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POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

FINANÇAS PÚBLICAS E ECONOMIA

ASSUNTO PAG. FINANÇAS PÚBLICAS:

1- Os princípios teóricos de tributação. 01 2- Impostos, tarifas, contribuições fiscais e parafiscais: definições. 02

3- Tipos de impostos. Progressivos, Regressivos, Proporcionais. Diretos e Indiretos. 03 4. Impactos sobre o consumidor e a indústria de cada tipo de imposto. 03 5- Carga Fiscal. Progressiva. Regressiva. Neutra. Carga Fiscal Ótima. 04 6- Efeitos da ausência ou do excesso de cobrança de impostos. A curva reversa. O efeito de curto, médio e longo prazos da inflação e do crescimento econômico sobre a distribuição da carga fiscal.

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7- Lei de Responsabilidade Fiscal; Ajuste Fiscal; Contas Públicas – Déficit Público; Resultado nominal e operacional; Necessidades de financiamento do setor público.

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8-PROVAS DA ESAF DE FINANÇAS PÚBLICAS 28 ECONOMIA

1- Introdução à Macroeconomia. Conceitos Macroeconômicos Básicos. Identidades Macroeconômicas fundamentais. Formas de mensuração do Produto e da Renda Nacional. O produto nominal x o produto real. Números índices. O Sistema de contas nacionais. Contas nacionais no Brasil. Noções sobre o balanço de pagamentos. As contas do sistema financeiro e o multiplicador bancário.

33 2- Macroeconomia keynesiana. Hipóteses básicas da macroeconomia keynesiana. As funções consumo e poupança. Determinação da renda de equilíbrio. O multiplicador keynesiano. Os determinantes do investimento.

45 3. O modelo IS-LM. O Equilíbrio no Mercado de Bens. A demanda por Moeda e o Equilíbrio no Mercado Monetário. O equilíbrio no modelo IS/LM. Políticas econômicas no Modelo IS/LM. Expectativas no modelo IS/LM.

48 4- Modelo de oferta e demanda agregada, inflação e desemprego. A função demanda agregada. As funções de oferta agregada de curto e longo prazo. Efeitos da política monetária e fiscal no curto e longo prazo. Choques de oferta. Inflação e Emprego. Determinação do Nível de Preços. Introdução às Teorias da Inflação. A curva de Phillips. A Rigidez dos reajustes de preços e salários. A Teoria da Inflação Inercial e a análise da Experiência Brasileira Recente no combate à inflação.

50 5- Macroeconomia aberta. Estrutura do balanço de pagamentos. Regimes Cambiais. Crises Cambiais. O Modelo IS/LM numa economia aberta. Política monetária e fiscal numa economia aberta. Política Cambial no Plano Real.

54 6- Crescimento de longo prazo: O modelo de Solow. O papel da poupança, do crescimento populacional e das inovações tecnológicas sobre o crescimento. "A regra de ouro".

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7- A economia intertemporal. O consumo e o investimento num modelo de escolha intertemporal. A restrição orçamentária intertemporal das famílias. A restrição orçamentária intertemporal do governo e a equivalência ricardiana. A restrição orçamentária intertemporal de uma nação e o endividamento externo.

57 8-PROVAS DA ESAF DE ECONOMIA 59

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1-FINANÇAS PÚBLICAS: OS PRINCÍPIOS TEÓRICOS DE TRIBUTAÇÃO A ESAF tem repetidamente cobrado em suas provas o tema “Financiamento dos Gastos Públicos“ ou “Princípios Teóricos da Tributação”. Posso afirmar aos candidatos que a fonte principal para este assunto têm sido, há muitos anos, o livro de Alfredo Filellini, intitulado Economia do Setor Público, da Editora Atlas, um livro fácil e simples de entender. Mas também há outro livro mais recente, de Fábio Giambiagi, intitulado Finanças Públicas, que tem sido cobrado nas provas. Os conteúdos dos livros têm sido cobrados tanto em Finanças Públicas como em outras disciplinas de concursos públicos, como Administração Financeira e Orçamentária - AFO ou Economia do Setor Público, nas provas para Analista de Finanças e Controle do Ministério da Fazenda, Gestor e Analista de Planejamento e Orçamento do MPO. O que ocorre é que as três disciplinas são semelhantes em conteúdo e abordam basicamente os mesmos tópicos relacionados à teoria das finanças públicas, como os tributos, a dívida pública ou o federalismo fiscal. O FINANCIAMENTO DOS GASTOS PÚBLICOS O fluxo de arrecadação de receitas do Governo Federal praticamente determina o processo de liberação dos recursos junto aos órgãos, realizado pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Como toda empresa responsável pela gestão de recursos, o Governo Federal também administra e gere seus recursos, liberando verbas orçamentárias mediante a arrecadação de receitas. Hoje, o fluxo de liberação de recursos do Governo Federal é fixado pela STN via Decreto, no que denominamos de Decreto de Programação Financeira Todo início de ano, a STN publica o decreto, impondo tetos (limites) mensais aos órgãos, e contingenciando o Orçamento, com base na expectativa de arrecadação. A este processo, denominamos de programação financeira de desembolso. Para que o Governo efetivamente cumpra os programas consignados no Orçamento, é fundamental a busca por novas receitas e uma melhoria contínua no processo de arrecadação. Todo o esforço de arrecadação provém de órgãos arrecadadores como a Secretaria da Receita Federal (SRF), do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e dos próprios órgãos executores (Ministérios, Secretarias, etc) mediante o recebimento de tributos e recursos próprios. A Secretaria de Orçamento Federal (SOF), responsável pela elaboração do Orçamento Público, previamente classifica todas as receitas públicas, em fontes de recurso. As fontes de recurso são agrupamentos de determinadas receitas como as derivadas de impostos, taxas, contribuições, etc e/ou originadas por empréstimos externos, tarifas, etc., que são utilizadas para financiar os gastos públicos. Cada projeto ou atividade do Orçamento pode conter uma fonte única ou mais de uma fonte de recurso financiando o programa. Um programa do Orçamento pode ser

financiado tanto por fontes de recursos do Tesouro, derivadas de impostos, taxas, etc como por fontes de recursos diretamente arrecadados, originados, por exemplo, da venda de um serviço. Algumas fontes de recurso são compostas por vários tributos, como acontece com a fonte 100 – Recursos Ordinários, que agrega diversos impostos como o Imposto de Renda (IR) e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Outras fontes são compostas por apenas uma receita, ou mesmo, como vimos, por recursos diretamente arrecadados pelo órgão. O Manual Técnico do Orçamento (MTO-02) da Secretaria de Orçamento Federal contém uma tabela, já demonstrada, indicando as fontes de recurso que financiam os gastos públicos (que não é necessário decorar para a prova!!!). TRIBUTAÇÃO E EQÜIDADE Desde a Idade Média, os reis exigiam de seus cidadãos determinados valores em troca da simples proteção ou da extensão de algumas prerrogativas da Corte. Daí se originou o conceito do jus imperis estatal, da compulsoriedade no pagamento de tributos, sem nada efetivamente em troca, ou apenas a mera prestação de algum serviço. Muito se discute na doutrina até hoje sobre quais seriam os princípios que deveriam alicerçar a tributação ou a cobrança de tributos. Discute-se, até mesmo, em dias atuais, sobre quais os métodos mais eficientes ao Estado para que este efetivamente arrecade mais, sem sacrificar a população com onerosas cargas tributárias, que comprometam a produção ou o PIB e, consequentemente, a própria arrecadação de tributos. Alguns princípios são aplicáveis na cobrança de tributos. Outros, entretanto, carecem de uma razão mais lógica ou coerente que permita sua aplicação efetiva. Os estudiosos convergem, entretanto, para um ponto em comum: a eqüidade no tratamento tributário. A eqüidade impõe o que poderia chamar de justeza tributária ou tributação com a máxima justiça entre os cidadãos. Neste sentido, haveria igualdade de tratamento tributário para aqueles que se encontrassem em condições iguais (eqüidade horizontal) e desigualdade de tratamento tributário para aqueles considerados em situação de desigualdade (eqüidade vertical). Ou seja, aos iguais, tratamento igual, com alíquotas ou faixas de tributação iguais. Aos desiguais, tratamento desigual, com alíquotas diferenciadas, na mesma medida de suas diferenças. NEUTRALIDADE e EQUIDADE Neutralidade: a implantação de tributos não deve distorcer o sistema de preços relativos, pois este é o orientador da alocação dos recursos produtivos. Contudo, um tributo poderia ser instituído para corrigir uma distorção existente, ou seja, ele seria PARCIALMENTE neutro; Equidade: Deve haver equidade horizontal e vertical Horizontal: quando se dá tratamento igual para iguais;

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Vertical: quando se dá tratamento desigual para desiguais Os CRITÉRIOS DE OPERACIONALIZAÇÃO da Equidade são: Critério do Benefício: em que há uma proporcionalidade entre o tributo cobrado e o benefício ao tributado. Difícil na prática, dada a própria natureza dos bens públicos (indivisíveis), exceto para taxas e em alguns impostos específicos (energia, transportes); Critério da Capacidade de Contribuição: a “igualdade de sacrifício” existiria no caso da progressividade tributária, considerando-se o fato de a Renda possuir também utilidade marginal decrescente. 2-IMPOSTOS, TARIFAS, CONTRIBUIÇÕES FISCAIS E PARAFISCAIS: DEFINIÇÕES. Tributos com características fiscais Imposto – É um tributo independente de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte ou independente da contraprestação de um serviço. Decorre do jus imperis estatal, de exigir-se compulsoriamente um tributo com a finalidade de financiar os gastos do Orçamento. A competência, segundo a CF/88 é privativa da União, Estados, DF e Municípios, ou seja, cada ente detém uma competência própria de impostos já definidos e elencados na Constituição. Por exemplo, aos Estados, compete o ICMS, à União, o IPI, aos Municípios, o ISS, etc. Cada ente possui um conjunto de impostos específicos já previamente determinados. Não pode o Estado instituir ou cobrar imposto de competência da União, ou do Município, por isso dizemos que a competência é privativa para cada ente, ou seja, só o ente determinado na CF pode cobrar o imposto que lhe é atribuído. Taxa – É um tributo cobrado tendo em vista a prestação de serviços públicos específicos e divisíveis, efetivamente prestados ou potencialmente colocados à disposição do contribuinte, ou, ainda, pelo simples exercício do poder de polícia. Os serviços tem que ser específicos e divisíveis, ou seja, tem que estar claramente definidos na lei e poderem ser medidos no consumo por cada usuário efetivo ou potencial. Não podem ser serviços genéricos nem indivisíveis, como a cobrança da taxa de iluminação pública, por exemplo, repetidamente argüida como inconstitucional pelos cidadãos, pela sua não divisibilidade entre os contribuintes beneficiados. O poder de polícia vem definido no CTN e corresponde a uma série de atividades de fiscalização, não se aplicando apenas à polícia federal ou fardada, mas a todas as formas de repressão de atividades nocivas ao interesse público, como a própria vigilância sanitária, por exemplo. A competência de instituir taxas é comum da União, Estados, DF, Municípios, ou seja, tanto a União, como Estados, DF ou Municípios, podem instituir taxas com o mesmo nome em suas esferas (nunca sobre a mesma base de cálculo dos impostos). Contribuição de melhoria – É um tributo cobrado somente nos acréscimos de valor de imóveis, decorrente de alguma obra pública. A competência é comum entre a União, Estados, DF e Municípios. Alguns tributos apresentam característica de

extrafiscalidade, ou seja, o objetivo não é arrecadar, mas sim, coibir uma atividade ou regular o próprio mercado. Exemplo disto é o imposto de importação, não destinada propriamente à arrecadar, mas sim, coibir a entrada de produtos estrangeiros com preços mais baratos que os nacionais, reduzindo as chances da produção própria e consequentemente a oferta de empregos no país. Tributos com características parafiscais (atuam paralelamente aos fiscais) Empréstimo Compulsório – É exigido a partir de investimento relevante efetuado pela União (princípio da anterioridade da lei) ou por motivo de guerra externa ou iminência de guerra, ou, ainda, por calamidade pública. No caso de guerra ou calamidade pública, o empréstimo compulsório não fica sujeito ao princípio da anterioridade, ou seja, da antecedência que deve haver entre a publicação da lei e a cobrança efetiva do tributo. A competência para a instituição do empréstimo compulsório é exclusiva da União e é necessário Lei Complementar (maioria absoluta de parlamentares) para instituição do tributo Contribuição – As contribuições previstas na Constituição Federal podem ser sociais, de interesse de categorias profissionais ou econômicas, de intervenção no domínio econômico ou da seguridade social, sendo que estas últimas necessitam de 90 dias de prazo entre a lei que as instituiu e a sua efetiva cobrança. A competência para instituição de contribuições é exclusiva da União. Aqui cabe um comentário sobre a situação jurídica das tarifas ou preços públicos. As tarifas são valores cobrados por um bem ou serviço prestado, mas não compulsório como a taxa, que é um tributo exigido do contribuinte, independentemente da utilização do serviço, bastando a potencialidade de uso para a cobrança. As tarifas são preços públicos cobrados por algum serviço efetivamente prestado ou consumido, como o que se consome em energia elétrica ou no uso do sistema telefônico. As tarifas envolvem um contrato entre o fornecedor (concessionário do serviço público) e um consumidor (usuário) do serviço. O usuário paga o que consome, nada além disto. Geralmente as tarifas de serviços vem discriminadas para nós de alguma forma, como em nossas eternas contas telefônicas, que mostram os diferentes períodos de consumo e o valor cobrado. As tarifas não são tributos!!! Não tem caráter compulsório, nem podem ser exigidas ao livre arbítrio. Ou seja, paga quem quer o serviço! Cuidado com esta proposição! Outra classificação dos tributos: Tributos Diretos - aplicados ao contribuinte diretamente, sobre a renda e a riqueza sem transferências tributárias. Ex. IPTU, IPVA, IR, IOF. Tributos Indiretos – são aqueles cobrados sobre a produção, sobre o consumo, sobre vendas ou circulação de bens e mercadorias e repassados para o consumidor. Quem arca é o consumidor final, não o produtor ou vendedor, que repassa o imposto. Ex. IPI, ICMS, ISS.

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3-TIPOS DE IMPOSTOS: PROGRESSIVOS, REGRESSIVOS, PROPORCIONAIS, DIRETOS E INDIRETOS. O princípio do benefício é o princípio que teoriza que cada contribuinte pagaria um valor correspondente ao seu próprio benefício pelo bem ou serviço gerado pelo Estado, conforme a proporção que faria uso. Sob este princípio, os impostos seriam vistos apenas como preços pagos por serviços públicos utilizados. Se usasse o serviço, pagaria. Do contrário, estaria isento. O valor total do gasto seria financiado com recursos de todos os contribuintes beneficiados. Se determinado gasto não influenciasse a vida do cidadão, ele não precisaria pagar. Os impostos não precisam ser equivalentes aos benefícios totais recebidos pelos cidadãos, mas proporcionais a estes. Ou seja, não se deve cobrar, segundo a ótica, o custo total de uma ponte ou obra, em valores idênticos para cada cidadão, mas na medida proporcional ao uso do bem por cada um deles. Os impostos deveriam ser distribuídos de acordo com os benefícios marginais recebidos, ou seja, de acordo com a potencialidade para uso do bem ou obra, neste caso. Ainda que defensável do ponto de vista lógico, não existem meios práticos que permitam operacionalizar o princípio do benefício. É um princípio de difícil aplicação na prática, devido ao princípio da exclusão, pois há pessoas que se beneficiam do bem ou serviço, mesmo não pagando nada em tributos. Dando um exemplo trivial, se fosse construída uma ponte, não se poderia assegurar quantos atravessariam a ponte ou seriam beneficiados com a sua construção. Não se poderia impedir, também, que alguém que não tivesse contribuído, atravessasse a ponte, pois tal prática revelar-se-ia inconstitucional. Além do mais, o princípio, se aplicado, estaria em rota de colisão com outros dois princípios mais amplos aplicados às finanças públicas, como o princípio da distribuição de riquezas ou da alocação de recursos, que arrazoam pelo privilégio na distribuição do Orçamento às pessoas com piores condições de renda ou menor capacidade de pagamento. Segundo o princípio mais comum na teoria das finanças públicas, o princípio da capacidade econômica, as pessoas devem contribuir segundo a sua capacidade real de pagamento, ou seja, quem recebe mais ou detém maior patrimônio, paga mais. Caso contrário, paga menos. A preferência moderna é pela aplicação do princípio da capacidade de pagamento, pois ele representa uma maior justiça tributária, num sentido mais aproximado de eqüidade de tratamento entre iguais e desiguais. A renda é preferencialmente o indicador da capacidade econômica, mas o patrimônio também pode servir para se aplicar o princípio. NEUTRALIDADE, REGRESSIVIDADE E PROGRESSIVIDADE Sobre o princípio da progressividade, as maiores alíquotas seriam aplicadas às camadas mais favorecidas ou em

classes de renda mais altas da população. Sobre o princípio da regressividade, quanto maior a renda, menor seria o percentual da alíquota. Já o princípio da neutralidade ou proporcionalidade implica dizer em tributos proporcionais aos ganhos, ou seja, alíquotas iguais e únicas em qualquer faixa. resultariam em maiores valores arrecadados, conforme a situação individual de renda de cada um. Os modernos sistemas fiscais consagram a progressividade na tributação. A incidência progressiva leva a coletividade ao mínimo sacrifício agregado. O rico deve pagar proporcionalmente mais e o pobre proporcionalmente menos. Este princípio também baseia-se na hipótese de que a renda é sujeita a lei de utilidade marginal decrescente, ou seja, quanto maior os acréscimos de renda dados ao consumidor, menor será a utilidade daquela renda. Exemplificando, se um consumidor ganha o suficiente apenas para se manter, a utilidade que dará a sua renda será maior do que aquele que ganha muito, cuja renda permite até mesmo uma aplicação financeira. Para o menos favorecido, a renda é essencial para a sobrevivência e ele tentará maximizar o consumo, devido a sua restrição orçamentária e ao grau de utilidade que dá a sua renda. 4-IMPACTOS SOBRE O CONSUMIDOR E A INDÚSTRIA DE CADA TIPO DE IMPOSTO Tipos de impostos: progressivos, regressivos, proporcionais, diretos e indiretos: Progressivo: carga superior para quem ganha ou detém mais; Regressivo: o inverso (em termos percentuais do valor tomado como base, em ambos os casos) Neutro (Proporcionais): carga (percentual ou alíquota) igual para todas as faixas de renda; Diretos: o sujeito passivo reúne em si as obrigações de direito e de fato perante o sujeito ativo; Indiretos: o sujeito passivo de direito é um e o de fato é outro. O primeiro é o que carreia o numerário ao erário público e possui as demais obrigações acessórias (registros contábeis). Impactos de cada tipo de tributo: Também chamados de INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA. quanto a este aspecto, devem ser distintos 3 fatores: Impacto inicial: que recai sobre o responsável legal pelo recolhimento e obrigações acessórias (impacto legal); Transferência: que é o repasse do ônus via alteração de preços. Pode ser “para a frente” (sobre o consumo) e “para trás” (sobre o mercado de insumos); Impacto Final: que é a incidência EFETIVA, que recairá sobre os agentes econômicos que tiverem suas rendas reduzidas em função do tributo (o que depende da elasticidade do bem: quando maior for a elasticidade da demanda sobre a da oferta, menor será o impacto final sobre o comprador – e vice-versa). Ressalte-se que os DIRETOS, em princípio não são objeto de transferência. CASO ESPECIAL: Indústria com custos decrescentes (Pmg

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cresc.) = logo, o Cmg<Cme: haverá transferência do imposto maior do que 100% (vide gráfico) 5-CARGA FISCAL: PROGRESSIVA, REGRESSIVA, NEUTRA: Carga fiscal progressiva: Ocorre quando a relação Fato Gerador/Renda é crescente perante uma alíquota constante; regressiva, quando aquela relação é decrescente; neutra quando a citada relação é constante. Carga fiscal ótima: Ocorre quando propicia um equilíbrio orçamentário, concomitantemente com a manutenção constante dos níveis de poupança e investimento no setor privado. 6-EFEITOS DA AUSÊNCIA OU DO EXCESSO DE COBRANÇA DE IMPOSTOS. A CURVA REVERSA. O EFEITO DE CURTO, MÉDIO E LONGO PRAZOS DA INFLAÇÃO E DO CRESCIMENTO ECONÔMICO SOBRE A DISTRIBUIÇÃO DA CARGA FISCAL EFEITOS DA AUSÊNCIA OU DO EXCESSO DE COBRANÇA; A ausência de cobrança tende a minimizar os gastos sociais, deixando a economia de mercado tratar desiguais de modo igual; o excesso, contudo, produz a sonegação, a má alocação dos fatores produtivos e o desestímulo à poupança, ao investimento e ao trabalho. REAÇÃO DA PESSOA FÍSICA E JURÍDICA A CARGAS FISCAIS ELEVADAS Quando um Governo decide aumentar sua receita de tributos, as autoridades podem modificar a ALÍQUOTA mas não podem controlar a RECEITA RESULTANTE. Se o imposto distorce a opção da pessoa física entre trabalho e lazer, o nível de receita poderá até mesmo ser inferior à que vigia antes da majoração tributária (mas não necessariamente). Igualmente para as empresas, uma elevação tributária poderá causar danos às mesmas e, consequentemente, reduzir a receita tributária. Tudo isso sem falarmos da possibilidade sempre presente da SONEGAÇÃO FISCAL, que costuma ocorrer quando o contribuinte julga exorbitante o tributo. A CURVA REVERSA (DE LAFFER) Arthur Laffer é o autor da Curva Reversa, que ilustra o fenômeno acima descrito, instrumento esse bastante popular entre uma corrente de economistas norte-americanos (os “reaganomics”) ou economistas adeptos da “supply side” (“economia do lado da oferta”). A idéia é a de que a Receita Tributária é progressiva somente até um dado nível de alíquota, a partir da qual, qualquer aumento desta produzirá sonegação e/ou redução das atividades que formam a base tributária, reduzindo-se, por conseguinte, a receita pública. VERACIDADE E FALÁCIA DA CURVA DE LAFFER: Esse argumento foi parcialmente responsável pela grande

redução da taxa de impostos sobre a renda nos EUA no início da década dos 80 (governo Reagan). Julgava-se, então, que o aumento da renda, resultante do maior incentivo para trabalhar, compensaria (ou mais) o valor não arrecadado por causa da taxa menor. Mas não foi isso o que ocorreu. A arrecadação de fato diminuiu e o déficit público aumentou. O erro estava não na Curva de Laffer e suas premissas, mas em achar-se que a economia norte-americana estava funcionando à direita da alíquota ótima antes da redução da taxa. O EFEITO DE CURTO, MÉDIO E LONGO PRAZOS DA INFLAÇÃO E DO CRESCIMENTO ECONÔMICO SOBRE A DISTRIBUIÇÃO DA CARGA FISCAL; da Inflação: Leva os indivíduos a mudarem para patamares superiores de carga tributária, portanto, ceteris paribus, provoca REGRESSIVIDADE TRIBUTÁRIA. Isso exige uma correção dos limites mínimo/máximo das faixas. do Crescimento: por um lado, o crescimento econômico leva à elevação da Receita Tributária; por outro, se o crescimento da Renda for CONCENTRADO, aumenta a progressividade – e vice-versa. De todo modo, a carga tributária real (efetiva) tende a descolar-se da carga nominal em processos de crescimento econômico. EFEITO TANZI: Quando o orçamento público é deficitário, o nível geral de preços sofre pressões altistas (inflação). Se existir um hiato temporal entre o fato gerador do imposto e seu efetivo recolhimento ao erário público, haverá naturalmente uma corrosão de seu valor real, p que contribuirá para elevar ainda mais o déficit público. Isso foi observado, por exemplo, na Bolívia, por Olivera e Tanzi. Para driblar esse efeito, alguns governos estabelecem os tributos em uma moeda de conta que acompanha a inflação (exemplos: UFIR; UFM) ou então estabelecem indexadores (tipo a taxa over-selic). 7. LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL; AJUSTE FISCAL; CONTAS PÚBLICAS – DÉFICIT PÚBLICO; RESULTADO NOMINAL E OPERACIONAL; NECESSIDADES DE FINANCIAMENTO DO SETOR PÚBLICO.

LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Lei Complementar – regula o art. 163 da CF. Normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal Abrange União, Estados e Municípios, seus Poderes e suas entidades da Administração indireta, excluídas as empresas que não dependem do Tesouro do ente ao qual se vinculam. PRINCÍPIOS / OBJETIVOS Ação planejada e transparente Prevenção de riscos e correção de desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas

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Cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas Obediência a limites e condições (renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar). Combater o déficit limitando as despesas de pessoal, dificultando a geração de novas despesas, impondo ajustes de compensação para a renúncia de receitas e exigindo mais condições para repasses entre governos e destes para instituições privadas. Reduzir o nível da dívida pública induzindo a obtenção de superávits primários, restringindo o processo de endividamento, nele incluído o dos Restos a Pagar, requerendo limites máximos, de observância contínua, para a dívida consolidada. DESPESAS COM PESSOAL Despesa total com pessoal: somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência. Despesa total - soma da do mês com as dos 11 meses anteriores, pelo regime de competência. Não pode exceder os percentuais da receita corrente líquida: I - União: 50% ; II - Estados: 60% ; III - Municípios: 60% Despesas não computadas: Indenização por demissão de servidores ou empregados; Incentivos à demissão voluntária; Aplicação do disposto no inciso II do § 6o do art. 57 da Constituição; Decisão judicial de período anterior ao da apuração Pessoal, do DF, Amapá e Roraima, de recursos transferidos pela União. Inativos, mesmo por intermédio de fundo específico com recursos de contribuições dos segurados; da compensação financeira e receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado, inclusive o produto da alienação de bens, direitos e ativos, bem como seu superávit financeiro. Despesas com sentenças judiciais - incluídas no limite. Contratos de terceirização (substituição de servidores e empregados públicos) - Outras Despesas de Pessoal. Limites: I - na esfera federal:

a) 2,5% para o Legislativo, incluído o TCU; b) 6% para o Judiciário; c) 40,9% para o Executivo, destacando-se 3% para as despesas com pessoal decorrentes do que dispõem os incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e o art. 31 da EC no 19, repartidos de forma proporcional à média das despesas relativas a cada um destes dispositivos, em percentual da receita corrente líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente anteriores ao da publicação desta Lei Complementar; d) 0,6% para o Ministério Público da União; II - na esfera estadual: a) 3% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Estado; b) 6% para o Judiciário; c) 49% para o Executivo; d) 2% para o Ministério Público dos Estados; III - na esfera municipal: a) 6% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Município, quando houver; b) 54% para o Executivo. Poderes Legislativo e Judiciário de cada esfera - limites repartidos de forma proporcional à média das despesas com pessoal, em percentual da receita corrente líquida, verificadas nos 3 exercícios financeiros imediatamente anteriores ao da publicação desta Lei Complementar. É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e não atenda: I - as exigências da LRF e disposto na CF; II - o limite legal aplicado às despesas com pessoal inativo. Também é nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos 180 dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão. Verificação do cumprimento - realizada ao final de cada quadrimestre. Despesa total com pessoal > 95% do limite – Vedações: I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso X do art. 37 da Constituição; II - criação de cargo, emprego ou função; III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa; IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança; V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso II do § 6o do art. 57 da Constituição e as situações previstas na LDO. Despesa total com pessoal > limite - o excedente terá de ser eliminado nos 2 quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um 1/3 no primeiro. O objetivo poderá ser

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alcançado tanto pela extinção de cargos e funções quanto pela redução dos valores a eles atribuídos. É facultada a redução temporária da jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à nova carga horária. Não alcançada a redução no prazo estabelecido, e enquanto perdurar o excesso, o ente não poderá: I - receber transferências voluntárias; II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente; III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas com pessoal. LIMITES DA DÍVIDA PÚBLICA E DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO Dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses; Dívida pública mobiliária: dívida pública representada por títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil, Estados e Municípios; Operação de crédito: compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros; Concessão de garantia: compromisso de adimplência de obrigação financeira ou contratual assumida por ente da Federação ou entidade a ele vinculada; Refinanciamento da dívida mobiliária: emissão de títulos para pagamento do principal acrescido da atualização monetária. Dívida pública consolidada da União – inclui títulos de responsabilidade do Bacen. Dívida pública consolidada – inclui as operações de crédito de prazo inferior a 12 meses cujas receitas tenham constado do orçamento. Refinanciamento do principal da dívida mobiliária - não excederá, ao término do exercício, o montante do final do exercício anterior, somado ao das operações de crédito autorizadas no orçamento para este efeito e efetivamente realizadas, acrescido de atualização monetária. LIMITES DA DÍVIDA Fixados em percentual da receita corrente líquida para cada esfera de governo e aplicados igualmente a todos os entes da Federação que a integrem, constituindo, para cada um deles, limites máximos. Apuração do montante da dívida consolidada - efetuada ao final de cada quadrimestre. PR - envio ao Senado Federal ou Congresso Nacional, de proposta de manutenção ou alteração dos limites e condições previstos. Precatórios judiciais não pagos no orçamento - integram a dívida consolidada, para fins de aplicação dos limites. Se a dívida consolidada de um ente da Federação

ultrapassar o respectivo limite ao final de um quadrimestre, deverá ser a ele reconduzida até o término dos 3 subseqüentes, reduzindo o excedente em pelo menos 25% no primeiro. Enquanto perdurar o excesso: I – proibição de operação de crédito interna ou externa, inclusive por antecipação de receita, ressalvado o refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária; II - obterá resultado primário necessário à recondução da dívida ao limite, promovendo, entre outras medidas, limitação de empenho, na forma do art. 9o. Vencido o prazo para retorno da dívida ao limite, e enquanto perdurar o excesso, o ente ficará também impedido de receber transferências voluntárias da União ou do Estado. Operações de Crédito O ente interessado formalizará seu pleito fundamentando-o em parecer demonstrando a relação custo-benefício, o interesse econômico e social da operação e o atendimento das seguintes condições: I - existência de prévia e expressa autorização para a contratação, no texto da lei orçamentária, em créditos adicionais ou lei específica; II - inclusão no orçamento ou em créditos adicionais dos recursos provenientes da operação, exceto no caso de operações por antecipação de receita; III - observância dos limites e condições fixados pelo Senado Federal; IV - autorização específica do Senado Federal, quando se tratar de operação de crédito externo; V - (REGRA OURO) – vedação da realização de operações de crédito que excedam as despesas de capital, salvo as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovada pelo Legislativo por maioria absoluta; VI - observância das demais restrições estabelecidas na Lei. Vedações Operação de crédito entre ente da Federação, diretamente ou por intermédio de fundo, autarquia, fundação ou empresa estatal dependente, e outro, inclusive suas entidades da administração indireta, ainda que sob a forma de novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída anteriormente. Excetuam-se da vedação a que se refere o caput as operações entre instituição financeira estatal e outro ente da Federação, inclusive suas entidades da administração indireta, que não se destinem a: I - financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes; II - refinanciar dívidas não contraídas junto à própria instituição concedente. Operações de Crédito por Antecipação de Receita Orçamentária A operação de crédito por antecipação de receita destina-se a atender insuficiência de caixa durante o exercício financeiro e cumprirá as exigências mencionadas no art. 32 e mais as seguintes:

