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Pr. Nilson Gomes Godoy Aprendendo a Evangelizar com Jesus Revista de Jovens e Adultos da Convenção Batista Fluminense Ano 16 - n° 62 - Julho / Agosto / Setembro - 2019

Aprendendo a Evangelizar com Jesus · Pr. Nilson Gomes Godoy Aprendendo a Evangelizar com Jesus Ano 16 - n° 62 - Julho / Agosto / Setembro - 2019 Revista de Jovens e Adultos da Convenção

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Pr. Nilson Gomes Godoy

Aprendendo a Evangelizar

com Jesus

Revista de Jovens e Adultos da Convenção Batista Fluminense

Ano 1

6 - n

° 62

- Jul

ho / A

gost

o / Se

tem

bro -

201

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LIÇÕESSUMÁRIO LIÇÕES

02 1o CONGRESSO DE CASAISPARA PASTORES E ESPOSAS

03 PRIMEIRAS PALAVRASPR. AMILTON VARGAS

06 MISSÕES ESTADUAIS

10 CAPACITAÇÃODE LÍDERES

11 APRESENTAÇÃOPR. NILSON GOMES GODOY

09 CAPACITAÇÃOPARA ESCOLA BÍCLICA

07 PALAVRA DO REDATORPR. MARCOS ZUMPICHIATTE MIRANDA

LIÇÃO 1 – EU, UM EVANGELISTA!12

LIÇÃO 2 – EU IREI POR ONDE O SENHOR MANDAR16

LIÇÃO 3 – EU EVANGELIZO PORQUE AMO20

LIÇÃO 4 – A MENSAGEM NUMA

LÍNGUA QUE POSSA SER ENTENDIDA24LIÇÃO 5 – EVANGELIZAR É

APRESENTAR JESUS28LIÇÃO 6 – EVANGELIZAR É

EXPLICAR A BÍBLIA32

LIÇÃO 7 – EVANGELIZAR É CONVIDAR À FÉ EM JESUS36

LIÇÃO 8 – EVANGELIZAR É PROMOVER A NOVA VIDA40LIÇÃO 9 – EVANGELIZAR É

PROMOVER VERDADEIRA ADORAÇÃO44LIÇÃO 10 – EVANGELIZAR É

TRAVAR RELACIONAMENTOS48LIÇÃO 11 – EVANGELIZAR É FAZER MAIS EVANGELISTAS52

LIÇÃO 12 – EVANGELIZAR É SUPERAR OS EMPECILHOS

56LIÇÃO 13 – EVANGELIZE!

DEUS RECOMPENSA!60

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PRIMEIRAS PALAVRAS

A EVANGELIZAÇÃO COMO MINHA MISSÃO...

Sempre que pensamos na impor-tância da evangelização, precisamos relembrar alguns exemplos de Jesus e, do mesmo modo que Ele agiu diante de pessoas perdidas, precisamos tam-bém agir. Quando olhamos para a vida do Senhor Jesus Cristo, percebemos que Ele colocava as pessoas acima das coisas, atitude esta que precisa ser repetida por cada cristão onde quer que se encontre: casa, trabalho, escola, lazer, na vizinhança ou na Igreja. Em todo lugar precisamos dar atenção às pessoas, especialmente aos que estão perdidos e que talvez nem sabem disso.

As pessoas precisam saber que Je-sus as ama e deseja dar a elas salva-ção, amor, paz e uma vida nova, mar-cada por sua presença, além de uma nobre missão: ser evangelista! Os pri-meiros discípulos de Jesus entenderam isso. Você entende?

Há muita gente perecendo sem co-nhecer a Cristo como Senhor, Salvador e Mestre. Por isso, trago à memória um fato ocorrido em Barra do Itabapoana, cidade do interior do Estado do Rio de Janeiro. Lá, em época de perseguição, o missionário Salomão Ginsburg per-sistiu pregando enquanto os inimigos do evangelho atiravam em sua direção, querendo matá-lo. Alguns irmãos da-quela região foram espancados até a morte, por não desistirem de evangeli-zar. Pagaram um alto preço para cum-prir a missão.

Recentemente estive naquela re-gião, na Primeira Igreja Batista em Amontado, fundada pela iniciativa do bisavô de minha esposa, e entrevistei uma lúcida irmã chamada Anita sobre esses fatos. Ela tem quase um século de abençoada existência, mas continua com muita inteligência e lucidez. Ela me relatou que seus parentes, naquela época, precisaram fugir e se esconder na mata, tendo filhos na selva, como se fossem animais, pois a perseguição era impiedosa, e durou até que o prin-cipal perseguidor abriu o coração para Deus. Depois de atirar e tentar matar o Missionário Salomão Ginsburg e errar os tiros, mesmo com toda a fama de ser bom atirador, abriu o coração para Deus ao ouvir o hino “Deixa a luz do céu entrar”. A partir de então, a per-

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seguição cessou e, à semelhança do Apóstolo Paulo, ele passou a pregar o evangelho, sendo instrumento podero-so nas mãos de Deus, para a expansão do Reino naquele lugar.

Deus o chama hoje para ser um evangelista. Você está sendo comissio-nado e enviado aos seus amigos, vizi-nhos, colegas de estudo ou trabalho e a seus familiares. Ele deseja que você seja uma testemunha viva do poder de Jesus para transformar vidas. Ele quer que você fale e demonstre aquilo que Ele fez por você. E o poder de Deus, visível em sua vida, trará as pessoas com quem você se relaciona para perto de Jesus. Deus espera que você saia da inércia e creia que pode comparti-lhar do seu amor. Faça a sua parte e o Espírito Santo fará o restante. Esse é o desafio! Você o aceita?

Disse Jesus: “A missão é grande” (Mt 9.37); a missão é arriscada: “Eu os estou enviando como ovelhas entre lo-bos. Portanto, sejam astutos como as serpentes e sem malícia como as pom-bas” (Mt 10.16); os missionários são poucos: “Os trabalhadores são poucos” (Mt 9.37b), entretanto, a Palavra de Deus diz que a missão se completará com sucesso: “Ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a gló-ria de Deus Pai.” (Fp 2.10-11).

Quando Jesus tinha 12 anos de ida-de, já estava envolvido com essa mis-são: “Convém cuidar dos negócios de meu Pai” (Lc 2.49) e, 20 anos depois, Ele estava morrendo por essa mis-são. Jesus disse: “Está consumado!” (Jo 19.30). Essas declarações são como prefácio e conclusão de um livro mais que especial, é como capa e con-

tracapa dele. Jesus nos ensinou, pelo exemplo, que sua vida foi dirigida pela vontade de Deus. Ele aceitou e cumpriu sua missão.

Hoje, Deus quer resgatar e salvar pessoas da morte eterna, para que to-dos possam ser salvos e, para isso Ele conta com você para testemunhar de Jesus entre os seus!

Pense consigo mesmo: Imagine se você tivesse um vizinho com câncer e você tivesse o segredo da cura e não o ajudasse. Como você consideraria essa omissão? Seria algo normal ou crimi-noso? Esconder essa informação seria algo terrível e criminoso! Você concorda que um cristão que não fala de Jesus e das Boas Novas da salvação aos outros está na mesma situação?

Você pode orar comigo com devo-ção sincera?

Senhor, eu quero aprender com Jesus. Ajuda-me a imitá-lo, em ouvir as pessoas, ter o coração voltado para ensinar, pregar e cuidar... Dá-me a co-ragem e a disponibilidade de ir ao en-contro dos que precisam de salvação. Dá-me entendimento de que a respon-sabilidade é minha e não de outros. Que eu não tente fugir dessa responsa-bilidade. Ajuda-me a fazer a diferença e usa a minha vida para o Teu louvor e Tua glória. Esta é a minha oração, em nome do Rei dos reis, Senhor dos senhores, Príncipe da paz, Único e Su-ficiente Salvador Eterno. No poderoso nome de Jesus, que é sobre todo o nome, eu oro, Amém!

Pr. Amilton VargasDiretor Executivo da Convenção Batista

Fluminense e Pastor Interino da PIB Universitária do Brasil

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É com alegria que o Depar-tamento de Educação Religiosa, em parceria com o Departamento de Missões da Convenção Batista Fluminense, está disponibilizando o material para uma Escola Bíblica de Férias (EBF) com o tema “Ami-gos de Jesus”. Este é um sonho que se torna realidade: oferecer às Igrejas, gratuitamente, uma EBF, através de download, tendo acesso a todo o material.

“A Escola Bíblica de Férias (EBF) surgiu para atender as crian-ças que, no período de férias es-colares, ficam abandonadas pelos pais a mercê do aprendizado no-civo e pecaminoso das ruas. Em julho de 1898, a irmã Elisa Hawes, preocupada com as crianças que andavam pelas ruas de sua vizi-

nhança, em Nova Iorque (EUA), resolveu fazer algo por aqueles pe-queninos, então criou uma escola bíblica diária. Na realização dessa primeira EBF houve cooperação da Igreja Batista de Epiphany, da qual a irmã Elisa era membro. Neste ano, foram alcançadas 57 crianças. Nos anos seguintes, 1899 e 1900, foi novamente realizada a EBF diá-ria com grande sucesso. A primeira EBF realizada no Brasil foi no Co-légio Américo Batista de Vitória – ES. Na primeira quinzena de 1924, coordenada pelo Dr. Reno”.

O objetivo da EBF “Amigos de Jesus” é apresentar Jesus como o nosso melhor amigo e trabalhar na mente e coração dos líderes a im-portância da evangelização e disci-pulado das crianças que participam

PALAVRA DO REDATOR

EBF – AMIGOS DE JESUS

“Assim também não é vontade de vosso Pai, que

estás nos céus, que um destes pequeninos se perca”.

(Mt 18.14)

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da Escola Bíblica de Férias (EBF). Esta é a maior estratégia de evan-gelização infantil.

“Lionel Hunt, num livro publicado pela Moody Press, registrou uma pesquisa que demonstra qual a me-lhor idade para a evangelização e a conversão:

Antes dos 4 anos – 1 %

Dos 4 aos 14 anos – 85 %

Dos 14 aos 30 anos – 10 %

Após 30 anos – 4 %

O fato é que as crianças são importantes para Deus. Elas têm uma alma imortal e uma vida inteira pela frente. Elas ouvem e atendem à mensagem do Evangelho mais prontamente do que qualquer outro grupo de pessoas”1.

George Barna, em seu livro “Transformando seu filho num cam-peão”, afirma que se uma pessoa não receber a Cristo como Seu Se-nhor e Salvador antes dos 15 anos, suas chances de se converter mais adiante é de apenas 6%.2

O maior desafio para o povo de Deus nos próximos anos é investir exatamente no alcance das crian-ças para o Senhor Jesus, a chama-da JANELA 4 X 14 – A janela da faixa etária. As crianças foram in-cluídas na Grande Comissão. Todo

1 - SITE: www.apec.com.br

2 - SITE: www.apec.com.br

crente está pronto a recitar: “Ide... pregai o evangelho a toda cria-tura” (Mc 16.15). Mas a maioria se esquece de que a criança é também criatura de Deus e está incluída nessa ordem, juntamen-te com os adolescentes, jovens, adultos e idosos. Jesus chamou as crianças para estarem juntos dEle: “Deixai vir a mim os pequeninos” (Mc 10.14, ARA).

Portanto, aproveite esta opor-tunidade de alcançar as crianças da sua Igreja e vizinhança com este material. Para fazer o down-load, entre em contato com o Departamento de Educação Re-ligiosa da CBF pelos telefones: (21) 2620-1515 ou (21) 99600-6109 ou pelo e-mail: educacaoreligiosa @batistafluminense.org.br

Pr. Marcos Zumpichiatte MirandaCoordenador de Educação Religiosa

Redator da Revista

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QUEM ESCREVEU

APRESENTAÇÃOEvangelizar é pregar o evange-

lho, anunciar as boas novas. Deve-mos evangelizar o perdido onde ele se encontra e não esperar que ele saia das trevas e venha para buscar jesus por iniciativa própria, embo-ra isso possa acontecer. Devemos evangelizar estando na presença do Todo Poderoso e sendo dirigido pelo Seu poder e graça, pois não se cumpre qualquer tarefa espiritual com o poder do homem. É o próprio Deus quem concebeu salvar a hu-manidade e nos comissionar como seus representantes nesta tarefa de divulgação da boa notícia, desde que capacitados pelo Espírito Santo.

Temos na Bíblia muitos ensi-nos, inclusive exemplos de Jesus sobre a evangelização, mas nos ateremos em destacar algumas li-ções do Seu encontro evangelísti-co com a mulher samaritana e os seus compatriotas. O texto de João 4.1-42 deverá ser lido várias vezes e examinado à luz do tema propos-to em cada lição. Ao valorizarmos a Bíblia, os relacionamentos, a fé, o amor, a simplicidade, a nova vida e a adoração a Jesus, estaremos im-pactando e evangelizando o mundo como Ele o fez.

Sugiro que, para um real apren-dizado, não apenas estudemos com os nossos irmãos, mas exer-citemos, a cada semana, os de-safios do exemplo de Jesus. Que aprendamos a evangelizar, evange-lizando como Ele. Jesus é o nosso exemplo (Jo 13.15)!

Nilson Gomes Godoy é pas-tor da Segunda Igreja Batista de Nova Friburgo, região Serrana do Rio de Janeiro. É casado com Lilia Matilde Freichos Godoy, com quem tem seis filhos, sendo que três de-les o são também por serem noras e genro. Além disso, tem uma neta. É pastor há 35 anos, formado em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, cujo cur-so foi convalidado pela Faculdade Batista do Rio de Janeiro. Cursou 9 períodos de Administração de em-presas pela Universidade Federal Fluminense e é Pós Graduando em Gestão de Conflitos pela Faculdade Batista do Paraná.

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EU, UM EVANGELISTA!

LIÇÃO 1DATA DO ESTUDO

Texto Básico: João 4.1-42

Quando a Bíblia fala sobre o “evangelho”, que é um termo pre-sente somente no Novo Testamen-to, ela está se referindo às “boas novas de Deus”. Essa boa notícia começou a ser anunciada como promessa de Deus desde o Éden, conhecido como o protoevangelho (Gn 3.15), e perpassou através de todo o Velho Testamento, demons-trando o interesse de Deus em que o homem restaurasse a felicidade do relacionamento com Ele, ape-sar de ser pecador. Evangelizar é o ato de comunicar aos homens as boas novas de Deus e o primeiro passo na evangelização é dado pelo próprio Deus, que amou o mundo, prometendo e enviando Jesus, revelando o seu intento e seu poder de salvar. Aliás, Jesus é a “boa notícia” que o homem pre-cisa urgentemente ouvir.

Ao ler, na Sinagoga de Naza-ré, um trecho do livro do profeta Isaías que dizia: “ O Espírito do Se-nhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar liber-tação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apre-goar o ano aceitável do Senhor”, Jesus concluiu: “Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir” (Lc 4.18-21).

O apóstolo Paulo também es-creveu aos romanos: “o evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do ju-deu e também do grego” (Rm 1.16).

Ao ser alcançada pela boa notícia de salvação da alma, de transformação de vida, de perdão de pecados, de adoção como fi-

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lho de Deus, de alegria incontida, a pessoa passa a falar naturalmente sobre as suas experiências com esse Cristo Salvador, e isso é evan-gelização. Quando a mulher sama-ritana chegou à cidade, disse, em outras palavras: “Um homem, que creio ser o Messias, me disse algo que fez sentido em minha vida. Va-mos ver?” (Jo 4.29)

A história do texto em foco acon-teceu há cerca de 20 séculos, e, é claro, se passa num contexto bem diferente do nosso. Mas, como tudo o que Jesus ensina, reflete a rea-lidade do homem ao longo da his-tória e traz lições importantíssimas sobre o evangelismo. Queremos aprender com Jesus como transmi-tir essa boa notícia.

1 - A ORDEM PARA EVANGELIZAREvangelização não deve ser

fruto do acaso ou do gosto de al-guém. Evangelização deve ser resultado de obediência à ordem clara que nos é dada por Deus. Jesus disse aos discípulos: “le-vantai os vossos olhos e vede...” (Jo 4.35b). Também disse: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo 20.21). Após a res-surreição, Jesus apareceu aos dis-cípulos e deixou uma ordem para todos nós: “Toda a autoridade me foi dada... Ide, portanto, fazei dis-cípulos de todas as nações, bati-zando-os...; ensinando-os... E eis que estou convosco todos os dias até à consumação dos séculos” (Mt 28.18-20).

A ordem de Jesus, inclusive, nos incita a orar, pedindo a Deus por mais ceifeiros nesta seara, cientes de que ela é maior do que o número de pessoas disponíveis (Mt 9.37-38). E, especialmente, in-clui também a dependência do re-vestimento do Espírito Santo de Deus (At 1.8). Só podemos evan-gelizar, com o poder do próprio Deus.

O Apóstolo Paulo considerava ter “valor a sua vida somente se, em obediência ao chamado, tes-temunhasse da graça de Deus” (At 20.24). Aos Coríntios, ele es-creveu que, mesmo pregando o evangelho de livre vontade, en-tendia que lhe havia sido imposta esta obrigação. E asseverou: “Ai de mim se não pregar o evangelho!” (1Co 9.16-17). Evangelizar é bonito, mas exige o preço da obediência e da renúncia de nossa própria vida.

