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PALAVRA DA REITORA

Caro Estudante,

É com imenso prazer que me reporto a você, neste início de maisuma edição do nosso Aprovar, pré-vestibular gratuito oferecidopelo Governo do Estado por meio da UEA, um projeto formatadopara oportunizar aos concluintes do Ensino Médio e aos que jáo concluíram a chance da tão sonhada vaga no ensino superior.

A exemplo do que vem ocorrendo com a própria universidade, quese consolidada como uma política pública de educação superior ede apoio ao desenvolvimento do Estado, também o Aprovar seconfigura como importante instrumento de inclusão social na medi-da em que amplia seu público-alvo com iniciativas como o Aprovarna Empresa e se volta para as próprias demandas internas, con-templando a formação de turmas no âmbito dos órgãos governa-mentais.

Dessa forma, ao adequar-se ao calendário escolar das redespública e privada, outra nova característica do projeto, o Aprovarpermite a participação de seus alunos em outros concursos,quer seja de universidades públicas ou privadas, quer seja deoutras instituições. A modernização e a adequação do projetovão ao encontro de uma nova realidade que se apresenta aosjovens diante da dinâmica do mercado de trabalho e, ainda, aoesforço da UEA em atender às demandas impulsionadas pelasvocações regionais.

Uma moderna plataforma tecnológica, aliada a ferramentas peda-gógicas poderosas, como a Internet, faz que o Aprovar extrapoleas fronteiras do Estado. Dessa forma, o curso já ajudou aconcretizar o sonho de mais de 3,5 mil alunos, que ingressaramna UEA depois de estudarem pela tevê, pela rádio ou pelasapostilas distribuídas gratuitamente em toda a rede estadual deensino e nos Postos de Atendimento ao Cidadão da capital.

A qualidade desse projeto pedagógico é assegurada pelaexperiência e pela competência dos seus professores e peloempenho dos profissionais que tornam possível transmitir asaulas aos mais longínquos municípios do nosso Amazonas.

É essa equipe valorosa que vai acompanhá-lo nos próximosmeses rumo ao vestibular, rumo ao seu futuro. Assista às aulas,acompanhe pela rádio e não deixe de buscar sua apostila numaescola ou unidade do PAC mais próxima de você.

Acrescente a essa fórmula vitoriosa do Aprovar dois ingredien-tes, estes sob sua responsabilidade: disciplina e perseverança.

Boa sorte!Marilene Corrêa da Silva Freitas

Reitora da UEA

Índice

PORTUGUÊS

Acentuação Gráfica ..................................... Pág. 03

(aula 01)

LITERATURA

Parnasianismo ............................................ Pág. 05

(aula 02)

HISTÓRIA

Renascimento cultural e cientifico............. Pág. 07

(aula 03)

HISTÓRIA

Economia colonial (Sec. XVI – XVIII) ......... Pág. 09

(aula 04)

GEOGRAFIA

Meio ambiente da Amazônia...................... Pág. 11

(aula 05)

GEOGRAFIA

Hidrografia ................................................. Pág. 13

(aula 06)

BIOLOGIA

Classificação vegetal ................................. Pág. 15

(aula 07)

BIOLOGIA

Citologia ...................................................... Pág. 17

(aula 08)

QUÍMICA

Agua ............................................................ Pág. 19

(aula 09)

FÍSICA

Eletrostática – Força elétrica e campo eletrico

..................................................................... Pág. 21

(aula 10)

Programação Aprovar 2009 ...................... Pág. 23

Referências bibliográficas ........................ Pág. 24

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Texto

CANÇÃOCecília Meireles

Pus o meu sonho num navioe o navio em cima do mar;– depois abri o mar com as mãospara o meu sonho naufragar.

Minhas mãos ainda estão molhadasdo azul das ondas entreabertas,e a cor que escorre dos meus dedoscolore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,a noite se curva de frio,debaixo da água vai morrendomeu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,para fazer com que o mar cresça,e o meu navio chegue ao fundoe o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito:praia lisa, águas ordenadas,meus olhos secos como pedrase as minhas duas mãos quebradas.

Perscrutando o texto

01. Para a poetisa, o mar a que se refere simboliza:a) Inquietação psíquica provocada pelo mundo moderno.b) Total desapego às coisas espirituais.c) Toda a sua carga sentimental, sua essência, sua alma enfim.d) O equivalente à terra onde vive e de onde não quer sair.e) O lugar para onde iria, caso pudesse viajar.

RESPOSTA: CCOMENTÁRIO:

Para a poetisa, o mar simboliza o céu. Ela confia seus sentimentos maisíntimos, a essência do seu ser, seu próprio espírito ao mar. Sobressai,nesse poema, a ligação do eu poético com a água.

02. Na primeira estrofe, temos:a) A poetisa renunciando a tudo que se entende por material e

prendendo-se exclusivamente ao mundo espiritual que, para ela, é omar.

b) Fuga do mundo dos vivos e mergulho no mundo da morte comosolução para os problemas materiais.

c) Descrença nas condições de vida delineadas na terra e mergulhodefinitivo na eternidade.

d) Abnegação do mundo infantil e entrada completa no mundo dosadultos, que simboliza realidade.

e) Renúncia ao amor dos homens e incursão na vida celibatária.

RESPOSTA: ACOMENTÁRIO: A maioria dos seres humanos confia seus anseios espirituais ao céu –herança religiosa arraigada principalmente no mundo ocidental. Apoetisa troca o céu pelo mar, numa atitude que sugere retorno àsorigens da vida.

03. Na estrofe seguinte, sobressai qual figura de linguagem?Minhas mãos ainda estão molhadasdo azul das ondas entreabertas,e a cor que escorre dos meus dedoscolore as areias desertas.

a) hipérbato; b) hipérbole; c) antítese;d) metonímia; e) metáfora.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIO: Vamos rever a definição das figuras de linguagem listadas:a) hipérbato: inversão da ordem natural das palavras numa frase ou

das orações num período. Na literatura, o Barroco (movimento a quepertence Gregório de Matos) é famoso pelo uso abusivo dessa figurade linguagem.

b) hipérbole: exagero ao expressar ideias.c) antítese: oposição de palavras ou de ideias. Mais uma figura comum

na estética barroca.d) metonímia: consiste em empregar uma palavra ou expressão para

substituir outra palavra ou expressão, numa relação de troca(substituto e substituído).Função da metonímia – uma das funções da metonímia é encurtarum enunciado longo. Na prática, ela economiza palavras e torna acomunicação mais direta. No poema, Cecília Meireles troca a “água”pela “cor da água”: “Minhas mãos ainda estão molhadas do azul dasondas entreabertas”. Nos dois últimos versos, também se notametonímia. Note que a autora troca novamente a “água” pela “cor daágua”: “E a cor que escorre dos meus dedos colore as areiasdesertas”.

e) metáfora: consiste em empregar uma palavra fora do seu sentidonormal, estabelecendo uma comparação sutil entre duas coisas nemsempre afins. A frase não possui conjunções adverbiaiscomparativas (como, mais que, menos que, qual, etc), mas os seuselementos básicos (o termo comparado e a expressão comparante)permitem uma comparação disfarçada.

04. Observe o primeiro verso da estrofe seguinte; note que a autoraescolhe palavras que se iniciam pela letra “v”: “vento”, “vem”,“vindo”. A essa sequência de sons consonantais dá-se o nomede:O vento vem vindo de longe,a noite se curva de frio,debaixo da água vai morrendomeu sonho, dentro de um navio...

a) sinestesia; b) catacrese; c) aliteração;d) metáfora; e) antítese.

RESPOSTA: CCOMENTÁRIO: A aliteração consiste em repetir, em sequência, sons consonantais.Um dos poemas mais conhecidos pela presença de aliteração éViolões que choram, do poeta simbolista Cruz e Sousa. Veja umaestrofe do poema:

Vozes veladas, veludosas vozes,

volúpias dos violões, vozes veladas,

vagam nos velhos vórtices velozes

dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.

05. Observe o segundo verso da estrofe seguinte; que figura delinguagem ele contém?O vento vem vindo de longe,a noite se curva de frio,debaixo da água vai morrendomeu sonho, dentro de um navio...

a) sinestesia; b) catacrese; c) aliteração;d) metáfora; e) prosopopeia.

RESPOSTA: ECOMENTÁRIO: A prosopopeia consiste em dar vida, ação, movimento e voz a coisasinanimadas. Sinônimos: personificação, metagoge, animismo.

06. Observe a estrofe seguinte; note que a autora começa o terceiroe o quarto versos repetindo as palavras iniciais. Trata-se dafigura:Chorarei quanto for preciso,para fazer com que o mar cresça,e o meu navio chegue ao fundoe o meu sonho desapareça.

a) anáfora; b) catacrese; c) aliteração;d) metáfora; e) prosopopeia.

RESPOSTA: ACOMENTÁRIO: A anáfora consiste na repetição de uma ou mais palavras no princípiode duas ou mais frases, de membros da mesma frase, ou de dois oumais versos. Sinônimo: epanáfora.

PortuguêsProfessor João BATISTA Gomes

Aula 01

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Acentuação gráfica

1. Para que serveA língua escrita necessita, na prática, de certos sinais auxiliares paraindicar a exata pronúncia das palavras. Esses sinais acessórios da escritachamam-se notações léxicas ou sinais diacríticos. Para o casoparticular de acentuação gráfica, vamos dar valor especial ao acento(agudo e circunflexo).

2. Sinais diacríticosa) Acento agudo (saúdo).b) Acento circunflexo (lêvedo).c) Acento grave (àquele).d) Til (maçã).e) Apóstrofo (Vozes d’África).f) cedilha (exceção).g) hífen (sub-reitor).

Atenção: o trema desapareceu com a Reforma Ortográfica de 2009.

3. Tipos de acentoA nossa língua dispõe de apenas três acentos gráficos:

a) Acento agudo (´) – Indica que a vogal tônica possui timbre aberto:

relé sapé refémharém aloés amá-labeijá-la ádvena ágapeamá-la-ás beijá-la-ás álcali

b) Acento circunflexo (^) – Indica que a vogal tônica possui timbrefechado:

âmago azêmola zênitetêxtil anêmona êxodoboêmia Tâmisa êxulplêiade brâmane trânsfuga

c) Acento grave (`) – Usado, hoje, apenas para indicar o fenômeno dacrase, cujas ocorrências mais comuns são:

1. Fusão de a (preposição) + a(s) (artigo):Fui à festa.Chegamos à noite.Fizemos referência às obras românticas.

2. Fusão do a (preposição) + o primeiro a dos demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo, aqueloutro:

Refiro-me àquele rapaz.Endereçamos a carta àquela moça.Prefiro isto àquilo.

3. Fusão de a (preposição) + a (pronome demonstrativo).

Não me refiro a você e sim à que estava doente. Esta camisa é semelhante à que ganhei no aniversário passado.

d) Aspecto prático – Na prática, existem apenas dois acentos gráficos:o agudo e o circunflexo. Outro detalhe: só existe acento gráfico emsílaba tônica (sobre a vogal), mas nem toda sílaba tônica mereceacento gráfico.

4. Acentuação dos monossílabos tônicosDefinição – Palavra formada de uma só sílaba.

Monossílabos acentuados – Levam acento gráfico todos os monossí-labos tônicos terminados em:

1. a, as:

má, más; pá, pás; trás.fá-lo, trá-lo.

2. e, es:

fé, fés; pé, pés; ré, rés.pê, pês; tê, tês.fê-lo, tê-lo, vê-la, vê-lo.

3. o, os:

dó, dós; nó, nós; pó, pós; vó, vós.pô (interjeição); vô.pô-lo.

4. éis:

féis (plural de fel); méis (plural de mel); réis (plural de real).

5. éu(s):

céu, céus; léu (ao léu); véu, véus.

6. ói(s):

bói, bóis; dóis, dói (de doer); móis, mói (de moer); róis, rói (de roer);rói-rói (rói-róis).

4. Acentuação das oxítonasOxítona (definição)

Palavra cuja sílaba tônica é a última. Quanto à acentuação gráfica,vejam-se os verbetes seguintes.

Oxítonas acentuadas

Levam acento gráfico todos os vocábulos oxítonos terminados em:

a) a, as:

Sofá, sofás; cajá, cajás; ananás.Amá-la, cortejá-la, beijá-la, apresentá-la. Amá-la-ás, cortejá-la-ei, beijá-la-ás.

b) e, es:

Você, vocês; café, cafés; aloés.Socorrê-la, prendê-lo, entendê-la.Socorrê-la-ás, prendê-lo-á, entendê-la-á.

c) o, os:

Avô, avós; cipó, cipós; mocotó, mocotós. Repô-lo, transpô-lo, propô-la.Repô-la-ás, transpô-lo-emos, propô-lo-ei.

d) em, ens:

Armazém, armazéns; também, amém.Detém, contém, retém, intervém.Detém-no, detém-lo, retém-no, retém-lo.

Oxítonas em “i” e “u” sem acento

a) Oxítonas terminadas em u – É quase mania nacional acentuaroxítonas terminadas em u. Nos vocábulos seguintes, o acento gráficoé proibido.

angu iglu peruanu Iguaçu pirarucubabaçu aracu rebubelzebu Itaipu surucucubaiacu Itu sururubambu jaburu tatubeiju jacu tutu buçu jambu umbucalundu jururu uru candiru jus Uruaçucanguçu Manacapuru urubucaracu mandacaru urucuCaramuru menu uruçuchuchu meru uirapurucru nu voducupu Pacaembu vuvucupuaçu pacu xampucururu pacuguaçu xuruexu pacuçu zebuhindu Paraguaçu zulu

b) Oxítonas terminadas em “i” – Veja a relação de palavras em que oacento gráfico é proibido.

haiti Marli agredi-lahalali nasci aliharaquiri pequi aquiigaci quati bagdalijaraqui rali bem-te-vijavali rami caquiJeni rani Darcijuriti rubi Dercijurupari Saci esquiKali sagui feri-lamacis sapoti frenesimacuxi somali garimandi tambaqui grismapinguari tapiri gurimaqui xixi Gurupimari xiri zumbi

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BARROCO (1601–1768)

1. INTRODUÇÃO

a) Duração no Brasil: 1601 a 1768 (todo o século XVII e mais da metadedo século XVIII).

b) Obra inauguradora: Prosopopeia, poema épico de Bento Teixeira.

c) Outros nomes para o movimento:

Seiscentismo: em homenagem aos anos de 1600 no Brasil.

Grupo Baiano: no Brasil, o Barroco literário desenvolve-se na Bahia(Salvador).

Gongorismo: em homenagem ao poeta espanhol Luiz de Gôngora; étambém a denominação do Barroco na Espanha.

Marinismo: denominação do Barroco na Itália, pela influência deGiovanni Battista Marino.

Efuísmo: denominação do Barroco na Inglaterra.

Preciosismo: denominação do Barroco na França.

d) Origem: movimento fundado na Espanha para combater a simplici-dade do Classicismo; adota, assim, uma arte rebuscada, sobrecar-regada de figuras de linguagem.

2. PAINEL HISTÓRICO-CULTURAL DO BARROCO

a) O Barroco é conhecido como a arte da Contrarreforma.

b) A reação da Igreja Católica ao protestantismo luterano e calvinistaprincipia com a convenção do Concílio de Trento, realizado entre 1544e 1563, na localidade de Trento, norte da Itália.

c) A cúpula da Igreja Católica, reunida em Trento, resolve iniciar umaContrarreforma, que atua por meio de um órgão executivo: a SantaInquisição, sistema eclesiástico, ideológico-administrativo, de cen-sura, que, por intermédio do Tribunal do Santo Ofício, investiga, levaa julgamento e condena aqueles que não contribuem para a preser-vação, a defesa e a manutenção da Doutrina Católica.

d) Três vítimas famosas da perseguição da Contrarreforma: GalileuGalilei, Giordano Bruno e Copérnico.

e) Assim, a época barroca é marcada pela contradição: de um lado, oHumanismo clássico e o Renascimento, com apelos ao racionalismo,ao prazer e ao apego aos bens materiais (é o Antropocentrismo). Deoutro, o homem é pressionado pela Igreja Católica a um regresso aoTeocentrismo medieval, à renúncia aos prazeres, à mortificação dacarne.

f) O Barroco literário convive, pois, com valores opostos: fé x razão,alma x corpo, bem x mal, perdão x pecado, espírito x matéria, Deusx homem, virtude x prazer.

g) O ensino, em Portugal e no Brasil, é profundamente verbal e religioso,voltado para os dogmas da Igreja Católica.

h) A capital do Brasil é Salvador, Bahia. Lá vivem a elite intelectual e po-lítica brasileira.

i) Na sociedade brasileira dos séculos XVII e XVIII, ainda não há umpúblico leitor para consumir obras literárias. O movimento barroconão pode, pois, espalhar-se pelo Brasil inteiro, de norte a sul. Ficarestrito a dois núcleos culturais da época: Pernambuco (onde nasce,com Prosopopeia, poema épico de Bento Teixeira) e Salvador (ondevive o poeta Gregório de Matos).

3. CARACTERÍSTICAS DO BARROCO

a) CULTISMO ou GONGORISMO – É o jogo de palavras; é o rebusca-mento da forma, é a obsessão pela linguagem culta, erudita. Virammoda a inversão da frase (hipérbato) e o uso de palavras difíceis.

É o abuso no emprego de três figuras de linguagem: a metáfora, a an-títese e o hipérbato.

O principal cultista do barroco mundial é o espanhol Luiz de Gôngora.No Brasil, Gregório de Matos.

b) CONCEPTISMO – É o aspecto construtivo do Barroco, voltado para ojogo das ideias e dos conceitos.

É a preocupação com as associações inesperadas, seguindo um ra-ciocínio lógico, racionalista.

O principal conceptista do barroco mundial é o espanhol Francisco deQuevedo. No Brasil, padre Antônio Vieira.

c) TEOCENTRISMO x ANTROPOCENTRISMO – O rebuscamento daarte barroca é reflexo do dilema em que vive o homem do seiscentis-mo (os anos de 1600). Daí as preferências por temas opostos: es-pírito e matéria, perdão e pecado, bem e mal, céu e inferno. Tudoisso gera a preocupação com a brevidade da vida (carpe diem).

4. AUTORES DO BARROCO BRASILEIRO

1. BENTO TEIXEIRA

Inicia o Barroco no Brasil com o poema épico Prosopopeia (1601).

2. GREGÓRIO DE MATOS

É o “Boca do Inferno”, poeta maior do Barroco brasileiro.

3. PADRE ANTÔNIO VIEIRA

É o maior orador sacro de nossa literatura.

4. MANUEL BOTELHO DE OLIVEIRA

É o autor de Música do Parnaso (1705), primeira obra publicada porum autor brasileiro.

