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Apresentação - [Unitins] - Universidade Estadual do ... · Estudaremos também coesão e coerência textuais, ... resultado do encadeamento lógico das idéias, ... de um trabalho

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EQUIPE UNITINS

Organização de Conteúdos Acadêmicos1ª edição

2ª edição rev. e ampl.

Sibele Letícia Rodrigues de Oliveira BiazottoSilvéria Aparecida Basniak SchierSibele Letícia Rodrigues de Oliveira BiazottoSilvéria Aparecida Basniak Schier

Coordenação Editorial Maria Lourdes F. G. Aires

Revisão Didático-Pedagógica Sibele Letícia Rodrigues de Oliveira BiazottoSilvéria Aparecida Basniak Schier Junior

Revisão Lingüístico-Textual Sibele Letícia Rodrigues de Oliveira BiazottoSilvéria Aparecida Basniak Schier

Gerente de Divisão de Material Impresso Katia Gomes da Silva

Revisão Digital Bruno Cesar Fleuri Siqueira

Projeto Gráfico Irenides TeixeiraKatia Gomes da Silva

Ilustração Geuvar S. de Oliveira

Capas Igor Flávio Souza

EQUIPE EADCON

Coordenador Editorial William Marlos da Costa

Assistentes de Edição Ana Aparecida Teixeira da CruzJanaina Helena Nogueira BartkiwLisiane Marcele dos Santos

Programação Visual e Diagramação Denise Pires PierinKátia Cristina Oliveira dos SantosMonica ArdjomandRodrigo SantosSandro NiemiczWilliam Marlos da Costa

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Prezado acadêmico, neste caderno iremos conhecer, discutir e analisar alguns elementos da linguagem, concebida não apenas como instrumento de comunicação ou expressão do pensamento, mas como forma de interação e prática social de uma dada comunidade.

Discutiremos língua, linguagem, fala e variação dialetal. Qualquer língua, falada por qualquer comunidade lingüística, apresenta uma gama de varia-ções. Língua e variação são inseparáveis e existem vários fatores que influen-ciam a forma como a língua é usada pelos diferentes falantes.

Estudaremos também coesão e coerência textuais, consideradas elementos basilares da textualidade. A coesão se revela por meio de marcas lingüís-ticas, manifestadas por aspectos lexicais, sintáticos e semânticos, mas, outras vezes, vem subentendida, não marcada lingüisticamente. Já a coerência é o resultado do encadeamento lógico das idéias, refere-se ao sentido que atribu-ímos ao texto e é construída pelo leitor durante a leitura.

Além disso, conheceremos a estrutura de um parágrafo padrão e suas várias formas de tópico, de desenvolvimento e de conclusão. Depois de iden-tificar a estrutura dos parágrafos, passaremos para a produção textual de gêneros diversos utilizando vários tipos textuais: argumentação, exposição, narração, descrição e injunção.

Analisaremos o livro A arte de argumentar, de Antônio Suárez Abreu. Você verá como a leitura é fundamental no seu dia-a-dia, conhecerá técnicas argumentativas e aprenderá a utilizá-las com ética.

Como último conteúdo desta disciplina, temos dúvidas gramaticais que surgem no cotidiano de quem pratica a escrita. Aqui esperamos que você possa resolvê-las.

Para que você possa entender melhor os conteúdos, apresentamos ativi-dades com comentários e sugestões de leitura. Esperamos que aproveite para conhecer mais sobre a linguagem e o ensino da língua portuguesa.

Bons estudos.

Prof.ª Sibele Letícia Rodrigues de Oliveira Biazotto

Prof.ª Silvéria Aparecida Basniak Schier

Plan

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Ens

ino

EMENTA

Estudo da conceituação de língua, linguagem e fala, articulado ao estudo de textos orais e escritos, considerando a variação lingüística. Coerência e coesão relacionadas aos articuladores textuais. Estudo do pará-grafo e formas de desenvolvimento. Diferenciação das tipologias textuais. Estratégias de leitura.

OBJETIVOS

Analisar conceitos de língua, linguagem, fala e variação lingüística.•

Produzir textos criativos, claros, concisos, coesos, coerentes e com •correção gramatical.

Produzir textos nos diversos gêneros utilizando a linguagem e a •tipologia textual adequada, conforme a situação comunicacional, e com correção gramatical.

Desenvolver leitura proficiente e capacidade argumentativa.•

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

Língua, linguagem, fala e variação dialetal•

Língua padrão•

Qualidades de um bom texto: criatividade, clareza, concisão, •coesão, coerência, correção gramatical, unidade temática e argumentação

Redação do parágrafo: tópico frasal, desenvolvimento e conclusão•

Gênero textual•

Tipologia textual: argumentação, exposição, narração, descrição •e injunção

Estratégias de leitura e argumentação•

Questões gramaticais: os porquês; este/esse/aquele; onde/aonde; •verbos no particípio; mal/mau; a/há/ah; senão/se não; mas/más/mais; acerca de/a cerca de/cerca de/há cerca de; todo/todo o; sobre/sob; trás/traz; eu/mim

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BIBLIOGRAFIA BÁSICA

ABREU, A. S. A arte de argumentar: gerenciando razão e emoção. 9. ed. São

Paulo: Ateliê Editorial, 2006.

______. Curso de redação. 12. ed. São Paulo: Ática, 2004.

KOCH, I. V. Inter-ação pela linguagem. São Paulo: Contexto, 2001.

MARTINS, M. H. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense, 1983.

PLATÃO, F.; FIORIN, J. L. Lições de texto: leitura e redação. 5. ed. São Paulo: Ática, 2006.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

FÁVERO, L. L. Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática, 2002.

FAULSTICH, E. L. J. Como ler, entender e redigir um texto. Petrópolis: Vozes, 2001.

FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Para entender o texto. 6. ed. São Paulo: Ática, 1998.

FULGÊNCIO, L.; LIBERATO, Y. G. Como facilitar a leitura. 3. ed. São Paulo: Contexto, 1998.

OLIVEIRA, J. L. de. Texto técnico: guia de pesquisa e de redação. Brasília: abc BSB, 2004.

As formas discriminadas têm um uso muito mais freqüente do que se pensa, inclusive na fala e na escrita das pessoas que discriminam a língua dos outros [...]. Se é essa a realidade, a disposição para apontar erros na fala de outros não tem propósito edificante de corrigi-los; é antes uma forma de excluir o outro e de reforçar uma desigualdade percebida.

(Ilari e Basso)

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

comparar os diversos conceitos de lingüistas em relação à língua, •linguagem e fala;

reconhecer os diferentes níveis de linguagem e as formas de manifestação •das variações lingüísticas diacrônica, diatópica, diastrática e diamésica.

Como explicitar os pré-requisitos da primeira aula de língua portuguesa no primeiro período? O que dizer a você neste momento? O principal é você “baixar a guarda” em relação a esta disciplina, ou seja, estar aberto à sistematização de conhecimentos que, com certeza, você já possui. O que não queremos ouvir é “não sei português”, pois quem nasceu neste país utiliza essa língua desde seus primeiros anos de vida! Então o que esperamos é que você utilize o que já sabe para avançar um pouco mais. Você verá que estudar sua própria língua não é nenhum bicho-de-sete-cabeças!

O primeiro assunto que veremos é o objeto de estudo desta disciplina: a língua. Como lingüistas contemporâneos a conceituam? Vamos também procurar

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As formas discriminadas têm um uso muito mais freqüente do que se pensa, inclusive na fala e na escrita das pessoas que discriminam a língua dos outros [...]. Se é essa a realidade, a disposição para apontar erros na fala de outros não tem propósito edificante de corrigi-los; é antes uma forma de excluir o outro e de reforçar uma desigualdade percebida.

(Ilari e Basso)

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

comparar os diversos conceitos de lingüistas em relação à língua, •linguagem e fala;

reconhecer os diferentes níveis de linguagem e as formas de manifestação •das variações lingüísticas diacrônica, diatópica, diastrática e diamésica.

Como explicitar os pré-requisitos da primeira aula de língua portuguesa no primeiro período? O que dizer a você neste momento? O principal é você “baixar a guarda” em relação a esta disciplina, ou seja, estar aberto à sistematização de conhecimentos que, com certeza, você já possui. O que não queremos ouvir é “não sei português”, pois quem nasceu neste país utiliza essa língua desde seus primeiros anos de vida! Então o que esperamos é que você utilize o que já sabe para avançar um pouco mais. Você verá que estudar sua própria língua não é nenhum bicho-de-sete-cabeças!

O primeiro assunto que veremos é o objeto de estudo desta disciplina: a língua. Como lingüistas contemporâneos a conceituam? Vamos também procurar

Língua, linguagem, fala e variação dialetal no Brasil

Aula 1

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diferenciar língua de linguagem e de fala. Por que há variação na forma de falar e escrever a língua portuguesa? Trataremos sobre esses temas nesta aula.

1.1 O que é língua, linguagem e fala?

Começaremos esta aula conhecendo várias definições de língua dadas por alguns lingüistas brasileiros renomados. Você verá que grande parte deles sente dificuldade em defini-la, não por falta de conhecimento, mas por causa de sua complexidade. Vamos às definições.

1.1.1 Língua

José Luiz Fiorin (2003, p. 72) assevera que não se satisfaz com definições da língua que a vêem

[...] como instrumento de comunicação, ou como um sistema orde-nado com vistas à expressão do pensamento, nada disso. [...] a linguagem humana é a condensação de todas as experiências históricas de uma dada comunidade, é nesse sentido que nós temos que ver a língua. [...] o aspecto mais relevante a verificar é que a língua é, de certa forma, a condensação de um homem historicamente situado (grifo nosso).

Na mesma linha de pensamento, Carlos Alberto Faraco (2003, p. 63) costuma dizer aos seus alunos que

[...] nosso objeto de estudo é uma complexa realidade semiótica estrutura sim, mas necessariamente aberta, fluida, cheia de inde-terminação e polissemias, porque é atravessada justamente por nossa condição de seres históricos (grifo nosso).

Luiz Antônio Marcuschi (2003, p. 132) acredita que

[...] a língua deve ser entendida principalmente como uma ativi-dade e não um sistema ou forma. Ela é um domínio público de construção simbólica e interativa do mundo, ou seja, uma “ativi-dade constitutiva” [...]. Língua é mais do que um conjunto de elementos sistemáticos para dizer o mundo. [...] Língua se mani-festa como uma atividade social e histórica desenvolvida interati-vamente pelos indivíduos com alguma finalidade cognitiva, para dar a entender ou para construir algum sentido. [...] língua é atividade sócio-interativa (grifo do autor).

Ingedore V. G. Koch (2003, p. 124) vê a língua

[...] simultaneamente como um sistema e como uma prática social. [...] A língua é sistema, ela é um conjunto de elementos inter-relacionados em vários níveis, no nível morfológico, no nível fonológico-morfológico, sintático. Mas ela só se realiza enquanto prática social, quer dizer, os seres humanos, nas suas práticas sociais usam a língua e a língua só se configura nessas práticas e é constituída nessas práticas (grifo nosso).

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Fecharemos a conceituação com João Wanderley Geraldi (2003, p. 78), para quem a língua

[...] é o produto de trabalho social e histórico de uma comuni-dade. É uma sistematização sempre em aberto. [...] É o produto de um trabalho do qual ela mesma é instrumento. [...] a língua, enquanto esse produto de trabalho social, enquanto fenômeno sociológico e histórico, está sendo sempre retomada pela comu-nidade de falantes. E ao retomar, retoma aquilo que está esta-bilizado e que se desestabiliza na concretude do discurso, nos processos interativos de uso dessa língua (grifo nosso).

Você deve ter observado que a maioria dos pesquisadores citados acredita que a língua é um fenômeno social e histórico. Isso significa que não podemos ver a língua simplesmente como uma forma de comunicação ou de expressão do pensamento. A língua é uma atividade sociointerativa, pois por meio dela os sujeitos agem uns sobre os outros e realizam suas práticas sociais.

E então qual a diferença entre língua e linguagem?

1.1.2 Linguagem

Para Matos (2003), a linguagem é um sistema cognitivo e por meio dele podemos adquirir línguas, ou seja, a língua seria uma manifestação particular da linguagem. Marcuschi (2003, p. 133) acrescenta que a linguagem é uma faculdade da espécie humana, e a língua é “uma das formas de se organizar, efetivar, concretizar essa faculdade humana, assumindo histórica, social e cultu-ralmente uma determinada maneira de ser”.

Fiorin (2003, p. 72) contribui para a definição de linguagem ensinando que “a língua é uma maneira particular pela qual a linguagem se apresenta. A linguagem humana é essa faculdade de poder construir mundos. [...] E a língua é uma forma particular dessa faculdade de criar mundos”. Ataliba de Castilho (2003, p. 53) concorda com os autores citados afirmando que a “linguagem encerra um entendi-mento mais amplo do que língua. A língua é só de natureza verbal e a linguagem não, é o conjunto de todos os sinais que o ser humano foi criando”.

Então a língua é uma das manifestações possíveis da linguagem e ambas se realizam nas práticas sociais pelos sujeitos.

Mas ainda há um termo que precisa ser definido antes da continuidade dos nossos estudos: a fala.

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1.1.3 Fala

Recorremos à teoria de Saussure para definir o que é fala. O autor assevera que

[...] o estudo da linguagem comporta duas partes: uma essen-cial, tem por objeto o estudo da língua, que é social em sua essência e independe do indivíduo; a outra, secundária, tem por objeto a parte individual da língua, isto é, a fala, e compre-ende a fonética: ela é psicofisiológica (SAUSSURE citado por DUBOIS e outros, 2004, p. 261).

Como você já tinha visto antes, a língua é produto social. Já a fala é individual, particularizada, meio pelo qual a língua se realiza por determinado sujeito.

Chegamos, nesse ponto dos estudos, à seguinte conclusão: língua é o que permite a comunicação em determinada comunidade lingüística, em deter-minado grupo social. Diferencia-se da fala porque, enquanto a língua é um conjunto de potencialidades da fala, a fala é um ato de concretização da língua. Então o que diferencia fala de língua é que a língua é sistemática, tem certa regularidade e é falada por uma determinada comunidade; já a fala é parcialmente sistemática, pois é variável e realizada individualmente.

Recapitulando: a linguagem é uma característica humana universal; enquanto a língua é a linguagem particular de uma comunidade, um grupo, um povo; já a fala é a reali-

zação concreta da língua feita por um indivíduo.

E a língua é utilizada pelos falantes da mesma forma? Este é o próximo assunto: a variação dialetal do português no Brasil.

1.2 Variação dialetal

Vejamos mais uma conceituação de língua para compreendermos esse novo tópico. José Borges Neto (2003, p. 38) afirma que

[...] o termo língua é apenas uma abreviação útil para falarmos de um conjunto de idioletos, que, de alguma forma, achamos que se relacionam por semelhança. O que tem existência é o idioleto. Idioleto como manifestação do conhecimento que cada um de nós tem sobre essa forma de organização mental de conteúdos, de comunicação e de ação sobre os outros, de representação de situações etc., que se convencionou chamar de linguagem.

Borges Neto (2003) assevera que a língua seria formada por vários idio-letos, que teriam entre si maior ou menor grau de semelhança, fazendo surgir os dialetos de uma língua. Isso quer dizer que a língua não é homogênea, não é realizada da mesma forma por todos falantes.

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Saiba mais

Qualquer língua, falada por qualquer comunidade, exibe sempre variação. Pode-se afirmar mesmo que nenhuma língua se apresenta como entidade homo-gênea. Isso significa dizer que qualquer língua é representada por um conjunto de variedades. Concretamente, o que chamamos de “língua portuguesa” engloba os diferentes modos de falar utilizados pelo conjunto de seus falantes no Brasil, em Portugal, em Angola, em Moçambique, em Cabo Verde, em Timor, etc.

Língua e variação são inseparáveis, e essa diversidade da língua não deve ser encarada como um problema, mas como uma qualidade constitutiva do fenô-meno lingüístico. Os falantes adquirem as variedades lingüísticas próprias da sua região, de sua classe social, etc.

Iniciando os estudos sobre variação, é importante salientar que alguns autores apresentam diferentes classificações para os níveis de linguagem. Seguiremos a classificação de Dino Preti (2000), Rodolfo Ilari e Renato Basso (2006) e Marcos Bagno (2007).

Ilari e Basso (2006) questionam o fato de muitos escritores e estudiosos afir-marem que a língua portuguesa é uniforme. Os autores argumentam que essa afirmação é um mito, pois esconde em si um nacionalismo exacerbado, uma visão limitada do uso da língua e uma negação da variação, como se os falantes não se adaptassem aos contextos de produção de textos orais e escritos.

Seguindo essa linha de raciocínio, Marcos Bagno (2007, p. 40) acrescenta que, para a sociolingüística, a variação é “estruturada, organizada, condicio-nada por vários fatores”.

Concordamos com os autores citados quando afirmam que a uniformidade da língua é um mito e que a variedade não é caótica. Procuraremos mostrar isso a você discorrendo sobre as variações diacrônica, diatópica, diastrática e diamésica. Começaremos pela variação diacrônica.

1.2.1 Diacrônica: a variação através do tempo

As variações que ocorrem na língua através do tempo podem ser externas e internas. A variação externa pode ser descrita como a que ocorre em razão das

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funções sociais da língua e em sua relação com a comunidade lingüística. Como exemplo, podemos citar a evolução do latim para a língua portuguesa. A variação interna se relaciona ao léxico e à gramática: mudanças que ocorrem na fono-logia, na morfologia e na sintaxe (ILARI; BASSO, 2006). Por exemplo, na época do descobrimento do Brasil, escrevia-se “dereito”, “frecha”, “escuitar”, “deseja de comprar” (presença da preposição “de”), “esta gente padecem” (verbo no plural com o sujeito no singular) (ALKMIN, 2003). Hoje não escrevemos mais assim!

Mas atenção: Ilari e Basso (2006) asseveram que podemos pensar que a variação diacrônica só ocorra em períodos muito distantes, de século em século, o que não é verdade.

Os autores afirmam que podemos fazer comparação diacrônica da língua até mesmo no intervalo de geração para geração. É o caso das gírias, que podem não fazer sentido para determinados indivíduos de uma geração e ser bastante conhecidas por indivíduos de outra geração. Você sabe o que é “levar uma tábua”? E “cair a ficha”? Pergunte aos seus pais...

O importante é que você saiba que “[...] na língua que falamos hoje convivem palavras e construções que remontam a épocas diferentes” (ILARI; BASSO, 2006, p. 153). Assim alguns optam, conscientemente ou não, por construções e léxico mais antigos, mesmo que isso represente um distanciamento em relação à língua falada hoje. Mas, como os autores afirmam, “independentemente disso tudo, a língua muda” (BASSO, 2006, p. 154).

1.2.2 Diatópica: a variação na dimensão do espaço

Esse tipo de variação ocorre em relação ao espaço: em diferentes regiões de um mesmo país ou mesmo em países diversos.

Normalmente, a variação diatópica nos leva a comparar o português do Brasil com o de Portugal. Ilari e Basso (2006) chamam a atenção para o fato de que, se compararmos a variação diatópica do Brasil com a mesma variação na Europa, concluiremos que ela “quase” não existe por aqui. Isso porque não afeta o sistema fonológico e sintático. Mas não significa dizer que ela seja inexistente ou que a variação diastrática e diamésica não sejam significativas. Mas esse não é nosso foco central de estudo, queremos aqui discutir a variação diatópica no território brasileiro.

Outro aspecto que devemos levar em consideração é o fato de existir uma intensa migração interna no país, o que resulta em “variedades lingüísticas de procedências diferentes, entre as quais acabam se criando diferenças de status e prestígio” (ILARI; BASSO, 2006, p.161). Assim fica difícil separarmos, com precisão, o que é variação diatópica e o que é variação diastrática.

Como exemplos de variação diatópica, podemos citar (entre tantos outros existentes) os relativos ao léxico, à ordem fonológica e à morfossintática. Na

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fonologia, podemos observar as mudanças que ocorreram na pronúncia de algumas palavras, como nas vogais médias (“e”, “o”) pretônicas. No Nordeste, elas têm pronúncias abertas ([m lad ]), enquanto que, no Sudeste, são fechadas ([melad ]). Na morfologia, citamos como exemplo os vocábulos mexerica, tangerina, mimosa, bergamota, cujo uso varia conforme a região em que vive o falante. Na sintaxe, notamos a preferência pela posposição verbal da negação, como “tem não”, no Nordeste, enquanto que no Sudeste se usa “não tem” ou “não tem, não” (ALKMIN, 2003). E na sua região? Como vocês falam?

Uma observação importante feita por Ilari e Basso (2006) diz respeito à falta de delimitação geográfica das variações diatópicas. Segundo os autores, seria necessário um trabalho conjunto de pesquisadores e de dialetólogos para que as variações pudessem ser localizadas com precisão. Vejamos agora a variação diastrática.

1.2.3 Diastrática: a variação entre os estratos da população

Apesar da dificuldade de determinar geograficamente dialetos relacionados à variação diatópica, para encontrar elementos que caracterizam a variação diastrática na fala não se precisa de muito esforço. Isso se deve ao fato de ainda existirem na sociedade diferenças marcantes de escolaridade entre a classe pobre e a classe rica.

Vários estudiosos procuram descrever a variedade subpadrão do português falado pelos mais pobres (conseqüentemente, menos escolarizados), entre eles Castilho citado por Ilari e Basso (2006). O estudioso cita como principais carac-terísticas da variedade subpadrão fatores relacionados à fonética, à morfologia e à sintaxe. Como, por exemplo, a troca do [l] pelo [r] em encontros consonan-tais, como em “brusa”, “grobo” ou a tripla negação, como em “eu nem não gosto”, usadas por falantes situados abaixo na escala social (ALKMIN, 2003).

Apesar de essa variedade falada poder soar “estranha” aos nossos ouvidos, o que importa é sabermos que, quando entramos em contato com qualquer varie-dade subpadrão,

[...] estamos diante de um outro código, e não de erros devidos às limitações mentais dos indivíduos que o empregam. Do ponto de vista pedagógico, é fundamental perceber que os alunos que chegam à escola falando uma variedade subpadrão precisam aprender a variedade culta como uma espécie de língua estran-geira; isso não significa que essas crianças devam ser poupadas do aprendizado da língua padrão, cujo valor cultural é inegável; significa apenas que a criança que sempre falou calipe, para chegar a escrever <eucalipto>, terá de aprender essa palavra como uma palavra nova e, portanto, terá de dar dois passos em vez de apenas um (ILARI; BASSO, 2006, p. 177).

Os autores reforçam um aspecto para o qual chamamos sua atenção: respeitar a variedade trazida pelo estudante de seu meio cultural não significa

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deixá-lo sem conhecer e, conseqüentemente, sem aprender a língua padrão. Você deve saber que existem maneiras diversas de dizer a mesma coisa, e que cada variedade deve ser adequada ao momento da comunicação, ao contexto da prática social.

Já vimos variações diacrônica, diatópica e diastrática. Agora veremos a variação diamésica.

1.2.4 Diamésica: a variação dos modos de comunicação (fala/escrita)

A oralidade sempre foi vista como algo que ocorria separadamente da escrita, e esta sempre gozou de um status mais elevado em relação àquela. Mas é necessário compreendermos que as duas se complementam, relacionando-se de forma recíproca, ora a fala transformando a escrita, ora a escrita transfor-mando a fala.

A variação diamésica muitas vezes não é levada em consideração no ensino e aprendizado da escrita. Quando a escola dá atenção especial à escrita em detrimento da fala, pode levar o aluno a pensar que escrevemos como falamos. Esse é um grande equívoco.

Esse equívoco que ocorre no contexto escolar em relação à oralidade e à escrita faz com que a escola “ensine” o aluno a se expressar oralmente come-çando por corrigi-lo, para que se enquadre no padrão lingüístico prestigiado, ou seja, na língua culta. Mas essa correção não evita que o aluno transfira para a escrita seus “problemas” da oralidade. Assim o que ocorre é o reforço do preconceito contra quem não domina a chamada língua padrão.

Outro equívoco (ainda existente em nossas escolas) ocorre pelo fato de o professor confundir o respeito pela variedade lingüística trazida pelo aluno do seu ambiente social com a idéia de que não deveria aproximá-lo da língua de prestígio, a língua culta, como vimos na variação diastrática. Sobre esse assunto, os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 28) afirmam que

[...] de nada adianta aceitar o aluno como ele é, mas não lhe oferecer instrumentos para enfrentar situações em que não será aceito se reproduzir as formas de expressão próprias de sua comunidade. É preciso, portanto, ensinar-lhe a utilizar adequada-mente a linguagem em instâncias públicas, a fazer uso da língua oral de forma cada vez mais competente.

Dessa maneira, não pretendemos ensinar a você o que já sabe, mas sim propiciar situações para que possa exercitar a variedade com a qual pode não ter muita intimidade: a variedade padrão.

Vamos ver algumas diferenças nas condições de produção de um texto oral e de um texto escrito. De acordo com Fávero, Andrade e Aquino (2000), podemos distinguir a modalidade oral e a escrita por meio do quadro a seguir.

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Quadro Diferenças entre fala e escrita.

FALA ESCRITA

Interação Ocorre face a face. Ocorre a distância (espaço-temporal).

Planejamento É simultâneo ou quase simul-tâneo à produção.

É anterior à produção.

Criação É coletiva: administrada passo a passo.

É individual.

Revisão Não há possibilidade de apagamento.

Há possibilidade de revisão.

Consultas Não há condições de consulta a outros textos.

A consulta é livre.

Reformulação Pode ser promovida tanto pelo falante como pelo interlocutor.

É promovida apenas pelo escritor.

Reações do interlocutor

O acesso é imediato.Não há possibilidade de acesso imediato.

Processamento do texto

Pode-se redigir o texto, a partir das reações do interlocutor.

Pode-se processar o texto a partir das possíveis reações do leitor.

Processo de criação

Mostra todo processo.Tende a esconder processo de criação, mostrando apenas o resultado.

Essas diferenças são meramente ilustrativas, já que tanto o texto oral como o texto escrito têm níveis de formalidade e de informalidade que variam de acordo com o contexto em que foram produzidos (interlocutor, intenção, objetivo, etc.). Além disso, devemos lembrar que chamamos aqui de texto oral aquele realmente falado e não o texto lido.

Como podemos notar, existe uma gramática do texto falado diferente da gramática do texto escrito. Segundo Ilari e Basso (2006), essa não foi a única descoberta importante dos estudos realizados pela variação diamésia. Outra diz respeito aos gêneros discursivos.

Qualquer falante sabe que, conforme o gênero que utilizamos (determinado pelo contexto, interlocutor, finalidade, etc.), elegemos uma variedade lingüística que seja adequada a ele. Assim também fazemos com os meios pelos quais os textos são distribuídos.

Por exemplo, se publicarmos uma descoberta científica em um jornal, utili-zaremos uma linguagem diversa daquela que utilizaríamos se publicássemos a mesma descoberta em uma revista científica. E em uma conversa em chat ou msn? Você escreveria seus textos de que forma? Utilizaria a mesma estrutura e vocabulário que utiliza quando faz um requerimento na universidade? Ilari e Basso (2006, p. 187) acrescentam que

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[...] todos esses gêneros, além de ter marcas exteriores próprias, e de obedecer a convenções interpretativas próprias, fazem também um uso muito particular da língua, chegando às vezes a desenvolver uma sublíngua exclusiva. A sublíngua de um gênero caracteriza-se normalmente não só pela freqüência maior de certas palavras [...], mas pode ser marcada também pela alta freqüência de construções gramaticais que não seriam comuns em outros gêneros.

Podemos perceber o que os autores afirmam quando entramos em contato com gêneros que não fazem parte do nosso dia-a-dia, como um boletim de ocor-rência policial, por exemplo. Com certeza, estranharíamos a estrutura e o voca-bulário normalmente utilizados nesse gênero. Isso estuda a variação diamésica.

Além dessas quatro variações citadas por Ilari e Basso (2006), Marcos Bagno (2007) acrescenta uma quinta: a variação diafásica. O autor considera que cada falante utiliza a língua de forma diferenciada – diferença de graduação do informal para a formal – e isso diz respeito ao seu estilo.

Fique atento!

O nível de prestígio social é a língua culta e, se não quisermos ser discriminados por grupos que a praticam, devemos conhecê-la.

Saiba mais

Convém lembrar que todas as variações aqui citadas estão presentes, juntas, nos textos e podem ser aplicadas a qualquer produção da fala ou da escrita. O que é preciso entender é que, para cada situação da prática social, existe uma forma de falar considerada mais adequada.

Nesta primeira aula, você aprendeu que a linguagem é uma característica humana universal, enquanto a língua é a linguagem particular de uma comuni-dade, um grupo, um povo, por meio da qual há interação dos indivíduos. Já a fala é a realização concreta da língua feita por um indivíduo em particular. É importante que o conceito de língua, linguagem e fala tenham sido bem apre-endidos, pois eles formam a base de sua aprendizagem da língua.

Você conheceu, também, a variação dialetal da língua portuguesa no Brasil. A variação diacrônica diz respeito às diversas manifestações de uma língua através dos tempos (que pode ser de geração a geração, ou de século a século); a diatópica relaciona-se à variação por fatores geográficos; a variação diastrática trata dos modos de falar que correspondem a códigos de comportamento de determinados grupos sociais; e a variação diamésica está relacionada à situação de comunicação, ou seja, em função do contexto (principalmente falado/escrito), um falante varia seu registro de língua, adap-tando-se às práticas sociais. Vimos também a variação diafásica, que consiste na variação de estilo de cada indivíduo, do informal para o mais formal, conforme a situação.

Uma observação importante diz respeito à variedade padrão: se você não a pratica no seu dia-a-dia, procure exercitá-la, pois todas profissões utilizam linguagem técnica, cuja base é a língua padrão (culta).

1. Compare as definições de língua dadas, no início desta aula, por Fiorin, Faraco, Marcuschi e Geraldi. O que há em comum nas definições? Que característica da língua é citada por todos eles?

