15
3.1 CORRELAÇÃO LINEAR SIMPLES Constata-se, freqüentemente, a existência de uma relação entre duas (ou mais) variáveis. Se tal relação é de natureza quantitativa, a correlação é o instrumento adequado para descobrir e medir essa relação. Dizemos que duas variáveis, X e Y, estão positivamente correlacionadas quando elas caminham num mesmo sentido, ou seja, elementos com valores pequenos de X tendem a ter pequenos valores de Y e elementos com valores grandes de X tendem a ter valores grandes de Y. Estão negativamente correlacionados quando elas caminham em sentidos opostos, ou seja, elementos com valores pequenos de X tendem a ter valores grandes de Y e elementos com valores grandes de X tendem a ter valores pequenos de Y. As variáveis peso e altura, por exemplo, apresentam-se, em geral, correlacionadas positivamente, pois a maioria dos indivíduos altos também são pesados, enquanto que a maioria dos indivíduos baixos são leves. Por outro lado, no Brasil, as variáveis renda familiar e número de elementos da família costumam se apresentar correlacionados negativamente, pois, as famílias de baixa renda, em geral, tendem a ter mais filhos do que as de alta renda. Quando estão em jogo somente duas variáveis, fala-se em correlação e regressão simples. Quando se trata de mais de duas variáveis, fala-se de correlação e regressão múltipla. Uma correlação linear simples é uma relação entre duas variáveis quantitativas. Os dados podem ser representados por pares ordenados (X, Y), onde X é a variável independente (explicativa) e Y é a variável dependente (resposta). Coletam-se dados exibindo os valores correspondentes das variáveis. Faz-se o gráfico dos pontos em sistema de coordenadas retangulares. O conjunto resultante é chamado Diagrama de Dispersão.

Apresentação Da Disciplina e Introdução Aos Conceitos Fundamentais de Marketing

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Apresentação Da Disciplina e Introdução Aos Conceitos Fundamentais de Marketing.

Citation preview

  • 3.1 CORRELAO LINEAR SIMPLES

    Constata-se, freqentemente, a existncia de uma relao entre duas (ou

    mais) variveis. Se tal relao de natureza quantitativa, a correlao o instrumento adequado para descobrir e medir essa relao.

    Dizemos que duas variveis, X e Y, esto positivamente correlacionadas

    quando elas caminham num mesmo sentido, ou seja, elementos com valores

    pequenos de X tendem a ter pequenos valores de Y e elementos com valores

    grandes de X tendem a ter valores grandes de Y. Esto negativamente

    correlacionados quando elas caminham em sentidos opostos, ou seja, elementos

    com valores pequenos de X tendem a ter valores grandes de Y e elementos com

    valores grandes de X tendem a ter valores pequenos de Y.

    As variveis peso e altura, por exemplo, apresentam-se, em geral,

    correlacionadas positivamente, pois a maioria dos indivduos altos tambm so

    pesados, enquanto que a maioria dos indivduos baixos so leves. Por outro lado, no

    Brasil, as variveis renda familiar e nmero de elementos da famlia costumam se

    apresentar correlacionados negativamente, pois, as famlias de baixa renda, em

    geral, tendem a ter mais filhos do que as de alta renda.

    Quando esto em jogo somente duas variveis, fala-se em correlao e

    regresso simples. Quando se trata de mais de duas variveis, fala-se de correlao

    e regresso mltipla.

    Uma correlao linear simples uma relao entre duas variveis

    quantitativas. Os dados podem ser representados por pares ordenados (X, Y), onde

    X a varivel independente (explicativa) e Y a varivel dependente (resposta).

    Coletam-se dados exibindo os valores correspondentes das variveis. Faz-se

    o grfico dos pontos em sistema de coordenadas retangulares. O conjunto resultante

    chamado Diagrama de Disperso.