2 - O EXEMPLO DE JESUS NA EVANGELIZAÇÃO

Jesus é mestre também na evangelização. O texto de João 4.4 registra que Jesus “tinha que pas-sar por Samaria”. Embora muitos passassem por outro caminho por razões sociais, raciais, geográficas e religiosas até, Jesus percebeu o dever, a responsabilidade, e fez isso por amor aos samaritanos e para nos ensinar.

Esse encontro com a mulher samaritana nos dá alguns marcos, alguns padrões, algumas diretrizes para aquilo que pode e deve acon-

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tecer em nosso programa de evan-gelização, que, de forma mais deta-lhada, pretendemos estudar neste trimestre.

Para resumir, nesse encontro com a mulher e depois com os seus patrícios samaritanos, Jesus, ao di-zer “Uma comida tenho para comer” (Jo 4.34), estava deixando claro que o propósito de vida que alcan-ça outras vidas, determina as suas prioridades, acima do que nos pos-sa ser até urgente. Ao dizer: “não dizeis que há ainda quatro meses para a ceifa...” (Jo 4.35), mostrava que o propósito de agradar a Deus, abençoando vidas com a salvação, não deve ser deixado para depois, pois há gente precisando ser salva agora. E quando pede água a uma samaritana e ouve: “como sendo tu judeu, pede água a mim que sou samaritana?” (Jo 4.9), está ensi-nando que o foco em salvar alguém, vence as possíveis objeções. Jesus se apresentou como um homem que sente cansaço, sede e fome. Às vezes, somos tentados a parecer “sobrenaturais” ao transmitirmos o recado simples de Deus.

Além desse encontro com os samaritanos, temos muitos outros exemplos de Jesus. O evangelista Marcos registra, por exemplo: “Ora, depois que João foi entregue, veio Jesus para a Galileia pregando o evangelho de Deus e dizendo: O tempo está cumprido, e é chegado o Reino de Deus. Arrependei-vos, e crede no evangelho” (Mc 1.14-15). O seu modo de vida foi aproveitar cada oportunidade para pregar a

boa notícia de Deus, mostrando o seu propósito de “buscar e salvar o que estava perdido” (Lc 19.10). Assim fez ao encontrar-se com um rico, coletor de impostos, con-vidando-o para segui-Lo. Na oca-sião, disse que havia vindo “chamar justamente pecadores ao arrepen-dimento” (Lc 5.29-32). Assim foi também com um homem que que-ria vê-Lo e Jesus o encontrou em uma árvore e propôs ir à sua casa, onde disse: “Hoje veio salvação a esta casa” (Lc 19.1-10). Da mes-ma forma, as multidões famintas de pão também recebiam orientações para a salvação, sendo advertidas assim: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará” (Jo 6.27).

O Evangelista Mateus disse as-sim sobre o Filho de Deus, nosso exemplo: “Percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e en-fermidades entre o povo” (Mt 4.23).

3 - O EXEMPLO DOS DISCÍPULOS DE JESUS NA EVANGELIZAÇÃO

É muito interessante o fato de encontrarmos na mulher samaritana tanto o retrato de pecadores e caren-tes que somos, quanto o exemplo de evangelistas que devemos ser. Após ser alcançada pelo evangelho, mes-mo sem muito preparo, a mulher tor-nou-se mensageira da boa notícia que havia chegado à Samaria. Da mesma forma, aqueles discípulos,

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aprendizes de Jesus, tornaram-se anunciadores, evangelistas, instru-mentos de Deus. Eles que, como nós, ouviram a ordem: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15), ao serem revestidos do poder do Espírito Santo, tornaram-se testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra” (At 1.8). Lucas registrou que “os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a pala-vra” (At 8.4).

Em certa ocasião, Pedro e João, advertidos de que deveriam deixar de falar de Jesus, retrucaram: “pois nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos” (At 4.20). O apóstolo Paulo, um grande exemplo de dedicação e de estratégia evangelística, disse que jamais teria deixado de anunciar o que fosse proveitoso, e que o fazia publicamente e de casa em casa (At 20.20). Ao aconselhar ao seu discípulo Timóteo, advertiu: “prega a palavra, insta, a tempo e fora de tempo, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutri-na” (2Tm 4.2).

PARA PENSAR E AGIR: MARCO DE PROPÓSITO

Deus não quer que alguém se perca na nossa família, na nossa ci-dade e em todo o mundo. Para que sejam salvos, precisam invocar ao Senhor; para que invoquem, é preci-so que creiam; para que creiam, pre-

cisam ouvir; para que ouçam, Deus enviou a você e a mim. Veja essas verdades em Romanos 10.13-15.

Sugiro que você estabeleça um marco de propósito, diga e viva: Morri para mim mesmo, para que Cristo viva em mim e as pessoas vivam ao vê-Lo assim. Sugiro ain-da que, à luz dos ensinos de Jesus, você reformule os seus projetos, levante os olhos e “veja os campos brancos para a colheita”. Estabeleça o alvo de obedecer a Jesus, falando dEle, como Ele próprio o fez e como os seus discípulos também o fizeram.

A exemplo do que aconteceu com Isaías, que após ficar estar-recido pelas suas limitações e pelo pecado do povo e ser purificado, ouçamos o desafio de Deus que diz: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?” e respondamos indivi-dualmente: “Eis-me aqui, envia-me a mim” (Is 6.8).

Vamos aprender a evangelizar? Aprenda a evangelizar evangelizan-do e ouvindo os ensinos de Jesus.

Oração – Pai, ajuda-nos a le-vantarmos os nossos olhos e em-penharmos nossas vidas no alcan-ce de outras vidas para Jesus.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: Lucas 4.18-21

Terça: Mateus 28.18-20

Quarta: Mateus 9.37-38; Atos 1.8

Quinta: 1Coríntios 9.16-17

Sexta: Marcos 16.15; Atos 8.4

Sábado: João 20.21; 2Timóteo 4.2

Domingo: Romanos 10.13-15

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EU IREI POR ONDE O SENHOR MANDAR

LIÇÃO 2DATA DO ESTUDO

Textos Básicos: João 4.1-5; 35-40

Em nossa história eclesiástica adquirimos alguns hábitos, o que é compatível com o jeito humano de ser. Um deles foi o de confinar o programa de evangelização ao templo, especialmente através da pregação apresentada no púlpito, o que é incompatível com o jeito cristão de ser, à luz das Sagradas Escrituras. A ordem expressa de Jesus é “Ir por todo o mundo...” (Mc 16.15).

1 - INDO AO ENCONTRO DOS PERDIDOSDeus determina que o lugar da

evangelização é onde está o per-dido. Quem está perdido precisa

que alguém o procure, o ache e, muitas vezes, até o ajude a acei-tar sua condição de perdido e o incentive a sair dela. Jesus disse que veio “buscar o que estava perdido” (Lc 19.10) e somos seus auxiliares na divulgação dessa boa notícia.

Se assim o desejasse, Deus poderia trazer os pecadores ao en-contro dos evangelistas para que ouvissem e fossem salvos. Mas, além de dar liberdade ao homem para decidir ouvir, crer e invocar o Seu nome, Ele concede liberdade ao seu discípulo de decidir obede-cer à ordem de evangelizar. E não convém a ambos a desobediência.

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Recentemente aconteceu um desastre na barragem de Brumadi-nho, MG, infelizmente! Todo esforço empreendido, com participação in-ternacional, inclusive, foi no sentido de procurar incansavelmente quem estivesse precisando, onde quer que estivesse. Presenciei noticiários de socorristas se arrastando na lama, literalmente, em busca de perdidos.

2 - É NECESSÁRIO PASSAR EM CADA LUGAR

O texto diz que Jesus deixou a Judéia, indo em direção à Galileia. Ele, propositadamente, quis passar por Samaria.

Foi Jesus quem disse que a nos-sa missão é aqui, ali e nos confins da terra (At 1.8). Dependendo da posição geográfica do discípulo, “os confins” pode ser no oriente, ou pode ser onde estamos. Alguém disse que, se formos pelo mundo todo, depois de termos percorrido todo o caminho, o lugar mais distan-te ainda vai chegar. Os “confins da terra” será sempre o lugar que está nas nossas costas, atrás de nós.

Nessa caminhada pelo mundo não basta “entrar na cidade”. Tan-to que os discípulos o fizeram para comprar comida, sem qualquer re-sultado aparente. É preciso deixar a cidade e “entrar” em nossa agen-da evangelizadora. É preciso es-tar em cada lugar com o senso da missão dada por Deus para anun-ciar a boa notícia de que Deus vai ao encontro de cada pessoa, dan-do-lhe esperança.

Muitos gostam de sair em via-gens missionárias para pregar a desconhecidos (o que é urgente que se faça), mas nada ou pou-co falam aos que são compa-nheiros de trabalho, vizinhos e familiares, como sugere Paulo (2Tm 4.2). A Bíblia diz que Felipe foi enviado por um anjo do Se-nhor ao deserto por causa de um único homem que precisava ouvir (At 8.26-40). Mas Felipe já estava falando em Samaria e continuou, depois da missão no deserto, pre-gando em várias aldeias. Soube que o grande missiólogo Oswald Smith teria dito: “A luz que ilumina longe, é a que também ilumina mui-to bem por perto”.

No Pentecostes, evento consi-derado inaugural da Igreja, pes-soas de várias nacionalidades que estavam em Jerusalém ouviram a pregação de Pedro, foram impacta-das pelo poder de Deus, se conver-teram e certamente voltaram com a oportunidade de serem missioná-rias em cada uma de suas cidades. Certamente elas tiveram a oportu-nidade de se tornarem evangelistas (At 2.8-11,41).

Os samaritanos concluíram: “Ele é o Salvador do mundo” (Jo 4.42). A Bíblia registra o desejo de Deus de que as nações sejam alcança-das pela sua “boa notícia”. Pau-lo registra que Deus “deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1Tm 2.4); Pedro, por sua vez, diz que Deus “é longâni-

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mo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimen-to” (2Pe 3.9). Ao ensinar sobre os últimos dias, Jesus fala: “é neces-sário que primeiro o evangelho seja pregado a todas as nações” (Mc 13.10), talvez para que se cumpra a profecia do salmista: “Todas as nações que fizeste vi-rão, prostrar-se-ão diante de ti, Senhor, e glorificarão o teu nome” (Sl 86.9). Como não podemos es-tar em todos os lugares ao mesmo tempo, para cumprir o propósito e ordem de Deus, devo ir onde for possível e enviar representantes aos outros lugares, como fez a Igre-ja em Antioquia (At 13.1-3).

Existe uma corrente teológica que prega o universalismo, ou seja, que todas as pessoas serão salvas, porque o “Cordeiro tirou o pecado do mundo”. Falam isso baseados em João 1.29. Mas a morte que ele gera, ainda existe sim. Verdade é que Deus não faz “distinção en-tre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. E todo o que invocar o Seu nome será salvo” (Rm 10.12-13). Logo, a mensagem que todos precisam ouvir é: “arrependei-vos e crede na boa notícia de Deus” (Mc 1.15).

3 - PRECISO IR ATÉ SAMARIA?O conflito entre judeus e sama-

ritanos se dava, especialmente, porque estes misturavam o judaís-mo com outras crenças. Com a di-

visão do Reino, depois de Salomão (1Rs 12.20), Samaria passou a ser a capital do Reino do Norte. Devido a muitos pecados, especialmente o da idolatria, a Assíria conquistou Is-rael, deportando muitos e trazendo povos de outras nações para habita-rem ali (2Rs 17.23-24). Isso fez com que os samaritanos praticassem um inadmissível sincretismo religioso e admitissem um padrão ético detes-tado pelos judeus.

Samaria representa bem a ex-tensão do nosso compromisso evangelizador. Pessoas de todas as matizes religiosas, de todas as cul-turas, com os mais diversos mode-los éticos, de todos os lugares, alvos dos mais variados preconceitos, se constituem no nosso alvo evangeli-zador. Muitas vezes vivemos como se Jesus fosse a esperança apenas para quem ainda tem um pouco de esperança em si mesmo. Mas Ele veio para quem se reconhece doen-te e precisa de sua cura.

Os samaritanos receberam a mensagem, entenderam e saíram à procura de Jesus que estava fora da cidade (Jo 4.39-42). Isso mostra que é possível tirar as pessoas de suas casas, de sua cidade, de seu comodismo, desde que alguém vá buscá-las e tenha uma estratégia, que é o testemunho vivo de um re-lacionamento com Cristo.

4 - O EXEMPLO DE JESUSJesus decidiu ir da Judéia para

a Galileia. Três caminhos eram possíveis, os quais variavam entre

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120 e 150 Km de viagem. Para os padrões de estradas e meios de transporte de hoje, nem parece ser tão longe. Mas imaginem esse per-curso enfrentando as montanhas do centro da Palestina e as hostili-dades impostas pelos samaritanos.

Antes mesmo de ir ao encontro dos samaritanos, Jesus desceu do céu ao encontro de todos os ho-mens. Paulo escreveu aos Filipen-ses que Ele aniquilou-se, tornan-do-se homem e servo dos homens. E arrematou o Apóstolo: “Que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus” (Fp 2.5). O missionário de Deus, o enviado dos céus, iniciou o trabalho que de-vemos continuar, visando que “todo joelho e toda língua” o reconheçam como Senhor. Será cantado no céu: “Ele é digno... porque comprou com o seu sangue para Deus homens de toda tribo, língua, povo e nação” (Ap 5.9) e nós somos os mensagei-ros a toda essa gente.

Jesus disse que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito... para que o mundo fosse salvo por Ele” (Jo 3.16-17). Não podemos deixar de anunciar isso!

PARA PENSAR E AGIR: MARCO GEOGRÁFICO

Se o Filho de Deus, nosso mo-delo, “percorria todas as cidades e povoados, ensinando nas sina-gogas, pregando o evangelho do reino...” (Mt 9.35) e além disso or-

denou: “Por onde forem, preguem esta mensagem: o Reino dos céus está próximo” (Mt 10.7), o que esta-mos esperando?

Deus sempre coloca perto de nós aqueles que precisam ir mais longe na sua fé. Para isso, eles pre-cisam ouvir o que Cristo nos tem feito. Comece em sua casa e, sem se deter, vá onde houver perdidos. Creia e viva a seguinte verdade: Meus pés não podem achar des-canso se o coração de Jesus ain-da está incansavelmente atrás de perdidos, cansados e oprimidos. Minha boca precisa falar em todos os lugares, já que desses lugares virão línguas que confessarão a Je-sus Cristo como Senhor. Além dis-so, os recursos que Deus colocou em minhas mãos são exatamente aqueles que Ele precisa para que o evangelho chegue em todo lugar.

Oração – Senhor Deus, envia--me para longe ou perto, mas que eu esteja sempre perto do Teu que-rer. Volta os meus olhos para onde houver perdidos.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: Marcos 16.15

Terça: Atos 2.8-11; 41

Quarta: Marcos 13.10; Salmos 86.9

Quinta: Mateus 15.21-28

Sexta: Mateus 9.35; Apocalipse 5.9

Sábado: João 3.16-17

Domingo: 2Pedro 3.9

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EU EVANGELIZO PORQUE AMO

LIÇÃO 3DATA DO ESTUDO

Texto Básico: João 4.6-9

A história da humanidade é marcada por guerras em busca de conquista de terras, riquezas e poder. Impérios nasceram, cres-ceram e morreram sem trazer respostas para as maiores inquie-tações do homem, mesmo que este tenha experimentado algum progresso na ciência, no trans-porte, na produção de alimentos, na conquista do espaço, na arte e em outras áreas. Mas a maior necessidade do homem sempre foi responder as inquietações da alma que quer reencontrar-se com

o amor que lhe acolha, que lhe perdoe as faltas, que lhe console o coração e que traga esperança para o pós-morte. E quem tem essa resposta de amor? Somente Deus, pois Ele é amor (1Jo 4.8).

Deus demonstrou os Seus atri-butos de santidade, poder, justiça, dentre outros, destacando-se o Seu grande amor. E o fez de vá-rias formas, mas especialmente através da promessa e do envio de Jesus, o Seu Filho único, “ para nos libertar do império das trevas e nos transportar para o reino do

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Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos peca-dos” (Cl 1.13,14). “Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores” (Rm 5.8). A presença de Jesus no mundo e diante daque-la mulher samaritana, era uma de-monstração extraordinária do amor que precisamos e devemos repartir.

Para ser cristão é indispensável amar, inclusive porque esse é o re-sumo de toda a lei de Deus: amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como a nós mesmos (Mt 22.34-40). Paulo escreveu que acima da fé e da esperança, “o mais importante é o amor” (1Co 13.13); “Nós amamos porque ele nos amou primeiro” (1Jo 4.19). Sem dúvidas, a evangelização é uma for-ma de demonstrar o amor a Deus e ao próximo. Se o Evangelho é a mensagem de um Deus que ama, como pregá-la sem viver o amor?