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I - realizar-se-á somente a partir do 10º dia do início do exercício; II - deverá ser liquidada, com juros e outros encargos incidentes, até o dia dez de dezembro de cada ano; III - não será autorizada se forem cobrados outros encargos que não a taxa de juros da operação, obrigatoriamente prefixada ou indexada à taxa básica financeira, ou à que vier a esta substituir; IV - estará proibida: a) enquanto existir operação anterior da mesma natureza não integralmente resgatada; b) no último ano de mandato do Presidente, Governador ou Prefeito Municipal. RESTOS A PAGAR É vedado ao titular de Poder ou órgão nos últimos 2 quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito. Na determinação da disponibilidade de caixa serão considerados os encargos e despesas compromissadas a pagar até o final do exercício. TRANSPARÊNCIA DA GESTÃO FISCAL Instrumentos - ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: Planos orçamentos e LDO Prestações de contas e parecer prévio Relatório Resumido da Execução Orçamentária Relatório de Gestão Fiscal e as versões simplificadas desses documentos. Incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e de discussão dos planos, LDO e orçamentos. Contas do PR - disponíveis, durante o exercício, no Legislativo e no órgão técnico de elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade. Prestação de contas da União - demonstrativos do Tesouro Nacional e das agências financeiras oficiais de fomento, incluído o BNDEs, e, no caso das agências financeiras, avaliação circunstanciada do impacto fiscal de suas atividades no exercício. A Administração Pública manterá sistema de custos que permita a avaliação e o acompanhamento da gestão orçamentária, financeira e patrimonial. Relatório Resumido da Execução Orçamentária Publicação - até 30 dias após cada bimestre I - balanço orçamentário, que especificará, por categoria econômica, as: a) receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar, bem como a previsão atualizada; b) despesas por grupo de natureza, discriminando a dotação para o exercício, a despesa liquidada e o saldo; II - demonstrativos da execução das:

a) receitas, por categoria econômica e fonte, especificando a previsão inicial, a previsão atualizada para o exercício, a receita realizada no bimestre, a realizada no exercício e a previsão a realizar; b) despesas, por categoria econômica e grupo de natureza da despesa, discriminando dotação inicial, dotação para o exercício, despesas empenhada e liquidada, no bimestre e no exercício; c) despesas, por função e subfunção. Os valores referentes ao refinanciamento da dívida mobiliária constarão destacadamente nas receitas de operações de crédito e nas despesas com amortização da dívida. Outros demonstrativos do Relatório: I - apuração da receita corrente líquida, na forma definida no inciso IV do art. 2o, sua evolução, assim como a previsão de seu desempenho até o final do exercício; II - receitas e despesas previdenciárias a que se refere o inciso IV do art. 50; III - resultados nominal e primário; IV - despesas com juros, na forma do inciso II do art. 4o; V - Restos a Pagar, detalhando, por Poder e órgão os valores inscritos, os pagamentos realizados e o montante a pagar. RELATÓRIO DE GESTÃO FISCAL Publicado até 30 dias do encerramento do período com amplo acesso ao público, inclusive por meio eletrônico. O relatório conterá: I - comparativo com os limites de que trata esta Lei Complementar, dos seguintes montantes: a) despesa total com pessoal, distinguindo a com inativos e pensionistas; b) dívidas consolidada e mobiliária; c) concessão de garantias; d) operações de crédito, inclusive por antecipação de receita; e) despesas de que trata o inciso II do art. 4o; II - indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar, se ultrapassado qualquer dos limites; III - demonstrativos, no último quadrimestre: a) do montante das disponibilidades de caixa em trinta e um de dezembro; b) da inscrição em Restos a Pagar, das despesas: 1) liquidadas; 2) empenhadas e não liquidadas, inscritas por atenderem a uma das condições do inciso II do art. 41; 3) empenhadas e não liquidadas, inscritas até o limite do saldo da disponibilidade de caixa; 4) não inscritas por falta de disponibilidade de caixa e cujos empenhos foram cancelados; c) do cumprimento do disposto no inciso II e na alínea b do inciso IV do art. 38. Prestações de Contas Será dada ampla divulgação dos resultados da apreciação das contas, julgadas ou tomadas. Os Tribunais de Contas emitirão parecer prévio conclusivo sobre as contas no prazo de 60 dias do recebimento, se

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outro não estiver estabelecido nas constituições estaduais ou nas leis orgânicas municipais. No caso de Municípios que não sejam capitais e que tenham menos de duzentos mil habitantes o prazo será de 180 dias. Os Tribunais de Contas não entrarão em recesso enquanto existirem contas de Poder, ou órgão pendentes de parecer prévio. Os créditos nas instâncias administrativa e judicial, bem como as demais medidas para incremento das receitas tributárias e de contribuições. Fiscalização da Gestão Fiscal O Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas, e o sistema de controle interno de cada Poder e do Ministério Público, fiscalizarão o cumprimento das normas desta Lei Complementar, com ênfase no que se refere a: I - atingimento das metas estabelecidas na LDO; II - limites e condições para realização de operações de crédito e inscrição em Restos a Pagar; III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com pessoal ao respectivo limite IV - providências tomadas, para recondução dos montantes das dívidas consolidada e mobiliária aos respectivos limites; V - destinação de recursos obtidos com a alienação de ativos, tendo em vista as restrições constitucionais e as desta Lei Complementar; VI - cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos municipais, quando houver. Tribunais de Contas - alertarão quando constatarem: I - a possibilidade de ocorrência das situações previstas no inciso II do art. 4o e no art. 9o; II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou 90% do limite; III - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das operações de crédito e da concessão de garantia se encontram acima de 90%dos limites; IV - que os gastos com inativos e pensionistas se encontram acima do limite definido em lei; V - fatos que comprometam os custos ou os resultados dos programas ou indícios de irregularidades na gestão orçamentária. Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálculos dos limites da despesa total com pessoal de cada Poder e órgão. CONTAS PÚBLICAS – DÉFICIT PÚBLICO; RESULTADOS; NFSP O déficit público em um país pode ser financiado ou pela venda de títulos públicos ao setor privado, com a transferência de poupança privada ao setor público, ou pela venda de títulos públicos ao Banco Central, que representa um endividamento do setor público, com rolagem de dívidas e pagamentos de juros. Existem dois critérios de cálculo para o déficit público. O primeiro é chamado "acima da linha", no qual são diminuídas as receitas totais das despesas. O segundo critério é denominado de "abaixo da linha", que calcula o déficit com base na variação da dívida pública, ou seja, pelas necessidades de financiamento do setor público

(NFSP). A linha referida é aquela linha imaginária do total quando subtraimos um valor de outro. Mede-se o déficit acima desta linha ou abaixo, pelas necessidades de financiamento de um país Pelo primeiro critério (acima da linha) pode-se calcular: Déficit Nominal = é a diferença entre as receitas totais arrecadadas e os gastos totais do governo. Déficit Primário = são apenas os gastos não financeiros deduzidos das receitas não financeiras, ou seja, é a arrecadação de impostos do governo retirando-se apenas os gastos correntes e o investimento governamental, sem subtrair-se as despesas e receitas financeiras. Exclui do déficit nominal os juros pagos e as amortizações da dívida, que são despesas financeiras, entre outras. Déficit Operacional = é o Déficit primário + pagamento de juros reais. Esta medida exclui do cálculo o pagamento dos juros nominais da dívida, além dos efeitos da correção monetária. O déficit nominal é usado por todos como o indicador fiscal por excelência. O BC deixou de divulgar mensalmente o resultado do déficit operacional. No setor público, há uma certa restrição orçamentária. Para manter em equilíbrio o Orçamento, os gastos devem ser iguais à arrecadação. Caso isto não ocorra, estará gerando-se um superávit ou déficit no orçamento. No caso de superávit, o governo acumula poupança e pode emprestar recursos para o setor privado. No segundo caso, com o governo gastando mais do que arrecada, gera uma necessidade de financiamento junto ao setor privado e/ou Banco Central. Pelo critério "abaixo da linha", os principais conceitos são: Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) : É a soma das dívidas interna e externa do setor público (governo federal, Estados e municípios e empresas estatais) junto ao setor privado, com a inclusão da base monetária e a exclusão dos ativos do setor público, tais como reservas internacionais, créditos com o setor privado e os valores das privatizações. Ajuste patrimonial: é a diferença entre passivos do governo, contraídos no passado e posteriormente reconhecidos (“esqueletos"), e os resultados da privatização. Dívida Fiscal Líquida (DFL) : É a diferença entre a DLSP e o ajuste patrimonial. Necessidades de Financiamento do Setor Público: é o mesmo conceito de déficit nominal apurado pelo critério "acima da linha". Refere- se a variação da DFL entre dois períodos de tempo. Necessidades de Financiamento do Setor Público no conceito operacional: Exclui das necessIdades de fInancIamento nominais a correção monetária (efeito inflacionário) sobre a DFL. É o mesmo conceito "acima da linha" do déficit operacional. Necessidades de Financiamento do Setor Público no conceito primário: Exclui das necessidades de financiamento nominais, o pagamento de juros nominais

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que incide sobre a DFL. Equivale ao defícit primário apurado pelo critério "acima da linha". O problema do cálculo das necessidades de financiamento é que não se tem certeza absoluta dos valores de receita e despesa de todo o governo. De qualquer forma, a diferença negativa entre receita e despesa sempre será financiada por endividamento. As autoridades, mesmo não tendo certeza das receitas e despesas de estados e municípios bem como das empresas estatais, acompanham a evolução dos passivos junto sistema financeiro público e privado. Assim, pela variação do endividamento (ou conceito abaixo da linha), pode-se ter certeza de quanto foi necessário para cobrir o déficit do governo. No Brasil, as NFSP são medidas pelo conceito abaixo da linha, ou seja, a partir das alterações no valor do endividamento público é que se sabe se a diferença entre receitas e despesas aumentou ou diminuiu. No Brasil, as necessidades de financiamentos são apuradas pelo conceito de caixa, exceto pelas despesas de juros, apuradas pelo com conceito de competência contábil. Entretanto há dificuldades de se obter valores precisos nas contas públicas. O Brasil utiliza o conceito de DLSP nas estatísticas oficiais, computando a variação da dívida fiscal e da base monetária para chegar ao déficit público. Muitas dívidas de caráter não-fiscal foram reconhecidas recentemente e contribuíram para o aumento do déficit brasileiro, como esqueletos que ainda não haviam sido registrados. As dívidas de estados e municípios também contribuiram para a elevação do déficit público no passar dos anos. Entretanto, o maior problema da dívida pública brasileira sempre foi o prazo de maturação, sendo que a maior parte dos títulos era emitido com prazo de 1 a 2 anos. A dívida pública pode ser definida como a dívida no período anterior mais os juros nominais menos o superávit primário do exercício e a receita de senhoriagem. Senhoriagem é o poder de compra resultante do fluxo de emissão de base monetária. Na evolução da relação dívida/pública PIB deve-se ter em conta o tamanho do resultado operacional e não do resultado nominal do Governo, que se perde em ambientes de alta inflação.

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LEI COMPLEMENTAR Nº 101, DE 4 DE MAIO DE

2000. (Estabelece normas de finanças públicas

voltadas para a responsabilidade na gestão

fiscal e dá outras providências).

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1o Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição.

§ 1o A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar.

§ 2o As disposições desta Lei Complementar obrigam a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

§ 3o Nas referências:

I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, estão compreendidos:

a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os Tribunais de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público;

b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias, fundações e empresas estatais dependentes;

II - a Estados entende-se considerado o Distrito Federal;

III - a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da União, Tribunal de Contas do Estado e, quando houver, Tribunal de Contas dos Municípios e Tribunal de Contas do Município.

Art. 2o Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como:

I - ente da Federação: a União, cada Estado, o Distrito Federal e cada Município;

II - empresa controlada: sociedade cuja maioria do capital social com direito a voto pertença, direta ou

indiretamente, a ente da Federação;

III - empresa estatal dependente: empresa controlada que receba do ente controlador recursos financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária;

IV - receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também correntes, deduzidos:

a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios por determinação constitucional ou legal, e as contribuições mencionadas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195, e no art. 239 da Constituição;

b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação constitucional;

c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes da compensação financeira citada no § 9o do art. 201 da Constituição.

§ 1o Serão computados no cálculo da receita corrente líquida os valores pagos e recebidos em decorrência da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996, e do fundo previsto pelo art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

§ 2o Não serão considerados na receita corrente líquida do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e de Roraima os recursos recebidos da União para atendimento das despesas de que trata o inciso V do § 1o do art. 19.

§ 3o A receita corrente líquida será apurada somando-se as receitas arrecadadas no mês em referência e nos onze anteriores, excluídas as duplicidades.

CAPÍTULO II

DO PLANEJAMENTO

Seção I

Do Plano Plurianual

Art. 3o (VETADO)

Seção II

Da Lei de Diretrizes Orçamentárias

Art. 4o A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no § 2o do art. 165 da Constituição e:

I - disporá também sobre:

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a) equilíbrio entre receitas e despesas;

b) critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada nas hipóteses previstas na alínea b do inciso II deste artigo, no art. 9o e no inciso II do § 1o do art. 31;

c) (VETADO)

d) (VETADO)

e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos;

f) demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas;

II - (VETADO)

III - (VETADO)

§ 1o Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias Anexo de Metas Fiscais, em que serão estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes.

§ 2o O Anexo conterá, ainda:

I - avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior;

II - demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de cálculo que justifiquem os resultados pretendidos, comparando-as com as fixadas nos três exercícios anteriores, e evidenciando a consistência delas com as premissas e os objetivos da política econômica nacional;

III - evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios, destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos com a alienação de ativos;

IV - avaliação da situação financeira e atuarial:

a) dos regimes geral de previdência social e próprio dos servidores públicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador;

b) dos demais fundos públicos e programas estatais de natureza atuarial;

V - demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado.

§ 3o A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos Fiscais, onde serão avaliados os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem.

§ 4o A mensagem que encaminhar o projeto da União apresentará, em anexo específico, os objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial, bem como os parâmetros e as projeções para seus principais agregados e variáveis, e ainda as metas de inflação, para o exercício subseqüente.

Seção III

Da Lei Orçamentária Anual

Art. 5o O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compatível com o plano plurianual, com a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas desta Lei Complementar:

I - conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos com os objetivos e metas constantes do documento de que trata o § 1o do art. 4o;

II - será acompanhado do documento a que se refere o § 6o do art. 165 da Constituição, bem como das medidas de compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado;

III - conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, destinada ao:

a) (VETADO)

b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos.

§ 1o Todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratual, e as receitas que as atenderão, constarão da lei orçamentária anual.

§ 2o O refinanciamento da dívida pública constará separadamente na lei orçamentária e nas de crédito adicional.

§ 3o A atualização monetária do principal da dívida mobiliária refinanciada não poderá superar a variação do índice de preços previsto na lei de diretrizes orçamentárias, ou em legislação específica.

§ 4o É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finalidade imprecisa ou com dotação ilimitada.

§ 5o A lei orçamentária não consignará dotação para investimento com duração superior a um exercício financeiro que não esteja previsto no plano plurianual ou em lei que autorize a sua inclusão, conforme disposto no § 1o do art. 167 da Constituição.

§ 6o Integrarão as despesas da União, e serão incluídas na lei orçamentária, as do Banco Central do Brasil relativas a pessoal e encargos sociais, custeio administrativo, inclusive os destinados a benefícios e

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assistência aos servidores, e a investimentos.

§ 7o (VETADO)

Art. 6o (VETADO)

Art. 7o O resultado do Banco Central do Brasil, apurado após a constituição ou reversão de reservas, constitui receita do Tesouro Nacional, e será transferido até o décimo dia útil subseqüente à aprovação dos balanços semestrais.

§ 1o O resultado negativo constituirá obrigação do Tesouro para com o Banco Central do Brasil e será consignado em dotação específica no orçamento.

§ 2o O impacto e o custo fiscal das operações realizadas pelo Banco Central do Brasil serão demonstrados trimestralmente, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias da União.

§ 3o Os balanços trimestrais do Banco Central do Brasil conterão notas explicativas sobre os custos da remuneração das disponibilidades do Tesouro Nacional e da manutenção das reservas cambiais e a rentabilidade de sua carteira de títulos, destacando os de emissão da União.

Seção IV

Da Execução Orçamentária e do Cumprimento das Metas

Art. 8o Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias e observado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4o, o Poder Executivo estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso.

Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalidade específica serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso.

Art. 9o Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subseqüentes, limitação de empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.

§ 1o No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a recomposição das dotações cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções efetivadas.

§ 2o Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da

dívida, e as ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias.

§ 3o No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não promoverem a limitação no prazo estabelecido no caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os valores financeiros segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.

§ 4o Até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o Poder Executivo demonstrará e avaliará o cumprimento das metas fiscais de cada quadrimestre, em audiência pública na comissão referida no § 1o do art. 166 da Constituição ou equivalente nas Casas Legislativas estaduais e municipais.

§ 5o No prazo de noventa dias após o encerramento de cada semestre, o Banco Central do Brasil apresentará, em reunião conjunta das comissões temáticas pertinentes do Congresso Nacional, avaliação do cumprimento dos objetivos e metas das políticas monetária, creditícia e cambial, evidenciando o impacto e o custo fiscal de suas operações e os resultados demonstrados nos balanços.

Art. 10. A execução orçamentária e financeira identificará os beneficiários de pagamento de sentenças judiciais, por meio de sistema de contabilidade e administração financeira, para fins de observância da ordem cronológica determinada no art. 100 da Constituição.

CAPÍTULO III

DA RECEITA PÚBLICA

Seção I

Da Previsão e da Arrecadação

Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação.

Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos.

Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas.

§ 1o Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só será admitida se comprovado erro ou omissão de ordem técnica ou legal.

§ 2o O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser superior ao das

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despesas de capital constantes do projeto de lei orçamentária.

§ 3o O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos demais Poderes e do Ministério Público, no mínimo trinta dias antes do prazo final para encaminhamento de suas propostas orçamentárias, os estudos e as estimativas das receitas para o exercício subseqüente, inclusive da corrente líquida, e as respectivas memórias de cálculo.

Art. 13. No prazo previsto no art. 8o, as receitas previstas serão desdobradas, pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arrecadação, com a especificação, em separado, quando cabível, das medidas de combate à evasão e à sonegação, da quantidade e valores de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem como da evolução do montante dos créditos tributários passíveis de cobrança administrativa.

Seção II

Da Renúncia de Receita

Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições:

I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias;

II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.

§ 1o A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.

§ 2o Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que trata o caput deste artigo decorrer da condição contida no inciso II, o benefício só entrará em vigor quando implementadas as medidas referidas no mencionado inciso.

§ 3o O disposto neste artigo não se aplica:

I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos incisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, na forma do seu § 1o;

II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos respectivos custos de cobrança.

CAPÍTULO IV

DA DESPESA PÚBLICA

Seção I

Da Geração da Despesa

Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de obrigação que não atendam o disposto nos arts. 16 e 17.

Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado de:

I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes;

II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.

§ 1o Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:

I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício;

II - compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições.

§ 2o A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompanhada das premissas e metodologia de cálculo utilizadas.

§ 3o Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada irrelevante, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias.

§ 4o As normas do caput constituem condição prévia para:

I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras;

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II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3o do art. 182 da Constituição.

Subseção I

Da Despesa Obrigatória de Caráter Continuado

Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios.

§ 1o Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o caput deverão ser instruídos com a estimativa prevista no inciso I do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio.

§ 2o Para efeito do atendimento do § 1o, o ato será acompanhado de comprovação de que a despesa criada ou aumentada não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo referido no § 1o do art. 4o, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa.

§ 3o Para efeito do § 2o, considera-se aumento permanente de receita o proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.

§ 4o A comprovação referida no § 2o, apresentada pelo proponente, conterá as premissas e metodologia de cálculo utilizadas, sem prejuízo do exame de compatibilidade da despesa com as demais normas do plano plurianual e da lei de diretrizes orçamentárias.

§ 5o A despesa de que trata este artigo não será executada antes da implementação das medidas referidas no § 2o, as quais integrarão o instrumento que a criar ou aumentar.

§ 6o O disposto no § 1o não se aplica às despesas destinadas ao serviço da dívida nem ao reajustamento de remuneração de pessoal de que trata o inciso X do art. 37 da Constituição.

§ 7o Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada por prazo determinado.

Seção II

Das Despesas com Pessoal

Subseção I

Definições e Limites

Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como despesa total com pessoal: o somatório

dos gastos do ente da Federação com os ativos, os

inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência.

§ 1o Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra que se referem à substituição de servidores e empregados públicos serão contabilizados como "Outras Despesas de Pessoal".

§ 2o A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no mês em referência com as dos onze imediatamente anteriores, adotando-se o regime de competência.

Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados:

I - União: 50% (cinqüenta por cento);

II - Estados: 60% (sessenta por cento);

III - Municípios: 60% (sessenta por cento).

§ 1o Na verificação do atendimento dos limites definidos neste artigo, não serão computadas as despesas:

I - de indenização por demissão de servidores ou empregados;

II - relativas a incentivos à demissão voluntária;

III - derivadas da aplicação do disposto no inciso II do § 6o do art. 57 da Constituição;

IV - decorrentes de decisão judicial e da competência de período anterior ao da apuração a que se refere o § 2o do art. 18;

V - com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e Roraima, custeadas com recursos transferidos pela União na forma dos incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e do art. 31 da Emenda Constitucional no 19;

VI - com inativos, ainda que por intermédio de fundo específico, custeadas por recursos provenientes:

a) da arrecadação de contribuições dos segurados;

b) da compensação financeira de que trata o § 9o do art. 201 da Constituição;

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c) das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado a tal finalidade, inclusive o produto da alienação de bens, direitos e ativos, bem como seu superávit financeiro.

§ 2o Observado o disposto no inciso IV do § 1o, as despesas com pessoal decorrentes de sentenças judiciais serão incluídas no limite do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20.

Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá exceder os seguintes percentuais:

I - na esfera federal:

a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas da União;

b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;

c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento) para o Executivo, destacando-se 3% (três por cento) para as despesas com pessoal decorrentes do que dispõem os incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e o art. 31 da Emenda Constitucional no 19, repartidos de forma proporcional à média das despesas relativas a cada um destes dispositivos, em percentual da receita corrente líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente anteriores ao da publicação desta Lei Complementar;

d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério Público da União;

II - na esfera estadual:

a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Estado;

b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;

c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo;

d) 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos Estados;

III - na esfera municipal:

a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Município, quando houver;

b) 54% (cinqüenta e quatro por cento) para o Executivo.

§ 1o Nos Poderes Legislativo e Judiciário de cada esfera, os limites serão repartidos entre seus órgãos de forma proporcional à média das despesas com pessoal, em percentual da receita corrente líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente anteriores ao da publicação desta Lei Complementar.

§ 2o Para efeito deste artigo entende-se como órgão:

I - o Ministério Público;

II- no Poder Legislativo:

a) Federal, as respectivas Casas e o Tribunal de Contas da União;

b) Estadual, a Assembléia Legislativa e os Tribunais de Contas;

c) do Distrito Federal, a Câmara Legislativa e o Tribunal de Contas do Distrito Federal;

d) Municipal, a Câmara de Vereadores e o Tribunal de Contas do Município, quando houver;

III - no Poder Judiciário:

a) Federal, os tribunais referidos no art. 92 da Constituição;

b) Estadual, o Tribunal de Justiça e outros, quando houver.

§ 3o Os limites para as despesas com pessoal do Poder Judiciário, a cargo da União por força do inciso XIII do art. 21 da Constituição, serão estabelecidos mediante aplicação da regra do § 1o.

§ 4o Nos Estados em que houver Tribunal de Contas dos Municípios, os percentuais definidos nas alíneas a e c do inciso II do caput serão, respectivamente, acrescidos e reduzidos em 0,4% (quatro décimos por cento).

§ 5o Para os fins previstos no art. 168 da Constituição, a entrega dos recursos financeiros correspondentes à despesa total com pessoal por Poder e órgão será a resultante da aplicação dos percentuais definidos neste artigo, ou aqueles fixados na lei de diretrizes orçamentárias.

§ 6o (VETADO)

Subseção II

Do Controle da Despesa Total com Pessoal

Art. 21. É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e não atenda:

I - as exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar, e o disposto no inciso XIII do art. 37 e no § 1o do art. 169 da Constituição;

II - o limite legal de comprometimento aplicado às despesas com pessoal inativo.

Parágrafo único. Também é nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido

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nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20.

Art. 22. A verificação do cumprimento dos limites estabelecidos nos arts. 19 e 20 será realizada ao final de cada quadrimestre.

Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou órgão referido no art. 20 que houver incorrido no excesso:

I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso X do art. 37 da Constituição;

II - criação de cargo, emprego ou função;

III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa;

IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança;

V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso II do § 6o do art. 57 da Constituição e as situações previstas na lei de diretrizes orçamentárias.

Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido no art. 20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das medidas previstas no art. 22, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro, adotando-se, entre outras, as providências previstas nos §§ 3o e 4o do art. 169 da Constituição.

§ 1o No caso do inciso I do § 3o do art. 169 da Constituição, o objetivo poderá ser alcançado tanto pela extinção de cargos e funções quanto pela redução dos valores a eles atribuídos.

§ 2o É facultada a redução temporária da jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à nova carga horária.

§ 3o Não alcançada a redução no prazo estabelecido, e enquanto perdurar o excesso, o ente não poderá:

I - receber transferências voluntárias;

II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente;

III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas com pessoal.

§ 4o As restrições do § 3o aplicam-se imediatamente se a despesa total com pessoal exceder o limite no primeiro quadrimestre do último ano do mandato dos

titulares de Poder ou órgão referidos no art. 20.

Seção III

Das Despesas com a Seguridade Social

Art. 24. Nenhum benefício ou serviço relativo à seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a indicação da fonte de custeio total, nos termos do § 5o do art. 195 da Constituição, atendidas ainda as exigências do art. 17.

§ 1o É dispensada da compensação referida no art. 17 o aumento de despesa decorrente de:

I - concessão de benefício a quem satisfaça as condições de habilitação prevista na legislação pertinente;

II - expansão quantitativa do atendimento e dos serviços prestados;

III - reajustamento de valor do benefício ou serviço, a fim de preservar o seu valor real.

§ 2o O disposto neste artigo aplica-se a benefício ou serviço de saúde, previdência e assistência social, inclusive os destinados aos servidores públicos e militares, ativos e inativos, e aos pensionistas.

CAPÍTULO V

DAS TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS

Art. 25. Para efeito desta Lei Complementar, entende-se por transferência voluntária a entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não decorra de determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde.

§ 1o São exigências para a realização de transferência voluntária, além das estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias:

I - existência de dotação específica;

II - (VETADO)

III - observância do disposto no inciso X do art. 167 da Constituição;

IV - comprovação, por parte do beneficiário, de:

a) que se acha em dia quanto ao pagamento de tributos, empréstimos e financiamentos devidos ao ente transferidor, bem como quanto à prestação de contas de recursos anteriormente dele recebidos;

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b) cumprimento dos limites constitucionais relativos à educação e à saúde;

c) observância dos limites das dívidas consolidada e mobiliária, de operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, de inscrição em Restos a Pagar e de despesa total com pessoal;

d) previsão orçamentária de contrapartida.

§ 2o É vedada a utilização de recursos transferidos em finalidade diversa da pactuada.

§ 3o Para fins da aplicação das sanções de suspensão de transferências voluntárias constantes desta Lei Complementar, excetuam-se aquelas relativas a ações de educação, saúde e assistência social.

CAPÍTULO VI

DA DESTINAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS PARA O SETOR PRIVADO

Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas deverá ser autorizada por lei específica, atender às condições estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias e estar prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais.

§ 1o O disposto no caput aplica-se a toda a administração indireta, inclusive fundações públicas e empresas estatais, exceto, no exercício de suas atribuições precípuas, as instituições financeiras e o Banco Central do Brasil.

§ 2o Compreende-se incluída a concessão de empréstimos, financiamentos e refinanciamentos, inclusive as respectivas prorrogações e a composição de dívidas, a concessão de subvenções e a participação em constituição ou aumento de capital.

Art. 27. Na concessão de crédito por ente da Federação a pessoa física, ou jurídica que não esteja sob seu controle direto ou indireto, os encargos financeiros, comissões e despesas congêneres não serão inferiores aos definidos em lei ou ao custo de captação.

