Apostila_Geologia e Geomorfologia Ambiental_UNOPARVIRTUAL

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Geologia e Geomorfologia Ambiental Unidade 1 - Geologia e Geomorfologia Ambiental Viso geral Apresentao da disciplina: Em nossa disciplina, Geologia e Geomorfologia Ambiental, estudaremos importantes contedos, j que as cincias nela envolvidas so voltadas para a anlise da constituio, forma, estrutura e fenmenos que ocorrem na superfcie do Planeta Terra. Quando discutimos a questo ambiental, devemos claramente nos referir integrao dos meios fsico, bitico e antrpico. Se voc analisar as disciplinas de nosso curso, ver que elas buscam justamente esse objetivo. Assim, nesta web aula, vamos nos dedicar ao estudo de duas cincias muito importantes para o conhecimento e anlise do meio fsico. Mas, afinal, o que estudam a Geologia e a Geomorfologia? Para que possamos iniciar com uma simplificada definio, podemos dizer que a Geologia estuda o Planeta Terra, desde a sua formao at sua evoluo aos dias atuais. Tal estudo se d atravs da anlise de fenmenos (terremotos, vulces), de materiais (solos, rochas, guas) e vestgios (fsseis, estratigrafia em rochas, etc.). Voc pode estar imaginando que a Geologia uma cincia alienada dos interesses da sociedade atual, mas certamente isso seria um grande engano. Basta imaginar que todos os materiais (e so muitos!) que o homem obtm atravs da minerao, esto ligados diretamente Geologia. Grandes obras de engenharia tambm so extremamente dependentes de um conhecimento geolgico refinado sobre a rea na qual o mesmo ser implantado. J a Geomorfologia se dedica anlise das formas da Terra, ou seja, do relevo. O que faz desta cincia de grande importncia tambm, j que o formato do relevo traz uma srie de implicaes de ordem ambiental. Por exemplo, reas com altas declividades so muito propensas ao movimento de massa (os desmoronamentos). reas de bacias so propcias ao recebimento de sedimentos, e assim ocorre com diversas outras situaes. Assim, destacamos a Geologia e a Geomorfologia como conhecimentos teis (e necessrios!) ao planejamento e gesto ambiental. Assim, embora essas cincias possuam vrios ramos, abordaremos a vertente ambiental de ambas. Nosso estudo ser composto por duas unidades: Introduo aos Estudos Geolgicos e Geomorfolgicos e Constituintes da Terra: minerais e rochas. Cada unidade est dividida em duas aulas. Este importante meio de ensino-aprendizagem, as web aulas, so compostas por textos, artigos cientficos, questes para voc refletir sobre os textos, vdeos e figuras para serem analisadas. As web aulas so elaboradas com o objetivo principal de complementar e aprofundar os contedos da disciplina, por isso, importante que voc, alm de fazer as leituras, realize as atividades e tambm participe do frum de discusso que ser proposto para que voc possa interagir com os seus colegas do curso. Agora, convido voc a conhecer um pouco mais de nossa disciplina. Desejo a todos uma tima disciplina e um timo estudo!

Objetivo da Disciplina A disciplina Geologia e Geomorfologia Ambiental tm os seguintes objetivos:

Apresentar os principais conceitos da Geologia e da Geomorfologia; Discutir os fenmenos fundamentais ligados ao relevo; Contextualizar os conhecimentos geolgicos e geomorfolgicos com o uso e ocupao do solo; Discutir, de maneira mais especfica, os riscos associados ao uso e ocupao desordenados e no planejados do solo. Contedo Programtico:

Nossos principais temas de discusso sero:

Fundamentos de Geologia e Geomorfologia Ambiental; Processos de formao e transformao do relevo; Os principais fenmenos geolgicos; Anlise geomorfolgica; A Geologia e a Geomorfologia no planejamento de uso e ocupao do meio fsico.