BENTO TEIXEIRA

Origem e formação – Vem jovem de Portugal para o Brasil; forma-se noColégio da Bahia, tornando-se professor de primeiras letras.

Crime – Alegando adultério, assassina a esposa (1594); fugindo à prisão,refugia-se em Pernambuco, no convento dos beneditinos, em Olinda.

Intenção laudatória – A redação de Prosopopeia acontece durante oisolamento no convento. Tudo indica que o motivo não é outro senão ode agradar os poderosos, principalmente Jorge de Albuquerque Coelho,donatário da Capitania de Pernambuco.

PROSOPOPEIA

Epopeia – Poemeto épico, em 94 estâncias (o mesmo que estrofes) deoitava-rima (as estrofes de oito versos têm os dois últimos rimando entresi), em versos decassílabos (dez sílabas métricas), conforme ensina Ca-mões, em Os Lusíadas.

Enredo – O livro conta os feitos históricos de Jorge de AlbuquerqueCoelho, governador de Pernambuco, a quem o autor pretende agradar.

Plágio – A imitação de Os Lusíadas é frequente, desde a estrutura até asconstruções sintáticas. Isso tira da obra o valor literário pretendido, fican-do a fama histórica de ser o livro inaugurador do Barroco brasileiro.

CLASSIFICAÇÕES:

a) Primeiro poema épico de nossa literatura.

b) Poema laudatório (que contém louvor).

PERSONAGENS:

a) Proteu (narrador). Na mitologia grega, “Proteu” é deus marinho,capaz de se transformar em animais, em água e em fogo.

b) Jorge de Albuquerque (herói).

GREGÓRIO DE MATOS

Nascimento e morte – Gregório de Matos Guerra nasce em Salvador,Bahia, em 7 de abril de 1636. Falece em Pernambuco, em 1696.

Viagem a Portugal – De família abastada, Gregório estuda com os jesuí-tas de Salvador. Em 1650, com 14 anos, embarca para Portugal (Lisboa),aonde vai com o propósito de estudar Direito.

Juiz em Portugal – Matricula-se na Universidade de Coimbra, onde seforma em julho de 1661 e passa a exercer a magistratura.

Volta ao Brasil – Interrompe a carreira de juiz para voltar ao Brasil (porvolta de 1680). Nessa altura, já tem seu talento de repentista e zombeteiroreconhecido.

Poesia satírica – Apesar de exercer funções religiosas e de ter um irmãopadre (Eusébio de Matos), Gregório não perdoa a Igreja Católica baiana:faz sátiras ferinas contra padres e freiras, chegando mesmo a usar pala-vrões em pleno século XVII, como se pode constatar nas duas estrofesseguintes:

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LiteraturaProfessor João BATISTA Gomes

Aula 02

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E nos frades há manqueiras?... Freiras...E que ocupam os serões?... Sermões.Não se ocupam em disputas?... Putas.

Com palavras dissolutasMe concluís, na verdade,Que as lidas todas de um fradeSão freiras, sermões e putas.

Veja o que diz o poeta sobre a Sé da Bahia, órgão central da IgrejaCatólica no Brasil:

A nossa Sé da Bahia,com ser um mapa de festas,é um presepe de bestas,se não for estrebaria.

Sátiras políticas – Depois de ridicularizar a Igreja Católica, Gregório voltasua pena satírica contra o governador-geral da Bahia, Antônio de SousaMeneses, que esteve à frente do governo de maio de 1682 a junho de1684.

Nariz de embono – Agressão sem igual sofre Antônio Luiz Gonçalves daCâmara Coutinho, governador-geral do Brasil entre outubro de 1690 emaio de 1694; dizem que o ilustre político tem o maior nariz da Históriado Brasil, e que aceita ser xingado de tudo, menos de “narigudo”. Contraele, Gregório dirige a seguinte quadra:

Nariz de embono,Com tal sacada,Que entra na escadaDuas horas primeiro que o dono.

Caramurus: alvos prediletos – A verdade é que ninguém escapa àlíngua ferina do Boca do Inferno: autoridades, comerciantes, padres, frei-ras, juízes, militares, brancos, pretos, mulatos, índios. Mas há dois alvosprediletos: o relaxamento moral da Bahia e os caramurus (primeiros colo-nos nascidos no Brasil e que aspiram à condição de fidalgos). O sonetocujo excerto apresentamos a seguir é famoso por tratar de tal questão.

A cada canto um grande conselheiro,Que nos quer governar cabana e vinha,Não sabem governar sua cozinha,E podem governar o mundo inteiro.

Exílio – Tantas apronta o poeta baiano que é exilado do Brasil, paraAngola. Dizem que uma das causas do exílio são estes versos queacusam o governador-geral de pederasta e amante dos seus criados:

Mandou-vos acaso El-ReiCom as fêmeas não dormir,Senão com vosso criado,Que é bomba dos vossos rins?

Poesia lírico-amorosa – Gregório produz também poesia lírico-amorosa,considerada a de melhor teor literário.

Cultismo – A poesia sacra de Gregório de Matos às vezes é simplespretexto para exercício do cultismo. Veja o jogo de palavras na estrofe aseguir.

O todo sem parte não é todo,A parte sem o todo não é parte,Mas se a parte o faz todo, sendo parte,Não se diga que é parte, sendo todo.

OBRAS DE GREGÓRIO DE MATOS

Manuscritos – Enquanto vive, os seus poemas circulam de mão em mão,de forma manuscrita, ou oralmente, de boca em boca

Obras publicadas – As obras de Gregório de Matos somente são publi-cadas no século XX, entre 1923 e 1933, pela Academia Brasileira de Le-tras, em seis volumes:

I. Sacra (contém todos os poemas religiosos).

II. Lírica (contém todos os poemas lírico-amorosos).

III. Graciosa (contém poemas que exploram o humor).

IV e V. Satírica (contém todos os poemas que exploram a sátira).

VI. Última (contém poemas misturados).

Testes

01. Julgue o que se afirma sobre a estética barroca.

a. ( ) O cultismo é um é um requinte formal que consiste em elaborarum intrincado jogo de palavras. No Brasil, Gregório de Matos fazuso desse recurso.

b. ( ) O conceptismo consiste em um jogo apurado de raciocínio lógi-co, por meio do qual o escritor barroco tenta mostrar a “veraci-dade” de seu ponto de vista. No Brasil, Antônio Vieira faz usodesse recurso.

c. ( ) O livro que inaugurou o Barroco no Brasil foi Prosopopeia, poe-ma épico de Manuel Botelho de Oliveira publicado em 1601.

d. ( ) A obra de Gregório de Matos, graças ao empenho da igreja cató-lica, circulou pelas principais “ilhas culturais” do Brasil Colônia.

RESPOSTAS: a(V) – b(V) – c(F) – d(F)

COMENTÁRIO: c) Prosopopeia é poema épico de Bento Teixeira; d) Aobra de Gregório de Matos somente foi publicada a partir de 1923, pelaAcademia Brasileira de Letras.

02. Assinale o item verdadeiro sobre a poesia de Gregório de Matos.

a) Escreveu somente poesias satíricas.b) Satirizou duramente os ricos e os poderosos, mas defendeu os po-

bres e os oprimidos da sociedade baiana e brasileira.c) Fez poesia satírica, lírico-amorosa e sacra, mas notabilizou-se na poe-

sia satírica.d) Fez poesia satírica, lírico-amorosa e sacra, mas só a poesia satírica

possui qualidades literárias.e) Fez poesia satírica, lírico-amorosa e sacra, mas somente a poseia

sacra possui qualidades literárias.

RESPOSTAS: C

03. Indique a correlação errada.

a) Arcadismo: apoia-se nos ideais do Iluminismo.b) Arcadismo: prega o racionalismo.c) Arcadismo: prega o anticlassicismo.d) Barroco: apoia-se na Contrarreforma.e) Quinhentismo: apoia-se no Classicismo.

RESPOSTAS: C

COMENTÁRIO: Por retornar ao Classicismo português, o Arcadismo foichamado de Neoclassicismo.

04. Tomando por base a estrofe seguinte, assinale a afirmativa er-rada.

Nasce o Sol e não dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura,Em tristes sombras morre a formosura,Em contínuas tristezas, a alegria.

(Gregório de Matos)

a) A estrofe contém zeugma.b) A estrofe contém elipse. c) A estrofe contém antítese. d) A estrofe contém anáfora. e) A estrofe contém rima masculina.

RESPOSTAS: E

COMENTÁRIO: A rima masculina ocorre entre palavas oxítonas ou mo-nossílabas. A estrofe contém rimas femininas (entre palavras paro-xítonas).

05. Identifique a autoria do texto seguinte:

A vós correndo vou, braços sagrados,Nessa cruz sacrossanta descobertos,Que, para receber-me, estais abertos,E, por não castigar-me, estais cravados.

a) Antônio Vieirab) Manuel Botelho de Oliveirac) José de Anchietad) Gregório de Matose) Bento Teixeira

RESPOSTAS: D

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Renascimento cultural e científicoDurante os séculos XV e XVI intensificou-se, na Europa, a produção artística ecientífica. Esse período ficou conhecido como Renascimento ou Renascença.As conquistas marítimas e o contato mercantil com a Ásia ampliaram o co-mércio e a diversificação dos produtos de consumo na Europa a partir doséculo XV. Com o aumento do comércio, principalmente com o Oriente, mui-tos comerciantes europeus fizeram riquezas e acumularam fortunas. Comisso, eles dispunham de condições financeiras para investir na produçãoartística de escultores, pintores, músicos, arquitetos, escritores, etc.Os governantes europeus e o clero passaram a dar proteção e ajuda finan-ceira aos artistas e intelectuais da época. Essa ajuda, conhecida como me-cenato, tinha por objetivo fazer com que esses mecenas (governantes eburgueses) se tornassem mais populares entre as populações das regiõesonde atuavam. Neste período, era muito comum as famílias nobres encomen-darem pinturas (retratos) e esculturas junto aos artistas.Foi na Península Itálica que o comércio mais se desenvolveu neste período,dando origem a uma grande quantidade de locais de produção artística.Cidades como, por exemplo, Veneza, Florença e Gênova tiveram um expres-sivo movimento artístico e intelectual. Por este motivo, a Itália passou a serconhecida como o berço do Renascimento.

Características:

a) Valorização da cultura greco-romana. Para os artistas da época renascen-tista, os gregos e romanos possuíam uma visão completa e humana danatureza, ao contrário dos homens medievais;

b)As qualidades mais valorizadas no ser humano passaram a ser a inteligên-cia, o conhecimento e o dom artístico;

c) Enquanto na Idade Média a vida do homem devia estar centrada em Deus(teocentrismo ), nos séculos XV e XVI o homem passa a ser o principalpersonagem (antropocentrismo);

d)A razão e a natureza passam a ser valorizadas com grande intensidade. Ohomem renascentista, principalmente os cientistas, passam a utilizarmétodos experimentais e de observação da natureza e universo.

Durante os séculos XIV e XV, as cidades italianas como, por exemplo, Gênova,Veneza e Florença, passaram a acumular grandes riquezas provenientes docomércio. Estes ricos comerciantes, conhecidos como mecenas, começaram ainvestir nas artes, aumentando assim o desenvolvimento artístico e cultural. Porisso, a Itália é conhecida como o berço do Renascentismo. Porém, estemovimento cultural não se limitou à Península Itálica. Espalhou-se para outrospaíses europeus como, por exemplo, Inglaterra, Espanha, Portugal, França ePaíses Baixos.

O Renascimento e as fases

O Renascimento foi um importante movimento de ordem artística, cultural ecientífica que se deflagrou na passagem da Idade Média para a Moderna. Emum quadro de sensíveis transformações que não mais correspondiam aoconjunto de valores apregoados pelo pensamento medieval, o renascimentoapresentou um novo conjunto de temas e interesses aos meios científicos eculturais de sua época. Ao contrário do que possa parecer, o renascimentonão pode ser visto como uma radical ruptura com o mundo medieval. A razão, de acordo com o pensamento da renascença, era uma manifestaçãodo espírito humano que colocava o indivíduo mais próximo de Deus. Aoexercer sua capacidade de questionar o mundo, o homem simplesmentedava vazão a um dom concedido por Deus (neoplatonismo). Outro aspectofundamental das obras renascentistas era o privilégio dado às açõeshumanas ou humanismo. Tal característica representava-se na reproduçãode situações do cotidiano e na rigorosa reprodução dos traços e formashumanas (naturalismo). Esse aspecto humanista inspirava-se em outroponto-chave do Renascimento: o elogio às concepções artísticas da Antigui-dade Clássica ou Classicismo. Essa valorização das ações humanas abriu um diálogo com a burguesia quefloresceu desde a Baixa Idade Média. Suas ações pelo mundo, a circulação pordiferentes espaços e seu ímpeto individualista ganharam atenção dos homensque viveram todo esse processo de transformação privilegiado peloRenascimento. Ainda é interessante ressaltar que muitos burgueses, aoentusiasmarem-se com as temáticas do Renascimento, financiavam muitosartistas e cientistas surgidos entre os séculos XIV e XVI. Além disso, podemosainda destacar a busca por prazeres (hedonismo) como outro aspectofundamental que colocava o individualismo da modernidade em voga. A aproximação do Renascimento com a burguesia foi claramente percebida

no interior das grandes cidades comerciais italianas do período. Gênova, Ve-neza, Milão, Florença e Roma eram grandes centros de comércio onde aintensa circulação de riquezas e ideias promoveram a ascensão de umanotória classe artística italiana. Até mesmo algumas famílias comerciantes daépoca, como os Médici e os Sforza, realizaram o mecenato, ou seja, opatrocínio às obras e estudos renascentistas. A profissionalização dessesrenascentistas foi responsável por um conjunto extenso de obras que acaboudividindo o movimento em três períodos: o Trecento, o Quatrocento eCinquecento. Cada período abrangia respectivamente uma parte do períodoque vai do século XIV ao XVI. Durante o Trecento, podemos destacar o legado literário de Petrarca (“DeÁfrica” e “Odes a Laura”) e Dante Alighieri (“Divina Comédia”), bem como aspinturas de Giotto di Bondoni (“O beijo de Judas”, “Juízo Final”, “A lamen-tação” e “Lamento ante Cristo Morto”). Já no Quatrocento, com repre-sentantes dentro e fora da Itália, o Renascimento contou com a obra artísticado italiano Leonardo da Vinci (Mona Lisa) e as críticas ácidas do escritorholandês Erasmo de Roterdã (Elogio à Loucura). Na fase final do Renascimento, o Cinquecento, movimento ganhou grandesproporções dominando várias regiões do continente europeu. Em Portugalpodemos destacar a literatura de Gil Vicente (Auto da Barca do Inferno) e Luísde Camões (Os Lusíadas). Na Alemanha, os quadros de Albercht Dürer (“Adãoe Eva” e “Melancolia”) e Hans Holbein (“Cristo morto” e “A virgem doburgomestre Meyer”). A literatura francesa teve como seu grande representan-te François Rabelais (“Gargântua e Pantagruel”). No campo científicodevemos destacar o rebuliço da teoria heliocêntrica defendida pelos estu-diosos Nicolau Copérnico, Galileu Galilei e Giordano Bruno. Tal concepçãoabalou o monopólio dos saberes desde então controlados pela Igreja. Ao abrir o mundo à intervenção do homem, o Renascimento sugeriu umamudança da posição a ser ocupada pelo homem no mundo. Ao longo dosséculos posteriores ao Renascimento, os valores por ele empreendidosvigoraram ainda por diversos campos da arte, da cultura e da ciência. Graçasa essa preocupação em revelar o mundo, o Renascimento suscitou valores equestões que ainda se fizeram presentes em outros movimentos concebidosao logo da história ocidental.

Nicolau Copérnico

Nicolau Copérnico é considerado o pai da Astronomia moderna. Nascido emThorn, na Polônia, em 19 de fevereiro de 1473, era filho de um prósperocomerciante também chamado Nicolau e de Bárbara, irmã do cônego edepois bispo polonês Lucas Wacsenrode.Seu pai morre quando tinha somente 10 anos de idade, e Copérnico vaimorar com o tio. Aos 19 anos ingressa na Universidade de Cracóvia, famosana época pelos currículos de Astronomia, Matemática e Filosofia.

Em 1496 se recusa a ser nomeado cônego de Frauemburg, onde seu tio erabispo, e viaja para a Itália, onde ingressa nas Universidades de Bolonha eFerrara para cursar Direito e Medicina.

Costumava trabalhar sozinho, observando o céu a olho nu (a lunetaastronômica só seria inventada um século mais tarde). Em 1530, já sededicando inteiramente a Astronomia, termina sua grande obra, Derevolutionibus orbium coelestium (Sobre as revoluções das esferas celestes),onde afirma que a Terra gira em torno de seu próprio eixo uma vez por dia eviaja ao redor do Sol uma vez por ano.

Nascia assim o sistema heliocêntrico, uma ideia fantástica para a época. Notempo de Copérnico, papas, imperadores e o povo em geral tinham comocerto que a Terra estava absolutamente parada no centro do Universo, e aonosso redor desfilavam todos os corpos celestes. Também não eram poucosos que acreditavam que a Terra era chata. E desafiar tais crenças poderia serconsiderado heresia.Sobre as esferas De revolutionibus orbium coelestium foi publicada somente30 anos após ser escrita, no ano da morte do próprio Copérnico, que nuncatomou conhecimento da grande controvérsia que havia ajudado a criar.Conta a história que ele faleceu uma hora depois de por as mãos no primeiroexemplar de seu livro, em 24 de maio de 1543.O sistema de Copérnico, embora revolucionário para a época, também sofriasérias imperfeições. Uma delas era supor as órbitas dos planetasrigorosamente circulares. Sem dúvida, seu grande mérito foi a defesa edesenvolvimento do heliocêntrismo durante boa parte da vida. Entre osferozes opositores estavam tanto os doutores da Igreja Católica quantoardorosos reformadores protestantes, como Lutero e Calvino.O orgulho humano sofreu um duro golpe com o sistema de Copérnico, emesmo anos após sua morte, durante o processo de condenação a Galileuem 1616, a Igreja colocou a obra de Copérnico na lista dos escritosproibidos, condição a qual permaneceu até o ano de 1835, ainda que centoe cinquenta anos antes já tivesse sido reconhecida como verdadeira.Pelos dogmas religiosos da época, se Deus havia criado a Terra e o Homempara povoá-la, sendo a criatura imagem do Criador, seríamos portanto

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HistóriaProfessor Francisco MELO de Souza

Aula 03

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superior as demais criaturas. O Universo existia apenas para que ocontemplássemos. O Filho de Deus estava no centro do cosmos, no centrode todas as coisas.Alicerce do pensamento na verdade nosso planeta se move em torno de umaestrela anã que está na periferia da galáxia – uma entre bilhões de outrasilhas de estrelas do cosmos. A Terra surgiu há 4,6 bilhões de anos e nossaespécie começou a evoluir há menos de 2 milhões de anos, tendo sido sendoprecedida de muitas outras. A grande sabedoria está em conceber nossoíntimo parentesco com todos os outros seres deste mundo e na humildadede aceitar que Universo vai continuar depois de nós.A obra de Copérnico foi o alicerce no qual se apoiaram outros grandespensadores da humanidade, como Galileu, Kepler, Newton e mais recente-mente Albert Einstein.

