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Confira as tuitadas que mais bombaram na internet. Rede social atrai cada vez mais es- tudantes. Tuitadas fazem sucesso na rede Página 8 Informação em tempo real, mídias sociais, isolamento. Giane Santos analisa o lado escuro da tecnologia. A tecnologia que aprisiona Livros virtuais ganham espaço no mercado Uma década a serviço da educação Negócio dos e-books mo- vimenta milhões e acende o debate sobre os novos su- portes de leitura. Bibliotecas virtuais (na ilustração à es- querda) crescem. Sob nova direção, TV Unama completa 10 anos como um eficiente labo- ratório de telejornalismo. Alunos saltam do estágio para o mercado. Página 8 Página 3 NOVAS MÍDIAS TV UNAMA Arquitetura histórica some no abandono de Mosqueiro Um verdadeiro patrimônio histórico da arquitetura está se perdendo em Mosqueiro. Casarões e imóveis que com- punham o cenário da ilha, contribuindo para o turismo, viraram ruínas. Proprietários e a prefeitura de Belém carim- bam o abandono. Páginas 4 e 5 Grafiteira com muito orgulho Drika Chagas (à esquerda) mostra que o grafite funciona como expressão artís- tica na rua e em ambientes fechados. O importante, para a grafiteira, é manifes- tar sentimentos com o spray. Página 6 ANO I, NÚMERO 2 CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - UNAMA Estúdio da TV Unama: canal universitário é laboratório completo para o exercício do Telejornalismo ARTIGO PRONTOFALEI Página 6 Para colaborar, fale com a gente: [email protected] FOTO: HELDER LEITE FOTO: NAIR ARAÚJO FOTO: ROBERTA DAMASCENO Professor defende o incentivo à leitura sem as amarras da obrigação Mateus Rezende (foto à direita) propõe revisão metodológica e o estímulo ao prazer de ler. Página 8 Alunos escrevem sobre os problemas que mais afligem o morador da ci- dade de Belém: trânsito ruim e poluição. Página 2 Uma rotina de problemas GOELA BELÉM, SETEMBRO DE 2011

Arara News 02

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Jornal universitário produzido pelos alunos de comunicação social da Universidade da Amazônia.

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Page 1: Arara News 02

BELÉM, SETEMBRO DE 2011 1

Confira as tuitadas que mais bombaram na internet. Rede social atrai cada vez mais es-tudantes.

Tuitadas fazem sucesso na rede

Página 8

Informação em tempo real, mídias sociais, isolamento. Giane Santos analisa o lado escuro da tecnologia.

A tecnologia que aprisiona

Livros virtuais ganham espaço no mercado

Uma década a serviço da educação

Negócio dos e-books mo-vimenta milhões e acende o debate sobre os novos su-portes de leitura. Bibliotecas virtuais (na ilustração à es-querda) crescem.

Sob nova direção, TV Unama completa 10 anos como um eficiente labo-ratório de telejornalismo. Alunos saltam do estágio para o mercado.

Página 8

Página 3

NOVAS MÍDIAS

TV UNAMA

Arquitetura histórica some no abandono de Mosqueiro

Um verdadeiro patrimônio histórico da arquitetura está se perdendo em Mosqueiro. Casarões e imóveis que com-punham o cenário da ilha, contribuindo para o turismo, viraram ruínas. Proprietários e a prefeitura de Belém carim-bam o abandono.

Páginas 4 e 5

Grafiteira com muito orgulhoDrika Chagas (à esquerda) mostra que o grafite funciona como expressão artís-tica na rua e em ambientes fechados. O importante, para a grafiteira, é manifes-tar sentimentos com o spray. Página 6

ANO I, NÚMERO 2CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - UNAMA

Estúdio da TV Unama: canal universitário é laboratório completo para o exercício do Telejornalismo

ARTIGO

PRONTOFALEI

Página 6

Para colaborar, fale com a gente: [email protected]

FOTO: HELDER LEITE

FOTO

: NAIR

ARAÚ

JOFOTO: ROBERTA DAMASCENO

Professor defende o incentivo à leitura sem as amarras da obrigaçãoMateus Rezende (foto à direita) propõe revisão metodológica e o estímulo ao prazer de ler. Página 8

Alunos escrevem sobre os problemas que mais afligem o morador da ci-dade de Belém: trânsito ruim e poluição. Página 2

Uma rotina de problemas

GOELA

BELÉM, SETEMBRO DE 2011

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2 BELÉM, SETEMBRO DE 2011

Confusão no trânsitoEngarrafamento, em Belém, é a toda hora. Com via única para entrada e saída da cida-de, quando qualquer coisa acontece, ainda que seja um pequeno incidente, o trânsito vira um caos total. Parece que não existe rota alternativa e todos têm que seguir em uma só direção. Se o veículo não tiver ar-condicionado, pior ainda. Fora o risco de assal-to, de batidas no carro ou moto e, às vezes, você ainda tem que dividir espaço com o ciclista e até mesmo com carroça e o cavalo.

Mudança de atitudeMinha reclamação é sobre a poluição visual e ao meio ambiente que se encontra hoje na Região Metropolitana de Belém. A população se queixa da gestão do prefeito Duciomar Costa, e até cobra atitude diante de tantos pro-blemas sociais. No entanto, são os próprios moradores que poluem a cidade jogando lixo na rua. Como cobrar das autoridades um atitude se é a própria população que man-tém a cidade suja? Acho que a mudança deveria acontecer primeiro na população, para depois haver cobrança das autoridades.