1 - AMAR É TRATAR O NOSSO CORAÇÃO E SUPERAR PRECONCEITOSAmar não é algo natural do ho-

mem, tanto que a própria mulher e até os discípulos de Jesus ficaram admirados de que o Mestre estives-se ali conversando com uma mulher (Jo 4.9,27). O Apóstolo Paulo dis-se que amor é “fruto do Espírito” e acrescenta que, se alguém quiser alegria, paz, longo ânimo, bondade, benignidade, mansidão e domínio próprio, não poderá agir domina-

do pela carne, mas pelo Espírito (Gl 5.22,23). Para amar de verdade será preciso, então, tratar o nosso coração com o remédio: “enchei--vos do Espírito” (Ef 5.18).

Amar é preparar o nosso cora-ção para tratar o outro, não segun-do os nossos conceitos e visão. Se no poço de Jacó, olhassem com os olhos humanos apenas veriam uma samaritana, uma mulher, uma pes-soa difícil de relacionamento e cheia de desvios religiosos. Mas viram-na, com os olhos do amor de Jesus.

Deixemos o “GPS do amor” nos direcionar ao caminho de Samaria, ao encontro dos “cansados e opri-midos”, na direção da defesa dos marginalizados, aos que abando-naram a fé. A mulher de Samaria representa os presos aos vícios, os dominados por hábitos sexuais que não os fazem felizes, os desem-pregados, os famosos que choram pelo vazio da alma, os endividados, os ricos empobrecidos pelo amor ao dinheiro, os escravos da jogati-na, os órfãos de pais vivos e tantos outros. Avaliemos nosso desempe-nho evangelizador através do amor que dedicamos a todos os que ain-da não têm a esperança e a alegria que temos.

Com amor, seremos amigos, mansos, pacientes, demonstrando interesse real pela pessoa. Com amor, falaremos verdades profun-das, mas sem ofender, evitando bri-gas e “discussões inúteis” (Tt 3.9; 2Tm 2.16,23).

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2 - AMAR É TRATAR A FERIDAJesus propositadamente orde-

nou que a mulher chamasse o mari-do. Como médico que é, Jesus não poderia deixar aquela mulher ir em-bora sem receber a compreensão e o amor que precisava, em virtude da vida que levava. É verdade que teremos sempre limitações para tratar os problemas físicos, emo-cionais, morais e espirituais dos ou-tros, mas é possível sermos usados por Deus para nos identificarmos com a pessoa e os seus desafios. E ao fazê-lo com amor, não o fare-mos para desnudar suas carências apenas, mas para provisionar a so-lução que vem de Deus.

Amar é compreender as cir-cunstâncias em que a pessoa pre-cisa de nós. É acreditar na possi-bilidade de que qualquer pessoa pode ser resgatada com o amor do próprio Deus. Algumas chagas pu-rulentas parecem incuráveis, mas Paulo escreveu aos Romanos que quem nos deu o Filho, por amor, está pronto a dar-nos “também to-das as coisas” (Rm 8.32).

A sociedade está doente e com ela a família, a religiosidade, os re-lacionamentos, a alma. Portanto, evangelizar é apresentar “o médi-co amoroso” que veio justamente para curar os doentes. Evangelizar é apresentar a boa notícia do Deus de amor que oferece aos sedentos uma “fonte de água que jorra para a vida eterna” (Jo 4.14).

3 - O EXEMPLO DE JESUS “Nisto conhecemos o que é

o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos” (1Jo 3.16). Jesus é o exemplo per-feito de alguém que ama evangeli-zando (comunicando as boas notí-cias de Deus) e evangeliza amando. Jesus estava apenas evangelizan-do uma pessoa que, para espanto da época, era uma mulher. Jesus gastou tempo e arriscou-se, por amor a uma pessoa marginalizada.

Diz o texto que “Jesus tinha a necessidade de passar por Sama-ria” (Jo 4.4). Por que Ele precisaria passar por uma região montanhosa, evitada pelos judeus, com riscos, se-não pelo seu desejo de amar, servir e salvar? Amar é sentir a necessida-de de amar, independentemente do outro. Amar é provocar a “neces-sidade de passar por Samaria” e ajudar com paixão e sem preconcei-tos. Uma mulher de “vida fácil”, que trocava de marido várias vezes, era alvo do amor de Jesus. Às vezes, associamos amor à necessidade da pessoa que precisa ser amada. Mas com Jesus aprendemos que quem ama, é quem decide amar.

Além disso, Jesus precisava passar por Samaria para desfazer intrigas racistas; apaziguar diferen-ças religiosas; ensinar que, apesar de sermos também carentes, pode-mos nos tornar instrumentos seus na evangelização dos patrícios. Basta amar!

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A Bíblia registra várias vezes que Jesus é descrito como al-guém que “teve compaixão” ou que foi procurado com a expres-são: “Tenha compaixão de mim”. Jesus teve compaixão da multidão (Mt 14.14, Mt 9.35-36, Mt 15.32); ouviu o clamor por compaixão da mulher cananeia pela sua fi-lha (Mt 15.22); do pai que clama-va pelo filho (Mc 9.22); do cego (Mc 10.47); dos dez leprosos (Lc 17.13). A compaixão de Jesus era algo com que os carentes po-diam contar. E ao exercitar o amor, Ele providenciava contato, impor-tância às pessoas, salvação da alma, recomendação para fugir do pecado. Nele se manifestava a verdade do salmista: “O Senhor é compassivo e misericordioso, mui paciente e cheio de amor” (Sl 103.8).

A um Jesus que ama, nem os inimigos querem deixar fora da ci-dade. Os samaritanos se tornaram hospitaleiros para com esse Judeu que ama: “Rogaram que Ele ficas-se”(At 18.20). Amor gera amor. Como você e eu estamos precisan-do desse exemplo de Jesus!

PARA PENSAR E AGIR: MARCO SENTIMENTAL

Sem obedecer à ordem divina, amando ao Seu Reino e Palavra, não evangelizamos. Por outro lado, dificilmente ganharemos alguém para Jesus se não o ganharmos para nós primeiro. Se demonstrar-

mos amor pelas pessoas, contri-buiremos para que elas se interes-sem pela mensagem de amor que pregamos. “Amados, amemos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor” (1Jo 4.7-8).

Alguns acham que evangelizar é estudar e transmitir com sabedoria a defesa do cristianismo. Embora a apologética cristã tenha o seu va-lor, precisamos viver o cristianismo para impactar alguém e o amor é a base do ensino de Cristo. Disse Jesus: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13.35).

Quem ama não retém o presen-te que Deus já deu ao mundo, e está em nossas mãos a tarefa de divulgá-Lo. Quem amor tem, não retém o amor que de Deus vem, antes o reparte, como aos cris-tãos convém. Amar é repartir o melhor e Jesus é o nosso melhor.

Oração – Deus de amor, ensina--me a amar com o amor de Jesus!

Leitu

ra Di

ária

Segunda: 1João 4.7-8,19

Terça: Mateus 22.34-40

Quarta: Efésios 5.18; Gálatas 5.22-23

Quinta: Tito 2.1-15

Sexta: 1João 3.10-18

Sábado: Mateus 9.35-36; 15.32

Domingo: João 13.35

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A MENSAGEM NUMA LÍNGUA QUE POSSA SER ENTENDIDA

LIÇÃO 4DATA DO ESTUDO

Texto Básico: João 4.6-15

A mensagem da boa notícia de Deus para o homem tem uma sim-plicidade sem igual, de modo que até as crianças podem compreen-dê-la e aceitá-la. Mas esta men-sagem tem, por outro lado, uma profundidade extraordinária. Tanto que ela não pode ser compreen-dida a partir da intelectualidade e sabedoria dos homens. O ponto crucial está no fato de que o Espí-rito de Deus é quem “convence o homem do pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16.8). Disso depreende--se a verdade de que, tanto o que anuncia, quanto o que precisa e ouve a mensagem, devem se per-mitir serem dirigidos pelo Espírito Santo de Deus.

Um dos grandes desafios nes-sa transmissão da mensagem pro-funda e simples é a linguagem a

ser usada. Sabe-se que Deus usa formas simples, vidas simples, pa-lavras simples para que o mundo conheça as Suas verdades. Je-sus começou falando de poço, de água, de sede, para enfim falar so-bre o Messias.

1 - A MENSAGEM DE DEUS NA LÍNGUA DOS HOMENSCorremos o risco de falar de

forma que ninguém entenda, especialmente quando usamos expressões figurativas que são comuns apenas entre os que já conhecem a proposta de Deus. O Apóstolo Paulo, escrevendo aos Coríntios, falou sobre o cuidado em selecionar o conteúdo, mas também as palavras para o enten-dimento dos ouvintes: “O homem

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natural não aceita as coisas do Es-pírito... por isso, eu precisei falar com vocês como se fala a crianças” (1Co 2.14; 3.1).

Além da necessária esco-lha das palavras simples, há de se destacar a existência de um “grande ruído” na comunicação do Evangelho, que é a teimosia do ho-mem em filtrar o que ouve e quer, segundo a sua utilidade imediata, ou até mesmo desejando o bani-mento das experiências religio-sas. Jesus falava em “água viva” e a mulher entendia água do poço. Quando a evangelização se reduz ao pragmatismo ou secularismo, à promessas de ajuda para não precisar “tirar mais água”, não ficar doente, ganhar dinheiro, ou qual-quer coisa do gênero, deixa de ser a mensagem de Deus ao homem perdido. Se para falarmos em lin-guagem inteligível para o homem, tivermos de fugir da mensagem de Deus, de nada adianta. Paulo disse que há a possibilidade de se “pre-gar outro evangelho, que nem é outro evangelho, senão perversão” (Gl 1.6-7). Disso devemos fugir!

2 - A IMPORTÂNCIA DE SABER OUVIRJesus não fez um discurso, mas

travou um diálogo com a mulher. Seria bom observar quantas vezes se repete, no capítulo 4 de João, a expressão “disse Jesus” e “disse a mulher”. Há uma grande impor-tância em se aproveitar do conhe-cimento da pessoa, do estado em

que ela se encontra, para respon-der às suas inquietações. Corre-mos o risco de tentar responder a perguntas que não foram feitas e a oferecer boas notícias sobre as-suntos que as pessoas julgam não precisar.

A mulher tinha barreiras sociais: “como sendo tu judeu, me pede água a mim, que sou samaritana?” (Jo 4.9); Ela tinha informações reli-giosas: “Eu sei que o Messias vem... e vai nos anunciar estas coisas” (Jo 4.25); Era influenciada pela tra-dição religiosa: “Nossos pais adora-ram neste monte” (Jo 4.20); Tinha até limitações no conhecimento: “Se conhecesses o dom de Deus...” (Jo 4.10). E sendo Deus, Jesus sa-bia de tudo, e ainda assim a ouviu pacientemente.

Como saberemos as necessi-dades das pessoas, sem ouvi-las? Como precisamos saber ouvir!

3 - A LINGUAGEM DO SERVIÇOÁgua é assunto urgente para

o homem, pois seu corpo é cons-tituído por cerca de 70% desse elemento. Propor ajudar alguém que precisa transportar muita água para casa, em potes que, diante da necessidade, são pequenos, mas certamente pesados, é algo ex-traordinário.

Jesus usou a poderosa lingua-gem do atendimento às necessida-des, porque todos entendem esse palavreado do serviço, da ação so-cial: “ Percorria Jesus toda a Galileia,

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ensinando nas sinagogas, pregan-do o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermida-des entre o povo” (Mt 4.23).

Gary Chapman escreveu que o amor pode ser demonstrado atra-vés de cinco linguagens, as quais seriam: “o tempo, o serviço, as pa-lavras, os presentes e o toque”. Na evangelização, muitas outras lin-guagens, além da palavra, precisam ser usadas. Muito valem os gestos, a atenção, o dar algo, o tempo ofe-recido e, como Jesus também fez, a disposição em ajudar, abençoar. Francisco de Assis dizia que era para “pregar o evangelho em todo o tempo e se necessário fosse, deve-ríamos usar palavras”.

Que ninguém confunda ação social com evangelização, mas elas podem ser mutuamente comple-mentares. Ficamos preocupados com o que vamos falar ou como va-mos convencer, mas o que deve se tornar a nossa maior preocupação é o que vamos ser e fazer, pois o convencimento é ação do Espírito Santo, embora não possamos tam-bém deixar de falar “daquilo que te-mos visto e ouvido” (At 4.20).

O evangelho é entendido em qualquer língua, em qualquer cultu-ra, em qualquer tempo, justamente porque está acima da linguística e da retórica. Jesus disse que Ele mesmo veio para “servir e dar a sua vida para resgatar a muitos” (Mc 10.45), e que nós, como discí-pulos, “não estamos acima do Mes-tre” (Mt 10.24).

Paulo escreveu: “se eu falasse a língua dos anjos e dos homens e não tivesse amor, nada seria” (1Co 13.1). Como pregar a boa no-tícia do amor e ser entendido por alguém que está com sede, com fome, com ansiedades sobre o seu trabalho e relacionamentos? Preci-samos, acima de tudo, servir!

4 - O EXEMPLO DE JESUS

Imaginem começar uma evan-gelização à beira de um poço à margem da estrada, quando o sol marcava que já era quase meio-dia e o corpo reclamava a necessida-de de comida e água. Jesus usou a linguagem oral, mas mostrou mui-tas figuras imaginárias. Sua men-sagem quase que podia ser “vista”, reconhecida pela ouvinte. Come-çando por água e poço, Jesus trou-xe a palavra simples e certeira, na hora certa àquela mulher, porque a evangelização é algo individual, pessoal, mesmo que proclamada a um auditório. Talvez tenha sido por isso que Jesus, que tudo sabe, pro-videnciou um encontro reservado, longe dos discípulos dele e longe da cidade dela.

De forma parecida com o que aconteceu com Nicodemos, em João 3 e em outros textos joaninos, Jesus fez uma afirmação que não foi compreendida de pronto, antes interpretada literalmente de forma incorreta. Ele ampliou a afirmação, que novamente não foi compreen-dida. Vemos que Jesus, ao invés de dar a fórmula pronta, nos leva

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à reflexão para chegarmos a uma conclusão por nós mesmos.

A Bíblia usa a água para ilustrar a Palavra de Deus e o próprio Espí-rito de Deus (Jo 7.37-39; Ef 5.26). Longe de Deus e de Sua Palavra, o homem vive num “deserto” e em angústias muito maiores do que a de ir ao poço tirar água e levar para casa. Quando fala em água viva, Jesus está mesmo querendo ensi-nar sobre a satisfação da alma.

Jesus usa a linguagem mais humana possível, para tornar a lin-guagem de Deus compreendida. A estratégia de Jesus é, a partir das coisas mensuráveis como herança, rede no mar, morte, vida, semente, caminhos, água e porta, trazer ao nosso alcance a dimensão intangí-vel, transcendental e eterna da ver-dade divina. Ele torna a verdade tão explicada e simples, que o homem, que muitas vezes gosta de compli-car as coisas, estranha.

PARA PENSAR E AGIR: MARCO COMUNICATIVO

Como comunicar sem se preo-cupar se a pessoa está entenden-do? A dúvida pode até surgir, pois ela faz parte do aprendizado: “Tu não tens com que tirar a água e o poço é fundo” (Jo 4.11); ou “És tu maior que nosso pai Jacó?” (Jo 4.12). Mas o importante é des-pertar o interesse e a curiosidade, e deixar a pessoa com vontade de saber o desfecho.

Por outro lado, a mensagem do Evangelho não se resume a alguns

pontos ou versículos que possamos decorar e retransmitir. Evangelizar é convidar a pessoa para começar a conhecer algo que nunca com-preenderemos por inteiro. Mas à medida que nos aproximamos de Cristo, Ele entra em nossa vida e nos completa com a linguagem da Sua Graça e bondade. Jesus entrou na cidade e o que a mulher havia entendido e falado foi ampliado pelo relacionamento com Ele.

O próprio Jesus disse que “a vida eterna é conhecer a Deus e a Jesus, o Seu Filho enviado” (Jo 17.3). Então, nada podemos inventar: O que entregamos é o mesmo que recebemos: “Que Cris-to morreu pelos nossos pecados” (1Co 15.3).

Sendo Deus, Jesus comunicou com poder, na língua dos homens, as coisas do plano de Deus. Sendo homens e, por fraqueza, corremos o risco de falar, na suposta língua de Deus, as coisas do plano dos homens.

Oração – Senhor, Dono da mi-nha língua, doma-a para que eu fale somente o que leve as pessoas a entenderem o Teu chamado.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: 1Coríntios 13.1

Terça: João 3.1-11

Quarta: 1Coríntios 2.14; 3.1

Quinta: João 17.3

Sexta: 1Coríntios 15.3

Sábado: João 16.1-15

Domingo: Gálatas 1.6-12

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EVANGELIZAR É APRESENTAR JESUS

LIÇÃO 5DATA DO ESTUDO

Textos Básicos: João 4.1-13; 25,26; 41,42

Precisamos evangelizar em todo o lugar, porque isso é de-monstração de amor a Deus e ao próximo. Ao fazê-lo, devemos usar uma linguagem que todos possam compreender até mesmo sem palavras. Mas, afinal, o que é o Evangelho? Em que consiste esta boa notícia de Deus? O que não podemos deixar de falar quando comunicamos o Evangelho?

