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Curso: Design Gráfico Disciplina: História da Arte Prof.: Me Antonio Simão Cavalcante Faculdade Católica Rainha do Sertão Rua Juvêncio Alves, 660, Centro Quixadá, CE - Fone: (88) 3412 6700 Quixadá /2015

Apostilha - Design Editada

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conhecimento para curso de design gráfico.

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  • 1 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    Curso: Design Grfico

    Disciplina:

    Histria da Arte Prof.: Me Antonio Simo Cavalcante

    Faculdade Catlica Rainha do Serto Rua Juvncio Alves, 660, Centro

    Quixad, CE - Fone: (88) 3412 6700

    Quixad /2015

  • 2 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    Semestre I

    Histria da Arte

    Quixad CE Janeiro de 2015

    Curso Design Grfico

  • 3 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    Existem momentos na vida onde a questo de saber se se pode pensar diferentemente do que se pensa, e perceber diferentemente do que se v, indispensvel para continuar a olhar ou a refletir.

    Michel Foucault

    Apresentao

    Caro(a) aluno(a),

    Voc est recebendo os contedos a serem abordados no Semestre I na disciplina

    Histria da Arte. Os textos aqui contidos servem para orientar os trabalhos em sala e

    daro subsdios para os estudos em grupos e individual. Essa apostila foi elaborada com

    objetivo de fazer com que voc enquanto aluno do curso de Design Grfico, possa a

    partir desses estudos, estabelecer uma relao entre a Arte e seus significados e os

    aspectos que envolvem o uso das diferentes linguagens no universo criativo e na

    produo material e subjetiva, respeitando a diversidade contextual dos elementos em

    cada tempo e buscando despertar quanto ao entendimento e reflexo sobre os

    conhecimentos artsticos analisados.

    Compreendendo esses aspectos voc ser capaz de perceber a importncia da

    Histria da Arte em seus mltiplos aspectos, bem como a necessidade de perceber as

    questes complexas e pertinentes que esto intrinsecamente ligadas a produo grfica.

    Assim percebemos que o conhecimento historiogrfico das produes de arte

    auxilia no desenvolvimento do indivduo enquanto ser criador e suas diferentes relaes

    com o mundo que o cerca.

    Sucesso e bons estudos!

  • 4 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    Sumrio

    PLANO DE ENSINO ................................................................................................ 06

    Ementa ............................................................................................................... 06

    Contedo programtico ..................................................................................... 06

    Objetivos ............................................................................................................ 07

    Avaliao ........................................................................................................... 08

    Referencias ........................................................................................................ 08

    Unidade 1 CONCEITO DE ARTE ........................................................................ 09 Aula 1 ARTE .......................................................................................................... 09 1.1 Origem da arte ............................................................................................. 10

    1.2 Conceito de arte .......................................................................................... 11

    1.3 Funo da arte ............................................................................................. 11

    Aula 2 ARTE: A SIGNIFICAO DA BELEZA .............................................. 17 2.1 O primitivo senso de beleza ........................................................................ 17

    2.2 A pintura do corpo ...................................................................................... 18

    2.3 Cosmticos .................................................................................................. 19

    2.4 Tatuagem e escarificao ............................................................................ 19

    2.5 Vesturios e ornamentos ............................................................................. 20

    2.6 Cermica- pintura e escultura ...................................................................... 21

    2.7 Arquitetura .................................................................................................. 21

    Unidade 2 PANORAMA INTRODUTRIO DA HISTRIA DA ARTE ........... 24 Aula 3 MANIFESTAES DE ARTE-VIDA ...................................................... 24 3.1 Arte na Pr-Histria ..................................................................................... 24

    3.1.1 A Arte na Pr-Histria brasileira ........................................................... 26

    3.2 Arte entre os povos pr-colombianos .......................................................... 26

    3.3 Arte na Antiguidade .................................................................................... 29

    3.3.1 Egito ...................................................................................................... 29

    3.3.2 Grcia .................................................................................................... 32

    3.3.3 Roma ..................................................................................................... 35

    Aula 4 ARTE NO PERODO MEDIEVAL .......................................................... 38 4.1 Arte na Idade Mdia ................................................................................... 38

    4.1.1 Arte Sacra Bizantina ............................................................................. 39

    4.1.2 A arte sagrada dos cones ..................................................................... 40

    4.2 Das trevas a luz: nasce o Gtico .................................................................. 41

    Unidade 3 ORIGEM E EVOLUO DO DESIGN ........................................... 42 Aula 5 HISTRIA DO DESIGN .......................................................................... 42 5.1 Origem do design ......................................................................................... 42

    5.2 Arte e design em correlao ........................................................................ 43

    Aula 6 DESIGN GRFICO .................................................................................. 46 6.1 O que o Design Grfico? .......................................................................... 46

    6.2 Foco na Imagem .......................................................................................... 53

    Unidade 4 CONCEITOS DE PRODUO NAS ARTES VISUAIS ................. 56 Aula 7 RENASCIMENTO ..................................................................................... 56 7.2 Arte Renascentista ....................................................................................... 56

    7.2 Maneirismo, Barroco e Rococ ................................................................... 64

  • 5 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    7.2.1 Barroco no Brasil ................................................................................... 65

    Aula 8 COMPARANDO ARTE MODERNA COM ARTE CONTEMPORNEA ...............................................................................................

    67

    8.1 Academicismo ............................................................................................. 67

    8.2 Arte Moderna .............................................................................................. 68

    8.3 Movimentos que influenciaram a Arte Contempornea .............................. 70

    8.3.1 Dadasmo ............................................................................................... 70

    8.3.2 Pop Art ................................................................................................... 72

    8.4 Arte Contempornea .................................................................................... 74

    8.4.1 Arte Conceitual ...................................................................................... 76

    8.4.2 Comparando o Moderno e o Contemporneo na Arte .......................... 77

    Unidade 5 EXPRESSO ARTSTICA E LINGUAGEM ................................... 79 Aula 9 DO NEOCLSSICO AO ECLETISMO ................................................. 79 9.1 Neoclssico ................................................................................................. 79

    9.2 Ecletismo ................................................................................................... 80

    Aula 10 VANGUARDAS MODERNISTAS ...................................................... 81 10.1 Cubismo ................................................................................................... 82

    10.2 O Futurismo .............................................................................................. 82

    10.3 O Expressionismo ..................................................................................... 83

    10.4 O Surrealismo ........................................................................................... 83

    10.5 A ligao do modernismo brasileiro com as vanguardas europias ......... 85

    Aula 11 NOVAS LINGUAGENS CONTEMPORNEAS ............................... 86 11.1 Instalao .................................................................................................. 86

    11.2 Performance .............................................................................................. 87

    11.3 Videoarte ................................................................................................... 88

    11.4 Arte Eletrnica .......................................................................................... 88

    11.5 Objetos Encontrados (Objet trouv) ......................................................... 89

    11.6 Arte Ambiental (Land Art) ....................................................................... 90

    REFERENCIAS ...................................................................................................... 91

  • 6 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    PLANO DE ENSINO

    Ementa

    Nesta disciplina o aluno ter a oportunidade de construir uma

    compreenso sedimentada por conceitos relacionados Histria das

    realizaes das artes plsticas no mundo moderno e

    contemporneo. Conceitos fundamentais para a compreenso das

    diferentes linguagens artsticas relacionando-as com as

    transformaes histricas da sociedade. Conhecer a origem do

    design. Panorama introdutrio da histria geral das artes: pr-

    histria, antiguidade, medievo, modernidade, contemporaneidade.

    Renascimento, maneirismo, barroco ao rococ. Neoclssico,

    ecletismo, vanguardas modernistas, modernismo ao

    contemporneo. Expresso artstica a partir da tica realista.

    Antecedentes romnticos, visualidade impressionista, o

    rompimento do espao representativo desde os movimentos de

    vanguarda a partir do cubismo at as tendncias mais recentes

    como a presena da arte conceitual ou efmera e o retorno da

    pintura na dcada de 80.

    CONTEDO Programtico

    Unidade 1 Conceito de Arte.

    Unidade 2 Panorama introdutrio da Histria da Arte.

    Unidade 3 Histrico e evoluo do design.

    Unidade 4 Conceitos de produo nas artes visuais.

    Unidade 5 Expresso artstica e linguagem.

  • 7 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    obje

    tivos

    Geral: Analisar conceitos que possibilitem o conhecimento da Histria da

    Arte, suscetvel de influenciar a qualidade da concepo e da prtica de

    arquitetura, urbanismo e paisagismo.

    Especficos:

    1. Analisar a produo historiogrfica das expresses artstica a partir de

    um panorama cronolgico introdutrio que abordam temas como: pr-

    histria, antiguidade, medievo, modernidade, contemporaneidade.

    2. Conhecer a Histria das principais realizaes das artes plsticas no

    mundo moderno e contemporneo.

    3. Identificar os conceitos fundamentais para a compreenso da histria e

    evoluo do design, com nfase no contexto histrico ps Revoluo

    Industrial.

    4. Identificar o campo de atuao do designer grfico, os conhecimentos e

    habilidades necessrios para desenvolver a atividade profissionalmente

    e refletir sobre o processo de trabalho em design.

    5. Conhecer diferentes abordagens tericas sobre as formas artsticas e a

    produo de imagens.

    6. Conhecer, debater e refletir conceitos da produo artstica visual no

    renascimento, maneirismo, barroco ao rococ.

    7. Identificar os conceitos de neoclssico, ecletismo, vanguardas

    modernistas, modernismo ao contemporneo.

    8. Conhecer os antecedentes romnticos a partir da visualidade

    impressionista e da identificao perceptvel pelo rompimento do espao

    representativo.

  • 8 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    Avaliao

    TIPO:

    Apreciao contnua e sistemtica dos trabalhos desenvolvidos;

    Contnua (a partir das aulas ministradas);

    Diagnstica: avaliaes regulares e previstas no programado curso;

    Avaliao individual e participativa do aluno.

    INSTRUMENTOS

    Participao (pontualidade e assiduidade);

    Desempenho individual e coletivo;

    Planejamento e execuo de trabalhos em equipe;

    Apresentao de seminrios (argumentao e clareza);

    Avaliao e auto-avaliao.

    REGISTRO: Nota em dirio (0 a 10 pontos).

    Referencias

    Bibliografia Bsica

    ARGAN, Giulio Carlo. A arte moderna na Europa de Hogarth a Picasso. So Paulo:

    Companhia das Letras, 2010.

    CAUQUELIN, Anne. Arte contempornea: uma introduo. So Paulo: Martins Fontes, 2005.