O Dream Theater surgiu no final dos anos 1980, em Nova York, Estados Unidos, e tem grandes influências de grupos de rock progressivo como Pink Floyd, Yes e Rush. A banda é conhecida pela qualidade técnica absurda dos instrumentistas, e também pela longa duração das faixas (algumas chegam a passar de 10 minutos). A formação é a seguinte: James LaBrie nos vo-cais, John Petrucci na guitarra, o baixista John Myung, o tecla-dista Jordan Rudess e o baterista Mike Mangini – que substituiu Mike Portnoy, quando deixou o grupo no final do ano passado.

O novo álbum era aguardado com muita expectativa pelos fãs, já que é o primeiro sem seu lí-der e principal compositor, Mike Portnoy. O receio era de que a química entre o novo baterista e

os outros integrantes não fosse das melhores, resultando em um trabalho fraco. Ledo engano. Mike Mangini parece ter nasci-do para tocar no Dream Thea-ter, tamanho seu entrosamento com os outros músicos.

O álbum A Dramatic Turn of Events vai agradar muito aque-les que gostam das composi-ções complexas da banda, pois de arranjos intricados ele está cheio, com longos e elaborados trechos instrumentais na grande maioria das músicas. A primeira música, On the Back of Angels, é repleta de peso, com guitarras distorcidas e um refrão podero-so.

A segunda música, Build Me Up, Break Me Down, não me agradou muito. A presença de sons parecidos com pick-ups de DJs, além de um refrão um

pouco fraco, fez a sonoridade lembrar muito algo que o Linkin Park faria, e isso não é muito bom.

Outras faixas como Lost Not Forgotten, Outcry e Bridges in the Sky são cheias de levadas que-bradas e tempos complexos, ca-racterísticas que fizeram a banda ser aclamada tanto pelo público quanto pela crítica especializada.

A balada This is the Life, mar-cada por uma bela melodia, lem-bra quase o som do Pink Floyd, com um belo vocal e um solo de guitarra fantástico de John Petrucci. Com certeza é tão boa quanto as outras baladas escritas pela banda.

Retornando à sonoridade “progressiva”, Breaking All Illu-sions possui linhas de teclado com elementos bem setentistas, com harmonias brilhantes e li-

nhas instrumentais fenomenais.Finalizando o disco, Beneath

The Surface é outra balada, porém não é tão bonita quanto This is the Life. A música não acrescen-ta muito à mistura de elemen-tos presente neste álbum. Seria ótimo se o disco terminasse da maneira que começou, cheio de peso.

A saída do antigo bateris-ta não prejudicou a banda, que teve que se esforçar mais para agregar o estilo de um novo membro nas composições, mes-mo que ele não tenha feito gran-des alterações na grande maioria das músicas. É bom ver que, mesmo sem seu antigo líder, o Dream Theater continua fazen-do o som que conquistou mui-tos fãs há mais de duas décadas.

Desde a descoberta do fogo, da roda e das primeiras ferra-mentas, o homem começou a sua corrida por aprendizado – e também por poder. O processo de descobertas de tecnologias que pudessem facilitar a vida ganhou velocidade mecânica, a vapor e elé-trica. Chegamos a uma velocidade quase instantânea. Vivemos atu-almente em uma constante revo-lução, uma revolução digital onde as bandeiras erguidas são trending topics no Twitter.

Em meio a essa velocidade, ao brilho da tela do iPad, do com-putador, do smartphone, deslum-brados com os inúmeros recursos de tais tecnologias, existe um ho-mem. Por muitas vezes, desuma-nizado. Mais aço que carne. Mais cabo que veia.

Nos raros momentos em que ele se vê desconectado do mun-do virtual é como se também

não pertencesse ao mundo real. Obeso, paranóico, estressado, hi-pertenso. Conversar offline é mais complexo do que digitar uma se-quência de letras.

“A humanidade não é o fim, mas meio”, já dizia Nietzsche. “A humanidade é apenas matéria de experimentação, um enorme ex-cedente de fracassos, um campo arruinado” (Nietzsche [1998], p.

120). A frase do filósofo define bem a bifurcação em que o ho-mem contemporâneo se encon-tra, com um pé no futuro e outro no passado. Não é à toa que tantas modas remetem as décadas ante-riores, em um esforço de manter uma identificação com o que une essa geração com as gerações an-tecedentes.

A tecnologia tão desejada en-

fim está disponível e amadurecida. Pena que para um fragmento pe-queno da população mundial, que ainda engatinha quando o assunto é inclusão digital. Entretanto, com a economia aquecida e maior po-der de compra, os brasileiros estão aceitando mais e mais essa tecno-logia que chega às casas pelos celu-lares, pelas televisões de alta defini-ção e pela internet sem fio.

Resta saber o que será dos ho-mens daqui a uma, duas, ou meia década, já que o encurtamento do tempo é uma das consequências dessa cultura digital e globalizada em que estamos imersos. Abraçar o futuro e as consequências que já começam a aparecer na popu-lação, ou tentar remediar esse es-paço vazio de convívio humano direto que se forma nas relações cotidianas.

Propaganda enganosaMeu problema é com as empresas que operam planos de saúde, principalmente os de abrangência nacional. Na hora de vender, propagam mil e uma vantagens; na hora que precisamos, quando achamos que vamos morrer de tanta dor, ou incômodo ou qualquer que seja o mal- estar, é que elas mostram o quanto estão se lixando para os usuários. Fora os médicos, que nem olham na nossa cara e já vão prescrevendo um soro. “É uma virose”, resumem com frequência.