2. A partir da análise que fizemos sobre a diferença entre língua, linguagem e fala, relacione os itens a seguir.

(1) Língua (2) Linguagem (3) Fala

( ) Ação individual, com características particulares.

( ) Manifestação particular da linguagem.

( ) Faculdade da espécie humana.

( ) Uma das formas de se organizar, efetivar, concretizar essa faculdade humana.

( ) Atividade social e histórica desenvolvida de forma interativa entre os indivíduos.

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 21

Nesta primeira aula, você aprendeu que a linguagem é uma característica humana universal, enquanto a língua é a linguagem particular de uma comuni-dade, um grupo, um povo, por meio da qual há interação dos indivíduos. Já a fala é a realização concreta da língua feita por um indivíduo em particular. É importante que o conceito de língua, linguagem e fala tenham sido bem apre-endidos, pois eles formam a base de sua aprendizagem da língua.

Você conheceu, também, a variação dialetal da língua portuguesa no Brasil. A variação diacrônica diz respeito às diversas manifestações de uma língua através dos tempos (que pode ser de geração a geração, ou de século a século); a diatópica relaciona-se à variação por fatores geográficos; a variação diastrática trata dos modos de falar que correspondem a códigos de comportamento de determinados grupos sociais; e a variação diamésica está relacionada à situação de comunicação, ou seja, em função do contexto (principalmente falado/escrito), um falante varia seu registro de língua, adap-tando-se às práticas sociais. Vimos também a variação diafásica, que consiste na variação de estilo de cada indivíduo, do informal para o mais formal, conforme a situação.

Uma observação importante diz respeito à variedade padrão: se você não a pratica no seu dia-a-dia, procure exercitá-la, pois todas profissões utilizam linguagem técnica, cuja base é a língua padrão (culta).

1. Compare as definições de língua dadas, no início desta aula, por Fiorin, Faraco, Marcuschi e Geraldi. O que há em comum nas definições? Que característica da língua é citada por todos eles?

2. A partir da análise que fizemos sobre a diferença entre língua, linguagem e fala, relacione os itens a seguir.

(1) Língua (2) Linguagem (3) Fala

( ) Ação individual, com características particulares.

( ) Manifestação particular da linguagem.

( ) Faculdade da espécie humana.

( ) Uma das formas de se organizar, efetivar, concretizar essa faculdade humana.

( ) Atividade social e histórica desenvolvida de forma interativa entre os indivíduos.

AUlA 1 • lÍNGUA PORTUGUESA

22 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

( ) Conjunto de todos os sinais que o ser humano foi criando para interagir com o outro.

( ) Ato de concretização da língua.

Assinale a seqüência correta.

a) 1, 1, 2, 3, 3, 2, 3 c) 2, 3, 2, 3, 1, 2, 2

b) 3, 1, 2, 1, 1, 2, 3 d) 3, 3, 2, 3, 1, 2, 1

3. Analise as assertivas a seguir e relacione-as ao tipo adequado de variação lingüística, respectivamente.

I. Variação apresentada em diferentes regiões de um mesmo país ou em países que falam a mesma língua.

II. Variação constatada na diferença entre a língua falada por indivíduos escolarizados e indivíduos menos escolarizados.

III. Variação lingüística em decorrência da situação de fala, do contexto de produção e meios de distribuição dos textos.

IV. Variação que ocorre na história externa e interna das línguas, ou seja, na evolução ao longo do tempo em sua função social e em sua gramá-tica e léxico.

Marque a alternativa correta.

Diacrônica, diamésica, diatópica e diastrática.a)

Diacrônica, diamésica, diastrática e diatópica.b)

Diamésica, diastrática, diatópica e diacrônica.c)

Diatópica, diastrática, diamésica e diacrônica.d)

4. Observe os dois enunciados.

(1) Nós vamos estudar língua portuguesa neste semestre.

(2) Nóis vai estudá língua portuguesa neste semestre.

Que variação (diacrônica, diatópica, diastrática, diamésica ou diafásica) ocorre entre os enunciados (1) e (2)? Justifique sua resposta.

As atividades um e dois proporcionaram a você verificar se atingiu o objetivo de comparar os diversos conceitos de lingüistas em relação à língua, linguagem e fala.

Na primeira atividade, a característica recorrente em todas as definições de língua dadas pelos lingüistas é em relação à língua ser uma “experiência histórica”, uma “condição de seres históricos”, uma “atividade sociointerativa”,

produto de “trabalho social e histórico”, fenômeno “sociológico e histórico”. Assim podemos constatar que, para todos os autores, a língua é construída pelos indivíduos sociais e históricos.

Na atividade dois, a seqüência correta é 3, 1, 2, 1, 1, 2, 3, portanto alternativa (b). Língua é manifestação particular da linguagem; uma das formas de se organizar, efetivar, concretizar essa faculdade humana; atividade social e histórica desenvolvida de forma interativa entre os indivíduos. Linguagem é faculdade da espécie humana; conjunto de todos os sinais que o ser humano foi criando para interagir com o outro. E, por fim, fala é ação individual, com características particulares; ato de concretização da língua.

O segundo objetivo, reconhecer os diferentes níveis de linguagem e as formas de manifestação das variações lingüísticas diacrônica, diatópica, dias-trática e diamésica, pode ser mensurado pelas atividades três e quatro.

Na atividade três, a opção correta é a (d). Essa alternativa é a correta porque relaciona, respectivamente, os conceitos trabalhados da variação diacrônica, diatópica, diastrática e diamésica. Assim as opções (a), (b) e (c) estão equivocadas, porque não trouxeram como resposta que a variação diacrônica é em relação à variação no tempo, que a diatópica é geográ-fica, que a diastrática diz respeito à variação por estratos sociais, e que a diamésica se refere à variação, principalmente, entre fala/escrita, conforme o contexto comunicacional.

A atividade quatro traz dois enunciados, entre os quais podemos perceber uma variação dialetal diastrática, pois identificamos no enunciado (2) o que os lingüistas chamam de variedade subpadrão (Nóis vai estudá). Essa varie-dade ocorre principalmente devido a fatores socais e econômicos.

ALKMIM, T. M. Sociolingüística. In: MUSSALIN, F.; BENTES, A. C. (Org.) Introdução à lingüística. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2003. v. 1.

BAGNO, M. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação lingüística. São Paulo: Parábola, 2007.

BORGES NETO, J. Borges Neto. In: XAVIER, A. C.; CORTEZ, S. (Org.) Conversas com lingüistas: virtudes e controvérsias da lingüística? São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais – primeiro e segundo ciclos do ensino fundamental: Língua Portuguesa. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental MEC, 1997.

AUlA 1 • lÍNGUA PORTUGUESA

UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 23

produto de “trabalho social e histórico”, fenômeno “sociológico e histórico”. Assim podemos constatar que, para todos os autores, a língua é construída pelos indivíduos sociais e históricos.

Na atividade dois, a seqüência correta é 3, 1, 2, 1, 1, 2, 3, portanto alternativa (b). Língua é manifestação particular da linguagem; uma das formas de se organizar, efetivar, concretizar essa faculdade humana; atividade social e histórica desenvolvida de forma interativa entre os indivíduos. Linguagem é faculdade da espécie humana; conjunto de todos os sinais que o ser humano foi criando para interagir com o outro. E, por fim, fala é ação individual, com características particulares; ato de concretização da língua.

O segundo objetivo, reconhecer os diferentes níveis de linguagem e as formas de manifestação das variações lingüísticas diacrônica, diatópica, dias-trática e diamésica, pode ser mensurado pelas atividades três e quatro.

Na atividade três, a opção correta é a (d). Essa alternativa é a correta porque relaciona, respectivamente, os conceitos trabalhados da variação diacrônica, diatópica, diastrática e diamésica. Assim as opções (a), (b) e (c) estão equivocadas, porque não trouxeram como resposta que a variação diacrônica é em relação à variação no tempo, que a diatópica é geográ-fica, que a diastrática diz respeito à variação por estratos sociais, e que a diamésica se refere à variação, principalmente, entre fala/escrita, conforme o contexto comunicacional.

A atividade quatro traz dois enunciados, entre os quais podemos perceber uma variação dialetal diastrática, pois identificamos no enunciado (2) o que os lingüistas chamam de variedade subpadrão (Nóis vai estudá). Essa varie-dade ocorre principalmente devido a fatores socais e econômicos.

ALKMIM, T. M. Sociolingüística. In: MUSSALIN, F.; BENTES, A. C. (Org.) Introdução à lingüística. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2003. v. 1.

BAGNO, M. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação lingüística. São Paulo: Parábola, 2007.

BORGES NETO, J. Borges Neto. In: XAVIER, A. C.; CORTEZ, S. (Org.) Conversas com lingüistas: virtudes e controvérsias da lingüística? São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais – primeiro e segundo ciclos do ensino fundamental: Língua Portuguesa. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental MEC, 1997.

AUlA 1 • lÍNGUA PORTUGUESA

24 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

CASTILHO, A. de. Ataliba de Castilho. In: XAVIER, A. C.; CORTEZ, S. (Org.) Conversas com lingüistas: virtudes e controvérsias da lingüística? São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

DUBOIS, J. et al. Dicionário de Lingüística. 4. ed. São Paulo: Cultrix, 2004.

FARACO, C. A. Carlos Alberto Faraco. In: XAVIER, A. C.; CORTEZ, S. (Org.) Conversas com lingüistas: virtudes e controvérsias da lingüística? São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

FÁVERO, L. L; ANDRADE, M. L. C. V. O.; AQUINO, Z. G. O. Oralidade e escrita: perspectiva para o ensino de língua materna. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2000.

FIORIN, J. L. José Luiz Fiorin. In: XAVIER, A. C.; CORTEZ, S. (Org.) Conversas com lingüistas: virtudes e controvérsias da lingüística? São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

GERALDI, J. W. João Wanderley Geraldi. In: XAVIER, A. C.; CORTEZ, S. (Org.) Conversas com lingüistas: virtudes e controvérsias da lingüística? São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

ILARI, R.; BASSO, R. O português da gente: a língua que estudamos a língua que falamos. São Paulo: Contexto, 2006.

KOCH, I. G. V. Ingedore G. V. Koch. In: XAVIER, A. C.; CORTEZ, S. (Org.) Conversas com lingüistas: virtudes e controvérsias da lingüística? São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

MARCUSCHI, L. A. Luiz Antônio Marcuschi. In: XAVIER, A. C.; CORTEZ, S. (Org.) Conversas com lingüistas: virtudes e controvérsias da lingüística? São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

MATOS, F. C. G. Francisco Gomes de Matos. In: XAVIER, A. C.; CORTEZ, S. (Org.) Conversas com lingüistas: virtudes e controvérsias da lingüística? São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

PRETI, D. Sociolingüística: os níveis de fala: um estudo sociolingüístico do diálogo na Literatura Brasileira. 9. ed. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2000.

SILVA, R. V. M. Contradições no ensino de português: a língua que se fala x a língua que se ensina. 2. ed. São Paulo: Contexto, 1997.

Após você ter conhecido o pensamento de vários lingüistas em relação à língua, à linguagem, à fala e à variação dialetal, veremos o que pode ser consi-derado um texto e quais são os fatores que contribuem para sua qualidade. Daremos ênfase, nesse momento, à análise da coesão. Ainda há muitos aspectos da linguagem para você relembrar!

Uma ocorrência lingüística, para ser texto, precisa ser percebida pelo recebedor como um todo significativo. [...] o texto caracteriza-se por apresentar uma unidade formal, material. Os elementos lingüísticos que o formam devem ser reconhecivelmente integrados, de modo a permitirem que ele seja apreendido como um todo coeso.

(Maria da Graça Costa Val)

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

reconhecer os fatores que contribuem para a qualidade do texto;•

identificar os elementos coesivos em textos.•

Na aula passada, você estudou alguns conceitos referentes à língua, à linguagem e à fala. Também observou que a língua não é falada de forma homogênea por todos, há variações. O que devemos fazer é adequar o nível de linguagem conforme a situação comunicativa em que nos encontramos. Assim como adequar a linguagem à prática social, também é importante sabermos organizar as idéias, tanto na língua escrita quanto na falada. Por isso os conceitos vistos anteriormente ajudarão você a compreender este novo assunto: as boas qualidades de um texto.

Depois de termos falado sobre o que é linguagem, língua, fala e variação lingüística, abordaremos a produção textual. Iniciaremos a aula falando sobre o que é texto e analisaremos os fatores que contribuem para a construção de um texto de qualidade, enfatizando, nesta aula, a coesão textual.

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 25

Uma ocorrência lingüística, para ser texto, precisa ser percebida pelo recebedor como um todo significativo. [...] o texto caracteriza-se por apresentar uma unidade formal, material. Os elementos lingüísticos que o formam devem ser reconhecivelmente integrados, de modo a permitirem que ele seja apreendido como um todo coeso.

(Maria da Graça Costa Val)

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

reconhecer os fatores que contribuem para a qualidade do texto;•

identificar os elementos coesivos em textos.•

Na aula passada, você estudou alguns conceitos referentes à língua, à linguagem e à fala. Também observou que a língua não é falada de forma homogênea por todos, há variações. O que devemos fazer é adequar o nível de linguagem conforme a situação comunicativa em que nos encontramos. Assim como adequar a linguagem à prática social, também é importante sabermos organizar as idéias, tanto na língua escrita quanto na falada. Por isso os conceitos vistos anteriormente ajudarão você a compreender este novo assunto: as boas qualidades de um texto.

Depois de termos falado sobre o que é linguagem, língua, fala e variação lingüística, abordaremos a produção textual. Iniciaremos a aula falando sobre o que é texto e analisaremos os fatores que contribuem para a construção de um texto de qualidade, enfatizando, nesta aula, a coesão textual.

Qualidades textuais I: coesão textual

Aula 2

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26 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

2.1 O que é texto

Provavelmente você já ouviu, leu e estudou muito sobre texto. Mas o que realmente pode ser considerado um texto? Começaremos o estudo pela defi-nição do que se considera texto.

Maria da Graça Costa Val (1999, p. 3) define texto como “ocorrência lingüística falada ou escrita, de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa, semântica e formal”.

Ingedore Villaça Koch (2001, p. 10) acrescenta que o texto pode ser

[...] entendido como uma unidade lingüística concreta (percep-tível pela visão ou audição), que é tomada pelos usuários da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor), em sua situação de inte-ração comunicativa, como uma unidade de sentido e como preen-chendo uma função comunicativa reconhecível e reconhecida, independentemente da sua extensão.

Percebe-se, nas duas definições, que o texto é usado para interação comu-nicativa oral ou escrita, independentemente de sua extensão. Isso evidencia que texto não é apenas o que está escrito com certa quantidade de palavras, sentenças e parágrafos. Um simples gesto, uma única palavra, se transmitirem uma mensagem, são textos.

Outro ponto que destacamos, exposto por Antônio Suárez de Abreu (2004), é a importância de entendermos o que ouvimos/lemos. Conseguimos isso por meio de nosso conhecimento de mundo, a que o autor chama de repertório. Pois, com ele, compreendemos o conteúdo semântico e percebemos a intenção de quem produz o texto.

Mas que características um bom texto deve ter?

2.2 Qualidades do texto

Jorge Leite de Oliveira (2004) expõe seis “cês” que contribuem para a construção de um texto de qualidade. São eles: criatividade, clareza, concisão, coesão, coerência e correção gramatical. Vamos conhecer cada um deles.

Criatividadea) : compreende a habilidade de produzir coisas e conheci-mentos novos. Um texto criativo mostra ao leitor algo diferente. Isso não quer dizer que devemos inventar coisas, mas podermos enxergar além das que já existem e fazermos uso desse conhecimento para nossas próprias produções. Para desenvolver essa habilidade, precisamos ter bagagem intelectual, por isso devemos ler bastante, assistir a bons filmes, conhecer outras culturas.

Clarezab) : é uma qualidade essencial de qualquer texto. O texto claro possibilita a imediata compreensão do leitor. Ao produzirmos textos, precisamos prestar bastante atenção no uso, por exemplo, dos pronomes

AUlA 2 • lÍNGUA PORTUGUESA

UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 27

possessivos e dos relativos, que podem provocar ambigüidades. Em “Paulo disse à namorada que seu futuro estava decidido”, por exemplo, não se sabe a quem se refere o possessivo “seu” (a Paulo, à namorada ou aos dois). Nesse caso, o problema pode ser resolvido com o emprego de “dele”, “dela” ou “deles”.

Concisãoc) : um texto deve ser preciso, sem rodeios de palavras. Um texto conciso condensa idéias em períodos que expressam o essencial do que se quer comunicar. Para isso, devemos optar por títulos, sentenças e parágrafos curtos e eliminar palavras supérfluas.

Coesãod) : é a ligação, a relação, os nexos que se estabelecem entre as partes de um texto, mesmo que não sejam aparentes. Contribuem para essa ligação os pronomes, as conjunções, os sinônimos, as repetições (KOCH, 2001).

Coerênciae) : está ligada à possibilidade de se estabelecer um sentido ao texto, ou seja, ela é o que faz com que o texto faça sentido para os usuários. Deve, portanto, ser entendida como um princípio de interpreta-bilidade, ligada à inteligibilidade do texto em uma situação de comuni-cação (KOCH; TRAVAGLIA, 2001).

Correção gramaticalf) : é o uso da língua de acordo com os padrões da norma culta, sem incorreções gramaticais.

Além desses seis “cês”, é importante também levarmos em consideração a unidade e a argumentação.

Unidadeg) : um bom texto mantém unidade temática, ou seja, as idéias são amarradas entre si (alguma coisa as unifica). Um texto que tem unidade temática apresenta uma idéia central e outras que giram em seu redor.

Argumentaçãoh) : procura formar a opinião do leitor, ou seja, busca convencê-lo de que o raciocínio apresentado é o correto. Segundo Othon Garcia (2000), a verdadeira argumentação deve revestir-se de caráter construtivo, cooperativo e útil e não em um “bate boca” improdutivo. Ela deve fundamentar-se na consistência do raciocínio e na evidência das provas (apresentação de fatos, exemplos, ilustrações, dados estatísticos e testemunhos). Assim a argumentação será firme, sedimentada e apre-sentada com autoridade.

Vamos analisar todos esses fatores que contribuem para a qualidade textual no trecho a seguir.

(1) A Suécia é um primor no que diz respeito à igualdade entre os sexos no trabalho

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28 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

e na vida pública. No Parlamento, 45% das cadeiras são ocupadas por mulheres, o maior índice internacional de participação feminina e quase o triplo da média européia. Por consenso entre os partidos políticos, elas também estão no comando de metade dos ministérios. Um terço dos cargos de confiança no governo é reservado para as mulheres. Em nenhum outro lugar da Europa é maior a presença feminina no mercado de trabalho e tão alta a média salarial, comparada com a masculina, como na Suécia (José Eduardo Barella, Veja, n. 1902, p. 70, 27 abr. 2005).

Percebemos que o texto contém os fatores que analisamos. O autor foi cria-tivo, apresenta as informações de forma clara, concisa (sem rodeios de palavras) e coerente (as informações expostas têm sentido). Utiliza elementos coesivos, como, por exemplo, “elas” e “feminina”, que são usados para referir-se a mulheres. O autor respeita as regras da norma culta da língua. Propõe-se a falar sobre a igualdade de sexos no trabalho e na vida pública (idéia central) e depois apresenta dados sobre isso (idéias secundárias), portanto mantém a unidade temática. Em seus argumentos, expõe dados para ser consistente e, com isso, convencer seu leitor de que o raciocínio apresentado é o correto.

Nos próximos itens, daremos continuidade aos fatores de qualidade na construção de um texto, analisando com mais detalhes a coesão textual.

2.3 Coesão textual

Vimos, no item anterior, que a coesão é um dos fatores que contribui para a produção de um texto de boa qualidade. Agora vamos analisar de que forma ela pode desempenhar esse papel.

A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre as palavras, expressões ou sentenças do texto. Ela é manifestada por elementos lingüísticos que assinalam o vínculo entre os componentes do texto.

Koch (2001) considera dois tipos principais de modalidades de coesão: remissão e seqüenciação. Nesta aula, estudaremos a coesão remissiva, na próxima, a coesão seqüencial.

2.3.1 Coesão por remissão

A modalidade coesiva por remissão refere-se à retomada de termos, expres-sões ou sentenças já mencionadas ou sua antecipação. A isso Koch (2001) chama de referência anafórica e catafórica, respectivamente. Vamos entender melhor cada um dos tipos de referência?

Tradicionalmente, a anáfora é a retomada de elemento anterior em um texto, mantendo-se a identidade com o termo a que se refere. É o que podemos perceber no trecho a seguir.

AUlA 2 • lÍNGUA PORTUGUESA

UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 29

(2) O Ministério da Educação chegou anunciar a entrada em vigor da reforma ortográ-fica no Brasil já em 2008. Felizmente, essa data foi adiada (Jerônimo Teixeira, Veja,

n. 2025, p. 88, 12 set. 2007).

A expressão “essa data” refere-se a “2008”, data mencionada anterior-mente, com a qual mantém a identidade.

Essa noção de anáfora vem sendo ampliada. Estudos recentes reconhecem que a anáfora não é necessariamente correferencial e que o referente de uma expressão anafórica não é sempre explicitamente denotado por um termo ante-rior. A anáfora vem sendo estudada como um fenômeno de natureza inferen-cial e não como um simples processo de “clonagem referencial” (MARCUSCHI, 2005, p. 55). Vamos entender melhor esse fenômeno nos exemplos a seguir?

(3) Pedro jogou seu cigarro e acendeu um outro.

A expressão “um outro” ativa um referente novo (não se trata do mesmo cigarro). O laço que se estabelece entre “um outro” e “cigarro” é somente lexical e não referencial, ou seja, associamos “um outro” ao “cigarro”. Marcuschi (2005) chama esse processo de anáfora indireta. Vamos a outro exemplo.

(4) Essas crianças não são bandidas. Existem crimes piores (Ludovico Ramalho Bruno, dispo-nível em: < . Acesso em: 30 nov. 2007).

A expressão “crimes piores” não reativa um referente anterior, há uma asso-ciação de “crimes piores” com “bandidas”.

Todo o processo que mencionamos sobre a anáfora ocorre com a catáfora. Mas há uma diferença: a catáfora refere-se a termos, expressões ou sentenças que serão ainda mencionados no texto, ou seja, ao que será dito adiante. É o que podemos perceber no exemplo a seguir.

(5) Eles já recomendaram bochechos com xixi e foram especialistas em cortar cabelos – mas salvaram nossa pele ao inventar a anestesia. Conheça a milenar (e assustadora) saga dos dentistas (Mariana Sgarioni, Aventuras na História, n. 51, p. 40, nov. 2007).

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30 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

Por que o pronome destacado é um exemplo de catáfora? “Eles” é uma referência catafórica, pois se refere a “dentistas”, que foi mencionado depois do pronome “eles”.

l

Saiba mais

Além da anáfora e da catáfora, temos o dêitico, que é a relação referencial que se estabelece entre uma expressão lingüística (dita dêitica) e um elemento da situação comunicativa, isto é, um referente exterior ao texto. Vamos analisar um trecho do poema Ausência, de Vinícius de Morais.

(6) Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar seus olhos que são doces...

Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres exausto...

No entanto a tua presença é qualquer coisa, como a luz e a vida...

E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto...

E em minha voz, a tua voz...

(MORAES, Vinícius de. Antologia poética)

Podemos notar que as expressões grifadas referem-se à situação comunicativa. Só sabemos quem é o eu (a pessoa que lamenta a ausência) e a quem se ele se refere (a amada) a partir do contexto comunicativo. Os termos “eu deixarei”, “mim”, “me”, “eu sinto”, “meu”, “minha” referem ao eu do poema; os termos “seus”, “te”, “veres”, “tua”, “teu” referem-se à amada a quem se dirige o eu do poema.

Portanto a interpretação do dêitico exige o conhecimento compartilhado da situação, ou seja, é uma situação criada pelo autor/falante e compactuada pelo leitor/ouvinte (CAVALCANTE, 2005). Agora que sabemos o que é coesão remissiva, analisaremos os processos desse tipo de coesão, a partir de Fávero (2002) e Viana (2000).

a) Pronominalização: uso de pronomes para fazer remissão a outros elementos textuais ou co-textuais (fora do texto).

(7) A escrava Chica da Silva conquistou o homem mais poderoso das Minas Gerais. Ele comprou sua liberdade e a tornou rica. Mais que isso: a ex-cativa ganhou respeito

(Flávia Ribeiro, Aventuras na História, n. 51, p. 32, nov. 2007).

AUlA 2 • lÍNGUA PORTUGUESA

UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 31

A coesão no exemplo (7) é feita por meio de pronominalização. A autora utilizou os pronomes “ele” para se referir ao “homem mais poderoso das Minas Gerais”; “sua” e “a” para referir-se a “Chica da Silva”; e “isso”, a “Ele comprou sua liberdade e a tornou rica”.

b) Elipse: omissão de termo recuperável pelo contexto.

No exemplo (8), ocorre a elipse do sujeito dos verbos “ia” (“eu”), “é” (“Pasárgada”) e “queria” (“eu”). Esse recurso é utilizado para não repe-tirmos expressões desnecessariamente.

c) Substituição vocabular: colocação de um elemento no lugar de outro. Ela pode ocorrer por meio de sinônimo, hiperônimo/hipônimo, antonomásia, repetição do mesmo termo ou repetição do nome próprio (ou parte dele).

Sinônimo•

(9) Califórnia, o mais rico estado americano, registra a cada ano uma média de 8.000 focos de incêndio em áreas de matas. Em geral, as chamas logo são controladas pelos bombeiros. Desta vez, o fogo fugiu do controle (Veja, n. 2032, p. 66, 31 out. 2007).

A sinonímia ocorre na substituição vocabular do exemplo (9): o termo “incêndio” é retomado no texto pelos elementos “chamas” e “fogo” que, nesse contexto, podem ser considerados sinônimos.

Hiperonímia/hiponímia• : Leonor Lopes Fávero (2002, p. 24) expõe que

[...] quando o primeiro elemento de uma seqüência lingüística mantém com um segundo elemento uma relação todo/parte, classe/elemento, tem-se um hiperônimo; quando o primeiro elemento mantém com o segundo uma relação parte/todo, elemento/classe, tem-se o hipônimo (grifo nosso).

Vamos analisar essa definição no exemplo a seguir?

(10) A indústria automobilística tornou-se mais produtiva e consegue vender carros a preços relativamente mais baixos do que no passado. Em 1960, eram

AUlA 2 • lÍNGUA PORTUGUESA

32 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

necessários 92 salários mínimos para adquirir um Fusca. Agora, para comprar um Uno Mille, são necessários 55 mínimos (Julia Dualibi e Cíntia Borsato, Veja, n. 2032, p. 78,

31 out. 2007).

A substituição vocabular do exemplo (10) foi feita por meio do uso de hipônimo. A palavra “carro”, citada na primeira informação, é genérica (hiperônimo), pois há várias espécies de carros. Quando a expressão foi retomada na segunda e na terceira informação, as autoras utilizaram os termos “Fusca” e “Uno Mille”, que são tipos de carros. Portanto elas usaram hipônimos.

Antonomásia• : substituição vocabular de um nome por um apelido ou feito – ação – pelo qual é reconhecido.

(11) Chica da Silva não se transformou em uma pessoa rica – também ganhou respeito. A ex-escrava costumava promover bailes e peças de teatro (Flávia Ribeiro, Aventuras na

História, n. 51, p. 34, nov. 2007).

No exemplo (11), temos substituição vocabular por antonomásia, uma vez que Chica da Silva também é conhecida como “ex-escrava”.

Repetição do mesmo termo• : há ocasiões em que não conseguimos ou não queremos substituir o termo, então o repetimos.

(12) O celular pode ser uma facilidade na comunicação dos pais com seus filhos? É bom pensar melhor nesse assunto já que não são mais apenas os filhos adolescentes que pedem e/ou ganham um celular: crianças cada vez menores já vão para a escola ou para os passeios com a turma levando seu celular. Como toda e qualquer atitude que os pais tomam com relação aos filhos, oferecer um celular também terá conseqüências educativas (Rosely Sayão. Disponível em: . Acesso em: 30 nov. 2007).

A repetição dos termos ocorre na substituição vocabular no exemplo (12), pois “filhos”, “celular” e “pais” retomam “filhos”, “celular” e “pais”, respectivamente.

Repetição do nome próprio (ou parte dele)• : normalmente, citamos o nome completo e, depois, parte dele.

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 33

(13) A brasileira Ângela Hirata, responsável pelas negociações internacionais da Alpargatas, dona da marca Havaianas, passa seis meses por ano fora do Brasil. Após uma apresentação para executivos em Tóquio, Ângela conheceu informalmente um dos representantes da Celux, uma loja multimarcas japonesa, a qual passou a exportar nossas famosas Havaianas (Chrystiane Silva, Veja, n. 1873, p. 82, 29 set. 2004).

No exemplo (13), temos a substituição vocabular que se dá por meio de repetição de parte do nome próprio, ou seja, ao invés de repetir “Ângela Hirata”, retomou-se somente “Ângela”.

d) Termo-síntese: termo que condensa e resume o conteúdo de uma sentença, de um parágrafo ou de todo um fragmento do texto. Veja o exemplo.

(14) Nos anos 80 e 90, e-mails se tornaram muito informais. Mas a idade média do usuário de internet vem subindo, e com isso a comunicação está ficando mais formal

novamente (Jerônimo Teixeira, Veja, n. 2025, p. 93, 12 set. 2007).

No exemplo (14), o autor usou o termo síntese “isso”, que sintetiza as infor-mações expostas na sentença anterior (“a idade média do usuário de internet vem subindo”).

e) Advérbios: os mais utilizados são os de lugar e tempo.