A REFORMA E A CONTRARREFORMAA Reforma Protestante

Foi um movimento religioso, econômico e político de contestação à IgrejaCatólica, que resultou na fragmentação da unidade cristã e na origem doprotestantismo.Motivação alemã – No início do século XVI, a Alemanha era a região euro-peia mais propensa a um rompimento definitivo com a Igreja. Entre os ale-mães, as motivações econômicas, sociais e políticas que os afastavam daIgreja Católica eram mais fortes do que em qualquer outro povo da Europa.Avidez material da Igreja – Expressa-se na venda de indulgências, na explo-ração servil dos trabalhadores em suas terras e na cobrança de impostos. Asimoralidades e a corrupção do clero afetavam o espírito religioso do povo,que, preocupado com a salvação da alma, não podia acreditar que umaIgreja desmoralizada fosse capaz de salvar os fiéis do inferno.Coragem de Lutero – Martim Lutero, alemão, monge agostiniano e profes-sor na Universidade de Wittenberg, iniciou sua luta reformista em 1517,quando fixou, na porta da catedral daquela cidade, as suas 95 teses, nasquais denunciava os abusos do clero e condenava a venda de indulgências.Por esse motivo, Lutero foi excomungado e convocado a comparecer a umaAssembleia de príncipes para ser julgado por heresia. Absolvição – Lutero rasgou publicamente a carta de excomungação e foiabsolvido pelos príncipes, que apoiavam suas ideias, notadamente as quedefendiam a tomada das terras da Igreja pela nobreza. O monge foi respon-sável pela primeira tradução da Bíblia para o alemão.Lutas armadas – No processo de propagação das ideias luteranas, naAlemanha, ocorreram algumas lutas armadas significativas, como a Revolta daPequena Nobreza (1522–1523) e a Revolta dos Camponeses (1524–1525).

A Contrarreforma:

Era necessário combater a propagação do protestantismo e reafirmar osdogmas católicos, negados pelos protestantes. Por isso, tornou-se urgente areformulação moral, política e econômica da Igreja Católica.Para o sucesso da Contrarreforma, muito contribuíram as ações de algunspapas reformistas, como Paulo III; o apoio dado à Igreja por algumas ordensreligiosas, como a Companhia de Jesus e o Tribunal do Santo Ofício.O papa Paulo III foi o organizador do Concílio de Trento, onde foi reafirmadaa doutrina católica. Dentre as principais medidas podemos destacar: aproibição da venda de indulgências, a organização do Índex dos LivrosProibidos, etc.

O ABSOLUTISMO

Características – O Absolutismo é o regime político que se caracteriza pelasuprema autoridade do Estado e pela excessiva concentração de poderesnas mãos do rei. Esse regime predominou na maioria dos países europeusentre os séculos XVI e XVIII. As ações do rei não sofrem nenhum controle e,na prática, a autoridade real é ilimitada. O rei é o juiz supremo e tem direitode impor sua vontade a toda a população do reino.Foi de fundamental importância para a concentração do poder real a aliançaentre o rei e a burguesia, que já vinha ocorrendo desde a Baixa Idade Média.Essa aliança foi fundamental para a centralização política na medida em que,apoiados no capital da burguesia, os reis puderam formar exércitosmercenários para combater os exércitos particulares da nobreza, fortale-cendo, assim, seu poder pessoal.No Estado absolutista, a sociedade estava organizada em três ordens sociaisou estados:Primeiro Estado – Composto pelo clero.Segundo Estado – Composto pela nobreza.Terceiro Estado – Composto pela burguesia e pelo povo em geral.Os reis controlavam a nobreza e a burguesia com a finalidade de manterdefinitivamente assegurada a concentração de poderes em suas mãos,mantendo o equilíbrio de forças entre as duas ordens sociais. Por sua vez, osreis reservavam para a nobreza as funções administrativas, os comandosmilitares, as pensões, etc., garantindo-lhes uma vida faustosa sob a proteçãoreal. Além disso, na sua constante luta contra a burguesia, a nobrezaprecisava do apoio e dos favores reais para manter seu status.

Os teóricos do Absolutismo

No plano teórico, o Absolutismo foi defendido e justificado pôr algunspensadores e políticos, entre os quais destacamos:1. Jean Bodin – Defendia a ideia de que a autoridade do rei vem de Deus, e

que a obrigação do povo é obedecer a ela passivamente.2. Jacques Bossuet – Foi um dos defensores da teoria do direito divino dos

reis. Afirmava que não podia haver público sem a vontade de Deus; todogoverno, seja qual for sua origem, justo ou injusto, pacífico ou violento, élegítimo; revoltar-se contra o governo é cometer um sacrilégio.

3. Hugo Grotius – Não se interessava com a forma como Estado nasceu, sepor imposição ou pela vontade do povo. O importante era que, depois decriado o governo, todos os indivíduos, sem exceção, tinham de obedecer-lhe cegamente.

4. Maquiavel – Em O príncipe, defendia a centralização política e oabsolutismo para consolidação do Estado moderno.

5. Thomas Hobbes – Defendia a tese de que o Estado nasce de um contrato,por meio do qual o povo abre mão dos seus direitos naturais e cede plenospoderes a um soberano.

O absolutismo na França

Na segunda metade do século XVI, na França, houve conflitos religiososentre católicos e calvinistas. Desses conflitos religiosos, emergiu vitoriosa afamília dos Bourbon, que assumiu o poder em 1589, tendo Henrique IV comorei, e o duque de Sully foi posto no cargo de ministro das finanças.Após a morte de Henrique IV, seu filho Luís XIII assumiu o poder. No seureinado, Luis XIII, nomeou o Cardeal Richelieu como ministro das finanças, oqual procurou consolidar o poder do monarca e transformar a França napotência hegemônica da Europa.O maior de todos os reis absolutistas na Europa foi Luis XIV. Encarnando asuprema autoridade do reino, Luís XIV submeteu completamente a nobreza,transformando-a em instrumento de bajulação do rei e sua serviçal. Colbertfoi o ministro das finanças que estimulou o desenvolvimento das manufaturasfrancesas.

O absolutismo na Inglaterra

Os iniciadores do absolutismo inglês foram os Tudor, que assumiram o tronocom o fim da “Guerra das Duas Rosas”. Henrique VIII aumentou o poder doEstado, principalmente devido à Reforma anglicana.Com Elizabeth I, o absolutismo inglês atingiu sua máxima expressão. Houvetambém um grande crescimento econômico em função do desenvolvimentodo comércio marítimo, da indústria de mineração e do comércio de lã.

EXERCÍCIO COMENTADOO texto baixo de John Locke (1632–1704) revela algumascaracterísticas de uma determinada corrente de pensamento.“Se o homem no estado de natureza é tão livre, conforme dissemos, se éabsoluto da sua própria pessoa e posses, igual ao maior e a ninguémsujeito, por que abrirá ele mão dessa liberdade, por que abandonará o seuo seu império e sujeitar-se ao domínio e controle de qualquer outro poder?Ao que é óbvio responder que, embora no estado natureza tenha taldireito, a utilização do mesmo é muito incerta e está constantementeexposta à invasão de terceiros, porque, sendo todos senhores tantoquanto ele, todo homem igual a ele e, na maior parte, pouco observado-res da equidade e da justiça, o proveito da propriedade que possui nesseestado é muito inseguro e muito arriscado. Estas circunstância obrigam-no a abandonar uma condição que, embora livre, está cheia de temores eperigos constantes; e não é sem razão que procura de boa vontade juntar-se em sociedade com outros que estão já unidos, ou pretendem unir-se,para a mútua conservação da vida, da liberdade e dos bens a que chamode propriedade”.

Do ponto de vista político, podemos considerar o texto comouma tentativa de justificar:

a) a existência do governo como um poder oriundo da natureza;b) a origem do governo como um poder oriundo da natureza;c) o absolutismo monárquico como uma propriedade do rei;d) a origem do governo como uma proteção à vida, aos bens e aos

direitos;e) o poder dos governantes, colocando a liberdade individual acima da

propriedade.Gabarito: Letra D. O texto de John Locke deixa transparecer que aorigem do governo justifica entre outras coisas a propriedadeprivada, o direito natural e a proteção à vida, como um beminalienável. Locke defende o liberalismo econômico e a monarquiaconstitucional. Condena, contudo o absolutismo.

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Economia colonial (Sec. XVI–XVIII)

Papel secundário – Nos primeiros trinta anos do século XVI, o Brasilocupou um papel secundário no conjunto de prioridades portuguesas. Nãose encontraram riquezas aparentes que pudessem concorrer com osenormes lucros provenientes do comércio com o Oriente ou somar-se a eles.

Rota de passagem – A nova terra não possuía, também, uma populaçãoorganizada que pudesse ser subjugada para render tributo pelo simplesdireito de viver. Assim, o Brasil tornou-se apenas uma rota de passagem,quase que obrigatória, para as embarcações que praticavam o comércioindiano; aqui, elas realizavam abastecimentos e faziam reparos, quandonecessários.

A EXPLORAÇAO DO PAU-BRASIL

O pau-brasil foi colocado, desde o início da colonização, sob o monopólio doEstado (estanco), e sua exploração foi arrendada, em 1502, a um doscomerciantes portugueses liderados pelo cristão-novo, Fernando deNoronha, por um prazo inicial de três anos.Se os portugueses, entretidos com o comércio oriental, não valorizavamsuficientemente o pau-brasil – a ibirapitanga dos indígenas –, o mesmo nãose pode dizer de mercadores de outros países, sobretudo franceses.Desde 1504, há noticias de comerciantes franceses traficando essa madeiradiretamente com o indígena brasileiro. Os lucros eram grandes, uma vez quenada se pagava à Coroa portuguesa, que, para combater o contrabando,armou duas expedições comandadas por Cristóvão Jacques: a primeira em1516 e a segunda em 1526.Tanto os franceses como os portugueses utilizaram a mão-de-obra indígenanos trabalhos de exploração dos recursos naturais, sobretudo do pau-brasil.Os selvagens, em troca de quinquilharias (produtos de baixo custo para oseuropeus), cortavam, serravam e carregavam o pau-brasil, transportando-o,nos ombros nus (às vezes duas ou três léguas de distância), por montes esítios escabrosos até a costa. Essa relação com os indígenas denomina-seescambo.

A COLONIZAÇAO BRASILEIRA

O primeiro passo, no sentido de ocupar as terras brasileiras, foi o envio daexpedição de Martim Afonso de Souza, que deixou Lisboa em 3 de de-zembro de 1531, com a incumbência primordial de varrer os franceses da“costa do pau-brasil” e desenvolver, ao máximo, a exploração da novaterra, fazendo-lhe reconhecimento, preparando-a para empreendimentosfuturos que garantissem o seu domínio aos portugueses.A expedição aportou em janeiro de 1532, em São Vicente, onde MartimAfonso instalou o que seria a primeira vila do Brasil. Esse primeiro núcleo ofi-cial foi instalado no litoral sul, local de fácil acesso ao Prata, o que demons-trava o interesse mercantilista pelo domínio dessa região.As informações enviadas à Metrópole relatavam a ausência de metaispreciosos e a existência de um solo com grande potencial para investimen-tos agrícolas. Valorizando tais informações, o Estado português tomou ainiciativa de inaugurar uma nova estratégia colonial: o desenvolvimento daagricultura voltada para exportação, possibilitando a ocupação, opovoamento e a valorização econômica dessas terras. Isso é o que sedenomina colonização.O início da efetiva ocupação territorial da colônia fez que Portugalestabelecesse sua primeira empresa colonial em terras brasileiras. Em confor-midade com sua ação exploratória, Portugal viu na produção do açúcar umagrande possibilidade de ganho comercial. A ausência de metais preciosos eo anterior desenvolvimento de técnicas de plantio nas Ilhas do Atlânticoofereciam condições propícias para a adoção dessa atividade.

A ECONOMIA AÇUCAREIRA (XVI-XVII)

Durante os séculos XVI e XVII, a colonização brasileira esteve ligada ao

cultivo da cana e ao preparo do açúcar. Para a montagem da custosa agroindústria açucareira – o engenho –,recorreu-se, inicialmente, aos recursos particulares, por meio de conces-sões das sesmarias. As sesmarias foram distribuídas não só a portugueses, como também aestrangeiros, desde que professassem a fé católica.Mas presume-se que muitas vezes se recorreu ao capital externo,sobretudo flamengo (holandês), que já se encontrava amplamente envolvi-do nos negócios do açúcar na Europa.Os portugueses eram os mais experientes na produção do açúcar, desde oséculo XV introduzida nas Ilhas do Atlântico, enquanto a comercialização erafeita pelos flamengos (holandeses).A grande propriedade era monocultora e voltada para o mercado externo,utilizando mão-de-obra escrava, no início com os índios e, posteriormente,com os negros africanos.A sociedade açucareira que se organizou era o reflexo da economiaagrária, escravista. No engenho, havia uns poucos trabalhadores assalaria-dos – o feitor, o mestre de açúcar e mesmo o capelão ou padre – que sesujeitavam ao poder e à influencia do grande proprietário.Os escravos viviam nas senzalas – habitações de um único compartimento –,na maior promiscuidade; eram responsáveis por todos os trabalhos noscanaviais, nas oficinas e na casa-grande.Qualquer reação contra o sistema de escravidão era reprimida violentamente.Os negros, entretanto, não permaneceram de braços cruzados diante dessarealidade opressiva. Enquanto existiu escravidão, ocorreu também reação. Osímbolo da resistência foi a formação dos quilombos, aldeamentos denegros fugitivos. Eles surgiram por toda parte onde imperou a escravidão:Alagoas, Sergipe, Bahia, Mato Grosso, Pernambuco, Rio de Janeiro e SãoPaulo.O mais conhecido foi, sem dúvida, o Quilombo dos Palmares, situado noatual Estado de Alagoas, cuja resistência durou cerca de 65 anos. Seusmocambos – pequenos casebres cobertos com folhas de palmeiras –chegaram a se estender por 27 mil km². Assim, Palmares constituía-se emconstante chamamento, um estímulo, uma bandeira para os negros escravosdas vizinhanças – um constante apelo à rebelião, à fuga para o mato, à lutapela liberdade.O Quilombo dos Palmares foi destruído em 1695, atacado pela expediçãochefiada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho.Zumbi, grande chefe de Palmares, conseguiu fugir com algumas dezenasde homens, mas, no dia 20 de novembro de 1695, foi aprisionado edecapitado, sua cabeça foi colocada num poste, em praça pública, paraservir de exemplo aos que o consideravam imortal. A data da morte deZumbi ficou registrada nos anais da História como o “Dia da ConsciênciaNegra”, para que se possa sempre lembrar que os negros até hoje lutam con-tra a marginalização e a discriminação de que são vítimas.

MINERAÇÃO (XVIII)

As notícias sobre os primeiros achados auríferos dos paulistas,provavelmente realizados entre 1693–1695, rapidamente se espalharam portoda a Colônia. Esse verdadeiro rush, até então nunca visto, foi apreendido por Antonil que,por volta de 1710, escreveu: “A sede insaciável do ouro estimulou a tantosdeixarem suas terras e a meterem-se por caminhos tão ásperos como são osdas minas, que dificultosamente se poderá dar conta do número das pessoasque atualmente lá estão”. (Giovanni Antonio Andreoni (Antonil). Cultura e Opulência noBrasil. In Francisco de Assis Silva. História do Brasil)

A ambição pelo ouro atingiu também a população do reino. Calcula-se, emmédia, a entrada de três a quatro mil pessoas por ano, durante o tempo dacorrida do ouro.

Intendência – Com a descoberta de zonas auríferas nas Minas Gerais, aCoroa portuguesa criou uma intendência em cada local em que se descobriaouro, dirigida por um funcionário nomeado pelo Estado e diretamentevinculado a ele. O descobridor de cada novo veio aurífero deveria comunicarao intendente, o mais rápido possível, o seu achado.

Quinto – Sobre a riqueza aurífera, a Coroa portuguesa exigia a cobrança detributos. Ficou decidido que a quinta parte do ouro extraído pertencia aoEstado. Esse imposto ficou conhecido como quinto.

Capitação – Em 1730, ocorreu uma redução para 12%, mas o Estadopassou a exigir um imposto dos mineradores sobre os escravos de sua pro-priedade. Esse imposto ficou conhecido como capitação.

Derrama – Em 1750, a capitação foi extinta, retomando-se os 20% doquinto, mas a Coroa portuguesa fixou uma meta de 100 arrobas anuais aser arrecadada. Caso a região mineira não alcançasse tal quantidade, ogoverno executaria a derrama, ou seja, a cobrança do impostos atrasados.Essa atitude do governo português representava um verdadeiro confisco eainda era realizado com violência.

Consequências políticas – Esse novo ciclo econômico trouxe consequên-cias políticas. Em 1763, ocorreu a mudança da capital da Colônia de Salvador(Bahia) para o Rio de Janeiro (Sul), mostrando a preocupação do Estadoem colocar a sede do governo mais próximo da região mineira, a fim demelhor controlar a saída do ouro, evitando, assim, o contrabando.

HistóriaProfessor DILTON Lima

Aula 04

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Desenvolvimento artístico – A mineração foi marcada por um notáveldesenvolvimento artístico na escultura, mormente no barroco, cujo maiordestaque foi Antônio Francisco Lisboa, o “Aleijadinho”.

CRIAÇÃO DE GADO OU PECUÁRIA

Atividade complementar da economia açucareira. Essa atividade erapraticada nos próprios engenhos de cana-de-açúcar, onde se empregava aforça dos animais para fazer funcionar as moendas; podemos dizer que ogado foi a força motriz dos engenhos. O gado também era usado comotransporte até os portos de embarque do açúcar, e sua carne, depois de secaao sol, destinava-se à alimentação nos engenhos.Diferentemente do ocorrido na atividade açucareira, na pecuária utilizou-semão-de-obra livre e indígena.