Metodologia: Os contedos programticos ofertados nessa disciplina sero desenvolvidos por meio das TeleAulas de forma expositiva e interativa (chat - tira dvidas em tempo real), Aula Atividade por Chat para aprofundamento e reflexo e Web Aulas que estaro disponveis no Ambiente Colaborar, compostas de contedos de aprofundamento, reflexo e atividades de aplicao dos contedos e avaliao. Sero tambm realizadas atividades de acompanhamento tutorial, participao em Frum, atividades prticas e estudos independentes (auto estudo) alm do Material do Impresso por disciplina. Avaliao Prevista: O sistema de avaliao da disciplina compreende em assistir a tele-aula, participao no frum, produo de texto/trabalho no portflio, realizao de duas avaliaes virtuais, uma avaliao presencial embasada em todo o material didtico, tele-aula e web aula da disciplina.

WEB-AULA 1 Conhecendo a Geologia e a Geomorfologia Iniciando nossa web aula 1, vamos nos dedicar a conhecer um pouco mais sobre estas importantes cincias. Se formos pensar em definies, de acordo com um importante gelogo brasileiro, Jos Henrique Popp, em seu livro Geologia Geral (1998, p. 22), temos que: A Geologia a cincia da Terra, de seu arcabouo, de sua composio, de seus processos internos e externos e de sua evoluo. O campo de atividade da Geologia , por conseguinte, a poro da Terra constituda de rochas que, por sua vez, so as fontes de informaes. Entretanto, a formao das rochas decorre de um conjunto de fatores fsicos, qumicos e biolgicos, donde os interesses se entrecruzarem repetidamente.

Vamos desdobrar um pouco esta definio? A geologia pode ser considerada a cincia que estuda a Terra em seu aspecto estrutural, ou seja, sua composio, sua diviso em camadas, seus fenmenos, o aproveitamento de seus constituintes... Mas, vejam, como se trata de um conhecimento muito vasto, a Geologia necessita de outras cincias associadas. Assim, podemos dividir a Geologia em:

Mineralogia cincia que estuda a natureza e a formao dos minerais. Petrologia objetiva estudar e descrever as rochas. Geologia Estrutural - estuda as deformaes da crosta terrestre. Geologia Histrica estuda os acontecimentos histrico-geolgicos do Planeta. Estratigrafia estabelece a ordem sequencial das rochas constituintes da crosta, em especial as rochas sedimentares. Paleontologia estuda os fsseis preservados em formaes rochosas; estas ltimas consideradas como sub-ramos da Geologia Histrica. Geologia Econmica estuda as questes econmicas relativas aos bens minerais. Geofsica estuda a estrutura da Terra, atravs de diversos mtodos fsicos. Geoqumica estuda a composio e caractersticas qumicas das rochas e minerais.

E, quanto Geomorfologia, o que ela estuda? Antes de tudo, vamos definio do objeto de estudo da Geomorfologia, que a forma do relevo. Se analisarmos o significado da palavra, teremos que Geo = Terra, Morfo = Forma e Logia = Estudo. Por isso, considerada por alguns autores como sendo uma subdiviso da Geologia, por estudar as formas da Terra. Existem, ainda, autores que a consideram como uma subdiviso da Geografia e h autores que defendem a ideia de que a Geomorfologia uma cincia independente.

Analisando a imagem anterior, podemos concluir que as formas do relevo podem ser interpretadas enquanto a expresso espacial de uma superfcie, que compem as diferentes configuraes de uma paisagem morfolgica, podendo ser estudadas buscando compreender as relaes processuais passadas e atuais. Como vimos, tanto a Geologia, como a Geomorfologia, embora sob aspectos distintos, buscam estudar o Planeta Terra.

