foi estimado assim:

Mo-de-obra diretaUS$2,25

Materiais2,30

Custos1,15

Despesas administrativas e de vendas0,80

TotalUS$6,50

Uma margem de 10% (US$ 0,65) foi adicionada ao custo unitrio para se obter o preo de venda da empresa de US$7,15 (mais despesa de transporte).

Em maio, a LTP recebeu uma proposta das Lojas de Departamentos do Sudeste a respeito da possvel compra de cadeiras dobrveis para entrega em agosto. A Sudeste indicou que colocaria um pedido para 30 mil cadeiras se o preo no excedesse a US$ 5,50 por unidade. As cadeiras poderiam ser produzidas durante o perodo de vendas fracas, usando equipamento e equipe de trabalho da empresa. Horas extras no teriam de ser paga a equipe de trabalho para atender ao pedido. Os materiais adequados encontram-se armazenados (ou podem ser adquiridos aos preos de mercado em vigor) para atender ao pedido.

Os dirigentes da LTP analisaram se o pedido deveria ser aceito. O contador chefe da empresa entendia que a empresa no deveria aceitar o pedido por que o preo por cadeira era menor que o custo total e no contribua para os lucros da companhia. O economista-chefe da LTP argumentou que a empresa deveria aceitar o pedido se a receita incremental excedesse o custo incremental.

As seguintes definies de contabilidade e custo podem ser teis para anlise dessa deciso:

Mo-de-obra direta custos de mo-de-obra incorridos para transformar a matria prima em produto acabado.

Material matrias primas que entram e se tornam parte do produto final.

Custos gerais da fbrica todos os custos com exceo de mo-de-obra direta e materiais, associados ao produto, incluindo-se os salrios pagos aos empregados que no trabalham diretamente com o produto, mas cujos servios esto relacionados com o processo de produo (tais como gerentes de linha, pessoal, de manuteno e limpeza), aquecimento, eletricidade, fora, suprimentos, depreciao, impostos e seguros dos ativos empregados no processo de produo.

Custos de vendas e distribuio custos incorridos para realizar as vendas (por exemplo, despesas e faturamento e cobrana e remunerao dos vendedores), estocar o produto e despach-lo ao cliente (neste caso, o cliente paga todos os custos de despacho).

Custos administrativos itens no relacionados nas categorias anteriores, incluindo-se custos gerais e da rea de diretoria, pesquisa, desenvolvimento, custos de engenharia e itens diversos.

PERGUNTAS:1 Calcular o custo incremental (isto marginal) por cadeira para a LTP caso aceite o pedido da Sudeste.

2 Voc acha que a LTP deveria ou no aceitar o pedido da Sudeste? Justifique.

Unidade 4 Cenrios Macroeconmicos4.1 Introduo

Este tema tratar de assuntos relacionados com a macroeconomia e como esse ambiente pode influenciar o ambiente decisrio empresarial. Ela estuda o comportamento dos agregados macroeconmicos. O que significa agregado? Para tentar explicar, vamos usar a varivel preo. Preo o valor pago por um bem ou servio. O ndice geral de preos se refere a uma mdia de todos os preos a nvel nacional. Por exemplo, o ndice nacional de preos ao consumidor, o INPC, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica, IBGE, um valor agregado. Os principais agregados macroeconmicos so o produto, a renda e a despesa nacional.

4.2 Sistemas de Contabilidade Social

Os principais sistemas de contabilidade social so o sistema de contas nacionais e a matriz de relaes intersetoriais.

O sistema de contas nacionais utiliza o mtodo das partidas dobradas, discriminando as transaes entre os agentes macroeconmicos: famlias, empresas, governo e setor externo.

A matriz de relaes intersetoriais (insumo-Produto ou Leontief) registra tambm as transaes intersetoriais. O sistema de contas nacionais o mais utilizado. Neste curso, ser estudado o sistema de contas nacionais.

