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“Aprender a ensinar para ensinar a aprender” Relatório de Estágio Profissional Relatório de Estágio Profissional apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, com vista à obtenção do grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário ao abrigo do Decreto-Lei nº 74/2006 de 24 de março e do Decreto-Lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro. Prof. Orientador: José António Silva Diana Filipa Ferreira Lopes Porto, Setembro de 2015

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“Aprender a ensinar para ensinar a aprender”

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio Profissional apresentado à Faculdade de

Desporto da Universidade do Porto, com vista à obtenção do

grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos

Básico e Secundário ao abrigo do Decreto-Lei nº 74/2006 de

24 de março e do Decreto-Lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro.

Prof. Orientador: José António Silva

Diana Filipa Ferreira Lopes

Porto, Setembro de 2015

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II

FICHA DE CATALOGAÇÃO

Lopes. D. F. L. (2015) Aprender a ensinar para ensinar a aprender. Porto. Lopes.

D. Relatório de Estágio profissionalizante para obtenção do Grau de Mestre em

Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA, RELATÓRIO DE ESTÁGIO,

COORDENAÇÃO, NÍVEL COGNITIVO

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III

DEDICATÓRIA

Pelo apoio incondicional e por todo o esforço realizado para me ajudar a

alcançar este sonho, dedico este documento à minha mãe, Isabel.

Porque tudo aquilo que sou a ti o devo.

O mais sincero Obrigado!

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V

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Professor José António Silva, pelo auxílio, disponibilidade e

interesse. Por nos ajudar a crescer profissionalmente e orientar no caminho

certo.

Ao Professor Francisco Magalhães, pela partilha, disponibilidade, interesse. Pela

ajuda constantemente e aprendizagem qualitativa. Sempre incansável.

Ao núcleo de estágio. Por me acompanhar nesta viagem, por juntos lutarmos

pelo sucesso. Pela partilha e trabalho de grupo.

Ao 10º CT3. Por serem os primeiros. Pelas dores de cabeça, pelas confusões,

pelas brincadeiras. Pelo trabalho e pelo caminho percorrido. Pelos burpees de

castigo e pelos sorrisos diários. Por se tornarem os “meus meninos”. Por vos

querer o melhor do mundo. Por fazerem parte deste capítulo.

Á minha Mãe, pelo apoio incondicional, pelo amor verdadeiro, pelo esforço de

todos os dias, pelo ensinamento de uma vida, pela luta, pela amizade, pela

mulher que sou, pela mulher que é, pelos conselhos, pelos sorrisos, pelos longos

discursos assertivos, pelos caminhos que me ensinou a percorrer, pelos

obstáculos que ultrapassou e me ajudou a ultrapassar, pelos “sins” e

principalmente pelos “nãos” que me fizeram crescer. Por todos os dias. Por ser

incansável. Por ser a Melhor Mãe do Mundo.

Ao meu “Pai Zé”, por ser um amigo, um apoio. Por ser paciente e tolerante. Por

estar presente, sem hesitar, sem pedir nada em troca. Por todos os momentos

importantes. Por se ter tornado o pai que alguma filha poderia desejar.

Ao meu Hugo, pelo Homem que é. Por ser o meu melhor amigo, o meu

confidente, o meu porto seguro. Por todo o esforço, dedicação e apoio. Por

proporcionar sorrisos verdadeiros, momentos inesquecíveis, histórias para

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VI

recordar. Por me fazer feliz e dar força nos momentos mais difíceis. Por me

ensinar a pedir desculpa e a deixar o orgulho guardado. Por ser parte do meu

percurso, dos meus dias, da minha vida.

Á minha família Araújo. Por serem uma segunda família, me educarem, me

acolherem, me tratarem como princesa. Por serem tão presentes e tão

importantes.

Aos meus amigos de uma vida, Catarina, Sara e Diogo. Pela preocupação

constante e amizade sem igual. Por estarem presentes em todas as etapas e por

me ajudarem a ultrapassar obstáculos sem nunca me deixarem cair. Por serem

não só amigos mas sim irmãos de coração. Por serem para a vida inteira.

Às minhas colegas da faculdade, Eduarda e Ana. Pelo primeiro dia e pelo último.

Por tornarem o caminho mais fácil e serem o meu pilar nos momentos mais

complicados. E sobretudo pela amizade.

Aos “resistentes”. Por todas as horas despendidas em frente aos computadores.

Por todas as gargalhadas. Pela animação. Pelas “baldas”. Pelo longo caminho

até ao juízo final. Por sermos a melhor turma do Mestrado.

A todos os colegas, professores e funcionários da faculdade. Pelo bocadinho de

cada um de vocês que levo comigo.

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ÌNDICE GERAL

DEDICATÓRIA .................................................................................................. III

AGRADECIMENTOS ......................................................................................... V

RESUMO......................................................................................................... XIII

LISTA DE ABREVIATURAS .......................................................................... XVII

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1

CAPÍTULO I ....................................................................................................... 5

1. ENQUADRAMENTO PESSOAL ................................................................ 7

1.1. Construir o “eu” .................................................................................. 7

1.2. Das expetativas iniciais à realidade ................................................... 9

CAPÍTULO II .................................................................................................... 13

2. A PRÁTICA PROFISSIONAL ................................................................. 15

2.1. Contexto legal, institucional e funcional .............................................. 15

2.2. O meio e os seus envolventes ............................................................ 16

2.2.1. A escola ........................................................................................ 16

2.2.2. A matéria-prima ............................................................................ 17

CAPÍTULO III ................................................................................................... 21

REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ................................................. 21

3. A REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO PROFISSIONAL ................................... 23

3.1. ÁREA 1: ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DO

ENSINO/APRENDIZAGEM ....................................................................... 24

3.1.1. Planeamento................................................................................. 24

3.1.2. Realização .................................................................................... 31

3.1.2.1. O início atribulado .................................................................. 31

3.1.2.2. Motivação nas diferentes modalidades .................................. 33

3.1.2.3. Dois em um: Voleibol, MED e TGfU ....................................... 37

3.1.2.4. A Educação Física como meio de superação ........................ 42

3.1.2.5. A utilização dos meios audiovisuais ....................................... 45

3.1.2.6. A filosofia do Karaté ............................................................... 47

3.1.2.7. Dos miúdos aos graúdos ....................................................... 49

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VIII

3.1.2.8. O diretor de turma .................................................................. 57

3.1.3. Avaliação ...................................................................................... 59

3.2. ÁREA 2 E 3: PARTICIPAÇÃO NA ESCOLA E ENVOLVIMENTO

COM A COMUNIDADE .............................................................................. 63

3.2.1. Sensibilização e Combate à Pobreza e Exclusão Social .............. 64

3.2.2. O mundo do Goalball .................................................................... 65

3.2.3. Basquetebol em cadeira de rodas ................................................ 67

3.2.4. Torneio de futsal escola básica cooperante ................................. 69

3.2.5. Aula aberta de Krav Maga ............................................................ 73

3.2.6. Desporto Escolar .......................................................................... 75

3.2.7. Roteiro cultural “130 anos em movimento” ................................... 80

3.3. ÁREA 4: DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL ........................... 82

3.3.1. Ação de formação: Fitschool ........................................................ 82

3.3.2. Acão de formação: danças sociais ............................................... 84

CAPÍTULO V .................................................................................................... 89

ESTUDO DE INVESTIGAÇÃO-AÇÃO ............................................................. 89

CAPÍTULO VI ................................................................................................. 101

A DÁDIVA DE ENSINAR E CONTINUAR A APRENDER .............................. 101

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 107

Anexos ........................................................................................................... XIX

Anexo I - Folha de Registo M-ABC faixa 3 ..................................................... XXI

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IX

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela I – Estatística descritiva das variáveis referentes à bateria de testes

MABC III.............................................................................................................95

Tabela II – Regressão linear das variáveis referentes à bateria de testes MABC

III e às categorias disciplinares..........................................................................96

Tabela III – Regressão linear das variáveis referentes à bateria de testes MABC

III e às categorias disciplinares divida por

sexos..................................................................................................................97

Tabela IV – Teste T de medida Independentes das variáveis referentes à bateria

de testes MABC III.................................................................................98

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X

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XI

INDÍCE DE ANEXOS

ANEXO I – Folha de Registo M-ABC faixa 3....................................................I

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XIII

RESUMO

O Estágio Profissional assume-se como o culminar de todo o processo de

aprendizagem que ao longo de quatro anos idealizamos. Com este Estágio

novas realidades são visionadas e novas perspetivas são adquiridas, sendo um

ano definido pela aprendizagem constante no terreno de jogo. O Estágio

Profissional ocorreu numa escola secundária, situada na zona central do

concelho de Guimarães, contando com a participação de um núcleo de estágio

de 3 elementos, supervisionado pelo Professor Cooperante e Professor

Orientador, cada um dedicado às suas funções. O documento apresentado é

dividido em quatro Capítulos, subdivididos em temas cuja importância reflete o

trabalho realizado ao longo do ano letivo. Após um breve introdução, onde

destaco alguns dos principais conteúdos do relatório, encontra-se o Capítulo I,

referente ao “Enquadramento Pessoal”, fazendo uma retrospetiva de todo o meu

percurso e expondo as minhas expetativas em relação ao ano de estágio.

Seguidamente, no Capítulo II abordo o “Enquadramento da Prática Profissional”,

descrevendo o contexto legal, institucional e funcional do Estágio Pedagógico,

bem como uma breve descrição da escola e da turma com a qual trabalhei. No

Capítulo seguinte, “Realização da Prática Profissional”, enfatizo os aspetos

refletidos acerca da prática realizada ao longo do ano letivo, focando

experiências que contribuíram para a minha aprendizagem. No quarto e último

Capítulo, “Estudo de Investigação-Ação”, apresento o tema que foi alvo de

estudo durante a realização prática do meu ano de estágio, comparando o nível

de cognição com a coordenação dos jovens da escola. Para terminar, faço uma

reflexão geral desta experiência e de todos os ensinamentos úteis ao meu futuro.

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA, RELATÓRIO DE ESTÁGIO,

COORDENAÇÃO, NÍVEL COGNITIVO

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XV

ABSTRACT

The practicum year is assumed as the culmination of all the learning process

idealized over five years. With this new realities, screened by this practicum

context new perspectives are acquired. It’s one year defined by the constant

learning. The educational stage was made in a secondary school, located in the

center of Guimarães, with the participation of a training group of three elements,

supervised by a Cooperating Teacher and an Advisor Teacher, each dedicated

to their proper functions. The document presented below is divided into four

chapters, divided into themes whose importance reflects the work done

throughout the year. After a brief introduction where I highlight some of the

report's main content, is Chapter I, referring to the "Personal Background" where

I do a retrospective, exposing my expectations regarding the educational stage

year. Then, in Chapter II aboard the "Professional Practice Environment",

outlining the legal, institutional and functional background of the educational

stage as well as a brief description of the school and the class with which worked.

The next chapter, "Professional Practice Procedures", emphasize aspects of the

reflections and practicum held throughout the school year, focusing on

experiences that contributed to my learning. In the fourth and final chapter,

"Research-Action Study", present the topic that was the subject of study for the

practical realization of my educational year, comparing the level of cognition with

the coordination of school youth. Finally, make a general reflection of this

experience and all its benefits for my future

KEYWORDS: PHYSICAL EDUCATION, EDUCATIONAL STAGE REPORT,

COORDINATION, COGNITION LEVEL

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XVII

LISTA DE ABREVIATURAS

CT- Ciências e Tecnologias

DE- Desporto Escolar

EF- Educação Física

EP- Estágio Profissional

FADEUP- Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

MEC - Modelos de Estrutura do Conhecimento

MED- Modelo Educação Desportiva

PC- Professor Cooperante

PO- Professor Orientador

TgfU- Teaching Games for Understanding

UC- Unidade Curricular

UD- Unidade Didática

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1

INTRODUÇÃO

“Só desperta paixão de aprender quem

tem paixão de ensinar” (Freire, s.d.)

O presente documento foi realizado no âmbito da Unidade Curricular (UC)

Estágio Profissional (EP), inserida no plano de estudos do 2º ciclo conducente

ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e

Secundário da Universidade do Porto (FADEUP).

O EP decorreu na Escola Secundária Francisco de Holanda, em

Guimarães, num núcleo de estágio constituído por três elementos, cuja tutela

estava à responsabilidade do Professor Orientador (PO), e do Professor

Cooperante (PC).

Este ano letivo, sob minha responsabilidade ficou uma turma de Ciências

e Tecnologias (CT), do 10º ano de escolaridade, turma que foi atribuída ao PC.

Assim, a meu cargo, ficou todo o planeamento, conceção, realização e avaliação

dos respetivos alunos, tendo a supervisão assegurada do PC. Esta supervisão

não interferiu, pelo menos de forma vincada, no trabalho autónomo que fui

realizando ao longo deste EP, tendo apenas uma função de aconselhamento e

guia.

“O Estágio Profissional entende-se como um projeto de formação do

estudante com a integração do conhecimento proposicional e prático necessário

ao professor, numa interpretação atual da relação teoria prática e

contextualizando o conhecimento no espaço escolar” (Matos, 2014, p.3).

Desta forma, esta etapa afigurou-se trabalhosa e desafiante mas todo este

desafio, transporta-me a uma nova realidade e a uma dimensão que me fará

transcender e evoluir em direção ao sucesso desejado. Foi a descoberta diária

e aprendizagem permanente que tornou este estágio profícuo e compensador,

fazendo com que, através de múltiplas experiências e aprendizagens diárias, me

tornasse mais reflexiva e crítica enquanto professora-estagiária e convicta nos

meus objetivos.

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2

Assim, este ano letivo, enquadramos as nossas aprendizagens no contexto

prático da profissão. Esta prática pedagógica é realizada através de uma

perspetiva reflexiva e autónoma, conduzida pelo supervisor.

Ainda, neste ano lectivo, aproximei-me da comunidade escolar e dos

aspetos subjacentes à carreira docente, aprendendo, melhorando e

desenvolvendo novas capacidades. A responsabilidade e a dedicação, bem

como a oportunidade, são as palavras de eleição para descrever como me senti

perante o EP.

Com ele e através dele, aproveitei todas as oportunidades e tentei

melhorar, aplicar e testar todas as capacidades e aprendizagens adquiridas, e

assim, usufruir ao máximo o que todos os incluídos tiveram para me oferecer.

Neste sentido, a descoberta e a luta pelo conhecimento são duas realidades

paralelas neste estágio que permitem ir mais além e ultrapassar desafios dia a

dia, através de uma descoberta guiada.

Esse documento, intitulado de “Relatório do Estágio Profissional”, procura

refletir e dar a conhecer este longo e compensador caminho que tenho vindo a

realizar desde 15 de Setembro de 2014. Neste trabalho relatarei todas as minhas

experiências e abordagens nas atividades desenvolvidas, bem como nas

dificuldades e facilidades que surgiram, fazendo uma retrospetiva de todo o

processo e debruçando-me sobre os aspetos essenciais deste EP.

Num primeiro Capítulo, abordarei uma dimensão pessoal onde, constará

a reflexão autobiográfica e as expetativas em relação a todo o processo.

Englobará a interpretação do meu percurso, ideias e convicções relativas à

profissão, crenças iniciais e mudanças enquanto interveniente neste EP.

Seguidamente, apresentarei uma dimensão prática que incluirá o

enquadramento e caraterização do contexto de estágio, abordando a natureza

legal, concetual, institucional e funcional bem como, todas as etapas vividas

durante o ano letivo.

O terceiro Capítulo irá ao encontro da realização da prática, ou seja, todo

o processo vivenciado e refletido durante a atuação na escola, incluindo neste,

os problemas, atividades, dificuldades, estratégias, avaliações, métodos de

trabalho e controlo de todo o processo de ensino.

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3

Por último, deste RE fará parte o desenvolvimento pessoal, mais

concretamente o estudo de investigação-ação, onde abordarei o tema da

coordenação no contexto escolar, avaliando e analisando os alunos envolvidos

na prática pedagógica. Ainda neste Capítulo, estarão incluídas todas as

atividades e ações formação que fizeram com que o desenvolvimento

profissional fosse consolidado.

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CAPÍTULO I

ENQUADRAMENTO BIOGRÁFICO

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7

ENQUADRAMENTO PESSOAL

Eu...

Tive um passado? Sem dúvida...

Tenho um presente? Sem dúvida...

Terei um futuro? Sem dúvida...

A vida que pare de aqui a pouco...

Mas eu, eu...

Eu sou eu,

Eu fico eu,

Eu... (Pessoa, 1944, p.76)

1.1. Construir o “eu”

Nascemos como pequenos diamantes em bruto, como páginas em branco,

como pequenos grandes heróis, que procuram alcançar a meta em primeiro

lugar. “Assim, gosto de ser gente porque, inacabado, sei que sou um ser

condicionado mas, consciente do inacabamento, sei que posso ir mais além dele.

Esta é a diferença profunda entre o ser condicionado e o ser determinado”

(Freire, 1997, p.31).

Ao longo desta jornada, vamos contruindo aquilo que somos, baseados

naquilo que vivemos e é nesta encruzilhada, que criamos, inventamos,

reinventamos o nosso destino. E se pensarmos: Quem sou eu? Será fácil

responder?

O meu nome é Diana Filipa Ferreira Lopes, tenho 23 anos, nascida a 22 de

Março de 1992 e sou natural de Guimarães, cidade onde sempre vivi. Sempre

fui de fortes convicções e assim descobri que o meu futuro iria passar por ensinar

e guiar os mais novos até ao conhecimento.

Desde cedo tive uma vida ativa e morando numa pequena aldeia,

realizava longas caminhadas por gosto e diversão. Como é de conhecimento

geral, a população nas aldeias apresenta uma faixa etária mais avançada, o que

me fez crescer com a habilidade de criar e inventar brincadeiras que me

proporcionassem entretenimento durante todo o tempo que passava sozinha.

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Penso que esta etapa se tornou benéfica no meu percurso, fazendo com que o

desporto e a descoberta fizessem parte do meu dia a dia.

Não é por acaso que o Desporto nos torna pessoas alegres e criativas. Tem

a capacidade de se reinventar e modelar consoante as condições enfrentadas,

tem a capacidade de nos fazer recriar e imaginar um novo ideal, tem a

capacidade de ser livre, duradouro e enriquecedor.

Creio que as pessoas que seguem o Desporto como parte da sua vida, se

tornam, não só, pessoas mais felizes, como pessoas positivas, encarando a vida

como quem encara um jogo de Futebol, com convicção, motivação e

persistência. Neste jogo, mesmo perdendo, perspetivamos o próximo confronto

com confiança e fé pois será, claramente, vitorioso.

Neste meu percurso, ocorreu uma mudança de residência, da aldeia para

a cidade. Nunca tive medo das mudanças que ao longo da minha vida foram

acontecendo até porque com elas chegou o progresso, a novidade, as novas

etapas que fizeram de mim uma pessoa constantemente à procura de novos

desafios

É de destacar que, a vida citadina nos leva a um estilo mais sedentário,

onde a pressa diária impede que haja tempo para os afazeres desportivos.

Contudo, o gosto e a perseverança são mais fortes e impulsionam a nossa mente

em direção ao movimento. Esta mudança de localidade acentuou a minha paixão

pelo desporto e quando me surgiu a oportunidade, fiz parte da equipa de voleibol

do Vitória de Guimarães e posteriormente, da equipa federada da escola

Francisco de Holanda. O voleibol desde então está presente na minha vida de

forma marcada, sendo esta a minha modalidade de eleição.

Devido à entrada na faculdade, esta prática foi abandonada na perspetiva

de atleta pois ainda nesse ano, 2010, surgiu a oportunidade de integrar, como

treinadora adjunta, a equipa de minis A e B da Faculdade, onde permaneci três

anos, tendo no último assumido funções de treinadora principal.

Ainda no meu percurso desportivo, frequentei durante um ano a

modalidade de natação, não competitiva, na Escola de Natação do Vitória, na

qual tenho grandes vivências e fomentei o meu gosto pelas modalidades

aquáticas.

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9

Na minha formação académica/escolar, frequentei a Escola Secundária

Francisco de Holanda, no curso de Línguas e Humanidades, seguindo

posteriormente para a FADEUP, na qual realizei a minha licenciatura em

Ciências do Desporto na vertente de Exercício e Saúde.

A minha vontade pelo desconhecido, a vontade de arriscar e de ir

além-fronteiras fez com que, no terceiro ano, me inscrevesse no programa

ERASMUS, tendo realizado um semestre de estudos na Universidade de

Valência. Sem dúvida alguma que, até agora, foi a melhor experiência que obtive

no que diz respeito à descoberta de novas realidades de ensino e de

aprendizagem.

Considero-me uma pessoa com objetivos bem marcados e sempre

disposta a novos projetos e ainda empenhada nas diferentes atividades que

surgem. Não lido bem com a monotonia, por isso procuro sempre desafios

constantes que façam provar o meu valor enquanto pessoa. Ao longo deste

caminho, aprendi que nada se obtém sem trabalho e que parte do nosso sucesso

se deve aquilo que fazemos para conquistá-lo. Não adianta lamentar nem desistir

pois as melhores provas são travadas pelos atletas mais persistentes.

1.2. Das expetativas iniciais à realidade

“Uma longa viagem começa com um único passo.”

(Lao-Tsé, s.d.)

De forma mais ou menos consciente criamos expetativas acerca daquilo

que nos rodeia e, por vezes, idealizamos situações, comportamentos e

acontecimentos que nem sempre correspondem à realidade do dia a dia.

Quando começamos uma nova etapa, perspetivamos condições que

derivam dos diversos “filtros” que vamos recebendo ao longo da vida, “filtros”

esses que partem das nossas experiências pessoais, sentimentos, emoções

anteriores ou recorrentes. Tudo se idealiza consoante aquilo que queremos e

pretendemos contudo, nem tudo se assemelha à lista de crenças que vamos

criando.

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10

O EP é umas das fases mais importantes na vida de um estudante. É

neste ano que se lida com a realidade propriamente dita, com todas as

responsabilidades que advêm à profissão de ser Professor e com todo o trabalho

que daí deriva, sendo assim um contacto com a realidade bastante diferente dos

anos passados. É neste ponto que as nossas expectativas atingem o seu auge.

Contudo, é também um ano de permanentes e exigentes desafios e de

novas experiências e aprendizagens, quer em termos individuais, quer coletivos.

É de salientar o núcleo de estágio em que me insiro, os professores que nos

acompanham, PO e PC, e os meus alunos, bem como a restante comunidade

educativa, que foram uma das ferramentas mais importantes nesta etapa.

Inicialmente, e centrando-me nas minhas expectativas perante a turma que

iria lecionar, os meus objetivos, partiam do desejo de que os meus alunos,

obtivessem bons resultados ao longo do ano letivo e, sobretudo que o seu

empenho e participação na aula fosse evidente.

Nesta linha orientadora, mais importante que uma turma de atletas e bons

executantes, é uma turma em que o interesse e o gosto estivessem presente nas

várias modalidades, sendo transversal durante todo o ano, promovendo assim

uma aprendizagem evolutiva nos vários domínios envolventes.