WEB-AULA 2 Conhecendo o Planeta Terra

Agora que j sabemos um pouco mais sobre a Geologia e a Geomorfologia, vamos conversar um pouco sobre nosso Planeta. Voc j parou para pensar nas caractersticas fsicas da Terra? Seria a Terra um Planeta uniforme? constitudo de um mesmo material? Por que tanta gua em sua superfcie? Por que ocorrem vulces e terremotos? Essas e outras dvidas sero discutidas nas diversas atividades e materiais de nossa disciplina! Para comearmos a entender mais sobre a Terra, vamos falar sobre sua forma. Nosso planeta o terceiro em ordem de afastamento do Sol e normalmente ns o consideramos como uma esfera. Mas, na verdade, ele no uma esfera perfeita. Devido ao seu Movimento de Rotao, isto , o movimento de sentido oeste-leste que a Terra realiza em torno de seu prprio eixo imaginrio, que dura aproximadamente 24 horas, h como resultado um leve achatamento nos plos e o equador acaba ficando bojudo, isto , gordinho. Dessa forma, se traarmos raios a partir do centro da Terra em todas as direes, vamos perceber que h diferenas nas medidas dos mesmos. Quanto mais prximos linha do equador, mais longos so os raios, e mais curtos quando traados nas proximidades dos plos. Outra caracterstica importante a ser levada em considerao que a superfcie da Terra no formada por materiais de mesma densidade e por isso a gravidade atua de forma mais ou menos intensa em diferentes locais. Temos, ainda, a atuao de foras endgenas e exgenas que formam e remodelam o relevo. A Terra est em constante mudana! Utilizamos, ento, modelos elpticos, que giram em torno de seu eixo menor e, portanto, apresentam volume. Esses modelos so conhecidos como Elipsides de Revoluo. Observe a figura abaixo que apresenta um elipside de revoluo com sua excentricidade exagerada para melhor reconhecimento didtico:

Figura: Forma da Terra

Circunferncia Polar: 40.009 km Circunferncia Equatorial: 40.076 km Os elipsides de referncia so modelos simplificados do planeta. Existem tambm os Geides (como a forma da Terra no nem esfrica nem elpsidica, mas um elipside irregular), que no apresentam uma superfcie to uniforme quanto dos elipsides e sua proposta de elaborao do matemtico alemo Carl Friedrich Gauss (1777 1855). um modelo matemtico que segue a superfcie do mar, se estendendo de forma imaginria pelo relevo da Terra e levando em considerao a superfcie equipotencial, isto , a superfcie de potencial gravitacional constante, que em mdia coincidente com o valor mdio do nvel do mar. As representaes dos geides mostram um planeta enrugado, como um velho maracuj. Figura: Demonstrao do Relevo, Geide e Elipside

As diferenas de altitude do relevo terrestre variam de aproximadamente 8.840m acima do nvel mdio dos mares (Evereste), at 11.020m abaixo do nvel do mar (Fossas Marianas); o geide tem uma variao de cerca de 100m para cima ou para baixo do elipside de referncia (que por sua vez uniforme).

A Crosta Terrestre Trata-se de uma camada relativamente fina, onde encontramos desde rochas sedimentares pouco alteradas, at rochas metamrficas que foram submetidas a condies de alta temperatura e presso. Apresenta tambm rochas magmticas extrusivas e intrusivas. A crosta divida em duas: crosta continental e crosta ocenica. A crosta continental tem profundidade varivel de cerca de 30-40 km nas regies sismicamente estveis podendo chegar a espessura de 60-80 km em reas de cadeias de montanhas, como na Cordilheira dos Andes ou no Himalaia. Apresenta uma grande quantidade de rochas granitides slico-aluminosas, por isso pode ser chamada de SIAL (Silcio e Alumnio). menos densa do que a poro ocenica da crosta. A crosta ocenica menos espessa do que a continental, variando de 5-15 km de profundidade. composta basicamente de rochas mficas, isto , rochas compostas basicamente de magnsio e ferro, como por exemplo, os basaltos e gabros. Sua composio pode ser chamada de SIMA (em referncia a concentrao de Silcio e Magnsio) e por tanto mais densa que a crosta continental.

E agora, vamos ao manto? Manto A segunda camada, em profundidade, da Terra o Manto, que pode ser dividido em Manto Superior e Manto Inferior e forma aproximadamente 80% de todo o volume do planeta. importante destacar que entre o manto e a crosta ns encontramos uma faixa chamada de Descontinuidade de Mohorovicic (o nome referente ao seu descobridor). Essa faixa, tambm chamada de Moho, caracterizada por uma mudana brusca de velocidade das ondas ssmicas (ondas P mudam de 6,7-7,2 para 7,6-8,6 km/s). A profundidade do Moho varivel, conforme a forma do relevo, sendo que est a cerca de 5-10 km de profundidade nas reas de crosta ocenica e 30-80 nas reas continentais. O manto superior tem uma densidade de cerca de 3,4 e essencialmente constitudo por peridotitos (olivina e piroxnio) ou eclogito (granada e piroxnio). o principal fornecedor de magma para a formao da crosta terrestre e se estende desde o Moho at por volta de 400 km de profundidade, incluindo a base da litosfera e a parte superior da astenosfera (camada situada entre 60-100 a 250400 km da superfcie da Terra, com caractersticas plsticas distintas da litosfera acima que rgida). Entre o manto superior e o manto inferior, encontramos uma camada chamada de zona de transio ou manto transicional, situada entre 400-700 km de profundidade.