4.2.1 Princpios Bsicos das Contas Nacionais

No levantamento de dados e clculo dos agregados macroeconmicos, devem ser observadas algumas normas:

So consideradas apenas as transaes com bens e servios finais. No entram no clculo bens e servios intermedirios, como matria-prima e outros componentes da produo;

S calculada a produo corrente do prprio perodo. As transaes com bens produzidos em perodos anteriores no so consideradas;

A moeda a unidade de medida, permitindo a agregar o valor de bens e servios diferentes;

Os valores das transaes financeiras no so registrados. A movimentao financeira de depsitos, financiamentos, negcios em Bolsa de Valores etc. so considerados apenas transferncias e no acrscimo no produto.PIB PM(-) Renda enviada ao exterior

(+) Renda recebida do exterior

(=) PNB PM(-) Depreciao

(=) PNL PM(-) Impostos indiretos

(+) Subsdios

(=) PNL CF (=) Renda Nacional

Renda Nacional(-) Lucros das empresas

(-) Contribuies previdencirias

(-) Juros lquidos

(+) Dividendos

(+) Transferncias Governamentais a Indivduos

(+) Renda pessoal Juros

(=) Renda pessoal (-) Pagamentos de impostos e outros

(=) Renda pessoal disponvel

4.3 ticas Macroeconmicas

Analisando esses fluxos econmicos que so os resultados da atividade econmica, podemos perceber que h trs possibilidades para calcular os agregados macroeconmicos: pela tica da produo, pela tica da despesa e pela tica da renda.

4.3.1 tica do Produto Nacional (PN)

Produto nacional o valor de todos os bens e servios finais, avaliados pelo preo de mercado, produzidos em determinado perodo de tempo, geralmente um ano. O valor permite agregar bens e servios diferentes. So considerados apenas os bens e servios finais. Os bens intermedirios, como matria-prima, no so includos na mensurao. Esse procedimento evita a dupla contagem. Por exemplo, s o po, bem final, somado. No se soma trigo e farinha de trigo que so bens intermedirios. Para calcular o produto, a frmula :

PN = ( pi.qi, sendo:

PN produto nacional

Pi preo unitrio de bens e servios finais

Qi = quantidade produzida dos bens e servios finais

( = smbolo de somatrio, soma.

Aplicando os elementos da frmula e desenvolvendo-a, temos:

PN = pi.qi = P automvel x Q automveis + P televisor x Q televisores + .....P alunos x Q alunos.

4.3.2 tica da Despesa Nacional (DN)

Despesa Nacional o valor dos gastos dos agentes econmicos. Para calcular a despesa nacional, a frmula :

DN = C + I + G + (X-M), sendo:

DN = Despesa Nacional

C = despesas das famlias com bens de consumo

I = despesas das empresas com investimentosG = despesas do governo; gastos de custeio e de investimentoX-M = despesas lquidas do setor externo (X exportaes; M importaes)

Ento a despesa nacional representa os gastos das famlias, das empresas, do governo e setor externo na compra dos bens e servios, que o produto nacional.

4.3.3 tica da Renda Nacional (RN)

Renda Nacional a soma dos rendimentos pagos s famlias pela utilizao dos servios de fatores produtivos. Quem paga esses rendimentos so as empresas. Os rendimentos so classificados em salrios, lucros, juros e aluguel. A frmula para calcular a renda nacional :

RN = w + j + a + l, sendo:

W = salrios (em ingls wages)

J = juros

A = aluguel

L = lucros

Como podemos saber o valor agregado de salrios, juros, aluguel e lucros? Para isso, o IBGE tem um banco de dados, usando informaes do setor privado e do setor pblico.

4.3.4 Identidade Bsica das Contas Nacionais

PN = DN = RN (Produto Nacional = Despesa Nacional = Renda Nacional)

4.4 Produto Interno Bruto (PIB) e Produto Nacional Bruto (PNB)

O que diferencia o PIB do PNB a renda lquida de fatores externos (RLFE). A RLFE a remunerao dos capitais estrangeiros. Compreende:

Renda enviada ao exterior (RE). Representa a remunerao do capital e da tecnologia de propriedade de no residentes na forma de remessa de lucros, royalties, juros, assistncia tcnica;

Renda recebida do exterior (RR). Significa a remunerao do capital e tecnologia de empresas nacionais que operam em outros pases. Essa remunerao pode ser lucros, royalties, juros, assistncia tcnica.

Agora estamos com todos os dados para calcular o PIB e o PNB. Ento:

PIB = somatrio de todos os bens e servios produzidos no territrio nacional com capital de residentes e no residentes.

e

PNB = PIB + renda recebida do exterior renda enviada ao exterior

ou

PNB = PIB + renda lquida enviada ao exterior.

