28
APRESENTAÇÃO O presente Projeto é resultado de um trabalho coletivo entre os membros da comunidade escolar: direção, equipe pedagógica, professores, funcionários, alunos, pais, APMF, Conselho Escolar. Trata-se do registro do coletivo da escola neste momento. Para chegarmos a este resultado, tivemos uma longa caminhada durante o ano, com reuniões e grupos de estudo entre professores e funcionários, pais e alunos, nas quais abordamos questões pertinentes a construção desse documento, bem como a importância da participação de todos através de sugestões, tanto pessoalmente, como impessoais, através das respostas dadas a questionários que enviamos aos pais e que trabalhamos em sala de aula com os alunos. Mesmo que regulamentado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 9394/96, em seu Art. 12, I, a finalidade primordial do Projeto Político Pedagógico no contexto da realidade educacional é, antes de uma exigência legal ou um reflexo dos interesses que a comunidade escolar tem sobre a escola, um norte para nossas ações. Pensar e fazer educação formal, numa perspectiva político-pedagógica, significa compreender que a educação não é um mero trabalho que se executa no interior de uma sala de aula , de uma escola, limitado à relação professor-aluno. O ato pedagógico carrega implicações sociais. Não é neutro. Está marcado pela prática social de cada momento histórico. Neste sentido, a construção ou reconstrução de um Projeto Político-Pedagógico pode ser alterado adequando-se ao momento, assumindo uma postura crítica e um compromisso de transformação frente à realidade. Assim, A necessidade de um projeto político pedagógico na escola antecede a qualquer decisão política ou exigência legal, já que enquanto educadores e enquanto membros da instituição escolar, devemos ter claro a que horizonte pretendemos chegar com os nossos alunos, com a comunidade e com a sociedade, caso contrário não estaremos exercendo o nosso papel de educador, mas simplesmente de "aventureiro", que não sabe onde quer chegar. (REIS, 2001)

APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

APRESENTAÇÃO

O presente Projeto é resultado de um trabalho coletivo entre os membros

da comunidade escolar: direção, equipe pedagógica, professores, funcionários,

alunos, pais, APMF, Conselho Escolar. Trata-se do registro do coletivo da escola

neste momento.

Para chegarmos a este resultado, tivemos uma longa caminhada durante o

ano, com reuniões e grupos de estudo entre professores e funcionários, pais e

alunos, nas quais abordamos questões pertinentes a construção desse

documento, bem como a importância da participação de todos através de

sugestões, tanto pessoalmente, como impessoais, através das respostas dadas a

questionários que enviamos aos pais e que trabalhamos em sala de aula com os

alunos.

Mesmo que regulamentado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional, 9394/96, em seu Art. 12, I, a finalidade primordial do Projeto Político

Pedagógico no contexto da realidade educacional é, antes de uma exigência legal

ou um reflexo dos interesses que a comunidade escolar tem sobre a escola, um

norte para nossas ações.

Pensar e fazer educação formal, numa perspectiva político-pedagógica,

significa compreender que a educação não é um mero trabalho que se executa no

interior de uma sala de aula , de uma escola, limitado à relação professor-aluno.

O ato pedagógico carrega implicações sociais. Não é neutro. Está marcado pela

prática social de cada momento histórico. Neste sentido, a construção ou

reconstrução de um Projeto Político-Pedagógico pode ser alterado adequando-se

ao momento, assumindo uma postura crítica e um compromisso de transformação

frente à realidade. Assim,

A necessidade de um projeto político pedagógico na escola antecede a qualquer decisão política ou exigência legal, já que enquanto educadores e enquanto membros da instituição escolar, devemos ter claro a que horizonte pretendemos chegar com os nossos alunos, com a comunidade e com a sociedade, caso contrário não estaremos exercendo o nosso papel de educador, mas simplesmente de "aventureiro", que não sabe onde quer chegar. (REIS, 2001)

Page 2: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

E como se trata de uma construção coletiva, o Projeto Político Pedagógico

envolve diferentes formas de pensar e entender as funções da educação, o que

requer que adotemos posturas coletivas, não pensando no “eu”, mas no que

todos podem fazer dentro de uma instituição de ensino para que consigamos

seguir por um mesmo caminho dentro desse espaço. Então, adotemos o pensar

coletivo, para que posteriormente possamos obter também um fazer coletivo. A

partir do momento em que decidimos determinados objetivos para nossa escola,

cada um deve responsabilizar-se por fazer estes acontecerem.

Dessa forma, gostaríamos de agradecer a todos que sempre se fizeram

presentes e muito contribuíram para a construção do Projeto Político Pedagógico

da Escola Estadual da Cango, da mesma forma que esperamos que cada um se

identifique dentro destas palavras.

2

Page 3: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

IDENTIFICAÇÃO

A Escola Estadual da Cango – Ensino Fundamental, situada à rua

Governador Parigot de Souza, nº 100, bairro da Cango, município de Francisco

Beltrão, Paraná, foi criada em 1991, sob a Resolução n.º 991 de 04/04/91,

oferecendo os cursos Regular e Supletivo Fase II. Obteve reconhecimento de

seus cursos pela Resolução n.º 2045 de 10/05/93 e Resolução n.º 436 de

01/02/94, respectivamente. Sua criação ocorreu devido ao processo de

estadualização do curso de 5ª a 8ª série e municipalização do curso de 1ª a 4ª

série, ocorrido em 1991, na gestão do Governador do Paraná Roberto Requião.

Foi assim denominada em tributo à Colônia Agrícola General Osório, sediada

durante a colonização do Sudoeste, no local onde é hoje o Bairro da Cango. A

Escola localiza-se a uma distância de aproximadamente, três quilômetros do

Núcleo Regional de Educação, que está localizado no Centro do município de

Francisco Beltrão.

Atualmente, é mantida pelo governo do estado do Paraná e atende 286

alunos do Ensino Fundamental – 5ª a 8ª série, Regular, sob a direção da

professora Sandra Regina Gonçalves.

A Escola Estadual da Cango, atualmente, trabalha na forma de “trimestres”

e de “séries”, não mais através de “ciclos”. Seu funcionamento é só no período

matutino, tendo, no ano de 2006, um total de 09 (nove) turmas: 03 (três) 5ª séries,

02 (duas) 6ª, 02 (duas) 7ª e 02 (duas) 8ª.

Seu espaço físico constitui-se de 16 ( dezesseis ) salas de aula, sala de

Direção, de Pedagoga, sala de professores e de estudos para os mesmos,

secretaria, cozinha, área livre coberta ( saguão ), 02 ( dois ) banheiros –

masculino e feminino - para alunos, com 06 ( seis ) vasos sanitários cada, 01 (um)

banheiro na sala dos professores e 01 ( um ) na cozinha, área com horta e

jardim, pátio arborizado, casa de zelador, cancha de areia e quadra de esportes

sem cobertura e em condições precárias de utilização. Uma biblioteca com bom

acervo para pesquisa e leituras diversas. Mobiliário de sala de aula em precário

estado de conservação.

3

Page 4: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

Os alunos que freqüentam a escola são provenientes de famílias pouco

numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O

nível de instrução das mesmas, de um modo geral, está em torno do 1º Grau.