O manto inferior, tambm chamado de manto interno, est situado entre 700 e 2.900 km de profundidade e tem uma densidade de 4,7, pois formado por silicatos ferromagnesianos densos. A temperatura varia de 1.000o C at 3.000o C, variando para mais conforme aumenta a profundidade. Em profundidade de aproximadamente 2.600 2.900 km, encontramos outra descontinuidade, a Descontinuidade de Gutenberg (chamada tambm de Zona D), que separa o ncleo externo do manto inferior. Ncleo A poro ao centro do planeta pode ser dividida entre: Ncleo Interno e Ncleo Externo. O ncleo externo uma camada provavelmente lquida e constituda basicamente de Ferro e de Nquel, por isso chamada de NiFe, com cerca de 1.600km de espessura. O ncleo interno provavelmente slido devido s altssimas presses que impedem a mudana de estado da matria. Tem cerca de 1.300 km de dimetro e separado no ncleo externo por uma camada transicional de 550 km de espessura.

As diferenas entre os estados da matria do ncleo interno e externo so responsveis pela gerao do campo eletromagntico de nosso planeta, pois devido ao movimento de rotao, esta camada acaba agindo como se fosse um gigantesco dnamo. E ento, no impressionante a estrutura de nosso Planeta? Sem se esquecer do que acabamos de estudar, convido voc a continuar os estudos na prxima Unidade. L, vamos nos dedicar a estudar os constituintes da Terra. Nos vemos l!

Unidade 2 - Geologia e Geomorfologia Ambiental WEB AULA 1 Os minerais Seja bem vindo nossa primeira web aula da Unidade 02! Aqui, vamos conversar sobre os minerais, os quais so considerados os constituintes das rochas, que formam a superfcie terrestre seca. - Os minerais Ouvimos sobre minerais com razovel freqncia. gua mineral, sais minerais, nutrio base de minerais... Mas, em termos tcnicos, nas Cincias da Terra, mineral possui um definio bastante clara. Mineral um slido cristalino inorgnico que ocorre na natureza. Quando dizemos que um slido cristalino, estamos nos referindo ao fato de que os minerais possuem um arranjo interno ordenado e definido dos tomos. Possuem tambm composio qumica bem definida e propriedades fsicas caractersticas, como cor, dureza e densidade. Vale lembrar que o critrio de ocorrncia natural faz excluir da classe dos minerais todas as substncias manufaturadas pelo homem. Ou seja, um diamante sinttico no um mineral! - Classificao dos minerais Voc j parou para pensar em quantos minerais existem? Partindo da definio do que um mineral, chega-se a um grande nmero de minerais, os quais podem ser agrupados e classificados de diversas formas. Assim como os animais e vegetais, os minerais necessitam serem ordenados ou classificados de acordo com princpios cientficos para racionalizar o estudo. A classificao mais usada na mineralogia, por melhor atender s necessidades cientficas, uma vez que considera a estrutura e composio qumica dos minerais, os subdivide em 12 grandes grupos, baseando-se na composio qumica. Dessa forma temos os grupos: - elementos nativos Exemplos: ouro, enxofre

- sulfetos Exemplo: galena, esfalerita, pirita

- sulfossais Exemplo: tetraedrita, enargita

- xidos e hidrxidos Exemplo: hematita, cassiterita

- halides Exemplo: halita, fluorita

- carbonatos Exemplo: calcita, dolomita

- nitratos Exemplo: salitre - boratos Exemplo: brax

- sulfatos e cromatos Exemplo: barita, gipsita

- fosfatos, arsenietos e vanadatos Exemplo: apatita

- tungstatos e molibdatos

Exemplo: scheelita

- silicatos So responsveis por cerca de 97% da constituio da crosta terrestre, logo a classe mais importante dos minerais. Exemplos: feldspatos, berilo, turmalina.