(15) A cobertura da imprensa de Primeiro Mundo sobre a violência no Brasil tende a ser sensacionalista, não apenas porque esse tipo de notícia vende, mas porque faz o público pensar que vive no melhor dos mundos possíveis. Ironicamente, para mim, o Brasil preenche essa descrição muito melhor que os Estados Unidos. Primeiro porque as pessoas daqui têm mais generosidade, ginga e prazer de viver que a maioria dos americanos (Michael Kepp, Superinteressante, n. 193, p. 122, out. 2003).

No exemplo (15), o elemento de coesão utilizado é o advérbio “daqui”, que retoma “Brasil”.

Nesta primeira etapa dos estudos sobre a qualidade de bons textos, vimos que, para produzirmos um texto de qualidade, devemos ser criativos, claros, coerentes na exposição de nossas idéias, usar a língua padrão, utilizar os elementos de coesão, argumentar bem e manter a unidade temática.

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34 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

Texto é uma ocorrência lingüística falada ou escrita, de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa, semântica e formal. Para produzirmos um texto de boa qualidade, precisamos levar em consi-deração os seis “cês”: criatividade (apresentação de idéias e conhecimentos novos); clareza (imediata compreensão do leitor/ouvinte); concisão (precisão, sem rodeios de palavras); coesão (ligação entre as partes de um texto); coerência (o texto precisa fazer sentido para o leitor/ouvinte); e correção gramatical (uso da língua segundo os padrões da gramática normativa).

Além desses seis “cês”, é importante também consideramos a unidade temá-tica (apresentação de uma idéia central e outras que giram em seu redor) e a argumentação (convencimento do leitor/ouvinte de que o raciocínio apresen-tado é o correto).

A coesão textual é a ligação entre as palavras, expressões ou sentenças do texto. Há dois tipos principais de modalidades de coesão: remissão e seqüenciação.

Nesta aula, estudamos a remissão, que se refere à retomada de termos, expressões ou sentenças já mencionadas (referência anafórica) ou sua anteci-pação (referência catafórica). Dêitico é a relação referencial que se estabelece entre uma expressão lingüística (dita dêitica) e um elemento da situação comuni-cativa, isto é, um referente exterior ao texto.

Os principais processos de remissão são: pronominalização (uso de pronomes); elipse (omissão de termo recuperável pelo contexto); substituição vocabular (colocação de um elemento no lugar de outro, podendo ocorrer por meio de sinônimo, hiperônimo (relação todo/parte, classe/elemento), hipônimo (relação parte/todo, elemento/classe), antonomásia (substituição vocabular de um nome por um apelido ou ação)); repetição do mesmo termo ou repetição do nome próprio ou parte dele; termo-síntese (resumo do conteúdo de uma sentença, de um parágrafo ou de todo um fragmento do texto); e advérbios, principalmente os de lugar e tempo.

1. Leia e analise o trecho a seguir.

“Sinto falta da galinha da minha mãe, do peixe do meu pai e da energia do povo brasi-leiro” (Gisele Bündchen, Veja, n. 2025, p. 53, 12 set. 2007).

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 35

O texto de Gisele, a a) top model, apresenta ambigüidades. Identifique-as.

Dos fatores que contribuem para a qualidade textual, qual foi prejudi-b) cado devido às ambigüidades? Por quê?

Para torná-lo um bom texto, reescreva o trecho, tirando essas c) ambigüidades.

Leia o trecho a seguir para responder às questões de dois a quatro.

Wasaburo Otake nem imaginava que se tornaria carioca da gema quando foi designado intérprete de oito oficiais da Marinha brasileira em visita ao Japão. Ele nem sequer falava nosso idioma – o inglês era a língua usada nas conversas com os militares. Mas o aris-tocrata japonês, então com 17 anos, ganhou a simpatia de Augusto Leopoldo, neto do imperador dom Pedro II, que o convidou para acompanhá-Io em sua viagem de volta para conhecer o Brasil. O navio nem deixou a Ásia e a aventura já começou a es quentar. No Ceilão (atual Sri Lanka), o príncipe teve de descer: era 1889, e a República, proclamada, obri gava a família real a se afastar das instituições bra sileiras. Chegando ao Rio, Otake não tinha mais a proteção real. Precisou se virar. Aprendeu português, ingressou na Escola Naval e entrou para a história. É o primeiro japonês de que se têm registros con cretos de ter morado no Brasil (Paula Moura, Superinteressante, n. 245, p. 56, nov. 2007).

2. Em relação ao trecho em análise, examine as afirmativas a seguir e depois assinale a alternativa correta.

I. O texto apresenta os fatores que contribuem para a qualidade texto. Um desses fatores é a unidade temática. Apresenta uma idéia central, que é Wasaburo Otake, o primeiro japonês brasileiro, e outras que giram em seu redor, em que a autora mostra como Otake se tornou o primeiro japonês que morou no Brasil.

II. Outro fator de qualidade presente no texto é a concisão, pois a autora menciona as informações de uma forma objetiva, sem rodeios de pala-vras. Também há clareza, uma vez que essas informações são facilmente entendidas pelo leitor.

III. O texto também é coerente e coeso, visto que o que é exposto faz sentido para o leitor e as informações estão ligadas, como podemos perceber pelos termos em negrito (coesão por remissão).

a) Todas as afirmativas estão corretas.

b) Todas as afirmativas estão incorretas.

c) Apenas a afirmativa II está incorreta.

d) Apenas a afirmativa III está incorreta.

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36 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

3. Em relação à coesão textual, assinale a única alternativa incorreta.

a) Os termos em negrito, “ele”, “o aristocrata japonês”, “o”, “Otake” refe-rem-se ao Wasaburo Otake.

b) Os pronomes “lo”, “sua” e “o príncipe” referem-se a Augusto Leopoldo.

c) A autora, ao empregar todos os termos que estão em negrito, utilizou a referência catafórica, uma vez que os termos referentes retomam pala-vras já mencionadas.

d) A autora utilizou os seguintes processos de coesão: pronominalização (“ele”, “o”, “lo” e “sua”), antonomásia (“aristocrata japonês”, “prín-cipe”) e repetição de parte do nome próprio (“Otake”).

4. Analise o trecho a seguir.

Chegando ao Rio, Otake não tinha mais a proteção real. Precisou se virar. Aprendeu português, ingressou na Escola Naval e entrou para a história. É o primeiro japonês de

que se têm registros con cretos de ter morado no Brasil.

Identifique onde estão as elipses e diga qual é o termo que foi omitido.

Na atividade um, item (a), há ambigüidade porque Gisele quis dizer que sente saudade da galinha que sua mãe faz, do peixe que seu pai faz e da energia do povo brasileiro. Mas a forma como ela construiu o texto acabou deixando-o ambíguo, dando a entender que ela estava chamando sua mãe de galinha e seu pai de peixe. No item (b), o fator de qualidade prejudicado foi a clareza, visto que a ambigüidade pode levar o leitor interpretar o texto de outra(s) forma(s). No item (c), uma possibilidade de reescrita do texto de Gisele poderia ser: “Sinto falta da galinha que minha mãe faz, do peixe que meu pai faz e da energia do povo brasileiro”.

Na atividade dois, a reposta é a alternativa (a), pois todas as afirmativas estão corretas. O texto em análise contém os fatores que contribuem para a qualidade de um texto.

Na atividade três, a alternativa incorreta é a (c). Todos os termos de refe-rência grifados são anafóricos, uma vez que se referem a palavras já mencio-nadas. Os termos catafóricos fazem referência a palavras que são mencionados depois dos referentes.

Na atividade quatro, há omissão dos sujeitos dos verbos “precisou”, “aprendeu”, “ingressou”, “entrou” e “é”, como você pode observar no trecho:

“chegando ao Rio, Otake não tinha mais a proteção real. [Otake] precisou se virar. [Otake] aprendeu português, [Otake] ingressou na Escola Naval e [Otake] entrou para a história. [Otake] é o primeiro japonês de que se têm registros con cretos de ter morado no Brasil.” Você pôde perceber que a elipse é um recurso utilizado para não repetirmos expressões desnecessariamente.

Se você acertou as atividades, atingiu os objetivos desta aula: reconhecer os fatores que contribuem para a qualidade do texto (atividades um e dois) e identificar os elementos coesivos em textos (atividades três e quatro). Caso tenha se equivocado, retome o que estudamos.

ABREU, A. S. Curso de redação. 11. ed. São Paulo: Ática, 2004.

CAVALCANTE, M. M. Anáfora e dêixis: quando as retas se encontram. In: KOCH, I. V.; MORATO, E. M.; BENTES, A. C. (Org.). Referenciação e discurso. São Paulo: Contexto, 2005.

COSTA VAL, M. da G. Redação e textualidade. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

FÁVERO, L. L. Coesão e coerência textuais. 9. ed. São Paulo: Ática, 2002.

GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. 18. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2000.

KOCH, I. V. O texto e a construção dos sentidos. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2001.

KOCH, I. V.; TRAVAGLIA, L. C. A coerência textual. 11. ed. São Paulo: Contexto, 2001.

MARCUSCHI, L. A. Anáfora indireta: o barco textual e suas âncoras. In: KOCH, I. V.; MORATO, E. M.; BENTES, A. C. (Org.). Referenciação e discurso. São Paulo: Contexto, 2005.

OLIVEIRA, J. L. de. Texto técnico: guia de pesquisa e de redação. Brasília: abc BSB, 2004.

VIANA, A. C. (Coord.) Roteiro de redação: lendo e argumentando. São Paulo: Scipione, 2000.

Depois de você ter estudado os fatores que contribuem para a qualidade textual, enfatizando o estudo da primeira modalidade de coesão (coesão remis-siva), passaremos à análise da segunda modalidade, coesão seqüencial. Também aprofundaremos a análise de textos em relação à coerência textual.

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 37

“chegando ao Rio, Otake não tinha mais a proteção real. [Otake] precisou se virar. [Otake] aprendeu português, [Otake] ingressou na Escola Naval e [Otake] entrou para a história. [Otake] é o primeiro japonês de que se têm registros con cretos de ter morado no Brasil.” Você pôde perceber que a elipse é um recurso utilizado para não repetirmos expressões desnecessariamente.

Se você acertou as atividades, atingiu os objetivos desta aula: reconhecer os fatores que contribuem para a qualidade do texto (atividades um e dois) e identificar os elementos coesivos em textos (atividades três e quatro). Caso tenha se equivocado, retome o que estudamos.

ABREU, A. S. Curso de redação. 11. ed. São Paulo: Ática, 2004.

CAVALCANTE, M. M. Anáfora e dêixis: quando as retas se encontram. In: KOCH, I. V.; MORATO, E. M.; BENTES, A. C. (Org.). Referenciação e discurso. São Paulo: Contexto, 2005.

COSTA VAL, M. da G. Redação e textualidade. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

FÁVERO, L. L. Coesão e coerência textuais. 9. ed. São Paulo: Ática, 2002.

GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. 18. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2000.

KOCH, I. V. O texto e a construção dos sentidos. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2001.

KOCH, I. V.; TRAVAGLIA, L. C. A coerência textual. 11. ed. São Paulo: Contexto, 2001.

MARCUSCHI, L. A. Anáfora indireta: o barco textual e suas âncoras. In: KOCH, I. V.; MORATO, E. M.; BENTES, A. C. (Org.). Referenciação e discurso. São Paulo: Contexto, 2005.

OLIVEIRA, J. L. de. Texto técnico: guia de pesquisa e de redação. Brasília: abc BSB, 2004.

VIANA, A. C. (Coord.) Roteiro de redação: lendo e argumentando. São Paulo: Scipione, 2000.

Depois de você ter estudado os fatores que contribuem para a qualidade textual, enfatizando o estudo da primeira modalidade de coesão (coesão remis-siva), passaremos à análise da segunda modalidade, coesão seqüencial. Também aprofundaremos a análise de textos em relação à coerência textual.

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38 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

Não basta costurar uma frase a outra para dizer que estamos escrevendo bem. Além da coesão, é preciso pensar na coerência.

(Antônio Carlos Viana)

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

identificar a coesão textual por meio dos operadores argumentativos •em textos;

reconhecer problemas no emprego dos operadores argumentativos e em •textos incoerentes.

Na aula passada, analisamos fatores que contribuem para a qualidade do texto (criatividade, clareza, concisão, coesão, etc.). Também aprendemos uma das modalidades de coesão, a remissão. Os conceitos vistos anteriormente ajudarão você a compreender outra modalidade de coesão, a seqüenciação, e, a seguir, a coerência textual.

Vimos, na aula anterior, que a coesão e a coerência são fatores que contribuem para a qualidade de um texto. Já analisamos a coesão remissiva, que são os termos que usamos para ligar as informações. Nesta aula, analisaremos a coesão seqüen-cial, realizada pelos operadores argumentativos. Além disso, falaremos também sobre a coerência e veremos que fatores são essenciais para um texto ser coerente.

3.1 Coesão Textual: Seqüenciação

A coesão por seqüenciação pode ser feita por conexão ou justaposição. Veja a definição e os exemplos de cada forma.

Anotações

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 39

Não basta costurar uma frase a outra para dizer que estamos escrevendo bem. Além da coesão, é preciso pensar na coerência.

(Antônio Carlos Viana)

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

identificar a coesão textual por meio dos operadores argumentativos •em textos;

reconhecer problemas no emprego dos operadores argumentativos e em •textos incoerentes.

Na aula passada, analisamos fatores que contribuem para a qualidade do texto (criatividade, clareza, concisão, coesão, etc.). Também aprendemos uma das modalidades de coesão, a remissão. Os conceitos vistos anteriormente ajudarão você a compreender outra modalidade de coesão, a seqüenciação, e, a seguir, a coerência textual.

Vimos, na aula anterior, que a coesão e a coerência são fatores que contribuem para a qualidade de um texto. Já analisamos a coesão remissiva, que são os termos que usamos para ligar as informações. Nesta aula, analisaremos a coesão seqüen-cial, realizada pelos operadores argumentativos. Além disso, falaremos também sobre a coerência e veremos que fatores são essenciais para um texto ser coerente.

3.1 Coesão Textual: Seqüenciação

A coesão por seqüenciação pode ser feita por conexão ou justaposição. Veja a definição e os exemplos de cada forma.

Qualidades textuais II: coesão e coerência textuais

Aula 3

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40 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

a) Conexão: ocorre quando usamos operadores argumentativos (classifi-cados, pela gramática tradicional, como conjunções) para ligar duas informações.

(1) Diana Spencer deixou de ser princesa, mas continuou sendo uma das pessoas mais admiradas dos ingleses (Aventuras na História, n. 48, p. 16, ago. 2007).

As informações dadas no exemplo (1) são ligadas, “costuradas” por meio do conectivo mas. O uso adequado desses elementos é funda-mental para a construção do texto, conforme veremos no item 3.1.1.

b) Justaposição: ocorre quando expomos duas informações, uma ao lado da outra, sem o uso dos operadores argumentativos.

(2) A separação de Charles e Diana foi anunciada em dezembro de 1992. Os rumores de que o casamento não ia bem começaram antes, em 1985

(Aventuras na História, n. 48, p. 17, ago. 2007).

No exemplo (2), não há um conectivo que una as informações dadas, elas estão justapostas, ou seja, postas uma ao lado da outra. Mas todos entendem seu sentido. Se quiséssemos uni-las por meio de um elemento, poderíamos utilizar o conectivo mas para substituir o ponto final, por exemplo, além de outras de sentido de oposição. Então o enunciado ficaria assim: “A sepa-ração de Charles e Diana foi anunciada em dezembro de 1992, mas os rumores de que o casamento não ia bem começaram antes, em 1985”, passando a ser uma seqüenciação por conexão.

3.1.1 Operadores argumentativos

A partir de Abreu (2004) e Fávero (2002), analisaremos os principais opera-dores argumentativos, classificados, pela gramática tradicional, como conjun-ções. Eles designam os variados tipos de interdependência semântica existente entre as sentenças na superfície textual. É necessário, portanto, usar o operador adequado à relação que queremos expressar. Vamos conhecê-los e fique atento!

a) Operadores de oposição: mas, porém, contudo, todavia, no entanto, entre-tanto, embora, apesar de que, etc.

(3) A Justiça trabalha para resolver os casos que chegam até ela, mas não consegue ser eficiente.

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 41

O mas muda o rumo argumentativo para uma conclusão inesperada. A conclusão natural que decorre da primeira proposição é de que a justiça deva ser rápida, mas não é o que a segunda proposição afirma. Ao contrário, há uma negação implícita decorrente. Vejamos a representação a seguir.

(então) A justiça consegueser eficiente.

(mas) A justiça não consegueser eficiente.

Desvio

A justiça trabalha para resolver os casos que chegam até ela.

Outro elemento que marca especialmente a oposição é o embora e seus sinônimos: ainda que, mesmo que, etc.

(4) Embora (ainda que, mesmo que) a justiça não consiga ser eficiente, trabalha para resolver os casos que chegam até ela.

No exemplo (3), há uma oposição implícita: o fato de a justiça não conse-guir ser eficiente poderia impedi-la de resolver os casos que chegam até ela. No entanto há outra orientação argumentativa que permite ao interlocutor deduzir que nada impede a justiça de resolver os casos que chegam até ela.

Devemos fazer a seguinte observação em relação à diferença entre o mas e o embora: primeiramente, o mas nunca inicia o período composto, como acontece com o embora, salvo em situações particulares de estilo ou de mudança de assunto; secundariamente, o embora leva o verbo da oração iniciada por ele a flexionar-se no subjuntivo, diferenciando-se do mas, que faz seu verbo permanecer no indicativo.

O uso de um ou outro termo tem a ver exclusivamente com a intenção do produtor de texto, conforme queira antecipar a conclusão lógica da idéia apresentada (embora) ou contrariar a expectativa da conclusão (mas). Observe os exemplos.

(5) Embora fosse claramente culpado, o réu não foi condenado.

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42 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

No exemplo (5), o uso do embora antecipa a idéia de que haverá uma relação de contradição.

(6) O réu era claramente culpado, mas não foi condenado.

Já no exemplo (6), a primeira informação cria no leitor a expectativa da condenação e a presença do mas contraria essa expectativa.

b) Operadores de causa: já que, visto que, uma vez que, como, pois, porque, etc.

(7) Gêneros textuais como a carta circular ou o requerimento estão em extinção, pois o e-mail absorveu essas funções (Gilda Palma, Veja, n. 2025, p. 90, 12 set. 2007).

Podemos observar que a segunda proposição (“pois o e-mail absorveu essas funções”) iniciada por pois aponta para a causa, para o motivo de os gêneros textuais como a carta circular ou o requerimento estarem em extinção. Assim a proposição inicial (“Gêneros textuais como a carta circular ou o requeri-mento estão em extinção”) é a conseqüência da segunda.

As conjunções uma vez que, visto que, já que, como podem tanto vir no início quanto no meio do período: “Uma vez que gêneros textuais como a carta circular ou o requerimento estão em extinção, o e-mail absorveu essas funções”.

c) Operadores de conformidade: conforme, de acordo, como, segundo, etc.

(8) De acordo com o governo federal, há vagas suficientes nas universidades brasileiras.

A relação de conformidade manifesta o acordo entre duas informações. O exemplo (8) demonstra isso. Em lugar de de acordo, poderíamos usar o articu-lador conforme, para, segundo, pois todos apontam para o mesmo sentido.

d) Operadores de finalidade: para, para que, a fim de, etc.

(9) Precisamos ter o hábito de leitura para que entendamos melhor o mundo.

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 43

Esse articulador indica finalidade entre duas proposições, implicando a idéia de fim previsto para uma determinada ação expressa na primeira oração. No exemplo (9), o hábito da leitura tem finalidade: entendimento melhor do mundo.

e) Operadores de temporalidade: quando, enquanto, sempre que, logo que, antes que, assim que, cada vez que, depois que, até que, etc.

(10) Quando não existiam as lâmpadas, que podiam ser alimentadas por óleo de baleia ou gás, as velas eram a principal fonte de luz (Aventuras na História, n. 51, p. 19, nov. 2007).

A idéia veiculada pelo articulador destacado (quando), no exemplo (10), é de temporalidade.

f) Operadores de conclusão: portanto, logo, por isso, por conseguinte, etc.

(11) Terminamos o trabalho de língua portuguesa, portanto podemos entregá-lo à professora.

O conector portanto introduz um enunciado de valor conclusivo em relação a um (ou mais) ato da fala anterior que contém uma dada informação. No exemplo (11), a conclusão é introduzida a partir do que é exposto na primeira oração (“Terminamos o trabalho de língua portuguesa”).

g) Operadores de comparação: (tanto, tal, tão)... como (quanto), mais... do que, menos... do que, etc.

(12) Um ano após a revelação de sua tradução, o evangelho ainda causa polêmica. Uma corrente de historiadores – tão competentes quanto os que traduziram o documento

– discorda da versão publicada (Aventuras na História, n. 51, p. 12, nov. 2007).

O exemplo (12) apresenta comparação entre os historiadores e os tradutores da bíblia. Você deve observar que o caráter eminentemente argumentativo da comparação está no fato de que se usa a comparação para argumentar contra ou a favor de determinada conclusão. Nesse caso, valorizam-se os historiadores em detrimento dos tradutores.

h) Operadores de adição: e, também, não só... mas também, tanto... como, além de, além disso, ainda, nem, etc.

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44 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

(13) O réu não só foi condenado a 20 anos de reclusão, mas também teve todos os seus bens confiscados.

A função desses articuladores é encaminhar o interlocutor da comunicação para uma mesma conclusão. No exemplo (13), temos um operador que soma um argumento adicional a um argumento já dito.

i) Operadores de condição: se... então, caso, etc.

(14) Não teremos problema de água no planeta no futuro, se hoje nos educarmos para o consumo consciente.

Como podemos notar, a realização da primeira informação (“não termos problemas de falta de água no futuro”) está condicionada à realização da segunda (“educarmo-nos para o consumo racional da água”). É essa idéia de condição que o articulador se introduz.

j) Operadores de disjunção: ou

(15) Ou a Justiça Eleitoral ouve os que têm discernimento para propor mudanças, ou a verdadeira expressão da vontade nas urnas continuará oprimida.

(16) Há candidatos que escondem a origem dos recursos de campanha por eles serem um financiamento adicional ou caixa dois.

Esse conector é ambíguo, ora correspondente à forma exclusiva (isto é, um ou outro, mas não ambos, conforme o exemplo (15)), ora à forma com valor inclusivo (ou seja, um ou outro, possivelmente ambos, conforme o exemplo (16)). Observe que, quando inclusivo, o ou pode ser substituído por e.

Quando estivermos produzindo nossos textos, é importante usarmos os operadores argu-mentativos adequados para não prejudicarmos a coerência textual.

Depois de termos estudado a coesão textual remissiva e seqüencial, agora é a vez da coerência.

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 45

3.2 Coerência Textual

A coerência é o fator essencial da textualidade, uma vez que ela é respon-sável pelo sentido do texto (COSTAL VAL, 1999). É ela que dá origem à textuali-dade (KOCH; TRAVAGLIA, 2001).

Saiba mais

Como percebemos que um texto é coerente? A coerência se dá a partir do conhecimento da língua e de mundo e do grau de compartilhamento desse conhe-cimento entre autor/falante e o leitor/ouvinte. Se eu não conheço bem a língua que deu forma ao texto, bem como a realidade de que ele fala, com toda certeza esse texto será incoerente para mim. A coerência textual depende também das inferências (relação que é estabelecida entre aquilo que é lido/ouvido com o nosso conhecimento prévio) e dos fatores pragmáticos e interacionais (contexto de situação, intenção comunicativa).

Examinemos a seguinte situação.

A: Obrigado!

Esse diálogo só terá coerência se entendermos que, quando alguém pergunta “você tem fogo”, está pedindo para emprestarmos o isqueiro ou fósforo ou mesmo acendermos seu cigarro. Assim, se falarmos que temos, ele esperará uma dessas ações. Ou seja, nesse processo todo, fazemos inferências, percebemos a intenção comunicativa. Isso só ocorre devido ao conhecimento da língua, de mundo, ao compartilhamento desse conhecimento entre o falante e o ouvinte.

Na seqüência, examinaremos os princípios fundamentais responsáveis pela construção de um texto coerente.

3.2.1 As meta-regras da coerência

Abreu (2004), citando um estudioso francês chamado Michel Charolles, estabeleceu quatro princípios fundamentais responsáveis pela coerência textual. Chamou-os de meta-regras da coerência. Vamos analisá-las?

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46 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

a) Meta-regra da repetição: um texto coerente deve ter elementos recorrentes, que chamamos de coesão textual. O fato de, em uma sentença, recuperarmos termos de sentenças anteriores, por meio de pronomes, elipses, sinônimos ou qualquer outro recurso, constitui um processo de repetição ou recorrência. A coesão textual é, portanto, a primeira condição para que um texto seja coerente. Vejamos, no exemplo a seguir, se há coesão textual.

(18) A primeira vacina de que se tem registro é a antivariólica, desen volvida pelo inglês Edward Jenner em 1798. Ela foi descoberta depois de análises que o cientista fez ao observar que mulheres da ordenha, expostas a um tipo de varíola mais fraca que ataca vacas, desenvol viam imunidade à varíola humana (Galileu, n. 196, p. 37, nov. 2007).

No trecho (18), há metra-regra da repetição, porque temos termos recupe-rando informações anteriores, por exemplo, ela recupera a primeira vacina, e o cientista retoma Edward Jenner.

b) Meta-regra de progressão: um texto coerente deve apresentar renovação do conteúdo, ou seja, um texto deve sempre apresentar informações novas à medida que vai sendo escrito. Vejamos, no texto a seguir, se há progressão de conteúdo.

(19) Esse funcionário não faz nada. Fica apenas reclamando de suas tarefas, ou seja, chega, liga seu computador e reclama de seus afazeres no escritório. Acha que trabalha

muito e reclama do que tem de ser feito. Não faz nada!

Não há, no exemplo (19), informações novas, há sim repetição do que já foi dito. Poderíamos reduzir essa informação a: “esse funcionário não faz nada. Só reclama de suas tarefas”. Portanto, como o autor desconsiderou a meta-regra de progressão, a coerência foi prejudicada.

c) Meta-regra da não-contradição: em um texto coerente, o que se diz depois não se pode contradizer com o que se disse antes ou o que ficou pressu-posto. Cada pedaço do texto deve fazer sentido com o que se disse antes. Analisemos se, no texto seguir, isso é considerado pelo autor.

(20) O quarto espelha as características de seu dono: um esportista, que adorava a vida ao ar livre e não tinha o menor gosto pelas atividades intelectuais. Por toda a parte, havia sinais disso: raquetes de tênis, prancha de surf, equipamento de alpinismo, um tabuleiro de xadrez com as peças arrumadas sobre mesinha, as obras completas de Shakespeare (PLATÃO; FIORIN, 1998, p. 268).

Uma das qualidades de um bom texto é não apresentar contradição. No exemplo (20), há contradição. Inicialmente, o narrador afirma que o quarto tinha as características de seu dono, que era um esportista que não gostava de atividades intelectuais e, depois, menciona que no quarto havia um tabuleiro de xadrez arrumado e as obras completas de Shakespeare, portanto o autor acaba se contradizendo. É um texto sem credibilidade argumentativa.

d) Meta-regra de relação: em um texto coerente, seu conteúdo deve estar adequado a um estado de coisas no mundo real ou em mundos possíveis. Vejamos o texto a seguir.

O que mais chama a atenção, no exemplo (21), é o fato de o coronel estar morto e, mesmo assim, estar pronto para carregar o turíbulo. Além disso, é estranho o fato de os moradores aguardarem seu pronunciamento matinal. Ao ler o texto, o que nos vem à cabeça é que se trata de um “causo”, não de um fato verídico. Isso porque no mundo real não existe a possibilidade de se acordar morto, de um morto carregar um turíbulo e, menos ainda, de um morto fazer pronunciamento em festa de padroeira.

A partir do que analisamos nesta aula, podemos concluir que contribuem para a produção de um texto de qualidade o uso adequado dos operadores argumentativos e as meta-regras de coerência.

A coesão seqüencial pode ser feita por conexão (uso de operadores argumen-tativos) ou justaposição (não há uso de operadores argumentativos). Os princi-

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 47

Uma das qualidades de um bom texto é não apresentar contradição. No exemplo (20), há contradição. Inicialmente, o narrador afirma que o quarto tinha as características de seu dono, que era um esportista que não gostava de atividades intelectuais e, depois, menciona que no quarto havia um tabuleiro de xadrez arrumado e as obras completas de Shakespeare, portanto o autor acaba se contradizendo. É um texto sem credibilidade argumentativa.

d) Meta-regra de relação: em um texto coerente, seu conteúdo deve estar adequado a um estado de coisas no mundo real ou em mundos possíveis. Vejamos o texto a seguir.

(21) Em nosso pequeno vilarejo, aconteceu, certa vez, um caso bastante curioso. Havia ali um coronel muito matuto que vivia assombrando os moradores da cidade com suas bravatas. Numa manhã de domingo, no dia da festa da padroeira, ele acordou morto e todo pronto para conduzir o turíbulo que, de véspera, havia dormido em sua casa. Depois do café matinal, fez-se uma grande aglomeração de pessoas diante da casa do coronel: foi a primeira vez que tivemos um engarrafamento de 15 km: carros, motocicletas, triciclos, bicicletas e mesmo pedestres aguardavam atentos pelas palavras do coronel nas primeiras horas do dia de seu enterro.

O que mais chama a atenção, no exemplo (21), é o fato de o coronel estar morto e, mesmo assim, estar pronto para carregar o turíbulo. Além disso, é estranho o fato de os moradores aguardarem seu pronunciamento matinal. Ao ler o texto, o que nos vem à cabeça é que se trata de um “causo”, não de um fato verídico. Isso porque no mundo real não existe a possibilidade de se acordar morto, de um morto carregar um turíbulo e, menos ainda, de um morto fazer pronunciamento em festa de padroeira.

Saiba mais

A partir do que analisamos nesta aula, podemos concluir que contribuem para a produção de um texto de qualidade o uso adequado dos operadores argumentativos e as meta-regras de coerência.