Parágrafo único. Dependem de autorização em lei específica as prorrogações e composições de dívidas decorrentes de operações de crédito, bem como a concessão de empréstimos ou financiamentos em desacordo com o caput, sendo o subsídio correspondente consignado na lei orçamentária.

Art. 28. Salvo mediante lei específica, não poderão ser utilizados recursos públicos, inclusive de operações de crédito, para socorrer instituições do Sistema Financeiro Nacional, ainda que mediante a concessão de empréstimos de recuperação ou financiamentos para mudança de controle acionário.

§ 1o A prevenção de insolvência e outros riscos ficará a cargo de fundos, e outros mecanismos,

constituídos pelas instituições do Sistema Financeiro Nacional, na forma da lei.

§ 2o O disposto no caput não proíbe o Banco Central do Brasil de conceder às instituições financeiras operações de redesconto e de empréstimos de prazo inferior a trezentos e sessenta dias.

CAPÍTULO VII

DA DÍVIDA E DO ENDIVIDAMENTO

Seção I

Definições Básicas

Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas as seguintes definições:

I - dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses;

II - dívida pública mobiliária: dívida pública representada por títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil, Estados e Municípios;

III - operação de crédito: compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros;

IV - concessão de garantia: compromisso de adimplência de obrigação financeira ou contratual assumida por ente da Federação ou entidade a ele vinculada;

V - refinanciamento da dívida mobiliária: emissão de títulos para pagamento do principal acrescido da atualização monetária.

§ 1o Equipara-se a operação de crédito a assunção, o reconhecimento ou a confissão de dívidas pelo ente da Federação, sem prejuízo do cumprimento das exigências dos arts. 15 e 16.

§ 2o Será incluída na dívida pública consolidada da União a relativa à emissão de títulos de responsabilidade do Banco Central do Brasil.

§ 3o Também integram a dívida pública consolidada as operações de crédito de prazo inferior a doze meses cujas receitas tenham constado do orçamento.

§ 4o O refinanciamento do principal da dívida mobiliária não excederá, ao término de cada exercício financeiro, o montante do final do exercício anterior,

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somado ao das operações de crédito autorizadas no orçamento para este efeito e efetivamente realizadas, acrescido de atualização monetária.

Seção II

Dos Limites da Dívida Pública e das Operações de Crédito

Art. 30. No prazo de noventa dias após a publicação desta Lei Complementar, o Presidente da República submeterá ao:

I - Senado Federal: proposta de limites globais para o montante da dívida consolidada da União, Estados e Municípios, cumprindo o que estabelece o inciso VI do art. 52 da Constituição, bem como de limites e condições relativos aos incisos VII, VIII e IX do mesmo artigo;

II - Congresso Nacional: projeto de lei que estabeleça limites para o montante da dívida mobiliária federal a que se refere o inciso XIV do art. 48 da Constituição, acompanhado da demonstração de sua adequação aos limites fixados para a dívida consolidada da União, atendido o disposto no inciso I do § 1o deste artigo.

§ 1o As propostas referidas nos incisos I e II do caput e suas alterações conterão:

I - demonstração de que os limites e condições guardam coerência com as normas estabelecidas nesta Lei Complementar e com os objetivos da política fiscal;

II - estimativas do impacto da aplicação dos limites a cada uma das três esferas de governo;

III - razões de eventual proposição de limites diferenciados por esfera de governo;

IV - metodologia de apuração dos resultados primário e nominal.

§ 2o As propostas mencionadas nos incisos I e II do caput também poderão ser apresentadas em termos de dívida líquida, evidenciando a forma e a metodologia de sua apuração.

§ 3o Os limites de que tratam os incisos I e II do caput serão fixados em percentual da receita corrente líquida para cada esfera de governo e aplicados igualmente a todos os entes da Federação que a integrem, constituindo, para cada um deles, limites máximos.

§ 4o Para fins de verificação do atendimento do limite, a apuração do montante da dívida consolidada será efetuada ao final de cada quadrimestre.

§ 5o No prazo previsto no art. 5o, o Presidente da República enviará ao Senado Federal ou ao Congresso Nacional, conforme o caso, proposta de manutenção ou alteração dos limites e condições previstos nos incisos I e

II do caput.

§ 6o Sempre que alterados os fundamentos das propostas de que trata este artigo, em razão de instabilidade econômica ou alterações nas políticas monetária ou cambial, o Presidente da República poderá encaminhar ao Senado Federal ou ao Congresso Nacional solicitação de revisão dos limites.

§ 7o Os precatórios judiciais não pagos durante a execução do orçamento em que houverem sido incluídos integram a dívida consolidada, para fins de aplicação dos limites.

Seção III

Da Recondução da Dívida aos Limites

Art. 31. Se a dívida consolidada de um ente da Federação ultrapassar o respectivo limite ao final de um quadrimestre, deverá ser a ele reconduzida até o término dos três subseqüentes, reduzindo o excedente em pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) no primeiro.

§ 1o Enquanto perdurar o excesso, o ente que nele houver incorrido:

I - estará proibido de realizar operação de crédito interna ou externa, inclusive por antecipação de receita, ressalvado o refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária;

II - obterá resultado primário necessário à recondução da dívida ao limite, promovendo, entre outras medidas, limitação de empenho, na forma do art. 9o.

§ 2o Vencido o prazo para retorno da dívida ao limite, e enquanto perdurar o excesso, o ente ficará também impedido de receber transferências voluntárias da União ou do Estado.

§ 3o As restrições do § 1o aplicam-se imediatamente se o montante da dívida exceder o limite no primeiro quadrimestre do último ano do mandato do Chefe do Poder Executivo.

§ 4o O Ministério da Fazenda divulgará, mensalmente, a relação dos entes que tenham ultrapassado os limites das dívidas consolidada e mobiliária.

§ 5o As normas deste artigo serão observadas nos casos de descumprimento dos limites da dívida mobiliária e das operações de crédito internas e externas.

Seção IV

Das Operações de Crédito

Subseção I

Da Contratação

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Art. 32. O Ministério da Fazenda verificará o cumprimento dos limites e condições relativos à realização de operações de crédito de cada ente da Federação, inclusive das empresas por eles controladas, direta ou indiretamente.

§ 1o O ente interessado formalizará seu pleito fundamentando-o em parecer de seus órgãos técnicos e jurídicos, demonstrando a relação custo-benefício, o interesse econômico e social da operação e o atendimento das seguintes condições:

I - existência de prévia e expressa autorização para a contratação, no texto da lei orçamentária, em créditos adicionais ou lei específica;

II - inclusão no orçamento ou em créditos adicionais dos recursos provenientes da operação, exceto no caso de operações por antecipação de receita;

III - observância dos limites e condições fixados pelo Senado Federal;

IV - autorização específica do Senado Federal, quando se tratar de operação de crédito externo;

V - atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Constituição;

VI - observância das demais restrições estabelecidas nesta Lei Complementar.

§ 2o As operações relativas à dívida mobiliária federal autorizadas, no texto da lei orçamentária ou de créditos adicionais, serão objeto de processo simplificado que atenda às suas especificidades.

§ 3o Para fins do disposto no inciso V do § 1o, considerar-se-á, em cada exercício financeiro, o total dos recursos de operações de crédito nele ingressados e o das despesas de capital executadas, observado o seguinte:

I - não serão computadas nas despesas de capital as realizadas sob a forma de empréstimo ou financiamento a contribuinte, com o intuito de promover incentivo fiscal, tendo por base tributo de competência do ente da Federação, se resultar a diminuição, direta ou indireta, do ônus deste;

II - se o empréstimo ou financiamento a que se refere o inciso I for concedido por instituição financeira controlada pelo ente da Federação, o valor da operação será deduzido das despesas de capital;

III - (VETADO)

§ 4o Sem prejuízo das atribuições próprias do Senado Federal e do Banco Central do Brasil, o Ministério da Fazenda efetuará o registro eletrônico centralizado e atualizado das dívidas públicas interna e externa, garantido o acesso público às informações, que incluirão:

I - encargos e condições de contratação;

II - saldos atualizados e limites relativos às dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito e concessão de garantias.

§ 5o Os contratos de operação de crédito externo não conterão cláusula que importe na compensação automática de débitos e créditos.

Art. 33. A instituição financeira que contratar operação de crédito com ente da Federação, exceto quando relativa à dívida mobiliária ou à externa, deverá exigir comprovação de que a operação atende às condições e limites estabelecidos.

§ 1o A operação realizada com infração do disposto nesta Lei Complementar será considerada nula, procedendo-se ao seu cancelamento, mediante a devolução do principal, vedados o pagamento de juros e demais encargos financeiros.

§ 2o Se a devolução não for efetuada no exercício de ingresso dos recursos, será consignada reserva específica na lei orçamentária para o exercício seguinte.

§ 3o Enquanto não efetuado o cancelamento, a amortização, ou constituída a reserva, aplicam-se as sanções previstas nos incisos do § 3o do art. 23.

§ 4o Também se constituirá reserva, no montante equivalente ao excesso, se não atendido o disposto no inciso III do art. 167 da Constituição, consideradas as disposições do § 3o do art. 32.

Subseção II

Das Vedações

Art. 34. O Banco Central do Brasil não emitirá títulos da dívida pública a partir de dois anos após a publicação desta Lei Complementar.

Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito entre um ente da Federação, diretamente ou por intermédio de fundo, autarquia, fundação ou empresa estatal dependente, e outro, inclusive suas entidades da administração indireta, ainda que sob a forma de novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída anteriormente.

§ 1o Excetuam-se da vedação a que se refere o caput as operações entre instituição financeira estatal e outro ente da Federação, inclusive suas entidades da administração indireta, que não se destinem a:

I - financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes;

II - refinanciar dívidas não contraídas junto à própria instituição concedente.

§ 2o O disposto no caput não impede Estados e Municípios de comprar títulos da dívida da União como

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aplicação de suas disponibilidades.

Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma instituição financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na qualidade de beneficiário do empréstimo.

Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe instituição financeira controlada de adquirir, no mercado, títulos da dívida pública para atender investimento de seus clientes, ou títulos da dívida de emissão da União para aplicação de recursos próprios.

Art. 37. Equiparam-se a operações de crédito e estão vedados:

I - captação de recursos a título de antecipação de receita de tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenha ocorrido, sem prejuízo do disposto no § 7o do art. 150 da Constituição;

II - recebimento antecipado de valores de empresa em que o Poder Público detenha, direta ou indiretamente, a maioria do capital social com direito a voto, salvo lucros e dividendos, na forma da legislação;

III - assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou operação assemelhada, com fornecedor de bens, mercadorias ou serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de crédito, não se aplicando esta vedação a empresas estatais dependentes;

IV - assunção de obrigação, sem autorização orçamentária, com fornecedores para pagamento a posteriori de bens e serviços.

Subseção III

Das Operações de Crédito por Antecipação de Receita Orçamentária

Art. 38. A operação de crédito por antecipação de receita destina-se a atender insuficiência de caixa durante o exercício financeiro e cumprirá as exigências mencionadas no art. 32 e mais as seguintes:

I - realizar-se-á somente a partir do décimo dia do início do exercício;

II - deverá ser liquidada, com juros e outros encargos incidentes, até o dia dez de dezembro de cada ano;

III - não será autorizada se forem cobrados outros encargos que não a taxa de juros da operação, obrigatoriamente prefixada ou indexada à taxa básica financeira, ou à que vier a esta substituir;

IV - estará proibida:

a) enquanto existir operação anterior da mesma natureza não integralmente resgatada;

b) no último ano de mandato do Presidente, Governador ou Prefeito Municipal.

§ 1o As operações de que trata este artigo não serão computadas para efeito do que dispõe o inciso III do art. 167 da Constituição, desde que liquidadas no prazo definido no inciso II do caput.

§ 2o As operações de crédito por antecipação de receita realizadas por Estados ou Municípios serão efetuadas mediante abertura de crédito junto à instituição financeira vencedora em processo competitivo eletrônico promovido pelo Banco Central do Brasil.

§ 3o O Banco Central do Brasil manterá sistema de acompanhamento e controle do saldo do crédito aberto e, no caso de inobservância dos limites, aplicará as sanções cabíveis à instituição credora.

Subseção IV

Das Operações com o Banco Central do Brasil

Art. 39. Nas suas relações com ente da Federação, o Banco Central do Brasil está sujeito às vedações constantes do art. 35 e mais às seguintes:

I - compra de título da dívida, na data de sua colocação no mercado, ressalvado o disposto no § 2o deste artigo;

II - permuta, ainda que temporária, por intermédio de instituição financeira ou não, de título da dívida de ente da Federação por título da dívida pública federal, bem como a operação de compra e venda, a termo, daquele título, cujo efeito final seja semelhante à permuta;

III - concessão de garantia.

§ 1o O disposto no inciso II, in fine, não se aplica ao estoque de Letras do Banco Central do Brasil, Série Especial, existente na carteira das instituições financeiras, que pode ser refinanciado mediante novas operações de venda a termo.

§ 2o O Banco Central do Brasil só poderá comprar diretamente títulos emitidos pela União para refinanciar a dívida mobiliária federal que estiver vencendo na sua carteira.

§ 3o A operação mencionada no § 2o deverá ser realizada à taxa média e condições alcançadas no dia, em leilão público.

§ 4o É vedado ao Tesouro Nacional adquirir títulos da dívida pública federal existentes na carteira do Banco Central do Brasil, ainda que com cláusula de reversão, salvo para reduzir a dívida mobiliária.

Seção V

Da Garantia e da Contragarantia

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Art. 40. Os entes poderão conceder garantia em operações de crédito internas ou externas, observados o disposto neste artigo, as normas do art. 32 e, no caso da União, também os limites e as condições estabelecidos pelo Senado Federal.

§ 1o A garantia estará condicionada ao oferecimento de contragarantia, em valor igual ou superior ao da garantia a ser concedida, e à adimplência da entidade que a pleitear relativamente a suas obrigações junto ao garantidor e às entidades por este controladas, observado o seguinte:

I - não será exigida contragarantia de órgãos e entidades do próprio ente;

II - a contragarantia exigida pela União a Estado ou Município, ou pelos Estados aos Municípios, poderá consistir na vinculação de receitas tributárias diretamente arrecadadas e provenientes de transferências constitucionais, com outorga de poderes ao garantidor para retê-las e empregar o respectivo valor na liquidação da dívida vencida.

§ 2o No caso de operação de crédito junto a organismo financeiro internacional, ou a instituição federal de crédito e fomento para o repasse de recursos externos, a União só prestará garantia a ente que atenda, além do disposto no § 1o, as exigências legais para o recebimento de transferências voluntárias.

§ 3o (VETADO)

§ 4o (VETADO)

§ 5o É nula a garantia concedida acima dos limites fixados pelo Senado Federal.

§ 6o É vedado às entidades da administração indireta, inclusive suas empresas controladas e subsidiárias, conceder garantia, ainda que com recursos de fundos.

§ 7o O disposto no § 6o não se aplica à concessão de garantia por:

I - empresa controlada a subsidiária ou controlada sua, nem à prestação de contragarantia nas mesmas condições;

II - instituição financeira a empresa nacional, nos termos da lei.

§ 8o Excetua-se do disposto neste artigo a garantia prestada:

I - por instituições financeiras estatais, que se submeterão às normas aplicáveis às instituições financeiras privadas, de acordo com a legislação pertinente;

II - pela União, na forma de lei federal, a empresas de natureza financeira por ela controladas, direta e

indiretamente, quanto às operações de seguro de crédito à exportação.

§ 9o Quando honrarem dívida de outro ente, em razão de garantia prestada, a União e os Estados poderão condicionar as transferências constitucionais ao ressarcimento daquele pagamento.

§ 10. O ente da Federação cuja dívida tiver sido honrada pela União ou por Estado, em decorrência de garantia prestada em operação de crédito, terá suspenso o acesso a novos créditos ou financiamentos até a total liquidação da mencionada dívida.

Seção VI

Dos Restos a Pagar

Art. 41. (VETADO)

Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito.

Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa serão considerados os encargos e despesas compromissadas a pagar até o final do exercício.

CAPÍTULO VIII

DA GESTÃO PATRIMONIAL

Seção I

Das Disponibilidades de Caixa

Art. 43. As disponibilidades de caixa dos entes da Federação serão depositadas conforme estabelece o § 3o do art. 164 da Constituição.

§ 1o As disponibilidades de caixa dos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos, ainda que vinculadas a fundos específicos a que se referem os arts. 249 e 250 da Constituição, ficarão depositadas em conta separada das demais disponibilidades de cada ente e aplicadas nas condições de mercado, com observância dos limites e condições de proteção e prudência financeira.

§ 2o É vedada a aplicação das disponibilidades de que trata o § 1o em:

I - títulos da dívida pública estadual e municipal, bem como em ações e outros papéis relativos às empresas controladas pelo respectivo ente da Federação;

II - empréstimos, de qualquer natureza, aos segurados e ao Poder Público, inclusive a suas empresas

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controladas.

Seção II

Da Preservação do Patrimônio Público

Art. 44. É vedada a aplicação da receita de capital derivada da alienação de bens e direitos que integram o patrimônio público para o financiamento de despesa corrente, salvo se destinada por lei aos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos.

Art. 45. Observado o disposto no § 5o do art. 5o, a lei orçamentária e as de créditos adicionais só incluirão novos projetos após adequadamente atendidos os em andamento e contempladas as despesas de conservação do patrimônio público, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias.

Parágrafo único. O Poder Executivo de cada ente encaminhará ao Legislativo, até a data do envio do projeto de lei de diretrizes orçamentárias, relatório com as informações necessárias ao cumprimento do disposto neste artigo, ao qual será dada ampla divulgação.

Art. 46. É nulo de pleno direito ato de desapropriação de imóvel urbano expedido sem o atendimento do disposto no § 3o do art. 182 da Constituição, ou prévio depósito judicial do valor da indenização.

Seção III

Das Empresas Controladas pelo Setor Público

Art. 47. A empresa controlada que firmar contrato de gestão em que se estabeleçam objetivos e metas de desempenho, na forma da lei, disporá de autonomia gerencial, orçamentária e financeira, sem prejuízo do disposto no inciso II do § 5o do art. 165 da Constituição.

Parágrafo único. A empresa controlada incluirá em seus balanços trimestrais nota explicativa em que informará:

I - fornecimento de bens e serviços ao controlador, com respectivos preços e condições, comparando-os com os praticados no mercado;

II - recursos recebidos do controlador, a qualquer título, especificando valor, fonte e destinação;

III - venda de bens, prestação de serviços ou concessão de empréstimos e financiamentos com preços, taxas, prazos ou condições diferentes dos vigentes no mercado.

CAPÍTULO IX

DA TRANSPARÊNCIA, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO

Seção I

Da Transparência da Gestão Fiscal

Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos.

Parágrafo único. A transparência será assegurada também mediante incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e de discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos.

Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.

Parágrafo único. A prestação de contas da União conterá demonstrativos do Tesouro Nacional e das agências financeiras oficiais de fomento, incluído o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, especificando os empréstimos e financiamentos concedidos com recursos oriundos dos orçamentos fiscal e da seguridade social e, no caso das agências financeiras, avaliação circunstanciada do impacto fiscal de suas atividades no exercício.

Seção II

Da Escrituração e Consolidação das Contas

Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade pública, a escrituração das contas públicas observará as seguintes:

I - a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de modo que os recursos vinculados a órgão, fundo ou despesa obrigatória fiquem identificados e escriturados de forma individualizada;

II - a despesa e a assunção de compromisso serão registradas segundo o regime de competência, apurando-se, em caráter complementar, o resultado dos fluxos financeiros pelo regime de caixa;

III - as demonstrações contábeis compreenderão, isolada e conjuntamente, as transações e operações de cada órgão, fundo ou entidade da administração direta, autárquica e fundacional, inclusive empresa estatal dependente;

IV - as receitas e despesas previdenciárias serão apresentadas em demonstrativos financeiros e orçamentários específicos;

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V - as operações de crédito, as inscrições em Restos a Pagar e as demais formas de financiamento ou assunção de compromissos junto a terceiros, deverão ser escrituradas de modo a evidenciar o montante e a variação da dívida pública no período, detalhando, pelo menos, a natureza e o tipo de credor;

VI - a demonstração das variações patrimoniais dará destaque à origem e ao destino dos recursos provenientes da alienação de ativos.

§ 1o No caso das demonstrações conjuntas, excluir-se-ão as operações intragovernamentais.

§ 2o A edição de normas gerais para consolidação das contas públicas caberá ao órgão central de contabilidade da União, enquanto não implantado o conselho de que trata o art. 67.

§ 3o A Administração Pública manterá sistema de custos que permita a avaliação e o acompanhamento da gestão orçamentária, financeira e patrimonial.

Art. 51. O Poder Executivo da União promoverá, até o dia trinta de junho, a consolidação, nacional e por esfera de governo, das contas dos entes da Federação relativas ao exercício anterior, e a sua divulgação, inclusive por meio eletrônico de acesso público.

§ 1o Os Estados e os Municípios encaminharão suas contas ao Poder Executivo da União nos seguintes prazos:

I - Municípios, com cópia para o Poder Executivo do respectivo Estado, até trinta de abril;

II - Estados, até trinta e um de maio.

§ 2o O descumprimento dos prazos previstos neste artigo impedirá, até que a situação seja regularizada, que o ente da Federação receba transferências voluntárias e contrate operações de crédito, exceto as destinadas ao refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária.

Seção III

Do Relatório Resumido da Execução Orçamentária

Art. 52. O relatório a que se refere o § 3o do art. 165 da Constituição abrangerá todos os Poderes e o Ministério Público, será publicado até trinta dias após o encerramento de cada bimestre e composto de:

I - balanço orçamentário, que especificará, por categoria econômica, as:

a) receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar, bem como a previsão atualizada;

b) despesas por grupo de natureza, discriminando a dotação para o exercício, a despesa liquidada e o saldo;

II - demonstrativos da execução das:

a) receitas, por categoria econômica e fonte, especificando a previsão inicial, a previsão atualizada para o exercício, a receita realizada no bimestre, a realizada no exercício e a previsão a realizar;

b) despesas, por categoria econômica e grupo de natureza da despesa, discriminando dotação inicial, dotação para o exercício, despesas empenhada e liquidada, no bimestre e no exercício;

c) despesas, por função e subfunção.

§ 1o Os valores referentes ao refinanciamento da dívida mobiliária constarão destacadamente nas receitas de operações de crédito e nas despesas com amortização da dívida.

§ 2o O descumprimento do prazo previsto neste artigo sujeita o ente às sanções previstas no § 2o do art. 51.

Art. 53. Acompanharão o Relatório Resumido demonstrativos relativos a:

I - apuração da receita corrente líquida, na forma definida no inciso IV do art. 2o, sua evolução, assim como a previsão de seu desempenho até o final do exercício;

II - receitas e despesas previdenciárias a que se refere o inciso IV do art. 50;

III - resultados nominal e primário;

IV - despesas com juros, na forma do inciso II do art. 4o;

V - Restos a Pagar, detalhando, por Poder e órgão referido no art. 20, os valores inscritos, os pagamentos realizados e o montante a pagar.

§ 1o O relatório referente ao último bimestre do exercício será acompanhado também de demonstrativos:

I - do atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Constituição, conforme o § 3o do art. 32;

II - das projeções atuariais dos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos;

III - da variação patrimonial, evidenciando a alienação de ativos e a aplicação dos recursos dela decorrentes.

§ 2o Quando for o caso, serão apresentadas justificativas:

I - da limitação de empenho;

II - da frustração de receitas, especificando as medidas de combate à sonegação e à evasão fiscal, adotadas e a adotar, e as ações de fiscalização e

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cobrança.

Seção IV

Do Relatório de Gestão Fiscal

Art. 54. Ao final de cada quadrimestre será emitido pelos titulares dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 Relatório de Gestão Fiscal, assinado pelo:

I - Chefe do Poder Executivo;

II - Presidente e demais membros da Mesa Diretora ou órgão decisório equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do Poder Legislativo;

III - Presidente de Tribunal e demais membros de Conselho de Administração ou órgão decisório equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do Poder Judiciário;

IV - Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados.

Parágrafo único. O relatório também será assinado pelas autoridades responsáveis pela administração financeira e pelo controle interno, bem como por outras definidas por ato próprio de cada Poder ou órgão referido no art. 20.

Art. 55. O relatório conterá:

I - comparativo com os limites de que trata esta Lei Complementar, dos seguintes montantes:

a) despesa total com pessoal, distinguindo a com inativos e pensionistas;

b) dívidas consolidada e mobiliária;

c) concessão de garantias;

d) operações de crédito, inclusive por antecipação de receita;

e) despesas de que trata o inciso II do art. 4o;

II - indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar, se ultrapassado qualquer dos limites;

III - demonstrativos, no último quadrimestre:

a) do montante das disponibilidades de caixa em trinta e um de dezembro;

b) da inscrição em Restos a Pagar, das despesas:

1) liquidadas;

2) empenhadas e não liquidadas, inscritas por

atenderem a uma das condições do inciso II do art. 41;

3) empenhadas e não liquidadas, inscritas até o limite do saldo da disponibilidade de caixa;

4) não inscritas por falta de disponibilidade de caixa e cujos empenhos foram cancelados;

c) do cumprimento do disposto no inciso II e na alínea b do inciso IV do art. 38.

§ 1o O relatório dos titulares dos órgãos mencionados nos incisos II, III e IV do art. 54 conterá apenas as informações relativas à alínea a do inciso I, e os documentos referidos nos incisos II e III.

§ 2o O relatório será publicado até trinta dias após o encerramento do período a que corresponder, com amplo acesso ao público, inclusive por meio eletrônico.

§ 3o O descumprimento do prazo a que se refere o § 2o sujeita o ente à sanção prevista no § 2o do art. 51.

§ 4o Os relatórios referidos nos arts. 52 e 54 deverão ser elaborados de forma padronizada, segundo modelos que poderão ser atualizados pelo conselho de que trata o art. 67.

Seção V

Das Prestações de Contas

Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além das suas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério Público, referidos no art. 20, as quais receberão parecer prévio, separadamente, do respectivo Tribunal de Contas.

§ 1o As contas do Poder Judiciário serão apresentadas no âmbito:

I - da União, pelos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, consolidando as dos respectivos tribunais;

II - dos Estados, pelos Presidentes dos Tribunais de Justiça, consolidando as dos demais tribunais.

§ 2o O parecer sobre as contas dos Tribunais de Contas será proferido no prazo previsto no art. 57 pela comissão mista permanente referida no § 1o do art. 166 da Constituição ou equivalente das Casas Legislativas estaduais e municipais.

§ 3o Será dada ampla divulgação dos resultados da apreciação das contas, julgadas ou tomadas.

Art. 57. Os Tribunais de Contas emitirão parecer prévio conclusivo sobre as contas no prazo de sessenta dias do recebimento, se outro não estiver estabelecido nas constituições estaduais ou nas leis orgânicas municipais.

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§ 1o No caso de Municípios que não sejam capitais e que tenham menos de duzentos mil habitantes o prazo será de cento e oitenta dias.

§ 2o Os Tribunais de Contas não entrarão em recesso enquanto existirem contas de Poder, ou órgão referido no art. 20, pendentes de parecer prévio.

Art. 58. A prestação de contas evidenciará o desempenho da arrecadação em relação à previsão, destacando as providências adotadas no âmbito da fiscalização das receitas e combate à sonegação, as ações de recuperação de créditos nas instâncias administrativa e judicial, bem como as demais medidas para incremento das receitas tributárias e de contribuições.

Seção VI

Da Fiscalização da Gestão Fiscal

Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas, e o sistema de controle interno de cada Poder e do Ministério Público, fiscalizarão o cumprimento das normas desta Lei Complementar, com ênfase no que se refere a:

I - atingimento das metas estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias;

II - limites e condições para realização de operações de crédito e inscrição em Restos a Pagar;

III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com pessoal ao respectivo limite, nos termos dos arts. 22 e 23;

IV - providências tomadas, conforme o disposto no art. 31, para recondução dos montantes das dívidas consolidada e mobiliária aos respectivos limites;

V - destinação de recursos obtidos com a alienação de ativos, tendo em vista as restrições constitucionais e as desta Lei Complementar;

VI - cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos municipais, quando houver.

§ 1o Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos referidos no art. 20 quando constatarem:

I - a possibilidade de ocorrência das situações previstas no inciso II do art. 4o e no art. 9o;

II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou 90% (noventa por cento) do limite;

III - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das operações de crédito e da concessão de garantia se encontram acima de 90% (noventa por cento) dos respectivos limites;

IV - que os gastos com inativos e pensionistas se encontram acima do limite definido em lei;

V - fatos que comprometam os custos ou os resultados dos programas ou indícios de irregularidades na gestão orçamentária.

§ 2o Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálculos dos limites da despesa total com pessoal de cada Poder e órgão referido no art. 20.

§ 3o O Tribunal de Contas da União acompanhará o cumprimento do disposto nos §§ 2o, 3o e 4o do art. 39.

CAPÍTULO X

DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 60. Lei estadual ou municipal poderá fixar limites inferiores àqueles previstos nesta Lei Complementar para as dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito e concessão de garantias.

Art. 61. Os títulos da dívida pública, desde que devidamente escriturados em sistema centralizado de liquidação e custódia, poderão ser oferecidos em caução para garantia de empréstimos, ou em outras transações previstas em lei, pelo seu valor econômico, conforme definido pelo Ministério da Fazenda.

Art. 62. Os Municípios só contribuirão para o custeio de despesas de competência de outros entes da Federação se houver:

I - autorização na lei de diretrizes orçamentárias e na lei orçamentária anual;

II - convênio, acordo, ajuste ou congênere, conforme sua legislação.

Art. 63. É facultado aos Municípios com população inferior a cinqüenta mil habitantes optar por:

I - aplicar o disposto no art. 22 e no § 4o do art. 30 ao final do semestre;

II - divulgar semestralmente:

a) (VETADO)

b) o Relatório de Gestão Fiscal;

c) os demonstrativos de que trata o art. 53;

III - elaborar o Anexo de Política Fiscal do plano plurianual, o Anexo de Metas Fiscais e o Anexo de Riscos Fiscais da lei de diretrizes orçamentárias e o anexo de que trata o inciso I do art. 5o a partir do quinto exercício seguinte ao da publicação desta Lei Complementar.