Vale destacar que os minerais, alm de sua importncia enquanto constituintes das rochas, podem ser utilizados diretamente como matrias primas, as quais podem possuir elevado valor, como no caso do ouro. Ao final desta unidade, vamos conversar mais sobre a importncia dos minerais (e das rochas) para a nossa sociedade. Para se aprofundar no assunto, inclusive com exemplos e aplicaes, consulte o link do Dicionrio Livre de Geocincias: http://www.dicionario.pro.br/ WEB AULA 2 As rochas Aps conversarmos sobre os minerais, voc pode estar se perguntando: o que so as rochas? As rochas so os materiais consolidados que resultam da unio natural dos minerais. Vale o destaque para materiais consolidados, o que diferencia as rochas dos sedimentos, como a areia, por exemplo. Nas rochas, os cristais (minerais) esto bem unidos, dando coeso.

Na foto acima, vemos uma amostra da rocha magmtica extrusiva basalto. Note como h grande coeso entre os minerais constituintes, conferindo rocha grande resistncia fsica. Essa

caracterstica permite, por exemplo, que o basalto seja utilizado como pedra brita para concreto e asfalto, dentre outros usos. Ao analisarmos uma rocha, chamamos de estrutura o seu aspecto geral externo, podendo ser por exemplo macio, com vesculas (vazios, como na foto anterior), amdalas (vesculas com preenchimento mineral na foto anterior, preenchidas por quartzo), orientado ou no, etc. Analisamos tambm a textura, que se d atravs da observao dos gros que formam a rocha, no que se refere forma e ao ordenamento. - Tipos de rochas Rochas gneas (ou magmticas) Como o nome nos sugere, as rochas gneas ou magmticas so aquelas rochas que resultam diretamente do resfriamento do magma. Este resfriamento pode ocorrer no interior ou na superfcie do Planeta. Chamamos de rocha magmtica intrusiva (ou plutnica) quando o resfriamento se d no interior das camadas da Terra e de rocha magmtica extrusiva (ou vulcnica) quando o resfriamento se d na superfcie. Mas, como podemos saber se uma rocha magmtica extrusiva ou intrusiva? Para que possamos responder a essa pergunta, necessrio que analisemos a textura da rocha. O resfriamento dos magmas intrusivos mais lento, levando maior tempo para que os minerais formados sejam de maior tamanho, sendo facilmente visveis. J o resfriamento dos magmas extrusivos muito rpido, logo, os minerais sero menores, ou ainda podem nem se formar, como no caso do chamado vidro vulcnico, a obsidiana, na foto a seguir.

Rochas que se formam no interior da crosta, mas a pouca profundidade, so chamadas de hipoabissais. Um exemplo o diabsio. O magma que extravasa na superfcie, por entrar em contato com o ar e com o solo, resfria mais depressa do que aquele que solidifica no interior da crosta. Por isso, os minerais que formam as rochas vulcnicas aparecem em cristais numerosos, mas muito pequenos, pois no tiveram tempo de se desenvolver bem. Um basalto, por exemplo, formado por piroxnio e plagioclsio, mas no se consegue distinguir esses minerais a olho nu, apenas ao microscpio. Essas rochas so classificadas como afanticas. J o granito, forma-se por um processo de resfriamento bem mais lento, dando tempo para que os cristais de quartzo e feldspato cresam mais. Assim, podem-se ver nele gros de cores diferentes, com alguns milmetros ou centmetros de dimetro. Essas rochas so classificadas como fanerticas. A textura das rochas magmticas se define pelo tamanho dos gros minerais que as constituem e pelas relaes espaciais entre eles. Se os gros tm aproximadamente o mesmo dimetro, a rocha