A coesão seqüencial pode ser feita por conexão (uso de operadores argumen-tativos) ou justaposição (não há uso de operadores argumentativos). Os princi-

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pais operadores argumentativos são de: oposição (mas, porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto, embora, apesar de que, etc.); causa (já que, visto que, uma vez que, como, pois, porque, etc.); conformidade (conforme, de acordo, como, segundo, etc.); finalidade (para, para que, a fim de, etc.); temporalidade (quando, enquanto, sempre que, logo que, antes que, assim que, cada vez que, depois que, até que, etc.); conclusão (portanto, logo, por isso, por conseguinte, etc.); comparação ((tanto, tal, tão)... como (quanto), mais... do que, menos... do que, etc.); adição (e, também, não só... mas também, tanto... como, além de, além disso, ainda, nem, etc.); condição (se... então, caso etc.); e disjunção (ou).

A coerência é responsável pelo sentido do texto. Ela se dá a partir do conhe-cimento da língua e de mundo e do grau de compartilhamento desse conheci-mento entre autor/falante e o leitor/ouvinte. Depende também das inferências, dos fatores pragmáticos e interacionais.

Há quatro princípios fundamentais responsáveis pela coerência textual: meta-regra da repetição (texto coeso); meta-regra de progressão (renovação do conteúdo, informações novas); meta-regra da não-contradição (as informações novas não se podem contradizer com o que se disse antes); meta-regra de relação (conteúdo adequado a um estado de coisas no mundo real ou em mundos possíveis).

1. Analise o enunciado a seguir.

Maria escreve tão bem quanto Joana.

Há, realmente, igualdade quanto à habilidade de escrita entre Maria e Joana, sob o ponto de vista do autor do enunciado? Justifique sua resposta.

2. Leia o trecho a seguir e analise em que sentido cada um dos operadores argumentativos, em negrito, está sendo empregado.

Para Einstein, a religião organizada, com sua ênfase em hierarquias e poder, com seu auto-ritarismo e repressão, violava a essência da espiritualidade humana, que deveria ser livre para dedicar-se ao que existe de mais importante em nossas vidas, o mundo onde vivemos e as pessoas com quem dividimos nossa existência. Nós somos matéria antes, durante e após as nossas vidas, matéria em diferentes níveis de organização. Enquanto vivos, nada mais nobre do que nos entregarmos à natureza, a seu estudo e à contemplação. Era essa a essência da religiosidade humana, associar o sagrado à natureza, e não a uma divindade antropomórfica, vaidosa e caprichosa (Galileu, n. 196, p. 39, nov. 2007).

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 49

Assinale a alternativa que corresponde ao sentido de cada um dos opera-dores argumentativos destacados, respectivamente.

a) Finalidade, adição, finalidade, tempo.

b) Conformidade, adição, finalidade, tempo.

c) Finalidade, oposição, conformidade, tempo.

d) Conformidade, adição, conformidade, oposição.

3. O uso inadequado dos operadores argumentativos nas sentenças a seguir provoca um efeito de incoerência. Reescreva-as, fazendo as alterações neces-sárias para garantir o estabelecimento das relações de sentido corretas.

a) Moramos no mesmo andar, mas vemo-nos com freqüência, por isso mal nos falamos.

b) O livro é muito interessante porque tem 570 páginas.

c) O show estava excelente, por isso eles saíram antes de terminar, porém tinham um aniversário para ir.

4. Leia com bastante atenção e assinale a alternativa que não identifica adequa-damente a meta-regra infringida.

a) É realmente apropriado que nos reunamos aqui hoje, para homenagear Abraham Lincoln, o homem que nasceu numa cabana de troncos que ele construiu com suas próprias mãos (político, em um discurso, homenage-ando Lincoln). A meta-regra infringida é de relação.

b) Eu não estava mentindo. Disse, sim, coisas que mais tarde se viu que eram inverídicas (presidente Nixon, em depoimento durante as investigações do caso Watergate). A meta-regra infringida é de não-contradição.

c) Cuidado! Tocar nesses fios provoca morte instantânea. Quem for flagrado fazendo isso será processado (tabuleta em uma estação ferroviária de Portugal). A meta-regra infringida é de não-contradição.

d) Substituição de bateria: substitua a bateria velha por uma bateria nova (instrução em manual). A meta-regra infringida é de progressão.

5. Leia os trechos a seguir, examine-os e explique por que eles são incoe-rentes. Esses trechos são frases publicadas em alguns jornais do Brasil e foram retirados do sítio http://www.bombanet.com.br/?page=secoes/frases dejornais&local=Bombanet%3EFrases%20De%20Jornais.

a) “A vítima foi estrangulada a golpes de facão.” O Dia

b) “Ela contraiu a doença na época que ainda estava viva.” Jornal do Brasil

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50 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

c) “O velho reformado, antes de apertar o pescoço da mulher até a morte, se suicidou.” O Dia

d) “Depois de algum tempo, a água corrente foi instalada no cemitério, para a satisfação dos habitantes.” Jornal do Brasil

e) “O aumento do desemprego foi de 0% em novembro.” Extra

f) “Prefeito de interior vai dormir bem, e acorda morto.” O Dia

A atividade um diz respeito aos operadores argumentativos de comparação. Reflita: se para uma pergunta como: “Joana escreverá a carta?”, se obtivesse como resposta: “Maria escreve tão bem quanto Joana”, a argumentação seria desfavorável a Joana (embora não negando a sua capacidade de escrita) e favorável a Maria. Assim se verifica que, do ponto de vista argumentativo, não há “igualdade” entre Maria e Joana.

Na atividade dois, a reposta correta é a alternativa (b), pois “para” está indicando conformidade; “e”, adição; “para”, finalidade; “enquanto”, tempo, respectivamente.

Na atividade três, o uso inadequado dos operadores argumentativos nas sentenças provocou um efeito de incoerência. Vamos verificar se você reescreveu as sentenças empregando adequadamente os articuladores? (a) Como moramos no mesmo andar, vemo-nos com freqüência, porém mal nos falamos (entre a primeira e a segunda oração, há a relação de causa, e entre a segunda e a terceira, de oposição); (b) O livro é muito interessante, mas tem 570 páginas (há entre as orações o sentido de oposição); (c) O show estava excelente, porém eles saíram antes de terminar, porque tinham um aniversário para ir (entre a primeira e a segunda oração, há o sentido de oposição, e entre a segunda e a terceira, de causa). Não há problema se você empregou outros articuladores, o impor-tante é se os usou de acordo com o sentido estabelecido entre as orações.

Na atividade quatro, a alternativa incorreta é a (c). A meta-regra infringida é a de relação, pois não há como processar quem já morreu.

Na atividade cinco, o item (a) é incoerente porque um estrangulamento não é cometido a golpes de facão. O item (b) é incoerente uma vez que não se contrai doença depois de morto. O item (c) é incoerente visto que não há como cometer suicídio e depois matar outra pessoa. O item (d) está incoerente porque não há como satisfazer mortos com água. O item (e) está incoerente já que 0% não signi-fica aumento. E o item (f) está incoerente visto que quem morre não acorda.

Se você acertou as atividades, atingiu os objetivos desta aula: identificar a coesão textual por meio dos operadores argumentativos (atividades de um e dois) e reconhecer problemas no emprego dos operadores argumentativos

e em textos incoerentes (de três a cinco). Caso tenha se equivocado, retome o que estudamos.

ABREU, A. S. Curso de redação. 11. ed. São Paulo: Ática, 2004.

COSTA VAL, M. da G. Redação e textualidade. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

FÁVERO, L. L. Coesão e coerência textuais. 9. ed. São Paulo: Ática, 2002.

KOCH, I. V.; TRAVAGLIA, L. C. A coerência textual. 11. ed. São Paulo: Contexto, 2001.

PLATÃO; FIORIN. Lições de texto: leitura e redação. 2. ed. São Paulo: Ática, 1998.

Você estudou alguns aspectos da linguagem que contribuem para a produção textual. Agora, está na hora de pôr em prática e construir textos. É isso que veremos a seguir: a produção de parágrafos.

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e em textos incoerentes (de três a cinco). Caso tenha se equivocado, retome o que estudamos.

ABREU, A. S. Curso de redação. 11. ed. São Paulo: Ática, 2004.

COSTA VAL, M. da G. Redação e textualidade. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

FÁVERO, L. L. Coesão e coerência textuais. 9. ed. São Paulo: Ática, 2002.

KOCH, I. V.; TRAVAGLIA, L. C. A coerência textual. 11. ed. São Paulo: Contexto, 2001.

PLATÃO; FIORIN. Lições de texto: leitura e redação. 2. ed. São Paulo: Ática, 1998.

Você estudou alguns aspectos da linguagem que contribuem para a produção textual. Agora, está na hora de pôr em prática e construir textos. É isso que veremos a seguir: a produção de parágrafos.

Anotações

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52 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

Escrever é uma atividade complexa, resultado de uma boa alfabetização, hábito de leitura, formação inte-lectual, acesso a boas fontes de informação e muita, muita prática.

(Dad Squarisi e Arlete Salvador)

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

identificar a estrutura de um parágrafo padrão e as diferentes formas de •se elaborar o tópico, o desenvolvimento e a conclusão;

construir um parágrafo padrão.•

Nesta aula, você terá a oportunidade de colocar em prática os conheci-mentos das aulas três e quatro deste caderno. Analisamos fatores que contri-buem para a qualidade do texto (criatividade, clareza, concisão, coesão, coerência, correção gramatical, unidade temática e argumentação). Também aprendemos os mecanismos de coesão (remissão e seqüenciação), os opera-dores argumentativos e as metas-regras que contribuem para a coerência textual. Ter conhecimentos sobre tudo isso é condição necessária para que você possa ter o melhor proveito desta e de outras aulas de nossa disciplina e, conseqüentemente, do curso.

Hoje o mercado de trabalho exige pessoas com habilidades de produção textual. Muitas vezes nos comunicamos por e-mail, precisamos fazer ofícios, memorandos ou qualquer outro tipo de documentos, e produzir um texto de qualidade não é fácil. Nem por isso devemos desanimar. Precisamos treinar muito, pois só assim conseguiremos aperfeiçoar nossa escrita.

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 53

Escrever é uma atividade complexa, resultado de uma boa alfabetização, hábito de leitura, formação inte-lectual, acesso a boas fontes de informação e muita, muita prática.

(Dad Squarisi e Arlete Salvador)

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

identificar a estrutura de um parágrafo padrão e as diferentes formas de •se elaborar o tópico, o desenvolvimento e a conclusão;

construir um parágrafo padrão.•

Nesta aula, você terá a oportunidade de colocar em prática os conheci-mentos das aulas três e quatro deste caderno. Analisamos fatores que contri-buem para a qualidade do texto (criatividade, clareza, concisão, coesão, coerência, correção gramatical, unidade temática e argumentação). Também aprendemos os mecanismos de coesão (remissão e seqüenciação), os opera-dores argumentativos e as metas-regras que contribuem para a coerência textual. Ter conhecimentos sobre tudo isso é condição necessária para que você possa ter o melhor proveito desta e de outras aulas de nossa disciplina e, conseqüentemente, do curso.

Hoje o mercado de trabalho exige pessoas com habilidades de produção textual. Muitas vezes nos comunicamos por e-mail, precisamos fazer ofícios, memorandos ou qualquer outro tipo de documentos, e produzir um texto de qualidade não é fácil. Nem por isso devemos desanimar. Precisamos treinar muito, pois só assim conseguiremos aperfeiçoar nossa escrita.

O parágrafo e a produção textual

Aula 4

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54 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

Por isso, nesta aula, falaremos sobre a produção textual. Analisaremos o que é parágrafo e sua estrutura, as etapas prévias para sua produção, que é o planejamento, tão necessário para uma boa construção textual, e a redação propriamente dita. Também examinaremos formas de elaborar o tópico frasal, o desenvolvimento e a conclusão, que lhe ajudarão na produção de seus textos. É importante ter esses conhecimentos, mas o primordial é conhecer o assunto sobre o que escreverá. Portanto mantenha-se informado lendo bastante.

4.1 Parágrafo: conceituação

Garcia (2000, p. 203) define o parágrafo como “uma unidade de compo-sição, constituída por um ou mais de um período, em que se desenvolve ou se explana determinada idéia central, a que geralmente se agregam outras, secun-dárias, mas intimamente relacionadas pelo sentido”.

O conceito se aplica ao chamado parágrafo padrão, que é constituído de três partes essenciais: tópico frasal, de senvolvimento e conclusão. No entanto há diferentes formas de cons trução do parágrafo, dependendo da natureza do assunto, do gênero da composição, do objetivo do autor e do tipo de leitor a quem se destina o texto escrito.

Independentemente do tipo de parágrafo, temos etapas a seguir.

4.2 Parágrafo: etapas prévias

Antes de você começar a elaborar o parágrafo, é importante atentar para as seguintes etapas prévias:

escolha de um• assunto: por exemplo, optamos em construir um pará-grafo sobre leitura;

delimitação• do assunto: é restringir o assunto, ou seja, concentrar-se apenas em um ou dois aspectos dele. Esse processo é necessário para que possamos organizar o parágrafo com mais facilidade. Por exemplo, depois de escolhermos o assunto “leitura”, decidimos escrever sobre as “vantagens da leitura”;

fixação do objetivo• : é definir a intenção, o objetivo de quem escreve o parágrafo. Por exemplo, optamos em redigir o parágrafo para “mostrar as vantagens que a leitu ra proporciona”.

Depois de analisarmos as etapas prévias, é interessante conhecermos a estrutura do parágrafo, a fim de organizá-lo.

4.3 Parágrafo: redação

Neste item, explicitaremos cada uma das partes do parágrafo padrão, como se dá sua redação e suas formas diversas de construção. Fique atento!

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 55

4.3.1 A formulação do tópico frasal

Delimitado o assunto, fixado o objetivo que deverá orientar o parágrafo, você poderá come çar a escrever. É importante redigir, em primeiro lugar, uma ou mais sentenças que expressem o objetivo escolhido. Essa ou essas frases iniciais do parágrafo traduz(em), de maneira geral e sucinta, a idéia-núcleo do parágrafo e constitui(em) o que se chama tópico frasal. Ele introduz o assunto e o aspecto desse assunto, a idéia central com o potencial de gerar outros períodos, chamados de idéias secundárias. Serve para orientar o resto do parágrafo. Assim o tópico fra sal garante que você não se afaste do objetivo estabelecido, mantendo a coerência do texto.

Passaremos ao estudo das principais formas de elaborar o tópico frasal do parágrafo, a partir do que é exposto por Abreu (2004) e Viana (2000).

a) Declaração inicial: o autor inicia o parágrafo com uma declaração sucinta na qual apresenta o assunto e seu aspecto, que serão desenvolvidos no parágrafo. Podemos observar isso no exemplo a seguir.

(1) Uma nova tecnologia que lê o DNA como um código de barras vai ajudar a identificar espécies de flora e fauna. A técnica, desenvolvida no Canadá, dis

tingue a porção de um gene que é única em cada espécie. Além de funcionar como tira-teima para espécies difíceis de diferenciar por critérios morfológi cos, o sistema também vai facilitar a apreensão de novas plantas, animais e materiais pelo controle ambiental (Galileu, n. 196, p. 33, nov. 2007).

b) Definição: o autor abre o parágrafo com uma definição. É o que podemos notar no parágrafo a seguir, em que o autor define a expressão “céu de brigadeiro”.

(2) “Céu de brigadeiro” é uma gíria carioca que foi popularizada pelos locutores de rádio. Ela é dita quando alguém pretende descrever um dia em que tudo parece cons­pirar a favor ou mesmo para dizer que o dia está bonito. Surgiu entre as décadas de 1940 e 1950. Na época, o Rio de Janeiro era a ca pital do Brasil, responsável por boa parte do tráfego aéreo. Brigadeiro é o posto má ximo da Aeronáutica. E é um oficial que só comanda um avião quando o céu está limpo, sem nuvens. Por isso, ao dizer que o céu estava “de brigadeiro”, a intenção era reforçar que não havia problemas à vista (Aventuras na História, n. 48, p. 19, ago. 2007).

c) Divisão: o tópico frasal é apresentado sob a forma de divisão ou discri-minação das idéias que serão desenvolvidas no parágrafo. Essa forma é apresentada no exemplo a seguir, em que a autora menciona que existem

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56 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

duas situações quanto aos prazos relativos ao divórcio, apresenta-as e as explana no desenvolvimento.

(3) Quanto aos requisitos legais dos prazos relativos ao divór cio, existem duas situa-ções. A primeira é ter decorrido um ano do trânsito em julgado da sentença que homo-logou a separação judicial, ou um ano da separação for malizada por meio de escri-tura pública. A segunda é o casal estar comprovadamente separado de fato por mais de dois anos (Juliana Marcucci Pontes, Prática Judiciária, n. 66, p. 66, set. 2007).

d) Oposição: o autor apresenta o tópico fazendo uma oposição, a qual será desenvolvida no parágrafo. No exemplo em análise, perceberemos a oposição entre os estudos realizados sobre corpos celestes e os lugares mais profundos de nosso planeta.

(4) Enquanto pesquisas espaciais descobriram um sem número de novos corpos celestes em nosso e outros sistemas do Universo nos últimos anos, ainda não chegamos muito longe nos recônditos mais profundos do nosso próprio planeta. O conhecimento humano sobre o que há sob nossos pés pode melhorar muito o Programa Integrado de Perfuração do Oceano, que começou em setembro seu projeto ambicioso de chegar a um lugar da terra nunca antes explorado [...] (Galileu, n. 196, p. 34, nov. 2007).

e) Alusão histórica: o autor introduz o parágrafo mencionando um fato histó-rico, como podemos perceber no parágrafo a seguir, em que ele faz refe-rência ao século VII.

(5) No século VII, a Arábia Sau dita, hoje cobiçada por possuir a maior reserva mundial de

petróleo, não passava de um rincão desértico que não interessava a ninguém. Naquele local habi tado por tribos nômades (os beduínos), a vida valia pouco. Os mercadores que cru zavam a região em direção aos vizinhos reinos da Pérsia, no atual Irã, ou Bizân cio, na Turquia, viviam ameaçados pelos constantes conflitos tribais (Aventuras na História, n. 48, p. 29, ago. 2007).

f) Pergunta: o parágrafo é iniciado com uma interrogação. A pergunta deve ser respondida ou esclarecida no desenvolvimento. Note essas caracterís-ticas no exemplo a seguir.

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 57

(6) O que faz o espelho refletir? O brilho vem de uma fina camada de prata ou outro metal que é aplicada no dorso do vidro. Essa é uma das razões por que bons espelhos custam caro. A prata, aliás, era usada para refletir imagens desde a Roma antiga: a diferença é que, naquela época, o espelho nada mais era que um disco convexo – estanho e bronze eram outros materiais usados. A qualidade da imagem refletida era sofrível e os espelhos eram grandes o bastante apenas para refletir um rosto, mas isso era o melhor que se tinha até a Idade Média (Rafael Hakime, Superinteressante, n. 245, p. 54, nov. 2007).

g) Citação: consiste em mencionar trecho de algum autor, livro, revista, dados de pesquisa, etc. A citação pode ser: direta (quando citamos as palavras ditas ou escritas por alguém, por isso devemos usar as aspas); ou indireta (quando reproduzimos com nossas palavras o que o autor disse ou escreveu). Observe, no parágrafo a seguir, um exemplo de tópico frasal com citação direta.

(7) “O português brasileiro é que usa a forma dita clássica no idioma. O que está em jogo é a antiga crença de que a língua portuguesa pertence a Portugal e que, portanto, eles a usam melhor do que nós”, diz Mothé. Como todo idioma vivo, o português, em terras brasileiras, portuguesas ou africanas, está em permanente mudança [...]. A influ-ência do escravo africano no português do Brasil é notória. Em Casa-Grande & Senzala, Gilberto Freyre, numa das passagens mais belas do seu clássico, diz que a negra que habitava a casa-grande como cozinheira ou babá fez “com as palavras o mesmo que com a comida: machucou-as, tirou-lhes as espinhas, os ossos, as durezas, só deixando para a boca do menino branco as sílabas moles. Daí esse português de menino que no norte do Brasil, principalmente, é uma das falas mais doces deste mundo” (André Petry, Veja, n. 2032, p. 106, 31 out. 2007).

Você pôde perceber que a primeira(s) sentença(s) introduziu(ram) o assunto, que é a idéia central. A partir dessa idéia, surgiram outros períodos que orien-taram o desenvolvimento do resto do parágrafo.

Depois de aprendermos como podemos iniciar a elaboração de um pará-grafo, examinaremos as formas para construir seu desenvolvimento.

4.3.2 O desenvolvimento do parágrafo

Nessa etapa de redação do parágrafo, você passa a expandir as idéias indi-cadas no tó pico frasal. Para isso, em primeiro lugar, deve selecionar aspectos ou detalhes particulares que desen volvam o tópico frasal e, após, ordená-los, ou seja, construir um plano de desenvolvimento que servirá como forma de controle. Isso evitará a inclusão de aspectos ou detalhes desnecessários ou incoerentes com o objetivo fixado.

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58 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

Veremos as formas de construir o desenvolvimento desse parágrafo a partir do que é exposto por Garcia (2000).

a) Ordenação por enumeração: consiste em enumerar diferentes situações ou características de um fato expresso de modo genérico no tópico frasal. Organiza-se, freqüentemente, por meio de certos articuladores que têm a função de marcar a ordem, segundo a qual os detalhes do fato são apre-sentados. Alguns desses articuladores são: primeiro, segundo, em primeiro lugar, em segundo lugar, inicialmente, após, a seguir, depois, em seguida, mais adiante, por fim, ainda, além, também, etc. Vamos analisar o desenvol-vimento por enumeração no seguinte parágrafo.

(8) O governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral disse duas besteiras. A primeira é uma imprecisão grosseira: afirmou que a taxa de fertilidade nas favelas cariocas é igual às de Gabão e Zâmbia. Não é: nas favelas cariocas, ela é de 2,6 filhos por mulher, contra 5,4 e 6,1 nos países citados. A segunda é uma con clusão descabida: disse que o aborto é capaz de reduzir a taxa de criminalida de na medida em que impede o nasci­mento de crianças indesejadas e criadas por famílias desestruturadas (André Petry, Veja, n. 2032, p. 62, 31 out. 2007).

O parágrafo em análise exemplifica a ordenação por enumeração, em que o autor aponta o que foi dito pelo governador do Rio de Janeiro.

b) Ordenação por causa-conseqüência: consiste em indicar a(s) causa(s) do fato apresentado e o(s) resultado(s) ou efeito(s) produ zido(s). A relação causa-conseqüência, estabelecida entre períodos de um mesmo parágrafo, ou é evi denciada por expressões (articuladores) que a introduzem ou é percebida semanticamente, ou seja, por meio da interpretação das idéias relacionadas.

São expressões indicadoras de causa: porque, já que, visto que, uma vez que, pois, a razão disso, a causa disso, devido a, por motivo de, em virtude de, graças a, etc.; de conseqüência: tão que, tal que, tanto que, tamanho que, de forma que, de maneira que, de modo que, em conseqüência, como resultado, por isso, em vista disso, etc. Vamos analisar de que forma a orde-nação por causa-conseqüência é trabalhada no parágrafo a seguir.

(9) O caos deu novo sinal de vida nos aeroportos brasileiros na sema na passada. Os passa-geiros que embarcaram em São Paulo e no Rio de Janeiro enfrentaram filas, cancela mentos de vôos e atrasos de até 24 horas. Tudo indica que, ao contrário das vezes anteriores, a principal causa da confusão foram as fortes chuvas que atingiram a Região Sudeste do país (Diego Escosteguy, Veja, n. 2032, p. 60, 31 out. 2007).

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 59

O autor expõe que a causa do caos nos aeroportos de São Paulo e Rio de Janeiro foram as fortes chuvas. Em conseqüência disso, os passageiros enfrentaram filas, cancela mentos de vôos e atrasos de até 24 horas.

c) Ordenação por comparação ou confronto - semelhança ou contraste: consiste em estabelecer um confronto de idéias, seres, coisas, fatos ou fenômenos, mos trando seus pontos comuns (semelhanças) ou seus contrastes (diferenças). Evidenciam-se expressões articulatórias como: assim como... também, tanto como... tanto quanto, além de... também, não só... (como) também, de igual modo, em ambos os casos, de um lado... de outro lado, por um lado... por outro lado, se por um lado... por outro lado, (para) uns... (para) outros, este... aquele, ao contrário..., em oposição..., enquanto..., já..., ao passo que..., mas..., porém, etc. Observe a comparação no texto a seguir.

(10) Se há opinião unânime sobre Sigmund Freud, é a de que mudou nossa manei ra de compreender a cultura, o outro e a nós mesmos. Mas as divergências em torno de sua pessoa e de sua obra são imensas. Para alguns, Freud foi um gênio, um herói que desbravou as profundezas do inconsciente e expôs à posteridade sua vida pessoal em um grau desconhecido até então, por amor à ciência [...] Para outros, não foi mais do que uno charlatão, um covarde que abandona a verdade por medo da opinião públi ca, um homem que enxergava o sexual em todas as coisas, alguém que perseguia os discípulos dissidentes, que não media os meios para impor suas idéias (Freud: a ex ploração do inconsciente. História do Pensamento, Fasc. 54, p. 641).

Esse parágrafo exemplifica a comparação por contraste, visto que apresenta opiniões divergentes em relação a Freud (gênio x charlatão).

d) Ordenação por tempo e/ou espaço: algumas vezes, ao elaborarmos um texto, surge a necessidade de organizarmos os fatos, as idéias pelo critério tempo e/ou espaço. As indicações de espaço são necessárias sempre que for conveniente mostrar o lugar em que aconteceram os fatos referidos. Já a ordenação temporal exprime a ordem segundo a qual o reda tor teve a percepção ou o conhecimento de algo acontecido. Pode ocorrer o emprego simultâneo dos critérios de ordenação de idéias por tempo e espaço.

Examinemos as expressões indicativas dessas formas de ordenação: tempo: agora, já, ainda, antes, depois, em seguida, breve, logo que, finalmente, freqüentemen te, após, antes de, à medida que, à proporção que, enquanto, sempre que, assim que, ultima mente, presentemente, no século tal, muitos anos atrás, naquele tempo, etc.; espaço: longe de, perto de, em frente de, atrás de, diante de, detrás de, abaixo de, dentro de, fora de, aí, ali, cá, além, à direita, à esquerda, no país tal, no local tal, etc.

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60 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

No parágrafo a seguir, observe que o desenvolvimento se dá por meio de indicação de tempo e espaço.

(11) Devido ao valor histórico de Enola Gay, o avião da bomba atômica, o governo norte-americano decidiu preservá-lo. O avião passou por bases aéreas na Califórnia, Arizona, Texas e Mayland, onde ficou 24 anos. Em 1984, o Museu Nacional Aeroespacial, em Washington, iniciou um projeto de restauração da aeronave que durou 10 anos. Em 1995, ela foi o centro da controvérsia em uma mostra no museu que lembrava os 50 anos da bomba. Desde 2003, o bomberdeiro está exposto em um prédio anexo ao aeroporto de Dulees, em Washington (Aventuras na História, n. 51, p. 20, nov. 2007).

A ordenação do desenvolvimento por tempo se dá por meio da referência a três anos: 1984, 1995 e 2003. E a ordenação por espaço se apresenta por meio de “na Califórnia, Arizona, Texas e Mayland”, “em Washington” e “em um prédio anexo ao aeroporto de Dulees, em Washington”.

e) Ordenação por definição: de todas as formas de ordenação, essa é a mais abstrata, pois revela os atributos essenciais de um objeto, sentimentos, expressões por meio de sua definição, muito utilizada em textos técnicos ou científicos. Nessa forma de ordenação, é freqüente o emprego do verbo ser ou de verbos como cha mar-se, denominar-se, considerar-se, tratar-se de. Analisemos de que maneira a ordenação de desenvolvimento por definição é utilizada no parágrafo a seguir.

(12) A expressão “não ter papas na língua” é uma mistura de espanhol com português. Ela tem origem no termo estrangeiro “no tiene pepiras en Ia len gua” - em português, “não tem pevides na língua”. Pevides são pequenos tumores que revestem a língua de algumas aves, obstruindo-lhes o cacarejo. A doença di ficulta a ingestão de água e de alimentos, podendo até matar. No singular, pevide é ainda um dis túrbio da fala - o paciente apresenta di ficuldade e até mesmo incapacidade de pronunciar alguns fonemas. Portanto quando fulano não tem as tais pepitas - que, no aumentativo em espanhol, viram as papas da expressão - na língua, significa que ele fala muito, à vontade e sem obstáculos (Aventuras na História, n. 48, p. 19, ago. 2007).

A ordenação do desenvolvimento por definição foi usada para explicar o significado da expressão “não ter papas na língua”.

f) Ordenação por exemplificação: consiste em exemplificar um conceito ou justi-ficar uma afirmação por meio de exemplos ilus trativos. O exemplo estabe-lece um elo, uma ponte entre o conceito ou a afirmativa e o leitor, principal-

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 61

mente quando se trata de algo muito abstrato. O parágrafo seguinte usa a exemplificação para justificar a afirmação feita no tópico frasal.

(13) Para os otimistas, a Copa costuma ser uma oportunidade para realizar in vestimentos em infra-estrutura de que há muito os países necessitam. Por exemplo, os sul-africanos vão aproveitar 2010 para construir um trem de alta ve locidade entre Johanesburgo e Pretória. Os alemães reformaram estradas. O Brasil poderia aproveitar para dar uma solução defi-nitiva aos problemas de seus aeroportos. Apenas o Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Ja neiro, pode ser considerado pronto para um evento do porte de uma Copa do Mundo, já que opera com metade de seu potencial. Portanto o Brasil terá sete anos para preparar uma Copa inesque cível - e que espante do Maracanã os fantasmas de 1950 (Daniel Salles e Marcio Orsolini, Veja, n. 2032, p. 117, 31 out. 2007).

