15
O CORTIÇO COMPARAÇÃO ENTRE A OBRA LITERÁRIA E SUA TRADUÇÃO HOMÔNIMA PARA O CINEMA

Apresentação o cortiço.pptx

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Apresentação o cortiço.pptx

O CORTIÇO

COMPARAÇÃO ENTRE A OBRA LITERÁRIA E SUA TRADUÇÃO HOMÔNIMA PARA O

CINEMA

Page 2: Apresentação o cortiço.pptx

Trata-se de um Romance Social – todas as existências se

entrelaçam e repercutem nas outras, sendo o Cortiço o percussor de toda a estória. Trata da realidade, o mais verossímil possível;

Crítica ao Capitalismo Selvagem – pode ser visualizada na figura de João Romão, que se abdica de tudo em nome de adquirir dinheiro, o qual não desfruta. O Tema é a Ambição e a Exploração do homem pelo próprio homem;

Zoomorfismo – Caracterizando o ser humano como animal, movido pelo instinto e o desejo sexual (no romance pode ser observado na destruição e desrespeito ao matrimônio, traições, prostituição, lesbianismo, etc.); e o Determinismo (meio, raça e momento influenciam o indivíduo degradando-o);

Características da obra

Page 3: Apresentação o cortiço.pptx

O livro é composto de 23 capítulos, que

relatam a vida em uma habitação coletiva de pessoas pobres (cortiço) na cidade do Rio de Janeiro. O filme adaptado do romance por Francisco Ramalho Júnior, em 1977, tem duração de 01h49min37s. O cortiço, assim como na sua tradução fílmica, o respeito ao tempo cronológico e linear é total, o que se justifica pela crença naturalista na reprodução objetiva dos fatos.

Comparação livro e filme

Page 4: Apresentação o cortiço.pptx

Na trajetória fílmica existem dois seguimentos que não aparecem no livro que são essenciais para a percepção e compreensão do tempo histórico; a primeira apresenta uma passeata pela República cujos manifestantes passam em frente ao cortiço, e a segunda corresponde à sequência do epílogo. Na qual, os moradores do cortiço recebem a notícia de que a República foi proclamada e começam a festejar, apesar de não saberem o que a República representa. Ambas as sequências metaforizam a alienação do povo brasileiro com relação ao processo político e histórico que gerou a República A narrativa fílmica apresenta poucas diferenças, porém significativas no final da trajetória de algumas das personagens principais, pois são alterados os destinos de Jerônimo, Piedade e Rita Baiana e a maneira como Bertoleza morre.

Page 5: Apresentação o cortiço.pptx

O procedimento de caracterização do espaço e dos personagens muda quando se passa da narrativa literária à fílmica. Tal observação é importante, porque contribui para a formação de uma consciência da linguagem, afinal cada uma das artes possui uma linguagem própria. O que no romance é descrição, no filme transforma-se em imagem e ação, ganhando, uma dimensão muito mais concreta; o espaço, onde acontece a ação, encontra-se cheio de características socioeconômicas, morais e psicológicas que também servem para caracterizar os personagens e/ou para estabelecer uma atmosfera que enfatize e represente os aspectos psicológicos do enredo.

Page 6: Apresentação o cortiço.pptx

O espaço é a representação do lugar onde se passa a ação da narrativa, a sua função é a de criar a ilusão de realidade, causando o efeito necessário à criação da verossimilhança externa ao texto. Nas obras naturalistas, no que tange as principais motivações utilizadas para a caracterização do espaço, estão a motivação realista e a motivação caracterizadora dos personagens (Conjunto de fatores psicológicos - conscientes ou inconscientes - de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, os quais agem entre si e determinam a conduta de um indivíduo), uma vez que a proposta estético-ideológica do Naturalismo é a de representar objetivamente a realidade (verossímil), registrando-a fotograficamente através de um olhar crítico e científico.

Page 7: Apresentação o cortiço.pptx

A cena inicial do filme mostra o ano de 1880 e a final mostra o ano da abolição 1888, o casamento de João Romão, e o povo da estalagem comemorando a chegada da República mesmo sem saberem o que a república realmente é. E, no que diz respeito à trajetória de João Romão, Leonie, Pompinha, Miranda e Estela, as histórias são bastante equivalentes ao original. No filme, o processo de “abrasileiramento” de Jerônimo é pouco visível. Bertoleza pouco aparece na narrativa fílmica, aparecendo em poucas cenas. O velho Botelho é caracterizado como um jovem, advogado da família de Miranda e que teve um caso com dona Estela.

Page 8: Apresentação o cortiço.pptx

É na relação entre Jerônimo e o cortiço, e a influencia que ele sofre por Rita Baiana, é que Aluísio Azevedo desenvolve a tese do “abrasileiramento”. Ele é retratado, na obra, como um rapaz trabalhador, honesto, que vivia em função de sua família, e tinham se mudado de Portugal em busca de uma vida melhor no Brasil. Jerônimo vai trabalhar na pedreira de João Romão e se hospeda com sua mulher, Piedade, no cortiço. Entretanto, ao conhecer Rita Baiana, mulher por quem se apaixona, começa uma mudança geral, na verdade uma degeneração, abandona o trabalho, e deixa mulher e filha desamparadas, após matar Firmo (amante de Rita) (Cap. XV), para ficar com Rita em outro cortiço (Cap. XIX). Piedade se torna alcoólatra (Cap. XX), e a filha torna-se a nova "Pombinha" do cortiço. Porém no filme a personagem de Senhorinha, filha de Jerônimo e Piedade – que no romance é seduzida por Pombinha – é subtraída do enredo. No filme, o casal português sequer tem filhos. Além disso, rompendo com o determinismo naturalista, o final do casal se altera, Jerônimo se redime e reata seu casamento com Piedade, e assim, ele parte com a esposa para trabalhar em uma fazenda de café no interior de São Paulo.