Como nos diz Girondo (s.d.), “Homens dedicados ao empenho de seus

trabalhos contagiam outros com seu entusiasmo, porque são motivados por um

coração totalmente submisso aos seus propósitos”. Foi neste sentido que a

minha atuação se orientou, fazendo com que a dedicação e entrega fossem

sentidas pelos alunos e com isso, estes se empenhassem continuamente, com

vontade de alcançar resultados positivos e essencialmente, prazer pela prática

do Desporto.

Quanto a mim, a realidade encontrada nem sempre foi ao encontro dos

pensamentos que projetei. As dificuldades surgem quando menos esperamos, a

realidade escolar apresenta-se com outros contornos, as metodologias até aqui

estudadas, tornam-se utópicas face a uma comunidade de alunos cada vez mais

sedentária e desinteressada.

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É neste ponto que reforçamos o nosso papel de Professores e,

afincadamente, trabalhamos para demonstramos a importância da nossa

disciplina e a sua real utilidade.

Contrapartidas à parte, desde cedo e, com sucesso, comprometi-me a tirar

o melhor partido desta experiência, através dos ensinamentos e reflexões

obtidas através dos intervenientes deste processo.

Procurei crescer profissionalmente, no sentido de interiorizar dinâmicas de

organização e metodologias, descobrir a plasticidade para adaptar situações

imprevisíveis e, essencialmente, promover o gosto pela prática desportiva.

No que diz respeito a todos os profissionais que me acompanharam, a sua

experiência de lecionação foi extremamente benéfica para a minha

aprendizagem e através da crítica, construtiva, melhorei gradualmente o meu

desempenho docente adquirindo uma bagagem educativa que me proporcionou

guiar os alunos ao objetivo planeado.

Foi com mente aberta que assimilei e adquiri bases pedagógicas que me

auxiliaram neste ano letivo e que serão ferramentas úteis num futuro próximo.

Sinto-me uma pessoa capaz de decidir qual o melhor caminho a seguir quando

me deparar com constrangimentos e situações de adaptabilidade no contexto

escolar.

Este crescimento, não se denota só a nível profissional, mas também a

nível pessoal, aspeto que não pensava ser de grande relevância. Aprendi que

nem tudo aquilo que planeamos, por mais perfeito que pareça, é passível de ser

realizado, tendo que lidar com as frustrações de uma forma positiva. A tendência

é aceitar a realidade como ela acontece e tentar fazer o nosso melhor com os

meios que nos são disponibilizados, falando de forma clara e direta, indo ao

encontro, não só do que necessitamos, mas também do que os outros

necessitam.

Por fim, desde cedo tentei transmitir ao meu grupo de estágio, que o

trabalho de cooperação e a entreajuda, como no desporto, nos auxiliam a chegar

mais longe e a obter os melhores resultados. Desta forma, todos concordamos

em remar para o mesmo lado, utilizando todos os meios que estivessem ao

nosso dispor, para concretizar em harmonia, todas as exigências deste estágio.

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Como dizia Michael Jordan (s.d.), “talento ganha jogos, mas trabalho em equipa

ganha campeonatos” sendo esta a verdade que sempre perseguimos e, com ela,

fizemos um trabalho cada vez melhor, procurando o sentido do sucesso.

“A percepção do desconhecido é a mais

fascinante das experiências.” (Einstein, s.d.)

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CAPÍTULO II

ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

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2. A PRÁTICA PROFISSIONAL

“Temos, sobretudo, de aprender duas coisas:

aprender o extraordinário que é o mundo e aprender

a ser bastante largo por dentro, para o mundo todo

poder entrar.” (Silva, s.d.)

2.1. Contexto legal, institucional e funcional

Todo este processo que se intitula de EP, surge inserido no plano de

estudos do 2º ciclo conducente ao grau de Mestre em Ensino da Educação Física

nos Ensinos Básico e Secundário da FADEUP, realizado nos dois últimos

semestres do segundo ano de estudos. A estrutura e funcionamento do mesmo

consideram os princípios decorrentes das orientações legais, nomeadamente as

constantes do Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de março e o Decreto-lei nº 43/2007

de 22 de fevereiro e têm em conta o Regulamento Geral dos segundos ciclos da

Universidade do Porto, o Regulamento Geral dos segundos ciclos da FADEUP

e o Regulamento do Curso de Mestrado em Ensino de Educação Física.

Assim, “o EP visa a integração no exercício da vida profissional de forma

progressiva e orientada, através da prática de ensino supervisionada em

contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos

futuros docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos

desafios e exigências da profissão” (Matos, 2014, p.3).

Nele são consideradas quatro áreas de intervenção, nas quais se

contemplam diferentes meios de ação e influência. Na Área 1 contamos com a “

Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem”, na Área 2 e 3, que se

encontram agregadas, consta a “Participação na Escola e Relações com a

Comunidade” e por fim, na Área 4, o estudante estagiário desempenha funções

relativas ao “Desenvolvimento Profissional”.

Todo este processo de ensino será supervisionado pelo PO da FADEUP

e sob a tutela do PC.

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2.2. O meio e os seus envolventes

2.2.1. A escola

A definição de escola ainda não é consensual. Esta resulta de processos

históricos e complexos, pensados e construídos para grupos sociais, englobando

funções explícitas e outras ocultas.

Nela são apresentadas e coexistem várias dimensões ao nível estrutural,

relacional, valorativa, contextual, processual e cultural. Contudo, cada escola é

produto da cultura em que se engloba e é a partir das experiências do mundo

exterior e da sua população-alvo, que esta se constrói e se desenvolve de forma

a ir ao encontro das necessidades e realidades do seu próprio cenário.

Podemos então concluir, que a escola é uma instituição de caráter

organizativo, cultural e social em constante mudança, onde são englobadas

aprendizagens constantes com atores distintos. No meio escolar atende-se às

necessidades dos intervenientes, adaptando a realidade ao seu contexto.

A primeira grande decisão que um estagiário toma, no seu percurso

académico, diz respeito à escola onde irá lecionar, sendo esta a sua Escola

Cooperante (EC), durante todo o ano letivo.

A escola secundária, eleita como EC, é considerada uma das mais antigas

da zona de Guimarães, situada no centro do coração da cidade, era apelidada

de Escola Industrial.

Foi também uma das escolas que sofreu a remodelação advinda do

programa Parque Escolar, modificando e alterando muito da sua estrutura inicial,

com a construção de mais salas, de um único pavilhão desportivo e de uma zona

de convívio mais confortável. Esta remodelação promoveu benefícios ao nível

de espaços e da qualidade operacional. Contudo, o número de alunos que a

escola acolhe é maior que a capacidade previamente definida, acarretando

alguns problemas estruturais.

O departamento de Educação Física é composto por 13 professores, em

que três orientam estágio, um da FADEUP e dois da Universidade do Minho.

Assim sendo, o nosso orientador é o Professor Francisco Magalhães, que nos

irá acompanhar em todas as atividades no decorrer deste ano.

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No que diz respeito aos espaços desportivos, local onde iremos exercer a

nossa prática pedagógica, a escola apresenta: o pavilhão, o espaço exterior e o

auditório. O pavilhão é dividido por três espaços, ocupados por três turmas

respetivamente. Simultaneamente, mais duas turmas encontram-se em aula nos

restantes espaços disponíveis.

Este é um dos aspetos negativos nesta escola, pois a dinâmica e a

organização das aulas tem que ser destinada a 1/3 do pavilhão, restringindo em

muito as propostas pedagógicas que poderíamos adotar com mais espaço de

ação. Junto ao pavilhão encontram-se os balneários, que apresentam condições

ideais à higienização dos alunos e que satisfazem as necessidades das turmas

que se encontram em aula. Ainda neste mesmo local, encontra-se a sala dos

professores de Educação Física.

Para a divisão e rotação, tanto de espaços como de balneários, estão

colocados nas zonas desportivas o roullement, que indica aos alunos qual o

espaço desportivo a utilizar e organiza o planeamento anual dos professores, e

o Mapa de balneários, que os direciona para o balneário destinado a cada turma.

É de referir que a escola, se encontra numa cidade de grande referência

a nível desportivo, sendo em 2013, considerada Capital Europeia do Desporto,

permitindo que a população seja bastante ativa e adepta da atividade física e,

onde a criação de espaços desportivos como parques e pavilhões seja de grande

qualidade.

2.2.2. A matéria-prima

“Educação não muda o mundo. Educação

muda pessoas. Pessoas mudam o mundo”

(Freire, s.d.)

Não está nas nossas mãos o poder de mudar o mundo mas, está nas

nossas mãos o poder de ensinar. Este poder, o de ensinar, se a longo prazo,

conseguir mudar o mundo, então, a nossa pegada nesta vida poderá fazer rodar

os ponteiros da bússola no sentido correto.

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Está nas nossas mãos incentivar, ensinar e conduzir pequenos grandes

seres a caminhar, reunindo todas as pedras do caminho, para que possam

contruir degraus e subir em direção ao sucesso desejado.

Enquanto professores, trabalhamos para produzir e reproduzir valores e

atitudes naqueles que nas nossas mãos são entregues. Posto isto, é sempre

uma grande responsabilidade a educação de uma turma onde sentimentos,

emoções e pensamentos divergem entre si. A dúvida que carateriza esta fase

inicial reflete expectativas e dúvidas em relação aos nossos alunos, que

queremos ajudar a atingir o sucesso.

A decisão sobre a turma que ficaria a meu cargo, sendo estas as turmas

destinadas ao PC, foi tomada através de um consenso entre o núcleo de estágio

e tendo em conta as nossas disponibilidades horárias. Assim, a meu encargo

ficou uma turma de CT, do 10º ano de escolaridade.

Recordo hoje todas as imagens e possibilidades idealizadas, todos os

olhares e conspirações que poderiam advir do fato de, uma pessoa tão jovem,

lecionar aulas a um grupo de adolescentes animados e curiosos.

Sem dúvida que depois de saber qual a turma a meu cargo, a minha visão

sobre este estágio mudou. Comecei a encarar todos os acontecimentos com

mais seriedade, a pensar nos meus atos e nas minhas motivações pretendendo

contribuir positivamente para a vida destes adolescentes.

“No geral, a turma apresentou um bom comportamento e uma boa atitude,

recetivos e atentos às informações que se iam dando ao longo da aula.

Conseguimos ainda perceber que a maioria da turma gosta da disciplina, tendo

no entanto que motivar algumas alunas que, por medo ou por falta de

autoestima, não se mostram muito aptas ou dirigidas para a Prática Desportiva.”

(Aula Voleibol, 30 de Setembro)

A turma, constituída por 30 alunos, dos quais, 8 eram do género masculino

e 22 do género feminino, com idades entres os 15 e os 16, mostrou- se desde

cedo, corresponder aos desejos de um professor. No que diz respeito à prática

desportiva, apenas 14 alunos admitem praticar com regularidade atividade física,

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sendo apenas 6 os alunos federados. Desta forma, percebi que o meu trabalho

com estes alunos iria mais além da educação desportiva escolar e teria que

provocar um incentivo extra para a iniciação da atividade física.

Apesar deste pormenor, todos eles se mostravam recetivos e motivados

nas atividades propostas e, apesar desta relutância, que na minha perspetiva se

fundiam com a falta de autoestima, o potencial de aprendizagem de cada um

indicava um bom caminho na obtenção do sucesso.

“Esta consciencialização sobre si mesmo é um aspeto positivo da turma,

que me poderá permitir conversar e propor desafios onde estes sejam

autónomos e reflitam acerca dos exercícios propostos ao longo das aulas. O seu

comportamento, apesar de alguns elementos terem dificuldades de

concentração, é sempre exemplar e a turma gosta de mostrar o seu valor e aquilo

que de certa forma pretendem atingir.” (Aula 5 e 6, 7 de Outubro)

Contudo, o jogo raramente é estável e a imprevisibilidade do mesmo fez

com que rapidamente se observasse evolução na sua aprendizagem. Por vezes

ganhamos, por vezes perdemos e ao longo deste trajeto, foram mais as vezes

que ganhamos e juntos festejamos a vitória.

A verdade é que em momentos e, fruto da idade, a turma que era perfeita

na sua imperfeição, se descaracterizava, tornando-se difícil aliar um espírito

agradável a tamanha inquietação que os assolava. Não se tratava da turma no

seu geral mas nem sempre a motivação era fator comum, resultando num

ambiente incomodativo.

“Apesar do barulho que se fazia sentir, e da turma se apresentar um pouco

mais irrequieta que na aula anterior, os exercícios foram executados com todo o

empenho dos mesmos.” (Aula 56 e 57, 3 de Fevereiro)

Mas como, depois da tempestade vem a bonança, posso afirmar que

apesar de todos os contratempos, foi com eles que cresci enquanto pessoa e

professora, foi com eles que tomei decisões difíceis, foi com deles que aprendi

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a tolerar, foi com eles que compreendi que o tempo é o nosso melhor aliado, foi

com eles que ganhei motivação para manter, todos os dias, a luta pela afirmação

do Desporto.

“Me movo como educador, porque, primeiro,

me movo como gente.” (Freire, s.d.)

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CAPÍTULO III

REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

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3. A REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO PROFISSIONAL

Todos os dias são dias de aprendizagem.

Todos os dias são dias de ensinamento.

Este ciclo que nos permite a partilha e a busca pelo conhecimento não se

encerra e no nosso trajeto a ignorância é o adjetivo e a virtude que faz os mais

curiosos procurar incessantemente a novidade.

Ao pensar que tudo sabemos avançamos devagar, impedindo que o

nosso foco seja alargado. Ser professor é ter a capacidade de saber que nada

se encerra no seu ensinamento, que com os alunos se aprende e reaprende, se

inventa e reinventa. “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina

ao aprender” (Freire, 1997) numa constante partilha de saberes e experiências

que enriquece os seus intervenientes.

Um dia decidi que queria ajudar a construir futuros, transferir

conhecimentos, criar possibilidades, produzir sonhos. Foi então que comecei a

caminhada pelo meu próprio sonho. Aprendi anatomia, pedagogia, estatística,

fisiologia, biomecânica. Aprendi a correr, a jogar “à bola”, a fazer rolamentos à

frente em vez de “cambalhotas”, a rematar à trave no andebol. Aprendi a estar

atenta, a tirar apontamentos, a observar, a tirar dúvidas. Aprendi a não desistir,

a ter perseverança e confiança. Aprendi a ensinar. Aprendi a ser Professora.

Com toda a vontade, agarrei na confiança e levei-a comigo para todo o

lado. Mudei de lado. Desta vez não me encontrava sentada à espera do

professor, nem ia preparada para atentamente registar todos os pormenores da

matéria. Desta vez era eu que dirigia a aula, que ditava pormenores, que

inspirava os alunos e que os fazia transpirar. Do aprender passei ao ensinar.

Ensinei a respeitar, a ouvir, a intervir, a questionar, a ser curioso, a valorizar.

Ensinei a jogar, a arbitrar, a treinar, a fazer burpees. Ensinei a amizade, o

companheirismo, a entreajuda, a união. Ensinei que aprender é evoluir e

descobrir o conhecimento. Ensinei a aprender.

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Assim, nesta caminhada em busca do meu sonho, influenciei sonhos

alheios. O sonho daqueles que fizeram o meu concretizar-se na dádiva do

ensino, partilhando de seguida, todo o trajeto que culminou no meu sucesso

3.1. ÁREA 1: ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DO ENSINO/

APRENDIZAGEM

“A organização é um meio de multiplicar a força

de um indivíduo.” (Drucker, s.d.)

No linha de partida, o corredor, disposto a vencer, analisa as suas

possibilidades, define estratégias e organiza a sua ação mediante um conjunto

de fatores que perceciona através do meio que o envolve. Nesta primeira fase,

e segundo as Normas Orientadoras do EP, a área 1 “engloba a conceção, o

planeamento, a realização e a avaliação do ensino” (Matos, 2014, p.3). Assim,

tal como qualquer docente, estas tarefas referentes à profissão, têm como

finalidade, “construir uma estratégia de intervenção, orientada por objetivos

pedagógicos, que respeite o conhecimento válido no ensino da Educação Física

e conduza com eficácia pedagógica o processo de educação e formação do

aluno na aula de Educação Física.” (Matos, 2014, p.3).

É nesta fase que o Professor, define as metas que irão orientar a sua

intervenção pedagógica, tendo em conta, os seus intervenientes e o contexto

social, histórico e pedagógico em que se insere. É na procura de um ensino

eficaz e eficiente que, a organização e planeamento das ações futuras, revelam

uma importante ferramenta no processo de ensino-aprendizagem.

3.1.1. Planeamento

“A Educação qualquer que seja ela, é sempre

uma teoria do conhecimento posta em prática”

(Freire, s.d.)

O planeamento é parte integrante da vida de qualquer ser humano e é

importante que este seja realizado com a convicção segura de atingir os

objetivos propostos.

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No que diz respeito à profissão de Professor, o planeamento pretende

especificar os fins, os objetivos, gerais ou específicos, e as metas em termos

educativos. Deste conceito advém um trabalho árduo, onde se executa o

delineamento de estratégias em consonância com os recursos disponíveis.

“O objetivo da planificação de processos de ensino e aprendizagem não

reside exclusivamente no desenvolvimento de meios para a racionalização do

processo de ensino, mas também, em medida crescente, na descoberta de

determinados contextos reguláveis deste processo” (Bento, 2003, p.8). É nesta

dinâmica que são construídas as ferramentas que auxiliam uma prática

ponderada e direcionada, evolutiva e em constante transformação.

Tendo em conta a nossa atuação, podemos definir três níveis de

planeamento no ensino, enfatizadas neste EP, divididas em anual, unidade

didática e aula. Neste sentido, “a definição do essencial e a concentração em

pontos fulcrais são requisitos indispensáveis em todos os níveis de planeamento,

o que exige grandes conhecimentos específicos e competência didático-

metodológica, bem como um grau elevado de consciência de responsabilidade

por parte do professor” (Bento, 2003, p.57).

O Planeamento Anual, mais geral, foca-se no objetivo geral baseado nos

programas nacionais e que permite formular um plano mediante os conteúdos a

concretizar e as pessoas que nele estão envolvidas. “Constitui, pois, um plano

sem pormenores da atuação ao longo do ano, requerendo, no entanto, trabalhos

preparatórios de análise e de balanço, assim como reflexões a longo prazo”

(Bento, 2003, p.60).

“ (…) foi analisado o calendário escolar e iniciou-se a elaboração das

planificações anuais dos vários anos de escolaridade de todo o agrupamento,

dos cursos de ensino regular e profissional (…). Foram também discutidos os

critérios gerais para a elaboração do organigrama com a distribuição dos

espaços de aula e dos balneários (…). (…) Foram ainda elaborados os critérios

de avaliação para todos os níveis de ensino regular e profissional, que serão alvo

de aprovação por parte do conselho pedagógico. (…).” (Ata nº1 Reunião

Departamento, 8 de Setembro)

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Dentro deste sistema de organização, foram decididas, a nível de grupo

disciplinar de EF, as diferentes matérias e conteúdos a abordar, bem como o

roullement das instalações, ficando definido a utilização do mesmo espaço

durante toda a semana, pelo respetivo professor.

A planificação fez com que a análise dos conteúdos propostos, inseridos

no programa nacional para o respetivo ciclo de ensino, fosse importante para a

atuação transversal dos professores. Esta fase de planeamento permite

enquadrar a nossa prática no plano de estudos, fornecendo uma visão geral do

nosso trabalho ao longo do ano, projetando antecipadamente, necessidades e

estratégias de ensino-aprendizagem.

O planeamento mais específico deste processo iniciou-se assim que o

calendário escolar ficou definido e a atribuição de turmas e horários ficou

concluída. Em conjunto com o núcleo de estágio, foram tomadas as decisões

relativas ao Planeamento Anual de cada turma.

“Durante a manhã, o tema centrou-se nos documentos e assuntos

relacionados com as turmas que iríamos ter pela frente este ano. Começamos

por falar sobre o planeamento anual e discutir algumas ideias acerca do número

de aulas, da forma mais económica de organizar este período e principalmente

qual o nosso foco de trabalho” (Reunião Núcleo de Estágio, 1 de Outubro)

Não sendo estanque este planeamento é modificado consoante as

diferentes condicionantes que vão surgindo. É exemplo do número de aulas

distribuído para cada modalidade que ao longo do ano sofreu alterações. Estas

alterações derivam consoante o desempenho dos alunos, com a extensão ou

diminuição de aulas, as condições atmosféricas para as modalidades realizadas

no exterior e mais raramente, devido à não lecionação da aula.

Um dos casos concretos foi a planificação de Atletismo, que ao longo do

período sofreu alterações. Inicialmente, dei pouco ênfase à modalidade e após

a primeira aula, percebi que deveria ser abordada mais intensamente para

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promover uma melhoria na aptidão física da turma. Embora os alunos não

mostrassem agrado pela sua realização, a modalidade foi ainda antecipada para

o início do período, tendo em conta as condições meteorológicas favoráveis.

“Acabei por perceber que poderia colocar mais aulas para a modalidade

de Atletismo e aproveitar o bom tempo mesmo que a aula se realizasse no

pavilhão. Este aumento do número de aulas sobre uma modalidade permite-

nos uma maior plasticidade tanto no ensinamento como na progressão que

os alunos poderão apresentar, sendo por isso uma mais-valia.” (Reunião

Núcleo de Estágio, 1 de Outubro)

Desta forma, a construção do Planeamento Anual revelou-se uma tarefa

enriquecedora e elaborada em confronto com as ideias dos restantes elementos

do núcleo de estágio, tentando estabelecer um consenso entre todos. A partir

desta coerência, foi possível partilhar pontos de vista e ideias para colocar em

prática ao longo do ano letivo.

Uma vez realizado o esboço inicial, era hora de transitar para um plano

mais específico, que nos guiava à intervenção necessária dentro das respetivas

turmas. Esta segunda fase, foi realizada ao longo de todo ano, no início de cada

nova modalidade e, com a intencionalidade de criar uma progressão eficaz das

habilidades.

“É por isso essencial perceber qual o ponto inicial a adoptar (...) ” (Aula de

Voleibol, 7 de Outubro)

Com a avaliação inicial de cada turma, tornou-se necessário a projeção

de uma sequência lógica de atuação. Assim procura-se garantir, sobretudo, “a

sequência lógico-específica e metodológica da matéria, e organizar as atividades

do professor e dos alunos por meio de regulação e orientação da ação

pedagógica, endereçando às diferentes aulas um contributo visível e sensível

para o desenvolvimento dos alunos” (Bento, 2003, p.60).

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“Ainda no seguimento da elaboração de documentos, necessários ao

nosso estágio pedagógico, foi pedido que realizássemos o MEC para as 3

modalidades que serão abordadas este período. Neste MEC, irá constar a

caraterização dos nossos alunos, a análise feita nas diferentes avaliações

diagnósticas e as progressões de ensino, que nos serão pertinentes aquando da

abordagem mais aprofundada de cada tema. Este documento serve de guia e

de base para todo o nosso trabalho este ano letivo, revelando-se extremamente

útil.” (Reunião Núcleo de Estágio, 15 de Outubro)

O Modelo de Estrutura e Conhecimento (MEC), de Vickers, tornou-se

um aliado na concretização desta segunda fase de construção do processo de

ensino-aprendizagem, assumindo-se como um guia, principalmente no que diz

respeito à construção da Unidade Didática (UD).