Você deve ter notado que o desenvolvimento exemplifica o que é exposto no tópico frasal. O que os alemães fizeram e o que os sul-africanos e o Brasil podem fazer por meio da realização da Copa do Mundo exemplificam os investimentos em infra-estrutura de que há muito os países necessitam.

g) Argumento de autoridade: consiste em apresentar, no desenvolvimento, dados colhidos da realidade, citações de autoridades (principais autores sobre o assunto do qual faremos a exposição), exemplos e ilustrações, argu-mentos de valor universal (os irrefutáveis) (VIANA, 2000). Utilizando essas estratégias, nossos argumentos se tornam mais fortes, têm mais poder de convencimento. Analise o parágrafo a seguir.

(14) O que permite à China desafiar a lógica do Ocidente, aliando a repressão das liber-dades individuais a uma economia de mercado agressiva? É provável que ao menos parte da resposta esteja no passado imperial do país. “Os chineses sempre tiveram a consci-ência de que foram o centro do mundo e de que apenas um poder unificado seria capaz de impedir a desintegração de seu gigantesco território”, diz o pesquisador Severino Cabral, fundador do Instituto Brasileiro de estudos da China, Ásia e Pacífico (Ibecap) e membro permanente da Escola Superior de Guerra. Hoje os historiadores sabem a que unidade desse império já estava consolidada desde o século III a.C., quando a China se tornou uma potência sem concorrentes (Aventuras na História, n. 51, p. 23, nov. 2007).

No parágrafo ilustrativo, há argumento de autoridade, ou seja, o autor utiliza uma opinião dos historiadores e do pesquisador Severino Cabral, fundador do Instituto Brasileiro de estudos da China, Ásia e Pacífico (Ibecap) e membro permanente da Escola Superior de Guerra. O saber dos historia-

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62 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

dores e a opinião do pesquisador fortalecem a argumentação, afinal quem opina tem conhecimento sobre o assunto.

h) Parágrafo misto: alguns parágrafos caracterizam-se, no seu desenvolvimento, por serem mistos. Os parágrafos mistos são aqueles em que predomina mais de uma forma. Examinemos os tipos de ordenação que são usados no pará-grafo a seguir.

(15) Durante mais de 100 anos, as favelas cresceram assustadoramente. O primeiro levan-tamento sobre favelas do Brasil foi realizado pela prefeitura do Rio de Janeiro, em 1948. Esse levantamento apontou a existência de 109 favelas na cidade. Em 2000, o Censo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia, apontou que esse número passou para 513 comuni-dades. Em 2005, já havia 750 favelas cariocas cadastradas no Sistema de Assentamentos de Baixa Renda (Sabrem). A maior parte dessas comunidades mantém-se excluída dos benefícios urbanos, à margem dos bairros e à mercê das balas (nem sempre perdidas) de traficantes e policiais (Aventuras na História, n. 48, p. 51, ago. 2007).

A ordenação do desenvolvimento é considerada mista porque o autor utilizou mais de um tipo de ordenação. Apresentou as informações por meio da evolução temporal (“em 1948”, “em 2000”, “em 2005”) e também utilizou dados a partir de pesquisas da prefeitura do Rio de Janeiro, do Censo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e dados do Sabrem. Portanto temos ordenação temporal e por argumento de autoridade.

E, para finalizarmos o parágrafo, vamos analisar como podemos proceder na elaboração da conclusão.

4.3.3 A elaboração da conclusão

A transição entre o desenvolvimento e a conclusão do parágrafo é feita, geral-mente, por meio de articuladores que indicam a relação que desejamos estabe-lecer, tais como: assim, logo, dessa forma, então, portanto, etc. Algumas vezes, no entanto, o nexo não vem explicitado, pois se caracteriza por uma apreciação do autor e não por uma implicação direta a partir das idéias desenvolvidas.

Para concluir um parágrafo, podemos optar por uma das formas mencio-nadas a seguir.

a) Retomada do objetivo: na formulação da conclusão, podemos retomar o objetivo expresso na introdução, recapi tulando o conjunto de detalhes ou aspectos particulares que fazem parte do desenvolvimento. Em ou tras pala-vras, reorganizamos resumidamente os diversos aspectos da fase de desen-volvimento em um parágrafo final, que feche o texto. Essas características podem ser observadas no parágrafo a seguir.

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 63

(16) Todo ato de comunicação humana implica uma fonte, o emissor, de onde se origina a mensagem que passa por meio de um canal para atingir um destinatário. Quando um rapaz murmura “eu te amo” para a namorada, todos esses elementos es tão presentes. De igual modo, quando o Presidente da República se dirige ao povo pela televisão, também podemos identificar os quatro elementos de comunicação. Em ambos os casos, a estrutura da comunicação é a mesma, embora o contexto comuni cativo seja bem diferente.

b) Apresentação de conseqüências, implicações: apresenta, de modo conciso, conseqüências, implicações daquilo que foi expresso na introdução e no desenvolvimento. Observe essa forma no parágrafo seguinte.

(17) Em 1992, o poder público removeu grande parte das pessoas que viviam nos morros da Providência, Santo Antônio e Gávea-Leblon. No fim dos anos 20, o francês Alfred Agache propôs um projeto urbanístico para o Rio. Nele não havia espaço para as favelas, consideradas um problema “sob o ponto de vista da ordem social, da segurança, da higiene, sem falar de estética”. A impressão se manteve na década seguinte. Em 1937, o Código de Obras da cidade citou as favelas como “aberração urbana” e propôs sua eliminação, proibindo a construção de novos barracos. Mais que isso, o Código proibia melhorias nos morros já ocupados. Portanto, em vez de encarar a questão das favelas, mais uma vez os governantes resolviam apenas tentar fazer com que elas desaparecessem (Aventuras na História, n. 48, p. 49, ago. 2007).

c) Sugestão de uma perspectiva de solução: principalmente se o tema for polê-mico, podemos sugerir uma possível solução para o problema exposto no parágrafo. É o que podemos notar no parágrafo a seguir.

(18) A fiscalização do governo é falha. Nem todos os tipos de eletrodomésticos passam por certificação do Inmetro, que tem uma lista limitada de produtos que precisam passar por esse processo. Os produtos que ficam de fora da lista não são certificados nem fiscalizados. E mesmo nos aparelhos certificados, muitas das fiscalizações só são feitas após denúncias de irregularidades. Sem esquecer que, quando o Inmetro decide testar se os aparelhos estão seguindo as normas técnicas, ele pede aos fabricantes que mandem amostras de seus produtos para análise. Tal prática permite que os fabricantes escolham os produtos que serão testados, o que pode ocultar ou maquiar resultados. O ideal seria que os testes do governo fossem anônimos e aleatórios, como os realizados pela Pro Teste (Pro Teste, n. 63, p. 14, out. 2007).

Os parágrafos dos exemplos (16), (17) e (18) têm as três partes essenciais à sua redação, ou seja, tópico frasal, desenvolvimento e conclusão, portanto

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64 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

são parágrafos padrões. Cabe registrarmos que existem parágrafos que apresentam apenas tópico frasal e desenvolvimento, desenvolvimento e conclusão ou somente desenvolvimento, isso quando inseridos em um texto. São os chamados parágrafos em aberto.

Portanto, nesta aula, você pôde observar que há várias formas de se cons-truir um parágrafo. Para que você produza bons textos, é necessário que tenha conhecimento sobre o assunto e que pratique bastante o que aprendeu aqui.

O parágrafo, normalmente, é constituído por idéia central, a que se agregam as idéias secundárias. É o chamado parágrafo padrão, constituído por tópico frasal (idéia central), de senvolvimento (idéias secundárias) e conclusão (fecha-mento da idéia).

Antes da elaboração do parágrafo, é importante escolher um assunto, deli-mitá-lo (concentrar-se apenas em um ou dois aspectos dele) e fixar o objetivo (definir a intenção).

Depois disso, podemos partir para a redação iniciando pelo tópico frasal. Em uma ou mais sentenças, devemos expressar o objetivo escolhido, que deve traduzir a idéia-núcleo do parágrafo. Isso pode ser feito por: declaração inicial, definição, divisão, oposição, alusão histórica, pergunta ou citação.

Após, no desenvolvimento, expandimos as idéias indicadas no tó pico frasal, por meio de: enumeração, causa-conseqüência, comparação ou confronto (seme-lhança ou contraste), tempo e/ou espaço, definição, exemplificação, argumento de autoridade ou parágrafo misto.

E, finalmente, na formulação da conclusão, retomamos o objetivo expresso na frase núcleo, apresentamos de modo conciso conseqüências, implicações daquilo que foi expresso no tópico frasal e no desenvolvimento ou damos sugestão de uma perspectiva de solução.

Leia o parágrafo a seguir para responder às questões um e dois.

O Alcorão não é mais violento ou cheio de leis do que outros textos sagrados, como a própria Bíblia. O livro bíblico do Levítico, que trata de leis e foi herdado da Torá dos judeus, é um caso exemplar. Afinal, ele está repleto de normas que, se fossem seguidas ao pé da letra hoje em dia, fariam com que nossa sociedade fosse pouco diferente de um regime

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 65

opressor como o do Talibã. Além disso, é bom lembrar que a separação entre Igreja e Estado é uma conquista recente no Ocidente, que ainda vem se aprofundando (devido à pressão da Igreja Católica, o divórcio, por exemplo, só foi legalizado no Brasil na década de 1970). Portanto a violência sempre associada aos países muçulmanos contidas no Alcorão não são tão diferentes assim de outros textos religiosos (Rodrigo Cavalcante, Aventuras na História, n. 48, p. 30, ago. 2007).

1. Em relação ao parágrafo que você leu, faça o que se pede:

a) identifique a estrutura (tópico frasal, desenvolvimento e conclusão);

b) especifique o assunto, a delimitação e o objetivo fixado pelo autor do texto.

2. Quanto à estrutura do parágrafo e ao tipo de forma utilizada pelo autor para elaborar o tópico, o desenvolvimento e a conclusão, use (V) para as afirma-tivas verdadeiras e (F) para as falsas. Depois, assinale a opção correta.

( ) O parágrafo é padrão, visto que tem tópico frasal, desenvolvimento e conclusão.

( ) A forma selecionada para construir o tópico frasal foi declaração inicial.

( ) O autor desenvolveu o tópico frasal por meio da exemplificação.

( ) Na conclusão, o autor utilizou a retomada do objetivo.

F, V, V, V c) F, F, V, Va)

V, V, V, V d) V, V, F, Fb)

3. Analise as afirmações a seguir considerando a teoria que estudamos a respeito do parágrafo.

I. Todo parágrafo tem introdução, desenvolvimento e conclusão.

II. A idéia central do parágrafo é enunciada por meio do período denomi-nado tópico frasal.

III. O tópico frasal contribui para que o escritor não se afaste do objetivo estabelecido.

IV. O desenvolvimento corresponde a uma ampliação do tópico frasal, com apresentação de idéias secundárias que o fundamentam ou esclarecem.

V. Na conclusão, podemos retomar o objetivo expresso na frase núcleo.

Assinale a alternativa correta.

a) São verdadeiras apenas as afirmativas I, II e III.

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b) São verdadeiras apenas as afirmativas II, III, IV e V.

c) São verdadeiras apenas as afirmativas II e III.

d) São verdadeiras apenas as afirmativas I, II, III e IV.

4. Elabore um parágrafo padrão falando sobre a importância da leitura para o aluno que está iniciando um curso universitário. Lembre-se de que o pará-grafo padrão contém tópico frasal, desenvolvimento e conclusão. Analise de que forma construirá cada um desses elementos. Para que seu parágrafo tenha qualidade, leve em consideração o conteúdo estudado nas aulas ante-riores, os fatores que contribuem para a qualidade textual.

Os objetivos desta aula são: identificar a estrutura de um parágrafo padrão e as diferentes formas de se elaborar o tópico, o desenvolvimento e a conclusão (atividades um e dois) e construir um parágrafo padrão (atividades três e quatro). Vamos conferir se você os atingiu?

Na atividade um, item (a), o tópico frasal é a primeira sentença (“O Alcorão não é mais violento ou cheio de leis do que outros textos sagrados, como a própria Bíblia”), pois ela introduz o assunto do parágrafo, é a idéia central. A conclusão está na última sentença (“Portanto a violência sempre associada aos países muçulmanos contidas no Alcorão não são tão diferentes assim de outros textos religiosos”), que é o fechamento do que foi exposto. E o restante do pará-grafo é o desenvolvimento, que são as idéias secundárias, aquelas que desen-volvem o que foi mencionado no tópico frasal. No item (b), o assunto exposto é o Alcorão; a delimitação é a comparação entre o Alcorão e a Bíblia; o objetivo fixado pelo autor é expor que não é só o Alcorão que estimula a violência.

Na atividade dois, todas as afirmativas são verdadeiras, portanto a resposta correta é a opção (b). Como vimos na atividade um, o parágrafo em análise apresenta tópico frasal, desenvolvimento e conclusão. A sentença “O Alcorão não é mais violento ou cheio de leis do que outros textos sagrados, como a própria Bíblia” é uma declaração inicial, em que o autor apresenta o assunto do parágrafo. Para desenvolver essa declaração inicial, o autor utiliza a exemplifi-cação, visto que expõe o livro bíblico do Levítico para mostrar que a Bíblia está repleta de normas opressoras como as do Talibã. Essa idéia é reforçada com a menção de que o divórcio só foi legalizado no Brasil na década de 1970. Na conclusão, o autor retoma o objetivo expresso no tópico frasal e recapitula resu-midamente os detalhes expostos no desenvolvimento.

Na atividade três, a alternativa correta é (b). Apenas (I) está incorreta, pois nem todo parágrafo tem introdução, desenvolvimento e conclusão. Existem pará-grafos em aberto.

Na atividade quatro, esperamos que você tenha levado em consideração as etapas prévias para a construção textual (delimitação do assunto, fixação do objetivo) e que tenha selecionado uma das formas de construção do tópico, do desenvolvimento e da conclusão. A construção dos primeiros textos é sempre difícil, mas não podemos desanimar. Continue treinando, selecione outros assuntos e construa novos parágrafos.

ABREU, A. S. Curso de redação. 12. ed. São Paulo: Ática, 2004.

GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. 18. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2000.

VIANA, A. C. (Coord.) Roteiro de redação: lendo e argumentando. São Paulo: Scipione, 2000.

Você sabe a diferença entre gênero e tipologia textual? Essa distinção é muito importante para o estudo e compreensão de textos! É o que você verá a seguir! Vamos lá!

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Na atividade quatro, esperamos que você tenha levado em consideração as etapas prévias para a construção textual (delimitação do assunto, fixação do objetivo) e que tenha selecionado uma das formas de construção do tópico, do desenvolvimento e da conclusão. A construção dos primeiros textos é sempre difícil, mas não podemos desanimar. Continue treinando, selecione outros assuntos e construa novos parágrafos.

ABREU, A. S. Curso de redação. 12. ed. São Paulo: Ática, 2004.

GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. 18. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2000.

VIANA, A. C. (Coord.) Roteiro de redação: lendo e argumentando. São Paulo: Scipione, 2000.

Você sabe a diferença entre gênero e tipologia textual? Essa distinção é muito importante para o estudo e compreensão de textos! É o que você verá a seguir! Vamos lá!

Anotações

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Cada vez mais, evidencia-se a necessidade de novos estudos sobre diferentes gêneros textuais que desen-volvam instrumentais teóricos e práticos para demons-trar que, através de textos orais e escritos, criamos representações que refletem, constroem e/ou desafiam nossos conhecimentos e crenças, e cooperam para o estabelecimento de relações sociais identitárias.

(José Luiz Meurer)

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

distinguir tipologia de gêneros textuais;•

identificar gênero e tipologia textual em textos.•

A definição de texto, vista na aula dois, que se referia às qualidades de um bom texto, será importante para a continuação dos estudos. Relembre que Ingedore Villaça Koch (2001, p. 10) compreende o texto como

[...] uma unidade lingüística concreta (perceptível pela visão ou audição), que é tomada pelos usuários da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor), em sua situação de interação comunicativa, como uma unidade de sentido e como preenchendo uma função comunicativa reconhecível e reconhecida, independentemente da sua extensão.

Compreendendo o texto como instrumento de interação comunicativa oral ou escrita, você verá que, conforme a intenção da interação, elegemos um gênero ou outro, que trará dentro de si tipologias textuais diversas.

Marcuschi (2002) acredita que o conhecimento dos gêneros textuais que fazem parte das interações sociais diárias favoreça tanto a leitura como a compreensão de textos. O autor considera que

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 69

Cada vez mais, evidencia-se a necessidade de novos estudos sobre diferentes gêneros textuais que desen-volvam instrumentais teóricos e práticos para demons-trar que, através de textos orais e escritos, criamos representações que refletem, constroem e/ou desafiam nossos conhecimentos e crenças, e cooperam para o estabelecimento de relações sociais identitárias.

(José Luiz Meurer)

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

distinguir tipologia de gêneros textuais;•

identificar gênero e tipologia textual em textos.•

A definição de texto, vista na aula dois, que se referia às qualidades de um bom texto, será importante para a continuação dos estudos. Relembre que Ingedore Villaça Koch (2001, p. 10) compreende o texto como

[...] uma unidade lingüística concreta (perceptível pela visão ou audição), que é tomada pelos usuários da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor), em sua situação de interação comunicativa, como uma unidade de sentido e como preenchendo uma função comunicativa reconhecível e reconhecida, independentemente da sua extensão.

Compreendendo o texto como instrumento de interação comunicativa oral ou escrita, você verá que, conforme a intenção da interação, elegemos um gênero ou outro, que trará dentro de si tipologias textuais diversas.

Marcuschi (2002) acredita que o conhecimento dos gêneros textuais que fazem parte das interações sociais diárias favoreça tanto a leitura como a compreensão de textos. O autor considera que

Gênero e tipologia textual

Aula 5

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70 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

tendo em vista que todos os textos se manifestam sempre num ou noutro gênero textual, um maior conhecimento do funcionamento dos gêneros textuais é importante tanto para a produção como para a compreensão. Em certo sentido, é esta idéia básica que se acha no centro dos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais), quando sugerem que o trabalho com o texto deve ser feito na base dos gêneros, sejam eles orais ou escritos (MARCUSCHI, 2002, p. 32-33).

Os gêneros textuais são grandes aliados para várias atividades: leitura crítica, produção textual significativa, desenvolvimento da oralidade, conscienti-zação de que a leitura e a escrita estão presentes em tudo que fazemos, etc.

Dessa forma, procuraremos conhecer as características do que se chama gênero textual, como ele ocorre na nossa prática social diária e qual a diferença entre os gêneros e os tipos textuais.

5.1 Gênero x tipologia

Vamos começar procurando entender o que é gênero textual. Baltar (2004, p. 46-47) nos ensina que

gêneros textuais são unidades triádicas relativamente estáveis, passíveis de serem divididas para fim de análise em unidade composicional, unidade temática e estilo, disponíveis num inven-tário de textos, criado historicamente pela prática social, com ocorrência nos mais variados ambientes discursivos, que os usuá-rios de uma língua natural atualizam quando participam de uma atividade de linguagem, de acordo com o efeito de sentido que querem provocar nos seus interlocutores.

O autor define gênero textual como unidade triádica por ser formado de três elementos: unidade composicional, unidade temática e estilo, ou seja, por poder ser dividido em três unidades para ser analisado e classificado.

Quanto à classificação dos gêneros textuais, podemos dizer que seja impos-sível fazer um inventário fechado e fixo, pois os gêneros surgem conforme a necessidade das práticas sociais.

Como exemplo, temos os e-mails. Há quanto tempo esse gênero surgiu? Qual era o gênero que o substituía em muitas situações? Surgiu há pouco tempo e derivou de cartas comuns.

Mas preste atenção! Muitas vezes, quando surge um novo gênero textual, isso não quer dizer que outro tenha de desaparecer!

No caso das cartas, elas ainda resistem, mas foram substituídas em muitas situações da prática social pelos e-mails. Assim vemos que, como já dissemos, a

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 71

classificação dos gêneros, como um inventário fechado, fixo, é impossível. Mas vejamos alguns gêneros: carta, bilhete, receita, bula de remédio, telefonema, sermão, horóscopo, lista de compras, resenha, resumo, cardápio, romance, piada, conferência, bate-papo por computador, outdoor, edital de concurso, entrevista, etc.

Nossa lista seria infinita...

Marcuschi (2002, p. 29) diz que os gêneros podem ser caracterizados conforme a atividade sócio-discursiva a que servem e que, quando dominamos um gênero, dominamos “uma forma de realizar lingüisticamente objetivos espe-cíficos em situações sociais particulares”. Por isso a importância do estudo de gêneros diversificados, pois ficamos em contato com variadas formas de inte-ração social, nas mais diversas práticas cotidianas de comunicação.

Vamos ver a diferença entre gênero e tipo textual. Afinal, gênero e tipo não são a mesma coisa?

Para Marcuschi (2002), usamos a expressão tipo textual para textos em que examinamos sua natureza lingüística, ou seja, o léxico, a sintaxe, os tempos verbais, as relações lógicas, etc. E eles são facilmente classificados. Conforme o autor, podemos ter os tipos: narração, argumentação, exposição, descrição e injunção.

Vamos ver os tipos textuais exemplificados.

5.2 Tipologia textual

Os tipos textuais mais utilizados, conforme Werlich citado por Marcuschi (2002), são as bases temáticas descritiva, narrativa, expositiva, argumentativa e injuntiva.

Você verá agora teoria e exemplos relacionados à tipologia textual apresen-tada, conforme Abreu (2004) e Barbosa (2002).

5.2.1 Descrição

Utilizamos essa tipologia para caracterizar algo ou alguém. Isso é possível por meio do uso dos cinco sentidos (olfato, tato, audição, paladar e visão) e de sensações psicológicas.

Primeiramente, quando descrevemos, devemos fazer um levantamento senso-rial (BARBOSA, 2002). Os sentidos são explorados em sua totalidade, pois assim conseguimos transmitir para o interlocutor o máximo de informações para que ele possa “criar” o objeto em questão.

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72 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

Podemos fazer descrição objetiva (sem interferência de julgamento), ou subjetiva (como eu penso que é, minha opinião sobre o objeto). Também temos a descrição física (o que eu vejo) e a psicológica (julgamento de valor sobre o outro).

Um fator interessante na descrição é a determinação do ponto de vista: de onde você está analisando o objeto? Qual seu lugar na observação? Por exemplo: você está ao lado do objeto? De frente para ele? Isso é importante para que o interlocutor tenha mais informações na reconstrução da coisa em análise. Leia o texto que exemplifica essa tipologia.

(1) A lontra é um mamífero carnívoro e selvagem, cujo habitat é no litoral ou próximo aos rios e lagos, onde busca alimentos como peixes, crustáceos, répteis e, com menos fre ­qüência, aves e pequenos mamíferos. É comum o ataque desse animal a cultivo de peixes, rãs e camarões (Jorge Meneses, Globo Rural, n. 263, p. 32, set. 2007).

Podemos observar que essa é uma descrição em que prevalece a objetivi-dade. O autor descreveu o modo de vida do animal e não seu aspecto físico.

A descrição é utilizada normalmente como base para outras tipologias, como a narração e a exposição.

5.2.2 Narração

Podemos considerar a narração como relato de fatos ocorridos. Abreu (2004) considera que a base da tipologia narrativa dramática está nos plots (unidade dramática que se compõe de uma situação, uma complicação e uma solução).

Além da formulação dos plots, devemos atentar para a fórmula de Oswald de Andrade citado por Barbosa (2002), em relação a notícias. Veja qual é a seguir.

3 Q = que, quem, quando

Como, onde e porque

Com essa fórmula, é mais fácil identificarmos a estrutura da narração e seus componentes.

Mas quem narra um fato? Conforme a intenção do autor, ele escolherá um tipo de narrador, que pode ser narrador-personagem (primeira pessoa), narra-dor-observador (terceira pessoa) ou narrador-onisciente (terceira pessoa).

Quando temos um narrador-personagem, quem narra está inserido na história, podendo ser um personagem principal ou secundário. O narrador-observador

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 73

não interfere nos fatos narrados, pois só expõe o que vê. Já o narrador-onis-ciente, apesar de não ser um personagem, é um “sabedor de tudo” (BARBOSA, 2002, p. 71), ou seja, sabe até mesmo o que os personagens pensam.

Se você se interessar por essa tipologia textual, há vários outros aspectos que devem ser levados em consideração, como organização do enredo, apre-sentação de personagens e tipos de discursos. Recorra à bibliografia indicada.

Vamos analisar um texto.

(2) Cheguei a Phuket, na Tailândia, por volta de 9h, a trabalho. Peguei um táxi e notei que as pessoas estavam em pé na praia. Elas olhavam o mar, que havia recuado. De repente, vimos que a enseada começou a se encher de novo. Logo depois, veio uma onda mais alta que as árvores da orla. Tudo no caminho foi destruído e ficamos ali, perplexos, até que novas ondas vieram. O hotel, que ficava no alto, virou um refúgio, onde banhistas sangrando, com membros quebrados, foram buscar ajuda. O som de choro e gritos ficaria em meus ouvidos por longo tempo (Rick Von Feldt, Aventuras na História, n. 52, p. 17, dez. 2007).

Nesse texto, há um narrador-personagem (“Cheguei a Phuket [...]”) que faz um relato de fatos ocorridos. Os três Q (que, quem, quando) foram respondidos: que – a tragédia do tsunami; quem – Rick, presente na tragédia; quando – 9h da manhã. Os outros itens também: como – o mar recuou e depois a enseada se encheu, grandes ondas vieram em direção à praia; onde – em Phuket, na Tailândia; porque – desastre natural. Há enunciados indicativos de ação, por exemplo, em “Cheguei a Phuket” e “Elas olhavam o mar, que havia recuado”.

Dessa forma, o texto analisado pode ser considerado coerente e, conforme a estrutura apresentada, narrativo.

5.2.3 Exposição

O tipo expositivo caracteriza-se por identificar fenômenos ou a ligação entre eles. É utilizado quando o autor quer expor um fato, mas não interfere com opiniões particulares. Apesar dessa característica, é quase impossível não deixar transparecer pontos de vista em textos que produzimos, pois a linguagem é argumentativa. Dizemos, então, que nesse tipo há uma incidência reduzida da individualidade. Veja o exemplo.

(3) Na Grécia, o Brasil bateu todos os recordes em participações em Olimpíadas. Ao to ­ do, estiveram em Atenas 247 atletas do país, competindo em 22 diferentes modalida des. Na maior delegação brasileira na história dos Jogos, sobraram grandes vitórias e derrotas

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74 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

inesquecíveis, como o Vanderlei Cordeiro de Lima na maratona, que liderava a prova quando, a poucos quilômetros do fim, foi atropelado por um padre irlandês trajando o kilt, a tradicional saia escocesa (Superinteressante, n. 246, p. 18, dez. 2007).

Esse texto expõe um fato sem opinar (explicitamente) sobre o tema abor-dado, ou seja, mostra a situação do Brasil nas Olimpíadas da Grécia e o que ocorreu com um dos atletas.

O texto expositivo pode ser utilizado como introdução de um texto argumen-tativo, como base para futuras discussões.

5.2.4 Argumentação

Em textos argumentativos, estão presentes tema, problema, hipótese, tese e argumentação. Quanto ao tema e à delimitação (problema), você já estudou na aula quatro, em que viu o parágrafo e a produção textual. Lá, observou que, para temas abrangentes, deve haver uma delimitação, ou seja, eleger um problema para se discorrer.

Após essa etapa, levantam-se as hipóteses, as possíveis respostas ao problema inicial. Quando a melhor é eleita, tem-se a tese a ser defendida, na base da qual se constrói a argumentação.

Abreu (2004, p. 49) nos ensina que “a construção prévia de um esquema, levando em conta as partes da macroestrutura da argumentação e a execução desse esquema, levará a um grau de coerência textual bastante grande”. Veja um exemplo de texto argumentativo.

(4) Para voltar a ser uma potência mundial, a China necessita respeitar a propriedade indus-trial e intelectual e, acima de tudo, respeitar o meio ambiente. A China é o país que mais executa seres humanos, sob tutela do estado. É a maior fonte de pirataria de produtos de péssima qualidade exportados para o Ocidente. E, se não bastasse isso, é um dos maiores poluidores do meio ambiente mundial. Apesar de sua história milenar, esse país de contrastes aberrantes precisa aprender a conviver com a democracia e com a liberdade, para que possa ocupar um lugar de liderança mundial (Carlos Seixas de Oliveira, Aventuras na História, n. 52, p. 6, dez. 2007).

No exemplo dado, percebemos que há um tema (China), uma delimitação ou problema (a necessidade de respeito, por parte da China, à propriedade industrial e intelectual e ao meio ambiente), a hipótese que se transformou em tese (para voltar a ser uma potência mundial, a China precisa de muitos

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 75

ajustes) e a construção da argumentação na defesa da idéia apresentada (a China é o país que mais executa seres humanos, é a maior fonte de pirataria de produtos de péssima qualidade e é um dos maiores poluidores do meio ambiente mundial).

Com esse esquema, alcançamos a coerência textual e somos bem sucedidos na defesa de nossas idéias.

5.2.5 Injunção

A característica que distingue o tipo injunção dos outros é seu “caráter normativo, impositivo de mandar ou pedir” (ABREU, 2004, p. 54). Há muitos gêneros textuais que trazem em si essa tipologia, como oração, normas, leis e manuais. Veja o exemplo.

(5) Se você desistiu de esperar a situação nos aeroportos melhorar e decidiu colocar o pé na estrada nestas férias, siga algumas dicas para não estressar. Além da revisão de rotina no carro, verifique:

Nesse texto, há verbo no imperativo (“verifique”) e determinações como “devem viajar”, “devem estar”. Essa estrutura evidencia o tom normativo, impo-sitivo do texto.

Agora que temos a definição de gênero textual e de tipo textual, faremos a comparação entre eles, conforme Marcuschi (2002).

Quadro Comparação entre os tipos e os gêneros textuais.

