16
SEMANA DA LEITURA Escola Secundária de Santa Maria da Feira 11 a 15 de março O MAR NA POESIA

Apresentação poemas sobre o mar

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Apresentação poemas sobre o mar

SEMANA DA LEITURA

Escola Secundária de Santa Maria da Feira

11 a 15 de março

O MAR NA POESIA

Page 2: Apresentação poemas sobre o mar

ATLÂNTICO

Mar Metade da minha alma é feita de maresia

Andresen, Sophia de Mello Breyner

Page 3: Apresentação poemas sobre o mar

MAR

De todos os cantos do mundo

Amo com um amor mais forte e mais profundo

Aquela praia extasiada e nua,

Onde me uni ao mar, ao vento e à lua

Andresen, Sophia de Mello Breyner

Page 4: Apresentação poemas sobre o mar

Mar MEIO- DIA

Meio-dia. Um canto da praia sem ninguém.

O sol no alto, fundo, enorme, aberto,

Tornou o céu de todo o deus deserto.

A luz cai implacável como um castigo.

Não há fantasmas nem almas,

E o mar imenso solitário e antigo,

Parece bater palmas.

Andresen, Sophia de Mello Breyner

Page 5: Apresentação poemas sobre o mar

ESPERO

Espero sempre por ti o dia inteiro,

Quando na praia sobe, de cinza e oiro,

O nevoeiro

E há em todas as coisas o agoiro

De uma fantástica vinda

Andresen, Sophia de Mello Breyner

Page 6: Apresentação poemas sobre o mar

Mar

CASA BRANCA

Casa branca em frente ao mar enorme,

Com o teu jardim de areia e flores marinhas

E o teu silêncio intacto em quem dorme

O milagre das coisas que eram minhas

Andresen, Sophia de Mello Breyner

Page 7: Apresentação poemas sobre o mar

Mar

As ondas quebravam uma a uma

Eu estava só com a areia e com a espuma

Do mar que cantava só p’ra mim

Andresen, Sophia de Mello Breyner

Page 8: Apresentação poemas sobre o mar

MAR SONORO

Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.

A tua beleza aumenta quando estamos sós.

E tão fundo intimamente a tua voz

Segue o mais secreto bailar do meu sonho

Que momentos há em que eu suponho

Seres um milagre criado só para mim.Andresen, Sophia de Mello Breyner

Page 9: Apresentação poemas sobre o mar

Em uma Tarde de Outono

Outono. Em frente ao mar. Escancaro as janelasSobre o jardim calado, e as águas miro, absorto.

Outono... Rodopiando, as folhas amarelasRolam, caem. Viuvez, velhice, desconforto...

Por que, belo navio, ao clarão das estrelas,Visitaste este mar inabitado e morto,

Se logo, ao vir do vento, abriste ao vento as velas,Se logo, ao vir da luz, abandonaste o porto?

A água cantou. Rodeava, aos beijos, os teus flancosA espuma, desmanchada em riso e flocos brancos...

Mas chegaste com a noite, e fugiste com o sol!

E eu olho o céu deserto, e vejo o oceano triste,E contemplo o lugar por onde te sumiste,Banhado no clarão nascente do arrebol...

Olavo Bilac, in "Poesias"

Page 10: Apresentação poemas sobre o mar

Vozes do Mar

Quando o sol vai caindo sobre as águasNum nervoso delíquio d’oiro intenso,Donde vem essa voz cheia de mágoas

Com que falas à terra, ó mar imenso?…Tu falas de festins, e cavalgadasDe cavaleiros errantes ao luar?Falas de caravelas encantadas

Que dormem em teu seio a soluçar?Tens cantos d’epopeias?Tens anseios

D’amarguras? Tu tens também receios,Ó mar cheio de esperança e majestade?!

Donde vem essa voz,ó mar amigo?…… Talvez a voz do Portugal antigo,

Chamando por Camões numa saudade!Florbela Espanca

Page 11: Apresentação poemas sobre o mar

Fiz um castelo de areiaMesmo à beirinha do marÀ espera que uma sereiaAli quisesse morar

Ó mar,Ó mar...Mas foi só uma gaivotaQue ali me foi visitar

Ó mar,Ó mar...Mas foi uma verde ondaQue ali me foi visitar.

E levou o meu castelo,O meu castelo de areiaPara no mar morar neleA minha linda sereia.

Luísa Ducla Soares in Poetas de hoje e de ontem

Page 12: Apresentação poemas sobre o mar

Mar, metade da minha alma é feita de maresia

Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,

Que há no vasto clamor da maré cheia,

Que nunca nenhum bem me satisfez.

E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia

Mais fortes se levantam outra vez,

Que após cada queda caminho para a vida,

Por uma nova ilusão entontecida.

E se vou dizendo aos astros o meu mal

É porque também tu revoltado e teatral

Fazes soar a tua dor pelas alturas.

E se antes de tudo odeio e fujo

O que é impuro, profano e sujo,

É só porque as tuas ondas são puras.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Page 13: Apresentação poemas sobre o mar

MAR PORTUGUÊS

Ó mar salgado, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal!

Por te cruzarmos, quantas mães choraram,

Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa

Page 14: Apresentação poemas sobre o mar

Mar!Tinhas um nome que ninguém temia:Eras um campo macio de lavrarOu qualquer sugestão que apetecia...

Mar!Tinhas um choro de quem sofre tantoQue não pode calar-se, nem gritar,Nem aumentar nem sufocar o pranto...

Mar!Fomos então a ti cheios de amor!E o fingido lameiro, a soluçar,Afogava o arado e o lavrador!

Mar!Enganosa sereia rouca e triste!Foste tu quem nos veio namorar,E foste tu depois que nos traíste!

Mar!E quando terá fim o sofrimento!E quando deixará de nos tentarO teu encantamento!

Miguel Torga

Page 15: Apresentação poemas sobre o mar

As ondas quebravam uma a umaEu estava só com a areia e com a espumaDo mar que cantava só para mim.

Sophia de Mello Breyner Andresen

AS ONDAS

Page 16: Apresentação poemas sobre o mar

BARCAROLA

Viemos de vagar. Vim de vagar.Vinde connosco de vagar,Que temos tempo para ir

À ida e volta, e ainda tornar.Se de vagar se vai ao longe,

Iremos,Bem de nosso vagar,

À ilha verde, ah... sem luar,Aonde o cabo é de acabar,

Pois morrer sim, mas de vagar!Vaga da vida vácua a enche

O nosso vago divagarComo maré cheia no mar.

Vagando em voga (barca é a morte).Vamos com ela navegar,

De nave à neve e à nova nuvem:Caronte a anda a acastelar

Com seu terrível vagar.Então?

Mais baixo e mais de vagar!Vitorino Nemésio