    RUSH, Michael. Novas mdias na arte contempornea. So Paulo: Martins Fontes, 2006.

    Bibliografia Complementar

    COTTINGTON. David. Cubismo. So Paulo: Cosac & Naify, 2001.

    DROST, Magdalena. Bauhaus: 19191933. Kln: Benedikt Taschen, 1993.

    FER, Biony. Realismo, racionalismo, surrealismo: a arte no entre Guerra. So Paulo: Cosac &

    Naif, 1998.

    GOODING, Mel. Arte abstrata. So Paulo: Cosac & Naif, 1998.

    HARRISON, Claude; FRASCINA, Francis; PERRY, Gil. Primitivismo, cubismo e abstrao:

    comeo do sculo XX. So Paulo: Cosac & Naif, 1998.

  • 9 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    Conceito de Arte

    Aula 1 ARTE

    Arte conhecimento, e partindo deste princpio, pode-se dizer que uma das

    primeiras manifestaes da humanidade, pois serve como forma do ser humano marcar

    sua presena criando objetos e formas que representam sua vivncia no mundo, o seu

    expressar de ideias, sensaes e sentimentos e uma forma de comunicao (AZEVEDO

    JNIOR, 2007).

    A arte surgiu com os primrdios da humanidade, se revelou com suas primeiras

    aes, principalmente atravs de seu trabalho, condio necessria para sua

    sobrevivncia, em que o homem utiliza a natureza transformando-a. As pinturas

    rupestres, tambm caracterizavam essa primeiras formas de ao, demonstrando que o

    homem da caverna, naquele tempo, j interesse em se expressar de maneira diferente

    (FISCHER, 1983).

    Dentre seus possveis conceitos a arte uma experincia humana de conhecimento esttico que transmite e expressa ideias e emoes, por isso, para a apreciao da arte necessrio aprender a observar, a analisar, a refletir, a criticar e a emitir opinies fundamentadas sobre gostos, estilos, materiais e

    modos diferentes de fazer arte (AZEVEDO JNIOR, p. 7, 2007).

    Partindo deste princpio, a arte existe para decorar o mundo, para ajudar no dia-a-

    dia (utilitria), para explicar e descrever a histria, para expressar ideias, desejos e

    sentimentos, a arte uma manifestao singular.

    Quando o homem faz arte, ele cria um objeto artstico que no precisa ser uma

    representao fiel das coisas no mundo natural ou vivido e sim, como as coisas podem

    ser, de acordo com a sua viso, ou seu desejo. Baseado nisto, a funo da arte e o seu

    valor esto na representao simblica do mundo humano.

    O mundo da arte concreto e vivo podendo ser observado, compreendido e

    apreciado. Atravs da experincia artstica o ser humano desenvolve sua imaginao e

    criao aprendendo a conviver com seus semelhantes, respeitando as diferenas e

    U

    nid

    ade

    1

  • 10 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    sabendo modificar sua realidade. A arte d e encontra forma e significado como

    instrumento de vida na busca do entendimento de quem somos, onde estamos e o que

    fazemos no mundo.

    1.1 Origem da Arte

    O mundo da arte pode ser observado, compreendido e apreciado atravs do

    conhecimento que o ser humano desenvolve sua imaginao e criao adquirindo

    conhecimento, modificando sua realidade, aprendendo a conviver com seus semelhantes

    e respeitando as diferenas (AZEVEDO JUNIOR, 2007).

    A arte quase to antiga quanto o homem, pois a arte uma forma de trabalho, e o

    trabalho uma propriedade do homem, uma de suas caractersticas e ainda pode ser

    definido como um processo de atividades deliberadas para adaptar as substncias naturais

    as vontades humanas, a relao de conexo entre o homem e a natureza, comum em

    todas as formas sociais (FISCHER, 1983).

    O homem executa seu trabalho atravs da transformao da natureza. A arte, como

    um trabalho mgico do homem, utilizada como uma tentativa de transformao da

    natureza, sonha em modificar os objetos, dar uma nova forma sociedade, trata-se de

    externar uma imaginao do que significa a realidade, portanto o homem considerado,

    por princpio, um mgico, pois capaz de transformar a realidade atravs da arte

    (FISCHER, 1983).

    Segundo Azevedo Jnior (2007) para que a arte exista necessrio a existncia de

    trs elementos: o artista, o observador e a obra de arte.

    O artista aquele que tem o conhecimento concreto, abstrato e individual sobre

    determinado assunto que se expressa e transmite esse conhecimento atravs de um objeto

    artstico (pintura, escultura, dentre outros) que represente suas idias. O segundo, o

    observador, aquele que faz parte do publico que observa a obra para chegar ao caminho

    de mundo que ela contm, ainda ter que ter algum conhecimento de histria e historia da

    arte para poder entender o contexto de tal arte. O terceiro, a obra de arte, a criao do

    objeto artstico que vai ate o entendimento do observador, pois todas as artes tem um fim

    em si, ou seja uma traduo.

  • 11 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    1.2 Conceito de Arte

    A arte concebida como ideia de colocar o homem em equilbrio com seu meio, se

    caracteriza como um reconhecimento parcial da sua natureza e da sua necessidade, tendo

    em vista que no possvel um permanente equilbrio entre o homem e o mundo que o

    circunda, sugerindo que a arte e sempre ser necessria (FISCHER, 1983).

    Segundo Azevedo Jnior (2007) a arte conhecimento, alm de uma das primeiras

    manifestaes da humanidade para marcar sua presena em determinado espao (como j

    foi dito anteriormente atravs da pintura nas cavernas, templos religiosos, quadros,

    filmes) que expressam suas idias, sentimentos e emoes sobre determinado assunto

    para os outros, portanto a arte tem a inteno de mostrar como as coisas podem ser de

    acordo com determinada viso e no uma viso de como as coisas so, no entanto, a arte

    uma representao simblica do mundo humano.

    H vrios conceitos que definem a arte, de modo mais sinttico, pode-se dizer que a

    arte a transmisso de idias, pensamentos e emoes, atravs de um objeto artstico,

    adquirida da experincia humana e que possui seu valor, no entanto, para entende-la

    necessrio aprender sobre ela, seu histrico, para assim poder observar, a analisar, a

    refletir, a criticar e a emitir opinies fundamentadas sobre gostos, estilos, materiais e

    modos diferentes de fazer arte (AZEVEDO JNIOR, 2007).

    Cada sociedade apresenta um estilo diferente de fazer arte, pois possuem seu

    prprios valores morais, religiosos, artsticos entre outros. Baseado nisto, cada regio tem

    sua cultura, no entanto, a arte se manifesta de acordo com elas (AZEVEDO JNIOR,

    2007).

    Para Tabosa (2005) o termo arte derivado do latim ars que tem sentido de

    origem grega de arte manual, oficio, habilidade, obra, que significa, em um aspecto mais

    geral um conjunto de regras que conduzem a atividade humana.

    1.3 Funo da Arte

    Em cada sociedade existe um modo de se ver a arte, como por exemplo, em

    sociedades indgenas podemos not-la no seu dia-a-dia atravs de suas vestimentas,

    pinturas, artefatos etc. A arte s foi reconhecida no sc. XX como um objeto que

    proporciona experincia de conhecimento (AZEVEDO JNIOR, 2007).

  • 12 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    Segundo Fischer (1983), o homem s se tornou homem atravs do conhecimento

    que a arte proporciona, pois da utilizao deste conhecimento que ele faz suas

    ferramentas para poder atender suas necessidades, como por exemplo, o homem

    primitivo viu a utilidade de se proteger contra os inimigos e tambm caar, no entanto

    criou uma ferramenta como uma vara juntamente com uma pedra para atingir animais, ou

    outros seres que viessem o atacar.

    Para Azevedo Jnior (2007) arte, de uma forma mais artstica, apresenta trs

    funes principais: a pragmtica ou utilitria, a naturalista e formalista.

    A arte como funo pragmtica serve como uma alternativa para alcanar um fim

    no artstico e sim uma finalidade, baseado nesta ideia, a arte pode estar a servios para

    finalidades religiosas polticas ou sociais, neste caso no interessante sua qualidade

    esttica, mas a finalidade que se prestou alcanar. A arte como funo naturalista tem

    como objetivo representar algo ao observador de forma mais natural possvel, o que

    interessa aqui a representao da realidade e da imaginao do contedo de tal arte para

    o observador, de uma maneira que este possa compreender. A arte como funo

    formalista preocupa-se com significados e motivos estticos, se preocupa em transmitir e

    expressar idias e emoes atravs de objetos artsticos (AZEVEDO JNIOR, 2007).

    A arte um meio pelo qual o homem transforma o mundo atravs do conhecimento,

    pois quando algum artista pratica a arte ele pretende passar algo novo, suas idias e

    pensamentos. No entanto, isto pode ser observado nos primrdios com as pinturas, que

    deixavam para as outras pessoas, conhecimentos anteriores a eles que depois foram se

    desenvolvendo e se aprimorando com o decorrer do tempo.

    O mundo da arte concreto e vivo podendo ser observado, compreendido e

    apreciado. Atravs da experincia artstica o ser humano desenvolve sua imaginao e

    criao aprendendo a conviver com seus semelhantes, respeitando as diferenas e

    sabendo modificar sua realidade. A arte d e encontra forma e significado como

    instrumento de vida na busca do entendimento de quem somos, onde estamos e o que

    fazemos no mundo.

    Quando o ser humano faz arte, ele cria um objeto artstico que no

    precisa nos mostrar exatamente como as coisas so no mundo natural

    ou vivido e sim, como as coisas podem ser, de acordo com a sua viso.

    A funo da arte e o seu valor, portanto, no esto no retrato fiel da

    realidade, mas sim, na representao simblica do mundo humano.

  • 13 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    RESUMINDO:

    Ao longo da histria da arte podemos distinguir trs funes principais para a arte

    a pragmtica ou utilitria, a naturalista e a formalista.

    Funo pragmtica ou utilitria: a arte serve como meio para se alcanar um fim no-

    artstico, no sendo valorizada por si mesma, mas pela sua finalidade. Segundo este ponto

    de vista a arte pode estar a servio para finalidades pedaggicas, religiosas, polticas ou

    sociais. No interessa aqui se a obra tem ou no qualidade esttica, mas se a obra cumpre

    seu papel moral de atingir a finalidade a que ela se prestou. Uma cultura pode ser

    chamada pragmtica quando o comportamento, a produo intelectual ou artstica de um

    povo so determinados por sua utilidade.

    Vaso de caritides. Cultura Santarm.

    Par, Brasil. C. 1000-1500.

