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RB 28: 25-27, 1975 APRESENTAÇÃO DA PROF.G MARIA IVETE RIBEIRO DE OLIVEIRA PO R OCASIÃO DA OUTORGA DO TíTULO DE SÓCIO HONORÁRIO DA ABEn/1975 Amália C. Carvalho * RBEnj03 CARVALHO, A. C. - Apresentação da profa. Maria Ivete Ribeiro de Oliveira por oca- sião da outorga do Título de Sócio Honorário da ABEnj1975. Rev. Br. Enf., Rio de Janeiro, 28: 25-27, 1975. Mari a Ivete, Dentre todas as incumbências que temos recebido da Associ ação Brasilei- ra de Enfermagem, nenhuma nos trouxe tant a satisfação como a de hoje. Ao saudá-l a, no momento em que lhe é conferido o título de Sócio Honorário, a mais alta láurea de nos sa Associaçã o, o fazemos com a alegria de quem vê realizarem-s e seus próprios desejos e previsões, um ato de justiça pel os rele- vantes serviços que a colega vem pres- tando à cl asse. Muito feliz a coincidência deste even- to realizar-se em seu Estado e em sua querida Salvador. A homenagem t oma o cunho de um preito à moderna e n- fermeira bai ana, produto mescl ado do patriotismo heróico de uma Ana Neri, com a eficiência do profissional univer- sitário, científica e tecnicamente prepa- rado para o seu importante ministério na sociedade, no campo específico da saúde. Há certas pessoas que têm o dom de permanecer j unto a nós no tempo, em- bora dist anci adas pelo espaço. A home- nageada de hoj e pode nã o ser aind a co- nhecida pessoalment e por t odas as en- fermei ras brasileiras, ma s todas, de uma maneir a ou de outra, s ofreram a in- fluência de seus exemplos e ensinamen- tos, durante sua atividade profissional como enfermeira e como docente. Pode parecer que essa atuação se t enha feito sentir mais aqui, em Salvador, onde vem se destacando como membro ativo de sua associação de clas se, como enfer- meira eficiente e dedicada, grande educadora, administradora, cidadã co- mum e, agora, cidadã cívica. Entretan- to, sua contribuição como c oordenadora da Comissão de Educação d a ABEn por dois períodOS consecutivos, preci samente na époc a em que se estudava e discuti a a revisão do currículo mínimo de e nfer- magem, tornou-a figura de grande im- portância na enfermagem brasilei ra, pela maneira como se conduziu no acompanhamento de t odo o processo. Os fatos à margem da história, conhecidos e interpretados por uma minoria, cons- tituem, muitas vez es, instrumentos-cha- Vice-Presidente da Associação Brasileira de Enfermagem. 25

APRESENTAÇÃO DA PROF.G MARIA IVETE RIBEIRO DE ......CARVALHO, Â. C. -Apresentação da profa.Maria Ivete Ribeiro de Oliveira por oca sião da outorga do Titulo de Sócio Honorário

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Page 1: APRESENTAÇÃO DA PROF.G MARIA IVETE RIBEIRO DE ......CARVALHO, Â. C. -Apresentação da profa.Maria Ivete Ribeiro de Oliveira por oca sião da outorga do Titulo de Sócio Honorário

RBEn 28: 25-27, 1975

APRESENTAÇÃO DA PROF.G MARIA IVETE R I BEIRO D E O LIVEIRA POR OCASIÃO DA OUTORGA D O TíTULO D E

SÓC IO HONORÁRIO DA ABEn /1975

Amália C. Carvalho *

RBEnj03

CARVALHO, A. C. - Apresentação da profa. Maria Ivete Ribeiro de Oliveira por oca­sião da outorga do Título de Sócio Honorário da ABEnj1975. Rev. Bras. Enf., Rio de Janeiro, 28: 25-27, 1975.