§ 1o A divulgação dos relatórios e demonstrativos deverá ser realizada em até trinta dias após o encerramento do semestre.

§ 2o Se ultrapassados os limites relativos à despesa

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total com pessoal ou à dívida consolidada, enquanto perdurar esta situação, o Município ficará sujeito aos mesmos prazos de verificação e de retorno ao limite definidos para os demais entes.

Art. 64. A União prestará assistência técnica e cooperação financeira aos Municípios para a modernização das respectivas administrações tributária, financeira, patrimonial e previdenciária, com vistas ao cumprimento das normas desta Lei Complementar.

§ 1o A assistência técnica consistirá no treinamento e desenvolvimento de recursos humanos e na transferência de tecnologia, bem como no apoio à divulgação dos instrumentos de que trata o art. 48 em meio eletrônico de amplo acesso público.

§ 2o A cooperação financeira compreenderá a doação de bens e valores, o financiamento por intermédio das instituições financeiras federais e o repasse de recursos oriundos de operações externas.

Art. 65. Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional, no caso da União, ou pelas Assembléias Legislativas, na hipótese dos Estados e Municípios, enquanto perdurar a situação:

I - serão suspensas a contagem dos prazos e as disposições estabelecidas nos arts. 23 , 31 e 70;

II - serão dispensados o atingimento dos resultados fiscais e a limitação de empenho prevista no art. 9o.

Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput no caso de estado de defesa ou de sítio, decretado na forma da Constituição.

Art. 66. Os prazos estabelecidos nos arts. 23, 31 e 70 serão duplicados no caso de crescimento real baixo ou negativo do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, regional ou estadual por período igual ou superior a quatro trimestres.

§ 1o Entende-se por baixo crescimento a taxa de variação real acumulada do Produto Interno Bruto inferior a 1% (um por cento), no período correspondente aos quatro últimos trimestres.

§ 2o A taxa de variação será aquela apurada pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ou outro órgão que vier a substituí-la, adotada a mesma metodologia para apuração dos PIB nacional, estadual e regional.

§ 3o Na hipótese do caput, continuarão a ser adotadas as medidas previstas no art. 22.

§ 4o Na hipótese de se verificarem mudanças drásticas na condução das políticas monetária e cambial, reconhecidas pelo Senado Federal, o prazo referido no caput do art. 31 poderá ser ampliado em até quatro quadrimestres.

Art. 67. O acompanhamento e a avaliação, de forma permanente, da política e da operacionalidade da gestão fiscal serão realizados por conselho de gestão fiscal, constituído por representantes de todos os Poderes e esferas de Governo, do Ministério Público e de entidades técnicas representativas da sociedade, visando a:

I - harmonização e coordenação entre os entes da Federação;

II - disseminação de práticas que resultem em maior eficiência na alocação e execução do gasto público, na arrecadação de receitas, no controle do endividamento e na transparência da gestão fiscal;

III - adoção de normas de consolidação das contas públicas, padronização das prestações de contas e dos relatórios e demonstrativos de gestão fiscal de que trata esta Lei Complementar, normas e padrões mais simples para os pequenos Municípios, bem como outros, necessários ao controle social;

IV - divulgação de análises, estudos e diagnósticos.

§ 1o O conselho a que se refere o caput instituirá formas de premiação e reconhecimento público aos titulares de Poder que alcançarem resultados meritórios em suas políticas de desenvolvimento social, conjugados com a prática de uma gestão fiscal pautada pelas normas desta Lei Complementar.

§ 2o Lei disporá sobre a composição e a forma de funcionamento do conselho.

Art. 68. Na forma do art. 250 da Constituição, é criado o Fundo do Regime Geral de Previdência Social, vinculado ao Ministério da Previdência e Assistência Social, com a finalidade de prover recursos para o pagamento dos benefícios do regime geral da previdência social.

§ 1o O Fundo será constituído de:

I - bens móveis e imóveis, valores e rendas do Instituto Nacional do Seguro Social não utilizados na operacionalização deste;

II - bens e direitos que, a qualquer título, lhe sejam adjudicados ou que lhe vierem a ser vinculados por força de lei;

III - receita das contribuições sociais para a seguridade social, previstas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195 da Constituição;

IV - produto da liquidação de bens e ativos de pessoa física ou jurídica em débito com a Previdência Social;

V - resultado da aplicação financeira de seus ativos;

VI - recursos provenientes do orçamento da União.

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§ 2o O Fundo será gerido pelo Instituto Nacional do Seguro Social, na forma da lei.

Art. 69. O ente da Federação que mantiver ou vier a instituir regime próprio de previdência social para seus servidores conferir-lhe-á caráter contributivo e o organizará com base em normas de contabilidade e atuária que preservem seu equilíbrio financeiro e atuarial.

Art. 70. O Poder ou órgão referido no art. 20 cuja despesa total com pessoal no exercício anterior ao da publicação desta Lei Complementar estiver acima dos limites estabelecidos nos arts. 19 e 20 deverá enquadrar-se no respectivo limite em até dois exercícios, eliminando o excesso, gradualmente, à razão de, pelo menos, 50% a.a. (cinqüenta por cento ao ano), mediante a adoção, entre outras, das medidas previstas nos arts. 22 e 23.

Parágrafo único. A inobservância do disposto no caput, no prazo fixado, sujeita o ente às sanções previstas no § 3o do art. 23.

Art. 71. Ressalvada a hipótese do inciso X do art. 37 da Constituição, até o término do terceiro exercício financeiro seguinte à entrada em vigor desta Lei Complementar, a despesa total com pessoal dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 não ultrapassará, em percentual da receita corrente líquida, a despesa verificada no exercício imediatamente anterior, acrescida de até 10% (dez por cento), se esta for inferior ao limite definido na forma do art. 20.

Art. 72. A despesa com serviços de terceiros dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 não poderá exceder, em percentual da receita corrente líquida, a do exercício anterior à entrada em vigor desta Lei Complementar, até o término do terceiro exercício seguinte.

Art. 73. As infrações dos dispositivos desta Lei Complementar serão punidas segundo o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); a Lei no 1.079, de 10 de abril de 1950; o Decreto-Lei no 201, de 27 de fevereiro de 1967; a Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992; e demais normas da legislação pertinente.

Art. 74. Esta Lei Complementar entra em vigor na data da sua publicação.

Art. 75. Revoga-se a Lei Complementar no 96, de 31 de maio de 1999.

Brasília, 4 de maio de 2000; 179o da Independência e 112o da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Pedro Malan

Martus Tavares

Este texto não substitui o publicada no D.O. de 5.5.2000

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8-PROVAS DA ESAF DE FINANÇAS PÚBLICAS

Controladoria-Geral da União – AFC/CGU 2003/2004

FINANÇAS PÚBLICAS

01- A necessidade de atuação econômica do setor público prende-se à constatação de que o sistema de preços não consegue cumprir adequadamente algumas tarefas ou funções. Assim, é correto afirmar que a) a função distributiva do governo está associada ao fornecimento de bens e serviços não oferecidos eficientemente pelo sistema de mercado. b) a função alocativa do governo está relacionada com a intervenção do Estado na economia para alterar o comportamento dos níveis de preços e emprego. c) o governo funciona como agente redistribuidor de renda através da tributação, retirando recursos dos segmentos mais ricos da sociedade e transferindoos para os segmentos menos favorecidos. d) a função estabilizadora do governo está relacionada ao fato de que o sistema de preços não leva a uma justa distribuição de renda. e) a distribuição pessoal de renda pode ser implementada por meio de uma estrutura tarifária regressiva. 02- É de conhecimento geral que, por várias razões históricas, o Estado assumiu em vários países de industrialização tardia ou subdesenvolvidos uma função central na promoção do desenvolvimento econômico, inclusive no Brasil. Identifique a opção falsa. a) No Brasil, o Estado, para viabilizar o processo de industrialização, assumiu a incumbência de desenvolver o setor de bens intermediários e gerar a infra-estrutura. b) As empresas estatais, no período do II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND), conforme determinação governamental, só podiam ter acesso ao crédito interno. c) O Estado brasileiro atuou no desenvolvimento do setor siderúrgico, da exploração de petróleo, do setor petroquímico, entre outros. d) Além do grande esforço na tentativa de redirecionamento da poupança interna para os projetos do II PND, houve uma grande participação de empréstimos externos no financiamento dos programas de investimentos. e) Observou-se, ao longo do processo de desenvolvimento nacional brasileiro, a constituição de um estavam ao alcance do setor privado propriamente dito. 03- Se a dívida pública de um país era de 25% do PIB no ano t e passou a ser 32,0% do PIB no ano (t+5), determine qual foi o crescimento real anual médio dessa dívida, entre esses dois anos, considerando que o PIB teve um aumento real de 2,3% ao ano. a) 7,5 % ao ano b) 10,5 % ao ano c) 15,0 % ao ano d) 7,3 % ao ano e) 8,7 % ao ano 04- Nos últimos anos, tem-se assistido a freqüentes manifestações sobre a necessidade de um novo pacto federativo, que elimine a tensão que volta e meia se

manifesta sob a forma de conflito nas relações intergovernamentais. Escolha a opção incorreta relacionada à globalização, regionalismo e federação. a) Em um novo pacto federativo, a autonomia deverá estar mais associada à flexibilidade no uso e à estabilidade dos recursos financeiros do que a liberdade para tributar. b) A harmonização da política tributária não afeta a autonomia dos entes federados, centrada na repartição das competências impositivas e no mecanismo de repartição de receitas constitucionalmente definidos. c) O período 1988-1998 sofreu influência de uma instável conjuntura econômica que afetou fortemente o campo fiscal e acabou por reverter parte significativa dos avanços alcançados no rumo da descentralização. d) A manutenção do federalismo requer a existência de instituições independentes em cada um dos níveis de governo. e) Quando as desigualdades regionais são grandes, o equilíbrio entre repartição de competências e a autonomia federativa depende de um eficiente sistema de transferências compensatórias. 05- A justificativa para o que foi denominado ciclo político invertido baseou-se no argumento da existência de restrições políticas ou sociais à adoção de medidas fiscais impopulares. A promoção do desenvolvimento e o esforço no sentido de minimizar os conflitos sociais formam, naturalmente, parte do ideário de qualquer governo. O que caracteriza as políticas populistas, de acordo com seus críticos, seria a combinação de quatro fatores. Identifique o fator que não é pertinente. a) O ativismo governamental. b) O redistributivismo a qualquer custo. c) A afirmação das conseqüências positivas decorrentes de elevados déficits fiscais. d) A tentativa de promover o crescimento econômico, independentemente das condições de contexto. e) A ausência da percepção da existência de restrições macroeconômicas. 06- Com base na Teoria das Finanças Públicas, assinale a única opção falsa. a) Um bem público puro é caracterizado por ter seu consumo não rival e não excludente. b) Bens privados são aqueles cujo consumo é tanto rival quanto excludente e são providos eficientemente em mercados competitivos. c) A exclusão permite que o produtor do bem privado possa ser pago sempre que um consumidor fizer uso do mesmo. d) Um exemplo de bem público puro é segurança nacional. e) Há rivalidade no consumo de um bem se o consumidor desse bem por parte de uma pessoa aumenta a disponibilidade do mesmo para as outras. 07- Para atingir os objetivos de política econômica, o governo dispõe de um conjunto de instrumentos. Entre eles estão a política fiscal, monetária e cambial. Assinale a opção incorreta.

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a) A política cambial corresponde a ações do governo que atingem diretamente as transações internacionais do país. b) A política fiscal pode ser dividida em política tributária e política de gastos públicos. c) Para controlar as condições de crédito, o governo utiliza a política monetária. d) Quando o governo aumenta seus gastos, diz-se que a política monetária é expansionista e, caso contrário, é contracionista. e) Por meio da política cambial, o governo pode atuar no mercado de divisas de vários países. 08- Os modelos macroeconômicos procuram analisar o comportamento dos gastos públicos durante o tempo. Os modelos que tentam associar o crescimento dos gastos públicos com os estágios de crescimento do país foram desenvolvidos por a) Peacock , Wiseman e Wagner. b) Adolpho Wagner. c) Peacock, Wiseman e Herber. d) Musgrave, Rostow e Herber. e) Musgrave, Rostow e Kay. 09- De acordo com a teoria da tributação, aponte a única opção incorreta. a) Os impostos específicos são aqueles cujo valor do imposto é fixo em termos monetários. b) Os impostos ad-valorem são aqueles em que se tem uma alíquota de imposto e o valor arrecadado depende da base sobre a qual incide. c) Os impostos específicos são pró-cíclicos. d) O sistema tributário deve poder conter o processo de crescimento desajustado, atuando, muitas vezes, de forma contracíclica. e) Um sistema tributário é progressivo quando a participação dos impostos na renda dos agentes diminui conforme a renda aumenta. 10- Pesquisando as experiências na área orçamentária podem-se encontrar diversos processos de elaboração de orçamento nos quais a presença de maior ou menor grau de ação planejada provoca grandes contrastes. Assinale a definição que identifica o orçamento de desempenho. a) Processo orçamentário que se apóia na necessidade de justificativa de todos os programas cada vez que se inicia um novo ciclo. b) Processo orçamentário em que é explicitado apenas o objeto de gasto. c) Processo orçamentário que representa duas dimensões do orçamento: objeto de gasto e um programa de trabalho, contendo as ações desenvolvidas. d) Orçamento elaborado por meio de ajustes marginais nos seus itens de receita e despesa. e) Processo orçamentário que se apóia no critério de alocação de recursos por meio do estabelecimento de um quantitativo financeiro fixo. 11- A receita da administração pública pode ser classificada quanto à natureza, ao poder de tributar, à coercitividade, quanto à afetação patrimonial e quanto à regularidade. Marque a opção falsa. a) Quanto à afetação patrimonial, as receitas são classificadas em orçamentárias e extra-orçamentárias.

b) Quanto ao poder de tributar, a receita é dividida conforme a discriminação constitucional das rendas, em federal, estadual e municipal. c) Quanto à coercitividade, as receitas podem ser divididas em originárias e derivadas. d) Quanto à regularidade, as receitas podem ser desdobradas em ordinárias e extraordinárias. e) Na classificação quanto à natureza, diz-se que as receitas tributárias e as receitas de contribuições são exemplos de receitas correntes. 12- O Plano Plurianual de 2000-2003 do governo brasileiro, que recebeu o nome de Avança Brasil, continha mudanças de grande repercussão no sistema de planejamento e orçamento do Governo Federal. Segundo o conteúdo desse plano, identifique a única opção que não é pertinente. a) Os Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento balizaram a organização espacial das ações e a seleção de empreendimentos estruturantes que aportam ao Plano Plurianual a dimensão de um projeto de desenvolvimento nacional. b) O desenvolvimento sustentável contava com a grande capacidade de geração de poupança interna e com a força do mercado de capitais para o financiamento de longo prazo, necessário para viabilizar os novos investimentos em infraestrutura e ampliar o número de empresas instaladas no País. c) Diante das restrições fiscais, os recursos foram alocados para setores essenciais à retomada do crescimento e para as demandas sociais mais críticas. d) Os investimentos necessários ao desenvolvimento não seriam somente tarefa do setor público. A parceria entre governo, iniciativa privada e a sociedade organizada seria indispensável para alcançar os objetivos econômicos e sociais. e) Para crescer de forma consistente, o país precisaria consolidar a estabilidade econômica e essa estabilidade só estaria garantida com um efetivo ajuste fiscal. 13- Com relação à despesa pública, identifique a que natureza de categoria de programação orçamentária corresponde o pagamento de sentenças judiciais. a) atividades b) projetos c) programas d) planejamento prévio e) operações especiais 14- Com relação à análise custo-benefício de projetos e programas governamentais, identifique a opção incorreta. a) O valor econômico dos benefícios tangíveis de um projeto em um mercado de competição perfeita é avaliado pelos preços de mercado e os benefícios precisam ser ajustados adequadamente. b) Se os benefícios excedem os custos, o projeto pode conduzir a uma mais eficiente alocação de recursos. c) A análise de custo-benefício não é um substituto para o processo político, uma vez que é um método de escolha para projetos alternativos, depois que o valor dos benefícios é determinado. d) Na identificação e mensuração de custos e benefícios, a questão mais importante refere-se ao tratamento das externalidades.

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e) Benefícios reais de um projeto são aqueles derivados de seus usuários finais. 15- O processo de privatização no Brasil pode ser dividido em três fases: a que ocorreu ao longo dos anos 80, a que foi de 1990 a 1995 e a que se iniciou em 1995. Com relação ao processo de privatização no Brasil, aponte a única opção falsa. a) A primeira fase correspondeu a um processo de “re-privatização”, cujo principal objetivo foi o saneamento financeiro da carteira do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). b) A segunda fase privilegiou a venda de empresas dos setores industriais, como a siderurgia, petroquímica e fertilizantes. c) A terceira fase caracterizou-se, principalmente, pela privatização dos setores públicos, com destaque para os setores de energia elétrica e telecomunicações. d) A terceira fase apresentou como ponto importante o lançamento do Plano Nacional de Desestatização (PND). e) A partir de 1990, o processo de privatização esteve inserido em uma estratégia geral de governo, que contemplava a promoção das chamadas “reformas de mercado”. AFRF - 2003 11- A tributação é um instrumento pelo qual a sociedade tenta obter recursos coletivamente para satisfazer às necessidades da sociedade. De acordo com a teoria da tributação, aponte a opção falsa. a) O mecanismo da tributação, associado às políticas orçamentárias, intervém diretamente na alocação dos recursos, na distribuição de recursos na sociedade e pode reduzir as desigualdades na riqueza e na renda. b) O sistema tributário é o principal instrumento de política fiscal do governo. c) Por princípio, o sistema de tributação deve ser o mais justo possível. d) Os tributos devem ser escolhidos de forma a maximizar sua interferência no sistema de mercado, a fim de não torná-lo mais ineficiente. e) A análise da aplicação da tributação baseia-se no princípio do benefício e no princípio da habilidade de pagamento. 12- As contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, obedecem a algumas exigências e princípios constitucionais. Aponte qual contribuição tem como fato gerador o faturamento operacional das empresas privadas com ou sem fins lucrativos e a utilização do trabalho assalariado ou de quaisquer outros que caracterizem a relação de trabalho. a) Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS). b) Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS). c) Contribuição Social s/ o Lucro Líquido da Pessoa Jurídica (CSLL). d) Contribuição Provisória s/ a Movimentação Financeira (CPMF). e) Contribuição para o Programa de Integração Nacional

(PIN). 13- Com base na imposição de um imposto, assinale a única opção falsa. a) Quando um imposto é aplicado num mercado, há dois preços de interesse: o que o demandante paga e o que o ofertante recebe. b) O imposto sobre a quantidade é uma taxa cobrada por cada unidade vendida ou comprada do bem. c) O imposto sobre o valor é uma taxa expressa em unidades percentuais. d) A parte de um imposto que é repassada aos consumidores independe das inclinações relativas das curvas de oferta e demanda. e) A produção perdida é o custo social do imposto. 14- A forma como são estruturados os sistemas tributários determina o impacto dos impostos tanto sobre o nível de renda como sobre a organização econômica. Quanto ao aspecto de afetar a distribuição de renda, não se pode afirmar que: a) os impostos indiretos aumentam a desigualdade na distribuição do produto nacional. b) a implantação de um sistema tributário em que todos pagam 7% de sua renda como imposto caracteriza um sistema proporcional. c) os impostos diretos, tais como o ICMS e o IPI, que não incidem sobre a renda, mas sobre o preço das mercadorias, são impostos regressivos. d) com impostos regressivos, os segmentos sociais de menor poder aquisitivo são os mais onerados. e) a estrutura tributária, baseada em impostos progressivos, onera proporcionalmente mais os segmentos da sociedade de maior poder aquisitivo. 15- Suponha uma alíquota tributária de 50%, incidente sobre um produto que agrega valor a matériasprimas, sem o uso de outros produtos que tenham passado previamente por algum processo de transformação. O valor por unidade do produto é de R$ 100,00. O preço do produto quando o imposto é calculado “por dentro” será: a) R$ 125,00 b) R$ 175,00 c) R$ 150,00 d) R$ 155,00 e) R$ 200,00 16- Sob o ponto de vista da distribuição da incidência tributária, indique a opção errada. a) Um imposto sobre os vendedores desloca a curva de oferta para cima, em montante maior ao do imposto. b) Quando um bem é tributado, compradores e vendedores partilham o ônus do imposto. c) A única diferença entre tributar o consumidor e tributar o vendedor está em quem envia o dinheiro para o governo. d) A incidência tributária depende das elasticidades-preço da oferta e da demanda. e) O ônus do imposto tende a recair sobre o lado do mercado que for menos elástico. 17- A curva de Demanda Agregada-Inflação (DAI) mostra, para cada taxa de inflação, o nível do produto de equilíbrio determinado pela análise de renda-demanda.

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Um exemplo básico de fator que desloca a curva DAI é a política fiscal. Assinale a opção incorreta no que diz respeito aos fatores que diminuem a demanda agregada a cada taxa de inflação, deslocando a curva DAI para a esquerda. a) Aumento das aquisições do governo. b) Aumento dos impostos. c) Diminuição da riqueza. d) Aumento do pessimismo de empresas ou famílias. e) Aumento da taxa de juros a cada taxa de inflação. 18- Aponte a única opção incorreta no que diz respeito a impostos, déficit público e seus impactos. a) As despesas do governo e os impostos afetam o mercado de capitais. b) Aumentos nos impostos reduzem a renda disponível. c) O déficit público reduz a poupança nacional, provocando alta das taxas de juros reais. d) Quando o governo gasta mais do que arrecada, precisa obter empréstimos para financiar seu déficit. e) O déficit público provoca um aumento do investimento privado. 19- O forte ajuste fiscal realizado na economia brasileira no fim da década de 90, notadamente no ano de 1999, ano de grande austeridade fiscal, resultou em diversos benefícios nas contas públicas. Sob a ótica do ajuste fiscal, aponte qual opção é incorreta. a) Para uma mesma taxa de juros, após a desvalorização de 1999, o superávit primário requerido para estabilizar a relação dívida/ PIB aumentou. b) Apesar da virtual estagnação do PIB em 1999 e do aumento da ordem de 4% do número de indivíduos que recebiam benefícios do INSS, a relação despesa com benefícios/PIB diminuiu ligeiramente nesse ano. c) O critério de desempenho para avaliar a política fiscal, no contexto do acordo do FMI de 1999, foi o valor da Necessidade de Financiamento do Setor Público (NFSP) no conceito nominal. d) Permissão em 1999, para as empresas acertarem as suas dívidas com o fisco, sem pagamento de multas, permitiu uma cobrança de atrasados equivalente a aproximadamente 0,5% do PIB. e) A diminuição da taxa SELIC nominal de 45% para 19% entre o auge da crise econômica, no início de 1999 e o final do mesmo ano, se deu pela redução do risco-Brasil. 20- Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da federação. Deste modo, na Lei de Responsabilidade Fiscal, foram definidos procedimentos e normas a serem observados pelo poder público. Com base na referida Lei, identifique a opção incorreta com relação à receita. a) O Poder Legislativo somente poderá efetuar a reestimativa de receita se ficar comprovado erro ou omissão de ordem técnica e legal. b) Se o montante previsto para as receitas de operação de crédito ultrapassarem o das despesas correntes constantes do projeto de lei orçamentária, o Poder Legislativo poderá efetuar a reestimativa de receita.

c) A Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual deverão conter um demonstrativo da estimativa e das medidas de compensação da renúncia de receita. d) Cada nível de governo deverá demonstrar que a renúncia de receita foi considerada na Lei Orçamentária Anual e que não afetará as metas previstas na Lei de Diretrizes Orçamentárias. e) No prazo previsto, as receitas previstas serão desdobradas pelo Poder Executivo em metas bimestrais de arrecadação. AFRF/2002.2 11- Uma forma de avaliar a eqüidade de um sistema tributário é chamada de princípio de capacidade de pagamento. Segundo o princípio de eqüidade vertical, diz-se que o sistema tributário é regressivo quando: a) os contribuintes com altas rendas pagam proporção menor de sua renda, mesmo que a quantia paga seja maior. b) os contribuintes com a mesma capacidade de pagamento arcam com o mesmo ônus fiscal. c) os contribuintes com capacidade de pagamento similares pagam a mesma quantia. d) os contribuintes pagam tributos de acordo com o montante de benefícios que eles recebem. e) o percentual do imposto a ser pago aumenta quando aumenta o nível de renda. 12- Compete à União, exclusivamente, com exceção do disposto no Parágrafo Único do Art.149 da Constituição Federal, instituir contribuições sociais, de domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas. Segundo a classificação das receitas públicas brasileiras, indique a opção que é classificada como uma receita de contribuição do governo. a) Contribuição para o Instituto de Colonização e Reforma Agrária. b) Contribuição Social para o Salário Educação. c) Contribuição para o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. d) Contribuição para o Serviço Social da Indústria. e) Contribuição para o Programa de Integração Nacional e para o Programa de Redistribuição de Terras e de Estímulo à Agroindústria do Norte e Nordeste. 13- Identifique a única opção incorreta no que tange aos tipos de impostos. a) Tributos diretos são aqueles cujo ônus de pagamento recai sobre o próprio contribuinte. b) Os impostos indiretos costumam ser proporcionais ou seletivos, de acordo com a essencialidade do produto ou serviço em que incidem. c) Os impostos diretos costumam ser progressivos, incidindo de forma graduada, de acordo com a capacidade econômica do contribuinte. d) Os impostos indiretos, por não serem transferíveis a terceiros, permitem que a carga tributária seja distribuída de forma eqüitativa. e) A diferenciação entre tributos diretos e indiretos é importante para a análise da eqüidade. 14- Ao discutir eficiência e eqüidade de um imposto sobre

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a renda, podem ser distinguidos dois conceitos de alíquota: alíquota média e alíquota marginal. Neste contexto, assinale o único conceito correto de alíquota marginal. a) É a alíquota mais útil quando se tenta aferir o sacrifício feito pelo contribuinte, porque mede a parcela de renda paga em impostos pelo mesmo. b) É a alíquota que determina o peso morto de um imposto sobre a renda. c) É a alíquota menos útil quando se deseja avaliar as distorções causadas pelo sistema tributário. d) É a alíquota que mede o quanto o sistema tributário encoraja o trabalho árduo. e) É a alíquota obtida pela divisão do imposto total pago e a renda total. 15- Modelos simples de oferta e demanda podem ser utilizados para analisar uma ampla variedade de políticas governamentais. Com base no impacto de um imposto, aponte a única opção falsa. a) O impacto de um imposto depende das elasticidades da oferta e da demanda. b) Se a demanda for muito inelástica em relação à oferta, a carga fiscal recairá principalmente sobre os compradores. c) Se a curva da oferta for horizontal, nenhuma parcela do imposto será repassada aos consumidores. d) Se a demanda for muito elástica em relação à oferta, a carga fiscal incidirá principalmente sobre os vendedores. e) O ônus de um imposto é a perda líquida do excedente dos consumidores e produtores resultante da aplicação do imposto. 16- Com base na evolução da carga tributária no Brasil, nos últimos 30 anos, aponte a única opção incorreta. a) Ao longo dos anos 70 e 80, a carga tributária brasileira oscilou entre 23% e 26% do PIB. b) A menor arrecadação verificada em alguns anos pode ser atribuída ao chamado “efeito Tanzi”, que corresponde à queda de arrecadação real do governo, observada em períodos de aceleração inflacionária. c) Em 1990, ocorreu significativo aumento da carga tributária, provocado pelo Plano Collor, chegando a atingir quase 30% do PIB. d) Houve forte escalada tributária após a implantação do Plano Real, passando a carga tributária a representar mais de 30% do PIB no final da década de 90. e) A elevação da carga tributária ocorrida nos anos 90 deveu-se, basicamente, ao aumento da carga dos tributos incidentes sobre o patrimônio e a renda. 17- Distorcendo opções entre trabalho e lazer, ou entre consumo e investimento, os impostos criam custos para a economia. Com relação às perdas provocadas pelos impostos, identifique a única opção incorreta. a) Como resultado dos impostos sobre certos bens e atividades, as pessoas trabalham muito pouco, ou poupam muito pouco, ou compram muito pouco as mercadorias muito tributadas e muito mais as que são pouco tributadas. b) Ações decorrentes das distorções causadas pelos impostos sobre os preços relativos fazem com que o bem-estar econômico diminua.

c) Os custos dos impostos são, até certo ponto, inevitáveis, porque os impostos são necessários para arcar com os gastos governamentais. d) O efeito deslocamento diz que as famílias terão menos lazer quando ficarem mais pobres, em decorrência do aumento de imposto sobre a renda. e) Impostos sobre a pessoa jurídica afetam decisões de investimento. 18- Com relação aos impactos de um déficit orçamentário do governo na economia, aponte a única opção falsa. a) O déficit orçamentário do governo reduz a poupança nacional. b) O déficit orçamentário do governo representa poupança pública negativa. c) Os déficits orçamentários do governo não afetam o mercado de câmbio. d) Os déficits orçamentários do governo expulsam o investimento interno. e) Os déficits orçamentários do governo aumentam as taxas de juros. 19- Identifique a única opção errada relativa à Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal. a) O governante deve demonstrar que a renúncia de receita será compensada somente por alteração de alíquotas dos impostos e contribuições. b) O governante deverá demonstrar que a renúncia de receita foi considerada na Lei Orçamentária Anual. c) O governante de qualquer esfera de governo poderá instituir, prever e efetivamente arrecadar todos os tributos de sua competência institucional. d) O governante de cada esfera de governo deverá explorar adequadamente sua base tributária e ter capacidade de estimar sua receita. e) Para o governante que não prever, arrecadar e cobrar tributos que sejam de sua competência, serão suspensas as transferências voluntárias. 20- Ao longo do período 1995/1998, o Governo Federal Brasileiro foi aperfeiçoando os seus mecanismos de controle sobre os déficits dos governos estaduais. Entre as mudanças, assinale a única opção não pertinente. a) O fim do uso dos bancos estaduais para o financiamento dos tesouros estaduais, seja por via da privatização ou da sua transformação em banco de fomento, com regras rígidas de funcionamento. b) O aumento da utilização de empresas estatais estaduais para o financiamento permanente dos tesouros estaduais. c) O maior controle das antecipações de receitas orçamentárias, amplamente utilizadas até 1995 como forma de os tesouros estaduais se financiarem junto ao sistema bancário. d) A inibição do instrumento dos denominados “precatórios”. e) A renegociação das dívidas mobiliárias estaduais.