    Vaso de cermica em argila

    da Cultura Santarm, etnia

    indgena que se desenvolveu

    na foz do rio Tapajs, no

    Baixo Amazonas. Esta pea

    possua uma finalidade

    ritualstica e era adornada

    com ricos detalhes.

    Caritides so os nomes das

    figuras antropomrficas

    (mistura de humanos com

    animais) que sustentam o

    vaso na base.

    Funo naturalista: o que interessa a representao da realidade ou da imaginao o

    mais natural possvel para que o contedo possa ser identificado e compreendido pelo

    observador. A obra de arte naturalista mostra uma realidade que est fora dela retratando

    objetos, pessoas ou lugares. Para a funo naturalista o que importa a correta

    representao (perfeio da tcnica) para que possamos reconhecer a imagem retratada; a

    qualidade de representar o assunto por inteiro; e o vigor, isto , o poder de transmitir de

    maneira convincente o assunto para o observador.

  • 14 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    Nesta pintura leo o artista retrata uma

    situao de modo realista com personagens

    humildes tirados do cotidiano brasileiro da

    poca. A perfeio da tcnica da pintura

    ressalta a inteno de representar a imagem o

    mais natural possvel.

    Recado difcil. Almeida Jnior.

    Rio de Janeiro. Brasil. 1995.

    Funo formalista: atribui maior qualidade

    na forma de apresentao da obra

    preocupando-se com seus significados e

    motivos estticos. A funo formalista

    trabalha com os princpios que determinam a

    organizao da imagem - os elementos e a

    composio da imagem. Com o formalismo

    nas obras, o estudo e entendimento da arte

    passaram a ter um carter menos ligado s

    duas funes anteriores importando-se mais

    em transmitir e expressar idias e emoes

    atravs de objetos artsticos. Foi s a partir

    do sc. XX que a funo formalista

    predominou nas produes artsticas atravs

    da arte moderna, com novas propostas de

    criao. O conceito de arte que temos hoje

    em dia derivado desta funo.

    O Abaporu. Tarsila do Amaral

    So Paulo. Brasil. 1927.

    Esta pintura leo marca o incio nas artes

    visuais do movimento cultural conhecido como

    Modernismo no Brasil. Ela simboliza elementos regionais (sol, mandacaru) com cores vivas e

    figuras estilizadas e distorcidas, sem se

    preocupar com a anatomia perfeita e sim com a forma de apresentao esttica da arte em si. O

    nome Abaporu significa na lngua Tupi-Guarani o homem que come relacionado ao antropofagismo cultural como proposta artstica do Modernismo.

  • 15 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    Arte Figurativa ou Figurativismo: aquela que retrata e expressa a figura de um

    lugar, objeto, pessoa ou situao de forma que possa ser identificado, reconhecido.

    Abrange desde a figurao realista (parecida com o real) at a estilizada (sem traos

    individualizadores). O figurativismo segue regras e padres de representao da imagem

    retratada.

    A leiteira.

    Jan Vermeer. Holanda. 1660.

    Broadway Boogie Woogie.

    Piet Mondrian. Holanda. 19942-1943.

    Nesta pintura leo, feita durante o perodo

    artstico chamado Renascimento, o artista

    explorou a representao de uma cena do

    dia-a-dia de modo realista retratando com

    perfeio a naturalidade figurativa das

    formas, iluminao, cores e texturas criando

    toda uma atmosfera que nos faz mergulhar

    na cena. Esta obra de arte pode ser

    classificada como Naturalista segundo sua

    funo original quando foi criada.

    Aqui o artista reduz a imagem aos seus elementos bsicos visuais: formas, cores, direo e

    movimento. Esta obra faz parte do movimento

    Expressionista Alemo na Arte Moderna que

    evitava a representao da natureza tal qual a vemos. Para estes artistas a Arte era a simplicidade

    e organizao geomtrica do espao. Nesta pintura

    leo o artista no se preocupou em criar algo identificvel mas, sim, transmitir valores e

    significados estticos nas formas bsicas, por isso

    pode ser classificada como sendo da funo Formalista.

    Arte Abstrata ou Abstracionismo: termo genrico utilizado para classificar toda

    forma de arte que se utiliza somente de formas, cores ou texturas, sem retratar nenhuma

    figura, rompendo com a figurao, com a representao naturalista da realidade.

    Diferenciando Arte Figurativa ou Figurativismo de Arte Abstrata ou

    Abstracionismo.

    Saiba mais...

  • 16 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    Podemos classificar o abstracionismo em duas tendncias bsicas: a geomtrica e a

    informal.

    **************************Atividades

    01. Ao longo da histria da arte podemos distinguir trs funes principais para a arte.

    Identifique-os apresentando suas caractersticas principais.

    02. Observe as imagens abaixo e responda:

    Piet.

    Michelangelo. Igreja de So Pedro,

    Vaticano, Itlia. C. de 1500

    Cadeira Kasese.

    Hella Jongerius. 2000.

    Mont Ste. Vitoire.

    Paul Czanne. Frana. 1885 - 1887.

    Poster de Star Wars Episode III.

    LucasFilm. 2005.

    a) Voc j viu alguma imagem e ficou na dvida se ela era ou no uma obra de arte?

    Quais foram s imagens?

  • 17 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    b) Como voc faria para distinguir a imagem de um cartaz de filme de cinema de uma

    tela pintada como sendo arte?

    c) Voc sabe o que arte e para qu ela serve?

    Aula 2 ARTE: A SIGNIFICAO DA BELEZA

    Depois de cinco mil anos de realizaes artsticas o homem ainda tem dvidas sobre

    as origens da arte, no instinto e na Histria. Que beleza? Por que a admiramos? Por que

    nos esforamos para cri-la? Em resumo, e precariamente, responderemos que beleza

    qualquer qualidade pela qual um objeto ou forma agrada a quem contempla. Principal e

    originalmente, o objeto no agrada a quem contempla pelo fato de ser belo; tido como

    belo porque agrada. Qualquer objeto que satisfaz um desejo ser belo; para o esfomeado,

    o alimento mais belo do que Tas. O objeto agradvel pode ou no ser o prprio

    contemplador: no imo dos nossos coraes nenhuma forma mais bela como a nossa, e a

    arte comea com o adorno do nosso prprio corpo. Ou pode ser algum desejado; e ento

    o senso esttico ou o sentimento da beleza assume a intensidade e a criatividade do sexo,

    espalhando a aura da beleza sobre tudo que diz respeito ao ser amado(a). (DURANT,

    1963).

    Nessa perspectiva a beleza assume as caractersticas prprias do sexo e da pessoa

    desejada: s formas que a lembram, s cores que a adornam, a tudo o que lhe vai bem, a

    todas as formas e movimentos que lhe lembram a graa e a simetria, satisfao na

    presena do poder que cria a mais elevada forma de arte. E finalmente, na prpria

    natureza com nossa cooperao pode tornar-se sublime e bela.

    2.1 O primitivo senso de beleza

    Arte a criao da beleza; a expresso do pensamento ou do sentimento em

    formas que nos parecem belas ou sublimes e por isso provocam em ns alguma

    reverberao do deleite primordial que um ser dar ao outro. O pensamento pode ser

    qualquer captao do significado da vida; o sentimento pode ser qualquer exaltao ou

    liberao das tenses da vida.

    Se o sentido da beleza no se revela forte na sociedade primitiva, isso talvez se deva

    ao fato de que a falta de intervalo entre o desejo sexual e a satisfao no d tempo para

  • 18 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    que a imaginao exalte o objeto contemplado. Raramente o primitivo pensa em escolher

    a mulher com base no que chamamos beleza; ele pensa apenas na utilidade da

    companheira. Um chefe ndio, a quem perguntaram qual das suas mulheres considerava a

    mais bela, respondeu nunca ter pensado nisso. os rostos delas, disse ele, podem ser

    mais ou menos belos; mas no resto so todas iguais.

    Quando o senso de beleza aparece no primitivo, apresenta-se sob forma para ns

    desconhecida. Todas as raas negras que conheo, diz Richard, consideram bonita a

    mulher sem cintura, ou cujo corpo, das axilas s ancas, tem a mesma largura como uma

    escada, disse um negro da Costa. Orelhas elefantinas e ventre cado so encantos para

    alguns machos da frica; e em todo o continente a mulher gorda a mais bela. Mungo

    Park refere que na Nigria corpulncia e beleza so sinnimos. Mulher de alguma beleza

    a que no pode andar sem que um escravo a sustente de cada lado; e perfeitamente bela

    a que constitui sozinha a carga de um camelo. A maioria dos selvagens, diz

    Briffault, tem preferncia pelo que consideramos a coisa mais feia da mulher: seios

    pendurados.

    2.2 A pintura do corpo

    muito provvel que o homem natural imaginasse a beleza mais relacionada a si

    prprio do que mulher; a arte comea em casa. O primitivo igualava o moderno em

    vaidade por mias que isso parea incrvel s mulheres. Entre os povos simples, como

    entre os animais, o macho, no a fmea, que se orna ou mutila o corpo para fins de

    beleza. Na Austrlia, diz Bronwick, os adornos so completamente monopolizados pelos

    homens, assim tambm na Melansia, na Nova Guin, na Nova Celednia, na Nova

    Bretanha e entre os ndios norte-americanos. Em certas tribos o adorno do corpo consome

    mais tempo do que qualquer outra coisa.

    Aparentemente a primeira forma de arte foi a pintura do corpo s vezes para atrair

    as mulheres, s vezes para atemorizar inimigos. Os nativos da Austrlia, como nossas

    belas de hoje, traziam consigo uma proviso de colorantes vermelhos, amarelos e

    brancos, com os quais de quando em quando se retocavam. Nos dias comuns

    contentavam-se com um pouco de cor nas faces, ombros e peito; nos eventos festivos,

    porm, consideravam-se vergonhosamente nus se no tinham todo o corpo sarapintado.

  • 19 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    2.3 Cosmticos

    As mulheres no se retardam na aquisio da mais velha das artes os cosmticos.

    Quando o capito Cook aportou na Nova Zelndia, viu que seus marinheiros, quando

    voltavam de aventuras em terras, traziam os narizes vermelhos ou amarelos: a pintura das

    Helenas indgenas os carimbava. As felatas da frica Central despendiam horas no

    toalete; para deixar as unhas vermelhas conservavam-nas durante a noite aderidas a

    folhas de hena; pintavam os dentes de amarelo, azul e vermelho; coloriam o cabelo de

    anil e sombreavam as plpebras com sulfureto de antimnio. Cada mulher do Bongo

    trazia consigo uma caixa de pintura das plpebras e sobrancelhas, e grampos, anis e

    guizos, botes e broches.