LUCAS FREIRE 8JLV1

PATRÍCIA VASCONCELLOS 8JLV1

GIANNE SANTOS 4JLM1

THAÍS BRAGA 8JLV1

Leio, logo existogoelaeditorial

artigos

Uma virada dramática, mas nem tanto assim

O lado escuro da tecnologia

@ILUSTRAÇÃO: PRISCILA SANTOS

A revolução tecnológica da internet coloca em xe-que, há muito, o futuro dos veículos de comunicação impressos – jornais, revis-tas e livros. Eles vão mesmo acabar? Quatro anos atrás, a maioria dizia que não. Hoje, fica a dúvida. O certo é que, pelo menos por algum tem-po, as duas plataformas de leitura vão coexistir. Estão aí os tablets e o mercado em ascensão de livros-reporta-

gem-biografia de prova.Essa é uma das discus-

sões que o Arara News pro-voca nesta edição. Os prós e os contras de ler por meio da tela de computador, sem ta-tear a aspereza das folhas en-tre os dedos, deixamos para nossos entrevistados – e para os leitores, que vão tirar suas próprias conclusões. E mais: nossa intenção vai além do estímulo ao debate.

Leitura não é o simples

processo de decodificação da escrita. Representa o pon-tapé inicial para a interpreta-ção dos fatos e consequente compreensão do mundo. O brasileiro lê pouco. Em média, 4,7 livros por ano, segundo dados do Ibope de 2008. Talvez os alunos de Comunicação Social leiam menos ainda, uma vez que é frequente a reclamação de professores sobre textos mal escritos, matérias mal ela-

boradas, jornalistas que não refletem.

A leitura só engrandece quem dela bebe. Não vamos predizer o fim de um supor-te em detrimento de outro, mas apostamos que o ato de ler, em si, é o diferencial entre o profissional e o bom profissional. Entre a satis-fação e o encantamento, na linguagem do marketing. Entre o existir e o ser. Entre o prazer e a fruição.

CINTIA BENTES 8JLV1

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BELÉM, SETEMBRO DE 2011 3

A primeira TV universitária da região Norte foi criada em agosto de 2001, antes mesmo da habilitação em Jornalismo ser incorporada ao curso de Comu-nicação Social da Universidade da Amazônica (Unama). A ideia par-tiu do antigo reitor Édson Fran-co com o intuito de divulgar as ações da universidade e criar um laboratório para que os alunos do curso de Comunicação Social pudessem associar a teoria com a prática no processo de produção da notícia.

A primeira equipe da TV Una-ma era coordenada pelo jornalista Douglas Dinelly, que selecionou uma equipe de professores e profissionais com pleno conheci-mento do vídeo a fim de propor-cionar a melhor experiência para os estagiários. “Queríamos que o aluno não tivesse tantas dificulda-des quando chegasse ao mercado de trabalho para iniciar a carreira profissional”, comentou.

A rotina da TV Unama é se-melhante a uma TV comercial, com encaminhamento e elabo-ração de pautas, produção de reportagem e apresentação do telejornal Espaço Universitário – veiculado aos sábados na TV RBA, às 8h. Uma das fundado-ras e ainda editora da TV, Otávia Motta, diz sentir-se um pouco professora por trabalhar direta-mente com estagiários e poder di-vidir um pouco sua grande expe-riência na televisão. “Com certeza

talvez eu não tenha a didática de sala de aula, mas conheço a rotina de produção há anos e posso dar suporte ao aluno”, disse.

O cinegrafista Sérgio Santos, que também fez parte da primeira equipe, afirmou que a TV Unama faz parte de sua história: “Quan-do vim para a TV Unama eu era faxineiro da universidade, per-guntaram se eu queria ser trans-ferido para cá e aceitei, aprendi tudo aqui com os outros cinegra-fistas. Aqui também é uma escola pra mim. Hoje sou cinegrafista profissional e amo o que faço”, contou Sérgio.

Uma das atuais estagiárias, Nádla Silva, começou a trabalhar em agosto deste ano e já apresen-ta o telejornal universitário. Para a estudante, fazer parte do labo-ratório é essencial para entrar no

mercado de trabalho bem prepa-rada e melhor ambientada pro-fissionalmente com a rotina dos telejornais.

Parceria

A TV Unama tem parceria sólida com o Canal Futura, a Rede Brasil Amazônia (RBA) e o Amazon SAT. Nos dez anos de existência, levou dezenas de estagiários para o mercado de trabalho, a exemplo da jor-nalista Caroline Nogueira, que atualmente apresenta o Jornal da Band, em São Paulo. A pro-fessora Renata Ferreira, também apresentadora do programa Sem Censura, da TV Cultura do Pará, será a nova coordenadora do es-paço, um dos mais procurados pelos estudantes.

Eu acredito no otimismo da

vontade. Tenho clareza do

tamanho da responsabilidade.

tribuna

“Professora Ana Célia Bahia, nova reitora da Unama

Reitora assume a Unama

TV Unama abre as portas do mercadoCanal universitário completa 10 anos e anuncia mudanças

ANGELINE ROCHA4JLM1

Nádla Silva, estagiária, durante gravação do telejornal

FOTO: HELDER LEITE

A professora Ana Célia Bahia assumiu a reitoria da Unama (Universidade da Amazônia) após o pe-dido de afastamento do professor Antônio Vaz. O nome dela foi indicado por unanimidade pelo Conselho Diretor e apro-vado também por todos que fazem parte do Con-selho Universitário.

O principal desafio da professora, que trabalha há 32 anos na institui-ção, é lutar pela susten-tabilidade acadêmica e financeira da universida-de. Ela pretende, ainda,

implantar novos progra-mas de mestrado e ini-ciar dois de doutorado.

Ana Célia está otimis-ta e conta com o apoio de professores, gestores e demais funcionários da Unama para garantir o sucesso da gestão.

Os ex-reitores Édson Franco e Antônio Vaz desejaram sucesso à professora. Ana Célia é doutoranda em Educa-ção pela Universidade de Lisboa, em Portugal, e mestre em Educação pela Universidade da Amazônia.