“As Unidades Didáticas constituem unidades fundamentais e integrais do

processo pedagógico e apresentam aos professores e alunos etapas claras e

bem distintas de ensino e de aprendizagem” (Bento, 2003, p.75). Com este

planeamento, pretende-se a criação de um roteiro, orientado para os objetivos,

gerais e específicos, de cada modalidade.

“Tendo em conta todo o enquadramento realizado na aula anterior,

adaptei e planeei a aula para que estes conseguissem consciencializar os

primeiros movimentos e estruturas do 2x2.” (Aula de Voleibol, 10 de Outubro)

Na sua construção, é necessário que o professor tenha em atenção um

conjunto de aspetos que deverão ir ao encontro do envolvimento escolar, dos

alunos e dos meios que tem ao seu dispor. É portanto, um momento de reflexão

e de escolha, onde a concentração no essencial e a orientação do processo de

ensino e aprendizagem têm de ser a base do seu planeamento.

Através desta planificação, conseguimos alcançar o último patamar, o

Plano de Aula. É neste ponto que confirmamos ou procedemos à alteração de

algumas das ideias estruturadas inicialmente.

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A aula e a sua preparação são o cerne do processo de

ensino/aprendizagem acarretando nela um sentido pedagógico fundamental

para o sucesso dos alunos. O professor, como ator principal, organiza uma

multitude de tarefas e ações que irão interagir de acordo ao que, previamente,

foi projetado pelo mesmo.

“No que diz respeito ao planeamento da aula, supõe ainda que os alunos

atinjam um nível de empenhamento motor elevado, em todo o decorrer da aula.”

(Reunião Núcleo de Estágio, 5 de Novembro)

Nesta fase, o professor começa a detetar dificuldades devido aos mais

variados motivos, quer em termos espaciais, quer materiais ou até mesmo no

que diz respeito aos alunos. “A aula é realmente o verdadeiro ponto de

convergência do pensamento e da ação do professor” (Bento, 2003, p.101).

Na minha intervenção, procurei cumprir os objetivos traçados no plano de

aula contudo, algumas vezes, tornava-se difícil devido às caraterísticas da turma.

Aliado ao comportamento, a turma apresentava debilidades nos conhecimentos

gerais das modalidades, dispensando algum tempo de aula na explicação de

aspetos essenciais.

“Estes têm muitas dificuldades em manter-se sossegados e atentos, e por

isso, a melhor opção foi a de atribuir um castigo físico, para que estes se

consciencializem do seu comportamento.“ (Aula de Voleibol, 4 de Novembro)

Como a rotação dos espaços era realizada semanalmente, o plano sofria

alterações caso a aula se realizasse no exterior e o clima não permitisse a sua

realização nesse local. Em alguns casos a aula era transferida para um dos

espaços livres e quando assim se procedia, a adaptação e a imprevisibilidade

teriam que resultar numa aula onde o empenhamento motor fosse notório.

Aproveitando alguns exercícios poderíamos manter os objetivos

planeados mas, devido ao contexto espacial, algumas atividades viam a sua

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exercitação impossibilitada, requerendo por parte do professor uma preparação

e conhecimento da modalidade para que se mantivesse o propósito da aula.

“De forma a consolidar as abordagens anteriores os conteúdos foram

idênticos e tendo o mesmo objetivo, o de desenvolver tanto as intenções táticas,

como as intenções técnicas. Tive de proceder a algumas alterações visto que a

aula estava preparada para o espaço exterior.” (Aula de Basquetebol, 13 de

Fevereiro)

“Este primeiro contacto com a lecionação de aulas é também uma

novidade e por isso, necessitamos de debater e perspetivar soluções para que

tudo corra pelo melhor, sendo uma excelente ajuda, o diálogo acerca da

planificação da aula e da projeção de tarefas a realizar.” (Reunião Núcleo de

Estágio, 1 de Outubro)

De facto, o diálogo e a transmissão de vivências, nomeadamente de

professores mais experientes, torna-se uma partilha bastante enriquecedora

promovendo assim uma orientação guiada que nos fornece ferramentas

importantes para a realização prática.

Interessa apontar que a criação de objetivos gerais e específicos, parte

do trabalho e da observação feita pelo professor, ou seja, o conhecimento da

matéria-prima, utilizando as melhores estratégias de forma a cumprir todo o

processo de ensino-aprendizagem subjacente às planificações referidas.

“A aula não é somente a unidade organizativa

essencial, mas sobretudo a unidade pedagógica do

processo de ensino” (Bento, 2003, p.101)

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3.1.2. Realização

3.1.2.1. O início atribulado

“É necessário ter o caos cá dentro para

gerar uma estrela.” (Nietzsche, s.d.)

Imaginamos um caminho, criamos planos, formulamos hipóteses e

tentamos encontrar soluções para os possíveis problemas que poderão surgir no

caminho. Contudo, nem sempre os inícios são calmos e confortáveis e, por

vezes, somos confrontados com inconvenientes nos quais o plano B não

encaixa.

Fazemos uma paragem... Somos obrigados a reajustar a bússola. Mas

por vezes, basta um passo ao lado para que o caminho comece a ser traçado

sem o perigo de nos perdermos.

O início de estágio ficou marcado pela repentina doença do PC, que teria

de se ausentar durante um mês. Desde cedo nos interrogamos o que faríamos

caso o seu estado não melhorasse e o prolongamento da sua baixa fosse

realmente necessário, tendo surgido uma luz ao fundo do túnel.

A professora Manuela Brochado, docente da instituição e vários anos

responsável pela orientação de estudantes-estagiários, mostrou-se prontamente

disponível a guiar-nos durante a ausência do PC.

“Assim, podemos conhecer e presenciar o trabalho de um professor, quer

na sua forma de lecionar, quer enquanto diretor de turma, conhecendo

estratégias, funções e encargos.” (Reunião Professora Manuela Brochado, 16

de Setembro)

Assim, começou a viagem que nos levaria ao encontro da nossa paixão.

A primeira aula realizou-se dia 18 de Setembro e com alguma apreensão

observamos a sua aula. Com receio e curiosidade começamos este ano letivo

de forma distinta à expetativa criada inicialmente.

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32

“A professora já apresenta uma forma de lecionar as aulas dinâmica e

muito interativa devido aos anos de experiência acumulados, o que nos transmite

bastante informação oportuna para utilizarmos em aulas futuras.” (Aula de

Observação nº 1, 18 de Setembro)

Foi com grande agrado que nesta primeira aula, senti uma enorme paixão

pela profissão escolhida não só, pela forma como a aula foi decorrendo, mas

também pelo clima, atitude e interação que se foi criando entre todos os

intervenientes. É realmente gratificante perceber que existem profissionais que

elevam nas suas aulas, as qualidades do Desporto numa busca guiada e

motivante.

A experiência profissional que a docente apresenta foi, igualmente, uma

mais-valia neste processo de ensino. Ao longo do percurso em que a

acompanhei fui assimilando conteúdos importantes e valiosos do ponto de

profissional quer pessoal. As estratégias, organizações e métodos observados e

aplicados foram mais-valias para o passo seguinte, a lecionação da minha

própria turma.

“Com esta aula, consegui perceber bastantes aspetos acerca da interação

e primeira abordagem aos alunos, bem como, aspetos essenciais da estrutura

de aula, que podem ser benéficos para posterior aplicação e, essencialmente,

que devem ser planeados para que se perca o mínimo de tempo em espera ou

em instrução e se aproveite a aula de forma global.” (Aula de Observação nº1,

18 de Setembro)

Foi então decidido que das quatro turmas que a professora tinha, uma

delas seria partilhada e a outra seria da nossa inteira responsabilidade. Assim,

a meu encargo ficou uma turma de Línguas e Humanidades, do 12º ano. Esta

turma apresentava alguns problemas de comportamento contudo torna-se mais

motivante superar estes desafios através da nossa conduta enquanto

professores. Assim encarei com confiança a minha primeira aula e o olhar

enigmático dos alunos.

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33

“Tentei assim, adaptar todas as sugestões à minha aula e assim consegui

controlar os alunos de forma eficaz. Ainda assim, confrontei-me com alguns

alunos distraídos e desmotivados, aumentando a exigência e a atenção para

esses casos específicos. No final em conversa com a professora, percebi que

estes alunos tinham sido uma turma problemática no ano anterior, com algumas

dificuldades e alguns elementos precisavam de maior atenção.” (Aula

Basquetebol, 18 de Setembro)

Confesso ter sido difícil o primeiro confronto com a realidade, quer pelo

nervosismo, quer pela turma que se encontrava pela frente. Foi com convicção

que, mesmo receosa, me mostrei confiante e no comando, passando para os

alunos a sensação de tranquilidade. A verdade é que todos reagiram muito bem

aos exercícios propostos, participando e empenhando-se na sua realização.

Acabei a aula com satisfação redobrada, com a certeza de gostar de

ensinar, com a vontade de continuar a descobrir o que melhorar, com a garra de

crescer com e para estes alunos. Neste sentido, não há nada melhor do que

termos a certeza absoluta que escolhemos a profissão que amamos,

transmitindo conhecimento, guiando jovens pelo caminho certo, construindo

adultos competentes e fortes.

Com esta primeira experiência, ainda que temporária, fui capaz de captar

e assimilar conteúdos de grande importância para a minha prática pedagógica.

Este primeiro contacto com a realidade foi vantajoso na preparação do restante

ano letivo e na turma atribuída. Posso comparar esta fase a uma pequena

preparação onde assimilei algumas técnicas e metodologias para conseguir

servir os propósitos que seguidamente iriam surgir.

Claro está que esta jornada ainda mal começara.

3.1.2.2. Motivação nas diferentes modalidades

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34

“A diferença entre o impossível e o

possível reside na determinação de um

homem.” (Lassorda, s.d.)

A motivação que canalizamos para a nossa vida pressupõe um

comportamento voltado para o esforço, trabalho e superação o que nem sempre,

vai ao encontro da energia dirigida na obtenção dessa mesma motivação.

O termo motivação refere-se a diversos fatores e processos que as

pessoas realizam ao saírem de uma perspectiva para outra, em determinadas

situações. “Implica mostrar diversas razões para escolher algo ou executar

algumas tarefas com empenho ou realizar uma atividade num longo período de

tempo” (Peres e Marcinkowski, 2012, p.28).

Em Educação Física, por vezes, a direção e a intensidade que os nossos

alunos colocam nas tarefas não fluem ao encontro do objetivo desejado pelo

professor. Vários autores afirmam que “o conhecimento dos problemas que

envolvem a motivação são importantes para o professor que atua na Educação

Física Escolar, pois ele trabalha com alunos que são obrigados a participar das

aulas.” (Peres e Marcinkowski, 2012, p.28).

Esta é a nossa pior realidade. A certeza que, nos dias de hoje, os alunos

não entendem a Educação Física como uma disciplina benéfica, enriquecedora

e positiva mas sim, como uma atividade de lazer com o objetivo de os abstrair

das restantes disciplinas.

Não encontram na Educação Física os valores que esta transmite.

Não encontram na Educação Física a multiplicidade de benefícios

inerentes à mesma.

Não encontram na Educação Física o prazer da cultura do corpo.

Não encontram na Educação Física o gosto pela exercitação.

“Na última aula, e devido à falta de motivação apresentada pelos alunos,

relativamente à modalidade de Atletismo, comecei a aula com um diálogo onde

os alertei para a importância de ser esforçado e de manter uma postura mais

empenhada.“ (Aula de Atletismo, 24 de Outubro).

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35

A utilização de estratégia direcionadas para os alunos, foi uma mais valia

no cumprimento dos objetivos propostos. Inverter as soluções e ser capaz de

observar o outro lado promove a satisfação pessoal dos próprios intervenientes,

que ao sentirem-se eficientes e capazes, pretendem atingir resultados

diferentes.

A motivação, como nos refere Magil (1984) cit. por Lima (2013) refere-se

à causa de um comportamento. Esse comportamento está associado a impulsos,

intenções, a forças interiores sendo que para conseguirmos perceber e incutir a

motivação nos nossos alunos precisamos, sobretudo, de entender os motivos

dos seus comportamentos.

Aliado a esta estratégia, o diálogo é capaz de proporcionar às pessoas,

novos campos de ação transformadores do contexto onde estejam inseridos “e,

porque é capaz de perceber-se enquanto se percebe a realidade que lhe parecia

inexorável, também é capaz de objetivá-la” (Freire, 1996, p.75).

No meu ponto de vista, aliar o diálogo às motivações dos intervenientes

parece ser o caminho correto para alcançar os objetivos que propomos em cada

aula.

Quando falamos da aprendizagem é necessário ter em conta os diversos

fatores que nela interferem. É provável que, o mesmo aluno, seja o mais

motivado no que toca ao basquetebol, apresentando capacidades psico-motoras

elevadas para a modalidade, e o mais desmotivado no que toca à modalidade

de ginástica, onde se sente inseguro.

“No final da aula, e como esta teve alguns problemas na execução dos

exercícios, pela falta de motivação dos alunos, conversei acerca deste aspeto.

Tive sobretudo, especial atenção, em referir que todos somos capazes de

alcançar aquilo a que nos propomos mas que, para isso, o trabalho tem que ser

contínuo e o respeito pelo professor e pelos colegas tem que ser um valor

máximo a atingir.” (Aula de Atletismo, 21 de Outubro)

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36

“O processo de ensino e aprendizagem em Educação Física não se limita

somente em exercícios, habilidades e destrezas, mas em capacitar o aluno a

refletir sobre as possibilidades corporais e exercê-las de maneira adequada”

(Brasil, 1997 cit. por Lima, 2013, p.4). Na Educação Física encontramos esta

bipolaridade que tem que ser analisada e permitindo que o professor em conjunto

com o aluno, que deverá participar ativamente na aprendizagem, encontrem um

caminho comum para o sucesso da modalidade.

Gouveia (2007), citado por Araújo, Mesquita, Araújo e Bastos (2008),

aponta a motivação como principal fator influenciador no comportamento de uma

pessoa, no processo ensino-aprendizagem, afirmando que “a motivação, influi,

com muita propriedade, em todos os tipos de comportamentos, permitindo um

maior envolvimento ou uma simples participação em atividades que se

relacionem com aprendizagem, desempenho e atenção.”

“É através do papel ativo do professor, que os alunos podem ter acesso a

esta diversidade de habilidades e capacidades motoras, essenciais ao reportório

motor. E, o fato de mostrarmos com convicção os nossos ideais perante a turma,

permite que esta siga a nossa visão e se mostre apta a colaborar, no sentido de

atingir objetivos. Cabe ao professor, não permitir o desinteresse e o

desfasamento da tarefa, por parte dos alunos, promovendo situações criativas,

que não sejam estanques, onde os alunos se encontrem em atividade motora

constante, mas que esta não seja repetitiva.” (Aula de Ginástica, 28 de Outubro)

Através das estratégias e das metodologias impostas nas aulas, pretendi

aumentar a motivação dos alunos e com isto, promover uma participação ativa

e empenhada dos mesmos, obtendo resultados positivos e direcionados ao

sucesso de cada um.

“Se quer ser bem-sucedido precisa de

se dedicar totalmente, até ao limite e dar

o melhor” (Sena, s.d.)

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37

3.1.2.3. Dois em um: Voleibol, MED e TGfU

O desporto apresenta-se como um meio e não como um fim. Um meio de

alcançarmos o sucesso, a inclusão, o entusiasmo e a literacia e para que

possamos alcançar as metas propostas devemos selecionar o melhor

modelo de abordagem.

Não existem receitas perfeitas e todos os métodos e estratégias utilizadas

variam consoante a especificidade de cada um. Contudo, um dos modelos

que mais adeptos têm ganho no meio da Educação Física é o Modelo de

Educação Desportiva (MED), criado por Siedentop.

“O MED é um modelo de currículo e instrução, projetado para fornecer

experiências desportivas autênticas e educacionalmente ricas quer para

raparigas como para rapazes, no contexto da Educação Física escolar”

(Siedentop, 2002, p.409).

Este modelo apresenta uma complexidade de tarefas que vai desde a

formação de equipas, onde o trabalho em equipa compreende que todos se

ajudem mutuamente, competição, de forma a aumentar a motivação

demonstrando o resultado do trabalho de cada equipa e a festividade, típica

do desporto e do clima de competição, fazendo com que o entusiasmo

preencha a atmosfera desportiva.

“Na aula anterior, a turma formou equipas, de forma a organizar todos os

exercícios e a dinâmica da aula em torno dessa mesma organização. Tendo

em conta este aspeto, toda a aula foi planeada em função das 4 equipas.

Esta organização permite que os alunos se relacionem entre si e adquiram

responsabilidades de entreajuda e espírito de equipa no seio da aula,

permitindo uma utilização racional do espaço e a execução das atividades

mais eficaz.” (Aula de Voleibol, 31 de Outubro)

Neste sentido, pretendi que os alunos assumissem alguma

responsabilidade perante a modalidade abordada, utilizando alguns

princípios do MED, nomeadamente a competição e a formação de equipas

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38

cooperativas, de forma a atingir um objetivo comum: a capacidade de

autonomia, entreajuda e trabalho.

“Como a modalidade era o Voleibol, e os alunos se mostraram bastante

interessados pelo desporto, a aula decorreu sem qualquer problema. A

organização adotada, resultou integralmente e mostrou-se benéfica do ponto

de vista do rendimento da turma. Durante toda a aula, a turma mostrou-se

motivada e com um grande desejo de superar os desafios que lhes eram

exigidos. Mesmo os alunos com mais dificuldades, exercitavam as

habilidades de forma continua e empenhada e eram ainda ajudados pelos

colegas.” (Aula de Voleibol, 31 de Outubro)

O meu objetivo focou-se então em promover a harmonia entre a inclusão

e a competição, onde o sucesso desportivo se mostre abrangente e plural,

mediante os diferentes níveis e contextos apresentados. O desporto é a

ferramenta de inserção social mais eficaz, pois o resultado é imediato e as

transformações são surpreendentes (Flores, s.d.). Estas transformações

devem dar-se ao nível cognitivo, socio-afetivo e psicomotor, englobando

todas as competências que a Educação Física propõe nos seus objetivos.

Mais uma vez, o MED ressalta qualidades essenciais e importantes que

todos os professores de Educação Física pretende ver adquiridas pelos seus

alunos. Alheio a estes valores, demonstra como é estruturado uma época

desportiva e todas as competências necessárias quer a treinadores como

aos próprios jogadores, bem como ao meio envolvente (estatísticos,

dirigentes e árbitros).

“Os objetivos do MED baseiam-se então em ajudar os alunos a tornarem-

se competentes, literados e desportistas entusiasmados. Quero dizer

competente no sentido de que eles são jogadores com conhecimento. Quero

dizer literados no sentido de que eles entendem e valorizam o desporto e

pode distinguir entre boas e más práticas desportivas. Quero dizer

entusiástico no sentido de que eles participem e se comportem de forma a

preservar, proteger e valorizar a cultura desportiva” (Siedentop, 2002, p.411).

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39

“Nestes duas últimas aulas, em que a abordagem aos exercícios se tem

realizado em contexto de competição e de equipa, englobando aspetos

essenciais do Desporto, como o fairplay, o espírito de equipa, a entreajuda e

o entusiasmo, tem mostrado que os alunos se sentem mais motivados e

recetivos às diferentes atividades da aula.” (Aula Voleibol, 4 de Novembro)

Nesta experiência, apesar de não ter atingido a dinâmica e a estruturação

típica do MED, os pormenores retirados deste modelo fizeram-me perceber

que as vantagens são realmente notórias. Indo mais além, os resultados, e

agora comparando com as restantes turmas, destacaram-se, quer no nível

técnico que estes adquiriram ao longo do período, quer a nível social, que se

fazia sentir em todas as aulas, aumentando gradualmente o gosto e a

motivação.

Creio ainda que, os resultados foram satisfatórios devido à conquista de

pequenos objetivos e de não ter levado o modelo ao seu extremo, adaptando

as tarefas, as estratégias e as diferentes aulas aos alunos que se

encontravam pela frente, tendo em conta a sua individualidade.

“O trabalho contínuo apresentado nas aulas de Voleibol, começa a dar

frutos, mostrando a evolução, de todos os alunos, na direção de um jogo

consciente e organizado, primando pela intencionalidade e eficiência. Alguns

pormenores técnicos têm que continuar a ser trabalhados para que se limem

algumas arestas no que diz respeito às componentes críticas de cada uma

das habilidades do Voleibol.” (Aula de Voleibol, 4 de Novembro)

Alheio ao MED e toda a sua particularidade, incluí nas minhas aulas outro

modelo que complementou todo o trabalho desenvolvido na modalidade. O

Teaching Games for Understanding, baseia-se na compreensão tática do

jogo, confrontando cada aluno com um problema de forma a promover o

entendimento das situações aplicadas em jogo. Se os alunos não

conseguirem adquirir as habilidades necessárias, o avanço do nível de

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exigência, não irá corresponder às necessidades dos alunos, provocando

uma estagnação e não havendo evolução para a etapa seguinte.

“A convicção de que a maior parte da satisfação envolvendo o jogo está

na tomada de decisão correta, na luz da táctica que levou, ao entendimento

da abordagem do jogo. Esta abordagem assume como ponto de vista que os

jogos são sobre a táctica e as regras devem ser modificados para assegurar

que todas as crianças obtenham conhecimentos dentro do jogo que elas

jogam” (Soares, 2011, p.6)

Este é um princípio básico que pretendi incluir nas aulas, não só de

Voleibol, como de todos os desportos desportivos coletivos. A máxima

apresentada dirige o seu enfoque ao entendimento do jogo e das habilidades

para que, ao longo da prática, os alunos sejam mais conscientes nas suas

ações. Elevamos a racionalidade e a compreensão que em conjunto com as

ferramentas corretas, concretizam os objetivos do jogo.

A utilização do jogo em todas as aulas foi a estratégia principal,

conjuntamente com formas de jogo reduzidas e modificadas nas suas regras,

dimensões e particularidades, focando no conteúdo técnico e tático a

abordar.

“No primeiro exercício da parte fundamental, o tempo despendido foi

maior, devido ao fato dos alunos o estarem a realizar bem e mais importante,

para estes consciencializarem a reorientação de apoios após receção e na

distribuição, tendo transferência para o exercício seguinte, onde o objetivo

era o desenvolvimento da estrutura 2:0, do 2x2. Neste segundo exercício,

devido à exercitação anterior e à interiorização dos aspetos essenciais

realizados anteriormente, funcionou com toda a clareza, facilitando o jogo

final que foi executado com muito mais fluidez e controlo que na aula

anterior.” (Aula Voleibol, 10 de Outubro)

Utilizando sempre a mesma estrutura promovi a criação de rotinas que

auxiliaram na gestão do tempo, que foi aproveitado na execução das tarefas

motoras. Consequentemente, as melhorias técnicas e a percepção dos

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próprios erros promoveram a procura de soluções, criando um clima propício

à aprendizagem autónoma, entre os membros das diferentes equipas.