Sem dúvidas, Jesus é o próprio Evangelho. Jesus proferiu a leitura de um texto do profeta Isaías na

Sinagoga de Nazaré. O texto dizia que o Espírito de Deus havia pro-videnciado liberdade aos cativos, pregação sobre o favor de Deus, visão aos cegos, solução para os oprimidos. Ao terminar de ler esta profecia alvissareira, Jesus dis-se, em outras palavras: “Eu sou o cumprimento desta profecia; Eu sou esta boa notícia de Deus” (Lc 4.21). A mulher samaritana não sabia que Jesus havia vindo e precisava ouvir.

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1 - QUEM É JESUS?A mulher samaritana alimenta-

va em seu coração a esperança do cumprimento da promessa da vinda do Messias. Messias significa o “Un-gido”, enviado de Deus para “salvar o povo”, como registraram os profe-tas Isaías e Daniel, por exemplo (Is 62.11 e Dn 9.25). Esta mulher, es-perando uma mudança de vida, re-conhecia ser verdade e, certamen-te urgente, que o Messias viesse. Quando André falou sobre Jesus para Pedro pela primeira vez, disse: “Achamos o Messias” (Jo 1.41).

Jesus é o cumprimento desta promessa: “Eu o Sou, Eu o que falo contigo, sou o Messias” (Jo 4.26). Jesus é um ser pessoal, que se re-laciona com qualquer pessoa que queira. É o Filho de Deus, mas tam-bém é homem. Naquele encontro à beira do poço cavado por Jacó, Je-sus, o que havia “criado” Jacó, mos-trou sua humanidade que o leva a ter sede e fome. Mas, mostrou também sua divindade, através de sua compaixão e onisciência. João disse que quem recebesse a Jesus também se tornaria “Filho de Deus” (Jo 1.12). Apesar de ser quem Ele é, Jesus se fez filho do homem para que, apesar de ser quem eu sou, Ele me faça filho de Deus.

A Bíblia diz que a salvação do ho-mem só pode vir por Jesus. Em Atos 4.12 temos o registro da seguinte palavra de Pedro sobre Jesus: “ E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe

nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que se-jamos salvos”. Jesus conhece toda a história humana, com toda a sua dor. Diante da fragilidade das pes-soas, que carregam pesos físicos e morais, Ele mesmo é a esperança. Jesus é quem pode saber sobre as crises, propor soluções, despertar interesse, salvar vidas. Jesus é a fonte de graça e exemplo.

2 - EVANGELIZAR É APRESENTAR A PESSOA DE JESUS

O evangelismo não se resu-me em dizer “que Deus tem um plano para a sua vida”, embo-ra isso seja verdade para todos. Evangelizar não é focar no resul-tado, no “número de batismos” (Jo 4.1), mas dizer quem é Jesus, como fez o Apóstolo Paulo: “Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1Co 2.2). Num encontro entre Fili-pe e um viajante, encontro marcado por um anjo no deserto, depois da leitura de um texto bíblico, regis-trou-se: “Então Filipe, abrindo a sua boca, e começando nesta Escritura, lhe anunciou a Jesus” (At 8.35).

Pode-se começar falando de história religiosa (Jacó, José); de símbolos religiosos (poço, monte); de doutrina de adoração (lugar, for-ma). Pode-se falar de necessidades pessoais (água, marido, utensílio para tirar água, transporte); mas a evangelização precisa chegar ao ponto indispensável: a pessoa de Jesus. Muitos ficam na periferia:

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na água, milagre, doutrina e costu-mes, mas não chegam a comunicar o plano enviado de Deus para o homem. Foi o próprio Jesus quem disse que o amor de Deus foi de tal maneira, que O levou a enviar o seu único Filho. Quem nisso crê, livra--se do merecido inferno e recebe a dádiva do céu (Jo 3.16).

Alguns chamam de evangelismo o que na realidade é um proselitis-mo, porque procuram convencer pessoas a deixarem “seus montes” e suas Igrejas e ingressarem em outra. Outros acham que teriam cumprido o seu dever evangeliza-dor ao comunicarem um convite ou até um versículo ou folheto, mas sem terem eles mesmos realmente sido impactados. Vale a pena res-saltar que evangelizar também é viver como Jesus. Aceitar o Evan-gelho é aceitar o Reino de Cristo e o Seu governo em nossas vidas e isso, por si só, é uma pregação con-vincente. “Ele tem dito o que tenho feito” (Jo 4.39).

Não é errado desejar que nos-sa Igreja abençoe pessoas e as desafiem para um relacionamento de aprendizagem, adoração, co-munhão e serviço. Até porque faz parte do “Reino de Deus” uma Igre-ja operosa. Mas evangelizar é mais do que isso.

A mulher mais improvável aos nossos olhos tinha também expec-tativas do cumprimento de profecias bíblicas e dos ensinos do Messias. Essas pessoas precisam conhecer a pessoa de Jesus.

3 - O EXEMPLO DE JESUS O que Jesus disse ou demons-

trou sobre si mesmo? Que Ele é humano, que é o “dom” (presente) de Deus, é o que pode dar “água viva” que salta para a vida eterna, que conhece todas as coisas, que nEle precisamos crer, que é Filho do “Pai”, que Ele é o Prometido de Deus que já chegou, que a razão de Sua vida é agradar a Deus e fazer a Sua obra, e ainda, que Ele nos envia a colher os frutos que es-tão sendo trabalhados.

A conversa de Jesus não foi para explicar o relacionamento en-tre judeus e samaritanos, nem foi somente uma tentativa de resolver o problema social, tampouco foi uma discussão histórica sobre per-sonagens, como o importante Jacó, por exemplo. Ele foi direto ao pon-to: a questão não é social ou racial, a questão é de sede da alma e Eu posso resolver: “aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede” (Jo 4.14). A mulher tentou desviar o assunto várias vezes e Jesus não perdeu o foco. Ouviu so-bre raça, história, poço e geografia. Mas Jesus queria falar de Jesus. É verdade que para falar da necessi-dade da alma, Ele começa falando de água, como que entrando no mundo da pessoa, para que a pes-soa possa entrar em seu mundo.

Jesus tinha certeza de quem Ele era. Em muitos outros textos Jesus diz sobre si mesmo: “Eu sou antes de Abraão” (Jo 8.58), no caso, avô

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do tal Jacó do poço; Ele é o Filho unigênito de Deus (Jo 3.18); havia sido enviado para declarar as boas novas do Reino de Deus (Lc 4.43); Eu e o Pai somos um (Jo 10.30); e Eu sou o único caminho para Deus (Jo 14.6).

PARA PENSAR E AGIR: MARCO SALVADOR

O tamanho da ofensa do ho-mem contra Deus não permite que o próprio homem faça a reparação da dignidade do ofendido. Foi ne-cessário que o próprio Deus des-cesse em forma de homem para pagar pela dívida da humanidade: “Pois o salário do pecado é a mor-te, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23). Paulo escreveu aos Efésios: “Em Cristo temos a re-denção pelo seu sangue, a reden-ção dos nossos delitos, segundo as riquezas da sua graça” e que Deus propôs “fazer convergir em Cristo todas as coisas, tanto as que es-tão nos céus como as que estão na terra” (Ef 1.7,10). Esse é um marco Cristocêntrico!

Ao escrever sobre a doutrina das últimas coisas, João registra as seguintes palavras de Jesus: “Eu, a quem tiver sede, darei de graça da fonte da água da vida” (Ap 21.6). Por isso, precisamos ouvir e divul-gar o seu convite: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. E rios de água viva correrão do coração de quem crê em mim” (Jo 7.37-38).

A solução para o mundo não é água, alimento, marido, monte san-to, economia, governos, igualdade, prosperidade, ecologia e denomi-nações, mesmo que haja necessi-dade de cada uma dessas coisas. A solução é Jesus, o Messias, e nEle precisamos crer enquanto há tem-po. Paulo registrou: “Se você con-fessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mor-tos, será salvo” (Rm 10.9).

Jesus é o Evangelho que se deve pregar. Quando Ele vive em nós, tornamo-nos a boa notícia que o mundo precisa ouvir, pois a essência do Evangelho é o Jesus que vive em nós e é a esperança para todos. Eu sou o que sou, por causa da minha natureza de aco-modação ao pecado. Mas eu posso ser semelhante ao que Cristo é, por causa da Sua natureza de transfor-mação e santidade.

Oração – Pai de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, ajuda-me a ser semelhante a Jesus e a apre-sentá-Lo ao mundo para que o co-nheçam.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: João 1.40-46

Terça: Atos 4.12

Quarta: Isaías 62.10-12

Quinta: João 1.9-18

Sexta: Romanos 10.9-13

Sábado: João 14.1-14

Domingo: Efésios 1.5-12

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LIÇÃO 6DATA DO ESTUDO

Texto Básico: João 4.1-42

A salvação da alma não é uma invenção humana. Ela tem uma história que se iniciou no próprio Deus, o qual providenciou também o seu registro. A Bíblia é o registro do propósito de Deus em salvar, é o anúncio do Seu projeto, do meio que providenciou, do modo como salvou pessoas que julgaríamos improváveis de serem salvas e de como Ele está convidando a todos à aceitação de Sua proposta sal-vífica. É preciso estudar a Bíblia para compreender e crer naquilo que Deus está fazendo por nós.

Jesus ordenou o exame das Escrituras, pois nelas teríamos a vida eterna (Jo 5.39). O Apósto-lo Paulo escreveu que “a fé vem pelo ouvir a palavra de Deus” (Rm 10.17).

1 - A BÍBLIA CITADA NESSE TEXTONo período em que ocorreu

essa conversa de Jesus com a mulher samaritana, havia apenas os registros do Antigo Testamen-to e, é claro, com reduzidíssima quantidade de cópias. Mas, além da tradição oral, o evangelista João, Jesus e a mulher samarita-na citaram textos e histórias da Bí-blia nesta conversa evangelística, que precisam ser relembrados:

- “Sicar, junto a herdade que Jacó tinha dado a José” (Jo 4.5) – João cita este dado histórico que está registrado em Josué 24.32. Siquém ou Sicar era o lugar onde José foi procurar os seus irmãos que tomavam conta das ovelhas,

EVANGELIZAR É EXPLICAR A BÍBLIA

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conforme ordem do seu pai, re-gistrado em Gênesis 37.14. Talvez para relembrar isso, tenha recebido esta doação.

- “Judeus não se comunicam com os samaritanos” (Jo 4.9) – Um dos motivos para esta rivalidade está re-gistrado em 2Reis 17.24, onde temos a informação de que o Rei da Assíria (que havia invadido o Reino do Nor-te, cuja capital era Samaria) trouxe pessoas de várias nações para ha-bitar ali, tendo levado os de Samaria para outras terras. O episódio teve a permissão de Deus em virtude dos pecados cometidos pelos reis e pelo povo do Reino do Norte.

- “Jacó deu o poço e ele bebeu com os seus filhos e seu gado” (Jo 4.12) – Estudiosos afirmam que o poço está no terreno comprado por Jacó, segundo o relato de Gê-nesis 33.18-20.

- “Água viva” (Jo 4.14) – Pare-ce que há uma conexão entre esta expressão: “água viva” com o texto de João 7.37-39 e de Ezequiel 47. Este último fala de água que brota do templo.

- “Nossos pais adoraram nesse monte e vós dizeis que é em Jeru-salém” (Jo 4.20) – Moisés havia or-denado que quando chegassem à terra de Canaã, algumas tribos su-biriam ao Monte Gerizim, próximo dali, para pronunciar bênçãos sobre Israel (Dt 27.12) e isso foi cumpri-do integralmente (Js 8.33-35). Além disso, Jesus tirou a atenção da ex-pressão “pais” ou “antepassados” e a colocou no “Pai” de todos, con-

forme Deuteronômio 32.6 e Isaías 64.8. Deus diz que antes de Jeru-salém, o local de adoração era Siló, mas por causa do pecado, Deus o destruiu como destruiria Jerusalém também (Jr 7.12-14).

- “A salvação vem dos judeus” (Jo 4.22) – O salmista afirma que “a salvação vem de Sião” (Sl 14.7). Também em Miquéias 5.2 lemos sobre a origem daquele que “há de reinar”: “sairá de Belém, de Judá”.

- “Deus é Espírito” (Jo 4.24) – Vários textos falam sobre o Espírito de Deus, tais como Juízes 3.9-10; 6.33-34 e Miquéias 3.8.

- “O Messias vem” (Jo 4.25) – O Antigo Testamento está repleto de profecias sobre a vinda e a vida do Messias. Moisés, Davi, Isaías, Da-niel e Zacarias talvez tenham sido os que mais falaram sobre essa vinda, dentre os quais destacamos algumas referências: Gênesis 3.15, Deuteronômio 18.18-19, Salmos 2, Isaías 9.1-7, Daniel 7.13-14 e Zaca-rias 6.12-13.

O povo de Israel ensinava em casa e conversava sobre os epi-sódios bíblicos, fazendo com que cada conversa, mesmo à beira de um poço, ficasse impregnada de transmissão do recado de Deus. Quando transmitimos os oráculos de Deus, estamos evangelizando. Pedro adverte: “ Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus” (1Pe 4.11). Não há como evangelizar sem usar a Bíblia com profundidade. Por outro lado, ler a Bíblia é uma viagem que nos leva a conhecer plenamente o seu Autor.

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2 - JESUS É A PALAVRA DE DEUS Jesus é a encarnação da reve-

lação de Deus ao homem. A Pa-lavra se compreende em Cristo, anunciado no Antigo Testamento e confirmado pela sua vida, sua mensagem e seus atos registrados no Novo Testamento. João chega a dizer que Jesus é a própria pala-vra, o “logos” (Jo 1.1). Isso era en-tendido pelos gentios, alvo do texto de João, como “agente da criação e modo de comunicação de Deus com os homens”. Jesus é Deus e a revelação de Deus. Um dos dis-cípulos de Jesus questionou sobre o conhecimento do Pai, ao que Je-sus respondeu: “Você não me co-nhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tan-to tempo? Quem me vê, vê o Pai. Como você pode dizer: ‘Mostra-nos o Pai’”? (Jo 14.9).

Sendo Jesus o centro de todas as coisas, inclusive das Escrituras, e sendo o Evangelho a apresenta-ção do Jesus Salvador, é natural e urgente que na evangelização a apresentação das Escrituras e de Jesus sejam umbilicalmente rela-cionados.

3 - O EXEMPLO DE JESUS EM RELAÇÃO À BÍBLIA

Jesus conhecia muito bem o Antigo Testamento e se anunciou como o cumprimento do texto de Isaías 61.1-3, conforme registro

de Lucas 4.17-21. Já vimos como Jesus usou as Escrituras nesse encontro evangelizador com a mu-lher samaritana. Esta era a sua for-ma de abordar as pessoas. Jesus disse que, se os ouvintes cressem nas palavras de Moisés, certamen-te creriam nEle, porque Moisés es-creveu a respeito dEle (Jo 5.46-47). Vejamos alguns outros textos:

- Em Mateus 12.1-8, quando os fariseus questionavam a Jesus e aos seus discípulos, Jesus citou e reinterpretou uma ação de Davi e dos Sacerdotes (1Sm 21.6);

- Em Mateus 19.18, Jesus orde-na a um jovem que observe os man-damentos descritos em Êxodo 20;

- Em Mateus 27.46, no registro dos momentos finais de Jesus na cruz, Ele citou Salmos 22.1;

- Em Mateus 4.1-11, Jesus ven-ce a tentação citando vários textos: “Nem só de Pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Dt 8.3); “Não ten-tarás o SENHOR, teu Deus, como o tentaste em Massá” (Dt 6.16); e “Ao Senhor, teu Deus, temerás, a ele servirás, e, pelo seu nome, jura-rás” (Dt 6.13).

Acerca de Estevão e Apolo, registra-se que eram homens “po-derosos nas Escrituras” (At 6.10; 18.24). Ou seja, tinham domínio no manuseio e explicação da Palavra. O mesmo se poderia dizer sobre Jesus, nosso exemplo como evan-gelizador.

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4 - A BÍBLIA NA EVANGELIZAÇÃOMesmo precisando ser evan-

gelizada, a mulher samaritana co-nhecia a parte reconhecida pelos samaritanos nos escritos de Moi-sés. Não é novidade para ninguém que até o Diabo conhece as Escri-turas. Quem anuncia precisa “ma-nejar bem a palavra de Deus como obreiro aprovado” (2Tm 2.15), para ajudar pessoas a interpretarem adequadamente o que Deus quer. Filipe foi enviado a um etíope que lia as Escrituras e não a entendia. Ele decidiu começar pelo livro de Isaías, que estava sendo lido e, a partir desse, anunciou a Jesus através de muitos outros textos (At 8.35).

Para ser salva, a pessoa precisa crer e invocar a Jesus, depois de ou-vir a Palavra de Deus. Para se ouvir, naturalmente, é preciso que alguém pregue. Paulo concluiu: “a fé vem pelo ouvir a palavra” (Rm 10.14-17). Quando o carcereiro perguntou o que precisaria fazer para ser salvo, ouviu como resposta a necessidade de crer e “lhe pregaram a palavra de Deus” (At 16.30-32). Escreven-do aos Coríntios, Paulo disse que havia entregado a eles exatamente o que havia recebido, “conforme as Escrituras” (1Co 15.3-6).