PublicidadeO publicitário Oswaldo

Mendes bateu um papo com alunos e professores de Publicidade no cam-pus BR. Ele falou sobre a trajetória da sua agência, uma das dez brasileiras que completaram 50 anos em 2011 e uma das três mil certificadas do país. “A história da agência de Oswaldo coincide com a história da publicidade no Pará”, enfatizou Alda Cos-ta, coordenadora do curso de Comunicação Social da Unama.

PerspectivasA coordenação do curso

está organizando o “1º En-contro Preparatório de Pro-fessores de Comunicação”. Serão convidados coorde-nadores e professores de comunicação de diversas instituições para o evento. A intenção é debater as di-ficuldades e perspectivas da comunicação no Estado. Tudo isso é a preparação para o 1º Encontro Regional de Professores de Comu-nicação, que está previsto para o ano que vem.

AgênciaA Agência Unama para

os Direitos da Criança e do Adolescente comple-tou sete anos com uma semana de programação, em agosto. Foram aborda-dos os direitos da crianca sob diversas perspectivas, como psicologia, direito e comunicação.

Semana“ A Comunicação So-

cial no mundo digital” é o tema da Semana de Co-municação deste ano, que será realizada de 25 a 28 de outubro. São aguarda-dos palestrantes locais e nacionais. A programação deve contar com concurso de fotografia, oficinas e pa-lestras.

A coordenadora do cur-so, professora Alda Costa, afirmou que a novidade deste ano é a comunicação coordenada. Ela explicou que haverá mesas-redon-das específicas, propostas pelos alunos. É importante lembrar que as atividades valem como carga horária para atividade comple-mentar.

FOTO: HELDER LEITE

No estúdio, equipe formada por profissionais e estágiários mantém nível de produção

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4 BELÉM, SETEMBRO DE 2011

Distante 60 Km da capital paraense, Mosqueiro se desta-ca pelas praias de água doce e, também, por seus belos casarões clássicos construídos na passa-gem do século XIX para o sécu-lo XX, período do desenvolvi-mento industrial na Europa. Em Belém, os barões da borracha se inspiraram no modelo europeu

para a construção dos prédios da ilha, levando em considera-ção a realidade climática.

Mas o que se vê hoje em dia na Bucólica são prédios abando-nados pelos proprietários e tam-bém pelo poder público. Por ser um distrito de Belém, a ilha não possui prefeitura própria. “Uma pequena parcela do orçamento da Prefeitura Municipal de Be-lém é destinada a Mosqueiro, o que impossibilita maiores in-vestimentos na área cultural da

ilha”, justificou o diretor geral da agência distrital de Mosquei-ro, Fernando Robalo.

Abandonados e degradados, os casarões históricos de Mos-queiro encontram-se em esta-do deplorável. Sofrendo com a ação do tempo, muitos desses prédios servem de abrigo para a marginalidade da área. São paredes rachadas, janelas que-bradas, estruturas do telhado comprometidas, além da parte do interior dos casarões

invadida pela vegetação. Esse é o cenário atual das grandes edi-ficações da ilha.

Segundo a moradora Joana Pinheiro, 72 anos, Mosqueiro era procurado principalmente pela população da elite paraen-se, devido ao difícil acesso. Po-rém, com a construção de vias por meio terrestre, o distrito se popularizou. A elite deixou de frequentar assiduamente a ilha, fator que, para a moradora, provo-

cou a desvalorização do patri-mônio histórico dos casarões.

Com isso, o turismo na ilha foi prejudicado. Segundo Ro-balo, Mosqueiro é frequentada em determinadas épocas, como férias escola-res, carnaval e f e r i ados

Casarões abandonados dominam MosqueiroAtrações da ilha no passado hoje refletem o descaso do poder público e dos proprietários

REPORTAGEM: AMANDA SILVA, GIOVANNA FIGUEIREDO E SAMUEL LIMAFOTOS: BRUNO GOUVÊA, LARISSA GOMES E KARINA BENTES 4JLM1

“Nessa gestão não temos nenhum projeto de revitalização para os casa-rões de Mosqueiro”, declarou, em nota, a assessoria de comunicação da Funda-ção Cultural do Município de Belém (Fumbel). O órgão informou, ainda, que não existe lei que destine

orçamento para revitalização de imóveis, por isso as esferas Federal, Estadual e Muni-cipal devem criar projetos para as áreas históricas e captar recursos para executar os projetos.

Segundo in-formou a asses-soria da Fumbel, “não é obrigação da Prefeitura re-

vitalizar ou restaurar imóveis, mesmo estes sendo tombados ou de interesse à preservação”. Ainda de acordo com a assessoria, a competência da pre-servação e restauro dos casarões é do proprietário, que muitas vezes herdm o patrimônio, mas em fun-ção do alto custo de manutenção deixa os imóveis serem depredados pelo tempo e por moradores de rua da região onde se localizam.

O diretor geral da Agência Distrital de Mosquei-ro, Fernando Robalo, tem uma visão diferente sobre o abandono dos casarões. Para ele, os motivos dos antigos casarões serem tão abandonados é devido à grande burocracia que envolve a reforma dos patri-mônios históricos. “O ideal seria reformar os pré-dios no mesmo padrão antigo, porém não é o que acontece”, declarou o diretor. “O nosso orçamento é muito curto e com o que ganhamos não temos como investir na área cultural do patrimônio histórico. Nós temos outras prioridades”, concluiu Robalo.

Custo de restauração cabe aos donos, afirma Fumbel

Robalo: Agência Distrital tem outras prioridades

Torre de casarão na praia do Bispo: deterioração aparente

Cena de Mosqueiro: imóvel antigo em forma de ruínas

Chalé de arquitetura histórica totalmente abandonado

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BELÉM, SETEMBRO DE 2011 5

A professora Vera Pimentel, 48 anos, da disciplina História da Arte na Universi-dade da Amazônia (Unama), explica que a cidade de Mosqueiro foi fundada por in-

g l e se s em meio ao período do ciclo da borracha, funcionando c o m o um balneário para a diver-são dos banhistas que a visitariam. Por isso, o local sofreu influência europeia da época na estrutura ar-quitetônica da cidade.