O facto de a turma ser bastante curiosa e ativa aliou-se à sua vontade de

aprender, questionando-se frequentemente sobre a melhor forma de

executar cada habilidade em contexto de jogo, procurando aplicar os gestos

aprendidos, aperfeiçoando e consciencializando plenamente cada erro

cometido.

Permitiu-me portanto, “dispor jogos e formas do jogo pertencentes a um

mesmo tipo de jogo numa ordenação de complexidade crescente de modo a

facilitar o desenvolvimento da aprendizagem pela acentuação e tomada de

consciência dos princípios de jogo comum, facultando deste modo a

transferência das estratégias de leitura das situações de jogo e de busca de

soluções para problemas com similaridade estrutural” (Graça e Mesquita,

2007, p.402)

Através da observação e da avaliação inicial e final, constatei que o TgfU

cumpriu os objetivos elaborados no início da Unidade. É de ressaltar que a

turma, apesar de se situar no 10º ano da escolaridade, não ultrapassou a

barreira do 2x2. Este problema tinha como raiz a má preparação e falta de

conceitos técnicos e táticos adquiridos em anos anteriores, o que resultou na

debilidade da turma perante alguns aspetos essenciais á modalidade de

Voleibol.

Tendo em conta a sua evolução dentro da forma de jogo considerada, a

evolução foi notória e a aquisição de conceitos acerca da modalidade foi

satisfatória. Os próprios alunos sentiram as dificuldades e superaram cada

uma delas através das modificações executadas em cada aula, que

proporcionaram bastante diálogo ao longo da Unidade Didática, construindo-

se um ambiente de discussão e de partilha, facilitando todo o processo de

ensino/aprendizagem.

A satisfação sentida em cada conquista, fornece ao professor o

sentimento de dever cumprido, projetando novos desafios e tornando o

nosso trabalho compensador e desafiante, procurando cada dia sermos

melhores em conjunto com aqueles que guiamos.

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“Quando o Homem compreende a sua

realidade, pode levantar hipóteses sobre o

desafio dessa realidade e procurar soluções.

Assim, pode transformá-la e o seu trabalho

pode criar um mundo próprio. Eu e as suas

circunstâncias” (Freire, s.d.)

3.1.2.4. A Educação Física como meio de superação

“Nossa maior fraqueza está em desistir. O

caminho mais certo de vencer é tentar mais

uma vez.” (Edisson, s.d.)

Caminhamos por trilhas incógnitas desconhecendo o seu final. Pelo

caminho encontramos dificuldades. Dias de chuva, dias de sol, colinas inclinadas

e descidas acentuadas, direções duvidosas e trajetos errados.

Contudo, nunca deixamos de caminhar porque temos a consciência que

seria o nosso fim. É essa consciência, ou até talvez teimosia, que nos permite

evoluir e através das dificuldades que encontramos no nosso caminho, perceber

que há sempre uma surpresa no final.

São essas surpresas derivadas da nossa força que devemos lembrar

sendo a prova viva da nossa capacidade e a alavanca que nos empurra diante

de qualquer obstáculo.

Podemos então afirmar que nos encontramos em constante busca do pelo

caminho perfeito, ou melhor, continuamos constantemente em busca da

superação para nos tornarmos no nosso melhor. Não nos atrevemos então a

negar que esta busca incessante pelo final apela ao desporto uma participação

ativa.

No desporto encontramos numerosas vantagens. “A trilogia olímpica é um

apelo à transcendência humana. As palavras citius, altius, fortius, correntemente

traduzidas por mais rápido, mais alto, mais forte, nada mais são do que um apelo

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à busca de algo que está para além de nós próprios. É um chamamento eterno

do homem ao infinito, um convite para que cada um tente ser melhor em cada

dia que passa. O desporto, visto deste lema olímpico, é uma constante procura

da excelência humana” (Garcia, 2011, p.30)

“O maior destaque deste dia, foi a superação do medo por parte de duas

alunas. Estas alunas, inicalmente, recusavam-se a fazer qualquer tipo de

habilidade, principalmente quando o exercício se direcionava para os rolamentos

à frente. Contudo, no decorrer das aulas, com ajuda e motivação dos colegas

em conjunto com a confiança que sentiram da minha parte, começaram a

executar, ainda que de forma rudimentar, estas habilidades, havendo uma

evolução notória de aula para aula.” (Aula Ginástica, 21 de Novembro)

“A paciência e a perseverança têm o efeito mágico de fazer as dificuldades

desaparecerem e os obstáculos sumirem” (Adams, s.d.) e é a partir destas

caraterísticas, enfatizadas em todos os desafios, que se vai construindo uma

aprendizagem em direção ao sucesso. Como afirmam Silva e Rubio (2003), é

possível dizer que a superação se traduz na manutenção do desejo, na

esperança de sua realização e na ação para a sua viabilização e é esse conjunto

de atitudes que levará o atleta a superar-se. Quando se trata dos nossos alunos,

o objetivo destaca-se pela obtenção do sucesso desportivo nas aulas e da sua

evolução qualitativa em relação à modalidade, mantendo contudo o carater

lutador e o conjunto de valores e atitudes que o Desporto pretende alcançar.

Mas, para além do trabalho de incentivo e auxílio do professor, parte da

vontade do aluno lutar pelas suas conquistas. Promove-se assim um trabalho

conjunto que não terá sucesso se a força de vontade de um dos intervenientes,

for escassa.

Assim, cabe ao professor criar um ambiente propício à aprendizagem,

através de estratégias facilitadores e com um nível crescente na sua dificuldade,

construindo a autonomia e principalmente a autoestima do aluno. Contudo, cabe

ao aluno enfrentar as atividades com confiança e vontade, aceitando que o erro

faz parte da aprendizagem pois “o homem é um ser que não nasce completo”

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(Garcia, 2011, p.30) e que se vai construindo ao longo do seu percurso, através

do treino, do esforço e da esperança.

“Nesta última aula, antes da avaliação, alguns alunos superaram as suas

dificuldades, tendo duas das alunas realizado o rolamento engrupado à frente

pela primeira vez sozinhas sem qualquer tipo de ajuda. Este tipo de situações é

um desafio enorme e uma conquista ainda maior, quer para o próprio aluno, quer

para o professor.” (Aula de Ginástica, 21 de Novembro)

É de evidenciar que, os exemplos referidos, não executavam qualquer tipo

de habilidade gímnica, devido ao medo excessivo que apresentavam. Uma das

alunas inclusive, apresentava uma enorme aversão a qualquer habilidade que

implicasse sair da sua zona de conforto, notando-se o nervosismo e os tremores

aquando da insistência para a sua realização.

Ao longo desta jornada, sem excluir os restantes alunos, a estratégia

utilizada passou por diminuir a dificuldade técnica, utilizando planos inclinados,

exercícios de iniciação, de autoconfiança e percepção corporal. Ainda de forma

a incluir todos os alunos e promover o espírito de ajuda e companheirismo, pedi

aos alunos com melhor domínio da modalidade, auxílio nas respetivas tarefas.

“Outro dos aspetos a ressaltar nesta aula é, sem dúvida, a cooperação

entre alunos que se fez sentir, ao longo, quer da exercitação, quer do tempo livre

para construção do esquema gímnico. Durante o decorrer do tempo, fui notando

que os alunos se ajudavam mutuamente, elevando o espírito de grupo e de

entreajuda, que desde o início tenho vindo a incutir. Esta coesão sentida perante

todos os elementos deve-se não só ao clima de amizade que estes apresentam

mas também à responsabilidade por eles ganha ao longo do período,

percebendo que a sua aprendizagem é uma busca guiada para alcançar o

sucesso final.” (Aula Ginástica, 21 de Novembro)

O espírito da turma promoveu um clima de aprendizagem autêntico e

autónomo, onde todos contribuíam para um ensino qualitativo e quantitativo. É

esta busca pelo bem comum e pelo desejo de integração e aceitação de todos

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que surge esta cooperação, onde os valores psicossociais inferem nos alunos

uma mais valia para o ambiente da aula e para o empenhamento geral.

Em conclusão, importa evidenciar que a vitória alcançada por cada um

dos nossos alunos se deve sobretudo, à vontade intrínseca aliada a uma

variedade de fatores como o trabalho e o compromisso de cada um. Nós,

professores, somos intermediários ativos na ajuda desta conquista diária.

“O desporto é o paradigma da verdade, da

ética. O desporto é uma forma do homem

procurar os seus limites com a consciência que

a cada passo que vier a dar, outro se seguirá

até que um dia se extinga, pelo que os grandes

valores do desporto persistirão até ao fim dos

tempos” (Garcia, 2011, p.30)

3.1.2.5. A utilização dos meios audiovisuais

“Ensinar não é transmitir conhecimento, mas

criar as possibilidades para a sua própria

produção ou construção” (Freire, 1996, p.47)

Segundo Greco (1999) cit. por Morales e Greco (2007), a cognição é

constituída por um conjunto de processos psicológicos (percepção, atenção,

antecipação e tomada de decisão, entre outros) que condicionam a aquisição e

o desenvolvimento do conhecimento técnico - tático, tanto declarativo quanto

processual.

Para promover uma maior aprendizagem, e facilitando a percepção das

figuras e habilidades exigidas, principalmente em modalidades que exigem um

nível de exigência mais elevado por parte dos alunos, é importante a utilização

dos meios audiovisuais.

Através de imagem ou vídeo, conseguimos transmitir ao aluno a totalidade

da informação que por vezes não é suficiente quando demonstrada pelo próprio

professor.

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Como sabemos, mais do que a instrução, no processo de

ensino/aprendizagem há a necessidade de observação e aplicação prática,

promovendo a assimilação de conteúdos. Contudo, quando a informação é

fornecida visualmente, haverá mais probabilidade de ser lembrada futuramente.

Não alheio a este aspeto, vivemos na era da tecnologia e nada melhor

que usá-la em favor das aulas de Educação Física, facilitando quer a construção

do conhecimento, quer a qualidade dos movimentos através da visualização de

imagens.

A imagem desempenha um papel importante permitindo que os alunos

criem referências e esquemas corporais através da captação de determinados

pormenores. É através desta experiência visual que armazenamos informação

sobre determinados aspetos que, no futuro, serão relembrados mais facilmente.

“Ainda nesta aula, foram exibidas as imagens das figuras a realizar,

projetadas na parede, auxiliando assim no controlo quer da turma, quer das

exigências técnicas requeridas para cada uma dos elementos. Desta forma,

consegui fornecer feedbacks direcionados para cada ponto crítico e ajudar os

grupos de forma mais eficaz, pois todos se encontravam no mesmo patamar.”

(Reflexão da Aula, 3 de Fevereiro)

Como nos afirma Hazen et al. (1990) cit. por Selas (2013) a utilização de

meios audiovisuais pode ser uma boa estratégia, que surge com o intuito de

aumentar a qualidade de interpretação técnica das habilidades motoras. Com

isto, permitimos ao aluno alargar o seu reportório motor e sensorial aumentando

o seu leque de experiências e fornecendo qualidade às habilidades executadas,

aliando tudo isto à interpretação prática eficaz do que é pretendido.

Preparar mentalmente é uma ferramenta que nos permite alcançar o

sucesso desejado com alguma facilidade. Assim, “o recurso ao visionamento de

vídeos emerge como um importante auxiliar em contexto de treino e competição,

permitindo a formação de imagens mentais (e.g., imagética) dos atletas sobre os

aspectos fundamentais da tarefa, os objectivos e o ambiente onde esta se

desenrola” (Cruz et al., 1997).

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Transpondo isto para a realidade escolar, obtemos os mesmos efeitos e

vantagens, permitindo que o professor garanta a autonomia de cada aluno

dinamizando a descoberta guiada e a observação que tanto se procura na

educação dos dias de hoje.

3.1.2.6. A filosofia do Karaté

“Na verdade, a essência da arte foi resumida

nestas palavras: O karatê começa e termina

com cortesia” (Funakoshi, s.d.)

“Durante a infância e a adolescência, a educação física nas escolas

proporciona uma excelente oportunidade para aprender e para colocar em

prática competências que irão provavelmente favorecer uma boa condição física

e saúde ao longo de toda a vida. (...) Contudo, a educação física não se limita à

formação das aptidões físicas do indivíduo e transcende a dimensão puramente

recreativa. A participação em variadas atividades físicas comporta um

conhecimento e uma perceção centrados em princípios e conceitos como ‘regras

de jogo’, competição leal (fair play) e respeito, consciência tática e física, bem

como uma consciência social, associada à interação pessoal e esforço de equipa

em inúmeros desportos” (Comissão Europeia, 2013).

Vendo a Educação Física como disciplina eclética, com aspetos positivos

ao nível da saúde e bem-estar e que contribui para o desenvolvimento

psicossocial, tentei repassar esta premissa na minha prática pedagógica.

Ao longo do ano, diversas atividades foram realizadas tendo em conta a

multiplicidade de áreas que o Desporto nos apresenta, tentando contribuir para

uma formação integral do corpo e mente. Assim, utilizando as capacidades dos

alunos que constituíam a turma, utilizei situações em que os próprios alunos

lecionavam a aula.

Apostando em áreas diferentes, que proporcionassem aos alunos

múltiplas experiências dentro da aula de Educação Física, a oportunidade de

demonstrar a filosofia do Karaté surgiu com o conhecimento de que uma das

alunas era praticante da atividade.

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48

A proposta surgiu no seguimento de uma atividade realizada, na mesma

altura, por um dos estagiários do núcleo, englobando o tema das artes marciais.

A aluna, já com alguns anos de prática, aceitou desde cedo o desafio e mostrou-

se entusiasmada em demonstrar aos seus colegas a modalidade na qual se

destacava e que, infelizmente, não faz parte do currículo escolar.

Após uma conversa com a aluna, pedi que explicasse as linhas

orientadores do Karaté, a sua essência e algumas das regras que sustentam as

competições. Ficou também acordado que faria alguns exercícios e explicaria

parte da técnica aprendida durante os anos que se encontra inserida na arte

marcial.

É importante referir que o Karaté é uma modalidade onde o respeito e a

conduta moral têm um sentido muito importante, pautando-se pela meditação

inicial, como meio de reflexão para os ensinamentos, compromisso e trabalho,

dentro e fora do local de treino.

Em conjunto com a aluna, pretendi que os valores subjacentes ao Karaté

estivessem presentes ao longo da aula, frisando sempre o respeito e o

compromisso como valores que todos nós devemos assumir na nossa vida

diária. Apesar de se encontrarem reticentes e um pouco barulhentos devido à

colega lecionar a aula, rapidamente o grupo entendeu a dinâmica e participou

ativamente, colaborando para o bom ambiente.

Observando a aluna, e fazendo um paralelismo com a modalidade que

pratica posso afirmar, baseando-me também no seu comportamento ao longo do

ano letivo, que a segurança e a autonomia estava bem assumida na sua

personalidade. A persistência em conjunto com a consciência dos seus limites e

o constante empenhamento eram traços que ressaltavam em todas as aulas, na

minha perspetiva provenientes da sua experiência desportiva.

O objetivo central desta atividade, para além da experiência motora,

baseou-se na enfatização do controlo e do respeito pretendendo demonstrar à

turma que apresentava um comportamento desviante, algumas caraterísticas

pelas quais nos devemos reger perante aqueles que nos rodeiam. O controlo

dos nossos impulsos, pensando nas atitudes desagradáveis e nas

consequências que podem derivar de atos descontrolados e o respeito pelos

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nossos semelhantes, compreendendo a nossa posição perante os outros.

Assimilando estes conteúdos devemos assimilá-los no nosso quotidiano

elevando os valores de tolerância e aceitação, conscientes dos nossos atos.

Concluindo e analisando os programas de Educação Física a nível

nacional, vemos que as modalidades de luta têm pouca ou nenhuma relevância

no meio escolar, ficando esquecidas pela maioria dos professores que

desconhecem a sua força a nível psicossocial. O autodomínio é a palavra-chave

nesta reflexão. Desportos de luta e artes marciais, quando bem orientadas,

garantem não só um estímulo nas capacidades motoras como também

apresentam um papel educativo, obrigando cada interveniente, a solucionar as

questões aparentes no contexto de combate.

É importante que a Educação Física intervenha no ensinamento global

dos alunos, aproveitando o que desportos com influências de diferentes áreas,

que acolhem o lema “mente sã em corpo são”, sejam abordadas nas escolas,

permitindo que os jovens sejam adultos completos em todos os níveis de

desenvolvimento.

3.1.2.7. Dos miúdos aos graúdos

“Uma criança não é uma criança para

ser pequena, mas para se tornar adulta”

(Claparèd, s.d.)

Começo este Capitulo afirmando que somos aquilo que somos baseados

naquilo que vivemos, sendo muitas vezes, senão a maior parte delas,

influenciados pelas pessoas que se atravessam no nosso caminho.

Sei também que muito daquilo que sou se deve à educação que recebi e,

sem dúvida alguma, a muitos dos professores que na minha vida passaram. Por

este motivo na minha conduta enquanto docente transmito o que, para mim, é

essencial em todas as etapas da nossa história: Colocar todas as nossas

energias naquilo que fazemos, não para sermos os melhores, mas para ficarmos

melhores.

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50

A passagem da realidade escolar do ensino secundário, para o ensino

básico provocou-me dúvidas em relação ao nosso sistema de ensino. Alheios às

diferenças, não esperava encontrar uma realidade tão desigual no que diz

respeito aos dois ciclos. Esta desigualdade advém, em grande parte, do

comportamento e compromisso apresentado pelas diferentes faixas etárias.

Desde cedo foi-nos comunicado que iriamos lecionar uma turma de 6º ano

de escolaridade, pertencente ao agrupamento da EC, paralelamente às turmas

que nos pertenciam do 10º ano de escolaridade. A notícia foi encarada com

naturalidade visto que, o plano curricular do Estágio Pedagógico passou a incluir

a lecionação em dois ciclos de ensino diferentes.

“Tivemos ainda tempo para conversar acerca das aulas que serão

lecionadas na escola Egas Moniz, a uma turma do 6º ano. Devido ao nosso

horário, vimos estas aulas reduzidas ao bloco de 45 minutos, o que poderá não

ser tão compensatório como as de 90 minutos. Contudo, esta experiência

proporcionará uma visão e uma forma de lecionar diferente, onde teremos de

adaptar todas as metodologias e estratégias à população que teremos pela

frente. Também vamos lidar com uma realidade diferente quer a nível de

instrução, quer a nível de condições de trabalho.” (Reunião Núcleo de Estágio,

1 de Outubro)

Pretendo, a partir deste parágrafo, enumerar as diferenças sentidas entre

ciclos de ensino, tanto estruturais como funcionais, dar uma visão geral dos

alunos, da forma como cada um vê a Educação Física e analisar a polivalência

dos professores nos diferentes contextos em que se apresentam.

Desde cedo fui informada acerca do funcionamento das aulas de

Educação Física, que em nada se comparavam com as da presente escola, na

qual já nos encontrávamos a lecionar aulas há um mês.

Encontramos a primeira diferença no “roullement” das instalações da

escola básica que era bastante distinto, permitindo uma progressão mais eficaz

e uma estruturação da UD contínua. Esta organização permitia que o professor

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utilizasse o espaço referido durante a série de aulas propostas para a

modalidade.

O facto de estruturar um conjunto de aulas contínuo, em que as

habilidades são abordadas em sequência e sem transição entre os diferentes

desportos, transporta para a Educação Física, uma vantagem em termos da

aquisição e consciencialização eficiente dos objetivos propostos. A evolução é

mais acentuada e o foco direciona-se somente para a unidade em questão,

embora o problema do curto número de aulas seja comum aos dois níveis de

ensino.

Contudo, existe a plena noção de que esta organização só é possível

devido ao reduzido número de turmas, em cada ano do 2º e 3º ciclo, da escola.

Não podendo verificar-se o mesmo na escola secundária e, muito

provavelmente na maioria das escolas portuguesas, onde o número de turmas

e de alunos aumenta, impedindo uma estruturação mais eficiente do ensino.

O toque de entrada dá início à agitação nos corredores e à frenética

correria de ser o primeiro a chegar ao local da aula, sempre orientados pelo

funcionário que sem descanso abre e fecha cacifos, arruma sacos dos valores

e pede exaustivamente para se acalmarem. Os alunos, familiarizados com as

regras desde o primeiro dia, sabem que aguardam pelo professor à entrada do

pavilhão polidesportivo, da sala de ginástica ou, no caso de ser a sua vez de

utilizar o campo exterior, junto à porta do gabinete dos professores.

É raro alguém faltar, estar por equipar ou apresentar o papel com o motivo

da dispensa mas, quando acontece, observamos a folha e a caneta na mão

preparados para elaborar, com a melhor letra e cor possível, o relatório da aula.

“No seu geral, a aula correu bem, dentro do que havia planeado e com os

alunos sempre ativos na tarefa. Penso que esta faixa etária se encontra

constantemente em descoberta e com uma necessidade enorme de atividade

física, contagiando a aula com a sua energia o que promove não só, uma boa

dinâmica entre todo o grupo, como também permite ao professor, estar em

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constante contacto e diálogo com os alunos.” (Aula de Ginástica/Dança, 3 de

Março)

Contrariamente a este ciclo, à medida que a faixa etária aumenta, em

especial no ensino secundário, o número de alunos por equipar, atrasados e

com queixas é frequente. Nem sempre este é o panorama e por vezes,

encontramos adolescentes responsáveis e com interesse desportivo (cada vez

mais raramente).

Os alunos do ensino secundário não correm, não querem ser os primeiros,

nem se importam se o professor faltar. Com isto, não quero dizer que

desvalorizem a Educação Física, pelo contrário, muitos deles aproveitam o

tempo em que não se encontram sentados, obrigados a olhar para um quadro

e com o lápis na mão para usufruir do que a aula tem para oferecer. Mas a sua

motivação vai esmorecendo e, apesar de sentirem prazer em realizar a aula,

não têm o interesse de aprender porque afinal o desporto é para jogar.

Também não elaboram relatórios da aula, pelo menos de forma voluntária

e quando o realizam a pedido do professor, o seu conteúdo é meramente

descritivo.

No ensino básico, os alunos encontram-se pacientemente a escutar todas

as informações fornecidas pelo professor. A alegria manifesta-se seja qual for

a modalidade escolhida, não faltando voluntários para levar o material ou para

colocar os cones sinalizadores nos locais corretos. Ninguém se importa de ser

o protagonista da demonstração até porque, se o professor o selecionou notou

a sua presença e valorizou a sua forma de estar, contribuindo assim para o

aumento da autoestima e para a valorização das suas capacidades.

Já os nossos adolescentes do secundário, os que interrompem

constantemente as informações e explicações do professor e manifestam total

desagrado caso a modalidade não seja futebol, encontram sempre um

problema em todas as aulas. Se não jogam, a aula é uma seca. Se jogam estão

cansados. Contudo, contrariados, resmungões, alegres, imaturos realizam

sempre aquilo que é pedido.

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Apesar dos típicos comportamentos de adolescentes, a turma a que

lecionei aulas desde sempre correspondeu às expetativas, acatando as

exigências da disciplina. Reticentes e desagradados com algumas

modalidades, habilmente dedicados em outras sempre se apresentaram com

motivação e empenho.