  • 2

    3.2 DIAGRAMA DE DISPERSO

    Uma maneira de visualizarmos se duas variveis apresentam-se

    correlacionadas por meio do diagrama de disperso, no qual os valores das

    variveis so representados por pontos, num sistema cartesiano.

    Suponha que X e Y representam, respectivamente, a altura e o peso de

    adultos do sexo masculino. Uma amostra de n indivduos acusaria alturas X1, X2, ..., Xn, e os correspondentes pesos Y1, Y2, ..., Yn,. Os pontos a serem marcados no

    grfico seriam ento (X1, Y1), (X2, Y2),..., (Xn, Yn). Os diagramas de disperso destas

    variveis podem apresentar as seguintes caractersticas:

    Grfico de Disperso

    X (altura)

    Y (peso)

    Grfico de disperso

    X (altura)

    Y (p

    eso)

    Fig.01- Correlao perfeita positiva Fig. 02- Correlao imperfeita positiva

    Grfico de Disperso

    X (altura)

    Y (peso)

    Grfico de disperso

    X (altura)

    Y (p

    eso)

    Fig.03- Correlao perfeita negativa Fig.04- Correlao imperfeita negativa

  • 3

    Grfico de disperso

    X (altura)

    Y (p

    eso)

    Grfico de disperso

    X (altura)

    Y (P

    eso)

    Fig.05- No h correlao linear Fig.06-No h correlao linear

    Pelo diagrama de disperso, muitas vezes, se pode visualizar uma curva

    aproximativa dos dados. Inicialmente devemos observar a inclinao ou declive, se

    presente de um agrupamento de pontos. Um agrupamento de pontos que possui

    uma inclinao partindo do canto esquerdo inferior at o canto direito superior, como

    nas Figuras 1 e 2, reflete uma relao positiva. Por outro lado, um agrupamento de

    pontos que possui uma inclinao partindo do canto esquerdo superior at o canto

    direito inferior como mostra as Figuras 3 e 4, reflete uma relao negativa.

    Finalmente, um agrupamento de pontos onde h ausncia de qualquer

    inclinao aparente, como mostra a Figura 6, reflete pouca ou nenhuma relao.

    Algumas vezes, um agrupamento de pontos se aproxima de uma linha flexionada ou

    curvada, conforme mostra a Figura 5, dessa maneira reflete uma relao curvilnea.

    As descries dessas relaes so mais complexas do que aquelas para relaes

    lineares.

    Tendo estabelecido que a relao seja positiva ou negativa, observe, a

    seguir, o quanto o agrupamento de pontos se aproxima de uma reta. Quanto mais o

    grupo de pontos se aproximarem de uma linha reta, mais forte (e regular) ser a

    relao. Um agrupamento de pontos que seja igual (mais do que meramente

    aproximado) a uma linha reta reflete uma relao perfeita (ver Figuras 1 e 3) entre

    duas variveis. Na prtica, as relaes perfeitas so muito improvveis.

  • 4

    3.3 COEFICIENTE DE CORRELAO LINEAR DE PEARSON

    Embora seja til verificar a existncia de correlao por intermdio do

    diagrama de disperso, ele no nos fornece, com preciso, o grau de aderncia

    entre as sries, ou seja, quo prximos esto os pontos em torno da reta.

    Pode ser utilizado o coeficiente de correlao de Pearson (em homenagem ao

    estatstico ingls Karl Pearson (1857-1936)). O smbolo r representa o coeficiente de correlao amostral.

    Seja (X1, Y1), (X2, Y2),..., (Xn, Yn) uma amostra aleatria das variveis (X, Y), o

    clculo do Coeficiente de Correlao entre X e Y dado por:

    ( ) ( )2 22 2.