NEM SÓ DE AÇUCAR E OURO VIVEU O BRASILO projeto colonizador brasileiro foi montado com base na agriculturavoltado para exportação. Para garantir o sucesso desse projeto, foi ultilizadaparalelamente a produção de aguardente (cachaça), tabaco (fumo) erapadura. Foram produtos necessários na realização do tráfico negreiro(comércio de escravos). A produção de tabaco concentrou-se na Bahia eem Alagoas. O algodão tornou-se um grande produto de exportação devido à revoluçãoindustrial, ocorrida na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII.A industria têxtil transformou o algodão em matéria-prima fundamental, poishouve a ampliação dos mercados consumidores desse produto.

Exercícios comentados

01. (Pucrs) Responder à questão sobre o período pré-colonialbrasileiro, com base no texto a seguir:“... Da primeira vez que viestes aqui, vós o fizestes somentepara traficar. (...) Não recusáveis tomar nossas filhas e nós nosjulgávamos felizes quando elas tinham filhos. Nessa época,não faláveis em aqui vos fixar. Apenas vos contentáveis comvisitar-nos uma vez por ano, permanecendo, entre nós,somente durante quatro ou cinco luas [meses]. Regressáveisentão ao vosso país, levando os nossos gêneros para trocá-loscom aquilo que carecíamos.”(MAESTRI, Mário. “Terra do Brasil: a conquista lusitana e o genocídiotupinambá”. São Paulo: Moderna, 1993, p.86)O texto anterior faz alusão ao comércio que marcou o períodopré-colonial brasileiro conhecido por

a) mita.b) escambo.c) encomienda.d) mercantilismo.e) corveia.

Nas primeiras relações entre os conquistadores europeus e osgrupos indígenas não se deu a escravização desses povos, Nestemomento histórico era realizada uma troca de produtos de baixocusto para os lusitanos e em troca levavam a madeira tintorial. Aessa operação damos o nome de escambo, portanto a respostacorreta é a letra B.

02. Assinale a afirmativa que sintetiza a lógica dosempreendimentos coloniais em relação ao trabalho:

a) A mão-de-obra indígena era mais facilmente obtida por ser menosdispendiosae pela grande quantidade de índios disponíveis naprópria Colônia.

b) A necessidae de grandes contingentes de trabalhadors levou osportugueses a recorrerem ao trabalho indígena.

c) A questão da mão-de-obra foi um problema constante no período,conduzindo à escravização de índios e africanos.

d) A escravização do gentio constitui-se numa questão polêmica quecontrapôs, frequentemente, lavradores e missionários.

e) O trabalho compulsório mostrou-se o mais adequado ante asdiretrizes mercantilistas de ocupação e exploração coloniais.

A lógica dos empreendimentos é a lógica que movimenta a economiana época, que é capitalismo na sua fase mercantil. Os traficantes deescravos eram homens de negócio que se utilizavam da políticamercantilista para gerar lucros para os grupos metropolitanos.Portanto a resposta é a letra E.

03. Estima-se que entre 1700 e 1760 aportaram em nosso litoral,vindas de Portugal e das ilhas do Atlântico, cerca de 600 milpessoas, em média anual de 8 a 10 mil.

Sobre essa corrente imigratória, é correto afirmar que

a) continuava a despejar, como nos dois séculos anteriores, pessoasdas classes subalternas, interessadas em fazer fortuna na Américaportuguesa.

b) era constituída, em sua maioria, e pela primeira vez, de negrostrazidos para alimentar a voracidade por mão-de-obra escrava nasmais variadas atividades.

c) tratava-se de gente da mais variada condição social, atraídaprincipalmente pela possibilidade de enriquecer na região dasMinas.

d) representava uma ruptura com a fase anterior, pelo fato de agoraser atraída visando satisfazer a retomada do ciclo açucareiro e oinício do algodoeiro.

e) caracterizava-se pelo grande número de cristãos-novos e pequenosproprietários rurais, atraídos pelas lucrativas atividades de abastecero mercado interno.Você percebe que estamos vivendo a plenitude do século XVIII, eque nessa época houve uma grande imigração lusa. E por queviriam para o Brasil ? por causa das riquezas auríferas, e portanto aregião que receberá tantos portugueses é Minas Gerais. Logo aresposta é a letra C.

04. O Tratado de Methuen, firmado em 1703 entre Portugal eInglaterra, estabelecia:

a) livre entrada de tecidos e outros manufaturados ingleses.b) empréstimos ingleses, a longo prazo, para serem aplicados em um

esforço de industrialização.c) igualdade tarifária para os vinhos portugueses e franceses.d) permissão de entradas de capitais ingleses no Brasil.e) prioridade às mercadorias portuguesas no comércio com a

Inglaterra.Este tratado também recebe o nome de Acordo dos Panos eVinhos, garantindo paras os ingleses os mercados para seustecidos e outros artigos manufaturados, deixando a balança lusitanadeficitária. Portanto a resposta é a letra A.

05. Dentre as características gerais do período colonial brasileirodestaca-se:

a) uma sociedade escravocrata que, apesar de estar estruturada sobreo Pacto Colonial, possuía livre comércio com os holandeses eingleses devido à necessidade da venda do açúcar aqui produzido.

b) a utilização da mão-de-obra indígena no Brasil, até o governo de D.João VI, e a sua substituição, no período Joanino, pela mão-de-obra do escravo negro.

c) o trabalho dos missionários jesuítas, que conseguiram proteger econservar a cultura original de nossos primeiros habitantes -chamados de índios.

d) o surgimento de pequenas e médias propriedades, possibilitadopelos donatários das capitanias, para ocupar nosso extenso litoral.

e) a montagem da produção açucareira, que ocorreu de acordo com osistema de "plantation", originando uma sociedade patriarcal eescravista.

O tipo de economia que deveria caracterizar a economia colonialbrasileira deveria está assentada no tripé: latifúndio monocultor,economia agro-exportadora e o trabalho escravo. Portanto aresposta é a letra E, pois a conjugação desses fatores damos onome de plantation.

06. (UFAM) Dentre as alternativas abaixo sobre o Brasil Colonial,assinale aquela que é INCORRETA:

a) Holandeses e ingleses foram os grandes beneficiados com aprodução de açúcar e com a extração do ouro, respectivamente.

b) A cultura canavieira em larga escala exigiu a instituição do latifúndioe da mão-de-obra escrava.

c) O sistema de feitorias, utilizado na exploração do pau-brasil, foi oprincipal fator que viabilizou a formação de núcleos povoadoreslusos no Brasil.

d) Na exploração do pau-brasil, a mão-de-obra foi obtida através doescambo, enquanto que na lavoura canavieira e na extração doouro, utilizou-se a mão-de-obra escrava.

e) A dinâmica da exploração do ouro fez surgir na região aurífera umnovo segmento social, a classe média, inexistente na sociedadeaçucareira.A alternativa incorreta é a letra C, pois a formação de núcleospovoadores só foi possível com o projeto colonizador dado aeconomia açucareira. Por causa dessa economia nasceu núcleospovoadores como a Vila de São Vicente e a Vila de Olinda.

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Meio ambiente da AmazôniaO Uso das Bacias Hidrográficas Transfronteiriças como uma Estratégia deConservação da Biodiversidade nas Florestas Inundadas da Amazônia.

As florestas inundadas na Amazônia ocupam cerca de 8% do bioma Amazô-nico, tendo como principal característica a flutuação cíclica dos rios, quepodem atingir até 14 m, entre as estações de seca e enchente, resultando eminundações periódicas de grandes áreas ao longo de suas margens. Estaflutuação anual dos ciclos de seca e enchente resulta em uma grandeadaptação de plantas, animais e população humana que vivem nestes ecos-sistemas. Diferente do que ocorre em regiões terrestres, onde a criação de uma redeintegrada de unidades de conservação pode ser uma das estratégias para aproteção e conservação da biodiversidade, tal estratégia não pode seraplicada nas florestas inundadas. Nestes ecossistemas o fator fundamentalpara manutenção da biodiversidade são os processos físicos e biológicos,tais como os ciclos hidrológicos, ciclos de sedimentos, continuidade dosrios, migração de espécies, entre outros. Neste caso uma abordagem a nívelde bacia hidrográfica é fundamental para a manutenção deste biodiver-sidade, identificando as principais ameaças aos processos físicos e bioló-gicos e traçar ações de como minimizá-las. Na primeira etapa foram definidos os limites das florestas inundáveis da Ama-zônia, considerando os ambientes aquáticos e as interfaces destesambientes com os ambientes terrestres adjacentes inundados durante operíodo de enchente dos rios. Posteriormente, as principais ameaças àsflorestas inundadas foram localizadas usando os limites das bacias hidro-gráficas uma unidade biogeográfica. Foram determinadas 33 sub-ecorre-giões, baseados nos limites das ecorregiões e nas bacias hidrográficas daregião Amazônia. Foram identificadas prioridades de ação usando critériosquantitativos e qualitativos do estado de conservação e grau de ameaça atuale futura de cada uma das 33 sub-regiões das florestas inundadas daAmazônia. Finalmente foi construída uma matriz usando os dois parâmetrosa fim de priorizar as ações para minimizar os efeitos de ameaça nas baciashidrográficas que compõem as florestas inundadas da Amazônia. Em meio à discussão sobre a Medida Provisória 458, que trata da regulariza-ção fundiária na Amazônia, organizações da sociedade civil lançam a cartilha"Trilhas da Regularização Fundiária para Populações nas FlorestasAmazônicas", com o intuito de instruir as populações da região sobre asetapas básicas para a legalização do uso da terra e seus recursos, mostran-do as diferentes categorias jurídicas para o reconhecimento dos direitos doscamponeses e das populações tradicionais.Com 101 páginas e nove capítulos, a publicação explica, por meio de ilus-trações e textos objetivos, cada um dos processos para a regularizaçãofundiária, facilitando a compreensão e a reivindicação da sociedade civil."Queremos responder algumas das questões e também apresentar as prin-cipais maneiras para os pequenos produtores regularizarem a sua terra. Issoporque, quando se trata de documentação da terra, é comum que aspessoas tenham muitas dúvidas", descreve o material, que foi produzido peloCentro de Pesquisa Florestal Internacional (Cifor), pela Fase- Gurupá, peloCentro para Migração e Desenvolvimento Internacional (DID) e pelo Comitêde Desenvolvimento Sustentável de Porto de Moz (CDS).Embora a cartilha tenha sido feita especialmente para a realidade fundiária doPará, os organizadores do material esperam que as comunidades de outrosestados "também possam utilizar essas informações nas lutas pelasegurança em suas terras".

O uso da Ecologia de paisagem e análise de lacunas para a escolha deáreas prioritárias para a conservação da Biodiversidade no Bioma Ama-zônia: um instrumento de planejamento no Zoneamento Ecológico-Econômico

O bioma Amazônia abrange no Brasil uma área de 4.871.000 km2. Apesar desua grande dimensão, da riqueza de espécies e diversidade de habitats, aslacunas no conhecimento sobre flora, fauna e processos ecológicos nestaregião são enormes, tornando o processo de escolha de áreas para aconservação da biodiversidade um desafio. Existem algumas propostas para a seleção de áreas prioritárias para a con-servação da biodiversidade na Amazônia, podendo as mesmas serem agre-gadas em duas linhas metodológicas: uma baseada na distribuição de espé-cies e outra na distribuição de ecossistemas.

Problemas atuais enfrentados pela floresta amazônica:

Um dos principais problemas é o desmatamento ilegal e predatório. Maderei-ras instalam-se na região para cortar e vender troncos de árvores nobres. Hátambém fazendeiros que provocam queimadas na floresta para ampliação deáreas de cultivo (principalmente de soja). Estes dois problemas preocupamcientistas e ambientalistas do mundo, pois em pouco tempo, podem provocarum desequilíbrio no ecossistema da região, colocando em risco a floresta. Outro problema é a biopirataria na floresta amazônica. Cientistas estrangeirosentram na floresta, sem autorização de autoridades brasileiras, para obteramostras de plantas ou espécies animais. Levam estas para seus países,pesquisam e desenvolvem substâncias, registrando patente e depois lucrandocom isso. O grande problema é que o Brasil teria que pagar, futuramente, parautilizar substâncias cujas matérias-primas são originárias do nosso território.Com a descoberta de ouro na região (principalmente no estado do Pará), muitosrios estão sendo contaminados. Os garimpeiros usam o mercúrio no garimpo,substância que está contaminando os rios e peixes da região. Índios quehabitam a floresta amazônica também sofrem com a extração de ouro na região,pois a água dos rios e os peixes são importantes para a sobrevivência dastribos.Os objetivos deste estudo são: (1) analisar a representatividade das unidadesde conservação e outros tipos de áreas protegidas no bioma Amazônia,quanto aos principais ecossistemas e tipos de habitats existentes na região,usando como unidade biogeográfica a ecorregião; e (2) propor a ampliaçãodo atual sistema de unidades de proteção integral, usando como unidadebiogeográfica as ecorregiões do bioma Amazônia, através do método deanálise de lacunas, na identificação das paisagens ainda não incorporadas oucom menos de 10% de sua área dentro de unidades de conservação deproteção integral. O bioma Amazônia é formado por 23 ecorregiões, representando cerca de 4,1milhões de km2 (48,1% do território brasileiro), sendo uma das principaiscaracterísticas usadas na separação das ecorregiões os grandes interfluvios. Aporcentagem do bioma ocupada por cada ecorregião varia de 0,01% a 16,2%.Somente três ecorregiões, ocupam extensões maiores que 10% do bioma; amaioria das ecorregiões, 15 (65,2%) ocupam menos de 10% do bioma. Existem atualmente cerca de 51 unidades de conservação de proteção integralna Amazônia, ocupando 4,12% do bioma; 77 unidades de conservação dedesenvolvimento sustentável ocupando 8,99% do bioma; e 259 terrasindígenas, ocupando 22,86% do bioma. A distribuição das 51 unidades deconservação de proteção integral não é homogênea entre as 23 ecorregiõesque compõem o bioma Amazônia. Destas, 3 ecorregiões não apresentamnenhuma unidade de conservação de proteção integral, 12 apresentam menosde 5% de sua área em unidades de conservação de proteção integral, 5apresentam entre 5 a 20% de sua área em unidades de conservação deproteção integral, e somente 3 ecorregiões apresentam mais de 20% de suaárea em unidades de conservação de proteção integral. Desta forma, o sistemade unidades de conservação de proteção integral no bioma Amazônia é aindainsuficiente para garantir a integridade da grande diversidade de ecossistemasexistentes. As ecorregiões mais importantes para a criação ou ampliação dosistema de unidades de conservação são aquelas que: (a) não possuemnenhuma área protegida em unidades de conservação de proteção integral eestão com alto nível de desmatamento e (b) possuem menos de 10% de suasáreas em unidades de conservação federais de proteção integral. Foi feita uma análise de lacunas do sistema de unidades de conservação deproteção integral em relação às ecorregiões, usando um mapa de paisagens,resultante da combinação de solos e vegetação. Este mapa foi criado a fimde substituir a falta de informação sobre a distribuição de espécies no bioma.Desta forma, hipotetiza-se que as paisagens amazônicas são um elementoindireto de medição de complementariedade dos padrões de distribuição,riqueza e diversidade de espécies neste bioma. O número de paisagens nas 23 ecorregiões que compõem o bioma amazô-nico é de 392, variando de 8 a 175 por ecorregião. Contudo, o número detipos de paisagens em unidades de conservação de proteção integral varioude 0 a 81. Dos 392 tipos de unidades de paisagem, 239 (61%) não estãorepresentados em nenhuma das 50 unidades de proteção integral existentesdo bioma e 95 (24%) apresentam menos de 10% de sua área em unidadesde proteção integral, ou seja, as unidades de paisagem com menos de 10%de sua área representadas em unidades de conservação do bioma Amazô-nia totalizam 85%. Desta forma, semelhante à baixa representação dasunidades de conservação em relação às ecorregiões, o sistema atual deunidades é insuficiente para proteger a grande diversidade de tipos depaisagens existentes nas 23 ecorregiões que compõem o bioma Amazônia.Os tipos de unidades de paisagem mais importantes a serem incorporadasnas novas unidades de conservação de proteção integral, em cada ecorre-gião do bioma Amazônia, são aquelas que não estão ainda incorporadas oupossuem menos de 10% de suas áreas em unidades de conservação de

GeografiaProfessor PAULO BRITO

Aula 05

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proteção integral. Contudo, é necessário fazer uma análise individual da re-presentação das paisagens em cada ecorregião. Este enfoque é importanteporque as ações prioritárias para a conservação da biodiversidade no biomaAmazônia tem que ser estabelecidas em cada ecorregião individualmente,porque cada ecorregião é uma unidade biogeográfica distinta, resultante deprocessos históricos, evolutivos e ecológicos, apresentando deste forma,componentes bióticos e abióticos únicos. Este sistema deve, necessariamente, incluir todos os tipos de paisagemexistentes na ecorregião, dando-se especial atenção àqueles ambientesúnicos e de distribuição restrita, pois estes são os que podem abrigar, commaior probabilidade, elementos bióticos singulares. As unidade de conser-vação em cada uma das ecorregiões devem ser conectadas através de cor-redores incluindo unidades de conservação de uso sustentável e as terrasindígenas, desde que haja um monitoramento permanente da qualidadeambiental destas áreas.

Preservação da Amazônia evita eventos climáticos extremos no país, dizpesquisador

A preservação da Amazônia pode evitar eventos climáticos extremos no cen-tro-sul do Brasil, por causa do papel da floresta na manutenção do equilíbriodo clima na América Latina. De acordo com o pesquisador Antonio Nobre,doInstituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e do Instituto Nacional dePesquisas Espaciais (Inpe), a floresta tem papel fundamental no equilíbrio dosistema hidrológico da região. "No funcionamento do clima na América do Sul, a Amazônia tem um papelmuito grande na exportação de umidade, por meio da atmosfera, dos ventos.As nuvens saem da Amazônia para irrigar as regiões no centro-sul da AméricaLatina: Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, norte da Argentina. Toda essa regiãodepende das águas que vêm da Amazônia", apontou Nobre, em entrevista àRádio Nacional da Amazônia. De acordo com dados do pesquisador, por dia, a Amazônia chega a jogar naatmosfera 20 bilhões de toneladas de água em forma de vapor. O bom funcionamento desse sistema de regulação do regime de chuvasdepende da manutenção da floresta em pé, sem desmatamentos, segundoNobre. "O que está em curso hoje ameaça gravemente o funcionamentodessa máquina gigantesca." O cientista compara o desmate da Amazônia à retirada de partes do fígado deuma pessoa que ingere muito álcool. "A floresta amazônica é como um fígadogigantesco, uma bomba, um pulmão. As árvores têm um papel muito importan-te no funcionamento da atmosfera, do transporte de água, do clima. E o queestamos fazendo é como cortar um pedaço do fígado, que passa a ter muitomenos capacidade de lidar com os abusos", disse. "O que a Amazônia provê é um sistema de estabilização climática que conse-gue manter a região toda em equilíbrio. Não se tem nem excesso de águanem falta. E também impede que ocorram secas prolongadas, que criariamos desertos." Nobre defende que, mesmo diante de incertezas científicas, há fatos suficien-tes para justificar a demanda urgente pela preservação. "O que a ciência jásabe é mais do que suficiente para comprar várias apólices de seguro. E oseguro se chama proteger a floresta. Estamos destruindo o sistemahidrológico e o clima da América do Sul."