Raras foram as exceções em que, a indisciplina e a falta de respeito

esteve presente. Não foram perfeitos. Foram apenas adolescentes

entusiásticos, irrequietos e faladores.

“Nem sempre é fácil lidar com adolescentes, e quando menos esperamos

as emoções vividas nesta fase afetam a forma como estes se apresentam

durante a aula. Hoje, foi um dia especialmente difícil devido ao barulho e

inquietude que os caraterizava, tendo por várias vezes de os chamar à atenção.

Claro está que, nem todos se englobam neste rol, contudo são colocados no

mesmo patamar. Algumas das atitudes tomadas por parte destes não se podem

designar de mau comportamento, mas sim de uma atitude fruto da idade em que

não distinguem os momentos oportuno para conversar e estar atentos, sendo

constante a falta de desatenção. “ (Aula de Corfebol, 7 de Abril)

No entanto, tenho que referir que, um dos aspetos que mais me

desagradou enquanto futura docente e creio que a revolta tem vindo a ser

sentida mais acentuadamente por todos os professores, foi o facto da disciplina

de Educação Física deixar de entrar para a contabilização da média.

Este aspeto alterou muito a forma como os alunos do secundário encaram

as aulas de Educação Física. O esforço de conquista não se apresenta no seu

esplendor, o prazer pela atividade física começa a desvanecer, a aula é

desvalorizada enquanto elemento de avaliação e as tarefas são vistas como

uma perda de tempo porque os alunos não necessitam da nota.

Não querendo usar esta afirmação para amenizar os comportamentos dos

alunos do secundário, a realidade cada vez se aproxima mais deste facto.

Analisando transversalmente os alunos, reparamos nesta atitude passiva

face à Educação Física que se apresenta como uma realidade bastante dura e

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injusta para os profissionais, vendo diariamente a disciplina desvalorizada e,

mais importante, o Desporto e Atividade Física desvalorizados. Esta premissa

acentua-se quando comparamos as realidades de cada ciclo de ensino.

“Apesar da sua energia, que faz parte da idade e que de certa forma traz

vida e alegria à aula, todos respeitam as regras e quando se pede para executar

o exercício com concentração e empenho todos eles se esforçam ao máximo

para conseguir atingir os objetivos propostos.” (Aula de Ginástica 6º ano, 10 de

Março)

“Em termos comportamentais, por vezes o entusiasmo provoca barulho e

falta de atenção, tendo que ser repetidamente chamados à atenção e até

punidos.” (Aula de Ginástica 10º ano, 6 de Fevereiro)

No ensino básico encontramos uma aceitação imperativa das regras onde

o professor se apresenta como soberano, sabendo que todos os

comportamentos são valorizados. Já no ensino secundário, o professor torna-se

mais um elemento do contexto escolar que é necessário ter respeito sobretudo

pela função que exerce, desvalorizando os aspetos cognitivos e psicossociais

como elementos de avaliação.

Posso mencionar que, a culpa da inatividade física, da falta de prazer

desportivo e sua correspondente desvalorização, advêm das tomadas de

decisão superiores que retiram autonomia e importância ao Desporto. Os

alunos são formatados para que à medida que crescem, as horas das aulas de

EF diminuam, os espaços sejam reduzidos devido ao aumento das turmas e o

caráter obrigatório seja retirado.

Referindo-me agora à estruturação das aulas e aos objetivos realizados

para cada nível de ensino, não há dúvidas que há um ajustamento, tal como

em todos os outros, à capacidade da turma e a cada individualidade presente,

bem como aos conteúdos programáticos exigidos e às estratégias optadas pelo

professor.

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As matérias de ensino não divergem de ciclo para ciclo, optando-se por

uma contínua inserção das mesmas modalidades através dos diferentes anos,

variando apenas o nível em que cada ano se encontra. Este factor deve-se à

regulação interna do agrupamento que, em conjunto, no início do ano, elaboram

o currículo das duas escolas de forma a fornecer aos alunos aprendizagens

contínuas.

Penso que a maior diferença a salientar dirige-se às estratégias e tarefas

utilizadas em cada uma das turmas. Repensar, programar e estruturar os

objetivos mediante os diferentes alunos é um dos aspetos mais importantes

para o sucesso da aprendizagem.

Os alunos do ensino básico necessitam de bases motoras que criem uma

série de habilidades coordenativas e condicionais sólidas para uma preparação

futura. Os exercícios de iniciação, fáceis mas desafiantes, onde se insira

competição é o elemento chave da motivação nesta faixa.

Mais importante ainda é a demonstração que cria uma imagem ideal da

situação prática e lhes permite consciencializar e memorizar os aspetos críticos

e mais vantajosos do exercício.

É através da visualização de um modelo representativo, que os alunos

consciencializam noções e critérios de êxito da atividade, sendo naturalmente

mais fácil a sua execução. É notória a qualidade da prática depois da

demonstração, vivenciando a facilidade que os alunos obtêm em rapidamente

colocar em prática o que é exigido. Mais notória é a qualidade de execução e

organização, se a demonstração for aliada à instrução verbal.

Mais tarde, a demonstração surte o efeito de lembrança, suscitando nos

alunos memórias acerca dos aspetos abordados nos anos anteriores. Ainda

que a instrução verbal em turmas do secundário esteja aliada a uma

transmissão eficaz dos conteúdos didáticos da aula, utilizamos a demonstração

para enfatizar determinados critérios de êxito, que divergem do ciclo básico.

Ainda nas turmas do ensino básico, a autonomia e a curiosidade tornam

a aula mais dinâmica, facilitando a aprendizagem. A vontade de exercitar e de

aprender é bastante marcada nesta fase, tentando fazer mais e melhor e em

grande parte mais do que melhor, mas sempre com o intuito de demonstrar as

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habilidades com sucesso. Típico da idade da descoberta e da aprendizagem

corporal, apresentam um entusiasmo em compreender os movimentos,

adquirindo ao longo das aulas uma consciencialização corporal satisfatória.

Esta caraterística vai-se desvanecendo e quando confrontamos os alunos

do 10º a motivação só surge quando o professor não exige, nem se foca em

exercícios analíticos ou em formas básicas de jogo. O que realmente importa

nesta fase é jogar, com ou sem qualidade, negando as vantagens do treino das

habilidades para o sucesso da forma principal de jogo.

Concluindo, as diferenças são significativas quando pensamos em

diferentes realidades escolares e em contextos e idades divergentes. Como

professores, temos que saber lidar com esta ambiguidade, quer ao nível da

população escolar, quer ao nível da sua estruturação.

É importante ter capacidade de adaptação e flexibilidade e através dos

desafios vivenciados adquirir uma multiplicidade de ferramentas úteis para a

prática docente, utilizando as diferentes experiências para promover um ensino

de qualidade.

Este talento, permite expandir novos horizontes, novas possibilidades e

formar novas ideias, criativas e originais, na sua prática. A compreensão dos

meios e ferramentas que podemos utilizar e a abrangência de exercícios e

dinâmicas que podem ser realizadas na Educação Física proporcionam uma

variedade de caminhos que culminam no mesmo sentido. Cabe assim ao

professor, trabalhar esta capacidade, treinar a autonomia, a decisão e a

criatividade momentânea.

“Prescindir do desporto ou afrouxar na sua

promoção e no cultivo do seu ideário equivale

a empobrecer os cidadãos nas dimensões

técnicas e motoras, éticas e estéticas, cívicas

e morais, anímicas e volitivas e a favorecer a

proliferação do laxismo e relativismo, do

individualismo e da indiferença.” (Bento, 2012)

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3.1.2.8. O diretor de turma

As funções de um professor não se encerram nas tarefas de planeamento,

realização e avaliação perante as turmas a seu encargo. No contexto escolar, o

professor depara-se com uma panóplia de tarefas que podem ser direcionadas

à organização, gestão ou administração em diversas atividades.

Um dos encargos que qualquer professor pode exercer durante o ano letivo

é a direção de uma turma. Ser diretor de turma é acarretar uma série de

responsabilidades que dizem respeito a cada aluno da turma, analisando todas

as suas particularidades e seguindo o seu percurso escolar atentamente.

Enquanto aluna, a figura do diretor de turma era sinónimo do professor que

controlava todos os nossos passos e atitudes, com conhecimento geral sobre

todos os assuntos relacionados com cada um. Este ano letivo, a imagem do

diretor de turma tornou-se mais clara, sobressaindo a sua real importância.

No contexto deste EP, necessitamos de “compreender o papel de diretor

de turma na sua relação com os pares, sob o ponto de vista administrativo e de

gestão de relações humanas e enquanto responsável pela área não disciplinar.”

(Matos, 2014, p.6).

Apesar de fugaz, com o acompanhamento da direção de turma consegui

entender quais as preocupações e principais tarefas, realizadas por um único

professor de cada turma.

Além de ser um intermediário, difundindo os principais avisos e

metodologias para os restantes professores, é agente ativo nos conselhos de

turma. Compete-lhe estabelecer ligação entre encarregados de educação e

professores, transmitindo as informações acerca do percurso escolar dos alunos.

“O Diretor de Turma é o elemento do grupo turma que cria o ambiente

para que os alunos possam partilhar as suas experiências, preocupações,

fobias…, permitindo-lhes exprimirem-se de modo aberto e objectivo, sendo um

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verdadeiro amigo/conselheiro e um tutor que se empenha no sucesso dos seus

alunos. Ele é o professor que acompanha, apoia e coordena os processos de

aprendizagem, desenvolvimento e orientação entre alunos, professores e

encarregados de educação.” (Silva, 2007, p.57)

“Como a professora estava encarregue de uma direção de turma, ainda

nesse mesmo dia, explicou-nos e mostrou quais as suas funções.” (Reunião

Núcleo de Estágio, 16 de Setembro)

Esta passagem pelo conhecimento dos trabalhos de direção de turma foi

realizada com a professora que nos acompanhou quando o PC esteve ausente.

Nesta fase tivemos a oportunidade de vivenciar os encargos subjacentes à

função começando por explorar o livro de ponto e as suas vantagens para as

responsabilidades do diretor de turma.

De modo a facilitar a pesquisa e a análise dos alunos da turma, a escola

apresenta um sistema informático que contem todos os pormenores referentes

ao nível cognitivo e aos aspetos biográficos. Através deste sistema o trabalho

vê-se facilitado, encontrando rapidamente toda a informação necessária que

poderá ser facultada a qualquer outro professor da turma.

“Começamos por abrir a semana no livro de ponto e perceber a sua

funcionalidade e terminamos na planificação de reuniões, documentos formais e

no programa da escola onde se encontram todas as informações da direção de

turma a que cada professor fica encarregue.” (Reunião Núcleo de Estágio, 16 de

Setembro)

O elo de ligação entre os assuntos burocráticos, os professores,

encarregados de educação e alunos é o diretor de turma, controlando a maior

parte da informação pertinente.

“O DT assume-se com o papel de “tutor” (no sentido de protetor,

conselheiro, regulador/estabilizador e orientador do desenvolvimento pessoal e

intelectual do aluno), definindo-se como um professor que conhece bem os seus

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alunos, que coordena e lidera uma equipa pedagógica (CT), que aproxima todos

os elementos dessa equipa e que estimula e monitoriza a concepção e a

realização de projetos e das atividades que estes projetos envolvem.” (Silva,

2007, p.45)

“Aqui, podemos perceber que todas as questões de gestão e organização

da turma fica a cargo do Diretor de turma, encarregando-se este de fornecer os

devidos documentos e informações dos alunos aos respetivos professores e

ainda do registo e análise dos mesmos.”

A verdade é que esta passagem pela função de diretor de turma foi fugaz

e não permitiu o desenvolvimento de ferramentas mais específicas. Apesar de

adquirir uma visão geral das responsabilidades que o diretor de turma acata e o

seu papel fundamental de mediador e condutor de um conjunto de alunos, a

experiência não alcançou outros patamares como a presença em reuniões de

diretores de turma ou no atendimento aos pais.

Consciente da importância desta função creio que deveria ser mais

valorizada na nossa formação, sendo utilizada para entendermos a magnitude

das tarefas no contexto escolar. Teoricamente sabemos a sua importância, qual

a sua função e as tarefas pela qual se rege, mas não reconhecemos que assume

um papel central na nossa aprendizagem enquanto estudantes.

Ainda assim, durante o meu percurso de estágio, os ensinamentos obtidos

revelaram-se benéficos para a minha bagagem profissional, elucidando-me das

competências e atitudes inerentes ao cumprimento desta função.

3.1.3. Avaliação

“O sucesso do ensino depende tanto da

atividade do docente como das atividades de

aprendizagem dos alunos” (Bento, 2003)

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Podemos afirmar que a avaliação e análise do processo de

ensino/aprendizagem compreende uma panóplia de incertezas que proporciona

ao professor um momento de profunda reflexão.

Aliado ao momento de avaliação, a análise e reflexão de todo o processo

precedente acarreta em si uma profunda importância.

É tempo de ponderação.

“Como é sabido, a reflexão é um elemento importante do dia a dia de um

professor, este quer-se interessado e que questione todas as atitudes e ações

das suas aulas. Ser-se reflexivo é ter a capacidade de utilizar o pensamento

como atribuidor de sentido (Alcarão, 1998), ou seja, procurar perceber quais as

motivações e justificações que nos levam até determinado comportamento ou

ação.” (Reunião Núcleo de Estágio, 15 de Outubro)

Esta reflexão e análise do processo de ensino torna-se fundamental

durante todo o ano letivo, quer na planificação pedagógica, na construção da

aula e dos seus objetivos, quer nas diferentes avaliações necessárias a todo este

ciclo didático. Realço ainda a sua importância em cada aula, que permitirá ao

professor construir uma análise de cada aluno segura e sólida, afastando

lacunas aquando da avaliação final.

“Assim, sem um trabalho de reflexão suficientemente aprofundado não é

possível a avaliação dos alunos e da atividade pedagógica do professor” (Bento,

2003, p.175).

Passando para o patamar da avaliação podemos dividi-la em três

momentos: uma avaliação inicial – avaliação diagnóstica -, uma avaliação

intermédia – avaliação formativa -, e uma avaliação final – avaliação sumativa.

Sendo definida como o “processo de determinar a extensão com que os objetivos

educacionais se concretizem” (Mesquita, 2013, p.4)

Nesta fase avaliativa, demonstramos até que ponto os objetivos definidos,

as estratégias adotadas e a intervenção pedagógica do professor contribuíram

para o sucesso de todo o processo de ensino/aprendizagem, podendo comparar

estes aspetos com os resultados obtidos pelos alunos da turma.

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“O objetivo desta aula centrava-se na avaliação diagnóstica da modalidade,

de forma a enquadrar os alunos no nível adequado para, posteriormente, decidir

e planear quais as melhores progressões a abordar e, qual será o ponto de

partida desta turma.” (Reflexão da aula, 14 de Outubro)

Claro está que como ponto de partida e como termo de comparação da

evolução efetuada, devemos proceder à avaliação inicial das capacidades

inerentes a cada modalidade, onde surge a primeira dificuldade.

Ao longo do meu percurso académico, a avaliação diagnóstica era definida

como uma fase bastante importante marcada pela elaboração de fichas de

avaliação inicial. Estes documentos apresentavam uma panóplia de conteúdos

que teríamos de observar em cada aluno durante uma aula, através de

exercícios eleitos para a mesma finalidade. Esta tarefa revelou-se impossível

através do método conhecido.

“No que diz respeito às avaliações diagnósticas, explicou-nos um método

mais eficaz de avaliar os alunos, onde a observação se realizava de forma geral

à turma e, posteriormente, se assinalava os alunos que se situavam no nível

introdutório e avançado. Esta estratégia permite-nos analisar o nível da turma

com os mesmos critérios individuais e perceber quais os alunos que merecem

especial destaque, quer em termos positivos, quer em termos negativos.”

(Reunião Núcleo de Estágio, 12 de Setembro)

Através da reflexão e da troca de experiências, as soluções encontradas

forneceram instrumentos eficazes de atuação, encontrando um meio simples de

proceder à avaliação diagnóstica sem recorrer às “check-lists” tão enfatizadas

na aprendizagem académica.

Mais uma vez a diferença entre a prática e a teoria resultou em novos

conhecimentos, adquirindo ferramentas e conselhos úteis, onde o foco de

aplicação se centra na essência daquilo que pretendemos observar.

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Mas, a questão mais difícil revelou-se na Avaliação Final, momento que

acarreta mais responsabilidade e ânsia para o professor do que para a turma em

questão.

“A avaliação final traduz-se num juízo globalizante sobre o desenvolvimento

dos conhecimentos e competências, capacidades e atitudes do aluno”

(Mesquita, 2003, p.29), ou seja, é a junção de todos os aspetos valorizados

durante o processo de ensino, englobando diferentes áreas de enfoque,

psicomotora, socioafetiva e cognitiva.

“Como a avaliação sumativa é mais um momento na avaliação contínua

dos alunos, pelo menos assim queremos considerar, a aula desenvolveu-se, a

níveis estruturais, como as anteriores, dando especial ênfase ao jogo e aos seus

princípios técnicos e táticos.” (Reflexão da aula, 9 de Dezembro)

Segundo Mesquita (2013) a avaliação sumativa pode desempenhar um

importante papel formativo, não devendo ser entendida, exclusivamente, como

uma avaliação final. Assim, ainda que um momento importante e relevante para

o professor, é somente uma estratégia para combater as dúvidas existentes

acerca de alguns alunos da turma.

Visto que a avaliação é contínua e ao longo das aulas conhecemos, em

todas as vertentes, os nossos alunos, consequentemente este momento

processa-se como uma forma de ponderar os resultados que temos em mente,

avaliando mais globalmente a turma e a pormenor, cada elemento que a

compõe.

Contudo, nem sempre esta se revela uma tarefa fácil. Em jogo situam-se

um conjunto de fatores que nos fazem ponderar e rever decisões,

comportamentos e emoções que decorreram ao longo do período de ensino.

Torna-se importante analisar criticamente todas as fontes de avaliação e reflexão

realizadas, tentando encontrar o equilíbrio necessário entre clareza e justiça.

“Concluindo, e analisando toda a turma, observa-se uma evolução notória

em grande parte dos elementos, quer a nível técnico, quer a nível tático. Estes

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já compreendem as ações de jogo e consciencializam essas mesmas ações em

prol do sucesso da equipa. Os hábitos e rotinas adquiridas ao longo do período,

demonstram uma organização cada vez mais eficaz, e uma decisão mais

autónoma sobre os desafios impostos com desenrolar da aula.” (Reflexão da

aula, 9 de Dezembro)

“Penso que a prestação dos alunos superou as expetativas e o seu

envolvimento com a tarefa, motivou alguns dos elementos fazendo com que, ao

longo do treino, fossem aprimorando as habilidades, resultando numa boa

qualidade de execução e dinamismo entre os grupos.” (Reflexão da aula, 12 de

Dezembro)

É importante referir que para o professor este é um momento de extrema

importância, onde assegura que as estratégias e métodos utilizados surtiram o

efeito desejado nos principais domínios avaliados, garantindo o sucesso do

processo de ensino e aprendizagem.

Assim, e em jeito de conclusão, podemos afirmar que a avaliação é: (1)

diária, realizada em cada aula para que o professor corrija objetivos, métodos e

estratégias; (2) contínua, não podendo ser dissociada do processo de ensino e

aprendizagem; (3) variável, contendo nela aspetos que vão ao encontro do que

cada professor afirma ser correto para os seus alunos.

3.2. ÁREA 2 E 3: PARTICIPAÇÃO NA ESCOLA E ENVOLVIMENTO

COM A COMUNIDADE

“A sabedoria dos homens é proporcional não à

sua experiência mas à sua capacidade de

adquirir experiência.” (Shaw, s.d.)

Seguindo as normas orientadoras, a área que abordarei seguidamente

tem como “objetivo contribuir para a promoção do sucesso educativo, no reforço

do papel do professor de Educação Física na escola e na comunidade local, bem

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como da disciplina de Educação Física, através de uma intervenção

contextualizada, cooperativa, responsável e inovadora” (Matos, 2014, p.6)

Estas duas áreas são aglomeradas e “englobam todas as atividades não

letivas realizadas pelo estudante estagiário, tendo em vista a sua integração na

comunidade escolar e que, simultaneamente, contribuam para um conhecimento

do meio regional e local tendo em vista um melhor conhecimento das condições

locais da relação educativa e a exploração da ligação entre a escola e o meio”

(Matos, 2014, p.6). Neste sentido o professor deve fazer com que o seu

contributo para a comunidade escolar seja potencializado.

3.2.1. Sensibilização e Combate à Pobreza e Exclusão Social

“As sociedades europeias e, consequentemente, as escolas

contemporâneas, debatem‐se, hoje, com problemas sociais que preocupam

de forma crescente os poderes políticos e os cidadãos em geral, destacando‐

se a pobreza, as minorias étnico‐culturais e o desemprego como as formas

de exclusão social mais generalizadas.

(...)

A pobreza é, certamente, a forma de exclusão social mais generalizada

entre nós mas o problema das minorias étnico‐culturais coloca, atualmente,

um dos problemas mais complexos que se deparam às sociedades

europeias” (Pinheiro, 2011).

Vivemos num mundo onde as relações pessoais são constantes e por isto,

cada um tem a eterna responsabilidade de fazer da sua existência uma

descoberta diária, influenciado positivamente quem os rodeia.

Enquanto educadores, sabemos o valor das nossas ações sobre aqueles

que sob a nossa alçada crescem e amadurecem. Sabemos ainda que o

nosso papel passa por contribuir afincadamente para a transmissão de

valores inclusivos, dotando os alunos com uma visão abrangente e sensível

aos problemas de hoje.

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“Esta iniciativa, inserida na semana pelo combate à pobreza e exclusão

social promovida pelo Município de Guimarães, em parceria com instituições

do concelho, tem como objectivo consciencializar as pessoas, principalmente

os jovens, para a necessidade de construção de uma sociedade inclusiva e

livre de pobreza” (GMRTV, 2014).

Sempre disponível a ajudar e apologista das causas nobres, a Escola

participou de bom grado na atividade realizada durante o tempo letivo. A

comunidade escolar foi convidada a intervir e a deixar uma contribuição ativa

nesta ação de sensibilização.

Os alunos, a pedido do movimento, dirigiram-se até ao estádio para

participar na realização de um cordão humano. O objetivo era chamar

atenção para o problema da exclusão social que atinge várias pessoas quer

a nível mundial, quer a nível local.

Foi uma atividade enriquecedora para os alunos que participaram, sendo

uma ótima forma de se sensibilizarem para uma realidade que nos afeta

diariamente. Neste sentido “educar realmente é sensibilizar a alma para que

prossiga com autonomia criando novos caminhos” (Christi, s.d.), fazendo com

que pequenos gestos mudem as nossas atitudes perante os problemas

presentes na sociedade.

3.2.2. O mundo do Goalball

A educação deve transmitir de forma eficaz, cada vez mais saberes e saber-

fazer evolutivos, adaptados à civilização cognitiva. Simultaneamente, compete-

lhe encontrar referências que impeçam as pessoas de ficar submersas nas

ondas de informação mais ou menos efémeras. Então, “à Educação cabe

fornecer a cartografia dum mundo complexo...a bússola que permite navegar

através dele” (Queirós, 2013, p.3).