    . . .

    i i i iXY

    i i i i

    n X Y X Yr r

    n X X n Y Y

    = =

    onde n o nmero de observaes. O coeficiente de correlao de Pearson, r, pode ser igual a qualquer valor

    entre -1,00 e +1,00. Alm disso, se aplicam a duas propriedades a seguir:

    1 O sinal de r indica o tipo de relao linear, se positiva ou negativa. 2 O valor de r, sem considerar o sinal, indica a fora (intensidade) da relao

    linear.

    Quanto mais prximo um valor de r se torna em relao a -1,00 ou +1,00, mais forte (mais regular) torna-se a relao. Reciprocamente, quanto mais prximo o

    valor de r fica em relao a 0 (zero), mais fraca (menos regular) torna-se a relao. Por exemplo, um r igual a -0,90 indica uma relao mais forte do que um r igual a -0,70, e um r correspondente -0,70 indicam uma relao mais forte do que um r igual a 0,5, lembre-se de que, se nenhum sinal aparece, est subtendido ser positivo.

    Se no existir correlao linear ou ainda se a correlao linear for fraca, r estar prximo de zero.

    Assim:

    a) Se a correlao entre duas variveis perfeita e positiva, ento

    r = 1 (ver Figura 1);

  • 5

    b) Se a correlao perfeita e negativa, ento r = -1 (ver Figura 3); c) Se no h correlao entre as variveis, r = 0 (ver Figura 6).

    Partindo de uma perspectiva um pouco diferente, o valor de r corresponde a uma medida de quo bem uma linha reta (representando a relao linear) descreve

    o grupo de pontos no grfico de disperso. Em outras palavras, o valor de r representa a medida de quo bem uma linha reta se ajusta aos dados.

    Tome cuidado ao interpretar o valor numrico real de r. Um r de 0,70 para estatura e peso no significa que a fora desta relao seja igual a 0,70, ou

    represente 70 por cento da fora de uma relao perfeita. Em outras palavras, o

    valor de r no pode ser interpretado como uma proporo ou percentagem de alguma relao perfeita.

    Ao interpretar um r novinho em folha, voc ir descobrir que uma boa prtica o valor numrico de r em uma descrio verbal da relao. Um r igual a 0,70 para estatura e peso dos alunos de uma faculdade poderia ser traduzido em:

    Alunos altos tendem a pesar mais (ou alguma outra igualmente vlida, tal como:

    Alunos mais leves tendem a ser mais baixos); um r igual a -0,42 para o tempo gasto estudado para fazer um exame e o subseqente resultado do resultado do

    exame poderia ser traduzido em Alunos que gastam menos tempo estudando

    tendem a pontuar mais alto; e um r na vizinhana de 0 (zero) para tamanho de sapatos e Q.I. poderia ser traduzido em Pequena, ou nenhuma, relao existe entre

    tamanho de sapato e Q.I..

    Exemplo:

    Um administrador de marketing conduz um estudo para determinar se existe

    uma relao linear entre o dinheiro gasto em propaganda e as vendas de uma

    companhia. Os dados esto dispostos na tabela a seguir.

  • 6

    Tabela 1 - Relao linear entre o dinheiro gasto em propaganda e as vendas de

    uma companhia.

    Empresas

    Gasto com

    Propaganda

    (U$ 1000,00)

    (X)

    Vendas da

    empresa

    (U$

    1000,00)

    (Y)

    X.Y X2 Y2

    1 540,00 5,80 3132,00 291600,00 33,64

    2 294,00 2,60 764,40 86436,00 6,76

    3 440,00 4,00 1760,00 193600,00 16,00

    4 624,00 6,80 4243,20 389376,00 46,24

    5 252,00 2,00 504,00 63504,00 4,00

    6 295,00 2,70 796,50 87025,00 7,29

    7 372,00 4,00 1488,00 138384,00 16,00

    8 473,00 4,90 2317,70 223729,00 24,01

    Total iX =3290,00 iY =32,80 .i iX Y =15005,80 2iX =1473654,00 2iY =153,94

    Grfico de disperso dos dados

    Grafico de disperso

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    200 250 300 350 400 450 500 550 600 650Gastos com Propaganda (em US$1,000.00)

    Vend

    as d

    a Em

    pres

    a (e

    m U

    S$1,

    000.