Aquecimento Global

Todos os dias acompanhamos na televisão, nos jornais e revistas as catás-trofes climáticas e as mudanças que estão ocorrendo, rapidamente, no climamundial. Nunca se viu mudanças tão rápidas e com efeitos devastadorescomo tem ocorrido nos últimos anos. A Europa tem sido castigada por ondas de calor de até 40 graus centígrados,ciclones atingem o Brasil (principalmente a costa sul e sudeste), o número dedesertos aumenta a cada dia, fortes furacões causam mortes e destruição emvárias regiões do planeta e as calotas polares estão derretendo (fator quepode ocasionar o avanço dos oceanos sobre cidades litorâneas). O quepode estar provocando tudo isso? Os cientistas são unânimes em afirmarque o aquecimento global está relacionado a todos estes acontecimentos.Pesquisadores do clima mundial afirmam que este aquecimento global estáocorrendo em função do aumento da emissão de gases poluentes, princi-palmente, derivados da queima de combustíveis fósseis (gasolina, diesel,etc), na atmosfera. Estes gases (ozônio, dióxido de carbono, metano, óxidonitroso e monóxido de carbono) formam uma camada de poluentes, de difícildispersão, causando o famoso efeito estufa. Este fenômeno ocorre, pois,estes gases absorvem grande parte da radiação infra-vermelha emitida pelaTerra, dificultando a dispersão do calor.O desmatamento e a queimada de florestas e matas também colabora paraeste processo. Os raios do Sol atingem o solo e irradiam calor na atmosfera.Como esta camada de poluentes dificulta a dispersão do calor, o resultado éo aumento da temperatura global. Embora este fenômeno ocorra de forma

mais evidente nas grandes cidades, já se verifica suas consequências emnível global.

Consequências do aquecimento global

– Aumento do nível dos oceanos: com o aumento da temperatura no mundo,está em curso o derretimento das calotas polares. Ao aumentar o nível daáguas dos oceanos, podem ocorrer, futuramente, a submersão de muitascidades litorâneas;

– Crescimento e surgimento de desertos: o aumento da temperatura provocaa morte de várias espécies animais e vegetais, desequilibrando váriosecossistemas. Somado ao desmatamento que vem ocorrendo, princi-palmente em florestas de países tropicais (Brasil, países africanos), atendência é aumentar cada vez mais as regiões desérticas do planeta Terra;

– Aumento de furacões, tufões e ciclones: o aumento da temperatura fazcom que ocorra maior evaporação das águas dos oceanos, potencia-lizando estes tipos de catástrofes climáticas;

– Ondas de calor: regiões de temperaturas amenas tem sofrido com as ondasde calor. No verão europeu, por exemplo, tem se verificado uma intensaonda de calor, provocando até mesmo mortes de idosos e crianças.

Protocolo de Kyoto

Este protocolo é um acordo internacional que visa a redução da emissão dospoluentes que aumentam o efeito estufa no planeta. Entrou em vigor em 16fevereiro de 2005. O principal objetivo é que ocorra a diminuição da tem-peratura global nos próximos anos. Infelizmente os Estados Unidos, país quemais emite poluentes no mundo, não aceitou o acordo, pois afirmou que eleprejudicaria o desenvolvimento industrial do país.

Conferência de Bali

Realizada entre os dias 3 e 14 de dezembro de 2007, na ilha de Bali(Indonésia), a Conferência da ONU sobre Mudança Climática terminou comum avanço positivo. Após 11 dias de debates e negociações. os EstadosUnidos concordaram com a posição defendida pelos países mais pobres. Foiestabelecido um cronograma de negociações e acordos para troca deinformações sobre as mudanças climáticas, entre os 190 países participantes.As bases definidas substituirão o Protocolo de Kyoto, que vence em 2012.

EXERCÍCIOS COMENTADOS01. As crises do petróleo e a própria demanda do mercado de

consumo industrial, comercial e de serviços levaram os gover-nos do Brasil a investirem significativamente na construção devárias usinas hidrelétricas, muitas delas de grande porte como ade Tucuruí, Itaipu e outras em diferentes bacias hidrográficas. Oaproveitamento dos rios da Bacia Platina para a produção deenergia hidroelétrica interessa aos países que compõem oMercosul. Considerando a posição geográfica dos mesmos,podemos afirmar que:

a) Argentina e Chile obtêm toda sua energia graças aos cursos d'águaque descem dos Andes.

b) Uruguai e Paraguai não podem obter energia hidroelétrica porqueseus rios são de planície.

c) Argentina e Uruguai são privilegiados porque aí os rios têm escoa-mento mais regular.

d) Brasil e Paraguai são favorecidos porque estão nos altos cursos ondeo potencial é maior.

e) A Bolívia está em melhor situação por ter parte de seu território naBacia Platina e parte na Bacia Amazônica.

02. No Ecotour Amazônia 2001,mais uma vez se falou do ecoturis-mo ser uma das possibilidades de aproveitamento econômicodas unidades de conservação no Brasil e na Amazônia. Sobreesta atividade é falso dizer:

a) Deve ser implantado, procurando-se conciliar os interesses dosvisitantes com as expectativas da população que vive nas áreasprotegidas.

b) Pode causar, quando ocorre em terra firme, a compactação do solopelo uso frequente das trilhas.

c) Atrai turistas de todas as partes do mundo, sendo o principal ramoda atividade turística no país.

d) Procura explorar a beleza cênica da paisagem, propondo atividadesao turista, de acordo com as características naturais do ambiente.

e) Pode causar a fuga da fauna que se assusta com a presença dosturistas.

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HidrografiaEstados físicos da água – A água pode ser encontrada na natureza nos seustrês estados físicos:a) Vapor – ou de cristais de gelo na atmosfera.b) Líquido – na superfície do Planeta, fluindo sobre o relevo, abrindo vales e

formando os rios.g) Sólido – em virtude das baixas temperaturas verificada nas altas latitudes

e altitudes, ela acumula-se, produzindo as geleiras.Nos continentes, a água pode estar acumulada nos lagos ou nos lençóissubterrâneos. As partes mais baixas do planeta, os vasos oceânicos, forampreenchidos por águas que deram origem aos grandes mares e oceanos.Elemento vital – Ela é um dos elementos primordiais para a existência esobrevivência dos homens, dos animais e das plantas. A água cobre quase71% da superfície do planeta Terra contra 29% das terras emersas. Este recursonatural é tão importante para a humanidade que, desde a antiguidade, muitasde nossas cidades tiveram origem nas margens de importantes rios. “As ci-vilizações do antigo Egito, da Índia e da Mesopotâmia chamam-se civilizaçõeshidráulicas. Sua ascensão e subsequente queda estão intimamente relacio-nadas à existência da água”, como afirma o geógrafo David Drew. Produto disputado – Nas últimas décadas, vem-se transformado num produ-to cada vez mais disputado. O aumento da população, da urbanização e aintensificação dos processos industriais e agropecuários colocam em risco asreservas naturais deste produto. Segundo o Banco Mundial, o mundo estásob ameaça de uma crise geral de água potável. Essa ameaça está na raiz deconflitos entre povos em vários lugares do Planeta. Acredita-se que, em poucotempo, a humanidade estará dividida entre os que têm e os não têm acesso aestes recursos.Muitas cidades do Brasil e do mundo situam-se nas margens de um rio ousão cortadas por eles. Nesse sentido, eles fornecem água para o abasteci-mento das cidades e para as indústrias. São usados como vias naturais deacesso ao interior dos continentes e transportam grandes volumes de cargase passageiros. Quando barrados podem gerar energia para suprir asnecessidades das cidades ou para possibilitar a perenização do transportefluvial quando o volume do seu leito é regularizado. São também, fonte delazer e divisores naturais entre dois países.“Durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desen-volvimento, realizada em 1992, no Rio de Janeiro (Eco 92), os representantesde 178 governos manifestaram sua preocupação em relação ao fato decolocar em risco o patrimônio natural (entre os quais os recursos hídricos doPlaneta) das gerações futuras. No fim da conferência, foi lançada a “Carta daTerra”, na qual, entre várias políticas referentes aos recursos naturais, foramlançadas as bases para a adoção do controle dos recursos hídricos” (PITTE,

Jean-Robert (coord). Geografia: a natureza humanizada. FTD, p. 104. São Paulo, 2000).

A água realiza um importante papel nos mecanismos que caracterizam osclimas e dos processos de modelagem (esculturação) do relevo terrestre. Afauna e a flora de uma região também estão condicionadas e adaptadas àsua presença em abundância ou não.A distribuição geográfica da população foi, ao longo da história, influenciadapela ocorrência ou não de recursos hídricos. Muitas civilizações estabe-leceram-se nas margens de importantes rios e ficaram conhecidas como“civilizações do regadio”. Acredita-se que o controle da água doce, espe-cialmente para a irrigação, foi um importante fator para a ascensão econô-mica e tecnológica de várias civilizações. O rio Nilo foi o berço da civilizaçãoegípcia. O “Crescente Fértil” viu nascer e expandir as civilizações da Meso-potâmia (região situada entre os rios Tigre e Eufrates). Os gregos tinham umarelação estreita com os mares que circundavam suas colônias na Jônia e nomar Egeu.Rio – Corrente de água que escoa da parte mais alta para a parte mais baixado terreno por ação da gravidade. Na parte mais alta, encontram-se asnascentes; nas mais baixas, a foz ou a desembocadura. Um rio pode terescoamento perene ou temporário (intermitente) que é determinado pelascondições climáticas das regiões por onde corre. Os rios podem ser dife-renciados pelo tamanho (extensão, volume, profundidade), pelo tipo deterreno em que correm (se suas águas vão ser barrentas ou não), peladireção que tomam no terreno (vertendo para o litoral: exorréicos; para ointerior: endorréicos), ou pela sua posição em relação aos outros rios emuma bacia hidrográfica.

A alimentação de um rio pode ser pelas chuvas (pluvial) ou pelo derretimentoda neve (nival ou niveal). Há os que recebem grande contribuição por ocasiãodo derretimento das bordas de algumas geleiras (glacial). Rios, como oAmazonas, recebem dupla alimentação (pluvionival), pois seus formadoresnascem em diferentes regiões.“O Sol participa do ciclo da água; além de aquecer a superfície da Terradando origem aos ventos, provoca a evaporação da água dos rios, lagos emares. O vapor da água, ao se resfriar, condensa-se em minúsculas gotinhas,que se agrupam formando as nuvens, as neblinas ou as névoas úmidas. Asnuvens podem ser levadas pelos ventos de uma região para outra. Com acondensação e, em seguida, a chuva, a água volta à superfície da Terra,caindo sobre o solo, rios, lagos e mares. Parte dessa água evapora retor-nando à atmosfera, outra parte escoa superficialmente ou infiltra-se no solo,indo alimentar rios e lagos. Esse processo é chamado ciclo da água” (Enem).Podemos dizer que os rios representam a parte terrestre do ciclo hidrológico.Os rios são organizados hierarquicamente formando uma rede hidrográfica:rio principal, afluentes, subafluentes. A área drenada por uma redehidrográfica é denominada “bacia hidrográfica”. As bacias são responsáveispor recolher o excesso de água no interior dos continentes e devolvê-las aomar para que se reinicie o ciclo hidrológico. Podem ser classificadas segun-do o padrão de escoamento: exorréica, endorréica, arréica e criptorréica. Exorréicas – A drenagem é feita em direção ao mar.Endorréicas – O escoamento é interno, isto é, não se faz para o oceano.Nesse caso, as águas fluem para uma depressão (lago) ou, então, dissipam-se nas areias do deserto. Arréicas – Em bacias arréicas, não se verifica uma estruturação hidrográfica.Esse tipo é encontrado nas áreas desérticas, onde a precipitação éinsignificante. Criptorréicas – As águas fluem subterraneamente, como acontece nas áreascársticas. Nessas bacias, as águas podem surgir em fontes ou reintegrar-seà drenagem superficial.Formação dos rios – Os rios podem formar-se a partir de nascentes pro-venientes de um lençol de água subterrânea ou do transbordamento de umlago (o rio Nilo nasce no lago Vitória, na África). Cheia e vazante – Ao longo do ano, o volume das águas de um rio varia. Operíodo das chuvas ou do derretimento da neve confere ao rio maior volumede água, provocando a subida do nível da água (cheia). Findo esse período,inicia-se a vazante (descida do nível do rio até seu ponto mínimo). A essemecanismo chamamos de “regime fluvial”, que, por sua vez, é caracterizadopelas condições dos climas nos seus respectivos vales. No regime polar ouglacial, os rios podem permanecer congelados de quatro a seis meses noano (rio Lena, na Rússia). Já no regime nival ou alpino, o volume máximo(cheia) ocorre na primavera, por ocasião do derretimento da neve (rio Tibre,na Itália). Também no regime tropical, há duas estações bem marcadasdurante o ano: uma chuvosa (período das cheias) e outra seca, que provocaa ocorrência da vazante (rio Paraná, no Brasil). Finalmente, no regimeequatorial, que apresenta chuvas abundantes o ano todo, não se verificamexpressivas variações no nível de água. Os rios são sempre muitovolumosos. Exemplo: rio Amazonas, na Amazônia.Se observarmos o perfil longitudinal, ou seja, a distância que há entre anascente e a foz, temos o curso do rio, que pode ser dividido em:a) alto curso ou superior (parte do rio mais próximo à nascente);b) médio curso; c) baixo curso (parte do rio mais próximo à sua foz). No alto curso, temos o menor volume de águas do rio; no baixo curso, o seumaior volume, pois o rio já recebeu a contribuição das águas de quase todosos seus afluentes.

As partes mais elevadas do relevo separam os rios da rede hidrográfica, deli-mitando suas respectivas bacias. São os interflúvios ou divisores de águas. Trabalho do rio – Da nascente até a foz, todo rio realiza o trabalho deesculturação do relevo e do seu vale.a) Erosão – Consiste na retirada de fragmentos do terreno.b) Transporte – Depende do volume de água, da declividade e da natureza

dos sedimentos.

Aula 06

GeografiaProfessor Habdel Jafar

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c) Sedimentação – Pode ocorrer ao longo do curso, na foz ou no fundo domar onde ele deságua.

Fases do rio – Na fase da juventude, realiza o trabalho de erosão dos terre-nos onde corre. Escava seu leito e modela as vertentes (lados) do vale fluvial.Dependendo do tipo de rocha, das condições climáticas e do volume deágua, os rios podem esculpir seus vales em forma de garganta (cânions), emforma de calha, de vale normal ou um vale assimétrico. Na fase da maturidade, o rio transporta os sedimentos e inicia o processo desedimentação ao longo de seu vale.Na fase da velhice ou senilidade, ocorre o trabalho de sedimentação, pro-vocando o aparecimento de muitos meandros (curvas).Tipos de foz – A parte final de um rio é sua foz. Tipos de terrenos, profun-didade do leito, volume de água são características que possibilitam a dife-renciação entre vários tipos de foz ou desembocadura. Um estuário é a foz do rio que apresenta grande profundidade e onde o riolança suas águas sem nenhuma obstrução. Barras são formadas em função dogrande transporte de sedimentos pelo rio, que são depositados em maresrasos. Com o tempo, essa sedimentação forma obstáculos para a saída daságuas desse rio. Nos deltas, os rios chegam ao seu percurso final muito lentos. Esses rioscarregam grande quantidade de sedimentos. A resistência das águas do mare a diminuição da velocidade de escoamento reduzem a capacidade de trans-porte. Ao serem depositados na foz, esses sedimentos acumulam-se eobstruem a foz, provocando o surgimento de várias ilhas. Essa carga dematerial obriga a foz do rio a se abrir feito um leque e a avançar sobre o mar.Conforme o relevo da região por onde atravessam, esses rios podem serainda de planalto ou de planície.Os rios de planície apresentam pouca declividade e, em geral, são utilizadospara a navegação, que depende do volume de água e da profundidade doleito. Os rios de planalto apresentam maior declividade ao longo do sue curso,com cachoeiras, quedas ou corredeiras que, geralmente, são barradas parao aproveitamento de seu potencial hidrelétrico. A navegabilidade nesses rios,sem a intervenção do homem, fica restrita ao trecho entre as cachoeiras. Elapode ser ampliada se forem construídas as eclusas: possibilitam a passagemde uma embarcação da parte mais baixa para a mais alta e vice-versa.O clima da região onde o rio está exerce uma importância muito grande na suacaracterização. Os rios efêmeros são torrentes que se formam em regiões demontanha, por ocasião das fortes chuvas. Na desembocadura, acumulam-sesedimentos arrastados pelas águas em seu caminho, formando depósitosdenominados de cones de dejeção. Rios temporários ou intermitentes formam-se por ocasião das chuvas, que são geralmente sempre curtas e de poucovolume. Durante a estiagem, esses rios desaparecem. Os perenes são aquelesque, ao longo do ano, nunca ficam sem água no seu leito. O volume oscila como regime, mas não secam completamente.

EXERCÍCIOS 01. (G1) Assinale (V) verdadeiro ou (F) falso nas afirmativas a seguir:

( F ) a) Na superfície terrestre, encontramos 75% de terras imersas e 25% deterras emersas.

( F ) b) As terras imersas correspondem aos continentes e às ilhas, e asterras emersas ao leito dos rios, lagos e barragens.

( F ) c) O Brasil é um país privilegiado, pois possui em seu território as duasmaiores bacias hidrográficas do mundo, a Amazônica e a Platina.

( V ) d) Além de possuir as duas maiores bacias hidrográficas, o Brasilbeneficia-se de rios perenes, rios navegáveis e rios com grande po-tencial hidrelétrico.

( V ) e) Hoje, o principal recurso natural e energético é o petróleo; no futuro,tudo indica que o recurso geoestratégico será a água.

02. (G1) O caminho percorrido por um rio, desde a nascente até afoz, chama-se:

a) leito; b) cabeceira; c) margens;d) afluente; e) curso.