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1-INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA. CONCEITOS MACROECONÔMICOS BÁSICOS. IDENTIDADES MACROECONÔMICAS FUNDAMENTAIS. FORMAS DE MENSURAÇÃO DO PRODUTO E DA RENDA NACIONAL. O PRODUTO NOMINAL X O PRODUTO REAL. NÚMEROS ÍNDICES. O SISTEMA DE CONTAS NACIONAIS. CONTAS NACIONAIS NO BRASIL. NOÇÕES SOBRE O BALANÇO DE PAGAMENTOS. AS CONTAS DO SISTEMA FINANCEIRO E O MULTIPLICADOR BANCÁRIO. CONCEITOS MACROECONÔMICOS BÁSICOS: Identidades macroeconômicas fundamentais: Valor Bruto da Produção (VBP): é a somatória dos valores de tudo o que foi produzido em uma economia em dado período. Produto: é a soma dos valores dos bens e serviços FINAIS produzidos por uma economia em dado período. Valor Adicionado ou Agregado: É a contribuição que cada unidade produtiva acrescenta sobre o input para repassar o bem ou serviço para a frente. 1. PRODUTO PELA ÓTICA DO VALOR AGREGADO: O somatório das contribuições adicionais de todas as unidades produtivas é o Valor Agregado (ou Adicionado) da economia e é um dos meios de se aferir o valor do Produto, pois se confunde com este. Assim: Produto = VAI + VAII + VAIII (soma dos VA’s dos 3 Setores Produtivos da economia) 2. PRODUTO PELA ÓTICA DA RENDA Renda: é o total das remunerações pagas aos proprietários dos fatores produtivos em cada etapa de produção. Renda = Salários + Juros + Lucros + Aluguéis + Royalties + Lucros Adicionando-se a Depreciação, passamos do PIL a custo de fatores para o PIB a custo de fatores; Mais os Impostos Indiretos e Menos os Subsídios (ou seja, mais os impostos indiretos LÍQUIDOS) = PIB a preços de mercado. Qual a diferença entre PIB e PNB (para qualquer modo de apresentação) ? PNB = PIB + RLE (em que RLE = RRE – REE) Se dividirmos pela População, teremos esses agregados “per capita”. Assim, PIB / Pop = PIB per capita. 3. PRODUTO PELA ÓTICA DE: DISPÊNDIO (DEMANDA) AGREGADO(A): É o total de despesas efetuadas pelos agentes econômicos em dado período, a saber: DA = Consumo das famílias + Investimento das Empresas + Gastos Públicos Líquidos + Demanda Externa Líquida (Exportações – Importações). Este é outro método de se achar o valor do produto, visto que o item Investimentos inclui as Variações de Estoques.

PIB x PNB O produto interno bruto é a somatória de todos os bens e serviços FINAIS produzidos internamente em uma economia em dado período de tempo. Já o PNB-Produto Nacional Bruto é similar, mas para se chegar ao mesmo, deduzem-se do PIB as remessas de pagamentos de fatores produtivos de não-residentes e, adicionam-se os ingressos de remunerações de fatores produtivos de residentes no país. O PIL cf é idêntico em valor à Renda Interna. O PNL cf, à Renda Nacional. PRODUTO NOMINAL X PRODUTO REAL O produto real ou a preços constantes é o valor do produto de um ano a preços de um ano-base, de modo a eliminar-se a variação causada unicamente pela inflação. No Brasil, o IBGE primeiramente calcula a variação física do produto de um ano para outro, a partir de vários levantamentos estatísticos. Uma vez obtido o crescimento físico entre dois anos, calcula o DEFLATOR IMPÍCITO DO PIB, que é uma medida de inflação do valor agregado. Assim: DI = PQ / Q = P A seguir, utiliza-se esse deflator para retirar a inflação do ano II/I e, assim, obtem-se o produto do ano II a preços do ano anterior I. Esse valor é o do "produto real". NÚMEROS ÍNDICES: Um número-índice é uma ferramenta estatística usada para medir variações relativas em agregados de preços ou de quantidades em períodos definidos. Os índices mais conhecidos são: Laspeyres; Paasche; Geométrico. Para o onteresse da Economia, são mais usados os índices de preços. LASPEYRES: no qual o numerador é a soma dos preços correntes ponderados pelas quantidades de um período-base, e o denominador é a soma dos preços do período-base ponderados da mesma forma: I.L. = ∑ Pn. Qo ∑ Po. Qo PAASCHE, por sua vez, usa como ponderação não as quantidades do período-base, mas sim as do próprio período analisado: I.P. = ∑ Pn. Qn ∑ Po. Qn Finalmente, FISCHER, também conhecido como índice geométrico ou “ideal”: tem por finalidade eliminar o viés para cima do índice de Laspeyres e o viés para baixo do índice de Paasche, calculando a média geométrica do produtos dos mesmos. I.F. = √IL.IP

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O SISTEMA DE CONTAS NACIONAIS – CONTAS NACIONAIS DO BRASIL O novo Sistema de Contas Nacionais do Brasil está centrado nas CONTAS ECONÔMICAS INTEGRADAS (CEIs); e nas TABELAS DE RECURSOS E USOS (TRUs). As CEIs são formadas por um conjunto de contas de operações e também de contas de ativos e passivos dos setores institucionais e do Resto do Mundo. As TRUs apresentam os agregados macros de Produto, Renda e Despesas, por setores de atividades. As CEIs constituem a estrutura central do Sistema. Elas são construídas em torno de uma seqüência de contas de fluxos inter-relacionadas com as contas de patrimônio. As primeiras descrevem como as atividades ocorrem num dado período. As de patrimônio, registram os valores de ativos e passivos detidos pelos diversos setores no início e no fim de um período. A ligação entre elas é dada pelo saldo de uma conta que é transportado para a conta seguinte. O novo Sistema usa os conceitos de Usos x Recursos; e Ativos x Passivos, ao invés de débito e crédito. As CEIs estão estruturadas em três subconjuntos de contas: Contas Correntes, Contas de Acumulação; e Contas de Patrimônio.

As TRUs vinculam-se às CEIs por apresentar os resultados agregados de Oferta e Demanda total e renda por setores de atividades. Nelas as unidades produtivas são classificadas segundo as atividades permitindo visualizar as trocas entre os setores. As TRUs são a base de construção das matrizes de insumo-produto. Elas são divididas em: Tabela de Recursos de Bens e Serviços, que apresenta a oferta total da economia (produção e importação); Tabela de Usos de Bens e Serviços, com o consumo intermediário e a demanda final (Exportação, Consumo Final e FBK) totalizando a Demanda da economia; Componentes do Valor Adicionado por setor. Há, finalmente, a CONTA DE OPERAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS (classificada no Sistema como Conta 0), apresentada separada das CEIs. Ela é a base de todo o Sistema, retratando a atividade de produção por categorias de demanda final. Os recursos e usos se equilibram, não havendo saldo contábil. Trata-se, pois de uma conta de síntese.

BRASIL: ECONOMIA NACIONAL – CONTA DE BENS E SERVIÇOS – 1999 – R$ 1.000

RECURSOS OPERAÇÕES USOS 1.680.344 Produção 112.501 Importação de bens e serviços 104.163 Impostos sobre produtos 7.859 Imposto de Importação 96.304 Demais impostos sobre os

produtos

Consumo intermediário 823.649 Consumo final 775.098 Formação bruta de capital fixo 181.813 Variação de estoques 14.639 Exportação de bens e serviços 101.809 1.897.008 TOTAL 1.897.008

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35

Quadro 1 - Economia Nacional - Contas de produção, renda e capital - 1999

(1 000 000 R$)

Usos Operações e saldos Recursos

Conta 1 - Conta de produção

Produção 1 680 344 823 649 Consumo intermediário

Impostos sobre produtos 104 163 Imposto de importação 7 859 Demais impostos sobre produtos 96 304

960 858 Produto interno bruto

Conta 2 - Conta da renda

2.1 - Conta de distribuição primária da renda

2.1.1 - Conta de geração da renda Produto interno bruto 960 858

360 096 Remuneração dos empregados 359 793 Residentes

303 Não-residentes 157 273 Impostos sobre a produção e de importação(-) 3 106 Subsídios à produção ( - ) 446 596 Excedente operacional bruto inclusive rendimento de autônomos 49 003 Rendimento de autônomos (rendimento misto)

397 593 Excedente operacional bruto

2.1.2 - Conta de alocação da renda Excedente operacional bruto inclusive rendimento de autônomos 446 596 Rendimento de autônomos (rendimento misto) 49 003 Excedente operacional bruto 397 593 Remuneração dos empregados 360 347 Residentes 359 793 Não-residentes 554 Impostos sobre a produção e de importação 157 273 Subsídios à produção ( - ) (-) 3 106

41 873 Rendas de propriedade enviadas e recebidas do resto do mundo 6 799 926 035 Renda nacional bruta

2.2 - Conta de distribuição secundária da renda

Renda nacional bruta 926 035 2 241 Outras transferências correntes enviadas e recebidas do resto do mundo 4 468

928 261 Renda disponível bruta (1)

2.3 - Conta de uso da renda

Renda disponível bruta (1) 928 261 775 098 Consumo final 153 163 Poupança bruta (1)

Conta 3 - Conta de acumulação

3.1 - Conta de capital Poupança bruta (1) 153 163

181 813 Formação bruta de capital fixo 14 639 Variação de estoque

25 Transferências de capital 48 (-) 43 266 Capacidade ( + ) ou Necessidade ( - ) de Financiamento

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Contas Nacionais.

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Quadro 2 - Economia Nacional - Conta do resto do mundo (conta das transações externas) - 1999

(1 000 000 R$)

Usos Operações e saldos Recursos

Conta 1 - Conta externa de bens e serviços

101 809 Exportação de bens e serviços 101 250 Exportação de bens e serviços com emissão de câmbio

559 Exportação de bens e serviços sem emissão de câmbioImportação de bens e serviços 112 501 Importação de bens e serviços com emissão de câmbio 108 438 Importação de bens e serviços sem emissão de câmbio 4 064

10 692 Saldo externo de bens e serviços

Conta 2 - Conta externa de distribuição primária da renda e transferências correntes

Saldo externo de bens e serviços 10 692

554 Remuneração dos empregados 303 6 799 Rendas de propriedade 41 873 4 064 Juros 31 585 2 735 Dividendos 10 062

Lucros de investimento direto estrangeiro, reinvestido 226 4 468 Outras transferências correntes 2 241

0 Prêmios líquidos de seguros não-vida 251 251 Indenizações de seguros não-vida 0

4 217 Transferências correntes diversas 1 990 43 289 Saldo externo corrente

Conta 3 - Conta externa de acumulação

Saldo externo corrente 43 289

48 Transferências de capital enviadas e recebidas do resto do mundo 25 Variações do patrimônio líquido resultantes de poupança e de transferências de capital 43 266

43 266 Capacidade ( + ) ou Necessidade ( - ) líquida de financiamento

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Contas Nacionais.

Quadro 4 - Componentes do PIB pela ótica da despesa - variação real anual - 1994-1999

(Em %)

Componentes do Produto Interno Bruto 1994 1995 1996 1997 1998 1999

Produto interno bruto 5,85 4,22 2,66 3,27 0,22 0,79

Consumo final 5,87 7,01 3,13 2,90 0,13 (-) 0,25

Consumo das famílias 7,50 8,71 3,70 3,13 (-) 0,52 (-) 1,02

Consumo da administração pública 0,33 1,34 1,38 2,11 2,38 2,31

Formação bruta de capital 13,03 8,09 2,83 8,28 (-) 0,60 (-) 6,41

Formação bruta de capital fixo 14,25 7,29 1,20 9,33 (-) 0,69 (-) 7,65

Exportação de bens e serviços 4,01 (-) 2,03 0,64 11,15 6,57 12,04

Importação de bens e serviços(-) 20,35 30,68 5,39 17,83 2,55 (-) 14,79

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Contas Nacionais.

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TABELAS DE RECURSOS E USOS – TRU As tabelas de recursos e usos oferecem informações detalhadas por atividade e produtos. Trata-se, na verdade, de uma desagregação da Conta de Produção, ou seja, é possível não só o cálculo do Valor Adicionado (PIB) a preços básicos e a custo de fator por atividade econômica, mas também, por exemplo, a análise da composição dos insumos de cada atividade. Da mesma forma, é possível desagregar o PIB a preços de mercado pela ótica da despesa em seus componentes (Consumo Final das Famílias e das Administrações Públicas, Formação Bruta de Capital Fixo, Variação de Estoques, e Exportações menos Importações) e em termos de sua composição por grupo de Bens e Serviços. Tabela de recursos e usos - 1998

1 - Tabela de recursos de bens e serviços

Valores correntes em 1 000 R$

Oferta de bens e serviços

Produção das atividades Importação

Serviços

Total

Importa-

Importa-

Oferta total

Margem

Margem

Impostos

Oferta to-

Agrope-

Extrativa

Transfor-

industriais

Construção

Comércio

Transporte

Comuni-

Instituições

Aluguéis

Administra-

Outros

Dummy

Total da

da ção sem

ção de

a preço de

de de tal a pre-

cuária

mineral

mação

de utilidade

civil

cações

financeiras

ção pública

serviços

financeiro

atividade

economia

emissão

bens e

consumidor

comércio

transporte

ço básico

pública

de câmbio

serviços

Agropecuária

123 508 422

9 860 525

2 496 893

2 807 890

108 343 114

104 101 761

0 821 909

0 0 0 0 0 0 0 563 073

0 0 105 486 743

2 856 371

Extração mineral

20 397 470

114 513

2 046 042

430 876

17 806 039

27 355

13 084 544

970 776

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 14 082 675

3 723 364

Transformação

739 539 336

65 293 049

10 035 787

72 346 148

591 864 352

7 865 619

134 696

490 283 186

0 0 20 861 651

4 398

366 263

0 0 4 801 687

238 973

0 524 556 473

67 307 879

Serviços industriais de utilidade pú-

blica (S.I.U.P.)

46 176 772

0 0 4 026 972

42 149 800

0 11 525

1 628 981

39 372 209

0 0 0 0 0 0 0 0 0 41 012 715

1 137 085

Construção civil

138 689 566

0 0 442 637

138 246 929

0 0 0 0 138 246 929

0 0 0 0 0 0 0 0 138 246 929

0

Comércio 10 643 541

(-) 75 268 087

0 185 653

85 725 975

440

3 615

19 699

0 22 040

84 669 343

0 0 0 0 25 622

411 784

0 85 152 543

573 432

Transporte

42 698 379

0 (-) 14 578 722

1 801 195

55 475 906

0 0 0 0 0 156 631

52 724 201

0 0 0 25 549

0 0 52 906 381

2 569 525

Comunicações

28 208 615

0 0 2 421 089

25 787 526

0 0 0 0 0 0 0 25 672 726

0 0 0 0 0 25 672 726

114 800

Instituições financeiras

81 226 314

0 0 3 637 957

77 588 357

0 0 0 0 0 0 0 0 77 369 640

0 0 0 0 77 369 640

218 717

Aluguéis 132 807 453

0 0 3 766

132 803 687

0 45 421

1 255 925

2 0 1 506 768

470 759

0 351 476

128 701 620

193 667

270 817

0 132 796 455

7 232

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38

Administração pública

159 931 515

0 0 0 159 931 515

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 159 931 515

0 0 159 931 515

0

Outros serviços

185 908 450

0 0 5 072 314

180 836 136

0 0 59 970

257 107

0 6 112 106

1 310 845

58 768

0 0 7 398 427

153 314 305

0 168 511 528

12 324 608

Operações com o exterior sem e-

missão de câmbio

2 726 664

(-) 2 726 664

Total

#######

0 0 #######

#######

#######

#######

#######

#######

#######

#######

#######

#######

#######

#######

#######

#######

0 #######

2 726 664

#######

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Contas Nacionais.

2 - Tabela de usos de bens e serviços

Consumo intermediário das atividades Demanda final Ofer

ta total

Margem

Margem

Oferta to-

Serviços

Total

Exporta-

Exporta-

Consumo

Formação

a preço de

de de Impostos

tal a pre-

Agrope-

Extrativa

Transfor-

industriais

Construção

Comércio

Transporte

Comuni-

Instituições

Aluguéis

Administra-

Outros

Dummy

Total da

da ção sem

ção de

da adminis-

Consumo

bruta de

Variação

Demanda

consumidor

comércio

transporte

ço básico

cuária

mineral

mação

de utilidade

civil cações

financeiras

ção pública

serviços

financeiro

atiividade

economia

emissão

bens e

tração pú-

das capital

de estoque

final

pública

de câmbio

serviços

blica

famílias

fixo

Agropecuária

123 508 422

18 836 006

13 925

58 258 901

14 502

0 0 0 0 0 0 1 829 775

2 227 049

0 81 180 158

3 092 632

0 32 922 918

2 774 784

3 537 930

42 328 264

Extração mineral

20 397 470

427 923

879 707

14 027 481

59 752

628 905

0 0 0 0 0 0 0 0 16 023 768

4 612 309

0 0 0 (-) 238 607

4 373 702

Transformação

739 539 336

20 542 167

3 245 964

211 021 045

2 151 201

44 962 636

24 989 723

17 980 341

1 796 072

1 745 740

306 897

13 688 549

36 103 924

0 378 534 259

53 338 368

0 250 407 423

48 287 355

8 971 931

361 005 077

Serviços industriais de utilidade pú-

blica (S.I.U.P.)

46 176 772

459 688

562 478

8 464 633

12 796 669

165 593

1 577 002

250 955

168 799

419 259

202 669

3 096 158

1 820 511

0 29 984 414

0 0 16 192 358

0 0 16 192 358

Construção civil

138 689 566

3 652

113 664

914 743

133 947

5 265 283

293 026

324 800

126 857

0 3 992 450

961 305

501 796

0 12 631 523

0 0 0 126 058 043

0 126 058 043

Comércio 10 643 541

156 928

260 198

7 318 025

0 153 262

1 651 363

0 0 0 0 595 903

0 0 10 135 679

507 862

0 0 0 0 507 862

Transporte

42 698 379

1 256 417

369 981

6 409 420

97 381

186 851

4 344 366

6 398 295

377 577

880 173

4 873

1 290 571

618 860

0 22 234 765

503 289

0 19 960 325

0 0 20 463 614

Comunicações

28 208 615

44 509

159 098

4 511 909

105 160

364 394

2 724 034

995 173

236 473

1 615 441

66 905

1 330 234

2 042 545

0 14 195 875

180 253

0 13 832 487

0 0 14 012 740

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Instituições financeiras

81 226 314

642 029

724 281

6 105 803

599 140

540 820

2 509 285

1 248 884

323 977

7 226 231

218 037

1 137 860

1 007 198

41 682 205

63 965 750

48 148

0 17 212 416

0 0 17 260 564

Aluguéis 132 807 453

18 269

120 231

2 044 256

315 434

210 892

4 847 884

471 883

298 196

1 375 646

54 719

1 028 395

985 393

0 11 771 198

12 740

0 121 023 515

0 0 121 036 255

Administração pública

159 931 515

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 159 920 518

10 997

0 0 159 931 515

Outros serviços

185 908 450

1 715 588

1 610 056

12 234 649

1 199 951

2 999 450

11 937 753

2 913 474

1 546 368

11 687 195

134 121

23 101 264

7 351 430

0 78 431 299

4 566 409

0 100 828 334

2 082 408

0 107 477 151

Operações com o exterior sem e-

missão de câmbio

0 354 595

(-) 354 595

Total

#######

#######

8 059 583

#######

#######

#######

#######

#######

4 874 319

#######

4 980 671

#######

#######

#######

#######

354 595

#######

#######

#######

#######

#######

#######

Componentes do valor adicionado Valor adicionado bruto ( PIB )

93 176 497

67 891 999

5 220 218

163 729 581

22 156 181

82 790 883

58 432 063

23 926 398

21 223 438

52 771 431

123 720 949

124 879 526

101 577 173

(-) 41 682 205

806 637 635

899 814 132

Remunerações

9 164 939

1 643 299

49 094 762

9 871 860

8 945 997

25 550 444

13 167 406

4 638 358

27 006 725

1 559 006

123 683 184

53 884 536

0 328 210 516

328 210 516

Salários 8 055 281

1 129 376

38 634 273

6 692 624

7 448 218

21 047 892

10 532 986

3 509 565

21 024 686

1 350 339

77 988 867

44 213 887

0 241 627 994

241 627 994

TABELA DE RECURSOS E USOS

Contribuições sociais efetivas

1 109 658

513 923

10 460 489

3 179 236

1 497 779

4 502 552

2 634 420

1 128 793

5 982 039

208 667

8 664 954

9 670 649

0 49 553 159

49 553 159

Previdência oficial /FGTS

1 104 124

266 494

9 483 300

1 760 309

1 485 766

4 473 153

2 426 960

746 524

4 815 175

208 667

8 501 309

9 584 696

0 44 856 477

44 856 477

I - Tabela de recursos de bens e serviços

Previdência privada

5 534

247 429

977 189

1 418 927

12 013

29 399

207 460

382 269

1 166 864

0 163 645

85 953

0 4 696 682

4 696 682

Oferta

Produção

Importação

Contribuições sociais imputadas

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 37 029 363

0 0 37 029 363

37 029 363

A =

A1 +

A2

Excedente operacional bruto inclu-

sive rendimento de autônomos

59 655 406

3 182 283

100 467 040

11 070 698

70 068 421

29 672 692

10 278 488

15 831 776

23 057 044

121 446 740

0 42 545 934

(-) 41 682 205

445 594 317

445 594 317

II - Tabela de usos de bens e serviços

Rendimento de autônomos

331 619

100 570

3 105 931

0 4 448 270

16 056 853

5 846 113

0 2 285 830

449 313

0 16 995 962

0 49 620 461

49 620 461

Oferta

Consumo

Demanda

Excedente operacional bruto (EOB)

59 323 787

3 081 713

97 361 109

11 070 698

65 620 151

13 615 839

4 432 375

15 831 776

20 771 214

120 997 427

0 25 549 972

(-) 41 682 205

395 973 856

395 973 856

intermediário

final

Impostos líquidos de subsídios so-

A =

B1 +

B2

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bre a produção e a importação

93 176 497

(-) 928 346

394 636

14 167 779

1 213 623

3 776 465

3 208 927

480 504

753 304

2 707 662

715 203

1 196 342

5 146 703

0 32 832 802

126 009 299

Impostos líquidos sobre produtos

93 176 497

93 176 497

Componentes do valor

Outros impostos sobre a produção

2 627

394 636

14 655 981

1 295 653

3 951 349

3 636 029

1 782 864

802 788

2 707 662

715 203

1 196 342

5 146 703

0 36 287 837

36 287 837

adicionado

Outros subsídios à produção

(-) 930 973

0 (-) 488 202

(-) 82 030

(-) 174 884

(-) 427 102

(-) 1 302 360

(-) 49 484

0 0 0 0 0 (-) 3 455 035

(-) 3 455 035

C

Valor da produção

111 995 175

13 279 801

495 040 446

39 629 318

138 268 969

113 306 499

54 510 203

26 097 757

77 721 116

128 701 620

172 939 540

154 235 879

0 1 525 726 323

1 525 726 323

Pessoal ocupado

13 758 000

222 600

7 400 600

217 000

3 632 600

8 789 900

2 454 600

162 800

765 100

274 000

5 132 500

17 067 600

0 59 877 300

59 877 300

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NOÇÕES SOBRE BALANÇO DE PAGAMENTOS Balanço de Pagamentos é o registro contábil de todas as transações efetuadas em dado período entre agentes econômicos internos (públicos e privados) e o Resto do Mundo. São variáveis fluxo, isto é, “zeram” ao final de cada período. Os dados do balanço de pagamentos são publicados em milhões de dólares norte-americanos, em valores correntes, sem ajustamento sazonal. Compreendem o país como um todo e estão compilados de acordo com os critérios estabelecidos na 5ª edição do Manual de Balanço de Pagamentos do Fundo Monetário Internacional – BPM-5. As seguintes informações são publicadas mensalmente: transações correntes: exportações, importações e saldo da balança comercial; receita, despesa e saldo de serviços e rendas; receita, despesa e saldo de serviços totais e os relacionados a transportes, viagens internacionais, seguros, financeiros, computação e informação, royalties e licenças, aluguel de equipamentos, governamentais e outros serviços; receita, despesa e saldo de rendas, incluindo salários e ordenados, renda de investimento direto (lucros e dividendos e juros de empréstimos intercompanhia), renda de investimento em carteira (lucros e dividendos e juros de títulos de dívida) e renda de outros investimentos (incluem juros de empréstimos, financiamentos, depósitos e outros ativos e passivos); saldo de transferências correntes; e saldo de transações unilaterais correntes; conta de capital: saldo da conta capital (inclui as transferências de patrimônio e compra e venda de ativos não produzidos/não-financeiros); conta financeira: total da conta financeira; receita, despesa e saldo de investimentos diretos; retorno, saída e saldo de investimentos diretos brasileiros no exterior (retorno, saída e saldo de participação no capital e amortização, desembolso e saldo de empréstimos intercompanhia); ingresso, saída e saldo de investimentos diretos estrangeiros no país; ingressos de investimentos diretos estrangeiros no país destinados a participação no capital na forma de moeda (autônomos e privatizações), conversões (autônomos e privatizações) e mercadorias; retornos de participação no capital; desembolso, amortização e saldo de empréstimos intercompanhia receita, despesa e saldo de investimentos brasileiros em carteira, receita, despesa e saldo de investimento brasileiros em ações - com destaque para o programa BDR – Brazilian Depositary Receipts – e receita, despesa e saldo de títulos de renda fixa (bônus, notes, commercial papers), com destaque para as aplicações em bônus relativos à formação de colaterais (plano Brady); receita, despesa e saldo de investimento estrangeiro em carteira negociados no país e negociados no exterior; receita, despesa e saldo investimentos estrangeiros em ações; receita, despesa e saldo de investimentos estrangeiros em títulos de renda fixa (bônus, notes e commercial paper), com destaque para a troca de bônus; receita, despesa e saldo de investimentos estrangeiros em títulos de curto prazo total de operações com derivativos, ativos e passivos; total de outros investimentos (inclui os créditos comerciais, empréstimos, moeda e depósitos, outros ativos e passivos e operações de regularização); total de outros investimentos brasileiros, classificados em: empréstimos – receita, despesa e saldo de empréstimos de longo prazo, saldo de empréstimos a curto prazo, moeda e depósitos separados por bancos e demais setores (destaque para a movimentação das garantias colaterais – plano Brady) e outros ativos, com receita, despesa e saldo de ativos de longo prazo e ativos de curto prazo pela movimentação líquida; total de outros investimentos estrangeiros, compreendendo desembolso, amortização e saldo de crédito comercial de longo prazo e o líquido de crédito comercial a curto prazo, desembolso, amortização e saldo de empréstimo de longo prazo da Autoridade Monetária – destaque para as operações de regularização (FMI e demais instituições) – desembolsos, amortizações e saldo dos empréstimos a longo prazo dos demais setores, discriminados pelos credores externos (organismos internacionais, agências governamentais, créditos de compradores e empréstimos diretos); moeda e depósitos pelas variações líquidas e os saldos de outros passivos de longo e curto prazos; erros e omissões; variação dos haveres da Autoridade Monetária (= Saldo do Balanço de Pagamentos) A balança comercial é compilada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) com base nos registros alfandegários no SISCOMEX. Os dados de serviços e rendas, transferências correntes, conta capital e financeira são compilados com base nas operações de câmbio realizadas nas instituições autorizadas a operar no mercado de câmbio, considerando, também, as transações em moeda nacional realizadas entre residentes e não residentes. Essas operações são compulsoriamente registradas no Sistema de Informações Banco Central (SISBACEN-CÂMBIO). Adicionalmente, são consideradas informações provenientes de pesquisas em empresas privadas, relatórios de órgãos governamentais e dos balancetes de instituições financeiras.