Page 9: Apresentação o cortiço.pptx

“Mas não foram só o zelo e a sua habilidade o que o pôs assim para a frente; duas outras coisas contribuíram muito para isso: a força de touro que o tornava respeitado e temido por todo o pessoal dos trabalhadores, como ainda, e, talvez, principalmente, a grande seriedade do seu caráter e a pureza austera dos seus costumes. Era homem de uma honestidade a toda prova e de uma primitiva simplicidade no seu modo de viver. Saía de casa para o serviço e do serviço para a casa, onde nunca ninguém o vira com a mulher senão em boa paz; (...) Aos domingos iam às vezes à missa ou, à tarde, ao Passeio Público; nessas ocasiões, ele punha uma camisa engomada, calçava sapatos e enfiava um paletó; ela o seu vestido de ver a Deus, os seus ouros trazidos da terra, (...), malgrado as dificuldades com que os dois lutaram a princípio no Brasil.” (Cap. V, p. 57).

Page 10: Apresentação o cortiço.pptx

“Uma transformação, lenta e profunda, operava-se nele, dia a dia, hora a hora, reviscerando-lhe o corpo e alando-lhe os sentidos, num trabalho misterioso e surdo de crisálida. A sua energia afrouxava lentamente: fazia-se contemplativo e amoroso. A vida americana e natureza do Brasil patenteavam-lhe agora aspectos imprevisto e sedutores que o comoviam; esquecia-se dos seus primitivos sonhos de ambição; para idealizar felicidades novas, picantes e violentas; tornava-se liberal, imprevidente e franco, mais amigo de gastar que de guardar; adquiria desejos, tomava gosto aos prazeres, e volvia-se preguiçoso resignando-se, vencido, às imposições do sol e do calor, muralha de fogo com que o espírito eternamente revoltado do último tamoio entrincheirou a pátria contra os conquistadores aventureiros. E assim, pouco a pouco, se foram reformando todos os seus hábitos singelos de aldeão português: e Jerônimo abrasileirou-se.” (Cap. IX, p.103)

Page 11: Apresentação o cortiço.pptx

O Cortiço de João Romão tem como rival o Cortiço “Cabeça de Gato”, essa rivalidade se acaba após um incêndio – causado pela Bruxa (Cap. XVII, p. 220) – em vários barracos do cortiço de João Romão, o qual reconstrói as casinhas com dinheiro do seguro que havia feito no banco (Cap. XVIII, p. 225). É nesta época que ele pretende se casar com Zulmira e conta com a ajuda do agregado do Miranda, o Velho Botelho (Cap. XIX). Mas o primeiro empecilho era Bertoleza, e, portanto decide denunciá-la aos antigos donos. No dia em que a polícia vem buscá-la, Bertoleza percebe o que vai se suceder e se mata com uma Facada na Barriga. No filme, ao ver que o seu dono chegou para busca-la acompanhado da polícia, ela corre para o lado do armário e João Romão a aponta para seu dono, ela nervosa acaba morrendo acidentalmente ao chocar-se com a ponta da baioneta de um dos policiais.

Page 12: Apresentação o cortiço.pptx

“A negra imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmada no chão e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar. Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os saberes. Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto e, antes que alguém conseguisse alcançá-la, já de um golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado.” (Cap. XXIII, p. 279).

Page 13: Apresentação o cortiço.pptx

Assim como o livro é uma alegoria do Brasil no século XIX o filme pode ser visto como uma alegoria do Brasil na época da ditadura década de 70. O filme também destaca a hipocrisia das elites brasileiras da época e a sua autolegitimação, após a proclamação da República, através do capital. Permanece na tradução fílmica a ironia resultante da chegada de um grupo representante da Sociedade Abolicionista à casa de João Romão – para entregar-lhe o diploma de sócio benemérito – bem no momento em que ocorre a morte da “ex-escrava” Bertoleza (Cap. XXIII, p. 279). Porém, o discurso científico que considera a miscigenação como causadora da degeneração racial, sempre recorrente nas intrusões do narrador literário, desaparece na narrativa fílmica. Uma alteração no enredo da estória fílmica, que pode ser atribuído às imposições do público e do mercado cinematográfico, é o destaque que é dado à personagem de Rita Baiana, quando no livro esse destaque é dado à personagem de João Romão. Talvez para chamar a atenção de um público cada vez mais acostumado com filmes que privilegiam, o erotismo, belas mulheres, além da violência.

Page 14: Apresentação o cortiço.pptx

Bibliografia

Azevedo, Aloísio. O cortiço. Ed. Melhoramentos, São Paulo, 2010.

FILMOGRAFIA: O Cortiço – Direção de Francisco Ramalho Jr., Brasil, 1977. CIC vídeo.

OLIVEIRA, Marinyze Prates. “Diálogo entre literatura e cinema nos anos 70: de Aluísio Azevedo a Francisco Ramalho Júnior”. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, nº 23. Brasília, Janeiro/junho de 2004, pp. 115-136.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Naturalismo_no_Brasil

Page 15: Apresentação o cortiço.pptx

Larissa de Souza Dornelas de Mattos,

2011295147

[email protected]

Professor Christian Dutilleux

Literatura Brasileira II – Seminário – 21/08/2013

UFRRJ – ICHS - DLC