PARA PENSAR E AGIR: MARCO BÍBLICO

Os pastores que receberam dos anjos a notícia do nascimento de Jesus disseram: “Vamos ver o que

o Senhor nos fez saber” e “ven-do-o, divulgaram o que lhes tinha sido dito a respeito deste menino” (Lc 2.15,17). Deus nos tem feito sa-ber o seu projeto pelo qual enviou o Salvador, o Messias, ao mundo. E Ele nos tem comissionado para divulgarmos o Seu plano. Faz-se mister, portanto, que procuremos ter intimidade com as Escrituras re-veladas por Deus.

Se há algo que deve ser um marco em nosso programa evan-gelístico, é o ardor em ler e viver a Palavra de Deus. Ler a Bíblia diaria-mente é uma dieta imprescindível para a alma que quer crescer na fé e levar outros ao crescimento. De-core partes das Escrituras, como o fez Jesus. Sigamos o exemplo também de Esdras: “Porque Es-dras tinha disposto o coração para buscar a Lei do SENHOR, e para a cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos” (Ed 7.10).

Oração – Deus das Escrituras, Tua é a palavra que promove a fé que salva. Ajuda-me a manuseá-la e transmiti-la com fidelidade e amor.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: Atos 8.29-38

Terça: Josué 8.33-35

Quarta: João 7.37-39

Quinta: João 5.39; Esdras 7.10

Sexta: 1Pedro 4.11

Sábado: Lucas 4.17-21

Domingo: Romanos 10.17

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LIÇÃO 7DATA DO ESTUDO

Texto Básico: João 4.21,39-42

Entregar um folheto, falar sobre algum texto ou episódio bíblico, testemunhar da experiência pes-soal com Jesus, podem ser ações importantíssimas da etapa evan-gelizadora. Mas a evangelização completa-se com o convite, que é feito em nome do próprio Espí-rito de Deus, para que se creia na mensagem apresentada. Como a fé não é apenas uma compreen-são mental, um assentimento ou uma concordância, o que se espe-ra como resposta de fé? Fé é mais do que possamos compreender e, por isso, depende da ação do Espírito de Deus em nós. Fé inclui revisão de conceitos, disposição para mudança de vida e renúncia da própria vida, certos de que não podemos salvá-la sozinhos. A fé salvadora exige entrega incondi-cional da vida ao plano de salva-ção em Jesus.

1 - É PRECISO CRER QUE O HOMEM ESTÁ PERDIDOPara falar da fé que salva pre-

cisamos também falar da perdição e da impossibilidade do homem de salvar-se. A mulher ouvia aten-tamente sobre a “fonte de água viva” como uma introdução ao fato de que ela mesma estava seden-ta em seu deserto espiritual. Ela certamente entendeu isso quando Jesus tocou na questão dos seus relacionamentos: “Chama o teu marido” (Jo 4.16). A mulher creu e levou muitos a crerem nEle pelo seu testemunho: “Ele disse tudo quanto tenho feito” (Jo 4.39). Para compreender a graça, na qual de-vemos crer, será preciso entender a justiça de Deus que não aprova o meu pecado.

A sociedade moderna tem pre-gado e vivido a “fé no trabalho”, no

EVANGELIZAR É CONVIDAR À FÉ EM JESUS

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“esforço individual” e na própria fé. Para muitos, ter fé significa ter de-terminação para lutar. Esse tipo de “fé” implica em trazer para o nos-so controle aquilo que almejamos. Mas dentro do conceito bíblico, isso pode ser justamente falta de fé, pois incredulidade é ser auto-suficiente, desprezando a Deus. Crer, no sen-tido bíblico, é justamente ter a cer-teza de que não podemos ser sal-vos por nós mesmos, mas sim, pela graça e bondade de Deus, através de Jesus.

No contexto atual de seculariza-ção e individualismo, a falsa evan-gelização tem sido um convite à aceitação de padrões de vida muitas vezes baseados em bens e no que-rer e poder do próprio homem. Mas fé é um convite para o homem esva-ziar-se de si mesmo, deixar de lado o “seu balde, corda ou cântaro”, as suas convicções e tradições e arre-pender-se por “tudo quanto tem fei-to”. O Apóstolo Paulo resumiu: “Por-que todos pecaram...” (Rm 3.23).

A própria expressão de fé já enunciada várias vezes pelo evan-gelista em capítulos anteriores, de-monstra que a conversão implica em mudança de vida. Ao contrário daquilo que o mundo tem feito, é preciso receber Jesus (Jo 1.11,12), nascer de novo (Jo 3.3) e sair das trevas e vir para a luz (Jo 3.20,21).

Para “escavar” a fonte de água viva que é Jesus, é preciso “golpear o barro” que vive dentro de nós, as impurezas que impedem o fluir des-sa água.

2 - É PRECISO CRER QUE O MESSIAS VEIO

Se para muitos hoje a fé em Je-sus ainda é uma “loucura”, imagine para aquela mulher que esperava um Messias com forças políticas, inclusive! Como um homem com sede poderia ser um enviado de Deus? Pior, Ele veio a ser cruci-ficado e morto. Está escrito que o Jesus crucificado de nossa prega-ção é “escândalo para os judeus e loucura para os gentios” (1Co 1.23). Mas Jesus disse: “Eu sou. Eu o que falo contigo” (Jo 4.26). Isso exigia fé.

O docetismo era uma heresia que pregava que “Jesus era Deus que se emprestou de uma forma hu-mana”. Ele não era humano, mas ti-nha aparência humana. Logo, a sua crucificação foi uma encenação. O docetismo moderno prega que Je-sus ressuscitou só no espírito e não em carne. João já havia escrito que “O Verbo se fez carne e habitou en-tre nós” (Jo 1.14). A mulher estava diante do Messias 100% homem, que ficava cansado, com fome, com sede e “que não podia tirar água do poço”. Além disso, Jesus disse que “Deus é Espírito” (Jo 4.24) e sendo Ele “um com o Pai” (Jo 10.30), era 100% Deus. Que desafio é crer no Filho de Deus! E a mulher creu.

Uma das interpretações para a verdade “A salvação vem dos ju-deus”, está justamente no fato de que Jesus, o Messias, foi prometido e descendeu dos judeus. Jesus veio como resposta do amor de Deus ao

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mundo perdido e como resposta única para a salvação do homem: “Porque sem derramamento de sangue não há remissão de peca-dos” (Hb 9.22). Jesus não é ape-nas um “profeta”, mas, resumindo o texto de Hebreus 1.1-8, é também Criador, Sustentador, Palavra de Deus, é quem purifica dos pecados (Sacerdote), digno de adoração, Rei, Eterno e Primogênito.

3 - É PRECISO CRER QUE HÁ ESPERANÇA PARA TODOS

Jesus, embora estivesse con-versando com uma mulher, estava ensinando o que era verdade para todo o mundo. Os princípios ceri-moniais e provinciais do Judaísmo eram diferentes da fé sem fronteiras pregada por Jesus. Jesus convida-va a mulher, não para uma ação, em “um lugar” e de certa forma, mas a convidava a crer.

Jesus a convida dizendo “crê--me”, porque a mulher tinha o di-reito de não crer. Aliás, o texto diz que da cidade muitos creram (Jo 4.41). Não foram todos, porque a evangelização precisa esperar a manifestação de decisão, aceitação e fé. Esta fé vem pela convicção pessoal, pelo contato com Cristo e com Sua Palavra (Jo 4.42). É cla-ro que esse livre arbítrio engloba o direito de decidir e a consequência das decisões.

Discute-se, há séculos, se Deus convida para a salvação ou se Deus salva por sua decisão unilateral.

Não podemos confinar Deus a um lugar geográfico, como um monte, nem enquadrá-Lo em nossa siste-matização teológica. Deus é muito maior que nós e age como quer. Mas percebemos em Sua Palavra que, exercendo a Sua soberania, Deus resolveu amar e valorizar o ser humano, dando-lhe o direito de retribuir com convicção o seu amor e chamado. O apóstolo Paulo, por exemplo, fala em suas cartas e, es-pecialmente aos Coríntios, sobre os chamados de Deus: Deus nos chama para “sermos de Jesus”, ou seja, para a salvação (Rm 1.6; 1Co 1.9); Chama para a santifica-ção (Rm 1.7, 1Co 1.2); para a co-munhão (1Co 1.9,10); a liberdade (Gl 5.13); para a paz (1Co 7.15 b); para o serviço (Rm 1.1); além de outros chamados. Fala-se muito do chamado para a salvação e pouco sobre os outros chamados de Deus. Deus convida, fica ofendido e triste se o homem não atende, mas, em Sua Soberania, respeita o direito do homem escolher em cada um des-ses convites.

Todos somos chamados com insistência. Jesus e a mulher sa-maritana pregaram em Samaria e, como não foram todos os que creram, Deus não desistiu. Enviou outros pregadores posteriormente para pregar a pessoas que, muito provavelmente, haviam sido con-temporâneas dessa visita de Je-sus e não haviam aproveitado a oportunidade para crer (At 8.5-25). Ou seja, a salvação de todos de-

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pende 100% do Deus que ama, paga, chama e aceita. Mas tam-bém depende 100% do homem que ouve, arrepende-se e crê.

4 - O EXEMPLO DE JESUS EM DESAFIAR A FÉ

Enquanto muitos discutem se a salvação é dos pobres, se é das pessoas a quem Deus chama ex-clusivamente; se pode ser perdi-da, se é adquirida de uma vez ou por processo, Jesus desafia com clareza: “creia em mim, mulher” (Jo 4.21). Depois dela e devido ao seu testemunho, muitos creram. Não temos registro de batismo dos convertidos, apesar de o capítulo começar falando que os discípulos de Jesus batizavam na Judéia, mais que o próprio João Batista. Embo-ra Ele mesmo tenha sido batizado (Mt 3.15-16), ordenado o batismo (Mt 28.19) e apoiado os discípulos nesta tarefa (Jo 3.22), Jesus convi-dava primeiro para a fé e não ape-nas à “adesão” ao grupo.

Jesus destaca a indispensabi-lidade da fé para a salvação: “ Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna” (Jo 5.24). Jesus valorizou a fé e desafiou para que cres-sem. A Jairo, disse: “Crê somente” (Mc 5.36); “ Vendo a fé dos homens que levaram o paralítico, disse: ... Perdoados são os teus pecados” (Mt 9.2); Para Marta, por ocasião da ressurreição de Lázaro, disse:

“Quem crê em mim, ainda que es-teja morto, viverá” (Jo 11.25,26).

PARA PENSAR E AGIR: MARCO DE FÉ

“Sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11.6). João escreveu que os sinais foram registrados para que houvesse fé (Jo 20.31). Mas em Samaria houve fé sem registros de milagres, apenas com as pala-vras e o relacionamento com Jesus. Crer é andar dirigido pelo Espírito e não pelos sentimentos e experiên-cias dos outros. Por isso, para crer precisamos ouvir e responder posi-tivamente ao “vinde e vede um ho-mem que disse tudo quanto tenho feito” (Jo 4.29).

Evangelizar é propor a fé em Je-sus – “Porque pela graça sois sal-vos, mediante a fé” (Ef 2.8).

Parafraseando o provérbio: “Um homem, para ser realizado, precisa crer no Filho, viver um livro: a Bíblia e comer da “árvore da vida”.

Oração – Senhor, aumenta-me a fé e dê fé a quem evangelizarmos.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: Romanos 10.5-13

Terça: Mateus 9.2-8

Quarta: Hebreus 11.1-6

Quinta: João 11.21-27

Sexta: João 20.24-31

Sábado: Efésios 2.1-10

Domingo: João 1.11-12

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LIÇÃO 8DATA DO ESTUDO

Textos Básicos: João 4.16 e Efésios 4.22-24

Evangelizar é também um esforço para que a pessoa evan-gelizada, em Cristo, receba o po-der de tornar-se uma nova cria-tura (2Co 5.17) e viva, não mais ela, mas Cristo viva nela pela fé (Gl 2.20). Evangelizar é ofere-cer à pessoa a oportunidade de voltar para a sua comunidade de forma diferente. Como aconteceu com a mulher samaritana que, antes de encontrar Jesus naque-le poço, provavelmente fosse alvo de comentários e, por isso, não buscasse água no mesmo horário que as outras mulheres. Depois de encontrar o Filho de Deus, aconte-

ceu uma guinada tal em sua vida que ela passou a ser referência e autoridade em questões de fé.

Evangelizar é abordar corajo-samente a questão da moral e dos equívocos religiosos, sem nunca ter o propósito de denegrir, dimi-nuir e escorraçar. Toda a ação de Jesus e, por conseguinte, do seu programa evangelizador, recupera a dignidade da pessoa perdida ao pecar. Ele faz com que ela “nasça de novo” (Jo 3.3).

Paulo revela em 2Coríntios 4.1,4,6 e 16: “Embora o entendi-mento dos incrédulos esteja cego para não verem a luz, ...rejeitamos

EVANGELIZAR É PROMOVER A NOVA VIDA

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as coisas ocultas, que são ver-gonhosas... e não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, con-tudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia... para que das trevas brilhe a luz”.

1 -“DA FRAQUEZA TIRAM FORÇAS”A expressão “da fraqueza tira-

ram forças” é um dos elogios do autor da carta aos Hebreus aos personagens da lista que denomi-namos “galeria da fé” (Hb 11.34). Contudo, nos versículos anteriores o autor relaciona alguns desses heróis: “Raabe, a meretriz, Gideão, Baraque, Sansão, Jefté, Davi, Sa-muel...” Só a graça de Deus para permitir que esses fracos perso-nagens arranjassem forças. Fracos em questões como idolatria, imora-lidade, prostituição, assassinato e nepotismo. Quanta fraqueza! Só o cristianismo, com o favor de Deus, possibilita que pessoas como você e eu, como a mulher samaritana, como os próprios discípulos, pes-soas improváveis aos olhos huma-nos, tornem-se vencedoras.

Jesus não nos salva para que sejamos alienados. Ele deseja que voltemos à cidade e, no meio da-queles que nos conhecem e já se relacionaram conosco, sejamos pessoas melhores, dirigidas por Deus e seu propósito, impacta-das pelo relacionamento com Ele. Tampouco, somos salvos para ex-perimentarmos somente depois da morte os efeitos benéficos da fé

em Jesus, como o livramento do in-ferno. O céu começa aqui e agora para nós, mesmo que continuem as incompreensões. O nosso velho ho-mem já foi crucificado com Cristo... não podemos mais ser escravos do pecado (Rm 6.5-7).

A força e a vitória vêm da fon-te que jorra dentro de nós por termos bebido do Espírito Santo (1Co 12.13). É como água brotando milagrosamente da pedra!

2 - NOVA VIDA, NOVA MENTALIDADE!Quando Paulo fala da mudança,

quer dizer que evangelizar não é simplesmente estimular a adoção de novos hábitos exteriores, como ir adorar num determinado mon-te ou em outro. Mas é pregar que podemos ter uma transformação, a começar de nossa mente. Assim, o corpo inteiro acompanhará a pres-tação de um culto racional “para que experimentemos a boa, per-feita e agradável vontade de Deus” (Rm 12.1-2). Isso contraria a razão humana.

O Filho de Deus, aquele que desceu do céu e por meio de quem foram criadas todas as coisas (Jo 1.3), tem poder para tirar uma mu-lher cabisbaixa e humilhada, da con-dição de carente e levá-la à posição de ajudante. Para isso, pediu-lhe um favor honesto antes mesmo da sua transformação: “dá-me de beber”.

Jesus espera que pessoas in-sossas como você e eu, que viviam nas trevas do pecado, sejam reves-

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tidas da responsabilidade de “sal-garem e iluminarem” esse mundo perdido (Mt 5.13,14). Que programa no mundo promove tamanha inclu-são social? Quem, além de Cristo, pode promover essa mudança de dentro para fora? É como se um poço seco jorrasse água viva.

Evangelizar não é transformar samaritanos em judeus ou vice-ver-sa, pois os dois têm seus defeitos. Evangelizar é lembrar o propósito de Deus de tornar-nos “semelhan-tes a Jesus” (Rm 8.29). Evangelizar não é ensinar a tradição religiosa, mas “ensinar todas as coisas que Jesus nos tem mandado” (Mt 28.20). O Evangelho é a boa no-tícia que muda em nossa mente e coração os conceitos em relação a Deus. Assim compreendendo quem Ele é (espírito e verdade), muda-se o molde de quem devemos ser e daquilo que devemos fazer. Pau-lo disse isso, em outro momento: “Quanto à antiga maneira de viver, dispam-se do velho homem que se corrompe e renovem a maneira de pensar, pois fomos criados para sermos semelhantes a Deus em santidade” (Ef 4.22-24).

Evangelizar é levar a pessoa para a “oficina de Deus”. Por isso posso dizer que estamos perma-nentemente em obra, desde que pedimos a Deus, pela fé, que co-locasse em nós o molde de Cris-to. Paulo asseverou: “Vós sois a carta... conhecida e lida por todos os homens... E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando,

como por espelho, a glória do Se-nhor, somos transformados, de gló-ria em glória, na sua própria ima-gem, como pelo Senhor, o Espírito” (2Co 3.2,18).