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DÉFICIT/SUPERÁVIT E AJUSTE DO BALANÇO DE PAGAMENTOS Num sistema de taxas de câmbio flutuantes (ou flexíveis ou livres), o BP ajustar-se-á automaticamente. Se houver superávit, o excesso de divisas depreciará a moeda estrangeira (tornando-a mais barata), o que conduzirá à elevação das nossas importações e queda nas nossas exportações, anulando-se o superávit – e vice-versa. Nesse sentido, a política monetária torna-se livre, já que o Banco Central não tem compromisso com a taxa cambial. Mas a política fiscal, nesse sistema, perde sua eficácia. Já num sistema de taxas cambiais fixas, tornar-se-á necessário um ajuste via política fiscal, pois este sistema engessa a política monetária. Se houver superávit, o Governo corta suas despesas e/ou aumenta seus tributos; e vice-versa. Outra alternativa seria simplesmente a desvalorização, pelo Banco Central, da moeda doméstica. AS CONTAS DO SISTEMA FINANCEIRO E O MULTIPLICADOR BANCÁRIO Existem quatro séries distintas de Meios de Pagamento, e que recentemente, três destas, tiveram seu conceito alterado pelo BACEN, que são : M1, M2, M3 e M4. Os novos conceitos de meios de pagamento ampliado representam mudança de critério de ordenamento de seus componentes, que deixaram de seguir o grau de liquidez passando a definir os agregados por seus sistemas emissores. Meios de Pagamento pelo conceito tradicional de liquidez imediata: M1 : Papel Moeda em poder do público (Moeda Manual) + Depósitos à Vista nos Bancos Comerciais. MEIOS DE PAGAMENTO AMPLIADOS (OU, “QUASE-MOEDA”): M2 : é o M1, mais as demais emissões de alta liquidez realizadas primariamente no mercado interno por instituições depositárias. Sucintamente: M2 = M1 + Depósitos em Cadernetas de Poupança + Títulos emitidos por instituições financeiras (CDBs; RDBs; LCs; LHs; LIs; etc) M3 : é o M2 mais captações internas por intermédio dos fundos de renda fixa e das carteiras de títulos públicos registrados no SELIC e que dão lastro às posições líquidas de financiamentos de operações compromissadas; M4 : é o M3 mais os títulos públicos em poder do setor não-financeiro. ALGUNS CONCEITOS: Papel-moeda em poder do público (PMPP): corresponde ao papel-moeda emitido menos o papel-moeda depositado no BACEN, menos a caixa em moeda corrente dos bancos comerciais. Papel-moeda emitido: corresponde ao total da moeda legal existente, autorizada pelo Governo ou BACEN.

Base Monetária: compõe-se do papel-moeda emitido e mais as reservas bancárias em depósito no BACEN. A base monetária é o passivo monetário do BACEN. É composta também, desde 94, pelos saldos do BBC (Bônus do Banco Central) e LBC (Letras do Banco Central), e todos os títulos de emissão do Tesouro, criando o conceito de Base Monetária Ampliada. Reservas Bancárias: são compostas por: a) papel-moeda guardado nas caixas e nos cofres dos bancos comerciais, e, são mantidos para compensar os eventuais excessos de pagamentos sobre recebimentos em papel-moeda pelos bancos. b) Depósitos compulsórios: são exigidos por lei ou regulamentação das Autoridades Monetárias (CMN e BACEN) e recolhidos ao BACEN como uma proporção dos depósitos à vista e a prazo. O depósito compulsório regula o multiplicador bancário ( quanto maior a taxa de recolhimento, menor o multiplicador), imobilizando uma parte maior ou menor dos depósitos bancários e os recursos de terceiros que nelas circulem, restringindo ou alimentando o processo de expansão dos meios de pagamento, sendo, portanto, um poderoso instrumento de política monetária. SELIC – SISTEMA ESPECIAL DE LIQUIDAÇÃO E CUSTÓDIA: Desenvolvido pelo BACEN e pela ANDIMA (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS INSTITUIÇÕES DO MERCADO ABERTO), operando com títulos do Tesouro e do Bacen. São feitos negócios pelo sistema, que são acertados diretamente entre os operadores das instituições financeiras credenciadas a operar no mercado, que repassam as informações, via terminal, ao SELIC, para que ocorram as transferências do dinheiro e dos títulos envolvidos. As instituições que operam à conta do Banco Central são denominadas de “dealers”. As operações podem adquirir e vender títulos todos os dias criando uma taxa chamada de “overnight”. Por ter liquidação prevista para o ato da negociação, a taxa é chamada também de D0. CETIP-CENTRAL DE CUSTÓDIA E DE LIQUIDAÇÃO FINANCEIRA DE TÍTULOS PRIVADOS Similar ao acima, só que abrigando apenas papéis privados, como CDBs, debêntures, CDI, etc. Algumas vezes o sistema pode operar com títulos públicos que estejam em carteiras de instituições privadas. Essas operações processam-se por transferências bancárias de fundos e somente após suas quitações o sistema providencia a transferência de custódia. Sua taxa é conhecida como D1, pois toda compra de títulos somente terá sua liquidação financeira efetuada no dia seguinte, mas, por ser liquidada mediante cheques administrativos de bancos é ainda denominada de taxa ADM (administrativa). Fatores condicionantes da Base Monetária São estes os fatores que alteram, em uma ou outra direção, a Base Monetária: Depósitos do Tesouro Nacional; Operações com títulos públicos federais; Operações do setor externo;

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Assistência Financeira de Liquidez; Aplicações da Reserva Monetária; Depósitos de Instituições Financeiras e de Fundos. Segue-se que, operações do BACEN que afetem as variáveis acima, impactam positivamente ou negativamente a Base Monetária. Assim, p.ex., se o BC adquirir haveres no mercado ou mesmo do Governo (títulos, ouro, divisas) estará ampliando a BM; se vender, a estará reduzindo. Ressalte-se que, se a taxa cambial subir (moeda interna desvalorizar-se/depreciar-se relativamente às moedas estrangeiras), também haverá expansão da Base Monetária - e vice-versa. BALANÇO DOS BANCOS COMERCIAIS ATIVO PASSIVO Caixa e Dep. Nas Aut. Monetárias (= R)

Depósitos do Público (= D)

Crédito Interno (= Cib) BALANÇO DA AUTORIDADE MONETÁRIA ATIVO PASSIVO Reservas Internacionais (= F) Base Monetária (= B) Crédito Interno (= CIc) BALANÇO CONSOLIDADO ATIVO PASSIVO Reservas Internacionais (= F) PMPP ( C = B – R) Crédito Interno (CIb + CIc) Depósitos (=D) OFERTA DE MOEDA = F + CI OFERTA DE MOEDA = C +

D RELAÇÕES IMPORTANTES: B = C + R ; em que B é a Base Monetária BALANÇO DO BANCO CENTRAL EM EQUILÍBRIO: B = F + CIC BALANÇO DOS BANCOS COMERCIAIS EM EQUILÍBRIO: D = R + CIb Multiplicador Bancário dos Meios de Pagamento (M1 / D): m = 1 / 1 - (1-c).(1-r). em que "c" é a relação comportamental do público chamada de preferência pela liquidez, ou seja, o percentual dos seus ativos monetários que os indivíduos preferem reter em moeda manual (MM/DV); "r" é o percentual das reservas bancárias (voluntárias mais legais). Assim, um depósito efetuado em um banco, no valor de 200 milhões; "c" é 25% e "r" é 10%, então: No exemplo dado, teríamos: m = 1/ 1 - (0,75).(0,90)= 3,077 x 200 = 615,38; que seria o aumento em M1. Multiplicador da Base Monetária (M1 / B): ΔM1 = ΔB ( c + 1)/c + r Exemplo: se “c” é 25% e r = 10%; e ΔB = 200 milhões, então: ΔM1 = ((0,25 + 1) /( 0,25 + 0,1)) x 200 = 720 milhões.

Instrumentos de Política Monetária: A Autoridade Monetária dispõe de instrumentos que lhe possibilitam atuar sobre a liquidez do sistema, elevando-o (ação de “irrigação” da economia) ou reduzindo-o (“enxugamento” da liquidez). São eles, classicamente, 3 (três): Taxa da reserva (depósito ou recolhimento) compulsória (ou legal): se esta for elevada, o sistema bancário, além de recolher um diferencial para ajuste de sua posição no BACEN, passará a dispor de menor parcela sobre o incremento dos depósitos - e, assim, verá refreado o seu poder de criar moeda escritural, visto que, na margem, emprestará menos do que antes; e, vice-versa; Taxa do redesconto (assistência) de liquidez: se esta for elevada, o sistema bancário passará a emprestar com mais cautela, reduzindo, dessarte, o risco da necessidade de recorrer ao redesconto de liquidez, com efeito, similar ao acima relatado; e, vice-versa; Operações no Mercado Aberto (Open market): se o BACEN efetuar aquisições líquidas de haveres financeiros, estará ampliando a liquidez; e, vice-versa. No Brasil, o BACEN em algumas vezes recorreu a um outro instrumento, menos usado, de contenção da liquidez, que é o contingenciamento do crédito (estabelecimento de limites quantitativos à expansão deste pelos bancos). Efeitos das variações na liquidez sobre as taxas de juros A moeda, tal como qualquer outra mercadoria transacionada (demandada e ofertada) no mercado, tem um preço, que é o custo de se obtê-la ou o ganho por cedê-la: a taxa de juros. Assim, quando há um aumento em sua oferta, com demanda constante; ou, um aumento em sua oferta que venha a suplantar um eventual aumento em sua demanda, o excesso dessa mercadoria deprimirá seu preço - a taxa de juros cairá; e, vice-versa. Daí que o Banco Central, ao utilizar-se dos instrumentos de política monetária citados, provocará oscilações, para cima ou para baixo, da taxa de juros.

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2-MACROECONOMIA KEYNESIANA. HIPÓTESES BÁSICAS DA MACROECONOMIA KEYNESIANA. AS FUNÇÕES CONSUMO E POUPANÇA. DETERMINAÇÃO DA RENDA DE EQUILÍBRIO. O MULTIPLICADOR KEYNESIANO. OS DETERMINANTES DO INVESTIMENTO. MACROECONOMIA KEYNESIANA Hipóteses básicas: Economia fechada e sem governo; Consumo e Poupança sendo funções do nível da Renda Absoluta dos indivíduos; O Investimento é tratado inicialmente como variável dada. TEORIA DO CONSUMO O problema é: Keynes formulou sua “função-consumo” de maneira apriorística, isto é, não procurando comprovação empírica., com: Propensão marginal a consumir positiva, porém inferior à unidade e também DECRESCENTE; além disso, propensão média a consumir maior do que a propensão marginal a consumir, podendo inicialmente ser maior do que a unidade, mas também decrescendo. Assim: C = f (Y), com PMeC = C/Y e PMgC = dC/dY, sendo a primeira positiva para qualquer valor da Renda; e, a segunda, positiva mas inferior à unidade. Complementares à “Função-Poupança”: S = f(Y), em que PMeS = S/Y e PMgS = dS/dY, a primeira sendo positiva ou negativa e complementar à PMeC; e a segunda sempre positiva e inferior à unidade (com PMgC + PMgS = 1). OBSERVAÇÃO: GRÁFICOS EM SALA Modelo de Demanda Agregada de inspiração keynesiana: Caracteriza-se por um conjunto de equações com o objetivo de se determinar o nível de equilíbrio do mercado de bens e serviços, ou seja, aquele nível em que não há impactos recessivos nem inflacionários sobre o nível das atividades de uma economia, conseguido se, “ex-ante”, um conjunto de variáveis denominadas de “injeções”, em seu somatório vier a igualar-se com o outro conjunto de variáveis denominadas de “vazamentos” ou “filtrações” (leakages). Assim, a equação de equilíbrio seria (para economia fechada e sem governo): Y = C + I Em que: Y = Renda Nacional; C = Consumo das famílias; I = Investimento Atribuindo-se os devidos valores às variáveis, obtém-se o nível de equilíbrio do lado real da economia, visto que a Renda Nacional terá como contrapartida a Demanda Agregada. Esse equilíbrio se dá no nível da Renda em que a Poupança “ex-ante” foi igual ao Investimento “ex-ante”. S = Y Para Keynes, o Investimento é menos estável do que o Consumo, sendo dependente da taxa de juros

(inversamente) e da Eficiência Marginal do Capital (Taxa Interna de Retorno, em linguagem moderna), ou seja, o Investimento cresce se a EMC for maior do que a taxa de juros. MULTIPLICADOR SIMPLES DO INVESTIMENTO É uma constante que relaciona a VARIAÇÃO NA RENDA NACIONAL (dY) causada pela variação no Investimento (dI). Assim: dY = dY/dI (dI), sendo o multiplicador do Investimento = dY/dI, que é dado pela seguinte relação: 1 / 1 – PMgC ; ou, o que dá no mesmo, o inverso da PGgS: 1/PMgS O multiplicador só causará efeitos efetivos na Renda real se houver capacidade ociosa na economia. Se esta já estiver à plena capacidade, seu efeito será meramente NOMINAL (isto é, monetário ou inflacionário). Além disso, o multiplicador NÃO possui efeito “de uma vez para sempre”, isto é, ele esgota seu mecanismo ao final de um período. Para que haja variação CONTINUADA na Renda teria que haver nova variação no Investimento. OS DETERMINANTES DO INVESTIMENTO I = f (EMC; r) Em que "r" é a taxa de juros do mercado de capitais; EMC é a Eficiência Marginal do Capital, ou seja, a taxa que iguala o total dos retornos líquidos esperados do investimento ao valor do capital investido. Ao contrário da estabilidade da variável Consumo, Keynes julgava que as crises econômicas eram causadas exatamente pela instabilidade do Investimento, a qual, por seu turno, resultava dos humores do empresariado em suas projeções quanto ao futuro (“ espírito animal”) SETOR GOVERNO E POLÍTICA FISCAL Com a introdução do Setor Público no modelo keynesiano, teremos: Y = C + I + G C = cYd (Yd=Renda Disponível; “c” é a PMgC) Yd = Y – T + Tr T = Ta + tY (Ta são os Tributos autônomos e tY os induzidos, com “t” sendo a PMgT) Tr são as Transferências do Governo (tipo Pensões e Aposentadorias) A Renda de Equilíbrio será: Y = c(Y – T + Tr) + I + G; ou: Y = cY – cT + cTr + I + G; ou: Y = cY – c(Ta + tY) + cTr + I + G; donde, finalmente:

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Y = cY – cTa + ctY + cTr + I + G (que é o nível de equilíbrio). Haverá equilíbrio na economia se: I + G + Tr = S + T (ou seja: as injeções = vazamentos) MULTIPLICADORES: se houverem apenas tributos do tipo autônomos, ou seja, com alíquota “t” = 0: dY = ( dY/dTa)dTa multiplicador dos tributos dY = ( dY/dG)dG multiplicador do Gasto Público Daí que se: dG = dT teremos o multiplicador unitário (ou, de Haavelmo; ou, do orçamento equilibrado), isto é, se o Gasto crescer no mesmo valor do Tributo, o nível da Renda crescerá NESSE MESMO VALOR; Similarmente, se dTa = dT, a Renda não sofrerá variação (dY = 0); mas, se ocorrerem os dois tipos de tributos: autônomos E os induzidos, o resultado será ligeiramente diferente: a Renda ainda cresce se dG = dT, mas proporcionalmente menos, pois haverá um vazamento para pagar o imposto de renda. Exercício em sala. COM ECONOMIA ABERTA: ACRESCENTAM-SE AINDA DOIS NOVOS MULTIPLICADORES: O das Exportações : 1 / denominador comum I das Importações autônomas: 1 / denominador comum se todas as Importações forem autônomas; Se ocorrerem também Importações induzidas (endógenas), acrescenta-se no denominador a Propensão Marginal a Importar ( “m”); COM INVESTIMENTOS ENDÓGENOS OU INDUZIDOS PELA RENDA: O denominador dos multiplicadores será acrescentado da Propensão Marginal a Investir: (“-i”). SUPERMULTIPLICADOR: Considerando todas as variáveis possíveis: ΔY = Ca + Ia + G +cTa + cTG + X – Ma ((1-c)+ct+m-i)) NOVAS TEORIAS: INVESTIMENTO E MERCADO DE AÇÕES (JAMES TOBIN). Imagine uma empresa que possua 100 maquinas e 100 ações em circulação — uma ação por máquina. Imagine que o preço da ação seja de US$2 e o da máquina seja de apenas US$1. Obviamente a empresa deveria investir — comprar uma nova máquina e financiar a compra por meio da emissão de uma ação. Cada máquina custa para a empresa US$1, mas os participantes do mercado de ações estão dispostos a pagar US$2 por ação correspondente a essa máquina uma vez instalada na empresa.

Este é um exemplo de um argumento mais geral apresentado por James Tobin: deveria haver uma relação firme entre o mercado de ações e o investimento. Ao decidir se iriam investir, argumentava, as empresas não precisariam recorrer a cálculos complexos como os que vimos no texto. Com efeito, o preço das ações diz às em-presas qual o valor que o mercado atribui a cada unidade de capital já instalada. A empresa tem então um problema simples: comparar o preço de aquisição de uma unidade adicional de capital com o preço que o mercado está disposto o pagar por ela. Se o valor atribuído pelo mercado de ações superar o preço de aquisição, a empre-sa deveria adquirir a máquina; caso contrário não deveria fazê-lo. Tobin construiu então uma variável correspondente ao valor de uma unidade de capital já instalada em relação a seu preço de aquisição e observou como suas variações se aproximavam daquelas do investimento. Ele utilizou a letra “q” para denominar a variável e esta se tornou co-nhecida como q de Tobin. Sua construção segue os seguintes passos: (1) Pegue o valor total das empresas dos EUA, segundo a avaliação dos mercados financeiros. Isto é, calcule a soma de seus valores de mercado (o preço da ação multiplicado pelo número de ações). Calcule também o valor total de títulos em circulação (as empresas se financiam não apenas por meio de ações mas também de títulos). Some o valor de ações e títulos. 2) Divida este valor total pelo valor do estoque de capital das empresas dos EUA a custo de reposição (o preço que as empresas pagariam para substituir suas máquinas, instalações e assim por diante). A razão entre ambos nos proporciona o valor de uma unidade de capital instalado em relação a seu preço corrente de aquisição. Essa razão o q de Tobin. Intuitivamente percebemos que quanto mais elevado for q maior será o valor do capital em relação a seu preço corrente, e, portanto, maior terá que ser o investimento. (No exemplo do início deste quadro, o q de Tobin é igual a 2, a empresa deveria, definitivamente investir.) Qual a firmeza da relação entre o q de Tobin e o investimento? A resposta é dada pela Figura 1, que mostra as duas variáveis, ano a ano, de 1947 a 1990, nos EUA. No eixo vertical esquerdo está a taxa de variação da razão entre investimento e capital. No eixo da direita está medida a taxa de variação do q de Tobin. Esta variável está defasada de um ano. Em 1987, por exemplo, a figura mostra a taxa de variação da razão entre investimento e capital de 1987 e o taxa de variação do q de Tobin do ano de 1986— isto é um ano antes. O motivo desta apresentação é que a relação mais firme dos dados é aquela entre o investimento deste ano e o q de Tobin do ano passado. Dito de outra forma, variações no taxa de investimento estão associadas mais estreitamente a variações do mercado de ações no ano anterior do que no ano corrente; isto pode ser a conseqüência de que as empresas levam tempo para tomar decisões de investimento, construir novas fábricas e assim por diante.

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A mensagem da figura é clara: há uma relação firme entre o q de Tobin e o investimento. Isto provavelmente não seja porque as empresas seguem cegamente os sinais do mercado de ações, mas porque as decisões de investimento e os preços nos mercados de ações dependem dos mesmos fatores — lucros futuros esperados e taxas de juro frituras esperadas. FIGURA 1 q de Tobin versus coeficiente investimento/capital. Taxas anuais de variação, 1947-1990. No eixo das Ordenadas: TAXA DE VARIAÇÃO DA RAZÃO ENTRE INVESTIMENTO E CAPITAL ANOS

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3–O MODELO IS-LM. O EQUILÍBRIO NO MERCADO DE BENS. A DEMANDA POR MOEDA E O EQUILÍBRIO NO MERCADO MONETÁRIO. O EQUILÍBRIO NO MODELO IS/LM. POLÍTICAS ECONÔMICAS NO MODELO IS/LM. EXPECTATIVAS NO MODELO IS/LM. O LADO MONETÁRIO: Antes de ingressarmos no modelo Hicks-Hansen (IS-LM), também conhecido como “a Síntese Neoclássico-Keynesiana”, é necessário entendermos como os economistas clássicos viam a questão monetária. Valia a chamada Teoria Quantitativa da Moeda, a qual postulava que as variáveis NOMINAIS não afetavam as do lado real da economia, ligando-se apenas à outras variáveis puramente nominais. Guardava-se moeda apenas para transações, visto que a mesma seria um ativo estéril. A base desse pensamento é a chamada Equação de Trocas: MV = Py Em que “M” são os Meios de Pagamento circulantes; “V” é a velocidade de circulação da Renda; “P” é o nível médio dos preços; e “y” é o Produto físico (real). Da equação acima, deduz-se facilmente (em sala) que há uma relação direta entre as variações nos Meios de Pagamento e nos Preços. Mais ainda: em uma primeira versão clássica, os Meios de Pagamento deveriam variar na mesma proporção da taxa do Produto real. Se mais, haveria inflação; se menos, deflação (veremos adiante, nas Teorias de Inflação). Contudo, na Revolução Keynesiana, a Demanda ou (Preferência) por Liquidez (Moeda) possui três componentes: Transacional = função da Renda Precaucional = idem Especulativo (não existe para os clássicos, pois não haveria razão para entesouramento perante taxas de juros positivas no mercado de capitais). Porém Keynes argumenta que: R = ganho anual de um título (exemplo: uma debênture perpétua); r = taxa de juros anuais Preço do título: P = R / r Se o indivíduo julgar que no período seguinte r' deverá ser maior do que hoje (r), então poderia deixar para comprar o título depois - mas perderia R do atual período. Com um pouco de matemática, pode-se inferir que sua perda pelo adiamento, devido à baixa de cotação (preço) do título, será: R/r - R/r' Se essa perda for maior do que R do período atual, será melhor entesourar, ou seja,

Le (demanda especulativa) positiva, se R/r - R/r' for maior do que R ou: r' > r / 1 - r Assim, por exemplo, se r = 6% haverá Le se r > 6,38% Ainda conforme Keynes, haveria um piso na taxa de juros (uns 2% aa, arriscava). Neste ponto, só se poderia esperar uma SUBIDA na taxa de juros, pelo que, possivelmente todos entesourariam moeda. Tratando a Oferta de Moeda com dada, segue-se que o equilíbrio no mercado monetário será: Lt + Lp + Le = Ms Gráfico em sala. O MODELO IS-LM (Gráficos em sala Lado real: o equilíbrio ocorre se as injeções equivalerem aos vazamentos da Renda, ou seja: I+G+X = S+T+M O lado real será determinado pela curva IS. O Lado monetário ou nominal: pela curva LM. A curva IS é o lugar geométrico que mostra as "n" alternativas de combinações entre a taxa de juros e o nível da Renda, compatíveis todas com situações de equilíbrio no lado real da economia; A curva LM é o lugar geométrico que mostra as "n" alternativas de combinações entre a taxa de juros e o nível da Renda, compatíveis todas com situações de equilíbrio no lado nominal (monetário) da economia. A curva IS é descendente e sua inclinação depende da elasticidade do Investimento em relação à taxa de juros. Será menos inclinada se essa elasticidade for alta - e vice-versa; A LM é, basicamente, ascendente, embora na formulação mais antiga tenha dois trechos diferentes: na armadilha da liquidez é infinitamente elástica; à taxas de juros excepcionalmente elevadas pode tornar-se totalmente inelástica. POLÍTICA ECONÔMICA NO MODELO IS-LM POLÍTICA MONETÁRIA Curvas IS LM Muito inelástica Ineficaz ou Pouco Eficaz Pouco inelástica Eficaz Ineficaz ou Pouco

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POLÍTICA FISCAL Curvas IS LM Muito inclinada Eficaz Ineficaz ou Pouco Pouco inclinada Ineficaz ou Pouco Eficaz Os GRÁFICOS EM SALA mostram os resultados acima. EXPECTATIVAS NO MODELO IS-LM 1. Expectativas e IS Quando se incorporam as expectativas dos agentes econômicos acerca do período posterior, temos o seguinte: A curva IS continua descendente, porém é mais íngreme do que antes, Dessa maneira, a taxa de juros corrente possui um efeito ainda menor sobre ela; As variações em G (Gasto Público) e/ou em T (Tributação) deslocam a IS em proporção maior do que o normal, se são esperadas que no futuro persistam. Em outras palavras: a política fiscal é mais eficaz com as expectativas e a monetária menos eficaz. Expectativas e LM A incorporação das expectativas NÃO altera a LM, visto que as decisões sobre reter moeda para transações e para especulação são função apenas dos níveis de Renda e de Taxa de Juros correntes. 3. Política Monetária e Expectativas A taxa de juros REAL é a taxa de juros nominal menos a inflação esperada. Se há uma expansão monetária, a taxa nominal de juros cairá. Mas o efeito dela sobre a taxa de juros REAL dependerá: se o mercado revisar suas expectativas sobre a taxa de juros nominal ESPERADA; se o mercado revisar suas expectativas sobre a taxa de inflação corrente e a futura. Se a taxa inflacionária (atual e prevista) é nula, então a taxa de juros nominal é igual à taxa real. Neste caso a expansão monetária deslocará a LM para baixo, produzindo pequeno impacto sobre a IS. Porém se a expectativa foi de maior baixa na taxa de juros no futuro e subida na Renda, a IS se deslocará e o efeito sobre a Renda será maior. 4. Política Fiscal e Expectativas Aqui, imagine-se que o Governo anuncia que vai reduzir o déficit público mediante corte nos Gastos presentes E FUTUROS. O que poderá ocorrer ?

Se as expectativas quanto ao nível da Renda esperada e quanto à taxa de juros não se alterarem, então a IS se deslocará para a esquerda e o nível da renda cairá; No MÉDIO PRAZO: a redução anterior levará à queda nos juros, seguindo-se um aumento no Investimento. Teremos então dois movimentos: o corte nos Gastos reduz a Renda e o dos juros a eleva. Possivelmente o resultado disso será a estabilização da Renda no médio prazo; No LONGO PRAZO: os efeitos do aumento do Investimento (multiplicadores) redundarão em incremento na capitalização e, daí, aumento no nível da Renda. Voltando ao PRESENTE: O anúncio do corte dos Gastos Públicos terá três efeitos: Deslocamento da IS p/ a esquerda; Deslocamento da IS p/ a direita pelas perspectivas; Deslocamento da IS para a direita pela queda nos juros. Resultado líquido: Se a expectativa for de que o corte nos Gastos se aprofundará nos períodos seguintes, a Renda poderá crescer mesmo no curto prazo. Assim, medidas vistas pelo mercado como redutoras em distorções vigentes, podem melhorar as expectativas e fazer crescer a Renda. Exemplo: uma reforma previdenciária que antecipe melhoria das contas públicas e, por isso, queda futura nos juros, poderá fazer crescer a Renda. UM APÊNDICE: AS EXPECTATIVAS RACIONAIS O principal postulado da escola dos Novos Clássicos (a chamada escola das Expectativas Racionais) é o de que as variáveis reais são insensíveis, no longo e no curto prazo, tanto à política fiscal quanto à monetária. As expectativas racionais são formadas com base em todas as informações relevantes disponíveis sobre a variável. Os indivíduos compreendem como cada variável observada afetará outra. Exemplo: Uma política monetária expansiva apregoada. Os indivíduos sabem que isso irá elevar os preços e, conseqüentemente, deprimir o salário real. Portanto, os trabalhadores ofertarão menos horas de trabalho (coerentes com a função oferta de emprego diretamente dependente do nível de salário real), trazendo como decorrência a curva de Oferta Agregada para trás - anulando o deslocamento da demanda agregada pela expansão monetária. Se a expansão monetária for efetuada sem aviso, durante um curto lapso de tempo poderá surtir algum efeito, mas logo será percebida e perderá o mesmo. O mesmo ocorreria com qualquer alteração da política fiscal. Daí que os Novos Clássicos são inteiramente adeptos do livre-mercado, pela absoluta ineficácia que atribuem às políticas econômicas, as quais, segundo eles, apenas trariam distúrbios inúteis à economia.