    2.4 Tatuagem e Escarificao

    A alma primitiva, no satisfeita com o transitrio da pintura, inventou a tatuagem, a

    escarificao e as roupas, como adornos mais permanentes. Homens e mulheres se

    submetiam tortura da tatuagem, at nos lbios. Na Groelndia as mes tatuavam as

    filhas muito cedo, para que se casassem logo. Mas a prpria tatuagem no era s vezes

    considerada suficiente e muitas tribos recorreram a algo mais forte - a escarificao. No

    tendo roupas para bordar, bordavam a pele disse Thophile Gautier (1856). Com lascas

    de slex ou conchas, cortavam-na, s vezes introduzindo enchimentos de terra para dilatar

    a escara. No estreito de Torres os nativos usavam grandes escaras como dragonas; o

    abeokuta produzia-as em formas de lagartos, jacars ou tartarugas. Parte nenhuma do

    corpo deixava de ser decorada, desfigurada, pintada, branqueada, tatuada, reformada,

    alargada, ou comprimida, tudo em conseqncia da vaidade ou do desejo de ornamento.

    (GAUTIER, 1956).

    Os botocudos derivaram seu nome de um batoque que lhes era inserido aos oito

    anos de idade no lbio inferior e nas orelhas, repetidamente mudado por um maior at

    que as aberturas chegassem a quatro polegadas de dimetro. As mulheres hotentotes

    treinavam os pequenos lbios at t-los de enorme extenso, produzindo o chamado

    avental das hotentotes, to grandemente admirado pelos seus machos.

    Brincos de orelhas e de nariz eram de rigor; para os nativos de Gippsland os que

    morriam sem brinco no nariz estavam condenados a horrorosos sofrimentos em outra

    vida.

  • 20 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    2.5 Vesturios e Ornamentos

    Aparentemente o vesturio foi nas origens uma forma de ornamento, mais atrativo

    sexual do que defesa contra o frio. Os cmbrios andavam nus sobre a neve. Quando

    Darwin, condodo da nudez dos fueguinos, lhes deu um cobertor vermelho, eles o fizeram

    em tiras, que usaram como ornamentos. A nudez os fazia parecer belos. As mulheres do

    Orenoco cortavam em tiras os panos que os padres lhes davam para roupas e usavam-nas

    ao pescoo; mas tinham vergonha de andar vestidas.. Um velho autor descreve os

    ndios do Brasil como usualmente nus e acrescenta: Agora alguns j usam roupas, mas

    do-lhes to pouca estima que as usam antes por moda do que por pudor e porque so

    intimados a us-las. (DURANT, 1963).

    Quando a roupa se tornou mais que adorno, servia em parte para dizer que uma

    mulher era casada e em parte para acentuar suas formas e sua beleza. Em geral, as

    primitivas usavam roupas exatamente pelas mesmas razes atuais - menos para cobrir a

    nudez do que para realar os encantos.

    Desde o comeo ambos os sexos preferiam ornamentos roupa de abrigo. O

    comrcio primevo era sobretudo o comrcio de artigos de luxo. A jia um dos mais

    velhos elementos da civilizao. Em tmulos de 20 mil anos foram encontrados dentes e

    conchas enfiados em colar. Desses simples comeo chegaram os ornamentos a

    impressionantes propores e desempenharam um destacado papel na vida. As mulheres

    galas usavam anis do peso de trs quilos, e algumas de Dinka traziam consigo 50 quilos

    de enfeites. De tal modo as pulseiras de cobre usadas por certas belas africanas se

    aqueciam ao sol, que elas tinham de manter uma serva a aban-la o tempo todo. A rainha

    dos wabunis, no Congo, trazia um colar de bronze de 10 quilos; e amide se deitava para

    descanso. As mulheres pobres, que s podiam usar jias leves, imitavam o modo de andar

    e o mais das que se derreavam sob grandes cargas de ornamentao.

    A primeira fonte de arte, portanto, afim de exibio de cores e plumas por parte do

    macho animal, ao tempo das npcias; nasce do desejo de adornar e embelezar o corpo. E

    do mesmo modo como o amor sua pessoa ou companheira derrama-se sobre a

    natureza, assim tambm o impulso do adorno se transfere da pessoa para o mundo

    externo.

  • 21 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    2.6 Cermica pintura e escultura

    A alma procura exprimir seus sentimentos de maneira objetiva, por meio da cor e da

    forma; a arte comea quando o homem tenta embelezar as coisas. Talvez a sua primeira

    expresso fosse cermica. O torno do oleiro, como a escrita e o Estado, pertence s

    civilizaes histricas; mas mesmo sem ele os primitivos elevaram essa antiga indstria

    posio de arte, realizando unicamente com a argila, a gua e os dedos muita beleza de

    simetria, como vemos na cermica dos borongas, na frica do Sul ou dos ndios pueblos.

    Quando nos vasos modelados o oleiro aplicou desenhos coloridos, ele estava dando

    origem arte da pintura. Entre os primevos esta nova arte no adquire independncia;

    conserva-se como adjunto cermica e estaturia. O home natural obtinha cores da

    terra; os nativos de Andaman chegaram mistura dos ocres com a gordura animal ou os

    leos vegetais. Tais cores eram usadas para o adorno das armas, dos utenslios, das vestes

    e da casa. Muitas tribos caadoras pintavam, nas paredes das cavernas ou nos rochedos

    prximos, vivas representaes dos animais caados. (DURANT, 1963).

    provvel que a escultura, como a pintura, tambm haja nascido da cermica: o

    oleiro descobriu que alm dos objetos de uso podia modelar figuras para amuletos e

    comearam a surgir objetos de beleza. O esquim entalhava chifres de caribu e marfim de

    walrus em forma de figurinhas de animais e homens. De novo o homem primitivo

    procurou marcar a sua cabana, ou o pau-totem, ou a sepultura, com alguma imagem que

    indicasse o objeto adorado ou morto; a principio entalhou apenas uma face, depois o topo

    e, finalmente, o totem inteiro e estava nascida a escultura.

    Os nativos da ilha de Pscoa plantavam enormes esttuas monolticas sobre o

    tmulo dos seus mortos; dezenas dessas esttuas, algumas de vinte ps de altura, foram

    encontradas l; j por terra, mediam aparentemente 60 ps.

    2.7 Arquitetura

    Como surgiu a arquitetura? Impossvel aplicar esta magnificante palavra

    construo das primitivas cabanas; porque a arquitetura no apenas a construo

    utilitria, mas a construo com beleza. Ela comeou quando pela primeira vez o homem

    teve a idia de construir de modo que, alm de atender utilidade, tambm agradasse aos

    olhos. Provavelmente este esforo foi em primeiro lugar dirigido aos tmulos, e s depois

    passou as s casas; enquanto o pau-totem evolua para a estaturia, o tmulo se

  • 22 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    desenvolvia em templo. Na mentalidade primeva os mortos eram mais importantes e

    poderosos do que os vivos; alm disso os mortos ficavam parados num mesmo ponto,

    enquanto os vivos, sempre errantes, no impunham construes permanentes.

    (DURANT, 1963).

    **************************Atividades

    1. Observe as atividades abaixo e estabelea uma relao entre as representaes das

    imagens e o significado expresso por elas no passado e no presente.

    a) Pintura do corpo:

    b) Tatuagem:

    c) Escarificao:

  • 23 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    d) Cosmticos:

    2. Por que afirma-se que enquanto o pau-totem evolua para a estaturia, o tmulo se

    desenvolvia em templo?

  • 24 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    Panorama introdutrio da

    Histria da Arte

    Aula 3 MANIFESTAES DE ARTE-VIDA

    3.1 Arte na Pr-Histria

    As mais antigas figuras feitas pelo ser humano foram desenhadas em paredes de

    rocha, sobretudo em cavernas. Esse tipo de arte chamado de rupestre, do latim rupes,

    rocha. J foram encontradas imagens rupestres em muitos locais, mas as mais estudadas

    so as das cavernas de Lascaux e Chauvet, Frana, de AItamira, Espanha, de Tassili, na

    regio do Saara, frica, e as do municpio de So Raimundo Nonato, no Piau, Brasil.

    Dentre as pinturas rupestres destacam-se as chamadas mos em negativo e os

    desenhos e pinturas de animais. As mos em negativo so um dos primeiros registros

    deixados pelos nossos ancestrais que viveram por volta de 30 mil anos atrs, no perodo

    da Pr-Histria chamado Paleoltico. Elas impressionam e despertam curiosidade, mas os

    pesquisadores j revelaram muitos detalhes sobre a tcnica usada para cri-las.

    Nos desenhos e pinturas de animais, chama nossa ateno o naturalismo: o artista

    pintava o animal do modo como o via, reproduzindo a natureza tal qual seus olhos a

    captavam. Observando essas pinturas, nota-se a presena de animais de grande porte:

    alguns talvez temidos, mas que eram caados pelo ser humano, como os bises; e outros

    que provavelmente no representavam ameaas.

    O ser humano retrata a si mesmo: No ltimo perodo da Pr-Histria, o

    Neoltico, iniciou-se o desenvolvimento da agricultura e a domesticao de

    animais. Os grupos humanos, que tinham vida nmade, isto , sem habitao fixa,

    no precisavam mais mudar-se constantemente em busca de alimento e puderam

    se fixar. Essa mudana para uma vida mais estvel foi decisiva para originar as

    sociedades atuais e tambm teve reflexos na expresso artstica: o artista do

    Neoltico passou a retratar a figura humana em suas atividades cotidianas.

    U

    nid

    ade

    2

  • 25 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    Desenvolvimento de tcnicas: O ser humano do Neoltico desenvolveu tcnicas

    como a tecelagem, a cermica e a construo de moradias. Alm disso, como j

    produzia fogo, comeou a trabalhar na fundio de metais. Assim, suas atividades

    comearam a se modificar - e as pinturas rupestres registraram essas

    transformaes.

    A arte da escultura e da cermica: Os artistas pr-histricos faziam tambm

    esculturas, em pedra e metal, que mostram seu empenho na criao de objetos e na

    representao da figura humana. H esculturas em bronze nas quais j possvel

    observar no s a postura elegante da figura humana como tambm detalhes do

    rosto e das vestes.

    O ser humano em movimento

    Observe, nas figuras aqui retratadas, como

    houve a inteno de sugerir movimento: h

    poucos traos e poucas cores, mas os braos e

    as mos realizam alguma ao. O movimento

    expressado pela posio das pernas e dos

    ps.

    Pinturas do homem do paleoltico.

    Fonte: Google internet.