3 - O EXEMPLO DE JESUS EM VALORIZAR OS DESPREZADOS

O próprio Jesus decidiu vir de uma “terra aviltada” (Is 9.1-2). Na-zaré era desprezada, mas de lá veio o Salvador. Um dos discípulos de Jesus quando ouviu sobre Ele, perguntou: “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?” (Jo 1.45,46). Deus é especialista em fazer do nada algo “muito bom”, tão somente pela Sua palavra (Gn 1.31).

A admiração dos discípulos em relação à conversa de Jesus, tal-vez os levassem a pensar: Poderia vir alguma coisa boa de Samaria e ainda de uma mulher? Jesus que-bra barreiras: a social, como a di-ferença entre homem e mulher; a barreira racial entre judeus e sama-ritanos; e a religiosa, dizendo que “nem aqui, nem lá” deveriam adorar ao Pai. Paulo escreveu que “todos os que são filhos de Deus, são um em Cristo, não havendo judeu nem grego, escravo ou liberto, homem ou mulher” (Gl 3.26,28).

Ninguém há que tenha valoriza-do tanto as mulheres como Cristo. Dizem que no tempo dele chegava--se a discutir se mulher tinha ou não alma. Um judeu, por exemplo, não podia conversar com mulheres em locais públicos, nem com a espo-

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sa, devido ao baixíssimo valor que atribuíam às mulheres. Um rabino não deveria ensinar nada a mulhe-res, sendo preferível rasgar a lei do que tentar ensiná-las. Tanto que até os discípulos “ficaram admirados”. Embora tendo dito que a salvação vem dos judeus, Jesus não seguiu as regras esdrúxulas do judaísmo, inclusive no quesito de tratamento às mulheres.

Ninguém há que tenha valori-zado tanto aos samaritanos como Cristo. Foi à Samaria, elogiou sa-maritanos nas parábolas, destacou que um samaritano voltou para agradecer pela cura (Lc 17.11-19), e conversou com uma samaritana. Certa vez, querendo diminuí-Lo e menosprezá-Lo, chamaram-no de “Samaritano” (Jo 8.48). Mas Ele veio por causa de toda essa gen-te desprezada: “Veio buscar e sal-var a todo o que estava perdido” (Lc 19.10).

Quem daria oportunidades a pessoas como Zaqueu, Maria Ma-dalena, o endemoniado gadareno, Pedro, a mulher prostituta, Tomé, você e eu? Somente Jesus!

PARA PENSAR E AGIR: MARCO SOCIAL

Deus levou o Profeta Ezequiel “pelo Espírito” a um vale onde ele viu apenas “ossos secos”, repre-sentando Israel que se sentia derro-tado. Deus prometeu restaurar-lhes a vida e a dignidade, como que “ti-rando-os da sepultura” (Ez 37.1-14).

Da mesma forma, nossa sociedade poderia ser representada por gente derrotada, escravizada pelo peca-do, dominada pelos preconceitos, “ossos secos”. Isso nos torna, “por natureza, merecedores da ira de Deus. Mas Deus é rico em graça e nos dá vida, juntamente com Cristo” (Ef 2.3-5).

Esse “reviver” além de significar um novo fôlego espiritual, também é uma mudança social. A “água viva”, que brota pela intervenção de Jesus em nós, inunda aos ho-mens que nos cercam, influencia a cidade e marca a nossa histó-ria. Se confessarmos silentes a Jesus quem somos e crermos no Seu poder, Ele demonstra para to-dos em quem Ele nos transforma, pela Sua graça. Isto acontece “não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericór-dia, que nos salvou, mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt 3.5).

Você está cansado dessa socie-dade? Evangelize!

Oração – Pai Santo, santifica--me e envia a Tua palavra purifica-dora sobre esta sociedade.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: 2Coríntios 5.14-17

Terça: Gálatas 2.16-20

Quarta: Romanos 6.1-11

Quinta: Romanos 6.12-23

Sexta: Mateus 5.13-16

Sábado: Romanos 12.1-2

Domingo: Efésios 4.17-24

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LIÇÃO 9DATA DO ESTUDO

Texto Básico: João 4.19-24

O encontro de Jesus com a mulher samaritana foi evangeliza-dor, como é peculiar ao Filho de Deus. Mas o assunto que propor-cionalmente tomou a maior par-te da conversa foi a adoração a Deus. O seu lugar, forma, história da adoração, como Deus a quer, quem deve adorar e até foi falado sobre a expectativa de que o Mes-sias ensine sobre a adoração.

Os samaritanos reconheciam o Pentateuco apenas, e lá, Moi-sés havia escolhido o Monte Ebal e o Monte Gerizim para proferi-rem “bênçãos e maldições” sobre Israel, quando entrassem na ter-ra de Canaã. O foco era lembrar da obediência aos estatutos do Senhor e esses locais estavam logo na chegada à terra, logo após o rio Jordão. Os judeus, por outro lado, haviam deixado a arca do Senhor em Siló, de onde

foi levada para Jerusalém. Lá, construíram posteriormente um majestoso templo, no reinado de Salomão, o qual foi destruído por Nabucodonozor II, rei da Babilô-nia. No tempo da sua reconstru-ção, coordenada por Zorobabel (Ed 1.1-4, 2.1), os samaritanos foram preteridos e ergueram, en-tão, um templo em Gerizim.

No momento daquela conver-sa entre Jesus e a samaritana, o templo que havia sido erguido em Gerizim completava cerca de 150 anos que estava destruído e o segundo templo de Jerusalém, em reformas por iniciativa de He-rodes, seria destruído no máximo em 40 anos.

Ainda bem que Deus não ha-bita em templos feitos por mãos humanas (At 17.24) e nós somos o templo onde Ele quer habitar (1Co 3.16). Por isso, ao falar de

EVANGELIZAR É PROMOVER VERDADEIRA ADORAÇÃO

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adoração, não faz sentido restringi-la a montes, templos e locais, pois eles passam. Adoração é coisa da alma.

Ao evangelizarmos, devemos deixar claro que Deus tem interes-se em habitar na pessoa, através do Seu Espírito, e torná-la um ado-rador. Além disso, como evangeli-zar é falar da bondade de Deus em salvar, isso nada mais é que adora-ção verdadeira. Evangelizar é uma forma de adorar a Deus e adorar é uma forma de tornar o propósito de Deus conhecido. Nós somos o povo escolhido para “anunciarmos as vir-tudes daquele que nos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz” (1Pe 2.9).

1 - A ADORAÇÃO PRESSUPÕE ENTREGA, OBEDIÊNCIAAdorar é oferecer algo a Deus.

Em uma religião cerimonialista, à qual judeus e samaritanos esta-vam acostumados, deve-se ofere-cer “coisas” como: animais, grãos e óleos. Isso poderia variar, depen-dendo do local e dos sacerdotes habilitados. Mas Jesus é portador da mensagem de que Deus está in-teressado em que a pessoa oferte o seu coração, manifestado através da obediência. Isso pode ser feito, não de qualquer maneira, mas em qualquer lugar.

Como culto, Deus só quer que en-treguemos o que Lhe pertence: Tudo. Logo, por nós mesmos, nem temos adoração para entregar a Deus, pois entregamos o que já é dEle. O ver-

dadeiro adorador reconhece que nada é, nada tem, a não ser o que de Deus está em nós. O Pai procura quem assim entende e vive.

Adorar a Deus é, inclusive, rea-lizar qualquer atividade que aten-da aos propósitos estabelecidos pelo próprio Deus, cujo resumo é que amemos a Ele acima de tudo e ao próximo como amamos a nós (Mt 22.37-39). Jesus pediu água, for-necê-la, por exemplo, seria um ato de adoração. Se a mulher estava ti-rando água para servir a alguém, es-tava praticando a adoração a Deus. Se os discípulos estavam compran-do comida para atender a vontade de Deus de alimentar alguém, tam-bém estavam cultuando. Jesus ser-viu aos samaritanos, honrando-os, permanecendo no meio de quem antes era inimigo. Isso para realizar o propósito de Deus. Assim fazendo, prestava-lhe verdadeira adoração.

Quão bonita foi a adoração a Deus prestada pela mulher, ao anunciar na cidade a sua experiên-cia com Jesus! Ela deixou o cântaro para adorar dessa forma. Aprovei-tando as palavras do ensino de Je-sus, “ceifar e colher” vidas é um ato de adoração a Deus. Sem dúvidas, obedecer é adorar a Deus e obede-cer é melhor do que oferecer culto, sacrificar (1Sm 15.22).

2 - A ADORAÇÃO PRESSUPÕE SANTIDADE

Quando Jesus tocou no as-sunto do seu pecado e dos seus

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relacionamentos, a mulher apa-rentemente quis refugiar-se no assunto da adoração. Quem sabe quisesse dizer: “tenho pecado, mas adoro a Deus neste monte”. Caim também quis esconder o seu sen-timento pecaminoso atrás de uma adoração (Gn 4.2-5). Isso não é incomum hoje! Temos tendência a sacralizar coisas, formas, tradição e lugares, mas Jesus quer que as pessoas sejam santas. O homem deve ser mais santo do que o lugar e a essência mais santa do que a forma. Isso é adorar em espírito e em verdade!

Ao adorar a Deus em sua ora-ção modelo, Jesus desejou que o “nome do Pai fosse santificado” (Mt 6.9). Isso, antes de qualquer outro pedido. “Deus é espírito”, disse Jesus, e é santo, o que exi-ge adoradores que se santifiquem (Lv 11.44; 1Pe 1.15,16). Se que-remos adorá-Lo, isso deverá ser também em espírito, em verdade e testemunhando da ação de Cristo em sua vida. Trazendo à memória os erros e buscando mudar as nos-sas vidas. É impossível satisfazer a Deus só com os lábios (Mt 15.8; Is 29.13), mesmo que seja com lin-das músicas.

3 - A ADORAÇÃO PRESSUPÕE CONHECIMENTO

Os judeus e os samaritanos achavam que a adoração verda-deira era aquela que fizessem em locais separados como povos. Se-

ria um “sacrilégio” estarem juntos na adoração. Sem aprovar o sec-tarismo e as divisões, Jesus tomou partido em favor do conhecimento. Houve uma demonstração da von-tade de Deus ao mundo e isso foi revelado aos judeus primeiramente. O conhecimento disso possibilita a adoração. Jesus validou o Antigo Testamento e, por conseguinte, os escritos do Novo Testamento que estavam surgindo. Precisamos co-nhecer a Deus e aprofundar-nos no relacionamento com Ele, para agra-dá-Lo e exaltá-Lo.

Assim como é impossível crer em Deus sem saber o que Ele diz (Rm 10.17), assim também é im-possível adorar a um Deus que quer obediência sem conhecer a Sua vontade. Depois de dizer que adoravam o que sabiam, Jesus disse que os discípulos ainda não conheciam “o que o alimentava”: “a vontade de Deus” (Jo 4.34). Je-sus tinha autoridade para ensinar. A própria mulher samaritana re-conheceu que esse seria um dos atributos do Messias quando dis-se: “quando Ele vier nos ensinará” (Jo 4.25). Adoramos a Deus que tem toda autoridade, quando ensi-namos “todas as coisas que Ele nos tem ordenado” (Mt 28.19-20).

O centro da adoração não é um monte, mas a pessoa de Jesus, o Messias. Todos os símbolos usados no Antigo Testamento têm valor, pois apontam para Cristo, mas não podem tomar o lugar dEle. Agora,

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o Messias estava presente ali. Para um judeu, dizer que nem Jerusalém e nem o templo eram importantes, mas as pessoas, era algo pertur-bador. Essas questões continuam sendo cruciais para os judeus ainda hoje. Mas Jesus disse que o foco é a quem adoramos: “O Pai”; como O adoramos: “em espírito e em verda-de”; e quem O adora: “Verdadeiros adoradores”.

4 - O EXEMPLO DE JESUS NO ENSINO DA ADORAÇÃO

Jesus revela que Ele participa da adoração ao Pai: “Nós adora-mos” (Jo 4.22). Isso reforça a Sua autoridade para ensinar sobre o assunto, cujo resumo nesse texto inclui: 1) Com respeito ao tempo: “a hora vem e já chegou” – Não deixe para depois; 2) Não restrinja a ado-ração ao local – “pois não é aqui, nem ali”; 3) Existem falsos adorado-res e Deus está procurando os ver-dadeiros; 4) A adoração é o relacio-namento entre o espírito do homem com o Espírito de Deus. Entre Deus Pai e seus filhos; 5) Fazer a vontade de Deus é mais importante do que a própria sobrevivência, do que a própria comida.

Várias vezes Jesus repetiu a ex-pressão: “Graças te dou”, dirigindo--se ao Pai (Mt 11.25, 15.36, 26.27, Mc 8.6, 14.23, Lc 10.21, 22.17; Jo 6.11, 11.41). Jesus também glorificou ao Pai: “Eu te glorifiquei” (Jo 17.4). Aprendamos e ensine-mos a adorar como Jesus!

PARA PENSAR E AGIR: MARCO CULTUAL

Evangelizar é ajudar alguém a descobrir a razão última da vida e “deixar o cântaro” da busca prioritá-ria dos seus interesses e tradições, entregando-se exclusivamente a Deus, amando-O e servindo-O. Isso é deixar de ser “amante de si mesmo” (2Tm 3.2) e ser amante de Deus. Evangelizar é desafiar a pessoa a se tornar o adorador que Deus procura e não apenas um re-petidor de doutrinas e tradições.

O Apóstolo Pedro disse que nós fomos eleitos para proclamarmos as virtudes de Deus (1Pe 2.9). Deus está à procura de verdadeiros ado-radores. Por ter sido encontrado um dia por Ele, quero proclamar que vale a pena ser um adorador.

Oração – Deus, exaltado seja o Teu nome através da minha vida e das vidas que comprastes com o Sangue de Jesus, às quais busca-rei ensinar a adoração verdadeira pela fé.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: João 17.1-8

Terça: 1Coríntios 3.16-17

Quarta: 1Samuel 15.22-29

Quinta: Mateus 15.1-10

Sexta: Lucas 10.16-24

Sábado: 2Timóteo 3.1-7

Domingo: 1Pedro 2.1-12

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LIÇÃO 10DATA DO ESTUDO

Texto Básico: João 4.1-42

Travar relacionamentos se constitui numa necessidade bási-ca do ser humano, não importa a época ou local. Foi o próprio Deus quem avaliou que não era boa a solidão do homem e providenciou uma companhia. O isolamento do homem, especialmente o moder-no, mesmo em meio a uma mul-tidão, se constitui num desafio epidêmico. Muito além das consi-derações necessárias e relativas à saúde, falamos aqui em relaciona-mento para cumprir o propósito de Deus quanto à evangelização.

O cerne da ordem evangeliza-dora, dada por Jesus aos discípu-los, inclui o travar relacionamentos. Isso porque não é possível ensinar a guardar todas as coisas que Jesus nos mandou (Mt 28.20) em um encontro de poucos minutos, muito menos em sermões para uma multidão. Talvez por isso, a Igreja tenha optado por “ensinar to-dos os dias no templo e de casa em

casa” (At 5.42) e Jesus tenha cha-mado doze discípulos para formar um Pequeno Grupo (Lc 6.12-19).

Por outro lado, travar relaciona-mentos é uma arte a ser aprendi-da. No caso do encontro deste tex-to, a mulher respondeu com certa dureza e recriminação, quando Jesus lhe pediu água. Mesmo considerando a rivalidade entre judeus e samaritanos, os orien-tais, geralmente, eram sensíveis a um pedido de água, portanto, era de se esperar que a súplica fos-se atendida de pronto (Jó 22.7 e Pv 25.21). Se não fosse a habilida-de e o amor genuíno, além do sen-so de missão do Messias, estaria armado o cenário para o encer-ramento da conversa ali mesmo. Mas, por trás da mulher endureci-da pela vida, estava alguém que precisava de apoio, compreensão e amor. Se o homem tem, muitas vezes, dificuldade de tolerar a si mesmo, quanto mais a travar re-

EVANGELIZAR É TRAVAR RELACIONAMENTOS

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lacionamentos. Mas o Mestre Jesus tem mais uma aula. Aprendamos!

1 - RELACIONAMENTO É DOAÇÃO DE SI MESMOBaseados numa visão utilita-

rista, algumas pessoas sempre querem saber o quanto elas ou a Igreja teriam de lucro em um rela-cionamento para considerá-lo viá-vel. Mas, quem evangeliza precisa saber “ganhar”, doando a si mes-mo. Essa é a sua missão! Doar a si mesmo implica em doar tempo, recursos, “ombro amigo”, sem fazer economia ou reclamar do “investi-mento”. A doação evangelizado-ra é uma entrega da própria vida para gerar vidas.

Jesus estava de passagem por aquele lugar e não precisaria passar dentro da cidade, mas de-cidiu tabular a conversa mais lon-ga registrada pelos evangelistas, e ainda ficar dois dias ensinando naquele lugar.

Uma evangelização feita com o tempo que porventura sobre, e com relacionamentos restritos ao gosto, está carente da característica mais marcante da vida do cristão, que é não viver e nem morrer para si mes-mo, mas para o Senhor (Rm 14.7). Fazer discípulos é caminhar junto em todo o processo evangelizador, até a maturidade do outro, quando ele for capaz de multiplicar essa ação na vida de outras pessoas.