    00)

    Fig.07- Grfico de disperso dos dados

  • 7

    Clculo do coeficiente de correlao

    ( ) ( )( ) ( )

    [ ] [ ]

    2 22 2

    2 2

    8 15.005,80-3290,00 32,80

    8 1.473.654,00- 3290,00 8 153,94- 32,80

    120046,4-107912,0011789232,00-10824100,00 1231,52-1075,84

    i i i iXY

    i i i i

    XY

    XY

    n X Y X Yr r

    n X X n Y Y

    r r

    r r

    = = =

    = = =

    = =

    12134,40 12134,40 12134,4012257,722965132,00 155,68 150251749,76

    0,9899

    XY

    XY

    r r

    r r

    =

    = = = = == =

    Existe uma forte correlao positiva entre as variveis gastos com

    propaganda e vendas. Ou seja, empresas que investem em propaganda tendem a

    aumentar suas vendas.

    3.4 CORRELAO E CAUSALIDADE

    Se considerar uma correlao entre a prevalncia da pobreza e crime em

    cidades do Brasil, voc pode especular que a pobreza causa o crime; ou seja, que a

    pobreza gera crime com o mesmo grau de inevitabilidade que o apertar de um

    interruptor ilumina um aposento. De acordo com essa viso, qualquer reduo

    substancial na pobreza deveria causar um correspondente decrscimo no crime.

    Voc pode especular que uma causa comum como educao inadequada,

    superpopulao, discriminao racial e assim por diante, ou alguma combinao

    desses fatores gera tanto pobreza quanto o crime. Logo, de acordo com essa

    viso, uma reduo substancial na pobreza no deveria causar qualquer efeito no

    crime. Qual das especulaes correta? Infelizmente, essa pergunta no pode ser

    resolvida meramente com correlao observada.

    O fato de duas variveis estarem fortemente relacionadas por si s, no

    implica em uma relao de causa e efeito entre as variveis.

  • 8

    Por exemplo: possvel que a relao das variveis tenha sido causada por

    uma terceira varivel, ou, ainda, por uma combinao de muitas outras variveis.

    Existem muitos outros tipos de coeficiente de correlao, mas iremos discutir

    somente o coeficiente de correlao de Pearson.

    Ento, caracterizada a relao, procuramos descrev-la por intermdio de

    uma funo matemtica. A regresso o instrumento adequado para a

    determinao dos parmetros dessa funo.

    3.5 REGRESSO LINEAR SIMPLES

    O termo regresso surgiu com os trabalhos de Galton (18221911), ao final

    do sculo passado. Estes trabalhos procuravam explicar certas caractersticas de

    um indivduo, a partir das caractersticas de seus pais. Galton acreditava que os

    filhos de pais excepcionais com respeito determinada caracterstica, tambm

    possuam esta caracterstica, porm, numa intensidade, em mdia, menor do que a

    mdia de seus pais.

    Os estudos de Galton baseavam-se em observaes derivadas de

    experimentos ou de observaes da realidade. Em um destes trabalhos, ele

    relacionou centenas de alturas de indivduos, com as respectivas alturas mdias de

    seus pais.

    Vamos considerar uma parte do problema que gerou o primeiro estudo de

    regresso, realizado por Galton, por volta 1885. A tabela a seguir apresenta algumas

    das observaes coletadas por Galton, onde X representa as alturas mdias de seus

    pais e Y, alturas dos indivduos, medidas em centmetros.

    Tabela 2 - Alturas mdias de seus pais e Y, alturas dos indivduos, medidas em centmetros.