TIPOS TExTuAIS GêNEROS TExTuAIS

Construções teóricas definidas por propriedades lingüísticas próprias.

Realizações lingüísticas concretas definidas pela situação sociocomunicativa.

Seqüências lingüísticas ou de enun-ciados no interior de gêneros.

Textos empiricamente realizados cumprindo funções em situações comunicativas.

Nomeação limitada determinada por aspectos: lexicais, sintáticos, relações lógicas, tempo verbal.

Nomeação ilimitada, determinadas pelo: canal, estilo, conteúdo, composição e função.

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76 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

TIPOS TExTuAIS GêNEROS TExTuAIS

Designações: descrição, narração, exposição, argumentação, injunção.

Exemplos de gêneros: carta, bilhete, receita, bula de remédio, telefonema, sermão, horós-copo, lista de compras, resenha, resumo, cardápio, romance, piada, conferência, bate-papo por computador, outdoor, edital de concurso, entrevista, reunião de condo-mínio, instruções de uso, etc.

Saiba mais

Atente para o fato de que, para identificar o gênero, temos de ter em mente, principalmente, seu propósito, pois assim temos menos chance de cometer equí-vocos na classificação. Para identificarmos o tipo textual, devemos ver se nas seqüências predomina a narração, a descrição, a informação, a exposição de idéias ou a injunção.

Os gêneros textuais são instrumentos que devem ser utilizados na formação do cidadão de forma abrangente, pois é por meio deles que podemos fazer com que o indivíduo tenha contato com vários textos orais e escritos que fazem parte de seu dia-a-dia e, assim, inserirem-se na sociedade letrada.

Tipologia textual diz respeito ao léxico, à sintaxe, aos tempos verbais, às relações lógicas, etc. É classificada em: descrição, narração, exposição, argumentação e injunção. Normalmente, utilizamos o tipo descrição quando queremos que o interlocutor consiga visualizar a coisa descrita por meio dos sentidos, podendo ser objetiva/subjetiva, física/psicológica. O tipo narração é usado para narrar um fato ocorrido e é utilizado em vários gêneros textuais, como novelas, romances, reportagens jornalísticas, etc. Há três tipos básicos de narradores: narrador-personagem (primeira pessoa); narrador-observador e narrador-onisciente (terceira pessoa). A exposição é adequada para definições em que não há a opinião do autor. Já a argumentação é utilizada em muitas ocasiões cotidianas, tanto na oralidade quanto na escrita. Com esse tipo textual, expomos e defendemos pontos de vista por meio de argumentos. Finalmente,

a injunção serve para darmos ordens e fazermos pedidos. Normalmente, utili-zamos verbos no imperativo nesse tipo textual.

Não se esqueça de que, na maioria dos gêneros textuais, há presença de variados tipos textuais, sobressaindo-se um ou outro. A distinção entre tipo textual (classificação limitada e definida por aspectos lingüísticos) e gênero textual (classificação ilimitada e feita por meio da função na prática social) deve estar clara para compreender textos e escolher o melhor tipo de composição para a produção textual, conforme os objetivos estabelecidos.

Leia o texto e responda às questões um e dois.

1. Estudamos, nesta aula, que o gênero pode ser classificado conforme a fina-lidade a que se destina na interação social. Analise o texto Gostosa, identi-fique sua finalidade e indique a que gênero pode pertencer.

2. Em seguida, observe o texto e identifique nele o(s) tipo(s) textual(is) presente(s).

3. Relacione os itens a seguir.

(1) Gênero textual

(2) Tipologia textual

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 77

a injunção serve para darmos ordens e fazermos pedidos. Normalmente, utili-zamos verbos no imperativo nesse tipo textual.

Não se esqueça de que, na maioria dos gêneros textuais, há presença de variados tipos textuais, sobressaindo-se um ou outro. A distinção entre tipo textual (classificação limitada e definida por aspectos lingüísticos) e gênero textual (classificação ilimitada e feita por meio da função na prática social) deve estar clara para compreender textos e escolher o melhor tipo de composição para a produção textual, conforme os objetivos estabelecidos.

Leia o texto e responda às questões um e dois.

GOSTOSA

O apresentador do programa “Altas Horas” (Rede Globo) Sérgio Groismann não diz em qual sentido o termo ‘gostosa’ ganhou sua preferência, mas faz o elogio regrado da ‘plasticidade’ da palavra.

– Aprecio a sonoridade da palavra e a variedade de aplicações que podemos ter dela – afirma o apresentador.

‘Gostosa’ é uma palavra que, no português escrito, é contemporânea do descobri-mento (ou invasão, se você preferir) do Brasil. É derivado do latim gustus (paladar, sabor). Tem o sentido de saboroso, mas do sabor que se sente pela degustação do paladar derivou o sentido figurado de degustar toda uma forma. Cícero já usava ‘gosto’ no sentido de modus, estilo, forma.

Formas saborosas ou apetitosas seria uma idéia aplicada pelo brasileiro como evidente ‘canibalismo’ lingüístico – a pessoa de contornos palatáveis aos olhos é, por extensão semântica, ‘gostosa’. E gosto, como se sabe, nem sempre se discute (Língua Portuguesa, ano I, n. 2, 2005, p. 47).

1. Estudamos, nesta aula, que o gênero pode ser classificado conforme a fina-lidade a que se destina na interação social. Analise o texto Gostosa, identi-fique sua finalidade e indique a que gênero pode pertencer.

2. Em seguida, observe o texto e identifique nele o(s) tipo(s) textual(is) presente(s).

3. Relacione os itens a seguir.

(1) Gênero textual

(2) Tipologia textual

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78 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

( ) Textos empiricamente realizados cumprindo funções em situações comunicativas.

( ) Construções teóricas definidas por propriedades lingüísticas próprias.

( ) Exemplos: bula de remédio, telefonema, sermão, horóscopo, lista de compras.

( ) Nomeação limitada determinada por aspectos: lexicais, sintáticos, rela-ções lógicas, tempo verbal.

( ) Realizações lingüísticas concretas definidas pela situação socioco -municativa.

( ) Nomeação ilimitada, determinada pelo: canal, estilo, conteúdo, com -posição e função.

( ) Designações: descrição, narração, exposição, argumentação, in jun ção.

Leia o texto a seguir e responda ao que se pede na questão quatro.

Em 1972, por 70 dias, os sobreviventes da queda de um Fairchild F-227 uruguaio foram submetidos ao frio e à fome extrema. Das 40 pessoas a bordo, pelo menos dez morreram quando a aeronave caiu na cordilheira dos Andes. Outras ficaram severamente feridas. O pequeno estoque de comida do serviço de bordo logo acabou e o grupo passou cerca de dois meses no fundo de um desfiladeiro, a 4 mil metros de altura. Foi então que dois deles resolveram sair em busca de socorro. Depois de caminhar por quilômetros, a dupla conseguiu fazer contato com a civilização e todos foram resgatados. Dezesseis, ao todo, haviam resistido. Barbudos e maltrapilhos, explicavam que haviam se alimen-tado de ervas colhidas no local. Mas a verdade logo veio à tona. Eles haviam comido a carne dos companheiros mortos. A história ficou famosa. Virou livro, depois filme (“Sobrevivente dos Andes”, de 1976, e “Vivos”, de 1993) (Aventuras na História, n. 52, p. 49, dez. 2007).

4. Em relação ao gênero e à(s) tipologia(s) textual(is) presente(s) no texto lido, marque a opção incorreta.

a) No texto, predomina o tipo narrativo, pois narra um fato ocorrido, ou seja, um acidente de avião e o que aconteceu aos seus passageiros.

b) “Barbudos e maltrapilhos” pode ser considerado um trecho descritivo.

c) O trecho “Mas a verdade veio à tona. [...] Virou livro, depois filme (“Sobrevivente dos Andes”, de 1976, e “Vivos”, de 1993)” pode ser classificado como exposição.

d) Levando-se em consideração de onde o trecho foi retirado, a linguagem utilizada e a finalidade do texto, podemos dizer que pertence ao gênero textual artigo científico.

Com as atividades sugeridas, você poderá verificar se atingiu os objetivos propostos de distinguir tipologia de gêneros textuais e de identificar gênero e tipologia textual em textos diversos.

Na primeira atividade, se levarmos em conta o veículo utilizado (revista), o conteúdo do texto e o nível de linguagem, podemos acreditar que a produção textual tem a finalidade de entretenimento e informação, pois discorre sobre uma curiosidade sobre a palavra “gostosa”. Por meio do estabelecimento da finalidade, concluímos que o gênero textual presente é um artigo de revista.

Para resolver a atividade dois, você atentou para a tipologia textual. No texto, predomina o tipo expositivo, pois quase todo conteúdo expõe a opinião de Sérgio Groismann sobre a palavra “gostosa” e a define. No último período, há uma argumentação, quando o autor do texto declara que “E gosto, como se sabe, nem sempre se discute”.

A resposta correta para a atividade três é a seqüência 1, 2, 1, 2, 1, 1, 2. As afirmações relacionadas ao gênero textual são: textos empiricamente reali-zados cumprindo funções em situações comunicativas; exemplos: bula de remédio, telefonema, sermão, horóscopo, lista de compras; realizações lingü-ísticas concretas definidas pela situação sociocomunicativa; e nomeação ilimi-tada, determinadas pelo canal, estilo, conteúdo, composição e função. Os aspectos relacionados à tipologia textual são: construções teóricas definidas por propriedades lingüísticas próprias; nomeação limitada determinada por aspectos: lexicais, sintáticos, relações lógicas, tempo verbal; e designações como: descrição, narração, exposição, argumentação, injunção. Esse conteúdo pode ser verificado no quadro comparativo entre gêneros e tipos textuais, no final desta aula.

Na atividade quatro, a assertiva incorreta é a (d), pois o gênero a que o texto pertence não é um artigo científico, e sim um artigo de revista, com finali-dade de entretenimento. As opções (a), (b) e (c) estão corretas no que afirmam.

ABREU, A. S. Curso de redação. 12. ed. São Paulo: Ática, 2004.

BALTAR, M. A. Competência discursiva e gêneros textuais: uma experiência com o jornal de sala de aula. Caxias do Sul: EDUCS, 2004.

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 79

d) Levando-se em consideração de onde o trecho foi retirado, a linguagem utilizada e a finalidade do texto, podemos dizer que pertence ao gênero textual artigo científico.

Com as atividades sugeridas, você poderá verificar se atingiu os objetivos propostos de distinguir tipologia de gêneros textuais e de identificar gênero e tipologia textual em textos diversos.

Na primeira atividade, se levarmos em conta o veículo utilizado (revista), o conteúdo do texto e o nível de linguagem, podemos acreditar que a produção textual tem a finalidade de entretenimento e informação, pois discorre sobre uma curiosidade sobre a palavra “gostosa”. Por meio do estabelecimento da finalidade, concluímos que o gênero textual presente é um artigo de revista.

Para resolver a atividade dois, você atentou para a tipologia textual. No texto, predomina o tipo expositivo, pois quase todo conteúdo expõe a opinião de Sérgio Groismann sobre a palavra “gostosa” e a define. No último período, há uma argumentação, quando o autor do texto declara que “E gosto, como se sabe, nem sempre se discute”.

A resposta correta para a atividade três é a seqüência 1, 2, 1, 2, 1, 1, 2. As afirmações relacionadas ao gênero textual são: textos empiricamente reali-zados cumprindo funções em situações comunicativas; exemplos: bula de remédio, telefonema, sermão, horóscopo, lista de compras; realizações lingü-ísticas concretas definidas pela situação sociocomunicativa; e nomeação ilimi-tada, determinadas pelo canal, estilo, conteúdo, composição e função. Os aspectos relacionados à tipologia textual são: construções teóricas definidas por propriedades lingüísticas próprias; nomeação limitada determinada por aspectos: lexicais, sintáticos, relações lógicas, tempo verbal; e designações como: descrição, narração, exposição, argumentação, injunção. Esse conteúdo pode ser verificado no quadro comparativo entre gêneros e tipos textuais, no final desta aula.

Na atividade quatro, a assertiva incorreta é a (d), pois o gênero a que o texto pertence não é um artigo científico, e sim um artigo de revista, com finali-dade de entretenimento. As opções (a), (b) e (c) estão corretas no que afirmam.

ABREU, A. S. Curso de redação. 12. ed. São Paulo: Ática, 2004.

BALTAR, M. A. Competência discursiva e gêneros textuais: uma experiência com o jornal de sala de aula. Caxias do Sul: EDUCS, 2004.

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80 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

BARBOSA, S. A. M. Redação: escrever é desvendar o mundo. 15. ed. Campinas: Papirus, 2002.

MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (Org.). Gêneros textuais e ensino. 2. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.

KOCH, I. V. O texto e a construção dos sentidos. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2001.

Além de conhecer aspectos relacionados à coesão, à coerência e à para-grafação, você também tem de saber argumentar com propriedade! Agora, vamos nos dedicar à importância da leitura e da argumentação.

Anotações

Já é coisa sabida que o mais importante não são as informações em si, mas o ato de transformá-las em conhecimento. As informações são os tijolos e o conhecimento é o edifício que construímos com eles.

(Antônio Suárez Abreu)

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

reconhecer a importância das estratégias de leitura para a compreensão •de textos;

distinguir persuasão de convencimento na arte de argumentar.•

Para o acompanhamento desta aula, é imprescindível que você tenha lido o livro indicado, A arte de argumentar, pois sem a leitura prévia não há como discutir os principais aspectos apontados pelo autor. Além disso, quando deixamos que outro interprete, compreenda “por nós”, corremos o risco de só conhecermos o que o outro tem interesse que saibamos... Não leia pelos “olhos de outrem”, como aconselha Martins (1994), leia com seus olhos e chegue às suas próprias conclusões.

Nesta aula, discutiremos o ato de ler e o livro A arte de argumentar: gerenciando razão e emoção, de Antônio Suárez Abreu (2006). Veremos, primeiramente, aspectos relacionados à compreensão da leitura, aos posi-cionamentos do leitor frente aos textos e às estratégias que podemos utilizar nessa tarefa; depois, estudaremos como argumentar sem perder de vista o comportamento ético.

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 81

Já é coisa sabida que o mais importante não são as informações em si, mas o ato de transformá-las em conhecimento. As informações são os tijolos e o conhecimento é o edifício que construímos com eles.

(Antônio Suárez Abreu)

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

reconhecer a importância das estratégias de leitura para a compreensão •de textos;

distinguir persuasão de convencimento na arte de argumentar.•

Para o acompanhamento desta aula, é imprescindível que você tenha lido o livro indicado, A arte de argumentar, pois sem a leitura prévia não há como discutir os principais aspectos apontados pelo autor. Além disso, quando deixamos que outro interprete, compreenda “por nós”, corremos o risco de só conhecermos o que o outro tem interesse que saibamos... Não leia pelos “olhos de outrem”, como aconselha Martins (1994), leia com seus olhos e chegue às suas próprias conclusões.

Nesta aula, discutiremos o ato de ler e o livro A arte de argumentar: gerenciando razão e emoção, de Antônio Suárez Abreu (2006). Veremos, primeiramente, aspectos relacionados à compreensão da leitura, aos posi-cionamentos do leitor frente aos textos e às estratégias que podemos utilizar nessa tarefa; depois, estudaremos como argumentar sem perder de vista o comportamento ético.

Compreender e argumentar

Aula 6

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82 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

6.1 Aspectos que interferem na leitura

Para começar a discussão sobre leitura, você deve saber que a atividade de leitura não é somente visual. Para conseguirmos compreender um texto, devemos, além das informações visuais (IV), já termos armazenadas em nossa memória as informações não-visuais (InV).

Saiba mais

Assim, para que a leitura, entendida como interpretação e compreensão de textos, realize-se, é necessário utilizarmos as duas formas de informação: IV + InV.

Vamos analisar o enunciado a seguir.

O novo emprego de Maria exige que ela viaje muito. Ela está pensando em trocar de carro.

Temos, no exemplo dado, IV e InV.

As IV são as letras: “O novo emprego de Maria exige que ela viaje muito. Ela está pensando em trocar de carro”.

As InV são várias, como a informação de mundo de que quem viaja muito precisa ter um bom carro; de que o carro de Maria, para que precise ser trocado, deva ser um carro mais antigo, ou que não esteja com o motor bom. Também são as informações prévias sobre a língua portuguesa, ou seja, o que significa cada signo, cada letra, regras de pontuação, etc.

A que conclusão chegamos, então? Chegamos à conclusão de que a leitura é a interação entre IV e InV. E, quanto mais InV tivermos, de menos IV precisamos para realizar a atividade de leitura.

Fulgêncio e Liberato (2003) citam que há pesquisas demonstrando que nossos olhos captam uma informação visual muito mais rápido do que nosso cérebro pode processar, por isso a importância de utilizarmos as informações não-visuais no processo de leitura. Então, para ler, nosso cérebro não precisa ver tudo o que está impresso no papel. Assim é imprescindível que o cérebro faça uso da InV para não gastar muito tempo na leitura, pois isso dificultaria a compreensão do texto.

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 83

Como isso pode ocorrer? Se nossa leitura for muito lenta, podemos ter mais dificuldade em compreendermos um texto? A resposta é sim!

Fulgêncio e Liberato (2003) asseveram que, quando o cérebro recebe uma informação visual, esta é posta na memória de curto termo (MCT), até que se dê significado a ela. Quando isso ocorre, a informação é passada para a memória de longo termo (MLT). Nesse processo, a informação literal é recodificada e é enviado para a MLT somente o conteúdo semântico, ou seja, as letras (informação literal) são reinterpretadas, e o significado que elas trazem, armazenado.

Dessa forma, se demorarmos para “juntar” as letras e dar sentido a elas, as informações se perdem no percurso da MCT para a MLT, e não conseguimos compreender o que lemos. Por isso a importância das previsões e inferências no processo de leitura. Vamos nos aprofundar nesses aspectos?

6.1.1 Previsões e inferências

A compreensão de textos, como afirma Kleiman (2004), é um processo com -plexo em que interagem diversos fatores como conhecimentos lingüísticos, conhe-cimento prévio a respeito do assunto do texto, conhecimento geral a respeito do mundo, motivação e interesse na leitura, entre outros. A autora acrescenta que

a compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização de conhecimento prévio: o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo de sua vida. É mediante a interação de diversos níveis de conhecimento, como o conhecimento lingüístico, o textual, o conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir o sentido do texto. E porque o leitor utiliza justamente diversos níveis de conhecimento que interagem entre si, a leitura é considerada um processo interativo. Pode-se dizer com segurança que sem o engajamento do conhecimento prévio do leitor não haverá compreensão (KLEIMAN, 2004, p. 13).

A compreensão da linguagem é, então, um verdadeiro jogo entre aquilo que está explícito no texto (que é em parte percebido, em parte previsto) e entre aquilo que o leitor insere no texto por conta própria, a partir de previsões, inferências que faz, baseado no seu conhecimento do mundo. E, dentro desse conhecimento de mundo, insere-se o conhecimento lingüístico.

Conhecimento lingüístico é o conhecimento que faz com que o indivíduo fale uma língua como falante nativo, o conhecimento sobre o uso da língua.

Conhecimento de mundo é uma espécie de dicionário enciclopédico do mundo e da cultura, armazenado na memória.

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84 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

Vimos como funciona o sistema visual e que não lemos todas as letras das palavras para compreendermos os textos. Veja que interessante o texto que segue. Você consegue compreender o que foi escrito?

Qaudno leoms noã exneragmos tdoas as lteras, pios nsoso sitsema viusal lê mias raidpa-emnte do qeu nsoso céerbro pdoe procsesar. Asism, se tievrmos a priemira e ulitma ltera

da pavlara, as ourtas poedm etsar troacdas que a enntedeermos. Icnríevl, noã?

A maioria dos falantes da língua consegue fazer a leitura e compreendê-la porque tem as informações lingüísticas básicas (InV) que possibilitam fazer as previsões e inferências e utiliza seu conhecimento de mundo, que ajuda na compreensão do texto. Além desses conhecimentos, é fundamental que se esta-beleça um objetivo para a leitura.

6.2 A Leitura e seus objetivos

Para Charmeux (1992), ler é uma atividade-meio que deve servir ao projeto que a provoca. Em outras palavras, um bom leitor utiliza a leitura para um deter-minado fim. Assim ela será eficaz se realizar o projeto que a originou.

Vejamos alguns objetivos e, após, os tipos de leitura que podem se rela-cionar a eles.

Objetivos:

• porprazer

• paraobterinformações

• paraestudar

• paraseguirinstruções

• paracomunicar

• pararevisarumtexto

Tipos de leitura:

• comatenção

• sublinhando

• corrigindo

• semcomprometimento,etc.

Assim também poderemos escolher um procedimento estratégico para a leitura, como veremos no próximo item desta aula.

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 85

6.3 Estratégias de leitura

Quando lemos o livro A arte de argumentar, de Antônio Suárez Abreu, vimos o quão importante é a leitura para podermos gerenciar informações nos dias de hoje. Garcez (2002, p. 23) acrescenta a essa idéia que “a leitura é a forma primordial de enriquecimento da memória, do senso crítico e do conheci-mento sobre os diversos assuntos acerca dos quais se pode escrever”.

Seguindo esse raciocínio, Paulo Freire citado por Garcez (2002) acrescenta que estudar, conseqüentemente ler, é um trabalho difícil, pois exige disciplina intelectual e postura crítica, sistemática, só conseguidas com a prática. Para Freire, o ato de estudar e o de ler requer de quem a eles se dedica muitas posturas. Analise-as a seguir.

a) Que assuma o papel de sujeito desse ato.

Só tendo uma atitude crítica diante do texto é possível perceber o condi-cionamento histórico-sociológico do conhecimento e buscar as relações entre o conteúdo em estudo e outras dimensões afins do conhecimento. Um texto estará estudado se voltarmos a ele.

b) Que tenha uma atividade de indagação frente ao mundo.

Os livros refletem o enfrentamento de seus autores com o mundo, por isso quem estuda precisa assumir uma atitude curiosa de quem pergunta, de quem indaga e de quem busca, não só diante do texto, mas diante do mundo.

c) Que leia leituras afins.

O estudo e a leitura de um tema específico exigem que o estudante se ponha a par da bibliografia que se refere ao tema.

d) Que dialogue com o autor do texto.

Para isso, é necessária a percepção de seu condicionamento histórico-sociológico e ideológico, que nem sempre é o mesmo do leitor.

e) Que tenha humildade.

Muitas vezes é difícil encontrar a significação profunda de um texto. É preciso ter humildade, reconhecer que é necessário instrumentalizar-se melhor para voltar ao texto em condições de entendê-lo.

Mas, mesmo assim, às vezes, continuamos com dificuldades que se apre-sentam na hora da leitura de textos diversos. O que fazer? Vamos ver algumas idéias expostas por Garcez (2002) para facilitar a leitura. Iremos, agora, concentrar-nos em alguns procedimentos estratégicos de leitura.

6.3.1 Procedimentos estratégicos de leitura

Conforme o objetivo que estabelecemos, elegemos um tipo de leitura: com atenção, sublinhando, corrigindo, sem comprometimento, etc. Assim também

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86 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

podemos escolher um procedimento estratégico para a leitura, como mostra Garcez (2002).

Procedimentos estratégicos de leitura:

• estabelecerumobjetivoclaro;

• identificaresublinharcomlápisaspalavras-chave;

• tomarnotaseestudarovocabulário;

• destacardivisõesdotextoparaagrupá-lasposteriormente;

• perceberaintertextualidade;

• monitorareconcentrar-se:fidelidadeaoplanejamento,detecçãodeerrosnoprocessodeleitura,ajustedevelocidade,tolerânciaepaciência.

Então você já sabe: há muitos aspectos que interferem na leitura e, depois de estabelecer um objetivo, você deve eleger uma estratégia mais adequada para cada situação.

Vamos analisar algumas questões sobre argumentação contidas na obra A arte de argumentar: gerenciando razão e emoção, de Antônio Suárez Abreu.

6.4 Argumentação: convencimento e persuasão

A argumentação faz parte de nossa vida, seja no âmbito familiar, social ou profissional. Você leu a obra de Antônio Suárez Abreu (2006) e deve ter visto como aprender argumentar é importante para nós. Vamos, agora, discutir alguns pontos eleitos. Mas você não deve se ater a eles somente! A obra deve ter sido lida por completo!

a) Por que aprender a argumentar?

Antônio Suárez Abreu (2006) inicia a obra declarando que sua intenção é convencer as pessoas de que não adianta ser inteligente, poliglota, ter boa formação se não tiver habilidade de relacionamento interpessoal, de compreender e comunicar idéias. O autor acrescenta que “saber argumentar é, em primeiro lugar, saber integrar-se ao universo do outro. É também obter aquilo que queremos, mas de modo cooperativo e cons-trutivo, traduzindo nossa verdade dentro da verdade do outro” (ABREU, 2006, p. 10).

b) Gerenciando informação

Sobre o gerenciamento de informações, o autor expõe quatro pontos principais para os quais devemos atentar: transformar as informações em conhecimento, cuidar para que a cultura de massa não alinhe pontos de vista e manipule informações, adicionar ao nosso repertório massa

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 87

crítica para fazermos leitura seletiva da mídia e construirmos nosso conhecimento. O quarto ponto seria que,

por meio da leitura, podemos [...] realizar o saudável exercício de conhecer as pessoas e as coisas, sem limites no espaço e no tempo. Descobrimos, também, uma outra maneira de transformar o mundo, pela transformação de nossa própria mente. Isso acon-tece quando nós adquirimos a capacidade de ver os mesmos panoramas com novos olhos (ABREU, 2006, p. 14).

c) Gerenciando relação

Nessa seção, o autor afirma que, em um futuro próximo, estaremos na área de serviços, conseqüentemente, teremos de ter um bom gerencia-mento de relação. Abreu (2006) acredita que temos medo de nos rela-cionarmos em nível pessoal e acredita que “nunca estamos diante de pessoas prontas e também não somos pessoas prontas” (ABREU, 2006, p. 20). O autor acrescenta que “conseguimos diminuir a distância que nos separa das partes mais longínquas do mundo, por meio da aviação a jato, da tevê a cabo, da Internet, mas não conseguimos diminuir a distância que nos separa do nosso próximo” (ABREU, 2006, p. 19). Hoje, ao se levantar, você disse “bom dia” para as pessoas que moram com você? Ou saiu “batendo portas”? Pense nisso!

d) Argumentar, convencer, persuadir

O autor critica algumas definições de argumentar, como a que considera que essa ação seja “vencer o outro”. Para ele, “argumentar é a arte de convencer e persuadir. Convencer é saber gerenciar informação, é falar à razão do outro, demonstrando, provando. [...]. Persuadir é saber gerenciar relação, é falar à emoção do outro” (ABREU, 2006, p. 25).

e) Condições da argumentação

Aqui, Abreu define as quatro condições essenciais da argumentação. Em suas palavras,

a primeira condição da argumentação é ter definida uma tese e saber para que tipo de problema essa tese é a resposta. [...] A segunda condição da argumentação é ter uma “linguagem comum” com o auditório. [...] A terceira condição da argumen-tação é ter um contato positivo com o auditório, com o outro. [...] Finalmente, a quarta condição e a mais importante delas: agir de forma ética (ABREU, 2006, p. 37-40).

Você pôde observar que, para o autor, o principal ponto da argumen-tação está na ética, em agir corretamente com o próximo, sem medo de revelar os verdadeiros propósitos e intenções.

f) O auditório

O autor nos ensina que “o auditório é o conjunto de pessoas que queremos convencer e persuadir. [...] É preciso não confundir interlo-

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88 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

cutor com auditório” (ABREU, 2006, p. 42). Ele divide o auditório em universal (não temos controle das variáveis) e particular (controlamos as variáveis), chamando a atenção para o fato de que não devemos demonstrar pontos de vista no auditório particular que não sejam defen-sáveis dentro de um auditório universal.

g) Convencendo as pessoas

Para convencer as pessoas, o autor aconselha que não devemos propor nossa tese de imediato; devemos, primeiro, propor a tese de “adesão inicial”, fundamentada naquilo que é real ou normal para o auditório.

h) As técnicas argumentativas

Abreu (2006, p. 50) define técnicas argumentativas como

[...] os fundamentos que estabelecem a ligação entre as teses de adesão inicial e a tese principal. Essas técnicas compreendem dois grupos principais: os argumentos quase lógicos e os argu-mentos fundamentados na estrutura do real.

Os argumentos quase lógicos são: compatibilidade e incompatibilidade, regra de justiça, retorsão, ridículo, definição (lógica, expressiva, norma-tiva e etimológica). Os argumentos baseados na estrutura do real são: pragmático, do desperdício, pelo exemplo, pelo modelo ou anti-modelo e pela analogia.

i) Dando visibilidade aos argumentos

Abreu (2006, p. 68) define que “recursos de presença são procedi-mentos que têm por objetivo ilustrar a tese que queremos defender”. O autor acredita que o melhor recurso são as histórias e nos aconselha a sempre agregá-las aos argumentos.

j) Persuadindo as pessoas

A preocupação com aquilo que desejamos deve ser secundária: primeiro devemos saber o que o outro ganhará ao fazer o que queremos. Assim Abreu (2006, p. 72) afirma que “a primeira lição de persuasão que temos a aprender é educar nossa sensibilidade para os valores do outro”. Além disso, o autor acrescenta que devemos saber previamente os verdadeiros valores do nosso interlocutor (auditório).

k) As hierarquias de valores

Primeiramente, não devemos rejeitar um valor do auditório, pois isso é mortal para a persuasão. Devemos também atentar para o fato de que “as hierarquias de valores variam de pessoa para pessoa, em função da cultura, das ideologias e da própria história pessoal” (ABREU, 2006, p. 77). O que podemos fazer é re-hierarquizar os valores por meio do lugar de quanti-dade, de qualidade, de ordem, de essência, de pessoa, do existente.

l) Afinal de contas, o que é argumentar?