    Materiais usados pelo artista pr-histrico

    Nossos ancestrais pr-histricos usavam em

    suas pinturas "corantes naturais" feitos de

    minerais, ossos carbonizados (queimados),

    carvo, vegetais e sangue animal. Os

    elementos slidos eram esmagados e

    dissolvidos na gordura de animais caados.

    Como pincel, o artista pr-histrico utilizava

    os dedos e instrumentos feitos de penas e

    plos.

    Os escultores pr-histricos produziam suas peas em metal por meio de dois

    mtodos: o da forma de barro e o da cera perdida.

    No mtodo da forma de barro o escultor fazia a forma e despejava nela o metal derretido em fornos. Ento, esperava o metal esfriar, quebrava a forma e obtinha a

    escultura.

    Na tcnica da cera perdida, o escultor fazia um modelo em cera e o revestia com barro, deixando nele um orifcio. Depois, aquecia o barro. Com o calor do barro, a

    cera derretia e escorria pelo orifcio. Assim, ele obtinha um modelo oco e o

    preenchia com metal fundido. Quando o metal esfriava, ele quebrava o molde de

    barro e obtinha uma escultura igual que havia modelado na cera.

  • 26 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    3.1.1 A arte na Pr-Histria brasileira

    Ao pensarmos no incio da histria do Brasil, em geral nos vem mente o ano de

    1500, ano da chegada dos portugueses. Mas o territrio a que hoje chamamos Brasil j

    era habitado por povos indgenas havia milhares de anos. Sabemos deles por meio de

    vestgios arqueolgicos: fragmentos de ossos e de objetos, desenhos e pinturas gravados

    em rochas.

    Entre os desenhos e as pinturas rupestres encontrados no Brasil, destacam-se os do

    stio arqueolgico localizado em So Raimundo Nonato, Piau, onde desde 1970 vrios

    pesquisadores vm trabalhando. Em 1978, foi coletada no local grande quantidade de

    vestgios arqueolgicos. Segundo as pesquisas, os primeiros habitantes da regio usavam

    as grutas como abrigo ocasional e foram os autores das obras ali pintadas e gravadas.

    So Raimundo Nonato no , porm, o nico local no Brasil onde se encontram

    exemplos de arte rupestre. H importantes stios arqueolgicos, por exemplo, em Pedra

    Pintada, no Par, e em Peruau e Lagoa Santa, em Minas Gerais.

    As pesquisas sobre antigas culturas que existiram no Brasil nos permitem ver que

    nossa histria est ligada histria do mundo. Alm disso, reforam o conhecimento de

    que nossas razes se encontram num tempo muito mais remoto do que o ano de 1500, tido

    como o ano que deu incio "histria do Brasil".

    3.2 Arte entre os povos pr-colombianos

    Consideram-se arte pr-colombiana as manifestaes artsticas dos povos nativos da

    Amrica espanhola antes da chegada de Cristvo Colombo, em 1492. Tudo o que resta

    das grandes civilizaes do perodo anterior colonizao do continente americano pelos

    europeus sua "arte". Neste caso "arte" compreende objetos com funes definidas, em

    geral mgica ou religiosa, e tambm artigos simplesmente belos, criados para decorao.

    Fazem parte do universo artstico dessas civilizaes tanto os templos e casas quanto as

    esculturas, relevos, pinturas, utenslios domsticos, objetos ornamentais, amuletos e

    tecidos. De autoria desconhecida, as obras so realizadas por artfices, cuja tarefa

    transpor para os materiais (pedra, barro, metal etc.) padres de representao

    predeterminados pelas crenas ou cincias de cada povo. Entre os estudiosos, a

    identificao, a interpretao e a comparao dos sistemas de representao dos povos

    amerndios servem para classific-los e decifrar um pouco de sua cultura como um todo.

  • 27 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    Descobertas arqueolgicas indicam que o homem est presente na Amrica h pelo

    menos 20 mil anos. Contudo, so trs as principais civilizaes amerndias conhecidas. A

    mais antiga, maia, surge na pennsula de Yucatn, na Amrica Central, por volta de 2.600

    a.C., e ocupa a regio mesoamericana. Quando os espanhis iniciam a colonizao da

    Amrica, esse povo j se encontra em declnio. Bem mais recente, o imprio asteca

    inicia-se em 1376 e vai at 1521, quando Tenochtitln, a capital do imprio,

    conquistada e destruda pelos espanhis, que sobre ela edificam a atual Cidade do

    Mxico. A terceira maior civilizao pr-colombiana, a inca, se desenvolve nos Andes,

    na Amrica do Sul, nas regies atuais do Peru, Bolvia, Equador, expandindo-se a partes

    da Colmbia, Chile e Argentina. Nota-se que esses trs povos coexistem ou so

    precedidos e influenciados por culturas importantes, como aimar, chavn, mixteca,

    moche, nasca, olmeca, tolteca, teotihuacn, zapoteca e outras.

    O perodo clssico da cultura maia ocorre entre os anos 300 e 900 d.C. Excelentes

    arquitetos, escultores e pintores, os maias so chamados de "intelectuais do Novo

    Mundo" por causa dos avanados sistemas numricos e astronmicos, da escrita

    hieroglfica e de seu complexo calendrio. Em esculturas e pinturas, utilizam tanto os

    padres geomtricos e zoomrficos estilizados quanto figuras humanas. O que pode

    parecer simples elemento decorativo, na verdade a expresso dos sistemas lingstico e

    numrico desse povo. No conhecem a metalurgia e trabalham sobretudo com pedra e

    argila. Os exemplares mais significativos da pintura maia encontram-se em seus cdices

    iluminados. Sabe-se que para eles toda cor smbolo de algo (preta a cor da guerra,

    amarela da fecundidade etc.) bem como a cada deus corresponde um algarismo. Itzama

    o principal deus dos maias, considerado o criador do calendrio, da escrita e do sistema

    numrico.

    O povo maia se destaca pela organizao de suas cidades e construes. Estas so

    edificadas ao redor de ptios e diferem conforme a funo administrativa. Em geral so

    pouco elevadas e contrastam com os templos muito altos, construdos sobre elevadas

    pirmides macias de pedra. Esse material cuidadosamente talhado, a fim de que as

    edificaes tenham encaixes perfeitos.

    Os maias so responsveis pela criao das "falsas abbadas", utilizadas para cobrir

    corredores, quartos e jazigos. Todos os monumentos, templos e palcios so

    abundantemente decorados: esse povo tem horror a espaos vazios; em geral ornamentos

    e hierglifos envolvem personagens representadas, e so compostos segundo um elevado

  • 28 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    sentido de simetria. O Palcio do Governador, em Uxmal (Mxico), os templos, edifcios

    e esculturas monumentais das cidades de Copn (Honduras) e Tikal (Guatemala) esto

    entre as principais runas maias.

    Os astecas, ou mexicas, herdam alguns elementos da cultura maia, como os templos

    edificados em plataformas sobre pirmides. Tambm entram em contato com os toltecas

    antes de se instalar na margem ocidental do lago Texcoco, e fundar Tenochtitln. A

    cidade construda tanto em terra firme quanto em pequenas ilhas artificiais dentro do

    lago, historicamente conhecida como a "Veneza americana". O centro poltico, religioso e

    econmico a construo chamada "Templo Maior". Povo guerreiro, o militarismo

    predomina em todos os aspectos da vida entre eles. Os principais deuses patrocinam as

    conquistas guerreiras; os ritos e a arte litrgica envolvem o sacrifcio de prisioneiros; as

    expresses plsticas insistem na iconografia relacionada com a guerra. Por isso, muitas

    das esculturas astecas tm ar macabro: comum encontrar mscaras de crnios humanos

    decorados com barro ou crnios e cabeas de pedra com as rbitas vazias.

    As esculturas so slidas, feitas em blocos macios desbastados e de formas

    estilizadas. Os artistas e artesos astecas tm grande habilidade manual: trabalham os

    metais e as pedras preciosas; dedicam-se arte plumria e fabricao de tecidos com

    motivos geomtricos num rico colorido; executam pinturas murais e miniaturas em faixas

    de pele de veado ou feltro fino.

    Os incas se desenvolvem em torno do lago Titicaca, na regio dos Andes centrais

    peruanos. Iniciam processo de expanso e hegemonia em 1438 na capital, Cuzco, sul do

    Peru, dando origem ao imprio inca ou tawantinsuyo, em lngua quchua. Povo agrcola,

    os incas inventam o quipu, sistema contbil baseado em cordas de cores e tamanhos

    diversos, e no desenvolvem uma linguagem escrita.

    Na arquitetura do preferncia ao simples e funcional, sem muita decorao.

    Destacam-se pela organizao e edificao das cidades (com plantas regulares em xadrez

    ou em forma oval), precedida por um trabalho de planificao e engenharia (utilizam

    principalmente tcnica de encaixe de pedras para construir).

    Na cermica apreciam as formas puras trabalhadas com motivos geomtricos e

    diversas cores. Os tecidos so ricos no colorido e decorados com desenhos estilizados.

    Sabem trabalhar com destreza o ouro e a prata, que utilizam na decorao de portas e

    muros ou como artefatos de adorno, e em objetos litrgicos.

  • 29 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    3.3 Arte na Antiguidade

    3.3.1 Egito

    A arte no antigo Egito divide-se em quatro grandes perodos:

    I: I X dinastia Antigo Imprio (pirmides);

    II: XI XVII dinastia Mdio Imprio;

    III: XVIII XXVI dinastia Novo Imprio pice da arte egpcia;

    IV: XXVI XXXI dinastia Imprio Tardio.

    A cultura egpcia desenvolveu-se no decorrer do IV milnio a. C. a partir de

    concepes e formas pr-histricas, e no incio do III milnio havia atingido seu apogeu.