03. (G1) Assinale a alternativa correspondente à formação do lençolfreático:

a) Água que escoa sobre a superfície terrestre.b) Água doce ou salgada acumulada nas depressões do terreno.c) Água que se infiltra, indo alimentar as reservas subterrâneas.d) Água que se evapora, retornando à atmosfera.e) Cursos de água formados pelo derretimento de geleiras.

04. (Puc-Rio) Um rio, dependendo do seu débito e da velocidade doescoamento de suas águas, desgasta, transporta e deposita par-tículas sólidas.No momento em que o rio chega ao nível do mar ou desembocaem outro rio, isto é, atinge o seu nível de base, sua capacidadede transportar material sólido:

a) é igual a zero.b) aumenta para jusante.c) é maior que na nascente.d) mantém-se constante.e) tende a aumentar.

05. (UE-CE) Sobre o ciclo hidrológico ou ciclo da água, é corretoafirmar que:

a) o vapor d’água na atmosfera é oriundo da evaporação e daevapotranspiração, podendo cair sob a forma de chuvas.

b) a infiltração da água precipitada é maior nas rochas pouco porosas eimpermeáveis.

c) a biosfera não tem relação com o movimento das águas do ciclo.d) as águas que atingem os lençóis subterrâneos não integram o

movimento do ciclo hidrológico.

06. (UFPE) No mapa a seguir, estão indicadas as correntes oceâ-nicas, que se deslocam no Atlântico e no Pacífico. Identifiqueaquelas indicadas pelas letras A, B, C, D e E.

( F ) Corrente A - Corrente “EI Niño”( V ) Corrente B - Corrente Sul-Equatorial( V ) Corrente C - Corrente das Guianas( F ) Corrente D - Corrente do Labrador( F ) Corrente E - Corrente do Golfo.

07. (UFRS) Considere as seguintes afirmações:

I. As regiões litorâneas apresentam amplitudes térmicas tão elevadascomo aquelas de regiões situadas no interior dos continentes.

II. Lugares situados próximo ao mar apresentam verões mais quentes einvernos mais frios que lugares de grande continentalidade.

III. As águas do mar, dos oceanos e dos rios demoram mais para seaquecer e para se resfriar do que as terras continentais.

Quais estão corretas?

a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III.d) Apenas I e II. e) Apenas II e III.

08. (UFMS) Sobre o Sistema Hidrológico no planeta Terra, assinalea alternativa INCORRETA.

a) As precipitações são entradas de energia (na forma de água) nosistema e a evaporação é uma saída de energia.

b) Esse sistema funciona diferentemente em cada região, de acordocom o clima, o relevo, a vegetação e a ação antrópica.

c) Constitui-se numa série de armazenagens de água ligadas portransferências.

d) A evaporação é maior nos continentes, pois apresentam maioraquecimento que os oceanos.

e) A energia gravitacional da Terra movimenta a água dentro do seuciclo.

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Classificação vegetalCiclos reprodutivos, briófitas e pteridófitasCaracterísticas gerais das plantasO Reino PlantaeO Reino Plantae reúne organismos popularmente conhecidos por plantas ouvegetais. Entre as plantas mais conhecidas, podemos citar os musgos,samambaias, árvores de diversos tipos, capins, arbustos etc.As plantas são seres pluricelulares, autótrofos (fotossíntese) e eucariontes(núcleo organizado).Características gerais das briófitas • Avasculares; • Pequeno porte; • Vivem em ambientes muito úmidos;• Apresentam Rizóide, Caulóide e Filóide; • Absorvem nutrientes por difusão;• Fase duradoura Gametófito (n); • Fase transitória Esporófito (2n);• Ciclo reprodutivo Haplodiplobionte; • Alternância de geração.

Reprodução e ciclo de vida das briófilas Reprodução assexuada Muitas briófilas reproduzem-se assexuadamente por fragmentação, processoem que pedaços de um indivíduo ou de uma colônia geram novos gametófitos.Reprodução sexuadaA maioria das briófitas é dióica (do grego, di, duas, e oikos, casa), ouunissexual: há plantas com estruturas reprodutoras masculinas (anterídios) eplantas com estruturas reprodutoras femininas (arquegônios). Algumasespécies são monóicas (do monos, uma, e oikos, casa), ou bissexuais, isto é,a mesma planta tem estruturas reprodutoras masculinas e estruturasreprodutoras femininas. A estrutura reprodutora masculina, o anterídio (do grego anthos, flor,desenvolve-se a partir de um grupo de células que se dividem intensamente,produzindo uma estrutura em forma de saco, com uma camada externa decélulas estéreis (não originam gametas) que contém um conjunto de célulasférteis; estas originarão os gametas masculinos, chamados de anterozóides(do grego, anthos, flor, e zóide, célula sexual masculina). Os anterozóides dasbriófitas são dotados de dois flagelos, cujo batimento lhes permite nadar eatingir os gametas femininos, fecundando-os. Essas plantas dependem,portanto, de água em estado líquido para reproduzir-se sexualmente. A estrutura reprodutiva feminina, o arquegônio (do grego, archeos, primeiro,e gonós, órgãos genital), é um conjunto de células que se diferencia em umaestrutura em forma de vaso, de pescoço fino e longo. Ao atingir a oosfera, o anterozóide funde-se a ela pelo processo de fecundação,originando um zigoto diplóide. Este se divide por mitoses sucessivas,originando um aglomerado maciço de células diplóides, o embrião.O embrião recebe substâncias nutritivas (açúcares, aminoácidos etc.) daplanta-mãe, processo conhecido como matrotrofia (do grego matros,materno, e trophos, alimentação). Durante o desenvolvimento do embrião, o arquegônio cresce e passa a serchamado de caliptra (do grego, kalyptra, cobertura para a cabeça). Após algumtempo, o jovem esporófito emerge do arquegônio, mas sua base continua nointerior do órgão reprodutor feminino, recebendo alimento através da placenta. Os biólogos consideram o aparecimento da placenta e da matrotrofia novidadesimportantes no processo da evolução biológica, que conferiram grandevantagem para a sobrevivência dos ancestrais das plantas. Ao abrigar e nutrir oesporófito diplóide no início do desenvolvimento, o gametófito aumenta achance de que ele sobreviva. A diversidade genética decorrente da meioseconfere maior chance de adaptação à prole. Garantir o desenvolvimento doesporófito diplóide, que produz esporos variados do ponto de vista genético,parece ter sido um passo importante para o sucesso evolutivo das plantas.

Ciclo de vida de um musgoDiversos musgos têm sexos separados. Um gênero conhecido é Polytrichum,comum em barrancos e rochas, e cujos gametófitos têm cerca de 5 cm dealtura. Ao atingir a maturidade, os gametófitos formam uma taça folhosa noápice, no qual se diferenciam as estruturas reprodutivas: anterídios nasplantas masculinas e arquegônios nas plantas femininas.

Fonte: Amabis & Martho, 2004.Figura 2 – Ciclo de vida de uma espéciede musgo do gênero Polytrichum

O esporófito maduro apresenta,em sua extremidade livre, umacápsula contendo o esporân-gio, no interior do qual as cé-lulas se dividem por meiose,produzindo esporos haplóides.Estes se libertam do esporân-gio e são carregados pelovento, espalhando-se peloambiente. Em condições ade-quadas, cada esporo germina eorigina um novo gametófito.

Este, ao atingir a maturidade, formará anterídios ou arquegônios, fechando ociclo.

Plantas vasculares sem sementes: pteridófitas De acordo com o sistema de classificação que utilizamos, as plantasvasculares sem sementes estão distribuídas em quatro filos: Psilotophyta,Sphenophyta (cavalinha), Lycophyta (licopódios e selaginelas) e Pterophyta(samambaias e avencas).

A maioria das pteridófitasatuais tem pequeno porte,apesar de existirem espéciesarborescentes com 4m oumais de altura. Os represen-tantes mais conhecidos dogrupo são as samambaias eas avenças, muito utilizadascomo plantas ornamentais.

Diversas pteridófitas sãoepífitas, isto é, vivem sobre outras plantas sem parasitá-las. Há poucasespécies de água doce, como a Salvinia molesta, provavelmente originária doBrasil e que tem infestado enormes áreas de lagos e rios na África, onde foiintroduzida. Uma pteridófita de terra firme também causadora de problemasambientais é Pteridium aquilinum, uma espécie cosmopolita (isto é, vive emdiversas partes do mundo), que ocupa agressivamente terrenos desmatados,principalmente após queimadas, sendo uma planta invasora das mais difíceisde erradicar.

Características gerais das pteridófitas • Vasculares.• Vivem em ambientes úmidos.• Apresentam raiz, caule e folhas.• Apresentam tecidos condutores (Xilema e Floema).• Fase duradoura Esporófito (2n).• Fase transitória Gametófito (n).• Ciclo reprodutivo Haplodiplobionte.• Alternância de geração.

As pteridófitas caracterizam-se por não formar sementes e pela presença dedois tipos de tecido condutor bem diferenciados: o xilema (do grego xylon,madeira), que transporta água e sais minerais das raízes até as folhas, e ofloema (do grego phloos, casca), que transporta uma solução de açúcares eoutros compostos orgânicos das folhas, onde é produzida, para as demaispartes da planta. A solução de água e sais transportada pelo xilema constituia seiva bruta; a solução de substâncias orgânicas transportada pelo floemaconstitui a seiva elaborada.

Organização corporal das pteridófitas

A fase mais desenvolvida e predominante do ciclo de vida das plantas vascu-lares é representada pelo esporófito diplóide. O gametófito de pteridófitas épouco desenvolvido, nutrindo o esporófito apenas nas fases iniciais dodesenvolvimento deste. Esporófitos de pteridófitas costumam apresentar três partes, raiz, caule efolhas, embora essa organização nem sempre seja facilmente perceptível.

Ciclo de vida de uma samambaia, uma pteridófita isosporada.

Gimnospermas e AngiospermasFanerógamas.• Vegetais Superiores; • Sifonógamas (tubo polínico); • Vasculares;• Flores e Estróbilos; • Sementes e Frutos.Plantas vasculares com sementes nuas: gimnospermas • Superiores.• Adaptadas ao clima frio e seco.• Não possuem frutos.• Possuem sementes.• Folhas aciculadas (em forma de agulhas).• Flores (pinha ou cone ou estróbilo ou inflorescência).• Exemplos: Pinheiros, Cicas, Sequoias e Gingko- biloba. • Fecundação simples.• Endosperma primário (n).

BiologiaProfessor Gualter Beltrão

Aula 07

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Os mais antigos fósseis conhecidos de gimnospermas datam do final doperíodo Devoniano, indicando que essas plantas surgiram há, pelo menos,365 milhões de anos. Elas substituíram as pteridófitas gigantes, tendo sido asprincipais árvores constituintes das florestas do final do período Carboníferoaté o final do período Cretáceo, entre 290 e 100 milhões de anos atrás. Aindahoje, as regiões temperadas do planeta são cobertas por extensas florestasde coníferas (pinheiros), o filo mais bem-sucedido do grupo. A maioria das espécies atuais de gimnospermas pertence ao filo Coniferophyta(coníferas), como os pinheiros e os ciprestes. O termo conífera (do Latim conus,cone, e do grego phoros, portador) refere-se às estruturas reprodutivas dessasplantas, que são estróbilos geralmente de forma cônica. As coníferas sãoadaptadas ao frio e habitam vastas regiões ao norte da América do Norte e daEurásia, onde formam extensas florestas. A conífera nativa brasileira maisconhecida é Araucaria angustiflia (pinheiro-do-Paraná), principal constituinte dasmatas de araucárias do sul do País, hoje e quase totalmente extintas pelaexploração irracional da madeira. As coníferas estão entre os maiores e mais velhos organismos do planeta.Sequoias do estado norte-americano da Califórnia atingem enormestamanhos, com até 80m de altura, 26m de circunferência e peso estimado em2.500 ton, o equivalente ao de 14 baleias-azuis, o maior animal do planeta. Asárvores de uma outra conífera californiana atingem 110m de altura, tamanhosó superado por certos eucaliptos (plantas angiospermas) australianos.Também na Califórnia, uma árvore de uma terceira espécie de conífera,batizada de Matusalém, tem mais de 4.600 anos de idade, sendo o ser vivoconhecido mais velho da Terra.

Características gerais dasgimnospermasA grande novidade evolutivadas gimnospermas em rela-ção às pteridófitas que asantecederam foi a semente.Os biólogos concordam queesta foi fundamental no suces-so das plantas fanerógamasna flora atual do planeta.

Semente

Semente é a estrutura reprodutiva que se forma a partir do desenvolvimento doóvulo. Nas plantas, o termo óvulo designa uma estrutura multicelular, cons-tituída por tecido diplóide originário do esporófito e pelo gametófito haplóide,que se desenvolve a partir do megásporo. Nos animais, o termo óvulo designao gameta feminino, a célula haplóide que irá fundir-se ao gameta masculinopara originar o zigoto diplóide. No interior do óvulo das plantas, diferencia-se o gameta feminino, a oosfera,que será fecundada por um gameta masculino para originar o zigoto. Emcertos óvulos, pode haver mais de uma oosfera. Esta é o verdadeiro gametafeminino das plantas e corresponde ao óvulo dos animais.

Plantas vasculares com flores e frutos: Angiospermas

• Vasculares.• Mais evoluídas.• Apresentam raiz, caule, folhas, flores, sementes e frutos.• São sifonógamas (tubo polínico).• Fecundação dupla.• Endosperma secundário.• O primeiro núcleo espermático fecunda a oosfera e forma o zigoto 2n

(embrião).• O segundo núcleo espermático fecunda os dois núcleos polares no interior do

óvulo formando um zigoto 3n (endosperma secundário). Tecido encontrado nointerior da semente e que é responsável pela nutrição do embrião, porexemplo, água e tecido dentro do coco que nós comemos nas barraquinhasna Ponta Negra.

• Após a fecundação, o embrião libera um hormônio denominado ácidoindolacético, que promove o intumescimento do ovário, originando o fruto.

As angiospermas são as plantas dominantes no planeta, formando a maiorparte da vegetação. Há desde espécies de grande porte, como certoseucaliptos da Austrália, cujos troncos atingem mais de 110m de altura e 20mde circunferência, até espécies com menos de 1 mm de comprimento. Quantoà forma, as angiospermas podem ser árvores, arbustos, trepadeiras, capinsetc. Elas vivem nos mais diversos ambientes: no solo, na água ou sobre outras

plantas, em certos casos como parasitas e em outros apenas como inquilinas.

A FLOR A flor, assim como o estróbilo das gimnosper-mas, é um ramo especializado em que há folhasférteis com esporângios, os esporófilos. O ramoque contém a flor é denominado pedicelo (doLatim, pediculus, pequeno pé). No pedicelo, há o receptáculo floral, que é aparte do ramo floral em que se encaixam diver-sos tipos de folhas especializadas, os elemen-tos florais, algumas delas formadoras de espo-rângios. Os elementos florais que produzemesporângios (esporófilos) são os carpelos ou

megasporofilos (formam óvulos) e os estames ou microsporófilos (formamgrãos de pólen). O conjunto de carpelos é denominado gineceu (do Gregogyne, mulher, e oikos, casa) e o conjunto de estames é o androceu (do Gregoandros, homem, e oikos, casa). Além dos elementos férteis, a maioria das flores possui elementos estéreis: aspétalas, cujo conjunto forma a corola, e as sépalas, cujo conjunto forma ocálice. O cálice e a corola constituem o perianto (do Grego peri, ao redor, eanthos, flor). Em geral, as pétalas são estruturas delicadas e coloridas,enquanto as sépalas são menores, mais espessas e de cor verde. Emalgumas espécies, porém, pétalas e sépalas assemelham-se na cor e natextura, sendo denominadas tépalas; o conjunto de tépalas é o perigônio (doGrego peri, ao redor, e gónos, órgãos genitais).Flores que apresentam sépalas e pétalas distintas são chamadas deheteroclamídeas (do Grego heteros, diferente, e chlamos, túnica, cobertura).Flores com tépalas recebem a denominação de homoclamídeas (do Gregohomos, igual, e chlamos, túnica, cobertura).

EXERCÍCIOS 01. (UECE) O aparecimento dos tecidos condutores foi um marco

evolutivo que permitiu às plantas se expandirem e conquistarema terra. O primeiro grupo a apresentar essas estruturasanatômicas é constituído pelas:

a) algas; b) briófitas; c) gimnospermas;d) pteridófitas.

02. (Mackenzie) Uma pteridófita pode ser distinguida de umagimnosperma pela ausência, na primeira, e presença, na segun-da, de:

a) tecido condutor; b) flor; c) folha;d) fruto; e) gametas.

03. A presença de sementes é uma adaptação importante de certosgrupos vegetais ao ambiente terrestre. Caracterizam-se porapresentar sementes

a) Pinheiros e leguminosas.b) Gramíneas e avencas.c) Samambaias e pinheiros.d) Musgos e samambaias.e) Gramíneas e musgos.

04. (Mackenzie) I – Flores femininas e masculinas em indivíduosseparados.II. Presença de óvulo e ausência de ovário na flor feminina.III. Produção de grande quantidade de grãos-de-pólen.As características anteriores, de um vegetal, identificam uma:a) pteridófita; b) briófita; c) gimnosperma;d) monocotiledônea; e) dicotiledônea.

05. (Uel) Uma característica das gimnospermas, que as diferencia daspteridófitas, é a ocorrência de

a) raízes; b) vasos condutores;c) flores e sementes; d) geração gametofítica; e) geração esporofítica.

06. (UFSM) Analise a citação: “O nadar dos anterozóides é substi-tuído pelo crescer do tubo polínico”.Em que grupo vegetal esse fenômeno de substituição seprocessou, pela primeira vez?

a) Briófitas. b) Pteridófitas.c) Gimnospermas.d) Angiospermas – Monocotiledôneas.e) Angiospermas – Dicotiledôneas.

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Citologia IÁCIDOS NUCLÉICOSOs ácidos nucléicos, originados do núcleo (daí o nome nucléicos), são políme-ros orgânicos formados por unidades denominadas nucleotídeos.

Os nucleotídeosSão unidades compostas por moléculas de fosfato, açúcar e base nitrogenada.O fosfato (H3PO4) está presente no DNA e no RNA e serve para unir os açúca-res de dois nucleotídeos.O açúcar é um monossacarídeo formado por cinco átomos de carbono –pentose – e dá estrutura ao nucleotídeo. Pode ser uma desoxirribose(C5H10O4) ou uma ribose (C5H10O5). A desoxirribose está presente apenas noDNA, e a ribose apenas no RNA.

Desoxirribose Ribose

As bases nitrogenadas identificam o nucleotídeo e classificam-se em doisgrupos:• Bases púricas – Adenina (A) e guanina (G).• Bases pirimídicas – Citosina (C), timina (T), uracila (U).