    X Y X Y X Y X Y

    164 166 164 168 166 166 166 168

    166 171 166 173 169 166 169 168

    169 171 169 173 171 166 171 168

    171 171 171 173 171 176 173 168

    173 171 173 176 173 178 176 171

    176 173 176 176 178 176 178 178

    Fonte: Spiegel (1970, p.286), com adaptaes.

  • 9

    O diagrama de disperso a seguir representa as observaes da tabela

    anterior. Indica uma correlao positiva, como era de se esperar que exista uma

    tendncia de que filhos de pais altos tenham alturas inferiores s alturas mdias de

    seus pais, enquanto os filhos de pais baixos tenham alturas superiores s alturas

    mdias de seus pais.

    Grfico de Disperso

    164

    166

    168

    170

    172

    174

    176

    178

    180

    162 164 166 168 170 172 174 176 178 180

    Altura mdia dos pais (X)

    Altu

    ra d

    o fil

    ho (Y

    )

    Fig.08- Grfico de correlao positiva.

    3.6 MODELO DA REGRESSO LINEAR SIMPLES

    O problema de se determinar equaes de curvas que se ajuste a

    determinados conjuntos de dados observados chamado ajustamento de curvas.

    Na prtica, o prprio diagrama de disperso geralmente sugere o tipo de curva a ser

    adotada. Assim, para as Figuras 1 e 2 poderamos usar a reta (Y = aX + b) enquanto

    que para a Figura 3, tentaramos uma parbola (Y = aX2 + bX + c).

    Um dos principais objetivos do ajustamento estimar uma das variveis (a

    varivel dependente) em funo da outra (varivel independente). Tal processo de

    estimativa denominado regresso. Diremos que um dado valor de Y depende, em

    parte, do correspondente valor X. Por exemplo: a altura de um indivduo (Y)

    depende, em parte, da altura mdia de seus pais (X). Simplificaremos est

    dependncia por uma relao linear entre X e Y, tal como: Y X = + . Fixando valores para e , a equao Y X = + a equao de uma reta. Por exemplo, se 1 = e 2 = , a equao 1 2Y X= + representa uma reta, num par de eixos cartesianos. Para desenharmos esta reta, basta atribuir dois valores para X

  • 10

    e calcular os correspondentes Y. Digamos: X=0 Y=1+2(0) =1 e X=1 Y=1+2(1)=3 com estes dois pontos, podemos traar a reta:

    Representao grfica da equao Y=1+2X

    0; 1

    1; 3y = 2x + 1

    0

    0,5

    1

    1,5

    2

    2,5

    3

    3,5

    0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2

    X

    Y

    Ao observamos um conjunto de observaes (X, Y), verificaremos que, em

    geral, os pontos no esto exatamente sobre uma reta, mas flutuam em torno de

    alguma reta imaginria. Ento, um modelo mais adequado para um par de

    observaes Y X = + + , onde representa o efeito aleatrio, isto , o efeito de uma infinidade de fatores que afetam a observao Y de forma aleatria.

    Por exemplo: a altura de um indivduo (Y) no depende somente da altura

    mdia de seus pais (X), mas tambm, de sua alimentao, do gentipo de seus

    ancestrais e de uma infinidade de outros fatores, representados no modelo por . No modelo Y X = + + , chamaremos de parte estrutural a parcela de Y determinada por X, isto , X + . O procedimento inicial da anlise de regresso produzir uma estimativa para esta parte, a partir de uma amostra de observaes

    (X,Y).

    3.7 ESTIMATIVAS DOS PARMETROS E A idia bsica da construo da parte estrutural do modelo, supostamente

    linear, encontrar a reta que passa mais prxima possvel dos pontos observados.

    Representaremos esta reta por Y a bX= + e a chamaremos de reta de regresso, equao de regresso ou reta do ajuste timo.

  • 11

    A obteno da equao de regresso, pelo mtodo dos mnimos quadrados,

    consiste em fazer com que a soma quadrtica dos efeitos aleatrios, 2 , seja a menor possvel. O chamado mtodo dos mnimos quadrados fornece as seguintes

    expresses para a equao de regresso.