Para a professora, é notório perceber a di-versidade existente nas propriedades mosquei-renses, como nos chalés suíços que possuem um toque francês e até mes-mo algumas característi-cas alemãs.

“Eu lembro que na minha infância, nas férias, nós passávamos horas esperando a tal balsa para fazer a tra-vessia, mas mesmo assim naquela época a ilha foi bas-tante frequentada pela elite paraense que não conhecia outros locais mais distantes, o que depois se preferiu devido à facilidade de acesso ao mar, já que a ilha de Mosqueiro é banhada apenas por rio de água doce”, comentou Vera.

Segundo a professora, com a descoberta de estâncias banhadas pelo mar, a exemplo do município de Salinó-polis, localizado a 240 quilômetros de Belém, às mar-gens do oceano Atlântico, na região do Salgado, a ilha foi sendo abandonada. Muitos patrimônios foram dei-xados para trás, vendidos ou largados pelos proprietá-rios. Com isso, informou Vera, o distrito de Mosqueiro foi perdendo status e deixando de ser um ambiente de lazer para se tornar um lugar deplorável devido ao seu completo abandono. “A elite paraense procurou locais com acesso ao mar e a partir disso surge o abandono de Mosqueiro”, concluiu.

prolongados. Por isso, os pro-prietários só cuidam da manu-tenção das casas nesses perí-odos, deixando as residências abandonadas durante o resto do ano. Para o diretor, esse é um

fator que atrapalha o traba-lho da Agência Dis-

trital, pelo fato de não

possuir permissão para invadir as casas. Assim, “o trabalho da prefeitura se restringe à coleta de lixo”, afirmou.

Além dos problemas estru-turais dos casarões, a degrada-ção do meio ambiente se inten-sifica com o descaso do poder público. Para o administrador e morador da Bucólica, Miguel Cavalcante, 33 anos, “a gestão atual pouco fez para mudar a

situação dos casarões da ilha e para atrair tu-

ristas durante a baixa

temporada; um dos meios é re-vitalizar os monumentos histó-ricos”.

Abandono

O abandono da maioria dos casarões de Mosqueiro afeta di-retamente os moradores da ilha. A diminuição do turismo no dis-trito prejudica, também, muitos trabalhadores. “O abandono faz a desvalorização da própria vila da tapioquinha”, afirma a ven-dedora Sandra Silva, 46 anos.

“O desamparo para com a ilha está cada vez maior. Muitos proprietários, de diversos esta-

belecimentos, estão deixando de cuidar de seus patrimônios e isso faz com que Mosqueiro fique sem nenhum atrativo cultural para os turistas”, afirmou Érika Riebisch, 76 anos, frequentadora da ilha. Ela disse que os imóveis abandonados fazem com que a cidade perca sua beleza e assu-ma uma imagem de cidade des-gastada, sem nenhum incentivo para que aumente o número de veranistas. “Mosqueiro sofreu inúmeras mudanças e deixou de ser a bucólica ilha. Na minha adolescência todos vinham para Mosqueiro, os imóveis eram va-lorizados e quase não sabíamos

sobre violência”, relatou Érika. Outra moradora do distrito,

Joana Pinheiro, comenta que os proprietários deveriam cuidar de suas casas para que a ilha de Mosqueiro voltasse a ser valori-zada como antes. “Entendo que o custo para manter uma casa de veraneio seja alto, mas é tão per-to de Belém que vale a pena in-vestir nesses prédios”, afirmou Joana. “Pelo fato da Prefeitura ser a mesma de Belém, eles só se preocupam em investir na ca-pital, deixando de lado um dos principais pontos turísticos do Estado que é a ilha de Mosquei-ro”, concluiu a moradora.

Casarões abandonados dominam Mosqueiro

Preferência por Salinas acelera o estado de

abandono da ilha

Vera: ilha perdeu status com a saída da elite

Torre de casarão na praia do Bispo: deterioração aparente

Chalé entregue ao abandono: patrimônio esquecido

Casa fechada e pichada na principal rua da Vila

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6 BELÉM, SETEMBRO DE 2011

Grafite em benefício da arte

Unama oferta capacitaçãoSeguem abertas até o dia 22 as inscrições para o Curso de Capacitação em Media-ção de Conflitos, que será ministrado pela professora Nazaré Mendonça das Neves. O evento é destinado aos cursos de Serviço Social, Psicologia, Direito, Comuni-cação Social, entre outros. O curso será realizado no campus Alcindo Cacela e terá carga horária de 25 horas. As inscrições custam R$ 60,00 para estudantes da Unama, R$ 80,00 para alunos exter-nos e R$ 100,00 para profis-sionais. Informações no site www.unama.br

Inscrições para torneio de futsalO Núcleo de Educação Física e Desportos (NED) da Unama inscreve equipes até o próximo dia 19 para o “Torneio Integração”. Estudan-tes e professores de todos os cursos podem participar nas modalidades futsal masculino e feminino. Os jogos serão realizados no ginásio de esportes do campus Alcindo Cacela. Informações pelo 4009-3290.

Oficinas de arte gratuitasA Fundação Curro Velho divulgou a lista de oficinas para o mês de outubro. Iniciação artística, linguagens visual, cênica e verbal, além de instrumentos musicais, são opções para estudantes em geral. Alunos de escola pública não precisam pagar pela inscrição, apenas devem comprovar que estão regular-mente matriculados. Já para universitários e alunos de escolas particulares é cobrada uma taxa de R$ 20,00. As ins-crições vão até 25 deste mês.