Maria Ivete,

Dentre todas as incumbências que temos recebido da Associação Brasilei­ra de Enfermagem, nenhuma nos trouxe tanta satisfação como a de hoj e . Ao saudá-la, no momento em que lhe é conferido o título de Sócio Honorário, a mais alta láurea de nossa Associação, o fazemos com a alegria de quem vê realizarem-se seus próprios desej os e previsões, um ato de j ustiça pelos rele­vantes serviços que a colega vem pres­tando à classe.

Muito feliz a coincidência deste even­to realizar-se em seu Estado e em sua querida Salvador. A homenagem toma o cunho de um preito à moderna en­fermeira baiana, produto mesclado do patriotismo heróico de uma Ana Neri, com a eficiência do profissional univer­sitário, científica e tecnicamente prepa­rado para o seu importante ministério na sociedade, no campo específico da saúde.

Há certas pessoas que têm o dom de permanecer j unto a nós no tempo, em-

bora distanciadas pelo espaço . A home­nageada de hoj e pode não ser ainda co­nhecida pessoalmente por todas as en­fermeiras brasileiras, mas todas, de uma maneira ou de outra, sofreram a in­fluência de seus exemplos e ensinamen­tos, durante sua atividade profissional como enfermeira e como docente. Pode parecer que essa atuação se tenha feito sentir mais aqui, em Salvador, onde vem se destacando como membro ativo de sua associação de classe, como enfer­meira eficiente e dedicada, grande educadora, administradora, cidadã co­mum e, agora, cidadã cívica. Entretan­to, sua contribuição como coordenadora da Comissão de Educação da ABEn por dois períodOS consecutivos, precisamente na época em que se estudava e discutia a revisão do currículo mínimo de e nfer­magem, tornou-a figura de grande im­portância na enfermagem brasileira, pela maneira como se conduziu no acompanhamento de todo o processo. Os

fatos à margem da história, conhecidos e interpretados por uma minoria, cons­tituem, muitas vezes, instrumentos-cha-

• Vice-Presidente da Associação Brasileira de Enfermagem.

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CARVALHO, Â. C. - Apresentação da profa. Maria Ivete Ribeiro de Oliveira por oca­sião da outorga do Titulo de Sócio Honorário da ABEnf1975. Rev. Bras. Enl., Rio <\e Janeiro, 28: 25-27, 1975.

ve na tomada de decisões . No caso em foco, a atuação de Maria Ivete foi muito mais significativa do que pode parecer à primeira vista e trouxe reais benefí­cios para a profissão.

A Associação Brasileira de Enferma­gem é um corpo único, que se alimenta e se revitaliza por meio do esforço e do trabalho individualizado de cada uma suas células vitais, os associados, agru­pados em Distritos e Seções. A lideran­ça exercida por qualquer das células, ou por qualquer dos grupos, reflete no todo, modificando-o, aperfeiçoando-o. E quando essa liderança é desinteressada, baseada exclusivamente no ideal de bem servir a comunidade e a própria pro­fissão, como no caso presente, tudo o que foi realizado por Maria Ivete cons­titui mérito para a Associação, pela qual sempre trabalhou com zelo, desin­teresse e combatividade.

Maria Ivete , que hoje exerce o ca rgo de Secretária do Trabalho e Bem-Estar Social do Governo do Estado da Bahia, dispensaria qualquer apresentação, se a praxe não nos obrigasse ressaltar algu­mas de suas realizações, ferindo, embo­ra, sua reconhecida modéstia.

Bacharelou-se em enfermagem , em 1950, pela Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia, inte­grante de sua primeira turma, o grupo das pioneiras , que, coincidentemente, completa neste ano bodas de prata de formatura.

Em 1969 bacharelou-se em filosofia , pela Universidade Católica de Salvador.