A exclusão social é um tema que exige a nossa atenção enquanto

educadores. O Desporto e todos os valores que engloba, permitem fazer a ponte

entre a inclusão e a aceitação. Tendo em conta que, dia 3 de Dezembro, se

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festejava o Dia Mundial da Pessoa com Deficiência, enquanto núcleo de estágio,

decidimos promover uma atividade diferente aos alunos de cada turma.

Baseados num dos quatro pilares da Educação, “aprender a viver juntos”,

idealizamos uma atividade desenrolada num “clima propício à aprendizagem

aliada à cooperação e vontade de aprender, desenvolvendo a compreensão do

outro e a perceção das independências – realizar projetos comuns e preparar-se

para gerir conflitos – no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão

mútua, da cooperação e da paz” (Queirós, 2013, p.5)

A modalidade eleita foi o goalball pois permitia o uso de poucos recursos

materiais, apresentava regras simples e de fácil assimilação e acima de tudo,

alertava para uma realidade diferente da que nos confrontamos diariamente, a

perda da capacidade visual.

Ao longo de toda a aula, foi referida a importância da Inclusão Social, da

Aceitação e da Tolerância, valores essenciais ao Desporto. A aula foi abordada

na perspetiva da inclusão, utilizando uma visão positiva sobre a deficiência e

sobre a respetiva modalidade.

Com este enquadramento, pretendi que os alunos sentissem curiosidade

acerca do tema, permitindo-lhes um tempo de ponderação acerca da importância

que o desporto adquire neste contexto especial. Foi também através deste

momento que provocamos sensações e pensamentos criando uma reflexão

acerca das dificuldades das pessoas com deficiência em encarar um mundo

desprovido de condições.

“Concluindo, apesar da agitação e mau comportamento inicial, a atividade

surtiu o efeito desejado e cumpriu assim com o objetivo pretendido. Ou seja, a

turma perceber as dificuldades das pessoas com NEE, sensibilizando-se para

esta vertente desportiva e refletindo acerca do Desporto e o seu caráter inclusivo,

promovendo assim uma atitude de tolerância e de consciencialização perante

estes problemas que nos rodeiam no dia a dia.” (Aula nº 34 e 35, 2 de Dezembro)

A reflexão sobre o tema é realmente importante no contexto escolar e, alertar

a comunidade para vivenciar e analisar as dificuldades das pessoas com

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necessidades especiais é, não só um meio, mas também um dever de contribuir

para uma consciencialização cada vez maior.

Importa também ressaltar que é na Escola que começa este processo de

Exclusão/Inclusão, pois sendo a base da sociedade, é na Escola que partem os

primeiros valores que as crianças serão alvo (além da família). Sendo o primeiro

lugar de socialização onde compreendemos e desenvolvemos todas as

capacidades que, posteriormente, vão ser necessárias para enfrentar os

desafios diários, não pode marginalizar nem desconsiderar os cidadãos

especiais.

Em suma, o “Desporto faz parte da herança de todos os homens e

mulheres e a sua ausência nunca poderá ser compensada” (Coubertin, s.d.),

englobando nele todas as potencialidades reconhecidas e aceites por todos nós.

Este fenómeno a que chamamos Desporto, abrangente e congregador, eleva

potencialidades e ressalta relações humanas, sendo, sem dúvida, um dos

melhores meios de inclusão contrariando o separatismo e o isolamento.

3.2.3. Basquetebol em cadeira de rodas

“Aprende-se com as diferenças e não

com as igualdades” (Freire, s.d.)

No dia 6 de Março decidimos utilizar o tema da Inclusão Social e

Desportiva, mais uma vez, para trazer até à escola, o clube de desporto

adaptado de Braga. Esta atividade teve como objetivo relembrar alguns dos

conceitos já transmitidos na aula de goalball mas sobretudo, permitir que os

alunos convivessem diretamente com pessoas com necessidades especiais.

Enquanto professores, devemos transmitir aos alunos os valores

Desportivos, que servem de lição para o quotidiano, sendo transportados para a

nossa vida nas suas diferentes fases. É através destes ensinamentos que

pretendemos formar cidadãos que respeitem as diferenças e saibam acatar com

respeito e dignidade, a vitória de cada um dos seus semelhantes.

Nada melhor do que incentivar a inclusão social e transcrever exemplos

de superação e sucesso, do que vivenciar em contexto real, as histórias dos

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desportistas com deficiência motora. Assim, tendo em conta este fator, estiveram

presentes na aula, 3 atletas com deficiência motora, jogadores de basquetebol

e de andebol pelo clube de Braga (APD-Braga), bem como o seu treinador, que

apresentaram aos alunos algumas das curiosidades e vivências que têm a partir

do Desporto que praticam. Após uma explicação inicial, proporcionaram um jogo

em cadeira de rodas para que todos experimentassem e partilhassem da

experiência, bem como constatassem os entraves e dificuldades presentes no

dia a dia destes atletas.

Para além de uma ótima reação dos alunos, estes ficaram entusiasmados

e bastante animados com a atividade. Muito atentos à conversa inicial, realizada

pelo treinador da equipa, onde explicou algumas das regras, formalidades das

competições e precauções acerca do manuseamento e utilização das cadeiras,

todos quiserem participar na atividade e, inclusive, questionando diretamente,

sempre com respeito, acerca das limitações físicas de cada atleta.

Globalmente a atividade correu tal como pretendido e embora a motivação

evidente, o tempo de aula não permitiu que os jogos se alongassem. Todos

quiseram repetir e participar ativamente junto dos atletas e, no final foi realizado

um jogo em que os alunos do sexo masculino jogaram contra os 4 atletas, sendo

uma situação de 6 contra 4, que resultou muito bem pois os atletas poderão

mostrar o seu potencial e brincar um pouco com a situação em que colocaram

os alunos.

Este último jogo serviu para que a turma concluísse que, cada pessoa, na

sua individualidade e diferença, pode vencer e ter sucesso na vida, apesar de

todos os contratempos, adaptando a sua situação ao percalço e lutando para

superar as dificuldades, nunca desistindo.

Penso ser importante realçar que a disciplina de Educação Física tem um

importante papel na construção de uma escola inclusiva, não só pelo seu caráter

tolerante e de entreajuda mas também pela sua essência flexível.

“Talvez devido aos aspectos fortemente expressivos da disciplina, os

professores são conotados como profissionais que apresentam atitudes mais

favoráveis à inclusão e, consequentemente, levantam menos problemas e com

maior facilidade encontram soluções para casos difíceis” (Rodrigues, 2003, p.69-

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70, cit por Silva, 2011, p.7). Neste sentido, os profissionais de Educação Física,

por terem presentes os valores aliados ao Desporto, permitem uma ligação mais

pessoal e mais atenta aos seus alunos. Esta essência e personalidade conferida

ao professor de Educação Física permite que seja um elo importante entre meio

social, inclusão e aceitação.

A disciplina de Educação física, já por si, permite uma inclusão entre

alunos fisicamente mais aptos e menos aptos, fazendo com que todos participem

e evoluam em direção ao objetivo desejado dentro das suas próprias limitações

e habilidades.

No entanto, muitos dos professores não têm presente este facto, aspeto

extremamente importante, quer para a escola, quer para os próprios alunos, que

ao confrontarem com situações semelhantes, se encontram mais elucidados,

flexíveis e condescendentes com os seus semelhantes.

Concluindo, esta atividade surtiu o efeito desejado nos nossos alunos,

permitindo a partilha e a vivência de emoções e experiências, nas quais muitos

deles não estavam elucidados.

Esta sensibilização fez com que se aproximassem de outra realidade,

abrindo mentalidades e desenvolvendo jovens esforçados e interessados nos

diferentes desportos adaptados. Conseguimos, enquanto núcleo de estágio,

provocar uma inquietação saudável quer para o tema em questão, quer para a

possível realização de outra modalidade adaptada.

3.2.4. Torneio de futsal escola básica cooperante

“A tarefa essencial do professor é despertar a

alegria de trabalhar e de conhecer.” (Einstein,

s.d.)

Durante esta etapa que é o Estágio Profissional, “contribuir para a

promoção do sucesso educativo, no reforço do papel do professor de Educação

Física na escola e na comunidade local, bem como da disciplina de Educação

Física, através de uma intervenção contextualizada, cooperativa, responsável e

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inovadora” (Matos, 2014, p.6) é uma das premissas na realização das diferentes

atividades.

Desta forma, decidimos, em conjunto com a professora Isabel

Vasconcelos, da escola básica cooperante, organizar o torneiro de futsal de final

do 2º período. Este torneio destinou-se aos alunos do 5º e 6º ano, contando com

o total de 7 equipas com 8 elementos cada. Estas equipas eram mistas, tendo

que ter pelo menos duas raparigas na sua composição e uma delas estar em

campo no decorrer do jogo.

Como a adesão das raparigas iria ser muito pequena para formar equipas,

a decisão de constituir equipas mistas fez com que não houvesse uma

descriminação e exclusão das meninas que queriam participar, organizando

assim equipas mais equilibradas e onde ambos os géneros pudessem interagir

e partilhar o sucesso.

A organização da estrutura do torneio foi facilmente concretizável e como

haviam apenas 7 equipas, a sua realização decorreu sem contratempos.

Contando sempre com o apoio do PC e da professora da escola básica, todos

os pormenores foram ajustados às necessidades espaciais e temporais.

No 5º ano, todas as turmas jogaram entre si, sendo a vencedora a equipa

que apresentasse mais vitórias e assim sucessivamente no que toca à atribuição

dos restantes lugares. Já no 6º ano, a organização foi feita por eliminatórias,

jogando as duas primeiras equipas e as duas últimas e as vencedoras de

eliminatória disputavam a final na busca pelo campeão do torneio.

Todo o processo de organização e estruturação, bem como de decisão,

demorou o seu respetivo tempo. Primeiro, foi discutido o cartaz que iria ser

afixado, que no final acabou por ter um enorme sucesso, resultando num cartaz

ilustrativo e apelativo, com bastante qualidade. Seguidamente foram construídas

e fornecidas aos alunos as fichas de inscrição, com as regras. As fichas de

inscrição rapidamente foram preenchidas e enviadas pela professora

responsável.

Após este processo e recebidas as equipas inscritas no torneio,

conseguimos realizar os quadros competitivos e repartir pelo horário os jogos,

elaborando um esquema em que todos os alunos pudessem ter acesso aos

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horários de cada jogo. Esta estrutura facilitou a organização no respetivo dia,

permitindo maior espaço de manobra e dando responsabilidade a cada equipa

que se dirigia para o campo na hora indicada.

Também neste processo de preparação logística, foi necessário a

construção das medalhas e dos respetivos diplomas. Este trabalho foi realizado

pelo núcleo, sendo nós mesmos a construir as medalhas dos primeiros

classificados. O resultado final foi gratificante e a qualidade estética

recompensou todo o trabalho. Penso que este aspeto é relevante na organização

do torneio pois o esforço das equipas deve ser ressaltado, sentindo que

pormenores como este são muito valorizados.

Relativamente ao dia em si, a emoção e os festejos fizeram-se sentir

desde cedo. Como as turmas estavam dispensadas das aulas, todos os alunos

vieram apoiar os colegas e a alegria era contagiante. As turmas organizaram

claques com cartazes para cada equipa, cantando e gritando pelos seus colegas

desde o início até ao fim.

A forma como encaram este tipo de eventos revelam o entusiasmo que

sentem pelo Desporto. A sua competitividade, sentida dentro e fora de campo,

dá sentido ao Desporto fazendo sobressair o nosso papel junto da comunidade.

Assim, integrando estes jovens num meio onde a atividade física e o Desporto

pode e deve ser visto como forma de socialização, emoção e integração, aliamos

o prazer aos valores que durante o ano tentamos transmitir.

Todo o espírito vivido na atmosfera do pavilhão fez com que o torneio

decorresse sem problemas, dentro do tempo planeado e com um bom

comportamento das equipas presentes. A festividade dominou durante a tarde e

as equipas disputaram todos os jogos com o máximo de empenho e alguns dos

jogos foram verdadeiras disputas de campeões, com direito a desempate por

grandes penalidades.

Para que tudo decorresse como planeado, as tarefas foram divididas e a

cada estagiário foram distribuídas funções precisas. A Paula ficou responsável

pela temporização dos jogos e respetiva anotação de resultados. Já o João, tinha

como tarefa o preenchimento das tabelas competitivas e de fazer chegar às

equipas a sua classificação e avisar o momento de entrada em campo. Quanto

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a mim, coube a organização das equipas em terreno, de gerir os tempos de

transição e de todas as funções alheias à comunicação com equipas.

Para nos auxiliar e de forma a cativarmos algumas das alunas para esta

realidade desportiva, pedimos à equipa de Futsal da escola secundária

cooperante para exercer funções como arbitragem e assistência às equipas.

Estas desempenharam muito bem o seu papel, estando sempre atentas aos

alunos que ficavam à sua responsabilidade, ditando táticas e substituindo

jogadores, sempre auxiliadas pelos seus pupilos.

O espanto das alunas da equipa de futsal foi evidente, constatando que

não esperavam observar um clima tão competitivo e animado. Esta experiência

proporcionou-lhes uma perspetiva mais real sobre a forma como os alunos do

ensino básico encaram estas atividades.

A professora responsável pelas turmas do 5º e 6º ano da escola

responsabilizou-se pela parte fotográfica, tirando fotos aos jogos, equipas e aos

adeptos. O registo dos momentos revela-se bastante importante para concluir

todo o processo festivo e, desta forma, registar todos os momentos para mais

tarde recordar. A professora também fez um excelente trabalho de organização

inicial, sentando as equipas nos lugares destinados a cada turma, mantendo-os

calmos e unidos para o começo do torneio, podendo assim controlar se todos os

elementos que se encontravam no recinto e se todas as equipas estavam

presentes.

Para que tornássemos o torneio mais atrativo mantendo os alunos atentos

e interessado a toda a atividade, as meninas da nossa turma, apresentaram a

coreografia aprendida nas aulas de dança. Assim sendo, durante o intervalo de

mudança do 5º ano para o 6º, procederam à apresentação da coreografia com

um enorme sucesso. Todas estiveram coordenadas e demonstraram uma boa

capacidade de improvisação e criatividade, visto que a coreografia incluía todos

os elementos da turma e foi apresentada apenas com metade.

Esta atividade serviu de incentivo quer na participação das aulas, quer a

nível pessoal, pois puderam mostrar as suas capacidades aos restantes alunos

da escola e potenciar o seu envolvimento com a comunidade escolar, resultando

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também numa melhoria da autoestima e no sucesso do objetivo proposto durante

as aulas.

Concluindo e garantindo que pelo menos um dos propósitos foi realizado,

termino esta experiência com uma alegria renovada, não só pela forma como a

população juvenil encara as atividades desportivas com toda a devoção e

empenho, mas também pela troca de saberes e aprendizagens que se obtem

participando ativamente junto da comunidade escolar com alunos, professores e

funcionários.

A aprendizagem é um processo contínuo que engloba pessoas, locais e

momentos e este, sem dúvida, é um dos marcos que destaca este estágio

profissional pela positiva, tanto pela energia como, principalmente, pelo prazer

que cada um dos atores revelou na sua participação.

3.2.5. Aula aberta de Krav Maga

“Seja bom o suficiente para evitar o conflito.”

(Lichtenfeld, s.d.)

O mundo em que habitamos modifica-se a cada dia e não precisamos de

estudos, pesquisas ou inquéritos para afirmar ainda que o mundo atual não

é tão seguro como outrora. Consequentemente, cada vez mais se assiste a

um aumento exponencial do interesse pelas atividades de combate e defesa

pessoal.

“A história das formas de combate ou das artes marciais é um processo

muito difícil de perceber, existem poucos registos documentados, os antigos

mestres não repassavam os seus conhecimentos facilmente, as tradições

eram passadas de forma oral, de mestre para discípulo” (Lima, 2012).

Contudo, é do conhecimento geral que os Desportos de Combate e as Artes

Marciais, desde os tempos mais primitivos, ganharam relevância na

sociedade, impondo-se como prática aos homens da antiguidade.

Fazendo uma analogia aos Desportos de Combate e Artes Marciais e aos

benefícios que estes acarretam, encontramos inúmeras vantagens, tanto

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físicas como nos valores implícitos, que fazem destes uma ferramenta

eclética importante na Educação Física.

Analisando os programas e tendo em conta a realidade, os Desportos de

Combate e Artes Marciais são desvalorizados e são raras as escolas que

apostam na sua integração no programa curricular. Penso que este aspeto

se deve à falta de confiança e preparação por parte dos profissionais de

Educação Física, marginalizando o seu ensino e preferindo atividades

desportivas onde os alunos já apresentem um grau de empatia mais elevado.

Assim sendo, decidimos realizar uma aula aberta onde abordamos o Krav

Maga, arte marcial que teve a sua origem em Israel. Para este efeito

convidamos um professor formado na modalidade, experiente e que se

disponibilizou a demonstrar à comunidade escolar os princípios básicos que

guiam a filosofia deste desporto.

“O Krav Maga trata-se de uma forma de luta e defesa pessoal que tem

como objetivo principal a salvaguarda de interesses e a defesa da honra de

todos os seus praticantes” (Autor Desconhecido, s.d.). Esta arte marcial

surgiu nas tropas militares israelitas e difundiu-se por todo o mundo, sendo

hoje utilizado pelas diversas forças militares e de segurança.

Na sua filosofia, pretende que as técnicas aprendidas sejam executadas

de forma a neutralizar ameaças e proteger a sobrevivência dos participantes.

“O Krav Maga foi criado para ser utilizado como um meio de combate e de

defesa pessoal. Contudo, isso não significa que seja só utilizado por forças

militares de segurança pública e privada, pois todo e qualquer cidadão

necessita de segurança e proteção” (Autor Desconhecido, s.d.).

O mestre falou dos principais aspetos desta modalidade, referindo a sua

história e utilidade, organizando posteriormente a aula por duplas que

trabalham entre si.

Passando por várias situações de ensino e posterior prática, foram

treinado as técnicas básicas de defesa pessoal em situação isolada.

Primeiramente, quando somos vítimas de assalto/agressão e nos

encontramos frente-a-frente ao agressor. De seguida demonstrou o que fazer

quando somos surpreendidos e o agressor nos ataca pela retaguarda.

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Nestas duas situações foram abordadas técnicas que poderiam assegurar

a nossa integridade física, tendo em conta princípios básicos da filosofia do

Krav Maga como simplicidade, rapidez e eficácia, em todas as nossas ações.

Os três princípios descritos acima são semelhantes a todas as técnicas

utilizadas, onde a “capacidade de desarme, anulação da ameaça e

sobrevivência são os conceitos principais que são trabalhados nesta arte

marcial” (Autor Desconhecido, s.d.)

Após exercitação e observação pelo mestre, este abordou as agressões

com objetos cortantes, como por exemplo uma faca, alertando para a sua

utilização apenas em caso de ataque por parte do agressor. A exercitação

foi realizada com facas de madeira, utilizadas nos treinos diários dos

praticantes da modalidade, o que originou um entusiasmo crescente nos

alunos que se encontravam em prática.

Foi realmente enriquecedor poder aprender e vivenciar a modalidade que

tem um crescimento significativo nas últimas décadas e no meio escolar

promove uma variedade de experiências aos nossos alunos. Apesar de se

tratar de uma modalidade com confronto físico e que poderá despoletar

violência, as condutas de todas as artes marciais regem-se pelo respeito pelo

adversário e utilização dos saberes apenas em posição de perigo, optando

sempre pela intervenção primária através do diálogo.

"Reaja na proporção da necessidade."

(Lichtenfeld, s.d.)

3.2.6. Desporto Escolar

“O desporto é o único tipo de entretenimento em que,

não importa quantas vezes você o assista, continua

sem saber o final” (Simon, s.d.).

O desporto acarreta em si uma multiplicidade de valores nas quais nos

revemos diariamente. Através dele, e com ele, ultrapassamos limites e

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renovamo-nos a cada desafio, transportando para nossa vida alguns dos ideais

muitas vezes impostos nas atividades desportivas.

Muitos dos jovens de hoje encontram na escola o único local de prática

desportiva, tendo assim a Educação Física e o Desporto Escolar um papel

realmente fundamental nas suas vidas. É através da escola que encontram

oportunidades que fora desta não seriam tão acessíveis.

Sabemos que, apesar da falta de atividade física que os jovens

apresentam, o culto do corpo é cada vez mais valorizado e o aumento de clubes,

ginásios e atividades aumenta de dia para dia. Contudo, nem sempre estão ao

alcance de todos devido aos mais variados aspetos socioeconómicos que a

população geral enfrenta.

“A Educação Física é para todos e o grande desafio é o de influenciar, nos

aspetos que lhe diz respeito, o desenvolvimento da personalidade dos alunos; o

contribuir para a adoção de um estilo de vida e uma vivência da corporalidade

mais felizes e saudáveis” (Graça, 1989, p.227).

Com a Educação Física e como meio de complemento, surge o Desporto

Escolar (DE) que pretende fazer com que todos os alunos do sistema educativo

pratiquem regularmente atividades físicas e desportivas. Sem dúvida que se

torna o maior incentivo para a prática desportiva, realizada nas escolas

portuguesas, permitindo que os alunos se insiram num contexto organizado,

planeado e competitivo, exercendo a mesma função dos clubes externos.

“Ainda no decorrer deste dia, e inserido na área 2, comecei o meu trabalho

na equipa de desporto escolar na modalidade de Voleibol. Esta área engloba

todas as atividades não letivas realizadas pelo estudante estagiário, tendo em

vista a sua integração na comunidade escolar e que, simultaneamente,

contribuam para um conhecimento do meio regional e local tendo em vista um

melhor conhecimento das condições locais da relação educativa e a exploração

da ligação entre a escola e o meio” (Zélia Matos, 2014).

“É neste sentido que pretendo para a promover e contribuir para a cultura

desportiva no meio onde estou inserida, proporcionando aprendizagens que

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sejam promotoras de sucesso educativo” (Reunião Núcleo de Estágio, 8 de

Outubro)

Esta minha jornada pelo DE revelou-se uma experiência benéfica para o

entendimento da vertente do treino. Apesar de se realizar em meio escolar, a

competitividade e dinâmica realizada ao longo da época desportiva assemelha-

-se a um clube como qualquer outro.

Na escola em que me encontrei a realizar EP, as ofertas eram variadas e

bastante atrativas, englobando uma série de modalidades, para todos os gostos,

cada uma com um responsável bem competente. Andebol, Futsal, Voleibol,

Corfebol, BTT e Danças eram muitas das ofertas que a escola disponibilizava

aos seus alunos, para que estes despertassem o gosto e prazer pelo Desporto

e com este pudessem desenvolver capacidades alheias ao mesmo.