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4-MODELO DE OFERTA E DEMANDA AGREGADA, INFLAÇÃO E DESEMPREGO. A FUNÇÃO DEMANDA AGREGADA. AS FUNÇÕES DE OFERTA AGREGADA DE CURTO E LONGO PRAZO. EFEITOS DA POLÍTICA MONETÁRIA E FISCAL NO CURTO E LONGO PRAZO. CHOQUES DE OFERTA. INFLAÇÃO E EMPREGO. DETERMINAÇÃO DO NÍVEL DE PREÇOS. INTRODUÇÃO ÀS TEORIAS DA INFLAÇÃO. A CURVA DE PHILLIPS. A RIGIDEZ DOS REAJUSTES DE PREÇOS E SALÁRIOS. A TEORIA DA INFLAÇÃO INERCIAL E A ANÁLISE DA EXPERIÊNCIA BRASILEIRA RECENTE NO COMBATE À INFLAÇÃO. 4.1 A função Demanda Agregada Obs.: gráficos em sala Esta função apresenta o nível de produto demandado para cada nível de preço. É construída pelos pontos resultantes das interseções da IS com a LM, visto que: M / P = L (Y; r) Quando P aumenta, então isso desloca a oferta monetária (M/P) para a esquerda (porque esta se reduz em valor), o que eleva a taxa de juros, deprimindo a Demanda Agregada. A curva da Demanda Agregada desloca-se quando variam os fatores que alteram a IS ou a LM. Exemplos: Ms (com P constante); ou, ainda: G; T; X; M. As funções de oferta agregada de curto e longo prazo No curto prazo: A função Oferta Agregada é ascendente (o Produto cresce a Preços mais elevados) porque para se produzir mais se precisa de mais mão-de-obra e esta só será mais ofertada a salários mais altos, o que levará os preços também para cima. Os trabalhadores padecem de ilusão monetária, por isto não visualizam que o salário nominal mais elevado trará um preço esperado (futuro) mais alto, trazendo o salário real ao seu nível anterior. No longo prazo: A função OA (Oferta Agregada) deslocar-se-á quando relaxamos a condição ceteris paribus. Assim: As empresas produzem no ponto em que P = CMg Portanto, todo fator que aumentar o custo marginal para cada nível de produto, elevará a OA. Ex.: uma mudança na expectativa dos trabalhadores quanto ao nível futuro de P. Extrapolando para os demais fatores, qualquer aumento autônomo nos preços de qualquer um deles aumenta o CMg para cada nível de Produto e desloca a OA para a esquerda (ex.: preços dos insumos) Efeitos da política monetária e fiscal no curto e no longo prazo: Política Monetária: No curto prazo: Expansão monetária; juros menores; investimento maior; demanda agregada maior; maior nível de Oferta.:

No longo prazo: O nível de preços aumenta porque os salários nominais subiram com o aumento do emprego. Aquele aumento reduzirá o estoque real de moeda (M/P) e com isso a taxa de juros aumentará retornando o Produto ao nível natural. Apenas W e P ficaram mais elevados (variáveis nominais, não as reais). Obs.: Para os Novos Clássicos já no curto prazo a política monetária seria ineficaz, pois os agentes econômicos antecipam que a expansão trará aumento nos preços e por isso a oferta de emprego não aumentará. Efeitos da Política Fiscal: Expansão dos Gastos Públicos e/ou Redução de Tributos: No curto prazo: Sobe a demanda agregada e, portanto, o Produto. A taxa de juros também sobe, inibindo o Investimento. Há um fenômeno chamado crowding out, mas com alguma elasticidade do Investimento em relação à taxa de juros, mesmo baixa (porém maior do que zero) o impacto líquido é positivo. O ajuste, no longo prazo, passa pelo aumento dos preços reduzindo a estoque real de moeda e por maior aumento dos juros reduzindo ainda mais as intenções de investir, retornando o sistema ao equilíbrio inicial. CHOQUES DE OFERTA Causados por avanço tecnológico ou por aumento no preço de insumos externos. A OA sobe ou desce. Exemplo: o aumento do preço do petróleo causa, tanto no curto quanto no longo prazo, a queda do Produto. No curto prazo, faz com que os preços subam, o que leva à redução do estoque real de moeda e à contração da demanda e do produto. No longo prazo, o salário real pago pelas empresas aumenta a taxa natural de desemprego, o que, por sua vez, diminuirá o nível natural do produto. Sobre isto, veja-se o tópico a seguir: ESTAGFLAÇÃO: O preço de um insumo importado aumenta; sua importação cai, inclusive porque (X-M) reduz-se. Isso leva à queda em Y e conseqüentemente em Dn (demanda por trabalho). Mas, como o salário nominal é rígido, manter-se-á no nível original, deixando reduzida a demanda por trabalho e com ela a menor produção (estagnação) com maiores preços (inflação) = estagflação. INFLAÇÃO E DESEMPREGO: Determinação do nível de Preços Podemos definir as funções da Demanda Agregada e da Oferta Agregada, de maneira mais completa: Demanda Agregada: Yt = Y (M/Pt ; G; T-) para economias fechadas;

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Ou seja: a DA é função crescente do estoque real de moeda e dos gastos públicos; e função decrescente dos tributos. Oferta Agregada: Pt = Pe (1 + m) f (1 – Y/L; z) Ou seja: a OA é função crescente dos preços esperados, da margem de lucro ou mark up (m); do nível de emprego (1 – Y/L); e das condições institucionais que afetam os contratos salariais (ex.: salário-desemprego). Equilíbrio geral e determinação dos preços: Ocorre na interseção das duas funções. Imagine que o Produto de equilíbrio encontra-se ACIMA (à direita) do Produto “natural” (que corresponde ao nível de produção que iguala o desemprego existente à sua “taxa natural”, que veremos adiante). Neste caso, o nível de Preços também será maior do que o nível de Preços Esperados. Assim, os fixadores de salários revisam suas expectativas de preços para cima e a curva de AO se desloca para cima (esquerda): o Produto se reduz e o nível de Preços aumenta, até que, no médio prazo, o Produto de equilíbrio se iguala ao nível do produto dito “natural”. Na situação inversa teríamos os mesmos efeitos e deslocamentos. INTRODUÇÃO ÀS TEORIAS DE INFLAÇÃO: Inflação de Demanda: “Pura”, quando a Demanda Agregada supera a Oferta de Pleno Emprego. “Estrangulada”, quando a Demanda Agregada se eleva mas a Oferta ainda pode responder, pois há capacidade ociosa no sistema. Óticas diferentes: Para os Neoquantitativistas ou Monetaristas, o excesso de demanda ocorre quando há indisciplina monetária do Banco Central, que expande a moeda além da conta. Nesta ótica, a Moeda é dita “Ativa”. Na versão tradicional da Teoria Quantitativa da Moeda: dP/P = (((1 + dM) / (1 + dy)) – 1 ) 100 O que implica que a expansão monetária deveria ser igual à do Produto físico para se obter inflação nula. A chamada “reconstrução de Friedman” à TQM, temos sua “regra de ouro”: M/P (1/N) = k (Yp/n)δ M/P (1/N) é a Oferta real de Moeda per capita; "k” é a velocidade de circulação da Renda; “Yp” é a Renda permanente na ótica friedmanniana; e “δ” é a elasticidade demanda de moeda em relação à Renda real permanente per capita. Assim, nessa visão a demanda real de moeda per capita é função da Renda real permanente per capita. Para Friedman a Moeda é um bem de luxo, pois sua elasticidade renda-demanda nos EUA é de 1,8.

Para os Novos Keynesianos e similares (também chamados de Fiscalistas), a Moeda é “passiva” ou endógena, normalmente sendo emitida em decorrência da monetização do déficit público. Inflação de Custos: Ocorre: por pressões AUTÔNOMAS de custos (aumento do grau de mark up dos empresários); por pressões salariais: se um aumento salarial REAL ultrapassar a taxa de crescimento da produtividade física; por pressões nos preços dos insumos importados (ex.: petróleo). Inflação estrutural: Ocorre por pressões de custos PERSISTENTES devidas a vícios (distorções) na formação das economias periféricas, em especial: a inelasticidade da oferta de alimentos devido ao latifúndio e à produção voltada para fora; rigidez das importações concomitantemente com o baixo dinamismo das exportações, de bens primários, ocasionando déficits externos e com estes a desvalorização cambial; limitada capacidade do Estado em arrecadar versus maiores necessidades de gastar. Inflação inercial: Ocorre pelo conflito redistributivo entre os agentes econômicos, o que os leva a procurar sempre indexar seus preços pela inflação anterior a fim de manter sua participação relativa na Renda: trabalhadores-salários; empresários-preços; governo-impostos; exportadores-taxa cambial. Quando há um novo choque, de oferta ou de demanda, a inflação sobe de patamar e passará a ser por inércia empurrada para a frente nessa nova taxa. INFLAÇÃO E DESEMPREGO: A CURVA DE PHILLIPS: A versão original é de 1958, quando ªW.Phillips publicou seu artigo mostrando o ajustamento que fez a partir de dados da economia britânica cobrindo cerca de um século (1861/1913) relacionando as variações na taxa de desemprego e na dos salários nominais. Posteriormente as novas versões substituíram a taxa salarial nominal pela taxa de inflação, considerando a correlação forte entre estas duas variáveis. Estava criado o famoso trade-off entre inflação versus desemprego . Uma outra versão, de origem Monetarista, é chamada de “versão aceleracionista” da Curva de Phillips. Nesta, as expectativas de inflação se formam a partir da inflação passada. Se um aumento na oferta monetária produzir uma taxa de inflação efetiva maior do que a projetada, haverá uma subida eufórica do Produto e do nível de emprego. Mas, no longo prazo, o sistema retorna ao equilíbrio, como visto anteriormente, às custas de queda nestas duas variáveis.

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É importante assinalar que a Curva apresenta uma faixa totalmente inelástica que mantém um valor positivo no eixo das abscissas, correspondente à: Taxa Natural de Desemprego (TND): Essa é a “taxa de desemprego de pleno emprego” ou “taxa estrutural de desemprego”, obtida quando o mercado está em equilíbrio. Nos EUA considerava-se como período base referencial a metade da década dos 50 (4% da PEA). Na verdade essa taxa é obtida como uma média ponderada das taxas naturais de desemprego dos subgrupos da força de trabalho. Assim, a dos adolescentes será maior; para os homens de primeira idade, mais baixa e assim por diante. Formulação analítica: 0 = (m + z) - αu em que “m” é a margem (mark up); “u” é a taxa de desemprego; e α o coeficiente de sensibilidade nível de salários/taxa de desemprego., isto é, de quanto baixam os salários, em média, quando aumenta a taxa de desemprego. Da equação acima: u = m + z α Ou seja: quanto maior o mark up, ou quanto maiores os efeitos institucionais sobre a determinação dos salários (como os benefícios-desemprego), mais alta será a taxa natural. Assim, essa taxa sofre variações a partir de fatores institucionais: legislação anti-trust que baixe o grau de mark-up (a TND se reduz); aumento dos benefícios-desemprego (a TND aumenta); Há outros fatores: modificações na composição etária e de gênero da população, por exemplo, fazendo variar o coeficiente α. Relacionada a isso se encontra a conhecida: NAIRU (nonaccelerating inflation rate of unemployment): Ou seja, a taxa de inflação que não aumenta o desemprego, que seria a taxa de equilíbrio do nível de preços compatível com a TND. Uma taxa menor de inflação só seria obtida às custas do aumento da taxa de desemprego. Formulação: Da equação acima, da Curva de Phillips: π1 - πt-1 = - α(u1 – un) A variação da inflação depende da diferença entre a taxa de desemprego corrente e a natural. Quando a primeira for maior do que a segunda, a inflação cai – e vice-versa. Ainda relativamente à questão do desemprego, por outro lado existe a:

Lei de Okun: Preocupada com o hiato entre o Produto real e o Produto potencial (este, o de pleno emprego). Ainda relativamente à questão do desemprego, por outro lado existe a Lei de Okun, preocupada com o hiato entre o Produto real e o Produto potencial (este, o de pleno emprego). Segundo os cálculos de Okun para a economia norte-americana, essa relação estaria conforme: ∆u = -0,4ppc (y – 2,5%); sendo ∆u = taxa de desemprego; “y” é a taxa de crescimento do produto; e 2,5% a taxa tendencial do Produto. Assim, a taxa de desemprego declina quando o crescimento do produto estiver acima da taxa tendencial de 2,5%. Especificamente: para cada ponto percentual de crescimento do Produto ACIMA da taxa tendencial, que for mantida por um ano, a taxa de desemprego cairá 0,4 pontos percentuais. Supondo que o crescimento seja de 5% (com mais os 2,5% da taxa tendencial = 7,5%) o desemprego será reduzido em 1%. HISTERESE: A persistência histórica de alto nível de desemprego durante muito tempo (década dos 70 após o choque do petróleo) levou a que, cessadas as políticas deflacionárias que o causaram, quando a inflação finalmente voltou ao nível habitual a taxa estrutural de desemprego (natural) não mais retornou ao nível histórico anterior à crise, subindo de patamar. Isso possivelmente ocorreu devido a que os contingentes de desempregados adicionais já haviam mudado de hábitos – tornando-se autônomos ou engrossando as atividades informais. A RIGIDEZ DOS REAJUSTES DE PREÇOS E SALÁRIOS: Nas economias modernas, muitos preços e salários são fixados em termos nominais por algum tempo e NÃO COSTUMAM SER REAJUSTADOS QUANDO HÁ MUDANÇA DE POLÍTICA ECONÔMICA. Assim, uma política monetária contracionista levaria a um aumento no desemprego, não nos salários, pois estes já embutiriam uma inflação antecipada nos acordos salariais, que não poderia ser reduzida de maneira instantânea. Além disso, os contratos salariais das diversas categorias são escalonados no tempo. Por isso, alguns já estão em vigor há muito tempo e outros ainda no início, por isso, não há como muda-los igualmente. Outro argumento reside nos “salário-eficiência”. Para manter a fidelidade e a produtividade, uma vez que investiu em qualificação dos empregados, a empresa embute um plus em seus salários. Por isso, uma retração monetária não consegue com eficiência fazer com que elas reduzam os salários, pois temem os perigos dessa medida. Finalmente, muitas empresas mantêm os preços durante algum tempo mesmo com mudanças na política

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monetária, para não terem de arcar com os “custos do menu (cardápio), que representa os gastos com as mudanças de suas listas de preços e avisos a clientes e fornecedores. A TEORIA DA INFLAÇÃO INERCIAL E A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA RECENTE NO COMBATE À INFLAÇÃO FEV. 1986 – Gov. Sarney (Nova República): Plano Cruzado: Congelamento de salários, preços, taxa de câmbio e demais valores (proibida a indexação, substituída a ORTN pela OTN de valor mensal constante); Valores contratuais (salários, aluguéis, etc) corrigidos por uma “tablita” para um valor médio do ano; Instituição do “gatilho” salarial (quando a inflação chegasse a 205); Troca da moeda (cruzeiro pelo cruzado na razão 1000/1). A inflação de 230% em 1985 caiu para 58% em 1986. Mas a taxa cambial valorizada e o aumento da Renda (pelo fim do imposto inflacionário), fizeram explodir o déficit externo trazendo a moratória em 1987; Quebrara-se a inércia, mas não as causas estruturais da inflação: por isso o ágio surgiu e aos poucos as tabelas foram abandonadas. Jul/set.1986: Cruzadinho: Tímido pacote fiscal para conter a demanda Empréstimos compulsórios sobre combustíveis e automóveis; Expurgo no índice de preços para procrastinar o gatilho. Nov/86 a jun/87: Cruzado II: Pacote fiscal: reajuste das tarifas de serviços públicos e aumento de impostos (sobre automóveis, bebidas e cigarros); Voltou a indexação cambial (minidesvalorizações do cruzado) e nos títulos públicos; Moratória em fev/97 para forçar uma renegociação da dívida e ganhar a simpatia popular. Jul/87: Plano Bresser: Choque deflacionário com a supressão do gatilho e busca da redução do déficit público; Salários congelados por 3 meses com a introdução da URP – reajustes com perdas reais para níveis salariais maiores; Congelamento de 3 meses, mas precedido de vários reajustes no início; A inflação caiu de 26% em junho para 3% em julho; Mais perda de poder aquisitivo, pois no cálculo inicial para a URP um mês foi “esquecido”; Inflação voltou a subir para 14% em dezembro com o descongelamento. Jan/dez.1988: Política do “Feijão-com-arroz” (Maílson da Nóbrega):

Metas modestas de estabilização da inflação e redução gradual do déficit público; Suspensos por dois meses os reajustes de tarifas e salários de servidores públicos; Congelamento dos saldos de empréstimos bancários para segurar a criação de moeda. Janeiro/89: Plano Verão (de novo, Bresser Pereira): Congelamento temporário de preços e salários; Taxas de juros elevadas. Ao final do ano o país mergulhava na hiperinflação. Não mais existiam praticamente “contas correntes” (DVBC, componente principal do M1), mas sim “contas remuneradas”, indexadas diariamente. 1990: Plano Collor (Plano Brasil Novo): Retenção de cerca de 80% dos ativos financeiros para conter a demanda e forçar a baixa dos preços. “Torneirinhas” abertas cada vez mais fizeram a moeda retornar antes do prazo e a inflação retornou. 1991: Plano Collor II (Marcílio Marques Moreira): Elevadas taxas reais de juros Renegociação da dívida externa; Algumas mudanças no sistema financeiro. 1994: Plano Real (André Lara Rezende e Pérsio Arida – Plano LARIDA): Âncora fiscal: criação do Fundo Social de Emergência (análogo ao atual DRU); Âncora monetária: metas de expansão monetária; forte aumento dos depósitos compulsórios; Âncora cambial: real (nova moeda) engessado ao dólar + abertura ao comércio externo, forçando pelas importações baratas a redução das margens de lucro internas e a busca de maior produtividade. Enquanto o Índice de Preços no Atacado variou em 47,23% entre julho de 1994 e dezembro de 1998 (período em que nossa taxa de câmbio foi engessada pelo BC no chamado “sistema de bandas”), a correção no valor do dólar (taxa de câmbio real/dólar) no mesmo período foi de apenas 23,5%. Isso significa que os exportadores tiveram uma perda real, no período, em torno (na média) de 19,2%. Elevadas taxas de juros para inibir a demanda e fechar as contas externas, além de formar gigantescas reservas para manter as “bandas cambiais”; Quebra da inércia pelo realinhamento dos preços relativos entre março e junho/94 com a introdução da URV, uma moeda de conta que se atualizava a cada dia. Resultados: Inflação: contida; Saldo externo: piorou muito (Balança Comercial negativa entre 1995 e 1999); Orçamento Público: déficits crescentes aumentando a dívida interna.

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5-MACROECONOMIA ABERTA. ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS. REGIMES CAMBIAIS. CRISES CAMBIAIS. O MODELO IS/LM NUMA ECONOMIA ABERTA. POLÍTICA MONETÁRIA E FISCAL NUMA ECONOMIA ABERTA. POLÍTICA CAMBIAL NO PLANO REAL. MODELO MUNDELL-FLEMING: Alia às conhecidas curvas IS e LM também a Curva BP, que representa o lugar geométrico dos pontos de equilíbrio do Balanço de Pagamentos (SBP = 0) compatíveis com pares de alternativas entre taxas de juros e nível de Renda. (Ver gráficos em sala) ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS Já visto na Unidade I REGIMES CAMBIAIS Fixo: com o Banco Central comprometendo-se a manter fixa uma paridade entre a moeda doméstica e uma moeda conversível ou ouro; Flutuante: na qual o BC deixa ao mercado (oferta e demanda de divisas) a tarefa de estabelecer o nível da taxa cambial. Flutuação suja (dirty flotation): é um sistema de taxa flutuante, mas monitorado pelo BC, que procura mantê-la dentro de determinada amplitude a fim de evitar oscilações bruscas, para tanto, ofertando ou demandando a divisa escassa ou abundante. PARIDADE DO PODER DE COMPRA: Devida a Gustav Cassel, estipula que, quando dois países apresentam inflações diferentes, a prática da ARBITRAGEM (compra de bens ou moedas onde o preço for baixo para venda onde o preço for mais elevado) contribui para levar à equalização do poder de compra das diversas moedas dentro da paridade cambial. Usualmente, com câmbio fixo, cabe ao BC atualizar a taxa de câmbio obedecendo ao diferencial das inflações interna x externa, a fim de que se mantenha o poder de compra dos exportadores e dos importadores: TC1 = TCo x IPint / IPext Ou seja: a taxa de câmbio do período 1 deveria ser a do período zero corrigida pelo diferencial do índice de preços interno/externo. AJUSTE EXTERNO DE ACORDO COM O REGIME CAMBIAL Com câmbio flutuante: O próprio mercado se encarrega de realiza-lo: se há déficit externo, haverá uma saída líquida de divisas, o que resultará na depreciação da moeda doméstica. Tal depreciação levará ao aumento das exportações e à

redução nas importações, eliminando-se o déficit. O resultado final será o retorno ao equilíbrio embora com taxa cambial agora mais elevada. Graficamente: a curva BP se desloca até alcançar a intercessão da IS com a LM. Com câmbio fixo: Se houver déficit externo, o Governo terá que vender suas reservas em divisas para manter a paridade cambial fixa. Ao faze-lo, retirará moeda doméstica de circulação, elevando-se com isso as taxa de juros, com reflexos negativos sobre o Produto (Renda). Destarte, cairão as importações e aumentarão as entradas de divisas, restabelecendo-se o equilíbrio. Graficamente, a curva LM se desloca até a intercessão com a IS e a BP o ajuste é em “r” e em “Y”. POLÍTICA MONETÁRIA E POLÍTICA FISCAL NUMA ECONOMIA ABERTA O grau de eficácia das políticas anticíclicas fiscal e monetária dependerá do regime cambial da economia. Assim: Câmbio Fixo: Imagine-se que o BC pretende executar uma política monetária expansiva (expansão da base monetária): ao fazê-lo, acabará provocando uma baixa na taxa de juros interna. Tal queda provocará a evasão de divisas, ocasionando como conseqüência a apreciação da moeda doméstica. Isto, por sua vez, reduzirá as exportações e aumentará as importações, provocando um movimento contracionista na Renda. Desse modo, com Câmbio Fixo, o BC perde a liberdade de fazer política monetária. Em contrapartida, se o Governo, alternativamente, optar por uma política fiscal expansiva (déficit orçamentário não monetizado), ao vender seus títulos de dívida em troca de moeda doméstica, acabará por provocar uma elevação na taxa de juros, a qual, por seu turno, atrairá capitais externos. Este ingresso levaria a uma valorização da moeda nacional, mas como o BC, nesse regime, tem que zelar pela paridade, comprará as divisas excedentes, injetando a sua moeda na economia. Esta injeção reduzirá os juros, o que fará estancar os referidos ingressos e, ao mesmo tempo, impelirá o Investimento Interno, com reflexos positivos sobre o nível das atividades. Conclui-se que, neste tipo de regime cambial, a política fiscal é eficaz, mas não a política monetária. Câmbio Flutuante: Um objetivo expansionista às custas de um déficit público não monetizado, ou seja, apenas com o aumento do endividamento do Governo, elevará os juros. Com isso, o capital estrangeiro será atraído para esta economia, causando a apreciação da moeda doméstica. Resultado: cairão as exportações e aumentarão as importações ... e lá se vai pelo ralo a intenção expansionista do Governo. Outrossim, se o BC quiser expandir as atividades pela expansão monetária, os juros cairão; o capital estrangeiro fugirá; em consequ6encia haverá uma depreciação

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cambial; as exportações tenderão a aumentar e as importações a cair; o objetivo expansionista logrará êxito. Conclui-se que, neste tipo de regime cambial, a política monetária é eficaz, mas não a política fiscal. MUDANÇA NA TAXA CAMBIAL SEMPRE RESOLVE ? Em princípio, se a moeda doméstica se desvaloriza (deprecia) é evidente que os produtos nacionais ficarão mais baratos (=aumento das exportações) e os produtos do exterior mais caros (=redução nas importações). Contudo, há duas qualificações sobre isto: CURVA J É uma curva que descreve a deterioração inicial da balança comercial causada por uma desvalorização, seguida por uma melhoria no saldo da mesma. Por que / Porque o preço das importações aumenta, mas, em um período inicial, a Quantidade importada não cai logo, pois já há amarramentos contratuais e/ou não há alternativas imediatas de substituição para certos produtos, com o que, DT = PQ tende a aumentar. Após os devidos ajustes, finalmente os efeitos se farão sentir. O mesmo quanto às exportações: ficam mais baratas, mas não se consegue desde logo tomar mercado dos outros. Num período inicial, as receitas caem, mas depois chegam finalmente os reflexos positivos. CONDIÇÃO MARSHALL-LERNER-ROBINSON A desvalorização faz os preços dos produtos exportados mais baratos e os dos importados mais caros. Mas, imagine-se uma economia em que a Balanço Comercial está equilibrada no momento zero, quando tal fato ocorre. Se esse país exportasse um bem de elasticidade-preço da demanda igual a zero ou pelo menos menor do que a unidade, isso significa que a receita com as exportações irá CAIR. Igualmente, com as importações: imagine-se que se tratam de bens de baixíssima elasticidade (insubstituíveis). As importações pouco ou nada cairiam. A Condição M-L-R, a partir de um modelo matemático demonstra que, uma desvalorização cambial só irá apresentar um resultado líquido positivo sobre a Balança Comercial, se “a soma das elasticidades-preço das demandas pelos produtos exportados + importados nessa economia for maior do que a unidade (em valor absoluto)”. CRISES CAMBIAIS Usualmente ocorrem apenas quando uma economia apresenta regime de câmbio fixo. Imagine-se que os especuladores esperam para breve que vá ocorrer uma desvalorização cambial nesse país. Ou porque a moeda local está sobrevalorizada (inflação não transferida à taxa cambial); ou porque a economia precisa reduzir sua taxa de juros, mas isso só será possível com uma flexibilização do câmbio, o que irá provocar desvalorização ante a iminência da referida queda nos juros.

Perante essa especulação, os investidores retiram seus capitais do país; este passa a comprar moeda nacional vendendo de suas reservas para sustentar o câmbio. Com essa atitude, as reservas se evaporam. É claro que o BC reagirá aumentando os juros, mas isso não pode ocorrer por muito tempo e nem com elevados percentuais para deter a fuga e, enfim, o BC é obrigado a capitular e desvaloriza a moeda – além de socorrer-se de créditos externos institucionais. VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS REGIMES CAMBIAIS Câmbio flutuante: Vantagem: ajuste automático do BP; Desvantagens: reduz a eficiência do planejamento das empresas; Sujeita à economia a enormes flutuações, inclusive dos juros e, portanto, das atividades; Câmbio fixo: Vantagem: facilita o planejamento empresarial; Desvantagem: sujeita a economia a recessões e imobiliza a política monetária, além de exigir grandes reservas para segurar a paridade. POLÍTICA CAMBIAL NO PLANO REAL: OS DÉFICITS GÊMEOS O Plano Real teve uma de suas principais âncoras no trato externo: uma combinação de enorme abertura comercial (a alíquota efetiva real média na aduana caiu de 34% na segunda metade dos anos 80 para apenas 7% no final do governo FHC) com um engessamento do câmbio, tornando o real apreciado – tudo para aumentar a competitividade e segurar os preços internos. O déficit daí resultante nas Transações Correntes foi coberto com o ingresso de capitais via elevação nas taxas de juros internas (e, conseqüentemente, no “cupom cambial”), além de privatizações para atrair investimento direto, basicamente nos segmentos de bens non-tradeables, que não geram depois fluxos de ingressos, mas tão somente de saídas de dividendos. Essa elevação dos juros, só fez aumentar o déficit público e anular os esforços de superavits primários, fazendo a dívida interna crescer exponencialmente; Por seu turno, as entradas de divisas tinham que ser esterilizadas (isto é, trocadas por dívida externa para evitar uma explosão de demanda). Assim: O déficit interno aumenta as taxas de juros; Isto provoca o ingresso de capitais; Com isso a taxa de câmbio se aprecia; O que provoca saldos comerciais negativos; Para cobri-los, sobem-se os juros, ....etc...etc.!

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6-CRESCIMENTO DE LONGO PRAZO: O MODELO DE SOLOW. O PAPEL DA POUPANÇA, DO CRESCIMENTO POPULACIONAL E DAS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS SOBRE O CRESCIMENTO. "A REGRA DE OURO". O modelo de Sollow: o papel da poupança, do crescimento populacional e das inovações tecnológicas; a regra de ouro O modelo demonstra como interagem: o estoque de capital por trabalhador, a poupança, o crescimento populacional e o progresso tecnológico. Conceitos: A PmgK é decrescente com o capital, pois a função-produção apresenta rendimentos de escala constantes; O Investimento depende da Poupança; O Consumo é o Produto menos o Investimento A acumulação de Capital (∆k) = i - ∂k (Total do Investimento - Depreciação) ou: PmgS (fK) - ∂k Assim, a acumulação de capital é a poupança descontada da taxa de depreciação. Chega-se assim ao Estado Estacionário, que é aquele em que I = Depreciação, um estado de equilíbrio estável marshalliano. Nesse nível, o investimento é o suficiente para manter estável a capitalização por trabalhador. Qualquer avanço ou qualquer retrocesso fará a economia retornar a esse nível. Se a taxa de poupança se alterar, a economia move-se para outro Equilíbrio de Estado Estacionário (e aí irá parar, até novo impulso). Neste novo nível, pode-se apenas dizer que a economia está mais rica, dada a maior disponibilidade per capita de produto e do nível de capitalização por trabalhador. O NÍVEL DE CONSUMO E A REGRA DE OURO: Demonstra-se que o Consumo de bens/serviços será máximo quando: PmgK = ∂ (se o estoque de capital for maior, então a PmgK será menor do que a depreciação e o Consumo será menor. Essa é a regra de ouro do consumo. CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO O crescimento da Poupança leva a um ponto de equilíbrio estacionário, mas como garantir um crescimento continuado? Isso dependerá do crescimento populacional e do progresso tecnológico. Introduzindo o crescimento populacional, a nova condição de maximização do consumo será: PmgK = ∂ + n (em que "n" é a taxa de crescimento populacional) Ou: PmgK - ∂ = n

PROGRESSO TECNOLÓGICO Aumenta a eficiência do trabalho à uma taxa constante "g" (resídual de Sollow) O produto aumenta como se a força de trabalho crescesse à essa taxa, que é "incorporadora de trabalho" O salário real nos EUA tem aumentado à uma taxa próxima de "g". COROLÁRIOS: A taxa de poupança NÃO em efeito sobre a taxa de crescimento do produto NO LONGO PRAZO, que é igual a zero. No longo prazo a taxa de crescimento da economia é zero qualquer que seja o valor da taxa de poupança, pois a economia alcança um estado estacionário, crescendo à mesma taxa: capital e população = depreciação. Mas a taxa de poupança determina o NÍVEL de produto per capita no longo prazo, o que diferencia os países; O AUMENTO da taxa de poupança fará com que o crescimento aumente até alcançar um novo estado estacionário; Com progresso tecnológico é possível alcançar-se nível mais elevado de produto per capita. Também tem sido demonstrado que a acumulação de capital humano têm efeito similar à do capital físico.