A fim de aprimorar sua formação pro­fissional foi agraciada com três bolsas de estudo, duas oferecidas pela Funda­ção Rockfeller, uma pela organização Panamericana de Saúde. Dessa maneira, realizou estudo pós-básicos nos Estados Unidos, como estudante especial, nas Universidades da C alifórnia e de Boston, e visitou, em período de observação, as Universidades da Flórlda, também nos

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Estados Unidos e Del Vale, em Cali, na Colômbia.

Iniciou sua carreira profissional em 1951, como enfermeira-chefe do Hospi­tal Professor Edgard Santos, de Salva­dor, tendo chegado a membro do seu Conselho Deliberativo, de 1970 a 1972.

Professora, ao mesmo tempo, da Es­cola de Enfermagem, começou lecionan­do Fundamentos de Enfermagem, En­fermagem Cirúrgica e Enfermagem Obs­tétrica ; exerceu ainda outras funções docentes ou relacionadas com a docên­cia na mesma instituição, da qual foi vice-diretora, de 1957 a 1962, e diretora em dois mandatos consecutivos, de 1963 a 197 0 ; nessa qualidade integrou o Con­selho Universitário da UFBa.

Participou de diversas Comissões da Universidade, destacando-se sua atua­ção marcante na Comissão da Reforma Universitária, da qual foi membro de 1965 a 1 968.

Em 1970 foi chamada a colaborar mais diretamente com a Universidade, na ad­ministração de cúpula, no cargo de Ad­j unto do Reitor para Assuntos de Ensi­no, Pesquisa e Extensão. Como tal. in­tegrou a lista sêxtupla para escolha do Reitor, o que bem demonstra a excelên­cia da colaboração que prestou a essa Universidade.

Participou de diversos congressos, en­contros e seminários, no País e no ex­terior, patrocinados por entidades civis ou governamentais, inúmeras vezes na qualidade de conferencista.

Em 1 973 recebeu o título de Doutor pela Escola de Enfermagem da Univer­sidade de São Paulo, após aprovação em concurw no qual defendeu com brilhan­tismo a tese "A enfermeira como coor­denadora da assistência ao paciente -análise sociométrica m uItlrrelacional". A relevância do tema e a qualidade da tese tornaram-na referência obrigatória nos CUISOS de Administração aplicada à Enfermagem ; servirá, sem dúvida, de

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CARVALHO, A. C. - Apresentação da profa. Maria Ivete Ribeiro de Oliveira por oca­sião da outorga do Título de Sócio Honorário da ABEn/1975. Rev. Bras. Enf., Rio de

Janeiro, 28 : 25-27, 1915.

fundamento para modificações, conside­radas necessárias e inadiáveis, no ensi­no teórico-prático dessa disciplina e na estrutura organizacional dos serviços de enfermagem hospitalar.

Membro ativo da Associação Brasilei­ra de Enfermagem, Seção da Bahia, des­de o início da vida profissional, foi sua presidente em dois biênios , de 1958 a 1962.

No desempenho de suas múltirlas ati­vidades, aos dotes pessoais, de inteli­gência, integridade de caráter dedica­ção ao trabalho e humanitarismo, aliou sempre os ideais da profissão ; sempre fez muito mais do que apenas cumprir o seu dever, por isso todos nós lhe de­vemos tanto.

A homenagem que a Associação Bra­sileira de Enfermagem hoj e lhe presta

é um j usto tributo à associada que tão bem soube trabalhar pelos objetivos pro­postos pela própria Associação ; luta pelo desenvolvimento da enfermagem brasi­leira em todos os seus ramos ; trabalho incessante pela melhoria do ensino e da assistência de enfermagem no País ;, exigência na observância de alto padrão ético no desempenho profissional ; defe­sa dos interesses e dos direitos dos en­fermeiros, e colaboração com as autori­dades governamentais na solução de prOblemas a eles relacionados ; e , sobre­tudo, incentivo do espírito de união e da cordialidade que devem existir entre os membros da classe.

Por tudo isto, Maria Ivete, as enfer­meiras e os enfermeiros do Brasil a saúdam com carinho e admiração.

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