Nucleotídeo é o complexo formado por ácido fosfórico (fosfato), açúcar ebase nitrogenada.Se desconsiderarmos a presença do fosfato, a união entre o açúcar e a basenitrogenada corresponde a um nuceosídeo. Ex.: adenosina (adenina + ribose)Ácido desoxirribonucléico: DNAO DNA é um polinucleotídeo de cadeia dupla (forma de hélice), como umaescada em espiral com vários nucleotídeos.

Esquema do DNA com suas duas cadeias helicoidais.

Os “corrimãos” seriam de desoxirribose e ácido fosfórico e os “degraus”,bases nitrogenadas unidas entre si por pontes de hidrogênio. O modelo deescada helicoidal foi proposto pelos cientistas James Watson e Francis Crick,em 1953As bases nitrogenadas púricas são complementares das pirimídicas ou vice-versa, no DNA são adenina com timina, citosina com guanina. Não esquecerque a timina é base exclusiva do DNA. Obs.: O número de pontes de hidrogênio determina o tipo de bases que secompletam.

REPLICAÇÃO (autoduplicação do DNA)

A replicação do DNA é semiconservativa porque cada nova molécula deDNA conserva metade da dupla hélice original. Quando uma longa parte deDNA se replica, precisa partir-se, desenrolar-se, construir uma nova cadeianucleotídica e restabelecer-se. Um contingente de enzimas DNA-polimeraseencarrega-se do processo.A capacidade de autoduplicação do DNA, QUE É EXCLUSIVA, também cha-mada replicação, confere aos seres vivos principalmente a capacidade dereproduzir-se.

Esquema da duplicação semiconservativa do DNA.

Ácido ribonucléico: RNA

O RNA é um polinucleotídeo de uma só cadeia.Ele não possui timina (T); no lugar dela, aparece a uracila (U).Origina-se do DNA em um processo conhecido como transcrição, por meio deuma enzima chamada RNA-polimerase. A RNA-polimerase tem a propriedadede identificar as bases nitrogenadas do DNA.

Transcrição DNA faz RNA – 1

Usando o DNA como molde, ao encontrar a adenina, ela a encaixa na uracila;ao encontrar a guanina, ela a encaixa na citosina (AU e GC ou, em sentidooposto, UA e CG)

Tipos de RNA

Existem três tipos de RNA em uma célula: ribossômico (rRNA), transportador(tRNA) e o mensageiro (mRNA).O rRNA faz parte da constituição do ribossomo. Na síntese protéica, o mRNAtransporta a informação do núcleo para o citoplasma, e o tRNA transportaaminoácidos presentes no citoplasma até os ribossomos.

Esquema dos tipos de RNA.

SÍNTESE DE PROTEÍNA

DNA e genesO cromossomo é um longo filamento de DNA em que cada segmento, um gene,indica uma determinada proteína a ser sintetizada pela célula. O DNA é quecontrola a posição do aminoácido na molécula de proteína, isto é, cada proteína

BiologiaProfessor JONAS Zaranza

Aula 08

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tem seu endereço que corresponde à sequência dos aminoácidos.

Códons

Códon é a sequência de três nucleotídeos contida no DNA e no mRNA. Cadacódon do DNA é transcrito no mRNA e indica um aminoácido na molécula deproteína. É uma espécie de senha para que a célula, ao interpretá-lo, selecionedeterminado aminoácido no citoplasma e comece a sintetizar a proteína.Grupos de nucleotídeos diferentes podem identificar um mesmo tipo deaminoácido. Veja:

O código genético

Existem vinte tipos de aminoácidos na natureza. Mas, com eles, podemossintetizar cerca de 100 mil proteínas diferentes nos seres humanos.Ora, isso não é novidade! Temos apenas 23 letras no alfabeto e, com elas, nãopodemos fazer milhares de palavras diferentes? Apenas com as letras C e A,veja quantas palavras diferentes podemos fazer:ALCA → CAMA → MACAOs aminoácidos podem ser repetidos na cadeia de proteína, como a letra Cé repetida nas palavras representadas. Com vinte aminoácidos, podemoscompor milhares de proteínas diferentes.Como os nucleotídeos podem ser formados por adenina, guanina, citosina euracila (A, G, C, U) e cada sequência de três deles determina um aminoácidoda proteína, então cada aminoácido pode se repetir várias vezes. (confirme natabela).

A síntese protéica

O DNA comanda a fabricação de proteínas; para fazê-lo, ele constrói umRNA-mensageiro (mRNA) com as informações(códons) que darão origem àproteína. De posse da mensagem, o mRNA vai até o citoplasma e, junto aoRNA-transportador (tRNA), nos ribossomos, sintetiza a proteína indicada peloDNA. Vamos estudar os passos da síntese protéica.

Primeiro passo: a transcrição

Para isso, pelo processo de transcrição, o DNA sintetiza um mRNA, transcre-vendo nele essa mensagem (ou código).Ex.: AAA-CUU-GAA-UGCLisina-leucina-Ácido glutâmico-cisteína.

Segundo passo: a tradução

De posse dos códons adequados, o mRNA sai do núcleo em direção aocitoplasma e vai até os ribossomos.Lá, ele penetra entre uma e outra unidade de cada ribossomo, como se fosseuma fita, mantendo as informações repassadas pelo DNA. Esse processo éa tradução.No citoplasma, existem os RNA-transportadores, também originados doDNA. Cada tRNA também possui sequências de três nucleotídeos, chamadasanticódon.Cada anticódon é responsável por selecionar um único aminoácido nocitoplasma e transportá-lo até os ribossomos. Ali chegando, o tRNA identificaos códons do mRNA e deposita o aminoácido correspondente a eles.Aos ribossomos caberá aproximar esses aminoácidos, que se unem porligações peptídicas originando a proteína desejada.

Esquema da síntese de proteínas

EXERCÍCIOS COMENTADOS01. Em 1987, foi oficialmente fundado o Projeto Genoma, que visa

decifrar e mapear o código genético humano. Indique a alterna-tiva ERRADA relativa ao código genético e à síntese de proteínas:

a) Os genes são formados por ácido desoxirribonucleico e controlam aprodução de proteínas da célula, determinando as características deum ser vivo.

b) Todas as células do corpo têm a mesma coleção de genes, mas,apesar disto, encontramos células com formas e funções diferentes.

c) A mutação é uma alteração do código genético de um organismo epode ser provocada por radiações ou substâncias químicas.

d) As mudanças na programação genética de um organismo nãoalteram a produção de proteínas, nem as suas características.

e) A Engenharia Genética, que é uma técnica de manipulação dosgenes, pode corrigir defeitos no código genético de um organismo.

Resp. D altera,pois cada aminoácido tem seu código genético,ocorrendo mutação muda também a sequência de aminoácidosmudando assim as atividades biológicas da proteína.

02. Considere que um cientista esteja, em um laboratório, tentandoreproduzir "in vitro" a síntese de moléculas de DNA. Com basenos conhecimentos sobre o tema, assinale a alternativa queindica, corretamente, as moléculas imprescindíveis que ele deveutilizar para que possa atingir o seu objetivo.

a) Quatro diferentes tipos de nucleotídeos, contendo as bases nitroge-nadas adenina, timina, citosina e guanina; a enzima DNA polimerasee DNA.

b) Os nucleotídeos contendo as bases nitrogenadas timina, guanina, ade-nina e citosina; a enzima RNA polimerase; RNA mensageiro e DNA.

c) As enzimas RNA e DNA polimerase; os três tipos de RNA(mensageiro, transportador e ribossômico) e DNA.

d) A enzima DNA polimerase; os vinte tipos diferentes de aminoácidos,DNA e RNA.

e) As enzimas RNA e DNA polimerase; vinte tipos diferentes deaminoácidos; DNA e RNA.

Resp. A a utilização de nucleotideos unidades formadoras deum DNA inclusive o com base nitrogenada timina exclusiva doDNA e O DNA é a única molécula capaz de autoduplicar-se. E oFaz com a ajuda de uma enzima chamada DNA-polimerase.

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Água

Molécula da Água

Incolor, inodora e insípida, a água é um dos compostos mais importantespara todas as formas de vida conhecidas. Cerca de 70% do peso do corpohumano é constituído por essa molécula. Ela pode ser obtida pela ingestãode líquidos, pelos alimentos ou pela combustão dos alimentos, pois essareação libera: água, gás carbônico e energia. Na natureza, a água pode serobtida por uma reação química que ocorre num processo espontâneo elento.Essa é a reação para obtenção de água no estado de vapor:H2(g) + ½ O2(g) ⇔ H2O(v) – energia liberada nessa reação é 241,2kJ/mol –ΔH= –241,2kJ/mol se a água obtida estiver no estado líquido:H2(g) + ½ O2(g) ⇔ H2O(l) – energia liberada nessa reação é 285,8kJ/mol – ΔH= –285,8kJ/mol e se a água obtida estiver no estado sólido:H2(g) + ½ O2(g) ⇔ H2O(s) – energia liberada nessa reação é 291,8kJ/mol –ΔH= –291,8kJ/mol A molécula da água é composta por um átomo de oxigênio e dois dehidrogênio:

Oxigênio

De símbolo ‘O’, este elemento é encontrado no grupo 16 ou antiga família VIA(Calcogênios) da Tabela Periódica, possui número atômico 8, com 8 elétrons,8 nêutrons e 8 prótons e massa atômica 16u, seus elétrons estão distribuídosem 2 níveis – camadas K e L– com 2 elétrons na camada K e 6 elétrons nacamada L – camada de valência –, ele é um ametal. Suas características, nasua forma molecular O2 e em temperatura ambiente, são: é um gás incolor,insípido, inodoro, comburente, não é combustível e pouco solúvel em água.

Hidrogênio

Elemento químico mais abundante no universo, de símbolo ‘H’, pertence aogrupo 1 ou antiga família IA –Família dos Metais Alcalinos. Encontra-se nessafamília por apresentar 1 elétron na camada de valência e não por ser metal–.Mesmo sendo muito abundante, existe naturalmente em pequenasquantidades na sua forma molecular. Apresenta 1 próton em seu núcleo e 1 elétron em seu único nível –K–, temcaracterísticas sui generis, pois trata-se de um ametal. Na temperaturaambiente, é um gás diatômico (isso significa que ele está combinado comoutro átomo de hidrogênio – H2), é inflamável, incolor, inodoro, insípido, nãoé tóxico -contudo asfixia-, não é corrosivo -mas é altamente reativo- einsolúvel em água.Esse elemento é considerado a base da economia do futuro, pois é ocombustível principal das ‘Células a Combustível’, que é um sistema queaproveita a energia elétrica liberada na combinação do hidrogênio com ooxigênio para mover automóveis, por exemplo. A molécula de água tem origem na ligação covalente (ligação que ocorreentre ametais, em que há compartilhamento de elétrons – para que osátomos se estabilizem-) entre o hidrogênio e o oxigênio. O hidrogênio possui1 elétron na camada de valência – que se estabilizará com 2 elétrons –. Ooxigênio tem 6 elétrons na camada de valência -e se estabilizará com 8elétrons–. Dessa forma, a água é formada por átomos que se unem numaproporção fixa. São necessários dois átomos de hidrogênio para estabilizarum átomo de oxigênio. Nesse processo, o oxigênio compartilha 2 de seuselétrons, 1 com cada átomo de hidrogênio. Seguindo a regra do octeto, oselementos procuram estabilizar-se com 8 elétrons na camada de valência,exceto os que se estabilizam com e 2 elétrons na camada K – Hidrogênio eHélio, por exemplo.Fórmula Estrutural

O/ \

H HFórmula Molecular H2O ou H+OH–

Nas ligações químicas covalentes, na fórmula molecular, colocamos primeiro

o átomo menos eletronegativo e depois o mais eletronegativo e completamoscom a quantidade de átomos usados para o equilíbrio da molécula. A molécula da água é angular, o que significa que os hidrogênios se ligam aooxigênio formando sempre o mesmo ângulo, que é 104,45°. Nesse caso, ooxigênio apresenta 2 orbitais preenchidos com elétrons não ligantes (empares) e uma força de repulsão entre os elétrons pode provocar um desvio epermitir que os elétrons ligantes (que não estão em pares) se liguem aosátomos de hidrogênio formando esse ângulo. A molécula da água é polar (tem um polo positivo e um polo negativo), o quesignifica que parte da molécula tem carga parcial positiva e parte dela temcarga parcial negativa. A parte que tem a carga positiva tem os elétrons maisdistantes do átomo de hidrogênio, e a parte negativa tem os elétrons maispróximos do oxigênio, pois o oxigênio, nesse caso, é mais eletronegativo eexerce maior atração sobre os elétrons.

ö–

O/ \

H Hö+ ö+

A água é um solvente universal. Outras substâncias com moléculas polaressão solúveis em água, enquanto que as apolares são insolúveis – porexemplo água e óleo. o óleo tem parte da molécula apolar, portanto não semistura com água. Quando lavamos uma louça engordurada, utilizamos umdetergente, que irá envolver e emulsificar a molécula de gordura e fazer comque a água interaja com a parte polar dessa molécula e, então, arraste asujeira. Em nosso organismo, as reações químicas ocorrem na presença da água. Aoprepararmos uma solução como a do hidróxido de sódio – soda cáustica –,usamos água como solvente. Pesamos uma massa do soluto (hidróxido desódio) e dissolvemos na água, em um Becker, completamos até o volumedesejado para estabelecermos uma concentração, podemos deixá-la maisconcentrada ou mais diluída. Lembrando que as bases (hidróxidos) que têmna molécula um cátion da família 1 ou IA são solúveis em água e a família 2ou II A tem exceções, como no caso do hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) – calhidratada – parcialmente solúvel.

EXERCÍCIOS COMENTADOS01. (ENEM–1998) Seguem abaixo alguns trechos de uma matéria

da revista “Superinteressante”, que descreve hábitos de ummorador de Barcelona (Espanha), relacionando-os com oconsumo de energia e com os efeitos sobre o ambiente.

I. Apenas no banho matinal, por exemplo, um cidadão utilizacerca de 50 litros de água, que depois terá que ser tratada.Além disso, a água é aquecida consumindo 1,5 quilowatt-hora (cerca de 1,3 milhões de calorias), e, para gerar essaenergia, foi preciso perturbar o ambiente de algumamaneira....”

II. Na hora de ir para o trabalho, o percurso médio dosmoradores de Barcelona mostra que o carro libera 90 gramasdo venenoso monóxido de carbono e 25 gramas de óxidosde nitrogênio ... Ao mesmo tempo, o carro consomecombustível equivalente a 8,9 kW/h.”

III.Na hora de recolher o lixo doméstico... quase 1 kg por dia.Em cada quilo, há aproximadamente 240 gramas de papel,papelão e embalagens; 80 gramas de plástico; 55 gramas demetal; 40 gramas de material biodegradável e 80 gramas devidro.”

No trecho I, a matéria faz referência ao tratamento necessário àágua resultante de um banho. As afirmações abaixo dizemrespeito a tratamentos e a destinos dessa água. Entre elas, amais plausível é a de que a água:

a) passa por peneiração, cloração, floculação, filtração e pós-cloraçãoe é canalizada para os rios.

b) passa por cloração e destilação, sendo devolvida aos consumidoresem condições adequadas para ser ingerida.

c) é fervida e clorada em reservatórios, onde fica armazenada poralgum tempo antes de retornar aos consumidores.

d) passa por decantação, filtração, cloração e, em alguns casos, porfluoretação, retornando aos consumidores.

e) não pode ser tratada devido à presença do sabão, por isso écanalizada e despejada em rios.

QuímicaProfessor Pedro CAMPELO

Aula 09

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02. (ENEM–1998) Também com relação ao trecho I, supondo aexistência de um chuveiro elétrico, pode-se afirmar que:

a) a energia usada para aquecer o chuveiro é de origem química,transformando-se em energia elétrica.

b) a energia elétrica é transformada no chuveiro em energia mecânicae, posteriormente, em energia térmica.

c) o aquecimento da água deve-se à resistência do chuveiro, onde aenergia elétrica é transformada em energia térmica.

d) a energia térmica consumida nesse banho é posteriormentetransformada em energia elétrica.

e)) como a geração da energia perturba o ambiente, pode-se concluirque sua fonte é algum derivado do petróleo.

03. (ENEM–1999) As informações abaixo foram extraídas do rótuloda água mineral de determinada fonte.

ÁGUA MINERAL NATURALComposição química provável em mg/LSulfato de estrôncio ............................. 0,04Sulfato de cálcio ................................... 2,29Sulfato de potássio .............................. 2,16Sulfato de sódio ................................. 65,71Carbonato de sódio .......................... 143,68Bicarbonato de sódio ......................... 42,20Cloreto de sódio ................................... 4,07Fluoreto de sódio ................................. 1,24Vanádio ................................................ 0,07Características físico-químicaspH a 25°C .................................................10,00Temperatura da água na fonte ................24°CCondutividade elétrica .............................4,40x10–4ohms/cmResíduo de evaporação a 180°C .............288,00 mg/LCLASSIFICAÇÃO:“ALCALINO-BICARBONATADA, FLUORETADA, VANÁDICA”

As seguintes explicações foram dadas para a presença doelemento vanádio na água mineral em questão:I. No seu percurso até chegar à fonte, a água passa por rochas

contendo minerais de vanádio, dissolvendo-os.II. Na perfuração dos poços que levam aos depósitos

subterrâneos da água, utilizaram-se brocas constituídas deligas cromo-vanádio.

III.Foram adicionados compostos de vanádio à água mineral.Considerando todas as informações do rótulo, pode-se concluirque apenasa) a explicação I é plausível.b) a explicação II é plausível.c) a explicação III é plausível.d) as explicações I e II são plausíveis.e) as explicações II e III são plausíveis.

04. (ENEM–1999) Segundo o poeta Carlos Drummond de Andrade,a “água é um projeto de viver”. Nada mais correto, se levarmosem conta que toda água com que convivemos carrega, além dopuro e simples H2O, muitas outras substâncias nela dissolvidasou em suspensão. Assim, o ciclo da água, além da própria água,também promove o transporte e a redistribuição de um grandeconjunto de substâncias relacionadas à dinâmica da vida.No ciclo da água, a evaporação é um processo muito especial,já que apenas moléculas de H2O passam para o estado gasoso.Desse ponto de vista, uma das consequências da evaporaçãopode ser

a) a formação da chuva ácida, em regiões poluídas, a partir dequantidades muito pequenas de substâncias ácidas evaporadasjuntamente com a água.

b) a perda de sais minerais, no solo, que são evaporados juntamentecom a água.

c) o aumento, nos campos irrigados, da concentração de sais mineraisna água presente no solo.

d) a perda, nas plantas, de substâncias indispensáveis à manutençãoda vida vegetal, por meio da respiração.

e) a diminuição, nos oceanos, da salinidade das camadas de água maispróximas da superfície.