equigranular; do contrrio, inequigranular. Se os gros tm at 1 mm de dimetro, ela fina; se tem de 1 a 5 mm, mdia; se tm mais de 5 mm, grossa. Se os gros tm uma distribuio homognea, istropa; se esto alinhados segundo uma dada direo, ento orientada. Do ponto de vista qumico, as rochas gneas so classificadas em cidas (mais de 66% de slica), como o granito e o riolito; intermedirias (52 a 66% de slica) , como o sienito e diorito; bsicas (45 a 52 % de slica), como o gabro e o basalto, e ultrabsicas (menos de 45% de slica), como o peridotito. Essa classificao nada tem a ver com o conceito de acidez (pH) usado em Qumica e a quantidade de slica tem pouca relao com quantidade de quartzo. As rochas cidas so geralmente claras e as ultrabsicas escuras. As rochas vulcnicas costumam conter cavidades, formadas por gases que ficaram aprisionados durante o resfriamento. Essas cavidades podem ter desde alguns milmetros, at alguns metros de dimetro e so chamadas de vesculas, quando vazias, ou de amgdalas, quando esto preenchidas por minerais. J as plutnicas so geralmente macias e quando contm cavidades elas so milimtricas. Os minerais mais comuns nas rochas gneas so todos do grupo dos silicatos: feldspatos, feldspatides, quartzo, olivinas, piroxnios, anfiblios e micas. As rochas gneas costumam ser macias, ter boa resistncia mecnica e cristais bem formados. Proporcionam bom polimento e so, por isso, muito valiosas como rochas ornamentais. Tm grande interesse econmico tambm porque nelas se encontra boa parte dos minerais teis. Os pegmatitos, uma rocha magmtica de granulao muito grosseira, so fonte de numerosos minerais valiosos, como quartzo, feldspato, andaluzita, apatita, berilo, moscovita, bismuto, cassiterita, columbita, fluorita, galena, granadas, ouro, grafita, monazita, rodonita, espodumnio, tantalita, titanita, topzio, turmalinas, gua-marinha, esmeralda, crisoberilo, volframita, xenotmio, trifilita, ambligonita, etc. uma das principais fontes de pedras preciosas e de minerais raros. Rochas sedimentares So rochas que se formam na superfcie da crosta terrestre, sob temperaturas e presses relativamente baixas, pela desagregao de rochas pr-existentes, seguida de transporte e deposio dos detritos, ou, menos comumente, por acumulao qumica. Conforme a natureza desse material, podem ser detrticas ou no-detrticas. Possuem porosidade e permeabilidade, uma marcante estratificao e baixa resistncia mecnica. So muito difceis de polir e podem conter fsseis. As camadas de rochas sedimentares podem totalizar vrios quilmetros de espessura. Exemplos de rochas sedimentares muito conhecidos no Brasil so as que formam os morros de Vila Velha (PR), a Chapada Diamantina (BA) foto a seguir, e a Gruta de Maquin (MG). No exterior, muito conhecido o Gran Canyon (Colorado, EUA). De um modo geral e amplo, as rochas sedimentares mais comuns podem ser divididas em arenosas, argilosas (ambas detrticas) e carbonatadas (no-detrticas), estas subdivididas em calcrios e dolomitos.

Rochas sedimentares detrticas (tambm chamadas de clsticas) so aquelas formadas pela deposio de fragmentos de outras rochas (gneas, metamrficas ou mesmo sedimentares). Esses fragmentos, principalmente quartzo e silicatos, constituem os sedimentos e surgem por efeito da eroso. Chuva, vento, calor e gelo vo fragmentando as rochas e os pedaos que se soltam so transportados para lugares mais baixos, pela ao da gravidade, dos rios, de geleiras ou do vento. O mais extenso e mais duradouro dos ambientes de deposio o marinho. Ele o destino final de todos os sedimentos e nele est a maior parte dos sedimentos detrticos. Conforme o dimetro dos gros desses sedimentos, eles podem ser cascalho, areia, silte ou argila, do maior para o menor (ver tabela a seguir). Cascalhos formam conglomerados e brechas; areias formam arenitos; siltes formam siltitos e argilas formam argilitos.

Esses sedimentos so transportados at uma bacia sedimentar, deserto ou delta de um rio e a comeam a ser compactados pelo peso de mais sedimentos que sobre eles se depositam. As rochas argilosas so as mais abundantes das rochas sedimentares, mas tambm as mais difceis de estudar, devido granulao fina dos sedimentos que as formam. A deposio comea sempre pelas partculas maiores e mais pesadas. As menores, mais leves e menos esfricas tendem a prosseguir, sendo depositadas depois e mais adiante. Com o tempo, os gros ou seixos vo se unindo, muitas vezes pela precipitao, entre eles, de xido de ferro ou de carbonato de clcio, de modo que ficam cimentados, originando ento a rocha sedimentar. Se o sedimento for areia, formar um arenito; se for argila, formar uma argilito; etc., conforme visto na tabela acima.