Por fim, Abreu (2006, p. 93) define que

argumentar é, em primeiro lugar, convencer, ou seja, vencer junto com o outro, caminhando ao seu lado, utilizando, com ética, as técnicas argumentativas, para remover os obstáculos que impedem o consenso. Argumentar é também saber persuadir, preocupar-se em ver o outro por inteiro, ouvi-lo, entender suas necessidades, sensibilizar-se com seus sonhos e emoções.

Dessa forma, vemos que não basta vencer o outro, é necessário que, com ética, se vença “com o outro”, respeitando seus valores e cientes de que o outro também ganhe com aquilo que ganhamos.

Quanta informação interessante! Você viu que argumentar não é tão simples assim... Há questões que devemos levar em conta para não ser antiético e aprender a “vencer com o outro”. Ponha em prática o que aprendeu!

É muito importante você compreender o enorme serviço desempenhado pela leitura para o progresso e enriquecimento da escrita. Tivemos a oportunidade de ver, nesta aula, alguns recursos simples que nos permitem, de maneira singela, aumentar e aprimorar nossos conhecimentos de mundo e nosso senso crítico, instrumentos indispensáveis na construção do texto.

Você aprendeu também que, para fazermos uma boa leitura, usamos as IV e as InV. Isso é necessário porque o sistema visual não funciona como pensamos, por isso devemos selecionar o que vamos ler para que o cérebro possa processar e armazenar as informações na MLT.

As previsões e inferências são fundamentais no processo de leitura. E, para que a leitura faça sentido em nossa vida, devemos estabelecer objetivos e metas antes de realizá-la.

A arte de argumentar foi vista tendo por base o livro de Antônio Suárez Abreu. O foco principal da obra é constituído por dois elementos: convencer e persuadir. O autor expõe que o convencimento se baseia na razão, e a persu-asão trabalha com a emoção. Esses elementos são fundamentais para a argu-mentação com ética e responsabilidade.

1. Em muitos estudos e pesquisas realizados sobre as competências e habili-dades que devemos ter para atingirmos o sucesso pessoal e profissional, sempre estão marcadamente presentes, segundo Antônio Suárez Abreu (2006, p. 11), as capacidades do “gerenciamento da informação por meio

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 89

l) Afinal de contas, o que é argumentar?

Por fim, Abreu (2006, p. 93) define que

argumentar é, em primeiro lugar, convencer, ou seja, vencer junto com o outro, caminhando ao seu lado, utilizando, com ética, as técnicas argumentativas, para remover os obstáculos que impedem o consenso. Argumentar é também saber persuadir, preocupar-se em ver o outro por inteiro, ouvi-lo, entender suas necessidades, sensibilizar-se com seus sonhos e emoções.

Dessa forma, vemos que não basta vencer o outro, é necessário que, com ética, se vença “com o outro”, respeitando seus valores e cientes de que o outro também ganhe com aquilo que ganhamos.

Quanta informação interessante! Você viu que argumentar não é tão simples assim... Há questões que devemos levar em conta para não ser antiético e aprender a “vencer com o outro”. Ponha em prática o que aprendeu!

É muito importante você compreender o enorme serviço desempenhado pela leitura para o progresso e enriquecimento da escrita. Tivemos a oportunidade de ver, nesta aula, alguns recursos simples que nos permitem, de maneira singela, aumentar e aprimorar nossos conhecimentos de mundo e nosso senso crítico, instrumentos indispensáveis na construção do texto.

Você aprendeu também que, para fazermos uma boa leitura, usamos as IV e as InV. Isso é necessário porque o sistema visual não funciona como pensamos, por isso devemos selecionar o que vamos ler para que o cérebro possa processar e armazenar as informações na MLT.

As previsões e inferências são fundamentais no processo de leitura. E, para que a leitura faça sentido em nossa vida, devemos estabelecer objetivos e metas antes de realizá-la.

A arte de argumentar foi vista tendo por base o livro de Antônio Suárez Abreu. O foco principal da obra é constituído por dois elementos: convencer e persuadir. O autor expõe que o convencimento se baseia na razão, e a persu-asão trabalha com a emoção. Esses elementos são fundamentais para a argu-mentação com ética e responsabilidade.

1. Em muitos estudos e pesquisas realizados sobre as competências e habili-dades que devemos ter para atingirmos o sucesso pessoal e profissional, sempre estão marcadamente presentes, segundo Antônio Suárez Abreu (2006, p. 11), as capacidades do “gerenciamento da informação por meio

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90 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

(1) que assuma o papel de sujeito desse ato, porque...

(2) que tenha uma atividade de indagação frente ao mundo, porque...

(3) que faça leituras afins, porque...

(4) que dialogue com o autor do texto, porque...

(5) que tenha humildade, porque...

( ) os livros refletem o enfrentamento de seus autores com o mundo, por isso quem estuda precisa assumir uma atitude curiosa de quem pergunta, de quem indaga e de quem busca.

( ) só tendo uma atitude crítica diante do texto é possível perceber o condi-cionamento histórico-sociológico do conhecimento e buscar as relações entre o conteúdo em estudo e outras dimensões afins do conhecimento.

( ) o estudo e a leitura de um tema específico exigem que o estudante se ponha a par da bibliografia a que se refere o tema.

( ) é preciso ter humildade quando não compreendemos determinados textos e reconhecer que é necessário instrumentalizar-se melhor para voltar ao texto em condições de entendê-lo.

( ) é necessária a percepção de seu condicionamento histórico-sociológico e ideológico, que nem sempre é o mesmo do leitor.

A ordem correta é:

a) 1, 3, 4, 2, 5 c) 3, 4, 1, 5, 2

b) 2, 1, 3, 5, 4 d) 4, 3, 5, 2, 1

4. Compare, com suas palavras, o ato de convencer e o ato de persuadir. Em seu texto, procure citar as principais características de cada ato e utilize as formas de parágrafos estudados na aula quatro deste caderno.

Para atingir os objetivos de reconhecer a importância das estratégias de leitura para a compreensão de textos e distinguir a persuasão do convencimento na arte de argumentar, você deve ter resolvido as atividades propostas. Veja se compreendeu o conteúdo e se acertou as respostas.

Na primeira atividade, a resposta correta é a opção (c). As atividades de ler, falar e escrever são indissociáveis e ocorrem nas práticas sociais. As opções (a), (b) e (d) estão equivocadas porque, em (a), todos podem desenvolver a habilidade de escrita, o treino e a persistência que importam; em (b), a leitura e a escrita não são atos espontâneos, precisamos nos empenhar para alcançar

da comunicação oral e escrita, ou seja, a capacidade de ler, falar e escrever bem”. A respeito dessa informação, e tendo como base o material estudado e as discussões das aulas, assinale a alternativa correta sobre nossa capaci-dade de atingir as habilidades de ler, falar e escrever bem.

a) Escrever é um dom que poucas pessoas têm. Mesmo que nos esfor-cemos, não conseguiremos escrever bem se não tivermos esse dom.

b) A leitura e a escrita são atos espontâneos que não exigem empenho de quem os pratica.

c) Ler, falar e escrever não são atos autônomos, desligados das práticas sociais. Estão inseridos na nossa vida, em qualquer circunstância, seja pessoal ou profissional. Por isso devemos desenvolver essas habilidades, para atuarmos de fato social e profissionalmente.

d) Escrever é um ato desligado, desvinculado da leitura e desnecessário no mundo moderno, cheio de novas tecnologias.

2. Segundo os teóricos estudados nesta aula, é importante observarmos que

I. a leitura de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização de conhecimento prévio, como conhecimento lingüístico, textual e de mundo.

II. a leitura é uma forma primordial de enriquecimento da memória, do senso crítico e do conhecimento sobre os diversos assuntos acerca dos quais se pode escrever.

III. a leitura é a interação entre informações visuais e não-visuais e, quanto mais informações não-visuais tivermos, de menos informações visuais precisaremos para realizar a atividade de leitura.

IV. não é necessário, para realizarmos uma boa leitura, estabelecermos objetivos, pois a leitura, assim como qualquer outra atividade humana, não precisa de metas.

Marque a alternativa correta quanto aos itens analisados nesta questão.

a) Somente o item I é verdadeiro.

b) Somente os itens II, III e IV são verdadeiros.

c) Somente os itens I, II e III são verdadeiros.

d) Todos os itens são verdadeiros.

3. Relacione a segunda coluna de acordo com a primeira. Paulo Freire citado por Garcez (2002) afirma que estudar, conseqüentemente ler, é um trabalho difícil, pois exige disciplina intelectual e postura crítica e sistemática, só conseguidas com a prática. O autor afirma que essa postura crítica é funda-mental e tem como objetivo apropriar-se da significação profunda de um texto. Para ele, o ato de estudar e ler requer de quem a eles se dedica

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 91

(1) que assuma o papel de sujeito desse ato, porque...

(2) que tenha uma atividade de indagação frente ao mundo, porque...

(3) que faça leituras afins, porque...

(4) que dialogue com o autor do texto, porque...

(5) que tenha humildade, porque...

( ) os livros refletem o enfrentamento de seus autores com o mundo, por isso quem estuda precisa assumir uma atitude curiosa de quem pergunta, de quem indaga e de quem busca.

( ) só tendo uma atitude crítica diante do texto é possível perceber o condi-cionamento histórico-sociológico do conhecimento e buscar as relações entre o conteúdo em estudo e outras dimensões afins do conhecimento.

( ) o estudo e a leitura de um tema específico exigem que o estudante se ponha a par da bibliografia a que se refere o tema.

( ) é preciso ter humildade quando não compreendemos determinados textos e reconhecer que é necessário instrumentalizar-se melhor para voltar ao texto em condições de entendê-lo.

( ) é necessária a percepção de seu condicionamento histórico-sociológico e ideológico, que nem sempre é o mesmo do leitor.

A ordem correta é:

a) 1, 3, 4, 2, 5 c) 3, 4, 1, 5, 2

b) 2, 1, 3, 5, 4 d) 4, 3, 5, 2, 1

4. Compare, com suas palavras, o ato de convencer e o ato de persuadir. Em seu texto, procure citar as principais características de cada ato e utilize as formas de parágrafos estudados na aula quatro deste caderno.

Para atingir os objetivos de reconhecer a importância das estratégias de leitura para a compreensão de textos e distinguir a persuasão do convencimento na arte de argumentar, você deve ter resolvido as atividades propostas. Veja se compreendeu o conteúdo e se acertou as respostas.

Na primeira atividade, a resposta correta é a opção (c). As atividades de ler, falar e escrever são indissociáveis e ocorrem nas práticas sociais. As opções (a), (b) e (d) estão equivocadas porque, em (a), todos podem desenvolver a habilidade de escrita, o treino e a persistência que importam; em (b), a leitura e a escrita não são atos espontâneos, precisamos nos empenhar para alcançar

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92 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

essas habilidades; e, em (d), a leitura está intimamente ligada à escrita e esta é fundamental no mundo moderno.

Na segunda atividade, a resposta correta é a assertiva (c). Vejamos: em (I), a afirmação feita é verdadeira, pois a inferência e a previsão são essenciais na concretização da leitura; em (II), a afirmação também é verdadeira, porque a leitura influencia sobremaneira nosso modo de escrever, além de ajudar a desen-volver a memória e o pensamento crítico; a assertiva (III) é verdadeira, porque as IV e InV são a base da leitura. Quanto mais informações externas aos textos tivermos, menos precisaremos nos fixar nos códigos, nas palavras para compre-endê-los; e, por fim, somente a (IV) é falsa, pois os objetivos são necessários para que a leitura seja proveitosa. Ler sem ter metas faz com que não tenhamos definidas as estratégias que nos auxiliam na compreensão de textos.

Na atividade três, a seqüência correta é a da alternativa (b). Isso se justifica pela coerência entre a primeira informação dada e a continuidade do tema na segunda informação. Vejamos: (1) que assuma o papel de sujeito desse ato, porque... só tendo uma atitude crítica diante do texto é possível perceber o condicionamento histórico-sociológico do conhecimento e buscar as relações entre o conteúdo em estudo e outras dimensões afins do conhecimento; (2) que tenha uma atividade de indagação diante do mundo, porque... os livros refletem o enfrentamento de seus autores com o mundo, por isso quem estuda precisa assumir uma atitude curiosa de quem pergunta, de quem indaga e de quem busca; (3) que leia leituras afins, porque... o estudo e a leitura de um tema espe-cífico exigem que o estudante se ponha a par da bibliografia a que se refere o tema; (4) que dialogue com o autor do texto, porque... é necessária a percepção de seu condicionamento histórico-sociológico e ideológico, que nem sempre é o mesmo do leitor; (5) que tenha humildade, porque... é preciso ter humildade quando não compreendemos determinados textos e reconhecer que é necessário instrumentalizar-se melhor para voltar ao texto em condições de entendê-lo.

Quanto à atividade quatro, a principal diferença entre convencer e persu-adir consiste no foco da atenção: para convencer, trabalhamos com a razão, com o raciocínio lógico do interlocutor; já na persuasão, o foco é a emoção, o lado sentimental do interlocutor. Outra diferença está no fato de que, no primeiro caso, a pessoa pode concordar com nossas idéias, mas não agir conforme espe-ramos; no segundo, levamos a pessoa a agir conforme as expectativas, mas podemos não a convencer de que estamos certos.

ABREU, A. S. A arte de argumentar: gerenciando razão e emoção. 9. ed. Cotia: Ateliê Editorial, 2006.

CHARMEUX, E. Como fomentar los habitos de lectura. Barcelona: Edições CEAC, 1992.

FULGÊNCIO, L.; LIBERATO, Y. G. Como facilitar a leitura. 7. ed. São Paulo: Contexto, 2003.

GARCEZ, L. H. C. Técnica de redação: o que é preciso saber para bem escrever. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

KLEIMAN, A. B. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. Belo Horizonte: Pontes, 2004.

MARTINS, M. H. O que é leitura. 19. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

Quando devo utilizar “por quê”? Quando não posso usar “eu”? Qual é a diferença entre “se não” e “senão”? Na última aula, você terá a oportunidade de tirar muitas dúvidas em relação ao uso da língua padrão no seu cotidiano.

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 93

CHARMEUX, E. Como fomentar los habitos de lectura. Barcelona: Edições CEAC, 1992.

FULGÊNCIO, L.; LIBERATO, Y. G. Como facilitar a leitura. 7. ed. São Paulo: Contexto, 2003.

GARCEZ, L. H. C. Técnica de redação: o que é preciso saber para bem escrever. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

KLEIMAN, A. B. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. Belo Horizonte: Pontes, 2004.

MARTINS, M. H. O que é leitura. 19. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

Quando devo utilizar “por quê”? Quando não posso usar “eu”? Qual é a diferença entre “se não” e “senão”? Na última aula, você terá a oportunidade de tirar muitas dúvidas em relação ao uso da língua padrão no seu cotidiano.

Anotações

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Sofisticado é usar o cujo como manda o figurino. [...] Requintado, impõe três regras para ser empregado. São exigências simples. Para entendê-las, basta manter as antenas ligadas e a preguiça adormecida em berço esplêndido.

(Dad Squarisi)

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

utilizar adequadamente os porquês; este/esse/aquele; onde/aonde; •os verbos no particípio; mal/mau; a/há/ah; senão/se não; mas/más/mais; acerca de/a cerca de/cerca de/há cerca de; todo/todo o; sobre/sob; trás/traz; eu/mim.

O estudo gramatical da língua estrutura-se no conhecimento de regras associadas aos fatos lingüísticos. Assim você trabalhará com sua capacidade de assimilação e aplicação dessas regras. Portanto, mais uma vez, queremos que você ative seu conhecimento de mundo, utilize inferências e previsões para compreender mais facilmente as regras que, de uma forma ou de outra, precisamos saber.

Os estudos a que nos propusemos para esta disciplina estão intimamente ligados à linguagem, principalmente à produção textual. Esta aula apresenta a você orientações sobre aspectos gerais da língua culta. É uma oportunidade de aperfeiçoar seu desempenho no emprego apropriado de expressões que normalmente geram dúvidas na hora da fala ou da escrita de um texto, como o emprego de: por que/porque/porquê/por quê; este/esse/aquele; onde/

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 95

Sofisticado é usar o cujo como manda o figurino. [...] Requintado, impõe três regras para ser empregado. São exigências simples. Para entendê-las, basta manter as antenas ligadas e a preguiça adormecida em berço esplêndido.

(Dad Squarisi)

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

utilizar adequadamente os porquês; este/esse/aquele; onde/aonde; •os verbos no particípio; mal/mau; a/há/ah; senão/se não; mas/más/mais; acerca de/a cerca de/cerca de/há cerca de; todo/todo o; sobre/sob; trás/traz; eu/mim.

O estudo gramatical da língua estrutura-se no conhecimento de regras associadas aos fatos lingüísticos. Assim você trabalhará com sua capacidade de assimilação e aplicação dessas regras. Portanto, mais uma vez, queremos que você ative seu conhecimento de mundo, utilize inferências e previsões para compreender mais facilmente as regras que, de uma forma ou de outra, precisamos saber.

Os estudos a que nos propusemos para esta disciplina estão intimamente ligados à linguagem, principalmente à produção textual. Esta aula apresenta a você orientações sobre aspectos gerais da língua culta. É uma oportunidade de aperfeiçoar seu desempenho no emprego apropriado de expressões que normalmente geram dúvidas na hora da fala ou da escrita de um texto, como o emprego de: por que/porque/porquê/por quê; este/esse/aquele; onde/

Dificuldades mais freqüentes no uso da língua padrão

Aula 7

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96 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

aonde; os verbos no particípio; mal/mau; a/há/ah; senão/se não; mas/más/mais; acerca de/a cerca de/cerca de/há cerca de; todo/todo o; sobre/sob; trás/traz; eu/mim.

Lembre-se de que regras não nos transformam em bons leitores ou escritores, mas ajudam a desenvolver a leitura e a escrita.

Para facilitar nossos estudos, já que nesta aula trabalharemos com regras, as atividades relacionadas a cada item virão imediatamente após a teoria dada.

7.1 uso dos porquês

Quando você está escrevendo seu texto, tem dúvidas quanto ao uso dos porquês: é junto ou separado, com acento ou sem acento? Vamos tirar as dúvidas agora? Quando estiver fazendo seu texto e tiver de usar um porquê, lembre-se das regras que estudaremos a seguir.

a) Por que: você pode usá-lo em três casos. Você lembra quais são eles?

Em • perguntas (menos no final).

Por que precisamos ler tanto?

Quando puder trocar por • pelo(s) qual(is), pela(s) qual(is).

Não sei a razão por que (pela qual) precisamos ler tanto.

Quando puder colocar depois dele uma destas palavras: • razão, causa ou motivo.

Quero saber por que (razão) precisamos ler tanto.

b) Por quê: você pode usá-lo em finais de frases, ou seja, quando ele for a última palavra da frase.

Precisamos ler tanto por quê?

c) Porque: você vai empregá-lo em duas ocasiões. Vejamos.Em • respostas

Na indicação de • causa, de explicação

Nas duas ocasiões, você pode substituir porque por pois.

d) Porquê: você usará essa forma quando for substantivo. Como saber se ele é ou não é substantivo? Ele será substantivo se estiver antecedido de artigo, numeral ou pronome.

Vamos colocar em prática as regras que acabamos de aprender?

1. Analise bem cada trecho a seguir e preencha os espaços com os porquês adequados.

a) ........ o nosso país ainda não figura como uma das maiores e mais respeitadas potências dentro do cenário mundial? (Globo Rural, n. 265, nov. 2007).

b) Tento me cadastrar no Passaporte e não consigo. ........ ? Se você digita seu e-mail, escolhe a seleção não sou cadastrado e a tela de cadastro não se abre: é possível que você já tenha se cadastrado anteriormente e não se lembra (Disponível em: <http://historia.abril.com.br>. Acesso em: 30 nov. 2007).

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 97

c) Porque: você vai empregá-lo em duas ocasiões. Vejamos.Em • respostas

Precisamos ler tanto, porque, por meio da leitura, adquirimos bagagem para fazer bons textos.

Na indicação de • causa, de explicação

A leitura é importante, porque nos oferece uma visão mais ampla da realidade do mundo.

Nas duas ocasiões, você pode substituir porque por pois.

A leitura é importante, pois nos oferece uma visão mais ampla da realidade do mundo.

d) Porquê: você usará essa forma quando for substantivo. Como saber se ele é ou não é substantivo? Ele será substantivo se estiver antecedido de artigo, numeral ou pronome.

Queria saber o porquê de tanta leitura que nos é solicitada.

Vamos colocar em prática as regras que acabamos de aprender?

1. Analise bem cada trecho a seguir e preencha os espaços com os porquês adequados.

a) ........ o nosso país ainda não figura como uma das maiores e mais respeitadas potências dentro do cenário mundial? (Globo Rural, n. 265, nov. 2007).

b) Tento me cadastrar no Passaporte e não consigo. ........ ? Se você digita seu e-mail, escolhe a seleção não sou cadastrado e a tela de cadastro não se abre: é possível que você já tenha se cadastrado anteriormente e não se lembra (Disponível em: <http://historia.abril.com.br>. Acesso em: 30 nov. 2007).

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98 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

c) ........ muitas vezes reagimos de maneira que não sabemos explicar? ........ somos assim? ........ seguimos nossos instintos, uma herança primitiva que carregamos desde os tempos dos homens das cavernas (Disponível em: <http://www.submarino.com.br>. Acesso em: 30 nov. 2007).

d) O homicida viola os direitos humanos ......... é bandido, criminoso [...] (Veja, n. 1958, 31 maio 2006).

2. Leia os dois trechos a seguir e examine se os porquês estão empregados adequadamente. Se houver algum problema, justifique-o.

a) Os banhos são uma tradição milenar, sejam eles públicos ou privados, sagrados ou profanos. Entenda porque algumas civilizações celebraram ou amaldiçoaram o ato de se lavar em nome da religião, da beleza e da saúde (Aventuras na História, n. 43, fev. 2007).

b) Porque a torrada cai de ponta-cabeça?

Um físico inglês descobriu cientificamente porque um pão com manteiga sempre cai com a manteiga virada para baixo (Superinteressante, n. 95, out. 1995).

7.2 Este, esse ou aquele

Para que você tenha maior clareza do emprego adequado dos pronomes demonstrativos, apresentamos o quadro um.

Quadro 1 Emprego dos pronomes demonstrativos.

PRONOMES ESPAçO TEMPO DISCuRSOENuMERAçãO

DE DOIS ELEMENTOS

Este

O objeto está perto da pessoa

que fala (eu, nós).

PresenteReferência posterior

Substituiçãodo último elemento

Esse

O objeto está perto da pessoa

com quem se fala (tu, você, vós, vocês).

Passado ou futuro recente

Retomada de umelemento

-

Aquele

O objeto está longe da pessoa que fala e com quem se fala.

Passado remoto -Substituiçãodo primeiro elemento

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UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 99

Perceba essas regras nos seguintes exemplos.

Ex1: Este brinco que estou usando é de ouro.

Esse brinco que você está usando é mesmo de ouro?

Aquele brinco que está do outro lado da vitrine é de ouro.

No primeiro conjunto de exemplos, foi usado este para referir-se, em relação ao espaço, ao objeto que está perto do falante; esse, para o objeto que está perto do ouvinte; e aquele, para o objeto que está distante de ambos.

Ex. 2: Este ano teremos eleições para prefeito.

Em 2007, tivemos grandes vitórias no esporte. Nesse ano, tivemos uma notícia muita boa, o Brasil foi escolhido sede para a Copa de 2014.

O ano de 1922 é um marco para a literatura brasileira. Naquele ano tivemos a Semana de Arte Moderna.

No segundo conjunto de exemplos, referente ao tempo, este se refere ao presente (2008, ano em que o texto foi escrito); nesse se refere a 2007, passado próximo; e naquele se refere ao passado remoto (1922).

Ex. 3: Estas foram as palavras de Jesus Cristo: “amai-vos uns aos outros”.

“Amai-vos uns aos outros”, essas foram as palavras de Jesus Cristo.

Nesse outro conjunto de exemplos, relacionado ao discurso, usamos estas para uma referência posterior, ou seja, as palavras de Cristo são expostas depois do termo de referência. E utilizamos essas quando as palavras de Cristo foram mencionadas anteriormente.

Ex. 4: Machado de Assis e Graciliano Ramos são dois grandes romancistas da literatura brasileira. Este escreveu Vidas Secas; aquele, D. Casmurro.

AUlA 7 • lÍNGUA PORTUGUESA

100 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

Nesse exemplo, no caso de enumeração de dois elementos, este se refere a Graciliano Ramos, que é o último elemento; aquele se refere a Machado de Assis, que é o primeiro termo que está sendo substituído.

Saiba mais

Preencha os espaços com os pronomes demonstrativos adequados (alguns pronomes precisam se juntar a preposições, por exemplo, neste = preposição em + este).

a) O Brasil deve atingir ........ ano a maior safra de grãos de sua história. Conheça a opinião de alguns dos visitantes do site sobre ........ previsão.

[...] Realmente, é muito preocupante ......... história de supersafra. Normalmente, excede ao consumo mundial, e os preços caem por excesso de oferta [...] (Globo Rural, n. 265, nov. 2007).

b) ........ aula estamos estudando as dificuldades mais freqüentes do uso da língua padrão.

c) Eu já estava de malas prontas: ia pra Pasárgada [...] Queria escapar ........ reino das frases infelizes e atitudes grotescas, dos reis feios e nus, das explicações cabotinas, da falta de providências e de autoridade, da euforia apoteótica de um lado e da realidade tão diferente de outro. [...] Levaria família, amigos, livros, música e o homem amado. Ah, e as minhas velhas crenças de que não somos totalmente omissos ou sem caráter, portanto ........ país ainda teria jeito, embora ........ momento eu não tenha muita fé ........ (Veja, n. 2015, 4 jul. 2007).

d) Quando éramos crianças brincávamos mais, pois ........ época não havia pré-escola, nem aulas de natação, de balé, de inglês. Bons tempos ........ ! - diz vovó, nostálgica (Disponível em: <http://www.linguabrasil.com.br>. Acesso em: 30 nov. 2007).

7.3 Onde

Onde, pronome relativo, é usado como um coringa, por isso é muito comum tanto na fala quanto na escrita. Quando se precisa ligar uma oração a outra, usa-se onde sem restrição. Examine a sentença a seguir.

AUlA 7 • lÍNGUA PORTUGUESA

UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 101

Marcos fez várias declarações de amor à ex-esposa, onde fica evidente o desejo de reatar o casamento.

O emprego do onde está adequado? O emprego não está adequado porque onde, segundo a gramática normativa, só deve ser empregado nas referências a lugar físico, como você pode observar nos seguintes exemplos.

A rua onde moro é muito tranqüila.

Há cidades onde se leva uma vida muito estressante.

Maria conversou com Paulo na universidade onde ele estuda.

Nos três exemplos, onde faz referência a lugar. No primeiro exemplo, refe-re-se à rua, no segundo, a cidades, e, no terceiro, à universidade.

Quando você não tiver certeza se se trata de lugar, substitua onde por em que.

7.3.1 Onde ou aonde

Qual é a forma adequada na sentença “José provou que tem capacidade para chegar onde ou aonde chegou”? A forma adequada é aonde, que é resultado do encontro da preposição a com o pronome onde. Esse encontro só ocorre com verbos de movimento que exigem a preposição a, como os verbos ir, chegar, conduzir. Por exemplo, quem vai, vai a algum lugar; quem chega, chega a algum lugar. Por isso, nos exemplos que analisaremos a seguir, a forma que deve ser empregada é aonde.

Aonde você vai?

Aonde você pretende chegar com tudo isso?

Ninguém sabe aonde as atitudes dela nos levarão.

Em outros casos, devemos usar onde, como nos exemplos a seguir.

Onde você assistiu ao show?

Já não lembro onde assisti ao show.

Onde está minha bolsa?

AUlA 7 • lÍNGUA PORTUGUESA

102 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

Nos três exemplos, devemos usar onde porque o verbo assistir não é de movimento, e o verbo estar, nesse exemplo, é verbo de ligação, portanto também não indica movimento.

Analise as sentenças a seguir e aponte as assertivas em que o onde não foi usado adequadamente. Faça a devida correção.

a) Há lugares no mundo onde se vive bem.

b) Quais são as modalidades onde seu filho é campeão?

c) Vamos assistir a um espetáculo bem brasileiro, onde Maitê faz um pequeno papel.

d Fomos fazer um rafting e o bote onde estávamos virou.

e) O divórcio foi instituído no país no ano onde o número de separações chegava a níveis astronômicos.(Sentenças retiradas de artigos da professora Maria Tereza de Queiroz Piacentini. Disponível em: <http://www.linguabrasil.com.br>. Acesso em: 30 nov. 2007).

7.4 uso dos particípios

A forma nominal particípio pertence aos verbos abundantes, pois apresenta, às vezes, mais de uma flexão. Além das formas regulares do particípio – termi-nadas em ado/ido –, há também formas irregulares (ou curtas/breves). Mas há regras para que saibamos quando utilizar a forma regular ou a irregular. Vejamos.

a) Com os verbos auxiliares ter e haver, utilizamos os particípios regulares.

Ex.: tinha / havia limpado

tinha / havia morrido

b) Já com os auxiliares ser e estar, normalmente empregamos os particí-pios irregulares.

Ex.: foi / estava aceso

foi / estava impresso

c) Os verbos ganhar, gastar e pagar têm uma particularidade: podemos utilizar as formas irregulares com ter, haver, ser e estar, mas as regulares somente com ter e haver. Dessa forma, para não cometer equívocos, podemos optar somente pelo uso do particípio irregular desses verbos.

Ex.: tinha / havia / foi / estava ganho gasto pago

tinha / havia ganhado gastado pagado

AUlA 7 • lÍNGUA PORTUGUESA

UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 103

d) Abrir, cobrir e escrever e seus derivados apresentam somente particípios irregulares, ou seja, não existem particípios regulares para esses verbos (abrido, cobrido, escrevido).