05. (ENEM-2002) Quando definem moléculas, os livros geralmenteapresentam conceitos como a menor parte da substância capazde guardar suas propriedades. A partir de definições desse tipo,

a ideia transmitida ao estudante é a de que o constituinte isolado(moléculas) contém os atributos do todo. É como dizer que umamolécula de água possui densidade, pressão de vapor, tensãosuperficial, ponto de fusão, ponto de ebulição, etc. Taispropriedades pertencem ao conjunto, isto é, manifestam-se nasrelações que as moléculas mantêm entre si.

Adaptado de OLIVEIRA, R. J. O Mito da Substância. Química Nova naEscola, n.° 1, 1995.

O texto evidencia a chamada visão substancialista que ainda seencontra presente no ensino da Química. Abaixo estãorelacionadas algumas afirmativas pertinentes ao assunto.

I. O ouro é dourado, pois seus átomos são dourados.II. Uma substância macia não pode ser feita de moléculas

rígidas.III. Uma substância pura possui pontos de ebulição e fusão

constantes, em virtude das interações entre suas moléculas.IV. A expansão dos objetos com a temperatura ocorre porque os

átomos se expandem.

Dessas afirmativas, estão apoiadas na visão substancialistacriticada pelo autor apenas

a) I e II.b) III e IV.c) I, II e III.d) I, II e IV.e) II, III e IV.

06. (Enem 2000) Ainda hoje, é muito comum as pessoas utilizaremvasilhames de barro (moringas ou potes de cerâmica nãoesmaltada) para conservar água a uma temperatura menor doque a do ambiente. Isso ocorre porque:

a) o barro isola a água do ambiente, mantendo-a sempre a umatemperatura menor que a dele, como se fosse isopor.

b) o barro tem poder de “gelar” a água pela sua composição química.Na reação, a água perde calor.

c) o barro é poroso, permitindo que a água passe através dele. Partedessa água evapora, tomando calor da moringa e do restante daágua, que são assim resfriadas.

d) o barro é poroso, permitindo que a água se deposite na parte de forada moringa. A água de fora sempre está a uma temperatura maiorque a de dentro.

e) a moringa é uma espécie de geladeira natural, liberando substânciashigroscópicas que diminuem naturalmente a temperatura da água.

07. (Fuvest 94) Ácido acético e bromo, sob pressão de 1atm, estãoem recipientes imersos em banhos, como mostrado na figuraadiante. Nessas condições, qual é o estado físicopreponderante de cada uma dessas substâncias?

Dados: o ácido acético apresenta temperatura de fusão igual a17°C e temperatura de ebulição a 1 atm igual a 118°C. O bromoapresenta temperatura de fusão igual a –7°C e temperatura deebulição a 1 atm igual a 59°C.a) ácido acético sólido e bromo líquido.b) ácido acético líquido e bromo gasoso.c) ácido acético gasoso e bromo sólido.d) ácido acético sólido e bromo gasoso.e) ácido acético gasoso e bromo líquido.

08. Imagine um copo cheio de refrigerante bem geladinho. O copoestá “suado”, e há gelo no refrigerante. Quais os fenômenosfísicos envolvidos.

a) Vaporização e condensação.b) Sublimação e fusão.c) Condensação e fusão.d) Condensação.e) Fusão.

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Eletrostática – Força eletrica e campo eletricoO desenvolvimento da eletricidade é um dos fatores determinantes dahistória. Os princípios físicos abordados neste Aprovar são suficientes parase compreender, o funcionamento das centenas de dispositivos elétricos quenos rodeiam.Vamos começar o estudo da eletricidade discutindo como surgiu o conceitobásico de carga elétrica. As primeiras experiências de que se tem notícia, no campo da eletricidade,ocorreram na Grécia Antiga. Uma dessas experiências constitui em esfregarum bastão de âmbar (uma resina fóssil de vegetal) em um pedaço de tecido:o âmbar adquiria a propriedade de atrair pequenos fragmentos. Âmbar emgrego é elétron, o que explica a origem da palavra eletricidade.

CONCEITOS DE ELETRIZAÇÃO

O âmbar, o tecido e os corpos em geral são formados de átomos.Átomos são compostos basicamente de prótons, nêutrons e elétrons.Prótons e nêutrons estão concentrados e formam o núcleo do átomo. Oselétrons giram ao redor do núcleo e compõem a coroa do átomo (fig. abaixo).Prótons, nêutrons e elétrons são partículas dotadas de massa. Os prótons e os elétrons, além de terem massa, apresentam outrapropriedade física, chamada carga elétrica¸que é responsável pelosfenômenos elétricos. O fato de o âmbar atrair pequenos fragmentos naexperiência citada anteriormente é um exemplo de fenômeno elétrico. Osnêutrons não tem carga elétrica.

Por convenção: Próton tem carga positivaElétron tem carga negativaUma partícula composta de igual número de prótonse de elétrons é uma partícula neutra, isto é, não temcarga elétrica. O átomo é um exemplo de partículaneutra. Se um ou mais elétrons forem retirados doátomo, este ficará eletrizado positivamente. Se oselétrons forem fornecidos ao átomo, ele ficaráeletrizado negativamente.

Este conceito pode ser estendido a um corpo: a)eletrizado positivamente: apresenta falta de elétrons.b)eletrizado negativamente: apresenta excesso de elétrons. c) eletricamente neutro: apresenta igual número de prótons e de elétrons. A eletrostática estuda os fenômenos elétricos nos quais as cargas elétricaspermanecem em repouso.Para dar caráter quantitativo ao estado de eletrização de um corpo, utiliza-seuma grandeza chamada quantidade de eletrização ou quantidade de carga,que é medida no Sistema Internacional de Unidades (SI) em coulombs (C).Com a finalidade de medir a carga do elétrons, foram feitas experiênciasextremamente cuidadosas. O resultado foi o seguinte: a carga do elétron éigual, em valor absoluto, à carga do próton e vale, aproximadamente, 1,6 .10–19C. Esse número será indicado por e e representa a carga elementar(sempre positivo). A carga elementar é a menor carga encontrada na natureza e vale: e ≅ 1,6 . 10-19CCarga do elétron: qeletron ≅ 1,6 . 10-19C= – eCarga do próton: qpróton ≅ 1,6 . 10-19C= + eA quantidade de carga de um corpo que está com n elétrons em falta, é +ne. Assim, sendo Q a quantidade de carga de um corpo n o número de elétronsem falta ou em excesso no corpo, e e a carga elementar, pode-se escrever: Q = ±± n . eA carga Q assim obtida é medida em coulombs.

Exercícios comentadosUm aluno, pré-universitário da UEA, deseja saber quantos elétronsdevem ser retirados de um corpo, inicialmente neutro, para quefique eletrizado com a quantidade de carga correspondente a 1C?

Solução:Na expressão: Q = n . e, faz-se Q = 1C e e = 1,6 . 10–19C

1Então: 1 = n . 1,6x10–19∴ ––––––––– = 0,625 . 1019 ou n = 6,25 . 1018 elétrons.

1,6 x 10–19

PRINCÍPIOS DA ELETROSTÁTICA

a) Princípio da Atração e RepulsãoDa observação experimental, pode ser enunciado o principio da atração erepulsão. Corpos eletrizados com cargas de mesmo sinal repelem-se. Corpos eletrizados com cargas de sinais contrários atraem-se. b) Principio da Conservação das Cargas ElétricasEm um sistema eletricamente isolado (não troca cargas com o meio externo),a soma algébrica das cargas elétricas nele encontradas é sempre constante. ΣQantes = ΣQdepoisObservação: Os corpos em questão são considerados idênticos.

PROCESSOS DE ELETRIZAÇÃO

A eletrização de um corpo inicialmente neutro pode ocorrer por atrito, porcontato ou por indução.a)Atrito – Na eletrização por atrito, os dois corpos adquirem a mesma

quantidade de cargas, porém de sinais contrários.

b)Contato – Neste processo de eletrização, os corpos são colocados emcontato, favorecendo uma nova distribuição de cargas pela superfície doscondutores. Na eletrização por contato, fica claro o Princípio da Conser-vação das Cargas Elétricas.

c) Indução – A eletrização de um condutor neutro pode ocorrer por simplesaproximação de um outro corpo eletrizado, sem que haja o contato entreeles. No processo da indução eletrostática, o corpo induzido eletrizar-se-á sempre com cargas de sinal contrário ao das cargas do indutor.

Exercícios comentadosNo município de Canutama, no Amazonas, um aluno do Aprovardispõe de quatro esferas metálicas iguais e isoladas uma das outras. Três delas (A,B e C) estão neutras e a quarta (D) está eletrizadacom carga Q. Esse coloca-se D em contato sucessivamente com A,B e C. qual a carga final de D?Solução:

Como as esferas metálicas sãoiguais, após cada contato ascargas serão iguais:

A carga final de D é Q/8.

FORÇA ELÉTRICA – LEI DE COULOMB

Um corpo eletrizado e de dimensões muito pequenas é uma carga pontual.Na figura abaixo, tem-se duas cargas pontuais estacionárias, Q1 e Q2, imersasnum meio material isolante e separadas pela distância d. As cargas Q1 e Q2

interagem, pelo princípio da ação e reação, com forças de campo, de modoque essas forças:

a) têm a direção da reta que une os seus centros.

b) são iguais em módulo, mas têm sentidos opostos.

c) são repulsivas se Q1 e Q2 forem ambas positivas ou ambas negativas.

d) são atrativas se uma das cargas for positiva e a outra negativa.

e) têm módulo dado pela lei de Coulomb:Q1 Q2

F = K –––––––d2

Onde Q1 e Q2 são tomadas em valor absoluto e K é uma constante carac-terística do meio que envolve as cargas chamada constante eletrostáticado meio.

FísicaProfessor JULIO FREITAS

Aula 10

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No Sistema Internacional de Unidades (SI) tem-se: – F é a medida em newtons (N); – Q1 e Q2 são mediadas em coulombs (C); – d é a medida em metros (m); – K é a medida em Nm2/C2. Quando o meio que envolve as cargas é o vácuo (ou o ar), a constante ele-trostática é indicada por K0 e vale K0 = 9 . 109 uSI (Unidade do SistemaInternacional) ou: K0 = 9 . 109Nm2/C2

Exercícios comentadosDuas cargas pontuais Q1 = 5 . 10–6C e Q2 = –2 . 10–8 C são coloca-das a 10cm de distância. Calcule a intensidade da força de atraçãoentre elas. (O meio é o vácuo). Solução:

d = 10cm = 10–1m. Pela lei de Coulomb:Q1 Q2 5 x 10–6 x 2 x 10–8 9 x 10–4

F = K ––––––– = 9 x 109 ––––––––––––––– ∴ F = ––––––– ∴ F = 9 x 10–2Nd2 (10–1)2 10–2

CAMPO ELÉTRICO

Na figura a seguir, tem-se uma região do espaço onde estão partículas A, Be C fixas e eletrizadas com igual quantidade de carga Q. O meio que asenvolve é o vácuo.Um elétron abandonado num ponto qualquer dessa região será atraídosimultaneamente pelas cargas A, B e C. Sua aceleração terá a direção e osentido da resultante dessas forças de atração. Existe uma região deinfluência da carga Q onde qualquer carga de prova q, nela colocada, estarásob a ação de uma força de origem elétrica. A essa região chamamos decampo elétrico.

Se o elétron for abandonado no ponto X, próximo de A, ele se movimentará,aproximando-se do corpo A; se for abandonado num ponto Y, próximo de B,ele se deslocará, aproximando-se de B. O espaço que contém as cargas A,B e C exerce força nos elétrons ali colocados. Essa região do espaço é umcampo elétrico. Para melhor compreensão, façamos uma comparação entreo campo elétrico e o campo gravitacional da Terra.A massa M da Terra cria, em torno de si, o campo gravitacional

→g. Um corpo

de massa m próximo da Terra fica sujeito a uma força de atração gravitacional(a força peso) decorrente da ação g sobre m.

VETOR CAMPO ELÉTRICO

Seja P um ponto de um campo elétrico. Quando uma carga q é colocada nesse ponto, nela aparece uma força elétri-ca

→F ; se q for substituída por outra carga, a força passará a ser

→F , tal que:

→F’

→F

–––– = –––q’ q

Esse quociente é uma constante do ponto P do campo elétrico e chama-se →F

vetor campo elétrico. →E no ponto P:

→E = ––––

q

O vetor campo→E varia de ponto para ponto, mas não depende da carga

de prova q. →F e

→E têm sempre a mesma direção, mas o sentido depende

do sinal da carga q. Assim:

a) se q for positiva,→F e

→E têm mesmo sentido:

b)se q for negativa,→F e

→E têm sentidos opostos:

Comentários:a) No sistema Internacional (SI), a unidade de campo elétrico é o newton

newton Npor coulomb: 1 ––––––– = 1 –––

coulom Cb) O comportamento da carga q, quando abandonada no ponto P, revela a

existência ou não do campo. Assim, se q ficar em repouso, a intensidadedo campo em P é zero; se houver movimento, a intensidade do campoem P será diferente de zero. Por essa razão, a carga q é chamada cargade prova.

Exercícios comentadosNum ponto de um campo elétrico, o vetor campo elétrico tem direçãohorizontal, sentido da direita para a esquerda e intensidade 105N/C.Coloca-se, nesse ponto, uma carga puntiforme de – 2μμc. Determine aintensidade, a direção e o sentido da força que atua na carga. Solução:A força

→Fe que atua na carga tem:

Intensidade: Fe = |q|. E ⇒ F2 = 2.10–6.105 ⇒ Fe = 0,2Ndireção: horizontal (mesma de

→E )

sentido: da esquerda para direita (oposto ao de →E , pois q < 0).

Resposta: A força elétrica que atua em q tem intensidade 0,2N, direçãohorizontal e sentido da esquerda para direita.

Campo Elétrico de uma Carga Puntiforme

Considere uma carga puntiforme Q, fixa, originando um campo elétrico de talforma que uma carga de prova q, nele colocada, num ponto P, a uma distân-cia d da carga criadora do campo, fica sujeita a uma força

→F , cuja intensidade

pode ser calculada pela lei de Coulomb.

O campo elétrico no ponto P é dado por:

Q é o módulo da carga elétrica. Importante: o vetor campo elétrico em um ponto independe da carga deprova nele colocada. As características do vetor

→E , determinado pela carga Q criadora do

campo, são:Q

a) Intensidade: E = K0 –––– d2

b) Direção: a da reta que une o ponto P à carga Q.c) Sentido: depende do sinal da carga que origina o campo:1) Quando a carga criadora do campo for positiva, o campo elétrico produzi-

do será de afastamento, como pode ser verificado pela colocação de car-gas de prova de sinais diferentes nos pontos P1 e P2.

2) Quando a carga criadora do campo for negativa, o campo elétrico serásempre de aproximação, como mostra o esquema.

Campo elétrico de várias cargas puntiformes

CAMPO ELÉTRICO UNIFORME

Campo elétrico uniforme é aquele em que o vetor→E é o mesmo em todos

os pontos. Assim, em cada ponto de campo, o vetor→E tem a mesma

intensidade, a mesma direção e o mesmo sentido. As linhas de força deum campo elétrico uniforme são retas paralelas.

Linhas de campo de um campo uniforme

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LEITURA OBRIGATÓRIAVozes d’África

Castro Alves

Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes

Embuçado nos céus?Há dois mil anos te mandei meu grito,Que embalde desde então corre o infinito...

Onde estás, Senhor Deus?...

1. ESTROFE – Todo o poema Vozes d’África é composto de estrofes deseis versos (sextilhas).

2. MÉTRICA – Todas as estrofes do poema apresentam versos com aseguinte métrica:a) Versos maiores: 10 sílabas (decassílabos).b) Versos menores: 6 sílabas (hexassílabos).Regularidade – Pode-se concluir, pois, que o poema apresentaregularidade métrica: todas as estrofes mantêm a métrica exibida naprimeira.

3. RIMAS – A análise das rimas deve ser feita em cada estrofe. Na primeira,acima exposta, temos:a) Rimas pobres: todas as palavras que rimam têm a mesma classe

gramatical. b) Rimas femininas: todas as palavras que rimam são paroxítonas.c) Rimas perfeitas: respondes/escondes; grito/infinito (as palavras apre-

sentam perfeição sonora a partir da vogal da sílaba tônica).d) Rimas imperfeitas: céus/Deus (as palavras apresentam imperfeição

sonora: céus = som aberto; Deus = som fechado).4. FIGURAS DE LINGUAGEM – A estrofe em questão contém as seguintes

figuras de linguagem:a) Apóstrofe: o mesmo que vocativo (expressão de chamamento;

aquele a quem o emissor se dirige). A estrofe inicia-se com umchamamento: “Deus! ó Deus!” O uso de apóstrofes é característicada poesia de Castro Alves.

b) Prosopopeia: o poema inteiro representa a “voz da África”, ou seja,o poeta transforma o Continente Africano em ser pensante, dando-lhevida, ação, movimento e voz.

5. VOCABULÁRIO – O poema exibe um vocabulário condizente com textoliterário. Na estrofe em questão, merecem cuidado:a) Embalde: o mesmo que “debalde”: inutilmente, em vão.b) Embuçado: o mesmo que “rebuçado”: encoberto, escondido, oculto.

AdormecidaCastro Alves

Uma noite, eu me lembro... Ela dormiaNuma rede encostada molemente...Quase aberto o roupão... solto o cabeloE o pé descalço do tapete rente.

'Stava aberta a janela. Um cheiro agresteExalavam as silvas da campina...E ao longe, num pedaço do horizonte,Via-se a noite plácida e divina.

De um jasmineiro os galhos encurvados,Indiscretos entravam pela sala,E de leve oscilando ao tom das auras,Iam na face trêmulos — beijá-la.

Era um quadro celeste!... A cada afagoMesmo em sonhos a moça estremecia...Quando ela serenava... a flor beijava-a...Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...

Dir-se-ia que naquele doce instanteBrincavam duas cândidas crianças...A brisa, que agitava as folhas verdes,Fazia-lhe ondear as negras tranças!

E o ramo ora chegava ora afastava-se...Mas quando a via despeitada a meio,Pra não zangá-la... sacudia alegreUma chuva de pétalas no seio...

Eu, fitando esta cena, repetiaNaquela noite lânguida e sentida:"Ó flor! - tu és a virgem das campinas!"Virgem! - tu és a flor de minha vida!..."

Calendário 2009Aulas de 1 à 40

Leitura recomendadapara o vestibular

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