Drika Chagas fala do processo criativo com spray na mão

anoteObras da artista Drika Chagas em espaços fechados

Pintura de rua: o muro serve de tela

Drika: pinturas expressam sentimentos humanos

TEXTO: RAISSA ARAÚJOFOTOS: ROBERTA DAMASCENO 4JLM1

Latas de spray, reggae, paredes coloridas, grafites e Adriana Chagas. Esse é o ce-nário do ateliê da grafiteira paraense dotada de simpatia e talento. Drika Chagas, como assina seus trabalhos, desen-volveu desde criança o gosto pela arte e hoje, com 26 anos, já realizou duas exposições: “Encômodos”, na Taberna São Jorge, e a mais recente “Cidade Labirinto”, no SESC Boulevard. Formada em Ar-tes Plásticas pela UFPA, Dri-ka dá oficinas de grafite no interior do Pará pelo projeto de Oficinas de Mídia Popular “Bizu”, da Secretaria de Esta-do de Comunicação (Secom). Neste perfil, conheça um pouco da artista.

Você prefere a rua ou a parede de um quarto, de um teto...?

Não tem preferência, é onde o trabalho dá pra colo-car. Tem trabalhos que é bom fazer na rua que, pois dá um efeito melhor e tem trabalhos que é bom fazer no quarto, em uma tela. Depende muito do trabalho do momento.

Já tiveste algum proble-ma com polícia ou com mora-dores? Qual a reação da socie-dade ao ver que é uma mulher grafitando?

Nunca tive. Pelo contrá-rio, as pessoas wpassavam, olhavam, cumprimenwta-

vam e diziam: “Olha, bacana. Legal”. Enfim, é mais uma questão de costume, em Be-lém como ainda é uma coisa muito recente as pessoas ain-da se espantam.

Você quer expressar al-guma coisa com as pinturas? Seja politicamente ou pesso-almente?

O que eu quero expressar mesmo são sentimentos hu-manos, que às vezes passam despercebidos.

Os personagens que você faz são na maioria de cor branca.

É, foi uma característica que eu adotei. Porque cada grafiteiro tenta formar um estilo, algo que seja mais pes-soal. E até para dizer que nós, no universo, na Terra, somos todos um só, não existe cor. Cores só por fora, mas por dentro somos todos iguais. Então foi essa relação que eu quis colocar.

De onde vem a inspira-ção?

Vem de tudo. Da rua, de casa, da família, amigos, até conversando com vocês duas já vêm umas coisas na minha cabeça. Mas a minha essência mesmo está muito ligada aos personagens das ruas.

Como é viver de arte em Belém até se estabelecer?

No começo, como qual-quer outra arte que tu escolhes para ti viveres, é difícil, com-plicado, até porque o merca-do é muito competitivo. Mas acho que o importante é ter objetivo, concentração e per-sistir.

Qual o motivo principal para o grafite sair das ruas e invadir as galerias?

É mais um reconhecimen-to do grafite mesmo, essa con-solidação dele de virar arte. Então, ver isso na galeria é ver o grafite se expandindo e ter o reconhecimento do público.

Com relação às oficinas de mídias populares no interior do Pará, como é a receptividade do grafite?

Eu até me espantei, porque imaginava que oferecer uma oficina de grafite no interior, onde não tem muito contato com material e informação, eu pensei que não ia dar quase ninguém nas oficinas, mas

é uma das oficinas que mais dá gente. Encontrei pessoas, alunos que realmente tem um dom pra fazer grafite, e a gente já incentiva e mostra material. É muito bom.

Pra você, existe e se existir qual é a diferença entre grafite e pichação?

Existem várias diferenças. Na verdade eles nasceram jun-tos, até porque o grafite vem da pichação, mas com o passar dos anos eles foram tomando outros rumos. A pichação, pra mim, já é um signo da cida-de e tem uma diferença muito grande por está muito ligada a demarcação de território. Já o grafite não, ele tem uma pre-ocupação com a estética, com as cores, com a mensagem que você vai passar com o desenho. Então, é algo mais pensado, não que a pichação não seja pensa-da, porque a pessoa pensa até em subir no topo mais alto. Mas esteticamente, o grafite tem mais cores, mais referências.

Você acha que a pichação é necessária ou que um dia toda pichação vai se transformar em grafite?

[Risos] Eu acho que não vai existir esse momento em que vai virar tudo grafite. Até porque essa necessidade do homem se expressar na parede surgiu e vem desde o tempo do homem das cavernas. Nos já passamos por várias gerações e essa necessidade de riscar exis-te até hoje. O que a gente pode fazer é chamar alguns pichado-res para se integrar ao grafite. É legal estar sempre buscando, mostrando esses caminhos. Mas eu sei que isso não vai aca-bar, porque já virou um signo de referência da cidade.

O que você acha do cená-rio atual de Belém?

Está em crescimento. Eu espero que esse crescimento continue ocorrendo, pois as-sim nossa cidade vai ter uma visibilidade bem melhor.

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BELÉM, SETEMBRO DE 2011 7

NAIR ARAÚJO 6JLM1

Pesquisa do Instituto Pró-livro mostrou que o brasileiro

fora da idade escolar lê ape-nas 1,3 livro por ano. O Bra-sil foi classificado pela revista inglesa The Economist como “um país de não-leitores” Mas Mateus Maia Rezende, pro-fessor de redação e português em dois grandes colégios de Belém, discorda. “O brasileiro lê pouco em relação a outros países, como a França. A lei-tura vem ganhando espaço ao longo dos anos. É uma cultura que está sendo formada ago-ra”, diz Maia.