    A escrita (c. IV milnio) remonta sua origem na Mesopotmia (Iraque) contribui para que

    a pr-histria se tornasse histria. A sociedade egpcia estava associada a um sistema

    politesta que unia e ordenava todos os fenmenos csmicos e terrenos. A relao entre

    os deuses e os homens era assegurada pela figura do fara, que era ao mesmo tempo deus

    e homem. Cabia a ele, a sua famlia e a seu crculo mais ntimo de conselheiros e

    funcionrios receber a vida eterna abrigados em preciosos tmulos; dessa forma o culto

    aos deuses, aos soberanos e aos mortos tornaram-se idnticos. O que sabemos do Egito e

    o que se conservou de sua cultura baseia-se, exceto por testemunhos escritos, quase

    exclusivamente nos templos e no contedo dos tmulos. Tambm sobre a vida do povo

    temos informaes somente de oferendas colocadas junto aos mortos nos tmulos e

    representaes em relevos e pinturas de tmulos nobres. Ao longo da bacia do Nilo

    surgiu em pocas remotas a civilizao egpcia. Durante trs milnios desenvolveram um

    aparato cultural e tecnolgico cujas transformaes repercutiram no decorrer da histria

    da humanidade. Essencialmente religiosa toda sua arte e manifestaes culturais estavam

    subordinadas s suas crenas religiosas, baseadas no milagre renovado da fertilidade do

    rio Nilo e na possibilidade da existncia de outras vidas alm da morte. O legado egpcio

    essencialmente voltado aos mortos, a posteridade a vida ps-morte. Desta maneira a

    concepo poltico-religiosa influiu no carter expressivo de uma cultura em que as

    idias de permanncia e imutabilidade so princpios que a regem. A concentrao em

    construes de templos e tmulos, nicas edificaes em material no perecvel, no

    permite reconhecer exatamente o aspecto das moradias dos faras e de sua corte. Devem

    ter sido construdas com outros materiais que diferenciavam das construes do povo

    egpcio: o adobe e materiais vegetais. As pirmides do deserto de Giz so as obras

  • 30 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    arquitetnicas mais famosas e, foram construdas por importantes reis do Antigo Imprio:

    Quops, Qufren e Miquerinos. Junto a essas trs pirmides est a esfinge mais

    conhecida do Egito, que representa o fara Qufren, mas a ao erosiva do vento e das

    areias do deserto deram-lhe, ao longo dos sculos, um aspecto enigmtico e misterioso.

    As caractersticas gerais da arquitetura egpcia so: solidez e durabilidade;

    sentimento de eternidade; aspecto misterioso e impenetrvel.

    As pirmides possuem base quadrangular eram feitas com pedras que pesavam

    cerca de vinte toneladas e mediam dez metros de largura, alm de serem admiravelmente

    lapidadas. A entrada principal da pirmide voltava-se para a estrela polar, a fim de que

    seu influxo se concentrasse sobre a mmia. O interior era um verdadeiro labirinto que ia

    dar na cmara funerria, local onde estava a mmia do fara e seus pertences. Os templos

    mais significativos so: KarnaK e Luxor, ambos dedicados ao deus Amon. Os

    monumentos mais expressivos da arte egpcia so os tmulos e os templos. Divididos em

    trs categorias: Pirmide tmulo real, destinado ao fara Mastaba-tmulo para a nobreza

    Hipogeu -tmulo destinado gente do povo Os templos da pirmide de Quefren em Giz

    de c. 2600 a .C. da IV Dinastia do Antigo Imprio (Antigo Imprio: 2778-2200 a .C.)

    esto bem conservados que seu princpio de ordem se torna claro. De leste para oeste

    seguem-se o vestbulo, um primeiro salo de colunas mais largo e um segundo estendido

    para baixo, em exata disposio xil-simtrica. O templo do Vale, menor, encontra-se em

    um deslocamento do eixo, o que normalmente evitado, e est ligado atravs de uma

    barreira murada de 450 m ao templo funerrio maior diante da pirmide coma mesma

    estrutura. A pirmide de Quefren, situada entre a pirmide de Miquerinos, menor e de

    construo posterior, e a pirmide de Quops, um pouco mais antiga e maior, possui uma

    altura de 143 m por um comprimento do lado de 215 m.

    a nica em cujo pice ainda conservados restos do revestimento original de lajes

    polidas. Esfinge: Esta imensa esttua representando um leo deitado (fora) com cabea

    humana (sabedoria) era colocada na alameda de entrada do templo para afastar os maus

    espritos. Esculpida na rocha ao p das grandes pirmides de Giz, guarda a tumba do

    filho e sucessor de Queps, o fara Qufren (c. 2520-2494 aC.) As pirmides mais

    antigas, que datam da III dinastia, constituem em vrios degraus. A cmara funerria

    ficava situada abaixo do nvel do solo e o seu acesso era feito pelo norte, por um poo

    descendente. A pirmide rodeada, nas suas faces leste, norte e oeste, por galerias

    subterrneas (armazns). A primeira de degraus, e provavelmente a nica que foi

  • 31 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    terminada, fica em Saqqara e pertenceu a Netjerykhet Djoser. O Egito um dos mais

    antigos ncleos de arquitetura onde predominam as linhas horizontais e os telhados

    sempre terminam em terraos. As tumbas reais, as dos altos funcionrios e os templos

    solares ou divinos so ornados com seqncias de colunas com inspirao em troncos de

    palmeiras e feixes de papiro e junco, que junto com flores de ltus deram a forma a

    capitis. O arquiteto Imhotep o criador desse formato de colunas e capitis com

    inspirao nos elementos da natureza.

    Pintura: Os enormes templos e extraordinrios monumentos funerrios do antigo

    Egito com profuso de hierglifos so fonte de perplexidade para a concepo moderna,

    que no compreende facilmente sua utilidade ou significado. Entretanto esses

    monumentos conservam sua grandiosidade e deixam de ser to perturbadores quando ns

    os entendemos como expresso dos conceitos que os egpcios tinham de seu universo e

    das solues. Diversas imagens e relatos sagrados de todo o tipo, se somados em

    conjunto podem ajudar a compreender diversos fenmenos. O cu impenetrvel um

    oceano, um teto, uma vaca, um corpo de mulher. Toda imagem enraizada na tradio

    pertinente, apesar de aspectos contraditrios, e ajuda-nos a compreender e estabelecer

    como divino.

    A decorao colorida era um poderoso elemento de complementao das atitudes

    religiosas: Suas caractersticas gerais so: a) ausncia de trs dimenses; b) ignorncia da

    profundidade; c) colorido a tinta lisa, sem claro-escuro e sem indicao do relevo. Lei da

    frontalidade: representao da cabea, pernas e braos de perfil, olho e corao frontais.

    Arte Funerria. Arte zoomrfica.

    Quanto hierarquia na pintura: eram representadas maiores as pessoas com maior

    importncia no reino, ou seja, nesta ordem de grandeza: o rei, a mulher do rei, o

    sacerdote, os soldados e o povo. As figuras femininas eram pintadas em ocre, enquanto

    que as masculinas pintadas de vermelho.

    Desenvolveram trs formas de escrita: Hierglifos - considerados a escrita sagrada;

    Hiertica - uma escrita mais simples, utilizada pela nobreza e pelos sacerdotes; Demtica

    - a escrita popular.

    Escultura: Os escultores egpcios representavam os faras e os deuses em posio

    serena, quase sempre de frente, sem demonstrar nenhuma emoo. Pretendiam com isso

    traduzir, na pedra, uma iluso de imortalidade. Com esse objetivo ainda, exageravam

  • 32 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    freqentemente as propores do corpo humano, dando s figuras representadas uma

    impresso de fora e de majestade. Os Usciabtis eram figuras funerrias em miniatura,

    geralmente esmaltadas de azul e verdes, destinadas a substituir o fara morto nos

    trabalhos mais ingratos no alm, muitas vezes coberto de inscries. Os baixos-relevos

    egpcios, que eram quase sempre pintados, foram tambm expresso da qualidade

    superior atingida pelos artistas em seu trabalho. Recobriam colunas e paredes, dando um

    encanto todo especial s construes. Os prprios hierglifos eram transcritos, muitas

    vezes, em baixo-relevo. A mumificao um mtodo de preservar artificialmente os

    corpos das pessoas e animais mortos.

    A civilizao do Antigo Egito no a nica no mundo a ter praticado este costume.

    O processo consiste das seguintes etapas: -Extrao do crebro; -Remoo das vsceras

    atravs de inciso no flanco esquerdo; -Esterilizao das cavidades do corpo e das

    vsceras; -Tratamento das vsceras: remoo do seu contedo, desidratao com natro,

    secagem, uno e aplicao de resina derretida; - Enchimento do corpo com natro e

    resinas perfumadas; - Cobertura do corpo com natro, durante cerca de 40 dias; -

    Enchimento subcutneo dos membros com areia ou argila; -Enchimento das cavidades do

    corpo com panos ensopados em resina e sacos com materiais perfumados, como mirra e

    canela, serradura, etc; -Uno do corpo com ungentos; -Tratamentos das superfcies; -

    Enfaixamento e incluso de amuletos, jias, etc.

    3.3.2 Grcia

    GRCIA DO SC. VII AO SC II a.C. PERIODIZAO:

    Pr-Homrico XX-XII a.C.: Invaso dos indo-europeus e formao do homem

    grego;

    Homrico XII-VIII a.C.: poca das comunidades gentlicas;

    Arcaico VIII-VI a.C.: Formao das polis (cidades-estados);

    Clssico V-IV a.C.: Guerras contra os persas; apogeu da Grcia; guerra entre os

    gregos:

    Helenstico IV-II a.C.: Domnio macednio sobre a Grcia e expanso de

    Alexandre para o Oriente.

    Cronologia da Grcia Antiga:

    Pr-Homrico (2000 a. C. 1200 a. C.):

  • 33 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    2000 a.C.: apogeu da civilizao micnica (ou cretense);

    1900 a.C.: incio da invaso dos aqueus;

    1250 a.C.: aqueus derrotam Tria;

    1200 a.C.: Invaso dos Drios destruindo a civilizao micnica.

    Homrico (1200 a.C. - 800 a.C.)1150 a.C. - uso de armas e instrumentos de ferro.

    Arcaico (800 a.C. 600 a.C.):

    750 a.C. - colnias gregas na Itlia;

    600 a.C. uso da moeda se espalha pela Grcia Clssico (600 a.C. - 400 a.C.);

    490 a.C. - os persas do rei Dario so derrotados pelos gregos (guerras Mdicas);

    480 a.C.- os persas do rei Xerxes so derrotados pelos gregos (guerras Mdicas);

    462 a.C.-Reformas de Pricles em Atenas

    431a.C. - Incio da guerra do Peloponeso (Atenas & Esparta) 404 a.C. - Esparta

    derrota Atenas;

    Helenstico (400 a.C. - 146 a.C.):

    371a.C. - Tebas derrota Esparta;

    338a.C.- Felipe da Macednia torna-se o rei de toda Grcia;

    334 a.C.- Alexandre Magno comandando os gregos, inicia suas conquistas;

    323a.C. - Morte de Alexandre;

    146 a.C. - Grcia dominada por Roma.