    ( )22.

    .i i i i

    i i

    n X Y X Yb

    n X X

    =

    e

    i iY b Xan=

    Onde:

    n : nmero de pares (x, y) observados (tamanho da amostra);

    .i iX Y : Somatrio dos produtos x.y (primeiramente fazem-se os produtos x.y, relativos a todos os pares observados e, depois, efetua-se a soma dos

    resultados destes produtos);

    iX : soma dos valores observados da varivel X; iY : soma dos valores observados da varivel Y;

    2iX : soma dos quadrados dos valores X (primeiro elevam-se os valores de

    X ao quadrado e, depois, efetua-se a soma).

    Outra forma de se calcular o a por meio da frmula: xayb = sendo _x a

    mdia aritmtica dos X; e _

    y a mdia aritmtica dos Y.

    Exemplo 1:

    Ilustraremos a obteno da equao de regresso, com parte das

    observaes da altura mdia dos pais (X) e altura do filho (Y), extradas da do

    exemplo anterior. A tabela a seguir mostra os clculos dos somatrios.

  • 12

    Tabela 3 - Clculos dos somatrios DADOS CLCULOS INTERMEDIRIOS

    X Y X2 X.Y

    164 166 26.896 27.224

    166 166 27.556 27.556

    169 171 28.561 28.899

    169 166 28.561 28.054

    171 171 29.241 29.241

    173 171 29.929 29.583

    173 178 29.929 30.794

    176 173 30.976 30.448

    178 178 31.684 31.684

    iX =1.539 iY =1.540 2iX =263.333 .i iX Y =263.483 Estimativa dos parmetros

    ( )( ) ( ) ( )

    ( ) ( )2 22. 9. 263483 1539 . 1540 1287 0,872

    14769. 263333 1539.i i i i

    i i

    n X Y X Yb

    n X X

    = = = =

    ( ) ( )1540 0,872 . 1539 22,009

    i iY b Xan = = =

    Onde temos a reta de regresso 22 0,872Y X= + , para traar a reta no plano formado pelos eixos X e Y, basta atribuir dois valores para X e calcular os

    correspondentes valores de Y , pois por dois pontos passa uma, e apenas uma, reta.

    Observe a figura a seguir.

    Grfico de disperso

    164

    166

    168

    170

    172

    174

    176

    178

    180

    160 165 170 175 180 185

    Altura mdia dos pais (X)

    Altu

    ra d

    o fil

    ho (Y

    )

    Fig.09 Reta de regresso.

    Y a bX= +

  • 13

    Interpretao:

    Com respeito aos nove indivduos observados, podemos predizer a altura de

    um filho ( Y ), a partir de uma dada altura mdia de seus pais, X, por meio da

    equao 22 0,872Y X= + . Por exemplo: para uma altura mdia dos pais de x=175 cm, temos uma estimativa para a altura do filho de

    ( ) ( ) 22 0,872 22 0,872 . 175 174 .Y X cm= + = + = O coeficiente b, que no caso 0,872, fornece uma estimativa da variao

    esperada de Y, a partir da variao de uma unidade em X. O sinal deste coeficiente

    indica o sentido do relacionamento, como positivo, indica uma correlao positiva

    entre as variveis X e Y, para os nove indivduos em estudo.

    Exemplo 2:

    Um executivo de publicidade pode prever as vendas da companhia baseado

    nos gastos de propaganda. Um administrador de marketing conduz um estudo para

    prever as vendas da companhia por meio da relao com dinheiro gasto em

    propaganda. Os dados esto dispostos na tabela a seguir.