Seus pensamentos em relação à educação, baseiam-se numa leitura de mundo

obtida através da vivência de experiências e também nas informações

transmitidas pelos meios de comunicação que, de uma forma ou de outra,

chamam a atenção para a necessidade da escolaridade como garantia de um

padrão de vida melhor.

O quadro funcional da Escola Estadual da Cango é composto por: APMF,

Conselho Escolar, Direção, Pedagoga, Secretário, Corpo docente e discente e

Auxiliares de Serviços Gerais.

Segue a relação, em ordem alfabética, dos professores e funcionários da

escola, suas formações profissionais ( grau de instrução escolar ) e funções

exercidas:

Nome Formação Função

Antonio A. R. da Silva Ensino Médio Secretário

Augustinha L. P. Barboza Ensino Médio Serviços Gerais

Calinca S Dalla Flora Matemática Professora

Carmelina D. Migon Ensino Fundamental Merendeira

Cláudia S da Silva E. Médio Aux. Administrativo

Elenice M. M. Stecanella Letras Professora

Eliziane Biezus História Professora

Eloir S. de Lima Ensino Fundamental Serviços Gerais

Ester R. S. Fiorese História Professora

Gládis M Arantes E. Médio Aux. Administrativo

Ilda Schmitz Educação Física Professora

Iraci L. Cataneo Ensino Fundamental Serviços Gerais

Joceli M Zandonai Pedagogia Professora

Joiceli dos S Brum Letras-Inglês Professora

Josiany Furlan Letras-Inglês Professora

Lindamir T Frizzo Geografia Professora

Luiza Cattaneo Biologia Professora

Magda I. B. L. Baptista Letras e Pedagogia Pedagoga

4

Page 5: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

Marta M S Beal Geografia Professora

Mª Irenilda S. Ranucci Biologia Professora

Marinêz C. S. Bosio Letras Professora

Marli Maffi Matemática Professora

Meri T. M. Machado Matemática Professora

Sandra R. Gonçalves Educação Física Diretora

Susana B. Lourenci Educação Física Professora

Terezinha Baggio Ensino Médio Serviços Gerais

5

Page 6: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

OBJETIVOS

Segundo a LDB 9394/96 ( Art. 1º ) “a educação abrange os processos

formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no

trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e

organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”, contudo, o § 1º

dispõe que “esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve,

predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias”, ou seja, o que

se aprende nas escolas (consideradas instituições próprias de ensino) é a

educação escolar.

Entendemos que, dada tal distinção, a educação escolar deve promover o

ensinamento de conhecimentos que vão além daqueles adquiridos na vida

familiar, na convivência humana ou no trabalho. Trata-se pois, do conhecimento

científico, cultural e historicamente produzido pela humanidade, que é o conteúdo

escolar propriamente dito.

Desse modo, temos como objetivo na Escola Estadual da Cango, ensinar

tal conhecimento através da interação entre ele e a realidade social, de forma que

este saber se torne elemento fundamental para análise crítica e transformação da

sociedade. Pretendemos resgatar a verdadeira função da escola, que é o

conhecimento

... “capaz” de levar os indivíduos das mais diferentes classes sociais, sobretudo das classes subalternas, a uma condição de esclarecimento e de conhecimento de seus direitos e deveres em uma sociedade moderna. (...) [De forma que] na medida em que as classes subalternas, uma vez de posse dos códigos das classes dominantes, transmitidos por uma escola eficiente, venham a saber manipulá-los contra a ordem dominante. (Grifo nosso. GALANO, 1992:7,8).

Desse modo, teremos como objetivo primordial em nossa atividade escolar,

sob orientação da Pedagogia Histórico-Crítica, a retomada da função vital da

escola, que entendemos ser, o ensinamento de conteúdo que possibilite que os

jovens a nós confiados se tornem indivíduos críticos, atuantes e transformadores

da sociedade em que vivem, e não a simples transmissão curricular de

conteúdos.

6

Page 7: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

MARCO SITUACIONAL

Se pensamos que a educação visa à formação do homem como um todo,

conseqüentemente, não podemos conceber a formação desse indivíduo apenas

dentro de uma instituição escolar, mas no interior de uma sociedade. Neste

sentido, a educação e a instituição escolar devem ser compreendidas dentro da

sociedade na qual estão inseridas.

Mas a qual sociedade nos referimos? Quais as implicações desta

sociedade nas políticas educacionais e no interior da escola?

Para tentarmos responder estas questões, tomaremos como referência

autores sintonizados com filosofia marxista, para a qual a sociedade se organiza

de acordo com as diferentes relações de produção, ou melhor, pelas diferentes

relações de trabalho.

Vivemos atualmente a fase neoliberal do capitalismo cujo desenvolvimento

está sustentado, principalmente, em reformas econômicas e políticas e, como

decorrência destas, também nas reformas em outras áreas, como a da educação.

Nesta lógica, está contemplada a não interferência do Estado na economia e nas

políticas sociais, com o gradativo desaparecimento do Estado do Bem Estar

Social1 e o retorno do laisse-faire, o “retorno do livre mercado do fim do século

XVIII e do século XIX, pela simples razão de que, segundo eles, a liberdade é o

meio mais efetivo da promoção da igualdade e do bem estar” (FERRARO, 1999,

p. 23). Para os neoliberais, a política do Estado do Bem Estar Social se tornou um

obstáculo à efetivação dos objetivos comerciais, visto que há demanda de custos

que não promovem lucros imediatos e acúmulo de capital.

Uma educação nos moldes neoliberais deve favorecer a competição e a

exclusão, deixando claro, desde cedo, que cada indivíduo é responsável por seu

êxito ou fracasso social, através da transmissão de um conteúdo superficial que

não permita que estes indivíduos sejam capazes de perceber que através da

1 O Estado do Bem Estar Social foi um mecanismo utilizado pelo sistema capitalista com o propósito de contornar a crise do sistema em 1930, no qual estado passou a comportar-se como o regulador da economia, para garantir o melhor desempenho da sociedade, foi assegurada a garantia do pleno emprego, além da implementação de programas de assistência social e melhor distribuição de renda, promovendo, assim, a elevação do poder aquisitivo e estimulando a produção. Este modelo de desenvolvimento, que de certa forma possibilitou uma retomada do crescimento econômico, começa a apresentar seus problemas, a partir da década de 70.

7

Page 8: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

tecnologização dos processos industriais, houve a diminuição da classe operária

e um aumento do trabalho assalariado no setor de serviços que, na maioria das

vezes, são trabalhos parciais, temporários e precários, resultando na flexibilização

do trabalho e da própria classe trabalhadora, bem como da redução dos direitos

trabalhistas adquiridos no inicio do século XX. Além disso, “a atual tendência do

mercado de trabalho é reduzir o número de trabalhadores centrais e empregar

cada vez mais uma força de trabalho que entra facilmente e é demitida sem

custos” (HARVEY, 1992, Apud: ANTUNES, 1999, p. 44). Na realidade, o que

assistimos hoje, é um capitalismo que se expande às custas da redução, sem

limites, dos custos de trabalho, debitando na conta do trabalhador e dos pobres, o

preço do progresso, sem ética e sem princípios, e com elevado índice de

exclusão social. (MARTINS, 2002).

Mas a exclusão não ocorre apenas pela falta de emprego, ocorre também,

pela injusta distribuição da renda adquirida entre as classes.

Diante da problemática da exclusão social e, por conseqüência, também, a

exclusão cultural, muito forte no Brasil atualmente, perguntamo-nos qual é o papel

desempenhado pela escola, na busca de alternativas para resolver este

problema, enquanto transmissora de cultura e enquanto instituição social e, por

conseguinte, inerente à sociedade?

Visando o lucro e o acúmulo de capital, os neoliberais vêem a educação

como um investimento, seguindo os pressupostos da Teoria do Capital Humano e

que, como tal, será objeto de investimentos através de uma ação planejada do

Estado e cooperação de agências financeiras internacionais, pois para eles, a

educação é capaz de findar as contradições do capitalismo, provendo-a não só

para o trabalho, mas para a vida do trabalhador que, a partir da escola, poderá

conseguir status e cargos. Na realidade, estamos assistindo à necessidade de

estabelecer mecanismos de controle e avaliação da qualidade dos serviços

educacionais, como se as escolas fossem empresas produtivas, visto que nelas

se produz um tipo especifico de mercadoria (o conhecimento, os alunos

escolarizados, o currículo) e, conseqüentemente, suas práticas, que devem estar

submetidas aos mesmos critérios de avaliação que se aplicam a toda empresa

dinâmica, eficiente e flexível. (SILVA & GENTILI, 1996)

8

Page 9: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

Mediados por esta concepção de educação, intensamente divulgada em

meios de comunicação de massa, os pais dos alunos vêem na educação uma

forma de ascensão social e não de transformação social pois, a maioria desses

pais pertencem a classe operária que vem sendo esmagada ao longo dos anos e

a medida que avança o capitalismo neoliberal, sem falar naqueles que estão

desempregados e, uma vez que a sociedade gira em torno das relações de

produção, estes indivíduos são excluídos dela sobrevivendo, muitas vezes

mantidos pelo assistencialismo governamental.

As instituições de educação tem buscado algumas formas de manter-se,

apesar do sucateamento promovido pelas investidas neoliberais em educação.

Contudo, no que se refere a esta escola, temos percebido um grande descaso

quanto à estrutura física para atendimento aos alunos. As salas de aula são mal

ventiladas devido à falta de planejamento na construção das mesmas e isso

provoca uma inquietação nos alunos pelo fato de sentirem-se incomodados,

principalmente quando faz muito calor. As portas das salas de aula não podem

permanecer abertas pois existe um corredor entre elas, o que provoca barulho

excessivo, atrapalhando o andamento das outras turmas.

O estabelecimento de ensino conta com laboratório de informática, para

pesquisa dos alunos e para os professores realizarem seus trabalhos de apoio

profissional para a melhoria de suas aulas.

A escola trabalha apenas no período matutino, e neste período, seu

espaço físico é dividido entre a rede estadual e municipal de ensino, causando

alguns problemas, principalmente, na hora do recreio, onde alunos de idades

muito diferenciadas convivem no mesmo espaço físico. Nessa divisão, surgem

benefícios e desvantagens para ambas as escolas, pois, apesar de seguirem o

mesmo calendário acadêmico, por muitas vezes possuem ritmos diferentes,

necessidades de utilizar locais comuns, de mudar alguns horários, o que deixa

comprometidas as atividades de uma ou de outra escola em alguns momentos do

ano.

Em termos de administração, ter uma escola compartilhada proporciona

muitos benefícios, desde que ambas as Direções tenham um bom relacionamento

entre si, almejem coletivamente os objetivos a serem atingidos. Esse trabalho

9

Page 10: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

coletivo também beneficia a parte financeira, pois todas as despesas são

divididas.

Com relação ao espaço físico, não podemos deixar de explicitar uma antiga

reivindicação da comunidade escolar, que é um mini-ginásio de esportes, pois

além da área construída, contamos ainda, com uma grande área livre sem

cobertura e nesta, uma quadra de areia.

A Escola Estadual da Cango trabalha, atualmente, na forma de

“trimestres” , não mais através de “ciclos”, e sim de “séries”.

A Direção procura sempre colocar em prática os princípios de Gestão

Democrática, fazendo com que cada segmento da escola ajude a pensar e

colocar em prática as soluções para suas próprias necessidades. No entanto, em

virtude da falta de funcionários, principalmente a Diretora e a Pedagoga, acabam

realizando funções que não são próprias do seu cargo, como substituir

professores, providenciar material para as aulas, atender a biblioteca, resolver

problemas da entrega no Programa Leite das Crianças, entre outros. Com isso,

deixa de dedicar-se, prioritariamente, às questões administrativas e pedagógicas,

que realmente fariam a diferença na escola, pois o desempenhar dessas

inúmeras funções, tira a especificidade de cada função e faz com que

trabalhemos a manhã inteira sem ver os reais resultados do nosso verdadeiro

trabalho.

A Equipe Pedagógica é composta apenas por uma pedagoga, que tem

plena autonomia para atuar em suas funções na escola. No entanto, não diferente

da Direção, desmembra-se em várias funções ao longo da manhã, atendendo aos

alunos, controlando o tempo das aulas, entrada e saída de alunos, resolvendo

problemas de indisciplina entre eles, acompanhando seu desempenho e

freqüência, conversando com os pais via telefone ou pessoalmente, quando a

principal função da pedagoga seria dar apoio pedagógico aos professores, ser

suporte nas suas dificuldades metodológicas e outras pertinentes ao ensino e

aprendizagem.

O Conselho de Classe acontece de uma forma considerada bem

participativa, onde são discutidos os problemas de aprendizagem dos alunos que

os apresentam e acordadas algumas sugestões e/ou soluções para tais

10

Page 11: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

problemas. Também nesse momento são feitas trocas de experiências

educacionais que deram ou estão dando certo.

O mesmo acontece em horário contrário ao turno de aulas

(preferencialmente à noite) e todos os envolvidos se fazem presentes. É feito por

turma e série separadamente, onde cada educando tem o seu espaço de atenção

para que se faça uma análise geral do seu aprendizado e, sempre que

necessário, em conjunto, se tomam as decisões para a melhoria do avanço

educacional de cada aluno.

É considerado e avaliado o aluno como um todo, comparando-o consigo

mesmo, seus avanços e crescimentos.

Os professores sugerem atitudes e atividades a serem realizadas para os

alunos que apresentam qualquer tipo de dificuldade.

O Conselho Escolar é composto por pais, funcionários e professores, de

acordo com a legislação em vigor, e atua juntamente com a direção da escola, em

assuntos que se referem a todas os problemas escolares, tanto pedagógicos

como administrativos e financeiros. Mas, no entanto, não tem estado tão atuante

e presente para ajudar a solucionar os problemas existentes. No que se refere à

APMF podemos conferir a mesma distância dos problemas da escola, uma vez

que, não procuram conhecê-los para auxiliar intervindo sobre eles.

Da mesma forma, sentimos fragmentada a relação entre a escola e os pais

dos alunos, causada pelo afastamento dos pais da educação de seus filhos,

deixando esta nas mãos dos professores e dos próprios jovens, vindo a escola

apenas quando são chamados, ou nas “reuniões de entrega de boletins”, onde

são abordados vários outros pontos relativos à escola, pois é um momento em

que conseguimos reunir um grande número de pais, por acontecer no período da

noite.

Mas essa ausência não é diretamente por culpa dos pais. Afinal, na lógica

acumulativa de capital, estes pais precisam trabalhar cada vez mais, recebendo

um salário cada vez mais rarefeito, para poder manter um padrão de vida de

classe média baixa ou baixa. Desse modo, depositam muito de suas expectativas,

em relação à educação de seus filhos,na escola. Mas, ao mesmo tempo,

permanecem alheios ao seu cotidiano.

11

Page 12: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

A escola oferece uma “Sala de Apoio à Aprendizagem” para alunos de

quintas séries, pois estes sofrem muito com a mudança de hábitos escolares que

ocorre entre quarta e quinta série, necessitando de um acompanhamento mais

individualizado em determinadas disciplinas.

Há na escola o Projeto Segundo Tempo, que abriu espaço a

aproximadamente 200 ( duzentos ) alunos dando oportunidade de realizar uma

atividade recreativa no período contrário ao das aulas, por três vezes na semana.

De 2001 a 2007, houve uma diminuição do número de alunos, ou seja, de

350 para 250.

Nota-se desinteresse da maioria das famílias no acompanhamento dos

estudos de seus filhos, o qual reflete-se neles quando deixam de cumprir com

seus deveres básicos de aluno. Eles são muito agitados em sala de aula, têm

falta de concentração, de leitura e, alguns apresentam grande desrespeito pelos

colegas e professores.

O Corpo Docente, na sua maioria, está bem consciente da realidade que

vivemos nesta escola e são extremamente responsáveis com seu compromisso

de ensinar, o que facilita o diálogo entre todos, vez que, têm autonomia para

contribuir em praticamente todas as decisões referentes a escola, da mesma

forma que recebem o apoio da direção e equipe pedagógica nas decisões que

são levados a tomar em sala de aula. Eles reconhecem a ausência de

funcionários que lhes possibilitem apoio técnico e mesmo pedagógico, da mesma

forma que procuram não ausentar-se de suas funções na escola, ou seja,

dificilmente faltam ao trabalho.

No que se refere ao preparo das aulas, o professor conta com a hora-

atividade, que apesar de ser um tempo curto, é muito importante para a

realização dos planos de aula e outras atividades didáticas. Portanto, trata-se de

um momento em que os professores podem conversar entre si ou realizar suas

atividades de acordo com suas necessidades. O acompanhamento pedagógico

ainda é insuficiente, devido a falta de pessoal e o trabalho rotineiro da escola.

Desse modo, cada professor é responsável pelo aproveitamento de seu tempo de

hora-atividade, direcionando seu trabalho.

Esse grupo de professores sente alguma dificuldade em ensinar devido a

falta de disciplina e de limites de alguns alunos, o que dificulta a formação do

12

Page 13: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

conceito de responsabilidade com os estudos. Da mesma forma, sentem

dificuldade em avaliar, pois mesmo com tentativas diferentes de avaliação

(trabalhos de pesquisa, análise de filmes, auto-avaliação, produção de textos,

questionamentos orais e escritos, expressões artísticas, jogos e outros, além dos

projetos do Plano de Ação da Escola), buscando a promoção ao invés da

exclusão do aluno, sentem que a aprendizagem algumas vezes não acontece

completamente. Ou seja, hoje a escola não é apenas considerada pelos alunos

como um lugar de aprender, mas é, sobretudo um local de socialização e

convivência com seus iguais. Isso acarreta alguns problemas para a escola, que

enquanto instituição de ensino, possui um Regimento Escolar, que muitas vezes

não é respeitado e menos ainda, seguido pelos alunos.

Em tempos passados, a Avaliação Escolar era feita para verificar se o aluno

memorizava os conteúdos que constavam na grade curricular.

Hoje, a avaliação vem sendo repensada na escola, para que a qualidade do

ensino não fique comprometida.

Segundo a professora Jussara Hoffmann, avaliar num novo paradigma é

dinamizar oportunidades de ação-reflexão, num acompanhamento permanente do

professor e este deve propiciar ao aluno, em seu processo de aprendizagem,

reflexões acerca do mundo, formando seres críticos, libertários e participativos na

construção de verdades formuladas e reformuladas.

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96, de acordo

com o art. 24, inciso V, sobre a avaliação escolar segue-se:

_ uma avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com

prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao

longo do período sobre os de eventuais provas finais;

_ a possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;

_ a possibilidade de avanços nos cursos e nas séries mediante verificação

do aprendizado;

_ o aproveitamento de estudos concluídos com êxito;

_ a obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao

período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados

pelas instituições de ensino e seus regimentos;

13

Page 14: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

A avaliação escolar é um processo pelo qual se observa, se verifica, se

analisa, se interpreta um determinado fenômeno (construção do conhecimento),

situando-o concretamente quanto aos dados relevantes, objetivando uma tomada

de decisões em busca da produção humana.

Segundo o pedagogo Cipriano Carlos Luckesi, avaliar tem basicamente três

passos:

_ Conhecer o nível de desempenho do aluno em forma de constatação da

realidade.

_ Comparar essa informação com aquilo que é considerado importante no

processo educativo (qualificação).

_ Tomar as decisões que possibilitem atingir os resultados esperados.

A avaliação só tem sentido quando é continua, provocando o

desenvolvimento do educando.

Por conseguinte, a avaliação qualitativa deve estar alicerçada na qualidade

do ensino e pode ser feita para avaliar o aluno como um todo no decorrer do ano

letivo, observando a capacidade e o ritmo individual de cada um.

A avaliação permite, por um lado, detectar os avanços e as dificuldades que

o aluno apresenta em relação aos conteúdos com ele trabalhados; por outro,

explica a adequação ou não da prática pedagógica do professor, permitindo seu

direcionamento. Por isso, a avaliação tem um caráter diagnóstico e processual.

Isso significa dizer que é necessário romper com a idéia de que avaliação é

sinônimo de verificação de acertos ou erros ( forma coerente apenas com uma

visão do saber como algo pronto, cristalizado, passível de ser apenas

memorizado e reproduzido acriticamente ). Cabe ao professor estar

permanentemente interpretando as respostas dadas pelo aluno, pois elas revelam

o que e como ele vem pensando, para, a partir daí, interferir. Nessa perspectiva, a

avaliação é entendida como parte integrante do processo de ensino e não como

um momento final de um período de atividades escolares.

Assim, não há como avaliar a turma tendo como referência um aluno-ideal,

segundo o qual todos os demais serão julgados, mas considerar cada aluno em

relação a determinados critérios indicadores de aprendizagem. Por isso, a

avaliação está intrinsecamente articulada com os conteúdos definidos na

Proposta Pedagógica.

14

Page 15: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

A auto-avaliação deve estar presente em todos os momentos da vida, como

ato de julgar o próprio desempenho de alunos e professores. O educador deve se

auto-avaliar, revendo as metodologias utilizadas na sua prática pedagógica. E a

auto-avaliação do aluno deve servir como subsídio para a sua própria avaliação e

para refletir sobre a relação e interação entre educando e educador.

A Recuperação Paralela acontece, primeiramente, através do diagnóstico

das dificuldades de aprendizagem encontradas pelos educandos. Após, há a

retomada dos conteúdos utilizando uma metodologia diferenciada, recursos

didáticos apropriados e novas avaliações orais e/ou escritas das formas já acima

citadas.

A Escola Estadual da Cango conta com quatro Auxiliares de Serviços

Gerais sendo duas merendeiras e duas zeladoras. As primeiras consideram difícil

dar conta de suas funções e atender aos beneficiários do programa Leite das

Crianças, mas ainda assim, são menos prejudicadas que as segundas que,

mesmo com o auxilio das zeladoras da rede municipal, têm dificuldade em limpar

e organizar toda a escola da forma como deveria ser, deixando a desejar,

sobretudo, nas limpezas que exigem mais tempo para serem realizadas.

A Equipe Administrativa é composta por dois funcionários que trabalham na

secretaria e uma bibliotecária.

Apesar dos problemas e contradições enfrentados, a preocupação maior

desta instituição está centrada na melhoria da qualidade de ensino para alunos do

Ensino Fundamental – 5ª a 8ª séries, visando instrumentalizá-los de um

embasamento teórico que possibilite a superação dos problemas sócio-estruturais

existentes, por meio de ações participativas e transformadoras.

Desse modo, desenvolvemos ao longo do ano atividades que promovem a

interação e participação de todos os alunos da escola, pois a mesma, enquanto

local de socialização de conhecimentos, sabe da necessidade que os alunos

sentem em realizar atividades diferenciadas, como a Gincana Estudantil, a Festa

Junina, Festa do Folclore, Festival de Dança, Passeio Ecológico, Projeto de

Leitura e Recital de Poesia, Gincana do Dia do Estudante, Jogos Interséries, Feira

das Ciências, Hinos Brasileiros, dentre outros que surgem ao longo do ano letivo

e que, de formas diversificadas, promovem aprendizagens a toda a comunidade

escolar.

15

Page 16: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

MARCO CONCEITUAL

Trataremos agora de refletir sobre a teoria que adotaremos para atender a

realidade e os problemas educacionais já descritos.

Constitucionalmente temos direito à educação, no entanto não temos

consciência de que a educação que recebemos varia de acordo com nossa classe

social, pois para os liberais, a educação é necessária para o desenvolvimento da

humanidade, mas, de acordo com o economista Adam Smith, esta deve ser

concedida em doses homeopáticas.

Divergindo deste pensamento, apesar de vivermos em um sociedade

capitalista, pensamos que a educação é um direito adquirido, e como tal, deve ser

concedida da mesma maneira para todos, independentemente da classe social,

para que possa possibilitar transformações na sociedade, pois, mesmo não sendo

o único meio de reprodução do status quo, se pensarmos numa educação que o

mantém, estaremos perdendo uma função de extrema importância da escola, que

é a de possibilitar a superação da sociedade atual. (GALANO, 1992)

A educação deve priorizar a formação de um homem capaz de atuar na

sociedade, e se na sociedade tudo gira em torno das relações de trabalho, deve

saber desenvolver um trabalho. Mas, mais do que apertar um parafuso, deve

saber por que o está apertando. Devemos pois, formar um homem para atuar na

sociedade e não para ser manipulado por ela. A isso está atrelado o

conhecimento, pois este deve ser entendido como algo produzido através das

relações sociais mediadas pelo trabalho. Desse modo, a escola deve assumir o

objetivo de ensinar, e, independentemente da classe social, dar acesso a todos os

mesmos conhecimentos, pois para Silva (1992: 128) “é exatamente a suposição

de que um produto uniforme, “escolarização”, está sendo oferecido a todas as

crianças, independentemente de sua classe social, que permite a distribuição

desigual”, vez que, o conhecimento é sempre conhecimento de alguma coisa, é

sempre intencionado, isto é, está sempre dirigido para alguma coisa. Dessa

forma os direitos por nós adquiridos ao nascermos, que aparentemente são todos

iguais, com o tempo vão se tornando diferentes entre as classes sociais, ou seja,

não se constituem em direitos efetivos.

16

Page 17: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

Segundo Silva & Gentili (1996:41), “após o dilúvio neoliberal as nossas

escolas serão muito piores do que já são agora. Não se trata apenas de um

problema de qualidade pedagógica (embora também o seja), serão piores porque

serão mais excludentes”. Não podemos permitir que isso aconteça e a nossa

única “arma” contra o neoliberalismo é a conscientização da massa populacional.

Contudo, para atrelarmos o conscientizar das mentes e o ensinar dos conceitos

científicos, precisamos de um bom suporte teórico, afinal, não buscamos apenas

a escolarização, mas a educação conscientizadora para a transformação. É

apenas pelo ato de conhecer que estaremos em um caminho privilegiado para a

compreensão da realidade, pois é a ação do homem que conhece, que

transforma a realidade.

Se concebemos um conhecimento que não é neutro, temos em sala de aula

um professor que também é um ser político e social, que tem sua presença

garantida e extremamente necessária na sala de aula. Ele é aquele que participa

das atividades como o detentor do conhecimento e o método de gerar a

aprendizagem dirigindo o processo (SAVIANI, 2004).

Para Vygotsky (1988), a boa aprendizagem escolar é aquela que se

antecipa ao desenvolvimento da criança / jovem, mesmo que a aprendizagem da

criança comece muito antes da aprendizagem escolar. Desse modo, o professor

deve valorizar o conhecimento sincrético do aluno, mas levá-lo a pesquisar e

reelaborar esse saber ao ponto de torná-lo um saber cientifico, superando o

conhecimento inicial. Segundo Saviani (2002: 69), é preciso desenvolver uma

pedagogia articulada com os interesses populares, que valorizará a escola e que

... não será indiferente ao que ocorre em seu interior; estará empenhada em que a escola funcione bem; portanto, estará interessada em métodos de ensino eficazes. Serão métodos que estimularão a atividade iniciativa dos alunos, sem abrir mão, porém, da iniciativa do professor; favorecerão o dialogo dos alunos entre si e com o professor, mas sem deixar de valorizar o dialogo com a cultura acumulada historicamente; levarão em conta os interesses dos alunos, os ritmos de aprendizagem e o desenvolvimento psicológico, mas sem perder de vista a sistematização lógica dos conhecimentos, sua ordenação e gradação para efeitos do processo de transmissão-assimilação dos conteúdos cognitivos.

Neste modelo pedagógico, há a vinculação entre educação e sociedade,

professor e alunos serão tomados como agentes sociais, seres ativos que

produzem saberes e que transformam sua realidade social.

17

Page 18: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

Para efetivar-se na pratica, Saviani (2002) propõe uma metodologia para

esse modelo pedagógico elaborado por ele. Assim, a aula consistirá em cinco

momentos: o ponto de partida é a prática social, lugar comum entre professor e

alunos, mesmo ocupando lugares distintos na sociedade. O segundo passo, é a

apresentação de novos conhecimentos por parte do professor e a detecção de

problemas da pratica social que podem ser resolvidos à luz desse novo

conhecimento, ou seja, é a problematização. O terceiro passo trata da

apropriação dos instrumentos teóricos e práticos necessários ao equacionamento

dos problemas detectados na pratica social, é a instrumentalização. Ao quarto

ponto, Saviani chama de catarse, que seria a incorporação dos instrumentos

culturais como elementos para a transformação social. E o quinto ponto é o

retorno desse conhecimento reelaborado para a pratica social.

Dado este modelo de pedagogia, temos de abordar quatro aspectos

importantes de serem revistos para sua efetivação, objetivando a formação de um

indivíduo crítico e atuante na sociedade: o professor, o aluno, a avaliação e o

conselho de classe.

Tomando a importância da figura do professor no processo de ensino e

aprendizagem, exposto por Saviani na pedagogia histórico-crítica, precisamos

elaborar mecanismos de efetivar-se um processo de formação continuada a este

profissional, já garantida pela LDB em seu Art. 67, Inc. II, bem como para os

demais profissionais em educação, para que possam estar constantemente em

contato com novos conhecimentos que resultarão na melhoria da qualidade no

processo de ensino e aprendizagem.

Na proposta da pedagogia histórico-crítica, concebe-se um aluno pré-

disposto a aprender, diferente de alguns que temos em nossas escolas, o qual

descrevemos anteriormente. Revelando-se novamente a importância de um

professor bem articulado com o contexto social que o cerca, para poder

desenvolver em seus alunos o desejo de aprender.

A avaliação que temos atualmente é seletiva, a nota está voltada, assim

como a sociedade capitalista, para o mérito dos melhores e a exclusão dos que

não se saem bem, ou seja, tem um fim em si mesma. Segundo Perrenoud (1999).

18

Page 19: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

A nota é uma mensagem que não diz de inicio ao aluno o que ele sabe, mas o que lhe pode acontecer “se continuar assim até o final do ano”. Mensagem tranquilizadora para uns e inquietante para outros, que visa também aos pais com a demanda implícita ou explicita de intervir “antes que seja tarde demais”.

No entanto, diante do método da pedagogia histórico-crítica, temos que nos

atentar para o fato de que um conhecimento deve ser aplicado na prática social, o

que impede uma avaliação imediata. Como avaliar então?

Precisamos de um instrumento de avaliação que esteja a serviço das

aprendizagens, que seja um “instrumento privilegiado de uma regulação contínua

das intervenções e das situações didáticas” (Idem: 14), tanto para avaliar os

alunos como para avaliar a pratica dos professores, tornando a avaliação não

apenas um amontoado de notas mas o início de um processo de auto-reflexão.

Mas ainda surgem dúvidas. Como efetivar essa avaliação prognóstica em salas

de aula com mais de trinta alunos? Como avaliar amplamente, considerando os

avanços e retrocessos de cada aluno se muitas vezes, cada professor possui

mais de 300 alunos distribuídos por várias escolas de diferentes contextos e mal

sabe o nome de cada um? Como avaliar nesse modelo, que exige mais tempo do

que o normal, se existe um sistema estruturado verticalmente que exige notas ou

pareceres bimestrais, trimestrais ou semestrais? E ainda, como avaliar a si

mesmo com uma avaliação direcionada ao outro?

O problema da avaliação abre espaço para outro importante elemento

avaliativo e de julgamento: o Conselho de Classe. Segundo Dalben (2004: 63),

durante o conselho de classe se coloca uma questão paradoxal: “os profissionais

não admitem ser avaliados em seu trabalho. Eles avaliam os alunos e seus pares,

mas o processo de avaliação nunca é direcionado para quem avaliou”.

No entanto, antes de ser um espaço de agressão pessoal ou "ditação" de

notas, o Conselho de Classe deve ser um espaço garantido para a elaboração de

objetivos comuns a serem alcançados, um local para se explicitarem as

diferenças entre as posturas, clarearem os conflitos e articularem em ações de

modo que não se perca de vista a riqueza da divergência e da diferença, para a

proposição de projetos originais e concretos em beneficio dos alunos. (Idem)

Se pretendemos com a educação a transformação do homem e da

sociedade, temos de encará-la com um cunho político e uma intencionalidade

19

Page 20: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

explicita, do mesmo modo que devemos utilizarmo-nos de elementos escolares

como o Conselho de Classe, o Conselho Escolar e a APMF a nosso favor, como

“armas” numa luta em prol de uma eqüidade econômica e social, apesar da

diversidade cultural.

A própria LDB, em seu Art. 15, declara que “os sistemas de ensino

assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram

progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão

financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público”. Assim, as

instâncias colegiadas da escola devem ter suas funções revitalizadas para

atingirem objetivos específicos, determinados coletivamente mediante intervenção

de uma direção atuante e democrática.

MARCO OPERACIONAL

Para que se consiga resolver alguns problemas internos da escola, mas

que causados devido a um modelo sócio-estrutural, precisamos de uma teoria

consistente que realmente seja o suporte para uma prática eficaz, uma teoria que

considere a escola inserida num contexto social mais amplo, e por isso

reciprocamente dependente dele, ou seja, da mesma forma que a sociedade

influencia em questões escolares, a escola, munida da possibilidade de

instrumentalização dos jovens através do conhecimento, pode também,

influenciar na transformação da sociedade.

Adotaremos então, a filosofia da praxis.

A filosofia da praxis, requer antes de tudo, o executar uma atividade

pensada para um determinado fim. Consideremos pois, que nem toda atividade

pode ser considerada uma praxis, uma vez que

a atividade mostra, nas relações entre as partes e o todo, os traços de uma totalidade concreta. Vários atos desarticulados ou justapostos casualmente não permitem que se fale em atividade; é preciso que os atos singulares se articulem ou estruturem, como elementos de um todo, ou de um processo total, que culmina na modificação da matéria-prima. (VÁZQUÉZ, 1997: 186)

20

Page 21: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

A matéria-prima da escola é a formação do aluno. Se desejamos formar

alunos críticos, preocupados com a coletividade, participativos e transformadores,

temos de ter uma praxis, ou seja, uma ação conjunta, articulada e estruturada

para este fim, de todos as partes da escola, pais, alunos, funcionários,

professores, direção e equipe pedagógica.

Primeiramente precisamos atentar para o retorno gradativo da participação

dos pais no processo de ensino e aprendizagem de seus filhos, resgatando ou

desenvolvendo o conhecimento necessário para auxiliarem o trabalho

desenvolvido pela escola através de palestras e reuniões que se desenvolverão

de acordo com as atividades elaboradas para o Plano de Ação da escola.

Concomitante à vinda dos pais para a escola, precisamos reestruturar e ter

mais atuantes as instâncias colegiadas da escola, disponibilizando para que ajam

em conjunto com a Direção na solução de problemas que dizem respeito ao bom

andamento da escola como um todo. Para isso, pretende-se fazer reuniões no

decorrer do ano com os membros dessas instâncias, nas quais abordaremos suas

funções e questões pertinentes e como poderão contribuir para a melhoria do

todo da escola.

É visto que tentar essa aproximação é difícil, considerando a sociedade e

as relações de produção tal como consideramos anteriormente: visando

acumulação de capital e o trabalho alienado, pois os pais, quando estão fora do

trabalho, querem descansar e não têm, na maioria das vezes, preocupação com

estes aspectos “socioculturais” que interferem na formação escolar de seus filhos,

mas que muitas vezes podem ser resolvidos coletivamente pelos interessados,

desde que estes se reúnam para debater os problemas.

Outro elemento importante para a formação de um indivíduo politicamente

atuante é a constituição de um Grêmio Estudantil, que é o olhar dos alunos para a

luta na conquista de direitos, bem como sua organização e mobilização em prol

disso desde os últimos anos do ensino fundamental e não apenas no ensino

médio, pois desde sempre, o conhecimento por si só não transforma a realidade.

É preciso a ação dos homens, que conscientemente devem ir em busca de seus

direitos.

Para isso, serão seguidas as normas já previstas para a formação de

Grêmios Estudantis, ou seja, democraticamente. Serão constituídas assembléias

21

Page 22: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

de onde serão escolhidas as chapas a serem votadas pelos seus pares. Da

mesma forma, será disponibilizado espaço para atuação deste colegiado, que

vem atuar em benefício dos alunos.

Se educar é uma ação intencional, o professor, munido de conhecimentos

adquiridos ao longo de sua formação e experiência, deve ter um bom

planejamento de suas aulas, para atingir efetivamente um objetivo pré-

determinado em seu Plano de Trabalho Docente, de modo que realmente ocorra

o processo de ensino e aprendizagem. Sabemos que, ser professor exige muito

mais tempo do que o que dispomos na escola. Precisamos estudar

continuamente para dar conta de ensinar aos nossos alunos aquilo que lhes é

importante, uma vez que o conhecimento não é estável e único, é dinâmico e

diverso, por isso, precisamos de suporte teórico para podermos discernir entre o

conhecimento útil (que atende a um determinado fim, estabelecido socialmente) e

o conhecimento verdadeiro e necessário. (VÁZQUÉZ, 1997)

No que se refere aos professores, elemento principal da proposta

pedagógica que nos propomos a desenvolver, é necessário estimular e organizar

momentos de estudo e de reflexão, pois da mesma forma que pais e filhos

receberão palestras para melhor entenderem e atuarem sobre a educação, os

professores devem ter possibilidade de acesso a conhecimentos que lhe

permitam pensar e agir coerentemente no desenvolver de sua prática pedagógica.

Desse modo, pretende-se disponibilizar momentos de estudo para os

professores durante a hora-atividade, para que tenham um período de estudo e

capacitação além dos disponibilizados e direcionados pela Secretaria de

Educação, do mesmo modo que possam estar constantemente revendo

coletivamente variados aspectos do processo de ensino e aprendizagem no

interior da escola. Da mesma forma serão direcionadas as capacitações também

aos funcionários da escola.

A intervenção pedagógica avaliativa ocorre no sentido de provocar

desequilíbrio que leve a novas interações e buscas. E, neste momento, o

processo de avaliação requer observações, registros e análises sistemáticas do

processo de elaboração do conhecimento pelo aluno. É preciso registrar seu

crescimento e desenvolvimento no que se refere à autonomia intelectual, à

criatividade, à capacidade de organização e à participação, condições de

22

Page 23: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

elaboração e generalização, relacionando o coletivo, comunicação e outros

critérios que o professor julga serem necessários e pertinentes na fase de

desenvolvimento e maturidade em que se encontra o educando.

Sendo assim, o corpo docente da presente escola propõe-se a utilizar

metodologias variadas onde seja considerado, principalmente, a produção oral e

escrita de cada educando. Propõe-se, também a manter sempre o diálogo,

buscando respostas para questões relativas aos alunos e articulando idéias e

debates das propostas e práticas pedagógicas sugeridas pela Secretaria de

Estado da Educação e adequadas a cada turma/série. Pois entende-se que

assim, a aprendizagem de fato, acontecerá.

Entende-se que, quando a maioria dos alunos não consegue boas notas

nas avaliações, o professor irá rever seu trabalho, fará sua auto-avaliação.

Neste sentido propõe-se uma reelaboração nos encaminhamentos do

Conselho de Classe, da seguinte maneira: primeiramente, através de documento

escrito, a realização pelos professores ( individualmente ), do Pré-Conselho de

Classe em forma de questionamentos relacionados ao ensino e à aprendizagem

dos alunos ( por turma e por aluno ). Após, a análise dos relatórios pela equipe

pedagógica e a síntese dos resultados, segue-se o Conselho de Classe, com a

participação dos professores, pedagoga, direção e alunos representantes de

turma, onde acontece, primeiramente a discussão dos problemas levantados ( por

turma ) e as sugestões de soluções, e a avaliação individual dos alunos de forma

verbal pelos professores e registros escritos feitos em Ata específica. Em seguida,

e concomitante ao relato avaliativo. são discutidas e elaboradas formas de

intervenção que serão efetivadas diretamente aos alunos, na maioria das vezes

com a participação e o apoio dos pais comparecendo à escola e tomando ciência

das resoluções e outras, através de conversa ( aconselhamento ) pela direção ou

equipe pedagógica.

Outra parte importante do processo de ensino e aprendizagem é a

Recuperação Paralela, que além de apresentar-se como direito do aluno no

Regimento Escolar, é imprescindível a sua realização sempre que os alunos não

tenham se apropriado dos conteúdos, ou de parte deles.

O Corpo Docente propõe-se que a Recuperação Paralela se efetive

utilizando metodologias diversificadas e critérios como: produção de textos de

23

Page 24: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

diferentes gêneros, ilustração dos mesmos, debates, dramatização e

apresentação de conteúdos de forma mais dinâmica, utilização de recursos

audiovisuais, diagnóstico e acompanhamento/atendimento aos alunos que

necessitam de Adaptação Curricular para que ela se efetive realmente no dia-a-

dia escolar.

Os valores de notas atribuídos às recuperações paralelas substituirão as

menores notas de avaliações do trimestre. É vedada a recuperação apenas no

final do trimestre, pois ela deve ser sempre paralela aos conteúdos não

apreendidos.

Quanto à Adaptação Curricular, ela acontece de forma à atender as

necessidades educacionais dos alunos, uma vez que faz parte da tarefa de

ensinar procurar as estratégias que melhor respondam às características dos

mesmos. É realizada sempre que necessário e com o efetivo registro em

documento próprio pré-elaborado ( modelo ), sendo este através de ficha

individual para cada aluno que necessitar de adaptação.

Saber se o conhecimento que pensamos ter ensinado foi realmente

apreendido por nossos alunos requer um modelo complexo de avaliação de suas

atividades sociais, pois enquanto está na escola, o aluno fica sujeito a uma nota

que pode ser revista ao longo dos estudos. Já na sociedade, ele está sujeito a um

conceito e julgamento que muitas vezes é imparcial e definitivo. Mas é através da

forma de atuação de nossos alunos socialmente, na continuidade, ou não, de

seus estudos, que teremos uma possibilidade de resposta para uma questão

fundamental, que trata sobre a escola realizar efetivamente sua função e atingir,

ou não, o seu objetivo, que é promover o aprendizado de um conhecimento que

modifique as estruturas sociais atuais.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

24

Page 25: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho. São Paulo: Cortez, 1999.

BRASIL, Lei n.º 9.394 – Estabelece as diretrizes e bases da educação

nacional. Ministério da Educação, 20 de dezembro de 1996.

DALBEN, Angela I. L. de Freitas. Conselhos de Classe e avaliação:

perspectivas na gestão pedagógica da escola. Campinas, SP: Papirus, 2004:

55-68.

FERRARO, Alceu Ravanello. Neoliberalismo e Políticas Sociais: um pé em

Malthus, outro em Spencer. In: Revista Universidade Sociedade. Brasília (DF):

v. 09, n. 20, set/dez. 1999, p. 21-33.

FREIRE, 2003.

GALANO, Luna. Gramsci e a escola. São Paulo: Ática, 1992.

MARTINS, José de Souza. A sociedade vista do abismo: novos estudos

sobre exclusão, pobreza e classes sociais. Petrópolis/RJ: Vozes, 2002.

PASQUATTO, Jô. Pesquisa mostra aumento do índice de exclusão social no

Brasil. Disponível em:

http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2003/mai/20/157.htm. Acesso em:

27 set. 2004.

PEDEX – Programa Educativo Divida Externa. O Neoliberalismo ou o

mecanismo para fabricar mais pobres entre os pobres. 3. ed. São Paulo,

março, 1995.

PERRENOUD, P. Avaliação: da excelência a regulação de aprendizagens –

entre duas lógicas. Trad. Patrícia C. Ramos. Porto Alegre: Artes Medicas Sul,

1999: 09-23

POCHMANN, Marcio; AMORIM, Ricardo (organizadores). Atlas da Exclusão

Social no Brasil. Cortez, 2003.

REIS, Edmerson dos Santos. Projeto Político Pedagógico: moda, exigência ou

tomada de consciência?. In.: BELLO, José Luiz de Paiva. Pedagogia em Foco.

Rio de Janeiro, 2001.

SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. 35. ed. revista. Campinas, SP:

Autores Associados, 2002.

25

Page 26: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

______. Conferência de abertura do III Congresso Internacional de Francisco

Beltrão, no Paraná, em 9 de setembro de 2004.

SILVA, Tomaz Tadeu da e GENTILI, Pablo (Orgs.) Escola S.A. Quem ganha e

quem perde no mercado educacional do neoliberalismo. CNTE, 1996

____,Tomaz Tadeu da. O que produz e o que reproduz a educação. Porto

Alegre: Artes Médicas, 1992

VÁZQUÉZ, Adolfo Sánchez . Filosofia da Praxis. 2 ed. Rio de Janeiro: Paz e

Terra, 1997.

VIGOTSKI, L. S., Linguagem, desenvolvimento e linguagem.1988.

26

Page 27: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

AVALIAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

Na data de 30 ( trinta ) de julho de 2008 ( dois mil e oito ) na Escola

Estadual da Cango, com a presença da diretora Sandra Regina Gonçalves, da

pedagoga Magda Inês Brito Lustosa Baptista, dos funcionários Eloir S. De Lima,

Iraci Cataneo, Carmelina D. Migon, Antonio Ap. Rodrigues da Silva, Claudia

Schwaab da Silva e Clarete de F. Camera e dos professores Aline da S. Turmann,

Elenice M. Mackowiak, ester R. S. Fiorese, Ilda Schimitz, Ivanilda Bernardon,

Ivone Donatti, Joceli M. Zandonai, Josiany Furlan,Marcelo A. Kalsing, Maria

Irenilda de S. Rannuci, Marinez C. Soares, Marli Maffi, Marta M. S. Beal, foi

realizada a avaliação do Projeto Político-Pedagógico, sendo analisada a

coerência e a concordância com a realidade da comunidade escolar.

Em relação aos objetivos do Projeto, percebe-se que está de acordo, uma

vez que a escola procura trabalhar sempre no sentido do resgate da sua

verdadeira função que é o conhecimento, capaz de levar os indivíduos das mais

diferentes classes sociais, a uma condição de esclarecimento de seus direitos e

deveres e que possibilite aos mesmos serem atuantes e transformadores da

sociedade em que vivem.

Quanto ao Marco Situacional, nota-se que consta no Projeto a descrição

real da sociedade onde vivemos: global, regional e local, pois há várias citações

de autores renomados que esclarecem a situação vigente da nossa realidade.

Sobre os projetos e órgãos colegiados da escola, os textos estão bem

esclarecedores e de fácil entendimento a qualquer pessoa da comunidade escolar

que queira ter acesso ao documento e lê-lo na íntegra.

Também no que discorre sobre o corpo docente e discente está de pleno

acordo com a realidade, o “ chão “ da escola, quando afirma que as decisões que

envolvem a totalidade da escola são sempre tomadas no coletivo e assumidas

também na coletividade.

Ainda no texto do Marco Situacional, há um espaço amplo reservado à

avaliação escolar, onde são apontadas várias fontes ( autores ) que esclarecem e

reforçam que a avaliação deve ser levada muito a sério e as múltiplas formas de

se avaliar os alunos para que seja um processo justo e educativo.

27

Page 28: APRESENTAÇÃO - ESCOLA ESTADUAL DA CANGO - EF · numerosas, pertencentes à classe trabalhadora e residentes no próprio bairro. O nível de instrução das mesmas, de um modo geral,

No Marco Conceitual, que trata principalmente, da proposta pedagógica

incorporada pela escola que é a Pedagogia Histórico-Crítica, de Vygotsky, nota-se

ainda, uma certa insegurança na opinião de alguns professores por julgarem uma

metodologia de difícil aplicabilidade nas turmas de alunos concretos que se tem

hoje nas salas de aula, principalmente pela indisciplina e falta de motivação para

os estudos pelos alunos e professores também. Mas concordam quando a

proposta afirma que o principal da escola é ensinar o conhecimento científico e

que este seja útil de alguma maneira em algum tempo na vida dos alunos.

Quanto ao Marco Operacional, a avaliação é positiva quando todos da

escola declaram trabalhar coletivamente nas propostas elaboradas e

concretizadas no âmbito escolar, para a melhoria do ensino e da aprendizagem

e, conseqüentemente, dos resultados de aprovação e reprovação de alunos.

Acrescentou-se, no Marco Operacional, texto que se refere à Adaptação

Curricular por ser assunto consideravelmente novo a ser exigido efetivamente nas

escolas e a ser realizado pelos professores em sala de aula.

Todos concordam e aprovam no que se refere a uma maior aproximação da

escola com os pais ( famílias ) dos alunos, buscando um maior comprometimento

dos mesmos em relação à vida escolar de seus filhos.

Também quando se fala em tornar mais atuantes as instâncias colegiadas

da escola, todos avaliam como muito positivo.

Quanto às mudanças/melhorias/avanços nos encaminhamentos dos

Conselhos de Classe ainda há certa resistência por alguns docentes quando se

trata da participação dos alunos nos Conselhos, mas a maioria dos professores

acha positivo e afirmam que é necessário e favorece o amadurecimento de todos

os envolvidos no processo.

Sendo assim, o PPP será avaliado e alterado sempre que houver

necessidade e/ou de acordo com instruções da SEED.

28