1 - Que acontece ao acaso, sem previsão nem planejamento; acidental

Evangelizar é imprimir dia-a-dia a vida de Cristo, que está em nós, naqueles de que por nosso intermédio receberam a verdade da nova vida. Paulo disse a Timó-teo: “E o que de minha parte ouvis-te através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros” (2Tm 2.2).

2 - O EXEMPLO DE JESUS AO RELACIONAR-SE

Vejamos algumas característi-cas desse encontro em Sicar, como Jesus era relacional:

Decisão – Encontros fortuitos1 podem até gerar frutos, mas, nor-malmente, um relacionamento é resultado de determinação. O texto diz que Jesus decidiu passar por Samaria e decidiu ficar ali dois dias;

Diálogo – Amar é interessar-se pelas pessoas e isso exige que se “empreste os ouvidos” e o ombro, procurando saber sobre os seus problemas, dúvidas e inquietações. Nesse diálogo, a mulher revelou os seus pecados e Jesus revelou a sua compaixão;

Respeito – Mesmo revelando que sabia de tudo, Jesus nada dis-se sobre as maneiras que a mulher perdera os maridos. Teria sido por morte ou pela desventura do divór-cio? Por que o marido de agora não era dela? Ela era amante? Ele não a queria? Dizer a verdade com res-peito não significa expor desneces-sariamente a pessoa;

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Sinceridade – Jesus disse que os samaritanos adoravam sem co-nhecimento. A mulher também teve a oportunidade de expressar uma verdade sobre Jesus: “Como sen-do tu, judeu, pede a mim que sou mulher samaritana?” (v.9) E, além disso: “Tu não tens como tirar água do poço” (v.11). Cada um disse o que pensava sobre o outro, since-ramente;

Dignidade – Jesus valorizou a vontade dela: “tu lhe pedirias e Ele te daria”, em outras palavras: “você deseja pedir?” Em outro momento, ao invés de rotulá-la pela situação marital no mínimo constrangedora, Jesus viu o lado bom daquela re-velação. Em outras palavras, dis-se: “Você está falando a verdade”, parabéns! Aproveito para ressaltar que mesmo as pessoas considera-das indignas precisam receber um tratamento digno em nossos rela-cionamentos. Expomos desneces-sariamente as feridas dos outros, quando nós mesmos precisamos de tratamento;

Mutualidade – Outra marca foi a construção conjunta do relacio-namento. O fato de Ele ter pedido “dá-me de beber”, oportunizou o pedido dela “dá-me desta água”. O criador das águas pediu água para uma mulher que Ele também havia criado. Pediu um favor para oferecer uma vida. Jesus “aumen-tou” a mulher, mostrando-se não superior a ela, mas também carente de um favor. Existem pessoas que são especialistas em nos animar.

Transparência – Um relaciona-mento sadio não tem medo de en-volver outras pessoas. Disse Jesus: “vai e chama o teu marido” (v.16). Na maioria das oportunidades em um discipulado significativo, o trata-mento deve ser individualizado. Mas devemos ter muito cuidado para não pensarmos que outras pessoas não possam participar. Jesus queria rela-cionar-se com a mulher, sua família e comunidade. Ele demonstrou isso quando mandou chamar o marido e ela teve a liberdade de chamar a co-munidade inteira.

Empatia – Empatia é mais que a capacidade de ver as coisas do ponto de vista do outro. É sentir, compreendendo os sentimentos do outro. Ao mostrar seus poderes de Messias, Jesus revelou a realidade da mulher, mas nunca com a inten-ção de condenar, destruir, denegrir ou diminuir. Ele o fez para dizer que, apesar dessa realidade que não aprovava, continuava a conversar com ela e a amava.

Altruísmo – É visível em Jesus o devotamento para abençoar o ou-tro.

Sinceridade – Com mentiras o relacionamento fica inconsistente. “Não tenho marido” (v.17), disse ela, e Jesus confirmou essa infor-mação. Ao falar sobre Jesus, ela testemunhou: “Disse tudo quanto tenho feito” (v.39).

Confiança – Jesus conquistou a confiança no decorrer da conver-sa. A certa altura, convidou a mu-lher a crer (Jo 4.21). Não somen-

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te ela, mas “muitos creram nEle” (Jo 4.39). Um relacionamento sem acusação e sem discriminação im-plantou confiança no coração da-quelas pessoas.

Continuidade – Jesus se sente responsável em manter o relacio-namento. O passo seguinte à con-versão daquelas pessoas foi querer ouvir mais das Suas palavras: “Eles rogaram que Jesus ficasse com eles” (v.40). O relacionamento não foi interrompido abruptamente.

Bom senso – Imaginem se Je-sus tivesse dito tudo o que disse, mas em ordem diferente das fra-ses relatadas. Por exemplo, se não começasse falando de suas pró-prias limitações (sede), mas come-çasse falando da situação marital dela, talvez tivesse desperdiçado a oportunidade.

Quanta sabedoria precisamos adquirir com Jesus! Ainda bem que Ele prometeu que estaria conosco sempre nesta tarefa de fazer dis-cípulos e que o Espírito Santo nos ensinaria todas as coisas, lembran-do-nos o que o próprio Jesus nos disse (Mt 28.20 e Jo 14.26).

PARA PENSAR E AGIR: MARCO RELACIONAL

O Evangelista Lucas registra que em outra ocasião, Jesus de-cidiu passar pela mesma rota de Samaria e precisava ficar hospeda-do em alguma cidade por ali. Mas como tinha aspecto de judeu e via-java para Jerusalém, não o recebe-

ram. Dois dos discípulos, ofendidos com aquela reação inospitaleira, perguntaram: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir?” – Justamente como corremos o risco de desejar que aconteça em alguns relacionamen-tos. Mas Jesus respondeu: “Vós não sabeis de que espírito sois. O Filho do homem não veio para destruir vidas, mas para salvá-las” (Lc 9.51-56). Ou seja, veio aben-çoar – Justamente como devemos desejar que aconteça em todos os nossos relacionamentos.

Fomos enviados para espalhar a boa notícia de salvação de vidas. Isso exige que relevemos muitas ati-tudes das pessoas com as quais nos relacionamos. De olho no propósito maior, devemos aprender com Je-sus a travarmos relacionamentos, caminhando intencionalmente em direção às pessoas, para que elas recebam a oportunidade, o exemplo e o incentivo de caminharem firme-mente em direção a Jesus.

Oração – Senhor, ajuda-me a travar, intencionalmente, relaciona-mentos evangelizadores.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: Mateus 28.18-20

Terça: Lucas 6.12-19

Quarta: Romanos 14.1-13

Quinta: Lucas 9.46-56

Sexta: 2Timóteo 2.1-14

Sábado: 2Timóteo 2.15-22

Domingo: Atos 2.42-47; 5.42

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LIÇÃO 11DATA DO ESTUDO

Texto Básico: João 4.1-42

Evangelizar é levar o ouvinte a aprender, crer e ensinar a outro o que aprendeu de Cristo. Neste processo, todos e todas as etapas são dirigidas pelo Espírito Santo de Deus. Evangelizar é investir para que pessoas sejam impac-tadas pelo relacionamento com o Messias e passem a impactar a outros. Faz parte do processo evangelizador tanto ouvir a Pala-vra e crer, como também passar a anunciar, com “pés formosos” (Is 52.7), como enviados de Deus (Rm 10.13-17). Então, ninguém está alcançado pela totalidade da boa notícia de Deus até que, dei-xando-se guiar pelo Espírito, en-tenda que a boa notícia pertence a todos. Ao ouvir e entender a Pa-lavra de Cristo, a mulher deixou o

cântaro e foi à cidade buscar seus compatriotas, para que também ouvissem a Jesus.

Evangelizar é a vocação na-tural do salvo. O Apóstolo Paulo escreveu aos efésios sobre o dom de evangelista, dado por Jesus a alguns (Ef 4.11). Porém, o termo ali identifica aquele que, de forma itinerante, vai de cidade em cida-de para confirmar as Igrejas e es-tabelecer líderes. Mais ou menos como é o trabalho do missionário que conhecemos hoje. Mas o “ide” não deixa dúvida de que Jesus está comissionando a todos para semear o Evangelho.

Acima da capacidade do en-tendimento do homem natural, o homem espiritual sabe que a

EVANGELIZAR É FAZER MAIS EVANGELISTAS

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salvação depende 100% de Deus, que a providenciou pela graça, e 100% do ouvinte da Palavra de Deus, pois ele precisa crer e se arrepender. Mas, por outro lado, também depende 100% do evan-gelista, pois, enquanto o pecador não crer e não aprender o que Je-sus ensinou, o evangelista não terá terminado o trabalho para o qual foi comissionado.

Na linguagem de Paulo a Timó-teo esta verdade pode ser assim resumida: “E o que de minha parte ouviste, através de muitas testemu-nhas, isso mesmo transmite a ho-mens fiéis e também idôneos para instruir a outros” (2Tm 2.2).

1 - UMA EVANGELISTA RECÉM CONVERTIDAJesus fez um apelo aos discípu-

los para que fossem evangelistas, argumentando que já estava “na hora da colheita”, mas nem preci-sou pedir isso à mulher samaritana. Uma vez tendo reconhecido que Jesus era profeta, ouvido sobre a adoração e reconhecido nEle “o Cristo”, ela se tornou uma anuncia-dora, antes mesmo do batismo ou de qualquer preparo específico.

Tendemos a restringir o servi-ço de evangelista às pessoas com maior tempo de conversão. Mas Jesus transformou em missionária uma mulher sem condição social favorável; uma samaritana sem compreensão religiosa cabal; uma pessoa que ia ao poço, pois era

carente de coisas básicas; uma mulher que acabara de revelar ca-rência moral, uma vez que já havia se envolvido com vários maridos. Era também carente de tempo de convivência entre os cristãos, pois acabara de se converter e nem ha-via sido batizada. Mas ela podia e devia evangelizar, pois havia crido e experimentado Jesus. Tornou-se autoridade por falar de suas expe-riências com Ele.

A mulher deixou tudo, inclusive o cântaro. Podia tê-lo levado com a água necessária, mas, quem sabe, para andar mais depressa, deixou o cântaro. Certa vez Jesus disse: “Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Tu, po-rém, vai e prega o reino de Deus” (Lc 9.60). Disso aprendemos que cumprir a missão implica em deixar até mesmo o necessário, o lógico e o urgente para priorizar o man-dado de Deus. Essa mulher não tentou repetir, na cidade, a prega-ção que ouvira, mas falou sobre o Cristo que a impactou. Convidou para que vissem a Jesus: “vinde e vede!”, ou seja, julguem por vocês mesmos. Na sua simplicidade não se colocou como docente, mas os orientou a verificar a veracidade da mensagem.

2 - EXEMPLOS DO JESUS MULTIPLICADOR DE EVANGELISTAS

Além de dar o exemplo, Jesus ordena, por sua autoridade, que seus discípulos tenham como meta

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o “fazer discípulos de todas as na-ções”, e que o batismo e o ensino façam parte dessa tarefa. Ele pro-meteu que não nos deixaria sozi-nhos, mas seria o nosso compa-nheiro sempre (Mt 28.18-20).

Ao encarregar os discípulos dessa nobre tarefa, Jesus disse que somos “o sal da terra e a luz do mundo” e que essa luz não pode ficar escondida, mas em lugar es-tratégico para iluminar a todos. Ele arrematou: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mt 5.14-16).

Destacando apenas alguns exemplos da ação de Jesus, vere-mos que Ele chama e transforma os mais improváveis para serem Seus mensageiros, tais como: Pe-dro, que O havia negado, tornou--se um pregador para multidões (At 2.14-36); a ex-endemoniada Ma-dalena tornou-se a primeira pessoa a testemunhar a Sua ressurreição (Jo 20.16); o ex-endemoniado Ga-dareno virou um pregador “em dez cidades” (Lc 8.39); um leproso que acabara de ser curado foi tão pro-fícuo pregador, que Jesus já nem podia entrar na aldeia (Mc 1.44-45). Temos exemplos também no Anti-go Testamento, como é o caso do fugitivo Jonas que tornou-se o pre-gador de maior sucesso, em termos de resultados imediatos (Jn 3.5).

A expectativa de Deus é que haja uma sequência ininterrupta nesta corrente de ouvir, crer e divulgar.

Ser discípulo de Jesus, portanto, é frutificar. Ele mesmo disse: “Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos” (Jo 15.8). Em obe-diência, uns deixam tudo e vão “aos confins da terra”, enquanto outros permanecem em sua cidade, como aquela mulher; mas todos somos igualmente testemunhas de que “o Messias chegou” e faz diferença em nossas vidas. Jesus testemunhou à beira do poço para a mulher, a qual ouviu e testemunhou na cidade. Em seguida, os samaritanos passaram a testemunhar também.

3 - ATITUDES DO JESUS EVANGELISTA NESTE TEXTO

O alvo de todo discípulo é ser como o seu Mestre (Lc 6.40). Enu-meraremos algumas ações de Je-sus neste texto, relembrando a nos-sa necessidade de imitá-Lo:

– Jesus evangelizava e batizava através dos seus discípulos, além de comissioná-los para continua-rem a tarefa;

– O texto ensina que o nosso Jesus, exemplo de evangelista, já havia estado na Galileia, mas resol-veu ir lá “outra vez”, mostrando que, mesmo que tenhamos feito uma ta-refa, pode ser necessário repeti-la;

– Jesus planejou passar por Sa-maria. Além de ter sido uma decisão difícil pelas questões geográficas e sociais, mostrou que a evangeliza-ção ali foi fruto de planejamento;

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– Jesus não media esforços, a ponto de se cansar e se sujeitar a desgastes físicos. O Filho de Deus trabalhava. Dizia que o “Pai trabalha até agora e Ele também” (Jo 5.17);

– Jesus falava com todos (Jo 4.9 e 42) e se comunicava de modo que todos entendiam.

– Jesus demonstrou conheci-mento bíblico, citando que a “sal-vação vem dos judeus” (Sl 14.7 e Mq 5.2);

– Jesus evangelizava, treinando a pessoa para evangelizar a outros. Disse à mulher: “vai e chama o teu marido” (Jo 4.16);

– Jesus não se envolve em partidarismos. Diz a verdade, mas também critica quando necessá-rio: “Nem aqui nem lá”, disse Ele. Os dois lados estão precisando en-tender;

– Jesus disse que antes do ho-mem adorar a Deus, é Deus quem os procura;

– Também disse e demons-trou que a sua prioridade é fazer a vontade de Deus;

– Jesus Demonstrou senso de urgência, conclamando os seus dis-cípulos a já iniciarem a “colheita”;

– E os desafiou: “levantai os vos-sos olhos” (Jo 4.35);

– Jesus está sempre disponível. Ele estava de viagem, mas ficou ali dois dias;

– Por fim, Jesus está certo da recompensa de Deus (Jo 4.36).

PARA PENSAR E AGIR: MARCO MULTIPLICATIVO

Nem todos os samaritanos acei-taram a mensagem pregada pelo grande evangelista Jesus. Isso é natural. Então, seria necessário que ali ficassem outros evangelistas, dentre os quais, a mulher tornou-se um deles. Mais tarde, Felipe esteve pregando em Samaria (At 8). Jesus disse que “Jerusalém, toda Judéia e Samaria, juntamente com todo o mundo” devem ser alvo permanen-te da evangelização e que Ele es-taria conosco sempre na realização dessa tarefa.

Ser cristão é viver o que se aprende de Cristo e ensinar o que se vive em Cristo. Aprende-mos que a boa notícia da salvação chegou até aqui pela insistência e visão de homens que obedece-ram a Cristo, sendo evangelistas e treinando outros para continuarem esse trabalho de expansão do Rei-no. Deus está esperando que conti-nuemos essa multiplicação!

Oração – Senhor Jesus, ensina--nos a semear e colher, segundo a Sua visão!

Leitu

ra Di

ária

Segunda: Marcos 1.40-45

Terça: Romanos 10.13-17

Quarta: Efésios 4.7-16

Quinta: Marcos 5.1-20

Sexta: João 15.1-15

Sábado: João 20.11-18

Domingo: João 5.5-17

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LIÇÃO 12DATA DO ESTUDO

Texto Básico: João 4.1-42

A evangelização não é um processo natural como a respira-ção, por exemplo. Quando “nasce-mos de novo”, deveria ser natural atuarmos em todas as áreas diri-gidos pelo Espírito de Deus, inclu-sive na obediência ao “ide”. Mas, empecilhos são criados, muitos por nós mesmos, que precisam ser vencidos com fé e com a Pala-vra de Deus.

É verdade que existem muitos outros empecilhos para a evangelização, mas alistaremos nesta lição aqueles que, mesmo que de modo indireto, detectamos no texto em foco. Nós o faremos sem obedecer à ordem dos fatos narrados, nem de possíveis im-portâncias e nem ainda tentando refutar cada um. Nossa expectati-va é de que, enxergando-nos em alguns desses empecilhos, não nos acomodemos, mas sejamos

desafiados à superação dos mes-mos pelo Poder de Deus.