    Tabela 4 - Vendas da companhia por meio da relao com dinheiro gasto em propaganda

    Empresas

    Gasto com Propaganda

    (em U$ 1000,00) (X)

    Vendas da empresa (em U$

    1000,00) (Y)

    X.Y X2

    1 540,00 5,80 3132,00 291600,00

    2 294,00 2,60 764,40 86436,00

    3 440,00 4,00 1760,00 193600,00

    4 624,00 6,80 4243,20 389376,00

    5 252,00 2,00 504,00 63504,00

    6 295,00 2,70 796,50 87025,00

    7 372,00 4,00 1488,00 138384,00

    8 473,00 4,90 2317,70 223729,00

    Total iX =3290,00 iY =32,80 .i iX Y =15005,80 2iX =1473654,00

  • 14

    Grfico de disperso dos dados

    Grafico de disperso

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    200 250 300 350 400 450 500 550 600 650Gastos com Propaganda (em US$1,000.00)

    Vend

    as d

    a Em

    pres

    a (e

    m U

    S$1,

    000.

    00)

    Fig.10 Grfico de disperso dos dados.

    Estimativa dos parmetros

    ( )( ) ( ) ( )

    ( ) ( )2 22. 8. 15005,80 3290,00 . 32,80 12134,4 0,013

    9651328. 1473654,00 3290,00.i i i i

    i i

    n X Y X Yb

    n X X

    = = = =

    ( ) ( )32,80 0,013 . 3290 1,2468

    i iY b Xan = = =

    Onde temos a reta de regresso 1,246 0,013Y X= + . Para traar a reta no plano formado pelos eixos X e Y, basta atribuir dois valores para X e calcular os

    correspondentes valores de Y , pois, por dois pontos passa uma, e apenas uma,

    reta. Veja o grfico anterior.

    Interpretao:

    Com respeito s oito empresas observadas, podemos predizer as vendas de

    uma empresa ( Y ), a partir de um dado gasto com propaganda, X, por meio da

    equao 1,246 0,013Y X= + .

    1,246 0,013Y X= +

  • 15

    Por exemplo: para um gasto com propaganda de x=US$2500, temos uma

    estimativa para as vendas de ( ) 1,246 0,13 1,246 0,013. 2500 $31,254Y X US= + = + = (em US$ 1000).

    Observe que quando no se gasta nenhum dlar com propaganda (x=0),

    prevemos uma queda nas vendas de US$1,246 (US$1000), valor de a. Tambm observe que, para cada U$1000 de dlar investido em propaganda vamos ter um

    acrscimo de 0,013 nas vendas, valor de b. O fato de b ter um valor menor que 1,00, indica que os incrementos na previso de vendas tm uma defasagem (0,013 ou

    1,3%) em relao aos incrementos com gastos em propaganda. Se o valor de b tivesse sido maior que 1,00, ento, os incrementos na previso de vendas teriam

    excedido os incrementos com gastos em propaganda, se o valor de b tivesse sido negativo, em razo de uma correlao negativa subjacente, ento incrementos em

    gastos com propaganda teriam acarretado redues, e no acrscimos, na previso

    de vendas da empresa.

    3.8 COEFICIENTE DE DETERMINAO (r2)

    O coeficiente de determinao o quadrado do coeficiente de correlao

    [Coeficiente de determinao = (coeficiente de correlao)2]. uma medida descritiva da proporo da variao de Y que pode ser explicada por X, segundo o

    modelo especificado.

    No exemplo em que estudamos a relao linear dinheiro gasto em

    propaganda e as vendas de uma companhia, obtemos um coeficiente de correlao

    de r=0,9899. Ento r2 = 0,9799 ou 97,99%.

    Interpretao:

    Dentre as empresas estudadas, 97,99% da variao nas vendas da

    companhia so explicadas pela variao nos gastos com propaganda. Os 2,01% (1-

    0,9799 ou 100-97,99) restantes so inexplicados e se devem ao acaso ou a outras

    variveis.

    Acesse a Ferramenta Atividades e realize a Atividade 1.