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7-A ECONOMIA INTERTEMPORAL. O CONSUMO E O INVESTIMENTO NUM MODELO DE ESCOLHA INTERTEMPORAL. A RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA INTERTEMPORAL DAS FAMÍLIAS. A RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA INTERTEMPORAL DO GOVERNO E A EQUIVALÊNCIA RICARDIANA. A RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA INTERTEMPORAL DE UMA NAÇÃO E O ENDIVIDAMENTO EXTERNO. Consumidores e a restrição intertemporal (Fisher) A poupança de hoje (S), aplicada (1 + r) é o Consumo de amanhã; S = Y1 – C1 C2 = (1+r)S + Y2 (como neste exemplo não há período 3, não haverá nova poupança). O consumidor possui uma renda que significa sua restrição intertemporal. Obs.: Gráficos em sala Em A o C1 é = Y1, logo, C2 = Y2 (não há S) Em B o C1 = 0; e Y1 = S Em C, o C2 = 0; O fator (1+r) é a parcela de -C1 que se abre mão para aumentar C2 Assim: C2 – (1+r) (Y1 – C1) + Y2; ou (1+r) C1 + C2 = (1+r) Y1 + Y2 e, dividindo ambos por (1+r): C1 + C2/1+r = Y1 + Y2/1+r O C de ambos os períodos depende das Y dos dois. Se “r “ fosse igual a zero, então C1 + C2 = Y1 + Y2 Mas com “r” posiivo, então a Renda futura vale MENOS do que a Renda corrente. Como o C futuro é pago com os juros da Poupança (S), então C2 vale menos do que o presente. Preferência do Consumidor:

As curvas de indiferença mostram as combinações de C1 e C2 que proporcionam o mesmo nível de satisfação. Curvas mais altas, maiores níveis de satisfação. Gráficos em sala OTIMIZAÇÃO INTERTEMPORAL DO CONSUMIDOR: Quando com sua restrição intertemporal alcança a mais alta curva de indiferença. A condição é: TMS c2/c1 = 1 + r VARIAÇÃO NA RENDA Fisher difere de Keynes: o Consumo depende dos recursos que o consumidor pretende auferir ao longo de sua vida. VARIAÇÃO NOS JUROS: Há uma rotação da reta de restrição intertemporal: Teremos dois efeitos: Efeito-renda: alcance de uma Curva de Indiferença mais alta; Efeito-substituição: é a mudança relativa na escolha C1 x C2 A DÍVIDA PÚBLICA E A EQUIVALÊNCIA RICARDIANA O gasto público não financiado no presente por tributo presente resultará em um endividamento que será pago pelo lançamento de um tributo T (1+r) futuro. Assim, a Dívida Pública hoje é o equivalente a um lançamento futuro de imposto. Ou seja, o mesmo que um imposto presente. Financiar o Governo através da Dívida deste é o mesmo que pagar um imposto. Contudo, para o consumidor dá no mesmo, pois seu Consumo é função da Renda de uma vida. Logo, ele não mudará seus gastos. Essa é a equivalência ricardiana (ou, Proposição de Ricardo-Barro, devido ao re-estudo desse assunto em 1970 por Robert barro, um Novo Clássico), que, no limite, pode ser interpretada como uma declaração de inocuidade da política fiscal, já que nem déficit e nem dívida pública possuem efeito sobre a atividade econômica. Isto seria verdadeiro se TODOS OS CONSUMIDORES achassem que uma redução de impostos hoje seria inevitavelmente compensada por novo aumento tributário DEPOIS – e vice-versa – acarretando aumento ou corte no consumo presente em relação ao futuro. Embora os

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adiamentos ou antecipações de impostos de fato ocorram, nem todos os consumidores acham que haverá as futuras compensações e, por isso, não necessariamente adiarão ou anteciparão seu consumo em função dessa expectativa. Por isso, a política fiscal TEM DE FATO EFEITOS sobre as atividades econômicas. Analiticamente, teremos: D = G1 – T1 T2 = (1+r) (G1 – T1) + G2 T2 = (1+r) (G1 – T1) + G2 T1 + (T2 / 1+r) = G1 + (G2 / 1+r) O valor presente dos gastos públicos é igual ao valor presente dos tributos. Se o Governo hoje reduzir Tributo para aumentar a Renda (Y) dos Consumidores ( C ) no valor de T, terá a necessidade de, no futuro, aumenta-lo em 1+r = dT, o que dá ao C o mesmo valor presente, não alterando o Consumo total que é função da Renda permanente. RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA INTEMPORAL E DÍVIDA EXTERNA Para esta Teoria, chamada de Teoria do Agente Representativo, não há "déficits gêmeos". Um déficit público (gasto não coberto por imposto) hoje será visualizado pelos agentes econômicos como passível de ser coberto no futuro (o endividamento) por um imposto adiante. Por isso, supondo expectativas racionais, os agentes econômicos não aumentarão suas importações (isso ocorreria se despendessem mais no presente) e por isso não haverá o déficit nas transações correntes exigindo o ingresso de capitais estrangeiros. Neste caso, o gasto público apenas substitui o gasto privado.

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8-PROVAS DA ESAF DE ECONOMIA AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL - AFRF - 2003 POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA ECONOMIA 01-(AFRF/2003)- Considere os seguintes saldos do balanço de pagamentos para uma determinada economia hipotética, em unidades monetárias: saldo da balança comercial: superávit de 100 saldo em transações correntes: déficit de 50 saldo total do balanço de pagamentos: superávit de 10 Com base nestas informações e considerando que não ocorreram lançamentos na conta "erros e omissões", é correto afirmar que: a) o saldo da conta "transferências unilaterais" foi necessariamente superavitário. b) independente do saldo da conta "transferências unilaterais", podemos afirmar com certeza que o saldo da balança de serviços foi superavitário. c) o saldo dos movimentos de capitais autônomos foi negativo. d) se a conta "transferências unilaterais" foi superavitária, podemos afirmar com certeza que a balança de serviços apresentou saldo positivo. e) se a conta "transferências unilaterais" foi superavitária, podemos afirmar com certeza que a balança de serviços apresentou saldo negativo. 02-(AFRF/2003) Considere c: papel-moeda em poder do público/meios de pagamentos d: depósitos a vista nos bancos comerciais/meios de pagamentos R: encaixe total dos bancos comerciais/depósitos a vista nos bancos comerciais m = multiplicador dos meios de pagamentos em relação à base monetária Com base nestas informações, é incorreto afirmar que, tudo o mais constante: a) quanto maior d, maior será m b) quanto maior c, menor será d c) quanto menor c, menor será m d) quanto menor R, maior será m e) c + d > c, se d for •‚ 0 03-(AFRF/2003) Não fazem parte do ativo do balancete consolidado dos bancos comerciais a) os encaixes em moeda corrente. b) os redescontos e demais recursos provenientes do Banco Central. c) os empréstimos ao setor público. d) os empréstimos ao setor privado. e) os títulos privados. 04-(AFRF/2003) Considere as seguintes informações para uma economia hipotética aberta e sem governo, em unidades monetárias: exportações de bens e serviços não-fatores = 100;

renda líquida enviada ao exterior = 50; formação bruta de capital fixo mais variação de estoques = 150; poupança líquida do setor privado = 50; depreciação = 5; saldo do governo em conta corrente = 35. Com base nestas informações e considerando as identidades macroeconômicas de um sistema de contas nacionais, é correto afirmar que as importações de bens e serviços não-fatores é igual a: a) 110 b) 30 c) 80 d) 20 e) 200 05-(AFRF/2003) Considere uma economia hipotética aberta e sem governo. Suponha os seguintes dados, em unidades monetárias: renda líquida enviada ao exterior = 100; soma dos salários, juros, lucros e aluguéis = 900; importações de bens e serviços não-fatores = 50; depreciação = 10; exportação de bens e serviços não-fatores = 100; formação bruta de capital fixo mais variação de estoques = 360. Com base nestas informações e considerando as identidades macroeconômicas de um sistema de contas nacionais, é correto afirmar que a renda nacional líquida e o consumo pessoal são, respectivamente, a) 950 e 600. b) 900 e 500. c) 900 e 600. d) 850 e 550. e) 800 e 500. 06-(AFRF/2003) Considere as seguintes informações para uma economia fechada e com governo: Y = 1200 C = 100 + 0,7.Y I = 200 onde: Y = produto agregado; C = consumo agregado; e I = investimento agregado. Com base nestas informações, pode-se afirmar que, considerando o modelo keynesiano simplificado, para que a autoridade econômica consiga um aumento de 10% no produto agregado, os gastos do governo terão que sofrer um aumento de: a) 60% b) 30% c) 20% d) 10% e) 8% 07-(AFRF/2003) Com relação ao modelo IS/LM, é incorreto afirmar que

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a) quanto maior a taxa de juros, menor é a demanda por moeda. b) na ausência dos casos clássico e da armadilha da liquidez, uma política fiscal expansionista eleva a taxa de juros. c) na ausência dos casos clássico e da armadilha da liquidez, uma política fiscal expansionista eleva a renda. d) no caso da armadilha da liquidez, uma política fiscal expansionista não aumenta o nível de renda. e) quanto maior a renda, maior é a demanda por moeda. 08-(AFRF/2003) Considere: M/P = 0,2.Y - 15.r Y = 600 - 1.000.r YP = 500 P = 1 onde: M = oferta nominal de moeda; P = nível geral de preços; Y = renda real; YP = renda real de pleno emprego; e r = taxa de juros. Com base nestas informações, pode-se afirmar que o valor da oferta de moeda necessária ao pleno emprego é de: a) 80,0 b) 98,5 c) 77,2 d) 55,1 e) 110,0 09-(AFRF/2003) Com relação ao modelo de crescimento de Solow, é correto afirmar que, no equilíbrio de longo prazo: a) quanto maior for a taxa de depreciação, maior será o estoque de capital por trabalhador. b) a taxa de crescimento do produto por trabalhador é igual à taxa de depreciação. c) quanto maior for a taxa de poupança, maior será o consumo por trabalhador. d) quanto maior for a taxa de crescimento populacional, maior será o estoque de capital por trabalhador. e) quanto maior a taxa de poupança, maior será o estoque de capital por trabalhador. 10-(AFRF/2003) Considere o seguinte gráfico:

Este gráfico contém: 1. a denominada "restrição orçamentária intertemporal" de um consumidor num modelo de dois períodos,

dada pela expressão: C1 + C2/(1 + r) = Y1 + Y2/(1 + r) onde: C1 = consumo no período 1; C2 = consumo no período 2; Y1 = renda no período 1; Y2 = renda no período 2; e r = taxa de juros. e 2. uma curva de indiferença que representa as preferências intertemporais do consumidor. Com base nestas informações e supondo que o consumidor esteja no equilíbrio E, é correto afirmar que: a) no equilíbrio "E", C1 = Y1 e C2 = Y2. b) o consumo no primeiro período é menor do que a renda no primeiro período. c) o modelo sugere a existência de restrições de crédito no primeiro período. d) o consumidor é devedor no primeiro período. e) alterações nas taxas de juros não provocam alterações nos consumos dos períodos 1 e 2. AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL - AFRF - 2002.2 POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA - PROVA 3 2 ECONOMIA 01-(AFRF/2002.2) Suponha uma economia que só produza dois bens finais (A e B). Considere os dados a seguir: Bem A Bem B quantidade preço quantidade preço Período1 10 5 12 6 Período 2 10 7 10 9 Com base nestes dados, é incorreto afirmar que: a) o produto nominal do período 2 foi maior do que o produto nominal do período 1. b) o crescimento do produto nominal entre os períodos 1 e 2 for de, aproximadamente, 31%. c) não houve crescimento do produto real entre os períodos 1 e 2, considerando o índice de Laspeyres de preço. d) a inflação desta economia medida pelo índice de Laspeyres de preço foi de 30%. e) não houve crescimento do produto real, entre os períodos 1 e 2, considerando o índice de Fisher. 02-(AFRF/2002.2) Considere um sistema de contas nacionais para uma economia aberta sem governo. Suponha os seguintes dados: Importações de bens e serviços não fatores = 100

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Renda líquida enviada ao exterior = 50 Renda nacional líquida = 1.000 Depreciação = 5 Exportações de bens e serviços não fatores = 200 Consumo pessoal = 500 Variação de estoques = 80 Com base nessas informações, é correto afirmar que a formação bruta de capital fixo é igual a: a) 375 b) 275 c) 430 d) 330 e) 150 03-(AFRF/2002.2) Com relação ao balanço de pagamentos, é incorreto afirmar que: a) as exportações de empresas multinacionais instaladas no Brasil são computadas na balança comercial do país. b) os investimentos diretos fazem parte dos chamados movimentos de capitais autônomos. c) o saldo da conta “transferências unilaterais” faz parte do saldo do balanço de pagamentos em transações correntes. d) o saldo total do balanço de pagamentos não é necessariamente nulo. e) as chamadas rendas de capital fazem parte do denominado balanço de serviços não fatores. 04-(AFRF/2002.2) No ano de 2000, a conta de produção do sistema de contas nacionais no Brasil apresentou os seguintes dados (em R$ 1.000.000): Produção: 1.979.057 Consumo Intermediário: 1.011.751 Impostos sobre produto: 119.394 Imposto sobre importação: 8.430 Produto Interno Bruto: 1.086.700 Com base nestas informações, o item da conta “demais impostos sobre produto” foi de: a) 839.482 b) 74.949 c) 110.964 d) 128.364 e) 66.519 05-(AFRF/2002.2) No ano de 1999, a conta de capital do sistema de contas nacionais no Brasil apresentou os seguintes dados (em R$ 1.000.000): Poupança bruta: 149.491 Formação bruta de capital fixo: 184.087 Variação de estoques: 11.314 Transferências de capital enviada ao resto do mundo: 29 Transferências de capital recebida do resto do mundo: 91 Com base nessas informações, é correto afirmar que a necessidade de financiamento foi igual a: a) 34.566

b) 45.848 c) 80.414 d) 11.282 e) 195.401 06-(AFRF/2002.2) Com relação aos determinantes do investimento, é correto afirmar que: a) as decisões de investir dependem do parâmetro “q de Tobim”. Se q <1, haverá incentivo por parte das empresas em aumentar o estoque de capital. b) o incentivo a investir depende da comparação entre a taxa de depreciação e a taxa de retorno do investimento. Se a taxa de retorno do investimento excede a taxa de depreciação, então as empresas terão incentivos em aumentar o seu estoque de capital. c) o incentivo a investir depende apenas do custo do capital. Nesse sentido, as empresas terão incentivos em aumentar o seu estoque de capital enquanto o custo do capital for negativo. d) o incentivo a investir depende da comparação entre o valor de mercado do capital instalado e o custo de reposição do capital instalado. Nesse sentido, as empresas terão incentivos em aumentar o seu estoque de capital se o custo de reposição do capital instalado for maior do que o valor de mercado do capital instalado. e) o incentivo a investir depende da comparação entre o custo do capital e o produto marginal do capital. Se o produto marginal do capital excede o custo do capital, então as empresas terão incentivos em aumentar o seu estoque de capital. 07-(AFRF/2002.2) Com relação ao modelo IS/LM, é incorreto afirmar que: a) no chamado caso da “armadilha da liquidez”, em que a LM é horizontal, uma elevação dos gastos públicos eleva a renda sem afetar a taxa de juros. b) excluídos os casos “clássico” e da “armadilha da liquidez”, numa economia fechada a elevação dos gastos públicos eleva a renda. Esta elevação, entretanto, é menor comparada com o resultado decorrente do modelo keynesiano simplificado, em que os investimentos não dependem da taxa de juros. c) no chamado caso “clássico”, em que a LM é vertical, uma elevação dos gastos públicos só afeta as taxas de juros. d) se a IS é vertical, a política fiscal não pode ser utilizada para elevação da renda. e) na curva LM, a demanda por moeda depende da taxa de juros e da renda. 08-(AFRF/2002.2) Considere: curva de demanda agregada derivada do modelo IS/LM curva de oferta agregada de longo prazo horizontal curva de oferta agregada de curto prazo vertical Considere a ocorrência de um choque adverso de oferta como, por exemplo, uma elevação nos preços internacionais do petróleo. Supondo que este choque não desloca a curva de oferta agregada de longo prazo, é correto afirmar que:

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a) uma elevação na demanda tenderá a intensificar a queda no produto que decorre do choque de oferta. b) o choque adverso de oferta aumenta os custos e, portanto, os preços. Se não houver alterações na demanda agregada, teremos uma combinação, no curto prazo, de preços crescentes com redução do produto. No longo prazo, com a queda dos preços, a economia retornará ao seu nível de pleno emprego. c) se não ocorrer deslocamentos na curva de demanda agregada, o choque de oferta causará deflação. d) o choque de oferta alterará apenas o produto de pleno emprego. e) não ocorrerá alterações nem nos preços nem no nível do produto, tanto no curto quanto no longo prazo, uma vez que, se o choque de oferta não desloca a curva de oferta de longo prazo, também não deslocará a curva de oferta de curto prazo. 09-(AFRF/2002.2) Com relação ao modelo de Solow, é incorreto afirmar que a) o estado estacionário que maximiza o consumo é aquele definido pela denominada “regra de ouro”. b) a taxa de poupança determina a quantidade do estoque de capital por trabalhador e, portanto, o nível do produto por trabalhador no estado estacionário. c) quanto maior a taxa de poupança, maior o bem-estar da sociedade. d) o estado estacionário pode ser considerado como um equilíbrio de longo prazo. e) somente o progresso tecnológico explica o crescimento de longo prazo. 10-(AFRF/2002.2) Considere os seguintes dados para o modelo de crescimento de Solow: k = estoque de capital por trabalhador ä = taxa de depreciação y = produto por trabalhador s = taxa de poupança Sabendo-se que y = (k)0,5 , ä = 0,1 e s = 0,4, os níveis de k e y no estado estacionário serão, respectivamente: a) 16 e 4 b) 16 e 8 c) 4 e 16 d) 4 e 8 e) 4 e 12 AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL - AFRF - 2000 POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA ECONOMIA

01-(AFRF/2000) Considere o modelo IS/LM com as seguintes hipóteses:

i) economia pequena e aberta ii) livre mobilidade de capital iii) taxa de câmbio nominal igual à taxa de câmbio real

Suponha que a autoridade econômica disponha dos dois tradicionais instrumentos de política econômica: política fiscal e política monetária. Pode-se então afirmar que:

a) independentemente do regime cambial, a política fiscal é a única capaz de exercer influência sobre o produto já que, no modelo, está implícita a hipótese de que a taxa esperada de inflação é zero.

b) ambos os instrumentos exercem impactos sobre a renda, independente do regime cambial adotado, já que as taxas de câmbio real e nominal são iguais.

c) os impactos de um ou outro instrumento sobre a renda agregada dependem do regime cambial adotado no modelo.

d) se o regime for de câmbio fixo, tanto a política monetária quanto a política fiscal exercem influência sobre a renda agregada, já que as taxas de câmbio nominal e real são iguais.

e) independentemente do regime cambial, a política monetária é a única capaz de exercer influência sobre o produto, já que se verifica uma situação de total estabilidade no nível de preços internos.

02- (AFRF/2000)São medidas que tendem a corrigir déficits no balanço de pagamentos:

a) elevação do nível de atividade econômica, redução das taxas internas de juros, redução no nível geral de preços internos

b) elevação do nível de atividade econômica, redução das taxas internas de juros, desvalorização da taxa nominal de câmbio

c) redução do nível de atividade econômica, redução das taxas internas de juros, desvalorização da taxa nominal de câmbio

d) redução do nível de atividade econômica, redução no nível geral de preços internos, elevação das taxas internas de juros

e) elevação do nível de atividade econômica, elevação das taxas internas de juros, elevação no nível geral de preços internos

03-(AFRF/2000) Considere os seguintes dados que refletem as relações de uma economia hipotética com o resto do mundo, num determinado período de tempo, em unidades monetárias:

- exportações com pagamento a vista: 100; - importações com pagamento a vista: 50; - entrada de investimento direto externo sob a forma de máquinas e equipamentos: 200;

- pagamento de juros de empréstimos, remessa de lucros e pagamento de aluguéis: 80; e

- amortização de empréstimos: 50.

Pode-se afirmar que

a) o saldo da balança comercial é de +50; o saldo da balança de serviços é de -130; o saldo em transações correntes é de -230; e o saldo total do balanço de pagamentos é de -80.

b) o saldo da balança comercial é de -150; o saldo da balança de serviços é de -80; o saldo em transações correntes é de -230; e o saldo total do balanço de pagamentos é de -80.

c) o saldo da balança comercial é de -150; o saldo da balança de serviços é de -130; o saldo em transações

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correntes é de -230; e o saldo total do balanço de pagamentos é de -80.

d) o saldo da balança comercial é de +50; o saldo da balança de serviços é de -80; o saldo em transações correntes é de -230; e o saldo total do balanço de pagamentos é de -80.

e) o saldo da balança comercial é de -150; o saldo da balança de serviços é de -80; o saldo em transações correntes é de +230; e o saldo total do balanço de pagamentos é nulo.

04-(AFRF/2000) Com relação aos lançamentos no balanço de pagamentos, pode-se afirmar que

a) as amortizações de empréstimos fazem parte dos movimentos de capitais autônomos ao passo que o pagamento de juros de empréstimos fazem parte do balanço de serviços.

b) qualquer operação envolvendo donativos deve necessariamente ter como contrapartida lançamento na conta de importações.

c) qualquer operação de importação deve necessariamente ter como contrapartida lançamento na conta "haveres a curto prazo no exterior".

d) as transferências unilaterais devem ter necessariamente como contrapartida lançamentos na conta "haveres a curto prazo no exterior".

e) é possível um lançamento no balanço de pagamentos se contrapartida de lançamento em outra conta, desde que tal lançamento não seja proveniente de operações de exportação ou de importação.

05-(AFRF/2000) Considere que tenha ocorrido uma desvalorização nominal da taxa de câmbio de 10% num determinado período. Considerando o conceito de taxa de câmbio utilizada no Brasil e o conceito de câmbio real que leva em conta a inflação interna e externa, pode-se afirmar que,

a) se a inflação externa foi de 10% no período e a inflação interna foi de 25% no período, houve uma desvalorização real da taxa de câmbio.

b) se a inflação externa foi de 5% e a inflação interna foi de 20% no período, houve uma valorização real da taxa de câmbio.

c) se tanto a inflação interna quanto a externa foram de 5% no período, não houve alteração na taxa de câmbio real.

d) se a inflação externa foi de 20% e a inflação interna foi de 5% no período, houve uma valorização real da taxa de câmbio.

e) se a inflação externa foi de 15% no período e a inflação interna foi de 30% no período, houve uma desvalorização real da taxa de câmbio.

06-(AFRF/2000) Considere a seguinte equação:

πt - φπt-1 = A onde: πt = taxa de inflação em t (πt-1 = taxa de inflação em t -1); A = choques exógenos; e φ > 0.

Com base nesta equação, pode-se afirmar que

a) a trajetória da inflação dependerá de A e φ. Se A > 0 ou se φ > 0, a inflação será crescente; mas se A = 0, independente de φ, a inflação será estável.

b) não é possível, a partir da equação, prever uma situação de inflação inercial.

c) a trajetória da inflação dependerá principalmente de A. Neste sentido, a inflação será estável somente se A = 0.

d) a trajetória da inflação, pela equação, será sempre crescente, independente dos valores de A e φ.

e) a trajetória da inflação dependerá exclusivamente do termo φ. Supondo a ausência de choques exógenos, se φ > 1, a inflação será explosiva; se φ = 1 a inflação será inercial; e se φ < 1, a inflação será decrescente.

07-(AFRF/2000) São consideradas operações ativas do Banco Central:

a) alterações nas reservas internacionais, operações de redescontos, alterações no Imposto sobre Operações Financeiras

b) alterações nas reservas internacionais, operações de redescontos, empréstimos ao Tesouro Nacional, alteração dos impostos nas operações financeiras

c) alterações nas reservas internacionais, operações de redescontos, empréstimos ao Tesouro Nacional, compra de títulos públicos federais

d) alterações nas reservas internacionais, alterações na taxa de câmbio, operações de redescontos, empréstimos ao Tesouro Nacional

e) alterações nas reservas internacionais, operações de redescontos, empréstimos ao Tesouro Nacional, alterações dos impostos nos mercados de capitais

08-(AFRF/2000) São fatores que tendem a elevar a oferta monetária na economia:

a) elevação das reservas internacionais do país; concessão, por parte do Banco Central, de empréstimos aos bancos comerciais; compra de títulos públicos pelo Banco Central

b) redução das reservas internacionais do país; concessão, por parte do Banco Central, de empréstimos aos bancos comerciais; compra de títulos públicos pelo Banco Central

c) redução das reservas internacionais do país; concessão, por parte do Banco Central, de empréstimos aos bancos comerciais; venda de títulos públicos pelo Banco Central

d) elevação das reservas internacionais do país; concessão, por parte do Banco Central, de empréstimos aos bancos comerciais; venda de títulos públicos pelo Banco Central

e) elevação das reservas internacionais do país; recebimento, pelo Banco Central, de empréstimos concedidos ao setor privado; venda de títulos públicos pelo Banco Central

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09-(AFRF/2000) Considerando o modelo de oferta e demanda agregada; considere ainda que, no longo prazo os preços são flexíveis, mas no curto prazo, verifica-se rigidez total nos preços. Então, é correto afirmar que:

a) tanto no curto quanto no longo prazo, deslocamentos na demanda agregada afastam o produto do seu nível de pleno emprego. A diferença está nos efeitos desses deslocamentos sobre a inflação.

b) deslocamentos na demanda agregada afetam o produto agregado tanto no curto quanto no longo prazo. A diferença entre os dois casos está apenas no grau de intensidade dos efeitos da demanda sobre o produto.

c) no longo prazo, deslocamentos na demanda agregada afastam o produto agregado do seu nível de pleno emprego. Tal efeito, entretanto, não ocorre no curto prazo.

d) deslocamentos na demanda agregada no longo prazo só afetam o nível de preços; já no curto prazo, tais deslocamentos só afetam o produto agregado.

e) tanto no curto quanto no longo prazo, o produto agregado encontra-se em seu nível de pleno emprego. Assim, deslocamentos da demanda agregada só causam efeitos sobre a inflação, cuja intensidade é maior no longo prazo.

10-(AFRF/2000) Considerando o modelo IS/LM com os casos denominados de "clássico" e da "armadilha da liquidez", podemos afirmar que:

a) no "caso clássico", deslocamentos da curva IS só altera o nível do produto uma vez que a taxa de juros é fixa.

b) o "caso clássico" ocorre quando a demanda por moeda é totalmente insensível à taxa de juros; já o caso da "armadilha da liquidez" ocorre quando a demanda por moeda é infinitamente elástica em relação à taxa de juros.

c) no caso da "armadilha da liquidez", a política fiscal é totalmente inoperante, ocorrendo o oposto no "caso clássico".

d) tanto no "caso clássico" quanto no caso da "armadilha da liquidez", elevações dos gastos públicos causam alterações no produto. A diferença, entre os dois casos, está apenas na possibilidade ou não de alterações nas taxas de juros.

e) tanto no "caso clássico" quanto no caso da "armadilha da liquidez", o nível do produto é dado. A diferença está apenas nos efeitos dos deslocamentos da curva IS sobre as taxas de juros.

11-(AFRF/2000) É correto afirmar que a demanda por moeda depende

a) tanto da renda quanto da taxa nominal de juros. Assim, quanto maior a renda ou quanto menor a taxa de juros, maior será a demanda por moeda

b) exclusivamente da taxa de juros real. Assim, quanto maior for a taxa de inflação esperada, maior tenderá ser a demanda por moeda

c) tanto da renda quanto da taxa nominal de juros. Assim, quanto maior a renda ou quanto maior a taxa de juros, maior será a demanda por moeda

d) exclusivamente da renda real. Assim, quanto maior for a inflação esperada, maior será a demanda por moeda

e) exclusivamente da taxa esperada de inflação. Assim quanto maior for esta taxa, maior será a demanda por moeda

12-(AFRF/2000) Considere as seguintes informações para uma economia hipotética, num determinado período de tempo, em unidades monetárias:

Consumo autônomo = 100; Investimento agregado = 150; Gastos do governo = 80; Exportações = 50; Importações = 30. Pode-se então afirmar que,

a) se a propensão marginal a consumir for 0,8, a renda de equilíbrio será de 1700

b) se a propensão marginal a poupar for 0,2, a renda de equilíbrio será de 1750

c) se a propensão marginal a consumir for de 0,6, a renda de equilíbrio será de 1730

d) se a propensão marginal a poupar for 0,3, a renda de equilíbrio será de 1700

e) se a propensão marginal a consumir for 0,7, a renda de equilíbrio será de 1800

13-(AFRF/2000) Considere uma economia hipotética que produza apenas 3 bens finais: arroz, feijão e carne, cujos preços (em unidades monetárias) e quantidades (em unidades físicas), para os períodos 1 e 2, encontram-se na tabela a seguir:

arroz feijão carne período

preço quant.

preço quant.

preço quant.

1 2,20 10 3,00 13 8,00 13 2 2,30 11 3,50 14 15,00 8

Considerando que a inflação utilizada para o cálculo do Produto Real Agregado desta economia foi de 59,79% entre os dois períodos, podemos afirmar que:

a) o Produto Nominal cresceu 17,76% enquanto o Produto Real cresceu apenas 2,26%.

b) o Produto Nominal cresceu 15,15% ao passo que o Produto Real caiu 59,79%.

c) o Produto Nominal cresceu 12,32% ao passo que não houve alteração no Produto Real.

d) o Produto Nominal cresceu 15,15% ao passo que o Produto Real caiu 42,03%.

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e) o Produto Nominal cresceu 17,76% ao passo que o Produto Real caiu 26,26%.

14-(AFRF/2000) Considere:

Ipr = investimento privado Ipu = investimento público Spr = poupança privada Sg = poupança do governo Se = poupança externa

Com base nas identidades macroeconômicas fundamentais, pode-se afirmar que:

a) déficit público = Spr + Ipr + Se

b) Ipr + Ipu = Spr + Sg

c) Ipr + Ipu + Se = Spr + Sg

d) déficit público = Spr - Ipr + Se

e) Ipr = Spr + Se

15-(AFRF/2000) Pode-se dividir as variáveis macroeconômicas em duas categorias: variáveis "estoque" e variáveis "fluxo". Assim, podemos afirmar que

a) a renda agregada e o déficit orçamentário são variáveis "fluxo" ao passo que o consumo agregado, o investimento agregado, a dívida pública e a quantidade de capital na economia são variáveis "estoque".

b) a renda agregada, o investimento agregado, o consumo agregado e o déficit orçamentário são variáveis "estoque" ao passo que a dívida do governo e a quantidade de capital na economia são variáveis "fluxo".

c) a renda agregada, o investimento agregado, o consumo agregado e o déficit orçamentário são variáveis "fluxo" ao passo que a dívida do governo e a quantidade de capital na economia são variáveis "estoque".

d) o investimento agregado, o consumo agregado e a dívida pública são variáveis "fluxo" ao passo que a renda agregada, o déficit orçamentário e a quantidade de capital na economia são variáveis "estoque".

e) a renda agregada, o investimento agregado, o consumo agregado e a dívida pública são variáveis "fluxo" ao passo que o déficit orçamentário e a quantidade de capital na economia são variáveis "estoque".