1 - O QUE PODE IMPEDIR A EVANGELIZAÇÃO?- Disputas sobre quem bati-

za mais (Jesus ou João), ou so-bre quem seja o maior (Jesus ou Jacó), ou ainda sobre locais de encontro (Gerizim ou Jerusalém). Todas as vezes que nos dividimos, enfraquecemos;

- Falta de prioridade. Muitos há que se restringem à lutas, até justas, como alimentação e água, e não veem oportunidades para o evangelismo. Outros são impedi-dos por prioridades que se mos-tram menos necessárias do que realmente são;

- Exigência de preparo pré-vio. Como é importante o treina-

EVANGELIZAR É SUPERAR OS EMPECILHOS

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mento! Mas ele deve acontecer desde o momento em que nos dis-ponibilizamos para evangelizar. Há o perigo da profissionalização do evangelismo, ou seja, a delegação dessa tarefa somente a pessoas pagas para fazê-la;

– Procrastinação. É um perigo quando não percebemos o risco iminente para o perdido. Jesus sen-tia urgência! No mundo natural há tempo para semear e colher, mas no mundo espiritual sempre é tem-po de semear e sempre será tempo de colher;

– Falta de compaixão pelos perdidos. Como precisamos amar a Deus e também ao próximo que precisa ouvir esta boa notícia que nos foi delegada!;

– Melindres quanto a colher onde outro plantou. Não gostamos de perder pessoas que começamos a evangelizar para outro evange-lista. Achamos que aqueles que fazem isso são “pescadores de aquários”. É claro que Jesus está ordenando que se vá ao “campo que já está branco”, esperando a colheita, e não apenas pegar o que já começou a ser colhido;

– Carnalidade. Deus é Espírito e as coisas que lhe concernem de-vem ser feitas de modo espiritual;

– Decisão de passar pela rota mais fácil. Mesmo que Samaria seja um local de pessoas com cora-ções duros, difíceis de evangelizar, precisamos sentir necessidade de passar também por lá;

– Restrição geográfica. Jesus saiu da Judéia e foi para a Galileia outra vez. Estamos falando de longas distâncias percorridas sem os ágeis meios de transportes de hoje. Nosso desafio é ir aos confins da terra;

– Preconceitos. Como os pré--conceitos concebidos em função da história, cultura, gosto, expe-riências e outros motivos podem atrapalhar! Somos tentados a evi-tar pessoas de certa raça ou es-tereótipo, de certos ambientes ou de condições sociais diferentes. Pode causar até estranheza falar com pessoas do sexo oposto e de caráter duvidoso. Mas, em geral, o preconceito a ser vencido é maior em quem prega o evangelho do que em quem ouve. Os judeus ex-clusivistas não se teriam permitido entrar numa cidade samaritana, e muito menos para comprar alimen-tos. Para alguns comentaristas, comprar comida de samaritanos equivalia a comprar carne de porco para o judeu;

– Falta de mobilização de no-vos evangelistas. Torna-se um empecilho deixar de enviar pessoas para continuar a obra;

– Falta de receptividade dos ouvintes. Jesus foi mal recebido e mal interpretado por aquela mu-lher. Mas insistiu em ser bênção na vida dela. Pregamos, não para recebermos afago, mas para lutar contra o mal;

– Necessidade de holofotes. Jesus falou sem plateia, com uma mulher desprezada. Algumas pes-

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soas só evangelizam quando po-dem prestar relatórios ou receber homenagens;

– Medo da vida velha. Tem pessoas imobilizadas quanto ao evangelismo, devido ao que eram antes de receber Jesus. Têm vergonha de que sejam lembradas de quem eram;

– O não reconhecimento da legitimidade do pregador. A sa-maritana não tinha credenciais humanas, mas foi uma excelente pregadora por ter sido enviada pelo próprio Jesus;

– Falta de conhecimento. O texto fala que a ouvinte não conhe-cia o “dom de Deus, nem a Jesus”. Ela tinha uma visão equivocada do Messias, pois os pecadores não O conhecem mesmo. Triste realidade é encontrar pregadores que tam-bém não conhecem o Messias;

– Limitações físicas. Embora devamos cuidar do corpo, alguns estão tão cansados e sedentos que não encontram forças para evan-gelizar. Ainda bem que também se pode “sentar à beira do poço” en-quanto evangeliza;

– Indisposição para repetir. Foi necessário “ir à Galiléia outra vez”. Além disso, mesmo depois da passagem de Jesus, a evangeliza-ção ali precisava continuar e os dis-cípulos voltaram à Samaria;

– Prevalência da vontade do homem. Muitas vezes haverá con-flito entre o que queremos e o que Deus planejou para nós;

– Falta de visão da missão. Je-sus recebeu uma missão dada pelo Pai e a compartilhou. Somos convo-cados a fazer o mesmo;

– Visão equivocada do Mes-sias. Os samaritanos esperavam um novo Moisés (Dt 18.15). Muitos pregadores ainda têm uma com-preensão errada do Messias;

– Superficialidade da prega-ção. Muitos programas que deve-riam ser evangelizadores atendem apenas a interesses carnais ou temporais. Contentam-se em ofe-recer aquilo que o ouvinte quer receber;

– Achar que salvar pessoas é compromisso de Deus somente. Deus, em Sua soberania, ordenou a fé assim como ordenou a santi-dade, a pregação, o exame das Es-crituras, o amor incondicional e a adoração. Ele espera que o homem faça tudo isso. Mas respeita, mes-mo que triste, quando escolhemos negligenciar;

– Falta de oração. Parece que o texto não registra uma oração, mas Jesus insinua que, se a mu-lher soubesse, pediria dEle algo mais que água. Ela pediu água líquida e Jesus a atendeu dando água espiritual;

– Falta de fé de que qualquer pessoa pode mudar. Qualquer pessoa pode se arrepender e crer em Jesus. A samaritana, o carcerei-ro, Paulo e o cobrador de impostos são exemplos disso;

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– Medo de melindrar. Medo de dizer as verdades que o ouvinte precisa ouvir. A mensagem do Rei-no de Deus exige arrependimento e isso requer confronto com o erro. É preciso amar, mas também cora-gem para convidar à mudança.

2 - JESUS VENCEU OS OBSTÁCULOS

A própria narração dos fatos dei-xa claro como Jesus não se limitava por causa dos obstáculos. Quanto às limitações físicas, além da fome e sede, Ele suportou até mesmo a morte por amor a todos nós. Quan-ta dor! Quanto sofrimento!

Aliás, a morte é o último dos inimigos e o maior dos obstáculos (1Co 15.26), mas Jesus venceu a morte! Venceu também a má inter-pretação da lei, a discriminação, a inveja dos líderes religiosos e a falta de recursos financeiros, como por exemplo, para alimentar a multidão. Até os discípulos ficaram admira-dos de que Jesus estivesse falando com uma mulher.

PARA PENSAR E AGIR: MARCO DE SUPERAÇÃO

Não podemos permitir que pre-valeçam os marcos impeditivos em nossa evangelização, mas sim, os marcos de superação. Os obstácu-los realmente existem. Como esta-mos numa guerra, o inimigo vai au-mentando suas artimanhas. Paulo escreveu que desafios como a tri-

bulação, fome, nudez, perseguição e perigo podem tentar separar-nos do amor de Cristo. Mas Ele venceu a morte e está intercedendo por nós lá no céu. Por isso, “em todas essas coisas somos mais do que vencedores...” (Rm 8.33-39). Foi num contexto de uma ordem evan-gelizadora que Jesus disse ter toda autoridade e prometeu a Sua com-panhia e o Seu poder.

Como o maior dos obstáculos para a evangelização normalmen-te é a oposição a Deus, devido ao pecado que está dentro de nós, devemos resistir, como disse o autor aos Hebreus, “até que san-gremos”, se for o caso (Hb 12.4). Não nos acomodemos às nossas fragilidades carnais.

O que seria de nossas vidas se os evangelistas do passado se deixassem sucumbir pelos empeci-lhos?

Oração – Deus de todo o poder, não permita que nos esqueçamos de que a força necessária já foi pro-videnciada pelo Senhor. Faça de nós pessoas vitoriosas na tarefa de espalhar o Evangelho.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: Romanos 8.33-39

Terça: Hebreus 12.1-8

Quarta: Tiago 1.9-18

Quinta: Mateus 10.16-25

Sexta: 1Pedro 4.12-19

Sábado: Marcos 13.5-13

Domingo: 1Coríntios 9.16-27

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LIÇÃO 13DATA DO ESTUDO

Textos Básicos: João 4.1-42

Quando a Bíblia aborda a questão da recompensa, parece atender a duas grandes expecta-tivas: a da natureza humana, que busca vantagens, compensações e proveito em tudo o que faz; e da natureza do próprio Deus, que é amoroso e galardoador. Ele de-seja abençoar o homem, mesmo que este nada mereça ou que tenha cumprido apenas a sua obrigação. A diferença entre as duas expectativas é que, mesmo Deus abençoando agora, o tipo de recompensa que Ele fala e dá, pouco ou nada tem a ver com a recompensa que o homem natu-

ral procura. Enquanto tudo o que há na terra produz uma satisfação temporária, Jesus está propondo algo permanente, com foco no Reino de Deus.

Isso não quer dizer que as re-compensas de Deus não nos al-cancem desde agora, conforme descrito no verso 36: “O ceifeiro recebe desde já a recompensa e entesoura o seu fruto para a vida eterna”. Jesus mesmo garantiu que, o que deixarmos por causa dEle e do Evangelho, será recom-pensado “no presente e muito mais na vida eterna” (Mc 10.29-30).

EVANGELIZE! DEUS RECOMPENSA!

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Isso nos leva a perguntar: que tipos de prêmios Deus tem? O tex-to fala que uma das ações de Deus em nosso favor é o “Dom de Deus”, a graça, o presente. Tudo indica que Jesus está falando de Si mesmo como oferta de Deus. Essa ideia é a mesma de João 3.16. Jesus é O presente dado pelo amor de Deus. Paulo argumentou em forma de uma indagação: “Aquele que não negou o seu Filho... como não nos dará também com Ele todas as coi-sas?” (Rm 8.32). Jesus é, ao mes-mo tempo, bênção e fonte de toda bênção e faz jorrar em nós o que Ele planeja.

O texto fala em mais duas re-compensas, pelo menos. Uma é a alegria disponibilizada ao semea-dor e ao ceifeiro (v.36). Destaca-se o fato da alegria alcançar o semea-dor, independentemente da colhei-ta. Essa satisfação da alma é um assunto estranho ao homem natu-ral, mas Jesus diz que o servo bom e fiel entrará nesse gozo do Senhor (Mt 25.21). Outra recompensa é aquilo que se “ajunta para a vida eterna”. Enquanto a recompen-sa natural pelo nosso pecado é a morte, o presente de Deus é a vida eterna (Rm 6.23).

Embora o assunto galardão seja ainda um desafio para a com-preensão humana, como quase tudo do mundo espiritual, o fato é que “é necessário que aquele que se aproxima de Deus, creia que Ele existe e que se torna galardoa-dor dos que o buscam” (Hb 11.6).

Como Ele mesmo diz: “E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras” (Ap 22.12).

Quem seriam os premiados ou agraciados com esse trabalho de evangelização?

1 - RECOMPENSAS PARA O EVANGELISTA

O primeiro a ser abençoado é o próprio evangelista. A colheita de almas era tão importante que suplantava qualquer outra neces-sidade de Jesus (“uma comida te-nho”). Deus providencia satisfação para a alma e razão para a vida. Isso é melhor que o alimento, in-clusive. Nossa maior necessidade é achar a recompensa de Deus (fazendo a vontade dEle e reali-zando a Sua obra). Ele tem um propósito para as nossas vidas. Alcançá-lo é um prêmio.

Vemos no texto que o propósito de Deus para nós inclui o “semear e colher vidas”. É verdade que cum-prir essa tarefa (realizar a obra) não significa que veremos a sua con-clusão, mas teremos a certeza de estar fazendo o que nos concerne neste tempo. Falando sobre ser-vir aos homens, o Apóstolo Pau-lo deixa um critério que se aplica também neste caso: “Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para ho-mens, cientes de que recebereis do Senhor a recompensa da herança.

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A Cristo, o Senhor, é que estais ser-vindo” (Cl 3.23-24).

É um privilégio evangelizar, pois além do cumprimento da vontade de Deus, isso possibilita que o ho-mem não se perca. Ele é a “seara que precisa ser colhida”. Isso tor-na “formosos os pés” daquele que anuncia (Rm 10.13-15).

2 - RECOMPENSA PARA O EVANGELIZADO

Se quem prega é abençoado pela boa notícia de Deus, imagine-mos aquele que crê e tem a vida transformada pelo poder desse Evangelho (Rm 1.16)! Como en-tendemos estarem correlacionadas essas recompensas, podemos afir-mar que, além de receber uma vida eterna, a pessoa é alistada no rol de adoradores que Deus procura. Pela fé podemos receber esse presente!

Ao confrontar o pecador, em re-lação ao seu pecado e tudo quan-to tem feito, Jesus espera que haja arrependimento e fé, fazendo gerar dentro dele “uma fonte que jorra para a vida eterna”. Essa transformação é, no fundo, uma grande valoriza-ção do homem. Porque antes estava perdido e culpado, mas agora pas-sou a ter o próprio Messias jorrando bênçãos dentro do seu coração.

Uma mulher saiu da cidade, cer-tamente cabisbaixa, não somente devido ao peso do cântaro, mas também do pecado e da opressão. Porém, voltou uma nova mulher, fa-lante com os homens, testemunha

viva do Messias. Foi por isso que Jesus disse, em outras palavras: “se você conhecesse o presente de Deus, e se você me conheces-se, você pediria para receber uma grande recompensa e sairia dessa sequidão, desse deserto”. Quan-do a mulher aceitou deixar de ser uma versão piorada de si mesma - arrogante, cheia de si, que contes-tou as palavras de Jesus - tornou--se parecida com o próprio Cristo: vestida de glória, crível, instrumen-to de Deus, adoradora de verdade. Que recompensa!

3 - RECOMPENSA PARA A SOCIEDADE

Toda a sociedade é também im-pactada pela ação evangelizadora. Cada segmento dela pode receber os benefícios de uma vida regene-rada na família, no trabalho ou na vizinhança. Aquele que antes era embaraço e em quem se via so-mente trevas, agora resplandece como “luz”.

Se estamos falando de benefí-cio para todos pela transformação daquele que crê, ressalta-se que a sociedade também é impacta-da pela boa colheita. A sociedade passa a ter um referencial, a par-tir da ação evangelizadora, para saber o que vale a pena e afastar da imprestabilidade. A verdade, a aceitação por parte de Deus como adoradores verdadeiros, a evidên-cia de uma vida transbordante e a possibilidade de hospedar a Jesus

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são algumas das recompensas de uma sociedade impactada pela evangelização.

Temos percebido que qualquer mudança significativa na socieda-de, longe de ser um programa esta-belecido pelo governo humano, só acontece a partir da ação de Cristo. Ele faz jorrar, de dentro para fora, aquilo que dura para a vida eterna.

4 - O MODO DE JESUSEmbora Jesus tenha pagado

sozinho o preço da vida eterna, Ele reparte com todos a recompensa desse investimento. Jesus convidou a mulher, ao seu marido, aos discí-pulos e, por extensão, a todos nós, a levantarmos os nossos olhos e enxergarmos o modo divino de re-compensar. Essa recompensa não está limitada ao nosso tempo e não é submissa apenas ao mundo na-tural, mas será sempre de acordo com a vontade de Deus.

Além disso, ao dizer que Deus procura adoradores, Jesus, sendo o próprio Deus, estava procurando naquela cidade e também nos dis-cípulos e nos ouvintes de Sua pala-vra hoje, pessoas para a adoração, salvação, evangelização, transfor-mação, relacionamento e recom-pensa. Que Ele ache a todos nós!

PARA PENSAR E AGIR: MARCO COMPENSATÓRIO

Colher o que não se plantou ilustra a graça de Deus contrastan-

do com a “lei da semeadura”. Além disso, no mundo natural dista-se “quatro meses” entre semeadura e colheita. No mundo espiritual, a colheita pode ser imediata. Isso é mais uma recompensa no Reino de Deus, pois sempre será a “hora da colheita”.

Como evangelizados, fomos recompensados com a vida eter-na que nasce em Jesus e “jorra” dentro de nós; Como evangelistas, podemos colher em todo o tempo, mesmo onde outro semeou, e nis-so nos alegramos; Como socieda-de, precisamos do reavivamento que ocorre quando hospedamos Jesus, cremos nEle e experimen-tamos a beleza do Seu agir entre nós. Não apenas por dois dias, mas para sempre.

Oração – Oh, Deus galardoa-dor! Que tenhamos alegria em en-xergar os campos “brancos para a ceifa”, trabalhando para que cada pessoa receba a recompensa da vida eterna. Que aprendamos com Jesus a evangelizar!

Leitu

ra Di

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Segunda: Marcos 10.24-31

Terça: Mateus 25.14-30

Quarta: Hebreus 11.4-6

Quinta: Apocalipse 22.6-14

Sexta: Colossenses 3.23-24

Sábado: João 3.14-21

Domingo: Romanos 8.28-39

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Revista da Convenção Batista Fluminense

Ano 16 - n° 62 - Julho / Agosto / Setembro - 2019

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Terceiro TrimestreAPRENDENDO A EVANGELIZAR COM JESUSPr. Nilson Gomes Godoy

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