Ex.: tinha / havia / foi / estava aberto coberto escrito

Observe o quadro dois, que apresenta os particípios abundantes.

Quadro 2 Particípios abundantes.

INFINITIVO IMPESSOAL

PARTICíPIO REGuLAR

PARTICíPIO IRREGuLAR

1ª Conjugação

aceitar aceitado aceitoentregar entregado entregueenxugar enxugado enxutoexpressar expressado expressoexpulsar expulsado expulsofindar findado findoisentar isentado isentolimpar limpado limpomatar matado mortosalvar salvado salvo

segurar segurado segurosoltar soltado solto

2ª Conjugação

acender acendido acesobenzer benzido bentoeleger elegido eleitomorrer morrido mortoprender prendido preso

suspender suspendido suspenso

3ª Conjugação

emergir emergido emersoexpelir expelido expulso

exprimir exprimido expressoextinguir extinguido extintoimergir imergido imersoimprimir imprimido impressoinserir inserido insertoomitir omitido omisso

submergir submergido submersoFonte: Pasquale e Ulisses (2003, p.169).

Saiba mais

AUlA 7 • lÍNGUA PORTUGUESA

104 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

Preencha as lacunas com o particípio adequado para cada situação.

a) O presidente foi ......... com a maioria dos votos. Mas muitos que o haviam ......... dizem que não o farão novamente. (eleger)

b) A tese jamais foi ......... pelo juiz. Porém há alguns que crêem que o juiz já tinha ......... a história do réu. (aceitar)

c) As custas já foram ........ , e o acusado diz que todo seu dinheiro já foi ......... e que ele não tem perspectivas de que outra quantia seja ........ . (pagar/gastar/ganhar)

d) João havia ........ a porta para sair sem ser ........ , e contaria a todos o que havia sido ........ e ......... na reunião. (entreabrir/ver/dizer/escrever)

7.5 Mal ou mau

Qual é a diferença entre mal e mau? Vamos observá-la no quadro três.

Quadro 3 Uso de “mal” e “mau”.

Mal

Pode exercer a função de substantivo (vem acompanhado de artigo) ou de advérbio de modo. Opõe-se a bem.

Maria não imagina o mal que fez a José (substantivo acompanhado de artigo).O time brasileiro jogou muito mal na copa de 2006 (advérbio de modo).

Pode exercer a função de conjunção de tempo. Equivale a quando, assim que, apenas.

Mal (= assim que) chegamos, a aula começou (conjunção de tempo).

MauPode exercer a função de adjetivo ou substantivo (vem acompanhado de artigo). Opõe-se a bom.

Fizemos um mau negócio (adjetivo).O mau é não assumirmos o que fazemos (substantivo).

Assinale a única alternativa que apresenta uso inadequado de mal e mau, para a norma culta.

a) “Os soldados em serviço militar, mal treinados e mal armados [...] sofreram fragorosas derrotas para a guerrilha que parecia, nos dois primeiros meses de conflito, invencível”, afirma o jornalista americano Jon Lee Anderson em Che Guevara - Uma Biografia” (Aventuras na História, n. 50, out. 2007).

b) Há cinco anos, o lago do meu sítio em Vinhedo, SP, tornou-se o dormitório de um pequeno bando de garças. O local é cercado por um bambuzal onde elas pousam no final da tarde. Mas, desde que se instalaram, a

população não parou de crescer. E os problemas, idem. O pior deles: um mau cheiro insuportável (Disponível em: <http://globorural.globo.com>. Acesso em: 30 nov. 2007).

c) O médico e escritor Moacyr Scliar volta a Aventuras na História com mais um de seus brilhantes ensaios sobre uma das doenças mais mal compreendidas e estigmatizadas da história: a lepra (Aventuras na História, n. 29, out. 2007).

d) Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mal humor e transmitir isso adiante ou sorrir... Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração! (Disponível em: <http://www.acserv.com.br>. Acesso em: 30 nov. 2007).

7.6 A, há ou ah

Você sabe quando se usa a, há ou ah? Verifique o uso desses três termos no quadro quatro.

Quadro 4 Uso de “a”, “há” e “ah”.

HáIndica tempo passado. Nosso colega saiu há dez minutos.

É a forma do verbo haver.Nosso colega há de vencer todas as dificuldades.

A Indica tempo futuro.Nosso colega chegará daqui a dez minutos.

Ah É interjeição exclamativa. Ah! Que delícia de bolo!

Analise se o emprego de há, a e ah, nas afirmativas a seguir, está adequado.

I. E os celulares? Há cinco anos se clama por bloqueio deles nas prisões. “Ah, não pode...”, “Ah, vamos estudar...”. Sabemos que até tela de galinheiro serve para bloquear o sinal (Disponível em: <http://jg.globo.com>. Acesso em: 30 nov. 2007).

II. Há médico que acha que a pílula do dia seguinte é abortiva. Achar, quando se trata de ciência, não basta. Há médico que acha que o DIU dá câncer. Há médico que acha que a vasectomia causa impotência (Disponível em: <http://veja.abril.com.br>. Acesso em: 30 nov. 2007).

III. Estude bastante que daqui a quatro anos você já estará formado.

Assinale a alternativa correta.

a) O emprego está adequado apenas na afirmativa I.

b) O emprego está adequado apenas na afirmativa II.

AUlA 7 • lÍNGUA PORTUGUESA

UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 105

população não parou de crescer. E os problemas, idem. O pior deles: um mau cheiro insuportável (Disponível em: <http://globorural.globo.com>. Acesso em: 30 nov. 2007).

c) O médico e escritor Moacyr Scliar volta a Aventuras na História com mais um de seus brilhantes ensaios sobre uma das doenças mais mal compreendidas e estigmatizadas da história: a lepra (Aventuras na História, n. 29, out. 2007).

d) Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mal humor e transmitir isso adiante ou sorrir... Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração! (Disponível em: <http://www.acserv.com.br>. Acesso em: 30 nov. 2007).

7.6 A, há ou ah

Você sabe quando se usa a, há ou ah? Verifique o uso desses três termos no quadro quatro.

Quadro 4 Uso de “a”, “há” e “ah”.

HáIndica tempo passado. Nosso colega saiu há dez minutos.

É a forma do verbo haver.Nosso colega há de vencer todas as dificuldades.

A Indica tempo futuro.Nosso colega chegará daqui a dez minutos.

Ah É interjeição exclamativa. Ah! Que delícia de bolo!

Analise se o emprego de há, a e ah, nas afirmativas a seguir, está adequado.

I. E os celulares? Há cinco anos se clama por bloqueio deles nas prisões. “Ah, não pode...”, “Ah, vamos estudar...”. Sabemos que até tela de galinheiro serve para bloquear o sinal (Disponível em: <http://jg.globo.com>. Acesso em: 30 nov. 2007).

II. Há médico que acha que a pílula do dia seguinte é abortiva. Achar, quando se trata de ciência, não basta. Há médico que acha que o DIU dá câncer. Há médico que acha que a vasectomia causa impotência (Disponível em: <http://veja.abril.com.br>. Acesso em: 30 nov. 2007).

III. Estude bastante que daqui a quatro anos você já estará formado.

Assinale a alternativa correta.

a) O emprego está adequado apenas na afirmativa I.

b) O emprego está adequado apenas na afirmativa II.

AUlA 7 • lÍNGUA PORTUGUESA

106 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

c) O emprego está adequado apenas nas afirmativas II e III.

d) O emprego está adequado em todas as afirmativas.

7.7 Senão ou se não

Você sabe a diferença entre senão ou se não? Vamos verificar o uso adequado desses dois termos no quadro cinco.

Quadro 5 Emprego de “senão” e “se não”.

Senão

Pode exercer a função de conjunção adversativa, no sentido caso contrário, de outra forma, mas sim, a não ser.

Espero que ele estude, senão terá problemas.

Pode exercer a função de substan-tivo, com o sentido de falha, defeito, imperfeição.

Há um senão em sua aparência que me fez mudar de marca de carro.

Se nãoExerce a função de se (conjunção condicional) + não (advérbio de negação). Equivale a caso não.

Se não chover, iremos à praia.

O uso de se não e de senão nos seguintes trechos obedece às normas da língua padrão? Comente sua reposta.

I. Já imaginaram o que aconteceria conosco se não tivéssemos a capaci-dade de resgatar nossos arquivos de computador? Se pudéssemos utili-zá-los somente no dia em que os produzimos? (Disponível em: <http://www.planetaeducacao.com.br>. Acesso em: 30 nov. 2007).

II. Não podemos fazer justiça com as próprias mãos, se não este mundo nunca vai ter jeito mesmo. A Justiça é cega, capenga, mas tem de segurar com ela mesma (Veja, n. 1901, 20 abr. 2005).

7.8 Mas, más ou mais

Qual é a diferença entre mas, más e mais? Vamos observar o quadro seis, que apresenta a diferença entre os três termos.

Quadro 6 Emprego de “mas”, “más” e “mais”.

Mas Exerce a função de conjunção adversa-tiva (oposição, retificação).

Já estudei a língua portuguesa por vários anos, mas ainda não sei quando devo usar más.

Más É plural feminino de mau (adjetivo). Minhas amigas foram más comigo.

Mais Exerce a função de advérbio de intensi-dade (diferente de menos).

Quero aprender mais sobre o uso dos porquês.

Preencha adequadamente as lacunas com mas, más ou mais.

a) ........ do que carisma [do candidato], quero preparo, compostura, equi-líbrio e classe – que não relaciono a bens materiais, ........ à elite dos honrados e dos capazes. Uma elite que nada tem a ver com nome, dinheiro ou cargo, que superou o retrógrado conceito de que é culpada pelas desgraças da humanidade (Veja, n. 1978, 18 out. 2006).

b) Mesmo assim, tem de escolher. Enfrentamentos mostram perfis diversos, da calma firmeza ao disparatado deboche, da determinação às ......... pueris desculpas. ......... teremos, inevitavelmente, de decidir, e não é em questão menor: trata-se do líder deste país (Veja, n. 1978, 18 out. 2006).

c) O pau-brasil é nativo da Mata Atlântica, ......... é encontrado no interior da floresta, não sendo recomendado para matas ciliares (Disponível em: <http://globorural.globo.com>. Acesso em: 30 nov. 2007).

7.9 A cerca de, acerca de, cerca de ou há cerca de

Quantas dúvidas causam essas expressões! Mas temos respostas a todas elas no quadro sete.

Quadro 7 Uso de “a cerca de”, “acerca de”, “cerca de” ou “há cerca de”.

A cerca Trata-se do artigo a e do substan-tivo cerca.

A cerca da fazenda caiu.

Acerca de Trata-se de advérbio com sentido de: sobre, a respeito de.

Falamos acerca do livro por mais de três horas.

Cerca de ou

a cerca de

Trata-se de locução prepositiva que quer dizer mais ou menos, aproximadamente.

Corri cerca de três quilômetros.

Há cerca de

Trata-se de verbo haver e locução prepositiva que indica tempo decorrido: faz aproximadamente, perto de.

Não o vejo há cerca de cinco anos.

Empregue acerca de, (a) cerca de ou há cerca de adequadamente.

a) A torcida ficou ........ cem metros dos jogadores.

b) Quando nos encontramos, nada falamos ......... separação.

c) Eles partiram ......... meia hora.

AUlA 7 • lÍNGUA PORTUGUESA

UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 107

Preencha adequadamente as lacunas com mas, más ou mais.

a) ........ do que carisma [do candidato], quero preparo, compostura, equi-líbrio e classe – que não relaciono a bens materiais, ........ à elite dos honrados e dos capazes. Uma elite que nada tem a ver com nome, dinheiro ou cargo, que superou o retrógrado conceito de que é culpada pelas desgraças da humanidade (Veja, n. 1978, 18 out. 2006).

b) Mesmo assim, tem de escolher. Enfrentamentos mostram perfis diversos, da calma firmeza ao disparatado deboche, da determinação às ......... pueris desculpas. ......... teremos, inevitavelmente, de decidir, e não é em questão menor: trata-se do líder deste país (Veja, n. 1978, 18 out. 2006).

c) O pau-brasil é nativo da Mata Atlântica, ......... é encontrado no interior da floresta, não sendo recomendado para matas ciliares (Disponível em: <http://globorural.globo.com>. Acesso em: 30 nov. 2007).

7.9 A cerca de, acerca de, cerca de ou há cerca de

Quantas dúvidas causam essas expressões! Mas temos respostas a todas elas no quadro sete.

Quadro 7 Uso de “a cerca de”, “acerca de”, “cerca de” ou “há cerca de”.

A cerca Trata-se do artigo a e do substan-tivo cerca.

A cerca da fazenda caiu.

Acerca de Trata-se de advérbio com sentido de: sobre, a respeito de.

Falamos acerca do livro por mais de três horas.

Cerca de ou

a cerca de

Trata-se de locução prepositiva que quer dizer mais ou menos, aproximadamente.

Corri cerca de três quilômetros.

Há cerca de

Trata-se de verbo haver e locução prepositiva que indica tempo decorrido: faz aproximadamente, perto de.

Não o vejo há cerca de cinco anos.

Empregue acerca de, (a) cerca de ou há cerca de adequadamente.

a) A torcida ficou ........ cem metros dos jogadores.

b) Quando nos encontramos, nada falamos ......... separação.

c) Eles partiram ......... meia hora.

AUlA 7 • lÍNGUA PORTUGUESA

108 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

d) Falou abertamente sobre sua vida ......... duzentas pessoas.

e) Os donativos foram distribuídos ......... quinhentas pessoas.

f) Não se falavam ......... cinco anos.(VIANA, 2000, p. 118).

7.10 Todo ou todo o

O quadro oito apresenta o uso adequado de todo e todo o.

Quadro 8 Uso de “todo” e “todo o”.

TodoCorresponde a qualquer, com idéia de generalização, de totalidade numérica.

Todo livro traz alguma mensagem.

Todo o Corresponde a inteiro, total, com idéia de especificação,de totalidade das partes.

Todos os alunos leram o livro A arte de argumentar.

Explique o uso de todo em “Todo pai tem direito de ver no filho um Ronaldinho e na filha uma Gisele Bündchen” (Veja, n. 1979, 25 out. 2006).

7.11 Sobre ou sob

Qual é a diferença entre sob e sobre? A diferença está explicitada no quadro nove.

Quadro 9 Uso de “sob” e “sobre”.

Sob Significa debaixo de. A criança estava escondida sob a mesa (debaixo).

Sobre Significa em cima de, na parte supe-rior de, a respeito de.

Esqueci a chave sobre a mesa (= em cima de).Conversamos muito sobre o livro A arte de argumentar (= a respeito de).

Explique o uso de sobre e sob no trecho a seguir.

“O senador Renan Calheiros diz que ele mesmo era o dono dos recursos. ‘O dinheiro era meu’, afirmou. Se era seu, por que o lobista fazia a intermediação? Nesse ponto, Renan diz que não falará mais sobre um assunto que está sob segredo de Justiça” (Veja, n. 2010, 30 maio 2007).

7.12 Trás ou traz

Preste atenção no uso dessas palavras, pois há diferença entre trás e traz. Observe o quadro dez.

Quadro 10 Uso de “trás” e “traz”.

Trás É preposição e significa depois de, após; corresponde a atrás.

Por trás das entrelinhas sempre há muitas mensagens (atrás).

Traz É a terceira pessoa do singular do presente do indicativo.

Um bom livro sempre traz mensa-gens boas (verbo “trazer”).

Complete os espaços com traz ou trás adequadamente.

a) Nada se assemelha à alma como a abelha. Esta voa de flor para flor, aquela de estrela para estrela. A abelha ......... o mel, como a alma ......... a luz (Disponível em: <http://www.pensador.info>. Acesso em: 30 nov. 2007).

b) Quando se fala aqui em EU, pode-se e deve-se procurar o que está por ......... de sua máscara. Por ......... do discurso da avó Lilibeth encontrar-se-á o discurso de Lya Luft. Por ......... do discurso do narrador encontrar-se-á também o discurso da autora (Disponível em: <http://www.cintia-barreto.com.br>. Acesso em: 30 nov. 2007).

7.13 Eu ou mim

Você emprega adequadamente eu e mim? Veja o uso correto desses pronomes no quadro 11.

Quadro 11 Emprego de “eu” e de “mim”.

Eu É sempre sujeito. Entregou o bilhete para eu ler depois.

Mim É complemento verbal ou nominal. Entregou o bilhete para mim.

Assinale a única alternativa correta quanto ao uso de eu e mim.

a) Devolveram todos os livros para mim.

b) Já é hora de mim tomar uma decisão na vida.

c) Se é para mim pagar, desista; não tenho dinheiro.

d) Entre eu e Mateus não há mais nada.

AUlA 7 • lÍNGUA PORTUGUESA

UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 109

7.12 Trás ou traz

Preste atenção no uso dessas palavras, pois há diferença entre trás e traz. Observe o quadro dez.

Quadro 10 Uso de “trás” e “traz”.

Trás É preposição e significa depois de, após; corresponde a atrás.

Por trás das entrelinhas sempre há muitas mensagens (atrás).

Traz É a terceira pessoa do singular do presente do indicativo.

Um bom livro sempre traz mensa-gens boas (verbo “trazer”).

Complete os espaços com traz ou trás adequadamente.

a) Nada se assemelha à alma como a abelha. Esta voa de flor para flor, aquela de estrela para estrela. A abelha ......... o mel, como a alma ......... a luz (Disponível em: <http://www.pensador.info>. Acesso em: 30 nov. 2007).

b) Quando se fala aqui em EU, pode-se e deve-se procurar o que está por ......... de sua máscara. Por ......... do discurso da avó Lilibeth encontrar-se-á o discurso de Lya Luft. Por ......... do discurso do narrador encontrar-se-á também o discurso da autora (Disponível em: <http://www.cintia-barreto.com.br>. Acesso em: 30 nov. 2007).

7.13 Eu ou mim

Você emprega adequadamente eu e mim? Veja o uso correto desses pronomes no quadro 11.

Quadro 11 Emprego de “eu” e de “mim”.

Eu É sempre sujeito. Entregou o bilhete para eu ler depois.

Mim É complemento verbal ou nominal. Entregou o bilhete para mim.

Assinale a única alternativa correta quanto ao uso de eu e mim.

a) Devolveram todos os livros para mim.

b) Já é hora de mim tomar uma decisão na vida.

c) Se é para mim pagar, desista; não tenho dinheiro.

d) Entre eu e Mateus não há mais nada.

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110 1º PERÍODO • MATEMÁTICA • UNITINS

Vamos encerrar esta aula com um questionamento: você tem o hábito de falar vou estar verificando, vou estar ligando, vou estar providenciando? Essas formas são condenadas pela língua padrão. Mas qual é a forma correta? A forma adequada é: vou verificar ou verificarei, vou ligar ou ligarei, vou provi-denciar ou providenciarei. Fique atento!

http://veja.abril.com.br>

Saiba mais

A partir do que examinamos nesta aula, podemos concluir que, para utilizarmos a língua padrão, precisamos saber as regras de determinadas expressões.

Nesta aula, estudamos algumas expressões que normalmente geram dúvidas em seu uso. Começamos com o uso dos porquês. Usamos: por que em perguntas (menos no final), quando pudermos trocar por pelo(s) qual(is), pela(s) qual(is) e quando pudermos colocar depois dele uma destas palavras: razão, causa ou motivo; por quê apenas em finais de frases; porque em respostas e na indicação de causa, de explicação (= pois); porquê quando for substantivo.

O emprego de este, esse ou aquele depende do contexto. Para indicar espaço, usamos: este para objeto que está perto da pessoa que fala; esse para objeto que está perto da pessoa com quem se fala; aquele para objeto que está longe da pessoa que fala e com quem se fala. Para indicar tempo, utilizamos: este para indicar o presente; esse para indicar passado ou futuro recente; aquele para indicar passado remoto. Dentro de textos, usamos este para referência poste-rior, e esse para retomada de um elemento. Na enumeração de dois elementos, utilizamos este para substituir o último elemento, e aquele para o primeiro.

Onde só deve ser empregado nas referências a lugar fixo, enquanto o aonde só ocorre com verbos de movimento que exigem a preposição a, como os verbos ir, chegar, conduzir.

A forma nominal particípio pode ter a forma regular (ado/ido), usada com verbos auxiliares ter e haver, e forma irregular (curta/breve), usada com os auxiliares ser e estar.

Mal pode exercer a função de substantivo ou de advérbio de modo (opõe-se a bem). Também pode exercer a função de conjunção (equivale a quando, assim que, apenas). Mau pode exercer a função de adjetivo ou substantivo (opõe-se a bom).

Há indica tempo passado e é a forma do verbo haver. A indica tempo futuro. E ah é interjeição exclamativa.

Senão pode exercer a função de conjunção adversativa (= caso contrário, de outra forma, mas sim, a não ser) ou de substantivo (sentido de falha, defeito, imperfeição). Se não exerce a função de se (conjunção condicional) + não (advérbio de negação) (= caso não).

Mas exerce a função de conjunção adversativa (oposição, retificação). Más é plural feminino de mau. Mais exerce a função de advérbio de intensidade (diferente de menos).

A cerca trata-se do artigo a e do substantivo cerca. Acerca de é advérbio com sentido de: sobre, a respeito de, com referência a, perto de. Cerca de ou a cerca de é locução prepositiva que quer dizer: mais ou menos, aproximadamente. Há cerca de é verbo haver e locução prepositiva que indica tempo decorrido: faz aproximadamente, perto de, mais ou menos.

Todo corresponde a qualquer, com idéia de generalização, de totalidade numérica. Todo o corresponde a inteiro, total, com idéia de especificação, de totalidade das partes.

Sob significa debaixo de; sobre significa em cima de, na parte superior de, a respeito de.

Trás é preposição e significa: depois de, após; corresponde a atrás. Traz é a terceira pessoa do singular do presente do indicativo verbo trazer.

O pronome eu deve ser usado sempre como sujeito; e o mim, como comple-mento verbal ou nominal.

O uso do gerúndio em expressões como “Vou estar verificando” é conde-nada pela língua padrão. A forma adequada é: “vou verificar” ou “verificarei”.

O objetivo desta aula é utilizar adequadamente os porquês; este/esse/aquele; onde/aonde; os verbos no particípio; mal/mau; a/há/ah; senão/se não; mas/más/mais; acerca/a cerca/cerca/há cerca de; todo/todo o, sobre/sob, trás/traz; eu/mim. Vamos conferir se você o alcançou?

Na atividade um do item 7.1, você deve ter preenchido os espaços assim: (a) por que (uma pergunta); (b) por quê (final de frase); (c) por que, por que (duas perguntas), porque (reposta); (d) porque (causa, = pois). Na atividade dois, na letra (a), “porque” está inadequado, pois podemos colocar depois dele “razão”,

AUlA 7 • lÍNGUA PORTUGUESA

UNITINS • MATEMÁTICA • 1º PERÍODO 111

Mal pode exercer a função de substantivo ou de advérbio de modo (opõe-se a bem). Também pode exercer a função de conjunção (equivale a quando, assim que, apenas). Mau pode exercer a função de adjetivo ou substantivo (opõe-se a bom).

Há indica tempo passado e é a forma do verbo haver. A indica tempo futuro. E ah é interjeição exclamativa.

Senão pode exercer a função de conjunção adversativa (= caso contrário, de outra forma, mas sim, a não ser) ou de substantivo (sentido de falha, defeito, imperfeição). Se não exerce a função de se (conjunção condicional) + não (advérbio de negação) (= caso não).

Mas exerce a função de conjunção adversativa (oposição, retificação). Más é plural feminino de mau. Mais exerce a função de advérbio de intensidade (diferente de menos).

A cerca trata-se do artigo a e do substantivo cerca. Acerca de é advérbio com sentido de: sobre, a respeito de, com referência a, perto de. Cerca de ou a cerca de é locução prepositiva que quer dizer: mais ou menos, aproximadamente. Há cerca de é verbo haver e locução prepositiva que indica tempo decorrido: faz aproximadamente, perto de, mais ou menos.

Todo corresponde a qualquer, com idéia de generalização, de totalidade numérica. Todo o corresponde a inteiro, total, com idéia de especificação, de totalidade das partes.

Sob significa debaixo de; sobre significa em cima de, na parte superior de, a respeito de.

Trás é preposição e significa: depois de, após; corresponde a atrás. Traz é a terceira pessoa do singular do presente do indicativo verbo trazer.

O pronome eu deve ser usado sempre como sujeito; e o mim, como comple-mento verbal ou nominal.

O uso do gerúndio em expressões como “Vou estar verificando” é conde-nada pela língua padrão. A forma adequada é: “vou verificar” ou “verificarei”.

O objetivo desta aula é utilizar adequadamente os porquês; este/esse/aquele; onde/aonde; os verbos no particípio; mal/mau; a/há/ah; senão/se não; mas/más/mais; acerca/a cerca/cerca/há cerca de; todo/todo o, sobre/sob, trás/traz; eu/mim. Vamos conferir se você o alcançou?

Na atividade um do item 7.1, você deve ter preenchido os espaços assim: (a) por que (uma pergunta); (b) por quê (final de frase); (c) por que, por que (duas perguntas), porque (reposta); (d) porque (causa, = pois). Na atividade dois, na letra (a), “porque” está inadequado, pois podemos colocar depois dele “razão”,

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“causa” ou “motivo”, portanto a forma adequada é “por que”. Na letra (b), os dois porquês estão inadequados, uma vez que o primeiro é usado em uma pergunta, portanto a forma adequada seria “por que”; e, no segundo, deveria ser usado “por que”, visto que podemos colocar depois dele “razão”, “causa” ou “motivo”.

Na atividade 7.2, você deve ter preenchido os espaços com os seguintes pronomes demonstrativos: (a) este (presente, ano em que o trecho foi escrito), essa preenche outros dois espaços (retomada da informação); (b) nesta (aula que estamos estudando, presente); (c) deste (reino no qual a autora está), este (país no qual a autora está, Brasil), neste (presente), nisso (retomada da infor-mação); (d) naquela, aqueles (passado remoto).

Na atividade do item 7.3, as alternativas em que “onde” está empregado de forma inadequada são (b), (c) e (e), pois não se referem a lugar. Podemos substituir “onde” por “nas quais”, “no qual” e “em que”, respectivamente. Os dois primeiros também podem ser substituídos por “em que”.

Na atividade 7.4, você deve ter preenchido as lacunas com: (a) eleito (parti-cípio irregular devido ao verbo ser), elegido (particípio regular devido ao verbo haver); (b) aceita (particípio irregular devido ao verbo ser), aceitado (particípio regular devido ao verbo ter); (c) pagas, gasto, ganha (particípio irregular devido ao verbo ser e estar); (d) entreaberto, visto, dito e escrito (esses verbos só são usados no particípio irregular).

Na atividade 7.5, a única alternativa que apresenta uso inadequado de “mal” e “mau”, para a norma culta, é (d), pois “mau”, no contexto da alterna-tiva, é um adjetivo que se opõe a “bom”, portanto a forma adequada é “mau”.

Na atividade 7.6, a alternativa correta é a (d), pois em todos os trechos “há”, “a” e “ah” estão empregados adequadamente. Na afirmativa (I), “há” indica passado e “ah” é interjeição. Na afirmativa (II), os três “há” são o verbo haver. E, na afirmativa (III), o “a” indica futuro.

Na atividade 7.7, no item (I), o emprego está adequado, uma vez que se trata de uma conjunção condicional (se) e advérbio de negação (não). Já no (II), o emprego está inadequado, visto que se trata de uma conjunção adversativa (= caso contrário), portanto a forma correta é “senão”.

Na atividade 7.8, as lacunas devem ser preenchidas com: (a) mais (soma), mas (oposição); (b) mais (intensidade), mas (oposição); (c) mas (oposição).

Na atividade 7.9, você deve ter preenchido as lacunas com: (a) cerca de (= aproximadamente); (b) acerca da (= sobre); (c) há cerca de (= faz aproxima-damente); (d) a cerca de (= aproximadamente); (e) a cerca de (= aproximada-mente); (f) há cerca de (= faz aproximadamente).

Na atividade 7.10, usou-se “todo” porque está generalizando, ou seja, é qualquer pai que tem direito de ver no filho um Ronaldinho e na filha uma Gisele Bündchen.

Na atividade 7.11, usou-se “sobre” porque significa “a respeito de”, e sob no sentido de estar “embaixo”, protegido pelo segredo que a justiça exige.

Na atividade 7.12, você deve ter preenchido os espaços com: (a) traz, nos dois espaços, uma vez que se trata do verbo “trazer”; (b) trás, nos três espaços, visto que se trata de preposição.

Na atividade 7.13, a única alternativa correta quanto ao uso de “eu” e “mim” é (a), pois se usou “mim” devido a ser um complemento. A (b) e a (c) estão inadequadas, porque em ambas se trata de sujeito, por isso seria “eu”. A (d) também está incorreta, porque se trata de complemento, assim a forma correta seria “mim”.

CIPRO NETO, P.; INFANTE, U. Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Scipione, 2003.

VIANA, A. C. (Coord.) Roteiro de redação: lendo e argumentando. São Paulo: Scipione, 2000.

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Na atividade 7.11, usou-se “sobre” porque significa “a respeito de”, e sob no sentido de estar “embaixo”, protegido pelo segredo que a justiça exige.

Na atividade 7.12, você deve ter preenchido os espaços com: (a) traz, nos dois espaços, uma vez que se trata do verbo “trazer”; (b) trás, nos três espaços, visto que se trata de preposição.

Na atividade 7.13, a única alternativa correta quanto ao uso de “eu” e “mim” é (a), pois se usou “mim” devido a ser um complemento. A (b) e a (c) estão inadequadas, porque em ambas se trata de sujeito, por isso seria “eu”. A (d) também está incorreta, porque se trata de complemento, assim a forma correta seria “mim”.

CIPRO NETO, P.; INFANTE, U. Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Scipione, 2003.

VIANA, A. C. (Coord.) Roteiro de redação: lendo e argumentando. São Paulo: Scipione, 2000.

Anotações

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