Formado em Letras pela Universidade da Amazônia (Unama) e especialista em Lín-gua Portuguesa pela Universi-dade Federal do Pará (UFPA), Mateus defende que o proble-ma é mesmo a qualidade da leitura – classificada por ele como “comercial e que só quer ganhar o leitor”. O professor também leciona em cursinhos preparatórios para concursos e revisa textos nas horas vagas.

De acordo com sua experiência como profes-sor, de que maneira a leitura contribui para que os alunos produzam textos de melhor qualidade?

De várias maneiras. Quan-do entramos em contato com um texto diferente, conhece-mos uma maneira diferente de passar m e n s a -gens. Aí v a m o s a p r e e n -d e n d o m o d o s diferentes de argu-mentar e e s t r u t u -rar textos. Uma pessoa que não tem leitu-ra diversificada não tem com-petência para produzir textos diversificados. Como construir uma argumentação se você lê pouca argumentação? Você pode até conseguir argumen-tar, mas sem propriedade. A leitura abre o leque.

O alto preço dos li-

vros e a falta de incentivo à leitura são frequentemente apontados como fatores que influenciam no baixo índice de leitura no Brasil. Quais outros problemas você acre-dita que o leitor brasileiro

tem que enfrentar?

M a i s um pro-b l e m a que pode surgir em relação à leitura vem de casa. Sempre li muito por-

que em casa tinha exemplo de quem lia. Como incentivar o jovem a ler se na casa dele não há livros? Hoje o brasi-leiro está lendo mais do que antigamente. Isso é gradativo. Não é só a questão do preço e sim cultural. O não gostar de ler é um problema cultural. O preço vem se modificando. Já existe literatura boa em edito-

ras baratas, como a Martin Cla-ret. O número baixo de livros lido por ano reflete também o número de analfabetos funcio-nais.

Eventos como a Feira

do Livro em Belém influen-ciam e incentivam a leitura?

Não vejo um reflexo direto na leitura. A Feira Pan-Amazô-nica do Livro, especificamente, estimula a venda de livros. Os jovens que estão lá não vão para ler. A finalidade é nobre, mas a realidade, não. Acho que tinha que ter um trabalho vol-tado ao estímulo à leitura. Não vemos jovens com sacolas de livros na mão. Infelizmente, a Feira do Livro não está estimu-lando a leitura.

Quais autores você in-dica para quem quer gostar de ler?

Eu não indico um autor es-pecífico, porque acho que isso não funciona. Acho que o gos-tar de ler vem da possibilidade

de escolha. Não posso empur-rar um autor. Não posso dizer “lê que você vai gostar”. Posso indicar um autor de crônicas, porque são gostosas e fáceis de ler. Mas quem disse que o aluno vai gostar? Quer dar um presente para um a d o l e s -c e n t e ? Leva na livraria e diz “Es-c o l h e ! ” , qualquer livro que seja – e não dê nenhuma opinião. Depois da terceira vez, comece a indicar. Deixe que ele descubra o pra-zer de ler.

Na sua opinião, ta-blets e mídias sociais facili-tam ou atrapalham a leitura dentro das escolas?

Falta atualização dos pro-fessores. Fala-se muito hoje em

dia da “Geração Y”, antenada na mídia e nos eletrônicos. E por que não explorar isso? Hoje em dia, é proibido o uso de eletrônicos em sala de aula. É como proibir o rock’n’roll para a juventude dos anos 70. Não pode proibir, tem que in-centivar. O aluno não gosta de ler um livro, mas coloca pra ler um blog interessante. Isso vai incentivar a leitura. Quando está conectado, o aluno pro-duz linguagem – e isso é mui-to importante. Tem que estar antenado com a realidade do aluno. Poderíamos passar um e-book para lerem ou produzir uma redação num tablet, seria muito mais produtivo. Eles têm facilidade e interesse por isso.

O pedagogo e profes-sor Paulo Freire mostrou em um dos seus trabalhos que a importância do ato de ler não está ligada somente aos livros. Leitura de mun-do também é fundamental,

s e g u n d o ele. O que esses dois tipos de leitura têm a ver?

U m a precede a outra. Ler é interagir. A interpre-tação dada

a uma leitura é diferente para cada um. Sempre tu carregas tua bagagem de conhecimento quando lês um livro. Por exem-plo: se você leva um texto fa-lando sobre internet para um jovem que tem acesso e conhe-ce muito bem, a interpretação vai ser diferente do que não tem. O texto vai ser entendido, mas de maneira diferente.

Infelizmente, a Feira do Livro não está estimulando

a leitura

“ Ler é interagir. A interpretação é diferente para

cada um.

expediente

Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social da Universidade da Amazônia - UNAMA

ReitoraAna Célia Bahia Silva

CESA - Centro de Estudos Sociais Aplicados

COORDENAÇÃO Profa. Dra. Alda Costa, Profa. Msc. Vânia Torres REDAÇÃO Prof. Esp. Antonio Carlos Pimentel Jr. Alunos: Alessandra Fonseca, Amanda Silva, Angeline Rocha, Bruno Gouvêa, Camila Machado, Cíntia Bentes, Gianne Santos, Giovanna Figueiredo, Karina Bentes, Larissa Gomes, Lucas Freire, Nair Araújo, Maria Barbalho, Patrícia Vas-concellos, Raissa Araújo e Samuel Lima DIAGRAMAÇÃO Agência UNAMA de Comuni-cação e Marketing ILUSTRAÇÃO Priscila Santos MONITORIA Thaís Braga IMPRESSÃO RM Graph TIRAGEM 1.000 exemplares.