Qual maior PIB ou PNB? No caso especfico do Brasil, qual o valor maior? PIB ou PNB? Para uma resposta segura veja a renda lquida externa.

4.4.1 Como o PIB Calculado: Valor Adicionado ou Valor Agregado (VA)

Valor adicionado ou valor agregado o valor que se adiciona ao produto em cada estgio da produo. Estgio da produo so as etapas do processo produtivo. O valor adicionado a diferena entre vendas e o custo dos bens intermedirios.

Na tabela 4.1, podemos ver o clculo do valor adicionado numa situao dada.

Tabela 4.1 Valor adicionado

Estgio da produoVendas no perodo (1)

(VBP)Custo bens intermedirios

(2)Valor adicionado (VA)

(1-2)

Empresa A

Trigo

Empresa B

Farinha de Trigo

Empresa C

Po140

245

3900

140

245140

105

145

775385390

Fonte: (VASCONCELLOS, 2004, p. 103)

Observando a tabela, cada linha representa um estgio da produo. No caso da tabela 4.1, so trs estgios, trigo, farinha de trigo e o po. Em cada estgio, temos o valor bruto da produo (VBP) e o custo dos bens intermedirios. A diferena o valor adicionado.

4.5 Modelo Keynesiano Bsico

O modelo keynesiano bsico utiliza a demanda agregada, a oferta agregada e o princpio da demanda efetiva.

4.5.1 Demanda Agregada (DA)

A demanda agregada a demanda total dos agentes econmicos: demanda de consumo das famlias (C), demanda de investimento das empresas (I), demanda do governo (G) e demanda lquida do setor externo (exportaes X importaes M). Portanto:

DA = C + I + G + X M

4.5.2 Oferta Agregada (OA)

A oferta agregada (OA) a quantidade de bens e servios disponvel para ser vendida no mercado. Ento, a oferta agregada o mesmo que o produto nacional e a renda nacional. Portanto:

Oferta Agregada = Produto Nacional = Renda Nacional

A oferta agregada pode ser potencial ou efetiva. A oferta agregada potencial corresponde ao pleno emprego dos recursos de produo. A oferta agregada efetiva o total de bens e servios colocados no mercado. Pode ocorrer com capacidade ociosa, ou seja, com a utilizao dos recursos de produo abaixo do nvel de pleno emprego.

4.5.3 Princpio da Demanda Efetiva

Em curto prazo, a oferta agregada potencial fixada, pois h pleno emprego dos recursos. Na oferta agregada efetiva, h capacidade ociosa e mo de obra desempregada. Nesse caso, possvel aumentar o crescimento da produo estimulando a demanda. Portanto, o crescimento da demanda agregada explica a variao do produto e da renda nacional. o princpio da demanda efetiva.

Havendo desemprego de recursos, a funo da poltica econmica elevar a demanda agregada, aumentando o nvel de emprego. Essas polticas devem estimular o consumo, os investimentos e as exportaes. Keynes enfatizou o papel do governo, aumentando os gastos pblicos.

4.5.4 O Equilbrio Macroeconmico

Qual a diferena entre renda de pleno emprego e renda de equilbrio? Qual a importncia dessa diferena no equilbrio macroeconmico?

A renda de pleno emprego ocorre quando a economia est utilizando toda sua capacidade de produo. Significa que todos os recursos produtivos, trabalho e capital esto plenamente empregados.

A renda de equilbrio ou renda efetiva ocorre quando a oferta agregada iguala a demanda agregada de bens e servios. A renda de equilbrio pode acontecer abaixo do pleno emprego. Quando h renda de equilbrio, significa que a oferta agregada atende s necessidades da demanda agregada. o equilbrio econmico com desemprego ou abaixo do pleno emprego.

O objetivo da poltica econmica encontrar o equilbrio a pleno emprego. Sendo a oferta agregada fixada no curto prazo, a poltica econmica deve atuar sobre a elevao do consumo das famlias, do investimento das empresas, dos gastos do governo e das exportaes lquidas. Havendo crescimento dos elementos da demanda agregada, significa crescimento do nvel do produto e da renda nacional.

4.6 Comportam