As mudanas na textura e na composio sofridas pelos sedimentos em temperaturas relativamente baixas e que levam formao da rocha sedimentar chamam-se diagnese. Elas podem ocorrer logo aps a deposio ou bem depois. Rochas sedimentares no-detrticas surgem pela precipitao qumica de sais ou pela acumulao de restos orgnicos de animais e plantas. Quando formadas por sais, so chamadas de qumicas. Ex.: calcrio, evaporito. Se formadas por restos orgnicos, so chamadas de orgnicas. Ex.: guano, carvo. As rochas sedimentares qumicas so formadas principalmente por carbonatos, sulfatos, slica, fosfatos e halides. As principais rochas calcrias so o calcrio (composto essencialmente de calcita) e o dolomito (composto de dolomita). Tipos mistos so os calcrios dolomticos. Afora os carbonatos, costumam conter quartzo, argila e outros minerais. As rochas sedimentares costumam ser muito porosas, o que permite que nelas se acumule gua. So, por isso, importantes fontes de gua subterrnea. Aquelas que possuem gua em poros que se interconectam (isto , que so porosas e permeveis) constituem aquferos, ou seja, massa rochosa capaz de armazenar e fornecer gua. Arenitos costumam ser timos aqferos. De acordo com a textura, as principais classes de rochas metamrficas so: Ardsias: granulao fina (cristais microscpicos), foliao tabular perfeita, mas sem faixas; formadas por metamorfismo regional sobre rochas sedimentares clsticas finas (argilitos e siltitos).

Filitos: xistosas, de granulao fina, mesma origem das ardsias mas com granulao maior, s vezes com faixas incipientes; brilho sedoso.

Xistos: acentuadamente foliados, com gros que permitem fcil identificao dos principais componentes, ricos em mica, formados por metamorfismo regional ou de deslocamento profundo.

Anfibolitos: granulao mdia a grossa, compostas principalmente de hornblenda e plagioclsio; foliao menos ntida que nos xistos tpicos; formados por metamorfismo regional de grau mdio a alto.

Gnaisses: granulao grossa, bandas irregulares, predomnio do quartzo e do feldspato sobre as micas, tornando a foliao menos visvel. Metamorfismo regional de grau alto.

Granulitos: rochas equigranulares, sem micas e sem anfiblios, portanto sem foliao ntida. Metamorfismo regional de alto grau.

Mrmores: compostos de calcita ou dolomita, usualmente pouco foliados; forma corpos lenticulares.

Cataclasitos: formados por deformao sem alterao qumica. Aumentando a deformao e surgindo faixas e listras, passam a milonitos.

Milonitos: rochas de granulao fina, resultantes da triturao de rochas mais grossas; tm aspecto de slex e formam-se por metamorfismo de deslocamento extremo, sem alterao qumica digna de nota.

Filonitos: aspecto semelhante ao de filitos, formadas como os milonitos, mas com pronunciada reconstituio qumica, surgindo pelculas de mica nos planos de foliao.

- Importncia econmica dos minerais e rochas Voc j parou para pensar na importncia dos recursos minerais? Visite o link http://www.mineropar.pr.gov.br. L, alm deste tpico sobre a importncia da minerao, obter muitas outras informaes interessantes sobre a Geologia e a Geomorfologia. Os bens minerais tm uma importncia significativa para a sociedade, a tal ponto que as fases de evoluo da humanidade so divididas em funo dos tipos de minerais utilizados: idades da pedra, do bronze, do ferro, etc. Nenhuma civilizao pode prescindir do uso dos bens minerais, principalmente quando se pensa em qualidade de vida, uma vez que as necessidades bsicas do ser humano - alimentao, moradia e vesturio - so atendidas essencialmente por estes recursos. Uma pessoa consome direta ou indiretamente cerca de 10 toneladas/ano de produtos minerais, abrangendo 350 espcies minerais distintas. A construo de uma residncia um exemplo dessa diversidade. Para ilustrar a importncia das rochas e minerais em nosso dia a dia, convido voc a analisar algo extremamente cotidiano, uma casa. Tente desmontar uma casa. Vamos, ento, pensar de onde vem cada um dos constituintes.