Professor defende a leitura pelo prazerMateus Rezende propõe revisão nos métodos do ensino tradicional

Para o professor Mateus Rezende, “o não gostar de ler é um problema cultural”

FOTO: NAIR ARAÚJO

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8 BELÉM, SETEMBRO DE 2011

@rafael_samora Sem saúde, educação, cultura e lazer as comunidades estão pa-cificadas de fato? Acho que não.

@Priscilada A era dos smartphones te obriga a andar com um carregador na bolsa. A bateria tá sempre mor-rendo.

@RobertoSegundo Essa confusão na Curuzu enver-gonha os verdadeiros torcedo-res. Quem faz algo desse tipo não é torcedor.

@carolinaklautau Futebol paraense é muito deca-dente mesmo. Um time come-mora porque é o líder do GRUPO na SÉRIE C e o outro não tem nem divisão.

@tongacarlos Globo usa afogamento real pra fazer gracinha em matéria de es-porte. E no JN. Que isso, tio Bon-ner!

@samuelima_ Larguem o futebol e assistam à seleção brasileira de basquete dando show no pré-olimpico!

@thiagoabarros Sai governo, entra governo: ma-zelas repetidas. Após reprise na saúde, história se repete na se-gurança. Sujos e mal lavados; vice-versa.

@jorgeluis_totti Morar em lugares melhores que Belém não significa que aqui seja o pior lugar do mundo.

@kabentes Depois de assistir à histeria das pessoas de Belém pelos jogado-res da seleção eu só consigo pen-sar em duas palavras: vergonha alheia.

@laisteixeira Jornalista chora. De rir com as histórias contadas pela equipe.

@krla_azevedoSe não quer trabalhar, fica em casa! Assessor de comunicação mal educado é o fim!

@MarioCamarao Fico impressionado com a “guer-rinha” entre brasileiros e portu-gueses nos comentários e vídeos no youtube. É um mar de ofen-sas e intolerância @Marisemorbach O caso dos bebês mortos na San-ta Casa só é um escândalo por-que a mídia quer: isso é o dia a dia do sistema de saúde. Um pré--natal resolveria!

#prontofaleinovasmídias

Mercado de e-books movimenta milhõesLivros virtuais começam a transformar hábitos de leitura dos brasileiros

Não é de hoje que inúmeras dis-cussões sobre o fim do livro impresso se multiplicam no mercado editorial. Se o livro impresso algum dia vai se extinguir é uma questão que ainda di-vide opiniões. Mesmo com o embate de ideias sobre o assunto, pesquisas indicam que o formato virtual é uma tendência que veio para ficar. Segundo a Associação das Editoras Americanas, em janeiro de 2011 a venda de e-books cresceu 115% em relação ao mesmo período de 2010.

Exemplos que comprovem isso não faltam, como os sites Europeana e o Google Books. O primeiro, lançado em 2008, torna acessível na internet todo o patrimônio das bibliotecas nacionais dos países membros da União Euro-péia. Já o Google dispõe de um acervo virtual de mais de 7 milhões de obras. A Barnes & Noble e a Amazon.com, importantes redes de livrarias, anun-ciaram que suas vendas de e-books já superaram a dos livros impressos.

A jornalista e mediadora de redes sociais Nathana Simões acredita que a adaptação, sob o ponto de vista de ler o livro impresso ou virtual, seja a questão mais simples. Para ela, haverá quem tenha dificuldade ou preferência, mas isso não anula a realidade de que mais pessoas tenham acesso a conteú-do de forma digital. “Os e-books são uma tendência, mas seu fortalecimento não implica o fim imediato de formas tradicionais. O que há é um fator fa-cilitador de acesso ao conhecimento. O que testemunhamos hoje é o desen-volvimento da computação móvel e de tecnologias sem fio. O pesquisador Pierre Levy explica como ocorre a pas-sagem do acesso à internet fixa por ca-bos para um ‘ambiente generalizado de conexão’, que é a internet móvel sem fio, os tablets. Ou seja, um ambiente propício para a circulação virótica da informação”, disse a jornalista.

Nathana Simões destaca que os negócios envolvendo a comercializa-ção de e-book já são uma realidade que movimenta milhões a cada ano. No entanto, olhar somente sobre es-Ses dados não fornece as informações

necessárias para se compreender de fato uma realidade global, segundo a mediadora de redes sociais. “O preço do tlabet, especialmente no Brasil, é alto para a maior parte da população, tornando-se assim um entrave no mer-cado de e-book no país. Entretanto, acredito que a tendência é para uma queda nos preços nos próximos anos. Diante disso, o problema maior está na má qualidade da internet banda larga no Brasil”, analisou.

O economista Antônio Mokarzel diz que os e-books facilitam o manu-seio e a leitura. “Por exemplo, se eu estou lendo um texto em inglês e te-nho alguma dúvida sobre o significado de alguma palavra, basta ‘cutucar’ duas

vezes a tela, em cima dessa palavra, e logo aparece um dicionário expli-cando”, falou. O economista compa-ra preços. “Na Feira do Livro, vi um exemplar do Gay Talese por R$ 55,00. Mais tarde, comprei o mesmo livro, no formato e-book, por US$ 9,99”, afir-mou.

Apesar das utilidades dos e-books, o estudante de Direito Valdenor Brito prefere livro impresso. “Considero-o indispensável. Há toda uma experiên-cia com o livro físico que é perdida com a leitura apenas na tela do compu-tador”, opinou o universitário. Perde--se o manuseio do livro, o folhear das páginas e a estética da edição, de acor-do com Valdenor Brito.

ALESSANDRA FONSECA 6JLM1

Para Nathana, o e-book não implica o fim imediato do livro convencional

FOTO: HELDER LEITE

Antônio Mokarzel: preço e fácil manuseio são vantagens do e-book

FOTO: CAMILA MACHADO

ILUSTRAÇÃO: PRISCILA SANTOS