De facto, desde os meus tempos de estudante, a escola apostava em

grande escala na oferta desportiva fazendo com que, conquistasse vários títulos

e presenças nas competições regionais e nacionais em diversas modalidades

A minha atividade iniciou-se no DE de Voleibol, desporto pelo qual tenho

enorme paixão e no qual fui praticante durante vários anos, no clube da região e

na respetiva escola. Contudo, extrapolei os meus objetivos e fui mais longe,

incluindo neste percurso outras modalidades presentes na escola, embora de

uma forma mais passiva.

Na modalidade de Voleibol, a equipa era constituída por atletas femininas

que foram aumentando à medida que os treinos iam decorrendo. Algumas das

atletas já constituíam a equipa desde o seu 10º ano de escolaridade, sendo

assim um grupo bastante consistente e qualitativamente bom. As projeções para

a competição eram seguras e objetivava-se um bom lugar nas competições

regionais e nacionais.

No que diz respeito aos treinos, o professor que as acompanhava

orientava bem toda a organização e estruturação das tarefas que eram

dificultadas devido ao espaço disponível para a exercitação. O treino era

realizado em 1/3 do campo, tendo que ser adaptado e reestruturado

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constantemente mediante o número de atletas que estava presente em cada em

dos treinos.

Tenho no entanto que referir que, a maioria dos treinos se centrava no

jogo, impedindo que as alunas com maiores dificuldades alcançassem o

sucesso, visto que as estratégias utilizadas, na sua maioria, focavam as atletas

que revelavam potencial. Contudo, temos que ter em conta uma imensidão de

fatores que regulam o DE desta forma, dentro de cada escola.

Na escola, o horário para cada modalidade era realizado nas horas com

menor número de aulas, devido ao espaço disponível e a uma maior frequência

dos atletas. O espaço, como já foi referido, não era o maior, nem o melhor, para

a prática da modalidade de Voleibol. A afluência aos treinos, embora ao longo

do ano fosse diminuindo, era grande, apresentando por vezes cerca de 20

alunas. Claro que, considerando este número parece razoável, contudo,

aquando do jogo 6x6, que necessitava ser trabalhado e incutido, muitas atletas

ficavam em espera, resultando num empenhamento motor baixo.

Tendo em conta todos estes fatores, aliados ao pouco tempo de cada

treino, cerca de 60 minutos, podemos concluir que nem sempre os ideais que o

DE pretende incluir são realizados plenamente. O funcionamento nem sempre

se torna eficaz tendo em conta as debilidades de cada escola.

Apesar destes constrangimentos, as estratégias surtiram efeito e ao longo

da época, notamos a evolução da maioria das alunas e, curiosamente, da sua

melhoria nas aulas de Educação Física, facto afirmado pelas próprias a cada

treino.

Os jogos eram realizados sobretudo aos sábados de manhã nas escolas

circundantes ao município e fora do mesmo. Diretamente ligada a esta equipa,

não consegui acompanhar os seus jogos, devido a assuntos profissionais,

estando no entanto a par das suas vitórias e derrotas.

O meu trabalho enquanto treinadora auxiliar revelou-se mais ativo, do que

nas restantes modalidades que participei. O professor atribuiu-me

responsabilidades e autonomia nas decisões que diziam respeito aos treinos e,

muitas das vezes participei no planeamento do mesmo. Em outras situações,

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utilizava-me como mais um membro da equipa, interagindo diretamente com as

alunas, e corrigindo mais pormenorizadamente as alunas com mais dificuldades.

Paralelamente ao Voleibol, assisti ao trabalho do professor cooperante na

modalidade de Andebol, percebendo o seu dinamismo, contribuindo para a

minha aprendizagem enquanto docente. Nos treinos, observando, consegui

aprender estratégias que poderão ser aplicadas em outros contextos, e algumas

das especificidades da modalidade às quais desconhecia.

A modalidade de andebol realizava-se ao final da tarde tendo o pavilhão

inteiramente para a prática, o que proporcionava um local de trabalho

qualitativamente melhor. Os alunos praticantes eram também especiais, fazendo

parte já do clube de Andebol da região, apresentando um comprometimento com

os treinos que é raro nas diferentes áreas do DE. Além deste aspeto, o trabalho

motor, técnico e tático revelava-se mais facilitado.

Continuando com as modalidades observadas, um dos colegas

estagiários decidiu desenvolver um Núcleo Experimental de Treino Funcional,

em que me voluntariei para ajudar na sua organização e participação. Apesar

das decisões e organização de cada sessão, ser da responsabilidade do meu

colega de estágio, mostrei total disponibilidade para ajudar a motivar e organizar

os alunos que participassem em cada treino.

Apesar que não funcionar como DE, sendo apenas um complemento às

aulas de EF, teve imenso sucesso entre a comunidade escolar, principalmente

do sexo feminino, que se mostrou entusiasta desde cedo. Contando, no primeiro

dia de experiência com um número razoável de alunos para prática.

É sem dúvida uma mais-valia para toda a comunidade escolar este tipo

de atividades que enfatiza o trabalho de aptidão física em detrimento dos

desportos que habitualmente se assiste, inserindo o treino funcional na escola.

Posto isto e esquecendo os problemas que o DE escolar apresenta e que

se vão modificando de escola para escola, impedindo o seu pleno

funcionamento, este revela-se como uma mais-valia na educação desportiva dos

nossos alunos, funcionamento como motor de socialização, competição e

promoção da atividade física nas escolas nacionais. Contribui ainda para a

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formação dos nossos alunos e promove a integração de todos nas atividades

que mais se sentem capazes de realizar, englobando tudo e todos como um só.

“Proporcionar o acesso à prática desportiva

regular e de qualidade, contribuindo para a

promoção do sucesso escolar dos alunos, dos

estilos de vida saudáveis, de valores e

princípios associados a uma cidadania ativa.”

(Autor Desconhecido, s.d.)

3.2.7. Roteiro cultural “130 anos em movimento”

Como já é hábito da escola cooperante, todos os anos realiza-se o “peddy-

papper”, inserido no âmbito da semana aberta. Cada ano, o tema atribuído a

este peddy-papper baseia-se no contexto cultural e social em que está inserida

a escola. Este ano, não podia deixar de englobar o aniversário de uma das

escolas mais antigas do município.

O roteiro, de nome “130 anos em movimento”, realizou-se num percurso

de 8 quilómetros, onde os alunos puderam observar os locais onde a escola

outrora havia funcionado. Em cada local, uma nota histórica fazia parte do

passeio, tendo os alunos que responder corretamente a cada uma das

questões colocadas nos principais pontos por onde passavam.

Eram oito e trinta da manhã, do dia 5 de Junho, e o entusiasmo em frente

ao portão da escola era evidente. Centenas de alunos aderiram à atividade

contando passar uma manhã divertida junto dos colegas e professores que os

acompanhavam.

Esta atividade, não só contou com a participação de todos os alunos que

se inscreveram previamente, como dos professores que acompanhavam cada

grupo e ainda, sem esquecer, da ajuda preciosa dos funcionários da escola.

Todos os intervenientes se esforçaram para proporcionar aos alunos uma

manhã bem divertida e enriquecedora, preparando cada pormenor para que

nada falhasse.

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Além do conhecimento sobre a sua escola e o meio onde se inserem,

promovendo novas percepções acerca do valor histórico da escola, é

importante referir a interação social entre escola e contexto cultural. Esta

sinergia, além de promover a socialização entre professores e alunos, permite

que desfrutem e descubram pormenores nunca antes evidenciados no dia a

dia.

É importante permitir que os alunos usufruam de experiências alargadas

fornecendo atividades que vão além do interior da escola, onde haja relação

com o meio onde se inserem, usufruindo das múltiplas experiências que a

escola pode proporcionar.

Como já referi, o início do percurso do Roteiro Cultural “130 anos em

movimento” teve início na escola, agrupando cada grupo de alunos com o

professor responsável, saindo com alguma diferença de horário entre si.

Seguia-se uma visita pelo centro histórico, Castelo e Paço dos Duques de

Bragança, zona histórica de Couros, sendo a primeira paragem na escola

básica pertencente ao agrupamento. Nesta primeira paragem, era oferecido um

reforço alimentar e animação musical com um professor de dança.

Após repostas as energias, usufruindo do lanche oferecido, a caminhada

continuou percorrendo zonas históricas mais periféricas em direção ao final do

percurso, o parque de lazer de São Tiago, junto às pistas de atletismo Gémeos

Castro.

Após a chegada, o almoço foi distribuído pelos professores responsáveis,

para que pudessem juntamente com os alunos conviver, num clima de boa

disposição e companheirismo, reforçando relações interpessoais. Neste local,

ao longo da tarde, eram realizadas várias atividades onde os alunos podiam

participar. Bolas de Voleibol, Futebol, Basquetebol, raquetes, entre outros,

foram fornecidas para que o clima desportivo fosse criado.

O feedback obtido pelos alunos revelou-se bastante positivo, sendo um

momento onde afirmaram conseguir abstrair-se das preocupações escolares,

relaxar e conviver com os amigos, dentro de um clima otimista, renovando

energias para o final do ano letivo.

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A nossa participação, como núcleo de estágio, passou pela organização

dos pormenores do percurso, bem como ao acompanhamento das turmas

atribuídas, zelando pela concórdia entre o grupo e pelo bom comportamento

dos alunos durante toda a atividade.

É uma excelente oportunidade, para nós professores estagiários, de

contactar com toda a comunidade escolar, em atividades que envolvem

trabalho e responsabilidade, exigindo de nós uma participação ativa, onde

construímos relações. Através da experiência, conseguimos entender as

ferramentas e meios necessários à organização das atividades, onde o

planeamento é feito antecipadamente, contando com a ajuda de todos.

É nas escolas que a grande maioria das crianças e dos jovens aprendem

uma diversidade de conhecimentos e competências que dificilmente poderão

aprender noutros contextos. “Por isso mesmo elas têm que desempenhar um

papel fundamental e insubstituível na consolidação das sociedades

democráticas baseadas no conhecimento, na justiça social, na igualdade, na

solidariedade e em princípios sociais e éticos irrepreensíveis” (Fernandes, s.d.,

par. 2). Estes pilares são arrecadados ao longo da vida escolar de cada aluno

e também de cada participante escolar, fazendo de atividades como esta, um

meio bastante eficaz de as incluir de forma atrativa e eficaz.

3.3. ÁREA 4: DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL

3.3.1. Ação de formação: Fitschool

A Educação Física tem percorrido um longo caminho de mudança e de

aceitação de novos desafios. As novas abordagens às questões centrais da

atividade física têm vindo a ser implementadas, a nível nacional, com uma

crescente consideração.

Quer ao nível das estratégias, como métodos e até mesmo programas

inovadores, têm vindo a ser abordado com maior importância. Dentro dos

programas de promoção das capacidades condicionais e coordenativas,

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aposta-se na introdução do Fitschool, em detrimento dos antigos testes de

aptidão física, como o fitnessgram.

A visão é mais abrangente e direcionada para as necessidades diárias,

englobando os conceitos do treino funcional, adaptado à escola e aos alunos

que temos pela frente.

“É um tipo de treino que apela à função motora global (como andar, correr,

empurrar, puxar, agachar, saltar, lançar) e em que se podem adotar materiais

de treino diversificado e com uso múltiplo” (Garganta, 2014).

Tendo em conta a tendência, e como um dos membros do núcleo de

estágio iria realizar o seu estudo na respetiva área, foi elaborada um formação

de FitSchool, no sentido de dar a conhecer os seus objetivos aos professores

que desconheciam a metodologia e de reavivar a memória dos que já

conheciam a metodologia.

Para a formação contamos com a presença do professor Rui Garganta e

do professor José Soares, impulsionadores do FitSchool em Portugal. Os

professores docentes da escola foram convidados a fazer parte da formação e

passar pela exercitação das diversas estações.

Começamos por abordar a parte teórica de forma a entender os princípios

que regem este modelo e a sua estrutura. O professor Rui Garganta explicou

os 4 pilares em que assenta a metodologia do treino funcional que consiste em,

Posição Bípede ou Locomoção, Variação de Alavancas no centro de massa do

corpo, Puxar e Empurrar e por fim, Rotação.

Na construção do treino funcional devemos ter sempre presente estes

quatro pilares que são, a base do movimento humano e no qual, devemos

investir, proporcionando aos alunos movimentos úteis e com transferência para

as atividades da vida diária. Abordando de forma geral o aparelho motor e

focando aspetos importantes que são desvalorizados em movimentos

uniarticulares, pretende-se que a implementação desta estratégia na escola

promova aos nossos alunos melhorias na sua aptidão física.

Seguidamente foi-nos demonstrado o protocolo do FitSchool, programa

de treino funcional diretamente criado para implementação nas escolas, ao

longo do ano letivo. Este programa revela-se motivante para os jovens pela sua

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dinâmica e na utilização de aparelhos e exercícios diferentes dos que os nossos

alunos estão geralmente habituados.

Na formação, foi possível experienciar ambas as formas de realizar o

programa, quer em circuito, quer por tempo, ou seja, podemos realizar um

circuito, na aula, onde os alunos mudam de tarefa ao fim do tempo estipulado,

com tempo de descanso ou, por outro lado, realizar um número concreto de

repetições de cada tarefa, no menor tempo possível.

Estas variações permitem a competição entre os alunos, estabelecendo

recordes, percebendo a evolução ao longo do ano letivo e, devido ao seu

caráter variável, inovar e surpreender com novas metodologias e exercícios.

Tendo em conta o protocolo já definido, podemos constatar que a sua

aplicação torna-se mais gratificante para os nossos alunos, sendo uma mais

valia na construção da aula, aproveitando pequenos espaços para a sua

realização, mantendo o empenhamento motor constante. Consequentemente

podemos avaliar a performance dos alunos ao longo do ano e constatar as suas

melhorias, servindo de teste de aptidão física, válido e fiável, se for executado

com consistência ao longo de todo o ano.

Assim, penso que a formação abriu novas perspetivas acerca de

estratégias que os professores podem implementar nas suas aulas, inovando

e surpreendendo os alunos com algo que, realmente demonstram interesse,

quer pelo seu caráter distinto, quer pela curiosidade em experimentar.

Concluindo, a realização da formação tornou-se uma mais valia,

começando-se a observar interesse nesta forma de treino. Posteriormente,

observando a aula de outros professores, notei a implementação dos

conteúdos aprendidos durante a formação, englobando materiais e exercícios,

nunca esquecendo os pilares que sustentam o treino funcional.

3.3.2. Acão de formação: danças sociais

“A dança? Não é movimento

súbito gesto musical

É concentração, num momento,

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da humana graça natural”

(Andrade, 1964)

A dança deve ser desde cedo incentivada e incutida na escola como meio de

expressão corporal e de sentido estético. No meio escolar, muitas vezes, esta

modalidade é desconsiderada por falta de preferência quer dos professores, na

sua lecionação, quer por falta de motivação dos alunos, principalmente do sexo

masculino.

É importante que se tenha em consideração que a Dança “é um excelente

meio de responder às necessidades lúdicas e promover as capacidades criativas

da criança” (Batalha e Macara, 2007). Através de diversas formas, poderemos

enfatizar os aspetos essenciais da Dança e promover o gosto, a noção espacial

e corporal, bem como a temporal, conceitos alheios à modalidade e a outras

modalidades como a ginástica.

Aliando os benefícios da dança, podemos referir a importância da música

que domina grande parte da vida dos jovens de hoje.

“Para dinamizar estas aulas, a ajuda do suporte auditivo revelou-se

interessante e consequentemente, demonstrou-se elemento motivador da turma.

Não é de todo desconhecido, o efeito que a música exerce sobre a atividade

física, ajudando a criar ritmo e aumentando o empenhamento na tarefa.” (Aula

de Ginástica, 30 de Janeiro)

A música, além de motivar o movimento estimulando determinadas partes

do cérebro responsáveis pelos movimentos inconscientes, é um bom indicador

de tempo, tanto para o professor, como para o aluno. Potencia ainda a

performance, dissociando a ideia de cansaço e de desistência, bloqueando a voz

interna do cérebro.

“A música é um elemento atemporal, que surgiu desde o primeiro ser

humano, que criava ritmos através do espancamento de paus e pedras. É

poderosa, desenvolvendo profundas emoções e memórias, mas acima de tudo,

a música é um estimulante para a mente, corpo e alma. Assim que a música

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começa, nem percebe que o corpo se está movendo e reagindo à melodia e à

batida.” (Autor Desconhecido, s.d.)

Tendo em conta estes fatores, a escola criou uma formação interna com o

objetivo de atribuir aos professores ferramentas que enfatizassem os valores e

qualidades da dança e da música. Pretendeu-se desenvolver competências nas

danças aeróbicas, sociais e tradicionais, apresentando diferentes estratégias de

aprendizagem onde os formadores partilharam progressões pedagógicas e

etapas de nível, dinamizando algumas coreografias.

“A parte prática iniciou-se pela apresentação da estrutura rítmica da música

a adotar numa aula de Dança aeróbica e a respetiva contagem dos tempos e

frases musicais. De seguida, passamos à exploração dos skills básicos, às

diferentes formas de conjugação e respetivas sequências coreográficas a adotar,

salientando-se as opções bilaterais. A este nível, todos os presentes se

entusiasmaram num ritmo latino, respondendo de forma francamente positiva

aos diferentes desafios que se iam lançando.” (Relatório de Atividades, 8 de

Outubro)

Liderada pela professora Manuela Brochado, pessoa comunicativa e

dinâmica, a formação decorreu dentro de uma grande harmonia e entusiasmo

dos participantes. A docente cativou e interagiu de forma clara e sucinta o que

fez com que, todos adorassem a atividades que propôs.

Para além de expor alguns dos passos básicos e de mostrar estratégias

para abordar esta modalidade, é de ressaltar que o âmbito desta formação serviu

de igual forma para capacitar os docentes da escola em todas as diferentes

variantes da dança.

“Consideramos que nem sempre é de fácil abordagem a dança na escola.

Este pressuposto está ligada a questões culturais, à obrigatoriedade de

interação entre géneros e à existência de heterogeneidade dos mesmos em

algumas turmas e também ao facto de alguns docentes não terem experienciado

a área na formação inicial, o que lhes confere algum desconforto face à

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exposição. Pensamos que é muito importante que todos os docentes

proporcionem estas vivências aos seus alunos, contribuindo dessa forma para

uma formação integral e eclética dos seus alunos, pelo que se sugere, sempre

que possível, a junção de turmas e a abordagem feita por mais do que um

professor, contribuindo para um ambiente mais propício de ensino/

aprendizagem.” (Relatório de Atividades, 8 de Outubro)

Assim, é importante garantir que os professores têm ferramentas úteis, que

consigam desenvolver de forma fácil e eficaz, garantindo assim, a introdução da

dança nas suas turmas. Estas iniciativas promovem a expressão artística como

peça fundamental da Educação Física, realçando a importância do domínio do

corpo e das suas formas.

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CAPÍTULO V

ESTUDO DE INVESTIGAÇÃO-AÇÃO

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ANÁLISE DO DESEMPENHO MOTOR: COORDENAÇÃO MOTORA EM

JOVENS DE 15 E 16 ANOS

1. Resumo

O presente estudo, tem como tema central, comparar o nível cognitivo, bem

como verificar o efeito do género e da prática desportiva, com a coordenação

motora dos alunos do 10º ano de escolaridade. Assim, como objetivos principais

pretende-se: I) verificar que um bom nível de coordenação está associado um

bom nível cognitivo; II) verificar as diferenças entre sexo masculino e sexo

feminino. A amostra é constituída por 60 alunos, do 10º ano de escolaridade

sendo todos eles da mesma escola, com idades compreendidas entre os 15 e

os 16 anos. Para a recolha de dados acerca da coordenação motora foram

utilizados os testes referentes à bateria M-ABC (Movement Assessment Battery

for Children) banda III, para idades compreendidas entre os 12 e os 16 anos.

Quanto ao rendimento escolar, foram recolhidas as classificações dos alunos

referentes ao 3º período. Para o tratamento estatístico foi utilizado o programa

Statistical Package for the Social Sciences – Versão 21.0 (SPSS Statistics 21.0).

Depois de comparadas e relacionadas as diferentes componentes deste estudo,

não foram encontrados resultados com significado estatístico, exceto no teste de

atirar e agarrar quando comparado os dois sexos.

PALAVRAS-CHAVE: M-ABC; DESEMPENHO MOTOR; COORDENAÇÃO;

NÍVEL COGNITIVO, GÉNERO.

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2. Introdução

Ao longo da vida, desenvolvemos funções motoras que nos garantem

sucesso tanto nas atividades diárias como no desporto. O desenvolvimento

motor é dos aspetos mais importantes ao longo da nossa vida e, principalmente

nos primeiros anos. As crianças desde cedo aprendem comportamentos motores

que, futuramente, lhes darão as ferramentas básicas para a aquisição de

padrões motores eficientes e eficazes (andar, correr, saltar, pontapear, agarrar,

lançar).

Além de representarem padrões motores essenciais para as atividades

diárias de cada criança, são também aspetos primordiais no contexto de

qualquer modalidade, tendo estes padrões influências externas de várias ordens

(maturação, prática, motivação, instrução). O mau desenvolvimento destes

padrões motores pode originar um efeito negativo na sua participação em

atividades físicas, que contribuirá para uma falta de autoestima e confiança

derivada da noção de incapacidade física desportiva.

Nos últimos anos podemos ainda afirmar que os níveis de

desenvolvimento das crianças se têm vindo a alterar, havendo um decréscimo

das atividades motoras, por estes experienciadas. Esta falta de experiências

afeta, a curto e longo prazo, os níveis de coordenação motora, que influenciam

o nível de aptidão física.

A execução de habilidades motoras, qualquer que seja o seu nível, requer

um conjunto variado de aptidões que podem ser designadas genericamente por

coordenação motora (CM) (Lopes, Lopes, Santos e Pereira, 2011, p.16). Embora

a sua definição não seja consensual entendemos que resulta de uma variedade

de processos motores, sensoriais, verbais e de pensamento, que em

consonância permitem a realização da ação motora.

Ora, se o nível de atividade física tem vindo a decrescer, a coordenação

motora e todos os aspetos que a englobam tende a piorar. “A falta de movimento

pode não só levar a um restringir do corpo e do desenvolvimento motor, como

pode influenciar aspectos da personalidade como a percepção, a cognição, o

discurso, as emoções, e o comportamento social que podem ser designadas

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genericamente por coordenação motora” (CM) (Lopes, Lopes, Santos e Pereira,

2011, p.16).

É possível também que, a um bom nível coordenativo esteja associado

uma maior facilidade em realizar tarefas que envolvam o sistema cognitivo, ou

seja, podemos associar o nível coordenativo ao nível cognitivo. “Vários

mecanismos fisiológicos podem explicar a relação entre atividade física e

cognição, como o aumento do fluxo sanguíneo cerebral, alterações nos

neurotransmissores cerebrais, mudanças estruturais no sistema nervoso central,

níveis de excitação modificados” (Sibley & Etnier, 2003, p.244). Contudo, a

investigação ainda não fornece dados conclusivos, dizendo apenas que, de

algum modo, estes dois aspetos estão relacionados.

No presente estudo pretendo constatar que, os alunos com maior sucesso

escolar apresentam maior nível de coordenação e que existe diferença entre

sexo feminino e masculino.