    ASPECTOS CULTURAIS

    Religio: a religio dos antigos gregos era politesta.Entre os vrios deuses o mais

    importante era Zeus, smbolo da justia, da razo e da autoridade. Habitava o monte

    Olimpo, juntamente com os outros deuses. Os deuses gregos foram criados a imagem e

    semelhana dos homens, alm de se casarem entre si, os deuses gregos casavam-se

    tambm com seres mortais. Os filhos desses casamentos eram chamados de heri e

    considerados semideuses. Sobre seus deuses e heris, os gregos contavam muitas lendas

    que deram origem rica mitologia grega.

    Arquitetura: os gregos construam templos harmoniosos sustentados por graciosas

    colunas. Observando essas colunas, conclui-se que os arquitetos gregos criaram trs

    principais estilos de construo: o drico, o jnico e o corntio.

    Escultura: usando principalmente o mrmore e o bronze, os escultores gregos

    produziram esttuas expressivas, singelas e ao mesmo tempo vigoras. Entre os mais

  • 34 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    geniais escultores gregos esto: Fdias, cujas principais obras foram s esttuas de Atena

    e de Zeus; Mron autor de Discbolo; e Praxteles, que se notabilizou representando

    divindades humanizadas.

    Teatro: os gregos produziam texto e espetculos teatrais de excelente qualidade e

    foram os inventores da tragdia e da comdia. Esses gneros teatrais nasceram nas

    grandes festas onde se misturavam danas, musicas e coros, em homenagem a Dionsio, o

    deus do vinho. Entre os dramaturgos gregos que produziam obras imortais, encontram-se

    squilo, Sfoles, Eurpides e Aristfanes.

    Cultura helenstica: caracterizou-se por apresentar uma arte mais realista,

    exprimindo a violncia e a dor, componentes constantes dos novos tempos. Na

    agricultura predominavam o luxo e grandiosidade, reflexo da imponncia do Imprio

    Macednia. Na escultura, turbulncia e agitao eram traos significativos.

    PERODO ARCAICO (800 a.C. 600 a.C.): Esparta GUERRA (Oligrquica;

    conservadora; militarista). Fundada pelos drios, na Pennsula do Peloponeso, cercada

    por montanhas de pequena altitude. A organizao sociopoltica estava baseada na posse

    da terra, porm em Esparta a terra era propriedade do ESTADO, mas utilizada pelos

    esparciatas ou espartanos. Sendo os detentores da terra, eram tambm os detentores do

    poder. Os espartanos ou esparciatas dedicavam-se to somente vida militar e poltica,

    eram soldados profissionais, sempre prontos a defender Esparta. No podiam exercer

    atividades comercias, artesanais ou agrcolas. Sendo uma sociedade militarista, sua

    organizao educacional, sob a responsabilidade do Estado, voltava-se para a preparao

    desde a infncia, dos guerreiros espartanos. Os jovens eram treinados nas artes da guerra,

    estimulavam o laconismo e a xenofobia. Os periecos (os da periferia), camada

    intermediria da sociedade, viviam margem do poder, sem qualquer direito poltico e

    realizavam as atividades que os aristocratas consideravam desprezveis, entretanto, eram

    obrigados a servir o exrcito e a pagar os impostos. Os hilotas, maioria da populao,

    formavam a base da sociedade espartana. Eram descendentes das populaes dominadas

    e constituam-se em propriedade do Estado. Por essa razo, alguns autores denominam o

    modelo espartano de "escravismo-pblico". Cultivavam a terra dos espartanos, pagavam

    os impostos em produtos e no possuam qualquer direito poltico, sendo um foco

    constante de revoltas.

    PERODO ARCAICO (800 a.C. 600 a.C.) ATENAS ARTE (Humanista;

    democrtica; libertadora). Cidade fundada pelos jnios, na regio da tica, prxima ao

  • 35 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    litoral e cercada por montanhas, Atenas no sofreu com a invaso dos drios e manteve

    sua prosperidade. Aps a desagregao das comunidades clnicas, a populao dividiu-se

    em trs camadas: os euptridas (donos das melhores e maiores terras), portanto os

    detentores do poder; os geomoros (pequenos proprietrios rurais) e os demiurgos

    (camada formada por artesos e comerciantes). Democracia: ao assumir o poder em 509

    a.C., Clstenes implanta em Atenas o regime democrtico. Ao assumir o governo,

    redividiu Atenas em 10 tribos, composta por cidados independentes de sua posio

    social: aristocratas, camponeses, artesos, comerciantes, marinheiros, etc., reduzindo

    assim a influncia dos euptridas. De cada tribo eram escolhidos 50 homens para formar

    a Bul que passou a ser o Conselho dos 500.

    PERODO CLSSICO (600 a.C. 400 a.C.): Com as reformas de Clstenes e a

    implantao do regime democrtico, Atenas passou viver seu apogeu a ter a hegemonia

    do mundo grego a partir do governo de Pricles (461 a 431 a.C.). Este perodo passou a

    ser conhecido como o "Sculo de Ouro" ou "Sculo de Pricles". O governo de Pricles

    marcou o avano da democracia ateniense com a ampliao das possibilidades de

    participao poltica das camadas populares, apesar dessa participao estar restrita aos

    homens que tivessem pais atenienses. Eram excludos os escravos, os metecos e as

    mulheres.

    PERODO HELENSTICO (400 a.C. 146 a.C.): No final do sculo IV a.C., o

    decadente mundo grego foi conquistado e passou a fazer parte do Imprio Macednico.

    Sob a liderana de Filipe II, tem incio a formao de um grandioso imprio que alcanou

    seu apogeu sob o comando de Alexandre Magno. Alexandre foi o responsvel pela

    integrao cultural no seu imprio, que resultou na formao da cultura helenstica, fuso

    da cultura helnica com a cultura oriental. Diferente da arte helnica, marcada pelo

    equilbrio, pela leveza e pelo humanismo, a helenstica caracterizou-se pelo realismo

    exagerado, com a grandiosidade e com o luxo.

    3.3.3 Roma

    ROMA - do sculo VI a.C. ao sculo V d.C.

    No auge do esplendor, o Imprio Romano estendia-se da Inglaterra ao Egito e da

    Espanha ao sul da Rssia. Expostos aos costumes de terras estrangeiras, os romanos

    absorveram elementos de culturas mais antigas notavelmente da Grcia e

  • 36 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    transmitiram essa mistura cultural (greco-romana) a toda a Europa Ocidental e ao Norte

    da frica. No primeiro momento, os deslumbramentos romanos foram voltados para a

    produo da arte grega.

    ARCOS: So elementos de construo em forma de curvas, obtidos com aduelas,

    destinado a cobrir um vo de abertura. E quanto a forma dividem-se em:

    ARCO FERRADURA:

    ARCO MONTANTE OU RAMPANTE:

    arco cujas extremidades no se nivelam

    horizontalmente;

    ARCO ABATIDO OU REBAIXADO

    TRICNTRICO: cuja curva inferior a do

    arco pleno;

    ARCO TRILOBADO ARCO PLENO,

    PLENICENTRICO OU SEMICIRCULAR:

    cuja seco corresponde semi-

    circunferncia;

  • 37 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    ARCO AGUDO OU OGIVAL: formado

    por dois arcos que se cortam no vrtice de

    um triangulo imaginrio, cuja base a do

    arco.

    ABBADAS: Cobertura encurvada, obtida com pedras ou tijolos cortados em

    forma de cunha. No Brasil feita geralmente com tbuas. A tcnica de construo dividi-

    se em:

    ABBADA DE BERO: onde o

    prolongamento do arco apoiado sobre

    duas paralelas ou geratrizes; como o arco,

    pode ser abatida, ogival, alteada, plena ou

    cilndrica;

    ABBADA DE BARRETE DE CLRIGO:

    resultante da interseco das abbadas de

    bero, cujas geratrizes so paralelas aos

    lados do quadrado correspondente,

    produzindo arestas reentrantes no interior.

    ABBADA EM CPULA: resultante de

    uma geratriz ou muro, circular formando

    um espao interno mais ou menos semi-

    esfrico.

    ABBODA DE ARESTA: formada pelo

    cruzamento de duas abbadas de bero

    iguais, produzindo arestas salientes no

    interior do espao aberto, ou seja, com as

    geratrizes perpendiculares aos lados do

    quadrado correspondente.

  • 38 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    Aula 4 ARTE NO PERODO MEDIEVAL

    4.1 Arte na Idade Mdia

    A Idade Mdia compreende entre os sc. V e XV, aproximadamente desde a queda

    de Roma at o Renascimento. No perodo inicial, chamado de Idade das Trevas, depois

    da queda do Imperador Bizantino Justiniano, em 565, at o Reinado de Carlos Magno,

    em 800, os brbaros destruram o que se levara trs mil anos para ser construdo. Mas a

    Idade das trevas foi uma parte da Idade Mdia. H muitos pontos de luz na arte e na

    arquitetura, desde o esplendor da corte bizantina, em Constantinopla, at a imponncia

    das catedrais gticas.

    Trs deslocamentos importantes tiveram ampla repercusso na civilizao

    ocidental:

    1. A liderana cultural se deslocou do norte do mediterrneo para Frana, Alemanha

    e Ilhas Britnicas.

    2. O Cristianismo triunfou sobre o paganismo e o barbarismo.

    3. A nfase se deslocou do aqui e agora para o alm, e da concepo de corpo belo

    para a de corpo corrupto. Uma vez que o foco cristo se dirigia para a salvao e a

    vida eterna, desapareceu o interesse pela representao realista do mundo. Os nus

    foram proibidos e at as imagens de corpos vestidos revelavam a ignorncia da

    anatomia. Os ideais greco-romanos de propores harmoniosas equilbrio entre

    corpo e mente desapareceram. O interesse nas manifestaes de arte do perodo

    medieval residiam exclusivamente na busca pela essncia, pela alma, e com o

    objetivo de iniciar os novos fiis nos dogmas da igreja.

    A arte se tornou serva da igreja. Os telogos acreditavam que os cristos

    aprenderiam a apreciar a beleza divina atravs da beleza material, e o resultado foi uma

    profuso de mosaicos, pinturas e esculturas.

    Na arquitetura, essa orientao para o espiritual tomou a forma de construes mais

    arejadas, mais leves. A massa e o volume da arquitetura romana deram lugar a

    edificaes que refletiam o ideal cristo: discretos no exterior, mas refulgentes com

    mosaicos, afrescos e vitrais espiritualmente simblicos no interior. As artes medievais

    compem-se de trs estilos diferentes: o Bizantino, o Romnico e o Gtico.

  • 39 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    4.1.1 Arte Sacra Bizantina

    Se o foco principal da arte bizantina foi originalmente Bizncio (Constantinopla),

    seu territrio compreende a sia Menor, a Sria, a Itlia, a Grcia, os Blcs e a Rssia.