Impressionante no? Assim, podemos dizer que a minerao, embora seja associada a riscos e impactos ambientais, disponibiliza materiais de grande utilidade sociedade, sendo possvel, em razo dessa grande importncia, que a extrao seja realizada em reas de Preservao Permanente!

Para saber mais sobre esse assunto, estude a Resoluo CONAMA 369 de 2006, disponvel no portal www.mma.gov.br/conama A atividade mineral disponibiliza para a sociedade recursos minerais essenciais ao seu desenvolvimento, sendo a intensidade de aproveitamento dos recursos um indicador social. Tomando como exemplo o consumo per capita de agregados para a construo civil (areia + brita), este reflete a real intensidade estrutural de uma sociedade, pois est associado diretamente s vias de escoamento de produo, como viadutos e pontes, saneamento bsico, hospitais, escolas, moradias, edifcios, energia eltrica e toda sorte de elementos diretamente ligados ao desenvolvimento econmico e social. O crescimento socioeconmico implica em maior consumo de bens minerais, tornando importante garantir a disponibilidade dos recursos demandados pela sociedade. Existe, portanto, uma relao direta entre desenvolvimento econmico, qualidade de vida e consumo de bens minerais. Como indstria de base, a minerao induz formao da cadeia produtiva, do processo de transformao de minrios at os produtos industrializados. Mas, e quanto ao meio ambiente? A minerao no causa grandes impactos? A imagem da minerao como uma atividade agressiva ao meio ambiente e aos interesses do desenvolvimento sustentado tem suas razes na intensa demanda pelos bens minerais, associada falta tanto de solues tecnolgicas adequadas, quanto de prioridade para a conservao ambiental na agenda dos governos. Esta combinao de fatores induziu o desenvolvimento de uma indstria mineral predatria, bastante generalizada no Brasil at pocas recentes da nossa histria. Veja a foto...

Nestas imagens, vemos claramente os impactos de uma minerao de areia que opera por desmonte mecnico de encostas, em fase de instalao. Aps o esgotamento da mina, a empresa dever promover a recuperao da rea. Para refletir: Quais impactos e riscos ambientais so observados nesse caso? Quais medidas de correo devero ser adotadas? Poste no frum da disciplina suas contribuies! A realidade atual est mudando, principalmente por efeito de uma fiscalizao ambiental cada vez mais eficiente e priorizada pelo poder pblico, bem como pela disponibilidade de tecnologias de controle e recuperao ambiental mais adequadas s necessidades da indstria mineral. Ambas, fiscalizao e tecnologia, so favorecidas pelo fato de que a minerao afeta geralmente pequenas extenses geogrficas, dentro de reas controladas pelo governo federal. Todas as reas de concesso mineral em operao no Brasil abrangem menos de 0,15% do territrio nacional, localizadas de forma praticamente pontual em concesses do Departamento Nacional de Produo Mineral liberadas mediante aprovao de um plano de controle e recuperao dos impactos ambientais, pelos rgos especficos de fiscalizao. Outras atividades econmicas, tais como a agricultura e a implantao de infra-estrutura urbana, afetam mais fortemente a integridade dos ecossistemas, aplicando produtos qumicos e erradicando espcies em escala regional, o que as torna mais agressivas e de difcil recuperao. Consulte o portal do Departamento Nacional de Produo Mineral para saber mais sobre a minerao no Brasil. Link: www.dnpm.gov.br Veja o vdeo sobre minerao e gesto de riscos e impactos ambientais: Sabendo que a minerao no apenas uma atividade econmica de impactos ambientais essencialmente localizados, como ainda apresenta maiores possibilidades de gesto do risco e facilidade de fiscalizao por parte do poder pblico. medida que a indstria mineral se modernizar e que mais, e melhores, profissionais das reas ambientais atuarem, esta imagem poder melhorar muito. Para finalizar, destacamos que os profissionais da rea ambiental devem agir sempre visando proporcionar a sustentabilidade das atividades humanas, agindo de forma conciliadora (mas no submissa!) entre o ambiente e o desenvolvimento econmico e social. um desafio!