3. Objetivos

3.1. Geral

Averiguar a relação entre os níveis de coordenação motora e o

rendimento escolar dos alunos do décimo ano de escolaridade.

3.2. Específicos

Verificar a relação, em função do sexo, entre os níveis de

coordenação motora e o rendimento escolar.

Verificar as diferenças, em função do sexo, nos níveis de

coordenação motora.

4. Procedimentos metodológicos

A recolha dos dados foi realizada em uma escola nos arredores de

Guimarães, no presente ano letivo. Foram explicados os objetivos e

procedimentos contando assim com a aprovação de todos os intervenientes que

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realizaram os testes voluntariamente, assegurando-se a confidencialidade dos

dados recolhidos.

Para a recolha dos dados foi utilizado o instrumento de avaliação

Movement Assessment Battery for Children (MABC) banda 3, dos 12 aos 16

anos. Esta bateria de testes é composta por três testes: destreza manual, atirar

e agarrar (habilidade com bola) e equilíbrio (estático e dinâmico).

Após a recolha dos dados, mediante as instruções previamente

estudadas, os dados recolhidos são convertidos em valores standard que

constam no manual MABC. No final da conversão, os dados são somados e

obtêm-se o resultado final que coloca os indivíduos avaliados num sistema de

semáforo (Traffic Light System).

Segundo Henderson et al. (2007), este sistema apresenta três zonas: a

vermelha quando os valores são menores ou iguais a 56 indicando uma

desordem na coordenação motora; a amarela para os valores entre 57 e 66,

inclusive, que indica tendência para desordens de coordenação motora; a verde

quando os valores são superiores ou iguais a 67, indicando ausência de

desordens de coordenação motora.

Estes resultados podem ainda ser convertidos nos percentis que a tabela

estandardizada do manual fornece, colocando os sujeitos da avaliação acima ou

abaixo da média populacional, dependendo se o resultado é superior ou inferior

ao percentil 50.

Para a obtenção do nível cognitivo foram utilizadas as notas escolares

finais do presente ano letivo, correspondendo ao 10º ano de escolaridade e

agrupadas pelas diferentes áreas disciplinares de línguas e de ciências, nota de

educação física e média aritmética geral.

Para o tratamento estatístico dos dados utilizei o programa Statistical

Package for the Social Sciences – Versão 21.0 (SPSS Statistics 21.0). O nível

de significância para rejeição da hipótese nula em todos os testes estatísticos foi

fixado em α=0,05 (intervalo de confiança de 95%).

Foi realizada a regressão linear para analisar a relação entre as

classificações do 3º período (média aritmética e divisão disciplinar em área de

línguas, ciências e nota de EF) e as variáveis da Bateria de testes MABC III

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(Destreza Manual, Atirar e Agarrar, Equilíbrio e Resultado total do teste).

Posteriormente foi dividida a amostra em sexo feminino e sexo masculino e

realizada a mesma regressão linear para ambas as categorias.

Para finalizar a análise dos dados, recorri à estatística inferencial

utilizando o teste T para medidas independentes fazendo a comparação entre

sexos nas distintas variáveis da Bateria de testes MABC III acima referidas.

5. Amostra

A amostra deste estudo foi constituída por sessenta alunos, dos quais 33

do sexo feminino e 27 do sexo masculino. Os alunos têm idades compreendidas

entre os quinze e os dezasseis anos, sendo a média de 15,48 ± 0,50 anos

6. Apresentação e discussão dos resultados

Na Tabela I podemos observar a análise descritiva das variáveis em

estudo, referentes aos testes MABC III (Destreza Manual, Atirar e Agarrar,

Equilíbrio e Resultado total do teste), para uma população com N=60.

Tabela I – Estatística descritiva das variáveis referentes à bateria de testes MABC - III

Como podemos observar, o resultado médio final do teste MABC é

elevado (82,4). Visto que o valor mínimo da tabela estandardizada, que coloca

Variáveis �̅� SD Mín. Máx.

Destreza manual 27,07 6,37 10 42,5

Atirar e Agarrar 23,16 6,78 8 44

Equilíbrio 32,18 5,10 8 36

Resultado final do teste 82,4 12,15 48 108

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os alunos nos três níveis do Traffic Light System, para sujeitos que não

apresentem desordens de coordenação motora, é de 67 valores, podemos

concluir que não existem problemas de desordem da coordenação motora.

Após a recolha dos dados foi realizada uma regressão linear para

encontrar relação estatisticamente significativa (α<0,05) entre as classificações

do 3º período (pela média aritmética de todas as classificações bem como por

categorias disciplinares: linguas, ciências e nota de EF) e as diferentes variáveis

da bateria de Testes MABC III (Destreza Manuel, Atirar e Agarrar, Equilíbrio e

Resultado final do teste).

A análise dos dados revelou não existir resultados estatisticamente

significativos entre as variáveis acima referidas, não havendo qualquer relação

entre o nível cognitivo e a coordenação motora, como nos mostra a tabela abaixo

descrita (Tabela II).

Apesar de esperar que os alunos com melhores classificações

apresentassem uma melhor coordenação motora, tal não se verificou.

Tabela II – Regressão linear das variáveis referentes à bateria de testes MABC – III e às

categorias disciplinares

Um dado interessante para evidenciar diz respeito à comparação entre o

valor do resultado final do teste e a nota de EF que apresenta o valor mais baixo

(α=0,123), relativamente às restantes disciplinas.

Classificações

Variáveis

Média

Ciências

Média

Línguas

Nota EF Média

Geral

�̅�

α

�̅�

α

�̅�

α

�̅�

Α

Média 11,5 12,3 15,8 12,5

Destreza manual 0,184 0,697 0,881 0,461

Atirar e Agarrar 0,835 0,275 0,101 0,875

Equilíbrio 0,503 0,746 0,396 0,861

Resultado final do teste 0,730 0,689 0,123 0,967

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Utilizando as mesmas variáveis, mas dividindo a amostra por sexos

observamos que continua a não existir resultados estatisticamente significativos

(Tabela III). E ainda que fosse expetado que o sexo feminino apresentasse

resultados mais significativos que o sexo masculino, tal não se verifica.

Tabela III – Regressão linear das variáveis referentes à bateria de testes MABC – III e às

categorias disciplinares divida por sexos.

Apesar da divisão por sexos, da comparação efetuada, não ter

apresentado significado estatístico, uma vez que os valores de α se encontram

muito acima de 0,05, podemos observar que existe uma diferença entre os sexos

no resultado final do teste quando comparado com a nota de EF, apresentando

uma valor relativamente mais baixo (α=0,229) no sexo masculino do que no sexo

feminino (α=0,540).

Para finalizar a análise de dados, foi realizada uma comparação entre as

médias dos diferentes sexos e as variáveis dos testes da Bateria MABC (Tabela

IV). Quando analisados os resultados observou-se que havia resultados

significativamente estatísticos nas variáveis “ Destreza Manual” e “Atirar e

Sexo

Variáveis

Feminino (N=33) Masculino (N=27)

Média

Ciências

Média

Línguas

Nota

EF

Média

Geral

Média

Ciências

Média

Línguas

Nota

EF

Média

Geral

α α α α α α α α

Destreza manual 0,467 0,557 0,356 0,691 0,345 0,863 0,816 0,642

Atirar e Agarrar 0,657 0,288 0,534 0,590 0,625 0,209 0,762 0,311

Equilíbrio 0,987 0,620 0,960 0,958 0,803 0,789 0,319 0,823

Resultado final do teste 0,774 0,844 0,540 0,641 0,593 0,643 0,229 0,700

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Agarrar” apresentando um valor para o sexo feminino de α=0,04, nas duas

variáveis e para o sexo masculino de α=0,05 e 0,03, respetivamente.

Assim, podemos afirmar que o sexo feminino apresenta uma melhor

prestação nos testes de destreza manual que o sexo masculino, no entanto nas

habilidades com bola (Atirar e Agarrar) o sexo masculino apresentam uma

melhor coordenação motora que o sexo oposto.

No entanto, ambos os sexos obtêm o mesmo valor final quando

verificamos a variável do resultado final do teste (α=0,61).

Tabela IV – Teste T de medidas Independentes das variáveis referentes à bateria de testes

MABC III

7. Conclusões

Através regressão linear realizada para verificar se o nível de

coordenação estava diretamente relacionado com o nível de cognição não foram

encontrados resultados estatisticamente significativos.

Sexo

Variáveis

Feminino (N=33) Masculino (N=27)

Α α

Destreza manual 0,04 0,05

Atirar e Agarrar 0,04 0,03

Equilíbrio 0,33 0,33

Resultado final do teste 0,61 0,61

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Quando dividida a amostra por sexos e analisadas as variáveis, os

resultados foram idênticos. Mostrando assim que tanto o sexo feminino como o

sexo masculino não apresentam relação entre nível de coordenação e nível de

cognição.

Quando comparadas as médias entre sexos verificou-se que a Destreza

manual e a Habilidade com bola (Atirar e Agarrar) apresentam resultados

estatisticamente significativos, podendo afirmar que o sexo feminino apresenta

um melhor nível de Destreza manual e o sexo masculino um melhor nível de

Habilidade com bola.

8. Sugestões

Para estudos futuros sugiro estender o número da população estudada

ou até mesmo, alargar a faixa etária ou conciliar o instrumento utilizado (MABC)

com um instrumento de avaliação da aptidão física, podendo resultar em dados

interessantes para a análise da relação entre nível de aptidão física e nível de

coordenação. Sugiro ainda a divisão da amostra por praticantes e não

praticantes e averiguar a relação que estes apresentam com as variáveis

apresentadas.

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CAPÍTULO VI

A DÁDIVA DE ENSINAR E CONTINUAR A APRENDER

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“Ensinar não é transferir conhecimento, mas

criar possibilidades para a sua produção ou

sua construção. Quem ensina aprende ao

ensinar e quem aprende ensina ao aprender”.

(Freire, 1997)

O trajeto foi longo, árduo, trabalhoso. Pelo caminho retirei muitas pedras

do sapato, recuperei forças, pensei em desistir, descansei mas continuei. O final

aparentava valer a pena. Valer cada esforço, cada desespero, cada suspiro.

Valer cada sorriso, cada raio de sol, cada otimismo.

“Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu.”

(Pessoa, 1959)

A visão sobre a viagem deixa-me satisfeita e completa. Satisfeita pelas

conquistas que me fizeram travar grandes lutas. Completa por trazer comigo

ensinamentos, experiências e pessoas.

Não foi fácil, nunca esperei que fosse, contudo olhando do final da

jornada, do topo da montanha, consigo enxergar uma bela paisagem com altos

e baixos mas ainda assim motivante. “Ninguém caminha sem aprender a

caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhando, refazendo e retocando

o sonho pelo qual se pôs a caminhar” (Freire, 1997). Esta paisagem é formada

por um conjunto imenso de fatores que contribuíram para o sucesso da

caminhada.

Descobri que a minha vocação para o ensino exige a partilha do que

venho aprendendo, a criação de oportunidades de aprendizagem, a transmissão

guiada. Não se encerrando nesta partilha, permite a minha constante renovação,

a minha constante aprendizagem através das diferentes adversidades surgidas.

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104

Das expetativas iniciais pouco ou nada se alterou deixando cada

interveniente a sua marca no meu percurso pedagógico.

Os meus alunos foram a base de todo o meu trajeto, o maior livro de

pedagogia que poderia ter lido. Estar do lado de lá nunca me pareceu tão difícil,

dificuldade que se foi desvanecendo à medida que a confiança nas minhas

capacidades aumentavam. Creio que a confiança adveio do treino das

capacidades docentes, dos conhecimentos que através do meu trabalho e do

acompanhamento presente, fui adquirindo.

Cada aula revelava uma surpresa, cada exercício poderia despertar uma

multidão de sentimentos, cada explicação gerava burburinho, cada um deles

merecia especial atenção. Não obstante, esta constante incerteza promovia o

prazer de solucionar instantaneamente os problemas que surgissem, ou então,

sorrir de alegria pelo sucesso.

Cada etapa vencida tem a ajuda indispensável do professor cooperante.

O que acompanhou, elucidou, orientou perante todas as estradas sinuosas que

enfrentamos. Peça fundamental neste percurso, foi o grande aliado nas aulas,

nas metodologias, nas estratégias. Ensinou-me a avaliar no contexto real da

escola, fornecendo ferramentas que me facilitaram a tarefa, que no meu

entender é a tarefa mais injusta para um professor. Ensinou-me a olhar para as

modalidades com curiosidade, explorando a potencialidade dos alunos e dos

diferentes meios desportivos.

Para além de um mestre, tornou-se um amigo fazendo questão que

repassar todos os conhecimentos que tinha. A sua influência ficará marcada na

minha forma de ensinar, de ver a docência, de interagir com os alunos. Sempre

muito preocupado com o bem-estar da turma, procurava ir ao encontro do que

agradava a cada um, conseguindo assimilar tarefas para o êxito dos alunos.

Analisando a viagem, a alegria é imensa. As vivências tornaram cada

momento, cada pormenor, cada gesto, cada circunstância numa aprendizagem.

Demonstraram a responsabilidade de ser Professor, de carregar o futuro nas

nossas mãos, de conseguirmos escrever um pouco do futuro de alguém.

Não prevejo o melhor panorama para a minha situação, inocente seria se

afirmasse expetar lecionar aulas num futuro próximo, que o sistema de ensino

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mudasse e que finalmente os professores fossem reconhecidos pelo valor e

contributo na sociedade.

Contudo, sou positiva ao ponto de afirmar que mudanças irão acontecer

e quando acontecerem aproveitarei toda a formação que tenho, todos os

conhecimentos que desenvolvi para viver o resto dos meus anos a despertar

entusiasmo e paixão pelo Desporto aos futuros adultos da sociedade.

Ser professor é viver na esperança que a humanidade perceba que não

há futuro sem educadores. Ser professor é dedicação, curiosidade e trabalho.

“Para ser grande, sê inteiro: nada

Teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és

No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda

Brilha, porque alta vive.”

(Reis, 1933)

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XIX

Anexos

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XX

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XXI

Anexo I - Folha de Registo M-ABC faixa 3

Registo: Mão preferida: D / E (deve ser a mesma que no Delinear o Percurso); Tempo utilizado (s); F (falha); R (recusa); I (inapropriado)

Observações qualitativas

Controlo corporal/postural

Postura incorreta na posição sentada Movimentos irregulares/desajeitados das mãos

Mantém a cara demasiado próxima da tarefa Move-se constantemente/agitada

Posiciona a cabeça num ângulo inadequado Ajustes aos requisitos da tarefa

Não olha enquanto manipula os pinos Não alinha corretamente os pinos em relação aos buracos

Não realiza preensão em pinça para girar os pinos Insere os pinos com força excessiva

Movimentos exagerados dos dedos para libertar os pinos É excecionalmente lenta/não altera a velocidade de tentativa em tentativa

Não usa a mão de apoio para manter o tabuleiro estável Age demasiado rápido para realizar a tarefa com precisão

Desempenho extremamente pobre com uma das mãos (com assimetria manual significativa)

Outro____________________________________________________________

Troca de mãos ou usa ambas as mãos durante uma tentativa

Comentários. ___________________________________________________________________________________________________________________

Registo: Tempo utilizado (s); F (falha); R (recusa); I (inapropriado)

Mão preferida Mão não-preferida

Tentativa 1 Tentativa 1

Tentativa 2 Tentativa 2

Tempo utilizado (N.º de s)

Tentativa 1

Tentativa 2

Observações qualitativas

Controlo corporal/postural

Postura incorreta na posição sentada Movimentos irregulares/desajeitados das mãos

Segura os materiais muito próximo da cara Move-se constantemente/agitada

Posiciona a cabeça num ângulo inadequado Ajustes aos requisitos da tarefa

Não olha para o orifício enquanto insere o parafuso Por vezes a ponta do parafuso falha o buraco

Destreza Manual 1: GIRAR PINOS

Destreza Manual 2: TRIÂNGULO COM PORCAS E PARAFUSOS

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XXII

Registo: Mão preferida D / E / Ambas; N.º de erros; F (falha); R (recusa); I (inapropriado) (Anotar as razões abaixo) O n.º de erros deve ser contabilizado depois do teste ter sido aplicado usando os critérios fornecidos pelo Apêndice A do Manual

Registo: Número de vezes que agarra corretamente em 10 tentativas; R (recusa); I (inapropriado) (Anotar as razões abaixo)

Prática: 10 tentativas: Total: __________________

Não realiza preensão em pinça ao inserir as porcas e os parafusos Fica confuso na construção da sequência

Dificuldade em segurar o parafuso com uma mão e aparafusar a porca com a outra

É excecionalmente lenta/não altera a velocidade de tentativa em tentativa

Troca de mãos durante uma tentativa. Age demasiado rápido para realizar a tarefa com precisão

Outro ___________________________________________________________

Comentários. ___________________________________________________________________________________________________________________

N.º de erros

Tentativa 1

Tentativa 2

Observações qualitativas

Controlo corporal/postural

Postura incorreta na posição sentada Troca a caneta de mão durante a mesma tentativa

Mantém a cara demasiado próxima do papel Move-se constantemente/agitada

Posiciona a cabeça num ângulo inadequado Ajusta-se aos requisitos da tarefa

Não olha para o percurso Progride com movimentos pequenos e desajeitados

Pega na caneta de forma estranha/imatura Usa muita força, carrega demasiado no papel

Pega na caneta muito longe do bico É excecionalmente lenta

Pega a caneta muito perto do bico Age demasiado rápido para realizar a tarefa com precisão

Não segura o papel com firmeza Outro _____________________________________________________________

Comentários. _____________________________________________________________________________________________________________________

Observações qualitativas

Controlo corporal/postural

Postura incorreta na posição de pé Ajustes aos requisitos da tarefa

Não segue com o olhar a trajetória da bola Não ajusta a posição do corpo ao agarrar

Vira a cara ou fecha os olhos quando a bola se aproxima Não ajusta a posição dos pés sempre que necessário

Mantém as palmas da mão planas e os dedos rígidos à medida que a bola se aproxima

Avalia de forma insuficiente a força com que lança (demasiada ou insuficiente)

Atirar e Agarrar 1: AGARRAR COM UMA MÃO

Destreza Manual 3: DELINEAR PERCURSO DA BICICLETA 3 Nota: Usar caneta BIC Atlantis

Não aplicar um segundo ensaio se a criança completar o primeiro ensaio sem problemas (i.e., sem erros).

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XXIII

Registo: Mão preferida D / E / Ambas; Número de lançamentos com sucesso; R (recusa); I (inapropriado) (Anotar as razões

abaixo)

Prática: 10 tentativas: Total: __________________

Registo: Tempo em equilíbrio (s); R (recusa); I (inapropriado) (Anotar as razões abaixo)

Mantém as mãos e braços muito afastados, e os dedos em extensão

Não se ajusta à altura do ressalto

Braços e mãos não fletem para amortecer o impacto com a bola Não se ajusta à direção do ressalto

Os dedos fecham muito cedo ou muito tarde Não se ajusta à força do ressalto

Desempenho extremamente pobre com uma das mãos (com assimetria manual significativa)

Outro ___________________________________________________________

Movimento pouco fluído

Comentários. ___________________________________________________________________________________________________________________

Observações qualitativas

Controlo corporal/postural

Equilíbrio pobre durante o lançamento Ajustes aos requisitos da tarefa

Não mantém os olhos no alvo Os erros são consistentes para um dos lados do alvo (assimetria relevante)

Não dá continuidade ao movimento com o braço que efetua o lançamento

O controlo da direção é variável

Solta a bola demasiado cedo ou demasiado tarde Avalia de forma insuficiente a força com que lança (em excesso ou por defeito)

Muda de mão entre tentativas O controlo da força é variável

Movimento pouco fluído Outro ___________________________________________________________

Comentários. ___________________________________________________________________________________________________________________

Segundos

Tentativa 1

Tentativa 2

Observações qualitativas

Atirar e Agarrar 2: ATIRAR A BOLA PARA ALVO NA PAREDE

Equilíbrio 1: EQUILIBRAR-SE SOBRE UMA TRAVE

Não aplicar um segundo ensaio se a criança mantiver o equilíbrio durante 30 segundos.

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XXIV

Registo: Número correto de passos consecutivos desde o início da linha: se caminhou corretamente em toda a linha; R (recusa); I (inapropriado) (Anotar as razões abaixo)

Registo: Número de saltos corretos e consecutivos (máximo 5); R (recusa); I (inapropriado) (Anotar as razões abaixo)

Controlo corporal/postural

O corpo parece rígido/tenso Faz movimentos exagerados dos braços e do tronco acabando por desequilibrar-se

O corpo parece flácido/desajeitado Realiza a tarefa com pouca tonicidade corporal (assimetria relevante)

Oscila exageradamente para tentar manter o equilíbrio Outro ___________________________________________________________

Não mantém estáveis a cabeça e os olhos

Realiza poucos, ou nenhuns, movimentos compensatórios dos braços para ajudar a manter o equilíbrio

Comentários. ___________________________________________________________________________________________________________________

Nº de passos Toda a linha?

Tentativa 1 SIM / NÃO

Tentativa 2 SIM / NÃO

Observações qualitativas

Controlo corporal/postural

O corpo parece rígido/tenso É hesitante quando coloca os pés na linha

O corpo parece flácido/desajeitado Ajusta-se aos requisitos da tarefa

Oscila exageradamente para tentar manter o equilíbrio Vai demasiado rápido para executar com exatidão

Não mantém a cabeça quieta Realiza os movimentos sem suavidade e fluidez

Não compensa com os braços para manter o equilíbrio A sequência de passos não é regular/pausas frequentes

Faz movimentos exagerados dos braços e do tronco acabando por desequilibrar-se

Outro ___________________________________________________________

Comentários. ___________________________________________________________________________________________________________________

N.º Saltos N.º Saltos

Perna preferida

Tentativa 1 Perna não-preferida

Tentativa 1

Tentativa 2 Tentativa 2

Observações qualitativas

Controlo corporal/postural

Equilíbrio 3: SALTOS EM ZIGUEZAGUE

Equilíbrio 2: CAMINHAR EM CALCANHAR-PONTAS PARA TRÁS

Não aplicar um segundo ensaio se a criança realizar 15 passos OU completar toda a linha em menos de 15 passos corretamente executados.

Não aplicar um segundo ensaio se a criança realizar 5 saltos corretos no primeiro ensaio.

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XXV

O corpo parece rígido/tenso Denota muita dificuldade na execução com uma das pernas (assimetria relevante)

O corpo parece flácido/desajeitado Ajusta-se aos requisitos da tarefa

A perna que não faz suporte é sustentada em frente do corpo Vai demasiado rápido para executar com exatidão

Salta com pernas rígidas/pés planos Não combina eficazmente movimentos para a frente e para cima

Falta de flexibilidade/ não impulsiona a partir dos pés Utiliza demasiado esforço

Os braços movem-se de forma exagerada Os movimentos são desajustados

Não utiliza os braços para ajudar no salto Outro _______________________________________________________

Tropeça ao chegar ao solo

Comentários. ________________________________________________________________________________________________________________

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XXVI

AB3 Prática

Tentativa 1

Tentativa 2