    A denominao arte cristo do oriente seria mais exata. Seu real desenvolvimento

    inicia-se com a converso do imperador Constantino e a proclamao, em 325, do

    cristianismo como religio de Estado, seu pleno desenvolvimento estende-se do sculo

    VI ao sculo XV.

    Oriunda da Antigidade helenstica e romana, a arte sacra bizantina foi

    essencialmente religiosa. O espao arquitetural era aproveitado em funo do jogo de luz

    e sombra e, reluzindo de ouro, o mosaico destaca a arquitetura. Distinguem-se trs

    perodos principais:

    O perodo justiniano (527-565): Corresponde fixao dos grandes traos dessa

    arte imperial. As plantas arquitetnicas diversificaram-se: planta retangular com

    armao, ou centrada, com nmero de naves varivel e coberta com uma cpula.

    Santa Sofia de Constantinopla, atribuda a Artmios de Talles e Isidoro de Mileto,

    o templo mais notvel dessa poca, ao lado das igrejas de Ravena e Santa

    Catarina do Sinai. A crise do iconoclasmo, caracterizado pela rejeio da

    representao do divino, favoreceu o aparecimento da escola capadociana.

    A renascena macednica (867-1057): A arte sacra imperial humanizou-se: os

    santurios passaram a ter propores menos imponentes, mas a planta em cruz

    inscrita chegava perfeio e tornava-se perceptvel do exterior. Colocada sobre

    pingentes ou sobre trompas de ngulo (poro da abbada que sustenta uma parte

    saliente do edifcio), a cpula sustentada pelas abbadas em bero ou abbadas

    em aresta. Na Grcia, Dfni, So Lucas na Fcida e os Santos Apstolos de

    Atenas so exemplos desse tipo, assim como a igreja do Pantocrator, em

    Constantinopla. As artes menores so testemunhos de um luxo refinado. Foi sob o

    reinado dos Comnenos que foram erguidas as numerosas igrejas da Iugoslvia

    (Ohrid, Nerezi, etc.).

    O perodo dos Palelogos (1258-1460): Realismo e decorao narrativa tenderam

    a generalizarse. As cenas esto plenas de personagens (mosaico de So Salvador-

    in-Cora, hoje Kahriye camii, de Constantinopla); os afresco multiplicaram-se. Os

    grandes centros de arte sacra bizantina so Tessalnica, Trebizonda e Mistra.

  • 40 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    Apesar do desaparecimento do Imprio, a marca da arte bizantina manteve-se nas

    regies mais diversas, como o monte Atos, a Iugoslvia, a Bulgria, a Romnia e a

    Rssia, a qual continuaria a produzir notveis cones.

    4.1.2 A arte sagrada dos cones

    Oriente e Ocidente: icongrafos e artistas.

    Enquanto o Ocidente expressa essa f vivida mediante a experincia pessoal do

    artista, o Oriente atem-se aos cnones estabelecidos pela Igreja. O primeiro expressa sua

    prpria experincia e os prprios sentimentos que experimenta sua f, pintando com total

    e absoluta espontaneidade qualquer motivo religioso que lhe sugerido, solicitado ou

    que, simplesmente, expresse o que ele sente ou experimenta. No Oriente, os icongrafos,

    seguindo os ensinamentos do Mestre Dyonisios e, em geral, as determinaes da Igreja,

    buscam reproduzir as mesmas passagens dos Evangelhos, omitindo qualquer experincia

    ou sentimento pessoal vivido, tratando, simplesmente, desde uma profunda vida de

    orao, expressar o contedo dos Evangelhos.

    Os icongrafos, antes de a iconografia ter passado a ser objeto de ocupao de

    pessoas amantes das artes manuais eram sempre monges e a iconografia uma funo

    conferida pela Igreja. A tarefa do icongrafo sempre foi comparada ao do sacerdote.

    Primeiro porque ambos pregavam a Palavra de Deus, o primeiro com a pintura e as

    colores, o segundo mediante a palavra ou a escritura.

    Desde o aparecimento dos cones na histria da Igreja, estes no eram considerados

    como uma mera obra artstica. Os primeiros icongrafos, tratavam de retratar com cores e

    pinturas o que os Evangelhos expressavam com palavras (Conclio de Nicia II).

    Contudo, os cones e, em geral, a cultura bizantina, uma mescla de cultura, arte,

    historia, f... que se faz viva no corao dos habitantes do Imprio. Desde os Imperadores

    at a pessoa mais humilde, viviam a experincia dos cones como expresso da f de um

    povo que experimentava diariamente a interveno de Deus, da Theotokos e dos Santos

    na sua vida cotidiana, tal como viviam as primeiras comunidades crists de Jerusalm.

    Toda a cultura bizantina: arquitetura, escultura, pintura, bordados e manuscritos, entre

    outros, est iluminada por essa f que impregna cada uma das atividades e da vida dos

    habitantes do Imprio.

  • 41 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    4.2 Das trevas a luz: nasce o Gtico

    O auge do desenvolvimento artstico na Idade Mdia, rivalizando com as

    maravilhas da Grcia e de Roma da antiguidade, foi a Catedral Gtica. Essas imensas

    catedrais superam at mesmo a arquitetura clssica em termos de ousadia tecnolgica.

    Entre 1200 e 1500, os construtores medievais ergueram essas estruturas

    elaboradssimas, com seus interiores atingindo uma altura sem precedentes na histria da

    arquitetura. O que tornou possvel a catedral gtica foram dois desenvolvimentos da

    engenharia: a abbada com traves e suportes externos chamados arcobotantes, ou

    contrafortes. A aplicao desses pontos de apoio nos locais necessrios permitiu trocar

    paredes grossas com janelas estreitas por paredes estreitas com janelas enormes e com

    vitrais inundando de luz o seu interior. As catedrais gticas no conheceram a Idade das

    trevas. Sua evoluo foi uma contnua expanso de luz, at que as paredes se tornaram

    to perfuradas que ficaram verdadeiros pinzios emoldurando os imensos campos de

    vitrais coloridos que contam histrias religiosas.

  • 42 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    Origem e Evoluo

    do Design

    Aula 5 HISTRIA DO DESIGN

    5.1 Origem do Design

    O estudo da histria do design um fenmeno relativamente recente. Os primeiros

    ensaios datam da dcada de 1920, mas pode-se dizer que a rea s comeou a atingir a

    sua maturidade acadmica no final do sculo XX. (DENIS, 1998).

    Como em toda profisso nova, a primeira gerao de historiadores do design teve

    como prioridades a delimitao da abrangncia do campo e a consagrao das praticas

    preferidas na poca. Sempre que um grupo toma conscincia da sua identidade

    profissional, passa a se diferenciar pela incluso de uns e pela excluso de outros, e uma

    maneira muito eficaz de justificar esta separao atravs da construo de genealogias

    histricas que determinem os herdeiros legtimos de uma tradio, relegando quem fica

    de fora ilegitimidade.

    A histria do design deve ter como prioridade no a transmisso de dogmas que

    restrinjam a atuao do design mas a abertura de novas possibilidades que ampliem os

    seus horizontes, sugerindo a partir da riqueza de exemplos formas criativas e conscientes

    de se proceder no presente.

    A origem imediata da palavra est na lngua inglesa, na qual o substantivo design se

    refere tanto a ideia de plano, desgnio, inteno, quanto de configurao, arranjo,

    estrutura (e no apenas de objetos de fabricao humana, pois perfeitamente aceitvel,

    em ingls, falar do design do universo ou de uma molcula). A origem mais remota da

    palavra est no latim designare, verbo que abrange ambos os sentidos, de design e o de

    desenhar. Percebe-se que, do ponto de vista etimolgico, o termo j contm nas suas

    origens uma ambiguidade, uma tenso dinmica entre um aspecto abstrato de

    conceber/projetar/atribuir e outro concreto de registrar/configurar/formar.

    Trata-se portanto de ama atividade que gera projetos, no sentido objetivos de

    planos, esboos ou modelos. Diferentemente de outras atividade ditas projetuais (como a

    arquitetura e a engenharia). O design costuma projetar determinados tipos de artefatos

    Un

    idad

    e

    3

  • 43 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    mveis, se bem que as trs atividades sejam limtrofes e se misturem s vezes na prtica.

    A distino entre design e outras atividades que geram artefatos mveis, como artesanato,

    artes plsticas e artes grficas, tem sido outra preocupao constante para aqueles que

    apresentam tais definies.

    Design, arte e artesanato tm muito em comum e hoje, quando o design j atingiu

    uma certa maturidade institucional, muitos designers comeam a perceber o valor de

    resgatar as antigas relaes com o fazer manual.

    5.2 Arte e design em correlao

    Sinais grficos geram comunicao visual. Portanto, desde os primeiros indcios da

    vida humana, existe a comunicao proveniente de smbolos e de representaes

    figurativas, como os primitivos desenhos executados nas paredes das cavernas pr-

    histricas. Em conjunto, os elementos grficos formam uma imagem, que aliada s

    palavras, constituram-se no objeto de conhecimento do design grfico.

    A palavra perde o sentido da fala quando impressa, a recuperao de seu

    significado dada pelo designer ao editar os tipos. Porm, o significado no somente

    resultante da criao do designer, mas responde aos interesses dos clientes para os quais o

    profissional executa seu trabalho. Apesar da preferncia esttica escolhida pelo designer,

    a proposta que ele executa deve atingir a um pblico alvo. Essas caractersticas

    diferenciam o design da arte, como a direo mecnica que o projeto possui.

    As principais funes do designer so: identificar; informar/instruir; e

    apresentar/promover; ... prender a ateno e tornar sua mensagem inesquecvel.

    A Histria do Design uma histria muito recente, apenas trs sculos nos

    separam do surgimento do Design como uma cincia com seus prprios

    conhecimentos, mtodos e tcnicas. Isto no significa que no houve design

    antes da era moderna. Podemos considerar design todos os objetos que se

    criaram desde o surgimento da humanidade; mas, como o termo muito

    abrangente porque inclui toda a cultura dos objetos materiais, a Histria do

    Design se inicia no momento em que esta cultura se torna uma cincia.

    Nossa histria se inicia ento no momento em que se configuram todas as

    cincias modernas e em que mudam os sistemas de produo: O

    Iluminismo e a Revoluo Industrial.

    DaniellHighlight

  • 44 Histria da Arte Professor Simo Cavalcante

    (HOLLIS, 2000, p.4). Complementando com as idias de Villas-Boas, de que um objeto

    produto de design grfico se responder a quatro aspectos: