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3
APRESENTAÇÃO
O atendimento educacional oferecido pela Sala de Recursos, vem de
encontro às necessidades do ensino regular, visando facilitar o processo de ensino-
aprendizagem do portador de necessidades especiais, que apresentam em sua
maioria, dificuldades em reter a atenção em atividades longas e também nas que
envolvem memória, raciocínio e socialização.
Dessa forma, a ação pedagógica desenvolvida em Sala de Recursos precisa estar
subsidiada por uma metodologia específica e diversificada para a apropriação do
conhecimento, integrando-o ao seu contexto social. Para isso, o professor precisa
estar constantemente refletindo sobre as possibilidades de implementar a prática
pedagógica com o objetivo de proporcionar avanços no processo de ensinar e de
aprender.
O professor precisa compreender, então, que a utilização da tecnologia
computacional representa uma ferramenta capaz de proporcionar tanto o
desenvolvimento cognitivo como a elevação da autoestima e motivação desses
alunos, que ao perceberem que são capazes de utilizar o computador com sucesso,
sentem-se mais animados para participarem de novas atividades.
Dentro dessa perspectiva é preciso se perguntar como a escola poderá
integrar a tecnologia computacional e outros objetos de aprendizagem de maneira a
colaborar para o processo de ensino e aprendizagem na Sala de Recursos? Como
auxiliar o professor na utilização desta tecnologia numa perspectiva reflexiva e
significativa?
Para isso, a escola precisa tornar-se mobilizadora de transformações e o
professor assumir uma nova atitude diante do conhecimento e da aprendizagem.
Valente (2000), diante deste problema assim se expressa:
A mudança da função do computador como meio educacional acontece juntamente com um questionamento da função da escola e do papel do professor. A verdadeira função do aparato educacional não deve ser a de ensinar, mas sim a de criar condições de aprendizagem. Isso significa que o professor precisa deixar de ser o repassador de conhecimento – o computador pode fazer isso e o faz muito mais eficientemente do que o professor – e passar a ser o criador de ambientes de aprendizagem e facilitador do processo de desenvolvimento intelectual do aluno. (VALENTE, 2000, p. 15-16)
4
Diante do exposto, é importante que se busque uma escola e um professor
reflexivo, que pensa sobre sua própria ação educativa, a fim de identificar lacunas e,
a partir delas, repensar o seu fazer docente. É preciso criar condições para que o
professor saiba contextualizar o aprendizado e a experiência vivida em sua
formação para a realidade da sala de aula, compatibilizando as necessidades dos
alunos e os objetivos que pretende atingir.
Nesse sentido, a utilização das tecnologias tem possibilitado um repensar
sobre o processo de ensino, tornando-as objeto de análise e discussão como
desencadeador de propostas que busquem viabilizar a aprendizagem.
A formação do professor, portanto, envolve muito mais do que provê-lo com
conhecimentos técnicos sobre computadores. Ela deve criar condições para que ele
possa construir conhecimento sobre os aspectos computacionais e compreender as
perspectivas educacionais subjacentes às diferentes aplicações do computador e
entender por que e como integrar o computador na sua prática pedagógica de forma
a atender às características e às necessidades educativas dos alunos, respondendo
assim, à tarefa de ensinar, promovendo o estabelecimento de uma aprendizagem
significativa.
Este Caderno Pedagógico foi elaborado com o objetivo de aprofundar o
estudo teórico/metodológico sobre a utilização das tecnologias nas Salas de
Recursos, subsidiando a elaboração de propostas para o uso dessas tecnologias,
especificamente dos jogos educativos computacionais, como facilitador do processo
de ensino e aprendizagem dos alunos com necessidades especiais de forma
prazerosa, interessante e desafiadora.
5
UNIDADE I
DIALOGANDO COM OS PROFESSORES
SOBRE A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
6
O movimento mundial pela educação inclusiva é uma ação política,
cultural, social e pedagógica, desencadeada em defesa do direito
de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo e participando,
sem nenhum tipo de discriminação. Mas, na prática será que esse
princípio vem sendo respeitado pelas escolas? Por que ainda
existe resistência por parte de alguns profissionais da educação?
Quais desafios precisam ser superados? É sobre essas
indagações que refletiremos a seguir.
A EDUCAÇÃO NUMA PERSPECTIVA INCLUSIVA
A educação tem como compromisso o aprimoramento da pessoa humana em
todas as suas dimensões: sentimentos, desejos, dificuldades pessoais, os conceitos
e preconceitos que povoam o íntimo de cada um. Sendo assim, a educação deve
ser, por princípio, liberal, democrática e não doutrinária. Dentro desta concepção o
educando é, acima de tudo, digno de respeito e do direito à educação de melhor
qualidade.
A principal preocupação da educação, desta forma, deve ser o
desenvolvimento integral do homem e a sua preparação para uma vida produtiva na
sociedade, fundada no equilíbrio entre os interesses individuais e as regras de vida
nos grupos sociais.
A Educação Especial, que obedece aos mesmos princípios da Educação
Básica, deve se iniciar no momento em que se identificam atrasos ou alterações no
desenvolvimento global da criança, e continuar ao longo de sua vida, valorizando
suas potencialidades, lhe oferecendo todos os meios para desenvolvê-las ao
máximo e seguindo os mesmos ideais democráticos de igualdade, liberdade e
respeito à dignidade.
7
Nesse contexto, a tendência atual é que o trabalho da Educação Especial
garanta a todos os alunos com deficiência ou com dificuldade de aprendizagem o
acesso à escolaridade, removendo barreiras que impedem a freqüência desses
alunos às classes comuns do ensino regular. Assim sendo, a Educação Especial
começa a ser entendida como modalidade que perpassa como complemento ou
suplemento, todas as etapas e níveis de ensino.
Para que o atendimento a todos os alunos efetivamente aconteça, o trabalho
deve ser pensado e constituído por um conjunto de recursos educacionais e de
estratégias de apoio colocados à disposição dos alunos com dificuldades de
aprendizagem ou com deficiência, proporcionando-lhes diferentes alternativas de
atendimento, de acordo com as necessidades de cada um.
Esta tendência contemporânea é chamada de Educação Inclusiva, uma vez
que o portador de necessidades especiais é inserido em classes regulares de
ensino, sendo tão digno e merecedor da educação como qualquer outra pessoa.
Segundo Stobaus e Mosquera (2003, p. 36):
O princípio fundamental da educação inclusiva é a valorização da diversidade e da comunidade humana. Quando a educação inclusiva é totalmente abraçada, nós abandonamos a ideia de que as crianças devem se tornar normais para contribuir para o mundo.
A meta da inclusão escolar é transformar as escolas, de modo que se tornem
espaços de formação e de ensino de qualidade para todos os alunos. A proposta
inclusiva nas escolas é ampla e abrangente, atendendo-se as peculiaridades de
cada aluno.
Para que as escolas sejam verdadeiramente inclusivas, ou seja, abertas à
diversidade, há que se reverter o modo de pensar e de fazer educação nas salas de
aula, de planejar e de avaliar o ensino e de formar e aperfeiçoar o professor,
especialmente os que atuam no ensino fundamental.
Entre outras inovações, a inclusão implica também a fusão do ensino regular
com o especial e em opções alternativas/aumentativas da qualidade de ensino para
os aprendizes em geral.
8
As escolas apresentam resistência à inclusão, no sentido pleno e total, que
engloba todos os alunos, sem exceção, entre os quais os que são ou estão mais
severamente prejudicados. Mas há muitas que já estão aderindo à idéia,
modificando seus procedimentos, porque é justo e desejável agir assim.
Estas propostas rompem com as práticas escolares dominantes e apontam
para a necessidade do processo ensino-aprendizagem.
Ser banhado na riqueza, na subjetividade, nas diferenças e no dinamismo das transformações que ocorrem na vida, dentro e fora das escolas, quando entendemos que o conhecimento é produzido no calcado do cotidiano e inventado no encontro dos saberes e doas fazeres dos que o
constroem, com suas mãos e com suas mentes. TOURAINE (1991, p.81).
Para Kunc (1995, p.32), a educação inclusiva é boa para todos, ou seja,
a educação inclusiva representa um passo muito concreto e manejável que pode ser dado em nossos sistemas escolares para assegurar que todos os estudantes comecem a aprender que o pertencer é um direito não um
status privilegiado que deve ser conquistado.
O programa da ONU na área das deficiências severas aponta os benefícios
da educação inclusiva para todos os estudantes, sejam aqueles portadores de
deficiências, sejam aqueles sem deficiência.
Para os estudantes com deficiência, o programa compreende:
ter acesso a uma gama mais ampla de modelos de papel social, atividades de
aprendizagem e redes sociais;
desenvolver em escala crescente, o conforto, a confiança e a compreensão
da diversidade individual deles e de outras pessoas;
demonstrar crescente responsabilidade e crescente aprendizagem através
do ensino entre alunos;
estar mais bem preparado para a vida adulta em uma sociedade diversificada
através da educação em salas de aula diversificadas;
receber apoio instrucional adicional da parte do pessoal da educação comum;
beneficiar-se da aprendizagem sob condições institucionais diversificadas.
E para os alunos sem deficiência, visa:
desenvolver a apreciação pela diversidade individual;
9
adquirir experiência direta com variação natural das capacidades humanas;
demonstrar crescente responsabilidade e melhora na aprendizagem através
do ensino entre alunos;
estarem preparados para a vida adulta em uma sociedade diversificada
através da educação em salas de aula diversificadas;
freqüentemente são desenvolvias experiências, apoio acadêmico adicional da
parte do pessoal de educação especial;
participar como aprendizes sob condições instrucionais diversificadas
(aprendizado cooperativo, uso de tecnologia baseado em centros de
aprendizagem, etc).
O principal ponto da pedagogia de inclusão é que todos os indivíduos
podem aprender uma vez que os professores identifiquem o quê estes indivíduos
sabem, planejem em torno deste prévio conhecimento, e conheçam o estilo de
aprender e as necessidades individuais dos alunos. Todos os alunos podem se
beneficiar das metodologias de inclusão e todos podem descobrir juntos que existem
diferentes ingredientes para diferentes bolos. Escolas devem se tornar um lugar de
aprendizagem para todos.
REFLETINDO SOBRE A LEGISLAÇÃO ATUAL
A proposta de inclusão educacional vem encontrando, cada vez mais,
documentos que a regulamentam.
A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988, elege
como um dos princípios para o ensino, a “igualdade de condição de acesso e
permanência na escola” (art, 206, inc. I), acrescentando que o “dever do Estado com
a educação será efetivado mediante a garantia de atendimento educacional
especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular (art.
208, III), e de acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação
artística, segundo a capacidade de cada um”. (art. 208, V).
10
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – n. 9.394/96 dedica
seu capítulo V à Educação Especial, definindo que “entende-se por educação
especial (...) a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na
rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais” (art.
58), estabelecendo que “haverá, quando necessário, serviços de apoio
especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de
educação especial” (art. 58, inciso 1º).
A Resolução CNE/CBE nº. 02/2001, representa um avanço na perspectiva da
universalização do ensino e um marco à diversidade na educação brasileira, pois
ratifica a obrigatoriedade da matrícula de todos os alunos e assim declara:
... Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo as escolas organizarem-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. (FERNANDES, 2007, p. 33).
As Diretrizes Estaduais para criação de Escolas Inclusivas no Paraná, citado
por Fernandes (2007) propõem o programa de apoio especializado em Sala de
Recursos, bem como outros programas de apoio, entendendo ser uma necessidade
na perspectiva de atendimento à diversidade. Isso representa que a educação
especial pode ser oferecida na forma de recursos e serviços de apoio
especializados, contribuindo com o trabalho do professor da classe comum e com a
aquisição da aprendizagem dos alunos.
A ESCOLA ESTÁ ADAPTADA?
Com todo o respaldo oferecido por tantas Leis, Decretos, Portarias e
Resoluções, seria lógico pensar que há o cumprimento das mesmas. Mas será isso
mesmo que está acontecendo realmente?
Enquanto teoria concorda-se totalmente com as disposições feitas sobre as
adaptações, as mudanças que a escola deveria estar fazendo, a capacitação dos
profissionais que irão atuar junto do aluno. Porém, ao se observar como está sendo
11
aplicada toda a teoria, a satisfação em ver direitos sendo reconhecidos dá lugar à
preocupação e ao receio pelos alunos, pois a inclusão conforme se vem observando
tem sido nada mais do que deixar o aluno com necessidades educacionais especiais
ocupando um lugar junto a uma classe regular. Os conceitos estão sendo invertidos
e está sendo feita uma inclusão excludente, à medida que os alunos apenas habitam
um novo local, não sendo reconhecidos como alunos e sujeitos capazes.
Ao observar-se a realidade de um aluno com necessidades educacionais
especiais que está “incluído” em uma classe de ensino regular, o que é mais comum
de se observar é que a escola, ou os professores e a direção da escola, não tem
acesso ou mesmo não sabem da existência das leis que amparam o educando que
necessita de cuidados especiais em sua educação.
Torna-se difícil estabelecer um limite entre o desinteresse pelo assunto e a
pouca divulgação ou o fraco conhecimento que a população em geral e mesmo os
docentes têm acerca da Educação Especial e das reais necessidades de sua
clientela. Sabe-se que não se pode recusar a matrícula destes alunos, mas as
adaptações que cabem à instituição são ignoradas.
Por um lado, há o sentimento de revolta com a maneira que a inclusão dos
alunos com necessidades educacionais vem sendo feita, deixando os alunos
totalmente alienados e simplesmente preenchendo um lugar na classe regular, sem
que ocorra a aprendizagem.
O foco está sempre na deficiência, no “não pode”, “não consegue”, “não
aprende”. Ainda não é real a perspectiva das possibilidades e capacidades. As
limitações do aluno são enfatizadas, seus fracassos sempre lembrados. Já seus
progressos, estes são subestimados por serem considerados insignificantes ao se
comparar com os de outros alunos e suas capacidades não são estimuladas, e
assim cria-se o círculo vicioso que parece condenar esse aluno à marginalização:
dificuldade – negligência – fracasso - reforço do fracasso:
(...) colocar na criança a marca da incompetência (...) passa a ser natural e esse aluno que causa a mínima estranheza no professor mediante a sua aprendizagem é identificado como inapto. E isso se reproduz em toda a sociedade pela dificuldade em aceitar e lidar com as diferenças (...) É o aluno que não aprende, ele é o desinteressado (...) O “problema” é e está no aluno (...). (COCARO apud KIRBE E GALLAGHER, 1996, p.31)
12
De outro lado, tenta-se compreender a situação, uma vez que a escola só fica
sabendo que vai ter que aceitar esse alunado, mas não recebe preparação alguma
para fazê-lo da forma correta. As Leis são sancionadas, aprovadas e só se sabe que
devem ser cumpridas: a maneira de fazer isso fica nas entrelinhas, ou nem isso, e
então a teoria é aplicada baseada no “achismo”: uma determinada escola acha que
funciona da maneira A, outra entende que deve ser aplicada da maneira B. Não
havendo um suporte que indique o caminho correto a seguir nos termos da inclusão,
torna-se penoso também para a escola que ela seja efetivamente feita.
Uma situação que agrava ainda mais esse quadro é a falta de comunicação
entre a família, a escola e os profissionais que prestam atendimento a esse aluno.
Não são oferecidos itens adaptados que, por lei, deveriam estar sendo
proporcionados aos alunos com necessidades educacionais especiais, como
currículo, metodologias, técnicas, recursos, avaliação, dentre outros.
O aluno tem o direito de receber uma educação de acordo com as
necessidades educacionais especiais que tem.
A inclusão, se feita conforme se pretendeu em primeiro lugar, constituir-se-ia
em uma oportunidade plena de realizações e vitórias aos alunos, com ou sem
necessidades educacionais especiais, pelas enriquecedoras trocas que propicia,
pelos valores positivos que inculca (reconhecimento da diversidade, respeito às
diferenças, etc.) e pelas variadas situações de aprendizagem que possibilita através
da interação entre os alunos.
A função da escola é adaptar-se ao aluno, e não o inverso e o que
infelizmente se vê é que escola não está adaptada.
Como se faz para evitar maiores prejuízos dos que os já verificados e reverter
o quadro atual da inclusão excludente quando vivem em uma marcada pelo
desencontro do Poder Público, das Instituições de Ensino, dos Professores e da
Família? É uma questão que inquieta a todos, e cuja resposta todos anseiam por
saber.
13
QUESTÕES PARA REFLETIR
Após a leitura dos textos acima, reflita e discuta com o grupo as seguintes
questões:
1. Como está ocorrendo a inclusão em sua escola?
2. Qual a percepção de seus colegas a respeito da inclusão?
3. O que você precisa fazer para sentir-se mais preparados?
4. Quais os apoios de que você precisa?
5. Para que a inclusão ocorra é preciso ter claro seu conceito presente no
Projeto Político Pedagógico (PPP) de cada sistema educacional. Analise
o PPP se sua escola refletindo se este se constitui num projeto que não
discrimina, que não segraga e que se organiza para receber cada aluno
assumindo o compromisso de uma gestão pública.
6. Reflita e discorra sobre o seguinte pensamento: “o maior obstáculo para
a mudança está dentro de nós mesmos, seja nas nossas atitudes, seja
nos nossos medos. A nossa tendência é a de superestimar as
dificuldades que podem enfrentar as pessoas com deficiência, assim
como temer os desapontamentos que eles podem experimentar se
“falharem””. (MITTLER, 2003, p. 17).
14
UNIDADE II
DIALOGANDO COM OS PROFESSORES
SOBRE O ATENDIMENTO NA SALA DE
RECURSOS
15
Ter uma Sala de Recursos é responder aos objetivos de uma
prática educacional inclusiva que organiza serviços para
atendimento educacional especializado disponibilizando aos
educadores novas ferramentas pedagógicas para a participação
efetiva dos alunos, melhorando o aprendizado em classe regular.
No entanto esse atendimento não pode ser confundido com reforço
escolar ou repetição dos conteúdos programáticos desenvolvidos
na sala de aula, mas devem constituir um conjunto de
procedimentos específicos mediadores do processo de
apropriação e produção de conhecimentos. Portanto, como
desenvolver ações pedagógicas, na Sala de Recursos, para
conseguir atender à diversidade, promovendo avanços acadêmicos
significativos nos alunos com necessidades educacionais
especiais em relação aos conteúdos escolares? É o que
discutiremos a seguir.
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO EM SALA DE
RECURSOS
O atendimento educacional especializado consiste em uma ação dos
sistemas de ensino para acolher a diversidade ao longo do processo educativo, em
benefício de todos os alunos.
Este pode ser realizado em uma Sala de Recursos, ou seja, um espaço
organizado para oferecer suporte necessário às necessidades educacionais
especiais dos alunos, favorecendo seu acesso ao conhecimento e garantindo sua
permanência em classe comum.
16
Segundo a Instrução nº. 05/2004, da Secretaria de Estado da Educação, a
Sala de Recursos é “um serviço especializado de natureza pedagógica que apóia e
complementa o atendimento educacional realizado em classes comuns do ensino
fundamental de 5ª a 8ª séries”. Essa instrução estabelece, também, critérios para
seu funcionamento e organização:
- Funcionamento da Sala de Recursos:
A Sala de Recursos deve funcionar na rede pública e/ou particular de ensino,
que para desenvolver uma ação pedagógica realmente eficaz, precisa dispor de
materiais, equipamentos e recursos pedagógicos específicos à natureza das
especificidades da dificuldade dos educandos. Deverá, ainda, possuir espaço
conveniente à utilização de equipamento adequado, com boa iluminação e deve ser
de fácil acesso, com vistas a promover as adaptações curriculares necessárias.
O programa da Sala de Recursos deve ser desenvolvido a partir do
atendimento às necessidades individuais do aluno, sendo observados os processos
básicos (atenção, percepção, memória, raciocínio, formação de conceitos, entre
outras) envolvidos na socialização, na compreensão, no uso da linguagem oral
escrita e na resolução de cálculos matemáticos e situações problemas, em
consonância com o currículo da classe comum.
O atendimento possui caráter transitório, e é específico aos alunos
regularmente matriculados do ensino fundamental de 5ª a 8ª séries. Portanto, exige
a obrigatoriedade de matrícula na classe comum do ensino regular.
São atendidos nesse programa, alunos que apresentam necessidades
educacionais especiais: alunos egressos da educação especial ou de sala de
recursos de 1ª a 4ª séries, e ainda aqueles que apresentam problemas de
aprendizagem com atraso acadêmico significativo, distúrbios de aprendizagem e/ou
deficiência mental e que necessitam de apoio especializado complementar para
obter sucesso no processo de aprendizagem na classe comum.
A avaliação pedagógica de ingresso deverá ser realizada no contexto do
ensino regular, pelo professor da classe comum, professor especializado e equipe
pedagógica, com assessoramento de uma equipe multiprofissional (externa),
enfocando-se conteúdos de Língua Portuguesa e Matemática das séries iniciais,
além das áreas do desenvolvimento.
17
A permanência do aluno no programa dar-se-á pelo tempo necessário para
ele superar suas dificuldades e chegar ao êxito acadêmico.
O professor da Sala de Recursos deve ser formado em Pedagogia/Educação
Especial e tem como atribuições:
atuar como docente nas atividades de complementação ou suplementação
curricular específica, que instituem o atendimento educacional especializado;
atuar de forma colaborativa com o professor da classe comum para a
definição de estratégias pedagógicas que favoreçam o acesso do aluno com
necessidades educacionais especiais ao currículo e a sua interação no grupo;
promover as condições de inclusão desses alunos em todas as atividades da
escola;
orientar as famílias para o seu envolvimento e a sua participação no processo
educacional; participar do processo de identificação e tomada de decisões a
cerca do atendimento às necessidades especiais dos alunos;
preparar material específico para o uso dos alunos na sala de recursos;
orientar a elaboração de material didático-pedagógico que possam ser
utilizados pelos alunos na classe comum do ensino regular;
articular com gestores e professores para que o projeto pedagógico da
instituição de ensino se organize coletivamente, numa perspectiva de
educação inclusiva.
- Organização da Sala de Recursos:
Na Sala de Recursos, o número máximo é de 20 (vinte) alunos, com
atendimentos por intermédio de cronograma. O horário de atendimento deverá ser
em período contrário ao que o aluno está matriculado na classe comum, que deve
continuar freqüentando.
O aluno da Sala de Recursos deverá ser atendido individualmente ou em
grupos de até 10 alunos, sendo organizados, preferencialmente, por faixa etária e/ou
conforme as necessidades pedagógicas semelhantes dos mesmos.
18
QUEM SÃO OS ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS
ATENDIDOS NA SALA DE RECURSOS?
O termo necessidades educacionais especiais tornou-se muito conhecido,
especialmente após o uso desta expressão na Declaração de Salamanca, onde se
buscou atenuar as terminologias utilizadas até então, como retardados,
excepcionais, entre outras, que de forma negativa rotulavam os alunos com
deficiência.
Dessa forma, esta nomenclatura passou a ser utilizada também em relação a
outros grupos de alunos que não apresentam necessariamente alguma deficiência,
mas sim uma dificuldade de aprendizagem, tipo de comprometimento orgânico e/ou
psíquico que faz com que necessitem de atenção educacional diferenciada em
alguns aspectos de seu desenvolvimento.
Neste sentido CARVALHO (2000, p. 49) faz uma discussão em sua obra,
apontando que:
a ênfase desloca-se do aluno com defeito para situar-se na resposta educativa da escola(...) nos meios especiais de acesso ao currículo, nas adequações curriculares, nas análises e intervenções no meio ambiente no qual a criança já está sendo educada, particularmente nos aspectos sociais e emocionais.
Para Delou et. al. (2009, p. 10), alunos com necessidades educacionais
especiais são aqueles que:
Manifestam comportamentos particulares que impeçam os encaminhamentos rotineiros das práticas pedagógicas em sala de aula, pois é necessário que o professor faça ajustamentos curriculares, sem os quais eles não conseguirão realizar as aprendizagens ao nível de suas capacidades e potencialidades.
Portanto, os alunos atendidos na Sala de Recursos são aqueles com alguma
necessidade educacional especial, temporária ou permanente, e que segundo a
Instrução nº. 013 de 08 de agosto de 2008 apresentam “dificuldades acentuadas de
aprendizagem com atraso acadêmico significativo decorrente de Deficiência
Mental/Intelectual e/ou Transtornos funcionais específicos”.
19
A deficiência intelectual/mental é um termo que se usa quando uma pessoa
apresenta certas limitações no seu funcionamento mental e no desempenho de
tarefas como às de comunicação, cuidado pessoal e de relacionamento social. Estas
limitações provocam uma maior lentidão na aprendizagem e no desenvolvimento
dessas pessoas.
Já os Transtornos funcionais específicos segundo conceito da Associação
Americana de Deficiência mental, trata-se de um funcionamento intelectual inferior à
média (QI), associado a limitações adaptativas em pelo menos duas áreas de
habilidades (comunicação, autocuidado, vida no lar, adaptação social, saúde e
segurança, uso de recursos da comunidade, determinação, funções acadêmicas,
lazer e trabalho)1.
Esses transtornos podem ser divididos em:
- Distúrbios de aprendizagem:
Segundo Collares e Moysés (1992, p. 32) a expressão distúrbios de
aprendizagem significa “uma anormalidade patológica por alteração violenta na
ordem natural da aprendizagem, obviamente localizada em quem aprende”.
Ou seja, um distúrbio de aprendizagem, obrigatoriamente, remete a um
problema ou a uma doença que acomete o aluno em nível individual e orgânico. São
eles:
Dislexia – interfere de forma significativa na integração dos símbolos
lingüísticos e perceptivos. É caracterizada por dificuldades na leitura, escrita
(ortografia e semântica), matemática (geometria, cálculo), atraso na aquisição
da linguagem, comprometimento da discriminação visual e auditiva e da
memória seqüencial.
Disortografia – dificuldade do aprendizado e do desenvolvimento da
habilidade da linguagem escrita expressiva.
Disgrafia – deficiência na qualidade do traçado gráfico.
Discalculia – distúrbio de fator neurológico onde o indivíduo apresenta
dificuldades com números.
1 Disponível em: http://www.gpaesp.org.br/deficienciaintelectualhome.aspx. Acesso em: 26 de janeiro de 2011.
20
- Transtorno de atenção e hiperatividade:
Consiste em um transtorno cujos sintomas estão relacionados à falta de
atenção, excesso de atividade motora e impulsividade.
21
QUESTÕES PARA REFLETIR
Nesse momento, iremos refletir e analisar sobre os seguintes
questionamentos:
1. Como tem sido desenvolvido a atendimento em Sala de Recursos na sua
escola? Destaque os aspectos positivos e as dificuldades encontradas.
2. Em sua opinião o que poderia ser mudado ou feito para melhorar o
atendimento na Sala de Recursos?
3. Como são estabelecidos os contatos entre o professor da classe comum e o
da Sala de Recursos para discutirem sobre os alunos que esato sob a
responsabilidade de ambos?
4. Analise a Charge abaixo refletindo sobre o porque fatos assim acontecem na
escola? Como o trabalho na Sala de Recursos pode contribuir para alterar
esse quadro?
FONTE: http://www.google.com.br/imgres?q=charge+inclusao+escolar&hl=pt
22
UNIDADE III
DIALOGANDO COM OS PROFESSORES
SOBRE O USO DAS TECNOLOGIAS NA SALA
DE RECURSOS
23
“O uso adequado das novas tecnologias em processos de ensino e
aprendizagem favorece a representação mental do conhecimento.
Para isso o aluno usa de várias estratégias de pensamento e torna-
se autônomo na construção do seu saber”. (MERCADO, 2002, p.
95).
No texto a seguir veremos que para que essas tecnologias
possam ser utilizadas no processo de ensino, não basta instalar
máquinas na escola. É preciso que os professores reflitam sobre o
pmodo por meio do qual o uso do computador pode promover
situações significativas de aprendizagem.
TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO
Para Kenski (2008, p.15), “as tecnologias são tão antigas quanto à espécie
humana. Na verdade, foram à engenhosidade humana, em todos os tempos, que
deu origem às mais diferenciadas tecnologias”.
Isso significa que cada época foi marcada por elementos tecnológicos que
se fizeram importantes para a sobrevivência da espécie humana. A água, o fogo, um
pedaço de madeira ou um osso de um animal qualquer eram usados para matar,
dominar ou afastar animais ou outros homens que podiam representar ameaças.
Já a expressão "Tecnologia na Educação", destaca Maggio (1997, p. 75):
abrange atualmente a informática, mas não se restringe a ela. Inclui também o uso da televisão, vídeo, rádio e até mesmo cinema na promoção da educação. Entende-se tecnologia como sendo o resultado da fusão entre ciência e técnica. O conceito de tecnologia educacional pode ser enunciado como o conjunto de procedimentos (técnicas) que visam "facilitar" os processos de ensino e aprendizagem com a utilização de meios é (instrumentais, simbólicos ou organizadores) e suas consequentes transformações culturais.
24
O uso de tecnologia em educação não é recente. A educação sistematizada
desde o início utiliza diversas tecnologias educacionais, de acordo com cada época
histórica. A tecnologia do giz e da lousa, por exemplo, é utilizada até hoje pela
maioria das escolas. Da mesma forma, a tecnologia do livro didático ainda persiste
em plena era da informação e do conhecimento. Na verdade, um dos grandes
desafios do mundo contemporâneo consiste em adaptar a educação à tecnologia
moderna e aos atuais meios eletrônicos de comunicação.
Segundo o mesmo autor, a tecnologia educacional pode ser vista sob duas
visões coexistentes:
a visão restrita, que á ênfase ao emprego de novas tecnologias , utilização de aparelhos e meios de comunicação e, a visão ampla, na qual a tecnologia educacional se constitui em um conjunto de procedimentos, princípios e lógicas para atender os problemas da educação. (MAGGIO, 1997, p. 76).
Em acréscimo, intencionando ultrapassar uma concepção de tecnologia
educacional altamente focada nos meios, Sancho (1998, p. 53) traz uma dupla
concepção do conceito:
Originalmente foi concebida como o uso para fins educativos dos meios nascidos da revolução das comunicações, como os meios audiovisuais, televisão, computadores e outros tipos de hardware e software. Em um sentido mais novo e mais amplo, como o modo sistemático de conceber, aplicar e avaliar o conjunto de processos de ensino e aprendizagem, levando em consideração, ao mesmo tempo, os recursos técnicos e humanos e as interações entre eles, como forma de obter uma educação mais efetiva.
Dessa forma, as novas tecnologias através do uso da Informática,
constituem-se em uma ferramenta que, segundo Oliveira (1996) torna favorável a
atividade cognitiva das estruturações das representações do conhecimento e,
também, no desenvolvimento emocional. É um recurso para que as crianças com
necessidades especiais possam, apesar de suas limitações, desenvolver suas
potencialidades cognitivas e as possibilidades que lhe são próprias.
Para Valente (1997) o uso do computador auxilia os alunos sejam quais
forem suas necessidades com necessidades especiais uma vez que é composto de
diversas ferramentas que propiciam um trabalho lúdico-pedagógico.
25
Além disso, o grande interesse das crianças pelo computador colabora para
que aprendam facilmente a usá-lo, e, o professor atento a isso, deve buscar ampliar
as possibilidades de aprendizagem através da informática educativa.
Nesse sentido o computador se torna um instrumento privilegiado de
mediação da realização do ensino e aprendizagem de pessoas com algum tipo de
limitações, pois como afirmam Souza e Rocha (1996, p. 44) “o computador é uma
ferramenta extraordinária, que promove o desenvolvimento das capacidades várias,
como a coordenação visuo e audiomotora, a memória visual e o desenvolvimento do
raciocínio lógico”, transformando-se, assim, em um grande apoio para a plena
autonomia dessas pessoas.
26
QUESTÕES PARA REFLETIR
Após a leitura do texto acima, reflita e discuta com o grupo as seguintes
questões:
1. Reflita e discorra sobre o pensamento de Sancho (1991, p. 121): “Para a
maioria das pessoas, a tecnologia torna a vida mais fácil; para a pessoa
deficiente, a tecnologia torna as coisas possíveis”.
2. Como tem sido utilizada a informática em sua escola? Quais as
dificuldades encontradas?
3. Como utilizar o computador em sua prática pedagógica, de modo a
oferecer mais segurança no que tange a aprendizagem, cooperação
entre os indivíduos, autonomia e independência?
4. Elabore atividades que atendam as necessidades e os anseios dos
alunos com necessidades especiais utilizando o computador.
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UNIDADE IV
DIALOGANDO COM OS PROFESSORES
SOBRE A UTILIZAÇAO DOS JOGOS
EDUCACIONAIS COMPUTACIONAIS NA SALA
DE RECURSOS
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Com a utilização dos jogos educativos computacionais, o
professor pode propiciar aos alunos a socialização, o
desenvolvimento da criatividade e da imaginação, memória,
atenção, além de propiciar oportunidade de auto-conhecimento, de
descobertas de potencialidades, promover a autoestima e a prática
de exercícios de relacionamento social.
Mas, para que isso ocorra de forma adequada, o professor
deve compreender que o jogo é um instrumento afetivo e
cognitivamente significativo e que pode trazer enriquecimento na
sua prática.
É sobre esse aspecto que discutiremos a seguir.
OS JOGOS EDUCATIVOS COMPUTACIONAIS ENQUANTO OBJETO
DE APRENDIZAGEM NA SALA DE RECURSOS
Lara (2004) afirma que os jogos vêm ganhando espaço dentro das escolas,
numa tentativa de trazer o lúdico para dentro da sala de aula. Acrescenta que a
pretensão da maioria dos professores com a sua utilização é a de tornar as aulas
mais agradáveis com o intuito de fazer com que a aprendizagem torne-se algo mais
fascinante.
Além disso, as atividades lúdicas podem ser consideradas como uma
estratégia que estimula o raciocínio, levando o aluno a enfrentar situações
conflitantes relacionadas a com seu cotidiano e com suas dificuldades e
necessidades.
Portanto, o jogo é um meio poderoso para a aprendizagem da criança em
relação à leitura, ao cálculo e à ortografia, levando-as a se interessarem por esses
conteúdos, que de outra forma lhe seriam cansativas.
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Para Bogatschov (2001, p. 34) os jogos de computador também promovem
“situações favoráveis à aprendizagem, pois permitem condutas de cooperação,
perseverança, envolvimento com a atividade, organização e autonomia”.
Dessa ideia partilha Valente (1993) acrescentando que a pedagogia por trás
dos jogos educacionais computacionais é a exploração auto-dirigida ao invés da
instrução explícita e direta, defendendo-se a ideia de que a criança aprende melhor
quando ela é livre para descobrir relações por ela mesma, ao invés de ser
explicitamente ensinada.
Nesse contexto, os jogos educativos computacionais são programas
desenvolvidos para lazer e diversão, mas que podem ser utilizados com finalidade
educacional por trazerem implícitos aspectos pedagógicos que ajudarão o aluno a
construir conhecimentos, além de ser um convite ao desafio e à curiosidade.
Morellato (2004, p. 94) destaca que os jogos desempenham dupla função:
a lúdica e a educativa, pois educam de maneira atraente e motivadora, e permitem manifestar um grande número de interações, como tomada de decisões, escolha de estratégias e respeito às regras impostas; além de permitirem representações simbólicas e desenvolvimento do imaginário do aluno.
Diante aos conceitos expostos é possível compreender que os jogos, pelo
seu conteúdo e forma, podem proporcionar maior incentivo para o aluno especial,
ajudando-o a se apropriar do conhecimento com maior facilidade, contribuindo para
a qualidade de vida, independência e inclusão.
Nessa perspectiva, autores como Brenelli, defendem o uso de jogos
educativos computacionais como “estratégia de interação pedagógica nos processos
de desenvolvimento e aprendizagem de crianças com dificuldades de aprender”
(BRENELLI, 2003, p. 15), e, acreditam que com eles podem ser criadas as mais
diversas situações cotidianas (reduzindo o nível de ansiedade da pessoa portadora
de deficiência), exercícios de raciocínio podem ser repetidos exaustivamente
(auxiliando-o na tomada de decisão), reações emocionais podem ser estimuladas
(aumentando a autoconfiança) e problemas podem ser propostos de maneira
variada (ampliando sua capacidade de concentração e memória. (COSTA,
CARVALHO e ARAGON, 2000).
30
Portanto, os jogos computacionais podem ser considerados uma alternativa
legitima para atender as necessidades que envolvem aprendizado. Mais
especificamente, para pessoas com necessidades especiais, o apelo atrativo que
permeia a utilização destas ferramentas através de um ambiente lúdico representa
mais um fator que contribui ainda mais para sua utilização.
Mas, é importante salientar que para que os jogos educativos representem
um instrumento de desenvolvimento cognitivo e afetivo e capaz de trazer
enriquecimento das atividades pedagógicas, faz-se necessário que o professor
explore profundamente esses jogos com o objetivo de identificar as possibilidades
do trabalho pedagógico diante às necessidades educativas de seus alunos,
escolhendo aqueles que mais se adaptem a essa realidade.
Para tanto Rizzi e Haydt (1997) propõe que o professor fique atento às
seguintes características que um bom jogo deve ter:
Trabalham com representações virtuais de maneira coerente;
Dispõem de grandes quantidades de informações que podem ser
apresentadas de maneiras diversas (imagens, texto, sons, etc.), numa forma
clara, objetiva e lógica;
Exigem concentração e uma certa coordenação e organização por parte do
usuário;;
Permite que o usuário veja o resultado de sua ação de maneira imediata
facilitando a autocorreçao (afirma a autoestima da criança);
Trabalham com a disposição das informações, que em alguns casos pode ser
controlada pelo usuário;
Permitem um envolvimento homem-máquina gratificante;
Têm uma paciência infinita na repetição de exercícios;
Estimulam a criatividade do usuário, incentivando-o a crescer, tentar, sem se
preocupar com os erros.
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QUESTÕES PARA REFLETIR
1. Você acredita que os jogos podem seu utilizados na educação?
Argumente sua resposta.
2. Silva (2009, p. 4) afirma que jogo educacional computacional, “apesar de
ser um recurso lúdico de aprendizagem, ainda é pouco potencializado
nas instituições de ensino”. Em sua opinião, porque isso acontece?
Como reverter esse quadro?
3. Argumente a favor dos possíveis ganhos pedagógicos com o uso de
jogos educacionais computacionais na Sala de Recursos.
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UNIDADE V
ANALISANDO OS JOGOS EDUCACIONAIS
COMPUTACIONAIS
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Como pudemos ver através das reflexões realizadas nas unidades
anteriores desse Caderno, o planejamento e utilização de um jogo
educativo, quando norteado por abordagens pedagógicas
adequadas e considerando as implicações das necessidades
educativas especiais, pode ser uma ferramenta útil tanto ao
aprendizado, quanto à inclusão educacional dos alunos com
necessidades especiais.
A responsabilidade do professor, nesse processo, implica em
saber analisar as características e fazer boa escolha dos jogos
como ferramenta de apoio no processo ensino-aprendizagem. Essa
é a nossa proposta para esta última unidade.
Para uma utilização eficiente e completa de um jogo educativo
computacional é necessário realizar uma análise consistente sobre o mesmo,
considerando tanto aspectos pedagógicos como aspectos de qualidade.
Portanto, nesse momento, propomos a você, Professor, que analise cada
um dos jogos relacionados na Tabela abaixo (Tabela 1), considerando os requisitos
básicos apresentados por Souza (2010), preenchendo a Tabela 2.
Após essa análise, elabore um Plano de Ação, com os jogos que
apresentaram mais resultados positivos, visando o apoio ao aprendizado dos alunos
com necessidades especiais na Sala de Recursos.
Esse Plano deverá conter:
BOM TRABALHO!!!!
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TABELA 1 – JOGOS COMPUTACIONAIS A SEREM ANALISADOS
1 – Alfabeto da Alegria;
2 – Picolé Digital;
3 – Meus 1º Passos;
4 – ABC da Mônica;
5 – Dally Dôo;
6 – Frankling Matemática e Português;
7 – Pintando com Kadu;
8 – Kadu no Zoológico;
9 – 101 Desafios;
10 – Baú dos Brinquedos.
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TABELA 2 – LISTA DE AVALIAÇAO DOS JOGOS
Responda as questões conforme a indicação da legenda:
1. NUNCA
2. PARCIAL
3. SEMPRE
Aspecto Questões 1 2 3
TECNOLOGIA
É possível usar a ferramenta em diferentes sistemas operacionais?
O jogo é fácil de ser instalado?
A velocidade do jogo é rápida?
O jogo não apresenta qualquer tipo de falha ou erro?
USABILIDADE
O jogo proporciona interatividade simples, intuitiva e fácil de aprender?
O nível de interação com o mouse e teclado corresponde ao grau de experiência do público alvo, com computadores?
A interface do jogo permite que qualquer erro de resposta de alguma atividade seja reversível?
O funcionamento do jogo é simples o suficiente de modo que o usuário não precise aprender tudo novamente sobre as funcionalidades?
O usuário tem controle e autonomia sobre as funcionalidades gerais do jogo?
A quantidade de controle é razoável, de modo que o usuário lembre em qualquer momento?
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USABILIDADE
As áreas que exigem ações estão bem posicionadas em relação ao centro de atenção do usuário?
O jogo possui uma instrução objetiva e clara quanto ao passo a passo das ações a serem executadas pelo usuário?
Para facilitar a leitura, as frases ou palavras estão formatadas em maiúsculo?
As fases do jogo possuem seqüência e graus variados?
O jogo é atrativo possibilitando o envolvimento do aluno de maneira ativa?
O personagem virtual do jogo possui fala explicativa clara e objetiva que favorece a compreensão do usuário?
As imagens/figuras do jogo fazem parte do conhecimento prévio do usuário?
Os ícones do jogo são de tamanho ampliado para facilitar a manipulação do usuário?
O jogo contém botões devidamente etiquetados que executam a ação proposta?
O jogo é livre de personagens ou figuras que distrai o usuário e o impede de prosseguir?
Ao clicar no botão “Sair” existe uma janela de confirmação para saída?
A janela de confirmação de saída contém a narrativa em áudio que verifica se realmente o usuário quer sair do jogo?
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MULTIMIDIA
As cores das fontes mantêm contraste com o plano de fundo do jogo?
O cenário do jogo é bem organizado e estruturado?
As imagens do jogo são divertidas e fogem de traços realísticos?
Os personagens e desenhos principais estão bem alinhados na região central da tela?
As figuras ou imagens possuem traços nítidos e bem definidos?
As figuras ou imagens estão bem posiocionadas sem sobreposições?
A animação do jogo é utilizada em momentos adequados, de forma a não comprometer a atenção do usuário a atividade principal?
Todas as animações do jogo contem uma opção para repetir a seqüência?
As animações do jogo são apresentadas somente com texto narrado?
O som é utilizado para ganhar a atenção e reforçar a informação ao usuário?
A música de fundo é suave e divertida com volume adequado?
As palavras ou textos se encontram alinhadas as suas respectivas imagens representativas?
O jogo utiliza recursos sonoros com boa definição?
Possui os controles de som: habilitar e desabilitar?
O modo de visualização do jogo é tela cheia?
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PEDAGOGIA
O conteúdo do jogo é apresentado em um contexto autêntico?
Os conceitos e vocabulários são compatíveis com a maturidade intelectual do público-alvo?
O conteúdo apresenta seqüência lógica e didática do assunto?
Todas as informações do jogo são apresentadas de forma clara e objetiva?
O jogo apresenta reforços motivacionais que estimula o usuário a continuar interagindo?
O conteúdo é coerente e com idéias equilibradas?
O conteúdo é livre de erros de ortografia e digitação?
O jogo oferece feedback imediato após cada resposta do usuário?
Após respostas incorretas, o jogo retorna informações ao usuário sobre como corrigir as suas respostas, ou dicas para tentar novamente?
Possui alerta motivacional quando o aprendiz fica por algum tempo sem executar o próximo passo de uma dada tarefa?
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REFERÊNCIAS
BOGATSCHOV, D. N. Jogos computacionais heurísticos e de ação e a construção dos possíveis em crianças do ensino fundamental. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Educação da Unicamp. Campinas: Unicamp, 2001. BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, 23 de dezembro, 1996. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Imprensa Oficial, 1988. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Especial. Brasília, DF, 2007.
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